© by Graciela Constantino,...

263

Transcript of © by Graciela Constantino,...

Page 1: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos
Page 2: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

© by Graciela Constantino, 2009.

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecada Faculdade de Educação/UNICAMP

Título em inglês : Theopric and practical in Carrier Guidance Keywords : Career guidance; Psychodrama; Dramatic games; Adolescence; Identity; Education; HealthÁrea de concentração : Psicologia educacionalTitulação : Doutora em EducaçãoBanca examinadora : Prof. Dr. Valério José Arantes (Orientador) Profª. Drª. Marinalva Imaculada Cuzin Prof. Dr. Hélio Medrado Profª. Drª. Orly Zucatto Mantovani de Assis Prof. Dr. Sérgio Ferreira do AmaralData da defesa: 13/07/2009Programa de Pós-Graduação : Educaçãoe-mail : [email protected]

Constantino, Graciella.C766t Teoria e prática na Orientação Profissional / Graciela Constantino. – Campinas, SP: [s.n.], 2009.

Orientador : Valério José Arantes. Tese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação.

1. Orientação profissional. 2. Psicodrama. 3. Jogos dramáticos. 4. Adolescência. 5. Identidade. 6. Educação. 7. Saúde. I. Arantes, Valério José. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação. III. Título.

09-204/BFE

Page 3: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

iii

Dedico este estudo ao meu pai (in memorian) e a

minha mãe, pelo compromisso de me conduzirem sem

pouparem esforços no caminho do conhecimento;

como também aos meus sobrinhos adolescentes: Julio

Neto e Isabela, por inspirarem compreensão a respeito

da Geração Zapping.

Page 4: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

v

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela centelha divina que, iniciou a família constituída por Julio (in memorian) e

Maria Regina, sempre incentivando e sugerindo portas para um mundo de oportunidade e

trabalho.

Aos mestres, amigos, colegas, pelo prazer de compartilhar.

Aos professores da banca examinadora por aceitarem contribuir desse Exame de Defesa.

Ao Prof. Dr. Valério, orientador sábio e cauteloso, a quem respeito e admiro pela

competência, dinamismo, humildade e solidariedade, que me proporcionou segurança diante do

percurso teórico pantanoso atravessado, agradeço-te pelos valiosos ensinamentos.

Aos Pró-Reitores, Diretores, Coordenadores, à Chefia de Departamento de Pedagogia, e à

Instituição UNEMAT — como um todo — na atual administração do Prof. Ms. Taisir Mahmudo

Karim.

Aos funcionários da UNEMAT, em especial aos do Campus Universitário “Jane Vanini”,

de Cáceres, Mato Grosso e aos do Departamento de Pedagogia: Andernice, Anderluci, Joilson,

Reginaldo.

Aos alunos da extinta Escola de Aplicação e Valorização Humana “Lázara Faqueiro de

Aquino”, da Faculdade de Educação da UNEMAT, na qual pude aprender costumes cacerenses e

conviver com crianças e adolescentes que me ensinaram a valorizar a vida, nas pequenas

expressões do dia-a dia.

À Nadir Camacho, funcionária da secretaria de Pós-Graduação da Faculdade de Educação

da Unicamp, atenciosamente agradeço-te; e também aos demais colegas daquela repartição

administrativa.

Aos amigos (as) que atentamente ouviram queixas e satisfações desse momento precioso

da vida. Aos colegas de curso, em especial, meus bons amigos do grupo de pesquisa, Mary e José

Dias, que diante das adversidades apoiaram-me e incentivaram-me. Os meus agradecimentos pela

socialização de conhecimentos, sugestões e amizade inesquecível.

Page 5: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

vi

Aos amigos e amigas da Faculdade de Educação da Unicamp, parceiros de discussões,

expectativas conhecimentos.

Agradecimento especial aos Coordenadores, Professores e alunos do Ensino Médio,

parceiros na implantação da Orientação Profissional na Universidade do Estado de Mato Grosso

(UNEMAT).

Agradeço também aos brilhantes professores participantes do primeiro Mini-Curso de

Orientação Profissional, implantando o SOP (Serviço de Orientação Profissional) na

Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT).

A todos que contribuíram direta ou indiretamente com essa Tese, uma realização pessoal e

profissional, meus sinceros agradecimentos.

Page 6: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

vii

A época moderna encontra-se, sobretudo, sob o signo da liberdade subjetiva. Essa se realiza na sociedade como um espaço, assegurado pelo direito privado, para a persecução dos interesses próprios; no estado como participação fundamental, em igualdade de direitos, na formação da vontade política; na esfera privada como autonomia e auto-realização ética e, finalmente, na esfera pública como processo de formação que se efetua através da apropriação da cultura tornada reflexiva (HABERMAS).

Page 7: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

ix

RESUMO

Essa pesquisa legitimou o Serviço de Orientação Profissional na Universidade do Estado de Mato

Grosso (UNEMAT), sendo realizada no Campus Universitário regional “Jane Vanini” do

município de Cáceres-MT, um local conhecido como Pantanal, Brasil. Objetivou colaborar com

as escolhas profissionais de adolescentes, minimizando a desinformação da escola do ensino

médio em relação à temática e, as escolhas errôneas causadoras de evasões nos cursos

universitários. Acrescenta contribuições acadêmicas teóricas e práticas na temática. A

metodologia utilizada foi a qualitativa, a quantitativa e a Sociométrica, utilizando-se de pesquisa

bibliográfica e de campo, com entrevistas dirigidas aos Gestores da Universidade e aos

Cordenadores das dez escolas do ensino médio local, Questionários junto a professores e alunos

e, uma formação teórica e prática destinada aos professores do Ensino Médio. A globalização

produz uma massificação cultural, um descentramento de sujeito, em que as identidades estão

homogeneizando-se de acordo com o consumo ditado pela órbita do mercado. Nesse contexto, o

adolescente está desorientado em suas escolhas profissionais. A educação colabora com a crise de

sentidos ao não atender o paradigma estético. Políticas públicas direcionadas à Orientação

Profissional minimizam a desinformação, a dúvida na escolha de profissão, as evasões, pois ao

auxiliar o centramento do sujeito, contribuí-se para escolhas mais assertivas e para a satisfação

pessoal e profissional, colaborando-se também com as organizações flexíveis, e o bem-estar

social.

Palavras Chave: Orientação Profissional, Psicodrama, Jogos Dramáticos, Adolescência,

Identidade, Educação, Saúde.

Page 8: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

xi

ABSTRACT

This research legitimated a Career Guidance Service at University in Mato Grosso state in

Cáceres-MT, regional University headquarter placed in Pantanal, Brazil. Objectived to

collaborate with adolescents choose their careers, and minimizing the information few in high

school relationships a matter, their wrong choices has been evasion in the colleges degreies. The

thesis adds has brought academical theoric-practical contributions related in matter. The

methodology used was a qualitative, a quantitative, and sociometrics analyses. Studies making

use of biographical and in the field research through interviews with chancellors, principals,

coordinator, questionnaires for teachers and students and vocation training for teachers from

public and private high schools. The globalization makes a cultural mass, decentralizing the

subject where identities have been homogenized according to the consumption established by the

market orbit. In this context, adolescents have been confused about future careers, and Education

has not met the aesthetic paradigm. Public politics focused on Career Guidance minimize the few

information, the doubt choose careers, and evasions when helping to center people and so they

contribute to more assertive choices and personal and professional satisfaction of flexible

organizations and social wellness.

Keywords: Career Guidance, Phychodrama, Dramatic games, Adolescence, Identity, Education,

Health.

Page 9: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

xiii

LISTA DE SIGLAS

AIOSP – Associação Internacional de Orientação Escolar de São Paulo

IAEVG – Associação Internacional de Educação e Orientação Profissional

CRUB − Conselho dos Reitores das Universidades Brasileiras

DASP − Departamento de Administração do Serviço Público

DCE − Diretório Central dos Estudantes

EMAJ − Escritório Modelo de Assistência Jurídica

FAE – Faculdade de Educação

FAED − Faculdade de Educação

FE − Faculdade de Educação

GEINE – Grupo de Estudos de Educação Inclusiva e Necessidades Educacionais Especiais

IDORT − Instituto de Organização Racional do Trabalho

ISOP − Instituto de Seleção e Orientação Profissional

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais

SEDUC − Secretaria de Educação do estado de mato Grosso

SENAC – Serviço Nacional de Aprendizado Social ou Serviço Nacional de Formação Profissional.

SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SESC − Serviço Social do Comércio

SOP − Serviço de Orientação Profissional

PEFOPEX – Programa Especial de Formação de Professores em Exercício

PROEC − Pró-Reitoria de Educação e Cultura

PROEG − Pró-Reitoria de Educação e Graduação

UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais

UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas

UNEMAT – Universidade do Estado de Mato Grosso

MEC – Ministério da Educação e Cultura

Page 10: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

xv

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 001 CAPÍTULO 1 − ORIGENS E CONCEITOS DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL ARTICULADOS À TEORIA DO PSICODRAMA ..............................................................................

009

1.1. Psicodrama na Orientação Profissional .................................................................................... 029

CAPÍTULO 2 − IDENTIDADE, DIFERENÇAS E EXCLUSÃO: CONEXÕES COM A EDUCAÇÃO E A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL ..........................................................................

053

CAPÍTULO 3 − DIALOGANDO COM A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL: ENCONTROS NA INTERFACE PSICODRAMÁTICA ....................................................................................................

069

3.1. Formação de Professores em Orientação Profissional ........................................................... 075

3.2. Síntese das Avaliações da Formação de Professores em Orientação Profissional Dirigido ao Ensino Médio da Rede Pública e Privada do Município de Cáceres, MT .........................................................................................................................................................

092

3.3. Análise e Interpretação dos Dados das Avaliações da Formação de Professores em

Orientação Profissional..................................................................................................................

094

CAPÍTULO 4 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE SOCIOCULTURAL SOB O OLHAR PSICODRAMÁTICO ............................................................................................................................

4.1. Apresentação dos Campis: Cursos de Graduação, Especializações e Pós-Graduações com os Demonstrativos dos Projetos de Pesquisas de Extensão e Cultura e os Cursos Regulares, Dados da Educação Indígena, do Ensino à Distância e Quadro de Vagas do Vestibular - UNEMAT ................................................................................................................................................................

099

109

METODOLOGIA DA PESQUISA ..................................................................................................... 121

1. Caracterização da Pesquisa........................................................................................................ 121

2. Sujeitos da Pesquisa ................................................................................................................. 124

3. Problema.................................................................................................................................... 125

4. Justificativa ............................................................................................................................... 125

5. Objetivos .................................................................................................................................. 126

5.1. Objetivo Geral .................................................................................................................. 126 5.2. Objetivos Específicos ...................................................................................................... 126 6. Procedimentos para Coleta das Respostas ................................................................................ 127 6.1. Testes Sociométricos da Formação de Professores em Orientação Profissional................ 129 7. Orgãos Administrativos da UNEMAT Participantes da Pesquisa.............................................. 131

8. Escolas Públicas e Privadas do Ensino Médio do Município de Cáceres, MT ......................... 131

9 Amostragem Geral dos Participantes da Pesquisa...................................................................... 132

Page 11: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

xvi

10. Amostragem Populacional dos Professores e Alunos das Escolas do Ensino Médio Público e Privado do Município de Cáceres, MT........................................................................................

133

ANÁLISES E INTERPRETAÇÃO DA COLETA DE DADOS ................................................... 135

1. Apresentação da Análise e Interpretação da Coleta de Dados................................................... 135 1.1. Análises Quantitativa dos Dados Pesquisados................................................................... 136 1.2. Gráficos Referentes aos Sujeitos da Pesquisa ................................................................... 137 1.3. Análise Sociométrica ........................................................................................................ 145 1.4. Análise Qualitativa: Categorização das Análises e Interpretações da Coleta de Dados das

Entrevistas e dos Questionários dos Sujeitos da Pesquisa.................................................. 148

1.4.1. Categoria A: Percepções dos Gestores ..................................................................... 149

1.4.2. Categoria B: Necessidades de Intervenções ............................................................ 151

1.4.3. Categoria C: Expectativas de Intervenções. ............................................................. 154

1.5. Categorias de Análise e Interpretação dos Questionários Dirigidos aos Professores das Escolas Públicas e Privadas do Ensino Médio .........................................................................

156

1.5.1. Categoria A: Necessidades dos Professores .............................................................. 157 1.5.2 Categoria B: Expectativas dos Professores. .............................................................. 159

1.5.3. Categoria C: Dúvidas dos Alunos na Percepção dos Professores .............................. 161

1.6. Categorias de Análise e Interpretação dos Questionários Dirigidos aos Alunos das Escolas Públicas e Privadas do Ensino Médio. .........................................................................

164

1.6.1. Categorias A: Necessidade do Serviço de Orientação Profissional............................. 164

1.6.2. Categorias B: Expectativas dos Adolescentes ........................................................... 167

1.7. Análise e Interpretação dos Testes Sociométricos da Formação de Professores em Orientação Profissional...............................................................................................................

171

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES .............................................................................................. 175 REFERÊNCIAS IBLIOGRÁFRICAS ................................................................................................ 193 BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS ................................................................................................

203

ANEXOS ............................................................................................................................................... 213 ANEXO 1 – Projeto Piloto: A Relevância da Realização do Serviço de Orientação Profissional

Focado nas Escolas Públicas e Privadas ....................................................................................... 214

ANEXO 2 – Entrevistas Dirigidas aos Gestores da UNEMAT .................................................... 238

ANEXO 3 – Entrevistas aos Coordenadores de Escolas Públicas e Privadas do Ensino Médio..............................................................................................................................................

241

ANEXO 4 – Questionário para o Professor do Ensino Médio ..................................................... 245 ANEXO 5 – Questionário para o Aluno do Ensino Médio........................................................... 246 ANEXO 6 – Questionário para o Aluno do Ensino Médio utilizado na Formação de

Professores em Orientação Profissional ....................................................................................... 247

ANEXO 7 – Certificado da Formação de Professores em Orientação Profissional....................... 255

Page 12: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

1

INTRODUÇÃO

O homem contemporâneo, colocado diante das múltiplas funções que deve exercer, pressionado por múltiplas exigências, bombardeado por um fluxo ininterrupto de informações contraditórias, em aceleração crescente que quase ultrapassa o ritmo orgânico de sua vida, em vez de se integrar como ser individual e social, sofre um processo de desintegração. Aliena-se de si, de seu trabalho, de suas possibilidades de criar e de realizar em suas vidas conteúdos mais humanos (FAYGA OSTROWER, 2003, p.05).

Há uma desconsideração por parte das políticas públicas quanto à Orientação Profissional.

Tal descaso está comprometendo a competência profissional e, em uma esfera mais ampla, (des)

valorizando ainda mais o trabalhador brasileiro e a sua saúde.

As primeiras indagações nessa área de conhecimento culminando nessa pesquisa

intervencionista possibilitaram a constatação de tais fatos, iniciando-se a partir da escuta junto

aos alunos dos primeiros anos de graduação de diversos cursos universitários, sendo constantes

queixas de escolha errônea de curso, insatisfação pelo curso, ou ainda, desistência, em um

período de quinze anos de docência na UNEMAT (Universidade do Estado de Mato Grosso).

Outros questionamentos aconteceram por ocasião da função de Coordenadora da extinta

Escola de Aplicação e Valorização Humana “Lázara Falqueiro de Aquino” da UNEMAT,

contendo à época dezoito professores, ocorrendo reuniões pedagógicas semanais, possibilitando

socializações de conhecimentos interdisciplinares, diálogos a respeito do comportamento

indisciplinado do adolescente e, uma preocupação quanto ao futuro dos alunos diante da

complexidade do sistema educacional e da sociedade da “era das incertezas”, dentre outras

discussões.

Representou um desafio, desenvolver essa pesquisa, já intervindo na formação de

professores em Mato Grosso, fornecendo conhecimentos teóricos e práticos de Orientação

Profissional, utilizando-se dos Jogos Dramáticos da Teoria do Psicodrama e dirigidos aos

professores do Ensino Médio, preparando-os para serem multiplicadores junto às escolas,

objetivando atender a defasagem dessa temática.

A pesquisa destacou como problema fatos, tais como a desinformação das profissões

existentes no mercado, uma desorientação na escolha da profissão, a inexistência de políticas

públicas educacionais para com a Orientação Profissional e, um disciplinamento e automação

Page 13: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

2

histórica na subjetivação da identidade comprometendo a espontaneidade, essencial para a saúde

humana.

Foi uma pesquisa pioneira, exigindo reflexões constantes diante das perplexidades e

indignações, porém o apoio recebido nas orientações e o sentimento prazeroso em finalmente

apresentá-lo, já com a primeira intervenção realizada, com elogios institucionais e dos

participantes, evidencia que foi significativo e proveitoso cada momento desempenhado, cada

indignação, cada satisfação, em prol do bem-estar social.

Nesse sentido, apresenta-se o primeiro Capítulo contendo as origens e os conceitos da

Orientação Profissional articulados à Teoria do Psicodrama, focando as transformações

paradigmáticas: do mecanicista ao sistêmico, pois as novas descobertas das ciências físico-

matemáticas despertaram as ciências humanas para novos conhecimentos e compreensões do

universo.

O caos instalado pela queda das “verdades”, após a década de cinquenta, na segunda

metade do século XX também provocaram transformações nas ciências humanas e sociais,

causando desequilíbrios e novas formas de pensar e agir no mundo. Descreveu-se e

problematizou-se nesse capítulo a Orientação Profissional desde sua episteme, articulando suas

múltiplas dimensões: singular, social, econômica, educacional e cultural.

A Orientação Profissional está remodelando-se, buscando intervenções que possam atingir

e suprir mais prontamente o adolescente a que caminho escolher para o futuro, pois o modelo

cartesiano baseado na psicometria não mais atende o mercado oscilante e flexível, que necessita

de profissionais polivalentes e espontâneos.

A nova organização flexível do trabalho prioriza os conteúdos qualitativos ao invés dos

quantitativos, focando modos de produção, de gerenciamento e relações humanas pela

perspectiva do modelo organizacional toyotista, distantes do tradicional modelo fordista.

O povo brasileiro foi subjetivado desde o Brasil Colônia por princípios éticos balizados

pela educação, moralização e religião, na qual se sabe de dominação e de subserviência, assim

como as relações sociais manipuladas pela tríade Trabalho-Educação-Saúde, de poucas condições

de assistência e o modo de produção gerado pela mão-de-obra escrava.

Somente após a Lei Áurea, com a libertação dos escravos, que o Estado assume a

educação, antes exercida pelos religiosos. Com a República e o advento da industrialização torna-

Page 14: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

3

se necessário profissionalizar os trabalhadores e importar o modelo para recrutamento e seleção

de pessoal.

A Psicologia do trabalho foi a modalidade que administrou os conhecimentos da

Orientação Profissional, tendo como instrumentos a psicometria européia e americana, causa de

sua extinção no contexto educacional que não aceitou os princípios elitistas e importados a que

ela se submeteu.

Ao se reformular e se adequar ao novo mundo do trabalho flexível, visibiliza sua inclusão

na educação desde os primeiros anos da escolarização, pois que cumpre o papel de “ajudar” o

jovem na sua orientação profissional, nas decisões de cursos, ocupações geradoras de auto-

sustento, realização pessoal e a formação de identidade profissional competente que está

articulada à qualificação profissional.

A Orientação Profissional enfocava a quantificação, a produção e, não era comprometida

com os conflitos nas relações pessoais dos trabalhadores brasileiros, isto é, mais associada ao

capital do que a saúde do trabalhador. Ela objetivava com sua prática aumentar a eficiência e a

produtividade e nestas circunstâncias pode ter contribuído para prejudicar a criatividade e a saúde

do trabalhador.

Passa por transformações, por reorganizações de suas técnicas e procedimentos, revendo

seus critérios de maturidade para as escolhas profissionais, baseados nas características de

personalidade: a determinação, a responsabilidade, a autonomia, o autoconhecimento,

conhecimento da realidade educativa e sócio-profissional, e também incluindo outros como

solicita o mercado: a flexibilidade, a auto-superação e o complexo espontaneidade/criatividade.

Há aumento significativo de profissões a cada dia no mercado em função das rápidas

transformações globais, confundindo, causando mais dúvida quanto à escolha da profissão. A

teoria da Psicologia pioneira e, “de ponta” que mais atende a necessidade do mercado toyotista de

relações horizontais, as reflexões dos jovens que se desenvolvem e aprendem nas identificações

secundárias grupais é o Psicodrama.

O percurso do genial criador do Psicodrama, Jacob Levy Moreno, lança luzes à

Psiquiatria e à Psicologia com a teoria e representação de papéis, fazendo com que a humanidade

tenha acesso ao universo subjetivo por meio da dramatização dos personagens da cena, visando

alcançar a espontaneidade total.

Page 15: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

4

Introduziu terminologia própria em dinâmica de grupo, como psicodrama, sociodrama,

sociometria, desempenho de papéis, tele, átomo social, inversão de papéis, etc. Apropriou-se do

teatro para desenvolver sua teoria e método adaptando-os ao contexto clínico e psicopedagógico,

formando psiquiatras, psicólogos, professores, pedagogos, tornando-os especialistas em relações

humanas em todo o mundo.

O Psicodrama, de embasamento filosófico fenomenológico e existenciais, de concepção

holística, confia no ser humano enquanto ser de interação, de socialização, bem diferente da

concepção do sujeito psicanalítico: frustrado e cindido desde o nascimento por perder o estado de

completude, de unicidade com a mãe, o seu universo. Sendo o sujeito psicodramático cósmico e

relacional e, a Socionomia, de interesse das Ciências Sociais e Humanas é a base da Psicoterapia

de grupo.

As suas pesquisas, como “As grandes sínteses”, inovam e inscrevem na Psiquiatria e na

Psicologia uma nova era de intervenção em saúde mental, desconstruindo antigas e limitadas

compreensões de sujeito e de mundo que restringem o psiquismo em seu tempo, espaço,

realidade e cosmos.

Moreno apresentou para a humanidade uma concepção ética e existencial de valorização

das dimensões humanas, da conscientização, de possibilidade da liberdade para escolhas

cotidianas mais responsáveis e também relações humanas mais autênticas, sinceras, espontâneas e

saudáveis.

Ao articular os quatro elementos universais que tangenciam as ciências possibilitou novas

compreensões e intervenções na Psiquiatria, Psicologia e Psicopedagogia, pois apresentou sua

Teoria imersa em paradigmas transformadores como o sistêmico e inter-relacional de Frijof

Capra, o da complexidade Edgar Morin e, interativos de Jean Piaget.

Os Jogos Dramáticos possibilitam o rebaixamento da ansiedade, do clima de tensão,

proporcionando campo relaxado, contexto mais tranquilo e alegre tanto ao jovem adolescente

para a promoção do autoconhecimento e (re) orientação na escolha da profissão, como ao

trabalhador ao qual já se exige flexibilidade e polivalência, colaborando para o bem-estar do

mundo do trabalho atual toyotista que requer profissional centrado e espontâneo, não perturbado

pelas neuroses e descomprometido com a realidade social.

Page 16: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

5

A ação dramática presente nos Jogos do Psicodrama objetiva promover o “encontro” e a

emergência do complexo espontâneo-criativo do jovem, harmonizando e auxiliando a

reorganização interna, colabora-se com uma formação moral mais ética de Habermas.

A realidade conhecida como globalizada em que possibilita o acesso do jovem às outras

culturas sem sair de casa, utilizando-se da Internet, mas que por outro lado está produzindo

personalidades padronizadas, de acordo com cada órbita do mercado, independente do contexto

geográfico, nacional, cultural e local.

Há um mercado global apresentado como capaz de homogeneizar o planeta, (des)

norteado pelas políticas internacionais, desvalorizando as culturas locais, na qual os padrões de

consumo são produzidos pela mídia que atende aos desejos financeiros do mercado dominante,

que estimula o culto desenfreado ao consumo como se o mundo mais belo e estético fosse a

padronização, a massificação das identidades ditada pela mídia, e não as relações humanas

horizontais, isto é, transparentes e sinceras, também roubando a poesia, a arte, a estética e

distanciando o sujeito da essência humana criadora.

Os adolescentes buscam autoconhecimento, auto-apoio, esclarecimento de suas dúvidas,

sendo necessário o grupo rumo à identidade, para a transição ao mundo externo, pois a conduta

do adolescente está balizada pela “normal anormalidade” em que os processos de mecanismos de

projeção, introjeção e dissociações são intensas.

Vivenciam uma personalidade permeável, mutante, com freqüentes mudanças de humor

acompanhadas de depressão e luto. A experiência grupal baliza a identidade adulta e, com os

novos valores, hábitos, costumes e identificações, se auto-define, aprende a desempenhar novos

papéis sociais e profissionais.

No segundo capítulo foram relacionadas as temáticas da identidade, da diferença e da

exclusão, se destacando as conexões com a educação, pois, contribui para a formação de

identidades mais espontânea e criativa, nessa perspectiva, significa o olhar inclusivo e de respeito

às diferenças individuais, sociais e culturais; além de significar a valorização de habilidades

construídas sócio-historicamente.

Incluindo a Orientação Profissional como eixo transversal em seu currículo, colabora-se

para que haja profissionais mais satisfeitos no mercado de trabalho e mais bem-sucedidos, com

mais competência profissional.

Page 17: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

6

Por essa razão, a Orientação Profissional se reformula, adaptando-se ao cidadão do novo

milênio, considerando como fundamental a formação da cidadania, pois em tempos de

desintegração da percepção de si e do outro, há uma “crise de sentidos” por um lado e por outro

uma geração Zapping, descentrada, com afeto deslocado para os instrumentos da mídia: vídeos-

game, chats de relacionamentos, Orkut, Messenger, MP3, MP4, Ipods, celulares e outros.

Ao atender as dimensões cognitivas e afetivas, o Serviço de Orientação Profissional

(SOP) contribui para a busca de sentidos que remete à necessidade de realização, pois intervém

nas necessidades de estimulação, de motivação e de valorização humana. Se a perspectiva

educacional é formar cidadãos autônomos e “lançando luzes” ao paradigma estético, o resgate da

espontaneidade lhe é parceiro.

Oferecer possibilidade para despertar a potencialidade criativa citada por Guatarri e o

acesso aos valores do paradigma estético, potencializar a percepção do novo, desequilibrando as

conservas culturais, se combate o medo que imobiliza o desejo e, colabora-se com a

espontaneidade, contribuindo para com o processo de vir-a-ser, cujos valores são o Bem, o Belo e

o Verdadeiro, sendo capaz de reinventá-lo, transformá-lo.

A Educação ao utilizar o Psicodrama seja como recurso pedagógico ou psicopedagógico

contribui para um prazeroso, autêntico ato pedagógico, para relações humanas horizontais,

combatendo a “trincheira” que se tornou a prática da docência.

No terceiro capítulo apresenta um diálogo entre a Orientação Profissional e o Psicodrama,

composto por doze Encontros de Profissionais da Educação, no formato de uma formação de

professoras na Orientação Profissional, registrada por fotografias e contendo as sínteses das

avaliações dos professores participantes.

A metodologia dessa pesquisa se fundamenta na pesquisa qualitativa, quantitativa a partir

de elaboração de tabelas e de gráficos, e metodologia psicodramática a partir de sociogramas,

também embasada na fenomenologia. Contou com os instrumentos da Entrevista, sendo dirigida

aos Gestores da Universidade do Estado de Mato Grosso e aos Coordenadores das Escolas

Públicas e Privadas de Ensino Médio e com o Questionário efetuado junto aos professores e

alunos dessas escolas.

Objetivando implantar o Serviço de Orientação Profissional na Universidade do Estado de

Mato Grosso (UNEMAT), foi realizada pesquisa bibliográfica de diversos referenciais teóricos,

como também de campo, possibilitando a identificação, as análises e interpretações das

Page 18: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

7

informações, das necessidades, das expectativas e sonhos e, a insuficiente intervenção nessa área

do conhecimento.

Compreendeu-se a partir das análises e interpretações dos dados das entrevistas dirigidas

aos Gestores da Universidade que, a ausência de políticas públicas educacionais em Orientação

Profissional está inviabilizando escolhas profissionais mais assertivas, ao mesmo tempo gerando

evasões dos cursos universitários, comprometendo o quadro de vagas da universidade.

Através dos questionários dirigidos aos alunos se percebeu uma desinformação de

profissões, dúvidas nas escolhas, gerando insegurança em relação às expectativas e sonhos para o

futuro, conseqüente da percepção da instabilidade do mundo do trabalho dos pais, deixando a

escolha profissional para o final do Ensino Médio.

Atendendo as necessidades codificadas na categorização dos dados de acordo com

“núcleos de sentido” de Bardin e mensuração deles por meio de tabelas e gráficos, foi realizado a

primeira formação em Orientação Profissional junto aos professores do Ensino Médio e, as

análises e interpretações da coleta de dados, obtidas nas avaliações demonstram o sucesso da

implantação do Serviço de Orientação Profissional (SOP) e a expectativa da continuidade desse

trabalho, que será realizado a partir de um Projeto de Extensão da Universidade do Estado de

Mato Grosso, correspondendo à solicitação dos sujeitos da pesquisa.

Na análise e interpretação dos dados coletados, foi constatada a necessidade do Serviço de

Orientação Profissional e ao implantá-lo na Universidade do Estado de Mato Grosso

(UNEMAT), cumpriram-se os objetivos dessa pesquisa, fornecendo uma formação de

conhecimentos teóricos e práticos aos primeiros participantes da rede Pública e Privada do

Ensino Médio.

A implantação desse projeto busca contribuir para a minimização da evasão dos cursos

universitários, com o conhecimento das profissões existentes no mercado, escolhas mais

assertivas e profissionais mais satisfeitos pessoal e profissionalmente, podendo essa escolha

representar oportunidade única para se cursar o Ensino Superior numa universidade pública e

poder contribuindo para com o bem estar e o desenvolvimento social e econômico de sua

localidade.

Entretanto, vale ressaltar que a crença no Serviço de Orientação Profissional (SOP) para o

Estado, intervindo junto aos professores do Ensino Médio, não significa solucionar todos os

outros conflitos apresentados, mas ao esclarecê-los e promover meios para minimizá-los, se

Page 19: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

8

espera colaborar para a formação de melhores cidadãos cósmicos, de hoje e dos próximos

milênios.

Page 20: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

9

CAPÍTULO 1

ORIGENS E CONCEITOS DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

ARTICULADOS À TEORIA DO PSICODRAMA

O homem é algo mais que um ente psicológico, biológico, social, e cultural: é um ente cósmico. Porque o bem é co-responsável por todo o universo, por todas as formas de ser e por todos os valores, ou sua responsabilidade não significa absolutamente nada... Além da “vontade de viver” de Shopenhauer, da “vontade de domínio” de Nietzsche e da “vontade de valer” de Weininger, proponho a “vontade do supremo valer”. A partir daí, apresento a hipótese de que o cosmos em devir seja a primeira e última existência e o valor supremo (MORENO, 1978, apud Martín 1972, p.18).

A complexidade e a perda de certeza devido à crise estrutural instalada diversas realidades

contemporânea-econômica, social, política e moral, evidenciando o caos, remete à indagações a

respeito da existência e ao desenvolvimento do pensamento, tornando-o relativo, paradoxal, e

refletir a Orientação Profissional pela ótica da era da incerteza, do caos, desmascarando

“verdades” construídas historicamente, torna-se um desafio.

Já que, atualmente a Orientação Profissional objetiva remodelar-se, reconstruir-se no

terreno pantanoso que ela edificou-se, gerando profunda mudança de percepção quanto ao seu

papel na sociedade e contribuindo para o pensamento do jovem hoje se adaptar a um mercado de

trabalho instável e às mudanças paradigmáticas dessa era de incertezas, dentre eles, o paradigma

técnico-organizacional.

Situando na história as mudanças paradigmáticas dos dias atuais, por exemplo: o

paradigma técnico-organizacional, que refletem diretamente na Psicologia e na Orientação

Profissional, anteriores à segunda metade do século XX, em que físicos como Werner

Heisenberg, Albert Einstein, e Neils Borh, pesquisadores da estrutura dos átomos, da natureza

dos fenômenos subatômicos e da expansão do universo, colocaram o mundo em contato com a

nova realidade e visão de mundo.

Um universo concebido a partir do paradigma sistêmico, não mais estático, mas dinâmico,

complexo, interdependente:

(...) o mundo material que então observavam já não se assemelhava a uma máquina, construída de uma multidão de objetos distintos; surgia - lhes em vez disto, como um todo indivisível, uma rede de relações que incluía o observador humano de modo essencial (CAPRA, 2005, p. 13).

Page 21: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

10

A ciência clássica concebia o universo de forma linear, estável e determinado, hoje e, a

partir dos novos instrumentos, sabe-se que há instabilidades e flutuações, bifurcações e, em

ciências humanas e sociais há desterritorializações reinando a idéia de assimetria, de desconexão,

de descentramento e de transformação nesse período de transição, permitindo que “a ciência nos

dê do futuro uma imagem menos mutilante do que o desenvolvimento automático das leis

deterministas clássicas” (PRIGOGINE, 1993, p.44).

As transformações e inovações, advindas de novas descobertas, bem como dos avanços na

microeletrônica, desencadearam uma reestruturação em todas as atividades industriais e de

serviços, assim como nas estruturas das organizações e no próprio comportamento das pessoas,

para que se adaptassem ao uso de computadores e de novos instrumentos de comunicação nas

indústrias, possibilitando uma série de inovações e transformações nas organizações e na gestão.

Nesse platô, direcionando-o às ciências humanas, focando a Psicologia e, por fim, a

Orientação Profissional, há inquietação quanto à formação do cidadão do futuro, não mais

desconectado do mundo do trabalho. Assim, se pensa a Orientação Profissional como eixo

educativo, em que se aplicada desde o início da escolarização promoverá escolhas profissionais

mais bem adaptadas à cultura do jovem aluno.

A nova organização flexível do trabalho coloca em questão os pressupostos tradicionais e

o conteúdo qualitativo passa a ser valorizado, tornando utópico articulá-lo à Orientação

Profissional, se não dimensioná-lo às multiplicidades de referências teóricas, concebendo a

segunda como salutar na conectividade triádica: Trabalho-Educação-Saúde.

As transformações no modelo organizacional geradas pela revolução tecnológica e

consequentes adaptações ao mundo da microeletrônica, geraram mudanças estruturais, em que

opõe a centralização à descentralização, a alta hierarquização inerente às organizações

burocráticas a horizontalização das estruturas organizacionais, a organização das tarefas por

especialidade à organização flexível e multifuncional, e uma estrutura totalmente voltada ao

produto, agora orientada ao mercado-cliente.

Diante do novo modelo de mercado, novas adaptações são constantes e também a

Psicologia que administra os conhecimentos da Orientação Profissional, legitimando um modelo

elitista de atingir a sociedade, revê formas mais condizentes de atuar e atingir o jovem diante das

transformações globais e do aumento do número de profissões no mercado.

Page 22: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

11

Também a Orientação Profissional busca novas saídas para atender a esse novo mercado

de multiprofissões e dúvidas em suas escolhas. Contudo, anteriormente a essa problematização,

será descrito o contexto histórico do surgimento da Psicologia no Brasil e, consequentemente, da

Orientação Profissional.

A histórica da Psicologia no Brasil inicialmente restringiu-se à observação do pensamento

e do comportamento, na época do Brasil Colônia, aparecendo “nas obras literárias dos religiosos

dos séculos XVII e XVIII, associando pensamentos psicológicos à educação, à moral, e à

religião” (MOTTA, 2005, p. 61).

O interesse e a reflexão da evolução do pensamento e do comportamento revelam-se em

obras de outros campos do conhecimento: a teologia, a pedagogia, a medicina, a política e a

arquitetura, daquele período. No Brasil Colônia, a formação da cognição e a cristalização dos

comportamentos foram inscritas a partir da educação, da moralização e da religião, exercendo

mecanismos de controle e de poder na cultura, remetendo à cognição e ao comportamento um

disciplinamento, um ordenamento histórico:

Os mecanismos disciplinares são, portanto, antigos, mas existiam em estado isolado, fragmentado, até os séculos XVII e XVIII, quando o poder disciplinar foi aperfeiçoado como uma nova técnica de gestão dos homens. Fala-se freqüentemente em invenções técnicas do século XVII; as tecnologias químicas, metalúrgicas, etc. Mas, erroneamente nada se diz da invenção técnica dessa nova maneira de gerir os homens, controlar suas multiplicidades, utilizá-las ao máximo e majorar o efeito útil de seu trabalho e sua atividade, graças a um sistema de poder suscetível de controlá-los (FOUCAULT, 1993, p.105).

À época, o disciplinamento e conseqüente alienação à realidade decorrente dele, eram

exercidos pelas intervenções ideológicas do Estado, da Igreja e da medicina, que se associaram e

subjetivaram a cognição e o comportamento para a ordem e a obediência civil acreditando na

salvação eterna, instaurando os mecanismos de controle e de poder, que resultam na automação e

subserviência do povo brasileiro desde a sua colonização.

Vale recordar, porém, que foi o fracasso da tentativa de aculturar o índio como

trabalhador que incentivou os colonizadores civis e religiosos a adotarem no século XVIII o

escravagismo e a demografia nacional. Desde 1500, calcula-se que houve extermínio de cerca de

dois milhões dos povos indígenas. Ainda sobre os povos indígenas, na legislação portuguesa a

questão era muito contraditória, pois ora os índios eram considerados e aceitos como súditos do

rei, ora desconsiderados e estigmatizados como bárbaros:

Page 23: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

12

Quando convinha considerá-los como súditos, exigia-se deles uma obediência cega às leis de Portugal, codificadas em longas ordenações escritas, impossíveis, portanto, serem compreendidas pelos índios, que não dominavam a leitura e a escrita. Por outro lado, quando se desejava considerá-los como bárbaros e incivilizados. Todas as ações violentas eram aceitas para capturá-los e, segundo a visão dos colonizadores, necessárias para arrancá-los do estágio de barbárie, alcançando-os ao da civilização. Assim, de uma forma como de outra, a violência sobre o índio era aceita e plenamente justificada pelos colonizadores (SIQUEIRA, 2002, p.63).

A educação, tanto para a população indígena quanto para os brasileiros miscigenados, era

tarefa dos religiosos. Com a reforma de 1890, o Estado passa a exercer a função educadora, pois

o desejo desenvolvimentista objetivava a industrialização do país equiparando-os aos grandes

países europeus e a educação passa a ter como meta profissionalizar o brasileiro, com vistas à

modernidade capitalista.

Nessa transição do Brasil colônia e o desenvolvimento da economia do modelo fordista, o

crescimento nos moldes da modernidade precisava trocar a mão-de-obra escrava pelo trabalhador

livre, mas obediente. Para tanto, era preciso educá-los nos parâmetros instituídos pelo projeto do

Estado que detinha o triângulo do poder:

Esse triângulo de poder aparece num mesmo movimento de obediência política; Estado, Igreja e medicina associam-se na busca de saberes e poderes para o controle dos aspectos da vida humana, e por isto cada vértice é complementar. Aos médicos, a salvação do corpo; aos sacerdotes, a salvação da alma; e ao estado, o controle da força de trabalho. (MOTTA, 2005, p.63)

Somente no final do Brasil Império, com os interesses dos trabalhadores, dominantes da

vida política, social e intelectual com seus interesses voltados à modernização, passaram a

postular a extinção do regime de trabalho escravo, de três séculos de exploração e à Lei Áurea na

data de 13 de maio de 1888, junto à liberdade dos cidadãos africanos dela decorrente, que não

significaram a igualdade.

A República marcou novo período na História: a industrialização e, com ela, a influência

européia e americana nos modelos desenvolvimentistas agro-industriais e tecnológicos. A

Revolução Industrial teve como símbolo a máquina a vapor, devido à introdução de máquinas nas

indústrias, inventada em 1769, pelo escocês James Watt (1736-1819).

Sob o prisma do trabalho, esse período promoveu transformações paradigmáticas técnico-

organizacionais, pois por meio das máquinas se faz possível transformação da natureza. Um dos

Page 24: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

13

marcos deste período foi Henri Ford que em 1913, segundo Lisboa “introduz em sua fábrica Ford

Motor Company, em Detroit, um modelo de produção e de gestão baseado em um sistema de

inovações técnicas e organizacionais, tendo como objetivos a produção e o consumo em massa,

mais conhecida como produção em série” (LISBOA, 2002, p. 35).

Nas primeiras décadas do século XX no Brasil havia mão-de-obra e mercado

relativamente concentrado, matéria-prima disponível e em conta, capacidade geradora de energia

e sistema de transportes ligados aos portos.

O desequilíbrio setorial do café gerou mais condições à industrialização e à Orientação

Profissional, trilhando o paradigma determinista vigente à época, visava à produção, à automação

do trabalhador em prol do capital, distanciando ainda mais o homem de sua natureza criativa e o

efetivando como homem-máquina.

Os Estados Unidos da América lideravam o movimento de mecanização, de padronização,

e logo a psicotécnica de berço nesse país, chegam ao mundo industrializado, inclusive ao Brasil,

“com a força de verdade salvadora” (MOTTA, 2005, p.77), sendo criados institutos para o

desenvolvimento pesquisas na área, o Instituto Internacional de Organização Científica do

Trabalho de Genebra e a criação do primeiro Instituto de Organização Racional do Trabalho, o

IDORT.

A concentração demográfica e a urbanização intensificam no sudeste, e com o

crescimento urbano e industrial, os conflitos entre capital e produção e as intervenções dos

anarquistas, reivindicando melhores salários e direitos, conduzem crises nas relações humanas

das indústrias.

O trabalho tem por significado epistêmico a palavra grega tripalium, que se refere ao

antigo instrumento de três pontas usado para tortura, reportando à metáfora de representação

demoníaca de um garfo de três pontas.

Articulando esse instrumento às representações que ele reporta ao nível subjetivo, pode-se

observar que a exploração e a tortura do trabalhador, cruelmente ao desvalorizar o significado

humano das ações exercidas, já que o sujeito é desconsiderado, ou tem menos valia do que a

produção utilitária, como se a vida plenamente equilibrada desde os parâmetros Freudianos não

se depende do “binômio Amor e Trabalho”.

A satisfação no trabalho é base da felicidade e da realização humana, na medida em que o

homem sublimou a libido, a energia vital, instintivamente direcionada da sexualidade às

Page 25: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

14

atividades socialmente aceitas, e filogeneticamente direcionou a agressividade por meio de

renúncias sucessivas ao instinto, gerando frustrações ao ego, entretanto, impulsionando-o para o

trabalho “civilizado”.

Nesse sentido, “o homem civilizado trocou uma parcela de suas possibilidades de

felicidade por uma parcela de segurança” (FREUD, 1996, p.119), considerando felicidade como

bem-estar ou alegria de viver, satisfação pela vida, um equilíbrio entre Eros (Deus grego

representante do amor) regente do instinto de vida, do prazer e Tanathos (Deus grego

representante das trevas, da destruição) operante no instinto de morte, na destruição de si e do

outro, para que ocorra o desenvolvimento da civilização.

Já que Eros e Ananke (Deusa da Necessidade) tornaram-se os pais, os guias da civilização

humana e a satisfação pessoal e profissional, uma garantia de equilíbrio psicológico ao ser

humano, considerando como homem normal àquele que não perturbado por neuroses, psicoses ou

perversões.

Compreende-se a relevância do equilíbrio no relacionamento homem-trabalho, ocorrendo

em meio aos desequilíbrios gerados pelas experiências e adversidades. No final de sua obra,

perguntaram a Freud qual seria a definição para um adulto normal e ele, no estilo singular e

pragmático de final de vida, respondeu: “o homem normal é aquele capaz de tendo como

tradução: ‘amar e trabalhar’” (FIORI, 1981, p.45), originalmente do alemão: “‘lieben und

arbeiten’” Amar no sentido de compartilhar, de dedicação mútua. Trabalhar no sentido de ser útil,

produtivo, transitando com satisfação entre os mundos expressivo e instrumental.

Implicando em maturidade, o cenário da relação entre a vida familiar e a profissional, no

sentido de tornar consciente o que sufoca o inconsciente, com sintomas de conflitos, angústias,

ansiedades e depressões que atrapalham tanto a vida do trabalhador, a produtividade, como a vida

dos seus dependentes.

No platô antropológico, o trabalho foi uma invenção divina que serviu de castigo aos

pecadores expulsos do paraíso, remetendo ao contexto bíblico o caos gerado pela hierarquização

do trabalho. Percebe-se que desde a antiguidade, o trabalho apresenta aspectos distintos nos

diversos segmentos da sociedade, segregando o prestígio social e o menor e maior trabalho

causando perplexidade:

Page 26: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

15

Durante toda a história da humanidade, o trabalho escravo revelou o lado perverso da maldição bíblica. A distribuição desigual de poder entre os homens, com base no trabalho forçado, estabeleceu a categoria de senhores e escravos. Não é de se estranhar, portanto, a quantidade de queixas ligadas às diversas conotações negativas do trabalho: obrigação penosa dever pesado, punição descabida, desprazer inevitável, imposição fatídica, ou seja, fatalidade inexorável para a grande maioria dos homens. Poucos privilegiados escapam a esse cruel destino (MOSCOVICI, 2001, p.129).

O trabalho promove movimento, energia, desequilíbrios, sendo-o necessário para a saúde.

No entanto, quando não há satisfação em exercê-lo, a saúde do trabalhador fica comprometida,

pois a satisfação é fundamental para a saúde empresarial que nesses tempos de globalização

requer: qualidade, produtividade e competitividade, nas quais os profissionais da Psicologia,

principalmente os psicodramatistas, auxiliam as organizações nessa finalidade.

Ideologicamente, a Psicologia do Trabalho atendia a outros paradigmas distantes dos da

solidariedade, integrativo e inclusivo, pois, ao surgir no início do século XX em um contexto de

racionalidade, atendia a princípios éticos distantes dos parâmetros sociais inclusivos de

linearidade do tempo e do espaço, servindo apenas aos critérios da produção, próximos de

princípios (des) humanos do escravagismo.

O ordenamento e o trabalho alienado representado pelos tempos da industrialização, do

fordismo, da modernidade, não foi conivente com os principais aportes das ciências humanas,

atualmente baseadas em premissas éticas de respeito à vida, e sim, em aportes da Psicologia

Científica, primando à eficiência e engajada em encontrar soluções que possam ser recomendadas

aos governantes, gerando lucrabilidade que, do ponto de vista das relações humanas, prevaleceu

às relações verticais.

As verticalidades são espaços de fluxo ou espaços econômicos nos quais acontecem as

relações humanas “portadoras de uma ordem implacável, cuja convocação incessante a segui-la

representa um convite ao estranhamento. Observa-se que, quanto mais “modernizados e

penetrados por essa lógica, mais os espaços respectivos tornam-se alienados” (SANTOS, 2006,

p.108) causando relações humanas pouco participativas e de submissão à hierarquia do poder.

A Psicologia do Trabalho ditada por princípios de ciência comportamentalista objetivava

a produtividade, a quantificação, explicando a compreensão da relação trabalho e capital pela

produtividade, e bem distante da sua importância para a formação e de compreensão empática do

que acontece nas relações de interações humanas para melhor dinâmica e evolução

organizacional.

Page 27: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

16

A nova ciência dedica-se ao saber-fazer do trabalhador seguindo “os passos de análise,

desconstrução, reconstrução, síntese em outros parâmetros de avaliações e de resultados. A nova

síntese fica justificada pela produtividade aumentada do trabalhador, que garante o homem certo

para o lugar certo”(MOTTA, 2005, p. 156). Como se não fosse possível adquirir novas

habilidades, ou mesmo transformar, ou aprimorar outras.

Em um formato excludente aos de menos oportunidades e opções para entrar em um

mercado de trabalho qualificado e para atender à demanda da industrialização emergente da

década de trinta no Brasil, foi o IDORT, na capital de São Paulo, esse órgão inicialmente

responsável pela formação de técnicos aplicadores de psicotécnicos que, mais tarde, selecionaria

o trabalhador mais necessitado e adaptado às demandas empresariais.

Com essa ideologia potencializa-se no ser humano o sentimento de desvalia e de

incapacidade de desenvolver-se e superar-se, perpetuando a escravidão histórica em uma

realidade que “persiste através dos tempos desde sua forma original, direta e clara na antiguidade,

até as formas indiretas e sofisticadas dos nossos dias” (MOSCOVICI, 2001, p.130), conforme foi

submetido o menos privilegiado sócio-culturalmente.

Foi no Estado Novo que o presidente Getúlio Vargas, instaurando um período de ditadura,

fechando o Congresso Nacional e impondo ao país uma nova constituição, conhecida por

“polaca”, inspirada pela Polônia e de tendência fascista, substitui o IDORT por órgãos

governamentais, como o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP).

Em 1938, o Serviço de Seleção Profissional da Estrada de Ferro Central do Brasil e, em

1939, do Laboratório de Politécnica do Senai e, em 1942, “pode-se dizer que o florescimento da

aplicação da Psicologia Organizacional no Brasil, na década de trinta, esteve, em sua maior parte

vinculada ao IDORT” (ZANELLI, 2002, p.29).

Em 1947, o Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP) tornou-se o mais

importante centro de Psicologia Aplicada ao trabalho no país. Tais eventos tiveram participação

direta para a profissionalização do psicólogo no Brasil e, após a regulamentação da profissão,

essas atividades foram encampadas pela Psicometria.

A seleção psicométrica do trabalhador foi construída com base em critérios de eficiência,

bem distante da concepção da necessidade de valorização do ser humano, conforme o objetivo

central das relações humanas, gerando a idéia de que se gera mais lucro com menos custos, e toda

Page 28: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

17

a panacéia da psicometria fica a critério da produção, da quantificação, adestrando e robotizando

o homem e o distanciando da espontaneidade e conseqüentemente da saúde:

Todo trabalho é competição, é velocidade, é acompanhar a máquina, é repetir sem erros para lucrar mais com menos custos. É em primeiro lugar lucro. Por conseguinte é a ciência a serviço do ideário liberal. Para tanto a preocupação com a saúde fica prioritariamente voltada para a sua produtividade, porque como revelou o exemplo analisado, o trabalhador deve formar uma unidade indissolúvel com a máquina (MOTTA, 2005, p. 156).

As primeiras intervenções não se tratavam dos interesses dos trabalhadores, das

necessidades de espaço para a escolha de seu estilo de vida como protagonista de sua história,

adaptando o trabalho às suas habilidades, criando-se uma distância entre a realização pessoal e a

profissional, dicotomizando a relação trabalho-saúde.

Hoje se sabe que é preciso trabalhar, é preciso amar, desenvolver habilidades de dar e

receber afeto, competência profissional e emocional para viver bem, desenvolver habilidades para

executar bem as tarefas, buscando equilíbrio e realização intrapessoal, interpessoal, fazendo da

relação homem-trabalho um elemento inovador criativo..

Felizmente, nos dias atuais, a Psicologia Fenomenológica reconstrói a idéia conservada e

deixada pela Psicologia Comportamentista de que “trabalho é vida”, reingressando a percepção

no movimento de vir-a-ser humano e, portanto, de devir espontâneo, desde que o aqui-agora lhe

seja o contexto que promova liberdade de reinvenção, de possibilidades de novas maneiras de

significar e de “andar” na vida.

Nessa perspectiva, o trabalho passa a ser visto como vivo “porque vivo está o trabalhador

capaz de resistências, lutas, construções e desconstruções, mesmo nos momentos de repressão”

(IDEM, 2005, p.228). No toyotismo, do ponto de vista da relação homem-trabalho, o capital

explora a dimensão cognitiva da classe trabalhadora para que a empresa possa ser mais

competitiva no mercado.

Somente a partir das três últimas décadas do século XX, o acelerado desenvolvimento da

microeletrônica, os avanços das telecomunicações, o incremento da automação possibilitou

mudança radical na operacionalização da produção, não mais baseado no fordismo.

O modelo fordista foi elaborado pelo empresário estadunidense Henri Ford (1863-1947),

fundador do Ford Motor Company, que revolucionou a indústria automobilística na primeira

metade do século XX, cuja característica principal foi o modelo verticalizado, hierarquizado e

Page 29: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

18

rígido de produção em massa, porém, a produção era estocada, sendo necessários enormes

investimentos e grande quantidade de mão-de-obra.

Esse foi o modelo da alienação e automação da banalização da espontaneidade, em que

cada trabalhador executa uma função, com um parco ou nenhum conhecimento de outras funções,

deixando o trabalhador alienado e quando se atrapalha prejudica todas as outras funções

executadas por outros trabalhadores.

O toyotismo, elaborado pelo empresário japonês Taiichi Ohno, surgiu nas fábricas de

montadora de automóvel Toyota, após a Segunda Guerra Mundial, mas se consolidou no cenário

mundial somente na década de setenta, modelo adotado pela globalização e de elemento

principal, o da produção flexível. Ao contrário do fordismo, no qual se estocava a produção, no

toyotismo produz-se somente o necessário, reduzindo ao máximo o estoque.

Essa flexibilização objetiva a produção de um bem exatamente no momento em que fosse

demandado, no chamado Just Time. Dessa forma, ao trabalhar com pequenos lotes, pretende-se a

qualidade dos produtos seja a máxima possível: a Qualidade Total. A crise do petróleo levou as

organizações a aderirem ao toyotismo, pois esse modelo consumia menos energia e matéria

prima, ao contrário do modelo fordista.

Na organização de trabalho toyotista, cujo critério mais relevante é a qualidade total no

processo produtivo, imprime-se a idéia de trabalhadores “polivalentes ou multifuncionais” e

também, semelhante ao fordismo, alienando e distanciando o trabalhador da identificação com o

seu trabalho e com o produto criado, gerando a sensação de impotência diante da própria

produção do trabalho:

No mundo atual, existem dois tipos de setores com relação ao trabalho: um operado por homens que planificam as atividades e ostentam o poder econômico (meios de produção) e outro, composto por aqueles que executam tarefas, vendendo sua força de trabalho aos primeiros, na medida em que não congrega em suas mãos o capital necessário capaz de fazer gerar a produção. E é deste processo polarizado que surge o trabalho alienado, causa da desumanização profissional do homem, quando ele deixa de ser um sujeito identificado com o trabalho que faz e o produto que cria, para converter-se num objeto onde a força do trabalho-mercadoria esta a serviço dos detentores do poder que lucram com isso (TORRES, 2001, p.49).

Há estudos dos impactos sociais das atuais inovações tecnológicas, organizacionais e de

gerenciamento, presentes nos processos de trabalho, de influência do mercado toyotista,

identificando o perfil da força do trabalho como sendo participes ou coniventes com a idéia de

que o trabalho linear segmentado, padronizado e repetitivo, característico do padrão tecnológico

Page 30: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

19

taylorista e fordista, têm sido substituídos por nova modalidade marcada pela integração e pela

flexibilidade.

No entanto, quanto ao trabalhador e do índice de igualdade socioeconômica, a

desigualdade social opera na história da civilização. Ao metaforizá-la, comenta Sennet (2006,

p.54):

(...) o calcanhar-de-aquiles da economia moderna, ela se manifesta de muitas formas, remunerações descomunais para alto executivos, uma defasagem cada vez maior nas corporações entre os salários mais elevados e a mais baixa estagnação das camadas médias de renda frente às das elites.

Nesse contexto desigual e excludente, potencializado pela globalização, a profissão fica

articulada à necessidade e desconectada com a vida, as expectativas e os sonhos. Bernard

Jenschke, atual Presidente da International Association of Educacional and Vocacional Guidance

(IAEVG), esclarece que a profissão deve ser vista como a relação entre trabalho e a vida, modelo

não adotado nos primórdios da Orientação Profissional, conforme descrito no início desse

Capítulo.

Ainda hoje, muitos profissionais dessa área de conhecimento, atuando no trabalho

Clínico, Escolar ou Empresarial, não compactuam com a idéia do plano de carreira vincular-se ao

plano de vida. Contrapondo-se a essas concepções, articulando a Orientação Profissional à idéia

de um gerenciamento de vida, o autor esclarece que:

O desenvolvimento profissional deve ser combinado com um projeto de vida geral e a orientação deve basear-se no desenvolvimento de um plano de habilidades na vida que prepare as pessoas para enfrentar as permanentes transformações sociais e as situações da vida do individuo. A escolha de uma profissão ou de um trabalho deve implementar um conceito de si mesmo e conceber uma identidade social significativa para a pessoa (JENSCHKE, 2002, p.24).

Quanto ao termo orientação, relaciona-se ao sentido de ajuda, contribuição ou suporte,

para que a pessoa possa dirigir-se ou guiar-se dentro de um projeto de vida que lhe seja

satisfatório, cuja idéia será utilizada ao longo desta pesquisa científica.

O outro ponto polêmico na Orientação Profissional é o termo vocação que,

freqüentemente, tem sido associado à idéia de dom, de condição inata ou de chamamento divino,

porém, etimologicamente, essa palavra deriva-se de vocatio, ou chamamento interior, tratando-se

da representação do desejo, da intenção e, portanto, orientado intrinsecamente. E ao beber das

águas epistemológicas de Abbagnano (2003, p.1006):

Page 31: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

20

Na origem um dos conceitos fundamentais do cristianismo paulino: “Quem for chamado numa vocação, nela permanece’ (Ad Cor., I, VII, 20). A vocação é hoje um conceito pedagógico e significa propensão para qualquer ocupação, profissão ou atividade, é diferente da aptidão, por ser a atração que o individuo sente por determinada forma de atividade, para o qual pode ser ou não apto. A aptidão pode ser controlada objetivamente; a vocação é subjetiva . Uma vocação pode portanto ser um beco sem saída.

Complementando, devido à repercussão da Orientação Profissional, houve dificuldade de

compreensão dos termos Orientação Profissional e Orientação Vocacional, gerando discussões

etimológicas fundamentadas em diferentes traduções da língua inglesa Americana e Britânica.

Nos dicionários da língua portuguesa encontra-se a palavra vocação com o sentido de

chamamento interior, enquanto que nos de língua inglesa a mesma palavra significa emprego,

ocupação, profissão.

Carvalho (1995) contribui na clarificação dessa questão quando se reporta a expressão em

inglês, Vocational Guidance, como representando área ampla, incluindo desde os primeiros

momentos da escolha de uma profissão, por meio da escolhas de cursos adequados, até a

programação de carreiras, o ajustamento e a realização pessoal e profissional.

Contudo, nas traduções para a língua portuguesa das obras americanas começaram a

surgir diferenças de significados, uma vez que a palavra vocação em inglês não corresponde

exatamente ao significado em nosso idioma, de sentido subjetivo. Do ponto de vista teórico,

identificam-se nas leituras de Ferretti (1997) diversos fundamentos ideológicos permeando as

Teorias de Orientação Profissional, dentre elas, a Teoria Desenvolvimentista.

Nessa perspectiva, o desenvolvimento profissional se caracteriza como resultante da

interação das experiências vividas pelo sujeito e das solicitações da cultura, evidenciando a

relevância para a compreensão de sujeito e de suas habilidades construídas sócio-culturalmente,

para que se realizem escolhas profissionais mais adequadas.

Nem todos possuem as mesmas possibilidades e habilidades, mas, tratando-se de classes

sociais menos favorecidas às próprias condições de vida, obrigam à sujeição profissional,

enquanto que em outras classes o modelo acadêmico é mais acessível para inclusão do mercado

de trabalho. Infelizmente, as desigualdades estruturais da sociedade e seus reflexos na educação

configuram a Orientação Profissional distante de seus objetivos democráticos e igualitários de

acesso, até as últimas décadas do século XX.

Page 32: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

21

No processo de fazer “o individuo descobrir e usar seus dotes naturais e tomar ciência das

fontes de treinamento disponíveis, a fim de que se possa viver de modo a tirar o máximo proveito

para si próprio e para a sociedade” (CARVALHO, 1995, p.44), desenvolvendo habilidades

construídas sócio-culturalmente ou adquirindo novas e readaptando as já obtidas ao ser humano

que pode superar-se e obter satisfação pessoal e profissional em suas escolhas.

Para que haja seu efetivo exercício faz-se necessário: informação ocupacional; coleta de

dados individuais; aconselhamento; descoberta e uso das disponibilidades educacionais;

treinamento com jogos dramáticos; e acompanhamento psicológico. Entretanto, incluída no

movimento global de busca de saídas mais adequadas ou mais bem adaptada à realidade

pluridiversa e transcultural, a Orientação Profissional tem colaborando para a inclusão social, e

teoriza:

Portanto, os dados sugerem que o programa de orientação profissional, além de contribuir para incorporar novos aspectos (determinações) à reflexão que os orientandos fazem com a finalidade de escolher a profissão, ajuda na eliminação de preconceitos, superando analises superficiais e restritivas, possibilitando, enfim, uma leitura mais complexa da realidade na qual estão imersos (BOCK, 2002, p.177).

Esclarecendo a questão da percepção de que algumas pessoas são mais indicadas ou

realizam mais bem determinado trabalho do que outras, historicamente tais crenças datam da

Grécia Antiga, com a obra A República, sugeridas pelo filósofo Platão que determinava

categorias de pessoas mais adequadas a determinadas tarefas.

Após esse período, no Império Romano, Cícero analisou as diferenças entre as pessoas

quanto aos seus talentos e aos trabalhos existentes na época e, mesmo na Idade Média,

praticamente não havia liberdade de escolha ocupacional, pois “nesta época o campo ocupacional

era determinado primeiramente pelo nascimento, sendo o primeiro aprendizado realizado dentro

das famílias” (CARVALHO, 1995, p.26).

No Renascimento, seguindo a continuidade histórica, na visão de homem antropocêntrico

houve aumento do reconhecimento e valorização da humanidade, conhecido como humanismo, a

renovação das concepções políticas, com o reconhecimento da origem humana, ou natureza das

sociedades e dos Estados.

Já com o advento do Iluminismo e a visão humanística retirando o homem da minoridade,

da compreensão de sujeito como sendo incapaz de pensar sem a orientação de outro e

concebendo “a razão como critica e guia de todos os campos da experiência humana”

Page 33: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

22

(ABBAGNANO, 2003, p.534), ideologia aplicada na política e na economia da época. A

democracia do início da sociedade industrial, na Modernidade, dotada de relativa liberdade na

escolha das ocupações. Essa condição gerou a compreensão de que somente no início do século

XX surgiu a necessidade de trabalho científico de investigação psicológica e a finalidade de

adequação das características do indivíduo aos novos trabalhos da industrialização.

O desenvolvimento tecnológico no final do século XIX e no início do século XX, no

mundo do trabalho, impulsionou o desenvolvimento da Orientação Profissional. Neste período,

várias descobertas e avanços importantes haviam ocorrido nos setores tecnológicos e científicos

como a lâmpada, o telégrafo, o rádio, o automóvel, o cinema, o avião, o telefone e outras

invenções, contribuindo gradativamente para o crescimento, o culto à máquina e à relação:

homem-trabalho.

A primeira modalidade foi a da Psicologia do Trabalho, em 1902. O primeiro Centro de

Estudo foi criado em Munique, na Baviera, com o objetivo de identificar os indivíduos

desprovidos de vocação e capacidade para determinadas tarefas, apenas com a finalidade de

evitar acidente de trabalho. A Orientação Profissional, historicamente, passou por transformações

significativas:

Nos primeiros tempos, influenciada pela psicometria, apoiou-se fortemente nos testes como instrumentos de medida de aptidões. Depois quando a concepção de caráter inato das profissões, bem como as inteligências e das características de personalidade começou a ser contestada, a Orientação Profissional relativizou a contribuição de testes específicos de aptidão, complementando–os com inventários de interesses e personalidade, além de outros instrumentos (FERRETTI, 1997, p.33).

O objetivo fundamental e específico da Orientação Profissional, é de guiar, indicar

caminhos no processo de escolha de modo que realize opções ocupacionais mais bem adequadas.

Assim, focando o desenvolvimento da Orientação Profissional nas primeiras décadas do século

XX, ela encontrava-se ora como parte da Psicologia do Trabalho, ora como parte da Orientação

Educacional.

Junto ao avanço da Psicologia e às idéias de sistematização também a racionalização

científica do trabalho dissipa-se rapidamente pelo mundo industrializado aparecendo nos tempos

de penúria de guerra e pós-guerra, especificamente em vinte e sete de julho de 1914, quando

explode a Primeira Guerra mundial, e se aceleram as evoluções das técnicas e das máquinas.

Page 34: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

23

Após a guerra ocorre redução da jornada de trabalho, o que impulsionou outros países a

adotarem o sistema de oito horas diárias, ou quarenta e oito horas semanais. A crise econômica

de 1920 a 1922 gerou estudos sobre desperdícios nas indústrias.

As crises sucessivas de inflação e deflação em alguns países com transtornos monetários

criam campo fértil para a racionalização do trabalho. Na época, os Estados Unidos lideram o

movimento de máxima mecanização, também com simplificação e padronização máxima,

legitimando o fordismo e suas consequências no mundo do trabalho.

Na Segunda Guerra (1939 a 1945) surgiram novos problemas de adaptação no mundo do

trabalho. Este período trata de mudanças radicais nos empregos, como a criação de novos postos

de trabalho e o desaparecimento de outros mais antigos, que se mostravam defasados.

Havendo a necessidade de reformulação dos métodos, das técnicas e da seleção da

Orientação Profissional, readaptando-a a novos tempos. Na Europa, os primeiros centros de

Orientação Profissional eram praticamente unificados com a Seleção Profissional e em torno de

“eliminar os não capacitados e escolher os mais aptos para determinadas tarefas profissionais”

(CARVALHO, 2005, p. 40).

Na América Latina, a Orientação Profissional chega em 1925, na Argentina, com a

Fundação do Instituto de Orientação Profissional do Museu Social Argentino, utilizando-se de

benefícios dos Serviços de Orientação Educacional e Vocacional instituído no México por

Robleda; por Blumenfeld, no Peru; e por Del Olmo, na Colômbia e na Venezuela.

No Brasil, comenta Zanelli (2002), o primeiro Serviço de Orientação Profissional foi

criado por Roberto Mange, engenheiro e professor da Escola Politécnica, utilizando-se desse

serviço com aos alunos do Liceu de Artes e Oficio de São Paulo, no período de 1924 a 1937.

Roberto Mange criou também a Psicologia Aplicada no Brasil, iniciando o Curso de

Psicotécnica, no qual o formando utilizava-se dos conhecimentos da Psicologia ao trabalho e

recebia a qualificação de psicotécnico. Esse curso foi realizado na Escola de Sociologia e Política

de São Paulo, em 1934.

Na Escola Técnica Getúlio Vargas se desenvolveram os primeiros trabalhos de Orientação

Profissional voltado para as escolas. A partir desses centros, vinculados às entidades federativas,

como a Confederação Nacional da Indústria, a Confederação Nacional do Comércio e a dos

Produtores Agrícolas, a Orientação Profissional passou a ser desenvolvida pelo Serviço Nacional

Page 35: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

24

de Aprendizado Social (Senac), posteriormente denominado de Serviço Nacional de Formação

Profissional.

A política de segregação de classes urbanas e rurais culminou na divisão de trabalho

desigual, balizado pela classe social do cidadão. A Orientação Profissional não teve sucesso,

pois a Orientação Educacional, do ponto de vista político e educacional, foi avaliada como

importada, representada por uma educação massificada e sem os cuidados necessários para com o

trabalhador contrapondo-se com a espontaneidade e submetida às especulações das indústrias e

outros geradores de empregos.

Iniciou-se enquanto “uma área autônoma dos trabalhos de orientação profissional

realizados por Parson em 1909” (FERRETTI, 1997, p.13). Foi excluída enquanto eixo

educacional do processo formativo e a LDB, editada em 1996, nem sequer menciona as

orientações educacionais, ou profissionais.

Diante do perfil de descaso das políticas educacionais voltadas à Orientação Profissional,

ela passa a ser discussão de elite ou de acesso somente ao meio universitário. A promulgação da

Lei Federal nº 4.119, de 1962, tornando a Orientação Profissional exigência curricular do recém-

criado curso de Psicologia, efetiva a elitização, restringindo a Orientação Profissional à disciplina

“Orientação Profissional”.

Atingiu o nível superior e passou a ser utilizada por vários institutos de educação, de

saúde, e de outros tantos, desde os anos trinta do século XX, obtendo finalmente importância

oficial por meio da inclusão nas Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB nº

5.692 de 1971.

A desigualdade estrutural da sociedade e seus reflexos na educação configura a

Orientação Profissional distante de seus objetivos democráticos e igualitários de acesso. Para que

haja esse efetivo exercício faz-se necessário: informação ocupacional; coleta de dados

individuais; aconselhamento; descoberta e uso das disponibilidades educacionais; colocação e

acompanhamento.

Pela ótica do mundo do trabalho, toda a reengenharia globalizante reduzindo empregos

em massa, ordenando a idéia de fazer mais com menos aumentaram a desigualdade econômica e

social, valendo ressaltar que hoje:

A desigualdade esta sendo reconfigurada tanto em termos de riqueza bruta quanto na experiência de trabalho. O surgimento de uma grande riqueza no alto da ordem social é

Page 36: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

25

evidente; de mais relevância em termos gerais pode ser a divisão de classe entre os que se beneficiam com a nova economia e aqueles que, em posição intermediária não são capazes de fazê-lo: o analista de trabalho Robert Reich, por exemplo, fala de uma sociedade de ”duas camadas” na qual a “elite da capacitação”, os “senhores da informação” e os “analistas simbólicos” distanciam-se de uma classe média estagnada (SENNET, 2006, p.124).

Fazendo do consumo o cerne da nova economia e levando o trabalhador a se exaurir na

dupla jornada de trabalho, ou a desdobrar-se em outros vínculos empregatícios, para tentar atingir

a mesma renda que outros mais privilegiados foram oportunizados diante da perspectiva do

fenômeno da reengenharia; de reinvenção descontínua das instituições, da especialização flexível

de produção; e da concentração de poder sem centralização. Nunca se cobrou tanto da

flexibilidade, da competência e da criatividade humana.

A palavra “flexibilidade”, segundo significado da língua inglesa do século XV, em

decorrência da observação de árvores e da capacidade de se dobrarem ao vento e voltarem à

posição original:

Flexibilidade designa essa capacidade de ceder e recuperar-se da árvore, o teste e restauração de sua forma. Em termos ideais, o comportamento humano flexível deve ter a mesma força tênsil: ser adaptável a circunstâncias variáveis, mas não quebrado por elas. A sociedade hoje busca meios de destruir os males da rotina com a criação de instituições mais flexíveis. As práticas de flexibilidade, porém, concentram-se mais nas forças que dobram as pessoas (IDEM, 2006, p.53).

Com relação à noção de competência, embora seja conceito polissêmico, as ciências

humanas buscam re-significação e, por se tratar de construção social, é alvo de disputas políticas.

Cabe ressaltar a necessidade de compreensão da noção de competência como polissêmica, tanto

no mundo do trabalho, como na esfera da educação. Essa polissemia origina-se de diferentes

visões teóricas embasadas em diversas concepções epistemológicas expressando interesses,

expectativas, aspirações, de diferentes sujeitos.

Em cumplicidade das idéias norteadoras da Orientação Profissional, essa tese propõe-se

intervir com o Serviço de Orientação Profissional para que o jovem a ela submetido reflita sobre

o processo e questione o ato de escolha profissional, como também tenha clareza sobre o ingresso

em uma atividade profissional, conscientizando-se do seu papel profissional no contexto mais

geral da sociedade, cujas ações se processam de modo que se possa conciliar a satisfação pessoal

e a competência profissional do trabalhador brasileiro, em específico, do cidadão mato-grossense.

Page 37: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

26

Focando mais nitidamente a questão da competência profissional, atualmente, engloba a

perspectiva multidimensional com facetas que perpassam os aspectos individuais, os

socioculturais, os situacionais (contextual-organizacional) e o processual, que não pode ser

confundido com mero desempenho, pois se trata de desafio na qual “construir habilidade é quase

sempre superar um medo” (PERRENOUD, 1996, p.183).

Compreende-se ser bem menos estressante para o trabalhador encarar os próprios medos

diante do modelo precedente de mercado, baseado na segurança, na estabilidade e na

regularidade, mas será sempre desafio encarar o medo e a angústia gerados pela substituição do

mercado precedente por esse novo, que privilegia a possibilidade de mudança na formação e no

trabalho.

O mercado oscilante é item a ser considerado na escolha profissional porque oferece

menos segurança em relação ao trabalho, como também menores intervalos de tempo nas chances

de carreira e maior exigência de flexibilização. Nesse modelo exigem-se profissionais que saibam

aprender, abertos ao novo, capazes de pensar o seu próprio fazer, e de forma coletiva.

No atual estágio do capitalismo flexível, observa-se progressivo deslocamento do

conceito chave da sociologia do trabalho — a qualificação profissional — para a noção de

competência profissional.

Com as transformações do mundo do trabalho, adotada pela grade de salários adaptada

aos cargos, e a hierarquia das profissões, sendo essa forma de administrar uma expressão

histórica das relações sociais, diversas e contraditórias, estabelecidas no processo produtivo. Tal

deslocamento reflete-se diretamente no campo da Orientação Profissional, pois adotar esse

modelo hierarquizado implica:

Um modelo das competências profissionais pela gerencias de recursos humano no mundo empresarial esta relacionada, portanto, ao uso, controle, formação e avaliação do desempenho da força de trabalho diante das novas exigências postas pelo padrão de acumulação capitalista flexível ou toyotista: competitividade, produtividade, agilidade, racionalização de custos. (DELUIZ, 2006, p.02)

As noções estruturantes do modelo das competências no mundo do trabalho, a

flexibilidade, a transflexibilidade, a polivalência, e a empregabilidade, nesse modelo de gestão

para o capital, implica em dispor de trabalhadores flexíveis para lidar com as mudanças no

processo produtivo.

Page 38: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

27

Apresentando-se como modelo ideal de gestão: “o capital humano” empresarial necessita

ser constantemente mobilizado e atualizado para garantir o diferencial ou a “vantagem

competitiva” necessária à desenfreada concorrência na economia internacionalizada, restando ao

trabalhador constante atualização:

O uso e a apropriação das competências dos trabalhadores pelo capital – de seus saberes em ação, dos talentos, de sua capacidade de inovar, de sua criatividade e de sua autonomia não implica, em geral, o comprometimento da empresa – com os processos de formação/construção das competências, atribuindo-se aos trabalhadores a responsabilidade individual de atualizar e validar regularmente sua “carteira de competência” para evitar a obsolescência e o desemprego. (IDEM, 2006, p. 02)

O problema todo trata da matriz condutivista/behaviorista e funcionalista que permeia a

pedagogia dos objetivos, com forte relação ao objetivo da eficiência social. A definição de

competência é muito ampla e os modelos de competência são datados historicamente. Estão

ligados à ótica do mercado e limitam-se à descrição de funções e tarefa do processo produtivo.

As competências investigadas no processo de trabalho são transpostas de forma linear ao

currículo, formando-se as competências a serem construídas como intermináveis listas de

atividades e comportamentos, limitando o saber ao desempenho específico de tarefas.

Engajada na perspectiva construtivista busca-se construir competências para uma ação

autônoma e capaz nos espaços produtivos, mas, igualmente, voltada ao desenvolvimento de

princípios universais, igualdade de direitos, justiça social, solidariedade e ética — no mundo do

trabalho e da cidadania.

Pretende-se desenvolver formação integral e ampliada, articulando sua dimensão

profissional com a dimensão sócio-política. Perrenoud (1996) muito contribui ao clarificar a

relevância de uma diferenciação no ensino quando as exigências escolares (curriculares e

didáticas) forem proporcionais às possibilidades dos alunos.

Em face da realidade de todos, as vertentes multidimensionais de formação de

competências, sejam individuais ou profissionais, o escolar e o clínico, o organizacional, a

Orientação Profissional cumpre as tarefas de “orientar” e “ajudar” pessoas em suas escolhas

profissionais, a tomarem decisões relativas às carreiras, cursos, ocupações geradoras do auto-

sustento, realização pessoal; e a assumirem tarefas, na vida adulta dotados, de identidade

profissional competente.

Page 39: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

28

Por ausência de políticas públicas com eixos educacionais voltados a essa área do

conhecimento, a Educação, conforme identificado nessa pesquisa desenvolve essa tarefa

timidamente e, conforme surge em sala de aula, enquanto dúvida do aluno, diferenciando-se da

Psicologia, na qual o trabalho da área clínica conta com várias concepções teóricas e intervenções

embasadas metodologicamente para o exercício da Orientação Profissional, mas não atinge a

grande massa populacional dos jovens brasileiros.

Tanto as concepções psicológicas empíricas quanto as analíticas não somam informações

satisfatórias diante dos crivos dessa pesquisa-tese para auxiliar a escolha profissional, pois se

trata do movimento do ser humano em direção ao seu lugar no sistema produtivo, meio social e

cultural, auto-valorização, como também da satisfação pessoal e profissional.

Nesse percurso, o jovem perpassa pelas primeiras fantasias até chegar aos planos

objetivos e realistas, encaminhando para a definição de identidade profissional que se constrói a

partir da identidade pessoal. A Teoria do Psicodrama, de base fenomenológica desde os seus

primórdios, por meio de seus conceitos e jogos dramáticos incentiva o complexo espontaneidade-

criatividade.

Contemplando a necessidade do novo capitalismo no mundo globalizado e do mercado

toyotista, compreendendo a relação homem-trabalho distante do mundo paternalista das relações

de trabalho, porém, imbricado na perspectiva emancipatória que aceita a possibilidade de

transformação social, de superação de limites e de inclusão, e para tal se faz primordial que se

construam ambientes organizacionais onde as pessoas possam criar, crescer e ter respeitada suas

individualidades.

Ampliar concepções sócio-culturalmente construídas e já ultrapassadas atendendo ao

conceito de emancipação, vinculado à idéia de dignidade humana, significa corresponder ao

mercado ocidental globalizado hoje, bem como às expectativas dos adolescentes frente às

escolhas profissionais mais bem adaptadas à sociedade globalizada.

Visto que no novo modelo a primazia de conhecimentos requer das empresas o repensar

de suas formas de relacionamento com os seus funcionários, pois é notório no mundo do trabalho

que:

(...) a inovação e a criatividade passaram a ser elementos essenciais ao processo de desenvolvimento dos empregados em uma perspectiva de empregabilidade, uma vez que as empresas precisam estar na vanguarda, buscando desde simples soluções para o dia-a-dia da organização até soluções complexas e sistêmicas, a fim de fazer gente a competitividade do mercado. (ALMEIDA, 2004, pp.13-14)

Page 40: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

29

O mercado oscilante solicita flexibilidade, autonomia, polivalência e espontaneidade-

criatividade do trabalhador, habilidades que a Orientação Profissional, por meio da utilização da

Teoria do Psicodrama e da utilização dos jogos dramáticos, contribuiu diretamente possibilitando

novas formas de organizar o trabalho, no qual o desenvolvimento profissional não esteja

vinculado às necessidades organizacionais, mas também às necessidades individuais, visto que o

aumento da auto-estima e da autoconfiança melhora o desempenho profissional. O trabalho pós-

fordista-taylorista será mais bem elucidado e articulado no próximo capítulo.

1.1 Psicodrama na Orientação Profissional

O Psicodrama é uma Teoria da Personalidade da Psicologia, também utilizado no âmbito

educacional pela Psicopedagogia, por meio do Psicodrama Pedagógico, com método, técnicas e

Jogos Dramáticos inovadores, criados por Jacob Levi Moreno (Romênia, 1889-1974),

considerado por seus companheiros como homem de ação: inquieto, curioso, megalomaníaco,

visionário e genial; características notórias em sua vida e obra.

Moreno nasceu no dia dezoito de maio do ano de 1889, em meio a uma família judia

oriunda da Espanha. Aos cinco anos de idade, seus pais e cinco irmãos mudaram-se para Viena,

morando aos arredores do Rio Danúbio. Teve na infância “o tempo mais feliz de sua vida”

(KNOBEL, 1989, p.33), uma criança estudiosa e motivo de orgulho dos pais. A adolescência foi

voltada para conhecimentos filosóficos de arte e teatro, em meio à rebeldia que o levou a sair da

casa de seus pais, pois o relacionamento conturbado com os pais culminou mais tarde numa

separação.

Ingressou na Universidade de Viena em 1909 e costumava circular anônimo entre os

estudantes, até aproximar-se dele Chaim Klellmer que, juntos, criaram “A Religião do Encontro”.

Mais tarde agregam-se outros colegas e fundaram a “Casa do Encontro”, lugar de intercâmbio

intelectual que reunia poetas, filósofos, sociólogos engajados com a possibilidade de discussão e

intervenção frente às novas alternativas para a sociedade, diante do caos gerado pela Primeira

Guerra.

Conforme narra Marineau (1992), surge a idéia da criação de um jornal, intitulado

Daimon, cujo editor era Moreno, mas, enquanto homem de ação, não se sentia muito à vontade e

ficava impaciente com as discussões teóricas da elite intelectual da Áustria e da Europa. Contudo,

Page 41: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

30

o jornal foi apenas uma das atividades desempenhadas como criador, pois, mais tarde, seriam

criadas editoras, jornais, institutos para formação e discípulos por todo o mundo.

Sua vida acadêmica transcorreu sem grandes dificuldades e por vezes ministrava aulas

particulares, procurando motivar o aluno, instigando a imaginação e a espontaneidade. Em 1912,

ocorreu o encontro com Freud na universidade e o encontro é narrado dessa forma:

O Dr. Freud tinha acabado de fazer a analise de um sonho telepático. Quando os estudantes saíram, ele perguntou-me o que estava fazendo. Eu respondi; Bom, Dr. Freud, começo onde o senhor deixa as coisas. O senhor vê pessoas no ambiente artificial do seu consultório. Eu vejo-as nas ruas, nas suas casas, no seu ambiente natural. O senhor analisa seus sonhos e eu procuro dar-lhes coragem para que sonhem de novo (MORENO, 1993, p.54).

Em 1914, desenvolveu trabalhos com prostitutas, compondo equipe multidisciplinar com

jornalistas e médicos, contribuindo para a criação do Sindicato das Prostitutas de Amspittelberg,

fatos que colaboraram para a Psicoterapia de grupo, publicando a mais marcante obra inicial de

sua vida: “O convite ao encontro”. No último ano de Medicina, em 1916, produziu trabalho

grupal em campo de refugiados da Primeira Grande Guerra.

Graduou-se em Medicina no ano de 1917, aos vinte e oito anos, pela Universidade de

Viena. No início de sua prática médica auxiliava famílias com dificuldade de relacionamentos,

utilizando-se da psicoterapia para ajudá-los a superarem conflitos, atuando também na

recuperação, e apoio, de prostitutas e refugiados políticos da Primeira Guerra Mundial.

As primeiras intervenções foram na área de saúde pública, em Voslaü, vilarejo nos

arredores de Viena, e devido à solidariedade demonstrada em atendimentos gratuitos, mantendo-

se no anonimato por essas ações, passou a ser conhecido como “médico do povo”. Moreno

inicialmente associava sua “abordagem relacional de problema de Teatro recíproco, pois cada um

influi nos demais” (KNOBEL, 2004, p.48).

No início do século XX, o mundo teatral passou pela necessidade de provocar revolução,

surgindo Stanislávski, Reinhardt, Pirandelle e o Teatro da Espontaneidade de Moreno.

Dramatizando conflitos e situações do cotidiano nos relacionamentos, em 1921, Moreno criou o

teatro vienense da espontaneidade. Embora seu livro “O Teatro Espontâneo” inicialmente não

tivesse muita aceitação, porém, essas experiências embasaram a Socionomia, a Psicoterapia de

grupo e o Psicodrama. Em 1925, Moreno emigrou aos Estados Unidos, residindo em New York

até a morte, aos oitenta e três anos de idade.

Page 42: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

31

Para o Psicodrama há uma articulação entre o Teatro e a Psicoterapia, pois ambos buscam

resgatar o potencial espontâneo-criativo cristalizado e conservado ao longo do processo

civilizador, defendendo a idéia de que o locus do self ou do ego está na Espontaneidade, sendo

berço denominado de Matriz da Criatividade.

Mesmo apropriando-se do Teatro para desenvolver sua Teoria e método, adaptando-os ao

contexto clínico e psicopedagógico, Moreno contrapunha-se à idéia do Teatro de improviso de

Stanislavski, por não aceitar que a improvisação fosse correlata à espontaneidade, que utilizava a

improvisação a fim de aperfeiçoar o desempenho. Já Moreno lança vozes por meio da

representação de papéis dos personagens da cena dramática aos traumas e conflitos psíquicos

visando alcançar à espontaneidade total.

Contrapõe-se também à Psicanálise, de influência do cartesianismo e do determinismo

darwiniano, criando o determinismo psíquico, nos quais os fatores hereditariedade, meio

ambiente e fator desencadeante, determinam a evolução das psicopatologias, concebendo como

concepção de homem, um sujeito sabedor de suas limitações, cindido e frustrado, divergindo do

sujeito moreniano, cósmico e relacional.

Outro aspecto divergente refere-se ao tempo psicanalítico enfatizado no passado, oposto

ao Psicodrama que integra as operações terapêuticas: passado, presente e futuro; como também a

concepção de nascimento, que para a Psicanálise trata-se de momento traumático e angustiante.

Para o Psicodrama, a hora sublime de acesso ao palco da vida.

Para as Teorias da Personalidade de embasamento filosóficos fenomenológicos e

existenciais, além da concepção de integração mente-corpo, consolidando o sujeito holístico, há

confiança no ser humano enquanto ser de interação, de socialização de auto-regulação, uma visão

de potencialização da condição humana, distante da do sujeito psicanalítico: cartesiano, em que

frustrado desde o nascimento, perde o estado de completude, de unicidade com a mãe, o seu

universo.

Contudo, Moreno deparou-se com muitas situações de descrença às suas idéias e deparou-

se com enorme resistência do público e da imprensa, acostumados às peças teatrais prontas, a

depender das “conservas culturais” do drama e a não confiar na criatividade-espontânea,

principalmente, por ocasião da publicação do livro Das Stegreiftheater, de 1923 (traduzido para o

inglês como The Theatre of Spontaneity), que abriu caminho ao Psicodrama experimental e às

técnicas do “Aqui e Agora” (MORENO, 1993, p.24).

Page 43: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

32

Genial, Jacob Levy Moreno não concebia o ser humano como desintegrado do cosmos,

pelo contrário, relativizou o homem à natureza, compreendendo-o como interdependente, e, por

isso, um ser cósmico e relacional. Para tornar fidedignas suas idéias, criou a Socionomia, de

fundamental interesse das Ciências Sociais e Humanas, surgindo a base da Psicoterapia de grupo.

A Socionomia consiste na ciência que investiga, a partir de seus métodos, as relações

sociais e, portanto, interpessoais, objetivando a possibilidade de transformação da realidade

objetiva e subjetiva, ao proporcionar a pesquisa de grupos sociais, contribui para a melhoria das

relações microssocias e macrossociais, na medida em que propõe a Teoria dos Papéis

diagnosticar e intervir nas tensões sociais, cristalizadas ou do “aqui-agora”, ou até mesmo na

psicoprofilaxia de futuras tensões sociais.

Visando também a promoção da saúde das relações humanas, devido à oportunidade de

resgate do complexo espontaneidade-criatividade, contando com técnicas de intervenções

inseridas nas três grandes ramificações científicas: Sociodinâmica, Sociatria e Sociometria.

Segundo Moreno (1959, p.39), a “Sociodinâmica é a ciência da estrutura dos grupos

isolados ou unidos” que investiga a estrutura, o funcionamento dos grupos e como se dão as

articulações das relações interpessoais, tendo como método de intervenção na realidade, o Teatro

da Espontaneidade e a Teoria dos Papéis.

Por meio da dramatização com o Role-playing, a interpretação dos papéis, torna-se

possível vivenciar seu próprio drama em diversos papéis, mais espontâneos e criativos, livrando

dos bloqueios e das amarras sócias, denominadas conservas culturais, sejam esses medos,

limitações, ansiedades ou conflitos traumáticos ou não.

A Sociatria diz respeito ao aspecto terapêutico das relações humanas, trata da ciência de

intervenção direta nos sistemas sociais, implicando no desenvolvimento dos métodos do

Psicodrama Pedagógico e Clínico e da Psicoterapia de Grupo e do Sociodrama Institucional.

E, finalmente, a Sociometria, que é a ciência da medida do relacionamento humano na

qual por meio dos instrumentos de teste Sociométrico e Sociométrico de Percepção fazem-se

possíveis aferições mensuráveis nas relações sociais e nas dinâmicas grupais.

Na prática, é função Psicodramatista utilizar-se dos recursos da Sociatria ou do

Psicodrama para realizar melhor exercício de sua prática, seja clínica ou psicopedagógica. Nessa

perspectiva, o Psicodrama intervém tanto no âmbito individual como no grupal, trabalhando com

cinco elementos clássicos.

Page 44: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

33

O diretor, com as funções de produtor, terapeuta, analista. O protagonista, responsável

por representar a ação de seu próprio drama. Os egos-auxiliares que operam como extensão ou

enquanto mediadores do grupo e do diretor. O público ou audiência, expectador interativo na

cena dramática; O cenário, espaço vivencial, onde acontece o drama e a cena trazida pelo

protagonista.

Moreno inquieta-se, nesse prisma, ao observar o desempenho dos pacientes no palco

enquanto atores de dramas cotidianos, em relação à questão do desenvolvimento dos papéis e “a

porção de palco de uma sessão psicodramática abriu caminho à pesquisa e à terapia da ação, ao

teste e adestramento de papéis, às entrevistas situacionais, ao passo que a porção de público se

tornou o terreno das mais conhecidas formas de psicoterapia de grupo” (MORENO, 1993, p.19).

Na medida em que intervém nas relações sujeito-sociedade-universo, o Psicodrama

compreende o mundo em uma perspectiva cosmodinâmica1, com técnicas e jogos tornou-se

possível promover a espontaneidade mútua, ampliando o repertório de papéis nos contextos

sociais em que atua, auxiliando o sujeito em busca de relações horizontais e dialéticas, portanto,

atendendo a princípios do mundo globalizado.

Atualmente, o poder de posição tão superestimado nas organizações de modelos verticais,

com primazia nas relações hierarquizadas, está enfraquecido pelo poder pessoal, pelas

habilidades demonstradas, pelo respeito, confiança, amizade, aceitação incondicional do outro e,

nesse sentido, o profissional inserido no modelo horizontal das relações humanas é incluído no

modelo atual toyotista. O Psicodrama, por trabalhar nessa perspectiva, contribui diretamente para

as exigências do mercado flexível.

Falar em relações horizontais também implica em compactuar com princípios do

Psicodrama, no que tange às relações humanas sinceras, na aplicação efetiva dos princípios do

paradigma da inclusão, aceitando o diferente, aprendendo com a diferença, promovendo com seus

jogos e técnicas a possibilidade da inversão dos papéis, objetivando possibilitar que o outro

pense, expresse-se, trabalhe de diversas maneiras e aceito incondicionalmente.

1 Cosmodinâmica trata da referência de universo não estático, como propôs Einstein, mas da concepção de expansão: “se novas galáxias nascem continuamente, este deve ser povoado de galáxias de todas as espécies (ABBAGNANO, 2003, pp. 215-217). Para Isaacs (1996), várias teorias tentam explicar a origem da evolução do universo, dentre elas a Teoria do Big-Ben, mas vários os fracassos dos modelos científicos, devido aos novos instrumentos tecnológicos permitindo maiores medições das galáxias. Diferente da Cosmologia Medieval, na Cosmologia Clássica (Idade Média), no Renascimento e tais fracassos geraram a queda de modelos estáticos de universo, dos modelos fisicomatemáticos; das metanarrativas, a partir do Princípio da Indeterminação de Werner Heinsenberg, em que a realidade escapa com imprevisibilidade ao domínio lógico.

Page 45: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

34

A busca de horizontalidade nas relações humanas no trabalho é tarefa almejada pelo novo

sistema de trabalho. Sendo a meta do Psicodrama ao propiciar autoconhecimento, relações

construtivas, duradouras, solidárias e, acima de tudo, éticas. Imbricando nessa questão, diante da

necessidade das organizações flexíveis, em compreender e intervir nas relações humanas desse

modelo de mercado apresenta-se e outros teóricos das ciências humanas refletem a

horizontalidade pelo prisma da globalização.

Milton Santos, geógrafo emérito da Universidade de São Paulo, esclarece a necessidade

de relações horizontais nas empresas para garantirem sua sobrevivência que, mesmo com

diferentes técnicas, capital ou organização no mundo globalizado, precisam se garantir no

mercado “da produção local de uma integração solidária obtida mediante solidariedades

horizontais internas, cuja natureza é tanto econômica, social e cultural como propriamente

geográfica” (SANTOS, 2006, pp.109-110).

Quanto às horizontalidades dos espaços relacionais empresariais, o autor clarifica a

existência de “espaço banal”, de tremenda relevância nas redes sociais, pois se trata de

experiência vivida, da realidade cotidiana, da existência real, o das relações humanas, território

de fundamental relevância, em oposição ao espaço econômico atual.

Para Santos (2006), o espaço banal seria o espaço de todos: empresas, instituições,

pessoas, o espaço das vivências, onde operam diversas temporalidades em busca de sentido, de

um espaço reflexivo que, por meio de debate, de acordos, de encontros e desencontros nas

relações humanas, buscaria a readaptação de novas formas de relações no trabalho, anteriormente

individual, agora em equipe. A espontaneidade-criatividade pode ser desenvolvida por todos dos

grupos desses espaços desde que haja métodos, técnicas e motivações.

O Psicodrama, por meio de suas técnicas e jogos dramáticos, opera nesses espaços,

transformando as relações verticais em horizontais, visando ao desenvolvimento das

possibilidades de expressão criativas, pois a criatividade envolve vários processos cognitivos,

“como o pensamento, a percepção, a motivação, a imaginação” (ALMEIDA, 2004, p.71), e

afetivos na personalidade, justamente dessa articulação do cognitivo e do afetivo, no espaço

psicodramático, é que se produz a espontaneidade.

Em dimensão moreniana significa a resposta adequada à nova situação ou à resposta nova

para situação já conhecida. É a categoria do momento em oposição à conserva cultural, agindo

em prol do ser humano, à saúde do trabalhador, libertando-o das amarras sociais que o impede de

Page 46: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

35

ser espontâneo, de visar o bem-estar comum tanto na rede social a que pertence, quanto nos

processos de visões de trabalho.

Nas empresas, o modelo toyotista, e no mercado globalizado têm levado às formas de

organizações de equipes de trabalhos, força tarefa, alianças estratégicas que solicitam de seus

profissionais relações mais igualitárias, de confiança, flexíveis, aumentando a necessidade de

intervenção do Psicodrama, já que somente a interação solidária pode responder às exigências do

mercado toyotista, no que tange às relações humanas. Uma tarefa que o Psicodrama atende desde

os seus primórdios teórico-práticos.

A influência da filosófica e de vários autores fenomenológicos existenciais e humanistas

foi recebida pelo Psicodrama, dentre eles: Kierkegaard (1813-1855) na questão da análise da

existência, da categoria descritiva e interpretativa das possibilidades, considerando o existir no

sentido de relacionar-se com o outro, que há contradição insuperável, abrigando ambivalência

ontológica geradora de angustia inerente à existência, por exemplo, as dicotomias vida e morte;

amor e ódio; alegria e tristeza, etc.

Heidegger (1889-1976), com o ato de filosofar “Da-sein, literalmente traduzido por “ser

aí”, o ser-que-é-existência e a constatação do “viver para a morte”; Karl Jasper (1883-1969),

assim como Heidegger, fala da análise das possibilidades da existência, mas a realidade é a

constatação das impossibilidades, visão também de Jean Paul Sartre (1905-1980).

Todavia, evidencia-se que o existencialismo surge em oposição ao dogmatismo

absolutista do século XIX, de mitos otimistas e falso sentimento de segurança, como também não

prepararam instrumentos que contribuam para a solução positiva dos problemas humanos, já o

existencialismo traz como instrumento a análise da existência.

Já em segunda interpretação do existencialismo, o possível perde seus aspectos negativos

e bucólicos, reduzindo as possibilidades humanas em impossibilidades, ocorrendo transformação

da percepção da possibilidade para a percepção de potencialidades, que as possibilidades

existenciais estão sempre fadadas à realização ao sucesso.

Há também terceira interpretação do existencialismo na filosofia italiana, cujo ato

terapêutico psicodramático possui os instrumentos necessários para a adequação da teoria ao

método, enfatizando que:

(...) as possibilidades existenciais devem ser assumidas e mantidas como tais, sem serem transformadas em impossibilidades nem em potencialidades. Nesse caso a perspectiva

Page 47: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

36

aberta por uma possibilidade não é nem a realização infalível nem a impossibilidade radical, mas a busca tendente a estabelecer os limites e as condições da própria possibilidade e, portanto o grau de garantia relativa ou parcial que ela pode oferecer (ABBAGNANO, 2003, p.405).

De acordo com Von Zuben (1979), a influência filosófica de Martin Buber (1878-1965),

filósofo vienense, humanista e profundo conhecedor do judaísmo, da ontologia e da antropologia,

criador da filosofia do encontro, a essência de seu pensamento está estruturada como círculo, isto

decorrente do sentido dado por ele da reflexão com relação à existência concreta, ao vínculo da

práxis e do logos. Portanto, articulando a reflexão e a ação, descrevendo a concepção de homem

a partir da relação EU−TU, um EU unificado, transformado, e um Tu eterno, ilimitado.

E a crença na relevância da relação “diádica” já é bastante conhecida pelos profissionais

das ciências humanas, e aceitá-la como norte teórico implica possuir a “bússola” de orientação

para que as relações humanas não se cristalizem no Eu-Isto ou apenas nas relações utilitárias:

Quando refletimos, corajosa e honestamente, sobre nossos relacionamentos com os outros, quantas vezes constatamos desapontados e pesarosos, que funcionamos muito mais na relação Eu-Isto do que na relação Eu-Tu, apesar dos nossos discursos idealísticos e de nossas boas intenções em busca de uma verdadeira relação humana pessoa a pessoa (MAFESSOLI, 2001, p.183).

Em feixe às idéias acima, outra influência trata da fenomenologia existencial que

evidencia como visão de homem o sujeito-encarnado-ao-mundo-com-os-outros-em-diálogo. Para

o Psicodrama essa noção de sujeito está articulada ao homem livre, na qual somente pela

espontaneidade pode-se atingi-la, sendo a personalidade constituída no desenvolvimento de

papéis anteriores ao surgimento do eu, assim não partem do eu ou ego, todavia, é o ego quem

emerge dos papéis.

Adentrando ao Psicodrama, na sociodinâmica psicodramática, a utilização das técnicas de

desempenho de papéis e a inversão de papéis são exclusivas de especialistas do Psicodrama. Em

relação aos referenciais, a episteme da palavra papel trata-se do “termo inglês role (igual a

papel), originário da palavra francesa e do inglês medieval, derivante do latim papiro, que

significa rótula, no sentido de ‘rolos’ ou pedaços de papel, adaptado ao teatro grego e romano,

significando partes da representação teatral (rolos, em inglês, role)” (MORENO, 1993, p.27).

Page 48: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

37

Eles originam-se e desenvolvem-se articulados às relações sociais e sua abrangência tem

ação nas diversas dimensões da vida, em que o trabalho psicoterapêutico ou psicopedagógico,

orientado nessa perspectiva teórica, atende à valorização humana, nos aspectos estéticos-

existencial-científicos.

Os papéis necessitam de vínculo, da interação, da relação EU-TU, e no processo de

desenvolvimento estão articulados ao grau de liberdade, espontaneidade, criatividade e

representam unidades culturais de comportamentos. Tais unidades culturais são formadas por

características de subjetivação construídas sócio-culturalmente durante o processo de vir-a-ser

pessoa.

Para Moreno (1993) existem três tipos de papéis: Papéis psicossomáticos (associados a

funções fisiológicas), ou seja, ligados às necessidades de comer, dormir, defecar, urinar etc;

Papéis sociais (decorrentes de funções sociais com menor valor afetivo) referem-se às funções

assumidas pelo sujeito na sociedade e os Papéis psicodramáticos (associados às funções

psicológicas de maior envolvimento afetivo). A codificação, porém, desse último e a utilidade no

funcionamento psíquico restringe-se à atividade psicoterapêutica do Psicodrama.

Faz-se necessário sua identificação nos vínculos relacionais, pois é a área (zona) de

interação entre o ego e o mundo exterior estando estruturada em forma de papéis, e cada papel

relaciona-se com outros complementares de outras pessoas. Dessa relação entre os papéis que se

originam os vínculos relacionais:

Os conceitos de papel e vinculo são dois conceitos que se misturam muito. Uma terapia orientada nesse sentido deve estudar a estrutura do vinculo e os diversos papéis que o terapeuta e paciente se atribuem e assumem nessa situação, como repetição de uma situação passada. Isso quer dizer que na situação do vinculo sempre se inclui o papel. A compreensão do outro em termos de papel nos proporciona uma possibilidade para poder entrar na situação e compreendê-la. (PICHÓN-RIVIERE, 1986, p.79)

Outro conceito psicodramático de relevância para a compreensão da formação do ego

trata-se da Matriz de identidade, “a placenta social da criança, o locus onde ela mergulha suas

raízes” (MORENO, 1993, p.114), o local onde se originaram os papéis, permeados de

significados sócio-culturais formando as características do sujeito.

O Psicodrama também inovou ao apresentar o conceito do fenômeno, a Tele.

Contrapondo-se a Psicanálise quanto à concepção de transferência que alude a protótipos e

Page 49: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

38

reedições das fantasias inconscientes, dos vínculos de figuras parentais e relacionais, são

projetadas à figura do terapeuta, ou outra representação de autoridade, por exemplo, o professor.

Tele, origina-se no vocabulário grego e significa distante, uma influência à distância,

percepção clara e íntima, compondo-se estrutura primária, anterior à transferência, que seria

estrutura secundária. Tele é reciprocidade e não unilateralidade. Para Moreno (1966, p.05) “o

encontro é um fenômeno de Tele. O processo fundamental da Tele é a reciprocidade-

reciprocidade de excitação, reciprocidade de inibição, reciprocidade de indiferença, reciprocidade

de distorção.”

Sabiamente, em meados de 1960, Moreno comentou em suas “Grandes Sínteses”, a

primeira teoria a explorar as quatro dimensões universais adaptando-as à psicoterapia

psicodramática e ao Psicodrama Pedagógico: Tempo-espaço-realidade-cosmos, centrada na ação

e não apenas na linguagem, por meio da primeira é possível transitar entre essas dimensões

perpassando entre o passado-presente-futuro, em diversos espaços e realidades imaginárias,

tornando-as reais e aceitáveis para o protagonista da cena.

Para Moreno, o Psicodrama deveria reproduzir o modelo cotidiano, a vida tal como se

apresenta, com dificuldades, conflitos, traumas, convergências e divergências, afinidades,

desafetos, satisfações e frustrações, articulando os três tempos: presente-passado-futuro na cena

dramática e assim se faz na sua teoria, possibilitando o transitar entre os tempos, espaços e

realidades.

Respeitando a realidade subjetiva do protagonista, solicita-se do protagonista a construção

da “cena dramática” para que aconteçam as catarses interativas, no aqui-agora, no setting

terapêutico reviva-se por meio do desenvolvimento de papéis ou inversão de papéis, conteúdos

psíquicos causadores de transtornos na realidade objetiva ou subjetiva do sujeito.

A definição de protagonista foi trazida ao Psicodrama a partir da definição teatral, ou seja,

do título dado ao ator principal na tragédia grega, que significa o homem tomado de frenesi, um

louco, porém um sujeito espontâneo, solicitado a ser ele mesmo no palco, a retratar seu próprio

mundo privado atuando livremente, à medida que as imagens lhe surgem a mente; sendo-lhe

concedida liberdade de expressão e espontaneidade.

É interessante salientar que em reflexão minuciosa percebe-se a noção de protagonista, a

aproximação das idéias de Edgar Morin e Moreno, na qual Moreno rompe com o a linearidade do

homo sapiens cartesiano, dotado de razão, e aproxima-se do homo sapiens/demens, proposto por

Page 50: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

39

Edgar Morin, como sujeito da desrazão, da complexidade bio-socio-psico-cultural, que se

imagina e ocupa espaço.

Mais uma vez, contrapõe-se à Teoria da Psicanálise na idéia de resgatar os conflitos

traumáticos por meio de regressões ao passado, ou pela busca de lembranças no tempo-passado.

Ao contrário, o Psicodrama traz conflito ao presente e o dramatiza e reelabora, não somente com

a linguagem, a fala, mas considerando-se a expressão corporal, as amarras psicológicas corpóreas

que impedem e bloqueia o livre fluxo da ação assertiva, espontânea na realidade.

No Psicodrama faz-se possível transitar no tempo: presente-passado-futuro, sendo a

Teoria pioneira nas técnicas de “preparação para a vida”, nas quais segundo Moreno (1966, p.05)

“muitos clientes sofriam de neurose de emprego ou neurose de desemprego: que estavam

ansiosos por conseguir um trabalho ou pelo fato de ter uma entrevista com o patrão para pedir

aumento de salário”.

As possibilidades de diálogos com a imaginação por meio das dramatizações, técnicas

psicodramáticas ou jogos dramáticos, de ir ao futuro para a elaboração de medo ou ansiedade no

presente, que marcaram um novo tempo nas Psicoterapias e na Psicopedagogia.

Idem (1966) procurou na dramatização e nos jogos dramáticos expor e atingir o

imaginário do protagonista, faxinando o inconsciente no sentido de libertar o sujeito de conservas

culturais, paradigmas, ações na realidade, formas de se relacionar ultrapassados a si mesmo que

não consegue sozinho visibilizar, entretanto, que lhe bloquearam o estado de espontaneidade e,

mais agravante, que estrangularam a felicidade e suas realizações muitas vezes pessoais e

profissionais.

A dramatização e os jogos dramáticos possibilitam integrar no trabalho clínico e

psicopedagógico expectativas e interesses de forma atemporal, dramatizando ou brincando por

meio dos jogos, com conflitos e frustrações amenizando a ansiedade e tornando mais brando o

processo de amadurecimento, de se lidar com o princípio da realidade, de sabedor de suas

impossibilidades e limitações.

A configuração do espaço também é extremamente relevante no processo terapêutico,

pois aquece o protagonista para vivenciar a cena com o problema que o aflige. Por exemplo, no

consultório psicanalítico o paciente dispõe de divã, sendo esse o seu espaço diante do vasto

espaço vital da sua realidade subjetiva.

Page 51: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

40

Ao dar voz ao espaço subjetivo, ao imaginário, por meio da representação da cena

dramática, ou de jogos dramáticos, o Psicodrama permite acesso mais diverso ao problema, pois

os conflitos humanos são resultantes de sentimentos, pensamentos e ações regidos por valores

invisíveis, que administram a norma, à moral e à regra, portanto, valores subjetivados e

submersos em valores invisíveis e, por serem normativos, são distantes do desejo.

Também é relevante o conceito de realidade, que é o locus da matriz de identidade da

criança, determinando experiências, comportamentos, valores, padrões de respostas

determinantes na formação da identidade pessoal. Assim, o criador do Psicodrama divide o

conceito de realidade em infra-estrutura, realidade da vida e realidade excedente.

A infra-realidade trata de reducionismo da diversidade de conteúdos, aspectos,

experiências, a realidade que o Psicodrama considera extremamente relevante. Por exemplo,

reduzir o encontro, o contato psicoterapêutico ou psicopedagógico em espécie de entrevista, não

explorando outros aspectos conflitantes que possam acontecer no presente, como acontece com a

prática terapêutica de algumas teorias da Psicologia.

A realidade da vida é o contexto social, refere-se à própria experiência, ao dia a dia, a

realidade que pode ser mudada a partir de simulações na situação terapêutica, a partir das técnicas

psicodramáticas de desenvolvimento de papéis ou mesmo em situações psicopedagógicas, como

o caso dos jogos dramáticos direcionados à Orientação Profissional.

A realidade excedente que representa dimensões invisíveis da vida intra e extra-psíquica,

que não expressas ou mesmo experimentadas como, por exemplo, as percepções distorcidas de

problemas, expectativas de futuro, temores diurnos ou noturnos sem causa aparente, receio de

decepções e também dúvidas nas escolhas profissionais, mas que com os recursos de técnicas

psicodramáticas, como a inversão de papéis e dos jogos dramáticos, faz-se possível a vivência

desses conflitos, a superação deles ou mesmo a visibilidade de solução dos desafios.

Com relação ao quarto universal o cosmo, sabe-se que o Psicodrama está imerso em

paradigmas transformadores, como o probabilístico de Frijof Capra, o da complexidade de Edgar

Morin e outros. Na medida em que realizam os trabalhos terapêuticos e psicopedagógicos em

grupos, também os emancipatórios, interativos e inclusivos.

Para Moreno (1966, p.11) “o homem é um ser cósmico” e interdependente, não

concebendo o sujeito somente como ser social ou socioeconômico, conforme teorizou Karl Marx,

ou individual, como teorizou Freud.

Page 52: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

41

O sujeito cósmico, interdependente do universo, dotado de centelha divina desde o

nascimento, a energia criadora, mas que no decorrer da vida perde seu potencial criativo e

necessita da espontaneidade para resgatá-la.

É instigante ressaltar a aproximação entre o pensamento de Moreno e do filósofo Gastón

Bachelard com sua poesia cósmica e a doutrina da imaginação criadora, cujo princípio é a

imaginação poética. Para a psicodramatista Silvia Ferraz C. Cardim, do Departamento de

Psicodrama do Instituto Sedes Sapientiae, o palco psicodramático também é cósmico:

O universo Psicodramático guarda seus enigmas e se oferece como um palco cósmico. Em que realidade e irrealidade fazem desprender, como bolhas de sabão, mundos auxiliares, dimensões invisíveis e latentes da realidade da vida não experimentadas ou expressas. Este universo criado e concretizado no palco psicodramático não é um apelo ao ilusionismo, não é uma fuga da realidade, mas justamente o contrário, é um apelo à criatividade do homem e à criatividade inscrita no seio do universo (CARDIM, 2008, p.01).

Há também um paralelismo entre o sujeito cósmico moreniano e a noção de sujeito

moreniano (Compuo ergo sum), ambos inserindo o ser humano na perspectiva planetária, na

complexidade. E, justamente esse sujeito cósmico, universal, dotado de fantástica singularidade

físico-química, possui também outra peculiaridade ou tipicidade: a condição egocêntrica, único

para si e computando para si, um ser computante que se situa no centro do universo, sendo causa

de indignação. Segundo Morin (2005, p.324):

(...) a partir do momento em que ser sujeito é pôr-se no centro do universo, o “eu” torna-se todo para si, sendo quase nada no universo. É esse o drama do sujeito: autotranscender-se espontaneamente, embora não passe de um ácaro microscópio, de uma migalha periférica, de um momento efêmero do universo.

O adolescente na revivescência dos transtornos psíquicos infantis revive imperativamente

o egocentrismo desenfreado citado por Morin (2005) na busca de singularidade. Teoria

psicodramática e as suas intervenções, como as dramatizações e os jogos dramáticos, auxiliam a

Orientação Profissional a nortear o adolescente na realização de escolhas profissionais

satisfatórias, respeitando a “construção da subjetividade, partindo da intersubjetividade ligada ao

vínculo com os pais e com o mundo” (BUSTOS, 2005, p.342).

Em termos gerais, a adolescência é o período da vida em que do ponto de vista cognitivo

ocorrem mudanças e a construção do pensamento hipotético–dedutivo, combinatório,

característico das “operações formais”, podendo tais operações realizar-se sobre hipóteses e não

Page 53: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

42

mais sobre objetos, e como se sabe “não sendo as hipóteses objetos, mas, proposições” (PIAGET,

2002, p.48).

A dimensão psicodramática também implica etapa em que as transformações físicas e

psicológicas são rápidas, s sendo tais mudanças e os processos de identificações, responsáveis

pela escolha profissional e conseqüente, sucesso ou insucesso profissional.

Esse período de definições de valores e auto-conhecimento, culmina na identidade pessoal

e, após a vivência de novos papéis na identidade profissional. Focando a adolescência na base

psicodramática compreende-se a relevância do desenvolvimento de papéis, dos vínculos

saudáveis, das identificações, o respeito pelas representações históricas e culturais, e a

importância do trabalho em grupo.

Também foca-se as transformações dessa fase do desenvolvimento, pois são processuais e

promovem novas formas de relações com a realidade, surgindo diferentes percepções de mundo,

na qual a identidade infantil não mais atende às interpelações e aos interesses do mundo adulto.

Embasada em Aberastury (1981, p.13):

As mudanças psicológicas que se produzem nesse período, e que são a correlação de mudança corporais, levam a uma nova relação com os pais e com o mundo. Isso só é possível quando se elabora, lenta e dolorosamente, o luto pelo corpo da criança, pela identidade infantil e pela relação com os pais da infância.

É necessária a compreensão do adolescente vivenciando a crise de identidade inerente a

esse período do desenvolvimento, permeado de frustrações, lutos de objetos e comportamentos

infantis, mas que também vivência um diferencial não identificado em outras gerações: por um

lado, a era das incertezas; por outro, a globalização dos modos e dos costumes.

O jovem, nesse período em meio às “crises” e submerso em período de “manifestação

normal da onipotência infantil“ (BOHOSLAVSKY, 2003, p.182), está sendo banalizado em

detrimento da desorientação de seu momento de vida, do mercado oscilante, da oferta de

mercado, da subjetivação na cultura cyber e global que dilui as fronteiras culturais, fragmenta e

desloca as identidades culturais locais, e o processo de identificação. Por isso, estão sendo

considerados sujeitos descentrados.

A situação fica mais agravante e caótica quando se busca legitimar no mercado toyotista

os jovens profissionais espontâneos e criativos, mas toda a automação histórica coibiu a

espontaneidade e o ser criativo, gerando dúvida entre o ousar e o se calar, na tentativa de evitar a

frustração, as interdições e por ser “período de contradições, confuso, ambivalente, doloroso,

Page 54: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

43

caracterizado por fricções com o meio familiar e social. Este quadro é freqüentemente

confundido com crises e estados patológicos” (ABERASTURY, 1981, p.13).

Essas preocupações tornam-se vitais o Serviço de Orientação Profissional articulado ao

Psicodrama, para auxiliar as escolhas profissionais do jovem de hoje que, ocorrem em meio à

infinidade de cursos, novas especializações, profissionalização e automações, nem sempre

condizentes ou distantes das singularidades locais, de habilidades culturais típicas. Os Jogos

Dramáticos permitem transitar entre as culturas em busca de escolhas mais bem adaptadas na

busca de realização pessoal e profissional.

No que tange à robotização do homem e as conservas culturais, gerando comportamentos

cristalizados, compreende-se que à medida que se dissemina a automação, recua-se o campo das

habilidades humanas predeterminadas.

“Há cinqüenta anos conversar com uma máquina sobre nossa conta bancária parecia coisa

de ficção cientifica; hoje é algo perfeitamente natural” (SENNET, 2007, p.46), causando

indignação o fato da banalização histórica da espontaneidade e atualmente a necessidade dela nos

trabalhadores da economia flexível do mercado toyotista.

Teóricos da Orientação Profissional discorrem sobre o fascínio exercido pelo leque de

opções profissionais atuais, alertando o paradoxo existente nesta questão, havendo ainda mais

diversidade de opções no mercado, se pode ter mais opções de escolha, como também outra fonte

de angústia para o adolescente, no momento em que está tentando se descobrir. O Psicodrama

contribui diretamente nesse processo.

O Psicodrama é fundamental para o trabalho com adolescentes no momento da escolha

profissional, por tratar-se do momento do jovem experimentar, por meio do desempenho dos

diversos papéis profissionais, quais são aqueles em que se sente melhor ou lhe proporciona

satisfação.

Dessa forma, terá condição de exercer-lo com maior segurança. Nos grupos de Orientação

Profissional, os Jogos Dramáticos são instrumentos fundamentais, pois se permite “brincar” com

o papel profissional que existe imaginariamente, interiorizado desde o princípio da escolarização

até a entrada na universidade conforme a autora exemplifica:

A primeira fase é o preparo especifico, quando o jovem assume a escolha do papel de dentista. Denomina-se role–talking, que significa “tomar para si o papel”. A segunda é quando o jovem está apto a iniciar os estágios profissionalizantes, quando ele experimenta o papel propriamente dito. É chamada de role-playing, jogar, vivenciar o

Page 55: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

44

papel. Geralmente caracteriza-se por uma imitação dos modelos conhecidos. A terceira fase é quando a pessoa já consegue enfrentar e superar as dificuldades da profissão com espontaneidade. Recebe o nome de role-creating, que significa poder criar, inventar, e descobrir situações novas para as situações que enfrenta no desempenho de papéis (LUCCHIARI, 1993, p.20).

Moreno, ao aglutinar genialmente referenciais de diversas áreas do conhecimento, criou

as idéias expostas acima às articulando com o conceito de espontaneidade (núcleo central de sua

teoria), entretanto, ressalta que etimologicamente a palavra é derivada do latim “‘ponte’ significa

de livre vontade”, sendo a espontaneidade a matriz da criatividade.

No entanto, ela tem sido desconstruída ao longo dos tempos, “usa-se com frequência o

termo “espontâneo” para descrever indivíduos cujo controle sobre suas ações está diminuindo”

(MORENO, 1993, p.163); comprometendo a horizontalidade e a temporalidade nas relações

humanas.

É relevante elucidar que há muita confusão nesse terreno pantanoso imbricado no caos

existencial, pois muito se banaliza a espontaneidade vinculando-a mais à emoção e à ação mais

do que ao pensamento e ao repouso, como se ela, enquanto função cerebral, não se expressa por

meio de padrões de comportamento altamente organizados, equilibrados, assertivos no tempo e

espaço, distantes de ações impulsivas, impensadas e insensatas.

A espontaneidade é requisito necessário pela atitude em situações surpresas para a tomada

de decisões rápidas, de assertividade ou respostas adequadas nas novas situações-problema,

flexibilidade e maiores autonomia, sendo tais características competências fundamentais no

mundo do trabalho e, principalmente, para a saúde do trabalhador e do cidadão do século XXI.

Há necessidade dessa atribuição para a saúde humana em todas as esferas da existência e,

principalmente, no mundo das organizações flexíveis, na qual a comunicação, o relacionamento,

a valorização profissional e o sucesso estão articulados ao potencial espontâneo-criativo, seja da

empresa ou do trabalhador.

Respostas adequadas são consideradas espontâneas quando implicam em “senso de

oportunidade, imaginação para intuir o adequado, originalidade de iniciativa diante das

emergências, atribuíveis à responsabilidade de uma função e especial. É uma aptidão plástica de

adaptação”. (MORENO, 1972 apud MARTÍN, 1984, p.138).

A espontaneidade compreende a condição de agir com liberdade, que não se alcança pelo

ato de vontade ou desconstrução de costumes e valores dispensáveis ao mundo de trabalho atual,

Page 56: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

45

mas sua ação opera como “catalisador psicológico”, ou seja, na base moreniana o ser humano não

é dotado de reservatório de espontaneidade, mas espera-se que ele apresente emoções,

pensamentos e ações apropriadas ao momento, denominadas adequadas para a realidade.

Territorializar a espontaneidade é desterritorializar a automação, o disciplinamento dos

corpos no sentido Foucaultiano, toda a linearidade histórica mapeada pelas conservas culturais e

pela máquina fazendo com que a habilidade de respostas adequadas para situação nova ou

resposta nova para situação antiga, isto é, a capacidade humana, de modos de agir diante do novo

e da surpresa, fique distante do próprio homem. Essa temática será mais bem apresentada logo

abaixo polemizando a corporalidade no processo de educação articulado a saúde.

Desterritorializar a automação significa transformar as conservas culturais que

personificam a ação dos processos espontâneos, pois as conservas são produtos acabados, foram

imaginadas e construídas em determinado período histórico e suprimiu a espontaneidade de si

mesma e, resgatá-la, é reinventar. As conservas culturais segundo Marineau (1992, p.166):

(...) produto acabado de um esforço criativo. Por exemplo: um livro, uma peça de teatro, uma sinfonia. Moreno dedicou grande esforço em livrar-se das conservas culturais, especialmente no campo do Teatro. Via as conservas culturais como barreiras para a criatividade, e esperava substituí-las por novas e espontâneas formas de comportamento.

Para escrevê-los foi necessária a ação da espontaneidade no autor. No entanto, trata-se de

paradoxo na medida em que a herança cultural de um povo foi construída de componentes

espontâneos que se cristalizam em “obras acabadas” ou instrumentos. Entretanto, considerando-

se que para haver desenvolvimento são necessárias transformações, dissipações desequilíbrios,

pois as heranças culturais modificam-se com o passar dos anos.

As “obras acabadas” ou instrumentos personificados pelos produtos de consumo

representam a cultura consumista, a conserva cultural e tornou-se a expressão de um ser que tem

montante limitado de espontaneidade sob seu controle, já que toda automação histórica da

modernidade, da idade moderna e, orientada por um sistema trabalhista e de relações humanas

remanescente do Fordismo, bloqueadores do complexo espontâneo-criativo.

Vários pesquisadores, seguidores ou não do Psicodrama, são coniventes à necessidade do

resgate da habilidade humana: a espontaneidade, um dos bens mais preciosos do futuro do

planeta, da sociedade da informação, visto que conforme cita Moreno (1993, p.159):

Page 57: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

46

Mas quanto mais se desenvolveram as conservas culturais, quanto mais amplamente se distribuíram, quanto maior se tornou a sua influencia e quanto maior atenção se dedicou ao seu acabamento e aperfeiçoamento, mais raramente as pessoas sentiram a necessidade da inspiração momentânea. Assim, os componentes espontâneos das próprias conservas culturais enfraqueceram e o desenvolvimento da conserva cultural, embora ela devesse seu próprio nascimento à ação de processos espontâneos.

No que se refere as “obras acabadas” ou instrumentos de mediação humana presentes na

cultura local ou global, melhor elucida o significado das conservas culturais articuladas à

espontaneidade, a definição de ambas enquanto caminham juntas, interdependentes.

Na teoria moreniana, a concepção de espontaneidade engloba criatividade e inventividade

operando não só na dimensão das palavras, mas em todas as outras dimensões de expressões

corpóreas, como atuação, interação, fala, dança, canto, desenho e todas as expressões da ação e

do pensamento, em que as relações horizontais e os jogos dramáticos em campo relaxado

auxiliam a sua retomada, em que toda ação na realidade perpassa o corpo.

A corporeidade em sua plenitude é saúde, porém, a corporeidade vigiada e punida perde

sua tipicidade, deixa de colaborar com a autoconstrução e a auto-estima, privilegiando a (des)

valorização humana, além de comprometê-la, pois todo sistema de ação está construído a partir

da corporeidade. Porém, na sociedade cibernética a condição humana parece ter sido submetida à

máquina que segundo Arendt (1983, p.159) “já não é o movimento do corpo que determina o

movimento do utensílio, mas sim o movimento da máquina que impõe os movimentos ao corpo”.

Inicialmente o sujeito relaciona-se com o mundo e passa a atribuir-lhe significado a partir

de sua experiência corporal, pois ao expressar-se oferece sentido a realidade da vida, com a

relação e o diálogo, as vivências e aprendizados delas decorrentes, que se chega a maturidade,

ampliando a consciência de si e aceitando as adversidades.

Michel Foulcault alude ao corpo enquanto dotado da arquitetura de vigilância, na qual “a

disciplina é uma técnica de poder que implica uma vigilância perpétua e constante dos

indivíduos” (FOUCAULT, 1993, p.106) que, reprimido ao longo da história, ocasionou o

disciplinamento dos corpos, moldados pelo trabalho alienante, perdendo a espontaneidade.

Toda a linguagem ao longo da existência é registrada pela memória corporal, assim como

o gesto e, a atitude postural, a expressão fisionômica e toda ação tem uma história:

Assim, se a memória corporal não for alimentada desde que a criança nasce, até a velhice, não estaremos favorecendo a formação completa do homem, e sim o aparecimento de seres “robotizados” em nossa cultura. A ampliação da bagagem de

Page 58: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

47

gestos, ações, fisionomias, é muito importante, tornando mais rico nosso relacionamento com o mundo e com os outros (ARANTES, 1977, p.31).

Há no desenvolvimento de uma pessoa momentos originais a partir das experiências

corporais, verdadeiramente criadores e decisivos, não necessariamente em todas as experiências

da existência, mas de tempos em tempos surgem momentos que se convertem em locus nascendi,

os quais lançam a pessoa numa nova trilha de experiência, na linguagem psicodramática, em

novos papéis.

Mas contraditoriamente, quanto mais se desenvolvem as conservas culturais fabricadas

pelo homem, quanto mais tais conservas se distribuem em obras acabadas, em invenção

tecnológica, em trabalho de arte e instrumentos mediadores da cultura humana, mais raramente as

pessoas sentem necessidade da inspiração momentânea, de criar, porque supostamente está tudo

tão pronto que não se precisa transformar ou reconstruir.

Adentrando no enfoque psicodramático, enquanto a conserva cultural é categoria

tranquilizadora, a espontaneidade é inovadora, inédita, uma função cerebral, por atender a

categoria do momento, ao aqui-agora, é transformadora, revolucionária, valorizando a

democracia, a autonomia, às mudanças paradigmáticas e globais; e a função que garante

adequação ao novo modelo de mercado, de relações horizontalizadas.

Fox (2002) foca a crença da característica humana de capacidade ilimitada para a ação

espontânea e criativa e, principalmente, pontua a orientação sistêmica do Psicodrama evidenciada

neste fragmento:

Como tal, sua perspectiva é otimista. Entretanto, a espontaneidade é bloqueada pelos desequilíbrios emocionais que decorrem do próprio viver no mundo, a menos que experimentemos uma catarse ativa, que libere as “emoções e sentimentos puros e verdadeiros”. Em muitos casos há outra pessoa envolvida, quando então, para atingir o núcleo do problema, “ambas as pessoas são necessárias e devem ser reunidas para uma situação que é crucial para elas”. Temos aqui uma expressão pioneira da orientação sistêmica em psicoterapia (IDEM, 2002, p.81).

Tais idéias a respeito da espontaneidade e de sua relevância para a sociedade e o mundo

do trabalho permitem a visibilidade da relevância do Serviço de Orientação Profissional,

embasado na Teoria do Psicodrama, aos jovens alunos do Ensino Médio, por meio do

Treinamento de Professores das Escolas do Ensino Médio.

Ao abordar informações e dúvidas quanto às profissões, ameniza-se a angústia dos jovens

e possibilita-se contato direto com os jogos dramáticos, como também se potencializa a inserção

Page 59: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

48

do fator “surpresa” e assertivo; a espontaneidade, solicitada pelo modelo de mercado atual,

baseado em relações sociais horizontais, de produção, exige profissionais que saibam apreender,

que estejam abertos ao novo, que sejam capazes de pensar o seu próprio fazer e que o façam de

forma coletiva, em equipes.

O mercado toyotista também se beneficia com a ação psicodramática, pois se espera do

trabalhador “polivalente” decisões inéditas, perfis flexíveis, de iniciativa, agindo com

espontaneidade diante de situação nova, não compactuando com “os modelos precedentes,

fundados na segurança, na estabilidade, e na regularidade” (LEVENFUS, 2005, p.66),

influenciado pelo verticalismo não comprometido, com a promoção de maior autonomia e com o

gerenciamento de mudanças.

A espontaneidade, além de representar aspecto central da Teoria do Psicodrama, é a

disponibilidade do ser humano para o ato criador, sendo responsável pela não cristalização dos

hábitos e dos costumes em “obras acabadas”. Esse assunto polêmico, nunca explorado

anteriormente por outra teoria de conhecimento, compreende-se a inabilidade ou escassa

habilidade humana de lidar com situações novas:

O sentido de espontaneidade, enquanto função cerebral mostra um desenvolvimento mais rudimentar que qualquer outra importante função fundamental do sistema nervoso central. Isto poderá explicar a surpreendente inferioridade dos homens quando confrontados por táticas surpresas (MORENO, 1993, p.97).

Pensá-la, porém, com o cuidado epistemológico de não cair no modismo da desconstrução

contínua tem se tornado desafio, mas se trata de trabalho fundamental para a atual Orientação

Profissional de referencial psicodramático, no qual por meio dos jogos dramáticos, oportuniza-se

a intervenção junto aos jovens em campo relaxado, resgatando a espontaneidade.

Todos esses conhecimentos fundamentados e citados revestem-se de significados no

Psicodrama, quando se compreende a espontaneidade como “salvadora” da singularidade humana

e promotora da saúde, a revolução criadora:

A maior, mais longa, mais difícil e mais singular das guerras empreendidas pelo homem durante sua trajetória fez soar seu chamado. Não tem pré-cedente nem paralelo na história do universo. Não é uma guerra contra a natureza nem uma guerra contra os animais, nem de uma raça humana, estado ou nação. Tampouco é uma guerra de classe social contra outra classe social. È uma guerra do homem contra fantasmas, os fantasmas a que, não sem razão, se chamaram os maiores construtores de conforto, da civilização. São eles a máquina, a conserva cultural, o robô (MORENO, 1993, p.94).

Page 60: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

49

A esse respeito também é relevante a compreensão do papel da espontaneidade e da

criatividade nas estruturações cognitivas, porque ela permeia as ações humanas, o

desenvolvimento da inteligência, sendo considerada a mais elevada forma de inteligência, de

significativa relevância para a personalidade humana, nos quais os jogos dramáticos podem

resgatá-la e desenvolvê-la, auxiliando a Orientação Profissional e a Educação como um todo.

As intervenções com os jogos dramáticos desenvolvem potencial espontâneo remetendo à

valorização jamais vista em outros períodos históricos, pois o mundo das transformações da era

atual, diferentemente das antigas sociedades e formas de representações nas quais as valorizações

são baseadas no desenvolvimento socioeconômico, nas necessidades sociais e na demanda da

produção. Com as transformações dos valores, dos costumes, e da informatização, solicita-se da

mente humana e da cognição, soluções rápidas e assertivas: a espontaneidade.

Na base teórica de La Torre (2005), pesquisador da Universidade de Barcelona e

catedrático em Inovações Educativas, a sociedade agrária (biosfera) com a riqueza e os bens

conquistados por meio da terra, nas matérias vivas e orgânicas, passa à sociedade industrial e

tecnológica (litosfera) os bens transferidos para a comunicação tecnológica, a matéria-prima, a

maquinaria e os produtos. Hoje em dia estamos à busca de bens e de riqueza em nova onda, a

noosfera, isto é, na mente humana, no poder de informação de um povo.

Há sempre o que informa e a serviço de quem, por isso, atualmente quem tem mais poder

de comunicação ou de telecomunicação digital tem mais acesso ao capital. Haja vista a relevância

e a valorização do marketing empresarial, pois nesse meio necessita-se de espontaneidade e de

criatividade.

O Psicodrama tem instrumento dos jogos dramáticos e também dos Testes psicométricos,

utilizados nos contextos clínicos e nos psicopedagógicos, para desenvolver ou potencializar a

espontaneidade no adolescente, pois os encontros grupais em contextos relaxados possibilitam

relações horizontais autênticas, requisitos solicitados e valorizados na nova organização do

trabalho flexível.

Diante dessas conceitualizações, como nem tudo ou quase nada no mundo do trabalho são

“luzes sob o sol”, a espontaneidade passa a ser requisito fundamental para o sucesso do

trabalhador e das organizações flexíveis, pois as pessoas que a desenvolvem atendem a

horizontalidade do mercado toyotista, ao mesmo tempo em que propiciam mais lucros às

Page 61: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

50

empresas, que por sua vez sabe-se que as mais criativas atingem melhor o mercado e tem

lucrabilidade garantida.

Por outro lado, pessoas ou trabalhadores espontâneos-criativos são socializados,

solidários, e uma vez que isso ocorra, essas funções também promovem bens sociais. No âmbito

da saúde humana, o trabalho com tarefas repetitivas, sem criatividade, faz do trabalhador o

acompanhante da máquina, como solicitavam as organizações do passado, comprometendo sua

saúde, desde que em conivência às idéias da autora “saúde é resistir à fadiga” (MOTTA, 2005,

p.118). Melhor resiste quem é espontâneo, e nessa (des) ordem, como não ser conivente à idéia

de Moreno de auxiliar o próximo a ser espontâneo, intervindo, por meio dos jogos dramáticos, na

“trama” do adolescente, nessa “era da incerteza”.

Compreender esse amplo panorama significa compartilhar com a idéia do compromisso

de uma nação com a valorização de atitudes espontâneas, seja na educação, na saúde, no trabalho,

nos meios de comunicação e no modo de pensar a vida de um povo, pois como se identifica nos

meios de comunicação multimídia, nunca houve tanta valorização do novo, do inesperado, do

complexo espontâneo-criativo, e tanta lucrabilidade nesse meio empresarial.

Não há políticas públicas atuando na questão da Orientação Profissional, nesse sentido,

pensa-se ser preciso fazer mais do que já se faz. É preciso, do ponto de vista educacional, que os

Profissionais da Educação tenham como meta a visão educativa voltada à compreensão da

necessidade de educação espontânea, emancipatória, socializadora, podendo-a resultar da

intervenção do Psicodrama.

Em feixe a essas idéias, as hiper-potências econômicas têm como pupilas a riqueza de

bens que a espontaneidade lhes promove, por meio de seus trabalhadores quando esses se

expressam espontâneos-criativos, e inovam as informações conforme se pode constatar nas

propagandas multimídias, nas páginas da NET (internet), oferecendo uma comunicação que se

modifica a cada dia para atingir melhor o internauta ou, no caso da mídia televisiva, o

telespectador .

No entanto, em troca, os países dependentes menos providos de informação e das

transformações globais, menos escolarizados, ficam excluídos desse processo. Nessa ótica

identifica-se a relevância do desenvolvimento prospectivo da espontaneidade/criatividade

enquanto salutar para o mundo biotecnológico do trabalho e para a saúde humana, pois a

Page 62: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

51

submissão socioeconômica de um país gera nova forma de escravidão, mais sutil e dolorosa, nos

povos e nações:

É a nova forma de escravidão do futuro, mas que está funcionando nos países do Terceiro Mundo e da Ibero-América. Um povo cujas novas gerações possuam iniciativa e criatividade e encontrem apoio em seu país para desenvolver seus projetos, dificilmente cairá na escravidão. Simplesmente porque a criatividade fará críticos os seus cidadãos perante qualquer tipo de submissão (LA TORRE, 2005, p.34).

Esse mapeamento sociopolítico mobiliza sentimento de impotência, todavia, a não

intervenção pela educação rumo ao resgate da espontaneidade/criatividade pode ser considerado

crime moral, se acaso a moralidade crítica ainda constituir-se atributo positivo nesses novos

tempos, em que a indignação e perplexidade têm gerado imobilidade, uma babélica quietude

diante da corrupção, sendo o Psicodrama na Orientação Profissional imbricado no Ensino Médio

uma voz em meio ao silêncio dissimulado de aparente imobilidade social.

Há necessidade de formação de sujeitos espontâneos, criativos, já que o mercado flexível

solicita-o com urgência para sua lucrabilidade, e polemizando tais assuntos à dependência

econômica, à escravidão intelectual e moral que estão submetidos os países que não investirem

no complexo espontaneidade-criatividade, imbricados em reformas educacionais amplas

modificando os sistemas educacionais, estarão condenados à subserviência, prejudicados em seu

desenvolvimento, pois vive-se o reino da sociedade cíber ( da informação) tendo a criatividade

como sinônimo de felicidade, sucesso e lucrabilidade.

Essas reformas articuladas ao Psicodrama entrelaçam-se, pois por meio das intervenções

dos jogos dramáticos e da Sociometria, faz-se possível desenvolver o potencial espontâneo-

criativo. Essa (re) inscrição da educação no mundo vivido, advinda de práticas educativas

utilitárias, com políticas públicas de incentivo à Orientação Profissional, embasada na Teoria do

Psicodrama, nas Universidades públicas brasileiras.

Direcionando às temáticas do próximo capítulo, na tentativa de promover bem o (des)

conforto que a questão suscita, sob o ponto de vista psicológico, o processo de escolha

profissional está imerso nas identificações construídas sócio-culturalmente e identifica-se em

Bohoslavsky (2003) a compreensão de que há um sujeito, um “quem” que se relaciona com os

outros, sendo esse “quem” um sujeito histórico no qual o comportamento de trabalho está imerso

em um “quando” e “onde”.

Page 63: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

52

Nessa base, o momento da escolha de ocupação ou de estudos é o momento em que o

adolescente deve elaborar, antecipadamente, esse comportamento, um momento de ensaio

antecipado para aliviar a angústia e a ansiedade até a inserção no mundo adulto, mas contribui

prospectivamente à ocupação profissional, bem como à realização profissional, na qual a

Orientação Profissional, na abordagem psicodramática, tem papel fundamental a desempenhar na

sociedade.

Concluindo, sob o prisma sociológico, o próprio processo de identificação estruturante da

personalidade, que é histórico e cultural, tornou-se provisório, variável e problemático. Mais uma

vez pode-se imaginar a relevância do Psicodrama na Orientação Profissional, em que a

multimídia posta a diluição das fronteiras e outros fenômenos decorrentes da globalização, está

subjetivando um sujeito desprovido de identidade fixa, permanente, e conforme cita Hall (1999,

pp. 12-13) “a identidade tornou-se uma celebração móvel”.

Nessa plataforma, por meio de seus jogos dramáticos o Psicodrama oferece respostas ao

mundo das organizações flexíveis que requer profissionais competentes, como também

treinamento aos professores que minimizam a angústia e a ansiedade desse período do

desenvolvimento humano, em que conforme se adentra ao caos percebe-se a adolescência

imbricada nas diferenças sociais, na qual, mais uma vez na história, excluem-se os de parco

acesso à mídia globalizante, tornando ainda menos estéticos os novos horizontes, temáticas

expostas nesse próximo capítulo.

Page 64: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

53

CAPÍTULO 2

IDENTIDADE, DIFERENÇAS E EXCLUSÃO: CONEXÕES COM

A EDUCAÇÃO E A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

Mas o que acontecerá com a identidade de cada ser? O que acontecerá com a identidade humana com os transplantes de tecido nervoso ou com a implantação de circuitos eletrônicos ou neurais artificiais? Quanto se pode mudar o corpo humano e ainda conservar a identidade humana particular? A identidade de qualquer entidade é relacional e, como tal, sistêmica (MATURANA e REZEPKA, 2003, p.83).

Esse capítulo percorre diversos platôs em busca dos conhecimentos: Identidade, Diferenças

e Exclusão. Dentre eles a Psicologia, a Filosofia, a História, a Sociologia, a Antropologia e a

Educação, pois o processo de formação da Identidade, é complexo, “a subjetividade coletiva não

é resultante de uma somatória de subjetividades individuais. O processo de singularização da

subjetividade se faz emprestando, associando, aglomerando dimensões de diferentes espécies”

(GUATTARI e ROLNIK, 2002, p.37).

Trata-se da compreensão a respeito da relevância da formação da identidade no mundo

globalizado, de uma realidade de aspectos culturais locais, subjetivando identidades de jovens, de

pouco contato com a mídia globalizante, indecisos nas escolhas profissionais e, principalmente,

por suas dúvidas e incertezas e medos, tolherem o complexo espontâneo, tornando indispensável

sua problematização.

Foi teorizada na perspectiva fenomenológica e do existencialismo, considerando-a como

valor metafísico, religioso, moral e político, sendo o tema preferido de algumas filosofias

modernas e contemporâneas

Em especial, Kierkegaard afirmava o valor existencial do ser singular tratando-o como

Jasper, dotado de “caráter excepcional” , idéias originadas e coniventes às que articulam esse

trabalho, sendo fenomenológicas e existenciais, humanistas, nas quais também incluí-se o platô

de Guattari e Rolnik que tangencia a singularização, à importância política de tais processos,

entre os quais situam os movimentos sociais, as minorias, menos ou não consumidora da mídia

posta:

Page 65: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

54

O termo singularizarão é usado para designar os processos disruptores no campo da produção do desejo: trata-se dos movimentos de protesto do inconsciente, contra a subjetividade capitalística, através da afirmação de outras maneiras de ser, outras sensibilidades, outras percepções, etc (GUATTARI e ROLNIK, 2000, p.45).

Há contribuições teóricas valiosas de Félix Guattari e Suely Rolnik no estudo da

micropolítica do poder capitalista e de seus efeitos nas singularidades, o conhecimento da

formação da identidade e os mecanismos excludentes atuais, como também de outros teóricos,

por exemplo Santos (1999) que foca a Identidade, a Diferença e a Exclusão como elementos

básicos para a compreensão do que é ser cidadão atualmente, pois são fundamentais às

percepções das reais possibilidades do cidadão do terceiro milênio e de suas limitações diante das

diferenças econômicas, sociais e culturais.

As identidades são formadas a partir de representações, incluindo práticas de significações

e os sistemas simbólicos nos quais os significados são formados, posicionando o sujeito frente ao

mundo e declarando as diferenças: de gênero, étnicas, socioculturais, religiosas e outras.

Tais diferenças excluem ou marginalizam as pessoas que não têm acesso aos produtos da

microeletrônica de ponta, padrão multimídia gerado por interesses econômicos das

superpotências, de economia digital e flexível. A exclusão, sob o prisma da singularização,

frustra os mecanismos de interiorização dos valores capitalísticos, em que se focaliza o produto e

não o SER, se desvaloriza o criador em prol da criatura.

Os (des)valores gerados pela ótica dos incluídos torna a visibilidade turva, para não dizer

inexistente, para quem está dentro do turbilhão de mecanismos excludentes emerge o sentimento

de impotência, de isolamento, de intensa frustração, esses sentimentos de desvalia junto à idéia

generalizada de que a pobreza anda a “par da marginalidade” de acordo com Santos (1999),

colaboram com a identidade desvitalizada no sujeito.

A desvitalização e o decorrente sentimento de desvalia suscitam outro sentimento, de

insucesso, de mediocridade, que estabelece a regressão, a insatisfação pessoal e profissional,

promovendo a incompetência e comprometendo a saúde humana.

Focada na perspectiva antropológica evidenciada por suas origens no estigma e

significando marca ou impressão, a exclusão, de acordo Goffman (1998), tem sido utilizada como

indicativo de degenerescência, por exemplo, os estigmas do mal, da loucura, da doença, desde a

Grécia antiga.

Page 66: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

55

Para os gregos, os sinais do estigmatizado eram feitos no corpo com cortes ou fogo,

indicando tratar-se de escravo, criminoso ou ainda, traidor. Indicavam-se pessoas a serem

evitadas em lugares públicos. Atualmente, são pertencentes à ordem dos banidos sociais — os

excepcionais, os delinqüentes, as prostitutas, ciganos, maloqueiros, mendigos — todos os que não

compactuam, por condição biológica ou escolha, com os parâmetros da “normalidade”

consagrando-se: Excluído ou Estigmatizado.

Por meio das informações apresentadas pelo autor, compreendem-se impressões

associadas à degradação humana metaforizando ao longo da história, meio usado pela sociedade

para categorizar a massa humana sempre sinalizando o estigmatizado seja como representante

“divino” ou excluído social, um marginalizado e, nos dias atuais, menos valorizados que o

produto, que a criatura.

O marginalizado também vive à margem da sociedade, por opção ou imposição. O ponto

de vista socioantropológico, a estigmatização ou a exclusão, ocorre com as não-superpotências e,

hoje se apresenta mais cruel. Santos (2006) esclarece o processo de exclusão articulando à

diferença, informando que a pobreza decorre da dívida social:

Os pobres, isto é, aqueles que são o objeto da dívida social foram já incluídos, e depois marginalizados, e acabam por ser o que hoje são, isto é, excluídos. Essa exclusão atual, com a produção de dívidas sociais, obedece a um processo racional, uma racionalidade sem razão, mas que comanda as ações hegemônicas e arrasta as demais ações. Os excluídos são frutos dessa racionalidade. Por aí se vê que a questão capital é o entendimento de nosso tempo, sem o qual será impossível construir o discurso da liberação. (SANTOS, 2006, pp. 73-74)

Essas implicações articulam-se à questão da competência humana, percorrendo a

epistemologia e culminando no desenvolvimento moral. Nesse sentido, a teoria Piagetiana do

desenvolvimento cognitivo e a Teoria Kohlbergiana do desenvolvimento moral, da ética, segundo

Habermas (2003, pp.49-50) “ambas visam à explicação de competências, definidas como

capacidades de resolver determinadas classes de problemas empírico-analíticos ou morais-

práticos”.

Na medida em que as aptidões construídas ao longo da história do sujeito são combinadas

às atividades profissionais questiona-se a possibilidade ou não do desempenho competente na

profissão, e se há condições desiguais do desenvolvimento cognitivo, se há desiguais

oportunidades de inserções no mercado de trabalho e, principalmente, se há competência diante

Page 67: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

56

de escolhas de profissões baseadas no valor econômico desarticuladas de escolhas embasadas nas

habilidades culturais e na satisfação pessoal e profissional.

Trata-se de paradoxo problematizar essa questão de competências para a vida, desde que

“Aprender para a vida” é a filosofia básica da reforma do ensino que o Ministério da Educação e

Cultura (MEC) tem implantado, mas não contempla a Orientação Profissional em seu currículo

escolar, ou uma formação de acordo com a cultura local, com a valorização das aptidões

construídas socioculturalmente. No entanto, sabe-se a respeito da identidade e da diferença que

“estão associadas a sistemas de representação” (SILVA, 2007, p.89) portanto, significadas

socioculturalmente.

A reforma respeitando a cultura e obviamente às diferenças começou com a aprovação da

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1996, todavia, há desesperança de condições

igualitárias promovidas pelas tecnologias e pela globalização, assim como a Lei não cumpre o

papel de sanar defasagens socioculturais e, adentrando ao pântano, o discurso dissociado ecoa.

De um lado, a promessa de condições igualitárias para pertencer ao mercado, ao desempenho das

competências do trabalho e ao outro, a distância entre as próprias competências.

Problematizar essa temática implica focalizar o jovem que realiza escolhas profissionais

em certo momento do desenvolvimento humano denominado adolescência, independente da

condição socioeconômica, da condição de diferente ou excluído, mas que está organizando sua

identidade diante de crise sistêmica e, vivenciando o momento de crise da adolescência, crise de

síntese.

Essas crises são vivenciadas com intensa angústia, geram transformação das

identificações subjetivadas histórico-culturalmente e, acrescentam-se transformações biológicas,

psicológicas e sociais que dependem inevitavelmente de critérios sociais e culturais, com duração

dependente da cultura, pois cada povo tem própria forma de ser adolescente. No entanto,

programas sociais estão defasados ou mesmo a atenção e o zelo a esse período do

desenvolvimento e o apoio na realização de escolhas distantes da formação, da motivação, pois

há décadas não existe o eixo teórico Orientação Profissional.

Ao relevar os aspectos culturais no desenvolvimento psicológico, Erik Erikson,

psicanalista e um dos pesquisadores mais conceituados na temática do desenvolvimento humano,

denomina Ciclo Vital, a epigênese da identidade, focalizando a adolescência em período de

aquisição de Identidade versus Confusão de Identidade dimensionando o exposto abaixo:

Page 68: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

57

À medida que os processos tecnológicos ampliam cada vez mais o intervalo de tempo entre o começo da vida escolar e o acesso final do jovem ao trabalho especializado, a fase da adolescência torna-se um período ainda mais acentuado e consciente; e como sempre aconteceu em algumas culturas em certos períodos, passou a ser um modo de vida entre a infância e a idade adulta. (ERIKSON, 1976, p.128)

Para o autor, o final da infância parece ser a terceira e mais tediosa crise, denominada por

ele de globalidade, no qual os jovens devem tornar-se pessoas inteiras, pois passam pela fase de

desenvolvimento caracterizada pela diversidade de mudanças no crescimento físico, no

amadurecimento sexual e na consciência social, experimentando e vivenciando situações do

cotidiano junto à percepção e expectativa dos outros. Isso poderá colaborar para o futuro, de

escolhas mais assertivas e de competência profissional.

O adolescente que se desenvolve em matriz saudável naturalmente estruturará sua

subjetividade e identidade adulta, valorizando o aspecto criativo do SER. Os pais são os

primeiros mediadores da relação de Ser o ideal à relação de Ter o ideal, preparando-o rumo à

construção da subjetividade que será conclusiva no final da adolescência.

Dimensionada em paradigmas, signos e símbolos, para a Psicanálise e para o Psicodrama

no processo de vir-a-ser, a subjetividade compõe-se também do narcisismo:

(...) é a representação do ego, a premência do papel subjetivo, que na infância é ajeitado co a construção do pensamento abstrato e começa ater a consciência da subjetividade por meio da reflexão d si mesmo. A medida que a subjetividade evolui no processo de maturação, pode distanciar-se e assim atender, ás suas necessidades, deixando de ser ideal para passara ter um ideal, e a subjetividade pode ser confirmada. (BUSTOS, 2005, p.344)

A respeito das identificações, as primárias cedem lugar às secundárias e, em geral, as

secundárias são estruturadas a partir das imagens de ídolos, díspares das primeiras identificações

parentais, causando transtornos focando-se o seguinte:

A identidade inclui (mas é mais do que) a soma de todas as identificações sucessivas desses primeiros anos, quando a criança queria ser como as pessoas de que dependia, e freqüentemente era forçada a sê-lo. A identidade é um produto singular que enfrenta agora uma crise a ser exclusivamente resolvida em novas identificações com os companheiros da mesma idade e com figuras lideres fora da família. (ERICKSON, 1976, pp. 86-87)

Para o Psicodrama, no processo de vir-a-ser, ou na formação da Identidade, espera-se que

a onipotência juvenil dê lugar à impotência, ao sujeito sabedor de suas limitações na sociedade

Page 69: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

58

que não pode tudo e está submerso em redes sociais e que dê suas articulações nelas; de seus

movimentos dependem o desenvolvimento ou a estagnação de seus papéis, sendo indispensável a

capacidade do jovem de inversão de papéis, porque a troca de papéis e o confronto nos vínculos,

são condições indispensáveis para se tornar um adulto saudável.

Acrescenta-se a concepção de Erik Erickson às idéias de Gutierra (2003) por realizarem

paralelos entre a psicanálise e a corporeidade, que foca a cultura atual como valorizadora da

autonomia, da independência e da liberdade, mas que promove como ideal, como ícone, aquele

que transgride fazendo exceção à regra. E, a adolescência caracteriza-se como modelo estético de

modernidade, como ressalta a autora nessa narração:

O ideal é ter o corpo jovem e fazer inúmeras plásticas para mantê-lo, além de realizar tudo que ao adulto é proibido. A adolescência, então, carrega em si a obrigatoriedade de realização do ideal recalcado pelo adulto, ou seja, o ideal de autonomia, de liberdade e de ausência de regras. (GUTIERA, 2003, p.26)

Historicamente, o culto à estética adolescente nunca existiu, a idade média foi uma época

sem adolescência, ou que adolescência foi confundida com a infância, principalmente nas classes

populares. Segundo Ariès (1981) as crianças misturavam-se com os adultos quando eram

consideradas capazes de dispensar ajuda das mães e das amas, já com aproximadamente sete anos

de idade e ingressavam imediatamente na grande comunidade dos adultos, participando com seus

amigos jovens ou velhos dos trabalhos e dos jogos cotidianos.

É curioso constatar que a infância não era limitada pela puberdade, mas pelo fim da

dependência, mas pode-se indagar se do ponto de vista psicológico ocorria efetivamente a

independência, ou se a interdição da responsabilidade era atribuída mais precocemente. Fato que

o período não-dependente denominava-se juventude, o que não é sinônimo do que atualmente

chamamos de adolescência, pois se tratava de pessoas que apesar da pouca idade já exerciam

funções sociais definidas, com cobranças do mundo adulto, hoje em dia considerado trabalho

escravo pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

A respeito das identificações, na busca de identidade nova os adolescentes esforçam-se

para se definirem e redefinem, a si mesmos e uns aos outros, e na comparação dos valores,

hábitos, costumes e identificações, eles mesmos se definem, conforme Erikson (1976) em meio a

um sentimento de confusão dos papéis, em que apresenta dificuldade de sintetizar, questiona e

contraponteia as suas alternativas sexuais, étnicas, ocupacionais e tipológicas e a sociedade tem a

Page 70: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

59

função de orientar e limitar as opções individuais. “As sociedades da modernidade tardia são

caracterizadas pela diferença; elas são atravessadas por diferentes divisões e antagonismos sociais

que produzem uma variedade de diferentes “posições de sujeito” isto é, identidades para os

indivíduos”. (HALL, 1999, p.17)

A globalização tem promovido um fenômeno jamais visto em outro momento histórico,

com o acesso do jovem às outras culturas sem sair de casa, produz kits de perfil padrão,

personalidades padronizadas, de acordo com cada órbita do mercado, para serem consumidos

pelas subjetividades, independente do contexto geográfico, nacional, cultural e local. Por vezes,

esses padrões são produzidos pela mídia que atende aos desejos financeiros do mercado

dominante, eliminando os padrões socioculturais locais, destruindo raízes e massificando as

identidades.

A massificação ocorre padronizando, homogeneizando e robotizando, também roubando a

poesia, a arte, a estética e distanciando o sujeito da essência humana criadora. Diante deste

panorama, segundo Santos (2006), há mercado global apresentado como capaz de homogeneizar

o planeta, (des) norteado pelas políticas internacionais, mas que esta aprofundando as diferenças

locais e, ao que parece, uma “luz” no fim do túnel advém conforme a compreensão de Amaral

(2009)2 “quanto mais global nos tornamos, mais local ficamos”.

Compreende-se também por meio do leque teórico da pesquisa, uma busca de

uniformidade ao serviço dos “atores” hegemônicos que faz com que o mundo se torne menos

unido, tornando mais distante o sonho de uma cidadania verdadeiramente universal. Por outro

lado, o culto ao consumo é estimulado como se um mundo mais belo e estético assim fosse e não

as relações humanas horizontais.

Tais leituras esclarecem uma cultura de consumo baseada no princípio de uma aldeia

global na qual as identidades locais desintegram-se cedendo o espaço às identidades globalizadas,

flexíveis e mutantes, ao sabor dos movimentos do mercado com igual velocidade. Se o sujeito

não se enquadrar, é considerado diferente. Ao ser pobre e diferente, ele se torna marginalizado, já

que a pobreza com base em Santos (1999) caminha de mãos dadas com a marginalidade.

A globalização tem o papel de centralizar a flexibilidade do mercado, significando a

abertura para o novo, tais como novos produtos, novas tecnologias, novos paradigmas, novos

2 Discurso defendido enquanto Membro da Banca de Defesa dessa tese de doutorado na Faculdade de Educação da Unicamp na data de 13 de julho de 2009.

Page 71: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

60

hábitos. Entretanto, como vivem aqueles que não têm acesso a esse “novo”, ao mínimo

necessário para a sobrevivência, e têm de aderir ao modelo de mercado para a escolha de

profissões muitas vezes distantes de sua cultura?

Os acessos ao mercado de trabalho e às escolhas profissionais estão ocorrendo em

condição desigual. Assim como é desigual a valorização dirigida aos de pouco acessos à mídia

globalizada, em geral estudantes de escolas populares, no mínimo, uma concorrência ao mercado

de trabalho desleal.

Nos novos arranjos das organizações flexíveis, porém, há que se ter um elemento de

ordem psicológica crucial: a motivação. As organizações de sucesso são compostas pelos que

fazem o que gostam e o que querem não o contrário; as organizações estão baseadas não mais

nas exigências dos cargos, mas nas aspirações dos componentes, em identidades que aglutinam

expectativas (o que realmente quer da vida) com capacidades (o que se sabe fazer bem). Esse

processo inicia-se por meio do autoconhecimento.

Considerando-se a educação e a formação humana indissociáveis, a questão da identidade

cultural de que fazem parte: “identidade individual e a classe dos educandos, cujo respeito é

absolutamente fundamental na prática educativa progressista, é problema que não pode ser

desprezado” (FREIRE, 1998, p.46). Atualmente em meio à revolução paradigmática inclusiva, na

qual vêm sendo desrespeitadas as diferenças, há legitimação da exclusão nas estruturas sócio-

econômicas e contextos educacionais.

Adentrando na história do ocidente observa-se a riqueza da axiologia, da arte, isto é, nas

sociedades anteriores consideradas arcaicas:a dança, a música, as formas plásticas, expressões e

sinais do corpo ou solo estavam associados a rituais e às representações religiosas e não à

expressão de dignidade, valorizadas socioculturalmente.

As representações tribais dos ancestrais estão impressos nos comportamentos cristalizados

ou conservados das gerações e, portanto, humanos menos espontâneos. Nesse sentido, “a arte é

um caminho que leva a regiões nas quais não regem o tempo nem o espaço” (IDEM, 1996,

p.122). Tais regiões no platô Filosofia habitam o “infinito”. No platô Psicologia: o Inconsciente.

No platô psicodramático: a dramatização atemporal que descoloniza o imaginário.

Pela ótica do caos posto, já se adentrando a ele na expectativa de “lançar luzes” sob a

Identidade diluída hoje, encontram-se muitas trevas, representadas por questões não respondidas,

Page 72: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

61

apelos sociais não realizados, eixos educacionais desfeitos, como o caso da Orientação

Profissional.

A Educação pode contribuir para esse resgate. Desde torne seus horizontes mais estéticos,

incluindo a Orientação Profissional como parâmetros curriculares, promovendo diversificação

das práticas pedagógicas, aproximando a cultura escolar à cultura do aluno, promovendo posturas

inclusivas, respeitando as diferenças, fazendo do ato pedagógico uma “educação menor”, ou seja,

um ato de revolta e resistência ao instituído e às políticas impostas, colaborando com “um

presente e um futuro aquém ou para além de qualquer política educacional. Uma educação menor

é um ato de singularização e de militância” conforme teoriza (GALLO, 2003, p.78).

As intervenções dos Serviços de Orientação Profissional implantados nas Universidades

Brasileiras voltadas ao atendimento da comunidade local e regional colaborarão com a Educação

na medida em que, por meio de suas ações, contribuírem ao paradigma estético definido como

“tensão por apressar a potencialidade criativa que se encontra na raiz da finitude sensível”.

(GUATTARI, 1996, p.129)

Esse paradigma está permeado de implicações éticas-políticas, na tentativa de transformar

e orientar o “novo” tornando-o mais “belo” ou menos impactante o processo de vir-a-ser. Assim,

a própria Educação em sua dimensão estética deve possibilitar ao aluno criar sentidos e valores

que fundamentam sua ação no seu ambiente cultural, de modo que se tenha coerência e harmonia,

entre o sentir, o pensar e o fazer.

Buscando sentido para este movimento, no platô antropológico, Duarte Junior (1994)

clarifica que estamos frente à tendência esquizóide de nosso tempo, isto é, a dicotomia entre o

pensar e o agir, entre o sentir e o atuar. Diz-se tendência esquizóide porque o esquizofrênico não

fala, mas se expressa por meio de símbolos e códigos específicos que poderiam codificar a sua

linguagem diferente.

Entretanto, considerando que os valores humanos surgem da atividade do grupo social,

que a fala é a memória coletiva da sociedade e o instrumento que possibilita ao grupo humano a

coexistência, então se acredita compreender o papel das políticas inclusivas, isto é, o

desenvolvimento das sensibilidades necessárias à inclusão do diferente, a partir da aceitação da

linguagem de cada agrupamento, colaborando para uma educação mais estética.

Observa-se que desenvolver-se e tornar-se humano, implica respeitar as diversas falas e os

diversos símbolos, pois são códigos diversos de expressões que, embora diferentes, atendem a um

Page 73: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

62

grupo social e torna mais estética a Educação. Inclui na percepção da relação sistêmica e

relacional em que está inserida a própria Educação.

Nesse ponto, narra o psiquiatra Cooper 3 que os esquizofrênicos são poetas estrangulados

de nossa época. Do ponto de vista educacional questiona-se na tentativa de visibilizar saídas para

contornos mais estéticos para novas gerações: não se está por vezes “estrangulando” o aluno

quando se tolhe seu modo de pensar o mundo, orientado por sua cultura, quando o repreende em

prol da cultura escolar e disciplinar, quando se coíbe o pensamento e conseqüentemente sua

espontaneidade, ou emitimos um pensar norteado por cópia a outrem?

Quanto à Orientação Profissional, questiona-se: não se está tolhendo o aluno quando não

lhes são oferecidas orientações e intervenções, condições mínimas para escolhas profissionais

baseadas em suas motivações? Quando não se auxilia o adolescente na escolha de profissão mais

bem adaptada aos seus costumes culturais?

Em meio à desorientação que este tema conduz está a base da Orientação Profissional,

pois não auxiliar o aluno adolescente do ensino médio é contribuir com a sua dissociação e com

sua crise de sentidos e uma Educação regida por contornos estéticos, inclui essa temática, tanto

para apoiar, como para proporcionar reflexão ao aluno, inclusive a respeito da arte e a da

criatividade, e restringir essa questão ao âmbito lógico empobrece os sentidos.

Contribui-se com contornos mais éticos e estéticos da Educação, o Serviço de Orientação

Profissional como eixo de ação desde os primeiros anos da escolarização utilizando-se o

Psicodrama, intervindo junto aos professores da rede pública e privada do Ensino Médio,

auxiliando no sucesso nas escolhas das profissões para a formação de profissionais mais

satisfeitos, menos frustrados e mais saudáveis.

Focando a questão, a Orientação Profissional de jovens subjetivados em cultura típica e

característica com as intervenções de orientação e aconselhamento psicológico nas dúvidas, no

momento das escolhas, visam às escolhas mais adequadas à cultura local.

La Torre (2005), catedrático em Didática e Inovação Educativa na Universidade de

Barcelona a respeito da criatividade emocional, afirma: “isto é, o poder transformador da pessoa

em sua totalidade para perceber, sentir, pensar e expressar-se, movido por emoção, sentimentos e

3 Em parceria com Laing, criou o movimento da antipsiquiatria. Autores dos primeiros livros, sendo os mais conhecidos: Psiquiatria e Antipsiquiatria e A Linguagem da Loucura.

Page 74: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

63

outros fatores de índole afetiva” (IDEM, 2005, p. 62) de identidade sem a espontaneidade-

criatividade.

O autor considera que criatividade é a palavra repleta de imaginação, de possibilidade e

de geração de novas idéias ou realizações, há necessidade de se intervir na questão da formação

educacional de identidades criativas, pois se visibiliza um sistema de escravidão intelectual que

promove submissão do pensamento deflagra a diferença e potencializa a exclusão.

Com base no platô de La Torre, dar oportunidade justa à criatividade é assunto de vida ou

morte para qualquer sociedade, porque como se sabe somente o homem livre é capaz de gerar

idéias novas, originais, e comunicá-las à melhoria social, ao bem da civilização, podendo

acontecer a partir de articulações, entre o trabalho e a realização pessoal, no ideal de sociedade

igualitária.

Refletir sobre essas questões evidencia-se a relevância de política educacional que inclua

a Orientação Profissional e, articula-a à globalização, para atuar tanto nas perplexidades de

jovens adolescentes brasileiros, quanto nas dúvidas decorrentes de suas identidades subjetivadas

nos dias atuais, como auxiliar em escolhas mais bem adaptadas às suas culturas.

Por isso, a Orientação Profissional reformula-se, adaptando-se ao cidadão do novo

milênio, considerando como fundamental a formação da cidadania, pois em tempos de (de)

integração da percepção de si e do outro, da “crise de sentidos”, há a geração “zapping”, no

sentido de zapear tudo, sendo a geração do entretenimento que, segundo (2002, p.51) “nasceu

plugada nesse mundo globalizado. É impossível para ela, conceber um mundo sem computador,

chats, telefones celulares”.

Geração Z, conectada ao mundo globalizado, possui uma vasta informação de fatos,

locais, culturas e comportamentos diversos, mas será que se aprofunda em cada informação? Por

um lado, os jovens mostram-se independentes em posturas e forma de pensar; mas por outro

dependente em suas relações afetivas, pois deslocam os seus afetos aos instrumentos da mídia:

vídeos-game, chats de relacionamentos, Orkut, Messenger, MP3, MP4, Ipods, celulares e outros.

É a geração que adora o conforto tecnológico proporcionado pelos pais, mas que consumir

é uma das atitudes principais dos jovens adolescentes, que abdicaram de projetos coletivos, ao

contrário da geração de seus pais e, ainda segundo Levenfus (2002, p.51) “não apresentam

intenção em romper com o sistema e desejam o sucesso econômico sem a menor culpa”.

Page 75: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

64

Estar bem colocado no mercado de trabalho, querer uma profissão com garantias de

estabilidade e futuro não existe mais, tais implicações tem gerado muitas angústias, pois o

conceito de “emprego” vem desaparecendo, tratando-se de um desafio o trabalho do profissional

da Orientação Profissional junto a esses jovens, auxiliando-os a manterem psicologicamente

integrados, a fim de amadurecerem nesse mundo atual sem fronteiras exatas entre o espaço real e

virtual.

Esses conhecimentos auxiliam a defesa da inclusão da Orientação Profissional, como

eixo de ação educacional, não como disciplina, já que inexiste hoje um tema transversal relativo

à Orientação Profissional nos Objetivos Gerais do Ensino Fundamental no PCN (Parâmetros

Curriculares Nacionais, 1998).

Essa temática desemboca em águas Foucaultianas quando o autor narra a respeito da

necessidade de se “(...) reconhecer também no que se denominam não as ciências, mas a

disciplina, outro princípio de limitação” (FOUCAULT, 1999, p.29), fazendo da disciplina

curricular princípio de controle da produção do discurso e tornando os corpos alienados,

algemados, bloqueando a espontaneidade e afastando o aluno da criação.

O disciplinamento, do ponto de vista psicológico, e os outros mecanismos de repressão do

processo de escolarização promovem na identidade, sentimento de negativismo, impotência,

desvalia, na aprendizagem: desinteresse, dificuldade, esquecimento.

Com relação às escolhas profissionais, o disciplinamento é excludente, gera a inapetência

para as escolhas, já que o horizonte é incerto, caótico e o sujeito moderno, descentrado,

prejudicado em sua espontaneidade, salutar à saúde do trabalhador, às sociedades do novo

milênio, época em que o bem maior está na criatividade e o mercado flexível quer o profissional

espontâneo.

Causa indignação constatar que a escola está distante de formar indivíduos criativo-

espontâneos, conforme solicita o mercado, colaborando ainda mais com a “tríplice fabricação do

fracasso ou do sucesso em relação a formação escolar diz respeito ao currículo e a cultura escolar

elitista e em desrespeito a cultura local” (PERRENOUD, 2001, p.20).

O currículo elaborado para a cultura escolar elitista, distante da fala e dos saberes da

classe popular, a indiferença às diferenças e as formas de avaliações, contribui para minimizar ou

dramatizar as desigualdades reais de aprendizagem, tais leituras interseccionadas nas diversas

áreas do conhecimento remetem à preocupação com a identidade do cidadão do futuro, levando a

Page 76: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

65

outro questionamento: se os profissionais da Educação formam ou forjam identidades, e se a

Educação como um todo quer futuros cidadãos criativos ou robotizados.

Embora as conexões com a Educação não apresente visibilidade estética ao horizonte,

acredita-se que ao incluir a Orientação Profissional colabora-se para a re-inclusão de reflexões,

para amenizar as diferenças de possibilidades de acesso ao mercado de trabalho competitivo e,

quem sabe potencializar a auto-valorização que move as motivações necessárias para alcançar-se

objetivos e obter-se o sucesso.

Sem apoio psicológico ou psicopedagógico, torna-se mais complexo alcançar a Identidade

profissional e, o Psicodrama vincula-a ao nível de organização na identidade pessoal, adquirida

por meio de experiências, grau de consciência de acordo com papéis desenvolvidos, mas que

devido aos transtornos internos e externos, torna-se complexo a organização dos comportamentos

altamente elaborados, como por exemplo, a espontaneidade, que é expressão de maturidade

psicológica.

Além dos aspectos psicológicos que permeiam a Identidade profissional e definem seu

sucesso ou fracasso, faz-se salutar articulá-los às relações de controle e poder social, pois a

escolha e a identidade profissionais adquiridas por meio das escolhas do sujeito lhe conferem

status, respeitabilidade e responsabilidade social:

Ao produzir um discurso de verdade que liga o individuo a uma identidade profissional e, encontrando respaldo social para efetuar essa ligação, o poder estende seus efeitos de modo que o próprio indivíduo passe a desejar a posse de uma identidade. As formas de controle produzem efeitos positivos de poder enquanto vão atribuindo ao sujeito um lugar diferenciado, ou seja, uma respeitabilidade diretamente ligada ao conhecimento que este acumula a partir da sua preparação para o trabalho. Assim definindo uma profissão e investindo na sua formação, esse indivíduo é autorizado a falar em nome da ciência, conquistando uma legitimidade social para sua ação com profissional. (MANSANO, 2003, p.51).

Outros teóricos também articulam a identidade pessoal e profissional à cultura e à

Educação, e se torna relevante citar, por exemplo, Lévy (1999), por ser expoente nas

investigações da evolução do pensamento humano na era da informática, focando ser inegável

hoje, no universo on-line, que a transversalidade identitária gerada pela multiplicidade de saberes

atinge diretamente a formação das singularidades.

Formação implica intervenção nas identidades individuais articuladas às globais e há a

necessidade de repensar a educação sob o prisma do currículo, da cultura para a formação de

Page 77: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

66

jovens melhores orientados e habilitados ao mundo atual, pois a cultura cíber promove novas

adaptações nas estruturas cognitivas, ampliando as formações identitárias:

A pessoa pensa, mas é porque uma rede cosmopolita pensa dentro dela, cidades e neurônios, escola pública e neurotransmissores, sistemas de signos e reflexos. Quando deixamos de manter a consciência individual no centro, descobrimos uma nova paisagem cognitiva, mais complexa, mais rica. (IDEM, 1999, p.173)

Já a respeito do novo para a Educação que obviamente agirá nas Identidades, nas

Diferenças e nas Exclusões, a metáfora “Há algo novo sob o sol?” (VEIGA-NETO, 1995, p.10)

exemplifica o descontentamento. Ao que se delineia a resposta é, no mínimo, paradoxal, já que há

esgotamento do modelo de instituição e enquanto projeto de modernidade, a escola não

conseguiu formar cidadãos livres e ainda tem contribuído para manter e aprofundar as divisões

entre ricos e pobres, opressores e oprimidos, dominadores e dominados.

Appel (2003), referência mundial nos estudos curriculares e defensores da

democratização da pesquisa, da política e da prática educativa, ao citar Raymond Willians, de

concepção teórica marxista, lembra que um dos pontos de ancoragem mais importantes da

estabilidade e da transformação social trata da “produção de estruturas afetivas que não são

necessariamente conscientes, mas pressagiam limites e possibilidades importantes para a ação

social” (IDEM, 2003, p.186).

Se as escolas públicas não abrirem seus portões e compuser modelos de currículos e de

ensino imbuídos de sentimentos solidários, comprometidos com a equidade, a justiça social,

valorizarem a espontaneidade e inserirem a Orientação Profissional como eixo de ação ao invés

de “vigiar e punir”, muitos apresentarão “sentimentos antiescola”.

Focando com mais nitidez a questão, será tragédia para o sistema de escolas públicas

quanto para o senso de comunidade, de luta pelo respeito às diferenças, a exclusão social, mais a

depreciação da identidade humana no que tange aos seus valores e à moralidade que atinge as

competências e a própria saúde humana.

Contribuir para melhor formação dos adolescentes do Ensino Médio ou mesmo de jovens

universitários indecisos promovendo acesso às informações quanto ao leque de opções existentes

no mercado, e das competências exigidas nas profissões, trata de possibilitar a tomada de

consciência moral e ética, ampliando a percepção de mundo e de toda a dominação na interface

Page 78: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

67

cruel da escravidão social e moral, geradora da diluição das identidades locais, das diferenças e

da exclusão.

As leituras e indagações permitem explicitar que, as escolhas profissionais estão balizadas

pela Educação desconectada da realidade cultural de seu aluno. Estão acontecendo de acordo com

a necessidade pessoal e do mercado, e não por meio de motivações como citado anteriormente,

juntamente com o fato de toda a reengenharia globalizante reduzindo empregos em massa,

ordenando a idéia de fazer mais com menos, aumentando a desigualdade econômica e social, leva

o jovem às escolhas não guiadas por suas motivações, como também ao trabalhador exaurir-se

na dupla jornada de trabalho na tentativa atingir a mesma renda, estressando-o, e

comprometendo a sua saúde.

Em nossa época, nunca se cobrou tanto no mundo trabalho: a flexibilidade, a

competência, a criatividade, a resiliência4, no processo de desenvolvimento humano. O termo

resiliência é definido por La Torre (2005), pesquisador da temática criatividade, como a

capacidade de superar dificuldades e de projetar-se na vida, representado como potencializadora

do otimismo diante da vida, “o desejo de viver com o maior grau de bem estar possível” (LA

TORRE, 2005, p. 210).

Outros teóricos, além de La Torre, como Assis, Mellilo e Ojeda, comentam que o

fenômeno da resiliência está imbricado na capacidade de auto-estima sendo aspecto tão relevante

que tem sido considerado por seus estudiosos como o principal indicador de saúde mental, sendo

a escola responsável pela tessitura da resiliência. Assis (2006, p.97) expõe a respeito da seguinte

forma “Um dos muitos fios que tecem a resiliência ainda é pouco compreendido. Refere-se aos

aspectos que são herdados biologicamente e que seriam responsáveis pela unicidade genética de

cada um e por sua possibilidade de transformação pela ação da cultura”.

A resiliência articulada à espontaneidade também pode contribuir para a busca de uma

saída que aponte horizontes mais estéticos e éticos para a Educação, como o pensar

filosoficamente, conhecer cientificamente, atuar politicamente, passando a ocupar posição

privilegiada dentro dos agenciamentos coletivos de enunciação de nossa época, pois se tem

4 Termo de origem da Física e da Engenharia. Nessa área é associada à capacidade máxima de um material de suportar tensão sem se deformar de maneira permanente. Especificamente para LAPEDES (1978, p.835) trata da capacidade de um corpo (objeto) em virtude, do alto impacto (e baixos módulos elásticos) recuperar-se no tamanho e na forma seguinte à sua deformação. Para Silva e Motta (2005), há vinte anos, na Educação o termo tem sido usado de maneira mais abrangente para significar a habilidade pessoal de voltar ao estado normal de saúde.

Page 79: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

68

almejado a diluição das diferenças e políticas públicas provedoras da inclusão, na tentativa de

gerar possibilidades de acesso igualitário ao mundo do trabalho.

Refletindo esses aspectos e focando-os à Implantação do Serviço de Orientação

Profissional, por meio de uma formação continuada, pode-se atingir nos jovens adolescentes

mato-grossenses, além dos benefícios que se obterem mais realização pessoal e profissional, uma

formação de identidade menos desvalorizada, menos excluída e diante da perplexidade desse

momento na vida do adolescente, contribui-se para deslocamentos menos danosos, mais

inclusivos e interativos na escolha das profissões.

Pensar na possibilidade de visibilizar a Identidade de amanhã para além da

homogeneidade das culturas, implica para a Educação intervir com uma diversidade de novas

práticas pedagógicas inclusivas, podendo incluir a Orientação Profissional como uma delas.

Page 80: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

69

CAPÍTULO 3

DIALOGANDO COM A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL:

ENCONTROS NA INTERFACE PSICODRAMÁTICA

Um encontro de dois: olho a olho, cara a cara E quando estiveres perto arrancarei teu olhos E os colarei no lugar dos meus E tu arrancarás meus olhos E os colocarás no lugar dos teus. Então te olharei com teus olhos E tu me olharás com os meus. (MORENO, 1993, p.09).

Esse capítulo foi elaborado com o objetivo de apresentar a relevância do Encontro, no

sentido psicodramático, pois segundo Bustos (2005, p.41) “o sentido de entrega se conserva tanto

no processo como no ato, da mesma forma que o compromisso emocional de participação,

interação e mútuo reconhecimento”.

Assim, realizaram-se doze Encontros de Orientação Profissional, constituindo-se uma

Formação teórica e prática em Orientação Profissional, embasada na Teoria do Psicodrama,

utilizando-se de Jogos Dramáticos e destinados aos professores do Ensino Médio Público e

Privado local, com resultados bem satisfatórios, conforme será descrito no decorrer desse

Capítulo.

Os Jogos e as brincadeiras sempre estiveram presentes na construção cognitiva e afetiva

da evolução da humanidade, em que Piaget (1975) brilhantemente esclareceu sua ação na gênese

e desenvolvimento das estruturas mentais, mediando simbolismos e representações, desde o

período Sensório-Motor (Dois Primeiros Anos).

Nesse estágio do desenvolvimento cognitivo, os Jogos de Exercício do bebê, exploram

seu mundo externo, desenvolvendo a intencionalidade, compondo imagens mentais de objetos e

pessoas, e formando esquemas novos em suas estruturas cognitivas, a partir das experiências de

ensaio e erro, até chegar a representação simbólica, evidenciadas na imitação e na memória

exibida nos desenhos, no sonho, na linguagem e na atividade de faz-de-conta.

Nesse nível de maturação cognitiva, os Jogos de “faz-de-conta” do Estágio Pré-

Operacional (Dois aos Sete Anos) desenvolvem a imaginação e a espontaneidade, garantem o

Page 81: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

70

egocentrismo e o sentimento de onipotência mágica, desde que o adulto a deixe construir seu

mundo sem coibir, como bem esclarece a Psicologia Educacional.

Na base Piagetiana e Moreniana sabe-se sobre as primeiras brincadeiras de “faz-de-conta”

possibilitar a criança integrar a realidade ao ego, fantasiando e tornando possível expressar-se

com desobediência e conforme aproxima-se da realidade, os Jogos Simbólicos começam a perder

a importância, à medida em que se acomoda em grau cada vez maior ao mundo ao seu redor.

Segundo Pulasky (1986) membro titular da Jean Piaget Society e da American

Psychological Association, a brincadeira simbólica tanto do primeiro período (Dois aos Quatro

Anos) como do segundo (Quatro aos Seis Anos) do Estágio Pré-Operatório (Dois a Sete Anos)

permite à criança, transitar na temporalidade, espacialidade e causalidade, mediando as relações

entre os seres e a natureza.

A brincadeira “é natural nos mamíferos superiores, e exacerbada nos macacos e chipanzés

(NACHMANOVITCH, 1993, p.49), podendo-se compreender que o divertimento permeia a ação

humana em toda sua evolução, assumindo as mais diversas formas em cada etapa da vida,

algumas altamente evoluídas, como o ritual, as artes, a política, o esporte e a diversão.

Para Huizinga (1980), por meio das brincadeiras se adquire compreensão, porque onde há

diversão não há problemas, pois promovem flexibilidade, melhoram a capacidade de adaptação e

até o trabalho mais difícil, realizado com alegria e contentamento pode ser diversão. Já o Jogo

implica um conjunto de regras, depende de um campo e de jogadores, porém ambos constituem

uma atividade preparatória para evolução da cognição, da afetividade e da corporalidade.

Assim, são úteis ao desenvolvimento psico-físico, como também a socialização nas

interações grupais, demarcando limites da liberdade de si e do outro e o desenvolvimento da

Espontaneidade-Criatividade.

Os Jogos de Regras do Operatório-Concreto (Sete a Doze Anos) incentiva a socialização,

o desenvolvimento da reversibilidade do pensamento, das normas sociais e maoralidade e, das

primeiras combinações, necessárias ao próximo Estágio Operatório-Formal (Doze Anos à Idade

Adulta), com a possibilidade de multidimensões do pensamento combinatório e hipotético-

dedutivo.

Por meio dos Jogos a criança organiza o caos psíquico instaurado na infância por ocasião

da indiferenciação entre a fantasia e a realidade, pois estabelece uma brecha entre as realidades

objetivas e subjetivas, agindo como um mecanismo de defesa, evitando a dissociação egóica,

Page 82: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

71

estruturando a inter-relação entre o sentir, agir e pensar, fundamental para o centramento do

sujeito, e nesse sentido contribui para a saúde mental.

E, segundo Freud (1996), para a Psicanálise, o Jogo está articulado ao princípio do prazer,

à evolução normal da libido amenizando a ansiedade, relaxando e re-equilibrando o ego diante

das constantes pressões e frustrações provocadas pelo princípio da realidade, por meio da ação do

superego, a instância psíquica responsável pela censura, pela ordem, pela lei, contrária às forças

instintivas que regem a outra norteada pela imaturidade e irresponsabilidade, denominada ID.

Nessa perspectiva, transforma-se a realidade de acordo com a necessidade de prazer, de

satisfação seja pessoal ou grupal e os Jogos Dramáticos possibilitam por meio da fantasia a

realização do desejo, amenizando os conflitos gerados pelas frustrações da realidade, ocasionados

pela interdição da lei, da ordem, da moral, valores regidos por princípios distantes e antagônicos

ao desejo.

Quanto à utilização, o Jogo vem sendo pesquisado e utilizado na Pedagogia, na

Psicopedagogia, no Psicodrama Pedagógico e tem sido aplicado segundo Arantes (1996, p. 252-

259), “para promover a Criatividade, Dificuldades de Aprendizagem, Seleção e Treinamento de

Pessoal, Método de Ensino, Pesquisa Educacional, Aconselhamento de Problemas Cotidianos,

Jogos dramáticos e Orientação Profissional”.

Na Orientação Profissional, os Jogos são instrumentos que mediam os símbolos e signos

da realidade, como também os conteúdos intra-psiquícos, auxiliando o adolescente na passagem

ao mundo adulto, pois auxiliam na construção da Identidade Pessoal e prospectivamente na

construção da Identidade Profissional.

Segundo Motta (2002, p.29), “no teatro para a espontaneidade ou no teatro da

espontaneidade, o jogo de criar personagem é a base da proposta”, nesse sentido possibilita a

personificação ou mesmo troca de papéis, ocasionando um desequilíbrio, um distanciamento das

características de si que promove um relaxamento, uma aprendizagem genuína, uma ampliação

perceptiva de si e do mundo, pois o lúdico é uma forma saudável de usar-se da imaginação e, ao

mesmo tempo manter em ação a espontaneidade-criatividade.

Focando com mais propriedade a questão do Jogo, a adaptação infantil à realidade social e

cultural, com as constantes interdições da moralidade, da ordem, da educação como um todo, faz

com que a criança sinta-se insatisfeita afetivamente e intelectualmente e com as brincadeiras e

jogos, tais frustrações podem ser elaboradas. Para Piaget (2003, p.158):

Page 83: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

72

Sob esse ponto de vista o jogo simbólico se explica também pela assimilação do real ao eu: ele é o pensamento individual em sua forma mais pura, em seu conteúdo, ele é o desenvolvimento do eu e a realização dos desejos por oposição ao pensamento racional socializado que adapta o eu ao real e exprime as verdades comuns, em sua estrutura, o símbolo representado é para o individuo o que o signo verbal é para a sociedade. O Jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensoriomotor e de simbolismo, uma assimilação do real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu.

Articulando essas idéias à Orientação Profissional, atualmente se remodela, reorganiza-se

para melhor atender ao jovem em suas dúvidas quanto às escolhas profissionais diante de um

novo mercado, sendo norteada pelo Psicodrama, por meio de Jogos Dramáticos é possível

despertar no jovem e no adulto a imaginação com vistas à transformação, a retomar os seus

papéis sociais cristalizados e conservados, construídos ao longo da vida, com a retomada da

espontaneidade.

O Jogo Dramático de acordo com Monteiro (1979, p.07) “se insere no Psicodrama como

uma atividade que propícia expressar livremente as criações do mundo interno, realizando-as na

forma de representação de um papel, pela produção mental de uma fantasia ou por uma atividade

corporal”, intervindo no âmbito educacional o Jogo se torna atividade psicopedagógicas e,

promove catarses integrativas e insights.

Assim, os Jogos Dramáticos constituem uma preparação para as tarefas sérias que mais

tarde, os jovens desempenharão na vida ao deixar o grupo social e tornarem-se adultos. Nessa

perspectiva implica o exercício de autocontrole, de autoconhecimento, de equilíbrio do

psiquismo, pois as ações relacionais da sociedade humana são, desde o início, inteiramente

marcadas pelo Jogo e atualmente o mercado solicita um jogo flexível, no qual vence, no sentido

de atingir metas e de valorização, o mais autêntico, o espontâneo.

De acordo com Slade (1978), o Jogo Dramático é parte vital da vida jovem por não se

tratar de atividade do ócio, mas da maneira de pensar, comprovar, relaxar, trabalhar, lembrar,

ousar, experimentar, e também criar:

O jogo é na verdade a vida. A melhor brincadeira teatral infantil só tem lugar onde oportunidade e encorajamentos lhe são conscientes oferecidos por uma mente adulta. Isto é um processo de “nutrição” e não é o mesmo que interferência. É preciso construir a confiança por meio da amizade e criar atmosfera propicia por meio de consideração e empatia. (IDEM, 1978, pp. 17-18)

Page 84: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

73

Focando a questão do Jogo, a adaptação infantil à realidade social e cultural, com as

constantes interdições da moralidade, da ordem, da educação como um todo, faz com que a

criança sinta-se insatisfeita afetivamente e intelectualmente e com as brincadeiras e jogos, tais

frustrações podem ser elaboradas. Para Piaget (2003, p.158):

Sob esse ponto de vista o jogo simbólico se explica também pela assimilação do real ao eu: ele é o pensamento individual em sua forma mais pura, em seu conteúdo, ele é o desenvolvimento do eu e a realização dos desejos por oposição ao pensamento racional socializado que adapta o eu ao real e exprime as verdades comuns, em sua estrutura, o símbolo representado é para o individuo o que o signo verbal é para a sociedade. O Jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação do real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu.

A perspectiva do novo mundo do trabalho, do Toyotismo, da organização flexível do

mundo dito globalizado, requer profissionais polivalentes, em que o resgate do complexo

espontaneidade/criatividade é salutar.

Sujeitos saudáveis são capazes de catalisar a imaginação com vistas à transformação da

realidade, de retornar aos papéis sociais cristalizados e fixos que os circunscrevem e reinscrevê-

los, transformá-los na vivência de suas próprias relações, se superando, auto-apoiando e

solidarizando, vivendo numa unidade entre o real e o imaginário, podendo fluir livremente entre

essas duas dimensões, pois “representar é experimentar a vida em suas múltiplas possibilidades”

(MOTTA, 2002, p. 2).

Nesse sentido, contribuir com a Orientação Profissional de jovens adolescentes por meio

de um mini-curso teórico-prático oferecido aos professores do Ensino Médio do município de

Cáceres-MT compactua com o novo formato dessa área do conhecimento que, hoje a concebe

como um gerenciamento de vida, e foi dirigido aos professores com o objetivo de atender às

investigações iniciais da pesquisa prévia junto às escolas do município, verificando a necessidade

de implantação de Serviço de Orientação Profissional.

Os doze encontros focados na Orientação Profissional no formato de um mini-curso

teórico-prático se tornou uma formação prática para os professores do Ensino Médio, foram

estruturados objetivando o desenvolvimento da Espontaneidade, da horizontalização e do campo

relaxado utilizando-se dos Jogos Dramáticos do Psicodrama. Foram criados por Valério José

Arantes psicodramatista e Livre Docente em Psicologia, Desenvolvimento humano e Educação,

da Faculdade de Educação-Unicamp, utilizados junto aos alunos do DCE-Unicamp, do Colégio

Page 85: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

74

Cotuca e na formação de professores, pode encontra-los por meio de sua Tese de Livre

Docência.

Por meio dos Jogos Dramáticos, promoveu-se aos professores a possibilidade de vivenciar

os conflitos, as angústias, as ansiedades dos seus alunos e uma formação teórica a partir de

referências significativas e atuais da Orientação Profissional e do Psicodrama, visando uma

formação da Identidade Pessoal e Profissional, menos frustrada e mais espontânea para os

trabalhadores do futuro.

Esses Encontros aconteceram em salas de aula do curso de Turismo da Universidade

devido à amplitude da sala e disponibilidade de horários compatíveis ao curso, com a presença

inicial de vinte professores, porém, devido ao tempo de duração e aos compromissos dos

docentes, oito professores desistiram, e efetivamente o mini-curso foi concluído com doze

professores.

Realizaram-se às quartas-feiras em período noturno, com a duração de quatro horas

semanais, e aos sábados, em período matutino também, com a duração de quatro horas,

totalizando vinte e oito horas. Esse horário foi elaborado de acordo com a disponibilidade dos

professores participantes que ficaram assim distribuídos:

DIAS DA SEMANA DIAS, MESES E ANO HORAS

SÁBÁDO 09 de Agosto de 2008 Quatro Horas

SÁBADO 16 de Agosto de 2008 Quatro Horas

QUARTA-FEIRA 20 de Agosto de 2008 Quatro Horas

SÁBADO 23 de Agosto de 2008 Quatro Horas

QUARTA-FEIRA 27 de Agosto de 2008 Quatro Horas

SÁBADO 30 de Agosto de 2008 Quatro Horas

QUARTA-FEIRA 05 de Setembro de 2008 Quatro Horas

Com relação ao Conteúdo Programático, ficaram distribuídos em Módulos Teóricos,

apresentados em Temáticas, com o recurso do retro-projetor e data-show; contendo as noções

básicas necessárias para compreensão e aplicação teórica do mini-curso, conforme tabela abaixo:

Page 86: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

75

PRIMEIRO MÓDULO Psicanálise e Educação

SEGUNDO MÓDULO Teoria de Erik Erikson

TERCEIRO MÓDULO Orientação Profissional

QUARTO MÓDULO Psicodrama

QUINTO MÓDULO Jogos Dramáticos

SEXTO MÓDULO Quadro de Referência (Formação de Identidade e Escolha Profissional)

3.1. Formação de Professores em Orientação Profissional

A primeira formação de Orientação Profissional destinado aos professores da rede Pública

e privada do município de Cáceres, em Mato Grosso, aconteceu no período de nove de agosto a

cinco de setembro do ano letivo de dois mil e oito, após divulgação às coordenações das dez

escolas do Ensino Médio daquele município, sendo recrutados dois professores por cada escola,

registrando inicialmente a presença de vinte professores.

Houve oito desistências, pois cinco professores compreenderam erroneamente que o

Mini-Curso aconteceria apenas no final de semana, outros três tiveram impossibilidade de horário

em função de outro curso oferecido pela SEDUC (Secretaria Estadual de Educação do Estado de

Mato Grosso).

A divulgação, o recrutamento, as inscrições e todo apoio logístico referente ao material

didático-pedagógico, e também as instalações, contou com o apoio do Coordenador do Campus

Universitário “Jane Vanini” que inclusive disponibilizou a secretária para a execução da

divulgação e do recrutamento.

Assim, as inscrições foram abertas com antecedência de um mês do início. Foram

recrutados dois professores por escola, selecionados por ordem de inscrição na secretaria da

Coordenação do Campus Universitário “Jane Vanini”, que disponibilizou salas do curso de

Turismo, do curso de Matemática e o Auditório do EMAJ (Escritório Modelo de Assistência

Jurídica) para a realização das atividades.

Page 87: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

76

PRIMEIRO ENCONTRO

Inicialmente ocorreu apresentação dos objetivos, da relevância para UNEMAT e para a

comunidade, em função da necessidade detectada durante o período de Levantamento de Dados

junto às escolas públicas e privadas por meio de questionários a professores e alunos (anexo) do

período anterior a essa implantação. Com duração de quatro horas, o período foi dividido entre

duas horas para a parte teórica e as restantes para a parte prática.

Desse modo, se esclareceu o conteúdo programático com ênfase na Teoria do Psicodrama,

Jogos Dramáticos e Orientação Profissional, iniciando a parte prática, com intervalo de quinze

minutos.

AQUECIMENTO: Andar pela sala para reconhecer o ambiente e as pessoas, observando

detalhes da sala, percebendo as expressões e fisionomias.

JOGO DRAMÁTICO: Jogo de duplas. Apresentação dos participantes com inversão de

papéis. Cada participante do grupo escolhe um parceiro (a) e apresenta-se a ele (a), após dez

minutos de conversa solicita-se que retornem ao grupo. Cada um apresenta o colega ao grupo.

REDAÇÃO: O que é o mundo?

COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLEMENTARES:

Nessa fase foi solicitada a formação de um círculo feito com as cadeiras dos participantes

para que todos pudessem olhar-se e comentarem suas opiniões. Vale ressaltar que alguns

professores ficaram surpresos e satisfeitos com a parte prática, pois na opinião deles faltavam-

lhes “brincadeiras” e jogos na prática pedagógica para que se possa atingir o adolescente, como

também foi possível perceber a inexistência de informação a respeito da Teoria do Psicodrama.

Esclareceu-se que as redações têm o objetivo de promover reflexão e autoconhecimento,

por isso a importância em redigi-las. O Encontro transcorreu em clima de tranqüilidade e risos,

conforme se pode observar nos registros fotográficos.

Page 88: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

77

SEGUNDO ENCONTRO

Nesse encontro os professores mostraram-se animados e curiosos em relação às atividades

do dia. As apostilas referentes ao módulo teórico de Psicanálise e Educação foram previamente

entregues no Xerox do Diretório Central dos Estudantes, em frente à Universidade, e solicitado a

leitura prévia no Encontro anterior.

O módulo teórico de Psicanálise e Educação, com o objetivo de fornecer conhecimentos

básicos de compreensões básicas da dinâmica intrapsíquica e articulações na prática pedagógica,

foi apresentado em lâminas transparentes de retroprojetor com a transmissão dos seguintes

conhecimentos teóricos:

• Vida e obra de Sigmund Freud e breve histórico da Psicanálise;

• Primeira e segunda tópica do aparelho psíquico (aspectos dinâmicos e estruturais);

• Dinâmica da Personalidade;

• Mecanismos de Defesa do Ego;

• Psicanálise e Educação (Transferência e Contra-transferência na relação pedagógica;

Sublimação e aprendizagem).

AQUECIMENTO: Solicita-se a formação de um círculo, que se escolham primeiramente

em duplas, que se posicionem frente a frente, de mãos dadas e com as pontas dos pés encostadas,

inclinem o corpo para trás tentando o equilíbrio. Em seguida, deve-se repetir o exercício em três

pessoas, em quatro e finalmente com todos os integrantes até que se obtenha equilíbrio final do

grupo formando uma estrela humana.

JOGO DRAMÁTICO: Jogo dos nomes. Solicita-se do grupo que faça um círculo e cada

participante deve apresentar-se ao grupo pronunciando três vezes o seu nome. Após a primeira

rodada de apresentação, começa a apresentação em que o participante deve pronunciar o seu

nome e em seguida o dos outros integrantes, um a um, como exercício de memorização.

REDAÇÃO: O que é o ser humano?

APLICAÇÃO DO TESTE SOCIOMÉTRICO: foi trabalhado exclusivamente o fator

afetivo por tratar-se de momento inicial do grupo. Assim, foi solicitado que os integrantes

Page 89: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

78

escolhessem pessoas que considerassem mais simpáticas, que gostariam de conhecer e manter

amizade sincera. Desse modo, foi solicitado que cada participante escolhesse apenas uma pessoa,

colocando a sua mão direita sobre o ombro dela. A descrição, as análises e a interpretação desse

teste encontram-se no final da descrição desses Encontros, no item Avaliação dos Testes

Sociométricos do Mini-Curso Orientação Profissional.

COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLEMENTARES: O encontro aconteceu em clima de

descontração. Porém, mesmo com alguns professores — principalmente os ex-alunos dos cursos

universitários da UNEMAT, demonstrando conhecimentos sobre a Psicanálise, se visiabilizou a

necessidade de outros Encontros para rever alguns aspectos da parte teórica gerando discussão

sobre a possibilidade de mais dias de Encontro, objetivando sanar as dúvidas referentes ao

material teórico. Em relação à redação, os professores expressaram necessidade de mais reflexões

sobre o tema e solicitaram a permissão da entrega para o próximo Encontro.

TERCEIRO ENCONTRO

A maioria dos professores participantes chegou no horário previsto, mas mesmo assim

começou com pouco atraso. Muitos deles leram o material solicitado sobre a Teoria do

Desenvolvimento de Erik Erikson e já no início pediram esclarecimentos sobre as diferenças

entre as Teorias de Freud, Teoria Psicossexual, no que tange aos aspectos do Determinismo

Psíquico; e de Erik Erikson, Teoria Psicossocial do Desenvolvimento, no que se refere ao

interacionismo social, cultural e histórico).

Page 90: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

79

Durante a exposição do conteúdo teórico as dúvidas foram sendo sanadas, em clima de

tranqüilidade e atenção, conforme denotam os registram fotográficos. A seguir, o conteúdo do

conhecimento transmitido nesse segundo Encontro:

Teoria Psicossocial do Desenvolvimento:

• Estágios ou Qualidades do Ego (confiança x desconfiança);

• Autonomia x Vergonha e Culpa;

• Produtividade x Inferioridade;

• Identidade x Confusão de identidade ou papéis;

• Intimidade x Isolamento;

• Generatividade x Estagnação;

• Integridade x Desesperança;

• Fatores formadores da identidade;

• paralelos entre Psicanálise e Teoria Psicossocial.

Após intervalo de quinze minutos, deu-se início a parte prática do Encontro que aconteceu

entre risos, interesse e colaboração.

AQUECIMENTO: Profissionais em ação. Pede-se ao grupo que caminhe com

tranqüilidade pelo espaço cênico e que ao escutarem as instruções procedam conforme as

solicitações. Em seguida, solicita-se que caminhem como soldado marchando, como professor

dando aulas, como médico examinando o paciente, como arquiteto, odontólogo, vendedor de

carros, jornalista, advogado, psicólogo, veterinário, engenheiro agrônomo, caminhando como

profissional que deseja ser no futuro.

JOGO DRAMÁTICO: Ser humano na jaula. Faz-se um quadrado de fita crepe no chão e

solicita-se que cada participante fique preso nesse quadrado. Coloca-se uma cadeira no local para

os professores, que não devem falar, e um participante de cada vez ocupa o lugar no centro do

quadrado.

Enquanto isso cada um dos outros integrantes do grupo, convidados espontaneamente,

passam por ele e faz comentário sobre a sua opinião a respeito de sua postura profissional, seu

futuro profissional, suas características mais marcantes.

Page 91: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

80

REDAÇÃO: O que é minha família?

COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLEMENTARES: Os comentários focaram mais a

parte prática do Encontro, pois os professores demonstraram satisfação e entusiasmo pelas

atividades, e dialogaram sobre a forma que realizarão os seus trabalhos com os adolescentes de

suas escolas. Alguns entregaram as redações do Encontro anterior e outros solicitaram a entrega

da redação desse Encontro no próximo.

Houve relatos de professores ressaltando a compreensão obtida quanto à relevância desse

trabalho para as escolhas profissionais dos alunos que, segundo eles, encontram-se “perdidos,

sem muitas perspectivas de profissão”.

Sobre o conteúdo teórico, consideraram de mais valia com prolongada discussão nos itens

Identidade x Confusão de Identidade (Adolescência) e Generatividade x Estagnação (Idade adulta

– Maturidade). Alguns professores citaram exemplos de seus filhos. Outros se reportaram às suas

fases de desenvolvimento, identificando-se com a descrição de Eric Erikson. No final dos

comentários foi solicitado que no próximo Encontro cada participantes comparecessem com uma

toalha ou esteira.

QUARTO ENCONTRO

O encontro teve início às oito horas e trinta minutos, com a explicação de alguns

participantes que naquele momento o canal Globo transmitia a decisão do Campeonato Brasileiro

de Vôlei, mas que não havia a intenção de faltarem. Mostraram-se curiosos em relação às

atividades do dia, com indagações e tentativas de adivinhações, porém lhes foi solicitado que

aguardassem até a segunda metade do Encontro, e logo saberiam das atividades. Houve

exposição teórica sobre o tema Orientação Profissional, com os seguintes enfoques:

• Origens e Histórico da Psicologia do Trabalho;

• Breve histórico da Orientação Profissional;

• Conceituação da Orientação Profissional;

• A Orientação Profissional do modelo fordista no mundo do trabalho;

• A Orientação Profissional e o modelo toyotista nas organizações flexíveis.

Page 92: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

81

AQUECIMENTO: Foi solicitado que os participantes colocassem as toalhas e as esteiras

no chão, para relaxamento em clima de horizontalidade.

O relaxamento que é uma técnica pluridisciplinar de alívio das tensões diárias, utilizado

também para promover bem-estar físico e psicológico, levando o corpo ao repouso e combatendo

o estresse cotidiano.

É utilizado pelo Psicodrama, permite estado de repouso e saída do campo tenso de ação

concentrada e dirigida a um objetivo promovendo a tomada de distância do objeto, crescendo as

possibilidades de respostas espontâneas e relações horizontais, mais autênticas, sinceras,

adequadas e adaptadas à realidade.

JOGO DRAMATICO: Jogo da cadeira vazia. Uma cadeira vazia é colocada no centro do

grupo. Cada participante espontaneamente levanta-se e caminha ao redor da cadeira imaginando

que está ali sentado e dizendo em voz alta sua opinião referente à própria postura profissional.

Após todos tecerem seus comentários e opiniões, passando ao redor da cadeira, abre-se um

círculo para comentários da experiência.

REDAÇÃO: Quem sou eu?

Page 93: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

82

COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLENTARES: Os professores foram unânimes em

relação à satisfação pessoal por participarem desse mini-curso. Vários foram os comentários

alegando que não tiveram antes desses Encontros experiência que lhes proporcionassem prazer

em participar. Houve comentários de alguns participantes sobre a necessidade de divulgação

desse mini-curso no Estado de Mato Grosso, pois a discussão posta entre as articulações do

trabalho e suas conseqüências do modelo fordista para o toyotista é a discussão as lideranças do

SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Social) e SESC (Serviço Social do Comércio).

Pode-se perceber entre os participantes os efeitos do relaxamento nas falas e bocejos, pois

relataram que o Jogo Dramático promoveu a auto-estima, visto que eles se elogiaram durante

todo o exercício. Após os comentários foram distribuídos os Questionários de Orientação

Profissional com a explicação de tratar-se de mais um instrumento investigativo no processo de

Orientação Profissional (anexo) com a solicitação de entregarem para o próximo encontro.

QUINTO ENCONTRO

Esse encontro se iniciou sem atraso, às oito horas, porém com a ausência de três

participantes devido à reunião bimestral da coordenação e professores em suas escolas de origem.

Já na segunda metade do horário todos estavam presentes. Na parte teórica, devido ao atraso do

Encontro anterior, retomou-se a temática Orientação Profissional e Psicodrama, com a seguinte

apresentação teórica:

• Adolescência;

• Escolha profissional e Orientação Profissional;

• Orientação Profissional em tempos de globalização;

• Articulações do mundo do trabalho e Orientação Profissional (Verticalidade X

Horizontalidade);

• Introdução ao Psicodrama.

AQUECIMENTO: Andar pela sala e espreguiçar caminhando. Formar um círculo, dar as

mãos, e de olhos fechados caminhar em direção ao centro, configurando uma “massa humana”,

Page 94: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

83

até ouvirem a ordem: “pare”. Ao ficar parado, sentir o contato físico do colega. Em seguida,

repetir a ação anterior de abertura do círculo em movimentos rápidos. Após fechamento,

caminhar ao centro, sentindo os corpos dos colegas como se fosse um abraço grupal.

JOGO DRAMATICO: Jogo do Futuro. Deitados e de olhos fechados, cada participante

deve recordar-se de suas lembranças mais antigas. Em seguida, deve imaginar-se numa festa e

reunidos com os colegas daqui a vinte anos em diversos contextos, tais como: pessoal, familiar,

social, econômica e profissional, trocando informações sobre quem são e o que fazem.

REDAÇÃO: Um sonho profissional.

COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLENTARES: Os comentários mostraram a

indignação dos professores em relação à atual realidade de impossibilidade dos alunos do Ensino

Médio não terem sequer oportunidade nas escolas, de ao menos imaginarem como será o futuro,

as expectativas, os sonhos, como também que há necessidade urgente de um espaço para a

Orientação Profissional nas escolas, ou ainda, de uma disciplina curricular que oportunize o aluno

do Ensino Médio à reflexão, aos questionamentos, socialização de expectativas e o sanar de

dúvidas nas escolhas profissionais.

Houve também várias falas sobre o conteúdo do Psicodrama, a relevância dessa Teoria à

compreensão do ser humano, principalmente, a Teoria dos Papéis, e a importância de se “brincar”

com os papéis sociais, tanto para visibilização dos alunos enquanto profissional do futuro, como

para o desenvolvimento da espontaneidade.

Outros comentários foram acerca das redações. Alguns pediram para entregarem no

próximo Encontro, pois os vinte minutos designados para realizá-las foram insuficientes para a

tarefa. Os pedidos foram aceitos e informados sobre seu término, sendo-lhes lembrado que as

Page 95: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

84

redações têm como objetivo promover um momento de reflexão no adolescente visando o

autoconhecimento e sua valorização.

SEXTO ENCONTRO

Esse encontro teve início no horário previsto, com tranqüilidade. Os participantes estavam

curiosos a respeito das atividades do dia e alguns comentaram sobre a vida atípica de J. L.

Moreno. Mostraram-se interessados na temática como um todo. Os professores com redações

pendentes entregaram-nas.

Continuidade da Teoria do Psicodrama:

• Vida e obra de Jacob Levy Moreno;

• Breve histórico da Teoria do Psicodrama;

• O Teatro da Espontaneidade;

• Espontaneidade-Criatividade-Conservas Culturais.

AQUECIMENTO: Distribuir cartões com as profissões escritas. Após, coloca-se nas

costas de cada participante o cartão com a indicação profissional: Médico, Enfermeiro,

Engenheiro, Arquiteto, Professor, Nutricionista, Mecânico, Costureira e outros. Em seguida,

pede-se aos integrantes que andem pela sala exibindo suas profissões. É informado ao grupo que

cada um escolha um colega e, por meio de mímicas e representações, conte a ele qual é o nome

da profissão anexada em suas costas.

JOGO DRAMÁTICO: Jogo de Adivinhação. Os participantes do grupo são informados

que utilizaram o recurso da Mímica nesse jogo. Cada um escolhe imaginariamente uma Profissão

e os outros devem adivinhar pela mímica qual a profissão escolhida. Forma-se um círculo e cada

integrante vai ao centro apresentando a profissão escolhida na adivinhação.

APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO: objetivando obter informações sobre as atividades

e experiências pessoais e profissionais dos integrantes do grupo.

COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLENTARES: Pode-se perceber em alguns

depoimentos a curiosidade e a surpresa em relação ao Psicodrama, uma área do conhecimento

Page 96: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

85

parcamente explorada e, segundo os participantes, de fundamental importância para as relações

humanas e para a Educação.

Os jogos desse Encontro mobilizaram mais indagações sobre o descaso das políticas

educacionais para com a Orientação Profissional. Alguns professores presentes informaram que

estariam fazendo a sugestão de inclusão da temática nas escolas.

Quanto ao questionário (anexo) consideraram fundamental para obtenção de dados da

história de vida do adolescente. Alguns professores solicitaram a entrega para o próximo

Encontro, argumentando que gostariam de melhores reflexões nas respostas. Pediu-se a formação

de um círculo, em que as redações temáticas O que é o mundo? O que é o ser humano? Elas

foram lidas e comentadas, encerrando esse encontro.

SÉTIMO ENCONTRO

Esse encontro aconteceu no auditório do Campus Universitário, pois as salas destinadas

anteriormente estavam com atividades, e devido ao espaço mais amplo outros três Encontros

também aconteceram nesse mesmo local.

Solicitou-se aos professores participantes as redações pendentes, mas eles relataram que

devido à falta de tempo nas atividades têm-lhes faltado condições para a realização dessa

atividade. Risos e brincadeiras acorreram quando lhes foi dito que estavam relapsos assim como

os adolescentes nos grupos. Após conversas corriqueiras sobre a vida iniciou-se a parte teórica:

• Continuidade da Teoria Psicodramática: Matriz de Identidade;

• Origens e Conceitos de papéis (Psicossomático, psicossocial e psicodramático);

• O papel de Diretor e de Ego-Auxiliar;

• Etapas de desenvolvimento da investigação (Aquecimento, Dramatização, Comentários

e Análises; Comentários Complementares);

• Contextos: Social, grupal e dramático.

AQUECIMENTO: Todos de pé caminhando pela sala. Devem-se escolherem em

quartetos e que de mãos dadas façam um círculo. Em seguida, devem escolher um deles para ir

Page 97: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

86

ao centro de cada subgrupo para simular um renascimento. Pede-se que cada participante tente

sair do círculo, mas devem ser impedidos pelos colegas até o cansaço ou a saída do participante.

O diretor ajuda do lado de fora (como o médico em um parto).

JOGO DRAMÁTICO: Jogo de Imagens. Oferece-se ao grupo quinze minutos de tempo

para a construção de uma imagem do mundo usando objetos e pessoas. Em seguida, os

participantes devem dar nome para a imagem e explicá-la. Após mais quinze minutos para a

construção da imagem do Ser Humano, pede-se para cada participante dar um nome e explicar a

imagem do grupo.

COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLENTARES: Os professores estavam envolvidos em todas

as atividades. Segundo os participantes nunca houve a possibilidade de vivenciarem situações

novas como nesse mini-curso. Tanto os conteúdos teóricos, como os práticos, estão

surpreendendo-os, gerando presenças e participações brilhantes. Todos se envolveram em todas

as atividades expressando contentamento. Solicitou-se que no próximo Encontro a leitura prévia

do material teórico e trazerem toalhas ou esteiras.

Finalmente, pediu-se a formação de um círculo, na qual foi feita a leitura individual das

redações: O que é minha família? Quem sou eu? Elas foram lidas e comentadas, encerrando esse

encontro.

Page 98: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

87

OITAVO ENCONTRO

Um comentário relevante foi sobre o parco tempo para a leitura do material teórico e outro

a respeito das expectativas das atividades do dia. O retroprojetor estava com a lâmpada interna

danificada, porém, rapidamente a Secretaria do Campus Universitário providenciou o reparo e

deu-se início às atividades.

• Sociometria: O conceito de Tele, Teste Sociométrico, Sociograma;

• O Psicodrama na Educação;

• Espontaneidade-Criatividade e Educação;

• Psicodrama e Adolescência;

• Introdução aos Jogos Dramáticos.

AQUECIMENTO: Caminhar de olhos fechados pela sala e estender as toalhas ou esteiras pelo

chão. Deitar e seguir as seguintes instruções: fechar e abrir os olhos, contrair e descontrair: pés,

pernas, coxas, braços, antebraços, testa, olhos, maxilares, pescoço, ombros e abdômen,

objetivando o campo relaxado para o jogo dramático.

JOGO DRAMÁTICO: Jogo da Berlinda. Pede-se aos integrantes que se sentem formando um

círculo e escolham uma profissão para interpretar. Cada um deve ir ao centro e ser indagado

sobre “os porquês” de sua Escolha Profissional. Aquele que fica na berlinda tem que se defender

e explicar suas pretensões na profissão.

COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLENTARES: Os comentários foram a respeito do Jogo da

Berlinda, pois todos participaram euforicamente do jogo e os argumentos para que o outro

desistisse da profissão foram convincentes, fazendo com que os professores refletissem a respeito

da opinião alheia na escolha profissional. Foi solicitada a leitura de material teórico referente aos

Jogos Dramáticos, Orientação Profissional e Identidade para o próximo Encontro, como também

as Redações pendentes. Por fim, foi realizado leitura e comentário da redação intitulada: Um

sonho profissional.

Page 99: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

88

NONO ENCONTRO

O encontro teve início no horário previsto com a ausência de três professores devido às

atividades nas escolas de Ensino Médio, mas retornaram após o intervalo, às dez horas e trinta

minutos.

• Jogos Dramáticos: Psicoprofilaxia e Orientação Profissional;

• Jogos Dramáticos e Espontaneidade;

• Orientação Profissional e Identidade pessoal e profissional;

• Desenvolvimento da Identidade profissional.

AQUECIMENTO: Caminhar de olhos fechados pela sala, ao encontrar com algum colega

no percurso deve-se colocar a mão com suavidade na cabeça e no rosto do colega, tocando-o até a

descoberta de “quem é quem”. Após a adivinhação dar um abraço em seu colega, repetindo a

ação com todos os integrantes, usando o recurso das sensações tato e olfato.

JOGO DRAMÁTICO: Jogo da Ilha. Pede-se aos participantes para deitar e imaginar um

navio preste a naufragar. Cada um poderá levar consigo cinco objetos de dentro do navio para

viver em comunidade na ilha deserta. Cada um usará os seus objetos na conveniência e

integração com os demais.

Page 100: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

89

COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLENTARES: Os comentários finais foram a respeito da

atividade prática realizada nesse dia. Em meio a risos e expectativas, os professores mostraram-se

interessados na aplicação do Jogo da Ilha aos adolescentes de suas escolas, pois segundo

depoimentos o jogo trabalha com a situação surpresa, os jovens gostam disso, sendo-lhes

esclarecido que o objetivo é desenvolver a espontaneidade. Houve também questionamentos

acerca da identidade pessoal e profissional, pois hoje o mercado de trabalho geralmente fica

distante dos sonhos e expectativas dos jovens adolescentes.

DÉCIMO ENCONTRO

Esse encontro teve início às oito horas e trinta minutos, pois os participantes trouxeram

lanches para o café da manhã. Todos os professores estavam presentes e transcorreu sem

interrupções ou qualquer transtorno.

• Quadro de Referência da Orientação Profissional;

• Aptidão, Identidade pessoal e Identidade profissional;

• Identidade Profissional x Satisfação Pessoal;

• Escolha profissional adequada segundo Rodolfo Bohoslavsky.

AQUECIMENTO: Andar pela sala aleatoriamente e escolher um colega para formar uma

dupla. Em círculo e em duplas, cada um deve contar sobre a profissão de maior afinidade. Em

seguida, cada um fica no centro e conta ao grupo o que escutou do colega.

Page 101: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

90

JOGO DRAMÁTICO: Jogo da Persuasão. Também em duplas, cada participante tenta

convencer o colega de que a sua escolha profissional é a melhor, tentando fazer o outro desistir

de sua escolha, e vice-versa.

DESPEDIDA: após exaustiva tentativa de todos convencerem os colegas contrariamente

às suas escolhas, pede-se um momento para o início da despedida do grupo, em que cada um

deve expressar os sentimentos, pensamentos e ações, relacionados aos colegas que participaram

dos Encontros semanais do mini-curso.

COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLENTARES: Os professores, mais uma vez,

comentaram sobre a importância desse mini-curso para suas vidas pessoais e profissionais, pois,

segundo os relatos, essas atividades têm-lhes auxiliado em questões de praticidade e desinibições

diante das situações. Expressaram também grandes expectativas para aplicar os conhecimentos

teórico-práticos apreendidos aos adolescentes de suas escolas.

DÉCIMO PRIMEIRO ENCONTRO

Teve início logo às oito horas com a presença de todos. Foi solicitada avaliação do mini-

curso sendo realizada enquanto se aguardava o momento da conversa da (o) colega. Alguns

professores não entregaram a avaliação do mini-curso nesse dia, mas a enviaram posteriormente

pelo e-mail do grupo, o Café OP (Orientação Profissional).

• Revisão de Conteúdo Programático.

Entrega dos questionários investigativos, em que se dialogou sobre as atividades e as

expectativas profissionais do grupo. Houve também esclarecimento sobre a criação do e-mail do

grupo, denominado Café OP (Orientação Profissional), um espaço para discussão de dúvidas,

além da necessidade de apoio na multiplicação desses conhecimentos às escolas de origem, em

que se trocam constantes informações.

AQUECIMENTO: Ensinando os animais. Pede-se ao grupo para se dividir em dois

blocos. Colocam-se duas fileiras de cadeiras frente-a-frente. Os participantes de uma fileira

devem representar o papel de gato e os participantes da outra de cachorro. A fileira dos gatos

deverá tentar convencer os cachorros a serem gatos e vice-versa.

Page 102: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

91

JOGO DRAMATICO: Jogo da Lápide. Pede-se a formação de um círculo, e coloca-se

uma mesa ou esteira no centro. Cada participante, um por vez, espontaneamente deita-se no local

marcado para serem velados, como se estivessem mortos. Pede-se que todos os participantes

expiem suas percepções, pensamentos e sentimentos, em relação ao colega como se fosse uma

despedida derradeira.

APLICAÇÃO DO TESTE SOCIOMÉTRICO: por tratar-se de momento de necessidade

de parcerias para a aplicação dos conhecimentos do mini-curso, o critério foi o intelectual e as

relações de trabalho. Dessa forma, foi solicitado que os integrantes escolhessem pessoas que

considerassem ideal para trabalharem juntos. Foi solicitado também que cada participante

escolhesse apenas uma pessoa, colocando sua mão direita sobre o ombro dela. A descrição, a

análise e a interpretação desse Teste encontram-se no final da descrição desses Encontros, no

Item Sociometria.

COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLENTARES: No todo se pode perceber

descontentamento quanto ao término do mini-curso. Alguns comentaram que o “Curso já deixou

Page 103: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

92

saudades!”. Ficou evidente também a relevância dos conhecimentos apresentados, pois

encomendaram livros com preferência para O Psicodrama (J. L. Moreno) e Orientação

Profissional: Uma estratégia Clínica (Rodolfo Bohoslavsky). Diversos comentários foram

expostos sobre os Jogos Dramáticos, dentre eles, a expectativa de aplicá-los em suas escolas, e

que por meio deles foi possível se tornar pessoas melhores e mais espontâneas.

DÉCIMO SEGUNDO ENCONTRO

Nesse ultimo dia, os participantes do mini-curso estavam quietos e pensativos. Relataram

que estavam angustiados devido o término do grupo. Entretanto, logo se alegraram com a

chegada do pessoal da emissora de rádio e TV interna da UNEMAT que esteve no local

entrevistando o grupo sobre o evento.

Posteriormente foi servido café da manhã aos participantes, acompanhado de comentários

sobre o mini-curso, com a sugestão de dois mini-cursos ao ano para suprir a necessidade local. As

avaliações individuais foram entregues. Houve feedback com as opiniões particulares a respeito

da participação, das condições e do conteúdo do mini-curso, e o encerramento do evento.

3.2. Sínteses das Avaliações da Formação de Professores em Orientação

Profissional Dirigido ao Ensino Médio da Rede Pública e Privada do Município de

Cáceres – MT

As avaliações a respeito do mini-curso teórico-prático tiveram como objetivo obter

informações sobre as opiniões e as críticas dos professores participantes para o aprimoramento

dos futuros treinamentos em Orientação Profissional. Realizou-se no final do último Encontro e

devido a outros compromissos já assumidos pelos participantes, muitos não foram entregues, mas

foram enviadas por e-mail dias após o término do mini-curso.

A maioria dos professores avaliou o Mini-Curso como excelente e de relevância à

formação docente, pois correspondeu às expectativas deles. Percebeu-se que a maioria sentiu

necessidade de continuidade, pois o tema é pouco desenvolvido na região e demonstrou

Page 104: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

93

sentimento de insatisfação pelo término. Identificou-se também satisfação pessoal e profissional

pela participação, devido à possibilidade de experiência teórico-prática.

Foi também significativa a freqüência de opiniões dos professores referentes aos

conhecimentos do Psicodrama e dos Jogos Dramáticos, tanto no que se refere à aquisição de

novos conhecimentos quanto a possibilidade de futuras utilizações junto aos adolescentes das

escolas do Ensino Médio de pertencimento.

Em outros depoimentos aparece com freqüência motivação para colocar em prática o

conteúdo apreendido, preocupação com relação à ausência de metodologias das escolas para

auxiliar o jovem nas escolhas profissionais e percepção do Mini-Curso promover também a

possibilidade de reflexão sobre a necessidade de auxiliar os alunos no processo de escolha de

profissão como também quanto ao papel do educador do Ensino Médio.

Outros professores elogiaram a didática, a disciplina, a flexibilidade, a dedicação, o

compromisso e o profissionalismo em que foi elaborado e ministrado o mini-curso, sendo

destacada a sua utilidade para melhoria dos relacionamentos pessoais dos participantes fora do

contexto do grupo, em suas escolas de origem.

Ao todo foi possível constatar, por meio das avaliações dos doze professores

participantes, que a participação possibilitou novas percepções a respeito do desenvolvimento dos

adolescentes, as angústias e conflitos, e da Orientação Profissional. Identificou-se o

conhecimento prévio de temáticas da Psicologia, mas não de Psicodrama, contribuindo ao

desenvolvimento de vínculos, de relações mais autênticas e solidárias entre os professores.

Pode-se perceber nos diálogos, nas expressões alegres e nos feedbacks dos professores

satisfatório interesse pelo material teórico e jogos dramáticos, atingindo com eficácia os objetivos

de formação teórica e prática destinada aos professores, visando auxiliar o jovem nas escolhas

profissionais assertivas e conseqüente satisfação pessoal e profissional.

Mencionou-se em várias avaliações a questão da didática, considerada dinâmica e

interativa, demonstrando ter correspondido às expectativas dos participantes tanto na questão de

promover visibilidade no assunto, como também de oferecer oportunidade para vivenciar por

meio dos jogos dramáticos as “dúvidas nas escolhas profissionais” dos adolescentes.

Na maioria dos depoimentos os professores falam da satisfação pessoal por participarem

do mini-curso, pois os conhecimentos obtidos esclarecem como os relacionamentos familiares e

sociais, experiências objetivas e subjetivas, motivações, dinâmica da personalidade e a

Page 105: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

94

espontaneidade, interferem nas escolhas profissionais dos jovens. Por exemplo, a cobrança social,

o preconceito por algumas profissões e a dificuldade de escolher essa ou aquela profissão, diante

de tantas existentes no mercado globalizado.

Identifica-se também nas avaliações uma transformação na compreensão da Orientação

Profissional, não mais a concebendo como área da Psicologia que realiza “bateria de testes”

visando descobrir as aptidões, mas como gerenciamento de vida, como processo capaz de

despertar e descobrir aptidões, promovendo a confiança necessária no professor para que ele

perceba-se apto a “renovar-se cada vez mais a fim de orientá-los para uma escolha consciente e

satisfação pessoal”, conforme esclarece uma das professoras integrante do grupo.

Ao todo, pode-se perceber a satisfação dos integrantes por terem participado e a

compreensão da relevância desses conhecimentos à prática pedagógica no Ensino Médio, que

também objetiva formar o jovem para a vida. Assim, a fim de elucidar melhor o que foi dito

acima foram recortados alguns fragmentos dos depoimentos e fotos com suas respectivas

Análises de Dados, apresentados no Item Análise e Interpretação da Coleta de Dados das

Avaliações dos professores Participantes.

3.3. Análise e Interpretação dos Dados das Avaliações da Formação de Professores

em Orientação Profissional

Para Bardin (1977) é necessário saber a razão porque que se analisa e explicitá-lo de

modo a que se possa saber como analisar. Assim, a codificação das Análises de Conteúdo das

Avaliações dos Professores participantes torna-se significativa, pois evidencia a relevância do

Serviço de Orientação Profissional (SOP) para a comunidade e a satisfação dos professores em

participarem do mini-curso. Nesse sentido, identificou-se que os Conteúdos Programáticos do

programa de formação, além de promover novos conhecimentos, aproximou os professores do

Ensino Médio dos alunos adolescentes:

(...) como professora do Ensino Médio pude conhecer melhor o mundo dos adolescentes. As aulas foram dinâmicas, os jogos dramáticos são super-interessantes e o material teórico nos ajudou muito na compreensão desse tema. (Professora A )

Page 106: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

95

O mini-curso promoveu acesso às informações significativas que possibilitaram

assimilações reflexivas e promoveu não somente a aprendizagem, mas também transformações

em aspectos psicológicos cristalizados, evidenciando que o mini-curso com os seus jogos

dramáticos do Psicodrama atingiram o objetivo de promover uma formação de Orientação

Profissional aos professores:

Psicologia sempre me interessou e agora também o Psicodrama, que chamou a atenção para coisas que não entendia muito bem e passaram a fazer parte das minhas reflexões e até do meu trabalho como professora de adolescentes. A maneira como foi exposto o conteúdo e as realizações das dinâmicas fez com que entendêssemos o objetivo do curso e nos facilita pôr em prática algumas de suas teorias. (Professora B)

Pôde-se perceber a compreensão dos objetivos da Formação e que atende as perspectivas

do mercado atual local:

Hoje, além de professor temporário nos cursos do Senai e Unopar (EAD), sou também micro-empresário há 30 anos na atividade materiais esportivos, e estou presidente da Associação Comercial e Empresarial de Cáceres (ACEC) a qual fundamos em 2006 e hoje reeleito para o biênio 2008/2010. Tenho informado na ACEC esta visão, pois trabalhamos o associativismo em todo Brasil. Capacitamos não somente nossos empresários e funcionários, mas também os alunos, a partir de 16 anos, da Escola Pública e Particular para o "mundo" empresarial por meio do Senac e Senai. Este curso para mim foi excelente, pois vem a somar aos meus conhecimentos. (Professor C )

Houve significativa frequência de depoimentos demonstrando a eficácia do mini-curso, o

engajamento e o compromisso na participação do mini-curso junto à satisfação pessoal e

compreensão da utilização de Metodologia diferenciada:

A Filosofia e o Método Psicodramático são muito bons mesmo. Espero ter correspondido às expectativas e numa avaliação geral nossa turma o “Café OP”5 foi muito bom, todos se mostraram responsáveis e comprometidos. (Professor D)

Em outros fragmentos pôde-se perceber a satisfação pessoal pelo mini-curso ao atender as

expectativas e anseios individuais e profissionais:

Esse Curso veio de encontro com os nossos anseios e compromissos como educadores (as) que buscamos crescimento pessoal. A didática usada foi bastante dinâmica, atrativa e interacional. (Professora F)

5 Nome do e-mail do grupo de estudo do Primeiro Encontro de Orientação Profissional do Campus Universitário Regional “Jane Vanini” (sede da UNEMAT), na internet, para diálogos, troca de idéias, dúvidas, informações e conversas informais.

Page 107: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

96

Houve, porém, insatisfações quanto ao local e ao tempo de duração do mini-curso devido

à amplitude que abrange a temática Orientação Profissional:

O local não foi apropriado para a execução das atividades embora o grupo tentasse apropriar-se. O tempo não foi suficiente para aprofundarmos os objetivos proposto devido à riqueza do próprio conhecimento. (Professora G)

Foram identificadas satisfações quanto à forma de intervenção realizada e significativas

sugestões para o mini-curso com propostas evidentes quanto à necessidade de continuidade:

A orientadora do curso é de foco disciplinar, sucinta, flexível, dedicada e muito profissional no que faz. Que tenha continuidade o curso! Que a UNEMAT incorpore o Projeto e execute-o, oferecendo esse curso a todos os profissionais de Educação. Que a UNEMAT ofereça horário adequado ao Curso. (Professora H)

Foi possível também perceber, em outros fragmentos contidos nas avaliações dos

professores, satisfação quanto aos benefícios subjetivos do mini-curso:

Avalio o Curso como positivo particularmente a minha auto-estima melhorou muito só tenho que elogiar esse Curso, para mim foi muito bom. (Professora I)

Page 108: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

97

Page 109: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

99

CAPÍTULO 4

CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE SOCIOCULTURAL SOB

O OLHAR PSICODRAMÁTICO

Para a Teoria do Psicodrama de base epistemológica da fenomenologia e do

existencialismo, o contexto social e cultural desempenha papel importante na constituição do

sujeito, sendo o local onde ocorrem as relações sociais, as interações dos papéis, os discursos, as

identificações, subjetivações e identidades.

Fundamentada em Arantes (2002) torna-se impossível conceber a idéia de um ser sem o

mundo ou mesmo o inverso, pois ao sentir, pensar e agir se dá sentido ao mundo, internalizado na

Realidade subjetiva por meio das sensações e percepções, assim como sem outros seres, na qual

se constrói a cultura em processo, com alicerce na inter-relação e no Diálogo, revelador do

mundo em que se vive, podendo-se instigar a imaginação e os sentidos a respeito da subjetivação

da população local, informando com essa leitura algumas tipicidades.

O contexto da cidade de Cáceres, em Mato Grosso, é o cenário histórico e cultural desta

pesquisa. De acordo com Volpato (1998), foi fundada, em seis de outubro de 1778, por Luiz de

Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, o quarto governador de Mato Grosso.

Por ocasião de sua criação Cáceres recebeu o nome de Vila-Maria do Paraguai, escolhido

em homenagem à rainha de Portugal, era uma das três províncias (sesmarias: antiga medida

lusitana de doação de terras) doadas pela coroa, sendo as outras duas: Cuiabá (Kiaverá: O rio de

lontras douradas) e Vila Bela da Santíssima Trindade. Em 1874, altera-se o nome por meio da

terceira lei provincial para a denominação de Vila Maria e para São Luiz de Cáceres, e,

finalmente, Cáceres.

Foi chamada de “Princesinha do Paraguai” devido a seus aspectos biográfico e biodiverso,

de ricas belezas naturais e, grandes fazendas latifundiárias, que marcaram o desenvolvimento e a

decadência sócio-econômica no local.

A condição geográfica de Cáceres, MT, era privilegiada devido à proximidade de

fazendas produtivas, como a Fazenda Jacobina, que em 1827 era a maior em área e produção da

província de Mato Grosso, destacando-se de outras fazendas, como a Ressaca, produzindo a

Page 110: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

100

primeira safra de açúcar e aguardente nos moldes industriais, hoje pertencente à Grandene S.A, a

Descalvado, a Facão e a Barranco Vermelho pela importância histórica.

Esse período foi marcado pela exportação da Cephaeles Ipecacuanha, conhecida na

cultura local como ipeca ou poaia, pequeno arbusto de raízes medicinais, com terapêutica

comprovada no tratamento de bronquite, exportada para a Europa e Ásia, que se interessavam

pelos seus efeitos curativos e para a confecção da moeda inglesa, a libra esterlina e, o extrator da

planta: o Poiaieiro, explorado até no consumo de sua alimentação e vestimenta, assim como os do

ciclo da borracha.

Neste período, iniciou-se em Mato Grosso a exploração da borracha (1870-1913), que

ocorreu à concorrência asiática, vendida internacionalmente com preço muito inferior à nacional,

transportada pela navegação fluvial do rio Paraguai. Esse comércio desenvolveu Corumbá, MS, e

outras praças.

Houve também aumento das atividades agropecuária e extrativista, que fizeram surgir os

estabelecimentos industriais representados pelas usinas, hoje extintas, de cana-de-açúcar e as

charqueadas das fazendas latifundiárias. Infelizmente, todo o período de apogeu

desenvolvimentista foi marcado pelo extermínio indígena e exploração da mão-de-obra escrava.

Segundo Siqueira (2002) as culturas indígenas, tão ricas em conhecimento foram

desprezadas durante o processo de colonização e, atualmente a sociedade globalizada vai de

encontro aos modos e costumes desses povos, pondo em risco sua integridade no futuro, pois o

índio é o herói de sua cultura e para atingir essa condição, comenta Arantes (2002, p.39):

Para ser um herói da nossa cultura é preciso nascer e aprender a viver, a ser feliz, a sofrer, a lidar com perdas e vitórias e, principalmente aprender a cuidar dos seres e da natureza, para que nossos descendentes possam continuar essa “missão especial” de colonizar esse mundo com autenticidade nas relações pessoais, sociais e profissionais.

Continuando, a descrição sociohistórica do ambiente dessa pesquisa, na primeira década

do século XX houve o declínio da extração da borracha, muitos investimentos deixam de ser

realizados em Mato Grosso, atingindo a produção nas grandes fazendas da região da grande

Cáceres e causando sua queda, sendo na década de vinte o marco de um grande fluxo migratório

de trabalhadores nortistas e nordestinos no estado.

A partir de 1950, de acordo com os dados do EIA (Estudo do Impacto Ambiental), e com

maior intensidade nos anos de 1960 e 1970, o município recebeu diversas migrações. O

Page 111: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

101

desenvolvimento agrícola, que o projetou como pólo de produção no Estado e no País, motivou,

por outro lado, o desejo de emancipação das populações dos novos núcleos socioeconômicos que

ali se instalaram, chamados de glebas.

Vários municípios emanciparam-se de Cáceres, reduzindo, assim, sua área geográfica e

política e com cerca de cinco de sua superfície restante ocupada pelo pantanal mato-grossense.

Cáceres incorpora-se à política de Integração Latino-Americana, buscando a implantação do

sistema de transporte intermodal com a revitalização da navegação fluvial e a ligação, por meio

da rodovia Brasil-Bolívia, ao oceano Pacífico. Os desmembramentos ocorridos pelas

emancipações políticas estão apresentados abaixo:

Emancipações a partir do Município de Cáceres

MUNICÍPIO EMANCIPAÇÕES ÁREA (KM²)

Barra do Bugres 1943 7.257,1 Mirassol do Oeste 1976 1.008,9 Pontes e Lacerda 1979 12.551,0

Rio Branco 1979 1.612,5 Salto do Céu 1979 1.444,5

Quatro Marcos 1978 1.278,7 Araputanga 1979 1.646,4

Jauru 1979 1.200,9 Reserva do Cabaçal 1986 442,5

Porto Esperidião 1986 6.440,8 Figueirópolis 1986 934,7

Indiavaí 1986 599,6 Glória do Oeste 1992/1993 Limite de área não definido

Curvelândia 2000 Limite de área não definido

Fonte: EIA -Estudo do Impacto Ambiental.6

Conforme informa a EIA, Cáceres possui uma área de 23.400 km². No início dos anos

sessenta, na gestão de José Estevas Lacerda (1961-1963), foi construída a ponte Marechal

Rondon sobre o rio Paraguai, abrindo vias de comunicação para a ocupação colonizada do

extremo oeste mato-grossense.

6 O EIA (Estudos do Impacto Ambiental) é composto por um grupo de pesquisadores que se preocupam com o impacto ambiental sofrido pela depredação da natureza, causada principalmente pelos efeitos da ZPE (Zona de Processamento e Exportação) no estado de Mato Grosso.

Page 112: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

102

Atualmente, a cidade possui umas raras empresas, estando na pecuária e na agricultura, a

fonte geradora de capital. A comunidade tem o turismo como fonte de renda, embora se constitua

uma ação predatória à cidade que, privilegiada pela natureza, possui aproximadamente cento e

vinte mil habitantes conhecidos como: hospitaleiros, alegres e divertidos.

Abriga um símbolo histórico significativo, trata do Marco de Jauru, monumento histórico

assentado na principal praça da cidade, a Barão de Rio Branco. O marco é a representação do

Tratado de Madri, a reformulação do Tratado de Tordesilhas de 1494, que estava situado na

nascente do rio Jauru ao norte do Estado, e orientava a divisão de terras luzas e hispânicas na

época da colonização.

Conforme Idem (1997), o limite estabelecido pelo Tratado de Madri, assinado em 1750

em substituição ao de Tordesilhas, garantiu para Portugal a posse da bacia amazônica e da região

ao sul e a oeste da área e, na divisa entre as terras brasileiras e bolivianas, o local onde

encontraram o Monumento histórico significando o marco há uma admirável piscina de águas

naturais transparentes frequentado pela população fronteiriça e turistas.

Outro símbolo é o Rio Paraguai, com nascentes nas encostas da Chapada dos Parecis, no

Estado de Mato Grosso, seguindo 2.821 km (dois mil oitocentos e vinte e um quilômetros) para o

sul até sua confluência com o rio Paraná, próximo à cidade Argentina de Confluência. Cabe

ressaltar que antes da colonização lusitana e hispânica esse território era dominado basicamente

pelas etnias indígenas Bororo, Xarayé e Guató.

Hoje, a população local é miscigenada de lusitanos, hispânicos entre outras etnias que

migraram ao local, como italianos e alemães; mas ainda conservam uma cultura típica e

características em alguns aspectos, como por exemplo, hábitos e costumes, como o guaraná

ralado pela manhã, o pão com chá, pronunciado pelos mais antigos de “pô-cô-chá”, “pechê”

referindo-se a palavra peixe, transformações lingüísticas ocorridas em virtude da influência

hispânica e indígena na elaboração da linguagem, entre outras expressões verbais diferentes de

outras realidades brasileiras.

Também as músicas e danças trazem os modos e costumes típicos como, por exemplo, o

siriri e o cururu, contendo instrumento diferenciado e único: a viola de cocho; e toda uma série de

outras construções singulares a esse local do Brasil considerado: Patrimônio da Humanidade.

Quanto aos hábitos e costumes, vale ressaltar o de nadar e pescar nas águas do Rio

Paraguai, cobiçado internacionalmente, pois além do lazer, as águas contêm algas e componentes

Page 113: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

103

benéficos a saúde, entre outros como a ingestão do “Tererê”, bebida gelada que mistura água e

ervas bem diferentes do tradicional “chimarrão” gaúcho.

Os adolescentes como em qualquer outro local do país, apresentam características de

várias tribos: Funkeiro, roqueiro “have metal”, pagodeiro, hipongo, contudo, somente eles têm a

tipicidade lambadeiro, ou dançarino de rasqueado, ou o siriri e o cururu: O Ribeirinho,

ressaltando que em geral somente se vê essas danças em grupos culturais de representação à

cultura matogrossense.

Page 114: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

104

Cáceres é sede da Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT), cujas ramificações

atingem de Alta Floresta a Alto Araguaia, de norte a sul do Estado, com dez campi em

funcionamento. De acordo com os dados do Anuário Estatístico, a UNEMAT, com sede

administrativa em Cáceres, tendo como Campus regional o “Jani Vanini”, atendendo todo o

interior do Estado por meio dos campi Universitários: Cáceres, Alta Floresta, Alto Araguaia,

Barra dos Bugres, Colíder, Nova Xavantina, Tangará da Serra, Sinop, Pontes e Lacerda, Juara e

Luciara e os Núcleos Pedagógicos de Araputanga, Nobres, Jaciara (Vale São Lourenço),

Confresa, São Félix do Araguaia, Campos de Júlio, Jauru, Sorriso, Campo Novo dos Parecis,

Juína, Sapezal.

Foi criada no dia 20 de Julho de 1978, enquanto Instituto de Ensino Superior de Cáceres,

com base na Lei nº 703, foi publicado o Decreto Municipal 190, criando o Instituto de Ensino

Superior de Cáceres (IESC), vinculado à Secretaria Municipal de Educação e à Assistência

Social, com a meta de promover o ensino superior e a pesquisa. Passa a funcionar como Entidade

Autárquica Municipal em 15 de agosto.

Por meio do Decreto Federal 89.719, de 30 de maio de 1984, foi autorizado o

funcionamento dos cursos ministrados pelo Instituto. Em 1985, com a Lei Estadual 4.960, de 19

de dezembro, o Poder Executivo institui a Fundação Centro Universitário de Cáceres (FUCUC),

Page 115: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

105

entidade fundacional, autônoma, vinculada à Secretaria de Educação e Cultura do Estado de Mato

Grosso, que visa promover a pesquisa e o estudo dos diferentes ramos do saber e a divulgação

científica, técnica e cultural.

A Lei Estadual 5.495, de 17 de julho de 1989, altera a Lei 4.960 e atendendo às normas da

legislação de Educação passa a denominar-se Fundação Centro de Ensino Superior de Cáceres

(FCESC).

Em 1992, a Lei Complementar nº 14, de 16 de janeiro a Fundação Centro de Ensino

Superior de Cáceres (FCESC) passa a denominar-se Fundação de Ensino Superior de Mato

Grosso (FESMAT), cuja estrutura organizacional é implantada a partir de maio de 1993.

Através da Lei Complementar 30, de 15 de dezembro de 1993, institui-se a Universidade

do Estado de Mato Grosso (Unemat), mantida pela Fundação Universidade do Estado de Mato

Grosso (Funemt). Para vencer as barreiras geográficas impostas pela gigantesca extensão

territorial, desenvolve em uma estrutura multi-campi.

Mas, o Conselho Estadual de Educação de Mato Grosso homologa e aprova os Estatutos

da Funemat e da Unemat por meio da Resolução 001/95-CEE/MT, em janeiro de 1995,

publicada no Diário Oficial do Estado de Mato Grosso em 14 de Março de 1996.

Em 10 de agosto de 1999 a Universidade é credenciada pelo Conselho Estadual de

Educação por cinco anos, passando então a gozar de autonomia didática, científica e pedagógica.

Em 30 anos, cresceu, diversificou e concretizou-se como Universidade do Estado de Mato

Grosso: instituição pública, gratuita e de qualidade.

Hoje, a UNEMAT está presente em 108 dos 141 municípios mato-grossenses, com 11

campi e 15 núcleos pedagógicos. Cerca de 15 mil acadêmicos são atendidos em 82 cursos

regulares e modalidades diferenciadas oferecidas em todo o Estado, 49 especializações e 2

mestrados institucionais.

Foi criada em 1978, o Instituto de Ensino Superior de Cáceres (IESC), hoje a UNEMAT,

está presente em 108 dos 141 municípios do Estado por meio de 11 campi e 15 núcleos

pedagógicos. Atuando nos três biomas de Mato Grosso: Pantanal, Cerrado e Floresta

Amazônica. Com 15 mil acadêmicos matriculados em 82 cursos de graduação nas modalidades

regular, diferenciada e educação a distância, 49 de pós-graduação e dois mestrados institucionais.

Page 116: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

106

Núcleos Pedagógicos: Campos de Júlio Campo N. Dos Parecis Confresa Jaciara Jaurú/Vale de São Domingos Juína Lucas do Rio Verde Nobres Poconé São Félix do Araguaia Sapezal Sorriso Mirassol D’ Oeste Vila Rica

Page 117: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

107

A Unemat desenvolve ações pioneiras para atender às demandas específicas do Estado.

Por meio do Projeto Terceiro Grau Indígena 44 etnias têm acesso à formação superior, já com a

recém formação da primeira turma. As Licenciaturas Plenas Parceladas permitem a qualificação

de professores em exercício.

A Educação Aberta e a Distância leva o curso de Pedagogia a 28 municípios. Uma

graduação específica e diferenciada em Agronomia, forma integrantes de movimentos sociais do

campo, uma Universidade valorizada pela população local, promovendo acesso ao ensino

superior a jovens do estado e de outros.

Possui um quadro com 619 professores efetivos, sendo 105 doutores e 321 mestres, em

meio as adversidades busca assegurar aos docentes prioridade à pesquisa, ao ensino e à extensão,

na tentativa de um ambiente favorável à atividade criadora.

À extensão e cultura, somam 195 projetos, sendo 731 alunos bolsistas em atividades de

que atendem demandas das comunidades locais, com respeito às características sócio-culturais.

Possui 71 grupos de pesquisa cadastrados e 220 projetos em desenvolvimento, em diferentes

áreas de conhecimento. A Universidade se orgulha de ser uma instituição democrática, e

sintonizada com o contexto brasileiro, em ascensão no contexto nacional, busca constantemente a

melhoria da qualidade de ensino, pesquisa e extensão, por meio de contratação de profissionais

qualificados, incentivo à atualização profissional e investimento em infra-estrutura adequada.

No mês de julho de 2008, a Universidade do Estado de Mato Grosso comemorou 30 anos.

Nesse período, muitos desafios foram vencidos com trabalho de pessoas comprometidas,

dedicadas, competentes e determinadas que, desde o seu pioneirismo até os dias de hoje,

tornaram a UNEMAT uma instituição consolidada e reconhecida.

Busca a melhoria da qualidade de ensino, por meio de contratação de profissionais

qualificados, incentivo à atualização profissional, e investimento em infra-estrutura, mesmo em

meio a crises financeiras, poucos recursos, identifica-se um esforço e envolvimento coletivo,

rumo a soluções de problemas e, como toda instituição tem seus confrontos e divergências.

Em 30 anos, a UNEMAT cresceu e diversificou sua área de atuação. Por ser Instituição

ainda jovem, busca construir e reconstruir a prática sem perder de vista que é a Universidade do

Estado de Mato Grosso: instituição pública, gratuita, autônoma, democrática e inovadora;

profundamente identificada com o meio e aberta ao desafio de levar o desenvolvimento

Page 118: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

108

científico, social e cultural a todo o Estado. A meta é oferecer três cursos de mestrado e um de

doutorado até 2009.

Alguns de seus objetivos, além da promoção dos conhecimentos científicos e tecnológicos

para o desenvolvimento sustentável do Estado de Mato Grosso, a promoção de assimilação

valores diversos e a preservação das tradições matogrossenses.

E, fazendo um mapeamento da articulação entre a UNEMAT e a população local,

identifica-se um fato curioso e representativo, construída sem muros externos e em local bem

próximo do centro urbano do município, não há depredação, invasões ou atentados, ao

patrimônio Público, como em outros locais, principalmente nos grandes centros urbanos.

Podendo perceber que há um respeito da população local para com o patrimônio e, que

talvez advenha dos gestores criadores e recentes que acreditam na importância de se oferecer

Ensino Superior Público, para a formação de valores como a autonomia, solidariedade,

igualitarismo e, contribuir com o desenvolvimento social e econômico, visto que os cursos estão

voltados às áreas estratégicas de Mato Grosso, como Educação, Saúde, Meio Ambiente,

Agricultura, Pecuária e Engenharias, conforme verifica-se nos dados que se seguem.

Page 119: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

109

4.1. Apresentação dos Campis: Cursos de Graduação, Especialização e Pós-

Graduação com os Demonstrativos dos Projetos de Pesquisa de Extensão e Cultura

e os Cursos Regulares, Dados da Educação Indígena, Ensino à Distância e Quadro

de Vagas do Vestibular da UNEMAT

Conforme dito anteriormente, são diversos os Campí, mas aqui se apresentam as

Licenciaturas e os Bacharelados, contidos em cada um deles, as especializações, as Pós

Graduações, os Projetos de pesquisas, dados referentes ao Concurso Vestibular, sendo-os as mais

recentes fontes de informações.

• Alta Floresta • Alto Araguaia • Barra dos Bugres • Cáceres • Colíder • Juara • Luciara • Pontes e Lacerda • Nova Xavantina • Sinop • Tangará da Serra

CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE ALTA FLORESTA

CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL SISTEMA ACADÊMICO VAGAS TURNO

Licenciatura em Ciências Biológicas

Reconhecido Portaria nº 253/04 - CEE/MT

Semestral 40 Noturno

Bacharelado em Agronomia

Reconhecido Portaria nº 449/04 - CEE/MT

Semestral 40 Integral Alta

Floresta

Bacharelado em Engenharia Florestal

Reconhecido Portaria nº 374/04 - CEE/MT

Semestral 40 Integral

Page 120: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

110

CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE ALTO ARAGUAIA

CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL SISTEMA ACADÊMICO

VAGAS TURNO

Licenciatura em Computação

Autorizado Resolução 018/01-CONSUNI

Semestral 40 Matutino Alto

Araguaia Licenciatura em Letras

Reconhecido Portaria nº 292/02 - CEE/MT

Semestral 40 Noturno

CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE BARRA DOS BUGRES

CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL

SISTEMA ACADÊMICO

VAGAS TURNO

Licenciatura em Matemática

Reconhecido Portaria nº 211/02

- CEE/MT Semestral 40 Noturno

Bacharelado em Ciência da Computação

Reconhecido Portaria nº 246/03

- CEE/MT Semestral 40 Noturno

Bacharelado em Engenharia de Produção Agroindustrial

Reconhecido Portaria nº 531/04

- CEE/MT Semestral 40 Integral

Barra dos

Bugres

Bacharelado em Arquitetura Rural e Urbana

Reconhecido Portaria nº 525/04

- CEE/MT Semestral 40 Integral

CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE CÁCERES

CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL SISTEMA ACADÊMICO

VAGAS TURNO

Bacharelado em Agronomia

Reconhecido Portaria nº 464/04 - CEE/MT

Semestral 40 Integral

Licenciatura em Ciências Biológicas

Reconhecido Portaria nº 224/04 - CEE/MT

Semestral 40 Noturno

Cáceres

Bacharelado em Ciências Contábeis

Reconhecido Portaria nº 291/03 - CEE/MT

Semestral 40 Matutino

Page 121: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

111

Bacharelado em Direito

Reconhecido Portaria nº 273/03 - CEE/MT

Semestral 40 Matutino

Licenciatura em Computação

Reconhecido Portaria nº 529/04 - CEE/MT

Semestral 40 Matutino

Licenciatura em Geografia

Reconhecido Portaria nº 018/03 - CEE/MT

Semestral 40 Noturno

Licenciatura em História

Reconhecido Portaria nº 064/01 - CEE/MT

Semestral 40 Noturno

Licenciatura em Letras

Reconhecido Portaria nº 010/05 - CEE/MT

Semestral 40 Noturno

Bacharelado em Enfermagem

Reconhecido Portaria nº 524/04 - CEE/MT

Semestral 40 Integral

Licenciatura em Matemática

Reconhecido Portaria nº 053/03 - CEE/MT

Semestral 40 Noturno

Licenciatura em Pedagogia

Reconhecido Portaria nº 267/04 - CEE/MT

Semestral 40 Noturno

Licenciatura em Educação Física

Semestral 40 Vespertino

CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE COLÍDER

CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL SISTEMA ACADÊMICO

VAGAS TURNO

Colíder Licenciatura em Computação

Autorizado Resolução nº 004/04 - CONSUNI

Semestral 40 Noturno

CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE JUARA

CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL SISTEMA ACADÊMICO

VAGAS TURNO

Juara Licenciatura em Pedagogia

Autorizado Resolução nº 001/04 - CONSUNI

Semestral 40 Noturno

Page 122: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

112

CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE LUCIARA

CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL

SISTEMA ACADÊMICO

VAGAS TURNO

Licenciatura em Letras

Especial

Licenciatura em Geografia

Especial

Licenciatura em Pedagogia

Especial

Licenciatura em História

Especial

Luciara

Licenciatura em Matemática

Especial

CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE PONTES E LACERDA

CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL SISTEMA ACADÊMICO

VAGAS TURNO

Licenciatura em Letras

Reconhecido Portaria nº 253/03 - CEE/MT

Semestral 40 Integral Pontes e Lacerda Bacharelado em

Zootecnia Reconhecido Portaria nº 051/05 - CEE/MT

Semestral 40 Matutino

CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE NOVA XAVANTINA

CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL SISTEMA ACADÊMICO

VAGAS TURNO

Licenciatura em Ciências Biológicas

Reconhecido Portaria nº 185/03 - CEE/MT

Semestral 40 Noturno Nova

Xavantina Bacharelado em Turismo

Reconhecido Portaria nº 490/04 - CEE/MT

Semestral 40 Noturno

Page 123: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

113

CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE SINOP

CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL SISTEMA ACADÊMICO

VAGAS TURNO

Bacharelado em Administração

Reconhecido Portaria nº 065/05 - CEE/MT

Semestral 50 Integral

Bacharelado em Ciências Contábeis

Reconhecido Portaria nº 052/05 - CEE/MT

Semestral 50 Integral

Bacharelado em Economia

Reconhecido Portaria nº 523/04 - CEE/MT

Semestral 50 Matutino

Licenciatura em Letras

Reconhecido Portaria nº 180/03 - CEE/MT

Semestral 40 Noturno

Licenciatura em Matemática

Reconhecido Portaria nº 391/04 - CEE/MT

Semestral 40 Noturno

Sinop

Licenciatura em Pedagogia

Reconhecido Portaria nº 280/04 - CEE/MT

Semestral 40 Integral

CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE TANGARÁ DA SERRA

CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL

SISTEMA ACADÊMICO

VAGAS TURNO

Bacharelado em Administração (Verificar)

Autorizado Resolução

Semestral 40 Integral

Bacharelado em Agronomia

Reconhecido Portaria nº 450/04 -

CEE/MT Semestral 40 Noturno

Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas

Reconhecido Portaria nº 492/04 -

CEE/MT Semestral 40 Noturno

Bacharelado em Ciências Contábeis

Reconhecido Portaria nº 332/02 -

CEE/MT Semestral 50 Integral

Tangará da Serra

Licenciatura em Letras Reconhecido

Portaria nº 274 - CEE/MT

Semestral 40 Integral

Page 124: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

114

CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UNEMAT

CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

• Cursos em Andamento

Curso Local de Execução

Gestão dos Recursos Hídricos da Amazônia Norte Mato-grossense Alta Floresta

Educação Física Escolar Alta Floresta

Tecnologias da Informação e Comunicação aplicadas à Educação Alto Araguaia

Aperfeiçoamento em Didática do Ensino Superior Alto Araguaia

Tratamento Didático de Práticas de Linguagem Alto Araguaia

Educação Ambiental em Recursos Naturais Barra dos Bugres

Ensino de Matemática Barra dos Bugres

Agricultura Familiar Camponesa e Educação do Campo Cáceres

Ensino de Matemática Cáceres

Direito Ambiental Cáceres

Direito Empresarial e Relações do Trabalho Cáceres

Didática do Ensino Superior Cáceres

Contabilidade Pública Cáceres

Relações Raciais, Educação e Escola no Brasil Cáceres

Turismo Desenvolvimento Local e Regional Cáceres

Lingüística e Língua Portuguesa Cáceres

Informática na Educação Cáceres

Historiografia, Metodologia, Pesquisa e Ensino da História: Memória e Identidade na Historiografia Brasileira

Cáceres

Lingüística e alfabetização Campinápolis

Inovações tecnológicas na Educação Colíder

Língua Portuguesa e Literatura Comodoro

Ciências Sociais e Políticas Públicas: O percurso da Pesquisa e Metodologia de Ensino

Confresa

Pedagogia Waldorf Cuiabá

Educação Ambiental para Conservação da Amazônia MT Guarantã do Norte

Literatura Infantil e Infanto Juvenil Jauru

CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

Page 125: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

115

• Mestrado Institucional:

Mestrado Acadêmico em Ciências Ambientais (Campus de Cáceres)

Local de Funcionamento: Celbe - Campus de Cáceres

Mestrado Acadêmico em Ecologia e Conservação (Campus de Nova Xavantina)

Local de Funcionamento: Campus de Nova Xavantina

• Mestrado Interinstitucional:

Mestrado Profissional em Matemática (Unicamp), no Campus de Cáceres (concluído)

Mestrado Interinstitucional em Ciências da Computação (PUC-RS), no Campus de Barra dos

Bugres

Mestrado Interinstitucional em Engenharia de Produção (UFSCar), no Campus de Tangará da

Serra

Mestrado Interinstitucional Ciências Sociais (UNISINOS/CAPES/FAPEMAT/SECITEC), no

Campus de Sinop.

• Doutorado Interinstitucional:

Doutorado Interinstitucional em Lingüística (Unicamp), no Campus de Cáceres

Doutorado Interinstitucional em Educação (UFRGS/CAPES/FAPEMAT) aprovado na CAPES,

no Campus de Sinop

Doutorado em Cooperação Científica e Tecnológica em Ecologia e Recursos Naturais

(UFSCar/FAPEMAT/UNEMAT), na UFSCar

Local de Funcionamento: CELBE - Campus de Cáceres

Page 126: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

116

UNEMAT HOJE

Laboratórios 64

Acervo Bibliográfico 218.115

Projetos de Extensão e Cultura 128

Projetos de Pesquisa 120

Publicações Unemat Editora 78

Computadores Conectados em Rede 2.500

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG)

Bolsas Estudantis

Projetos de Pesquisa 120

Centros de Pesquisa 71

Grupos de Pesquisa 14

Pós-Graduação Lato-Sensu 52

Mestrado 3

Doutorado 1

Bolsas de Pesquisa 220

Modalidade da Bolsa Quantidade de Bolsistas

Bolsa Extensão 138

Bolsa Apoio 180

Bolsa Cultura 15

Page 127: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

117

Demonstrativo dos Projetos de Pesquisa, Extensão e Cultura

2005 2006 2007

Pesquisa 144 220 120

Extensão e Cultura 195 156 94

QUADRO RESUMO CURSOS OFERTADOS NA UNEMAT

1. O Projeto Parceladas não ofereceu nenhuma vaga neste ano de 2007, pois seus 8 (oito)

cursos estão em andamento e conta atualmente com cerca de 480 alunos.

2. O CAMOSC no ano de 2007 não ofereceu vagas, pois seu curso está em andamento e

conta atualmente com 62 (sessenta e dois) alunos.

3. O Ensino a Distância também não ofereceu vagas neste ano de 2007, pois seus 6 (seis)

cursos estão em andamento.

O ingresso aos cursos regulares de graduação ocorre por meio do Concurso Vestibular,

realizado na metade e no final de cada ano, com oferta de 3.650 vagas. No vestibular realizado

para o ingresso no primeiro semestre do ano letivo de 2007 foram ofertadas 1.850 vagas com

12.704 inscritos, e para o segundo semestre foram ofertadas 1.800 vagas com 9.215 inscritos em

Modulares Regulares

Turmas Especiais Parceladas CAMOSC Ed. Indígena

Ensino a Distância

Total

Nº de Cursos

44 20 08 01 03 06 82

Nº de Vagas

3650 500 00¹ 00² 100 00³ 4250

Page 128: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

118

10 campi Universitários: Cáceres, Alta Floresta, Alto Araguaia, Barra dos Bugres, Colíder, Juara,

Nova Xavantina, Pontes e Lacerda, Sinop e Tangará da Serra.

Demonstrativo do Vestibular 2007/2 em Relação a Candidatos/Vagas e Cotas de Inclusão Racial

Campus Vagas Inscritos Vagas Não

Cotistas

Inscritos Não

Cotistas

Cand/Vaga Não

Cotista

Vagas Cotistas

Inscritos Cotistas

Cand/Cota

Alta Floresta

120 583 90 539 5,98 30 44 1,46

Alto Araguaia

120 264 90 253 2,81 30 11 0,36

Barra dos Bugres

200 561 150 504 3,36 50 57 1,14

Cáceres 480 3640 360 3040 8,44 120 600 5,00

Colíder 40 112 30 102 3,40 10 10 1,00

Juara 40 123 30 113 3,76 10 10 1,00

Nova Xavantina

120 428 90 379 4,21 30 49 1,63

Pontes e Lacerda

80 149 60 131 2,18 20 18 0,90

Sinop 310 1795 234 1644 7,03 76 151 1,97

Tangará da Serra

290 1560 218 1409 6,46 72 151 2,10

10 campi 1800 9215 1352 8114 6,00 448 1101 2,46

Evolução do Concurso Vestibular

2005 2006 2007

Vagas no Vestibular 3690 3520 3650

Cursos Oferecidos 73 82 82

Inscritos 22.246 25.844 21919

Concorrência 6,03 7,34 6,01

Page 129: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

119

Assim, diante dos muitos desafios em relação à disponibilidade financeira para a

manutenção das despesas de manutenção e investimento verifica-se que todos esses números

apresentam um desenvolvimento satisfatório nos indicadores de produtividade, considerando os

últimos catorze anos de existência da Instituição enquanto Universidade do Estado de Mato

Grosso.

Page 130: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

121

METODOLOGIA DA PESQUISA

O homem sabe hoje que ele não está só na imensidão indiferente do Universo. Se a ciência clássica, do alto de seu saber onisciente, havia reduzido a natureza à figura de um mero autônomo, a ciência contemporânea, através de seu ouvido poético, devolveu-lhe seu potencial inovador e, por meio de um frutífero diálogo, reintegrou o homem ao universo que ele observa. (PRIGOGINE e STENGERS).

Esse Capítulo foi estruturado para demonstrar com fidedignidade e precisão, o

desenvolvimento e os dados obtidos nessa pesquisa –Tese qualitativa, quantitativa e sociométrica.

Inclui-se nesse, a Categorização da pesquisa, o Problema, a Justificativa, a Hipótese, os

objetivos, a amostra, os procedimentos: a fundamentação teórica, as entrevistas, os questionários,

a caracterização dos dados obtidos nas Entrevistas e Questionários, e os gráficos dos

Sociogramas.

1. Caracterização da Pesquisa

Constituiu-se pesquisa intervencionista, teórica e aplicada, desenvolvida e explorada na

realidade mato-grossense, apresentando resultado prático não se limitando apenas ao

conhecimento e, culminando na implantação do Serviço de Orientação Profissional.

Trabalhou-se com o Projeto Piloto (anexo) da Pesquisa em Ação7 junto aos alunos de

Pedagogia (PEFOPEX) da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas,

UNICAMP, que diz respeito à parca existência ou inexistência do Serviço de Orientação

Profissional nas escolas públicas e privadas.

Todavia, por se tratar de um projeto balizador de dados e piloto, os envolvidos desse

primeiro Projeto não fazem parte do sujeito da pesquisa e da análise de dados, os dados referentes

a esse encontram-se em anexo. Outro motivo da não inclusão desses sujeitos nas análises se deu

pelo fato dos dados obtidos serem distantes da realidade matogrossense.

Utilizou-se pesquisa bibliográfica e de campo, possibilitando amplo conhecimento da

realidade, com dados obtidos junto aos Pró-Reitores de Educação, Extensão e Cultura; da direção

7 A pesquisa-ação é “um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 2007, p.16).

Page 131: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

122

da Faculdade de Educação; da coordenação do Campus “Jane Vanini” da sede da UNEMAT; de

coordenadores, professores e alunos das Escolas Públicas e Privadas da cidade de Cáceres, em

Mato Grosso.

Os dados obtidos foram codificados por meio das Análises Categoriais, cujos dados

balizam-se “segundo a ausência ou a freqüência dos itens de sentidos” (BARDIN, 1977, p. 37),

utilizando-se da pesquisa qualitativa, e da quantitativa, com os recursos de tabelas e gráficos

demonstrativos da mensuração de dez por cento em cada escola de Ensino Médio, como também

de dois Sociogramas.

Ancoraram-se as análises, em Idem por considerar características particulares, respeitando

os conteúdos subjetivos na elaboração das deduções específicas sobre um acontecimento ou uma

variável de inferência precisa e não em inferências gerais. Para Ibidem (1977, p.21):

Na análise quantitativa, o que serve de informação é a freqüência com que surgem certas características de conteúdo. Na analise qualitativa é a presença ou a ausência de uma dada característica de conteúdo ou de um conjunto de características num determinado fragmento de mensagem que é tomado em consideração

Quanto ao método, o caminho, o estilo de definição das observações e os procedimentos

intelectuais e técnicos adotados nessa pesquisa qualitativa, é o método fenomenológico tratando

do que melhor atende as bases lógicas dessa investigação, já que nem dedutivo, nem empírico,

mas processual e interativo, retrata a realidade concreta e vivida em que pressupostos

metodológicos incluem instrumentos valorizadores da experiência vivida.

Foram utilizados como instrumentos a entrevista, o questionário, a observação

participante a formação aos professores do Ensino Médio na temática da Orientação Profissional

e fotografia. Tais instrumentos constituem-se recursos ou meios técnicos a fim de melhor

compreender o comportamento e a experiência proporcionando “ao investigador os meios

técnicos para garantir a objetividade e precisão no estudo dos fatos sociais” (GIL, 2007, p.33) nas

pesquisas sociais.

Para melhor compreensão da utilização da Metodologia psicodramática nessa pesquisa,

utilizando-se da Sociometria, fundamenta-se aqui a fenomenologia, pois embasa as pesquisas de

cunho qualitativo e a do Psicodrama.

A fenomenologia de Husserl estuda o fenômeno ou conteúdo intencional da consciência.

Nesse platô, a consciência é um movimento de transcendência em direção ao objeto

Page 132: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

123

interpretando-o de acordo com a realidade concreta e vivida, promovendo clareamento do sentido

e da origem do fenômeno. Por sinal, essa é a novidade que a fenomenologia oferece à

epistemologia, a possibilidade de estudo do sujeito em sua origem, em espaço, tempo, cultura, e

outros elementos trasbordantes de significados presentes na realidade pesquisada.

Para melhor transparência, compreende-se aqui a fenomenologia sendo utilizada no sentido

de “generalização da noção de objeto, que compreende não somente as coisas materiais, mas

também as formas de categorias, as essências e os ‘objetos ideais” (ABBAGNANO, 2000, p.

438).

O método fenomenológico de elevado grau de abstração da realidade, também é compatível

com a perspectiva da interação simbólica do Psicodrama, porque as subjetivações constróem-se

por meio dos símbolos e signos da sociedade, por meio das conservas culturais em cujas

experiências são mediadas pela interpretação. Considerando-se relevante o contexto, o lócus que

acontece os fatos, em que os fenômenos podem ser descritos com consistência e

interdependência, e não a partir de fatos isolados.

Durante a fase investigativa, nas Entrevistas e Questionários, foram consideradas as

expressões do pensamento, idéias, crenças e palavras, agrupadas em Categorias de Análises

observando-se a ação das pessoas e os seus discursos, considerando-se que a compreensão de

todo o contexto investigativo torna-se relevante na análise qualitativa, inclusive a “presença ou a

ausência de uma dada característica de conteúdo ou de um conjunto de característica de conteúdo

ou de um conjunto de características num determinado fragmento de mensagem que é tomado em

consideração” (BARDIN, 1977, p.21).

Inserido na metodologia fenomenológica e no pensamento existencial, o Psicodrama

busca compreender como os fenômenos (fatos, ações, situações sociais) acontecem, interpretando

a existência a partir da ação, pois está embasado filosoficamente nas idéias de Martin Heidegger,

Jean Paul Sartre e Maurice Merleau-Ponty .

Merleau-Ponty, apesar de influenciado pela obra de Husserl, rejeita sua teoria sobre o

caráter intencional da consciência, o conhecimento intencional, refletindo além das aparências

dos fatos e fundamentando sua própria teoria na corporeidade, em que o conhecimento nasce e

faz-se sensível em sua corporeidade e percepção:

(...) quando o ser humano se depara com algo que se apresenta distante diante de sua consciência, primeiro o nota e o percebe em total harmonia com sua forma, a partir de

Page 133: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

124

sua consciência perceptiva. Após percebe o objeto, este entra em sua consciência e passa a ser um fenômeno. Com a intenção de percebê-lo o ser humano intui algo sobre ele, imagina-o em toda a sua plenitude, e será capaz de descrever o que ele realmente é. Dessa forma, o conhecimento do fenômeno é gerado em torno do próprio fenômeno (MERLEAU PONTY, 2008, p.01).

Por tratar-se de método de concepção de sujeito-objeto indissociáveis e interativos, de

procedimentos psicoterapêuticos e psicopedagógicos fundamentados no método fenomenológico-

existencial, acrescenta dados de investigação direta nas relações interpessoais, a partir da prática

de trabalho com grupos, pois há situação existencial neles.

Tornando-se possível a compreensão da relevância desse trabalho a UNEMAT e à

comunidade matogrossense local, trazendo inédita e pioneira contribuição na temática Orientação

Profissional, como também contribuindo ao bem-estar social.

2. Sujeitos da Pesquisa

Considerando-se a amostra como “subconjunto do universo ou da população, por meio do

qual se estabelecem ou se estimam as características desse universo ou população” (GIL, 2007,

p.100), se pesquisou as necessidades, as percepções, as expectativas e sonhos e, as intervenções

em Orientação Profissional.

Nesse sentido, foram envolvidos: Quatro Gestores da UNEMAT: Direção da Faculdade

de Educação, Pró-Reitoria de Ensino e Graduação, Pró-Reitoria de Extensão e Cultura;

Coordenação Regional do Campus Universitário “Jane Vanini”, Cento e vinte e dois Professores,

dois mil novecentos e vinte Alunos do Ensino Médio das Escolas Públicas e Privadas e, dez

Professores participantes da formação em Orientação Profissional.

Identificou-se tanto nos professores envolvidos nos questionários quanto nos participantes

do da formação em Orientação Profissional, constituindo-se um Mini-Curso, uma participação

em atividade docente em escolas públicas e privadas, são de gênero feminino e masculino, com

predomínio do primeiro gênero, têm faixa etária de vinte e cinco a sessenta anos. A maioria é

constituída de ex-alunos dos diversos cursos de formação universitária da UNEMAT. Os alunos-

adolescentes em geral, estão entre quinze a dezoito anos de idade, do gênero feminino e

masculino, compondo essas duas redes de ensino.

Page 134: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

125

3. Problema

A partir das observações como docente há desinformação das profissões existentes no

mercado, desorientação na escolha da profissão, falta de orientação ao docente do ensino médio

e, descaso de políticas públicas para a Orientação Profissional? Tais fatos estão comprometendo a

espontaneidade necessária para escolhas profissionais adequadas, na qual o serviço dessa

dimensão atende às expectativas locais?

4. Justificativa

Diante do modelo de organização do trabalho baseado no toyotismo, atualmente há a idéia

dominante de que a produção deve estar vinculada à procura do mercado consumidor,

fundamentado no trabalho operário em equipe, com multivariedades de funções e que as

organizações estão inseridas no princípio do just time, isto é, o melhor aproveitamento do tempo.

As organizações flexíveis hoje estão funcionando segundo o sistema kanban, placas ou

senhas de comando para reposição de peças e estoque com horizontalização do trabalho

produtivo, em que se transfere a terceiros grande parte do que anteriormente era produzido pela

própria empresa.

Visando à qualidade total, esse sistema trabalhista prima-se por profissionais

“polivalentes ou multifuncionais” por exigir multifunções, e o trabalhador que dele participa deve

pensar e fazer pelo e para o capital, articulando seu trabalho ao capital, e na medida em que o faz

intensifica o sentimento de menos-valia causado pela valorização do produto, distanciando da

valorização humana e do potencial espontâneo a ela inerente.

Diante dessa perspectiva, essa pesquisa investigou amplo e diverso referencial

bibliográfico, entre livros, revistas, jornais, sites da internet, pesquisa aos arquivos da Associação

Brasileira de Orientação Profissional, além de palestras nessa área do conhecimento, para

somente após realizar a pesquisa de campo que culminou na percepção da necessidade da criação

de um Serviço de Orientação Profissional para a comunidade mato-grossense.

Trata-se de projeto piloto e pioneiro da Universidade do Estado de Mato Grosso

(UNEMAT), contribuindo para a aquisição de mais um requisito diferenciado dessa universidade

sem muros e sem fronteiras, para a sua valorização e continuidade.

Page 135: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

126

O Serviço de Orientação Profissional investiga e intervém junto aos alunos adolescentes

das escolas públicas e privadas quanto às dúvidas e especulações existentes, o empenho das

escolas e de seus profissionais da Educação em respondê-los diante da dúvida nas escolhas

profissionais, pois teoricamente essas escolhas determinam a satisfação pessoal, requisito a

competência profissional, para a colocação de profissionais espontâneos e criativos no mercado,

colaborando com o bem-estar social.

O Serviço de Orientação Profissional é apoio ao jovem mato-grossense quanto à dúvida

na escolha da profissão, como também pioneira colaboração nessa área do conhecimento por

meio do oferecimento desse serviço à comunidade, pois o Pantanal mato-grossense é local

admirado e explorado pelo ecoturismo, porém de escassa produção de conhecimento teórico-

prático.

5. Objetivos

5.1. Objetivo Geral: Implantar o Serviço de Orientação Profissional na Universidade do

Estado de Mato Grosso (UNEMAT), fornecendo uma formação teórico-prática aos professores

do Ensino Médio na temática.

5.2. Objetivos Específicos:

5.2.1. Realizar pesquisa bibliográfica cujo referencial teórico seja amplo e diverso

em relação à Orientação Profissional, desde seus primórdios até os atuais dias.

5.2.2. Investigar junto aos professores e alunos das escolas públicas, privadas,

cursos vestibulares e profissionais de Educação da UNEMAT, a necessidade de

implantação do Serviço de Orientação Profissional na Universidade do Estado de Mato

Grosso (UNEMAT).

5.2.3. Verificar se há formação acadêmica aos professores do ensino médio na

temática Orientação Profissional.

Page 136: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

127

6. Procedimentos para Coleta das Respostas

Realizou-se vasta fundamentação teórica composta por capítulos que pesquisaram as

Origens e os Conceitos da Orientação Profissional e suas articulações com a Teoria do

Psicodrama, além de a Identidade, a diferença e a exclusão: conexões com a Educação a serem

oferecidas à comunidade mato-grossense pela Universidade do Estado de Mato Grosso.

A fase investigativa realizou-se no primeiro semestre do ano letivo de dois mil e sete. Para

a realização das Entrevistas e dos Questionários foram tomadas precauções quanto ao ambiente

da pesquisa, pois segundo Gil (2007, p.100) “para que a pesquisa seja desenvolvida a contendo é

preciso ter antecipadamente, a garantia de que o pesquisador não terá cerceado seu trabalho de

coleta de dados”.

Desse modo, os Procedimentos para a Coleta de Dados foram realizados em horários

marcados previamente, com verificação das condições e locais para a realização das Entrevistas

aos pró-reitores, coordenadores do Campus Regional “Jane Vanini”, diretor da Faculdade de

Educação da UNEMAT, coordenadores das Escolas Públicas e Privadas locais, e os

questionários aos Professores e Alunos, possibilitaram a posterior categorização dos dados,

contendo as Análises e as Interpretações, culminando na efetiva verificação da necessidade de

Orientação Profissional.

Nesse período investigativo, por solicitação de seus coordenadores, foram realizadas

palestras na temática: Orientação Profissional nas Escolas de Ensino Médio da cidade de Cáceres,

Mato Grosso, Instituto Santa Maria, Centro Educacional “Anália Franco” e Curso Pré-Vestibular

‘Pitágoras’.

Após a Análise e a Interpretação dos Dados e conseqüente constatação da necessidade do

Serviço de Orientação Profissional, também como procedimento, foi realizado um mini-curso,

objetivando a formação dos professores da rede pública e privada do Ensino Médio,

Vale ressaltar as informações obtidas em cada ocasião dos procedimentos foram

registradas por conterem percepções que colaboram para a clareza e fidedignidade dessa

pesquisa, pois se trata de momentos ricos de trocas sociais nas relações humanas e de expressões

registradas no tempo-espaço que aconteceram o fato, ou seja, o fenômeno investigativo.

No procedimento das Entrevistas, uma das técnicas de coleta de dados mais utilizada no

âmbito das ciências sociais, identifica-se:

Page 137: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

128

Psicólogos, sociólogos, pedagogos, assistentes sociais e praticamente todos os outros profissionais que tratam de problemas humanos valem-se dessa técnica, não apenas para coleta de dados, mas também com objetivos voltados para diagnóstico e orientação .(GIL, 2007, p.117)

Dirigidas aos gestores da UNEMAT (Direção da Faculdade de Educação, Pró-reitoria de

Ensino e Graduação, Pró-reitoria de Extensão e Cultura e Coordenação Regional do Campus

Universitário de Cáceres de Mato Grosso) e Coordenadores de escolas do Ensino Médio, de

acordo com a disponibilidade e com horários previamente pré-fixados, as entrevistas

transcorreram de forma amigável e interativa nas salas das coordenações ou pró-reitorias, sem

interrupções ou outros transtornos.

Já para a aplicação dos Questionários aos professores e alunos do Ensino Médio das

escolas da rede pública e privada, houve apresentação prévia e instrução do preenchimento do

cabeçalho contendo as iniciais dos nomes, disciplina ou série, a escola pertencente, com o

esclarecimento de que seriam preservadas as identidades.

Os questionários foram respondidos com tranquilidade e socialização de instrumentos,

tais como lápis ou borracha, sem constrangimentos ou interrupções. A média de tempo foi de dez

a quinze minutos, tanto para os professores como para os alunos, e dez por cento de professores e

alunos de cada série do Ensino Médio.

Ocorreram em clima de receptividade e hospitalidade dos sujeitos envolvidos, atendendo

à integração de papéis necessária à pesquisa qualitativa em que o observador de forma geral

assume o papel de membro do grupo, podendo “definir observação participante como a técnica

pela qual se chega ao conhecimento da vida de um grupo a partir do interior dele mesmo”. (GIL,

2007, p. 113)

Sendo o questionário um procedimento, compreendido como técnica de investigação

composta por número de questões apresentadas por escrito às pessoas tem por objetivo o

conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas.

Aplicado aos professores e aos alunos do Ensino Médio, foi composto por questões abertas com

espaço em branco para a resposta, atendendo a mais um critério da pesquisa qualitativa.

Aconteceram em ambiente escolar, nos horários diurnos, vespertinos e noturnos. A

amostragem dos alunos foi de dez por cento por sala de aula e escolhidos por sorteio. Aplicou-se

na maioria das escolas, em locais previamente determinados pela coordenação da Escola, como a

Page 138: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

129

Biblioteca ou na Sala de Professores e de Informática, dependendo dos espaços ociosos no

momento da aplicação.

Nas escolas públicas Rodrigues Fontes, Senador Mário Motta, São Luiz, Onze de Março,

houve também intervenção com reuniões em horário de intervalo, solicitado pela coordenação,

para esclarecimento aos professores a respeito da temática Orientação Profissional. Já nas escolas

privadas, como o Instituto Santa Maria (ISM), o Colégio Anália Franco (CEAF) e o Curso Pré-

Vestibular “Pitagoras”, conforme citado, solicitaram ao coordenador do campus de Cáceres uma

palestra sobre Orientação Profissional aos alunos.

Em relação à descrição dos procedimentos das palestras nas escolas privadas contaram

com a presença de alunos das segundas e terceiras séries do Ensino Médio, ocorrendo em período

matutino. Já no Cursinho Pitágoras foi realizada em período noturno com a presença do

coordenador do campus de Cáceres, Mato Grosso.

Enfim, conforme os dados obtidos nos questionários, aos professores e aos alunos e as

entrevistas aos gestores e coordenadores das escolas, constatou-se a desconsideração das políticas

públicas educacionais à Orientação Profissional para auxiliar o jovem em suas escolhas

profissionais, além da necessidade de Serviço de Orientação Profissional nas escolas da rede

pública e privada do Ensino Médio.

6.1. Testes Sociométricos da Formação de Professores em Orientação Profissional

A Sociomatria é um método de investigação da Metodologia Psicodramática, tendo como

instrumento o Teste Sociométrico, sendo utilizado para a identificação da estrutura e do

funcionamento dos grupos, codifica-se por meio deles as formas de relacionamentos inter-

pessoais e suas redes vinculares.

Sua utilização objetivou facilitar a compreensão das redes de vínculos que atuam nas

estruturas dos grupos sociais, por meio de sua interpretação possibilita-se clareza na qualidade

das relações interpessoais, detectando os conflitos grupais, tornando possível um conhecimento

mais preciso da realidade social.

Também auxiliam na identificação das lideranças, investiga se há subgrupos,

compromissos ou descompromissos com as funções atribuídas, ou ainda, se há aceitações ou

Page 139: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

130

rejeições, satisfações ou insatisfações pelo pertencimento ao grupo, entre outros aspectos da

sociocognição ou do sentimento.

Moreno (1983) criou o Teste com intenção de movimento, no sentido de promover aos

participantes durante a execução, dinamismo e interatividade, como se oferecesse voz à trama das

relações humanas objetivas e subjetivas diferenciando-se dos Testes Psicológicos, até então,

existentes e anteriores à primeira e segunda metade do século XX.

E, a sua utilização amplia as percepções acerca de padrões de comportamentos, de

relacionamentos sociais, fornece acesso a sentimentos e conflitos latentes que por vezes

impossibilitam o desenvolvimento do grupo, para que sejam feitas as intervenções necessárias.

Nas relações humanas e nos grupos sociais há configurações e redes vinculares,

mobilizadas por emoções, que alteram o percepto, sendo denominadas transferenciais. O Teste

Sociométrico foi desenvolvido para comprovar o grau de percepção de cada pessoa sobre sua

posição sociométrica no grupo, a sua percepção da realidade social.

Para a realização dos Testes houve preparação dos professores participantes da formação

em Orientação Profissional, pois no Psicodrama o campo relaxado é indispensável para que

ocorram relações horizontais e, portanto, autênticas, claras e télicas, objetivando a

espontaneidade, indispensável à saúde humana e ao mercado flexível atual.

Dessa forma, foi solicitado durante a aplicação dos Testes, no início do segundo e no

penúltimo encontro do mini-curso, que os professores andassem pela sala descalços, com olhos

fechados, e entrassem em contato com os seus sentidos para melhor assimilarem suas percepções.

Para esse exercício, foi-lhes solicitado verbalmente que explorassem primeiramente as

sensações de seus próprios corpos, por aproximadamente dois minutos, por meio do toque em si e

ao redor para explorar o sentido do tato. Após, para que identificassem o sentido da audição,

escutando os barulhos internos, como por exemplo, os presentes na deglutição, os digestivos, os

externos, como os ruídos da rua, como os pássaros nas árvores do pátio da Universidade.

Depois dessa exploração perceptual, foi-lhes solicitado que vivenciassem suas outras

percepções e no momento da experiência o olfato do ambiente.

Após, a exploração dos sentidos de si e da sala de aula, da exploração perceptual da

corporalidade e do ambiente, solicitou-se que relaxassem os seus corpos espreguiçando os

membros superiores e inferiores para a realização do primeiro Teste Sociométrico, cujo critério

sociométrico foi as escolhas afetivas.

Page 140: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

131

Diante dessas proposições, realizou-se a seguinte pergunta aos participantes: qual a pessoa

do grupo que vocês consideram a mais simpática, agradável, e que gostariam de conhecer

melhor? Em meio a risos, expressando suas ansiedades e defesas latentes, os professores

participantes fizeram suas escolhas, contidas nas configurações dos Sociogramas desse próximo

item.

Já no segundo Teste Sociométrico também se realizou relaxamento visando entrar em

contato com as sensações. No entanto, o critério sociométrico foi o cognitivo, pois após o término

do mini-curso os professores participantes se encontram nas Escolas do Ensino Médio de origem.

Assim, apresentou-se a questão: quem você escolhe para parceria de trabalho na temática

Orientação Profissional?

7. Orgãos Administrativos da Unemat Participantes da Pesquisa

- Pró-Reitoria de Ensino e Graduação

- Pró-Reitoria de Cultura e Extensão

- Coordenação do Campus Universitário Regional “Jani Vanini”

- Direção da Faculdade de Educação

8. Escolas Públicas e Privadas do Ensino Médio do Município de Cáceres-MT

1. Colégio Imaculada Conceição (CIC)

2. Colégio Adventista de Cáceres, MT (CAC)

3. Centro de Educação Anália Franco (CEAF)

4. Instituto Santa Maria (ISM)

5. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Onze de Março”

6. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Dr. José Rodrigues Fontes”

7. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Senador Mário Motta”

8. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “São Luiz”

9. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Profa. Ana Maria”

10. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “União e Força”

Page 141: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

132

9. Amostragem Geral dos Participantes da Pesquisa

TOTAL DE ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO 10

TOTAL DE ENTREVISTAS DIRIGIDAS AOS GESTORES UNEMAT 04

TOTAL DE ENTREVISTAS: GESTORES E COORDENAÇÕES DAS ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO

14

TOTAL DE PROFESSORES 122

TOTAL DE QUESTIONÁRIOS DIRIGIDO AOS PROFESSORES 60

TOTAL DE ALUNOS 2920

TOTAL DE QUESTIONÁRIOS DIRIGIDOS AOS ALUNOS 292

Page 142: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

133

10. Amostragem Populacional dos Professores e Alunos das Escolas do Ensino

Médio Público e Privado do Município de Cáceres, MT

ESCOLAS PRIVADAS

1. Colégio Imaculada Conceição

2. Colégio Adventista de Cáceres (CAC)

3. Centro Educacional Anália Franco (CEAF)

4. Instituto Santa Maria (ISM)

Período Diurno Total

Total de Alunos 50

Total de Questionários (10 %)

05

Total de Professores 12

Total de Questionários 03

Período Diurno Total

Total de Alunos 70

Total de Questionários (10 %) 07

Total de Professores 12

Total de Questionários 05

Período Diurno Total

Total de Alunos 100

Total de Questionários (10%) 10

Total de Professores 13

Total de Questionários 03

ESCOLAS PÚBLICAS

1. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Onze De Março”

2. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Dr. José Rodrigues Fontes”

3. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Senador Mário Motta”

4. Escola Estadual de Primeiro e segundo Graus “São Luiz”

Período Diurno Total

Total de Alunos 700

Total de Questionários

(10 %) 70

Total de Professores 12

Total de Questionários 12

Período Diurno Total

Total de Alunos 240

Total de Questionários (10 %) 24

Total de Professores 12

Total de Questionários 08

Período Diurno Total

Total de Alunos 420

Total de Questionários (10 %) 42

Total de Professores 12

Total de Questionários 06

Page 143: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

134

Período Diurno Total

Total de Alunos 120

Total de Questionários (10 %) 12

Total de Professores 13

Total de Questionários 05

5. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Professora Ana Maria”

6. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “União e Força”

Período Diurno e Noturno Total

Total de Alunos 450

Total de Questionários (10 %) 45

Total de Professores 12

Total de Questionários 06

Período Diurno e Noturno Total

Total de Alunos 460

Total de Questionários (10 %) 45

Total de Professores 12

Total de Questionários 06

Período Diurno e Noturno Total

Total de Alunos 310

Total de Questionários (10 %) 31

Total de Professores 12

Total de Questionários 06

Page 144: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

135

ANÁLISES E INTERPRETAÇÃO DA COLETA DE DADOS

1. Apresentação da Análise e Interpretação da Coleta de Dados

Essa pesquisa parte de um todo amplo abrangendo dimensões sociais e culturais e tem

como dados de pré-análises, a necessidade de Serviço de Orientação Profissional frente à

insatisfação do aluno pela escolha ou evasão dos cursos. Utilizou-se da Categorização dos Dados

de Bardin (1977), para decodificar as entrevistas, os questionários e, as avaliações do Mini-

Curso: Orientação Profissional.

A seleção de Categorias de análises ocorreu por meio de respostas significativas ao tema

emergente, nos discursos dos participantes dessa pesquisa. Toda Análise de Conteúdo é o ponto

de partida da mensagem e nessa Tese foram consideradas as significações que a mensagem

fornece, considerando o sentido do enunciado, o pertencimento à realidade social típica e a

frequência, objetivando a utilização de análises interpretativas a partir do sentido dos enunciados

encontrados nos questionários dirigidos a professores e a alunos das escolas públicas e privadas.

Já as análises quantitativas foram elaboradas a partir da mensuração de dez por cento

(10%) da população de cada escola. Conseguiu-se manter essa porcentagem junto aos Alunos,

entretanto essa quantificação pré-determinada como significativa, não foi válida para os

Professores, pois eles ultrapassaram em muito esse número, apresentando um índice de Trinta e

quatro por cento de respostas ao Questionário, entre os professores da rede privada e sessenta e

um por cento na rede Pública.

Esse fato ocorreu, pois os Questionários aconteceram na sala de reuniões em suas

respectivas escolas e, com o apoio dos Coordenadores dessas que, solicitaram uma sinopse da

pesquisa, dirigida aos professores, promovendo reunião pedagógica para a apresentação, durante

os horários de intervalos matutinos, vespertinos e noturnos, de acordo com o horário de

funcionamento do Ensino Médio na Escola.

Observou-se que, o fato de proporcionar informações a respeito da pesquisa e

conhecimentos em Orientação Profissional causou contentamento aos professores que, de acordo

com suas disponibilidades responderam ao Questionário e agradeceram a exposição.

Page 145: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

136

Quanto as análises e interpretações referindo-se a dois sociogramas e aplicados aos

Professores da Formação em Orientação Profissional, no segundo e no décimo primeiro

Encontro, teve como representação sociométrica as estruturas: Cadeia e Círculo.

Durante toda a investigação, houve um cuidado preservar as identidades dos Alunos e dos

Professores e foram resguardados os nomes dos Gestores da UNEMAT, utilizados letras

alfabéticas para a identificação dos Professores e iniciais, idade e série para o aluno.

Entretanto, para melhor clareza e fidedignidade das análises foram discriminadas

Categorias de Análises de Dados, apresentados de acordo com critérios mensurados, visto que a

categorização do presente, do aqui-agora, é o objetivo de toda pesquisa social.

Conivente às idéias acima expostas, essa pesquisa visa, por meio da implantação do

Serviço de Orientação Profissional na UNEMAT, oportunizar o acesso à comunidade mato-

grossense, gerando contribuições para auxiliar a formação da identidade pessoal e profissional

dos adolescentes do Ensino Médias Público e Privado local e regional.

1.1. Análise Quantitativa dos Dados Pesquisados

Apresenta-se as Escolas Públicas e Privadas do Ensino Médio, sendo-as o

local onde aconteceram os Questionários dirigidos aos Alunos e aos Professores.

11. Colégio Imaculada Conceição (CIC)

12. Colégio Adventista de Cáceres, MT (CAC)

13. Centro de Educação Anália Franco (CEAF)

14. Instituto Santa Maria (ISM)

15. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Onze de Março”

16. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Dr. José Rodrigues Fontes”

17. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Senador Mário Motta”

18. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “São Luiz”

19. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Profa. Ana Maria”

20. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “União e Força”

Page 146: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

137

1.2. Gráficos Referentes aos Sujeitos da Pesquisa

GRÁFICO DO TOTAL DE SUJEITOS DA PESQUISA

Apresenta-se o gráfico referente ao total de sujeitos envolvidos na pesquisa, sendo-os

2920 alunos, 122 professores, 14 Gestores da UNEMAT e das Escolas Públicas e Privadas,

acrescentando doze (12) professores participantes da formação acadêmica em Orientação

Profissional.

TOTAL DE QUESTIONÁRIOS DIRIGIDOS AOS PROFESSORES E ALUNOS DAS

ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS

Alunos: Dez por cento (10%)

Page 147: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

138

Professores: Quarenta e nove por cento (49%)

Esse gráfico ilustra a realidade quantitativa dos alunos e dos professores participantes,

totalizando dois mil novecentos e noventa (2920) alunos nas dez escolas públicas e privadas do

município e, com a mensuração de dez por cento (10%), sendo realizados duzentos e noventa e

dois (292) questionários aos Alunos e, cento e vinte e dois (122) professores que, responderam

sessenta questionários.

TOTAL DE QUESTIONÁRIOS DOS ALUNOS DAS ESCOLAS PÚBLI CAS

(Amostra de 10%)

Total de Alunos

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

1

Total de Qustionários

Tot

al d

e A

luno

s

Total de Alunos

Total de Questionários

Apresenta-se o número total de alunos das escolas Públicas, totalizando dois mil

quinhentos e oitenta (2580) alunos do Ensino Médio e, sendo respondidos duzentos e cinquenta e

oito alunos (258), em referência a amostra de dez por cento.

Page 148: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

139

TOTAL DE ALUNOS DAS ESCOLAS PRIVADAS

(Amostra de 10%)

Total de Alunos

0

50

100

150

200

250

300

350

400

1

Total de Quetionários

Tot

al d

e A

luno

s

Série1

Série2

Foram respondidos dez por cento dos questionários de uma amostra de trezentos e

quarenta (340) alunos do Ensino Médio Privado, totalizando trinta e quatro (34) questionários

respondidos. A queda dos números de alunos entre as Escolas Públicas e Privadas ocorre, porque

a maioria dos jovens estudantes dessa modalidade de ensino concluem a formação do Ensino

Médio, na capital do estado ou em maiores centros urbanos.

TOTAL DE QUESTINÁRIOS DIRIGIDOS AOS PROFESSORES DAS ESCOLAS

PÚBLICAS

Page 149: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

140

Demonstram-se setenta e dois (72) professores das seis (06) Escolas Públicas e, seus

respectivos números de questionários, somando quarenta e quatro (44) questionários

respondidos.

TOTAL DE QUESTIONÁRIOS DOS PROFESSORES DAS ESCOLAS PRIVADAS

Total dos Professores

0

10

20

30

40

50

60

1

Total dos Quesionários

Tot

al d

os P

rofe

ssor

es

Total dos Professores

Total dos Questionários

Se expressa nesse, os cinqüenta professores das quatro (04) Escolas Privadas, destacando-

se os dezesseis questionários respondidos.

TOTAL DE QUESTIONÁRIOS DOS PROFESSORES DAS ESCOLAS PÚBLICAS E

PRIVADAS

Total dos Professores

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1

Total de Questionários

Tot

al d

e P

rofe

ssor

es

Total de Professores

Total de Quesionários

Foram setenta e dois (72) questionários respondidos pelos professores das escolas Públicas e quarenta e quatro (44) os das Privadas.

Page 150: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

141

TOTAL GERAL DE QUESTIONÁRIOS INCLUINDO PROFESSORES E ALUNOS

Os dados finais e conclusivos tratam de um total de questionários aplicados somando dois

mil novecentos e cinqüenta e dois (2952) aos Alunos e trezentos e quarenta e três (343)

professores da rede Pública e Privada do Ensino Médio do município de Cáceres MT.

ESCOLAS PÚBLICAS – Professores e Alunos

DADOS PERCENTUAIS

Amostra Populacional de Professores: Sessenta e um por Cento (61%)

Amostra Populacional de Alunos: Dez Por Cento (10%)

Foram setenta e dois (72) questionários respondidos pelos professores das escolas

Públicas e quarenta e quatro (44) os das Privadas, constatando um percentual de participação na

pesquisa de dez por cento (10%) de Alunos e sessenta e um (61%) dos professores.

Page 151: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

142

ESCOLAS PRIVADAS – Professores e Alunos

DADOS PERCENTUAIS

Amostra Populacional de Professores: Trinta e dois por cento ( 32%)

Amostra Populacional de Alunos : Dez Por Cento (Alunos=10%)

Mostra-se o número total de Questionários respondidos nas escolas Públicas, totalizando

dois mil quinhentos e oitenta (2580) alunos do Ensino Médio e, sendo respondidos duzentos e

cinquenta e oito alunos (258), em uma amostra de dez por cento, com um percentual de trinta e

dois por cento (32%) respondidos pelos Professores e, dez por cento (10%) de Alunos.

Page 152: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

143

ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS: Professores e Alunos

Alunos: Dez por cento (10%)

Índice total de Alunos: Dois mil novecentos e vinte (2920), sendo respondida a margem

de dez por cento (10%): duzentos e noventa e dois (292) Questionários.

Total de Professores: Quarenta e Nove Por cento (49%)

Índice total de Professores: Cento e vinte e dois (122), sendo respondida a margem de

quarenta e nove por cento (49%).

Page 153: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

144

A avaliação quantitativa permite a codificação numérica dos dados coletados na pesquisa,

apresentou-se aqui, com o intuito de analisar a veracidade da pesquisa, podendo-se concluir a

representatividade e legitimação alcançada nessa pesquisa-tese.

Page 154: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

145

1.3. Análise Sociométrica

Sociograma 1

Opção 1:

Estrutura: Cadeia.

Opção 2:

Page 155: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

146

Sociograma 2

Opção A:

Critério: Cognitivo

Configuração: Circulo

Page 156: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

147

Opção B:

Critério: Cognitivo

Configuração: Circulo

Page 157: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

148

1.4. Análise Qualitativa: Categorização das Análises e Interpretações dos Dados

das Entrevistas e dos Questionários dos Sujeitos da Pesquisa

A codificação dos dados foi realizada por meio da “exploração do material” das técnicas

de investigação. As entrevistas e os questionários dirigidos aos alunos e professores foi uma etapa

muito importante realizada nas Escolas Públicas e Privadas do Ensino Médio, pois foram

necessários todos os cuidados e atenção para que as Análises dos Dados fossem precisas e

fidedignas.

Conforme as idéias de Bardin (1997), não existe inferência transparente, porém houve

cuidado epistemológico de inferir nas variantes do procedimento das Entrevistas no sentido de

obter, por meio de questão aberta, percepções claras, descritas na íntegra de suas respostas,

conforme gravação e transcrição (anexo).

A Análise dos Dados é o aspecto da pesquisa qualitativa que mais se distingue da

pesquisa experimental. Para codificar as Entrevistas realizadas junto aos administradores da

UNEMAT — Pró-Reitores, Diretor, Coordenação do Campus Universitário “Jani Vanini”— e

dos coordenadores das dez Escolas Públicas e Privadas do Ensino Médio, foram utilizados

critérios segundo a freqüência de presença (ou de ausência) de itens de sentido.

A Categorização possibilitou a descrição das análises, cabendo ao pesquisador, segundo

GIL (2007, p.134), “fazer um esforço de abstração, ultrapassando os dados, tentando possíveis

explicações, configurações e fluxos de causa e efeito. Isso irá exigir constantes retomadas ás

anotações de campo e ao campo e à literatura e até mesmo à coleta de dados adicionais”.

As Análises de Conteúdos das Categorizações são técnicas de análise das comunicações, e

após a codificação dos dados das entrevistas nas suas respectivas análises categoriais foram

realizadas as codificações dos questionários dirigidos aos professores e alunos das escolas do

Ensino Médio dessa pesquisa.

Inicialmente foi feita a codificação das entrevistas realizadas aos órgãos administrativos

da UNEMAT, na voz dos coordenadores desses órgãos e das Escolas Públicas e Privadas do

Ensino Médio, levando em consideração “a totalidade de um texto, passando pelo crivo da

classificação e do recenseamento, segundo a freqüência de presença ou ausência de itens do

sentido” (BARDIM, 1997, p. 37). Sendo tais codificações realizadas nas Categorias de maiores

freqüências das respostas das Entrevistas, neste sentido foram identificados:

Page 158: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

149

A. Percepção dos gestores

B. Necessidades de intervenções

C. Expectativas de intervenções

1.4.1. Categoria A: Percepção dos Gestores

Atendendo a essa Categoria de Análise, segundo os pró-reitores da UNEMAT, a direção

da Faculdade de Educação e a coordenação Regional do Campus Universitário da UNEMAT de

Cáceres, MT, e das escolas, quanto à necessidade de Serviço de Orientação Profissional que

atenda aos jovens mato-grossenses em suas escolhas profissionais, verifica-se nos depoimentos a

unanimidade de opiniões quanto à necessidade urgente de implantação desse Serviço na

UNEMAT para intervir nas escolas auxiliando os jovens nas escolhas profissionais assertivas.

Verificou-se a ausência desse serviço e a necessidade de ser dirigida a comunidade no

Estado de Mato Grosso, pois a não realização está comprometendo o quadro de vagas da

UNEMAT, em função das permutas ou abandono de cursos, causando desconforto e transtornos

nos setores da gestão universitária, conforme foi identificado nesse segmento:

Nós levantamos número de mais de 1.600 vagas ociosas em um universo de 13 a 14 mil universitários. É uma preocupação latente muito grande. E que esse trabalho preventivo que ora esta sendo elaborado, sendo pesquisado é de suma importância. Até porque evitaríamos pessoas estarem tomando caminho errado... Trocado.

Compreende-se o transtorno e a preocupação da gestão diante da real necessidade de escolha

profissional assertiva como forma de prevenção à evasão universitária dos jovens mato-

grossenses e brasileiros:

Até por experiência de gestão e números que nós temos dentro da universidade através de pesquisas em anos anteriores, onde temos vários jovens que ingressaram em cursos aqui e depois após um dois ou três semestres descobriram que a vocação não era aquela, ou que não estavam preparados ou que não estavam dispostos a enfrentar uma profissão naquela área e acabaram evadindo da nossa universidade, nosso centro e criando certo constrangimento para nós. Porque a gente sabe que no Brasil hoje é pequeno o número de pessoas que tem oportunidade de entrar no Ensino Superior Público.

Page 159: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

150

Além da ausência ou parca habilidade para a profissão escolhida, como sendo uma das

causas da evasão nos Cursos Universitários, outra percepção dos gestores visando auxiliar os

alunos universitários e vestibulandos visibiliza a consolidação do Serviço de Orientação

Profissional de forma continuada, denotando aceite, satisfação e cumplicidade pelo formato

processual desse Serviço:

Acho que a universidade deveria criar esse momento do jovem acertar a escolha acadêmica e ter um tempo para uma opção da formação profissional. E esse tempo poderia estar acontecendo na própria academia. Isso eu acho que poderia contribuir muito mais do que a orientação paliativa vista no ensino médio. Ou seja, aquela que você faz o diagnóstico e diz, você pode fazer isso ou aquilo... é muito restrito. Agora se tem um trabalho continuado, com profissionais dentro dessa perspectiva aí.. Eu acho que o resultado de evasão vai ser ínfimo no final. Então eu acho que o jovem fará uma segunda opção porque tiveram tempo de amadurecimento na academia. E nós na Universidade temos que pensar o quadro, recursos e materiais de infra-estrutura remodelagem, salas, a discussão do assunto enfim tudo isso.

Penso que é muito positivo.. Tendo em vista principalmente o grande problema que nós temos a questão da vocação dentro da universidade. Nós temos muitos alunos que entram e que abandonam o curso, no inicio, no meio e até mesmo no final do curso... Porque eles entram no curso e não se identificam com o curso, porque não aquilo que ele quer, criam antipatia pelo curso... E faz com que ele desista. Então... Há um grande índice de abandono dos cursos de graduação, por causa dessa falta de vocação que o aluno tem.

Em outros fragmentos de depoimentos das entrevistas verifica-se contentamento, parceria

e solidariedade por meio de sugestões da aplicabilidade desse projeto de pesquisa colaborar em

esferas amplas com a comunidade mato-grossense, em sentido prognóstico:

Então, penso esse serviço ser muito produtivo e seria um passo que a UNEMAT daria para oferecermos esse serviço para a comunidade, para os nossos adolescentes. Inclusive eu acho que um trabalho assim poderia ser oferecido através da própria COVEST (Coordenaria de Vestibulares), sendo através dessa Coordenadoria dos Vestibulares, que se faz a sondagem da rede de ensino público e particular, para que seja feita a elaboração das provas para os vestibulares. Eu acho que essa coordenadoria COVEST (Comissão do Vestibular) poderia implantar um trabalho dessa ordem.

Inclusive sugiro que seja um projeto de Ensino, pesquisa e Extensão, que se compreenda no ensino uma orientação aos professores, no sentido de que os próprios professores possam lidar com esta questão. Assim um serviço dessa ordem poderá atender ao tripé Ensino e a Pesquisa; e a Extensão, através do Ensino e da pesquisa com atendimento á Extensão com um trabalho a comunidade. Em uma constante retro-alimentação.

Page 160: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

151

Síntese Parcial

A partir das percepções dos atuais gestores da Universidade do Estado de Mato Grosso

(UNEMAT), pode-se compreender que o Serviço de Orientação Profissional atende a

Universidade e a comunidade, como também que os gestores da atual realidade universitária

solidarizam-se e comprometem-se com a implantação, pois são favoráveis à concepção de

processo, do exercício da Orientação profissional de forma continuada e em sentido

psicoprofilático.

Identificou-se também expectativa e contentamento por parte dos gestores pela iniciativa

dessa Tese, pois atende diretamente à necessidade imediata da universidade, em que a permuta

entre os cursos e a evasão universitária tem sido causa de transtornos, desconfortos e desprazeres,

segundo as opiniões dos coordenadores, pró-reitores, diretores e coordenadores.

1.4.2. Categoria B: Necessidades de Intervenções

Identificou-se total interesse e necessidade por parte dos coordenadores das Escolas

Públicas e Privadas do Ensino Médio de que a UNEMAT ofereça Serviço de Orientação

Profissional para atender dificuldades, desde as informações das profissões existentes até as

escolhas profissionais adequadas às suas habilidades e preferências:

Total interesse. Porque esse serviço colaboraria com a Orientação dos alunos no sentido de se definirem quanto à questão profissional. Nesse mundo conturbado, penso que esse serviço é um instrumento de apoio, onde o jovem pode ser orientado e não direcionado a ter escolhas distantes de sua vontade”.

Esse serviço já ouvi falar há muito tempo... Mas ninguém faz. Muito aluno sai da faculdade porque não era aquele curso que gostaria de fazer. Eles falam que não tem interesse... Penso que se tivesse uma orientação educacional isso não aconteceria. Acho muito bom para todos... para a escola, para o aluno... porque o aluno entrará na faculdade sabendo o que ele quer. Porque o aluno quando acaba o ensino médio quer uma noção do que ele quer, com esse trabalho ele poderá pensar: Poxa, achei o curso que eu quero.

Page 161: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

152

Em outros seguimentos das entrevistas foi possível perceber que há relação entre o

Serviço de Orientação Profissional, o combate ao desemprego e a expectativa desse serviço

colaborar para o acesso ao mercado de trabalho:

Esse serviço será muito bem vindo aqui... A gente sempre teve essa necessidade, sempre procurar colocar para os alunos que o estudo e a escolha profissional é importante, pois sem estudo boa parte do que desejamos, não se consegue. Por exemplo, meu marido est desempregado e por causa dele não ter uma profissão, não ter estudado para isso, não consegue emprego. E hoje com as novas tecnologias fica difícil porque nosso curso de formação não é profissionalizante. Às vezes a proposta de trabalho não é o que ele espera. Antigamente existiam cursos profissionalizantes e hoje não é assim...

Em outras escolas, além do interesse da implantação do Serviço de Orientação Profissional

UNEMAT, houve por parte da coordenação a solicitação de intervenções imediatas por meio de

palestra dirigida aos alunos:

Nós temos um grande interesse nessa área, mesmo porque é o momento de escolha do futuro, da vida, e nossos alunos não tem um serviço desses. Inclusive gostaria de uma palestra sua aqui na escola, para esclarecer sobre escolha a importância da escolha certa da profissão.

Foi identificada também preocupação e decepção com o descaso para com a Orientação

Profissional desde o contexto familiar, como também insatisfação e indignação quanto à ausência

de reflexão por parte do aluno na escolha de sua profissão, muitas vezes acontecendo no

momento ou dias que antecedem o vestibular, denotando compreensão do papel da Orientação

Profissional para formação mais digna e ética do jovem do futuro:

Em minha opinião deveria ter esse serviço na UNEMAT, porque acho de suma importância para a orientação do jovem hoje; para despertar a sua vocação, essa tarefa muitas vezes é feita pelo professor, que nem sempre percebe a importância de seu papel. O professor pode despertar o dom do aluno, mas às vezes não desperta esse dom. O jovem precisa de alguém para ajudá-lo a que caminho seguir. Eu gostaria que desde pequeno a criança devesse ser animada pelos pais.. Outro dia presenciei uma situação... Uma garota estava na fila da inscrição do vestibular. Eu lhe perguntei: “Que Faculdade você escolheu? Ela respondeu: “Ainda não decidi... Mas vou decidir já...! Então me pergunto isso é vocação? È por isso que digo que há médicos assassinos... Políticos ladrões!

Page 162: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

153

As escolas particulares promovem mais acesso às informações de Orientação Profissional,

por meio de palestras de profissionais locais ou de outra cidade. Encontrou-se em uma escola

particular a disciplina Orientação Profissional, porém sua criação ocorreu por motivos

particulares e não coletivos:

Nossa.. seria muito bom um serviço desses aqui em nossa cidade. Aqui na escola eu mesmo desenvolvo esse trabalho ...aqui nós temos a Disciplina de Orientação Profissional. A idéia dessa Disciplina surgiu de uma necessidade minha mesma... quando meus filhos que hoje estão na Faculdade decidiram errado a profissão a seguir.. eu como educadora, gestora de escola e mãe senti na obrigação de ajudar os jovens de alguma forma a decidir sua profissão. Aqui em nossa escola nós trouxemos um profissional de Cuiabá, MT, para falar do assunto. Porque não é discutido e os alunos têm necessidade de saber as profissões do mercado.... Um serviço desses na UNEMAT será muito bom para todos nós.

Síntese Parcial

De acordo com os depoimentos obtidos dos coordenadores das Escolas Públicas e Privadas do

Município de Cáceres Privadas do Município de Cáceres, MT, há compreensão da relevância da

formação profissional para inclusão do trabalhador no mercado e necessidade de informações das

profissões existentes no mercado, expectativa que o Serviço de Orientação Profissional direcione

o aluno para escolhas mais bem adaptadas ao perfil, à personalidade do aluno, como também à

suas expectativas e sonhos, pois as escolhas têm sido realizadas sem informações ou com parco

conhecimento sobre as funções desempenhadas em cada profissão.

Há necessidade de informações e de intervenções junto aos alunos pré-vestibulandos, como

também a sugestão de intervenções que promovam, além de informação sobre cada profissão, a

reflexão do aluno, pois a forma como tem sido as escolhas tem causado indignação e

descontentamento aos gestores das Escolas do Ensino Médio Público e Privado.

Pode-se observar conivência com as idéias desse trabalho, expectativa e satisfação dos

coordenadores pela possibilidade da UNEMAT oferecer Serviço de Orientação Profissional à

comunidade, bem como comprometimento e senso de responsabilidade para com a Orientação

Profissional, juntamente com a disponibilidade de auxiliarem na intervenção junto aos alunos,

Page 163: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

154

visando sanar as angústias, ansiedades, incertezas e outros conflitos que bloqueiam e prejudicam

a espontaneidade e os alunos no momento da escolha da profissão.

Com relação à disciplina Orientação Profissional, em duas das escolas particulares locais

percebeu-se que mesmo com a intervenção curricular há desorientação do aluno para realizar sua

escolha profissional.

1.4.3. Categoria C: Expectativas de Intervenções

Nos fragmentos das Entrevistas há depoimentos clarificando a relação entre o Serviço de

Orientação Profissional e o combate ao desemprego, junto à insatisfação pessoal pela dificuldade

de acesso aos cursos profissionalizantes e a expectativa desse serviço colaborar para o acesso ao

mercado de trabalho:

Esse Serviço será muito bem vindo aqui... A gente sempre teve essa necessidade, sempre procurar colocar para os alunos que o estudo e a escolha profissional são importantes, pois sem estudo boa parte do que desejamos não se consegue. Por exemplo, meu marido está desempregado e por causa dele não ter uma Profissão, não ter estudado para isso, não consegue emprego.

Em outros segmentos dos depoimentos identifica-se descontentamento, expectativa de que

o Serviço de Orientação Profissional informe a respeito dos cursos profissionalizantes existentes

no mercado de trabalho, visto que hoje não se prioriza esses cursos como em outras épocas:

Hoje com as novas tecnologias fica difícil porque nosso Curso de formação universitária não é profissionalizante. Às vezes a proposta de trabalho não é o que se espera. Antigamente se tinha cursos profissionalizantes e hoje não é assim... Às vezes o aluno nem sabe quais são eles... Precisa falar sobre eles.

Pode-se também identificar a informação de que o atendimento realizado pelo Serviço de

Orientação Profissional corresponde à expectativa de suprir a comunidade juvenil com

informações a respeito das profissões existentes no mercado de trabalho, conforme o depoimento

se segue:

Page 164: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

155

Aqui em nossa escola nós trouxemos um profissional de Cuiabá-MT para falar do assunto. Porque não é discutido e os alunos têm necessidade de saber as profissões do mercado.... Um serviço desses na UNEMAT será muito bom para todos nós.

Há também preocupação com a forma da escolha profissional hoje denotando a

expectativa de que a Orientação Profissional deve acontecer desde o contexto familiar para que se

possam realizar escolhas profissionais mais refletidas e assertivas:

Eu penso que desde pequena a criança deveria ser animada pelos pais.. Outro dia presenciei uma situação... Uma garota estava na fila da inscrição do vestibular. Eu lhe perguntei: Que Faculdade você escolheu?. Ela respondeu: “Ainda não decidi... Mas vou decidir já...! Então me pergunto isso é vocação? É por isso que digo que há médicos assassinos... Políticos ladrões!

Síntese Parcial

Foi identificada compreensão da importância do conhecimento sistematizado, da

formação profissional tanto para a inclusão no mercado de trabalho, quanto para se obter

satisfação pessoal, realizar as aspirações, as expectativas. Há percepção de que hoje sem

profissionalização não se consegue ocupação no mercado e tal fato, juntamente à ausência de

conhecimento sobre as profissões, estão gerando, além de frustrações devido a não inclusão no

mercado, comprometimento na realização pessoal.

Há necessidade e expectativa de que no local ofereçam-se cursos profissionalizantes e

informações sobre as profissões, como também se pode analisar que devido à inexistência local

de profissionais que trabalhem com Orientação Profissional, algumas escolas buscam em outras

cidades do Estado de Mato Grosso profissionais habilitados para sanar as dúvidas dos alunos.

Foram também encontrados fragmentos de depoimentos que denotam satisfação,

contentamento com o oferecimento de Serviço de Orientação Profissional pela UNEMAT e a

compreensão de que a formação profissional inicia-se no contexto familiar.

Page 165: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

156

Síntese Geral

Por meio dos depoimentos também foi identificado que o Serviço de Orientação

Profissional atende uma das necessidades da Universidade do Estado de Mato Grosso

(UNEMAT): a evasão dos Cursos Universitários, sendo possibilidade de intervir e sanar a esse

problema causador de transtornos e insatisfações para a gestão universitária, para a SEDUC

(Secretaria Estadual de Educação) e MEC (Ministério da Educação).

Há expectativa por parte dos coordenadores das Escolas do Ensino Médio de Serviço de

Orientação Profissional direcionar o aluno para escolhas mais bem adaptadas a sua personalidade

e aos sonhos.

Como também se identificou clara percepção acerca da relevância do conhecimento

sistematizado e da formação profissional para a inclusão no mercado, para que se tenha curso

profissionalizante no local e profissional que trabalhem com Orientação Profissional, pois há

necessidade de busca de profissionais dessa área do conhecimento na capital ou outras cidades do

Estado de Mato Grosso.

Por fim, os dados analisados acima oferecem subsídios para afirmar que o Serviço de

Orientação Profissional, na UNEMAT, como objetiva essa Tese, trata de desafio salutar aos

profissionais da Educação comprometidos com a Educação integral do futuro cidadão do

Pantanal mato-grossense.

1.5. Categorias de Análise e Interpretação dos Questionários Dirigidos aos Professores das

Escolas Públicas e Privadas do Ensino Médio Privados do Ensino Médio

Para codificar as manifestações da influência das Escolas de Ensino Médio de Cáceres,

MT, na voz de seus professores para a realização de escolhas profissionais dos jovens nessa

realidade brasileira também foi realizado o recurso da análise de conteúdo “um conjunto de

técnicas de análise das comunicações”, conforme teoriza Bardin (1977: 31), em que as categorias

de maiores frequências apresentam-se expostas abaixo.

A. Necessidades dos professores

B. Expectativas dos professores

C. Dúvidas dos alunos na percepção dos professores

Page 166: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

157

1.5.1. Categoria A: Necessidades dos professores

Esta Categoria de Análise identificou a necessidade de Serviço de Orientação Profissional

para auxiliar os adolescentes nas suas escolhas profissionais, verificando nos depoimentos dos

professores a urgência da implantação desse serviço, devido à ausência ou parca orientação

oferecida aos adolescentes locais, conforme pode ser observado nesses fragmentos de respostas:

Os alunos não recebem Orientação Profissional. Pelo menos nunca participei de nenhum momento como este, nem tampouco fui informada sobre eles nesta escola, em que atuo há sete anos. (Professor A leciona a disciplina de Geografia) Os alunos aqui não recebem Orientação Vocacional/Profissional, mas seria de suma importância. (Professor B leciona a disciplina de Química)

De acordo com a maior freqüência de respostas, pode-se compreender a necessidade dos

professores de que se ofereça esse Serviço de Orientação Profissional aos alunos do Ensino

Médio visto que há desinformação acerca das profissões, mercado de trabalho, cursos

universitários e desorientação no momento da escolha profissional:

Às vezes, esporadicamente, há realizações de palestras sobre as profissões existentes no mercado. (Professor C leciona a disciplina de Matemática) A Orientação Profissional é muito útil, percebemos que muitos alunos terminam o ensino médio sem ter nenhuma noção de como é um curso universitário. (Professora D leciona a disciplina de Matemática)

Outras respostas evidenciam a necessidade dos professores que se implante o Serviço de

Orientação Profissional na comunidade, para auxiliar questões referentes à imaturidade dos

alunos no momento de suas escolhas profissionais:

Os alunos não recebem Orientação Profissional, mas deveriam porque os adolescentes são muito imaturos para decidirem a sua vida profissional com apenas dezessete anos de idade que é justamente quando ele esta ingressando numa faculdade. (Professora E leciona a disciplina de Língua Portuguesa)

Já em outra, destaca-se um fato curioso, a presença da disciplina de Orientação

Profissional em uma escola particular e a percepção dos professores quanto à necessidade de se

articular o aluno à sua realidade sócio-cultural, aptidões e ao seu futuro:

Page 167: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

158

Aqui em nossa escola é uma Disciplina e acredito que é um dos papéis mais fundamentais da escola, aliás, o mais importante, ligar o aluno ao seu futuro. (Professor F leciona a disciplina de Língua Inglesa)

Pode-se perceber nos fragmentos das respostas que os professores solidarizam-se e

disponibilizam informações a respeito das profissões e escolhas profissionais de forma informal,

pois é parca ou ausente a informação dos adolescentes, não havendo Serviço de Orientação

Profissional que os auxiliem nas escolhas:

Diretamente eles não recebem nenhuma Orientação Profissional, mas informalmente há um diálogo aberto, com opiniões, sugestões, pois são adolescentes. (Professor G leciona a disciplina de Artes)

Finalmente, nessa Categoria de Análise foi identificada a necessidade dos professores de

que se implante Serviço de Orientação Profissional articulada às questões culturais, visando

auxiliar também o adolescente de miscigenação indígena em suas escolhas futuras:

Gostaria que as universidades valorizassem mais o conhecimento adquirido pelos alunos em suas relações com o meio em que vivem, e não apenas o conteúdo programático, que representa parcela muito pequena desse todo. (Professora H leciona a disciplina de Física)

Síntese Parcial

Diante desse panorama de codificações das informações pode-se perceber a suma

importância desse serviço para os adolescentes, pois segundo a maioria dos professores os alunos

quando terminam o Ensino Médio não possuem ou adquirem parcamente noção de suas

habilidades para realizarem suas escolhas profissionais e dos cursos universitários existentes no

mercado. São imaturos, inábeis para lidarem com suas habilidades espontâneas e criativas, como

também há necessidade de valorização das habilidades subjetivadas sócio-culturalmente.

Pode-se identificar também que há preocupação por parte do professor quanto ao seu

aluno realizar escolhas assertivas, engajamento visando sanar a dúvida do aluno e contentamento

por parte dos professores pela iniciativa do Serviço de Orientação Profissional oferecido pela

UNEMAT.

Page 168: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

159

1.5.2. Categoria B: Expectativas dos professores

Nesse quesito de análise pode-se perceber a relevância da UNEMAT no contexto sócio-

educativo do Estado de Mato Grosso, tendo em vista o Serviço de Orientação Profissional

correspondendo às expectativas dos profissionais da educação da região em detrimento da

ausência no currículo escolar:

Creio que esse tema tem uma relevância social enorme e, portanto, desde já parabenizo a iniciativa. Como proposta creio que a orientação deva ser obrigatória no currículo escolar, em especial nos anos do Ensino Médio. (Professor I leciona a disciplina de Filosofia) Ter um trabalho desses na UNEMAT, pois não temos nas escolas públicas um trabalho direcionado a Orientação Profissional. (Professora J leciona a disciplina de Educação Física)

Outros fragmentos de respostas evidenciam a expectativa do Serviço Orientação

Profissional promover apoio na inclusão do jovem no mercado de trabalho de acordo com suas

habilidades desde a universidade:

Com relação à UNEMAT que ela promova junto à sociedade e aos poderes constituídos meios para dar mercado de trabalho (emprego) aos universitários, para que ao sair da UNEMAT, pelo menos um percentual x, já saia com emprego garantido, isto dará mais otimismo quanto às vocações. (Professora K leciona a disciplina de Física).

Foi identificado nessa Categoria de Análise a perspectiva dos professores de se atingir o

aluno com o Serviço Orientação Profissional suprindo-o com informações referentes à profissão

por meio de palestras desde os anos iniciais do Ensino Médio:

Que a equipe de Orientação profissional possa estar fornecendo palestras e orientando aos alunos que seguisse futuramente suas profissões segundo suas respectivas vocações. (Professor L leciona a disciplina de Biologia). Seria viável que a Orientação Profissional deveria ser abordada a partir do primeiro ano do Ensino Médio. (Professor M leciona a disciplina de Língua Inglesa)

Em algumas respostas aparece frustração nas expectativas dos professores em relação ao

meio social, ao mercado de trabalho, à complexidade atual e à impotência diante das

adversidades:

Page 169: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

160

São negativas as minhas expectativas, salvo algumas exceções que têm oportunidade, porque os alunos têm que enfrentar a seletividade e a competitividade do mundo do trabalho. (Professor N leciona a disciplina de Biologia)

Despertar a paixão de aprender no aluno é a vocação do professor e isto torna-se muito complexo quando o essencial ao ser humano é negado. Precisamos melhorar o meio em que vivemos para discutir com os estudantes da escola pública esse assunto de vital importância. (Professor O leciona a disciplina de Língua Portuguesa)

Em outras análises das respostas destaca-se a relevância da implantação do Serviço de

Orientação Profissional diante da expectativa dos professores que esse serviço oportunize aos

alunos, além de questões relativas às escolhas rentáveis e vocação, um trabalho com a auto-

estima deles e os aspectos subjetivos relativos à personalidade presentes nas escolhas

profissionais, compactuando com as idéias propostas pelo Psicodrama argumentadas nesse

trabalho de Tese:

Encontrar algo para fazer que seja rentável, pois não sabem escolher profissões, alguns nem tem expectativas de escolhas, pois possuem auto-estima muito baixa. (Professor P leciona a disciplina de Filosofia) O aluno tem que ter em mente que a escolha da profissão não é olhar para o lado do mercado, e sim seja o que for sua escolha fazer com muito carinho e dedicação, ser um profissional bem sucedido é o que todo o mundo hoje almeja. (Professor Q leciona a disciplina de Artes).

Outras expectativas sinalizam desejo dos alunos de superarem obstáculos e obterem

melhores chances em novos empregos mediante o curso universitário, com a qualificação que a

universidade oferece:

A maioria almeja é ingressar em uma universidade com o intuito de obter um melhor trabalho em relação aos que atualmente exercem. (Professor R leciona a disciplina de Língua Inglesa) Ao que parece eles estão um pouco tímidos em relação ao assunto, mas posso observar certo receio em relação à falta de oportunidades e exigências como uma qualificação e experiência. (Professor S leciona a disciplina de Geografia)

Síntese Parcial

Há conscientização dos professores quanto à necessidade de inclusão da Orientação

Profissional, seja no conteúdo curricular ou no eixo de ação escolar, e a implantação do Serviço

de Orientação Profissional pela UNEMAT contempla a expectativa dos professores.

Page 170: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

161

O Serviço de Orientação Profissional atende às necessidades e às expectativas, tanto na

questão referente às informações das profissões do mercado de trabalho hoje, quanto nas que

dizem respeito à formação da identidade, à atuação dos desequilíbrios das dúvidas, na

possibilidade de se promover valorização, pois auxilia na aceitação do processo de construção da

personalidade, na formação de uma auto-estima positiva, na elaboração de angústias e

ansiedades, na espontaneidade, e na capacidade criativa para a realização de conquistas e

escolhas.

Há receios dos professores de que o aluno, no momento da escolha profissional, se depare

com meio social desprovido de oportunidades e a frustração quanto à questão da competitividade

desigual quanto ao mercado de trabalho seletivo.

Contudo, no todo, pode-se perceber o interesse dos professores do Ensino Médio em

integrar a Orientação Profissional à Educação, auxiliando os alunos em suas escolhas

profissionais, expectativa de que esse Serviço atenda às dúvidas, apatias, desinteresses,

desinformações e frustrações dos jovens adolescentes estudantes do Ensino Médio público e

privado local, pois com esse serviço pode-se promover a possibilidade de melhores perspectivas e

escolhas profissionais mais bem adequadas às habilidades.

1.5.3. Categoria C: Dúvidas dos alunos na percepção dos professores

Nessa Categoria de Análise constata-se na maioria das respostas analisadas a tríade

Profissão-Mercado de trabalho-Satisfação Profissional balizando as escolhas dos adolescentes. e

novamente a constatação da relevância desse serviço para a juventude local:

Eles têm medo de se arrepender da escolha realizada, quais matérias terão de estudar no curso escolhido, como será o mercado de trabalho quanto à oferta de vagas, salários. (Professor T leciona a disciplina de Biologia).

Eles mostram dúvida e insegurança quanto ao mercado de trabalho e a profissão escolhida. (Professora U leciona a disciplina de História).

Além do sentimento de insegurança inerente ao jovem e a dúvida quanto às suas

habilidades para exercer a profissão, aparece incerteza de escolha profissional condizente com a

oferta de mercado e a satisfação pessoal:

Page 171: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

162

Eles se interrogam se vão gostar da profissão, se vai ter talento ou se a profissão não corresponde à expectativa. (Professor V leciona a disciplina de Sociologia).

Vejo que as principais dúvidas são se terão satisfação profissional, prazer em trabalhar com a profissão escolhida. (Professor W leciona a disciplina de Língua Portuguesa).

Nesse sentido, alguns professores articulam a dúvida nas escolhas profissionais com a

insuficiência de suporte, de intervenção das escolas, desde os currículos na temática Orientação

Profissional, conforme se pode perceber nessas respostas:

A escolha da profissão deve estar baseada na vocação, porém deve-se levar em conta a oportunidades de mercado de trabalho, sendo assim, o primeiro passo em direção à carreira certa é identificar seus valores, porque a tomada de decisão é sempre cercada de dúvidas, emoções e principalmente influencias. Infelizmente as escolas, tanto da rede particular quanto pública, não dá esse suporte de Orientação Vocacional/Profissional, seria ideal se contemplassem em seus currículos. (Professor X leciona a disciplina de Filosofia)

Seria importante orientar os alunos de forma abrangente (todas as profissões) e assim os mesmos pudessem fazer suas escolhas, mediante habilidades expressadas em sala de aula nas atividades curriculares e extracurriculares. (Professor Y leciona a disciplina de Biologia)

Outras dúvidas nas escolhas profissionais aparecem articuladas à escassez de

possibilidades de emprego no restrito mercado de trabalho local, de poucas empresas e de

economia baseada na agricultura e pecuária:

As preocupações deles são as dúvidas com relação à escolha de um curso universitário que se ofereça mais oportunidade de emprego. (Professor Z leciona a disciplina de Matemática)

Encontrar algo para fazer que seja rentável, mas as expectativas são poucas, a cidade oferece poucas possibilidades. (Professor A leciona a disciplina de Língua Portuguesa)

Outros professores perceberam que além das dúvidas dos alunos referentes à falta de

oportunidade e de opção nas escolhas do escasso mercado de trabalho local que não há escolhas,

mas a adaptação ao emprego para a sobrevivência:

Page 172: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

163

Muitas dúvidas são relativas à área de trabalho, dúvida no que escolher se haverá vagas no mercado especifico, dúvidas se conseguirão o primeiro emprego (Professor B leciona a disciplina de Física).

A falta de opção, de mercado de trabalho na cidade, deixa o aluno em dificuldade de escolha. Muitos ainda não têm escolhas. A maioria dos jovens acaba por não fazerem o que querem, na profissão acontecessem mudanças, têm que se adaptar uma questão de sobrevivência. (Professor C leciona a disciplina de Educação Física).

Em outros fragmentos das respostas fica evidente que a percepção dos professores é de

que o adolescente está desorientado diante da necessidade da escolha profissional e, por isso,

prolongam o momento da escolha para o término do Ensino Médio:

Muitos deles ainda não sabem o que querem, preferem pensar na situação no término do Ensino Médio. (Professor D leciona disciplina de Química)

Síntese Parcial

Na percepção dos professores as dúvidas dos alunos quanto às escolhas profissionais

ocorrem devido ao desconhecimento de si mesmo, de suas habilidades, por terem medo de

escolhas que possam gerar arrependimento. Por outro lado, há parca intervenção da escola no

processo de escolha profissional do aluno que juntamente com o escasso mercado de trabalho

local, colabora ainda mais para a permanência da dúvida do aluno.

Os professores compreendem que a escassa possibilidade de emprego, de mercado de

trabalho, de perspectivas de futuro, faz que os alunos fiquem desorientados e prolonguem as suas

escolhas.

Síntese Geral

Há ausência ou parca Orientação Profissional nas escolas privadas e públicas do

município de Cáceres, MT, em cujos depoimentos percebe-se a urgência de implantação desse

serviço e a expectativa que a UNEMAT atenda a comunidade.

Os professores expressaram a necessidade de inclusão da Orientação Profissional nas

escolas e na educação como um todo, visto que não há no currículo formativo nenhum eixo

Page 173: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

164

voltado a essa área do conhecimento, dificultando ainda mais a aproximação entre o adolescente

e as suas habilidades construídas histórico-culturalmente e as profissões existentes no mercado.

Nessa perspectiva, nos depoimentos obtidos junto aos professores pode-se identificar por

um lado, a desinformação do aluno quanto às profissões existentes no mercado de trabalho, dos

cursos universitários, da rentabilidade das profissões ou das aptidões para exercê-las, na qual a

desinformação reforça a dúvidas frente à escolha de profissão, gerando sentimentos de incerteza e

insegurança potencializando a passividade, e a aparente inércia inerentes das transformações

biológicas e psicológicas da fase adolescente. Mas por outro lado, eles deixam para escolher suas

profissões no término do Ensino Médio e por vezes mostram descompromisso com o futuro.

Ficou evidente também que o restrito mercado de trabalho local, de poucas empresas e

opções, de sustentabilidade baseada na agricultura, pecuária e ecoturismo, ocasiona falta de

oportunidade aos menos favorecidos socioeconomicamente. Isso permite que o aluno pouco

questione sua aptidão e opte pelo emprego que lhe garanta a sobrevivência, comprometendo a

tríade: Profissão-mercado de trabalho-satisfação profissional indispensável para a personalidade

adulta positiva e criativa.

1.6. Categorias de Análise e Interpretação dos Questionários Dirigidos aos Alunos

das Escolas Públicas e Privadas do Ensino Médio

A. Necessidade do Serviço de Orientação Profissional

B. Expectativas dos Adolescentes

1.6.1. Categoria A: Necessidade do Serviço de Orientação Profissional

Identificou-se significativa frequência de desinformação sobre a Orientação Profissional

por parte dos alunos das escolas públicas e parca informação nas privadas, conforme descrito no

decorrer desse item, em que dos duzentos e noventa e dois questionários aplicados cento e setenta

e seis deles informam que os alunos não receberam informação pelo professor ou pela escola,

sendo a mídia televisiva, revistas, jornais, internet, livros e outros meios de acesso às informações

dessa área de conhecimento:

Page 174: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

165

Não recebi nenhuma informação por parte da escola, mas vi nos jornais que passam na televisão. (A.D.N, 17 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).

Não recebi orientação de nenhum professor, mas eu busquei informação através de revistas, livros, internet e meus pais. (L.C.S, 18 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).

Não, ninguém me falou nada a respeito das profissões, mas li algumas dela em livro, falando o que estuda cada profissão. (EMRA, 18 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).

Infelizmente não recebi informação nenhuma, porém tenho buscado em outros lugares, internet, jornais. (A.B.M, 16 anos, estudante da segunda série do Ensino Médio).

Foi identificado também que as informações a respeito das profissões existentes no

mercado são repassadas nos relacionamentos familiares ou sociais. Há insatisfação do jovem

adolescente gerada pela ausência desse serviço para auxiliar as escolhas profissionais dos jovens

conforme as respostas que se seguem:

Por parte da escola não tive informação, mas assisto programas na televisão e também procuro saber com meus pais e familiares. (C.M.S, 16 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).

Gostaria de receber auxílio não só de minha família, mas também da escola, queria que tivesse um Programa de incentivo, não só a mim, mas a todos os que sonham como eu. (Q.O.S.S., 17 anos, estudante da segunda série do Ensino Médio).

Há frequência significativa de respostas referentes às necessidades dos alunos de

receberem Orientação Profissional por parte da escola, dos professores, ou de profissionais

especializados e que o Serviço de Orientação Profissional representa apoio e auxílio aos

adolescentes:

Gostaria que a escola nos mostrasse mais as profissões existentes no mercado de trabalho para que com isso nós alunos tivéssemos mais escolha s e apoio dos outros. (A.A.S, 18 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).

Seria legal se a escola tivesse algum trabalho para ajudar na escolha da profissão dos alunos que pretendem prestar algum vestibular. (E.M.R.A, 17 anos, estudante da segunda série do Ensino Médio).

Todos os alunos deveriam ser orientados sobre o mercado de trabalho nas escolas e pelos professores, deveria existir algum profissional para ajudar os alunos a optarem por uma profissão da qual faz parte de sua vocação. (A.L.B.C, 18 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).

Page 175: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

166

Outras respostas sinalizam ausência de informações básicas quanto às profissões

existentes no mercado de trabalho e a necessidade de ênfase nesse assunto, seja em sala de aula

ou em palestras para orientá-los:

Acho que deveria ter palestras nas escolas, aulas diferentes discutindo este assunto, professores estudados sobre o serviço para estarmos orientando sobre a educação profissional que acredita que seja muito importante. (M.M..A, 16 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).

Os alunos deveriam ter acesso a apresentações sobre o mercado de trabalho ou seja, as profissões, e qual sua área de trabalho. Acho que os professores deveriam dar mais informação sobre orientação e o mundo do trabalho, porque a gente se sente perdido. (P.A.C., 17 anos, estudante da segunda série do Ensino Médio).

Clarificam, ainda, a necessidade urgente desse serviço nas escolas, pois os alunos

solicitam das políticas públicas Serviço de Orientação Profissional para sanar as dúvidas em

relação às profissões existentes no mercado de trabalho, para auxiliá-los nas escolhas

profissionais:

Esse programa desse tipo seria fundamental para o nosso conhecimento e desenvolvimento profissional. É preciso ser implantado para o nosso conhecimento o mais rápido possível. (R.S.C, 16 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).

Perguntas assim nos ajudam no interesse das profissões e do mercado de trabalho, poderia surgir um trabalho assim, ou fazer mais perguntas, principalmente porque temos que ir para o mercado de trabalho. (D.P.S, 17 anos ,estudante da segunda série do Ensino Médio).

Gostaria que o governo apoiasse mais esse programa de informar mais as profissões nas escolas, porque não temos informações nenhuma. (A.F.L.B, 15 anos, estudante do segunda série do Ensino Médio).

Foram encontrados alguns depoimentos sinalizando parca existência de informações em

Orientação Profissional, seja por meio de trabalhos específicos na temática ou por meio das

disciplinas de Sociologia nas escolas particulares, ou da disciplina de Orientação Profissional

encontrada em uma única escola local:

Recebi alguma informação, porque fiz um trabalho sobre as profissões existentes. (M.L.R.D.O, 16 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).

Não recebi orientação, pois esse trabalho acontece a partir desse ano em sala de aula de Sociologia. (M. A..B, 16 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).

Page 176: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

167

Recebi orientação desde o início do Ensino Médio. No segundo ano fizemos pesquisa através da escola, e no final do ano o Projeto Eureka, onde os alunos fazem estágios em empresas do ramo que pretendem seguir. Agora no terceiro temos palestras e aulas de Orientação Profissional. (E.C.Z.M, 16 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).

Síntese Parcial

Pode-se perceber nessa Categoria de Análise a necessidade da implantação do Serviço de

Orientação Profissional para os alunos das escolas pesquisadas, pois as parcas informações têm

sido feitas pela mídia eletrônica e televisiva. Somente informações dos relacionamentos

familiares e sociais não sanam os conflitos e dúvidas. Há também solicitação dos alunos de que

as escolas e o poder público se mobilizem para oferecer informações e outras intervenções tais

como palestras e cursos nessa temática.

Pode-se identificar que os alunos objetivam por meio da Orientação Profissional receber

informações das profissões existentes no mercado de trabalho, como também sanar as dúvidas em

relação às suas escolhas, e que o SOP significa apoio e ajuda diante da desorientação desse

momento de suas vidas que exige definição de seus futuros.

Finalmente, pode-se observar a solicitação explícita de necessidade de apoio de políticas

públicas para que esse serviço seja implantado para auxílio de todos os alunos, professores,

UNEMAT e da Educação como todo.

1.6.2. Categoria B: Expectativas dos adolescentes

Contemplando essa Categoria, pode-se perceber maior frequência de respostas

concentrando as expectativas dos alunos: cursar universidade, ajudar no orçamento familiar e

constituir família, como também senso de responsabilidade e moralidade:

Meu maior sonho é me formar arranjar um emprego e poder ter e dar uma boa condição de vida aos meus familiares. (P.A.D, 17 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).

Passar em uma boa faculdade, ter um bom emprego, poder me sustentar e sustentar minha família. (A.C. M, 15 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).

Page 177: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

168

Identificou-se também a expectativa de se exercer alguma profissão, juntamente às

perspectivas de futuro próspero advindo do exercício profissional:

Tenho um sonho muito especial, quero me formar em Direito para poder defender a sociedade em seus valores e suas necessidades e ajudar meus pais. (A.A. C, 18 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).

Minhas expectativas são as melhores possíveis, pois estou procurando um futuro de trabalho, de lutas e vitórias e conseguirei através dos estudos. (E. S. O, 18 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).

Outras expectativas significativas referem-se à conquista de autonomia, a realização

profissional enquanto metas para o futuro:

Primeiramente me profissionalizar e tornar independente, depois construir uma família e tentar ser feliz. (P.O.S. J, 17 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).

Ser algo na vida, estudar muito, cursar a universidade e poder trabalhar na profissão que escolhi. (F.M.C.T, 16 anos, estudante da segunda série do Ensino Médio).

As minhas expectativas para o futuro são boas, porque no presente estou esforçando-me para mais na frente ser o melhor profissional possível. (F. B. S, terceira série H, 18 anos, estudante da estudante da terceira série do Ensino Médio).

Eu quero cursar uma profissão, dar uma vida digna aos meus futuros filhos, ser uma médica bem sucedida...Quero ter uma vida digna. (E.A.C, 17 anos, estudante da segunda série do Ensino Médio).

As análises de outras respostas mostram percepção coerente de realidade e expectativa

dos jovens de futuro de mais oportunidades de acesso ao mercado de trabalho e a visibilidade de

que a sociedade brasileira por meio de seus representantes legais ofereça mais acesso e

oportunidade ao jovem:

Terminar os meus estudos, futuramente fazer uma Faculdade de Ciências Contábeis e viver na sociedade com mais dignidade (D.M.F, 16 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).

Eu queria que a escola abrisse um tipo de um curso para os alunos sobre o que os alunos pretendem se formar e que no futuro se tivesse mais oportunidades para os alunos. (G.P.M, 20 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).

Espero que o Brasil mude, e nosso governo possa abrir novas oportunidades para nós os jovens, que no futuro tenhamos novos rumos. (E.G.S, 19 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).

Page 178: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

169

O futuro do planeta terra é muito desafiador e incerto, eu estudo para transpor todos os obstáculos do presente e ser feliz no futuro (O.S.O, 17 anos, estudante da segunda série do Ensino Médio).

A preocupação com a rentabilidade das profissões e de se obter sucesso profissional

também aparece com frequência enquanto expectativa para o futuro:

Fazer uma faculdade, ter uma carreira de muito trabalho e conseguir ter uma situação financeira estável e boa. (F.M.R.C, 17 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).

As minhas expectativas para o futuro se direcionam primeiro a área de estudos, pretendo cursar uma universidade, depois procurar ter uma base sólida com relação a uma profissão que de mais condição de vida. (N.A.C. C, 18 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).

Ser feliz, ter minha fazenda cheia de gado, terminar meus estudos e trabalhar em todas as áreas de minha profissão. Crescendo como profissional e como pessoa. (M.C.P. F, 16 anos, estudante da segunda série do Ensino Médio).

Foi identificada também significativo número de respostas relativas à expectativa de se

alcançar o sucesso profissional articulado a satisfação pessoal e a profissional objetivando atingir

sucesso a escolha da profissão, obter qualidade de vida e colaborar com a sociedade:

Eu quero um futuro de muito sucesso profissional para conseguir ter uma estrutura familiar. (P.C.L.F, 18 anos, estudante da segunda série do Ensino Médio. Minhas expectativas para o futuro são as mais excelentes possíveis, pois o meu maior sonho é cursar a faculdade e ter um ótimo desempenho profissional. (A.G.N, 16 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio). Fazer uma faculdade onde eu tenha o prazer de estudar ser um bom profissional e fazer novas descobertas para ajudar nossa sociedade. (E.M.C.C, 17 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio). Obter uma boa qualidade de vida, fazendo o que gosto (profissão) e ser reconhecido profissionalmente como funcionário competente. (A.C.C.M, 16 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).

Pode-se também observar nas respostas a presença da expectativa de se obter autonomia e

competência na profissão escolhida:

Meus pensamentos para o futuro é basicamente ter uma profissão digna do meu sustento e a realização dos meus sonhos (V.F.L, 15 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).

Page 179: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

170

Quero ter liderança e organização, independente de minha área, coisas concretas e ter satisfação própria. (J.A.M, 15 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).

Estudar, ter uma vida bem sucedida e constituir família (M.C.V, 15 anos, segunda série do Ensino Médio).

Acho interessante me tornar um profissional competente, independente do curso que eu escolher (A.C.S, 14 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).

Outro número relevante de respostas se refere às expectativas de cursar universidade e

curso profissionalizante para maior acesso ao mercado de trabalho:

Eu gostaria de fazer um curso profissionalizante e uma universidade, porque hoje em dia é muito importante ter uma universidade e um curso profissionalizante para competir no mercado de trabalho (R.V.R, 15 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).

Eu penso em cursar uma faculdade e fazer um curso profissionalizante, porque quanto mais me informar melhor (E.C.M, 16 anos, estudante da segunda série do Ensino Médio).

Síntese Parcial

Ao todo, as expectativas encontradas nas análises das respostas sugerem que os

adolescentes almejam alcançarem, por meio da profissão escolhida, a estabilidade de vida por

meio de escolha rentável. A satisfação pessoal e profissional e autonomia visibilizando também

no futuro a formação de uma família em conivência a valores éticos, tais como dignidade e

competência, conforme identificado nos depoimentos.

Há preocupação quanto à escolha profissional que seja rentável, porém, que a escolha da

profissão esteja articulada à satisfação pessoal e ao sucesso profissional para obter qualidade de

vida e auxiliar a sociedade.

Síntese Geral

Após as análises dessas Categorias pode-se perceber a relevância do Serviço de

Orientação Profissional, visto que há ausência de informação nessa área do conhecimento

naquele local. As informações são parcamente passadas por familiares ou pela mídia e as escolas

não priorizam como eixo temático essa área do conhecimento, na qual os professores auxiliam de

acordo com as possibilidades.

As orientações existentes na temática Orientação Profissional nas escolas públicas são

feitas aleatoriamente, isto é, quando surgem discussões em sala de aula ou se requisita em

Page 180: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

171

trabalho escolar, gerando no aluno sentimento de desvalia, de descaso, frente à desvalorização e

desconsideração para com esse momento de suas vidas.

Já nas escolas particulares ocorrem na disciplina de Sociologia, na segunda série do

Ensino Médio. Uma única exceção ocorre no Centro Educacional “Anália Franco” que conta com

a disciplina Orientação Profissional para informar os alunos sobre a temática.

Identificou-se também nos depoimentos dos alunos sentimentos de solidariedade, de

senso de responsabilidade e moralidade social, permeados por tipicidades inerentes aos

adolescentes tais como sentimento de insegurança e falta de apoio, insatisfação quanto à

realidade, incerteza quanto ao futuro, desorientação e dúvidas quanto ao caminho seguir, a qual

profissão escolher. Nesse meio de intervenção, o Serviço de Orientação Profissional (SOP) torna

possível sanar ou amenizar esses conflitos e necessidades adolescentes.

1.7. Análise e Interpretação dos Testes Sociométricos da Formação de Professores

do Ensino Médio em Orientação Profissional

Há diversas configurações para as análises dos Testes Sociométricos. O Sociograma é o

grafismo final do Teste e pode conter as seguintes estruturas explicativas sobre as relações

humanas:

1. Cadeia: segundo Moreno (1954) essa estrutura aparece quando os sujeitos sentem-se

atraídos mutuamente, um deles forma uma dupla que se integra a uma terceira pessoa que por sua

vez integra-se a uma outra. .Quando as escolhas são sucessivas fazendo uma corrente de

transmissões afetivas com a última escolhendo a primeira e fechando a cadeia. Geralmente

encontra-se esse formato em grupos mais estruturados e mais maduros.

2. Triângulo: quando três pessoas elegem-se mutuamente denota que a forma de relação é

diferente da grupal. Em geral, o triângulo é a configuração total e o grupo é a ameaça.

Demonstram relações baseadas em pactos, sentimentos de ciúmes ou rivalidade, porém, na

medida em que as projeções e transferências se diluem em função das relações télicas, a realidade

aparece. Escolhas sociométricas com essa configuração revelam, do ponto de vista intra-psiquico,

a passagem de estrutura mais defensiva para mais aberta e madura (Bustos, 1979).

Page 181: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

172

3. Círculo: nessa configuração há maior flexibilidade entre os vínculos estabelecidos,

indica coesão grupal, pois segundo Moreno quando há quatro ou mais sujeitos ligados ao resto do

grupo por escolhas mútuas constitui superestrutura bem integrada da organização de um grupo.

3. Quadrado: quatro participantes elegem-se mutuamente por pelo menos dois entre eles.

Toda estrutura apresentando esse formato deve-se ter desconfiança, pois pode originar uma turma

isolada do resto do grupo.

4. Estrela: são estruturas frequê ntes em Sociogramas, conforme esclarece Moreno (1954),

geralmente formada por cinco elementos ou mais. Mostra configuração do participante que deem

maior número de mutualidade.

5. Isolados: trata-se de rejeição da pessoa sem mutualidade de escolha, representa

isolamento, não somente no interior do grupo, mas também no interior da coletividade, e deve-se

entender o (s) motivo (s) do isolamento para em seguida reintegrar essas pessoas ao grupo.

6. Esquecidos: são representados por pessoas que recebem número reduzido de escolhas,

em função de serem pouco interessantes aos membros do grupo.

7. Rejeitados: as questões envolvendo os rejeitados devem ser evitadas no âmbito

educacional, restando a alternativa de identificá-los nas pessoas que escolhem, mas limitado ao

Sociograma. A diferença entre o Rejeitado e o Isolado é que o primeiro incomoda o grupo,

podendo ser representado inclusive como líder em seu subgrupo. Nesse caso também é

importante a intervenção e dependendo da gravidade da Rejeição, em alguns casos, torna-se

conveniente sair do grupo com a devida orientação para evitar futuras Rejeições em muitos

grupos.

6. Ilha: são considerados “panelinhas”, pares ou pequenos grupos escolhidos pelos demais

colegas do grupo, em geral isolam-se de outros subgrupos, constituindo estruturas rígidas

provenientes de características sexuais, raciais, políticas, religiosas, psicológicas ou sócio-

econômicas semelhantes que também precisam de dissolução em vista de amadurecimento social.

Page 182: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

173

Buscando a Sociometria conhecer as redes de aceitação e de rejeição dentro dos grupos, o

Teste Sociométrico, conforme esclarece ALMEIDA (2004, p.50) “possibilita quantificar essas

relações, visualizando a configuração das relações grupais”. Aplicados aos participantes do Mini-

Curso: Orientação Profissional de acordo com a primeira e a segunda opção pode-se identificar a

partir das estruturas acima, as seguintes configurações:

Critério 1: Escolhas afetivas

Opção 1: Estrutura em Cadeia

Opção 2: Estrutura em Cadeia, com a troca de lugar entre os sujeitos F e B.

Conforme Moreno (1954), esta estrutura aparece no interior dos grupos quando os sujeitos

se percebem atraídos mutuamente e um deles integra-se a um terceiro que por sua vez a um

quarto, e assim sucessivamente.

Essa cadeia de atração recíproca representa uma corrente ininterrupta de transferências

afetivas e geralmente os comportamentos assemelham-se, pois, encontra-se nos relacionamentos

a imitação indireta do outro, sugestões rotineiras, opiniões acerca da vida cotidiana, rumores no

sentido de boatos e fofocas entre os membros, sendo forma saudável de estabelecimento de

vínculos grupais, pois os sujeitos se colocam afetivamente na situação, desenvolvem seu

potencial espontâneo, opinando sobre as relações.

Critério 2: Escolhas Cognitivas

Opção 1: Estrutura em Círculo

Opção 2: Estrutura em Círculo (não ocorreram permutas entre os participantes)

Pode-se perceber com a configuração de Círculo nas relações grupais que os integrantes

estão atraídos mutuamente, relacionam-se, identificando-se uns aos outros e que a estrutura

grupal está fechada sobre si mesma, constituindo-se grupo sólido. Denota também

amadurecimento nas relações sociais desse grupo, pois evoluíram da relação estrutural em Cadeia

para o Círculo.

Page 183: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

174

Denota também evolução nas relações sociais, autoconhecimento e conhecimento do

outro, pois se pode observar que os integrantes desenvolveram relações horizontais, passaram a

interagir de forma mais autêntica, alegre, espontânea, e mostraram-se capazes de desarmar

conservas culturais desnecessárias, agirem com tranquilidade, viabilizando efetivamente a

reconstrução de papéis, a abertura ao novo, a realização pessoal e profissional.

Page 184: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

175

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES Naturalmente, os projetos individuais de vida não se formam independentemente dos contextos partilhados intersubjetivamente. No entanto, dentro de uma sociedade complexa, uma cultura só consegue se afirmar perante as outras convencendo suas novas gerações, que também podem dizer “não”, das vantagens de sua semântica que viabiliza o mundo e de sua força direcionada para a ação. (HABERMAS, 2004, p.05)

Essa pesquisa intervencionista surgiu de observações prévias na prática docente, junto aos

cursos universitários nos semestres iniciais de diversos cursos de graduação — principalmente no

curso de Pedagogia da Faculdade de Educação, da UNEMAT — cujas queixas sobre a escolha

errada de curso eram constantes: de alunos que gostariam de trocar de curso, ou ainda, que a

escolha foi feita por falta de opção. Como também por ocasião da experiência de Coordenação da

Escola de Aplicação e, a escuta aos pais e professores preocupados com o futuro do jovem

adolescente.

As dúvidas iniciais quanto aos porquês das escolhas errôneas de cursos foram dissipando-

se e, brotaram outras ainda mais complexas, advindas do desequilíbrio dos novos conhecimentos

adquiridos.

A construção da pesquisa foi efetuada balizada pelas orientações e a Tese de Livre

docência do Prof. Dr. Valério José Arantes, possibilitando a compreensão e o conhecimento que

culminaram na implantação do Serviço de Orientação Profissional para a comunidade

matogrossense.

Foi um desafio realizar uma primeira formação de professores colaborando para o

desenvolvimento e aprendizagem da Orientação Profissional, utilizando-se dos Jogos Dramáticos

da Teoria do Psicodrama, preparando-os para serem multiplicadores junto às escolas, objetivando

minimizar a evasão nos cursos universitários, as desinformações das profissões existentes no

mercado, escolhas não assertivas e as insatisfações pessoais e profissionais.

Para essa realização houve uma ampla pesquisa bibliográfica e, de campo, a respeito da

Orientação Profissional, investigando junto aos gestores da UNEMAT e das escolas Públicas e

Privadas do Ensino Médio, na voz de seus professores e alunos suas opiniões, percepções,

conhecimentos e intervenções nessa área do conhecimento.

Constatou-se a necessidade de intervenção de um Serviço de Orientação Profissional no

local, obtendo-se a constatação de ausência ou mínima informação dos professores e dos alunos

Page 185: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

176

acerca da relevância dessa área do conhecimento, para que se realize escolhas que lhes

promovam satisfação pessoal e profissional e, o descaso das políticas Públicas para com a

temática.

Com a implantação por meio da formação aos professores do Ensino Médio, atendeu-se

aos objetivos dessa pesquisa, de subsidiar conhecimentos teórico-prático aos professores com

relação a Orientação Profissional no mundo do trabalho globalizado, para que os jovens realizem

escolhas profissionais mais assertivas, menos frustradas e, distantes da realidade sócio-cultural,

contribuindo para minimizar a evasão dos cursos universitários e colaborando para a formação de

profissionais mais satisfeitos pessoal e profissionalmente.

A Orientação Profissional está remodelando-se e reinscrevendo-se, pois o modelo

psicométrico não mais atende o mundo de trabalho atual. Sabe-se que ela deve ser concebida

enquanto processo de formação desde os primeiros anos escolares, como um gerenciamento de

vida.

No âmbito educacional ela visa orientar e promover auto-conhecimento para que o jovem

realize escolhas mais assertivas, pois o mundo das organizações flexíveis, requer profissionais

menos alienados e frustrados, menos perturbado por suas neuroses, mais satisfeito pessoal e

profissionalmente e, sabe-se que felicidade e competência, geram além de “sanidade”, a

lucrabilidade.

Uma intervenção teórica- prática, formando professores nessa área do conhecimento,

torna-os multiplicadores do conhecimento em suas escolas, atingindo mais rapidamente a

coletividade, pois não basta informar as profissões existentes no mercado, que elevam a cada dia,

há que agir nas dificuldades de escolhas, há que se promover ambiente, possibilidade de reflexão,

questionamentos, diálogos e autodescoberta, suprindo com mais prontidão a necessidade urgente

desse Serviço.

No percurso teórico foram feitas investigações sobre as ciências clássicas e as atuais, da

criação da Psicologia do Trabalho no Brasil, das origens e conceitos da Orientação Profissional,

articulando-os à adolescência hoje, ao Psicodrama, aos Jogos Dramáticos, à identidade, à

diferença e à exclusão e as conexões com a Educação e, a Caracterização do ambiente da

pesquisa.

No primeiro Capítulo foi descrito sobre as transformações ocorridas nas ciências físicas e

matemática, na segunda metade do século XX, por ocasião das pesquisas dos átomos, da natureza

Page 186: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

177

dos fenômenos subatômicos e da expansão dos mundos físicos descrito por Werner Heisenberg,

Albert Enstein, e Neils Borh informando e colocando o mundo em contato com uma nova

realidade e visão de mundo, gerando mudanças paradigmáticas refletidas hoje.

Anteriormente a essas descobertas, o universo era concebido pela ótica do paradigma

mecanicista: estático, linear e determinado. Tais mudanças reorientaram o pensamento das

ciências, gerando novas percepções de universo, agora concebido como interativo, inter-

relacional, instável e assimétrico.

As novas descobertas e o avanço da microeletrônica inovando as atividades industriais, já

na segunda metade do século XX, geraram transformações nas concepçõe cartesianas das

ciências humanas e sociais, percepções cristalizadas sobre as “verdades” de mundo, causando o

despertar para o novo e para a diversidade de novas formas de pensar, de agir e de se relacionar,

adaptando-se aos novos instrumentos eletrônicos, digitais e virtuais da mídia globalizante.

No mundo do trabalho atual, essas mudanças ocasionaram transformações estruturais no

modelo organizacional em que se opõe a centralização à descentralização, a alta hierarquização

inerente às organizações burocráticas da época fordista, à horizontalização das estruturas

organizacionais toyotista, a organização das tarefas por especialidade à organização flexível e

multifuncional, e uma estrutura totalmente voltada à valorização do produto, agora orientada ao

mercado-cliente.

Os pressupostos tradicionais e quantitativos, não atendem mais a demanda do mercado, da

nova organização flexível do trabalho e os conteúdos qualitativos passam a ser valorizados, pois

o mercado oscilante visando sua lucrabilidade requer novas formas de relações humanas, não

mais verticais e sim, horizontais, autênticas e espontâneas.

É a Psicologia que administra os conhecimentos da Orientação Profissional desde a

criação do primeiro Instituto de Organização do Trabalho (IDORT). Historicamente, o “pensar e

agir” do povo brasileiro desde o Brasil Colônia foi subjetivado em princípios de educação,

moralização, religião, que exerciam mecanismo de controle e poder na cultura, sendo a alienação

e o disciplinamento a ideologia do estado, na qual a medicina associou-se à instauração e à

manutenção da ordem e da obediência civil, por meio da manipulação das relações entre

Trabalho-Educação-Saúde.

A educação indígena e a dos brasileiros miscigenados e não privilegiados à época era

tarefa dos religiosos, ressaltando que após a constatação da não subserviência dos índios,

Page 187: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

178

culminando no extermínio de muitos, houve aumento do mercado escravo e da população

africana. Somente com a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, e a reforma de 1890, o Estado

assume a função de educar, pois também atendia aos primórdios desenvolvimentistas e à

necessidade de profissionalizar os novos cidadãos e os descendentes recém-libertados.

Na República intensificou a necessidade de mão-de-obra especializada em função,

inicialmente, dos novos instrumentos agro-industriais. Por meio do advento da industrialização e

da crescente influência do modelo europeu e americano nos meios de produção tornou-se

indispensável selecionar e treinar o trabalhador, para ter acesso às inovações técnicas e

organizacionais advindas da industrialização, simbolizadas no século XIX pela máquina a vapor e

no século XX pela fábrica Ford Motor Company, instaurando o modelo fordista de organização e

com ele a padronização cultural.

A crescente produção em série, da era indústrial (litosfera) e, consequentemente, das

conservas culturais na civilização, atuaram na alienação dos corpos de Foulcault, como também

no bloqueio em massa do complexo espontaneidade-criatividade de Moreno (1993).

Hábitos, costumes, pensamentos e comportamentos estavam submersos no paradigma

determinista, no ordenamento, no disciplinamento dos corpos, na automação, na normatização,

regendo os mecanismos regulatórios sociais distantes da valorização da espontaneidade,

dignificando o trabalho quantitativo e explorando a mão-de-obra que por coincidência, equipara-

se ao significado epistêmico da própria palavra remetendo à tortura, opressão.

Como se o trabalho não fosse a base da felicidade e da realização humana, em uma

articulação fantástica entre Eros e Ananke (Deusa da necessidade), gerando sustento, auto-

apoio,valorização humana, superação de obstáculos, pois sabe-se desde Freud que o ser humano

normal é capaz de amar e trabalhar em constante desenvolvimento e aprendizagem rumo a

generatividade teorizada por Erikson (1976) e a compreensão de que quando não existe desafios

corre-se o risco de ser dominado pela estagnação.

O trabalho com tarefas repetitivas, sem criatividade, como exigia o modelo Fordista, fez

do trabalhador um acompanhante da máquina, automatizou-o, e sabe-se que melhor resiste às

insatisfações, ao descontentamento e aos conflitos individuais e interpessoais no mundo do

trabalho, o ser espontâneo. E, o Psicodrama resgata a espontaneidade comprometida

historicamente, ao intervir por meio dos Jogos Dramáticos na “trama” dessa “era da incerteza”.

Page 188: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

179

Segundo Motta (1995) a Psicologia do Trabalho que à época compactuava com idéias

conservadas e ordenadas da Psicologia Comportamental e da Psicometria em que, focada nos

critérios de eficiência, criou a distância na relação homem-trabalho, ditando um modelo fordista

de mercado, de relações interpessoais verticalizadas de Santos e, hierarquizadas, formais,

tecnicistas e desprovidas de afetividade, ditadas pelo modelo fordista de mercado.

Por ocasião de sua criação, visava somente evitar acidentes de trabalho e identificar os

trabalhadores desprovidos de capacidades para realizar determinada função assumida na empresa,

teve o primeiro centro de estudo em Munique, Baviera em 1902, mas somente na segunda década

do século XX foi implantada na América Latina, na Argentina e no México. No Brasil foi criado

pelo engenheiro Roberto Mange — pelo professor da Escola Politécnica de São Paulo — que

também implantou a área de Psicologia Aplicada no Brasil.

A Orientação Profissional expandiu-se na Escola Técnica Getúlio Vargas, atuava nas

demandas do mundo do trabalho e também era direcionada às escolas, como um eixo

educacional, de desolador desfecho. Os cursos ali oferecidos eram vinculados às entidades

federativas, como a Confederação Nacional da Indústria e do Comércio, e dos produtores

agrícolas, o SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Social).

No formato elitista, os instrumentos psicométricos importados não atendiam aos

interesses educacionais à época de potencializar a Orientação Educacional, assim denominada no

âmbito educacional, devido divergência na tradução da Língua Inglesa para Portuguesa, mas que

não impediu a intervenção inclusive ao nível superior, sendo utilizada por vários institutos de

educação e saúde dos anos trinta e quarenta do século XX, não compactuou com seus princípios

avaliando-a como importada e distante da realidade brasileira. A Psicologia então a incorporou

em seu conteúdo curricular até os dias atuais.

No entanto, compreende-se que no todo, contribuíram para o seu fracasso: O crescente

número populacional e migração do campo para os grandes centros urbanos, o trabalho desigual

balizado pela classe social do trabalhador e a Orientação Educacional direcionada a oferecer

acesso aos mais providos socioculturalmente, valorizando a produtividade e a lucrabilidade.

Pensa-se a Orientação Profissional enquanto formação, como um eixo educativo, em que

se aplicada desde a Educação Infantil promoverá escolhas profissionais mais bem adaptadas à

cultura do adolescente, já que cumpre o papel de “orientar”, “ajudar” pessoas em suas escolhas

Page 189: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

180

profissionais, nas decisões de cursos, ocupações geradoras do auto-sustento, realização pessoal e

a assumirem tarefas na vida adulta dotados de identidade profissional competente.

Perrenoud (2001) esclarece que refletir sobre a formação articulando a dimensão

profissional e a sociopolítica significa atingir perspectivas multidimencionais que englobam a

individualidade, os aspectos socioculturais, os situacionais e o processual, pois construir

competências significa a superação de medos e vencer a insegurança diante do novo, do

desequilíbrio e da instabilidade de mercado é desafio que remete à necessidade de transformações

curriculares, mais bem adaptados às culturas locais, respeitando as diferenças.

Historicamente, as noções estruturantes do modelo de competência no mundo do trabalho

estão ligadas à ótica do mercado. Atualmente está baseada na polivalência, na transflexibilidade,

na empregabilidade, remetendo à qualificação profissional para a noção de competência

profissional, e essa Tese compreende-a com base na perspectiva construtivista.

Construir competências para ações autônomas, espontâneas, direcionadas a atender os

princípios universais de igualdade de direitos, justiça social, solidariedade e ética não é

compactua com a matriz funcionalista e behaviorista que limita o saber em prol do

desenvolvimento de tarefas repetitivas, da descrição de função e tarefa no processo produtivo.

Hoje, as adaptações, transformações e inovações são constantes e a Orientação

Profissional revê formas mais condizentes de atuar e atingir o jovem confuso quanto às escolhas

profissionais, diante das multiprofissões do mercado, nas quais as contribuições de Moreno com

o Psicodrama e seus Jogos Dramáticos possibilitam atender tanto as exigências do mercado que

requer profissionais flexíveis e espontâneos como para que sejam realizadas escolhas menos

danosas e frustrantes para o trabalhador.

Para Moreno (1993) o ser humano tem o compromisso de ser co-criador do universo,

transformando-o, reinventando-o, porém, não comprometendo a saúde humana, como acontece

na ausência de espontaneidade, autoconhecimento, de escolhas assertivas nas profissões e,

competência profissional que engloba a satisfação pessoal e profissional, relações horizontais,

transparentes, autênticas e de espontaneidade.

Compactuar com a idéia de que todo ser humano é capaz de realizações pessoais e

profissionais, de despertar o próprio potencial de resiliência que resiste à insegurança,

impulsionando o sujeito rumo aos seus reais objetivos, mas que estão conflitivas e em dúvidas a

que profissão escolher, para que se tornem pessoas menos desorientadas e profissionais menos

Page 190: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

181

frustradas e insatisfeitas, significa promover condições para o jovem realizar escolhas

profissionais que atenda as suas expectativas e sonhos.

O Psicodrama, com seus Jogos Dramáticos, resgata nas relações humanas a

horizontalidade, as relações transparentes e sinceras, como também contribui à formação de

competências profissionais, ao bloqueio da hierarquização da dominação e à libertação dos

corpos alienados, já que as relações verticais remanescente do fordismo contribuíram para

bloquear a espontaneidade e, tornar o ser humano robotizado.

O mundo de trabalho, regido pelo mercado toyotista, requer um perfil de profissional

centrado, espontâneo e não descomprometido com a realidade social, em que por meio dos Jogos

Dramáticos possibilita-se rebaixar a ansiedade, o clima de tensão, proporcionando um campo

relaxado, um contexto mais tranqüilo e alegre para o trabalhador flexível e polivalente,

colaborando para o bem-estar pessoal e empresarial.

Os Jogos Dramáticos, no contexto educacional e embasado em Arantes (2002)

desenvolvem a espontaneidade no adolescente, pois os encontros grupais em campo relaxado

possibilitam relações mais autênticas, requisito solicitado e valorizado na nova organização do

trabalho flexível, em que melhor se destacam e atingem o sucesso os mais espontâneos.

Atuam no espaço intersubjetivo, remetendo-o ao imaginário e reorganizando-o,

permitindo acesso mais diverso ao problema, ao universo simbólico, já que os conflitos humanos

são resultantes de sentimentos, pensamentos e ações regidas por valores invisíveis, porém

regentes da lei, da moral, da regra, normativos e distantes do desejo, da espontaneidade e da

felicidade.

O percurso do genial Moreno lança luzes à Psiquiatria e à Psicologia com sua teoria,

fazendo que a humanidade tenha acesso a traumas e conflitos por meio da dramatização dos

personagens da cena, visando desenvolver e alcançar o resgate da espontaneidade. Por isso,

ocupou-se da formação de psiquiatras, psicólogos, professores, pedagogos, tornando-os

especialistas em relações humanas.

Apesar de apropriar-se do teatro para desenvolver sua teoria e método, adaptando-os ao

contexto clínico e psicopedagógico, era oponente ao Teatro do improviso de Stalinavsky, por

confundir improviso e espontaneidade, criando o Teatro da Espontaneidade, introduziu-se

terminologia própria, como psicodrama, sociodrama, sociometria, desempenho de papéis, tele,

átomo social, espelho, inversão de papéis, dentre outros.

Page 191: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

182

Contrapôs-se à Psicanálise, de influência do cartesianismo e do determinismo darwiniano,

e da idéia de que os fatores hereditariedade, meio ambiente e fator desencadeante determinam o

desenvolvimento das psicopatologias, concebendo o ser humano como cósmico e relacional, não

interditado por frustações. Como também se diferenciou do reducionismo da Teoria Psicanalítica

integrando o tempo presente-passado-futuro nas operações terapêuticas e não o passado como

meio de acesso aos conflitos e aos traumas.

O Psicodrama, com embasamento filosófico na fenomenologia e no existencialismo, além

da concepção de integração mente-corpo, descreve o ser humano enquanto ser de interação e

relacional em Buber, de socialização, de auto-regulação, concebendo-o social e positivo, distante

da concepção de sujeito psicanalítico: Cartesiano, em que cindido ou castrado e sabedor de suas

impossibilidades desde o nascimento, perde o vínculo de unicidade com a mãe e, passa a buscá-lo

pelo restante de sua existência, deslocando essa necessidade às uniões afetivas, ou para seus

filhos, na busca da sensação primordial de completude vivenciada no ventre materno.

Para Marineau (1992) foram diversas as descrenças às idéias de Moreno, que se deparou

com resistência por parte do público e da imprensa, acostumados às peças teatrais prontas e a

depender das “conservas culturais” do drama e, a não confiar na criatividade-espontânea.

Relativizou o homem à natureza, compreendendo-os como interdependentes, criou a Socionomia

de interesse das Ciências Sociais e Humanas, a base da Psicoterapia de grupo.

A Teoria do Psicodrama também foi inovadora contribuindo com a compreensão e

intervenção nos quatro elementos universais que tangenciam as ciências: tempo, espaço,

realidade e cosmos, permitindo novas compreensões de sujeito e de sociedade imersos em

paradigmas transformadores, como o sistêmico e inter-relacional de Frijof Capra, da

complexidade de Edgar Morin e, os interativos de Jean Piaget.

Também é conivente às idéias da doutrina da imaginação criadora de Gastón Bachelard,

contribuindo para amenizar ou descristalizar antigas e limitadas compreensões de sujeito e do

universo que restringem a cognição à imitação, bem distante da compreensão sobre a essência

humana: espontânea-criativa.

O Psicodrama, ao exteriotizar o “drama” do espaço subjetivo, retirando-o do imaginário

por meio da representação da cena dramática no contexto psicoterápico ou dos Jogos Dramáticos

no psicopedagógico, permite acesso mais diverso ao problema, pois os conflitos humanos são

Page 192: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

183

resultantes de sentimentos, pensamentos e ações regidos por valores invisíveis, reguladores da

norma, da moral e da regra, distantes do desejo.

Moreno transformou, por meio da ação psicodramática, o ato psicoterapêutico ou

psicopedagógico na realidade da vida a partir de simulações, da dramatização de experiência

vivida no aqui-agora, no setting dramático. E o Psicodrama, por meio dos Jogos Dramáticos

direcionados à Orientação Profissional colabora para atenuar compreensões distorcidas de

problemas, dúvidas e angústias, medos do futuro, ansiedades, conflitos, decepções nas escolhas.

O sujeito psicodramático é um ser cósmico, interdependente ao universo, dotado de uma

energia criadora, mas que no decorrer da vida vai transformando o seu potencial criativo e

espontâneo em conservas culturais, cristalizando os seus comportamentos e pensamentos,

enrijecendo-se, robotizando-se, necessitando da espontaneidade para resgatá-lo.

Nos novos arranjos do mundo do trabalho é fundamental para o sucesso, tanto pessoal

quanto das organizações flexíveis, a motivação e a satisfação do trabalhador. As organizações de

sucesso são compostas por pessoas que fazem o que gostam e acreditam não aquilo que se espera

que façam. São organizações baseadas nas aspirações de seus membros e não no que se espera

dos cargos, sendo fundamental para o sucesso: A vontade de vencer e superar obstáculos, o

autoconhecimento e a espontaneidade.

Há uma instabilidade da lucrabilidade no mercado de trabalho, tornando-o oscilante e,

torna-se salutar fazer aquilo que efetivamente se quer fazer, para atingir o sucesso profissional e

conseqüentemente o pessoal, sendo alcançado com o desenvolvimento da espontaneidade, pois ao

resgatá-la, o jovem atinge seus objetivos com menos dificuldades, atende às relações de

horizontalidade solicitada pelo mercado toyotista e, sabe-se sobre as organizações que, as mais

criativas atingem melhor o mercado e têm lucrabilidade garantida.

O modelo fordista da era industrial (litosfera) determinou as formas de produção e as

relações sociais, distanciou ainda mais a humanidade de seu potencial espontâneo e criativo,

contribuindo à alienação da corporeidade e ao modo de pensar subserviente e automatizado.

Com a globalização, a ascendência asiática no mundo do trabalho e com a mudança do

modelo de mercado para o toyotismo, em virtude da Fábrica Toyota, mudou-se os contornos,

tanto do modo de produção, antes em série priorizando a quantidade, para o Just Time, a

produção exatamente no momento demandado e, o trabalhador deve estar preparado para o

momento inesperado, para a situação surpresa.

Page 193: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

184

O jovem adolescente espontâneo enfrenta melhor as adversidades do mercado Toyotista e

o processo de adolescer, de desabrochar conforme Aberastury (1981) está balizado por uma

“normal anormalidade” em que os processos de mecanismos de projeção, introjeção e

dissociações são intensas, com mudanças de humor acompanhado de depressão e luto,

apresentando personalidade permeável e mutante.

Muitos adultos projetam no jovem a própria incapacidade de controlar o que está

acontecendo sociopoliticamente ao seu redor, desorientando o adolescente. Para muitos adultos

fica difícil suportar o adolescente com suas identidades ocasionais, transitórias e, muitas vezes,

exige-se do jovem adolescente a identidade que ele não tem; que se realize escolha em meio à

dúvida, desconfortos e campo tenso.

A formação teórico-prática de professores em Orientação Profissional, possibilitando

acesso aos conhecimentos e aplicabilidade dos Jogos Dramáticos, autoriza-os às intervenções

diretas junto ao jovem aluno, amenizando a angústia e, a ansiedade do adolescente diante da

dúvida a que profissão escolher.

A identidade ocupacional é um aspecto entre tantos outros da identidade pessoal, sendo-a

determinada e determinante na relação com toda a personalidade, conforme Bohoslasvsky (2003),

os problemas vocacionais devem ser compreendidos como de personalidade, falhas, obstáculos,

sejam eles vivenciados no âmbito familiar ou mesmo no educacional, no alcance da identidade

ocupacional.

No segundo Capítulo, problematizaram-se as temáticas da identidade, da diferença e da

exclusão destacando as conexões com a educação, contribuir à formação de identidades mais

espontânea e criativa para atenuar as dúvidas nas escolhas profissionais, para que haja

profissionais mais satisfeitos no mercado de trabalho e mais bem-sucedidos, com mais

competência profissional, há que se incluir na Educação o eixo teórico: Orientação Profissional.

As intervenções do Serviço de Orientação Profissional implantado na UNEMAT

direcionado ao atendimento da comunidade local e regional, direcionadas aos profissionais de

Educação, orienta-os acerca das dificuldades da adolescência e seus conflitos inerentes a essa

etapa do desenvolvimento, fornecendo subsídios teórico-práticos para que eles multipliquem o

conhecimento, e intervenham junto ao jovem, reduzindo a tensão existente no momento das

escolhas e auxiliando-os nesse momento da vida.

Page 194: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

185

Se a perspectiva educacional é formar cidadãos autônomos e solidários, o Serviço de

Orientação Profissional (SOP), ao atender dimensão cognitiva e afetiva, contribui à busca de

sentidos que remete à necessidade de realização, pois intervém nas necessidades de estimulação,

de motivação e de valorização humana.

Ao possibilitar o despertar da potencialidade criativa na base de Guatarri (1996) e o

acesso aos valores do paradigma estético, potencializa-se a percepção do novo, desequilibrando

conservas culturais e minimiza-se que o medo imobilize o desejo, a espontaneidade, pois se

contribui também com o processo de vir-a-ser, que é comprometido com os valores sociais: o

Bem, o Belo e o Verdadeiro.

O surgimento da sociedade do conhecimento, da era da informação — a noosfera citada

por La Torre (2005) — está exigindo mais e mais atitudes independentes, questionadoras,

posicionamentos, opiniões conscientes, comportamentos centrados, relações horizontais, diante

dos novos arranjos do mundo do trabalho.

A Orientação Profissional reformula-se, adaptando-se ao cidadão do novo milênio,

considerando como fundamental a formação da cidadania, pois em tempos de (de) integração da

percepção de si e do outro, da “crise de sentidos”, há a geração Zapping pesquisada por Levenfus

(2002), sendo-lhe impossível conceber o mundo sem um computador.

Conectada ao mundo globalizado, essa geração possui uma vasta informação de fatos,

locais, culturas e comportamentos diversos, mostrando-se independentes em posturas e forma de

pensar; mas por outro, dependentes em suas relações afetivas, pois deslocam os seus afetos aos

instrumentos da mídia: vídeos-game, chats de relacionamentos, Orkut, Messenger, MP3, MP4,

Ipods, celulares e outros.

Contudo, ficaram aprisionados e dependentes desses mesmos instrumentos para se

relacionarem, se “conectarem ao mundo real”, e por meio do desafeto inerente às máquinas nunca

a mídia explorou tão brilhantemente as relações humanas como agora. Todavia, a exclusão aos de

pouco acessos ao mundo globalizado, como o caso de muitos jovens ainda hoje ao redor do

mundo, fez que o adolescente se rendesse ao medo, imobilizando-se ou calando-se diante das

frustrações, diante do tempo do “novo”, das transformações rápidas, tornando-se adulto mais

rapidamente.

O tempo de busca contínua do novo é incompleto, porque nele não há vínculos, o tempo

de perda da nitidez, da clareza necessária para a organização dos vínculos, das pessoas e dos

Page 195: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

186

povos sem fronteiras. O adolescente atual infantilizou-se em seus comportamentos e, diferentes

de outras gerações, prolonga a independência para além dos trinta anos, ficando mais tempo na

dependência dos pais.

A partir dessas informações, pode-se compreender a subjetivação dos adolescentes

criados nesse ambiente de sentimentos de insegurança, gerado pela constante percepção da

instabilidade do mundo do trabalho dos pais, acrescentado pelas manifestações desse

desassossego expressado no dia-a-dia e, ainda vivenciando a crise de adolescência inerente às

suas idades, em meio à crise planetária e toda complexidade dela decorrente, encontrar-se-á um

desencantamento de mundo, angústias, ansiedades, conflitos, descentramentos, o perfil do jovem

atual.

Para Hall o sujeito hoje está desprovido de identidade fixa, permanente e há

descentramento da noção de sujeito, pois não mais definido pelas fronteiras e suas origens

históricas e culturais, mas localizado em mundo social, cultural e virtual de contornos

desfigurados pela política da global e com um mercado incentivando o culto ao consumo

padronizado, compreende-se como resultado que aos menos providos socioeconomicamente

resta-lhes, por não terem acesso à mídia globalizada, a banalização e consequente exclusão.

A globalização tem promovido um fenômeno jamais visto em outro momento histórico,

com o acesso do jovem a outras culturas sem sair de casa, utilizando-se da Internet, produzindo o

que Rolnik (2000) denomina de “kits” de perfis padrão, significando personalidades

padronizadas, de acordo com cada órbita do mercado, independente do contexto geográfico,

nacional, cultural e local. Está acontecendo massificação cultural que ocorre padronizando,

homogeneizando e robotizando, também roubando a poesia, a arte, a estética e distanciando o

sujeito da essência humana criadora.

Há um mercado global apresentado como capaz de homogeneizar o planeta, (des)

norteado pelas políticas internacionais, desvalorizando as culturas locais e, os padrões de

consumo são produzidos por uma mídia que atende aos desejos financeiros do mercado

dominante, que estimula o culto desenfreado ao consumo, como se um mundo mais belo e

estético fosse a padronização, a massificação das identidades ditada pela mídia, e não as relações

humanas horizontais, isto é, transparentes e sinceras.

Os adolescentes estudantes do Ensino Médio estão preocupados com o futuro diante das

incertezas, das crises. Eles possuem senso de responsabilidade, mas estão incertos quanto às suas

Page 196: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

187

escolhas, necessitam de apoio e orientação para realizá-las, como também estão inseguros,

descontentes, dependentes e com medo do exercício profissional, devido à oscilação do mercado

global e da lucrablidade, privilegiando setores muitas vezes distantes da realidade de muitos; em

que ora se oferta trabalho em um setor industrial, ora em outro; em que a estabilidade no emprego

tornou-se inexistente ou ínfimamente existente.

Há desinformação do jovem quanto às profissões existentes no mercado de trabalho, dos

cursos universitários, da rentabilidade das profissões ou das aptidões para exercê-las, e a

desinformação reforça as dúvidas frente à escolha de profissão, gerando sentimentos de incerteza,

insegurança, potencializando a passividade e a aparente inércia inerentes das transformações

biológicas e psicológicas da fase adolescente. Por outro lado, eles deixam para escolher suas

profissões no término do Ensino Médio e, por vezes, mostram descompromisso com o futuro.

Quanto à escola, identificou-se que há desinformação sobre a importância de orientação

do jovem tanto ao favorecimento de sua formação integral como ao sucesso profissional, não há

intervenções que atendam à perplexidade do “ser adolescente”, auxiliando-o na necessidade de

reconhecer-se no processo de vir-a-ser, nas dúvidas quanto à escolha da profissão, quanto às

profissões existentes no mercado, contudo e, principalmente, se sua escolha causará satisfação

pessoal e profissional.

Saindo do universo escolar e se deparando-se com o do trabalho flexível, o jovem frustra-

se com a oscilação do mercado, com os reveses da máquina, da biotecnologia, que retira a mão-

de-obra e a substitui por robôs de “ponta”, gerando mais instabilidade, desvalorização humana,

não existente em outro momento histórico, justamente nesses tempos chamados “inclusivos”.

O desrespeito é nítido na educação. Há educação fazendo do ato pedagógico uma

trincheira, desconsiderando às diferenças, conforme Gallo (2003). Já o termo inclusão implica em

pertencimento, em igualdade, o mesmo que equidade, justiça, todos com direitos fundamentais

que definem a dignidade humana, a desigualdade socialmente construída que se opõe ao

igualitário, pois supõe que uns valem menos que os outros.

Em meio ao caos, Lucchiari (1993) comenta sobre a carência de informação a respeito das

profissões e a obrigação das universidades brasileiras em supri-las, por meio de um Serviço de

Orientação Profissional voltado à comunidade, pois na Educação brasileira não há eixos

educacionais direcionados a atender as dúvidas e desorientação dos jovens no momento de suas

escolhas profissionais.

Page 197: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

188

Somente nessa década do século XXI, devido ao crescente número de vagas ociosas nas

universidades públicas e privadas, o MEC está sinalizando ao Conselho dos Reitores das

Universidades Brasileiras (CRUB) um olhar cuidadoso, e visibilizando a necessidade de orientar

o jovem para que se realizem escolhas profissionais mais condizentes com as expectativas e

sonhos, pois o descaso para com a Orientação Profissional durante décadas está comprometendo,

o quadro de vagas das universidades, onerando os gastos públicos e a formação humana mais

espontânea e ética.

Todavia, revitalizar a Orientação Profissional, e por meio dela resgatar e intervir na

formação humana contribui-se tanto para escolhas profissionais bem-sucedidas, como também

para diminuir os gastos públicos. A mídia, as telecomunicações, os conselhos, as associações, os

sindicatos e outras entidades representativas e autoridades educacionais e da sociedade são bem-

vindos enquanto parceiros nesse processo.

E, o Serviço de Orientação Profissional (SOP), tratando-se de uma formação de

professores na temática de Orientação Profissional, oferecendo conhecimento, apoio, intervenção

precisa nas desinformações dos professores, para que eles mediem a questão junto aos seus

alunos.

Conforme se adentra ao caos percebe-se a adolescência imbricada nas diferenças sociais e

mais uma vez na história, excluem-se os de não ou restrito acesso à mídia globalizante, tornando

ainda menos estéticos os novos horizontes. O paradigma estético e o resgate da espontaneidade

são coniventes à idéia de “lançar luzes” ao desencantamento de mundo, para que haja relações

humanas autênticas e o complexo espontaneidade-criatividade sejam vistos como potencial

próprio da condição humana.

No entanto, ser espontâneo, não significa ser impulsivo nas ações, ao contrário disso

significa a resposta adequada a uma nova situação ou a nova resposta a uma situação antiga,

como teoriza Bustos (2005). O Psicodrama, com os seus Jogos Dramáticos, cumpre esse papel e

atende a dimensão afetiva, que é a necessidade humana de vínculos, de filiação, de aceitação e de

investimento, como atende também no novo milênio a Educação comprometida com a cidadania.

Um eixo educacional voltado para a Orientação Profissional contribuirá para melhores

escolhas profissionais significando acreditar que todo ser humano é capaz de auto-regulação e de

superação, mas às vezes necessita de apoio em suas dúvidas e realizações.

Page 198: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

189

Intervir na realidade de sujeitos subjetivados em realidades histórico-culturais fadadas à

“submissão” e à “subserviência” social, auxiliando no resgate da espontaneidade do jovem

adolescente, imbrica na crença da Revolução criadora de Moreno (1993), nos reveses causados

pela máquina, pela conserva cultural, e no universo ciber.

No terceiro Capítulo, foi articulada a práxis da Orientação Profissional, com a descrição

dos Encontros psicopedagógicos na temática, oferecido aos professores do Ensino Médio local e,

embasados na Tese de Livre Docência de autoria do Prof. Dr. Valério José Arantes intitulada

Psicodrama e Orientação Profissional.

Evidenciando as escolas pesquisadas, a opinião dos professores a respeito da formação

recebida, demonstrada nas avaliações quanto ao mini-curso, com resultados promissores e de

expectativa de continuidade desse trabalho para a comunidade, contendo fotos dos mesmos e os

depoimentos analisados e interpretados. Evidenciando o sucesso da implantação do Serviço de

Orientação Profissional (SOP) que será legitimada por meio de um Projeto de Extensão da

Universidade do Estado de Mato Grosso, atendendo à solicitação dos gestores, coordenadores das

escolas públicas e privadas, professores e alunos.

A Metodologia de Pesquisa apresentou como objetivo a realização do Serviço de

Orientação Profissional (SOP) na Universidade do Estado de Mato Grosso, contou com gestores,

coordenadores professores e alunos, colaborando com a minimização da desinformação da

Orientação Profissional, no âmbito educacional, das escolhas errôneas, das insatisfações pessoais

e profissionais e da evasão dos cursos universitários.

Como também, ao promover o conhecimento aos professores nessa área do

conhecimento, potencializa-se a oportunidade de realização pessoal e profissional de jovens de

acesso ínfimo à mídia globalizada, de realidade de mínimas possibilidades de escolha

profissional, sendo a Universidade o melhor meio, em um local regido pelo turismo e a

agropecuária.

A pesquisa utilizou-se da teoria de Moreno em perspectiva psicopedagógica. Apesar da

precária publicação a respeito do Psicodrama na área educacional pode-se observar que a técnica

criada por Moreno, e estendida à Educação, tem sido difundida e aplicada no Brasil em diversas

áreas: educação, desenvolvimento de recursos humanos, orientação profissional, de grupos

variados que tenham interesse em trabalhar com Jogos Dramáticos, visando à melhoria dos

relacionamentos interpessoais.

Page 199: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

190

O vestibulando de hoje, busca vaga bem concorrida, se arma nos cursos pré-vestibulares,

aulas particulares, psicólogos, pois é grande a pressão para ingressar em uma Universidade

Pública, porém além da crise de identidade, o jovem frusta-se, angústia-se também porque a

competência está associada a passar no vestibular, evidenciando a indagação e a indignação:

quem conclui o Ensino Médio não tem competência para o Ensino Superior? Como se a noção de

competência não estivesse associada à formação, à construção de aptidões sendo a sua

excelência: a escola.

É lamentável que, somente raramente, ofertem-se programas sociais, no sistema público

de saúde ou em projetos educacionais, destinados à população adolescente que esclareçam

dúvidas, orientem conflitos à adolescência, tais como as modificações do corpo, a sexualidade, o

amor, os desafios e a escolha profissional.

Focar a questão das teorias das identidades, principalmente relativizada à globalização no

que se refere aos padrões de comportamento, é tarefa complexa. E, do ponto de vista sociológico,

as identidades locais estão diluindo-se em função das identidades globais divulgadas pela mídia,

que reforçam a noção de sujeito descentrado ou deslocado:

Foi verificado por meio das categorizações de dados de Bardin, coletados nas Entrevistas

aos Gestores da Universidade do Estado de Mato Grosso e aos Coordenadores das Escolas

Públicas e Privadas local, e nos Questionários dirigidos aos Professores e Alunos, que as

informações referentes à Orientação Profissional são quase que inexistentes nas escolas do

Ensino Médio do município de Cáceres-MT e, a Universidade necessita com urgência desse

Serviço, pois há aumento significativo de gastos Públicos ocasionados pelas vagas ociosas,

geradas pela evasão de alunos.

A não potencialização da Orientação Profissional seja com programas sociais, ou no

sistema público de saúde, com projetos educacionais destinados à população adolescente

esclarecendo dúvidas, orientando e intervindo nos conflitos comuns a essa etapa do

desenvolvimento, perpetuaram os fracassos nas escolhas profissionais de jovens, a desistência ou

permuta de cursos universitários, os transtornos e as vagas ociosas, onerando ainda mais o

orçamentário da administração pública.

Tais (des)informações, reforçam a dúvida e não a regridem, incentivam a crise da

adolescência, no que se refere ao sentimento de incerteza, insegurança, passividade, alienação. O

desafio dos profissionais sejam eles psicoteraputas, ou orientadores de adolescentes é

Page 200: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

191

compreender a riqueza dessa geração, sem perder de vista que nem todo comportamento estranho

é normal somente porque se esta na adolescência conforme Levenfus (2002).

Também foi identificada junto aos jovens do Ensino Médio, uma formação moral

constituída de valores como solidariedade, responsabilidade quanto as suas tarefas, contrapondo-

se a desorientação e a insatisfação com a realidade de escassa opção de mercado de trabalho,

baseado na agricultura, pecuária, e ecoturismo, inibindo as expectativas e sonhos da maioria da

população local.

Já nas análises e interpretações dos dados junto aos professores do mini-curso: Orientação

Profissional pode-se compreender por meio da aplicação dos Testes Sociométricos, no primeiro e

décimo primeiro dias do mini-curso de Orientação Profissional, uma primeira configuração

denominada de Cadeia, indicando conforme Moreno uma estrutura de um grupo de pessoas que

se percebem atraídos mutuamente, uma corrente ininterrupta de transferências afetivas e

geralmente os comportamentos assemelham-se.

Com a configuração de Círculo nas relações grupais compreende-se que os integrantes

relacionam-se, identificando-se uns aos outros e que a estrutura grupal constituí-se um grupo

sólido. Denotando também amadurecimento nas relações sociais desse grupo, pois evoluíram da

relação estrutural em Cadeia para o Círculo.

A maturidade em adultos saudáveis aparece nas expressões espontâneas, nas relações

sociais tranqüilas e maduras, indicando autoconhecimento e conhecimento do outro, pois

observa-se que os integrantes desenvolveram relações horizontais, passaram a interagir de forma

mais autêntica, alegre, espontânea, e mostraram-se capazes de desarmar conservas culturais

desnecessárias, agiram com serenidade, viabilizando efetivamente, um repensar de posturas,

reconstrução de papéis, uma abertura ao novo, apoiando a realização pessoal e profissional dos

professores participantes.

Entretanto, vale ressaltar que a crença no Serviço de Orientação Profissional (SOP) para o

Estado de Mato Grosso, utilizando-se da formação teórica e prática aos professores,

multiplicadores do conhecimento, e atuando nas diversas possibilidades de auxilio à Educação,

não significa solucionar todos os outros conflitos apresentados, mas ao despotencializá-los

contribui-se à formação de melhores cidadãos cósmicos desse e dos próximos milênios.

Contudo, a pesquisa acrescentou cunho teórico e legitimação acadêmica para a

implantação do curso de formação na temática, possibilitou auxiliar os participantes na

Page 201: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

192

compreensão das questões imbricadas nas escolhas profissionais, como também minimizar a

desinformação, pois assim colabora-se para escolhas mais assertivas, para a satisfação pessoal e

profissional, atendendo-se tanto a questão das evasões nos cursos universitários, como suprindo o

descaso e a distancia entre a Orientação Profissional e a Educação.

Com um Serviço de Orientação Profissional, atende-se também à demanda de

profissionais espontâneos e criativos das organizações flexíveis e globalizadas na medida em que

colabora-se com o jovem nas questões cognitivas envolvidas na assimilação e seleção crítica das

tantas informações, como também nas afetivas ao possibilitar calma, contexto relaxado,

espontaneidade diante da confusão gerada pelo mundo hiperveloz da sociedade globalizada,

enfocando os projetos de carreira, sem perder de vista a crise adolescente, sua família e todo o

contexto socioeconômico-cultural.

Page 202: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

193

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Tradução de Alfredo Bosi. 4ª edição. São

Paulo: Editora Martins Fontes, 2003. 1014 p.

ABERASTURY, Arminda; KNOBEL, Mauricio; et al. Adolescência normal: um enfoque

psicanalítico. Tradução de Suzana Maria Garagorey Ballve. Porto Alegre: Editora Artmed, 1981.

92 p.

ALMEIDA, Lucia. O trabalhador no mundo contemporâneo: psicodrama nas organizações.

São Paulo: Editora Ágora, 2004. 208 p

APPLE, Michel W. Educando à direita: mercados, padrões, deus e desigualdade. Tradução de

Dina de Abreu Azevedo. São Paulo: Editora Cortez: Instituto Paulo Freire, 2003. 301 p.

ARANTES, Valério José. In: SISTO, Firmino; et al. Atuação psicopedagógica e aprendizagem

escolar. 4ª edição. Petrópolis, Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1996. 262 p.

______. Psicodrama e orientação profissional. Campinas, São Paulo: Tese de Livre Docência.

Campinas, SP: Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, 2002. 156 p.

______. A importância do corpo na educação. Boletim da Sociedade Pestalozzi do Brasil. Rio

de Janeiro, v.43, 1977, p. 25-34.

ARENDT, Hannah. A condição humana. Tradução de Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Editora

Forense-Universitária, 1983. 352 p.

ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Tradução de Dora Flaksman. 2ª

edição. Rio de Janeiro: Editora LTC, 1981. 278 p.

ASSIS, Simone Gonçalves; PESCE, Renata Pires; AVANCI Joviana Quntes (orgs.). Resiliência:

enfatizando a proteção dos adolescentes. Porto Alegre: Editora Artmed, 2006.144 p.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Tradução de Luiz Antero Neto e Augusto Pinheiro.

Portugal: Edições 70, 1977. 225 p.

Page 203: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

194

BOCK, Silvio Duarte. Orientação profissional: a abordagem sócio - histórica. São Paulo:

Editora Cortez, 2002. 188 p.

BOGDAN, Robert C.; BIKLEN, Knopp Sari. Investigação qualitativa em educação: uma

introdução à teoria e aos métodos. Tradução de Maria João Alvarez; Sara Bahia dos Santos e

Telma Marinho Baptista. Portugal: Porto Editora, 1994. 335 p.

BOHOSLAVSKY, Rodolfo. Orientação vocacional: a estratégia clínica. Tradução de José

Maria Valeije Rojart. 11ª edição. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2003. 218 p.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e

quarto ciclos: apresentação dos temas transversais/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília:

MEC/SEF, 1998. 436 p.

BUSTOS, Dalmiro (org.); et al. O psicodrama: aplicações da técnica psicodramática. Tradução

de Lúcia Neves. 3ª edição. São Paulo: Editora Ágora, 2005. 392 p.

______. O teste sociométrico: fundamentos, técnicas e aplicações. Tradução de Antonio

Marcelo Campedelli. São Paulo: Editora Brasiliense, 1979. 99 p.

CARDIM, Sylvia Ferraz da Cruz. Um encontro oportuno: Moreno e Barchelard em direção ao

cosmodrama. Departamento de Psicodrama. Instituto Sedes Sapientiae. Julho 2008. 15 p.

Disponível na Internet em: htpp/www.sedes.org.br/departamentos/psicodrama/encontro. Acesso

em 12/04/2009.

CAPRA; Fritjof. Sabedoria em comum. Tradução de Carlos Afonso Malferrari. 7ª edição. São

Paulo: Editora Cultrix, 2005. 279 p.

CARVALHO, Maria Margarida M.J. Orientação profissional em grupo. Campinas, São Paulo:

Editorial Psy, 1995. 260 p.

CASTANHO, G. M. P. O Adolescente e a escolha da profissão. São Paulo: Edições Paulinas,

1998. 72 p.

Page 204: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

195

COOPER. D. Psiquiatria e antipsiquiatria. Tradução de Regina Schnaiderman. Buenos Aires:

Editora Paidós, 1982. 162 p.

DELUIZ, Neise. O modelo das competências profissionais no mundo do trabalho e na

educação: implicações para o currículo. Disponível na Internet em:

htpp//www.senac.br/informativo.htm. Acesso em: 30 mar. 2007.

DUARTE JÚNIOR, João Francisco. Fundamentos estéticos da educação. 8ª Edição. Campinas-

SP: Editora Papirus, 1994. 150 p.

ERIKSON, Erik. H. Identidade, juventude e crise. 2ª edição. Rio de Janeiro: Editora Zahar,

1976. 324 p.

_____. O ciclo da vida. Tradução de Maria Adriana Veríssimo Veronese. Porto Alegre: Editora

Artmed, 1998. 111 p.

FERRETTI, Celso João. Uma nova proposta de orientação profissional. São Paulo: Editora

Cortez, 1997. 109 p.

FIORI, Wagner da Rocha. Modelo psicanalítico. In: RAPPAPORT, Clara Regina (org.); et al.

Teorias do desenvolvimento: conceitos fundamentais. São Paulo: Editora E.P.U, 1981. 106 p.

FREUD, Sigmund Freud. Tradução do alemão e do inglês de José Otávio de Aguiar Abreu. Sob a

direção de Jaime Salomão. O futuro de uma ilusão, o mal-estar na civilização e outros

trabalhos (1927-1931). Rio de Janeiro: Imago, 1996. 299 p. Edição Standart Brasileira das Obras

Psicológicas Completas de Sigmund Freud, V XXI (1927).

FOUCAULT, M. A Ordem do discurso: aula inaugural no Collége de France. Tradução de

Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Editora Loyola, 1999. 79 p.

______. Microfísica do poder. 11 ª edição. Tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro:

Editora Graal, 1993. 295 p.

FOX, Jonathan. O Essencial de Moreno: textos sobre psicodrama, terapia de grupo e

espontaneidade. Tradução de Moisés Aguiar. São Paulo: Editora Agora, 2002. 337 p.

Page 205: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

196

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 25ª edição. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1998. 165

p.

GALLO, Sílvio. Deleuze e a educação. Belo Horizonte: Editora Autêntica 2003. 118 p.

GARRIDO-MARTÍN, E. J.L. Moreno: psicologia do encontro. Tradução de Maria de Jesus A.

Albuquerque. São Paulo: Editora Livraria Duas Cidades, 1984. 274 p.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5ª edição. São Paulo: Editora

Atlas, 2007. 206 p.

______. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª edição. São Paulo: Editora Atlas, 2007. 175 p.

GOFFMAN, E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4ª edição. Rio de

Janeiro: Editora LTC (Livros Técnicos e Científicos Editora), 1988. 158 p.

GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO. Novas perspectivas para o ensino médio.

Secretaria de Estado da Educação - SEDUC. Mato Grosso, 1997.

GUATARRI, Félix; ROLNIK, Suely. Micropolítica: cartografias do desejo. 6 ª edição.

Petrópolis: Editora Vozes, 2000. 327 p.

GUATARRI, Félix. Os dilemas contemporâneos na cultura e na sociedade: o novo paradigma

estético. In: SCHNITMAN, Dora Fried (org.); et al. Novos paradigmas, cultura e

subjetividade. Porto Alegre: Editora Artes Médicas, 1996. pp. 121-132.

GUTIERA, Beatriz Cauduro Cruz. Adolescência, psicanálise e educação: o mestre possível de

adolescentes. São Paulo. Editora Avercamp, 2003. 149 p.

______. O discurso filosófico da modernidade: Doze lições. Tradução de Luiz Sérgio Repa,

Rodnei Nascimento. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2002. 540 p.

HABERMAS, Jürgen. Consciência moral e agir comunicativo. 2ª edição. Tradução de Guido

de Almeida. Rio de Janeiro: Editora Tempo Brasileiro, 2003. 235 p.

Page 206: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

197

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-mcodernidade. 3ª edição. Tradução de Tomaz

Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: Editora DP&A, 1999. 102 p.

HUIZINGA, Johan. Homo ludens: O jogo como elemento da cultura. Tradução de João Paulo

Monteiro. 2 ª edição. São Paulo: Editora Perspectiva. 1980. 242 p.

ISAACS, Alan. A Dictionary of phisics. Third edicion. New York: Oxford University

Press.1996. 474 p.

KNOBEL. Anna. Maria. Moreno em Ato. A construção do psicodrama a partir das práticas. São

Paulo: Editora Ágora, 2004. 285 p.

LAPEDES, Daniel. N. Dictionary of physics and mathematics. New York: Editora McGraw

Hill Book Company, 1978. 835 p.

LAPLANCHE. J; PONTALIS, J.B. Vocabulário da psicanálise. Tradução de Pedro Tamen. 7ª

edição. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1983. 707 p.

LA TORRE, Saturnino. Dialogando com a criatividade. Da identificação à criatividade

Paradoxal. Tradução de Cristina Mendes Rodrigues. São Paulo: Editora Madras, 2005. 267 p.

LEVENFUS, Rosane Schotgues SOARES; D. H. P (orgs.); et al. Geração zapping e o sujeito da

orientação profissional. In: Orientação vocacional ocupacional: novos achados teóricos,

técnicos e instrumentais para a clínica, a escola e a empresa. Porto Alegre, RS: Editora Artmed,

2002. pp. 51-78.

LÉVY, Pierre. Tradução de Carlos Irineu da Costa. As tecnologias da inteligência: o futuro do

pensamento na era da informática. Coleção Trans. Rio de Janeiro: Editora 34, 1999. 203 p.

LIMA, Priscila Augusta. Educação inclusiva e igualdade social. São Paulo: Editora Avercamp,

2006.176 p.

LISBOA, Marilu Diez. Orientação profissional e o mundo do trabalho: reflexões sobre uma nova

proposta frente a um novo cenário. In: LEVENFUS, Rosane Schotgues SOARES; D. H. P

Page 207: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

198

(orgs.); et al. Orientação vocacional ocupacional: novos achados teóricos, técnicos e

Instrumentais para a clínica, a escola e a empresa. Porto Alegre: Editora Artmed, 2002. 436 p.

LUCCHIARI, Dulce Helena Penna Soares (org.). Pensando e vivendo a orientação

profissional. São Paulo: Editora Summus, 1993. 148 p.

MANSANO, S. R. V. Vida e profissão: cartografando trajetórias. São Paulo: Editora Summus,

2003. 146 p.

MARINEAU, René F. Jacob Lévy Moreno: 1889-1974: pai do psicodrama, da sociometria e da

psicoterapia. São Paulo: Editora Ágora, 1992. 200 p.

MATURANA, Humberto; VARELA, Francisco, J. A Árvore do conhecimento: as bases

biológicas da compreensão humana. Tradução de Humberto Mariotti e Lia Diskin. São Paulo:

Editora Palas Athena, 2003. 283 p.

MATURANA, Humberto; REZEPKA, Sima Nisis de. Formação humana e capacitação.

Tradução de Jaime A. Clasen. 4ª edição. Petrópolis, Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2003. 86 p.

MELILLO. A; OJEDA, E. N. S (org); et al. Resiliência: descobrindo as próprias fortalezas.

Porto Alegre: Editora Artmed, 2005. 160 p.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Wikipédia. Julho 2008. 04 p. Disponível na Internet em

<htpp://www.wapedia.org/wiki/Maurice_Merleau-Ponty>. Acesso em 08/10/2008.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Tradução de Márcia Valéria Martinez Aguiar. A estrutura do

comportamento. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2006. 349 p.

MOSCOVICI, Felá (org.); et al. A organização por trás do espelho: reflexos e reflexões. Rio

de Janeiro: José Olimpio, 2001. 288 p.

MORENO, Jacob Levy. Psicoterapia de grupo e psicodrama. São Paulo: Editora Mestre Jou,

1959. 360 p.

Page 208: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

199

______. Psiquiatria do século XX: Funções dos Universais: tempo, espaço, realidade e cosmos.

In As grandes sínteses. Apresentado no Segundo Congresso Internacional de Psicodrama, na

Universidade de Barcelona, Espanha, de 29 de agosto a 3 de setembro de1966.

______ . Psicodrama. Tradução de Álvaro Cabral. 5ª edição. São Paulo: Cultrix, 1993. 492p.

______ . Psicodrama. Bueno Aires: Paidós, 1972. 492 p

______. Fundamentos do psicodrama. Tradução de Maria Silvia Mourão Neto. São Paulo:

Editora Summus Editorial, 1983. 254 p.

______ . Fundamentos de la sociometria. Buenos Aires: Editora Paidós, 1954, 443 p.

______. O Teatro da espontaneidade. Tradução de Maria Silvia Mourão Neto. São Paulo:

Editora Summus Editorial, 1984. 150 p.

MONTEIRO, Regina F. Jogos dramáticos. São Paulo, McGraw-Hill, 1979. 90 p.

MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Tradução de Maria D. Alexandre e Maria Alice

Sampaio Dora. 4ª edição. Rio de Janeiro: Editora BerBertrand Brasil, 2005, 128 p.

MOTTA, Julia Maria Casulari. A Psicologia e o mundo do trabalho no Brasil: relações,

história e memória. São Paulo: Editora Ágora, 1995. 258 p.

______ . Psicodrama brasileiro: histórias e memórias. São Paulo: Editora Ágora, 215 p.

______ . Jogos: repetição ou criação?: abordagem psicodramática. 2ª edição. São Paulo: Ágora,

2002.

NACHMANOVITCH, Stephen. Ser criativo: o poder da improvisação na vida e na arte.

Tradução de Eliana Rocha. 4ª edição. São Paulo: Editora Summus. 1993. 186 p.

NETO, Alfredo Naffat. Psicodrama: descolonizando o imaginário. São Paulo: Brasiliense, 1979.

271 p.

OSTROWER, F. Criatividade e processos de criação. Petrópolis – Rio de Janeiro: Editora

Vozes, 2003. 187 p.

Page 209: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

200

PERRENOUD, Philippe. A pedagogia na escola das diferenças: fragmentos de uma sociologia

do fracasso. Tradução de Claudia Schilling. 2ª edição Porto Alegre: Editora Artmed, 2001. 230

p.

PICHON-RIVIÉRE, Enrique. 2ª edição. Teoria do vínculo. Tradução de Eliane Toscano

Zamikhouwsky. São Paulo: Martins Fontes, 1986. 143 p.

PIAGET, Jean. Psicologia e pedagogia. Tradução de Dirceu Accioly Lindoso e Rosa Maria

Ribeiro da Silva. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2003. 184 p.

______. A formação do símbolo na criança: a imitação, o jogo e sonho, imagem e

representação. Tradução de Álvaro Cabral e Cristiano Monteiro Oititica. 2ª Edição. Rio de

Janeiro: Editora Zahar, 1975. 370 p.

PRIGOGINE, Ilya. A desordem organizadora: Ilya Prigogine, arquiteto das “estruturas

dissipativas”. In: PESSIS-PASTERNAK, Guitta (org.); et al. Do caos a inteligência artificial:

entrevistas de Guitta Pessis-Pasternak. Tradução de Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: Editora da

Universidade Estadual Paulista, 1993, pp. 35-49.

PULASK, Mary Ann Spencer. Compreendendo Piaget: uma introdução ao desenvolvimento

cognitivo da criança. 2ª edição. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Editora Guanabara

Koogan, 1986. 230 p.

ROLNIK, S; LINS; D. (orgs.); et al. Cultura e subjetividade: saberes nômades. Campinas, São

Paulo: Editora Papirus, 2000. pp. 19-24.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: Do pensamento único à consciência universal.

6ª edição. Rio de Janeiro: Editora Record, 2006. 174 p.

SCHMIDT, Maria Luiza Gava. Algumas reflexões sobre a influência de aspectos de

organização do trabalho na gênese de um acidente de trabalho. México. n.11 .Psicol. Am.

Lat., p.0-0, set. 2007. ISSN 1870-350X.

SENNETT, Richard. A cultura do novo capitalismo. Tradução de Clóvis Marques. Rio de

Janeiro: Editora Record, 2006. 189 p.

Page 210: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

201

SILVA, Tomaz Tadeu (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. 7ª

edição. São Paulo: Editora Vozes, 2007. 133 p.

SIQUEIRA, Elisabetch Madureira. História de Mato Grosso: da ancestralidade aos dias atuais.

Cuiabá – MT: Editora Entrelinhas, 2002. 272 p.

SLADE, Peter. O jogo dramático infantil. Tradução de Tatiana Belinsk. São Paulo: Summus,

1978. 102 p.

SOARES; Dulce Helena Penna, LEVENFUS, Rosane Schotches. (orgs.); et al. Orientação

vocacional ocupacional: novos achados teóricos, técnicos e instrumentais para a clínica, a escola

e a empresa. Porto Alegre: Editora Artmed, 2002. pp. 33-49.

TORRES, M.L.C. Orientação profissional clínica: uma interlocução com conceitos

psicanalíticos. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.175 p.

______ . Orientação profissional clinica: uma contribuição metodológica. In: LEVENFUS,

Rosane Schotgues SOARES; D. H. P (orgs.); et al. Orientação vocacional ocupacional: novos

achados teóricos, técnicos e instrumentais para a clínica, a escola e a empresa. Porto Alegre:

Editora Artmed, 2002. 436 p.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 15ª edição. São Paulo: Editora Cortez,

1985. 132 p.

THOM, René. Prólogo: René Thom, matemático das “catástrofes” ou a aventura cientifica sob

risco de heresia. In: PESSIS-PASTERNAK, Guitta (org.). Do caos a inteligência artificial:

entrevistas de Guitta Pessis-Pasternak. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista,

1993, pp. 21-32.

VEIGA-NETO, Alfredo (org); et al. Crítica pós-estruturalista e educação. Porto Alegre:

Editora Sulina, 1995. 260 p.

VOLPATO, Luiza Rios Ricci. A conquista da terra no universo da pobreza: formação da

fronteira oeste do Brasil. São Paulo: Editora Hucitec, 1987. 167 p.

Page 211: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

202

VON ZUBEN, Aquiles in BUBER, Martín. Eu-Tu. Introdução e Tradução de Newton Aquiles

Von Zuben. 2ª edição. São Paulo: Editora Cortez e Morais, 1979. 170 p.

ZANELLI, José Carlos. O Psicólogo nas organizações de trabalho. Porto Alegre: Editora

Artmed, 2002. 191 p.

Page 212: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

203

BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS

ALMEIDA, Wilson Castello. Psicoterapia aberta: o método do psicodrama, a fenomenologia e

a psicanálise. São Paulo: Editora Ágora, 1988, p. 202.

ARANTES, Valério José. Relações interpessoais e psicodrama. Doxa: Revista Paulista de

Psicologia e Educação. Araraquara-SP, v.7, n. 1-2, Editora UNESP, Faculdade de Ciências e

Letras. Departamento de Psicologia da Educação-UNESP, 2001.

______; FRANÇA, C.A. Vidal, MAHER, Patrick James (orgs.). Uma visão transpessoal da

consciência. Doxa: Revista Paulista de Psicologia e Educação. Araraquara-SP, v. 4, n. 2, p. 1-

16 (UNESP-Faculdade de Ciência e Letras. Departamento de Psicologia da Educação), 1988.

______; DIAS, José; NUNES, Roseli C. dos Santos (orgs.). Magia psicodramática: nascer,

viver e morrer. Campinas, SP: Faculdade de Educação, Unicamp, 2007, 148 p.

ARNAVAT, Antonia Rigo; DUENÃS, Gabriel Genescà. Tradução de Valério Campos. Como

elaborar e apresentar teses e trabalhos de pesquisa. Porto Alegre: Editora Artmed, 2006. 156

p.

BAUER; W. Martin, GASKELL; George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um

manual prático. Tradução de Pedrinho A. Guareschi. 2ª edição. Petrópolis – Rio de Janeiro:

Editora Vozes: 2003. 516 p.

BAUMAN, Z. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Tradução de Carlos Alberto Medeiros.

Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2005. 105 p.

BERMÚDEZ, J. G. Rojas. Núcleo do eu. Tradução de Hugo A. Abovsky. São Paulo: Editora

Natura, 1978. 124 p.

BETTONI. J. Revolução de paradigma na psicologia. Curitiba, PR: Editora Alexandria, 1999.

504 p.

BIANCO, Feldman-Bela; CAPINHA, Graça (orgs.). Identidades: estudos de cultura e poder.

São Paulo: Editora Hucitec, 2000. 175 p.

Page 213: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

204

BOCK, ANA Mercês B; et al. A escolha profissional. 2ª edição. São Paulo: Editora Casa do

Psicólogo, 1995. 247 p.

BOERE, George. Personality theories: Erik Erikson (1902-1994). Copyright, 1997. p. 01-14.

Disponível na Internet em: < htpp/ www. Erik Erikson internet. htm. Acesso em: 3 de out. 2005.

BUSTOS, Dalmiro.O psicodrama: aplicações da técnica psicodramática. São Paulo: Editora

Summus,1982. 230 p.

CAPRA, Fritjof .A teia da vida. 8ª edição. Tradução de Newton Roberval Eichemberg. São

Paulo: Editora Cultrix, 1998. 256 p.

______ . Ponto de mutação: a ciência, a sociedade e a cultura emergente. Tradução de Álvaro

Cabral. São Paulo: Editora Cultrix, 1996. 445 p.

CARVALHO; A. B; BRANDÃO; C.F (orgs); et al. Introdução à sociología da cultura. Max

Weber e Norbert Elias. São Paulo: Editora Avercamp, 2005. 172 p.

COSTA, Maria de Fátima. História de um país inexistente: pantanal entre os séculos XVI e

XVIII. São Paulo: Editora Kosmos: 1999. 277 p.

CONSTANTINO, Graciela. As articulações sociopsicopedagógicas entre as culturas da

criança pantaneira e da escola: um estudo de caso. Porto Alegre: Dissertação de Mestrado.

Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2001.

136 p.

______, A influência das experiências profissionalizantes da Escola de Aplicação nas escolhas

profissionais de seus alunos, visando a implantação de um Serviço de Orientação Profissional.

Revista da Faculdade de Educação: Profissionais da Educação. Unemat/ Cáceres-MT. Ano II,

v. 2, n.2/ Jan-Jun.2004, 244 p. pp. 108-119. INSS 1679-4273.

______ . Identidade, diferenças e exclusão: conexões com a educação. In: Anais do Encontro

Nacional dos Professores do PROEPE. XXIII, 2006, Águas de Lindóia-SP. Educação e

Inclusão Social. FE/ UNICAMP. Campinas-SP: Editora Art Point, 2006. p. 544. pp. 413-414.

Page 214: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

205

CHATEAU, J. O jogo e a criança. Tradução de Guido de Almeida. 3ª edição. São Paulo: Editora

Summus, 1987. 159 p.

CLASON, W.E. Dictionary of general fhisics in Six Languages. New York: Elsevier Publishing

Company, 1962.

COURTNEY, Richard. Jogo, teatro e pensamento: as bases intelectuais do teatro na educação.

Tradução de Karen Astrid Muller e Silvana Garcia. 2ª edição. São Paulo: Editora perspectiva,

1974. 303 p.

CUNHA, M. I. Formação docente e inovação: epistemologias e pedagogias em questão. In:

EGGERT, Edla; TRAVERSINI, Clarice, PERES, Eliane, BONIN, Iara. (Orgs.). Trajetórias e

processos de ensinar e aprender: didática e formação de professores. Porto Alegre:

EDIPUCRS, 2008, v. 1, p. 465-476.

CUZIN, Marinalva Imaculada. As relações interpessoais à luz do psicodrama. Tese de

Doutorado. Campinas, SP: Faculdade de Educação, Unicamp, 2008. 389 p.

DELEUZE, G; GUATTARI, F. Mil platôs . Tradução de Suely Rolnik Capitalismo e

esquizofrenia. São Paulo: Ed. 14, vol. 4, 1997. 170 p.

DELORS, Jacques (org.); et al. Educação: um tesouro a descobrir: relatório para a unesco da

comissão internacional sobre educação para o século XXI. Tradução de José Carlos Eufrázio 9ª

edição. São Paulo: Editora Cortez, 1999. 288 p.

______. O sentido dos sentidos: a educação (do) sensível, 3ª edição. Curitiba-PR: Criar Edições

LTDA, 226 p.

ELIAS, Norbert. O processo civilizador. uma história dos costumes. Tradução de Ruy

Jungmann. 2ª edição. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1994. v.1, 277 p.

ERIKSON, E. Infância e sociedade. 2ª edição. Tradução de Gildásio Amado. 2ª Ed. Rio de

Janeiro: Editora Zahar , 1976. 403 p.

Page 215: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

206

FERNÁNDEZ, Alicia. Psicopedagogia em psicodrama: morando no brincar. Tradução de Yara

Stela Rodrigues Avelar. Petrópolis-RJ: Editora Vozes, 2001. 206 p.

______. A mulher escondida na professora: uma leitura psicopedagógica do ser mulher, da

corporalidade e da aprendizagem. Tradução de Neuza Kern Hickel. 2ª edição. Porto Alegre:

Editora Artes Médicas, 1994. 182 p.

FERRETI, Celso. (org.); et al. Novas tecnologias, trabalho e educação: um debate

multidisciplinar. 9ª edição. Petrópolis: Editora Vozes, 2003. 220 p.

______. Opção: trabalho: trajetórias ocupacionais de trabalhadores das classes subalternas. 3ª

edição. São Paulo: Editora Cortez, 1988. 199 p.

______. Uma nova proposta de orientação profissional. 3ª edição. São Paulo: Editora Cortez,

1997.

FONSECA, J.C.F. Adolescência e trabalho. São Paulo: Editora Summus, 2003. 116 p.

GALATIN, Judith E. Adolescência e individualidade: uma abordagem conceitual da psicologia

da adolescência. Tradução de Antonio Carlos Amador Pereira. e Rosane Amador Pereira. São

Paulo: Editora Harbra, 1978. p.177-209.

______. Vigiar e punir : a história da violência nas prisões. 13ª Edição. Petrópolis: Editora

Vozes, 1997. 262 p.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: Editora LCT

(Livros Técnicos e Científicos), 1989. 213 p.

GERSHONI, Jacob (org.). Psicodrama no século XXI: aplicações clínicas e educacionais.

Tradução de Moisés Aguiar. São Paulo: Editora Ágora: 2008. 299 p.

GIACAGLIA, L.R.A. Orientação vocacional por atividade: uma nova teoria e prática. São

Paulo: Editora Pioneira Thomson Learning, 2003. 283 p.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª edição. São Paulo: Editora Atlas,

2005. 175 p.

Page 216: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

207

GREENING, T.C (org.). Psicologia existencial-humanista. Tradução de Eduardo Almeida. Rio

de Janeiro: Editora Zahar Editores, 1975. 257 p.

GONÇALVES, H.A. Manual de monografia, dissertação e tese. 2ª edição. São Paulo: Editora

Avercamp, 2004. 124 p.

HABERMAS, Jünger. O futuro da natureza humana. Tradução de Karina Janini. São Paulo:

Editora Martins Fontes, 2004. 159 p.

ISKANDAR, J. I. Normas da ABNT: comentadas para trabalhos científicos. Curitiba: Editora

Juruá, 2005. 94 p.

KELLERMAN, P. O psicodrama em foco: seus aspectos terapêuticos. São Paulo: Editora

Ágora, 1998, 118 p.

KUENZER, Acácia Zeneida. O ensino médio agora é para a vida: entre o pretendido, o dito e o

feito. Educação e sociedade. Vol.21, n. 70, p. 15-29, abr. 2000. Disponível na Internet em:

<htpp//www.scielo/artigos>. Acesso em: 12 de abr. 2007.

KUENZER, Acácia Zeneida. O ensino Médio agora é para á vida: entre o pretendido, o dito e

o feito. Educação e Sociedade. Vol. 21, n. 70, p. 15-29, abr. 2000. ISSN: 0101-7330. Disponível

na internet em: <htpp//www.scielo.br/scielo/artigos>. Acesso em: 12 abril 2007.

LEVENFUS, Rosane Schotgues; SOARES, Dulce helena Penna (orgs.); et al. Técnicas e jogos

grupais para utilização em orientação profissional. In: Orientação vocacional ocupacional:

novos achados teóricos, técnicos e instrumentais para a clínica, a escola e a empresa. Porto

Alegre, RS: Editora Artmed, 2002, pp. 307-322.

MACHADO, L.R.S. A educação e os desafios das novas tecnologias. In: FERRETI, C. J (org.);

et al. Novas tecnologias, trabalho e educação: um debate multidisciplinar. Rio de Janeiro:

Editora Vozes, 2003. 169 -188.

MAHL, Álvaro Cielo; SOARES, Dulce Helena P; NETO, Eliseu de Oliveira (orgs.). POPI:

programa de orientação profissional intensivo: outra forma de orientação profissional. 1ª

edição. São Paulo: Editora Vetor, 2005. 203 p.

Page 217: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

208

MATUCK, Fachua. Universidade nova: currículo flexível para reduzir evasão no ensino

superior. Disponível em: <htpp//www.oglobo.globo.com.br/educação> Acesso em: 9 abril 2008.

MELLO, F.A. O desafio da escolha profissional. Campinas, SP: Papirus, 2002. 240 p.

MELLO-SILVA, Lucy Leal; et al. Um estudo preliminar sobre práticas em orientação

profissional. Revista Brasileira de Orientação Profissional. São Paulo: Vetor Editora, Volume

4, número ½, 2003. pp. 21-33.

MENEGAZZO. Carlos Maria; TOMASINI. Miguel Angel; ZURETTI, Maria Monica (orgs.).

Dicionário de psicodrama e sociodrama. São Paulo: Ágora, 1995. 232 p.

MERCURI, Elizabet Nogueira Gomes da Silva. Condições espaciais, materiais, temporais e

pessoais para o estudo, segundo os depoimentos de alunos e professores de cursos de

graduação da UNICAMP. Tese de Doutorado. Campinas, SP: Faculdade de Educação,

Unicamp, 1992. 175 p.

MONTEIRO, Maurício André, CARVALHO, Esly Regina S. de (orgs.). Sociodrama e

sociometria: Aplicações clínicas. São Paulo: Editora Ágora, 2008. 134.

MOREIRA, Virgínia. O método fenomenológico de Merleau Ponty como ferramenta crítica na

pesquisa em psicopatologia. Psicologia reflexão e crítica. São Paulo. v.17, n..3, p. 447-456.

2004. INSS 0102-7972.

MORIM, Edgar; LE MOIGNE, Jean-Louis. A inteligência da complexidade. Tradução de

Nurimar Maria Falci. São Paulo: Petrópolis, 2000. 263 p.

______. Os paradoxos do pensamento contemporâneo: a noção de sujeito, por Edgar Morin. In:

SCHNITMAN, Dora Fried (org.); et al. Novos paradigmas, cultura e subjetividade. Porto

Alegre: Artes Médicas, 1996. pp. 45-55.

______. Os sete saberes necessários para a educação do futuro. São Paulo: Editora Cortez;

Brasília: UNESCO, 2002. 118 p.

Page 218: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

209

NAJMANOVICH, Denise. Tradução de Maria Teresa Esteban O sujeito encarnado: questões

para pesquisa no/do cotidiano. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. 136 p.

NORBERT, E. O processo civilizador: uma história dos costumes. Tradução de Ruy Jungmann

Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. 277 p.

PASTERNAK G. Pessis (org); et al. Do caos a inteligência artificial: quando os cientistas se

interrogam. Tradução de Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: Editora da Universidade Estadual

Paulista, 1993. 259 p.

PEREIRA. M.G. Profissão: a hora da decisão. São Paulo: Gente Editora, 2000. 181 p.

PIAGET, Jean. A construção do real na criança. Tradução de Ramon Américo Vasques. 3ª

Edição. São Paulo: Editora Ática, 1996. 392 p.

______. O nascimento da inteligência na criança. Tradução de Álvaro Cabral. 4ª Edição. Rio

de Janeiro: Editora Guanabara, 1987. 389 p.

PIMENTA, S.G. Orientação vocacional e decisão: um estudo crítico da situação no Brasil. 4ª

edição. São Paulo: Editora Loyola, 1981. 133 p.

______. GHEDIN, Evandro; Franco, Maria Amélia Santoro (orgs.). Pesquisa em educação:

alternativas investigativas com objetos complexos. São Paulo: Editora Loyola, 2006. 198 p.

PORTOIS, Jean Pierri, DESMET, Huguette. Tradução de Joana Prado. A educação pós-

moderna. Lisboa: Editora Horizontes pedagógicos do Instituto Piaget, 1997. 338 p.

PRIGOGINE, Ilya. O fim da ciência? In: SCHITMAN, Dora Fried (org.); et al. Novos

paradigmas, cultura e subjetividade. Porto Alegre: Artmed, 1996. pp. 25-40.

RAMOS, M.N. A pedagogia das competências e a psicologização das questões sociais.

Disponível em: <htpp//www.senac.br/informativo/BTS/273/boltec273c.htm>. Acesso em: 03 jun.

2007.

Revista Brasileira de Orientação Profissional. Publicação da Associação Brasileira de

Orientação Profissional. Volume 4. Número ½, ano 2003. 186 p.

Page 219: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

210

Revista Brasileira de Psicodrama. Publicação da Federação Brasileira de Psicodrama. Volume

13, número 1, ano 2005. 195 p.

ROCHA, D.F. A corporalidade no processo de educação para a saúde: um ensaio

bibliográfico. Disponível na Internet em: <htpp// www.filosofiabarata.com.br/artigos>. Acesso

em 03 jun 2007.

ROMAÑA, M.A. Do psicodrama pedagógico à pedagogia do drama. Campinas, São Paulo:

Papirus, 1996. 102 p.

SANTOS, Boaventura de Souza. Pelas mãos de Alice: o social e o político na pós- modernidade.

São Paulo: Cortez, 1999. 348 p.

Santos, Gildenir Carolino; PASSOS, Rosemary (cols.). Manual de organização de referências

e citações bibliográficas para documentos impressos e eletrônico. Campinas-SP: Autores

Associados; Editora da Unicamp, 2000. 92 p.

SCHNITMAN, Dora Fried. (org); et al. Novos paradigmas, cultura e subjetividade. Tradução

de Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre, RS: Editora Artmed, 1994. 293 p.

SENNETT, Richard. A corrosão do caráter: consequências do trabalho no novo capitalismo. 12ª

edição. Tradução de Marcos Santarrita. Rio de Janeiro: Editora Record. 2007. 204 p.

SILVA, Nilce da; MOTTA, Cristina Dalva Van Berghem. A criatividade como fator de

resiliência na ação docente do professor de ensino superior. Revista da UFG (Universidade

Federal de Goiás) v. 7, n. 2, dezembro, 2005. Disponível na Internet em: <http://

www.proec.ufg.br>. Acesso: 05 de mar, 2007.

SIQUEIRA, H.S.G. A nova concepção de trabalho. Jornal “A Razão”. Santa Maria, Rio Grande

do Sul.. 1 de maio, 2003, Educação. Caderno Vestibular. Disponível na Internet em:

www.angelfire.com/sk/holgonsi/novotrabalho. Acesso em 19/05/2008.

SPARTA, M. O desenvolvimento da orientação profissional no Brasil. Revista Brasileira de

Orientação Profissional. São Paulo: Vetor Editora, Volume 4. Número ½, 2003, p. 01-11.

Page 220: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

211

TORRES, R. M. Itinerários pela educação latino-americana: caderno de viagem. Tradução de

Deise Vaz de Morais. Porto Alegre: Artmed, 2001.p. 341 p.

VALORE, L. A. Orientação profissional em grupo na escola pública. Direções possíveis.

Desafios necessários. In: LENVENFUS, R.S; SOARES D.H.P (orgs.); et al. Orientação

vocacional ocupacional: novos achados teóricos, técnicos e instrumentais para a clínica, a escola

e a empresa. Porto Alegre: Artmed, 2002, pp.115-131.

VEIGA-NETO, Alfredo. Currículos e conflitos. In: MORAES, V.R.P. (org.) Melhoria do ensino

e capacitação Docente. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1996. pp. 23-29.

VIGOTSKI, L.S. Pensamento e linguagem. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. São Paulo:

Editora Martins Fontes, 2003. 194 p.

WILLIAMS, B. Moral : uma introdução à ética. Tradução de Remo Minarino Filho. São Paulo:

Martins Fontes, 2005. 165 p.

www.historianet.com.br/conteudo. Acesso em 03/06/ 2007.

www.oglobo.com.educacao. Acesso em 08/08/2007.

www.wikipedia.org/wiki/fordismo. Acesso em 16/05/2007.

www.redepsi.com.br/modules. Acesso em 07/10/2008.

www.metodista.br/lato/psicologia-fenomenologico-existencial.Acesso em 07/10/2008.

www.senac.br/informativo. Acesso em 06/08/ 2007.

www.febrap.org.br/biblioteca/artigos.Ace sso em 20/10/2008.

www.sedes.org.br/departamentos/psicodrama/encontro. Acesso em 12/04/2009.

www.jperegrino.com.br/artigos/2003/o_criador_do_psicodrama.htm.Acesso em 20/10/2008.

Page 221: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

213

ANEXOS

Page 222: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

214

ANEXO 1

PROJETO PILOTO

GRACIELA CONSTANTINO

A RELEVÂNCIA DA REALIZAÇÃO

DO SERVIÇO DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

FOCADO NAS ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS

CAMPINAS

2006

Page 223: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

215

GRACIELA CONSTANTINO

A RELEVÂNCIA DA REALIZAÇÃO

DO SERVIÇO DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

FOCADO NAS ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS

Projeto de Pesquisa Piloto para investigar a Orientação

Profissional nas Escolas Públicas e Privadas da Região

Metropolitana de Campinas, SP, apresentada como exigência

parcial para a confecção da Tese de Doutorado.

CAMPINAS – SP

2006

Page 224: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

216

IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

1.1 Grande Área de Conhecimento

Educação

1.2 Linha de Pesquisa

Laboratório de Psicologia Genética

1.4 Campo de Observação da Pesquisa

Local: Escolas Públicas e Privadas da Região Metropolitana de Campinas, SP

1.6 Objeto de Estudo da Pesquisa

Adolescentes Estudantes do Ensino Médio de Escolas Públicas e Privadas.

Page 225: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

217

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... p.218

REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................................... p.219

3. Problema...................................................................................................................p.223

4 Justificativa ...............................................................................................................p.223

5 Objetivo Geral ...........................................................................................................p.223

6 Hipótese ...................................................................................................................p.224

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .............................................................................p.224

4.1 Categorias de Análises e Interpretação dos Dados..................................................p.225

4.1.1 Categoria A: Percepção e Iniciativa dos Professores ............................ p.225

4.1.2 Categoria B: Intervenções das Escolas ................................................ p.229

4.1.3 Categoria C: Formação da Identidade......................................................p.232

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................p.234

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................... p.236

Page 226: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

218

INTRODUÇÃO

A orientação profissional trabalha com o jovem normal que passa por desequilíbrios

próprios o seu momento de vida e como tal, é fazer psicoprofilaxia (Gisela M. P.

Castanho).

Para começar, esta investigação foi desenvolvida de uma pesquisa em ação8 junto aos

alunos de Pedagogia do Programa Especial de Formação de Professores em Exercício (Pefopex),

da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), por serem

professores da rede metropolitana da cidade de Campinas, para a obtenção de dados preliminares

acerca do tratamento da Orientação Profissional nas Escolas Públicas e Privadas.

Tais dados possibilitaram balizar a Tese de Doutoramento que visou à implantação de

Serviço de Orientação Profissional com suporte teórico da Teoria do Psicodrama, por meio do

mini-curso teórico-prático intitulado Orientação Profissional, realizado no Campus Universitário

Regional “Jane Vanini” da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), visibilizando

atender a Secretária de Educação do Estado de Mato Grosso (SEDUC).

Enquanto participante do Programa de Estágio Docente (PED-FE-UNICAMP), foi

possível observar nos diálogos estabelecidos junto aos professores/alunos à época do PEFOPEX,

que lecionavam na rede pública e privada do Ensino Médio, a expectativa de que seus

alunos/adolescentes tenham acesso a maiores informações e intervenções na temática Orientação

profissional.

Assim, utilizou-se de pesquisa bibliográfica compondo referencial teórico embasado na

Orientação Profissional dirigida ao adolescente, o mundo do trabalho toyotista, articulada à

Teoria do Psicodrama e às questões paradigmáticas atuais: Identidade, Diferença e Exclusão

8 Para a pesquisadora Hilda Taba, a pesquisa em ação dá ênfase ao envolvimento de professores em problemas importantes de sua própria sala de aula e tem como primeira meta o treinamento in service e o desenvolvimento do professor, antes da aquisição de conhecimento geral na ciência da Educação. Pode ser encampada pelos pesquisadores educacionais porque proporciona base segura para a solução de problemas imediatos, sendo o pesquisador em ação participante da situação e passível de mudar o seu procedimento enquanto o projeto está em progresso.

Page 227: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

219

imbricadas no âmbito educacional, possibilitando nortear os primeiros passos em direção a

pesquisa de tese.

Finalmente, os dados obtidos por meio das Entrevistas dirigidas aos alunos da Faculdade

de Educação-Pedagogia (Pefopex) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP),

identificaram parca existência ou inexistência do Serviço de Orientação Profissional nas escolas

públicas e privadas.

Tais dados foram codificados por meio das Análises Categoriais e balizam-se segundo

Bardin (1997) na ausência ou a frequência dos itens de sentido, de significados, para os objetivos

dessa pesquisa e compactuam com outros obtidos por meio de pesquisa bibliográfica, e que nessa

pesquisa em ação trata-se de Projeto Piloto.

REFERENCIAL TEÓRICO

Atualmente a Orientação Profissional remodela-se para atender a esse novo mercado de

multiprofissões e crescentes dúvidas nas escolhas profissionais possibilitando melhor contribuir

para a formação de jovens mais espontâneos. É questão importante para a escolha de uma

profissão e há inquietação quanto à formação do cidadão do futuro, não mais desconectado do

mundo do trabalho, como vinha ocorrendo há várias décadas.

Assim pensa-se a Orientação Profissional como eixo educativo, em que se aplicada desde

a formação infantil promoverá escolhas profissionais mais bem adaptadas à cultura do

adolescente.

Em face da realidade de todos os contextos multidimensionais de formação de

competências sejam elas individuais ou profissionais: o escolar e o clínico, o organizacional, a

Orientação Profissional, cumpre com as tarefas de “orientar” e “ajudar” pessoas em suas

escolhas profissionais, a tomarem decisões relativas às carreiras, cursos, ocupações geradores do

auto-sustento, realização pessoal e a assumirem tarefas na vida adulta dotados de identidade

profissional competente.

A nova organização flexível do trabalho coloca em questão os pressupostos tradicionais e

o conteúdo qualitativo passa a ser valorizado, tornando utópico articulá-lo à Orientação

Profissional, se não dimensioná-lo às multiplicidades de referências teóricas, concebendo como

salutar a conectividade triádica: Trabalho-Educação-Saúde.

Page 228: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

220

Foram as transformações no modelo organizacional geradas pela revolução tecnológica e

conseqüentes adaptações ao mundo da microeletrônica que causaram as mudanças estruturais no

modelo organizacional.

O modo atual de produção, gerenciamento e relações humanas, é distante do modelo

formal, linear e vertical do fordismo, hoje em tempos de globalização, a centralização se opõe à

descentralização, à alta hierarquização inerente às organizações burocráticas, à horizontalização

das estruturas organizacionais, à organização das tarefas por especialidade à organização flexível

e multifuncional; e uma estrutura totalmente voltada para o produto, agora orientada para o

mercado-cliente.

Diante do novo modelo de mercado, adaptações e inovações são constantes. A Psicologia

também, que hoje administra os conhecimentos da Orientação Profissional, legitimando um

modelo elitista de atingir a sociedade revê formas mais condizentes de atuar e atingir o jovem

diante das transformações globais e do aumento do número de profissões no mercado.

Para Moreno (1993), o ser humano tem o compromisso de ser co-criador do universo,

transformando-o, reinventando-o, porém não comprometendo a saúde humana, como está sendo

feito por ausência de autoconhecimento, escolhas assertivas, relações horizontais, transparentes e

autenticas, de espontaneidade, de valorização da vida que remete à necessidade de realização

pessoal e profissional.

Promover condições ao jovem de realizar escolhas profissionais assertivas significa crer

que todo ser humano é capaz de auto-regulação e de superar-se, mas que às vezes necessita de

apoio em suas dúvidas e realizações.

O Psicodrama, ao resgatar nas relações humanas a horizontalidade, ou seja, as relações

transparentes e sinceras impedem a hierarquização da dominação, da opressão, e suas técnicas e

jogos dramáticos permitem rebaixar a ansiedade, o clima de tensão, proporcionando campo

relaxado, contexto mais tranqüilo e alegre aos trabalhadores, colaborando para o bem-estar e

diretamente ao mundo do trabalho atual já que o mercado toyotista requer profissional flexível,

significando polivalente, centrado e espontâneo.

A abordagem psicodramática aplicada à psicopedagogia, por meio dos jogos dramáticos,

desenvolve a espontaneidade necessária ao adolescente, para que se realizem escolhas mais

assertivas, pois os encontros grupais em contextos relaxados possibilitam relações horizontais

autênticas, requisitos solicitados e valorizados na nova organização do trabalho flexível.

Page 229: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

221

Os trabalhadores espontâneos-criativos são socializados, solidários, e uma vez que isso

ocorre, essas funções também promovem bens sociais na medida em que no campo empresarial

permite-se acesso a trabalhos sociais; e no âmbito educacional conquistem espaços para trabalhos

de Orientação profissional de orientação psicodramática.

No âmbito da saúde humana, o trabalho com tarefas repetitivas, sem criatividade, faz do

trabalhador o acompanhante da máquina, como solicitavam as organizações do passado,

comprometendo a saúde do trabalhador, pois para Motta (2005) saúde é resistir à fadiga e quem

melhor resiste é espontâneo. Nessa (des) ordem, como não ser conivente à idéia de Moreno de

auxiliar o próximo a ser espontâneo, intervindo por meio dos jogos dramático na “trama” do

adolescente dessa “era da incerteza”.

Moreno foi um dos iniciadores do trabalho de grupo, associando-o ao teatro por meio do

Psicodrama e do Sociodrama. O seu trabalho praticamente iniciou-se num teatro sem atores, sem

texto, sem peça, com tema livre, denominado “o romance do rei”, que trabalhou com mil

espectadores.

Por meio da ação terapêutica de representação, o criador do Psicodrama ocupou-se da

formação de psiquiatras, psicólogos, professores, pedagogos, tornando-os especialistas em

relações humanas. Introduziu terminologia própria em dinâmica de grupo, como psicodrama,

sociodrama, sociometria, desempenho de papéis, tele, átomo social, espelho, ego-auxiliar,

inversão de papéis, etc.

Diante dessa perspectiva, será que no mundo do trabalho oscilante de hoje “há algo de

novo sob o sol? (VEIGA-NETO, 1995, p.09), um questionamento complexo, no qual o

Psicodrama, contribui para uma saída, ao resgatar por meio de técnicas e jogos dramáticos a

espontaneidade fundamental para o sucesso do trabalhador e das organizações flexíveis.

As pessoas que a desenvolvem atendem à horizontalidade do mercado toyotista ao

mesmo tempo em que propiciam mais lucros às empresas que, por sua vez, sabe-se que as mais

criativas atingem melhor o mercado e tem lucrabilidade garantida.

Os adolescentes, na busca de identidade nova, esforçam-se para se definirem e redefinem

a si mesmos e uns aos outros. Na comparação dos valores, hábitos, costumes e identificações,

eles se autodefinem, em meio a “sentimento de confusão dos papéis: o jovem, em vez de

sintetizar, contraponteia as suas alternativas sexuais, étnicas, ocupacionais e tipológicas, e é

frequentemente impelido a decidir neste ponto a sociedade tem a função de orientar e limitar as

Page 230: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

222

opções individuais A globalização tem promovido fenômeno jamais visto em outro momento

histórico, com o acesso do jovem a outras culturas sem sair de casa, produz “kits” de perfil

padrão, personalidades padronizadas de acordo com cada órbita do mercado, independente do

contexto geográfico, nacional, cultural e local.

Esses padrões de modo global são produzidos pela mídia que atende aos desejos

financeiros do mercado dominante, eliminando os padrões socioculturais locais, destruindo raízes

e massificando as identidades.

A massificação ocorre padronizando, homogeneizando e robotizando, também roubando a

poesia, a arte, a estética, distanciando o sujeito da essência humana criadora. Diante deste

panorama, segundo Santos (2006), há mercado global apresentado como capaz de homogeneizar

o planeta, (des) norteado pelas políticas internacionais, mas que está aprofundando as diferenças

locais.

A Educação também pode contribuir no resgate da espontaneidade-criatividade, com

práticas pedagógicas em que se aproxime a cultura escolar à cultura do aluno, promova posturas

inclusivas, respeite as diferenças, fazendo do ato pedagógico a “educação menor” (GALLO,

2003, p.78), incluindo como eixo temático a Orientação Profissional desde as séries iniciais.

As intervenções dos Serviços de Orientação Profissional implantados nas Universidades

Brasileiras voltadas ao atendimento da comunidade local e regional colaborarão com a Educação

na medida em que, por meio de suas ações, contribuírem para o paradigma estético definido

como “uma tensão por apressar a potencialidade criativa que se encontra na raiz da finitude

sensível” (GUATTARI, 1996, p. 129).

Nesse sentido, o tema abordado é atual e pouco explorado, mas relevante, contribuindo

para o debate educacional atual e para as solicitações do MEC, das escolas e dos adolescentes,

das escolhas profissionais indevidas que acarretam em evasões universitárias.

Como também, apresenta-se o procedimento metodológico das Entrevistas dirigidas aos

professores para as primeiras coletas de dados da temática Orientação Profissional sendo

categorizadas segundo Bardin (1977).

Page 231: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

223

3.1. Problema

Há ausência ou parcas informações e intervenções por parte das escolas públicas e

privadas do Ensino Médio, da região metropolitana de Campinas, SP, na temática Orientação

profissional. Os professores do Ensino Médio não lidam com a perplexidade dos adolescentes na

escolha da profissão?

3.2. Justificativa

O Serviço de Orientação Profissional investiga e intervém junto aos alunos adolescentes

das escolas públicas e privadas quanto às dúvidas e especulações existentes. O empenho das

escolas e dos Profissionais da Educação em respondê-los diante da dúvida nas escolhas

profissionais, pois teoricamente essas escolhas determinam a satisfação pessoal, requisito para a

competência profissional, para a colocação de profissionais espontâneos e criativos no mercado,

colaborando com o bem-estar social.

O jovem atual encontra-se desorientado quanto à escolha da profissão, diante da

diversidade de novas profissões no mercado. A Orientação Profissional focada na perspectiva do

Psicodrama é apoio para resolver a dúvida na escolha da profissão, pois possibilita resgatar a

espontaneidade necessária para que se realizem escolhas mais assertivas.

O modelo da nova organização flexível do trabalho coloca em questão os pressupostos

tradicionais e o conteúdo qualitativo passa a ser valorizado, tanto aos meios de produção como às

relações humanas.

Por outro lado, a adolescência é período do desenvolvimento de intensas dúvidas

existenciais, transformações físicas e psicológicas, de perplexidade diante do (de) encantamento

de mundo e (de) orientação da vida adulta, diante de um mundo de mudanças estruturais no

mercado de trabalho do modelo fordista para o toyotista que requer, além da eficiência,

profissional polivalente, flexível e espontâneo. As políticas públicas educacionais, porém, não

oferecem eixos temáticos na temática Orientação Profissional.

3.3. Objetivo geral

Identificar a necessidade de Serviço de Orientação Profissional local e regional.

Page 232: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

224

3.4. Hipótese

Não há eixos temáticos direcionados à Orientação Profissional e os professores do Ensino

Médio não estão atendendo à demanda da (de) orientação dos jovens adolescentes no momento

da escolha da profissão.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Foi adotado como procedimento básico a investigação por meio de observações, pesquisas

bibliográficas e entrevista na temática Orientação Profissional, no sentido de como está sendo

trabalhado pelos professores nas escolas públicas e privadas a perplexidade dos adolescentes

diante da escolha profissional.

Esse questionamento foi indagado por meio de Entrevista em amostragem de Professores

do Ensino Médio de Escolas Públicas Municipais, Estaduais e Privadas da região metropolitana

de Campinas, SP, especificamente dos municípios de Americana, Hortolândia, Jundiaí, Limeira,

Louveira, Nova Odessa, Paulínia, Salto, Sumaré, Valinhos, Vinhedo.

Para codificar as manifestações da perplexidade da adolescência e da necessidade de

escolha da profissão nestes tempos de mercado oscilante, foram feitas descrição de dados e

análise de conteúdo das Entrevistas, sendo tais análises compostas de “um conjunto de técnicas

de analise das comunicações” (BARDIN, 1977, p. 31).

Parafraseando esse autor, a “exploração do material” ou técnicas de investigação foi

realizada em algumas etapas, reafirmando a importância imputada ao investigador. Dessa forma,

preparou-se entrevista aberta com uma questão direcionada para as diversas perplexidades

presentes no momento da escolha profissional do jovem atual.

A análise categorial leva em consideração “a totalidade de um texto, passando pelo crivo

da classificação e do recenseamento, segundo a freqüência de presença ou ausência de itens do

sentido” (IDEM, 1977, p. 37).

Nesse sentido, as análises de conteúdos configuram-se como conjunto de técnicas de

análises das comunicações, das informações obtidas nas Entrevistas realizadas pelos professores,

Page 233: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

225

em que foram feitas nas Categorias de maiores frequências das respostas. Nesse sentido foram

identificadas:

1. Categoria A: Percepção e Iniciativa dos Professores

2. Categoria B: Intervenções das Escolas

C. Categoria C: Formação da Identidade

A coleta de dados desta pesquisa em ação teve início após conversa prévia com

professores da região de Campinas, formandos do curso PEFOPEX da UNICAMP e a

constatação da parca orientação concedida ao jovem hoje nas escolas públicas diante da

diversidade de escolhas profissionais e da dúvida quanto a elas.

Assim, esses professores/estudantes foram orientados a realizar entrevista aberta com

poucas inferências externas, em local onde os entrevistados pudessem falar sem

constrangimentos as suas idéias.

4.1. Categorias de Análises e Interpretação dos Dados

4.1.1. Categoria A: Percepção e Iniciativa dos Professores

De forma específica, atendendo à Categoria de Análise referente à Percepção e Iniciativa dos

Professores quanto à necessidade do jovem brasileiro, de orientação em suas escolhas

profissionais. Verificou-se nestes depoimentos pouca intervenção e desinformação do momento

babélico das escolhas profissionais:

Acredito que se a escola fosse dando respaldo desde as séries iniciais os alunos chegariam ao menos mais orientados sobre as profissões, sem as ilusões de que determinada profissão se ganha muito e determinada se ganha pouco (Professor A leciona a disciplina de Língua Portuguesa, do Colégio João Néri, na cidade de Campinas, SP). Normalmente os alunos chegam ao Ensino Médio sem nenhuma orientação sobre Profissões, Cursos, Universidades e Vestibulares. Nós, professores, e falo nós porque combinamos isso até no planejamento, na medida do possível, tentamos orientá-los sobre o funcionamento das instituições superiores e a importância desta para a vida

Page 234: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

226

profissional deles (Professor B leciona a disciplina de História em Escolas Estaduais e Municipais do Ensino Fundamental e Médio, no município de Hortolândia, SP).

Em outros depoimentos identificou-se a preocupação dos professores em informar as

profissões existentes, mas não contam com instrumentos e capacitação para lidarem com as

perplexidades:

A palavra perplexidade é bem adequada, pois é fato que os jovens não sabem qual profissão seguir. Eles se orientam pela profissão da moda e reconhecidas socialmente. Não há no decurso do Ensino Médio e Fundamental, um Serviço de Orientação profissional que ajude esses jovens na escolha profissional (Professor C leciona na escola Futura e Colégio Bento Quirino, da cidade de Campinas, SP). Lidar com adolescentes sempre há controvérsias, mas a nossa função como educadora é exemplificar quanto à escolha da profissão e esclarecer certas dúvidas que eles possuem (Professor D é professor e coordenador de Unidade de Ensino Pública Fundamental e Médio da região metropolitana de Campinas, SP).

Encontrou-se, porém, em apenas um depoimento a Percepção e Iniciativa dos Professores

de que a perplexidade pode fazer parte do processo de desenvolvimento para que se obtenha

sucesso nas escolhas profissionais:

Em minha opinião a perplexidade é um momento importante na vida do estudante e somente aquele que procura escolher uma profissão que faça sentir-se realizado no futuro é que terá maiores oportunidades de alcançar o sucesso profissional (Professor E é professor da Rede Estadual de Ensino do município de Sumaré, SP).

Há ainda evidência de apoio e de iniciativa dos professores diante deste momento de

dúvidas e expectativas quanto à escolha profissional:

O que nós professores do ensino médio, procuramos fazer é esclarecer na medida do possível as dúvidas que chegam e incentivá-los a conhecer e conversar com profissionais das áreas que tem interesse (Professor F, leciona na Escola Estadual do município de Vinhedo, SP).

Outros dados constatam a presença da iniciativa dos professores para informar as

profissões existentes, mas se deparam com o descaso sóciopolítico e a ausência de intervenção

sociopolítica de Orientação Profissional nas Escolas do Ensino Médio Público atual:

Os professores do Ensino Médio procuram orientá-los da melhor forma possível, indicando cursos técnicos e cursos extras, principalmente informática. A realidade de nossos alunos é dura e eles não vêem perspectivas, sendo necessário a nós professores, apontarmos possíveis caminhos (Professor G, professor da Disciplina de Geografia da Escola Estadual Professor Carlos Nogueira, da cidade de Campinas, SP).

Page 235: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

227

Há depoimentos de professores dispostos auxiliar o adolescente nesse momento de dúvida

na escolha profissional, demonstrando seus empenhos e iniciativas, atendendo à Categoria de

Análise:

Para mim, enquanto professor, compartilhar deste momento de indecisão, escolha, é um ensejo que poucas vezes acontece, portanto, é preciso agir com sabedoria para não exercer influencia sobre a hesitação da carreira profissional almejada, e confundir ainda mais o educando. Para concluir, é preciso dizer que o momento de indecisão é um dos momentos de aproximação entre professor e aluno (Professor H, docente da Rede Estadual do Município de Sumaré, SP). Eles pensam em fazer uma série de coisas, de fazer faculdade, vão se informando pesquisando. Tem vinte por cento que corre atrás. Eu trago reportagens, converso, dou site do MEC, às vezes vem o pessoal da faculdade aqui, eles se interessam, fazem perguntas para os professores e daí mexe um pouquinho no ego deles. Eles querem ter um curso universitário. Ficam com motivação maior e até mais contentes (Professor I leciona a disciplina de História na Escola Estadual Joaquim Antônio Ladeira, em Louveira, SP).

A perplexidade do adolescente atinge a compreensão dos professores quanto às ações ou

reações de descaso dos adolescentes com relação ao futuro, mas compreendem a ausência de

visibilidade e de oportunidade na grande maioria dos jovens menos privilegiados para realizarem

qualquer escolha, evidenciado nestes fragmentos de depoimentos:

O papel do professor é o de proporcionar aos alunos amplos debates, entrevistas, com profissionais de diversas áreas, visitas as universidades, etc. Isto com a intenção de despertar no adolescente o interesse ou a preocupação em pensar na sua futura profissão. Muitos deles não têm uma perspectiva e visualizam como única alternativa a Escola Técnica, com vistas a um emprego mais próximo. E, mesmo esta escolha não é feita pela aptidão e sim visando campo de trabalho (Professor J leciona na Escola Estadual Pedro Moraes Cavalcante, do município de Piracicaba, SP). Cabe também aos professores orientar quanto aos estudos para o próprio vestibular, aconselhar e também incentivar, trabalhando com a auto-estima dos mesmos. Dentre as palavras de conselho estão a disciplina, a confiança, a persistência, o esforço, a atenção, a responsabilidade com os estudos, as provas, horários, datas, compromissos (Professor K é professor da Escola Estadual Professor Leonor Fernandes da Silva, da cidade de Salto, SP).

Em outros depoimentos, a percepção dos professores quanto à perplexidade se reporta ao

desinteresse nas escolhas, há depoimentos constatando a desinformação dos jovens desprovidos

que sequer sonham com a Universidade. Atualmente, eles pensam em oportunidades de trabalho,

em curso técnico profissionalizante, e após, se possível, em curso superior:

Page 236: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

228

Na escola pública é grande o número de estudantes que não se preocupam com a escolha profissional. O que eles querem é um emprego, casam-se cedo e não acreditam que poderão cursar a Universidade, salvo algumas exceções (Professor L leciona a disciplina de História do Colégio Politécnico “Bento Quirino”, de Campinas, SP). A questão da perplexidade do que é ser adolescente e de ter que escolher uma profissão os professores não lidam. Isso nem é comentado, pelo menos na escola em que trabalhei. Alguns alunos mais extrovertidos algumas vezes me procuram para alguma conversa informal e comentam o que querem fazer como profissão. Nessas ocasiões, sempre incentivo aos alunos lutarem por seus sonhos (Professor M leciona na rede pública de ensino de Valinhos, SP).

Ainda atendendo à Categoria de Análise, a percepção dos professores aponta para a opção

dos jovens para um curso profissionalizante e para a desesperança quanto a cursarem a

Universidade:

O curso profissionalizante é procurado pelo aluno preocupado em entrar mais rápido no mercado de trabalho. Aqueles que acreditam em sustentar seu curso universitário são poucos (Professor N, leciona na Escola Estadual Porfírio da Paz de Paulínia, SP).

Nessa categoria também buscou-se balizar as perspectivas dos jovens já trabalhadores de

empresas e analisamos que o caminho mais fácil de acesso ao mercado são os cursos

profissionalizantes:

De modo geral, os jovens de classe média baixa ”escolhem“ sua profissão a partir das oportunidades, pois já estão no mercado de trabalho. É comum observar alunos que já estão trabalhando buscarem completar o ensino médio em cursos profissionalizantes, seguindo a orientação das empresas que trabalham (Professor O, leciona em Escola Municipal e Estadual, da cidade de Campinas, SP).

Em outras respostas, porém, aparece dicotomia entre a escolha rentável ou a escolha que

atenda à satisfação pessoal e profissional, evidenciando o descontentamento e a frustração dos

jovens atuais diante do mundo do trabalho excludente e distante do atendimento da questão da

satisfação pessoal e profissional, consequentemente, distante da questão da formação de

competência e da saúde do trabalhador:

Algo que deixa os alunos numa insegurança muito grande é a dúvida em relação a fazer um curso pela realização ou pela remuneração, e também relacionadas a como pagarem o curso superior escolhido (Professor P é professor da Escola Estadual Professora Leonor Fernandes da Silva, da cidade de Salto, SP).

Page 237: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

229

Foi identificado nesta Categoria de Análise de movimento, uma tentativa de auxílio ao

jovem, mas ainda muito pouco se faz quanto à perplexidade do momento das escolhas

profissionais nos alunos do Ensino Médio da região metropolitana de Campinas, SP. Os

professores hoje se esforçam para orientar o jovem a realizar escolhas adequadas e que lhes

promovam satisfação pessoal, apresentando profissões, levando o aluno a palestras e Feira das

Profissões.

Mas, lamentavelmente, o aluno da escola pública tem escolhido uma profissão segundo as

oportunidades e almeja o curso profissionalizante. A Universidade ainda é universo distante de

sua realidade e as escolhas profissionais estão sendo guiadas pelo critério de mais rentável e não

por satisfações pessoais.

As intervenções feitas pelos professores não suprem a carência deste serviço na rede

pública e há necessidade de priorizar este assunto junto às políticas públicas brasileiras, para

orientar o aluno desde a Educação Infantil, a exemplo de países do primeiro mundo.

4.1.2. Categoria B: Intervenções da Escola

Observamos nos depoimentos das entrevistas, nesta Categoria de Análise, que o jovem da

Escola Pública pensa em oportunidade de trabalho em contradição à escolha profissional

orientada por suas habilidades construídas socioculturalmente. No entanto, percebeu-se que os

profissionais da educação conhecem a realidade da escola pública posta, não cumpridora do papel

de formação integral do sujeito como escola cidadã:

Uma realidade (a escola pública) é totalmente alienada, uma vez que os alunos do Ensino Médio ainda acreditam que terminando esta etapa de ensino vão ter quase que garantido uma oportunidade de trabalho. Isso faz com que eles não tenham tanta expectativa em relação à definição de uma escolha profissional. Para eles é meio indiferente, desde que tenham um trabalho, a profissão não faz muita diferença (Professor A leciona a disciplina de Geografia em Escolas Públicas de Ensino Fundamental, Médio e Profissionalizante dos municípios de Hortolândia e Nova Odessa, SP).

Atendendo a essa Categoria, identificou-se nos depoimentos a intervenção da Escola por

meio de comunicações que atinjam o jovem, mas também clarificou a impotência desta

instituição diante da questão:

Page 238: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

230

A Escola em parceria com instituições de ensino superior e voluntário tenta proporcionar encontros e palestras sobre o assunto. Mas isso não é suficiente, visto que a imaturidade e a falta de experiência colaboram para que essa escolha fique em segundo plano, ou seja, feita pela influência de terceiros (Professor B, Escola Estadual do município de Vinhedo, SP).

Quanto às Escolas Privadas, elas atendem melhor à questão da perplexidade dos

adolescentes no momento das escolhas profissionais por meio de contratação de psicólogos para

realizarem o trabalho de Orientação Profissional, evidenciado neste depoimento:

No dia-a-dia na sala de aula, à medida que os conteúdos são apresentados, as profissões e particularidades de trabalho são enfatizadas. O trabalho de orientação profissional é feito por profissional especializado que realiza sessões de autoconhecimento e pesquisa de área de atuação com as quais cada aluno se identifica (Professor C leciona no Ensino Médio do Colégio Rio Branco, Campinas, SP).

O Ensino Médio privado tenta suprir esta questão balizando os cursinhos pré-vestibulares,

com profissionais da Psicologia para auxiliarem os adolescentes na escolha. Esta questão fica

evidente diante do depoimento:

A preocupação com a escolha profissional aparece nos cursinhos pré-vestibulares. O ambiente destes cursinhos, já faz despertar no aluno o interesse para novas profissões. Há também os testes vocacionais feitos nestas instituições que colaboram nas escolhas (Professor D leciona na Escola Futura e no Colégio Politécnico “Bento Quirino”, Campinas, SP).

A escola, porém, territorializa a questão da Orientação Profissional articulada às

intervenções da Psicologia e não focada na formação integral do sujeito que implica eixos de

ações educativas e de políticas públicas:

Os alunos nesta época do ano ficam preocupados porque é época de vestibular, mas aqui na escola os alunos do terceiro ano do Ensino Médio têm a Psicóloga que faz orientação vocacional no primeiro semestre. Então acho que a maior preocupação deles é com o vestibular mesmo. E essa coisa de escolher acaba quase sempre sendo encaminhado para o psicólogo mesmo (Professor E leciona a disciplina de Matemática no Colégio Almeida Junior da cidade de Campinas, SP).

Encontra-se também depoimentos referindo-se à ação da escola para a escolha

profissional do jovem se presentificar a partir de projetos pedagógico, mas não a idéia de

Page 239: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

231

formação continuada orientando o aluno desde a educação infantil a desenvolver suas

aprendizagens socioculturalmente adquiridas:

Participamos da perplexidade na elaboração do Projeto Pedagógico da Unidade Escolar, em que a participação de todos os segmentos da Comunidade se faz necessário para que sejam traçadas as metas a serem alcançadas pelo educando no decorrer do período escolar, para que o aluno esteja preparado para tomar a sua própria decisão, decidindo o caminho que pretende seguir, continuando os estudos ou partindo para o campo de trabalho (Professor F leciona a Disciplina de Educação Física na Escola Estadual Ruy Rodrigues, Campinas–SP).

Há senso crítico por parte dos profissionais da educação quanto à necessidade de

intervenção da escola na questão da Orientação Profissional do aluno, desde as séries iniciais,

conforme fica evidenciado no fragmento de depoimento a seguir:

Acredito que se escola fosse dando um respaldo desde as séries iniciais os alunos chegariam ao menos mais orientado sobre as profissões, sem as ilusões de que determinada profissão se ganha pouco (Professor G é professor de Geografia da Escola Estadual “Dom João Nery”, de Campinas, SP).

Entretanto, identificou-se que a escola particular lida com a perplexidade do adolescente

diante do momento das escolhas oferecendo profissionais capacitados para o trabalho de

desenvolvimento pessoal e profissional que cumpre ao seu papel:

A escola particular mostra-se bem preocupada com o vestibular como direcionamento na escolha da profissão, que esta ligada à decisão do aluno e da família. Quando o aluno fica em dúvida, existe um pessoal técnico especializado para ajudá-lo na escolha da profissão (Professor H leciona a disciplina de Língua Portuguesa no Colégio COC, Campinas, SP).

Em outros depoimentos foi constatada a inabilidade da escola em lidar com o adolescente

nesse momento, o desencantamento do profissional de Educação:

Bom, na minha opinião, é preciso levar em conta a deterioração da educação no país, principalmente a escola pública que nos leva a triste constatação de que, o mercado de trabalho não absorverá nem cinco por cento dos alunos preparados pela escola. Resumindo, a nossa escola não ajuda o aluno na escolha da profissão só faz mais confusão nas cabeças dos adolescentes (Professor I leciona a disciplina de Matemática na Escola Estadual Jardim Mercedes, Campinas, SP).

Page 240: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

232

Os dados obtidos nos fragmentos dos depoimentos evidenciaram que as escolas públicas

não oferecem Serviço de Orientação Profissional para que o jovem possa realizar suas escolhas

profissionais de acordo com suas habilidades. As escolas privadas possuem parcamente esse

serviço sendo feito por psicólogos, além de palestras com profissionais de diversas áreas, visitas

às Universidades e à Feira de Profissões, como as realizadas no The Royal Palm Plaza, em

Campinas, SP, Jornais e Revistas informativas, Guia de Profissões e outras intervenções visando

informá-los, mas são insuficientes diante da perplexidade do jovem neste momento.

Por sua vez, as escolas atribuem, ora ao professor, ora à Psicologia, a tarefa de orientar o

jovem nesse momento de perplexidade, focando a discrepância quanto às intervenções realizadas

pelas escolas privadas em relação às escolas públicas, pois a primeira se utiliza profissionais

especializados e, em geral, psicólogos para a Orientação Profissional.

A perspectiva de que a “profissão tem de ser vista como relação conectada entre trabalho

e vida” (JENSCHKE, 2002, p. 24), defendendo a idéia de a Educação Profissional ser introduzida

nos currículos escolares, está distante da realidade educacional brasileira.

4.1.3. Categoria C: Formação de identidade

Esta categoria atende ao quesito da Formação da Identidade do adolescente, tendo como

base o fato das identidades atuais estarem entrando em colapso, pois as identidades modernas

estão “descentradas, isto é, deslocadas ou fragmentadas” (HALL, 1999, p. 08). Verificou-se nos

discursos dos professores fragmentos de depoimentos que territorializam a informação da

formação de jovens descentrados, angustiados e sem expectativas:

Eles sofrem uma angústia de excesso de informação. O tempo todo é muita informação, mas acho que isto pouco interfere na escolha da profissão. Você assistiu ao filme: O homem que copiava? Eles são todos iguais, todos fragmentados é isso. Aquilo é perfeito para defini-los. Eu pego a folha que já xeroquei. Não sei o que vem antes, nem o que vem depois. Só tem aquele intervalo e naquele intervalo eles vão construindo a vida (Professor A leciona a disciplina de História na Escola Estadual Joaquim Antônio Ladeira e em cursinho vestibular, Louveira, SP).

Primeiramente não tenho percebido perplexidade por parte dos alunos diante da escolha de profissão. Até gostaria que houvesse. Segundo, digo que gostaria muito que houvesse, pois, isso seria uma demonstração de que estariam refletindo, inquietando-se sobre os rumos que cada um espera dar à sua vida (Professor B leciona a Disciplina de Filosofia,

Page 241: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

233

na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus Santa Clara do Lago I, Hortolândia, SP).

Em outros depoimentos há informações de que os professores percebem formação

da identidade de descaso com o futuro aparentemente não se importando com o tempo,

demonstrando desconhecimento por parte dos professores a respeito da crise de identidade que,

segundo Erikson (1998), ocorre confusão de temporalidade, intimamente associada à autocerteza

e ao autoconceito:

Perplexidade nós que temos outra estrutura mental. Fomos criados em um outro momento. Nós somos a geração do lacre, eles são a geração do botão. A geração do tempo real. É impressionante como eles não têm dimensão do tempo. Não sei se interfere na escolha da profissão (Professor C leciona a disciplina de História na Escola Estadual Joaquim Antônio Ladeira, e em cursinho vestibular, Louveira, SP).

Embasada em Guattari e Rolnik (2000, p.41) “a função da economia subjetiva

capitalística, talvez a mais importante de todas, é a da infantilização pensam por nós, organizam

por nós a produção e a vida social”, outra função não menos importante é a “culpabilização”,

estando sua raiz nas tecnologias capitalísticas que propõe sempre imagem de referência. Dessa

forma, identificamos a compreensão que o jovem atual apresenta este perfil infantilizado e de

imaturidade:

Eu acho uma geração que ousa muito pouco. Eles são infantilizados, muito infantilizados. É culpa da nossa criação, da criação que nós estamos ofertando. Nós não estamos proporcionando desafios a eles. Nós estamos poupando esses meninos e meninos, porque acreditamos que este mundo que construímos é perverso, então temos de poupá-los de tudo, inclusive de enfrentar a vida a vida adulta (Professor D leciona a Disciplina de História na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus Joaquim Antonio Ladeira, Louveira, SP).

Encontramos também nesse fragmento de depoimento de professor uma desinformação

quanto à relevância das ritualizações espontâneas para a formação da identidade, tais rituais são

teorizados por Erikson (1998, p. 65) “uma forma de confirmação ideológica”:

Eles estão mais interessados em ir a escola para namorar, comer merenda, beber, fumar, pichar, ouvir e dançar rap e funk, desrespeitar professores ameaçando-os. A cada ano fico mais decepcionada com a falta de interesse e descompromisso dos alunos jovens de hoje e com o descaso do governo com a profissão de professor (Professor E leciona nos Ensinos Fundamental e Médio da Escola Estadual Américo Beluomini, Valinhos, SP).

Page 242: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

234

Em outro depoimento encontramos a Formação de Identidade de informação, de acesso à

mídia, fato que estrutura de acordo com Lévy (1999, p.07) “na época atual, a técnica é uma das

dimensões fundamentais onde esta em jogo a transformação de mundo por ele mesmo”:

Os nossos jovens de modo geral são bem informados, fruto das tecnologias como a Internet. Entretanto, muitos deles, ainda não são conscientes sobre a sua importância na sociedade. Portanto, eu procuro trabalhar com uma formação que vá além do mercado de trabalho, que atinja a visão de um ser humano mais integro e consciente da sua participação na construção de uma nova sociedade, mais justa e cidadã (Professor F leciona História na rede pública de Ensino Médio da cidade de Campinas, SP).

Diante da estrutura social global posta que massifica, dilui culturas locais e

conseqüentemente singularidades, foi possível observar que o jovem adolescente hoje vive o

momento presente, sem expectativa do futuro, e mostram-se infantilizados, angustiados,

desinteressados e perplexos.

Em geral, eles são informatizados e informados dos acontecimentos sociais, apresentam

características normais desta fase do desenvolvimento no que tange a crise de identidade, a

confusão temporal que dela decorre, e os comportamentos socializadores —beber, fumar, dançar

rap e funk na escola — considerados de rebeldia pela escola e pela sociedade, mas considerado

por Erikson (1998, p. 65) “ritualizações espontâneas” necessárias ao desenvolvimento saudável.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Toda análise de conteúdo passa pela interpretação da própria mensagem, o ponto de

partida e o indicador sem o qual a análise não se tornaria possível. Foram consideradas nas

análises das categorias as significações que a mensagem oferece, as frequências dos dados e todas

as ocorrências significativas.

Nesta perspectiva, foram feitos comentários sobre as opiniões dos professores,

pesquisados quanto à perplexidade do adolescente atual no momento de suas escolhas

profissionais, opiniões, iniciativas, as intervenções das escolas, e a respeito da formação da

Identidade, de acordo com as respectivas categorias.

Page 243: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

235

No todo, identificou-se a necessidade de política de incentivo à Orientação Profissional

com eixos de ação direcionados a informar, a aconselhar e intervir nas dúvidas no momento das

escolhas, posto que os dados sinalizaram que apenas as escolas privadas possuem o Serviço de

Orientação Profissional realizado por psicólogos.

As palestras também com profissionais de diversas áreas, as visitas às universidades e à

Feira de Profissões, como as realizadas no The Royal Palm Plaza, em Campinas, SP, Jornais e

Revistas informativas, Guia de Profissões e outras intervenções visando informá-los, são

insuficientes diante da perplexidade do jovem nesse momento.

A Orientação Profissional tem sido exercida parcamente pelo professor em sala de aula,

que a escola apresenta descompromisso com esta temática e, finalmente, que as escolhas

profissionais estão norteadas pela necessidade do mercado, que é oscilante, excludente e distante,

tanto das habilidades construídas histórico-culturalmente e, portanto, da competência para o

exercício da função, quanto pela ausência ou pouca satisfação pessoal e profissional,

comprometendo a saúde do trabalhador brasileiro.

Assim, os resultados obtidos após as análises e consequentes interpretações tornam

relevantes os dados discursivos apresentados com maior frequência nos relatos, permitindo a

identificação da relevância do Serviço de Orientação Profissional nas Escolas e universidades nos

dias atuais.

As interpretações balizaram na Categoria: Formação de Identidade a infantilização e

despreocupação do jovem hoje quanto ao futuro, e que há perplexidade generalizada, isto é, tanto

com relação a não compreensão por parte da escola e do professor quanto à crise de identidade,

quanto dos alunos que diante do momento babélico que atravessam não encontram apoio, nem

orientação, nem incentivo, neste momento difícil de suas vidas.

O desenvolvimento profissional que necessita ser compreendido agora, como processo de

aprendizagem que deve começar cedo nas escolas e evoluir ao longo da existência, fica por conta

da ingerência de identidades, representada na sociedade brasileira pelo descaso de políticas

públicas no gerenciamento da vida.

Finalizando, de acordo com as idéias de Bardin, a inferência é “dedução lógica” e não

existe inferência transparente, porém, houve cuidado epistemológico de inferir nos depoimentos,

a partir de percepções claras e compartilhadas que visibilizaram a relevância de Serviço de

Page 244: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

236

Psicologia destinado à Orientação Profissional nas Escolas Públicas atuais e que esse serviço

pode ter início em Programas Educacionais com intervenções por parte das políticas públicas ou

de Projetos de Extensão das Universidades Brasileiras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Tradução de Luiz Antero Neto e Augusto Pinheiro.

Portugal: Edições 70, 1977. 225 p.

CARVALHO, Maria Margarida M.J. Orientação profissional em grupo. Campinas, São Paulo:

Editorial Psy, 1995. 260 p.

ERIKSON, Erik. H. O ciclo da vida. Tradução de Maria Adriana Veríssimo Veronese. Porto

Alegre: Editora Artmed, 1998. 111 p.

GALLO, Sílvio. Deleuze e a educação. Belo Horizonte: Editora Autêntica 2003. 118 p.

GUATARRI, Félix. Os dilemas contemporâneos na cultura e na sociedade: O novo paradigma

estético. In: SCHNITMAN, Dora Fried; et al (org); et al. Novos paradigmas, cultura e

subjetividade. Porto Alegre: Editora Artes Médicas, 1996. pp. 121-132.

GUATARRI, Félix; ROLNIK, Suely. Micropolítica: cartografias do desejo. 6ª edição.

Petrópolis: Editora Vozes, 2000. 327 p.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 3ª edição. Tradução. Tomaz Tadeu

da Silva; Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: Editora DP&A, 1999. 102 p.

JENSCHKE, Bernhard. Educação Profissional em Escolas em uma perspectiva internacional. In.

LEVENFUS, Rosane Schotgues; KNOBEL. Anna. Maria. Moreno em Ato. A construção do

psicodrama a partir das práticas. São Paulo: Editora Ágora, 2004. 285 p.

LÉVY, Pierre. Tradução de Carlos Irineu da Costa. As tecnologias da inteligência: O futuro do

pensamento na era da informática. Coleção Trans. Rio de janeiro: Editora 34, 1999. 203 p.

Page 245: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

237

MORENO, Jacob Levy. Psicodrama. Tradução de Álvaro Cabral. 5ª edição. São Paulo: Cultrix,

1993. 492 p.

MOTTA, Júlia Maria Casulari. A Psicologia e o mundo do trabalho no Brasil. relações,

história e memória. São Paulo: Editora Ágora, 1995. 258 p.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal.

6ª edição. Rio de Janeiro: Editora Record, 2006. 174 p.

VEIGA-NETO, Alfredo (org.); et al.. Crítica pós-estruturalista e educação. Porto Alegre:

Editora Sulina, 1995. 260 p.

www.mundoeducacao.uol.com.br. Acesso em 03/03/2008.

www.wikipedia.org/wiki/fordismo. Acesso em 16/05/2007.

www.wikipedia.org/wiki/toyotismo. Acesso em 16/05/2007.

Page 246: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

238

ANEXO 2

ENTREVISTAS DIRIGIDAS AOS GESTORES DA

UNEMAT

Entrevista 1:

1.1. Qual a sua opinião a respeito da Orientação Profissional e do desenvolvimento de um serviço

dessa área do conhecimento em nossa Universidade?

Resposta:

Até por experiência de gestão e números que temos dentro da Universidade por meio de

pesquisas de anos anteriores em que temos vários jovens que ingressaram em cursos aqui e, após

um, dois ou três semestres, descobriram que a vocação não era aquela ou que não estavam

preparados, ou que não estavam dispostos a enfrentar a profissão daquela área e acabou evadindo

da nossa Universidade, nosso centro, criando certo constrangimento.

Porque se sabe que no Brasil hoje é pequeno o número de pessoas que tem oportunidade

de entrar no Ensino Superior público. Nós levantamos um número de mais de 1.600 vagas

ociosas em universo de 13 a 14 mil universitários. É preocupação latente muito grande. Esse

trabalho preventivo que ora está sendo elaborado, sendo pesquisado, é de suma importância. Até

porque evitaríamos pessoas de estarem tomando caminho errado... Trocado.

Entrevista 2: 2.1. Qual a sua opinião a respeito da Orientação Profissional e do desenvolvimento de um serviço

dessa área do conhecimento em nossa Universidade?

Resposta:

Essa situação reporta-me aos anos de 1993 e 1994 quando nas reuniões das licenciaturas

plenas e parceladas tínhamos a preocupação com a possibilidade de se considerar o ingresso do

aluno em um curso. Pecamos por isso, não enxergávamos que o aluno poderia fazer uma re-

escolha.

Page 247: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

239

Acho que a Universidade deveria criar esse momento do jovem acertar a escolha

acadêmica e ter tempo para opção da formação profissional. Esse tempo poderia acontecer na

própria academia e que poderia contribuir muito mais do que a orientação paliativa vista no

Ensino Médio.

Ou seja, aquela que você faz o diagnóstico e diz você que pode fazer isso ou aquilo é

muito restrito. Agora, se há trabalho continuado, com profissionais dentro dessa perspectiva, aí

acho que o resultado de evasão será ínfimo no final. Então, acho que os jovens farão uma

segunda opção porque tiveram tempo de amadurecimento na academia. E nós, na Universidade,

temos de pensar o quadro, recursos e materiais de infra-estrutura, remodelagem, salas, a

discussão do assunto, enfim, tudo isso.

Nesse sentido considero viável esse trabalho. Quando você for conversar com o jovem,

ele verá que há áreas bem abrangentes e temos de ver qual o curso que ele se localiza, dentro dos

quesitos próprios.

Entrevista 3:

3.1. Qual a sua opinião a respeito da Orientação Profissional e do desenvolvimento de um serviço

dessa área do conhecimento em nossa Universidade?

Resposta:

Penso que é muito positivo. Tendo em vista, principalmente, o grande problema que nós

temos: a questão da vocação dentro da universidade. Temos muitos alunos que entram e que

abandonam o curso, no início, no meio e, até mesmo, no final do curso. Porque eles entram no

curso e não se identificam com o curso, porque não é aquilo que eles querem, e criam antipatia

pelo curso, e faz com que eles desistam. Então, há grande índice de abandono dos cursos de

graduação, por causa dessa falta de vocação que o aluno tem.

Penso que esse serviço é muito produtivo e seria um passo que a UNEMAT daria para

oferecermos esse serviço à comunidade, aos nossos adolescentes. Inclusive, acho que um trabalho

assim poderia ser oferecido pela própria Coordenaria de Vestibulares (COVEST), pois é por

dessa Coordenadoria que se faz a sondagem da rede de ensino público e particular para que seja

feita a elaboração das provas dos vestibulares. Acho que a Coordenadoria da COVEST poderia

implantar um trabalho dessa ordem.

Page 248: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

240

Entrevista 4:

4.1. Qual sua opinião a respeito da Orientação Profissional e da possibilidade da UNEMAT

oferecer esse serviço à comunidade adolescente cacerense e da região?

Resposta:

Enquanto UNEMAT e FAED sim. Inclusive, sugiro que seja um projeto de Ensino,

Pesquisa e Extensão, e que se compreenda no ensino a orientação aos professores, no sentido de

que os próprios professores possam lidar com essa questão. Assim, um serviço dessa ordem

poderá atender ao tripé Ensino, Pesquisa e Extensão. Por meio do Ensino e da Pesquisa com

atendimento à Extensão com trabalho voltado à comunidade, em constante retro-alimentação.

Page 249: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

241

ANEXO 3

ENTREVISTAS AOS COORDENADORES DE

ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS DO ENSINO MÉDIO

Entrevista 1:

1.1. Há interesse dessa Escola que a UNEMAT tenha um Serviço de Orientação Profissional

dirigido aos adolescentes do Ensino Médio?

Resposta:

Total interesse. Porque esse serviço colaboraria com a orientação dos alunos no sentido de

se definirem quanto à questão profissional. Nesse mundo conturbado, penso que esse serviço é

instrumento de apoio, em que o jovem pode ser orientado, e não direcionado por outros, a ter

escolhas distantes de sua vontade.

Entrevista 2:

2.2. Há interesse dessa Escola que a UNEMAT tenha um Serviço de Orientação Profissional

dirigido aos adolescentes do Ensino Médio?

Resposta:

Em minha opinião deveria ter porque acho de suma importância para a orientação do

jovem de hoje, para despertar a vocação. Essa tarefa muitas vezes é feita pelo professor, que nem

sempre percebe a importância de seu papel. O professor pode despertar o dom do aluno, mas às

vezes não desperta. O jovem precisa de alguém para ajudá-lo a que caminho votar. Gostaria que

desde pequeno a criança devesse ser animada pelos pais. Outro dia presenciei uma situação: uma

garota estava na fila da inscrição do vestibular e eu lhe perguntei: “Que faculdade você

escolheu?” Ela respondeu: “Ainda não decidi... Mas vou decidir já”. Então, pergunto-me, isso é

vocação? É por isso que digo que há médicos assassinos e... Políticos ladrões!

Page 250: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

242

Entrevista 3:

3.1. Há interesse dessa Escola que a UNEMAT tenha um Serviço de Orientação Profissional

dirigido aos adolescentes do Ensino Médio?

Resposta:

Já ouvi falar desse serviço, mas ninguém faz. Muito aluno sai da faculdade porque não era

aquele curso que gostaria de fazer. Eles falam que não tem interesse... Penso que se tivesse uma

orientação educacional isso não aconteceria. Acho muito bom para todos: para a escola, para o

aluno porque o aluno entrará na faculdade sabendo o que ele quer. Porque o aluno quando acaba

o Ensino Médio não tem noção do que quer, com esse trabalho ele poderá pensar: “Poxa achei o

curso que eu quero”.

Entrevista 4:

4.1. Há interesse dessa Escola que a UNEMAT tenha um Serviço de Orientação Profissional

dirigido aos adolescentes do Ensino Médio?

Resposta:

Nossa escola está sempre de portas abertas para novas propostas. É também fonte de

pesquisa para nós e vem de encontro aos nossos objetivos. Sou favorável. Inclusive, pedimos à

Coordenação do CEAF vir aqui ter uma conversa sobre a Orientação Profissional, porque é

grande o interesse dos alunos e não temos profissionais habilitados nessa área.

Entrevista 5:

5.1. Há interesse dessa Escola que a UNEMAT tenha um Serviço de Orientação Profissional

dirigido aos adolescentes do Ensino Médio?

Resposta:

Esse serviço será muito bem-vindo aqui. A gente sempre teve essa necessidade, sempre

procurar colocar para os alunos que o estudo e a escolha profissional são importantes, pois sem

estudo boa parte do que desejamos, não será conseguido. Por exemplo, meu marido está

Page 251: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

243

desempregado e por causa dele não ter profissão, não ter estudado, não consegue emprego. Hoje,

com as novas tecnologias, fica difícil porque nosso curso de formação não é profissionalizante.

Às vezes, a proposta de trabalho não é o que ele espera. Antigamente havia cursos

profissionalizantes e hoje não é assim.

Entrevista 6:

6.1. Há interesse dessa Escola que a UNEMAT tenha um Serviço de Orientação Profissional

dirigido aos adolescentes do Ensino Médio?

Resposta:

Aqui em nossa escola trouxemos um profissional de Cuiabá, MT, para falar do assunto

porque não é discutido e os alunos têm necessidade de saber as profissões do mercado. Um

serviço desses na UNEMAT será muito bom para todos nós.

Entrevista 7:

7.1. Há interesse dessa Escola que a UNEMAT tenha um Serviço de Orientação Profissional

dirigido aos adolescentes do Ensino Médio?

Resposta:

Seria muito bom um serviço desses aqui em nossa cidade. Aqui na escola eu mesmo

desenvolvo esse trabalho, pois temos a disciplina de Orientação Profissional. A idéia dessa

disciplina surgiu de uma necessidade minha. Quando meus filhos, que hoje estão na faculdade,

decidiram erradamente a profissão a seguir. Como educadora, gestora de escola e mãe, senti na

obrigação de ajudar os jovens de alguma forma a decidir sua profissão.

Page 252: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

244

Entrevista 8:

8.1. Há interesse dessa Escola que a UNEMAT tenha um Serviço de Orientação Profissional

dirigido aos adolescentes do Ensino Médio?

Resposta:

Temos grande interesse nessa área, mesmo porque é o momento de escolha do futuro, da

vida, e nossos alunos não têm um serviço desses. Inclusive, gostaria de uma palestra sua aqui na

escola para esclarecer sobre escolha a importância da escolha certa da profissão.

Entrevista 9:

9.1. Há interesse dessa Escola que a UNEMAT tenha um Serviço de Orientação Profissional

dirigido aos adolescentes do Ensino Médio?

Resposta:

Será bem-vindo esse trabalho aqui. Tenho um filho que está já no terceiro ano do Ensino

Médio e não conseguiu definir até hoje o que quer. Hoje mesmo atendi a mãe de um aluno que

me contou que o filho não sabe o que fazer. Veio de encontro às nossas necessidades esse

trabalho.

Entrevista 10:

10.1. Há interesse dessa Escola que a UNEMAT tenha um Serviço de Orientação Profissional

dirigido aos adolescentes do Ensino Médio?

Resposta:

Muito interesse! Precisamos desse serviço de orientação ao jovem. Uma pessoa sem

objetivo, sem estudo no que gosta, não consegue nada. Nós, aqui na escola, sempre procuramos

colocar a importância do estudo na vida das pessoas, animando-os a concluírem o segundo grau.

Page 253: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

245

ANEXO 4

QUESTIONÁRIO PARA O PROFESSOR DO ENSINO MÉDIO

Nome (Iniciais): _______________________________________________________

Disciplina: ___________________________________________________________

Escola: ______________________________________________________________

Data: ________________________________________________________________

1. Você recebeu Orientação Profissional?

2. Os seus alunos recebem alguma Orientação Profissional na sua escola?

3. Quais são as principais dúvidas dos alunos em relação às escolhas profissionais?

4. Quais as expectativas dos seus alunos com relação ao mercado de trabalho?

5. Deseja acrescentar mais alguma informação?

Page 254: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

246

ANEXO 5

QUESTIONÁRIO PARA O ALUNO DO ENSINO MÉDIO

Nome (iniciais): ____________________________________________________

Idade: ____________________________________________________________

Série: _____________________________________________________________

Escola: ____________________________________________________________

Data: _____________________________________________________________

1. Você recebeu orientação por parte da escola ou do professor quanto às diversas

profissões existentes no mercado de trabalho?

2. Você já escolheu uma profissão?

3. Você pensa em cursar uma Universidade ou fazer um Curso Profissionalizante?

4. Quais as suas expectativas para o futuro?

5. Deseja acrescentar mais alguma informação?

Page 255: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

247

ANEXO 6

QUESTIONÁRIO PARA O ALUNO DO ENSINO MÉDIO UTILIZADO NA

FPRMAÇÃO DE PROFESSORES EM ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

Através deste questionário, pretendemos obter informações

sobre você, portanto, deve respondê-lo com clareza e

sinceridade. Estas informações são confidenciais, com o

objetivo de orientá-lo na escolha de uma profissão.

PARTE A

0 -Nome: ________________________________________________________

02 – Idade: _______________ Sexo: __________________________________

03 – Endereço:

Rua: ___________________________________nº. ______________________

Bairro ___________________________ Cidade _________________________

Tel : Res. ________________________ Cel: ____________________________

Email: __________________________ CEP: ___________________________

04 – Naturalidade: ________________ Nacionalidade: ____________________

05 – Curso: __________________________________ Série: _______________

Escola: _____________________________________ Série: ________________

Cidade: _________________________________ Data _____/_____/ ____

PARTE B

Page 256: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

248

01 - Qual (is) o (s) Curso (s) que você já concluiu?

1º ____________________________________________________________

2º ____________________________________________________________

3º ____________________________________________________________

4º ____________________________________________________________

5º ____________________________________________________________

02 – Qual (is) o (s) Cursos (s) que você começou e não concluiu? ________________________

____________________________________________________________________________

03 – Você tem dificuldade em alguma matéria? ______________________________________

Qual é a matéria e qual a dificuldade?

Matéria (s): __________________________________________________________

Dificuldade (s): _______________________________________________________

04 – Quais as matérias que você não gosta? _________________________________________

____________________________________________________________________________

Por que ? ____________________________________________________________________

05 – Quais as matérias que você gosta? ______________________________________________

Por que ? _____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________ 06 - Como você gosta de estudar?

Page 257: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

249

Sozinho ( ) Com um colega ( ) Em grupo ( )

07 - Se você tem duvidas em uma matéria, como fez para encontrar uma solução?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

08 – Como esta seu rendimento escolar?

( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo ( )

9 – Você já foi reprovado?

Sim ( ) Não ( )

Quantas vezes e por que?

___________________________________________________________

PARTE C

01 - Você trabalha?

Sim ( ) Não ( )

Qual é a sua profissão? _______________________________________________________

02 – Qual é a profissão que você deseja seguir?

_____________________________________________________________________________ Por que ? ________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 03 – Você sabe quais são as atividades desempenhadas na profissão que deseja? _____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

Page 258: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

250

04 – Quem você admira como profissional?

__________________________________ Por que ? ________________________________

05 – Cite por ordem de preferência, as atividades mais adequadas aos seus interesses e

habilidades.

Assinale de 01 a 10.

( ) Atividade ao ar livre

( ) Atividade envolvendo expressão verbal, oral ou escrita.

( ) Atividade s com exercício físico ou esportivos

( ) Atividades artísticas em geral

( ) Atividades de responsabilidade na execução de ordens

( ) Atividades de pesquisa cientifica

( ) Atividade de contato com pessoas

( ) Atividades com números e gráficos

( ) Atividades envolvendo destreza manual

( ) Atividades de organização e planejamento

06 – Em quais habilidades você se considera habilidosos e eficientes?

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

07 – Qual o tipo de ambiente de trabalho que você prefere?

Local isolado ( ) Local com muita gente ( )

Sala fechada ( ) Local com pouca gente ( )

Contato com a natureza ao ar livre ( )

PARTE D

Page 259: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

251

01 – Em que atividade você ocupa seu tempo livre?

______________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

02 – Quais os divertimentos que você prefere?

______________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

3 – Você aprecia esportes? _____________________________________________________

Quais?

_________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

04 – Você joga xadrez?

_____________________________________________________________________________

05 – Quais os livros que você gosta de ler?

Romance ( ) Aventura ( ) Ficção ( )

Outros:

______________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

06 – Você lê jornais?

_______________________________________________________________

Quais os artigos que você prefere?

______________________________________________________________________________

07 – Você lê revistas?

_____________________________________________________________________________

Page 260: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

252

Quais?

__________________________________________________________________________

08 – Você vai ao cinema?

____________________________________________________________________________

09 - Que tipos de filme você prefere?

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

10 – Você assiste televisão?

_____________________________________________________________________________

11 - Quais os programas que você prefere?

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

12 - Você coleciona algo?

______________________________________________________________________________

O que?

__________________________________________________________________________

PARTE E

01 - Qual é a sua altura? _____________________ Qual é o seu peso? ___________________

02 - Quantas horas você dorme por noite? ___________________________________________

03 - Quantas horas você descansa por dia? __________________________________________

04 - Você toma algum remédio? ________ Qual? _____________________________ Por que ?

_____________________________________________________________________________

05 - Você já foi hospitalizado? ________________ Por que? ____________________________

06 - Você já desmaiou alguma vez?

___________________________________________________

07 - Quando você tem algum problema, procura conversar com alguém? ____________

Page 261: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

253

Com quem?

______________________________________________________________________

08 - Seus pais são separados? ____________ Com quem você mora? ___________________

09 - Você tem amigos (as) ____________ Qual a idade deles? ___________________________

Qual o gênero deles? ____________________________________________________________

10 - Você costuma passear com os amigos? _______ Em que lugares? _____________________

______________________________________________________________________________

O que você vocês costumam fazer?

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

O que vocês costumam conversar?

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

Este questionário foi elaborado pelas alunas do Curso de pedagogia na Disciplina EP-423-

Orientação Profissional – Faculdade de Educação – Universidade Estadual de Campinas

(UNICAMP) – 2º semestre de 1994.

Page 262: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

255

ANEXO 7

CERTIFICADO DO MINI-CURSO ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

(Ilustração da imagem: Frente)

Page 263: © by Graciela Constantino, 2009.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251663/1/Constantino... · SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ... os Demonstrativos dos

256

(Ilustração da imagem: Verso)