( Esoterismo) - M Scott Peck - O Caminho Menos Percorrido

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    e;mail. geralIsinaisde?ogo.pt

    site! JJJ.sinaisde?ogo.pt

    ! edição, Março; ///

    a edição, 9ovem$ro ;

    FK edição, Laneiro ;

    Depsito legal n.K 02FB

    &S:9! /0;12E;;0

    #os meus pais,

    Nliza$eth e David,

    cua disciplina e amor

    me deram olhos

    para ver a graça

     %o m+ parents, Nliza$eth and David, Jhose discipline and love gave me thee+es to see grace

    (ndice

    &ntrodução

    Secção &; Disciplina F

    Pro$lemas e Dor 2

    #diamento da 4rati6cação /

    Os Pecados do Pai

    )esolução de Pro$lemas e %empo 1

    )esponsa$ilidade FE

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    9euroses e Pertur$aç@es de Personalidade FA

    'uga da *i$erdade E

    Dedicação )ealidade E0

     %rans?er8ncia! o Mapa Ultrapassado E/

    #$ertura ao Desa6o 2E

    Omissão da uil($rio A1

    O *ado Salutar da Depressão 0E

    )enncia e )enascimento 00

    Secção && G #mor 12

    O #mor De6nido 10

    #paiHonar;Se /

    O Mito do #mor )omQntico /1

    Mais So$re as 'ronteiras do Ngo

    Depend8ncia A

    CateHia Sem #mor 2

    K#uto;Sacri?(cioK

    O #mor 9ão R um Sentimento 0

    O %ra$alho de #tençãoF

    O )isco da Perda EF

    O )isco da &ndepend8ncia E0

    O )isco do Compromisso 2F

    O )isco da Con?rontação AE

    O #mor R Disciplinado 0

    O #mor R Separação 0A

    #mor e Psicoterapia 1A

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    O MistRrio do #mor/1

    Secção &&& G Desenvolvimento e )eligião

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    #s &DNS #3U& #P)NSN9%#D#S emergem, na sua maior parte, do meucontacto pro6ssional di5rio com os doentes >ue lutam por evitar ou alcançarn(veis de maturidade cada vez mais elevados. Nm conse>u8ncia, este livro

    contRm partes de muitos casos verdadeiros. # con6dencialidade R essencialna pr5tica da Psi>uiatria, pelo >ue, em todos os casos, ?oram alterados osnomes e outros pormenores para preservar o anonimato dos meus doentessem distorção da realidade essencial da nossa eHperi8ncia comum.

    Pode, no entanto, ocorrer alguma distorção em virtude da ?orma resumidacomo os casos são apresentados. # psicoterapia raramente R um processo$reve, mas como tive necessariamente de ?ocar os pontos mais relevantesde cada caso, o leitor pode 6car com a impressão de >ue o processo R de

    drama e esclarecimento. O drama R real e o esclarecimento podeeventualmente ser alcançado, mas deve considerar;se >ue, para ?acilitar aleitura, os relatos dos longos per(odos de con?usão e de ?rustração,inerentes maior parte da terapia, ?oram omitidos nestas descriç@es.

    4ostaria tam$Rm de pedir desculpa pelas constantes re?er8ncias a Deus naimagem masculina tradicional, mas 6;lo a $em da simplicidade e não devidoa >ual>uer conceito r(gido de gRnero.

     

    Como psi>uiatra, penso ser importante re?erir logo de in(cio doispressupostos em >ue este livro assenta. Um R >ue não ?aço distinção entrea mente e o esp(rito nem, portanto, entre o processo de consecução de

    desenvolvimento espiritual e o de consecução de desenvolvimento mental.V o mesmo e um s.

    O outro pressuposto R >ue este processo constitui uma tare?a compleHa,5rdua e para toda a vida. # psicoterapia, para contri$uir su$stancialmentepara o processo de desenvolvimento mental e espiritual, não R umprocedimento r5pido nem simples. 9ão pertenço a nenhuma escola dePsi>uiatria ou de psicoterapia em particularW não sou simplesmente um'reudiano, um Lungiano, um #dleriano, um $ehaviorista ou um gestaltista.

    9ão acredito >ue eHistam respostas nicas e ?5ceis. Penso >ue h5 ?ormascurtas de psicoterapia >ue podem ser teis e não devem ser

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    menosprezadas, mas a auda >ue proporcionam R inevitavelmentesuper6cial.

    # ornada do desenvolvimento espiritual R longa. 3uero agradecer aos meusdoentes, >ue me deram o privilRgio de os acompanhar na maior parte dasua ornada. Por>ue a sua ornada tem sido tam$Rm a minha, e muito do>ue R a>ui apresentado ?oi aprendido em conunto. 3uero tam$Rmagradecer a muitos dos meus pro?essores e colegas. Nntre eles,principalmente, minha mulher, *il+. %em;me dado tanto >ue >uase não Rposs(vel distinguir da minha a sua intelig8ncia como cXnuge, mãe,psicoterapeuta e pessoa.

    Secção &

    Disciplina

    Pro$lemas e Dor

    #

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    # vida R uma sRrie de pro$lemas. 3ueremos lamentar;nos ou resolv8;los[3ueremos ensinar os nossos 6lhos a resolv8;los[

    Z# primeira das K3uatro ue Kue torna a vida di?(cil R >ue o processo de con?rontação e resolução depro$lemas R doloroso. Os pro$lemas, consoante a sua natureza, evocam emns ?rustração, ou desgosto, ou tristeza, ou solidão, ou culpa, ou remorso,

    ou ira, ou medo, ou ansiedade, ou angstia, ou desespero. Nstessentimentos são descon?ort5veis, ?re>uentemente muito descon?ort5veis,muitas vezes tão dolorosos como >ual>uer tipo de dor ?(sica, por vezesigualando o tipo mais eHtremo de dor ?(sica. 9a verdade, R devido dor >ueos acontecimentos ou con\itos geram em ns >ue lhes chamamospro$lemas. N uma vez >ue a vida coloca uma in6nd5vel sRrie de pro$lemas,R sempre di?(cil e plena de dor, assim como de alegria.

    9o entanto, R neste processo de con?rontação e resolução de pro$lemas >ue

    a vida ad>uire signi6cado. Os pro$lemas são o 6o de distinção entre osucesso e a ?alha. Os pro$lemas apelam nossa coragem e sa$edoriaW naverdade, criam a nossa coragem e a nossa sa$edoria. V unicamente devidoaos pro$lemas >ue crescemos mental e espiritualmente. 3uando >ueremos?omentar o crescimento do esp(rito humano, desa6amos e encoraamos acapacidade humana de resolver pro$lemas, tal como na escolaapresentamos deli$eradamente pro$lemas para as crianças resolverem. VatravRs da dor de con?rontar e resolver pro$lemas >ue aprendemos. Comodisse :enamin 'ranklin, K#s coisas >ue magoam, ensinam;nos.K Nsta R arazão por>ue as pessoas s5$ias aprendem não a temer mas, de ?acto, a

    encarar positivamente os pro$lemas e atR a encarar positivamente a dordos pro$lemas.

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    ]KCollected ^orks o? C.C. Lung, :ollingen Ser., 9K. , a ed. Princeton, 9.L.!Princeton Univ. Press, /0F-, trad. ).'.C. _ull, ue nas doenças mentais crnicas deiHamosde evoluir, 6camos $lo>ueados. N sem se curar, o esp(rito humano começa amirrar.

    ue acarretam.#6rmei >ue a disciplina R o ogo de ?erramentas de $ase de >uenecessitamos para resolver os pro$lemas da vida. %ornar;se;5 claro >ueestas ?erramentas são tRcnicas de so?rimento, meios atravRs dos >uaiseHperimentamos a dor dos pro$lemas de ?orma a analis5;los e resolv8;loscom sucesso, aprendendo e evoluindo ao mesmo tempo. 3uando ensinamos

    a ns prprios e aos nossos 6lhos a disciplina, estamos a ensinar;lhes e ans prprios a so?rer e tam$Rm a crescer.

    3ue ?erramentas são estas, estas tRcnicas de so?rimento, esta ?ormaconstrutiva de passar pela dor dos pro$lemas a >ue chamo disciplina[ _5>uatro! o adiamento da grati6cação, a aceitação da responsa$ilidade, adedicação verdade e o e>uil($rio. Como R evidente, não são ?erramentascompleHas cua utilização re>ueira um treino apro?undado. Pelo contr5rio,são ?erramentas simples e >uase todas as crianças estão aptas a utiliz5;las

    >uando chegam aos dez anos. 9o entanto, presidentes e reis muitas vezesse es>uecem de as utilizar, causando a sua prpria >ueda. O pro$lema nãoest5 na compleHidade destas ?erramentas mas na vontade de as usar.Por>ue são ?erramentas em >ue a dor R en?rentada e não evitada e, se seprocura evitar o so?rimento leg(timo, evita;se a utilização destas?erramentas. Portanto, depois de analisar cada uma destas ?erramentas,eHaminaremos no prHimo cap(tulo a vontade de as utilizar, >ue R o amor.

    1

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    #diamento da 4rati6cação

    9`O _T MU&%O %NMPO, uma analista 6nanceira com cerca de trinta anos>ueiHava;se;me, durante alguns meses, da sua tend8ncia para procrastinarna sua ?unção. %(nhamos analisado os seus sentimentos em relação aospatr@es e como se relacionavam com os sentimentos so$re a autoridade emgeral e especi6camente com os pais. NHamin5mos as suas atitudes ?ace aotra$alho e ao sucesso e como se relacionavam com o seu casamento, a suaidentidade seHual, o seu deseo de competir com o marido e os seus receiosdessa competição. 9o entanto, apesar de todo este tra$alho psicanal(ticominucioso, ela continuava a procrastinar na mesma medida. 'inalmente, umdia, atrevemo;nos a encarar o >ue era $vio. K4osta de $olo[K, perguntei;

    lhe. )espondeu;me >ue sim. KDe >ue parte do $olo gosta maisK, continuei,Kda massa ou da co$ertura[K KOh, da co$erturaK, respondeu comentusiasmo. KN como R >ue come uma ?atia de $olo[K, in>uiri, sentindo;me omais pateta dos psi>uiatras >ue 5 eHistiu. KComo primeiro a co$ertura,claroK, respondeu ela. Dos h5$itos de comer $olo pass5mos para os h5$itosde tra$alho e, como era de esperar, desco$rimos >ue, diariamente, eladedicava a primeira hora metade mais grati6cante do seu tra$alho e asoutras seis horas ao restante, de >ue não gostava. Sugeri;lhe >ue, se se?orçasse a eHecutar a parte desagrad5vel do tra$alho na primeira hora,6caria livre para tirar partido das restantes seis. Parecia;me, disse;lhe eu,

    >ue uma hora de dor seguida de seis de prazer era pre?er(vel a uma hora deprazer seguida de seis de dor. Nla concordou e, sendo $asicamente umapessoa dotada de ?orça de vontade, deiHou de procrastinar.

    /

     

    O adiamento da grati6cação R um processo de programação da dor e doprazer da vida de ?orma a aumentar o prazer, en?rentando e vivendoprimeiro a dor e aca$ando com ela. V a nica ?orma decente de se viver.

    Nsta ?erramenta ou processo de programação R aprendida pela maior partedas crianças numa ?ase precoce da vida, por vezes atR por volta dos cincoanos. Por eHemplo, ocasionalmente, uma criança de cinco anos, ao ogarcom um companheiro, sugerir5 ao companheiro >ue sea o primeiro a ogarpara poder ter o prazer de ogar mais tarde. #os seis anos, as criançaspoderão começar a comer o $olo primeiro e a co$ertura depois. Nm todo o

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    percurso escolar prim5rio esta capacidade precoce de adiar a grati6cação ReHercitada diariamente, particularmente atravRs dos tra$alhos de casa. Porvolta dos doze anos, as crianças 5 conseguem, ocasionalmente e sem serpor ordem dos pais, sentar;se e ?azer os tra$alhos de casa antes de veremtelevisão. Pelos >uinze ou dezasseis anos este R o comportamento esperado

    do adolescente e considerado normal.

     %orna;se evidente para os educadores >ue, nesta idade, um nmerosu$stancial de adolescentes 6cam a>uRm desta norma. Nn>uanto muitosdet8m uma capacidade $em desenvolvida de adiamento da grati6cação,alguns, na casa dos >uinze ou dezasseis anos, parecem >uase não terdesenvolvido essa capacidadeW de ?acto, alguns parecem nem a ter de todo.Nstes são os estudantes pro$lem5ticos. #pesar de possu(rem umaintelig8ncia mRdia ou mais elevada, t8m notas $aiHas, simplesmente por>uenão se es?orçam. 'altam s aulas ou mesmo escola por caprichomomentQneo. São impulsivos e a sua impulsividade re\ecte;se tam$Rm nasua vida social. Nnvolvem;se ?re>uentemente em lutas, nas drogas, ecomeçam a ter pro$lemas com a pol(cia. 4oza agora, paga depois, R o seulema. #(, entram os psiclogos e os psicoterapeutas. Mas, a maior parte dasvezes, parece demasiado tarde. Nstes adolescentes reagem

     

    negativamente a >ual>uer tentativa de inter?er8ncia no seu estilo de vida deimpulsividade e, mesmo >uando essa reacção consegue ser ultrapassadacom uma atitude calorosa e amig5vel e não de ulgamento por parte doterapeuta, a sua impulsividade R ?re>uentemente tão ?orte, >ue os impedede participar no processo de psicoterapia de uma ?orma signi6cativa. 'altams consultas. Nvitam todas as >uest@es importantes e dolorosas. Portanto,

    ha$itualmente estas tentativas de intervenção ?alham e estas criançasa$andonam a escola, para prosseguir um padrão de insucessos >ue os leva?re>uentemente a casamentos desastrosos, acidentes, hospitaispsi>ui5tricos ou cadeia.

    Por>u8 isto[ Por >ue razão a maioria desenvolve a capacidade de adiar agrati6cação, en>uanto uma minoria su$stancial não consegue, muitas vezesirrecuperavelmente, desenvolver essa capacidade[ # resposta não Ra$soluta nem cienti6camente conhecida. O papel dos ?actores genRticos

    não R claro. #s vari5veis não são su6cientemente control5veis para servirem

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    de prova cient(6ca. Mas a maior parte dos sinais aponta claramente para a>ualidade do acompanhamento parental como determinante.

    Os Pecados do Pai

    9`O V 3UN NM C#S# destas crianças auto;indisciplinadas não eHista>ual>uer espRcie de disciplina parental. 9a maioria dos casos, estascrianças são ?re>uente e severamente punidas durante a in?Qncia ; rece$em$o?etadas, murros, pontapRs, pancada e chicotadas dos pais, atR porin?racç@es menores. Mas esta disciplina não tem signi6cado. Por>ue R umadisciplina indisciplinada.

     

    Uma das raz@es por >ue não tem signi6cado R >ue os prprios pais sãoauto;indisciplinados e servem portanto de modelos de indisciplina para os6lhos. São os pais K'az como eu digo, não ?aças como eu ?açoK.Provavelmente, em$e$edam;se ?re>uentemente na presença dos 6lhos.

    Discutem em ?rente s crianças sem comedimento, dignidade ouracionalidade. São desleiHados. 'azem promessas >ue não cumprem. #ssuas prprias vidas estão $via e ?re>uentemente em desordem edesarrano, e as suas tentativas de ordenar as vidas dos 6lhos são por elesvistas como sem sentido. Se o pai espanca a mãe regularmente, >ue sentido?az para um rapaz a mãe $ater;lhe por>ue ele $ateu na irmã[ 'az sentido>uando lhe dizem >ue tem >ue aprender a controlar;se[ Se não temos o$ene?(cio da comparação en>uanto pe>uenos, os nossos pais sãosemelhantes a deuses aos nossos olhos. 3uando os pais ?azem as coisas dedeterminada maneira, para a criança essa R a maneira de as ?azer, a

    maneira como devem ser ?eitas. Se a criança v8 os pais comportarem;se nodia;a;dia com auto;disciplina, comedimento, dignidade e capacidade deordenar as suas vidas, sentir5 nas mais (ntimas 6$ras do seu ser >ue essa Ra maneira de viver. Se a criança v8 os pais viverem o dia;a;dia sem auto;dom(nio ou auto;disciplina, vir5 a acreditar no mais (ntimo do seu ser >ueessa R a maneira de viver. #inda mais importante do >ue os modelos R oamor. Por>ue mesmo em lares caticos e desordenados o amor est5 porvezes presente, e desses lares podem resultar crianças auto;disciplinadas.N, não poucas vezes, os pais com pro6ss@es li$erais mRdicos, advogados,mulheres dirigentes de associaç@es e 6lantropos ; >ue levam vidas

    rigidamente ordenadas e decorosas mas onde ?alta o amor, trazem ao

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    mundo crianças >ue são tão indisciplinadas, destrutivas e desorganizadascomo uma criança de um lar po$re e catico.

    9o limite, o amor R tudo. O mistRrio do amor ser5 o$ecto de eHame maisadiante neste tra$alho. 9o entanto, por uma

     

    >uestão de coer8ncia, poder5 ser til ?azer;lhe uma re?er8ncia $reve, ainda

    >ue limitada, $em como sua relação com a disciplina, neste ponto.

    3uando amamos alguma coisa, ela tem valor para ns, e >uando algo temvalor para ns gostamos de passar tempo a t8;lo connosco, a apreci5;lo e atrat5;lo. O$serve;se um adolescente apaiHonado pelo seu carro e repare;seno tempo >ue ele gasta a admir5;lo, poli;lo, repar5;lo e a6n5;lo. Ou umapessoa mais velha com um roseiral amado, e o tempo passado a podar, aadu$ar, a ?ertilizar e a estud5;lo. #ssim R >uando amamos as criançasWpassamos tempo a admir5;las e a tratar delas. Damos;lhes o nosso tempo.

    # $oa disciplina re>uer tempo. 3uando não temos ou não estamos nadisposição de dar tempo aos nossos 6lhos, nem se>uer os o$servamossu6cientemente de perto para perce$er >uando a necessidade >ue t8m danossa auda disciplinar R su$tilmente eHpressa. Se a sua necessidade dedisciplina ?or tão \agrante >ue colida com a nossa consci8ncia, podemosainda ignorar essa necessidade com o argumento de >ue R mais ?5cil ?azer;lhes a vontade ; K_oe não estou com energia para os con?rontar.K Ou,6nalmente, se somos compelidos a agir pelo seu mau comportamento ou

    pela nossa irritação, imporemos a disciplina, muitas vezes $rutalmente,mais pela ira do >ue por deli$eração, sem analisar o pro$lema ou se>uerperder tempo a considerar >ue ?orma de disciplina R a mais ade>uada>uele pro$lema em particular.

    Os pais >ue dedicam tempo aos 6lhos, mesmo >uando não R solicitado pornotrio mau comportamento, aperce$em;se de necessidades de disciplinasu$tis, a >ue responderão com insist8ncia, reprimenda, cr(tica construtivaou elogio, ministrados com sensatez e a?ecto. O$servam como os 6lhos

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    comem $olo, como estudam, >uando dizem pe>uenas mentiras, >uando?ogem dos pro$lemas em vez de os en?rentar. Dedicarão tempo

    F

     

    a ?azer estas pe>uenas correcç@es e austes, ouvindo os 6lhos,respondendo;lhes, apertando um pouco a>ui, alargando um pouco ali,?azendo;lhes pe>uenas prelecç@es, contando;lhes histrias, dando;lhespe>uenos a$raços e $eios, pe>uenos ralhetes, palmadinhas nas costas.

    # >ualidade da disciplina ministrada por pais >ue amam R superior disciplina de pais >ue não amam. Mas isto R apenas o princ(pio. #o disporemdo tempo para o$servar e pensar so$re as necessidades dos 6lhos, os pais>ue amam com ?re>u8ncia se angustiam >uanto a decis@es a tomar e, numsentido muito real, so?rem untamente com os 6lhos. Os 6lhos não estãocegos em relação a isto. #perce$em;se >uando os pais estão na disposiçãode so?rer com eles e, em$ora possam não corresponder com gratidãoimediata, aprenderão igualmente a so?rer. KSe os meus pais estão nadisposição de so?rer comigo,K dirão a si prprios, Ko so?rimento não pode ser

    assim tão mau, e eu tenho >ue estar disposto a so?rer comigo mesmo.K NsteR o princ(pio da auto;disciplina.

    O tempo e a >ualidade do tempo >ue os pais lhes dedicam indicam scrianças o grau de avaliação >ue os pais lhes atri$uem. #lguns pais >ue$asicamente não amam, na tentativa de enco$rir a sua ?alta de a?ecto,?azem ?re>uentes declaraç@es de amor aos 6lhos, em >ue lhes dizem,repetitiva e mecanicamente, como os apreciam, mas não lhes dedicamtempo de elevada >ualidade. Os 6lhos nunca se deiHam enganar totalmente

    por tais palavras ocas. Conscientemente, podem agarrar;se a elas, >uerendoacreditar >ue são amados, mas, su$conscientemente, sa$em >ue aspalavras dos pais não condizem com os seus actos.

    Por outro lado, as crianças verdadeiramente amadas, em$ora possam, emmomentos de ressentimento, sentir conscientemente ou proclamar >ueestão a ser negligenciadas, no su$consciente sa$em >ue são apreciadas.Nste conhecimento vale mais >ue

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    E

     

    ouro. 3uando as crianças sa$em >ue são apreciadas, >uando se sentemverdadeiramente apreciadas no mais pro?undo do seu ser, sentem;sev5lidas.

    O sentimento de ser v5lido ; KSou uma pessoa v5lidaK ; R essencial sademental e um pilar da auto;disciplina. V um produto directo do amor parental.Nssa convicção deve ser ad>uirida na in?QnciaW R eHtremamente di?(cilad>uiri;la na idade adulta. &nversamente, >uando os 6lhos aprendem asentir;se v5lidos atravRs do amor dos pais, R >uase imposs(vel >ue asvicissitudes da vida adulta lhes destruam o esp(rito.

    Nste sentimento de ser v5lido R um pilar da auto;disciplina por>ue, >uandonos consideramos v5lidos, tomamos conta de ns de todas as ?ormasnecess5rias. # auto;disciplina R auto;estima.

    Por eHemplo ; 5 >ue estamos a discutir o processo de adiamento da

    grati6cação, de programar e ordenar o tempo eHaminemos a >uestão dotempo. Se nos sentimos v5lidos, sentimos >ue o nosso tempo R valioso, e sesentimos >ue o nosso tempo R valioso, >ueremos utiliz5;lo $em. # analista6nanceira >ue procrastinava não valorizava o seu tempo. Se o 6zesse, nãose teria permitido passar a maior parte do dia in?eliz e improdutiva. 9ãodeiHou de ter conse>u8ncias para ela o ?acto de, durante toda a suain?Qncia, ter sido KeHportadaK durante todas as ?Rrias escolares para aspassar com pais KalugadosK, apesar de os pais poderem per?eitamente tertomado conta dela se >uisessem. Nles não a apreciavam. 9ão >ueriamtomar conta dela. Portanto, ela cresceu sentindo;se sem valor, sem merecer

    >ue se importassem com elaW portanto, não se importava consigo prpria.9ão achava >ue valesse a pena auto;disciplinar;se. #pesar de ser umamulher inteligente e competente, necessitava da instrução mais elementarem auto;disciplina, por>ue lhe ?altava a avaliação realista do seu prpriovalor e do valor do seu tempo. 3uando se aperce$eu de >ue o seu

    2

     

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    tempo era valioso, a se>u8ncia natural ?oi >uerer organiz5;lo, proteg8;lo etirar dele o m5Himo proveito.

    Nm resultado da eHperi8ncia do amor e carinho parentais slidos durante ain?Qncia, essas crianças a?ortunadas chegarão idade adulta não s comum pro?undo sentido do seu prprio valor, mas tam$Rm com um sentidopro?undo de segurança. %odas as crianças sentem o terror do a$andono, ecom razão. Nste medo do a$andono surge por volta dos seis meses, logo>ue a criança se reconhece como um indiv(duo, em separado dos pais.Por>ue com esta percepção da sua individualidade, aperce$e;se de >ue,como indiv(duo, R completamente vulner5vel, totalmente dependente e est5totalmente merc8 dos pais para todas as ?ormas de sustento e meios deso$reviv8ncia. Para a criança, o a$andono pelos pais R e>uivalente morte.# maior parte dos pais, mesmo >uando relativamente ignorantes ou rudesnoutros aspectos, são instintivamente sens(veis ao medo do a$andono dosseus 6lhos e, no dia;a;dia, centenas e milhares de vezes, tran>uilizam;nos!KSa$es >ue a mamã e o pap5 não te deiHam 6carKW KClaro >ue a mamã e opap5 te v8m $uscarKW K# mamã e o pap5 não se es>uecem de tiK. Se estaspalavras corresponderem aos actos, m8s aps m8s, ano aps ano, poraltura da adolesc8ncia a criança ter5 perdido o seu medo do a$andono e,por sua vez, ter5 um pro?undo sentido de >ue o mundo R um lugar seguro ede >ue a protecção est5 presente >uando R precisa. Com este sentido dasolidez da segurança do mundo, essa criança sente;se vontade para adiar>ual>uer espRcie de grati6cação, sentindo;se segura por>ue sa$e >ue

    a grati6cação, tal como a casa e os pais, est5 sempre ali, dispon(vel >uandoR preciso.

    Mas muitas não t8m essa sorte. Um grande nmero de crianças Ra$andonado pelos pais durante a in?Qncia por morte, por deserção, por puraneglig8ncia ou, como no caso da analista 6nanceira, por simples ?alta dea?ecto. Outras, em$ora não

    A

     

    a$andonadas de ?acto, não rece$em dos pais a tran>uilização de >ue nãoserão a$andonadas. _5 pais, por eHemplo, >ue no deseo de aplicar adisciplina da ?orma mais ?5cil e r5pida, utilizam mesmo a ameaça dea$andono, a$erta ou su$tilmente, para conseguirem esse o$ectivo. #

    mensagem >ue passam aos 6lhos R! KSe não 6zeres eHactamente a>uilo >ueeu mando, não gosto mais de ti e podes adivinhar o >ue isso >uer dizer.K

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    3uer dizer, evidentemente, a$andono e morte. Nstes pais sacri6cam o amorpela necessidade de controlar e dominar os 6lhos e a retri$uição são 6lhos>ue t8m um medo eHcessivo do ?uturo. N R assim >ue estas crianças,a$andonadas psicologicamente ou de ?acto, chegam idade adulta sem opro?undo sentido de >ue o mundo R um lugar seguro e protector. Pelo

    contr5rio, v8em o mundo como perigoso e assustador e não estão nadisposição de prescindir de >ual>uer grati6cação ou segurança no presenteem troca da promessa de maior grati6cação e segurança no ?uturo, uma vez>ue, para elas, o ?uturo aparece deveras duvidoso.

    Nm suma, para >ue as crianças desenvolvam a capacidade de adiar agrati6cação, R necess5rio >ue tenham modelos de auto;disciplina, sentidode valor pessoal e um grau de con6ança na segurança da sua eHist8ncia.Nstes K$ensK são ad>uiridos, idealmente, atravRs da auto;disciplina e doa?ecto slido e genu(no dos paisW são as d5divas mais preciosas >ue mães epais podem legar. 3uando estas d5divas não partem dos nossos pais,podemos o$t8;las de outras ?ontes, mas, nesse caso, o processo dea>uisição R, invariavelmente, um enorme es?orço, muitas vezes dura a vidainteira e R muitas vezes in?rut(?ero.

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    )esolução dos Pro$lemas e %empo

     %N9DO #:O)D#DO #*4UM#S das ?ormas em >ue o amor parental, ou a sua?alta, pode in\uenciar o desenvolvimento da auto;disciplina de uma ?ormageral, e a capacidade de adiamento da grati6cação em particular, vamosanalisar algumas das maneiras mais su$tis mas, no entanto, devastadoras,

    como as di6culdades de adiamento da grati6cação a?ectam a vida da maiorparte dos adultos. Nn>uanto a maior parte de ns, ?elizmente, desenvolve acapacidade su6ciente de adiamento da grati6cação para completar osestudos liceais ou universit5rios e iniciar a vida adulta sem ir parar cadeia,o nosso desenvolvimento tende, no entanto, a ser imper?eito e incompleto,e, em resultado, a nossa capacidade de resolver os pro$lemas da vidacontinua a ser imper?eita e incompleta.

    #os trinta e sete anos aprendi a arranar coisas. #tR l5, >uase todas as

    minhas tentativas de ?azer pe>uenas reparaç@es de canalização, arranar$rin>uedos ou montar mveis em$alados de acordo com a ?olha de

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    instruç@es hierogl(6cas >ue os acompanhavam, terminavam em con?usão,insucesso e ?rustração. #pesar de ter conseguido so$reviver atR ao 6m docurso de Medicina e sustentar uma ?am(lia como eHecutivo e psi>uiatra maisou menos $em sucedido, considerava;me um idiota em termos demecQnica. Nstava convencido de >ue tinha uma de6ci8ncia em >ual>uer

    gene, ou >ue, por maldição da 9atureza, me ?altava a >ualidade m(sticarespons5vel pela aptidão pela mecQnica. #tR >ue um dia, no 6nal do ano em>ue 6z trinta e sete anos, ao passear num Domingo de Primavera, dei comum vizinho >ue estava a arranar uma m5>uina de cortar relva. Depois de ocumprimentar, comentei, KSa$e, tenho grande

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    admiração por si. 9unca consegui arranar esse tipo de coisas nem ?azernada do gRnero.K O meu vizinho, sem nenhuma hesitação, ripostou K&sso Rpor>ue não lhe dedica tempo.K Continuei o meu passeio, algo in>uieto coma simplicidade, espontaneidade e determinação da resposta. KSer5 >ue eletem razão[K, perguntei a mim mesmo. De >ual>uer maneira, 6cou;me namemria, e na primeira oportunidade >ue surgiu de ?azer uma pe>uenareparação, lem$rei;me >ue era preciso dar;lhe tempo. O travão de mão docarro de uma doente tinha colado e ela sa$ia >ue havia >ual>uer coisa >ue

    se puHava por $aiHo da consola para o soltar, mas não sa$ia o >u8. Deitei;me no chão, por $aiHo do assento da ?rente do carro. *evei o temponecess5rio a acomodar;me. 3uando me senti con?ort5vel, eHaminei asituação tran>uilamente. Olhei durante alguns minutos. &nicialmente s viuma con?usão de ca$os e tu$os e hastes cuo signi6cado não conhecia. Masgradualmente, sem pressa, consegui ?ocar o olhar no dispositivo detravagem e seguir o seu percurso. Nntão tornou;se claro >ue havia umape>uena alavanca >ue não deiHava soltar o travão. Nstudei a alavancavagarosamente atR se tornar claro >ue, se a empurrasse para cima com aponta do dedo, a movimentaria com ?acilidade e soltaria o travão. 'oi o >ue

    6z. Um nico movimento, alguns gramas de pressão de um dedo, e opro$lema 6cou resolvido. Nu era um mestre mecQnico 9a verdade, nemtenho conhecimentos ; nem se>uer tempo para os ad>uirir ; >ue mepermitam resolver a maior parte das avarias mecQnicas, dado >ue escolhiconcentrar o meu tempo em assuntos não mecQnicos. Portanto, continuo air a correr o6cina mais prHima. Mas agora sei >ue R uma escolha ?eita pormim, >ue não ?ui amaldiçoado, nem tenho uma de6ci8ncia genRtica, nemsou de outra ?orma incapaz ou impotente. N sei >ue eu ou >ual>uer outrapessoa, >ue não sea de6ciente mental, podemos resolver >ual>uerpro$lema se nos dispusermos a dedicar;lhe tempo.

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    # >uestão R importante, principalmente por>ue muitas pessoas não sedisp@em simplesmente a gastar o tempo necess5rio para resolveremmuitos dos pro$lemas intelectuais, sociais ou espirituais da vida, talcomo eu não o gastava para resolver pro$lemas mecQnicos. #ntes da minhailuminação mecQnica, teria en6ado a ca$eça desastradamente por $aiHo daconsola do carro da minha doente, teria imediatamente puHado por umadata de 6os sem ter a menor ideia do >ue estava a ?azer e depois, nãoo$tendo nenhum resultado construtivo, deitaria as mãos ca$eça e diria,K9ão sou capaz.K N esta R precisamente a ?orma como muitos de nsa$ordamos outros dilemas da vida do dia;a;dia. # analista 6nanceira >ue 5

    ?oi re?erida era, $asicamente, uma mãe a?ectuosa e dedicada para os dois6lhos pe>uenos, mas pouco e6caz. Nra su6cientemente atenta epreocupada para perce$er >uando os 6lhos tinham >ual>uer pro$lemaemocional ou algo não ?uncionava na ?orma como os educava. Mas depois,inevitavelmente, actuava de uma de duas maneiras! ou ?azia a primeiraalteração >ue lhe vinha ca$eça numa >uestão de segundos ; o$rigando;osa comer mais ao pe>ueno;almoço ou mandando;os para a cama mais cedo,independentemente do ?acto de essa alteração ter ou não ter alguma coisaa ver com o pro$lema, ou então chegava sessão seguinte de terapiacomigo o mecQnico-, e desesperava! K9ão sou capaz. O >ue hei;de ?azer[K

    Nsta mulher tinha uma mente per?eitamente lcida e anal(tica e, >uandonão procrastinava, era per?eitamente capaz de resolver pro$lemascompleHos no seu tra$alho. 9o entanto, >uando con?rontada com umpro$lema pessoal, comportava;se como se não possu(sse >ual>uer espRciede intelig8ncia. # >uestão era de tempo. #ssim >ue se aperce$ia de umpro$lema pessoal, sentia;se tão pertur$ada >ue eHigia uma soluçãoimediata e não estava disposta a tolerar esse descon?orto o temposu6ciente para analisar o pro$lema. # solução do pro$lema representava agrati;

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    6cação, >ue ela não era capaz de adiar mais de um ou dois minutos, com oresultado de >ue as suas soluç@es eram ha$itualmente inade>uadas e a?am(lia vivia em tur$ilhão crnico. 'elizmente >ue, perserverando naterapia, conseguiu aprender gradualmente a auto;disciplinar;se de ?orma a

    dedicar o tempo necess5rio an5lise dos pro$lemas ?amiliares para poderaplicar soluç@es ponderadas e e6cazes.

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    9ão ?alamos a>ui de de6ci8ncias esotRricas na resolução de pro$lemasassociadas apenas a pessoas >ue mani?estam pertur$aç@es psi>ui5tricas. #analista 6nanceira R toda a gente. 3ual de ns pode a6rmar >ue dedica

    in?alivelmente tempo su6ciente an5lise dos pro$lemas ou tens@es dascrianças da ?am(lia[ 3ual de ns R tão auto;disciplinado >ue nunca digaresignadamente ?ace aos pro$lemas, K9ão sou capazK[

    De ?acto, eHiste uma de6ci8ncia na a$ordagem da resolução de pro$lemas,mais primitiva e destrutiva do >ue as tentativas precipitadas de encontrarsoluç@es instantQneas, uma de6ci8ncia ainda mais omnipresente euniversal. V a esperança >ue os pro$lemas desapareçam por sua prpriainiciativa. Um vendedor de trinta anos, solteiro, >ue ?azia terapia de grupo

    numa pe>uena cidade, começou a sair com uma mulher, recentementeseparada de um dos outros mem$ros do grupo, um $an>ueiro. O vendedorsa$ia >ue o $an>ueiro era um revoltado crnico >ue se ressentiapro?undamente por a mulher o ter deiHado. %am$Rm sa$ia >ue era >uaseinevit5vel >ue, mais cedo ou mais tarde, o $an>ueiro viesse a sa$er da suarelação. Sa$ia >ue a nica solução para o pro$lema seria con?essar arelação ao grupo e suportar a zanga do $an>ueiro com o apoio do grupo.Mas não ?ez nada. Passados tr8s meses, o $an>ueiro desco$riu a amizade,6cou ?urioso como era de prever e aproveitou o incidente para deiHar aterapia. 3uando con?rontado pelo grupo >uanto ao seu comportamento

    destrutivo, o vendedor disse! KNu sa$ia >ue ?alar so$re o assunto ia criaruma

    F

     

    con?usão e achei >ue, se não 6zesse nada, talvez escapasse sem con?usão.

    #cho >ue me convenci >ue, se esperasse o tempo su6ciente, o pro$lemadesapareceria.K

    Os pro$lemas não desaparecem. %8m >ue ser resolvidos, caso contr5riopermanecerão, constituindo sempre uma $arreira evolução edesenvolvimento do esp(rito.

    O grupo mani?estou ao vendedor em termos muito claros >ue a suatend8ncia para evitar a resolução dos pro$lemas, ignorando o pro$lema na

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    esperança >ue ele desaparecesse, constitu(a em si o seu maior pro$lema.3uatro meses mais tarde, no in(cio do Outono, o vendedor concretizou uma?antasia, despedindo;se do lugar de vendedor e montando o seu prprionegcio de reparação de mo$ili5rio, >ue não o o$rigava a viaar. O grupocriticou o ?acto de ele estar a pXr os ovos todos num s cesto e pXs em

    causa a sensatez de ?azer a mudança tão prHimo do &nverno, mas ovendedor assegurou;lhes >ue ganharia o su6ciente para, so$reviver com oseu novo negcio. O assunto caiu no es>uecimento. 9o in(cio de 'evereiro,ele anunciou >ue teria de deiHar o grupo por>ue não podia continuar apagar a mensalidade. Nstava sem um tostão e tinha >ue começar a procuraroutro emprego. Nm cinco meses, tinha consertado um total de oito peças demo$ili5rio. 3uando lhe perguntaram por>ue não tinha começado a procuraremprego mais cedo, a resposta dele ?oi! K_5 seis semanas >ue sa$ia >ue odinheiro se estava a esgotar rapidamente, mas não >ueria acreditar >uechegaria a este ponto. %udo isto não parecia muito urgente mas agora,

    caram$a, R mesmo urgente.K %inha, claro, ignorado o pro$lema.4radualmente, ?oi;se aperce$endo de >ue atR resolver o pro$lema deignorar os pro$lemas não passaria da estaca zero ; mesmo com toda apsicoterapia do mundo.

    Nsta tend8ncia para ignorar os pro$lemas R, mais uma vez, uma simplesmani?estação de relutQncia em adiar a grati6cação.

    F

     

    # con?rontação dos pro$lemas R, como 5 disse, dolorosa. Para en?rentar umpro$lema de in(cio, de livre vontade, antes de sermos ?orçados a ?az8;lopelas circunstQncias, signi6ca trocar algo agrad5vel ou menos doloroso poralgo mais doloroso. V escolher so?rer agora na esperança da grati6cação

    ?utura, em vez de escolher a continuação da grati6cação do presente naesperança >ue o so?rimento ?uturo não venha a ser necess5rio.

    Pode parecer >ue o vendedor >ue ignorava pro$lemas tão $vios eraemocionalmente imaturo ou psicologicamente prim5rio, mas mais uma vezvos digo, ele R toda a gente e a sua imaturidade e primitivismo eHistem emtodos ns. Um grande general, comandante de um eHRrcito, disse;me umavez! KO maior pro$lema neste eHRrcito, ou creio eu, em >ual>uerorganização, R >ue a maior parte dos eHecutivos sentam;se a olhar para os

    pro$lemas nas suas unidades, encarando;os de ?rente, sem ?azer nada,como se os pro$lemas desaparecessem se eles l5 6carem tempo su6ciente.K

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    O general não se re?eria a dR$eis mentais ou anormais. 'alava de outrosgenerais e coronRis, homens maduros com capacidades comprovadas etreinados em disciplina.

    Os pais são eHecutivos e, apesar de normalmente não estarem muito $empreparados para ela, a sua tare?a pode ser tão compleHa como dirigir umacompanhia ou uma empresa. N, como os eHecutivos militares, a maior partedos pais aperce$e;se dos pro$lemas dos seus 6lhos ou da sua relação comeles durante meses ou anos antes de agirem, se o chegam a ?azer.KPens5mos >ue lhe passasse com a idade,K dizem os pais >uando consultamum psi>uiatra in?antil devido a um pro$lema >ue dura h5 cinco anos. N comrespeito compleHidade da acção parental, devo dizer >ue as decis@es dospais são di?(ceis e muitas vezes os pro$lemas in?antis Kpassam com aidadeK. Mas >uase nunca ?az mal algum tentar aud5;los a ultrapassar opro$lema ou analis5;lo mais de perto. N en>uanto h5 crianças a >uem

    FF

     

    Kpassa com a idadeK, outras h5 a >uem ?re>uentemente não passaW e, como

    com tantos pro$lemas, >uanto mais tempo os pro$lemas das crianças ?oremignorados, maiores se tornam e mais dolorosos e di?(ceis de resolver.

    )esponsa$ilidade

    9`O PODNMOS )NSO*uRm da compreensão de grande parte da raça humana. &sto

    por>ue temos >ue aceitar a responsa$ilidade por um pro$lema antes de oconseguirmos resolver. 9ão podemos resolver um pro$lema dizendo, KOpro$lema não R meu.K 9ão podemos resolver um pro$lema tendo esperançade >ue alguRm o resolva por ns. S posso resolver um pro$lema >uandodigo KNste pro$lema R meu e compete;me resolv8;lo.K Mas muitos, tantos,tentam evitar a dor dos seus pro$lemas dizendo para consigo! KNstepro$lema ?oi;me causado por outros, ou por circunstQncias sociais ?ora domeu controle, portanto compete aos outros ou sociedade resolver;me estepro$lema. 9ão R um pro$lema pessoal meu.K

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    O ponto a >ue as pessoas chegam psicologicamente para ?ugir a assumir aresponsa$ilidade de pro$lemas pessoais, em$ora sempre triste, R por vezes>uase rid(culo. Um sargento de carreira no eHRrcito, destacado em OkinaJae numa situação grave devido a eHcesso de consumo de 5lcool, ?oi;meenviado para avaliação psi>ui5trica e, se poss(vel, eventual tratamento.

    9egou >ue era alcolico, e atR >ue o seu consumo de 5lcool ?osse umpro$lema pessoal, dizendo, K9ão h5 nada para ?azer noite em OkinaJaeHcepto $e$er.K

    FE

     

    K4osta de ler[K, perguntei;lhe.

    K#h, sim, claro, gosto de ler.K

    KNntão por>ue não l8 noite, em vez de $e$er[K

    K_5 $arulho a mais no >uartel para se conseguir ler.K

    K:om, então por>ue não vai para a $i$lioteca[K

    K# $i$lioteca 6ca muito longe.K

    K# $i$lioteca 6ca mais longe >ue o $ar onde costuma ir[K

    K:em, não sou grande leitor. %enho outro tipo de interesses.K

    K4osta de pescar[K perguntei então.

    KClaro, adoro pescar.K

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    KPor>ue não vai pesca em vez de $e$er[K

    KPor>ue tenho de tra$alhar o dia todo.K

    K9ão pode ir pesca de noite[K

    K9ão, não se ?az pesca noite em OkinaJa.K

    KOlhe >ue ?az,K disse eu. KConheço v5rias organizaç@es >ue pescam a>ui noite. 3uer >ue o ponha em contacto com elas[K

    K:om, na verdade, eu não gosto de ir pesca.K

    KO >ue o ouço dizer,K resumi, KR >ue h5 outras coisas para ?azer emOkinaJa sem ser $e$er, mas o >ue voc8 mais gosta de ?azer em OkinaJa R

    $e$er.K

    KV, acho >ue sim.K

    KMas $e$er est5 a causar;lhe pro$lemas, portanto voc8 tem um pro$lemapara en?rentar, não tem[K

    KNsta maldita ilha conduz sea >uem ?or a $e$er.K

    Continuei a tentar durante algum tempo, mas o sargento não estavaminimamente interessado em encarar o seu h5$ito de $e$er como umpro$lema pessoal >ue podia resolver com ou sem auda, pelo >uecomuni>uei, lamentando, ao seu comandante >ue ele não estava receptivoa assist8ncia. Continuou a $e$er e ?oi dispensado do serviço a meio dacarreira.

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    Uma ovem esposa, tam$Rm em OkinaJa, cortou o pulso ligeiramente comuma lQmina de $ar$a e ?oi conduzida ao serviço de urg8ncia, onde a vi.Perguntei;lhe por>ue o tinha ?eito.

    F2

     

    KPara me matar, claro.K

    KPor>ue se >uer matar[K

    KPor>ue 5 não aguento esta estpida ilha. %em >ue me mandar de voltapara os Nstados Unidos. ui mais tempo.K

    KO >ue R >ue tem viver em OkinaJa de tão doloroso para si[K, perguntei.

    Nla começou a chorar, en>uanto se lamentava K9ão tenho c5 amigos eestou sempre sozinha.K

    K&sso R mau. Mas como R >ue ainda não conseguiu arranar amigos[K

    KPor>ue tenho de viver numa estpida zona residencial OkinaJiana enenhum dos meus vizinhos ?ala ingl8s.K

    KPor>ue não vai atR zona residencial americana ou atR ao clu$e dassenhoras durante o dia, para ?azer algumas amizades[K

    KPor>ue o meu marido tem de levar o carro para o tra$alho.K

    K9ão pode lev5;lo ao serviço, 5 >ue est5 sozinha e a$orrecida o dia inteiro[K

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    K9ão. V um carro com caiHa de velocidades e eu não sei guiar carros comcaiHa de velocidades, s autom5ticos.K

    KPor>ue não aprende a conduzir um carro com caiHa de velocidades[K

    K9estas estradas[ O senhor deve ser doido.K

    9euroses e Pertur$aç@es de Personalidade

    # M#&O) P#)%N D#S pessoas >ue vem consultar um psi>uiatra so?re da>uiloa >ue se chama uma neurose ou uma pertur$ação de personalidade. Postoda ?orma mais simples, estas duas condiç@es são pertur$aç@es deresponsa$ilidade e, como tal, são estilos opostos de relacionamento com omundo e os seus

    FA

     

    pro$lemas. O neurtico assume demasiada responsa$ilidadeW a pessoa comuma pertur$ação de personalidade não assume a su6ciente. 3uando osneurticos entram em con\ito com o mundo, assumem automaticamente>ue a culpa R sua. 3uando os >ue t8m pertur$aç@es de personalidadeentram em con\ito com o mundo, assumem automaticamente >ue a culpa Rdo mundo. Os dois indiv(duos atr5s descritos tinham pertur$aç@es depersonalidade! o sargento achava >ue o seu h5$ito de $e$er era culpa deOkinaJa e não sua, e a mulher via;se como não tendo papel nenhum no seu

    prprio isolamento. Uma mulher neurtica, por outro lado, >ue tam$Rmso?ria de solidão e isolamento em OkinaJa, >ueiHava;se! KDesloco;me todosos dias ao Clu$e das Mulheres de Sargentos procura de amizades, masnão me sinto l5 vontade. #cho >ue as outras mulheres não gostam demim. Deve haver algo de errado comigo. Devia ser capaz de ?azer amigoscom maior ?acilidade. Devia ter mais iniciativa. 3uero desco$rir o >ue me?az ser tão pouco procurada.K Nsta mulher assumia responsa$ilidade totalpela sua solidão, sentindo >ue a culpa era toda sua. O >ue desco$riu nodecurso da terapia ?oi >ue era uma pessoa invulgarmente inteligente eam$iciosa e >ue se sentia pouco vontade com as outras mulheres desargentos e com o seu marido, por>ue era consideravelmente maisinteligente e am$iciosa >ue eles. Passou a ser capaz de ver >ue a sua

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    solidão, em$ora sendo um pro$lema seu, não era necessariamente devido aum erro ou de6ci8ncia da sua parte. Por 6m, divorciou;se, tirou um cursouniversit5rio ao mesmo tempo >ue educava os 6lhos, tornou;se produtorade revistas e casou com um editor de sucesso.

    #tR os padr@es de discurso dos neurticos e os dos doentes de pertur$aç@esde personalidade são di?erentes. O discurso do neurtico R marcado poreHpress@es tais como KNu deviaK e KNu não deviaK, >ue indicam a imagem>ue o indiv(duo tem de si como um homem ou mulher in?erior, 6candosempre a>uRm

    F0

     

    do o$ectivo, ?azendo sempre as escolhas erradas. O discurso de umapessoa com uma pertur$ação de personalidade, no entanto, est5 recheadode Knão possoK, Knão pudeK, Ktenho deK e Ktive deK, demonstrando aimagem de um ser >ue não tem poder de escolha, cuo comportamento Rcompletamente orientado por ?orças eHternas totalmente ?ora do seucontrole. Como se pode imaginar, R ?5cil tra$alhar com neurticos em

    psicoterapia, em comparação com pessoas com pertur$aç@es depersonalidade, por>ue assumem a responsa$ilidade das suas di6culdades eportanto reconhecem;se como tendo pro$lemas. V muito mais di?(cil, senãoimposs(vel, lidar com os >ue t8m pertur$aç@es de personalidade, por>uenão se v8em como tendo pro$lemasW v8em o mundo, e não eles, anecessitar de mudança, e portanto não reconhecem a necessidade deautoan5lise. 9a verdade, muitos indiv(duos t8m uma neurose e umapertur$ação da personalidade e são designados por Kneurticos depersonalidadeK, >ue indica >ue nalgumas partes das suas vidas se v8emcarregados de culpas por terem assumido responsa$ilidades >ue na

    realidade não são deles, en>uanto >ue noutras 5reas não assumem umaresponsa$ilidade realista. 'elizmente, >uando a ? R e a con6ança dessesindiv(duos no processo de psicoterapia são esta$elecidas pela auda >ue elalhes presta no lado neurtico das suas personalidades, consegue;se?re>uentemente lev5;los a eHaminarem e corrigirem a sua indisponi$ilidadepara assumir responsa$ilidades onde R necess5rio. Poucos de nsescapamos a ser neurticos ou a ter pertur$aç@es de personalidade pelomenos atR certo ponto razão por>ue essencialmente toda a gente pode$ene6ciar da psicoterapia se estiver seriamente disposta a participar noprocesso-. # razão para isso R >ue o pro$lema de distinguir entre a>uilo por>ue somos ou não somos respons5veis nesta vida R um dos maiorespro$lemas da eHist8ncia humana. 9unca 6ca completamente resolvidoWdurante toda a nossa vida, temos de avaliar

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    e reavaliar continuamente onde estão as nossas responsa$ilidades nodecurso constantemente em mudança dos acontecimentos. # avaliação e areavaliação não deiHam de ser dolorosas por serem ?eitas ade>uada econscienciosamente. Para eHecutar >uer um >uer outro processoade>uadamente, devemos possuir a vontade e a capacidade de nossu$metermos a uma auto;avaliação cont(nua. N essa capacidade ou vontadenão R inerente a nenhum de ns. 9um certo sentido, todas as crianças t8mdistr$ios de personalidade, pela sua tend8ncia instintiva de negar a

    responsa$ilidade por muitos con\itos em >ue se encontram envolvidas.#ssim, dois irmãos >ue lutam culpar;se;ão sempre mutuamente por tercomeçado a $riga e cada um negar5 peremptoriamente ter sido o culpado.Da mesma ?orma, todas as crianças t8m neuroses, uma vez >ueinstintivamente assumirão a responsa$ilidade por certas privaç@es por>uepassam mas >ue ainda não compreendem. #ssim, a criança >ue não Ramada pelos pais assumir;se;5 sempre como não sendo pass(vel de seramada em vez de reconhecer nos pais uma de6ciente capacidade de amar.Ou os adolescentes mais ovens >ue ainda não são convidados para sair ounão são $em sucedidos nos desportos, >ue se v8em como seres humanos

    gravemente de6cientes e não como as \ores tardias mas per?eitamentenormais >ue normalmente são. S atravRs de uma grande eHperi8ncia e deuma longa e $em sucedida maturação ad>uirimos a capacidade de ver omundo e o nosso lugar nele de uma ?orma realista e assim somos capazesde avaliar realisticamente a nossa responsa$ilidade por ns e no mundo.

    Os pais podem ?azer muito para audar os 6lhos neste processo dematuração. Ocorrem milhares de oportunidades, en>uanto os 6lhoscrescem, em >ue os pais os podem con?rontar com a sua tend8ncia para

    evitar ou escapar responsa$ilidade pelos seus actos ou em >ue podemtran>uiliz5;los em como certas situaç@es não decorrem de ?alta sua. Masagarrar

    F/

     

    essas oportunidades, como 5 disse, re>uer dos pais sensi$ilidade snecessidades dos 6lhos e disposição de lhes dedicar o tempo e o es?orço,

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    muitas vezes descon?ort5vel, de ?azer ?ace a essas necessidades. O >ue, porsua vez, eHige amor e vontade de assumir a responsa$ilidade ade>uadapela melhoria do desenvolvimento dos 6lhos.

    Por outro lado, mesmo para alRm da simples insensi$ilidade e neglig8ncia,h5 muito >ue os pais podem ?azer para preudicar este processo dematuração. Os neurticos, pela sua disposição de assumir responsa$ilidade,podem ser pais eHcelentes se as suas neuroses ?orem relativamente ligeirase não estiverem tão so$recarregados de responsa$ilidades desnecess5rias>ue pouca energia lhes reste para as responsa$ilidades necess5rias dapaternidade. #s pessoas com pertur$aç@es de personalidade, no entanto,tornam;se pais desastrosos, per?eitamente alheios ao ?acto de muitas vezestratarem os 6lhos duma ?orma terrivelmente destrutiva. Diz;se >ue Kosneurticos tornam;se in?elizesW os >ue t8m pertur$aç@es de personalidadetornam todos os outros in?elizesK. #cima de tudo, os pais com pertur$aç@esde personalidade tornam in?elizes os seus 6lhos. Como noutras 5reas dassuas vidas, não assumem a devida responsa$ilidade pela paternidade.

     %endem a sacudir os 6lhos de mil e uma maneiras, em vez de lhesprestarem a atenção de >ue precisam. 3uando os 6lhos são delin>uentes out8m di6culdades nos estudos, os pais com pertur$aç@es de personalidadeautomaticamente atri$uirão a culpa ao sistema da escola ou a outrascrianças >ue, insistem, eHercem Km5 in\u8nciaK nos seus 6lhos. Nstaatitude, claro, ignora o pro$lema. Por ?ugirem responsa$ilidade, os paiscom pertur$aç@es de personalidade servem de modelos de

    irresponsa$ilidade aos 6lhos. 'inalmente, nos seus es?orços de ?ugir responsa$ilidade pelas suas prprias vidas, os pais com pertur$aç@es depersonalidade muitas vezes atri$uem;na aos 6lhos! Kue continuo casada com o vosso pai ou casado com a vossamãe- R por vossa causaK, ou K# vossa mãe tem os nervos em ?rana porvossa causaK, ou KPodia ter tirado um curso e ser uma pessoa de sucesso senão tivesse >ue vos sustentarK. Desta ?orma, os pais estão de ?acto a dizeraos 6lhos, Kualidade do meu casamento, pelaminha sade mental e pela minha ?alta de sucesso na vida.K Uma vez >uenão t8m a capacidade de avaliar >uão inade>uada R essa atitude, ascrianças aceitam muitas vezes a responsa$ilidade, e na medida em >ue aaceitam, tornam;se neurticas. V assim >ue os pais com pertur$aç@es depersonalidade >uase invariavelmente dão origem a crianças com

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    pertur$aç@es de personalidade ou neurticas. São os prprios pais >ue?azem recair os seus pecados so$re os 6lhos.

    9ão R apenas no seu papel de pais >ue os indiv(duos com pertur$aç@es depersonalidade são ine6cazes e destrutivosW estes mesmos traços de car5cterre\ectem;se normalmente no casamento, nas amizades e nos negcios ; emtodas as 5reas da eHist8ncia em >ue eles recusam assumir responsa$ilidadepela respectiva >ualidade. &sto R inevit5vel 5 >ue, como ?oi dito, nenhumpro$lema pode ser resolvido atR >ue o indiv(duo assuma a responsa$ilidadede o resolver. 3uando os indiv(duos com pertur$aç@es de personalidadeculpam uma outra pessoa

    ; cXnuge, 6lho, amigo, pai, patrão ; ou outra coisa ; as m5s in\u8ncias, asescolas, o governo, o racismo, o seHismo, a sociedade, o KsistemaK ; pelos

    seus pro$lemas, eles persistem. 9ada se conseguiu. #o reeitar aresponsa$ilidade eles podem sentir;se $em consigo prprios, mas deiHaramde resolver os pro$lemas da vida, de crescer espiritualmente e tornaram;seum peso morto para a sociedade. Passaram a sua dor para a sociedade. #?rase dos anos sessenta atri$u(da a Nldridge Cleaver- ?ala a todos ns parasempre! KSe não ?azes parte da solução, ?azes parte do pro$lema.K

    E

     

    'uga da *i$erdade

    3U#9DO UM PS&3U%)# diagnostica uma pertur$ação de personalidade Rpor>ue o padrão de evasão responsa$ilidade R relativamente \agrante noindiv(duo so$ diagnstico. 9o entanto, >uase todos ns, de vez em >uando,

    tentamos escapar ; por ?ormas por vezes $astante su$tis ; dor de assumira responsa$ilidade dos nossos pro$lemas. Pela cura da minha prpriapertur$ação de personalidade, aos trinta anos, estou em d(vida para comMac :adgel+. 9a altura, Mac era director da cl(nica de Psi>uiatriaam$ulatria onde eu estava a ?azer o est5gio. 9essa cl(nica, os doenteseram distri$u(dos pelos outros internos e por mim, em regime de rotação.

     %alvez por>ue eu ?osse mais dedicado aos meus doentes e minha prpria?ormação do >ue a maior parte dos meus colegas internos, dei por mim atra$alhar muito mais horas do >ue eles. Nles normalmente viam doentes suma vez por semana. Nu, muitas vezes, via os meus doentes duas ou tr8svezes por semana. Nm conse>u8ncia, via os meus colegas sairem da cl(nicatodas as tardes s >uatro e meia para irem para casa, en>uanto >ue eu

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    tinha consultas marcadas atR s oito ou nove da noite, o >ue me enchia deressentimento. b medida >ue me ?ui ressentindo cada vez mais e 6candocada vez mais eHausto, perce$i >ue havia alguma coisa a ?azer. 'ui ?alarcom o Dr. :adgel+ e eHpli>uei;lhe a situação. Perguntei;lhe se podia serdispensado da rotação na aceitação de novos doentes durante algumas

    semanas de maneira a poder recuperar, se ele achasse >ue era poss(vel, ouse ele via outra solução >ual>uer para o pro$lema. Mac ouviu;me atenta ereceptivamente, sem me interromper uma nica vez. 3uando terminei, apsum momento de sil8ncio, ele disse;me, simpaticamente,

    E

     K:om, veo >ue tem mesmo um pro$lema.K

    Sorri amplamente, sentindo;me compreendido. KO$rigado,K disse eu. KO >ueacha >ue se deve ?azer[K

    #o >ue Mac respondeu, KL5 lhe disse, Scott, voc8 tem um pro$lema.K

    Nsta não era $em a resposta >ue eu esperava. KSim,K disse eu, ligeiramentea$orrecido, Keu sei >ue tenho um pro$lema. 'oi por isso >ue vim ?alarconsigo. O >ue acha >ue devo ?azer a esse respeito[K

    Mac respondeu! KScott, parece;me >ue não ouviu o >ue eu lhe disse. Nuouvi;o e estou de acordo consigo. ue tenho um pro$lema. L5 sa$ia >uando a>uicheguei. # >uestão R, o >ue R >ue vou ?azer[K

    KScott,K respondeu Mac, K>uero >ue ouça. Ouça com atenção e eu vourepetir. Concordo consigo. %em um pro$lema. Nspeci6camente, tem umpro$lema de tempo. O seu tempo. 9ão o meu tempo. V o seu pro$lema, como seu tempo. ue vou dizer so$re o assunto.K

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    ue ele tinhauma pertur$ação grave de personalidade. Senão, como podia ter sido tão

    insens(vel[ Nu tinha ido ter com ele humildemente para lhe pedir umape>uena auda, um pe>ueno conselho, e o estupor nem se>uer tinha>uerido assumir a responsa$ilidade de tentar audar;me, atR como directorda cl(nica. Se não lhe competia audar a gerir este tipo de pro$lemas comodirector da cl(nica, então >ue dia$o lhe competia[

    Mas, tr8s meses depois, l5 me aperce$i de >ue Mac tinha razão, >ue era eu,e não ele, >ue tinha a pertur$ação de personalidade. O meu tempo era daminha responsa$ilidade.

    EF

     

    Competia;me a mim e s a mim decidir como >ueria utilizar e organizar omeu tempo. Se >ueria investir mais tempo no tra$alho >ue os meuscolegas, a escolha era minha e as conse>u8ncias dessa escolha eram daminha responsa$ilidade. Podia ser doloroso para mim ver os meus colegassair duas ou tr8s horas antes de mim, e podia ser doloroso ouvir asreclamaç@es da minha mulher por eu não me dedicar su6cientemente ?am(lia, mas essas eram as conse>u8ncias da escolha >ue eu tinha ?eito. Seeu não as >uisesse so?rer, tinha a li$erdade de escolher não tra$alhar tantoe de organizar o meu tempo de maneira di?erente. O meu es?orço notra$alho não era uma carga imposta por m5 sina ou por um director cl(nicosem coraçãoW era a ?orma como eu tinha escolhido viver e ordenar asminhas prioridades. De ?acto, escolhi não mudar o meu estilo de vida. Mascom a mudança de atitude, desapareceu o ressentimento contra os meus

    colegas. L5 não ?azia sentido continuar ressentido com eles por teremescolhido um estilo de vida di?erente do meu, >uando eu tinha toda ali$erdade de escolher ser como eles se >uisesse. )essentir;me com eles eraressentir;me com a minha escolha de ser di?erente deles, uma escolha >ueme satis?azia.

    # di6culdade >ue temos em aceitar a responsa$ilidade do nossocomportamento est5 no deseo de evitar a dor das conse>u8ncias dessecomportamento. #o pedir ao Mac :adgel+ >ue assumisse a responsa$ilidadeda estruturação do meu tempo, eu estava a tentar evitar a dor de tra$alhar

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    muitas horas, ainda >ue tra$alhar muitas horas ?osse a conse>u8nciainevit5vel da minha escolha de me dedicar aos meus doentes e minha?ormação. 9o entanto, ao ?az8;lo, eu estava inconscientemente a tentaraumentar a autoridade de Mac so$re mim. Nstava a dar;lhe o meu poder, aminha li$erdade. Com e?eito, estava a dizer;lhe, K%oma conta de mim. S8 o

    che?eK Sempre >ue procuramos evitar a responsa$ilidade pelo nossocomportamento, ?azemo;lo tentando passar essa responsa$ilidade

    EE

     

    para outro indiv(duo, organização ou entidade. Mas isto signi6ca >ueestamos a entregar o nosso poder a essa entidade, sea o KdestinoK ou aKsociedadeK, o governo, a empresa ou o che?e. Nsta R a razão por>ue Nrich'romm atri$uiu o t(tulo, tão $em escolhido, de 'uga da *i$erdade ao seuestudo so$re o 9azismo e o autoritarismo. #o tentar ?ugir dor daresponsa$ilidade, milh@es e atR $ili@es de pessoas tentam diariamente ?ugirda li$erdade.

    Conheço um indiv(duo $rilhante mas reservado >ue, >uando o deiHo, ?ala

    elo>uentemente e sem parar das ?orças opressivas na nossa sociedade! oracismo, a desigualdade entre os seHos, o sistema militar;industrial e apol(cia local, >ue em$irra com ele e com os amigos por causa do ca$elocomprido. )epetidamente, tenho tentado ?azer;lhe ver >ue ele não R umacriança. 3uando crianças, em virtude da nossa real e enorme depend8ncia,ou nossos pais t8m um real e enorme poder so$re ns. De ?acto, t8m umagrande responsa$ilidade pelo nosso $em;estar e encontramo;nos naverdade, em grande medida, sua merc8. 3uando os pais são opressivos,como R ?re>uente, os 6lhos não t8m praticamente nenhum poder dereacçãoW as escolhas são limitadas. Mas como adultos, >uando 6sicamente

    saud5veis, as nossas escolhas são >uase ilimitadas. &sto não >uer dizer >uenão seam dolorosas. Com ?re>u8ncia, as nossas escolhas situam;se entre omenor de dois males, mas continua a estar ao nosso alcance ?az8;las. Sim,concordo com o meu conhecido, eHistem ?orças opressivas em acção nomundo. %emos, no entanto, a li$erdade de escolher a cada passo a ?ormacomo vamos responder e mano$rar essas ?orças. Nle escolheu viver numazona do pa(s onde a pol(cia não gosta dos Ktipos de ca$elo compridoK econtinua a deiHar o ca$elo crescer. V livre de se mudar para a cidade, ou decortar o ca$elo, ou atR de se candidatar a comiss5rio da pol(cia. Mas, apesardo seu $rilhantismo, ele não reconhece essas li$erdades. Opta por selamentar

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    da sua ?alta de poder pol(tico em vez de aceitar e eHultar com o seu imensopoder pessoal. 'ala do amor li$erdade e das ?orças opressivas >ue orestringem, mas de cada vez >ue ?ala de como R vitimado por essas ?orçasest5 de ?acto a entregar a sua li$erdade. Nspero >ue um dia, em $reve, eledeiHe de se revoltar contra a vida s por>ue algumas das escolhas sãodolorosasZ.

    # Dra. _ilde :ruch, no pre?5cio do seu livro #prendendo Psicoterapia, a6rma>ue, $asicamente, todos os doentes vão ao psi>uiatra com Kum pro$lemacomum! a sensação de desamparo, o receio e a pro?unda convicção de serincapaz de ]lidar] com as coisas e mud5;lasKZZ. Uma das ra(zes destaKsensação de impot8nciaK na maioria dos pacientes R o deseo de escapar,parcial ou completamente, dor da li$erdade e, portanto, a ?alta, parcial outotal, de aceitação da responsa$ilidade pelos seus pro$lemas e pelas suasvidas. Sentem;se impotentes por>ue, de ?acto, alienaram o seu poder. Maiscedo ou mais tarde, se se >uiserem curar, terão >ue aprender >ue toda avida adulta consiste numa sRrie de escolhas e decis@es pessoais. Seaceitarem isso na totalidade, tornar;se;ão pessoas livres. Nn>uanto não oaceitarem, sentir;se;ão v(timas para sempre.

    Z O psi>uiatra #llen ^heelis ?oi, a meu ver, >uem mais elo>uentemente eatR mais poeticamente de6niu a >uestão da li$erdade de escolha entre doismales, no cap(tulo K'reedom and 9ecessit+K do seu livro _oJ People Change9ova &or>ue! _arper C )oJ, /0F-. Nstive tentado a citar o cap(tulo natotalidade, e recomendo;o a todos os >ue >uiserem eHplorar esta >uestãomais a ?undo.

    9ota-

    ZZ *earning Ps+chotherap+, Cam$ridge, Mass., _arvard Univ. Press,

    /0E, p. iH.

    EA

     

    Dedicação )ealidade

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    O %N)CN&)O &9S%)UMN9%O de disciplina ou da tRcnica de gerir a dor daresolução dos pro$lemas, >ue tem >ue ser continuamente aplicada se>ueremos >ue as nossas vidas seam saud5veis e >ue os nossos esp(ritos

    evoluam, R a dedicação verdade. Super6cialmente, isto seria $vio.Por>ue a verdade R a realidade. #>uilo >ue R ?also, R irreal. 3uanto maisclaramente virmos a realidade do mundo, melhor preparados estaremospara nos relacionarmos com ele. 3uanto menos clara ?or a nossa visão darealidade do mundo ; >uanto mais a nossa mente ?or con?undida por?alsidades, mal;entendidos e ilus@es

    ; menos capazes seremos de determinar as linhas de actuação correctas ede tomar decis@es acertadas. # nossa visão da realidade R como um mapacom o >ual transpomos o terreno da vida. Se o mapa ?or verdadeiro erigoroso, sa$emos em geral onde estamos e, se decidirmos para onde>ueremos ir, sa$emos em geral como l5 chegar. Se o mapa ?or ?also e poucopreciso, em geral perdemo;nos.

    Nm$ora tudo isto sea $vio, constitui algo >ue a maioria das pessoas, emmaior ou menor grau, tende a ignorar. &gnoram;no por>ue o nosso caminhopara a realidade não R ?5cil. Primeiro, não nascemos com mapasW temos >ueos ?azer, e ?az8;los eHige es?orço. 3uanto mais es?orço 6zermos paraapreciar e compreender a realidade, tanto maiores e mais precisos serão os

    nossos mapas. Mas muitos não >uerem ?azer esse es?orço. #lguns deiHamde o ?azer no 6m da adolesc8ncia. Os mapas deles são pe>uenos e maldesenhados, a sua visão do mundo estreita e enganadora. 9o 6m da meia;idade, a maior parte das pessoas desiste. %8m a certeza de >ue os seusmapas estão com;

    E0

     

    pletos e >ue o seu ^eltanschauung est5 correcto na verdade, atRsacrossanto-, e deiHam de se interessar por novas in?ormaç@es. Como seestivessem cansadas. #penas relativamente poucas e a?ortunadas pessoascontinuam, atR ao momento da morte, a eHplorar o mistRrio da realidade,sempre aumentando, re6nando e rede6nindo o seu entendimento do mundoe do >ue R verdadeiro.

    Mas o maior pro$lema da ?eitura dos mapas não R ter de começar do zero,mas o ter de os rever constantemente, se >ueremos >ue seam rigorosos. O

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    prprio mundo est5 em constante mudança. Os glaciares vão e v8m. #sculturas vão e v8m. _5 muito pouca tecnologia, h5 demasiada tecnologia.Duma ?orma ainda mais dram5tica, o ponto privilegiado de onde vemos omundo est5 constante e rapidamente em mudança. 3uando somoscrianças, somos dependentes, desamparados. Como adultos, podemos ser

    poderosos. 9o entanto, por doença ou velhice, podemos tornar;nosnovamente desamparados e dependentes. Nn3uanto temos crianças de>uem cuidar, o mundo parece;nos di?erente do >ue >uando não temosW>uando criamos $e$Rs, o mundo R di?erente de >uando criamosadolescentes. 3uando somos po$res, o mundo parece di?erente de >uandosomos ricos. Somos diariamente $om$ardeados com novas in?ormaç@es>uanto natureza da realidade. Se >ueremos incorporar essa in?ormação,temos de rever os nossos mapas continuamente, e, por vezes, >uando seacumula in?ormação su6ciente, temos >ue proceder a revis@es alargadas. Oprocesso de ?azer revis@es, principalmente revis@es alargadas, R doloroso,

    por vezes tremendamente doloroso. N eis a maior ?onte de muitos dos malesda humanidade.

    O >ue acontece >uando se lutou longa e arduamente para desenvolver umavisão ?uncional do mundo, um mapa aparentemente til e utiliz5vel, e se Rdepois con?rontado com nova in?ormação >ue sugere >ue essa visão est5errada e >ue o mapa

    E1

     

    tem de ser su$stancialmente re?eito[ O doloroso es?orço eHigido pareceassustador, >uase inultrapass5vel. O >ue ?azemos, na maior parte dasvezes, e normalmente inconscientemente, R ignorar a nova in?ormação.Muitas vezes, este acto de ignorar R muito mais do >ue passivo. Podemos

    denunciar a nova in?ormação como ?alsa, perigosa, herRtica, um acto dodia$o. Podemos ?azer campanha contra ela e atR tentar manipular o mundopara o austar nossa visão da realidade. Nm vez de tentar mudar o mapa,o indiv(duo pode tentar destruir a nova realidade. *amentavelmente, essapessoa pode gastar muito mais energia, no limite, a de?ender uma visãoultrapassada do mundo, do >ue a >ue seria necess5ria para a rever ecorrigir desde o in(cio.

     %rans?er8ncia! o Mapa Ultrapassado

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    NS%N P)OCNSSO DN SN agarrar activamente a uma visão ultrapassada darealidade R a $ase de muitas doenças mentais. Os psi>uiatras designam;napor trans?er8ncia. NHistem provavelmente tantas variantes su$tis dade6nição de trans?er8ncia como h5 psi>uiatras. # minha de6nição pessoal R!trans?er8ncia R o conunto de ?ormas de percepção e reacção ao mundo,

    >ue R desenvolvido na in?Qncia e >ue normalmente R totalmente ade>uadoao am$iente da in?Qncia na verdade, muitas vezes vital-, mas >ue Rinade>uadamente trans?erido para o am$iente adulto.

    #s ?ormas de mani?estação da trans?er8ncia, em$ora sempre invasoras edestrutivas, são muitas vezes discretas. 9o entanto, os eHemplos maisclaros devem ser eHpl(citos. Um desses eHemplos ?oi o de um doente cuotratamento não resultou por ?orça da sua trans?er8ncia. Nra um tRcnico decomputadores $rilhante, mas mal sucedido, com trinta e poucos anos, >ueme consultou por>ue a mulher o tinha deiHado, levando com ela

    E/

     

    os dois 6lhos. Nle não estava especialmente in?eliz por a ter perdido, mas

    estava destroçado pela perda dos 6lhos, a >uem era pro?undamentededicado. 'oi na esperança de os reaver >ue iniciou a psicoterapia, uma vez>ue a mulher tinha declarado 6rmemente >ue não voltaria para ele se nãose su$metesse a tratamento psi>ui5trico. #s suas maiores >ueiHas contraele eram de >ue ele mani?estava continuamente um cime irracional a seurespeito, no entanto mantinha;se simultaneamente indi?erente, ?rio,distante, não comunicativo e não a?ectuoso. %am$Rm se >ueiHava das suasmudanças de emprego ?re>uentes. # vida dele desde a adolesc8ncia tinhasido marcadamente inst5vel. Durante a adolesc8ncia, tinha;se envolvidorepetidamente em pe>uenas altercaç@es com a pol(cia, e tinha sido detido

    tr8s vezes por em$riaguez, $eligerQncia, Kvaga$undagemK e por Kinter?erircom os deveres de um pol(ciaK. 9ão aca$ou a universidade, onde estava atirar o curso de engenharia elRctrica, por>ue, dizia ele, KOs meuspro?essores eram uma cam$ada de hipcritas, pouco di?erentes da pol(cia.KDevido ao seu $rilhantismo e criatividade no campo das tecnologias dein?ormação, os seus serviços eram muito procurados pela indstria. Masnunca tinha sido capaz de progredir ou conservar um emprego durante maisde um ano e meio, sendo despedido ocasionalmente, mas despedindo;semuitas vezes na se>u8ncia de disputas com os che?es, >ue descrevia comoKmentirosos e traidores, interessados apenas em se protegerem a siprpriosK. # sua eHpressão mais ?re>uente era K9ão se pode con6ar emninguRmK. Descrevia a sua in?Qncia como KnormalK e os pais comoKmedianosK. 9o $reve per(odo >ue passou comigo, no entanto, re?eriu

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    casualmente e sem emoção inmeras situaç@es em >ue os pais lhe tinham?alhado. Prometeram;lhe uma $icicleta pelo anivers5rio, mas es>ueceram;see deram;lhe outra coisa >ual>uer. Uma vez, es>ueceram;se completamentedo seu anivers5rio, mas ele não achava >ue isso

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    estivesse drasticamente errado por>ue Keles tinham muito >ue ?azerK.Prometiam;lhe ?azer coisas com ele ao 6m;de;semana, mas depois estavamnormalmente Kdemasiado ocupadosK. &nmeras vezes, es>ueceram;se de oir $uscar a reuni@es ou ?estas por>ue Ktinham muito em >ue pensarK.

    O >ue aconteceu a este homem ?oi >ue, em criança, so?reu dolorosasdesilus@es, uma aps outra, devido ?alta de a?ecto por parte dos pais.4radual ou repentinamente ; não sei como ; chegou angustianteconclusão, a meio da in?Qncia, >ue não podia con6ar nos pais. 3uandocompreendeu isso, no entanto, começou a sentir;se melhor e a vida tornou;se mais con?ort5vel. L5 não alimentava eHpectativas em relação aos pais,nem esperanças >uando lhe ?aziam promessas. 3uando deiHou de con6ar

    nos pais, a ?re>u8ncia e a gravidade das desilus@es diminuiudramaticamente.

    Nste auste, no entanto, R a $ase de pro$lemas ?uturos. Para uma criança, ospais são tudoW representam o mundo. # criança não tem perspectiva paraver >ue outros pais são di?erentes e muitas vezes melhores. Parte doprinc(pio >ue a ?orma como os pais ?azem as coisas R a ?orma como devemser ?eitas. Nm conse>u8ncia disso, a conclusão ; a KrealidadeK a >ue estacriança chegou não ?oi K9ão posso con6ar nos meus paisK, mas K9ão posso

    con6ar nas pessoasK. 9ão con6ar nas pessoas tornou;se o mapa com >ueentrou na adolesc8ncia e na idade adulta. Com este mapa e umaacumulação a$undante de ressentimento >ue resultou das suas muitasdesilus@es, era inevit5vel >ue entrasse repetidamente em con\ito com as6guras da autoridade ; pol(cia, pro?essor, patr@es. N estes con\itos sserviram para re?orçar o seu sentimento de >ue não podia con6ar naspessoas >ue tinham alguma coisa para lhe dar no mundo. %eve muitasoportunidades de rever o mapa, mas deiHou;as passar todas. Por um lado, anica maneira como podia aprender >ue havia pessoas no mundo em >uempodia

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    con6ar seria arriscar;se a con6ar nelas e isso eHigiria um desvio no mapa,para começar. Por outro, essa reaprendizagem eHigir;&he;ia rever a visão >uetinha dos pais ; compreender >ue não o amavam, >ue não teve umain?Qncia normal e >ue os pais não eram medianos na sua indi?erença ssuas necessidades. Nssa compreensão teria sido eHtremamente dolorosa.'inalmente, por>ue a sua descon6ança das pessoas era uma adaptaçãorealista realidade da sua in?Qncia, era uma adaptação >ue ?uncionava emtermos de lhe diminuir a dor e o so?rimento. Uma vez >ue R eHtremamentedi?(cil desistir duma adaptação >ue ?uncionou tão $em, ele continuou o seupercurso de descon6ança, criando inconscientemente situaç@es >ue

    serviam para a re?orçar, alienando;se de todos, tornando imposs(vel a?ruição do amor, do carinho, da intimidade e do a?ecto. 9em se>uer sepermitia aproHimar;se da mulherW ela tam$Rm não merecia con6ança. #snicas pessoas com >uem se podia relacionar intimamente eram os dois6lhos. Nram os nicos >ue controlava, >ue não tinham autoridade so$re ele,os nicos em todo o mundo em >uem podia con6ar.

    3uando estão envolvidos pro$lemas de trans?er8ncia, como R ha$itual, apsicoterapia R, para alRm de outras coisas, um processo de revisão de

    mapas. Os doentes procuram a terapia por>ue os seus mapas realmentenão ?uncionam. Mas como se agarram a eles e lutam contra o processo acada passo 're>uentemente, a necessidade de se agarrarem aos mapas ede lutarem para não os perderem R tão grande >ue a terapia se tornaimposs(vel, como aconteceu no caso do tRcnico de in?orm5tica. &nicialmente,pediu a consulta aos S5$ados. Depois de tr8s sess@es deiHou de vir por>uetinha arranado um emprego a tratar de relvados aos S5$ados e Domingos.Propus;lhe a consulta s 3umtas;?eiras noite. ue estava a ?azer horas eHtraordin5rias na ?5$rica. )eorganizei então aminha agenda de ?orma a rece$8;lo s Segundas

    2

     

    noite, dia em >ue era, segundo ele dizia, improv5vel haver horaseHtraordin5rias. Depois de duas sess@es, no entanto, deiHou de vir por>ueas horas eHtraordin5rias Segunda;?eira pareciam estar a aumentar.Con?rontei;o com a impossi$ilidade de ?azer terapia nestas circunstQncias.

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    Nle admitiu >ue não lhe era eHigido ?azer horas eHtraordin5rias. 9o entanto,declarou >ue precisava do dinheiro e >ue, para ele, o tra$alho era maisimportante do >ue a terapia. Nstipulou >ue podia vir s consultas apenasnas Segundas noite em >ue não houvesse tra$alho eHtra e >ue metele?onaria s >uatro da tarde todas as Segundas;?eiras para me avisar se

    podia vir consulta na mesma noite. Disse;lhe >ue não podia aceitar essascondiç@es, >ue não estava disposto a alterar os meus planos todas asSegundas;?eiras noite pela possi$ilidade de ele vir consulta. Nle achou>ue eu estava a ser demasiado r(gido, >ue não me preocupava com as suasnecessidades, >ue s me interessava o meu tempo e >ue claramente nãome importava nada com ele e, portanto, >ue não merecia con6ança. 'oinesta $ase >ue a nossa tentativa de tra$alharmos untos terminou, e eupassei a constar do seu mapa como mais um marco.

    O pro$lema da trans?er8ncia não R simplesmente um pro$lema entre ospsicoterapeutas e os seus doentes. V um pro$lema entre pais e 6lhos,maridos e mulheres, patr@es e empregados, entre amigos, entre grupos eatR entre naç@es. V interessante re\ectir, por eHemplo, no papel >ue as>uest@es de trans?er8ncia representam nas relaç@es internacionais. Osnossos l(deres nacionais são seres humanos >ue tiveram in?Qncias eeHperi8ncias na in?Qncia >ue os moldaram. 3ue mapa seguia _itler e deonde surgiu[ 3ue mapa seguiam os l(deres americanos ao iniciar, eHecutar emanter a guerra no ue se seguiu. De >ue ?ormas contri$uiu a

    eHperi8ncia nacional da Depressão para o mapa deles, e a eHperi8ncia dosanos cin;

    2F

     

    >uenta e sessenta para o mapa da geração mais nova[ Se a eHperi8ncianacional dos anos trinta e >uarenta contri$uiu para o comportamento dosl(deres americanos no lançamento da guerra no uava essa eHperi8ncia realidade dos anos sessenta e setenta[ Comopoderemos rever os nossos mapas mais rapidamente[

     %anto a verdade como a realidade são evitadas >uando dolorosas. Spodemos rever os nossos mapas >uando possu(mos a disciplina paraultrapassar essa dor. Para ter essa disciplina, devemos ser totalmente

    dedicados verdade. &sso >uer dizer >ue devemos sempre considerar averdade, na medida em >ue a podemos determinar, mais importante, mais

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    vital para o nosso interesse pessoal, do >ue o nosso con?orto. &nversamente,devemos sempre considerar o nosso descon?orto pessoal relativamente semimportQncia e atR encar5;lo positivamente ao serviço da $usca da verdade.# sade mental R um processo permanente de dedicação realidade a todoo custo.

    #$ertura ao Desa6o

    O 3UN S&49&'&C# UM# vida de dedicação total verdade[ Signi6ca, antes demais, uma vida de auto;eHame cont(nuo e in6nitamente rigoroso. Sconhecemos o mundo atravRs da nossa relação com ele. Portanto, paraconhecermos o mundo, não s temos de o eHaminar como,

    simultaneamente, temos de eHaminar o eHaminador. Os psi>uiatrasaprendem isto durante a sua ?ormação e sa$em >ue R imposs(velcompreender realisticamente os con\itos e trans?er8ncias dos seuspacientes sem entenderem as suas prprias trans?er8ncias e con\itos. Poressa razão, os psi>uiatras são encoraados a su$meter;se a psicoterapia oua psican5lise como parte da sua ?ormação e desenvolvi;

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    mento. &n?elizmente, nem todos os psi>uiatras correspondem a estasolicitação. _5 muitas pessoas, entre elas psi>uiatras, >ue analisam omundo com rigor mas >ue não se analisam a elas prprias tãorigorosamente. Podem ser indiv(duos competentes, na medida em >ue omundo considera a compet8ncia, mas nunca são s5$ios ou não possuem$om senso-. # vida de sa$edoria deve ser uma vida de contemplação aliadaa acção. 9o passado, na cultura americana, a contemplação não ?oi muito

    considerada. 9a dRcada de cin>uenta, as pessoas classi6caram #diaiStevenson como um KintelectualK e achavam >ue ele não daria um $omPresidente precisamente por ser um homem contemplativo, dado ameditação pro?unda e com dvidas. L5 tenho ouvido pais dizerem aos 6lhos,com toda a seriedade, KPensas demais.K O >ue R um a$surdo, dado >ue sãoos nossos lo$os ?rontais, a nossa capacidade de pensar e de noseHaminarmos, >ue nos torna humanos. 'elizmente, esse tipo de atitudeparece estar a mudar e começamos a compreender >ue as ?ontes de perigopara o mundo se encontram mais dentro de ns do >ue ?ora, e >ue oprocesso de constante auto;an5lise e contemplação R essencial para a

    nossa so$reviv8ncia. 9o entanto, re6ro;me a um nmero relativamentepe>ueno de pessoas >ue estão a mudar de atitude. # an5lise do mundo

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    eHterior nunca R pessoalmente tão dolorosa como a an5lise do mundointerior, e R certamente devido dor >ue envolve uma vida de auto;eHame>ue a maioria se desvia dela. 9o entanto, >uando se R dedicado verdade,esta dor parece relativamente sem importQncia ; e cada vez menosimportante e portanto cada vez menos dolorosa- medida >ue se avança

    no caminho da auto;an5lise.

    Uma vida de dedicação total verdade signi6ca tam$Rm uma vida dispostaa aceitar o desa6o pessoal. # nica maneira de termos a certeza de >ue onosso mapa da realidade R v5lido R eHpX;lo cr(tica e ao desa6o dos outros?a$ricantes de mapas. Caso contr5rio, vivemos num sistema ?echado ;dentro de

    22

     

    uma redoma, utilizando a analogia de S+lvia Plath, em >ue respiramos s onosso prprio ar ?Rtido, cada vez mais sueitos a alucinaç@es. 9o entanto,devido dor inerente ao processo de revisão do nosso mapa da realidade,tentamos a maior parte do tempo evitar ou a?astar >uais>uer desa6os sua

    validade. #os 6lhos dizemos, K9ão me respondas, sou teu pai.K #o cXnugeenviamos a mensagem, Kue preparasse uma an5lise das causas psicolgicas dasatrocidades de M+ *ai e o seu posterior enco$rimento, com recomendaç@espara proceder a uma investigação >ue pudesse evitar tal comportamento no?uturo. #s recomendaç@es ?oram reprovadas pelo >uadro geral do NHRrcito,com a usti6cação de >ue a investigação recomendada não poderia sermantida em segredo. K# eHist8ncia de uma tal investigação pode a$rirportas a um desa6o posterior. O Presidente e o NHRrcito não t8mnecessidade de mais desa6os, neste momento.K 'oi o >ue me disseram.

    #ssim, uma an5lise das raz@es dum incidente >ue ?ora enco$erto ?oram, porsua vez, enco$ertas. Nste comportamento não se limita ao NHRrcito ou

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    Casa :rancaW pelo contr5rio, R comum ao Congresso, a outras ag8ncias?ederais, empresas, atR universidades e organizaç@es de caridade ; emresumo, a todas as organizaç@es humanas. %al como R necess5rio aosindiv(duos aceitar e atR $endizer os desa6os colocados aos seus mapas derealidade e modi operandi, se >uiserem evoluir em sa$edoria e em

    e6ci8ncia, tam$Rm R necess5rio s organizaç@es aceitar e $endizerdesa6os, se >uiserem ser vi5veis e progressivas. Nste ?acto tem vindo a sercada vez mais reconhecido por indiv(duos como Lohn 4ardner da CausaComum, para >uem R claro >ue uma das tare?as mais eHcitantes eessenciais >ue a nossa] sociedade en?renta nas prHimas dRcadas Rconstruir, na estrutura $urocr5tica das nossas organizaç@es, uma a$ertura euma resposta institucionalizadas ao desa6o >ue su$stituir5 a resist8nciainstitucionalizada >ue R t(pica correntemente

    2A

     

    # tend8ncia para evitar o desa6o est5 tão omnipresente nos seres humanos>ue pode ser considerada uma caracter(stica da natureza humana. Mas, porlhe chamarmos natural, não >uer dizer >ue sea um comportamentoessencial, $enR6co ou imut5vel. %am$Rm R natural de?ecar nas calças enunca lavar os dentes. 9o entanto, ensinamo;nos a ?azer o >ue não R

    natural atR >ue se torne uma segunda natureza. 9a verdade, a auto;disciplina podia ser de6nida como o ensinarmo;nos a ?azer o >ue não Rnatural. Outra caracter(stica da natureza humana talvez a >ue nos tornamais humanos ; R a nossa capacidade de ?azermos o >ue não R natural, detranscendermos e da( trans?ormarmos a nossa prpria natureza.

    9enhum acto R menos natural, e portanto mais humano, >ue o acto de nossu$metermos psicoterapia. Por>ue, por esse acto, a$rimo;nos

    deli$eradamente ao mais pro?undo desa6o por parte de outro ser humano eatR lhe pagamos pelo serviço de escrut(nio e discernimento. Nste colocarmo;nos a$ertos ao desa6o R uma das coisas >ue o deitarmo;nos no so?5 dopsicanalista pode sim$olizar. Su$metermo;nos psicoterapia R um acto damaior coragem. # razão principal por>ue as pessoas não ?azem psicoterapianão R a ?alta de dinheiro, mas sim a ?alta de coragem. &sto inclui mesmomuitos psi>uiatras >ue, por >ual>uer razão, nunca acham convenientesu$meterem;se a terapia, apesar de terem ainda mais raz@es >ue os outrospara se sueitarem disciplina >ue ela envolve. Por outro lado, R porpossu(rem essa coragem >ue muitos doentes, mesmo no in(cio da terapia econtrariamente sua imagem estereotipada, são mais ?ortes e saud5veis>ue a mRdia.

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    Sendo a psicoterapia uma ?orma limite de nos a$rirmos ao desa6o, asnossas interacç@es mais $anais o?erecem diariamente oportunidades dearriscar a a$ertura! unto da m5>uina da 5gua, em reunião, no campo de

    gol?e, mesa de antar, na cama com as luzes apagadasW com os nossoscolegas, che?es e

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    empregados, com os nossos companheiros, amigos, amantes, com os

    nossos pais ou 6lhos. Uma senhora muito $em penteada, >ue se tratoucomigo durante algum tempo, começou a pentear;se de cada vez >ue selevantava do so?5 no 6m de uma sessão. Comentei este novo padrão decomportamento. K_5 umas semanas atr5s o meu marido reparou >ue eutinha o ca$elo achatado atr5s >uando regressei da sessão,K eHplicou ela,corando. KNu não lhe disse por>u8. %enho medo >ue ?aça troça de mim sesou$er >ue me deito no so?5 a>ui.K Portanto, t(nhamos outra >uestão paraanalisar. O grande valor da psicoterapia deriva do grau em >ue a disciplinaenvolvida durante a Khora de cin>uenta minutosK passa para os a?azeres erelaç@es di5rios do paciente. # cura do esp(rito não 6ca completa atR >ue a

    a$ertura ao desa6o sea uma ?orma de vida. Nsta mulher não estariacompletamente $em en>uanto não conseguisse ser tão directa com omarido como era comigo.

    Nntre todos os >ue vão ao psi>uiatra ou ao psicoterapeuta, muito poucosprocuram inicialmente, de uma ?orma consciente, o desa6o ou a educaçãona disciplina. # maior parte procura apenas Kal(vioK. 3uando perce$em >uevão ser desa6ados, mas tam$Rm apoiados, muitos ?ogem, e outros sentem;se tentados a ?ugir. Nnsinar;lhes >ue o nico al(vio verdadeiro advir5 atravRs

    do desa6o e da disciplina R uma tare?a delicada, muitas vezes longa e?re>uentemente sem sucesso. 'alamos, portanto, de KseduzirK os doentespara a psicoterapia. N podemos re?erir;nos a doentes a >uem tratamos h5um ano ou mais, dizendo K#inda não se iniciaram realmente napsicoterapiaK.

    9a psicoterapia, a a$ertura R especialmente encoraada ou eHigida,dependendo do ponto de vista- atravRs da tRcnica de Klivre associaçãoK.3uando se utiliza esta tRcnica, diz;se ao doente! K%raduza em palavras o>ue >uer >ue lhe venha mente, por mais insigni6cante, em$araçoso,

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    doloroso ou sem signi6cado >ue pareça. Se lhe vier mente mais de umacoisa

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    de cada vez, deve escolher a>uela da >ual sente mais relutQncia em ?alar.KV mais ?5cil dizer do >ue ?azer. #pesar de tudo, os >ue se es?orçamconscienciosamente, duma maneira geral, progridem rapidamente. Masalguns resistem de tal maneira ao desa6o >ue se limitam a 6ngir >ue ?azemlivre associação. Pairam muito so$re isto e a>uilo, mas omitem ospormenores cruciais. Uma mulher R capaz de ?alar durante uma hora deeHperi8ncias desagrad5veis da in?Qncia, mas não mencionar >ue o marido acon