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INSTRUÇÕES DE JOGOS COMO RECURSO DIDÁTICO NAS AULAS DE
INGLÊS/LÍNGUA ESTRANGEIRA: DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES DE
LEITURA E ESCRITA
Nicea Teresinha do Nascimento – Professora PDE
Anelise Copetti Dalla Corte – Orientadora IES
RESUMO: Este artigo tem como objetivo discutir sob a perspectiva da utilização de jogos de regras para desenvolver a leitura e a escrita de aprendizes de língua estrangeira – inglês. A partir da implementação de uma unidade didática, elaborada durante o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, pretendeu-se compreender em que medida o trabalho com elementos lúdicos, jogos instrucionais mais especificamente, pode contribuir com o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita nas aulas de língua inglesa. Os jogos de regras são bastante conhecidos dos alunos e as instruções dos jogos configuram-se como material didático rico em elementos que podem contribuir com o processo de aprendizagem de uma língua estrangeira. As atividades foram realizadas a partir do tema: “Textos instrucionais de jogos”, e aconteceram de forma colaborativa em grupos e duplas, mas, também, individualmente, tendo como objetivo observar a eficácia do uso do gênero regras de jogos e textos instrucionais por meio de atividades lúdicas na aprendizagem dos conteúdos de língua inglesa, numa tentativa de sanar algumas das dificuldades existentes no processo de ensino/aprendizagem dessa língua, tais como: problemas de assimilação dos conteúdos, interação e, também, a motivação. Observou-se no andamento do trabalho a reação positiva dos alunos quanto à aceitabilidade, motivação, interação e socialização. Percebeu-se também que o aspecto lúdico é um ótimo suporte e muito relevante para um trabalho bem sucedido em sala de aula. Para levar a cabo as discussões propostas, além das Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná – DCE (2008), servindo-nos de embasamento teórico obras de autores como Vygotsky (1989), Marcuschi (2006), entre outros.
PALAVRAS-CHAVES: Língua inglesa; Textos instrucionais; Jogos; Leitura; Escrita.
INTRODUÇÃO
Este artigo tem como objetivo discutirmos a utilização de jogos de regras para
desenvolver a leitura e a escrita de aprendizes de língua estrangeira – inglês. A
partir da implementação de uma unidade didática elaborada durante o Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE pretendeu-se compreender em que medida o
trabalho com elementos lúdicos, jogos instrucionais mais especificamente, pode
contribuir com o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita nas aulas de
língua inglesa. Escolhemos esta temática pelo fato de o meio circundante aos alunos
ser rico e bastante favorável neste aspecto e, ainda mais, por ser possível
desenvolver habilidades de leitura e produções textuais por meio de atividades
lúdicas, com elaboração de jogos de regras de nível fácil que estimulam o interesse
e a participação coletiva, valorizando as relações sociais entre os aprendizes.
O uso das atividades lúdicas em sala de aula tem se tornado um assunto
bastante recorrente e relevante, visto que ensinar, especialmente uma língua
estrangeira, requer atenção ao usar estratégias para que o processo de
ensino/aprendizagem possa acontecer de forma motivadora, instigante e prazerosa.
Trabalhar com gêneros textuais, especialmente os gêneros instrucionais de jogos,
de receita, entre outros, nas aulas de língua estrangeira, permite ao professor
enriquecer sua prática pedagógica ajudando o educando a estabelecer relações e
favorecendo o desenvolvimento de uma aprendizagem mais sólida e atrativa.
Os textos de gêneros instrucionais e as atividades lúdicas com jogos são um
impulso motivador e gerador de uma aprendizagem de significados na construção do
conhecimento. Os alunos, quando utilizam atividades lúdicas como jogos,
brincadeiras, dinâmicas, além de se divertirem, têm a oportunidade de aprender,
levantar hipóteses e ir muito mais além. Os momentos de socialização, por meio das
interações, com as atividades em grupos e os momentos de trocas de ideias,
discussões, os levam à compreensão e a valorização dos saberes compartilhados.
Neste artigo, inicialmente trataremos de alguns aspectos relacionados aos
gêneros textuais e sua utilização enquanto subsídios pedagógicos no processo de
ensino/aprendizagem. A seguir, abordaremos a questão dos jogos didáticos e seu
papel como elemento facilitador no processo de aprendizagem de língua estrangeira
– inglês. Posteriormente, discutiremos a relação entre o lúdico e a construção do
conhecimento. Por fim, apresentaremos a implementação de uma unidade didática
elaborada durante o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, em uma
turma de 9º ano do Ensino Fundamental, no Colégio Estadual Vila Nova, na cidade
de Prudentópolis/PR.
Gêneros textuais como instrumento de ensino/aprendizagem
Falar de gêneros textuais e do uso de texto enquanto instrumento de
ensino/aprendizagem em aulas de língua estrangeira requer o entendimento da
amplitude desta temática. A relação entre as práticas discursivas e o trabalho com
gêneros justifica-se, de acordo com Marcuschi (2006, p. 25) “quando ensinamos a
operar com um gênero, ensinamos um modo de atuação sócio discursiva numa
cultura e não um simples modo de produção textual”.
Conforme MARCUSHI (2008, p.150), “cada gênero textual tem um propósito
bastante claro que o determina e lhe dá uma esfera de circulação”. Assim sendo,
cada gênero textual tem sua forma e sua função. Porém, o conteúdo que ele propõe
é que vai objetivar a prática da leitura e da escrita.
A linguagem lúdica em um jogo se caracteriza como uma composição híbrida
na qual há duas ou mais linguagens e o uso das regras, por exemplo, confere a essa
língua um caráter mais atrativo/atual, afinal, todo educador dever estar atento às
novas formas de aprendizagens utilizando todos os materiais disponíveis para que a
prática da língua inglesa seja revista, e que os alunos possam entendê-la como uma
possibilidade nova de aprendizagem não apenas de uma língua, mas de cultura, de
experiência de vida.
Com os jogos de regras existe o movimento da consciência de uma
determinada “situação-problema”, a busca competitiva de encontrar uma possível
saída para resolver esta situação e, quando se encontra a solução, a recompensa
por ter conseguido tal façanha. Regras, aqui, são entendidas como as leis do jogar, o
que pode e o que não pode: elas são orientações das ações dos que estão
envolvidos na competição, elas propiciam limites da conduta, possibilidade (ou não)
de diferentes ações.
Então, devemos explorar o conhecimento prévio e o contexto para que haja
êxito na aprendizagem. É importante que o ensino de Língua Inglesa, dentro do
Currículo Escolar, também se aproprie das novas técnicas de ensino, por meio dos
diferentes gêneros textuais e do lúdico, com o intuito de mediar, fortalecer e construir
para uma aprendizagem mais efetiva da língua estrangeira.
As Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná – DCEs apregoam que “é
preciso que o educador tenha cuidado para não empobrecer a construção do
conhecimento em nome de uma prática de contextualização. Daí a importância de
que o contexto seja apenas o ponto de partida da abordagem pedagógica”
(PARANÁ, 2008, p. 28). Ainda segundo as DCEs, para o ensino de Língua
Estrangeira Moderna – LEM enfatiza-se que seus aprendizes “façam uso da língua
que estão aprendendo em situações significativas, relevantes, isto é, que não se
limitem ao exercício de uma prática de forma linguística descontextualizada”
(PARANÁ, 2008, p. 57), pois o ensino de língua inglesa não pode ser limitado tão
somente às atividades gramaticais com exercícios de leitura e escrita que os livros
didáticos trazem, menosprezando as demais habilidades existentes.
O jogo como facilitador da aprendizagem e sua importância na construção do
conhecimento
Segundo MACEDO (1995, p.9-10):
Os jogos são importantes na escola, mas antes disso são importantes na vida. Por que se joga? (...) Os jogos são respostas que damos a nós mesmos ou que a cultura dá a perguntas que não se sabe responder. Joga-se para não morrer, para não enlouquecer, para manter a saúde possível, em um mundo difícil, com poucos recursos pessoais, culturais, sociais.
Como assevera Macedo (1995) a competição é a “problematização universal
da vida” e está presente nas mais variadas áreas, portanto cabe, também, a nós
professores relacionar esse saber com os saberes escolares e ensinar aos nossos
alunos que o competir com o outro e consigo mesmo deve ser no sentido de
construir um entorno melhor para si e também para o outro (todos) e não competir
para diminuir esse outro. Assim, nossa tarefa deve ser a de mostrar o “outro lado” do
uso das regras do jogo.
Podemos acrescentar ainda que os jogos didáticos sejam ainda pouco
utilizados nas escolas, devido à falta de conhecimento de sua importância e eficácia
para o ensino/aprendizagem. Segundo Macedo (1995) os jogos de regras e a
ludicidade que nele se insere são novas ferramentas que vale apena conhecer e
aplicar nas aulas para motivar, e desafiar um aprendizado mais eficaz e prazeroso.
Também, em consonância com as DCEs (PARANÁ, 2008 p. 31-47), “devemos
formar cidadãos que construam sentido para o mundo, que compreendam
criticamente o contexto social e histórico de que são frutos e que, pelo acesso ao
conhecimento, sejam capazes de uma inserção cidadã e transformadora na
sociedade (...). Para isso, as atividades pedagógicas devem priorizar a
comunicação”.
De acordo com KISHIMOTO apud Nogueira e Cristóvão:
A expansão dos novos ideais de ensino propicia o conhecimento de novas experiências com o jogo, funcionando como facilitador da aprendizagem. Surgem então jogos magnéticos para ensinar história, geografia e gramática. Quebras-cabeças e brinquedos de cubos são inspirados pelas fábulas de La Fontaine e de Perrault. Os meios de comunicação se desenvolvem e o comércio se expande, surgindo, assim, a necessidade de se ensinar línguas vivas, o que se estimula a criação de jogos para esse fim, como “Bazar Alfabético”, destinado ao aprendizado de vocabulário e o “Poliglota” para ensinar até cinco línguas concomitantemente. (NOGUEIRA, CRISTOVÃO 2007, p. 87).
Dentre vários benefícios que o lúdico traz para os aprendizes e a infinidade de
autores que abordam esses aspectos onde o lúdico deve ser considerado como
parte integrante da vida do ser humano como uma forma de penetrar no âmbito da
realidade. Para CELANI, apud NICHOLLS, 2001:
O desenvolvimento de uma língua estrangeira constitui, muitas vezes, um entrave que fecha o acesso ao mundo moderno, que impede o consumo de conhecimentos produzidos no estrangeiro, além de cercear a contribuição ativa e eficiente na produção e no desenvolvimento científico e tecnológico internacional. (CELANI apud NICHOLLS, 2001, p.15)
Para Moita Lopes (2005) o inglês é utilizado como idioma que rege o discurso
da globalização e, segundo o pesquisador, o inglês é a língua pela qual podemos
compreender e participar criticamente do mundo contemporâneo. Também o ensino
de inglês dá oportunidade de interação ao educando nos campos: sociais científicos
e tecnológicos, fazendo-o entrar em contato com outras culturas e civilizações,
tornando-o um indivíduo mais autônomo.
Segundo Freire (1980) “O educador enquanto educa, também aprende.
Ninguém educa ninguém tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se
educam em comunhão, mediados, pelo mundo.” O mesmo ainda salienta, podemos
ressaltar que o homem visualiza, absorve, verbaliza, assimila e transforma seu
cotidiano, sua realidade partindo de seu saber assistemático.
A temática da autonomia que ganhou centralidade nos pensadores e na
educação moderna, ganha em Freire (1996) um sentido sócio-político-pedagógico:
autonomia e a condição sócio-histórica de um povo ou pessoa que tenha se
libertado, se emancipado, das opressões que restringem ou anulam sua liberdade de
determinação. E conquistar a própria autonomia implica, para Freire, em libertação
das estruturas opressoras, “que não chegarão pelo acaso, mas pela práxis de sua
busca; pelo conhecimento e reconhecimento da necessidade de lutar por ela"
O lúdico e a construção do conhecimento
A utilização de elementos lúdicos além de facilitar a aprendizagem contribui
para o desenvolvimento pessoal, social e cultural do educando. Colabora para uma
boa saúde mental. Prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de
socialização, comunicação, expressão e também a curiosidade junto com a
construção do conhecimento.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil
(BRASIL, 1998, p. 23):
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado, brincadeiras e aprendizagem orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.
Segundo Vygotsky (1989), os jogos proporcionam o desenvolvimento da
linguagem do pensamento e da concentração. O lúdico influencia no
desenvolvimento do aluno, ensinando-o a agir corretamente em uma determinada
situação e estimulando sua capacidade de discernimento. Os jogos possuem um
papel relevante no processo de aprendizagem, fazendo com que os alunos tenham
mais iniciativa e autoconfiança. Vygotsky ainda afirma que a influência do brinquedo
no desenvolvimento da criança é muito ampla. Por meio do brinquedo, ela aprende a
agir em uma esfera cognitiva, sendo livre para determinar suas próprias ações.
Também sobre as atividades lúdicas, Vygotsky (1989, p.84) entende que “as
crianças formam estruturas mentais pelo uso de instrumentos e sinais. A brincadeira,
a criação de situações imaginárias surge da tensão do indivíduo e a sociedade. O
lúdico liberta a criança das amarras da realidade”. Já para Ronca (1989, p. 27), “o
movimento lúdico, simultaneamente, torna-se fonte prazerosa de conhecimento, pois
nele a criança constrói classificações, elabora sequências lógicas, desenvolve o
psicomotor e a afetividade e amplia conceitos das várias áreas da ciência”.
IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA PEDAGÓGICA
De acordo com as orientações recebidas na primeira etapa do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE - fomos levados a refletir sobre os problemas
enfrentados na educação, especialmente em sala de aula, no que diz respeito ao
ensino/aprendizagem de língua inglesa, levando-nos a repensar nossa prática
pedagógica. A partir daí, elaboramos um projeto de implementação pedagógica na
escola, objetivando principalmente contribuir para a superação das dificuldades e
problemas apontados, com a finalidade de promover a melhoria na qualidade do
ensino de língua estrangeira.
O projeto elaborado na primeira etapa deu origem a um material didático,
produzido pelo professor-pesquisador, no formato de Unidade Didática. O material
foi desenvolvido em oito unidades, explorando a temática “jogos”. Foi elaborado
tendo como eixo central um ensino contextualizado, em que os conteúdos fizessem
parte do dia-a-dia dos estudantes e, assim, optamos pelo gênero textual “Regras de
jogos”, contemplando os elementos lúdicos para auxiliar no processo de
aprendizagem, contribuindo no para a formação do aluno, oportunizando o
desenvolvimento de atitudes de cooperação e respeito ao próximo.
A implementação da unidade didática ocorreu no Colégio Estadual Vila Nova,
no município de Prudentópolis/PR, com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental.
Iniciamos o projeto de implementação com um vídeo de Lino de Macedo sobre a
importância dos jogos para a aprendizagem, e, na sequência, foi realizado um
debate que levou a muitos questionamentos a respeito da temática.
Durante a aplicação das atividades, observamos as atitudes dos alunos em
relação à interação, cooperação, o interesse e assimilação dos conteúdos. Com os
resultados obtidos percebemos que ao realizarem as atividades propostas por meio
de brincadeiras e jogos, os estudantes foram percebendo que para que as coisas
acontecessem, teríamos regras e que precisaríamos respeitá-las. Desse modo, os
aspectos como organização, respeito, comunicação foram sendo ampliados, e a
valorização social dos componentes dentro do grupo se iniciou. Assim sendo, por
meio das atividades lúdicas o aluno compreendeu o mundo ao seu redor, aprendeu
a ser, fazer, aceitar, enquanto as relações sociais se construíam e o aprendizado se
tornava mais significativo e produtivo.
Sabendo que nem sempre nossos alunos conseguem escrever e ler em
língua inglesa, mesmo pequenos textos, nossa unidade didática teve como tema de
estudo “Textos instrucionais de jogos”, contribuindo para a assimilação e
socialização dos conteúdos por meio de atividades lúdicas, com produção de jogos
com regras, adquirindo resultados satisfatórios na busca por uma formação de
indivíduos produtivos, criativos e autônomos. Pudemos perceber, também, a
importância da leitura e da compreensão do vocabulário para a melhoria da
qualidade da escrita e da leitura, e, consequentemente, na aprendizagem de língua
inglesa.
As atividades da primeira parte da unidade didática foram realizadas com
muitos questionamentos, debates, leituras, compreensão oral e escrita, pesquisas
na internet, em livros de apoio didático, revistas educativas, textos científicos e
artigos online referentes a jogos e regras, com instruções, além dos vídeos
educativos que foram assistidos para ter ideia de como adaptar à realidade da nossa
escola. Num segundo momento, foram feitas atividades de compreensão oral e
escrita com leituras de textos informativos e científicos. Tudo isso despertou uma
grande curiosidade a respeito de como seria possível produzir os jogos? Como
deveriam ser as produções: em inglês ou português? Que material seria utilizado?
Além de outros questionamentos a respeito das produções.
Ao longo do desenvolvimento da segunda parte da unidade didática, foi mais
trabalhoso fazer com que todos participassem com a mesma empolgação, pois
sempre havia aqueles que se desanimavam por qualquer motivo. Então, tivemos,
muitas vezes, um trabalho mais cauteloso e fatigante por parte do professor, mas
nada que impossibilitasse a continuidade do trabalho.
A partir desta perspectiva, propusemo-nos à aplicação de atividades criativas,
com jogos e dinâmicas diferenciadas, desafiadoras, sendo estas em grupos, duplas
e também individuais. Sempre priorizamos as atividades em grupos para que
houvesse uma maior interação de acordo com a abordagem sócio-interacionista.
Os alunos gostaram das atividades realizadas em grupos, participando de
todas com bastante interesse e empolgação, pois entenderam o quanto era
importante participar e aprender de forma coletiva, para depois mostrar para a
comunidade escolar seus esforços e desempenho. Durante esses trabalhos em
equipe, com um animando e colaborando com o outro, pode-se perceber a evolução
das mudanças em todos os sentidos. Aqueles que só reclamavam e não estavam
dando a mínima importância, começaram a perceber e se integrar aos demais e
também começaram a produzir, mostrando que o mais importante ao longo do
processo é a interação, a participação e a mudança de atitude para que aconteça a
aprendizagem.
As atividades trabalhadas durante a intervenção pedagógica em sala de aula
foram: textos instrucionais, receitas, jogos simples, dinâmicas e brincadeiras, para
estimular e motivar os alunos, auxiliando no processo de aprendizagem e
influenciando positivamente na interação e nas práticas em sala de aula. Observou-
se, também, que o trabalho por meio de atividades lúdicas e motivadoras fez com
que os alunos aprendessem e percebessem o quanto aprender uma língua
estrangeira pode ser interessante e divertido. Foi um trabalho realizado com muita
criatividade e responsabilidade, pois os alunos se empenharam em criar seus
próprios jogos com regras e depois instruir seus colegas sobre como jogar.
Acreditamos que o trabalho com leitura em sala de aula também deva dar
ênfase a assimilação de vocabulário, pois na medida em que o aluno for
conhecendo e aprendendo o vocabulário, a leitura em língua inglesa fica mais fácil,
contribuindo para a compreensão textual. Por isso, nosso objetivo foi desenvolver
atividades que levassem os alunos a esse processo de entendimento, tendo eles
também percebido o quanto essas atividades lúdicas ajudaram a assimilar o
vocabulário e quanto isso os ajudava nas leituras e na compreensão textual.
Os trabalhos foram feitos, com muito capricho: alguns jogos com instruções e
regras criadas em grupos foram mostrados em exposições de trabalhos
desenvolvidas pelos alunos, onde puderam mostrar seus talentos e habilidades.
Além disso, pode-se observar a mudança de atitude e de opinião com relação à
língua inglesa nas opiniões de alguns alunos, conforme exposto abaixo:
Confesso que detestava inglês, mas neste semestre eu comecei a me
interessar e simpatizar com essa língua, acho que foi o novo jeito de
ensinar com brincadeiras e conteúdos, foi muito legal, aprendi e me
diverti também.
Porque não se ensina inglês assim nas outras séries, se fosse assim,
eu hoje podia falar e também escrever em inglês.
Não gosto de inglês, tenho dificuldade para pronunciar as frases e
palavras, mas gostei de aprender inglês com jogos, até que aprendi um
pouco.
Teacher your work went D+ (I never will forget).
Eu gostei muito do novo jeito da professora ensinar, muito interessante
continue assim. Valeu.
Antes eu só fazia bagunça, agora eu bagunço com diversão, jogando e
aprendendo. O que era bagunça agora é sério. Interessante, pois a
gente nem percebe que está aprendendo e quando vê sabe um
montão de palavras e até frases. Legal!
Os obstáculos encontrados durante o desenvolvimento das atividades,
apenas estão relacionados ao uso das tecnologias que sofreram pequenas
adaptações que não interferiram no desenvolvimento das atividades.
Para a Implementação do projeto, somamos o apoio dos professores da Rede
Pública Estadual de Ensino, participantes do Grupo de Trabalho em Rede – GTR, o
qual possibilitou a inclusão virtual dos mesmos nas reflexões, discussões e
elaborações realizadas pelo professor PDE. Os participantes do GTR tiveram a
oportunidade de analisar, refletir, avaliar e dar suas contribuições sobre o tema em
estudo, postando suas considerações sobre o material, a aplicação e a verificação
dos resultados, avaliando o projeto de intervenção. Notamos que o tema em estudo
foi relevante, bem aceito pelos professores, pois por meio de suas considerações,
ficou bem claro que os elementos lúdicos contribuem para a motivação, interação e
a socialização dos educandos na aprendizagem de língua estrangeira.
Apresentamos aqui algumas das opiniões dos professores participantes do
GTR:
“Você levantou um ponto necessário a ser discutido, cara colega, pois
não é simples a tarefa de levar os alunos a compreender que
atividades lúdicas são preparadas para facilitar o aprendizado deles. E
quando eles compreendem nem sempre nossos colegas
compreendem. Confesso que já estou me (re)motivando nesse GTR,
pois eu andava meio relapsa com minhas aulas lúdicas devido a vários
fatores.
Regra de jogo contribui para a inserção do educando em seu contexto
social, precisamos respeitar regras em nosso cotidiano, ela contribui
para a relação e respeito humano. Jogos na escola é uma valiosa
oportunidade para resolver problemas de aprendizagem e
desmotivação, favorece não só a formação intelectual como a moral.
O trabalho com o lúdico é muito gostoso e motivador, sabendo dosar e
usado no momento certo com certeza enriquece e enobrece qualquer
disciplina. Por essa razão é que me motivou a fazer esse GTR.
Sem dúvida alguma, a partir da implementação e do gênero textual
trabalhado, conseguimos atingir diversos objetivos nas áreas do conhecimento.
Alguns deles foram:
A melhor compreensão dos alunos quanto aos objetivos e as funções
da escrita;
Aprimorar a capacidade de interpretar textos por meio da leitura e
trabalhos em grupos;
Identificar as características do gênero textual trabalhado e
desenvolver a habilidade de respeitar regras e fazer uso delas para organizar suas
conquistas e se tornar um cidadão autônomo, crítico e responsável no mundo em
que atua;
Maior compromisso e responsabilidade com relação as produções e
confecções dos jogos e dos textos e entrega das atividades;
Melhora na socialização dos conteúdos, no envolvimento e na
dedicação.
Os resultados obtidos foram observados durante a aplicação das atividades
bem como no término da aplicação do projeto. Consideramos as tentativas do aluno
na realização das atividades, as dúvidas manifestadas, o respeito mútuo, o
progresso em relação a problemática levantada no projeto, entre outras.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Aprender língua estrangeira hoje é muito importante para o aprimoramento,
tanto pessoal quanto profissional, porque a maior parte dos avanços em pesquisas
encontra-se em língua estrangeira. Com a inclusão dos jogos no contexto escolar
pode-se observar um avanço significativo na aprendizagem de forma bastante
curiosa. Ao longo de nossa pesquisa e implementação percebemos que, de modo
geral, os alunos sentiram-se bem à vontade e participaram com interesse das
atividades. Alguns se destacaram mais em termos de criatividade, como na
confecções dos jogos, mostrando as habilidades adquiridas na parte artística, outros
na construção das regras e na parte escrita (produção textual).
Portanto, podemos concluir que alunos estimulados e entretidos pelos jogos
tendem a aprender mais. A elaboração de jogos didáticos com regras para as aulas
de inglês pode ser uma ótima opção para turmas com maiores dificuldades de
aprendizagem, pois cada jogo pode abordar uma temática diferente, o que permite
jogá-lo ao final de uma explicação para estimular a fixação do conteúdo. Além disso,
ao trabalhar com atividades lúdicas pode-se substituir uma série de exercícios
repetitivos, que na maioria das vezes é massacrante e que tornam a aula
desinteressante.
Conclui-se, ainda, que no trabalho com jogos pedagógicos e produções
textuais devemos nos preocupar em levar o aluno a assimilar novos vocabulários,
melhorando a compreensão da língua estrangeira por meio da leitura ou de práticas
de compreensão auditiva e expressão oral. Os resultados obtidos com este trabalho
nos fizeram crer que o professor pode sempre investir em atividades lúdicas, pois
este tipo de atividade realmente contribui no desenvolvimento das habilidades e na
fixação dos conteúdos.
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