Post on 17-Oct-2015
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Respaldo bblico, espiritual e estratgicopara a priorizao do som e da acstica
nas igrejas.
Coerncia e QualidadeTcnica na
Comunicaodo Evangelho
David DistlerConsultor
Reviso da aplicao de textos bblicos:
Pr. Edilson B. Nogueira
ndice
Introduo ..................................................... 12
O Meio a Mensagem ................................... 14
Descaso ou Desconhecimento? ...................... 16
Definindo Qualidade ...................................... 21
Como ESTAMOS comunicando? ................. 27
Como DEVEMOS comunicar? ..................... 30
Como PODEMOS comunicar? ..................... 33
Qualidade, Flexibilidade e Economia resultam de
um Projeto ........................................... 34
Inimigos No To bvios deUm Som de Qualidade ......................... 36
A rea Administrativa ........................... 36
Da Equipe Tcnica ............................... 40
O Nosso Inimigo ................................... 42
Concluso ...................................................... 48
David Distler .................................................. 50
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Introduo
H uns 2000 anos, Cristo entrou num barco no mar da Galilia, afastou-o da
margem e passou a transmitir multido ali reunida, os seus princpios de transfor-
mao de vida. Segundo os textos bblicos, havia ali milhares de pessoas, portanto,
perguntaramos: como foi que Ele, milagres parte, se fez ouvir?
O fato do Mestre ter se distanciado da multido e aberto um espao na gua para que
sua voz fosse refletida em direo multido, que provavelmente estava reunida num
nvel acima ao da gua, nos demonstra como Ele, o filho do Arquiteto desse universo,
utilizava as leis da acstica que seu Pai implementara ao criar nosso planeta.
Ainda assim, os nmeros parecem estar incorretos. Uma pessoa falando a alguns
milhares, sem reforo tcnico, nos parece uma incoerncia em nossos dias. Pensemos,
porm, no contexto daquele povo. Naqueles dias, fora algum que morasse ao lado de
um arteso que fundia armas e ferramentas, as fontes de poluio sonora mais incmo-
das provavelmente fossem as carroas ou brigas de patos e galinhas e os sons mais
fortes conhecidos seriam os dos troves e relmpagos.
A sociedade se modernizou, e com a industrializao, entre os tantos efeitos colaterais
do progresso, vieram os rudos das mquinas ou, mesmo, os sons das fontes de lazer
amplificados. Esta convivncia com nveis sonoros cada vez mais elevados, numa
vida muito mais ruidosa do que foi a de nossos avs ou seus pais, nos leva a compre-
ender que nossos ouvidos j no devem ser to sensveis quanto os dos que viveram
na poca de Cristo.
Observe-se, por exemplo, como a maioria das crianas de nossos dias tende a
gritar ao invs de falar. Hoje os fonoaudilogos tratam, j em crianas de 5 a 7 anos,
problemas oriundos de esforo vocal, antes vistos somente em pastores, professores e
locutores! Por qu? Porque imersos em nossa cultura de altos sons e rudos, elas, em
sua busca por ateno, sentem-se obrigadas a se expressarem com maior intensidade
para vencerem a competio. E, quando se encontram num grupo, este processo d
incio a um ciclo vicioso.
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Alm do impacto que a poluio sonora exerce em nosso sistema auditivo, nos
acostumamos com a convenincia de ouvir rdios, TVs e fontes de reproduo musi-
cal amplificados ao nvel que gostamos. A conseqncia de ouvirmos estes progra-
mas sonoros elevados e reproduzidos com qualidade, foi entendermos que estes equi-
pamentos valorizariam, tambm, nossos cultos, facilitando e trazendo maior qualida-
de transmisso da mensagem e msica. Assim, com o passar do tempo, foi se
constatando a utilidade que os equipamentos e sua tecnologia ofereciam e esses fo-
ram lentamente sendo incorporados ao culto cristo.
Houveram igrejas que no assimilaram essa tecnologia, achando que fosse des-
necessria e algumas que assumiram uma postura extrema achando que, conforme
pronunciado por um dicono, Existe um demnio em cada microfone. Houve
casos de pastores de igrejas relativamente pequenas, que no aderiram, inicialmen-
te, a este progresso, mas que acabaram tendo que ceder devido ao desgaste das
suas cordas vocais ao longo do tempo.
Portanto, entendo que existe um espao dentro do qual os sistemas de am-
plificao sonora, bem administrados e operados, tm um efeito positivo den-
tro do culto.
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O Meio a Mensagem
Vale aqui introduzirmos um conceito proposto por um dos grandes pensadores da
rea de comunicao, Marshall McLuhan, que afirmou que:
O meio a mensagem.
Expandindo este conceito para melhor compreenso eu diria: O meio se tornaou, pelo menos, caracteriza a mensagem.
Por estarmos considerando a transmisso tcnica do Evangelho, cuja aceitao
impacta o destino eterno das pessoas, obviamente no posso dizer que o conceito
de McLuhan se aplique diretamente mensagem do Evangelho, pois, por mais
aprimorados que possam ser o projeto e a qualidade dos equipamentos, eles nunca
conseguiro se eqivaler ao poder de transformao contido na mensagem divina
de salvao.
O que no podemos desconsiderar, porm, a importncia do conceito do
McLuhan no sentido de que, devido sua validade nas demais reas de comunica-
o do nosso dia-a-dia, a nossa cultura tender a associar a qualidade com que
veiculamos a mensagem do Evangelho, com a importncia que atribumos mesma,
portanto, com a sua credibilidade!
Exemplifico: Ao caminhar pela calada algum lhe coloca nas mos um pedaci-nho de papel de uns 5 cm2, no qual se v em uma fotocpia de m qualidade as
palavras:
Fique rico em 30 dias... e o resto, em letras menores, quase ilegvel.
Se no instante em que voc lesse este material, algum lhe abordasse perguntando:
Voc acredita nisto? Questes filosficas e metodolgicas parte, a sua tendncia seria
provavelmente responder: De jeito nenhum!
O que lhe teria transmitido tal impresso sem que voc tivesse sequer avaliado o
programa?
- O meio pelo qual se buscou difundir o tal mtodo.
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Incluo, neste sentido, outra ilustrao que, originalmente me impressionou quanto
importncia de levarmos a mensagem do Evangelho aos que no conhecem a Cristo.
Certa noite de chuva e neblina um motorista conduzia sua famlia de volta sua cidade
por uma estrada que passava por um presdio e logo a seguir cruzava uma ponte sobre
um brao de mar. Pouco aps passar o presdio, o corao do motorista acelerou, pois
entre a neblina percebia o vulto de uma pessoa na estrada acenando em sua direo.
O motorista rapidamente mudou de pista, porm, j a poucos metros da pessoa,
ela pulou na frente do seu veculo obrigando-o a frear bruscamente. Enquanto o
homem ensopado contornava o cap em direo janela do motorista este relembra
ter passado, h pouco, pelo presdio. Notando, porm, que as roupas do homem no
eram as de um presidirio, o motorista cria coragem para abrir uma fresta no vidro e
ouvir o que o outro, ofegante, tentava-lhe comunicar aos gritos.
Pare! No siga! preciso parar! A ponte foi abalada por uma embarcao
que se chocou contra ela! Ela veio abaixo! Eu no consegui frear a tempo e ca
no mar, mas escapei do carro e voltei at aqui para lhe avisar!
Note que, embora o homem trouxesse uma mensagem de vida ou morte para
aquela famlia, o motorista havia se empenhado em desviar-se dele e evit-lo! Por
qu? Pela sua impresso inicial de que, devido ao meio de comunicao, a relao
custo, ou, no caso, risco/benefcio no traria nada de bom para a sua famlia.
Enquanto que, naquele contexto, no havia outro meio pelo qual comunicar a mensa-
gem que preservou a famlia do desastre eminente, ns, que constitumos a igreja na socie-
dade ps-moderna, temos tanto o dever quanto o exemplo de buscarmos as formas mais
eficazes de comunicar o Evangelho. No se trata de permitir que o mundo adentre nosso
ambiente de culto, tampouco de tentarmos agregar interesse por entretenimento mensa-
gem, mas, sim, de sintonizarmos a nossa linguagem, metodologia e ferramentas tcnicas
para comunicarmos com eficcia com aqueles aos quais Deus nos incumbiu de alcanar.
O apstolo Paulo disse em 1 Cor. 9:22b:
Fiz me tudo para com todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns. (ARC)
Tremo ao imaginar que muitos que visitam nossas igrejas acabam presenciando
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um contexto no qual um voluntrio, adolescente, pouco ou mal treinado, tenta fazer
ouvida a mensagem num ambiente de acstica adequada para qualquer coisa menos
a comunicao e tendo s mos o equipamento mais barato que se conseguiu adqui-
rir (com a baixa confiabilidade que inerente aos equipamentos deste valor).
A concluso inevitavelmente alcanada pelo visitante deve ser algo assim:
Bom, se assim que eles se preocupam em comunicar a sua mensagem,
ela certamente no deve ser l de grande importncia...
Nada mais lgico, pois se a tecnologia proporciona sociedade atual uma qualida-
de sonora cada vez melhor nos meios de lazer, natural que quem adentre os nossos
cultos para ouvir uma mensagem que afirmamos ser importante, o faa na expectati-
va de ouvir um som de qualidade.
Agora, como ns que cremos em Cristo entendemos, a ponto de nisso firmarmos
nosso destino eterno, a concluso qual o visitante acima chegou representa um
lamentvel engano. Porm o mais lamentvel aspecto deste engano, que provavel-
mente fomos ns os responsveis por induzir os que visitam nossos cultos a
alcanarem esta concluso cujo desfecho potencial seria a perda de uma
grande oportunidade de salvao.
Descaso ou Desconhecimento?
Apesar da Bblia ser clara em dizer que a F vem pelo ouvir da Palavra, na
prtica, o som e a acstica parecem apenas ser considerados aps ser construdo
o salo, dado o acabamento esttico, provisionadas as cadeiras ou bancos e as-
sim por diante.
Isto traz mente as palavras do engenheiro canadense, Joe DeBuglio, que acu-
mula experincia superior a vrias centenas de projetos, D vontade de se pergun-
tar se na verso da Bblia deles a f vem pelo assento, ou seja, pelo assentar em
bancos confortveis...
A sonorizao ao vivo, requer a aplicao de conceitos provenientes de at 7 reas
de conhecimento para que se produza um som de qualidade, (Arquitetura, Acstica,
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Msica, Eletrnica, Eltrica, Fsica, Relaes Interpessoais). Ou seja uma bagagem
de conhecimento que no se adquire intuitivamente.
Talvez por se desconhecer esta complexidade, em muitas de nossas igrejas a po-
breza do som e da imagem se devem ao fato do suporte tcnico ser relegado ao
acaso. Mais especificamente, muitos se iludem, quando pensam em investir em equi-
pamento tcnico, achando existir alguma economia em no contratarem consultoria
e projeto ao contrrio do que naturalmente feito quando se buscam os servios de
um engenheiro para desenvolver o projeto estrutural.
Qualquer pessoa compreende o perigo de vida em se deixar que os elemen-
tos estruturais de um salo de culto sejam determinados por uma pessoa no
qualificada.
Agora me parece que nosso inimigo espiritual tem obtido amplo sucesso em
cegar a maioria dos evanglicos para o fato de que se no houver um competen-
te projeto acstico, de sonorizao, iluminao e imagem, estar se crian-
do o potencial de um salo com uma conjuntura eletroacstica e visual na qual
muitos dos que ali se congregarem, no conseguiro compreender a mensagem
transmitida. Mas isso no resulta na perda de vida nesta esfera terrestre, mesmo com
um edifcio mal projetado.
O que preocupa, porm, que uma conseqncia ainda maior pode estar passan-
do desapercebida, pois a m compreenso da mensagem do Evangelho, ou o ser
induzido a tomar a mesma como de pouca relevncia, impacta no somente esta
vida como todo o destino eterno das pessoas. Pois nestas circunstncias os
ouvintes at foram expostos verdade, mas no a compreenderam ou a valorizaram
devidamente por se encontrarem num salo de culto disfuncional.
Eis alguns exemplos do que a reverberao ou mltiplas chegadas do mesmo som
emitido por diversas fontes sonoras pode fazer:
Ao invs de:
O texto est alegando a veracidade bblicaEntende-se:
O texto est NEGANDO a veracidade bblica
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Ao invs de:
essencial o arrependimento de tal pecadoEntende-se:
essencial o PRENDIMENTO AO tal pecadoAo invs de:
O pastor aprecia o empenho dos diconos na congregaoEntende-se:
O pastor aprecia o empenho DO DIABOLOS na congregao
Enquanto estes exemplos podem parecer humorsticos primeira vista, a triste
realidade que entre os milhes de palavras proferidas semanalmente nos sales de
culto neste pas, devido m sonorizao e acstica, uma porcentagem significativa
de conceitos bblicos podem estar sendo mal entendidos
A Palavra de Deus caracteriza errarmos o alvo, ou propsito divino, como pecado.
Creio que nosso inimigo espiritual tenha alcanado um grande sucesso ao fazer com
que a expressiva maioria de nossas igrejas tenham sido erigidas ou aproveitadas de
sales j existentes, sem que fosse dada a menor considerao s condies prticas
de utilizao do espao.
Lamentavelmente, preocupaes estticas parecem sempre assumir um nvel de
prioridade superior s funcionais, esgotando os recursos que poderiam ser emprega-
dos para prover qualidade no uso do local e as reas tcnicas acabam relegadas a se
virarem com qualquer coisa.
Estou exagerando? Penso que no.
Observemos como Deus foi extremamente minucioso na instruo dos mnimos
detalhes das edificaes que foram construdas para seu culto.
O Tabernculo no Deserto (NVI)
xodo 311 - Disse ento o Senhor a Moiss:
2 - Eu escolhi Bezalel... da tribo de Jud,
3 - e o enchi do Esprito de Deus, dando-lhe destreza, habilidade e plena capa-
cidade artstica
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4 - para desenhar, e executar trabalhos em ouro, prata e bronze,
5 - para talhar e esculpir pedras, para entalhar madeira, e executar todo o tipo de
obra artesanal.
Deus escolheu e equipou um servo seu para que a Sua casa fosse edificada com
excelncia.
O Templo em Jerusalm (NVI)
Observe-se que quando Davi quis construir o templo para o Senhor, Deus no
o permitiu, isso deve, no mnimo, nos indicar que Deus possui qualificaespara aqueles que assumem a responsabilidade de edificar um local parao seu culto. Em 1 Crnicas 28 David transfere a incumbncia da construo aoseu filho Salomo:
11 - Ento Davi deu a seu filho Salomo a planta do prtico do templo, dos seus
edifcios, dos seus depsitos, dos seus andares superiores e suas salas, e do lugar do
propiciatrio.
12 - Entregou-lhe tambm as plantas (o modelo J.F.A.R.A.) de tudo o que oEsprito havia posto em seu corao acerca dos ptios do templo do Senhor e de
todas as salas ao redor acerca dos depsitos dos tesouros do templo de Deus e dos
depsitos das ddivas sagradas;
13 - Deu lhes instrues sobre as divises dos sacerdotes e dos levitas, e sobre
a execuo de todas as tarefas no templo do Senhor e os utenslios que seriam
utilizados.
14 - Determinou o peso do ouro para todos os utenslios de ouro, e o peso da prata
para todos os utenslios de prata que seriam utilizados nas diferentes tarefas. [...]
19 - Disse Davi a Salomo: Tudo isso a mo do Senhor me deu por escrito
e ele me deu entendimento para executar todos esses projetos.
Observe que foi o Deus, que a Bblia diz conhecer o nmero de cada fio de nossos
cabelos, que instruiu a Davi com respeito a todos os detalhes acima. E no me consta
haver nenhuma passagem na qual Deus tenha se abdicado deste cuidado em tempos
posteriores ou nos dispensado de sermos igualmente cuidadosos com o local e atribui-
es das funes que ali transcorrem no tempo que separamos para cultu-Lo.
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Ser que as palavras realadas em negrito no texto refletem o cuidado com as instala-
es de infra-estrutura, equipamentos, ou operadores que servem nos cultos de nossas
igrejas hoje? Creio que na vasta maioria das vezes a resposta ir revelar o quanto nos
distanciamos do propsito de Deus para a excelncia nos locais em que Ele cultuado.
No quero com isto ignorar a soberania de Deus, tampouco a Sua capacidade de
alcanar os perdidos e muito menos busco super valorizar a tecnologia e sua aplica-
o em nossos cultos. O que deve ser considerado, porm, que, Deus nos esti-
mula excelncia.
Fica a pergunta: ao gerenciarmos os recursos que Ele nos prov, atravs de
ofertas, freqentemente sacrificiais, do seu povo, estamos investindo estes recur-
sos responsavelmente? Estamos investindo adequadamente para que o som, a
acstica e a iluminao dos nossos sales de culto, efetivamente auxiliem na trans-
misso da mensagem ao invs de detrarem da mesma?
Tambm no minha inteno transmitir a idia de que ferramentas tcnicas sejam
essenciais ou imprescindveis comunicao do Evangelho em todas as nossas comu-
nidades, ou ainda, que todas as congregaes, independente de sua localizao, de-
vam possuir os melhores equipamentos disponveis no mercado.
Um dos dirigentes de louvor de nossa igreja viveu a singular experincia de louvar
a Deus no estdio do Morumbi numa recente apresentao do Michael W. Smith e,
dois finais de semana mais tarde, encontrar-se no extremo norte do nosso pas minis-
trando sobre o louvor numa aldeia indgena.
Eu lhe perguntei como ele definia este contraste, de ter se deslocado da experincia
de louvor no topo da tecnologia de sonorizao (tcnica musical e qualidade profissio-
nal) para o extremo oposto, praticado por uma das culturas mais primitivas de nosso
pas. Pois aps ter pessoalmente participado da marcante experincia de louvor e ado-
rao no Estdio do Morumbi, eu acreditei que mesmo entre estes extremos, na busca
sincera do homem por cultuar ao seu Deus, teria que correr um fio comum.
Sua resposta foi que quando os ndios buscavam introduzir os elementos musi-
cais que lhes eram novos (violes, guitarras, etc.) a qualidade resultante era sofr-
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vel, porm, quando cantavam capela as msicas que lhes eram mais familiares,
notava-se nitidamente o fluir do esprito de louvor, de maneira semelhante ao que
havamos presenciado no show do Michael Smith. Ou seja:
Quando o meio de expresso/comunicao era coerente com a realidade da cultu-
ra, o louvor flua sem impedimentos.
A partir desta experincia, portanto, entendo o seguinte: Os sistemas de apoio e
transmisso tcnica tm sua importncia, chegando a ser prioritrios em nossasigrejas, a partir do momento que buscamos atingir uma sociedade habituada a rece-
ber as informaes por meio dos canais de comunicao eletrnica
Segundo McLuhan o meio a mensagem, as pessoas iro associar a qualidade
dessa transmisso com a importncia da mensagem. Encontro a validao bblica deste
conceito nas palavras j vistas do apstolo Paulo:
1 Cor 9.22b (ARC)
Fiz me tudo para com todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.
Definindo Qualidade
Creio que uma avaliao conscienciosa dos propsitos da nossa igreja, inserida
na sociedade ps-moderna, evidencie a necessidade de investimentos para que
comuniquemos efetivamente com nossa gerao, que no somente est acostuma-
da a assimilar a comunicao pelos meios eletrnicos, como tambm a atribuir a
seriedade do contedo da comunicao a partir da qualidade pela qual a men-sagem veiculada.
Aproveitando o conceito de propsitos, vem mente as seguintes palavras:
Invista no melhor sistema de som que voc puder comprar. Se estiver tentando
cortar custos, economize em outra rea, no seja po-duro em relao ao som. Cres-
cemos quinze anos sem um prdio prprio, mas sempre tivemos um sistema de som
de altssimo nvel.
No importa quo persuasiva a mensagem se as pessoas no podem ouvi-l de
forma agradvel. Um sistema de som sem potncia pode limitar o msico mais bem
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dotado e incapacitar o pregador mais capaz. Nada pode destruir o ambiente santo
mais rpido do que uma microfonia no meio da reunio.
Quem disse isto? Um engenheiro de som? Um msico?
No, um dos cones evanglicos dos nossos dias na comunicao do Evangelho socie-
dade... Dr. Rick Warren, na pgina 260 do seu livro Uma Igreja Com Propsitos.
A qualidade deve ser coerente com a cultura da sociedade a quem ministramos.
Vale considerar que, em nossa sociedade, a qualidade tcnica da comunicao em
massa ganha acesso ao povo mais simples, por meio das antenas de dezenas de
milhares de barracos dos menos favorecidos. Portanto, menosprezar a qualidade na
divulgao do Evangelho, mesmo em regies desfavorecidas, estar potencialmente
transmitindo a imagem de um Evangelho de qualidade inferior para os muitos que se
recusarem a aceit-lo nestas reas.
No contexto global da igreja evanglica brasileira, aps ter observado atentamente
por vinte e cinco anos, atribuo a baixa qualidade a:
- operadores destreinados;
- equipamento de categoria inferior (ou mal projetado para a funo);
- alm da acstica disfuncional nos espaos separados para a adorao corporativa
de Deus, entendo porque h quem questione a validade de introduzirmos os ele-mentos tcnicos no nosso culto. E se levarmos em conta as tantas igrejas nas quais os
sistemas mal projetados ou instalados se tornam fontes de distrao da mensagem,
ao invs de difuso da mesma, entenderemos o porqu de quem rejeite sua intro-duo em nosso culto a Deus.
Visto, porm, que o modo pelo qual nossa sociedade costuma receber a comunica-
o torna legtimo o emprego (correto) destas ferramentas tecnolgicas, ao invs de
questionarmos a validade das mesmas nas igrejas, nos cabe considerar o seguinte:
Como podemos produzir nestes sistemas uma qualidade da qual o Evangelho digno - que no apenas propicie, mas potencialize a compreenso da mensagem?
Reitero: o conceito de se apresentar o Evangelho por meio de sons e imagens de
qualidade no se embasa num ftil esforo de agregar valor ou atratividade por
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entretenimento mensagem, mas, sim, de no sermos responsveis pordetrairmos de sua relevncia ao exp-la sociedade com qualidade inferior quelaque sua vital importncia digna.
Primeiramente deve ficar claro que nossa preocupao com a qualidade deve se esten-
der alm do imprescindvel cuidado com a fidelidade bblica, estendendo-se inclu-sive alm da habilidade do pregador. Vale lembrar que apenas proclamar o Evangelho
no garante que a vontade de Deus ser aceita Por melhor que seja o mensageiro!
A Bblia est repleta de ocasies em que o prprio Deus falou, porm aqueles a
quem Ele dirigiu Sua palavra no a aceitaram! Zacarias 7:11-12 nos relata um exem-
plo e suas conseqncias: (ARA)
11 - Eles, porm, no quiseram atender e, rebeldes, me deram as costas e ensur-deceram os ouvidos, para que no ouvissem.
12 - Sim, fizeram o seu corao duro como diamante, para que no ouvissem alei, nem as palavras que o SENHOR dos Exrcitos enviara pelo seu Esprito, mediante
os profetas que nos precederam; da veio a grande ira do SENHOR dos Exrcitos.
O ensurdecimento voluntrio uma das razes pelas quais a Palavra de Deusno ouvida e no gera o seu fruto. Esta reao obviamente no ser cobrada dequem a proclama. Existem, porm, outras causas da Palavra no produzir fruto que
decorrem diretamente do modo de proclamao!
A parbola do semeador, em Marcos 4, nos revela o seguinte : (ARA)
14 - O semeador semeia a palavra.
15 - So estes os da beira do caminho, onde a palavra semeada; e, enquanto a
ouvem, logo vem Satans e tira a palavra semeada neles.
H mais de 2 mil anos, Cristo nos advertiu de que distraes podem roubar a men-
sagem de Deus da mente das pessoas presentes num culto ou reunio. A questo :
O que ns, da igreja de Cristo, estamos fazendo para que haja um mni-
mo destas distraes durante os poucos momentos semanais em que nos
reunimos para ouvir a Palavra de Deus?
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A conseqncia extrema, porm muito real, que resulta da desateno maneira
em que Sua mensagem apresentada pode ser compreendida a partir do texto de
Romanos captulo 10: (NVI)
14b - como crero naquele de quem no ouviram falar?
Versculo 17
17 - a f vem por ouvir a mensagem, e a mensagem ouvida mediante a palavrade Cristo.
Ou seja: A F vem pelo ouvir da Palavra
Entendo que a parbola dos talentos abre o potencial de sermos
responsabilizados por como administramos as oportunidades que Deus nos con-
fia. A conseqncia da desateno qualidade com que o Evangelho procla-
mado, que muitos no ouviro (ou no ouviro com inteligibilidade) e, por
no ouvirem, permanecero debaixo da condenao eterna por razes que po-
dem ser atribudas, no aos ouvintes, mas, sim, a ns os incumbidos de trans-mitir a mensagem!
Em sua primeira carta aos Corntios, captulo 14, o apstolo Paulo comenta a
importncia de clareza para que haja compreenso na transmisso da Palavra. Oversculo 6: (NVI)
6 - Agora, irmos, se eu for visit-los e falar em lnguas, em que lhes serei til, a
no ser que lhes leve alguma revelao, ou conhecimento, ou profecia, ou doutrina?
7 - At no caso de coisas inanimadas que produzem sons, tais como: a flauta ou
a ctara, como algum reconhecer o que est sendo tocado, se os sons noforem distintos?
8 - Alm disso, se a trombeta no emitir um som claro, quem se preparar paraa batalha?
9 - Assim acontece com vocs. Se no proferirem palavras compreensveiscom a lngua, como algum saber o que est sendo dito? Vocs estarosimplesmente falando ao ar.
10 - Sem dvida, h diversos idiomas no mundo; todavia, nenhum deles sem sentido.
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11 - Portanto, se eu no entender o significado do que algum est falando,
serei estrangeiro para quem fala, e ele, estrangeiro para mim.
claro que Paulo, na poca, no se referia sonorizao, porm h verdades
contidas aqui que no podem ser ignoradas ao considerarmos a qualidade na trans-
misso tcnica do Evangelho.
Reitero que no menosprezo a capacidade ou soberania de Deus para alcanar
um pecador e faz-lo compreender e arrepender-se do seu pecado sem qualquer
participao de elementos tcnicos.
Estou certo que muitas pessoas podem testemunhar de como foram alcanadas
pela graa e misericrdia de Deus apesar de estarem fugindo, dando as costas, ou,
ainda, se encontrarem no pior lugar imaginvel para ouvirem a Palavra de Deus
assim como ocorreu com um bbado que, cado na sarjeta, encontrou o pedao
rasgado de um folheto evangelstico que transformou a sua vida.
Porm, enquanto creio que a graa e misericrdia de Deus so plenamente suficientes
para alcanar um ser humano em meio s piores condies imaginveis para a comuni-
cao, isto, de forma alguma, nos isenta da nossa responsabilidade de prezarmos pela
qualidade na transmisso da mensagem que custou a Deus a vida do seu Filho!
Devemos, portanto, dedicar a devida ateno qualidade com a qual estamos trans-
mitindo a mensagem vital da Palavra de Deus que a nica que tem garantia deproduzir frutos de vida como nos diz Isaas 55:11: (ARA)
11 - assim ser a palavra que sair da minha boca: no voltar para mim vazia,mas far o que me apraz e prosperar naquilo para que a designei.
Alm das leis da fsica e acstica que regem um som de qualidade serem pouco
conhecidas e permeadas por um monte de folclore acstico, existem dezenas de
fabricantes de equipamentos com dezenas de modelos e a acirrada competio faz
com que novos lanamentos surjam o tempo todo.
Creio que isto ilustra o porqu de algum, por mais bem intencionado que seja, ter
poucas chances de acertar na sonorizao de um salo de culto, sem o auxlio de um
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profissional experiente na rea. Ao invs de economia, o faa-voc-mesmo resultar em
decepo e desperdcio.
Uma igreja de renome contratou um projeto de uma empresa que faz sonorizao
de shows e acabou gastando algo em torno de 70 mil reais em amplificadores e
caixas de som. Os operadores logo perceberam que o projeto estava errado e tenta-
ram sua prpria soluo, o que tambm no resolveu.
Aps quase um ano de frustrao fui chamado para remendar a situao com o
equipamento existente. Apesar de serem caixas que eu nunca escolheria para sonorizar
um salo de culto, conseguimos lhes proporcionar um som de qualidade desligando
parte do equipamento e dispondo as caixas numa posio mais adequada.
Neste caso especfico tiveram sorte, ou mais corretamente, a misericrdia divina,
porm fico a imaginar o quanto de recursos sacrificialmente levantados no so des-
perdiados em equipamento no adequado em igrejas nas quais poderia se ter
feito melhor com menos.
Como disse um consultor experiente, o processo de se projetar um sistema de som
pode ser definido como
A fina arte das concesses
Somente um profissional experiente nas atividades dos nossos cultos, e conhecedor
dos equipamentos disponveis nos mercados nacional e estrangeiro, poder tomar as
decises de onde empregar os recursos na medida correta, e onde economizar.
Quem bem sucedido nesta fina arte das concesses alcana uma equao de
qualidade, na qual os recursos da congregao proporcionam o melhor para o seu
contexto especfico, atendendo, assim, a expectativa da comunidade e provendo-
lhe a qualidade da qual a mensagem que transforma destinos eternos, digna.
Em suma, no contexto de uma igreja, um sistema de som e imagem de qualida-
de, aquele que atende s necessidades da congregao com qualidade,
confiabilidade e alguma flexibilidade. Ou seja, sem chamar ateno a si mesmo
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por rudos como chiados, estalidos e roncos, interrupes, microfonias ou sons
muito altos, baixos ou distorcidos.
A palavra chave aqui a transparncia. Todos os lugares da congregao devem
poder ouvir e enxergar sem esforo e, idealmente, sem perceber que o som faa parte
do processo de comunicao.
Ainda outro elemento que incluirei brevemente, a falta de transparncia do siste-
ma de som quando o mesmo empregado como ferramenta de manipulao dos
ouvintes em pseudo-igrejas.
H locais que bombardeiam seus fiis com nveis prejudiciais audio, fazendo
disparar o mecanismo de reao de luta ou fuga, que libera a adrenalina fazendo com
que as emoes dos inocentes sejam estimuladas com maior facilidade.
Em troca do qu?
1. Provavelmente uma busca por maior poder de convencimento
2. Em muitos casos conseguir maior contribuio financeira por meio das emo-es estimuladas
Mas, certamente, nada que Deus ir abenoar, e, alm da justia divina lhes cobrar por
esta manipulao, ainda sero responsabilizados pelo dano audio dos adultos e, - mais
tragicamente - das crianas conduzidas pelos seus pais a estes locais de abuso sonoro.
Como ESTAMOS comunicando?
A F vem pelo ouvir da Palavra, mas o que acontece em nossas igrejas?
Embora o suporte tcnico ao Evangelho tenha este enorme potencial tanto para a
difuso, ou comunicao da Palavra, quanto para a distrao da mesma, lamen-tavelmente, em tantos casos que parecem constituir a maioria e no as excees,
vemos a rea tcnica sendo tratada como se fosse um mero passatempo ou hobby
de fim de semana ignorando completamente as conseqncias eternas que podem
resultar de uma no compreenso da mensagem do Evangelho.
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Apesar de estarmos inseridos numa sociedade na qual reagimos s informaes segun-
do o conceito de que O meio a mensagem na maioria dos casos, entidades secularesesto conseguindo levar suas mensagens vazias e ilusrias com uma qualidade superiorquela que ns dedicamos transmisso da mensagem vital do Evangelho.
No pretendo espiritualizar esta questo, porm no creio que seja exagero dizer que:
Nossa falta de preparo e investimento nesta rea tcnica tem sido tama-
nha a ponto de ser uma ferramenta na mo do inimigo!
Vimos no texto de 1 Crnicas 28 as instrues detalhadas que Deus transmitiu a
Davi sobre a edificao do Templo. Ali aparecem palavras como planta, modelo,
divises, tarefas, utenslios, peso, projetos.
Creio ser coerente raciocinar que, por:
Se Deus criou este universo to fantasticamente complexo, a partir do
nada, por meio de sua Palavra, Ele no tinha a menor necessidade de se
valer de projetos para a construo de qualquer estruturazinha a ser
edificada por mos humanas que fosse.
Portanto, se em sua Palavra revelada Ele se preocupou em registrar estes elemen-
tos, para que ns atentssemos para a importncia de processarmos estes detalhes
quando nos empenhamos em Lhe edificar um local de culto.
Aps uma dcada de envolvimento com projetos de sonorizao para igrejas, fica
muito claro que a expressiva maioria daqueles a quem recai a responsabilidade de
edificarem um local de culto, no tem idia daquilo que necessrio para que as
funes de suporte tcnico possam ali ocorrer com qualidade.
E embora d para entender que esta incoerncia surja no meio de voluntrios que,
de bom corao, buscam servir a sua comunidade apesar do seu limitado conheci-
mento na rea tcnica, constitui um retrato da pobreza da educao brasileira, quan-
do vemos que profissionais formados como engenheiros e arquitetos so pagos para
construrem sales disfuncionais nos quais a acstica e os servios de suporte tcnico
no recebem a considerao necessria.
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Ainda pior que os erros na construo e projeto implicam na multiplicao dos
custos posteriores apenas para se remendar o que poderia ter sido feito direito no incio.
Agora, se formos analisar a rigor, as igrejas tambm tm sua parcela de culpa, pois
o mnimo que se deveria fazer consultar com clientes anteriores destes profissionais,
perguntando queles que operam os sistemas tcnicos se os sales atendem sfunes de sonorizao, acstica e boa visualizao de imagens e textos projetados,
alm da bvia iluminao, ventilao e esttica.
Voltando ao postulado de McLuhan, do mesmo modo que vlida a idia de que o
meio pelo qual se apresenta a mensagem caracteriza a mesma, podemos afirmar que:
A forma impe, ou limita, a funo
e este princpio que descreve a triste realidade de um vasto nmero de sales de
culto neste pas que j, a partir da sua forma, so disfuncionais - sem sequer
chegarmos a considerar os sistemas sonotcnicos que neles so inseridos. E como
esta disfuno impacta o meio pelo qual a mensagem transmitida, podemosconcluir que aquilo que ali exposto, , no mnimo, tomado como sendo de pouco
valor, quando no chega aos ouvintes de forma no inteligvel.
Voltando ao fator desconhecimento, comum algumas igrejas me procurarem al-
guns dias ou semanas antes de darem incio fase de acabamento para que sejam
quebradas as paredes e lajes para neles embutir os dutos que conduziro os sinais.
Uma vez me telefonaram no dia anterior ao que iriam concretar a laje piso de um
salo de culto apenas para perguntar qual o dimetro do tubo que seria grande o
suficiente para acomodar todos os cabos...
Imagine qual no foi a surpresa deles quando, aps sondar suas necessidades
imediatas e flexibilidade para expanses futuras, acabei indicando uma infra-estrutu-
ra de 12 dutos interligando 4 reas de suporte tcnico claro que houve um trans-
torno na obra adiando o servio na laje por alguns dias enquanto eu corria com o
projeto em carter de urgncia mxima... Naquela ocasio eu tive como atend-los,
mas no so raras as ocasies em que isto impossvel.
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Isto nos traz pergunta: Em que etapa da construo deve-se contatar um profis-
sional em sonorizao?
A resposta : nenhuma.
O ideal para a economia, qualidade e esttica, que as funes que propiciem uma
boa acstica e infra-estrutura para servios tcnicos sejam considerados na poca em que
se planeja adquirir um terreno para a construo.
Se o terreno j foi adquirido, pelo menos, antes que se defina a planta, pois, seno houver a considerao destes elementos quando a mesma for elaborada, o pro-
fissional que fizer o projeto eletroacstico estar engessado pelo formato do salo
(elaborado por quem, muito provavelmente, no tem conhecimento de som e acs-
tica) e ser limitado a oferecer medidas paliativas. Entretanto, custar cerca de 4
vezes mais para remendar do que fazer direito desde o inicio.
Apenas para ilustrar, considere o que fica mais barato:
- Definir o ngulo correto de uma parede na planta, ou derrubar a mesma aps construda?
- Estabelecer um p direito adequado para cobrir a congregao com uma ou duas
caixas suspensas e centralizadas, ou ter que distribuir um monte delas pelo teto ou
paredes num salo muito baixo?
- Prover superfcies com formas adequadas acstica ou ter que recobrir superfci-
es recm construdas com caros materiais acsticos?
No ano passado minha igreja me apresentou um anteprojeto para o nosso novo
salo e eu imediatamente devolvi um anti projeto, corrigindo o formato do salo
para uma disposio que nos proporcionou uma funcionalidade e acstica superior.
Felizmente por ter sido procurado antes de definirem a planta, houve tempo para
alterarmos as coisas e a igreja acatou maioria das recomendaes.
Como DEVEMOS comunicar?
Embora a Bblia no contenha referncias especficas tecnologia, devido poca
de sua autoria, certamente no podemos ignorar que nosso Deus - o Engenheiro e
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Arquiteto deste universo - nos instrua a buscarmos o melhor! Vejamos alguns
textos bblicos:
Tudo que fizerem, faam de todo o corao, como para o Senhor, e no para os homens,(NVI) Colossenses 3.23
Tudo quanto te vier mo para fazer, faze-o conforme as tuas foras...
(ARA) Eclesiastes 9.10
Vocs no sabem que dentre todos os que correm no estdio, apenas um ganha o
prmio? Corram de tal modo que alcancem o prmio.
(NVI) 1 Corntios 9.24
O que trabalha com mo remissa empobrece, mas a mo dos diligentes vem a enriquecer-se.(ARA) Provrbios 10.4
Certamente devemos nos preocupar com a qualidade!!!
Tem uma frase do Pr. Charles Swindoll que me marcou desde o dia que li num dos
seus textos devocionais. Ela diz assim:
A diferena entre um servio regular e um de excelncia consiste de detalhes
- obviamente daquilo que alguns considerariam meros detalhes nunca saindo,
portanto, do regular...
Fico imaginando quantos investimentos em detalhes imprescindveis qualidade
tcnica no foram vetados por administradores de nossas igrejas por serem tachados
de meros detalhes?
Vimos como a Bblia especfica no registro dos detalhes das instrues de Deus
que propiciaram a qualidade das edificaes dedicadas ao seu culto. Por brevidade
destaquei apenas dois dos extensos textos do Velho Testamento, que dizem respeito
habilidade dos profissionais e ao projeto, elaborado pelo prprio Deus, exemplificando
a importncia dos detalhes nos locais que seriam dedicados a Lhe cultuar.
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A Bblia registra outros exemplos da ateno divina a detalhes, como na cons-
truo da arca de No e da arca da promessa. Pergunte a um mdico ou bilo-
go sobre o vasto nmero de detalhes que Deus implantou em Seu projeto do ser
humano e da interdependncia de tantas quantidades minsculas de elementos
qumicos envolvidos nos processos que transcorrem continuamente para garan-
tir a homeostase essencial nossa sade. No h como negar que o nosso
Deus um Deus detalhista, e cabe-nos cultu-lo em coerncia com esta caracte-
rstica de sua Pessoa!
Enquanto a Bblia ensina que esse Deus detalhista o mesmo ontem, hoje e para
sempre, percebo haver uma imensa lacuna entre a ateno a detalhes funcionais
(no apenas estticos) e a qualidade instruda por Deus no tocante s edificaes
histricas de culto e a realidade dos locais em que hoje congregamos.
Entendo que, hoje, essa qualidade se evidencia atravs de elementos como o som,
acstica, iluminao, ventilao e espao fsico para o suporte tcnico. Esses detalhes pro-
porcionam melhores condies de assimilao da mensagem que ali transmitimos, de-
monstrando, assim, coerncia com a nossa inteno de que a mesma seja aceita.
Portanto, preocupa o fato de que em muitos sales de culto, estamos aqum da qualida-
de exemplificada por Deus em sua Palavra. Reconheo que existem circunstncias nas
quais igrejas no tm recursos para fazer o ideal, e outras at os tm, porm no encontram
o local para alugar ou um terreno em que construir, porm fica a questo:
Se Deus no poupou o Seu prprio Filho para que a Mensagem da Salvao existis-
se, seria coerente com a Sua Pessoa reter os recursos para que esta Mensagem seja
transmitida com uma qualidade que a apresente como digna de aceitao perante a
nossa sociedade?
Se faltam recursos, ser que Deus no est usando desta situao para ensinar
algo comunidade em questo?
Estou certo que existem casos nos quais Deus proporciona os recursos, porm
outros elementos so priorizados em detrimento daqueles que proporcionariam
maior funcionalidade.
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Errar o alvo traduzido por pecado, e, neste caso especfico de menosprezar a
qualidade do suporte tcnico, um pecado que tem o potencial de impactar o destino
eterno dos que nos visitam, habituados com o conceito de que o meio a mensagem.
A Bblia tambm deixa evidente que a qualidade no se limita apenas aos detalhes
arquitetnicos, mas abrange as prticas que ali se realizam - como a msica.
Quenanias, o chefe dos Levitas, ficou encarregado dos cnticos; essa era a sua
responsabilidade, pois ele tinha competncia para isso.(NVI) 1 Crnicas 15.22
Entoai-lhe novo cntico, tangei [ou tocai] com arte e com jbilo.(ARA) Salmos 33.3
Vejam a definio da palavra arte que muitas vezes em nossos dias e cultura
usada como desculpa por baixa qualidade...
ARTE: s. f. 1. Conjunto de regras para dizer ou fazer com acerto alguma
coisa. 2. Conjunto de prescries de um ofcio ou profisso: A. nutica. 3.
Saber ou percia em fazer uma coisa. 4. Expresso de um ideal de beleza,
concretizado em qualquer obra de gnero artstico. 5. Conjunto das obras
artsticas de uma poca, de um pas. 6. Dom, habilidade, jeito. 7. Ofcio,
profisso. 8. Maneira, modo. 9. Traquinada, travessura.
Visto como estamos comunicando e como devemos comunicar pensemos em como
podemos comunicar.
Como PODEMOS comunicar?
Jesus disse aos seus discpulos em Joo 14:12: (NVI)
Digo-lhes a verdade: Aquele que cr em mim far tambm as obras que tenho realizado.
Far coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo para o Pai.
1. Em vrias ocasies temos registrado que Jesus falou a multides de alguns milhares depessoas. Porm, hoje, atravs da tecnologia de rdio, TV e internet, temos condies de
alcanar milhes de ouvintes ao mesmo tempo!
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Naquela poca caminhava-se a p, por dias, para se chegar de um pas ao outro.
Hoje, pela internet, uma mensagem missionria pode ser transmitida em segundos e
lida por todos do planeta que tenham acesso a este servio - inclusive por povos em
pases onde proibida a divulgao pblica do Evangelho!
2. Nos sermes do monte e do lago Genesar, Cristo demonstrou sua sabedoria aoposicionar-se de modo que a acstica do local favorecesse a transmisso de sua voz.
Hoje, embora poucos conheam ou se aproveitem disto, h como se construir sales de
culto nos quais a acstica no seja prejudicial compreenso da mensagem.
3. Quando Cristo terminava as suas prelees, estas persistiam somente nos coraesdaqueles que as ouviam e, quando relatadas de uma pessoa para outra, havia sempre o
potencial da mensagem no ser to fiel quanto original. Hoje temos condies de
gravar uma pregao para que seja ouvida dezenas de vezes com total fidelidade.
Estas gravaes so teis como mensageiras que conduzem a Palavra de Deus queles
que esto enfermos, os quais em seus momentos de maior necessidade, podem ouvi-las em seus lares ou em leitos hospitalares. Elas tm tambm, aplicao missionria, pois
muitos descrentes, que se recusariam a por os ps numa igreja, aceitariam ouvir uma grava-
o em seu lar sendo assim alcanados pela mensagem do Evangelho. E na nossa socieda-
de em que o trabalho de muitos profissionais os obriga a se deslocarem para outras cidades
e regies das que moram, estas gravaes podem preencher o tempo vazio do traslado com
o enriquecedor contato com a Palavra de Deus.
Qualidade, Flexibilidade e Economia resultam de um Projeto
Obviamente a implantao de um ambiente com acstica propcia comuni-
cao e gravao da mensagem falada e cantada, com sistemas integrados de
sonorizao, gravao, e transmisso via internet, no ocorre aleatoriamente e
nem com os equipamentos mais baratos que se pode encontrar no mercado.
Para haver esta funcionalidade e uma relao custo/benefcio na qual os investi-
mentos so dosados estrategicamente entre os equipamentos, para proverem a me-
lhor qualidade e confiabilidade dentro dos recursos disponveis, se faz necessria a
aplicao da fina arte das concesses ou seja, um projeto.
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Infelizmente, a realidade nos mostra que muitas igrejas acabam tendo seus investi-
mentos dirigidos:
1. Pelo interesse dos voluntrios encarregados de controlar o equipamento;
2. Por lojistas interessados em dar vazo ao seu estoque;
3. Por pastores que pouco entendem dos princpios tcnicos, e que no recebemsequer os conceitos mais bsicos dos mesmos no seu treinamento apesar do poten-cial impacto positivo ou negativo que isto exercer em seu ministrio e nasfinanas da igreja sob sua autoridade;
4. Por profissionais de outras reas de sonorizao (shows, ou casas noturnas) nosquais os propsitos diferem em muito daquilo que precisamos em nossos sales de
culto para que o som seja fonte de beno e no frustrao;
5. Podemos ainda acrescentar a estes outros tantos como, por exemplo, a estticapela qual muitos engenheiros e arquitetos fornecem sales disfuncionais s igrejas
que lhes procuram.
O resultado que, mesmo em igrejas na Amrica do Norte, uma cultura onde se
tem acesso muito maior a informaes tcnicas, a maioria das igrejas acaba desper-diando seus recursos em 4 sistemas de som antes de finalmente adquirir um queatenda suas necessidades e expectativas com qualidade.
Tambm importante salientar que ao nos referirmos a projeto no estamos pen-
sando numa mera lista de compras de equipamentos, mas a um estudo especfico
que envolve:
1. O formato do ambiente de culto,(preferencialmente iniciado em tempo de poder orientar quanto ao formato
mais propcio a uma boa acstica);
2. A compreenso daquilo que a comunidade quer e a exposio de potentestecnologias para expandirem seus ministrios, se assim desejarem;
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3. A melhor localizao dos ambientes de controle para cada uma das funes tc-nicas a serem realizadas;
4. A distribuio da cabeao apropriada para prover estas funes com flexibili-dade para expanso;
5. A indicao dos equipamentos;
6. A implantao dos sistemas;
7. A orientao daqueles aos quais ser confiada a operao dos mesmos.
E, conforme j comentado, para que estes sistemas se integrem de forma ideal
sua comunidade importante que este projeto seja feito por quem tenha experincia
comprovada em sonorizao de igrejas.
Inimigos No To bvios deUm Som de Qualidade
Alm das consideraes tcnicas e acsticas abrangidas por um projeto, existem trs
inimigos de um som de qualidade, cujas dificuldades no sero sanadas por um projeto
por mais competente que seja o projetista.
Neste contexto, a soluo requer mudanas de paradigma nas primeiras duas reas,
sensibilidade e sabedoria na terceira:
A rea Administrativa
Ao fornecer suporte audiovisual dentro do espao reservado para cultuar a Deus,
estamos provendo veculos para um contedo que impacta a mente, o esprito e as
emoes com dinmicos conceitos divinos que detm o singular potencial de trans-
formar vidas e alterar o destino eterno das pessoas.
Este precioso contedo no pode ser relegado a um tratamento tcnico aleatrio, incon-
seqente que dependa da sorte, ou, mais corretamente, de intervenes contnuas da mise-
ricrdia divina, para que a mensagem chegue com inteligibilidade aos seus destinatrios.
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Requer, sim:
1. investimento em equipamentos confiveis;2. investimento em treinamento e conhecimento tcnico;3. um projeto realizado por pessoa experiente em sonorizar cultos;4. planejamento, preparo e ensaio;5. interseo pela equipe que serve e pela proteo do equipamento.
Vale destacar, tambm, que o suporte administrativo no deve ter seu fim aps a
implantao de um projeto, pois se faz necessrio um suporte contnuo tanto em
proviso de recursos para a manuteno dos equipamentos e treinamento dos mem-
bros do departamento quanto para elementos como:
- Aquisio de descartveis como mdia virgem, pilhas e baterias;
- Eventuais expanses do sistema.
(Pois, historicamente, medida que nossas igrejas apresentam sistemas de suporte
tcnico de maior qualidade, aumenta a confluncia de irmos com talentos interessa-
dos em servir);
- Coordenao do fluxo de comunicaes relativas s atividades que iro depen-
der de suporte tcnico dentro dos cultos semanais,
(Pois medida que as igrejas crescem, aumentam proporcionalmente s necessida-
des de comunicao com os diversas departamentos que participaro do culto (e per-
mitir que as necessidades cheguem em cima da hora receita certa para problemas).
Como o crescimento da igreja aumenta a demanda sobre os operadores, ao se re-
querer destes qualidade e responsabilidade maiores, coerente lhes prover com opor-
tunidades de aumentar seus conhecimentos para no depender do erro lamentavel-
mente comum no qual:
A escAla do som a escOla de somque faz com que todos os erros inerentes ao processo de aprender por tentativa e
erro tenham sua presena garantida dentro de nossos cultos.
Este aumento de conhecimento, no mnimo, deve ocorrer por meio da proviso
do departamento tcnico da igreja com assinaturas de revistas especializadas e, de
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modo mais interativo, trazendo profissionais reconhecidos na rea para ministrar
palestras, e workshops ou ainda cursos que permitam aos voluntrios aumentarem
suas habilidades.
Outra forma de apoio interessante assumindo o pagamento da membresia de seus
voluntrios, ou, pelo menos, o lder para que participe de organizaes reconhecidas como
a AES (Audio Engineering Society) que alm das feiras com exposies de equipamentos
oferece palestras e workshops para a educao dos seus membros.
Esse investimento tem o seu retorno na forma de economia na hora de novos projetos e
aquisies, pois embora no tendo a experincia de um profissional, o conhecimento dos
voluntrios informados lhes permite comunicar melhor com o profissional contratado quan-
to s expectativas de um novo sistema. Outro benefcio que uma equipe bem informada
estar atenta a potenciais erros nas decises realizadas em reformas, aquisies de novas
propriedades ou locaes de locais para expanso da igreja.
Finalmente chegar o momento em que, mesmo com este apoio, a carga de responsa-
bilidades e detalhes a serem administrados foge ao que exeqvel no contexto volunt-
rio, fazendo-se necessria a integrao de um membro especfico do quadro de funcion-
rios da igreja para gerir todas estas responsabilidades e pass-las aos voluntrios.
Os voluntrios no deixam de existir devido sua contratao, apenas tm seu de-
sempenho potencializado e aliviado por sua adio equipe.
Normalmente o processo de crescimento, segue aproximadamente a seguinte seqncia:
1. Pastor 2. Secretria(s)
3. Pastores Auxiliares 4. Ministro de Msica
E com o aumento da necessidade de suporte tcnico em funo das atividades
elaboradas pelo ministro de msica, a contratao de um Diretor Tcnico.
Embora somente agora algumas igrejas brasileiras estejam chegando neste estgio,
h igrejas grandes no exterior que tm ido muito alm deste ponto. Estas contratam
diretores para cada rea especfica como udio, vdeo, iluminao, dramatizao, etc. e
subseqentemente auxiliares para estes, chegando ao ponto de serem mais de uma
dezena de funcionrios e, contando os voluntrios, mais de 30 pessoas.
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Isto ocorre principalmente nas grandes igrejas metropolitanas cujo crescimento
as obrigou a se descentralizarem e assim dependerem de equipes em cada um
dos seus sales de culto que freqentemente so interligados sede por recur-
sos audiovisuais.
A importncia do suporte administrativo se manifesta facilmente na sua falta
pois num estgio inicial resulta na desmotivao dos voluntrios passando ao esgo-
tamento dos mesmos. Se no um esgotamento fsico, o esfriar de sua vontade, por
verem sua paixo, e o servir com qualidade, afogada na demanda por mltiplas
tarefas sem haver:
ferramentas,
informaes,
ou tempo adequado
para realizar suas funes dentro de sua expectativa de qualidade.
Faz-se, portanto, necessria a percepo de que:
No basta haver um projeto e investimento em equipamento de qualida-de, os integrantes do ministrio tcnico necessitam de um apoio conscien-te e estruturado do staff da igreja
Isto quando no o caso de se contratar um funcionrio de tempo parcial ou
integral para este ministrio, conforme a demanda e extenso dos servios tcnicos.
Se esta proposta causa surpresa, proponho que se parta do seguinte raciocnio:
Qual a segunda pessoa mais percebida dentro de um culto aps o pastor?
- O operador de som quando ocorre uma falha tcnica.
E o efeito destas falhas tcnicas, beneficia transmisso do Evangelho ou a quebra
do clima no qual esse processo transcorre?
Da pergunto se no existe coerncia em se tomar providncias, inclusivedeslocando recursos financeiros, para que os inmeros detalhes tcnicos queconfluem para a realizao de um culto bem sucedido sejam administrados de
modo a serem
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previstos,
planejados,
comunicados e executados
sem causar transtornos em meio ao pouco tempo que ns reservamos para a adorao
corporativa a Deus.
Da Equipe Tcnica
Mesmo que se implante um projeto, e ocorram as mudanas de paradigma da parte
administrativa, no plano dos tcnicos preciso que o som seja efetivamente percebido como
Um ministrio com o potencial de impactar o destino eterno das pessoas!
e no apenas um mero acessrio tcnico do processo fazer igreja pelo qual so
feitos sacrifcios e se dividem as horas entre os outros tantos passatempos que compe-
tem pelo tempo dos jovens voluntrios aos quais tipicamente confiado.
Deles precisa haver
1. preparo e planejamento antecipado
2. um conhecimento dos equipamentos que a igreja possui (que eventualmenteter que servir a atividades de vrias reas ao mesmo tempo requerendo a deciso de
quais caractersticas do equipamento atender melhor s funes e ao know how do
operador de cada programao)
Alm disso, preciso criarem, em conjuno com a rea administrativa, uma es-
trutura que evite pedidos de ltima hora. Esses pedidos podem at partir de irmos
bem intencionados, porm, que ignoram, o impacto que sua falta de planejamento
ou tempo hbil exerce sobre os voluntrios tcnicos, pois quando ao prestar suporte
tcnico num culto, se o raciocnio do operador no estiver um ou dois passos frente
do programa, ele corre o risco de prejudicar a qualidade para a congregao.
tristemente comum haver igrejas nas quais todo o suporte tcnico recai sobre
um nico elemento. Isto constitui uma receita certa para problemas, pois, salvo
raras excees,
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quem est trabalhando no som, no est sendo alimentado espiritualmente!
Isso no deve ser surpresa, pois o seu foco estar nos detalhes que proporciona-
ro melhor qualidade ao seu servio tcnico prestado comunidade. Ele no conse-
guir absorver o contedo. Porm, o fato de se ver aquele mesmo fulano, fielmente
a postos, semanalmente, cumprindo a sua funo tcnica, leva igreja a crer que ele
est bem alimentado na palavra, etc.
No fim, a falta de alimentao espiritual, conjugado com os estresses inerentes a
ter que fazer a coisa acontecer sozinho, numa igreja pequena na qual
1. tipicamente os recursos para equipamento tambm no so dos maiores
2. e provavelmente ocorrem atritos com (os, sempre, mesmos) msicos
3. ou a liderana,
que pedem mais do que o sistema capaz de prover, acabam deixando-o plena-
mente vulnervel ao nosso inimigo espiritual. E nas mos desse, o nosso esforado
irmo devido sua subnutrio espiritual se tornar presa fcil, no raramente dei-
xando a igreja e causando um transtorno razovel.
Portanto, se o servio tcnico da sua igreja depende de um nico elemento, comece
imediatamente a interceder, tanto pela vida espiritual dele quanto para que Deus envie
mais voluntrios e invista tempo no relacionamento com este camarada, no com se-
gundas intenes, mas, sim, para fortalec-lo e mostrar a sua apreciao pelo tempo
que o servio dele em prol de sua comunidade custa a ele e, se for o caso, sua famlia.
O outro lado da moeda que h algumas pessoas que assumem este cargo e o
monopolizam achando que sabem mais do que os outros e/ou subnutrido recusando-
se a transferir o seu conhecimento. Este um erro, segundo a analogia do apstolo
Paulo de que a igreja constituda de membros que convivem em interdependncia.
Como diz Curt Taipale veterano em som profissional, cuja experincia remonta ao
incio da Maranatha Music:
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prefervel se ter algum com nenhum conhecimento tcnico e um coraode servo do que um habilidoso expert que no saiba trabalhar em conjunto.
O Nosso Inimigo
O terceiro inimigo de um bom som est no campo espiritual. No meu conceito pessoal,
tenho que muitas das dificuldades que enfrentamos no ocorrem ao acaso ou devido tal
Lei de Murphy (que diz que Se existe a chance de algo dar errado, isto muito provavel-
mente ocorrer), mas resultam de aes deliberadas na agenda do nosso inimigo.
Um exemplo recente:No, j citado, show do Michael W. Smith, artista cristo experiente que tem, ao
longo de 20 anos de carreira, abenoado a juventude evanglica com msica de
qualidade, foi contratada, para a sonorizao do evento, uma empresa que figura
entre as mais experientes do Brasil e que ali empregava equipamento de primeira
linha para sonorizar o estdio do Morumbi. Ainda assim, ouvimos do apresentador
que houve uma batalha para que conseguissem fazer o som funcionar...
A Bblia faz aluso Lucifer antes de sua queda atravs de duas passagens nas
quais fica claro, pelas alegaes e pelo contexto histrico, que obviamente no se
referem ao rei da Babilnia e o governador de Tiro.
Sua soberba foi lanada na sepultura, junto com o som das suas liras; suacama de larvas, sua coberta de vermes.
(ARC) Isaas 14.11
Est derrubada at o Seol a tua pompa, [nesta verso] o som dos teus alades;os bichinhos debaixo de ti se estendem e os bichos te comem.
(ARA) Isaas 14.11
Estiveste no den, jardim de Deus; cobria-te de toda pedra preciosa: a cormalina,
o topzio, o nix, a crisolita, o berilo, o jaspe, a safira, a granada, a esmeralda e o
ouro. [e agora] Em ti se faziam os teus tambores e os teus pfaros; no dia emque foste criado foram preparados.
(ARA) Ezequiel 28.13
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Tambm no versculo 15:
Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, at que em ti seachou iniquidade...
Estes textos nos revelam que, se Lucifer no foi o diretor dos cnticos celestiais,
conforme entendem alguns comentaristas, ele, no mnimo, estava envolvido com a
msica celestial tendo, portanto, um conhecimento sobre-humano do valor deste ele-
mento e de como o mesmo nos afeta.
A Bblia caracteriza este nosso inimigo como, um leo que ruge procurando a
quem possa devorar.
Tenho a convico de que, ao longo da histria, ele teve tempo amplamente sufi-
ciente para analisar a rea tcnica e musical que j conhecia muito bem, e estra-tegicamente minar nossos conceitos culturais, prticos e, inclusive, de apreciao da
funo da msica, reduzindo a distino entre exibies ou shows musicais e o servi-
o musical no culto cristo.
Alm disso, me parece que ele teve sua influncia em fazer com que os conceitos
acsticos cassem em desconhecimento e que na igreja na sociedade ps-moderna, a
rea tcnica no receba a prioridade que necessria para que os servios tcnicos
ocorram de forma transparente.
Em suma, parece que ele conseguiu tornar esses elementos, com os quais imagina-
mos estar cultuando a Deus e proclamando a sua mensagem, em ferramentas que
agem a seu favor com sucesso, domingo a domingo, em cultos evanglicos volta ao
mundo dos quais participamos inocentemente alheios ao que ocorre neste sentido.
Creio que na maioria dos casos este problema no proceda exclusivamente de
msicos ou operadores de som que ajam de m f ou de modo egosta, mas, sim,
que este assunto suficientemente complexo e tem sido de tal forma permeado
pelo inimigo e seus sditos ao longo dos sculos de modo a cegar-nos fazendo
com que nos apeguemos s tradies e inverdades comuns neste campo sem per-
cebermos o efeito destas prticas.
44
Exemplifico a afirmao acima com um fato do campo da acstica:
Na poca que suas civilizaes dominavam o mundo, os egpcios, gregos e roma-
nos construram estruturas nas quais incorporaram princpios acsticos de um nvel
que hoje no vemos empregados na maioria dos nossos sales de culto.
Ao longo dos ltimos milhares de anos, entre outras tantas cincias, o conhe-
cimento de conceitos da medicina, da agricultura e da engenharia evoluram
expressivamente, porm, para a populao geral, o conhecimento de conceitos
acsticos no apenas deixou de se difundir, como, aparentemente, ficou esque-
cido especialmente por parte de ns evanglicos que, ironicamente, declara-
mos que a aceitao da nossa mensagem que tem o potencial de mudar o des-
tino eterno das pessoas, vem pelo ouvir da Palavra e, para tanto, presume-se a
compreenso da mesma!
O inimigo teve dois mil anos para elaborar suas estratgias e treinar seus auxiliares
para fazerem com que o espao que abrimos em nosso culto fosse por eles aproveita-
do no cumprimento bem sucedido da sua pauta. Consideremos, rapidamente, o
processo atual de incorporao dos elementos musicais e tcnicos que acabam deter-
minando o atual estado da arte dos nossos perodos de louvor.
Primeiramente olhemos para os nossos levitas aqueles cuja funo servir a
congregao com seus talentos e dons musicais. O processo natural que aque-
les entre ns que percebem ter habilidade musical procurem desenvolv-la estu-
dando determinado instrumento, assimilando, portanto, os conceitos e tcnicas
de professores que, se forem evanglicos, possivelmente herdaram muito da sua
bagagem de msicos no cristos. Observe-se, ento, o potencial de que o alicer-
ce tenha comeado torto desde o incio e que, mudando de analogia, suas razes,
crescero tortas por todos os no poucos anos que um msico estuda no seu
processo de aprendizado.
O resultado disto que conceitos de shows, bailes e outras apresentaes musicais, nos
quais a comunicao de uma mensagem falada inexiste, ou, se existe, recebe prioridade
bem inferior que deve ser atribuda mensagem do Evangelho em nossos cultos, aca-
bam sendo aceitos e assimilados juntamente com as tcnicas musicais.
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Me preocupa bastante o fato de que o cuidado com a transparncia que devemos
ter para que os equipamentos tcnicos no interfiram no espao de adorao a Deus,
parece no ter o seu paralelo entre os msicos onde, ao invs de sua habilidade ser
empregada para servirem de instrumentos transparentes no perodo de louvorcorporativo, vemos um nmero cada vez maior de msicos e arranjos que parecem
estar empenhados em chamar a ateno para a habilidade de quem est no palco,
roubando assim a ateno devida unicamente a Deus neste momento.
As influncias seculares impactam tambm os jovens que desejam servir na
sonorizao do culto, pois acabam observando e copiando exemplos de shows e outras
apresentaes do mundo - isto sem mencionar as errneas teorias popularizadas pelo
folclore acstico em cima das quais tantas igrejas desperdiam recursos.
Um exemplo das conseqncias disto , que nos chegam relatos de pases to
distantes quanto a Cingapura, demonstrando o fato de que a maioria das igrejas que
buscam uma modernizao dos seus instrumentos e sistemas de som, para se comu-
nicarem com a sociedade contempornea, se encontra envolvida com algum estgio
de atrito ou desentendimento devido ao excesso de nvel de presso sonora (volume)
no som de palco e para resolver esta situao, no adianta apenas um dos lados
envolvidos na questo compreender o que se passa.
Dentro de um ambiente de culto, salvo para igrejas com sales de dimenses que
comportem alguns milhares de pessoas, os monitores de palco no podem proporcio-nar o peso e todos os elementos do mix para os msicos sem prejudicar a qualidadedo som para aqueles a quem os msicos deveriam estar servindo. Portanto, para queo som no fique embolado com os sons graves que se propagam em todas as direes
a partir das caixas de retorno, estas devem trabalhar no menor volume possvel, desde
que o msico no perca a sua referncia. Felizmente os sistemas de retornos por fones
de ouvido tm auxiliado em muito na resoluo desse problema.
Outra caracterstica que parece resultar dessa bem elaborada estratgia do inimigo
faz com que os msicos e tcnicos tenham tipicamente perfis antagnicos e, para agra-
var a situao, se valem de linguagens diferentes para se expressarem a respeito das
mesmas coisas. O resultado que os tcnicos, que dependem mais do crebro esquer-
do, se referem aos sons como freqncias (em Hertz), enquanto que os msicos, de
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raciocnio predominante no crebro direito, usam as notas musicais ou cifras para se
referirem aos mesmos sons.
Assim, para que exista um som de qualidade em nossos cultos, imperativo que tanto os
operadores de som quanto os msicos, ou, pelo menos, os lderes destes, estejam esclareci-
dos quanto a estes desafios tcnicos de comunicao, alm dos fatores no campo espiritual.
Quando estes fatores so bem administrados, podem contribuir para que os
perodos de louvor sejam fontes de bnos e no confuso, desde que, claro,
os sistemas que lhes do suporte tenham sido adquiridos, instalados e ajustados
em funo de um projeto realizado por quem tenha experincia em sonorizao
no contexto de igrejas.
Neste contexto espiritual, obviamente no existe um upgrade de equipamentos que
tornar um sistema imune s interferncias, distraes e atritos no plano interpessoal.
Tendo ao longo de mais de uma dcada provido servios de apoio tcnico a eventos
evanglicos de porte nacional, no desconheo as aes que o inimigo tem entre seu
arsenal para causar problemas, distraes e, como afirmou Rick Warren, quebrar mo-
mentos santos em nossas reunies. Porm, j sonorizei eventos extensos (com mais de
uma centena de horas trabalhadas) que transcorreram sem a menor perturbao nesta
rea. Atribuo isto a terem sido tomadas as prescries bblicas cabveis para a rea espi-
ritual, entre as quais eu destacaria as seguintes:
- Suporte em orao pela equipe tcnica e os equipamentos e pela equipe de louvor
com seus instrumentos
- Equipamentos confiveis Todos (desde os cabos at os materiais acsticos)
- Um elevado nvel de preparao e organizao
- Comunicao
- Esprito de servo que enxerga o bem da igreja o corpo de Cristo muitas vezes
em detrimento do direito prprio
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- Disposio de pagar o preo (do qual Deus digno) para que a programao
transcorra com a qualidade da qual a Sua mensagem digna
- Mais orao intercessria sobre os elementos listados acima
H cerca de uns trs anos tivemos um culto tecnicamente desastroso numa manh
de domingo. Na noite anterior havia ocorrido um casamento e nem toda a cabeao
havia sido voltada ao padro.
Nosso tape deck, que na poca era usado para a gravao dos sermes, tocou
uma fita playback no casamento (e teve sua sada enviada via de retorno cuja
caixa, no domingo de manh, estava a menos de 3m do microfone onidirecional do
pastor...). Assim que acionei o boto de gravao ocorreu uma microfonia que
quase o derrubou do palco, naturalmente quebrando todo o clima daquele mo-
mento do culto.
Ao longo do sermo, ainda travou o computador multimdia no qual estavam os
Powerpoints e aps sanado este problema, o projetor parou de funcionar. E no pero-
do do louvor apareceu um zumbido intermitente num dos canais de instrumentos.
Como naquela poca, devido a superlotao do salo, ns repetamos o culto da
manh noite, para que os membros se revezassem entre estes e as classes de escola
bblica, aps o culto eu e mais uns dois membros da equipe tcnica passamos quaren-
ta minutos rastreando os problemas e tomando providncias para evitar que voltas-
sem a se repetir noite.
No culto da noite, enquanto eu mixava o louvor, ouvi repentinamente uma agitao e
vi que, s minhas costas, as cadeiras estavam sendo arremessadas e empurradas numa
manifestao demonaca. Na ausncia de brechas na rea tcnica, o inimigo mudou de
estratgia produzindo suas distraes atravs de outro dos seus recursos.
Cabe salientar que congrego numa igreja Batista que, pela maioria dos evangli-
cos brasileiros, seria considerada tradicional embora a nossa cultura e costumes
certamente no sejam e que nos doze anos que ali congrego, esta foi a nica mani-
festao desta espcie.
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Por alguma razo, naquele dia, o inimigo tinha um dos seus sditos escalado para
atuar na nossa comunidade. Naquela ocasio, metade dos problemas tcnicos ocor-
reram devido a brechas que ns mesmos abrimos por meio de falhas de organi-zao e cabos necessitando de manuteno.
Falhas como estas podem e devem ser evitadas!
Concluso
No existe mgica no som. A qualidade da qual a proclamao do Evangelho digna
pode ser alcanada. H que se tomar cuidado para no se envolver na iluso de que
No temos recursos para fazer bem feito, pois a conseqncia deste raciocnio que
vocs acabaro fazendo errado trs ou quatro vezes e desperdiando os recursos
sacrificialmente levantados pelo povo de Deus!
Volto a perguntar: Se Deus no poupou seu nico Filho para que a mensagem do
Evangelho existisse, seria coerente com a Sua Pessoa reter os recursos para que esta
mensagem seja transmitida com a qualidade que a nossa sociedade percebe como
digna para uma comunicao de tal importncia?
Devido sua complexidade, problemas de cobertura sonora no se resolvem
intuitivamente, como as de iluminao, por exemplo. Se falta luz acrescem-se
mais lmpadas e pronto! Se existe uma falta de cobertura sonora o simples acrs-
cimo de mais caixas provavelmente resultar em mais rudo ou num decrscimo
de qualidade....
Para se ter segurana em adquirir sistemas de suporte tcnico com a melhor qua-
lidade que o seu oramento permite, essencial se procurar o projeto de um profissional
experiente em igrejas e que se busque saber de quem opera estes sistemas se:
- foi ele quem implantou o projeto, caso contrrio, se a aquisio dos modelos e
a implantao do projeto ocorreu conforme o projetado (pois, se no foi, no vale
a referncia);
- se os mesmos servem com qualidade s funes para que foram adquiridas
(dentro de expectativas realistas);
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Um som de qualidade em sua igreja requer que se parta desde o incio de preferncia
antes da planta considerando as caractersticas de culto que so importantes e como a
nova edificao dar suporte aos mesmos.
A pressa ou o descaso neste processo resultaro em sacrificio para erigir mais outro
salo de culto com caractersticas disfuncionais. E, lembre-se, custa pelo menos qua-
tro vezes mais para se instalar paliativos do que fazer direito!
Portanto, no se iluda com falsa economia e envolva desde o incio um profissional
com experincia em suporte tcnico no contexto de igrejas para que, quando chega-
rem no arquiteto, as idias possam lhe ser apresentadas de forma clara e que ele
entenda bem at onde poder ir com a questo esttica para no inviabilizar as fun-
es que semanalmente se realizaro no salo de culto.
possvel, sim, fazer com que consideraes tcnicas e estticas coexistam har-
moniosamente num salo de culto desde que os profissionais responsveis por
estas reas se respeitem, e desde o incio mantenham, como alvo prioritrio, a
funcionalidade final do salo. Meu intuito que as idias, princpios e experincias
aqui registrados informem e sensibilizem o povo de Deus para que haja investimen-
to esclarecido e responsvel nesta rea e para que a equipe tcnica, devidamente
suportada por sua liderana, possa empregar seus dons de forma mais efetiva, co-
operando para que o corpo de Cristo experimente cultos com maior qualidade
tcnica, minimizando as falhas com seu potencial de distraes e realizando de
forma mais eficaz a tarefa de propagar o Evangelho para por todos os meios (de
comunicao) chegar a salvar alguns com a qualidade da qual esta Mensagem
Divina digna.
Referncias Bibliogrficas:
ARC: Almeida Revista e Corrigida
ARA: Almeida Revista e Atualizada
NVI: A Nova Verso Internacional
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Autor
Fazendo som no meio cristo h 25 anos, no Brasil e EUA,
David conhece os desafios que envolvem o som desde igrejas
pequenas, com freqncia inferior a 50 membros, at eventos
com 4000 pessoas em ginsios de esportes. David, consultor
associado Audio Engineering Society, Syn-Aud-Con, ao
Ncleo Brasileiro de Tcnicos Cristos, e projeta sistemas de som
e acstica, sonoriza eventos e tem ministrado workshops e pa-
lestras para centenas de operadores de som e msicos.
Maiores informaes: www.proclaim.com.br