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<3^» y*« ¦¦rego dn» assignaturas SHraa corte. Trimestre5J00O Semestre9$000 Anno16«000 AtuIso 500 rs. OITAVO ANNO. N. 410. PU1LICA-SI TODOS OS DOMINGOS. Frrfo das »««i»nsturiiB para ns prorineias. TrimestreüftiOO Semestre |IH.'""0 Anno l«$000 AtuIso 500 rs. Dr. Semana.— Gymnasio, Estatua de carne. Moleque.— Phenix, Estatua da dár. Dr. Sm.— E dizem, que breve subirá à scena a estaLuade lixo, dedicada á Gamara Municipal. Mol.— E x estatua de medo dedicada» Mr. Washburn.. ..Ea estatua.. - Dr. Sem.— Basta, moleque! Nio podemos transformar a cidade em Academia

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¦¦rego dn» assignaturas SHra a corte.Trimestre 5J00OSemestre 9$000Anno 16«000

AtuIso 500 rs.

OITAVO ANNO.

N. 410.PU1LICA-SI

TODOS OS DOMINGOS.

Frrfo das »««i»nsturiiB para ns prorineias.Trimestre üftiOOSemestre |IH.'""0Anno l«$000

AtuIso 500 rs.

Dr. Semana.— Gymnasio, Estatua de carne.Moleque.— Phenix, Estatua da dár.Dr. Sm.— E dizem, que breve subirá à scena a estaLuade lixo, dedicada á Gamara Municipal.Mol.— E x estatua de medo dedicada» Mr. Washburn.. ..Ea estatua.. -Dr. Sem.— Basta, moleque! Nio podemos transformar a cidade em Academia

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3274 SEMANA ILLUSTEADA.

«EMANA ILLUSTRADA.

Kio, 18 de Outubro de 1868.

Pontos e vírgulas.Trata-se de dar um nome popular aos novos carrosde

Botafogo. Uns lembrão que se lhes dé o nome de yan-Icees, outros o de bonds. Qual delles pegará ?

Eu creio que nenhum.Quando os carros da Tijuca foram baptisados por ma-

chambombas, donde partio a designação ?Do povo.Foi o povo quem impoz a todas as outras classes o

nome que escolhera, e é sempre assim que acontece emtodas as cousas.

J?

Quem t-abe a origem do Capenga não forma ?Ningut-ni.Entretanto, surgio o dito das entranhas do povo, até

entranhar-se por todo o resto do corpo, até ser o themadn» conversas, o dito da moda, o titulo de quadrilhas, enem sei se é expressão politica.

Portanto, esperemos que o legislador das macham-bombas nscolha nome para estes novos carros ; de outromodo será difficil impor-lhe nenhum.

Querem suber o que é que o povo e todas as classes so-ciaes acceitam alegremente, sem objecção? E' um volu-mesinho que tenho diante de mim, —as Memórias deum pobre diabo, por Aristóteles de Souza.

Eu podia dizer quem era este Aristóteles de Souza, equ« musa de poeta se esconde por baixo daquelle nomesimulado.

Mas prefiro que o leitor adivinhe.Aristóteles de Souza ! a antigüidade de braço dado com

os tempos modernos ! o século dos Aristóteles e o secu-lo dos Sousas ! eis um nome que parece epigramma, eo é na verdade, e nem podia deixar de sel-o n'uma obrafina, engraçada, satyrica de principio a fim.

. Eu creio que o auetor, adoptando aquelle nome, com-li posto de dous nomes que estão gritando um contra o

Jl outro, quizalludir aos Demoslhenesda Silva, aos Pom-j! peos da Motta, aos Scipiões da Costa, e outros nomesjl qae por ahi andam, nãç direi casados, mas relacionados,

! affrontando os ouvidos, etc.O caso é que as Memórias de um pobre diabo são um

verdadeiro mimo litterario, e merecem ser lidas, nãouma, mas duas, tres e mais vezes. Bom estylo, verda-deiro chiste, não do forçado, mas do natural, que é omelhor, que éo único bom.

O auetor sabe rir sem offender, e faz rir com satisfa-ção e alegria—cousa difficil. Não recommendo o livroannuncio; o livro recomenda-se por si; basta ler utnápagina.

Se eu dissesse quem era o auetor estou certo que aquellesque o não tivesem lido iam logo compral-o; mas é melhorque o publico, lendo a obra, conheça pelo atticismo daphrase epela graça do estylo quemé o talentoso escriptor.

Nao posso dizer ainda se sou moderado, se radical.Mas affirmo que o partido dos moderados vae tendo

alguns adeptos, e o dos radicaes também.De maneira que, dentro de pouco tempo, temos de ver

boas cousas, até que chegue alguma nova estrella queponha de accordo os astrônomos do Alcazar.

>>

As pessoas que andam a procurar na lingua portugue-za as palavras constitucionalissimamente e outras destecalibre, terão a bondade de lançar os olhos para a se-guinte palavra allemã : Hinterladungsvetterligeioehr-patronenhülsenfábricantenarbeiterchef.

Uf! 65 letras!Tudo isto quer dizer: " Chefe do fabrico de patro-nas de cartuchos para espingardas Vetterli de carregar

pela culatra."7>

Os que censuram aqui o ter S. Jorge soldo e patente,deviam ler o que passou ultimamente na cidade de Are-guipa, agora destruída pelo terremoto.

Havia naquella cidade uma capella do Senhor Cruci-ficado, e era de particular devoção do povo.

O general Oanseco, auetor da ultima revolução, que-rendo chamar a si o povo, lembrou-se de despachar Je-sus Christo tenente-coronel, com o soldo correspondente.

Com effeito, o povo apoiou o general Canseco semreparar em duas cousas :

A primeira era que o general Canseco presumia mui-to de si pondo Jesus Christo debaixo das suas ordenscom uma patente inferior.

A segunda era que o novo tenente-coronel não faziaserviço nenhum,ese parecia com outros officiaes de pa-rada existentes em certos paizes de meu conhecimento.

O certo é que o general nunca faltou com o soldo, semimportar-se muito nem pouco com a falta do tenentecoronel, que não commandou sequer uma companhia.

A fallar a verdade, não nos devemos admirar, nósque ouvimos dizer " Deus dos exércitos ", como seDeus, a infinita bondade, pudesse nunca presidir a umacousa tão iníqua como é a guerra,

Também não sei porqnenos havemos de rir nem cen-

*» \

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SEMANA ILLUSTRADA. 3275

rar o o-eneral Canseco, que se aproveitou assim do fa-natismo&popular.

Não se faz a mesma cousa no resto do mundo rAs revoluções fazem-se muitíssimas vezes mediante

embustes deEta natureza,—o que não impede que oschefes digam no fim que a liberdade triumphou nasmãos do povo e que os grandes principios salvadores re-ceberam o baptismo de sangue.... e outras cousas poreste gosto.

9)

Eu que tenho já uma boa dose de philosophia a res-peico de certas cousas deste planeta, meço todos os Can-secos pela mesma bitola, e só lamento que ainda hajauns milhões de homens que se deixem levar pelas suasboas palavras.

A casa que expôz os anéis de que fallou ha tempos omeu antecessor, expôz agora uns brincos com esta no-ticia textual:

'• 0 mais chick na éra de 1768 (século escuro).Dizem que são bonitos.

Secundo as communicações do exercito estamos a es-pera" noticias importantes do exercito,—talvez a deuma batalha decisiva.

Venha ella!A guerra não cançou ainda o Brasil, nem provável-

mente cançará ; mas todos nós anciamos por vêr postofora do Paraguay o maior mon3tro do século dezeno-ve( excluo os irmãos siamezes,) o homem bárbaro quelançou a barra adiante de seus antecessores, adiante docruel Rosas, e ressuscita as tradicções de Calligula eTiberio.

0 Correio Mercantil publicou um extracto das via-gens do capitão Cooper á China.

E' um dialogo entre chinezes, pelo qual se vê queaquelle que faz uma pergunta deve levantar o outro aci-ma de todas as cousas, e o que responde rebaixar-se.

Não sei de que se admira o capitão Cooper e o Cor-reio Mercantil. Nos parlamentos modernos não se ouveoutra cousa.

Diz um deputado :Os talentos, os serviços, a rara illustração do meu

illustre collega pela provincia de ... • etc.Responde o outro:

Eu, o mais ínfimo desta câmara, (não apoiados )sem talento, sem illustração, sem competência para fal-lar diante de tão brilhante parlamento. (Repetidos nãoapoiaãos.)

Um deputado :—E' muito digno !Da. Semana.

Ouvi e pasmei.Era um dos domingos ha pouco passados.Aos latidos da caoicula, chispando turbilhões de faiscas pelas ventas,

suecedeu a mansa brisa da tarde como para mostrar ainda nma vez quenão ha bem, que sempre dure, nem mal que se não acabe.O Passeio Publico regorgitava de gente ávida de respirar ar desempoa-

do, inimigo irreconciliavel do contracto municipal de irrigação.Todos andavam como se tivessem ajustado provar uns aos outros a res-

lidade do motu-continuo.Eu seguia a pista dos mais andejos. Contei uma por uma as ruas de jar-

dim, as circumvalações do rio, os pássaros por ali meio-jururús,- liasinscripções botânicas de Mr. Glaziou, segundo Linn., preenchendo os in-tervallos com um ror de louvores á memória do illustre varão Luiz deVasconcellos e ao gosto apurado do activo cidadão Fialho.

Andei por tanto a fartar.Quando as pernas me disseram: basta—cedi á intimação; e, procurandoonde podesse depor a fadiga, achei a muito custo um logar junto a dous

massanles, que discutiam guerra do Paraguay.O rijo banco jazia fronteiro ás duas pyramides cobertas de verdura.Não quiz sentar-me sem entoar novas saudações ao infatigavel vice rei

e ao nobre ex-deputado do Piauhy, conservador por contracto e liberalpor habito de prestança á terra dos tamoyos.

Illustre morto e prestadio vivo, exclamei, tocado pela electricidade doenthusiasmo, eu vos saudo, beneméritos do fresco, tão solicitado nas horasdo calor!

Se os quarenta séculos, com muita razão, de cima dos obeliicos dosPharaós, contemplaram os guerreiros da França sob o glorioso mando doheroe de cem batalhas, um século e meia dúzia de annos, do alto daspyramides fluminenses, devem contemplar o feito do laborioso fidalgo lu-sitano e os melhoramentos do amável piauhyense, restaurador dos jacarése do Útil inda brincando.

Os meus collegas do banco estavam de tal modo travados no debate,que nem deram pela minha presença e menos pela allocução.

Sentei-me tão commodo quanto foi possivel á angustia do espaço e tiveo cuidado de não acotovelar o visinho mais pioximo. Convinha-me nãodespertar a attençao dos esgrimidores de lingua.

Eram dous distinetos oradores avulsos, de credos oppostos, mas nempor isso inimigos jurados.

üm d'elles era parcial de Lopez e o outro amigo livre dos alliados. Jàse vê que duro com duro não fazia bom muro. Gritavam ao uso dosanti»os pretos do leite, ainda apreciados por uma bag?tella de bisnetos dofallecido 1700, de saudosa recordação para os periis antidiluvianos. ,

Lopez é um grande homem de baixo de todos os aspectos. Militar,politico, administrador como elle só! dizia em tom de ir por diante oorador aparaguayado. .

Encurte o passo, camarada, redarguiu-lhe o amigo livre. Vossê sa-criflea a historia; o seu marechal não tem uma só qualidade, que o re-commende; além de selvagem, é...

Ora bolas! Selvagem um homem, a quem a imprensa ae tres gran-des nações proclama heroe, filho de heroe. ..

Vossê não sabe o que a imprensa tem de dizer agora, sabe do queella disse ha tempos. Espere e verá como ella canta a palinodia quando anota do Sr. Washburn ao ministro inglez em Buenos-Ayres for analysada.

Tocou-me na tecla. Lopez humilhou Washburn, fez_ delle boneco deen^onços, obrigou-o a uma serie de fiascos, cada qual peior. E procedeucom admirável tento e energia. Acha pouco abater o orgulho de um esta-do poderoso e mostrar ao mundo que o agente diplomático d'aquelle paizera chefe de conspiração na republica, onde estava acreditado?

Não engula a pilula da conspiração, meu caro. Ella foi pretexto paraLopez cortar as cabeças pensantes, que lhe podiam ir á mão nas barban-dades hoje tão conhecidas, que é inútil enumeral-as. Quer dominar pelo ;terror á vista das falhas, que foi notando no fanatismo de seus servos sub- '¦missos. _, . .

Nada, nada, meu senhor. Lopez é o Paraguay. E como é que eu neide mudar de opinião a respeito do diplomata yankee, se é notório gostarelle de amansar onças e pezar libras T Não mo conte lenas.

O Sr. Washburn foi conspirador. Amigo do pescoço, que esteve á mer-cê do cutello, entregou todos os refugiados na sua casa de moeda; disse—ande eu quente e ria-se a gente e senão veja o formidável puff, que arro-tou quando, dentro da Wasp, viu longe da garganta ei cochillo d'ei-supremo.Não é por ter posto a bom recado o n. 1, qne eu o censuro. Ellebem sabia que, depois de degollado, embora os Estados Unidos mandas-sem degollar todos os paraguayos, não teria cabeça para substituir a sua.Censuro-o por atraiçoar o grande homem.

E vossê a dar-lhe com a traição! Não ha traidores com traidor. A talconjuração é invento. Oxalá não fosse; só assim poderá reconciliar-me comum povo, que se deixa exterminar por um déspota sanhudo.

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Publicou-se e acha-se á venda em todas as livrarias asMEMÓRIAS DE UM POBRE DIABO

por Aristóteles de soozA, que pelo nome não perca.

HENRIQUE GOMES BRAGAo talentoso compositor do Ave Maria a quatro vozes, executa-

do no Domingo 3 dc Outubro na Igreja de Sant' Anna

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HUMBUG WASHBURNIASO (Mr. Puff, batendo as azas.) DIALOGO ENTRE DOUS BURROS.1. Da Gondola velha. — 2. Da Gondola nova.

- Se as violências com que V. Ex. me ameaçou fossem praticadas, { _EsUs hoje de pança chei». . . i. _ Cahio-te a fortuna em casao meu governo persegueria V. Ex. atravéz de todo o America do j _Ora uma quarta demilho... S.— Mas, não me agrada este enfeiieSul e da-EuroDa inteira 1—Qu« taes as gondolas novas? 1.- Que mal faz a c*W>nhilSul e (U-fcuropa inteira. t.-Jom

pouco mais leves , filho. !.— Pareço vacca dt Me.

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\s iguarias estão duras, custa engulir-se. . . ,' i ,Oue esta empada iá lhe nao agradaria eslava eu certa, como estou certíssima de nao ser para sous dentes e>-

U costeleta que aqui trago .. eià todo o caso experimente-a o verá se lhe fica ou nao atravessado o o.ssona garganta.

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2378 SEMANA ILLUSTEADA.

E' o assassino da patria e ambicioso desasado. Deixa apoz si tãolongos rastos de sangue, que hade ser, por muitos séculos, o horror da hu-manidade. , . ,.Pois não! Ainda tem de cortar muitas cabeças e nem depois disso odeverão chamar sanguinário. Aquém é que expede para o outro mundo?Aos traidores, aos inúteis, aos amigos, que não prestam e o senhor sabeque:

« Amigo que não presta,« Faca que não corta, _« Que se perca pouco importa''

Ora com esta me vou. Fique-se com o seu Lopez e não se esqueça deerguer-lhe algum monumento de eternas luminárias.

Ido um, foi-se o outro e eu conservei-me sentado por mais vinte minu-tos a admirar o novo elogio da peste.

Ignotos.

Chronica para-lamentar.

Apresento-me hoje ao leitor com uma curiosidadeem mão, curiosidade cheia de interesse e palpitante deactualidade, como diria um estylista da eschola bri-lhante E' uma orãem do exercito deixada por Lopezaos seus soldados, quando abandonou o acampamentode Passo-Pucú.

Está firmada pelo próprio punho do marechal para-guayo, e foi trazida de Humaitá por um distincto offi-ciai do exercito. Traduzo-a, e chamo a attenção para oart. 9.°

O leitor verá mais abaixo o fac-simile do tyranno.

" Quartel general em Seibo, Março 22 de 1868." O Marechal Presidente da Republica e General em

Chefe dos seus Exércitos.

" ORDEM GERAL.

" Tendo-se tornado necessário levantar o acampa-mento de Passo-pucú, para mudar as operações doExercito Nacional, e devendo manter-se o acampa-mento de Humaitá: nomeio para commandante do ditoacampamento o coronel cidadão Paulino Alen, para se-gundo o coronel cidadão Francisco Martinezr, para 3.°o capitão de fragata cidadão Eemigio Cabral, para 4.°o de egaal classe Pedro Gill, para 5.° o tenente coronelde artilheria cidadão Pedro Hermosa, e para 6.° o deegual classe cidadão Vicente Ignacio Orzuza.

" Art. 2.° A sucessão do commando do acampa-mento seguirá a ordem estabelecida no artigo antece-dente, sendo trez os commandantes que immediata-mente devem começar a intender em todo o serviço doacampamento.

" Art. 3.° Em falta dos commandantes nomeadospelo artigo primeiro e de uma nomeação especial pormim, todos os commandantes reunidos com os comman-dantes de corpos elegerão d'entreos majores o que maisdigno se tenha tornado de tão distincto posto, entrando

desde logo em exercício, se as circumstancias o roque-rerem, contando com a minha approvação.

" Art. 4.° As baterias do rio ficam sob o commandodo capitão cidadão Manoel Riera, e como seo-undootenente 1.° de marinha cidadão Pantaleão Urdajiilleta

" Art. 5." A trincheira de Leste fica confiada ao te-nente coronel cidadão Pedro Hermosa. tendo por se-gundo o major cidadão João Bobado.

" Art. 6.° A trincheira do Sul fica a cargo do ca-pitâo de fragata cidadão Pedro Gill, tendo por segundoo major cidadão Lucas Carrillo.

" Art. 7." A trincheira de Oeste sei á provida pelacommandancia do acampamento, em harmonia com ascircumstancias.

" Art. 8.° A mesma commandancia provera os com-mandos l.us, 2.05 e 3.0S de infanteria e artilheria das trin-cheiras, assim como os 3.0S das divisões, dando conta.

" Art. 9." Faculto á commandancia de Humaitáimpor e applicar a penna de morte aos que nella in-correrem até a classe de tenente ; pertencendo o réo áde capitão ou chefe, a sentença será promulgada por umconselho verbal.

Art. 10. Autoriso o primeiro commandante de Hu-maitá a prover postos eífectivos até l.03 sargentos, e apromover estes, por acção distincta ou necessidade, aBub-tenentes graduados, a l.os os 2.0S, a tenentes gra-duados os lús e a l.os os 2.05, prévio acordo com o se-gundo e terceiro. "

(Abro aqui um parenthesis para declarar que nãoposso comprehender a gerarchia militar do Paraguay.)

" Art. 11. Tendo por objeto a conservação do acam-pamento de Humaitá operações ulteriores, ordeno atodos os seus chefes, ofliciaes e tropas a sua conserva-ção e resistência a todo o transe, confiando que, Deus '¦mediante, o patriotismo d'elles e o poder de nossas ar-mas o sustentarão qual importa á honra d'esses cida-dãos, ao lustre de nossas armas e á salvação da Patria."

^3^^-^Mas uma preciosidade merece a companhia de outra.

A' firma de Lopez filho só poderá juntar-se a firma deLopez pai.

O artigo 9.° da ordem geral do actual dictadordaquella pseudo-republica mostra o que é a tyrannia emtempo de guerra : o documento que vou traduzir e cujooriginal fica n'esta redacção para ser consultado pelosnossos assignantes, mostra a tyrannia em tempo de paz.Um pobre paraguayo não podia vender em leilão assuas mercadorias sem licença dei Supremo !

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SEMANA ILLUSTEADA 3279

Eis o documento:(Logar do sello) " SELLO SEPTINO; anno de 1845.

Excellentissimo Senhor. Viva a Republica do Para-iruav! Independência ou morte ! Doroteu Duarte, natu-ral e residente em Thacaquazú, jurisdição de Villa-Bica, ante V. E., com o devido respeito, digo : Que in-tento proceder na capella do mesmo partido á vendapublica de fazenda secca de minha propriedade quetenho em casa de meu irmão Escholastico Duarte, damesma localidade. E para podel-a verificar.

¦' A. V. E. supplico Se Sirva conceder-me a licençanecessária. E' graça que sollicito e espero alcançar deV.E.

" Ecellentissimo Senhor," Doroteu Duarte.

" Assumpção, Septembro 30 de 1845.•' Concedida, devendo tomar-se razão na Secretaria

do Governo e apresentar-se ao Commandante de Villa-Rica.

^/Z^^^^

" Andres Gill." Secretario do supremo Governo.

¦' No mesmo dia tomei razão d'esta j atente, do quedou fé.

Gill." Cumprido. Villa-Rica, No vembro 10 de 1845. Com-

mandante militar, Benites."

Por mais que me digam isto cabia de direito á chro-nica para-lamentar.

E visto que a maré está sendo de tyrannias, não dei-xarei sem novo protesto a da câmara municipal quecontinua a condemnar as nossas melhores ruas a um es-tado de immumdicie, de que os paraguayos se envergo-nliariam.

Bem disse eu que o silencio dos grandes jornaes, seera commodo para os vereadores, não lhes era lisongeiro.Ahi appareceo o impiedoso Será Serio ? do Jornalchamando incorrigiveis aos illustre edis.

Aqui está um amigo a dizer-me que, se o Lopes ex-terminar todos os paraguayos, teremos gente digna depovoar a republica da paz e justicia, e do «íe volo, sic

jubeo, sit pro ratione voluntas.Aqnus popüli.

O meu tiuteiro.III.

A BONECA.

Tinhas razão, minha penna,tinhas tu razão de sobra;que a nossa ultima obrao tem provado demais.Parrenego ! pois é pena,que fora cousa de gostoo nosso museu, compostode esquisitos animaes.

Cada typo, que trouxeres,é qual um mágico espelho,que reflete o moço e o velho,e quantos passem por ti.Felizmente, das mulheresnao falíamos, e eu desejoque nem por mero gracejote occupes d'ellas aqui.

E' certo que o meu tinteiroalguma cousa reveliada graciosa parentellada esposa do pai Adão ;porém eu sou cavalheiro,e tenho cà muito a peitonão decahir no conceitoda feminil multidão.

Por isso quando ao acasoqualquer segredo beberes,que vá bulir com mulheres,faze-o depressa calar,porque seria um desasopôr a verdade na rua,não enfeitada, mas nua,contra as damas a fallar.

Se, por exemplo, enconiraresqualquer menina da modacom vestidinho sem roda,tres palmos longe do chão ;com calço nos calcanhares,por disfarçar a toeza,o que lhe traz a despezade indireitar o tacão;

tendo alheias trancas postassobre a testa, ou mais adiante;com procuração bastantedo chapelinho, uma flor ;trazendo no fim das costasdependurado trambolho,que talvez sirva de escolhoa muitas phrases de amor ;

usando encarnada luvae pince-nez defumadopara ver o namorado ...E se enconirares, euilim,uma formiga saúvadas que em S. Pauulo embonecam,arranjam, torram, ou seccam,não m'a descrevas, a mim.

Não m'a de£crevas, eVa breca!Tira-a do rol das mulheres.Será tudo o que quizeres ;mas não mulher, isso não,Não é mulher, é bonecaque falia e ri, mas deverasa tão pintadas chimerasnão responde o coração.

João Pequeno.

Aviso aos nossos assignantesCom o n. 416 finda a Semana llíustrada o seu oitavo

anno. Rogo ás pessoas, que queiram assignar este pe-riodico, que o façam bastaute cedo para não haver du-vida na remessa, visto que a Semana não principia como anno novo, mas sim com o n. 417. Faço esta obser-vação para aquellas pessoas, que colleccionem estas jfolhas soltas, e declaro ainda que todos que assignempor um anuo, tem direito ao quadro : As Glorias daMarinha Brasileira.

O Editor.

Publicação musical.Publicou-se e acha-se á venda em casa dos Srs.Filip-

pone e Tornaghi uma nova modinha, intitulada Amorvirgem. Poesia de A. E. Zaluar, musica de E. Pinzai-rone.

Typ. do Imp. Inst. Artístico — Largo do S. Francisco 16.

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Íaf?l!Í / ¦^'¦^fíèst-^^^^'^ •¦¦ ____\_\m \\\\____. Jn J^^"'^-*^" ^ v&iSálsií^i^"' Clfllíiija ji /* j^-v^Seí ji-" A^___n_P___________H ______B^________________, £_____PES________ ________________H **4£K3_&^^_rc^^*5*@£3£___94aB__R&£_^* ,j*~ -£v ^^_H Ifl

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O capitão de fragata

JOSÉ" DA GOSTA AZEYEDHAngostura 7 de Setembro.

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SUPPLEMENTO DA SEMANA ILLUSTRADA.

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fA ^Sy ^ V'!,.t,

.VVs.

1. Dous patos vão ao rio, 2. E mergulhão. 3. Um apanha uma rã

4 Quer comel-a só, mas o outro lh'o impede.

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à

7. Mas a r? luta valentemente,

10. E atira-se ao poço.

13 Deste modo.

f^^^&H JS^W%\<5. E ambos puxão a pobre rã.

8. Até que um a engole,

11. Onde elles a procurão.

witfy^^ <j*—>v

14. Vem o cosinheiro e mata-os a ambos.

Os dous patos e a rã.Desenhado para crianças por W. Bosch

6. Cada um para cada lado.

9. Mas o outro não o deixa; a rã aproveitao momento,

^__3^>rA-^\-="

12. MaB sae de lá e os patos ficão prezos,

p - \A\ \\ê(' //' ¦l^^mêiiimypy^^^^^B^mm y/P-

!Í ^-'-r" P---^!l&^ÈÊÊÈk_

15. Mas a rã, depois da luta,Salvando a sua pessoa,Convalece da moléstia,Fuma, dorme e fica boa.