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A contabilidade de gestão SNC-AP: Proposta de implementação em subsistemas da Administração Pública
Carlos Borralho IPBeja
Clara Pires IPBeja
Maria Basílio IPBeja
Pires dos Reis IPBeja
Área Temática: D - Contabilidade e Controlo de Gestão
2
Resumo
O Sistema de Normalização Contabilística para as Administrações Públicas (SNC-AP) impõe
que os subsistemas da Administração Pública apresentem uma gestão eficiente e eficaz. Neste
sentido a informação facultada pela contabilidade de gestão será útil ao apoiar os gestores nos
processos internos de gestão pública (vertente interna) e, por outro lado, ao contribuir para os
propósitos de responsabilização pela prestação de contas (vertente externa).
Após se ter efetuado uma súmula sobre os objetivos da norma de contabilidade pública 27
(NCP 27) nos diferentes subsetores da administração pública, nomeadamente educação, saúde
e autarquias locais, apresentam-se as vantagens e os inconvenientes na aplicação dos
diferentes sistemas de custeio nos referidos subsetores. Finalmente apresenta-se ainda uma
proposta de plano de contas da classe nove, orientada para a aplicação do custeio baseado em
atividades.
Palavras-chave: NCP 27; Harmonização contabilística; Administração Pública; Sistemas de
Custeio Tradicionais; Custeio Baseado em Atividades (ABC).
Abstract
The Accounting Standardization System for Public Administrations (SNC-AP) requires the
public administration subsystems to present efficient, effective and quality management. In
this sense, the information provided by management accounting can be useful in supporting
managers in internal public management processes (internal dimension) and, in contributing
to accountability purposes (external dimension).
After having made a summary of the objectives of the public accounting standard 27 (NCP
27) in the different subsectors of the public administration, namely education, health and local
authorities, the advantages and disadvantages of the application of the different costing
3
systems in the subsectors are mentioned; in addition it is presented a proposal for a chart of
accounts, class nine, appropriate to the application of activity-based costing.
Keywords: NCP 27; Accounting harmonization; Public administration; Traditional Costing
Systems; Activity Based Costing (ABC).
4
Introdução
A norma 27 do SNC-AP, incluída no anexo II do DL nº 192/2015, visa prosseguir os
objetivos já anteriormente manifestados no Plano Oficial de Contabilidade Pública (POCP),
de desenvolvimento de um sistema de contabilidade de gestão nas Administrações Públicas.
Esta norma define os requisitos gerais para o subsistema de contabilidade analítica, ou de
gestão, e enumera os requisitos mínimos obrigatórios para o conteúdo e divulgação de
informação.
Assim, a referida norma (NCP 27) recomenda que o modelo de apuramento dos custos nas
Administrações Públicas deve ser o custeio baseado nas atividades. No entanto a norma
também aborda outros sistemas de custeio tradicionais (total, variável, racional, custo padrão
e custeio direto) e não obsta à sua aplicação, podendo depender a escolha do sistema de
custeio do subsistema da administração pública em que nos encontramos, porquanto as
particularidades de cada um, no que respeita à imputação dos custos.
Note-se, no entanto, a respeito dos sistemas de custeio tradicionais, que já na década de 80
esta matéria foi estudada por Kaplan (1986) o qual enunciou críticas bem acentuadas aos
mesmos, críticas que ajudaram à afirmação do ABC.
Recorde-se que o ABC foi proposto nos anos 80 do século XX, criado a partir de uma
corrente de literatura contabilística baseada em estudos de caso de empresas americanas
(Jones & Dugdale, 2002). No entanto, não existe unanimidade em termos de investigação
sobre este tema, quanto aos seus autores.
Este método foi, nessa altura, divulgado na esfera académica e até implementado em muitas
empresas, começando por ser aplicado, primeiramente, em países anglo-saxónicos e
estendendo-se depois a países da União Europeia, como a Alemanha, Espanha e França,
5
deixando assim de ser um modelo meramente académico e passando a ter influência na gestão
das empresas.
O presente artigo discute em que medida os diferentes sistemas de custeio (sistemas de
custeio tradicionais e o método ABC) poderão ou não ser aplicados nos diferentes subsetores
das Administração Públicas, mais especificamente na Saúde, no Ensino e no Autarquias
Locais dadas as especificidade destes subsetores no que respeita ao tipo de serviço prestado,
atividades desenvolvidas e materiais aplicados, entre outros. Neste artigo também se sugere
uma proposta de plano de contas da classe nove, que consideramos adequada à aplicação do
custeio baseado nas atividades nos subsetores da administração pública referidos, proposta
que sendo transversal não limita os necessários ajustamentos casuísticos.
A Norma de Contabilidade Pública Nº 27 e a Contabilidade de Gestão
Ainda que a NCP 27 tenha como objetivo “compreender como a contabilidade de gestão
pode ser usada para apoiar os processos internos da gestão pública”, esta também abarca a
dimensão externa e expressa a necessidade de contribuir para o propósito de uma
“responsabilização pela prestação de contas (vertente externa) ”. Assim, esta norma possui
orientação para a dimensão externa, situação atípica, e impõe um padrão mínimo de resposta.
Comecemos então por realçar o facto de, nesta norma, coexistir um duplo propósito de
resposta, interna e externa, e por se indicar que tal propósito pode não ser sempre de fácil
compatibilização, atendendo à eventual disputa de interesses e de ideologias dentro das
Administrações Públicas. Resulta do referido que, se o sistema de informação for descuidado,
a dissonância entre ações e discursos poderá ter aqui um espaço significativo, nomeadamente
se o desenho e conceção do subsistema analítico não for objetivamente (formalmente)
determinado em tempo útil, ou seja, antes de iniciada a reclassificação funcional dos gastos.
6
Nestes termos, a implementação de um sistema de controlo interno, factualmente orientado
para a obtenção de dados fidedignos, ou seja, exatos, fundamentados e não extemporâneos, a
serem invariavelmente monitorizados, marcará a diferença. Note-se que tal necessidade nem é
descuidada na norma, a qual expressa o facto da contabilidade de gestão envolver o “desenho
dos sistemas de informação necessários para a produção de relatórios e mapas adequados à
divulgação”. Assim sendo, tal desenho será crítico pois dele dependerá a instrução, ou não, e
em tempo útil, de processos com os dados necessários à correta reclassificação dos gastos e
dos rendimentos. Independentemente disso, daqui se depreende que a contabilidade de gestão
tem como intento conceber informação analítica sobre gastos, rendimentos e resultados, com
o objetivo de se determinar, entre outros, o custo da produção, a elaboração do orçamento
anual e a análise dos desvios. No final, espera-se que tais elementos determinem o objetivo
máximo da norma, mais concretamente o de “permitir uma melhor avaliação da economia,
eficiência e eficácia das políticas públicas” ou seja, dos três “Es”.
Neste sentido, o ponto 3.1 da NCP 27 enuncia os sistemas de custeio que, à partida, poderão
ser implementados nos diferentes subsetores da Administração Pública, abordando as
principais diferenças no que respeita ao tratamento dos custos a imputar aos produtos e/ou
serviços (Sistema de Custeio Total, Sistema de Custeio Variável, Sistema de Custeio
Racional, Sistema de Custeio Direto e Sistema de Custeio das Quotas Teóricas ou Custo
Padrão).
Por outro lado, no seu ponto 5.1, a norma indica que o modelo de apuramento dos custos é o
Custeio Baseado nas atividades (ABC). Neste sentido menciona que “O sistema de custeio
ABC caracteriza-se pela imputação dos gastos indiretos às atividades desenvolvidas para
satisfazer as necessidades dos cidadãos/clientes” no pressuposto básico de que são as
atividades que consomem os recursos e não os produtos, conforme se constata nos sistemas de
custeio tradicionais.
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No mesmo ponto é ainda referido que o sistema de custeio ABC é considerado o mais
adequado para a realidade das entidades públicas, cujos serviços estão focados nos
cidadãos/utentes e nas suas necessidades. Por outro lado, reforça-se, no ponto 6, que “os
documentos de prestação de contas (relato financeiro de finalidades gerais) devem divulgar
informação sobre a avaliação de desempenho e avaliação por programas… tendo por base a
informação disponibilizada pelo sistema de contabilidade de custos e de gestão”,
correspondendo o período de análise ao exercício económico da informação obtida no sistema
da contabilidade orçamental e financeira, por regra coincidente com o ano civil.
Na tabela seguinte podemos observar com mais detalhe a estrutura da norma e os seus seis
pontos essenciais:
Sendo as divulgações o propósito máximo da norma, importa salientar que o referencial
apnenas enumera os elementos mínimos, mas sem limitar a apresentação de todos os
elementos que os governantes considerem relevantes para a melhor compreensão das
atividades desenvolvidas.
Os Sistemas de Custeio Aplicados nos Subsectores da Administração Pública
Estrutura da NCP 27 Alcance
1. Objetivo Declara o propósito a alcançar pela norma.
2. AmbitoAprofunda a utilidade prática esperada como resultado da aplicação do
subsistema de contabilidade analítica.
3. DefiniçõesEnumera as principais tipologias de gastos e caracteriza sumáriamente os
sistemas de custeio possíveis.
4. Características
qualitativas da
informação
Expressa os atributos fundamentais da informação a produzir e, dessa forma,
baliza as opções e requisitos para desenho do subsistema.
5. Critérios de
afetação e imputação
dos custos indiretos
Clarifica os cuidados a ter na repartição de gastos indiretos, reconhecendo que
tais gastos, se não cuidados, comprometem irreparavelmente os dois primeiros
pontos.
6. Divulgações Clarifica os elementos mínimos a divulgar por subsetor.
Fonte: NCP 27 — Contabilidade de Gestão
8
Os sistemas de custeio têm vindo a ser constantemente aperfeiçoados para corresponderem,
por um lado, à inovação das técnicas de gestão e, por outro, à evolução dos próprios processos
de fabrico. Ao se ponderar o uso do critério grau de associação ao produto ou serviço,
enquanto os custos diretos, ou seja, aqueles que estão diretamente dependentes do produto
final são em regra mais simples de determinar, o problema acentua-se quando se pretendem
imputar custos indiretos.
Ainda que um dos sistemas de custeio tradicionais, abordado na norma, seja o Sistema de
Custeio Total, no qual todos os gastos incorridos são de imputar aos custos dos produtos ou
serviços, sejam estes diretos ou indiretos, com exceção daqueles considerados não
recorrentes2, o seu uso encobre mais facilmente ineficiências, quando comparado ao uso do
ABC.
Já ao se ponderar o recurso ao sistema de custeio variável, também referido na NCP 27,
segundo o qual apenas os gastos variáveis são de imputar aos produtos ou serviços, ao longo
de um período, os gastos fixos serão apenas considerados no final e os gastos não recorrentes
excluídos, pode ser obtida uma reclassificação de gastos nem sempre capaz de suportar os
processos de tomada de decisão.
Nas figura seguinte procuramos sintetizar as perspetivas subjacentes a cada um dos critérios
acima referidos.
2 Gastos não recorrentes traduzem perdas que possuem um carácter excecional, extraordinário, e que tenderão a não se repetir
em períodos subsequentes.
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Fonte: Elaboração própria.
Note-se que a NCP 27 também prevê a adoção de um sistema de custeio racional, sob o qual
os gastos totais são de imputar aos produtos ou serviços, , com a particularidade destes serem
deduzidos dos gastos de subactividade, isto é, apenas são de imputar aos produtos ou serviços
os custos fixos que resultem da capacidade de produção instalada3.
3 Custo do produto ou serviço = Custo Variável + % Custo Fixo % = Quantidade produzida/Quantidade de produção que resulta da capacidade instalada. Custo não incorporado no produto ou serviço = (1 - %) Custo fixo.
Sistema de Custeio Vantagens/Limitações
a) Sistema de custeio que "imputa aos produtos ou atividades finais todos os gastos diretos e
indiretos, com excepção dos gastos não recorrentes";
b) Assim, uma vez utilizado o sistema de custeio total, os custos totais cortrespondem ao somatório
dos gastos diretos e indiretos incorporáveis;
c) Por outro lado, os custos totais podem ser globais ou individuais. Por exemplo, podemos ter o
custo total de uma atividade hospitalar, o custo total por doente, por internamento ou por consulta
externa;
d) Neste sistema de custeio, depreende-se facilmente que se existe um gasto ele terá que ser
associado, em algum momento, ao produto ou ao serviço público prestado, com exceção dos gastos
não incorporáveis, estes excecionais, que carecem sempre de fundamentação que legitime a sua não
incorporação;
e) Face ao exposto importa referir que os problemas não se colocam ao nivel dos gastos diretos, mas
sim ao nivel dos gastos indiretos. De facto, a objetividade e função (ou destino) dos gastos diretos é
clara, o mesmo não acontecendo no que respeita aos gastos indiretos;
f) Por outro lado, os gastos indiretos são, por vezes, diluídos pela estrutura do subsetor da
administração pública e, dessa forma, poderão incobrir facilmente gastos injustificados (gastos que
embora possam ter legitimidade formal não significa possuirem legitimidade material);
g) Nada garante que não existam interesses instalados, nas Administrações Públicas, propensos a que
determinados gastos que tinham condições para ser classificados funcionalmente enquanto gastos
diretos, sejam classificados como gastos indiretos;
h) Assim sendo, o sistema de custeio total é consistente na repartição de todos os custos, fixos e
variáveis, mas não responde à potencial arbitrariedade das repartições dos gastos indiretos.
a) Neste sistema de custeio também conhecido por Direct Costing, só se consideram os custos
variáveis no cálculo do custo do produto ou serviço, uma vez que apenas estes custos variam com o
nível de produção ou serviços prestados;
b) Quanto aos custos fixos, os mesmos não dependem da produção ou serviço, mas são também
essenciais, sendo considerados pela contabilidade como custos do período (no entanto, são retirados
à margem bruta);c) Os resultados não são influênciados pelas variações no volume de produção;
d) Apresenta custos incompletos dos produtos ou serviços prestados;
e) Sistema de custeio, frequentemente, utilizado ao nível da tomada de decisão no seio das empresas
e por parte de quem as gere;
f) Neste sistema de custeio é mais fácil determinar o ponto critico das vendas, quer em quantidade,
quem em valor;
g) Por outro lado, faz uma avaliação mais prudente das existências considerando-as a valores mais
baixos;h) Na maior parte dos casos é bastante dificil a separação entre gastos variáveis e fixos;
i) No caso de empresas com um ativo não corrente muito pesado e de grande complexidade, os
custos variáveis são pouco significativos relativamente aos custos fixos;
j) A não consideração dos custos variáveis no custo do produto conduz a um empolamento artificial
da margem de contribuição, podendo tornar-se uma medida ilusória para a definição do preço de
venda do produto ou do serviço prestado.
Total
Variável
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A norma refere ainda o sistema de custeio das quotas teóricas, ou custo padrão, no qual os
gastos devem ser imputáveis a objetos de custo tendo por base estimativas razoáveis ou
estudos de custo, determinados através de valores previamente orçamentados e não com base
nos gastos realmente suportados. Logo, no presente sistema de custeio são considerados
custos dos produtos, serviços ou atividades, os gastos variáveis e os gastos fixos
orçamentados, ou seja, previstos para o período4.
Na figura seguinte procuramos sintetizar as perspetivas subjacentes aos sistemas de custeio
racional e por quotas teóricas e, no quadro seguinte, algumas vantagens e limitações de cada
um deles:
Fonte: Elaboração própria.
4 Custo do produto ou serviço = Custo Variável + Custo Fixo Orçamentado ou Previsto. Custo não incorporado no produto ou serviço = (Custo Fixo real do período – o Custo Fixo Orçamentado ou Previsto).
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Fonte: Elaboração própria.
Relativamente ao sistema de custeio direto a norma indica ainda que imputa aos produtos, serviços
ou atividades finais, apenas os gastos diretos, ou seja não incorpora nos produtos, serviços ou
atividades os gastos indiretos. Mais uma vez a grande desvantagem deste sistema de custeio
prende-se com o facto de poder deixar fora uma parte significativa dos custos totais.
Sistema de Custeio Vantagens/Limitações
a) Sistema de custeio que facilmente pode acarretar alguma discussão sobretudo quando apresenta o
conceito da gastos de subatividade;
b) A norma define gastos de subatividade "os excessos de gastos de uma atividade que está abaixo
da atividade normal";
c) Esta necessidade de consistência no uso dos critérios pode até impor registos de gastos de
subactividade, de difícil aceitação para os cidadãos e menos aceitação ainda para os dirigentes que é
suposto terem a obrigação ou capacidade de os acautelar. Por exemplo, no ensino, se uma turma
podia ter 40 estudantes e apenas tem 30, existe um gasto de subactividade de 10/40, ou seja 25 %
dos gastos devem ser considerados gastos de subactividade ou de ineficência;
d) Por outro lado, ainda no que respeita ao registo dos gastos de subactividade, emerge a questão do
momento em que se considera, ou não, que existe essa subactividade;
e) No que respeita à caracteristica intitulada comparabilidade, onde se inclui que "é fundamental que
o custo seja mensurado pelo mesmo critério ao longo do tempo ” será fácil inferir que se numa
perspetiva teórica o sistema de custeio racional é admitido pela NCP 27, na prática a sua adesão pode
ser, no mínimo, diminuta e questionada;
f) Os serviços são imateriais e transitórios, situação que levará a que num dado período e numa dada
entidade possa existir subactividade e noutro período a utilização máxima da capacidade instalada;g) Por outro lado, o limite de capacidade pode revelar-se pontualmente insuficiente face à procura.
Desta realidade emergirá outra dificuldade prática, concretamente: como medir uma subactividade?
Se considerarmos, como exemplo, o subsetor da saúde: uma subactividade seria medida tendo em
conta o número de doentes consultados por um médico ou tendo em conta o tempo despendido com
as consultas? Para este tipo de questões não existem respostas definitivas, facto que reforça a
importância do juízo profissional;
h) No entanto, a abertura da norma ao juízo profissional pode não ser isento, decorrente da
inexistência de uma plena separação entre as dimensões técnica e política. Também por isso se o
desenho e implementação não forem cuidados podem mesmo ser criadas situações de bloqueio, ou
de inércia, com o uso das estruturas técnicas para encobrir propósitos políticos, ou até com a
existência de desresponsabilização mutua.
a) Sistema de custeio que "atribui gastos a objetos de custo com base em estimativas razoáveis ou
estudos de custo e por meio de valores orçamentados em, vez de se basear nos gastos reais
suportados";
b) Deve salientar-se que a contabilidade pública, pelo seu histórico, valoriza mais factos
comparativamente a estimativas. Deste modo, considerar custos fixos previstos ou orçamentados
para uma dada atividade e/ou determinado período de tempo é bastante questionável;
c) Recurso à conta (Custo Industrial Não Incorporado) para registar as diferenças entre os custos fixos
do período e os custos fixos previstos ou orçamentados poderá também ser questionado;
d) No entanto, o presente sistema de custeio resolve o problema da instabilidade de custos ao longo
dos exercícios;
e) Permite, no essencial, medir a eficiência de um produto ou serviço. Segundo Matz et al (1987)
"custo padrão é o custo planeado de um produto, segundo condições de operações correntes e/ou
previstas, baseando-se nas condições normais ou ideais de eficiência e volume";
f) Note-se que as condições de normalidade em termos de eficiência dizem respeito, essencialmente,
aos custos de natureza indireta, porquanto os custos diretos, como a mão de obra são calculados
considerando as condições correntes;
g) A utilização deste sistema de custeio permite um controlo mais atempado dos custos, e assume-se
como uma ferramenta preciosa ao nível da programação de uma determinada atividade. O confronto
dos desvios verificados em relação ao padrão definido também podem permitir analisar a eficiência
de um determinado serviço.
Racional
Quotas Teóricas (Custo
Padrão)
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As críticas elencadas são essenciais para reforçar a importância do uso do ABC, conforme
fundamentos que seguidamente se apresentam.
Fundamentos para que a NCP 27 recomende o ABC
São várias as razões que podem ser apontadas para justificar o facto de o ABC ser aqui
recomendado. Desde logo, porque o foco das Administrações Públicas não é industrial mas
sim centrado na prestação de serviços e, ainda, porque o ABC assume a inexistência de custos
indiretos, quando classificados na perspetiva das atividades, sendo esta última vertente a que
nos parece mais relevante. Realce-se, assim, que quando o ABC refere que os gastos são de
classificar como diretos e indiretos este não se está a referir ao critério “grau de associação
ao produto ou serviço” mas sim ao “grau de associação à atividade”. Logo, esta diferença é
significativa e, na prática, restringe a existência de custos indiretos associados a atividades, já
que, em última análise, existiria um gasto completamente injustificado. Por esta via, a forma
como o ABC opera sobre os gastos é distinta da assumida nas abordagens tradicionais,
conforme se demonstra na figura seguinte:
CBA versus abordagens tradicionais
Fonte: Adaptado de Coelho, 1997.
Produtos / Clientes
consumidos por consumidos por
consumidos por
Recursos
Produtos
Sistmas Tradicionais
de Custeio
Custeio Baseado em
Atividades (CBA)
Recursos
Atividades
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A maioria dos autores está de acordo em afirmar que o ABC ganhou popularidade com a obra
de Johnson & Kaplan (1987), tal como é referido, entre outros, por Jones & Dugdale (2002)
ou por Major & Vieira (2009). Em grande parte da literatura sobre este tema argumenta-se
que o desenvolvimento histórico da contabilidade de gestão, leva a que os gestores precisem
de diferentes tipos de informação que não a fornecida pelos sistemas de custeio tradicionais.
Assim, segundo Johnson & Kaplan (1987), os sistemas de custeio tradicionais baseados no
volume de produção e na imputação dos custos indiretos em percentagens dos custos diretos
são mais limitados comparativamente ao ABC. No universo empresarial chegou até a ser
verificado que que um aumento dos gastos gerais e uma diminuição no custo de trabalho
direto levava a que dos sistemas tradicionais de custeio pudessem resultar previsões de custos
distorcidas, podendo tal realidade causar decisões de gestão incorretas. Por essa razão Cooper
(1987) refere que o custeio baseado em atividades utiliza várias atividades para chegar aos
custos dos produtos, processos ou serviços, evitando as distorções dos sistemas tradicionais de
custeio. Por outro lado, é capaz de alcançar os custos de forma mais confiável para as
atividades da cadeia de valor. Esta ideia foi reforçada por Armstrong (2002), ao reconhecer
ainda que os métodos de custeio tradicionais praticam imputações arbitrárias de gastos que
aparentam ser ineficazes para a gestão na organização e que esta lacuna tenta ser preenchida
pelo ABC. Já Kaplan & Cooper (1998) comprovaram o estudo de Armstrong (2002) e
demonstraram que o sistema ABC permite que os custos indiretos sejam, numa primeira fase,
diretamente atribuídos às atividades e, posteriormente, aos produtos, serviços e clientes,
obtendo-se uma imagem mais clara e real dos gastos.
Assim, os referidos autores consideraram que o ABC traz grandes vantagens ao permitir uma
análise crítica das atividades e ao facultar a possibilidade de eliminar aquelas que não geram
valor acrescentado. No entanto desengane-se quem assumir que nas Administrações Públicas
a eliminação de atividades sem valor acrescentado é desejado por todos ou é fácil de relatar
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ou assumir. Independentemente disso o método proporciona uma valorização da informação
para efeitos da gestão, segmentando essa mesma informação, permitindo uma imputação de
custos mais racional e facultando uma maior possibilidade de avaliação dos mesmos (Canha,
2005).
Também Caiado (1997), defende que o método de custeio baseado nas atividades “é um
processo de repartir os gastos gerais de fabrico pelas quantidades produzidas com base nos
benefícios que resultam de uma determinada atividade indireta. O referido método procura,
não apenas repartir os gastos gerais de fabrico pelos custos dos produtos numa base mais
realista que o simples volume de produção, mas também fazer ressaltar a relação existente
entre aqueles gastos e as atividades que as originam”.
Procurando sintetizar o que anteriormente se referiu, realça-se que o ABC não é somente uma
abordagem de cálculo do custo do produto ou serviço, mas sim uma metodologia que permite
o controlo desses mesmos custos. Este fornece informação contabilística relevante e
fundamental para a reflexão sobre o posicionamento concorrencial de uma organização. A
sequência do ABC é esquematizada na figura seguinte, contrariando os sistemas de custeio
tradicionais, nos quais se salienta que os produtos consomem os recursos (ou os custos),
elemento que de novo reforçamos.
Fonte: Adaptado de Garison, R. et al, 2000.
Objetos de Gastos (Por exemplo,
Produtos e Clientes)Atividades
Consumo de Recursos
Gastos
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NCP 27: Um possível modelo de implementação
A implementação de sistemas de Contabilidade de Gestão nas Administrações Públicas
revela-se de grande importância no contexto atual, em que as várias entidades se deparam
com a necessidade de gerir adequadamente os recursos ao seu dispor.
Logo, sob esta nova perspetiva de contabilidade de gestão a implementar no setor público
pretendeu-se proporcionar aos seus gestores um conjunto de ferramentas essenciais à tomada
de decisão, onde se incluem o planeamento e a execução das funções de controlo.
Neste contexto, a NCP 27 releva a especificidade setorial, nomeadamente para os subsetores
Saúde, Educação e Poder Local.
A Contabilidade de Gestão nos serviços de Saúde constitui um instrumento de gestão vital e
um importante fator de análise de todos os elementos relacionados com a mesma. De facto, é
de extrema importância a existência de um Mapa de Informação onde estejam especificados
todos os custos diretos e indiretos de cada estabelecimento de saúde (dias de internamento,
consultas realizadas, doentes intervencionados, análises efetuadas, entre outros), de acordo
com o parágrafo 36 da norma 27.
Quanto ao subsistema da Educação, a contabilidade de gestão, sendo obrigatória, também
constitui um importante instrumento para a análise e controlo dos gastos com este sector, bem
como dos proveitos e dos resultados por atividades. Neste subsistema da Administração
Pública será muito importante que conste do Mapa de Informação todos os custos diretos e
indiretos das designadas atividades intermédias (órgãos de gestão, serviços administrativos,
serviços financeiros, entre outros) e das designadas atividades finais (curso, disciplina,
refeição, entre outros).
No que respeita às Autarquias Locais a contabilidade de gestão é obrigatória no apuramento
dos custos das funções e dos custos subjacentes à fixação de tarefas e preços de bens e
serviços em linha de continuidade com o POCAL. Por outro lado, é muito importante que seja
17
apresentada uma descrição das funções que compete a estas entidades desempenhar para
atingirem diferentes objetivos. Sendo assim, já no âmbito da NCP 27 existem quatro funções
principais: funções gerais; funções sociais; funções económicas e outras funções. Nos Mapas
de Informação devem constar os custos diretos de cada produto/serviço prestado; a função,
unidade, departamento ou atividade; assim como o produto ou serviço pelo qual é praticado
um preço ou cobrada uma taxa.
Contrariamente aos outros dois subsistemas (a contabilidade orçamental e a patrimonial),
obrigatórios aquando da adoção do SNC-AP a NCP27 deixa em aberto se a implementação da
contabilidade de gestão é ou não efetuada em partidas dobradas, ou seja a partir de um plano
de contas.
De facto, quando se registar um gasto (classe 6) ou um rendimento (classe 7) na vertente
patrimonial, a estas estará sempre associada uma conta da contabilidade de gestão (classe 9)
através da qual esses valores serão imputados à secção respetiva. Logo, as contas da classe 9
não podem ser rígidas, devendo existir alguma flexibilidade na sua movimentação e
articulação para permitir a imputação de gastos e rendimentos em diferentes subsectores,
como o Ensino, a Saúde ou as Autarquias Locais. Para tal poder-se-á partir de um plano de
contas da classe 9, com as seguintes contas:
91 Gastos e rendimentos reais refletidos;
911 Gastos reais refletidos;
912 Rendimentos reais refletidos;
92 Gastos e rendimentos reais não incorporados;
921 Gastos reais não incorporados;
922 Rendimentos reais não incorporados;
93 Gastos reais por atividade;
94 Gastos reais por produtos ou serviços;
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95 Rendimentos reais por produtos ou serviços;
96 Resultados por produtos ou serviços;
97 Orçamento refletido;
971 Gasto previsional por atividade;
972 Gasto previsional direto por produtos ou serviços;
98 Desvios por atividade;
99 Desvios por produtos ou serviços.
A proposta acima apresentada, que denominámos como ABC adaptado, assume a existência
de gastos e rendimentos não incorporados para segregar os consumos correntes dos não
correntes. Como exemplo de tal situação podemos referir que uma autarquia poderá isolar,
dos restantes, um gasto extraordinário consequente de uma calamidade pública a que esta
tenha sido obrigada a responder. Já no sector da educação permitirá isolar um rendimento não
corrente como, por exemplo, a doação pontual e avultada por parte de um mecenas.
Tenhamos, assim, em linha conta que (tal como expresso na NCP 27, para o sistema de
custeio variável) na nossa presente proposta de ABC adaptado considerou-se igualmente que
não deve haver incorporação dos gastos não recorrentes e, naturalmente, também dos
rendimentos que apresentem idêntica qualificação.
Face ao que se referiu, os lançamentos esperados apresentam a seguinte sequência:
1. A conta 911 será debitada em simultâneo com as contas das classes 6 e a conta 912 será creditada em
simultâneo com as contas da classe 7, ambas do subsistema patrimonial, ou seja, a 91 é debitada
quando as classes 6 e 7 do subsistema patrimonial forem debitadas e creditadas, quando no
subsistema patrimonial ocorrer similar movimento. Trata-se de uma conta de transição, cujo propósito
não é o de suportar qualquer apuramento, é apenas o de garantir a rastreabilidade dos lançamentos e
a separação dos subsistemas;
2. As contas 92, 93 e 94 serão movimentadas por contrapartida da conta 911. A conta 92 assumirá todos
os valores não recorrentes, a conta 94 assumirá os valores em que o critério grau de associação au
produto ou serviço permitam associação direta. Todos os restantes valores da conta 911 serão
movimentados por contrapartida da conta 92;
19
3. A repartição dos valores lançados na conta 93 traduz a imputação de recursos a atividades. Aqui os
elementos críticos não são os movimentos mas sim uma correta identificação de atividades bem como
uma criteriosa seleção de indutores de recursos que comprovem que, entre alternativas, tais
indutores são os mais apropriados. Naturalmente estes indutores de recursos vão sustentar repartição
proporcional. Fazer aqui os lançamentos é algo fácil. Contudo, fazer a escolha dos indutores de custo
ou gasto pode não ser algo tão fácil quanto os lançamentos. Obriga a fundamentação detalhada da
escolha desses indutores bem como das fronteiras das atividades. Tenha-se ainda em conta que o
nível de agregação das atividades pode ser o que se quiser, com uma maior ou menor decomposição.
No limite podemos até ter uma decomposição em processos, subprocessos, atividades e tarefas,
procurando alinhar a repartição com outros referenciais, nomeadamente os que envolvem a
qualidade certificada. No limite a decomposição pode até ser feita “por ordens de trabalho para
aumentar a fiabilidade dos métodos de custeio”, tal como a NCP 27 expressa;
4. Quanto aos momentos em que os lançamentos ocorrem, recomenda-se que a movimentação das
contas 91, 92, 93, 95 e 94, esta última apenas para os gastos diretos, seja simultânea;
5. A conta 94 será ainda movimentada por contrapartida da conta 93 em momentos distintos e alinhados
com os momentos de apuramento dos indutores de atividades aos produtos e/ou aos serviços;
6. A conta 96 tem como propósito apurar resultados reais, por produtos ou serviços, para um
determinado período de tempo, com o propósito de permitir o apuramento de desvios neste
subsistema contabilístico. Naturalmente é recomendável que a sua movimentação aconteça no início
de um período de apuramento;
7. A conta 97 tem como propósito permitir a repartição e reclassificação do orçamento, pode até fazer a
ponte com o subsistema orçamental, por forma a associar os valores orçamentados às atividades e aos
produtos ou serviços. Esta conta facilita o apuramento de desvios e não considera gastos ou
rendimentos reais;
8. A conta 98 tem como propósito apurar desvios por atividades, confronta as contas 93 e 971,
assegurando o princípio das partidas dobradas;
9. Finalmente a conta 99 permite o apuramento de desvios por produto ou serviço, confrontando as
contas 96 e 97.
Fonte: Elaboração própria.
O que se descreveu permite-nos agora apresentar o modelo de movimentação das contas da
classe 9, suportado em 3 fases: (i) reclassificação dos gastos e rendimento reais com indução
de recursos a atividades; (ii) apuramento do custo por produto ou serviço; e (iii) o apuramento
de desvios.
20
Reclassificação dos gastos e rendimentos reais com indução de recursos a atividades
Fonte: Elaboração própria.
Apuramento do gasto e resultado por produto ou serviço.
Fonte: Elaboração própria.
Débito 94 Gastos reais por
produtos ou serviços **Crédito
Y 3
95 Rendimentos reais
por produtos/serviçosCrédito
Pelos aumentos dos rendimentos
correntes (ocorrências regulares)
(no momento da reflexão na conta 91)
x 2Pelos aumentos dos rendimentos não
correntes (ocorrências extraordinárias)
(no momento da reflexão na conta 91)
Y
Pelos aumentos dos gastos reais não
correntes (ocorrências extraordinárias)
Y 1
Crédito
Débito922 Rendimentos reais
não incorporadosCrédito
x 1
Crédito
93 Gastos reais por
atividade *CréditoDébito Débito
(suportado em indutores de recursos)
Y 2
(no momento da reflexão na conta 91 ou
posterior)
Pelos aumentos dos gastos correntes e
indiretos (de acordo com o grau de
associação ao produto - ocorrências
regulares)
Pelos aumentos dos gastos correntes e
diretos (de acordo com o grau de
associação ao produto - ocorrências
regulares)
(no momento da reflexão na conta 91)
(no momento da reflexão na conta 91)
Débito912 Rendimentos reais
refletidos
x SI
Débito
SI
911 Gastos reais
refletidosCrédito Débito
921 Gastos reais não
incorporados
(suportado em indutores de atividade)
Pela associação dos gastos dos
produtos e/ou serviços aos resultados
(no final do período de apuramento)
Débito95 Rendimentos reais
por produtos/serviçosCrédito
z 1 z 1 m 2
Crédito
m 2Pela associação dos rendimentos dos
produtos e/ou serviços aos resultados
(no final do período de apuramento)
f 1
f 1
(no final do período de apuramento)
Débito96 Resultados por
produtos ou serviços
Pela associação dos custos (gastos) das
atividades aos produtos e/ou serviços
Débito93 Gastos reais por
atividade *Crédito Débito
94 Gastos reais por
produtos ou serviços **Crédito
21
Apuramento de desvios.
Fonte:
Elaboração própria.
Os indutores de recursos e os indutores de atividade condicionarão não apenas o montante a
imputar às atividades, produtos ou serviços, como também o momento em que a repartição
pode ser realizada. Tais indutores são chaves de repartição, proporções, que determinam a
distribuição de gastos e rendimentos por produtos ou serviços. Naturalmente que cada
subsetor já enuncia algumas dessas chaves ou indutores, tal como verificável na tabela
seguinte.
Indutores
Fonte: Adaptado da NCP 27 – Contabilidade de Gestão.
*
*
p 1
Apuramento de desvios
(no final do período de apuramento)
o 1
i 1
Débito972 Gasto previsional direto
por produtos ou serviçosCrédito
SIApuramento de desvios
Débito99 Desvios por produtos
ou serviçosCrédito
p 1i 1
Crédito
p 1 m 2
Apuramento de desvios
(no final do período de apuramento)
Crédito
p 1 z 1 n 2
Débito 971 Gasto previsional
por atividadeCrédito Débito
93 Gastos reais por
atividade *Crédito
SI
Débito 98 Desvios por atividade
* Para assegurar as partidas
dobradas pode ser criada uma conta
intermédia unicamente para
assegurar equilíbrio entre débitos e
créditos. Por exemplo a conta "90
Intermédia - desvios".o 1
(no final do período de apuramento)
p 1
Débito96 Resultados por
produtos ou serviços
Subsetor da educação Subsetor da saúde Subsetor das autarquias locais
- Curso;
- Estudante;
- Centro de investigação;
- Projeto;
- Serviço prestado à comunidade;
- Atividade de apoio aos estudantes.
- Unidade/estabelecimento de saúde;
- Dia de internamento;
- Consulta;
- Sessão;
- Doente intervencionado;
- Exame/análise.
- Bem produzido ou serviço prestado;
- Atividade;
- Bem ou serviço pelo qual é praticado um
preço ou cobrada uma taxa.
- Gastos diretos; Número de horas trabalhadas; Área ocupada; Número de utilizadores; Quantidade de bens ou serviços prestados…
- Outros"
22
Uma decomposição de atividades (ou subactividades), bem como de produtos e/ou serviços,
que garanta o uso de um único indutor por associação entre contas lançadoras afigura-se
fundamental para reforçar a transparência da repartição e potenciar a rastreabilidade dos
registos. A consistência dos registos impõe esse cuidado, é condição necessária mas não
suficiente para garantir a característica de fiabilidade da informação produzida pelo
subsistema contabilístico.
Entre as diferentes Administrações Públicas variará a denominação e quantidade de
atividades, produtos e serviços, bem como os indutores usados. As atividades podem ser
agregadas em processos ou decompostas em subactividades.
Conclusões
No presente artigo pretendeu-se evidenciar que são várias as razões que, usualmente, são
apontadas para justificar o facto de o ABC ser recomendado nos diferentes subsistemas da
Administração Pública, em detrimento dos sistemas de custeio tradicionais.
Desde logo porque o foco das Administrações Públicas não é industrial mas sim centrado na
prestação de serviços, e, acima de tudo, porque o ABC assume a inexistência de custos
indiretos quando classificados na perspetiva das atividades. De facto, ao se classificarem os
gastos no ABC como diretos e indiretos não nos referirmos ao critério grau de associação ao
produto ou serviço, mas sim ao grau de associação à atividade. Esta diferença é significativa
e, na prática, restringe a existência de custos indiretos associados às atividades pois, em
última análise, existiria um gasto completamente injustificado.
No presente artigo apresentou-se também um ABC adaptado, no qual se assume a existência
de gastos e rendimentos não incorporados para segregar os consumos correntes dos não
correntes. A título de exemplo, tal situação, numa autarquia permitiria isolar um gasto
23
extraordinário consequente de uma calamidade pública a que as Autarquias Locais tenham
sido obrigadas a responder. Já na educação permitirá isolar um rendimento não corrente, por
exemplo, a doação pontual e avultada de um mecenas.
Tenhamos em conta que tal como expresso na NCP 27 para o sistema de custeio variável, na
presente proposta de ABC adaptado considera-se igualmente que não deve haver incorporação
dos gastos não recorrentes e, naturalmente, também dos rendimentos que apresentem idêntica
qualificação.
No seguimento apresentou-se um modelo de movimentação das contas da classe 9, suportado
em 3 fases: reclassificação dos gastos e rendimento reais com indução de recursos a
atividades; apuramento do custo por produto ou serviço e, finalmente, apuramento de desvios.
Entre as diferentes Administrações Públicas varia a denominação e quantidade de atividades,
produtos e serviços, bem como os indutores usados. As atividades podem, ainda, ser
agregadas em processos ou decompostas em subactividades.
Para investigação futura ter-se-á em conta a aplicação do modelo nos diferentes subsetores da
Administração Pública.
24
Referências bibliográficas
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Society, 27, 99-120.
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“Contabilidade e Comércio”, n.º 214, Abril 1997.
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Harvard Business School Press.
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