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VERSÕES DE “CINDERELA”: LEITURA NA PERSPECTIVA INTERACIONISTA
PARA FORMAÇÃO DE LEITORES
LOTICI, Sirlei Maria Marcello1
CASTELA, Greice da Silva2
RESUMO Este trabalho faz parte do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), formação continuada da Secretaria de Estado da Educação (SEED) do estado do Paraná, com abrangência de agosto de 2010 a agosto de 2012. Neste estudo pretendeu-se demonstrar como o professor de Língua Portuguesa pode desenvolver no educando o gosto e o prazer de ler, procurando transformar as aulas de leitura em algo prazeroso e que contribua para formação de um leitor proficiente e crítico a partir da exploração de várias versões do conto de fadas ‘Cinderela’. Formar leitores críticos é um desafio que nós educadores possuímos ao longo do período escolar de nosso aluno. É uma tarefa que começa cedo e deve continuar por toda a vida. O objetivo da em da compreensão do texto, perpassa a compreensão do mundo que cerca o aluno no seu cotidiano. A leitura é um diálogo, uma troca, uma interação entre o leitor e o autor. A leitura é uma atividade muito importante, pois é com seu auxílio que se adquirem conhecimentos para melhor compreender a realidade. É assim imprescindível na vida diária das pessoas, que direcionam a leitura conforme suas necessidades e interesses. O embasamento teórico deste trabalho amparou-se na perspectiva sociointeracionista de autores como Leffa (1999), Solá (1998), Chalita (2006), Bettelheim (1980) e Kleiman (1997). A implementação do material elaborado em uma escola localizada na área rural do município de Realeza, no Paraná, foi muito positiva para formação leitora de alunos da 5ª série/6º ano. Palavras-chave: Leitura; Conto de Fadas; Ensino Fundamental. ABSTRACT This work is part of the Educational Development Program of Paraná state, PDE – Continuing Education, the Ministry of Education (SEED), with coverage from August 2010 to August 2012. In this study we sought to demonstrate how the teacher of Portuguese in the student can develop the taste and pleasure of reading, seeking to transform the lessons in reading something pleasant and contribute to formation of a proficient reader and critic from the operation of various versions fairy tale ‘Cinderella’. Form critical readers is a challenge that we have educators throughout
1 Professora PDE/2010, atuante na Escola Estadual de Saltinho – Ensino Fundamental, na cidade
de Realeza (PR). 2 Professora Orientadora do PDE 2010. Doutora em Letras Neolatinas e Professora Adjunta na
UNIOESTE.
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the school year for our students. It is a task that must understanding the world that surrounds the pupil in their daily lives. Reading is a dialogue, an exchange, an interaction between reader and author. Reading is a very important activity as it is with their help we acquire knowledge to better understand the reality. It is thus in dispensable in people’s daily lives, which direct the reading according to their needs and interests. The theoretical foundation of this work propped up the prospect of sociointeracionista Leffa (1999), Sole (1998), Chalita (2006), Bettlheim (1980) and Kleiman (1997). The implementation of the material prepared in a school located in the rural area of Realeza, in Paraná, was very positive for reader training students in grade 5/6 years. Keywords: Reading; Fairytale; Elementary School. 1 INTRODUÇÃO
Atualmente, um dos maiores desafios em nossas escolas é desenvolver no
estudante o gosto pela literatura, pois há um desinteresse dos alunos e da família
pela leitura. São várias as razões que distanciam o aluno da leitura como a falta de
incentivo dos pais, as várias formas de diversão tecnológicas existentes, etc. Ler é
familiarizar-se com diferentes textos produzidos em diversas esferas sociais, como a
jornalística, artística, judiciária, científica didático-pedagógica, cotidiana, midiática,
literária e publicitária.
A leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto; deve ser
norteada a partir de um objetivo, isto é, quando alguém lê algo, ele o faz movido por
uma finalidade qualquer. A interpretação de um texto lido depende, em grande parte,
do objetivo da leitura.
Desta forma, a finalidade desta pesquisa surgiu da necessidade de estimular
os alunos à leitura e de entender como se processa a aprendizagem e o
desenvolvimento do hábito de ler e estender esse processo às famílias.
Pois, como ressalta Cunha (1998, p.18), “o quadro relativo ao hábito de leitura
no Brasil só poderá melhorar quando toda a postura do adulto relativa ao livro e à
função dele na educação se modificar”.
Formar leitores críticos é um desafio que nós educadores possuímos ao longo
do período escolar de nosso aluno. É uma tarefa que começa cedo e deve continuar
por toda a vida. O objetivo da leitura é a compreensão do mundo que cerca o aluno
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no seu cotidiano. A leitura é um diálogo, uma troca, uma interação entre o leitor e o
autor.
Para Kleiman, [...] a leitura é um ato social, entre dois sujeitos – leitor e autor – que interagem entre si, obedecendo a objetivos e necessidades socialmente determinados. Essa dimensão interacional, que para nós é a mais importante do ato de ler, é explicitada toda vez que a base textual sobre a qual o leitor se apóia precisa ser elaborada, pois essa base textual é entendida como a materialização de significados e intenções de um dos interagentes à distância via texto escrito (1997, p. 10).
Muitos de nossos alunos não se tornam bons leitores, pois não conseguem
compreender o sentido global e real do texto, mesmo sabendo o significado das
palavras. Uma parcela significativa de nossos educandos apenas lê linha por linha e
palavra por palavra, mas não consegue entender o significado ou sentido do texto.
Segundo Carvalho (1994, p. 17), “o bom leitor não se faz por acaso. Quase
sempre o bom leitor é formado na infância, antes mesmo de saber ler, através de
contato com a literatura infantil e de experiências positivas no inicio da
alfabetização”.
Por isso é importante para a criança o contato com os livros desde cedo, e, no
início da alfabetização com variados tipos de texto, para compreender a leitura e
seus significados. As aulas de leitura devem ocupar um espaço prazeroso, onde o
aluno seja estimulado a analisar e compreender as ideias dos autores e do texto.
Para tanto, o professor precisa gostar de ler e ser um leitor competente, para
tornar a leitura significativa e atraente, despertando assim o interesse da criança por
essa prática.
A leitura é uma atividade muito importante, pois é com seu auxílio que se
adquirem conhecimentos para melhor compreender a realidade. É assim
imprescindível na vida diária das pessoas, que direcionam a leitura conforme suas
necessidades e interesses.
A leitura para formação do indivíduo é de suma importância nos dias de hoje,
pois esta possui um papel social de grande relevância em nossa sociedade. Além
disso, a leitura desperta sonhos, curiosidades e ativa a criatividade e reafirma
valores quando abordados corretamente, resgatando-os para a melhoria da
convivência familiar.
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É nos processos educativos, e notadamente nas aulas de Língua Materna, que o estudante brasileiro tem a oportunidade de aprimoramento de sua competência lingüística, de forma a garantir uma inserção ativa e crítica na sociedade. É na escola que o aluno, e mais especificamente o da escola pública, deveria encontrar o espaço para as práticas de linguagem que lhe possibilitem interagir na sociedade, nas mais diferentes circunstâncias de uso da língua, em instâncias públicas e privadas. Nesse ambiente escolar, o estudante aprende a ter voz e fazer uso da palavra, numa sociedade democrática, mas plena de conflitos e tensões (DCE, 2008, p. 38).
Atualmente, o desafio do professor é encontrar as razões da dificuldade no
ato de ler e a forma de intervir neste aprendizado, buscando estratégias que vêm da
vivência do aluno, para estimulá-lo a construir seu conceito de leitura e transformar
os temas valorosos em vivência cotidiana.
A escola necessita criar situações alfabetizadoras que levem o aluno a
desenvolver a competência da leitura, indispensável ao desenvolvimento humano. O
desafio é criar meios que ajudem o aluno a aumentar o gosto pela leitura por meio
do desenvolvimento de um trabalho conjunto entre alunos, professores e a escola
por uma educação de qualidade.
Neste contexto, o seguinte questionamento direcionou este estudo: Como o
gênero textual conto de fadas pode contribuir para que os alunos se interessem pela
leitura e para o letramento dos alunos?
Não se pode afastar a criança do livro infantil, pois ele é de fato importante
para a formação do pequeno leitor, não apenas devido à fácil leitura que nele pode
ser feita pela criança, mas também pelas histórias que dele podem ser contadas às
crianças ainda não alfabetizadas, pelos debates e opiniões que eles proporcionam e
mesmo pelos jogos rítmicos que estimulam o gosto e o habito de ler.
Nas leituras das versões de “Cinderela” existem valores intrínsecos como o
respeito, o diálogo e a humildade devem fazer parte da vida familiar e social destes
alunos e que alunos da 5ª série/6º ano não conseguem ainda contextualizar
sozinhos.
Nesta perspectiva, objetivou-se investigar como as práticas de leitura do
gênero conto e de fadas poderão contribuir para o letramento dos alunos, formação
de leitores críticos e formá-los cidadãos capazes de compreender os diferentes
textos do mundo.
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Para delineamento deste trabalho foi utilizada a pesquisa-ação, que consiste
em “[...] uma pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em estreita
associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo, na qual os
pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo” (THIOLLENT, 1986, p.14).
Para o autor, a palavra-chave na pesquisa-ação é intervenção/ação, ou seja,
envolve a ação dos pesquisadores e dos grupos interessados, o que ocorre nos
mais diversos momentos da pesquisa. “Apresenta um potencial transformador
bastante grande, pois é planejada e praticada a investigação-ação. [...]. E como
concepção de investigação, pode auxiliar os seres humanos a interpretar a realidade
a partir de suas próprias práticas, concepções e valores” (THIOLLENT, 1986, p.14).
Nesta direção, este estudo, integrou uma pesquisa bibliográfica, a elaboração
de uma unidade didática, e implementação de atividades com uma turma de 5ª
série/6º ano, de uma escola pública localizada na zona rural, no município de
Realeza - PR.
Na pesquisa bibliográfica foi feito o levantamento de informações e formação
de um banco de dados para o processo de formação e análise por meio de fontes
bibliográficas e dados disponíveis na Internet. Após, foi realizada a revisão dos
possíveis metodologias e instrumentos existentes para a escolha mais adequada
para atender aos objetivos do estudo, que resultou no Projeto de Intervenção
Pedagógica na escola e na Unidade Didática.
Na Implementação Pedagógica na escola, foram realizadas diversas
atividades relacionadas ao conto de fadas ‘Cinderela’ e que serão apresentadas na
sequência.
2 O GÊNERO CONTO DE FADAS
Muitas vezes, o primeiro contato que as pessoas têm em sua infância com a
literatura se dá por meio dos contos infantis, que podem ser lidos ou serem
transmitidos pela oralidade, assim como antigamente. A partir desse contato, nosso
interesse pela leitura pode ser despertado.
Esses contos tornam-se parte da nossa vida, acompanham-nos e muitas
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vezes dizem respeito a situações reais, como a busca pelo amor verdadeiro, a luta e
a coragem para lutarmos pelos nossos ideais. É uma literatura que se mantém
presente na atualidade porque está relacionada a temas universais como amor,
amizade, inveja, maldade, poder, enfim, a luta entre o bem e o mal. Tais contos
adquirem diferentes significados de acordo com a época, pois as releituras feitas
estão relacionadas aos diferentes contextos sócio-histórico-culturais, propondo
novos diálogos e atingindo, portanto, todas as idades, nos diferentes momentos em
que forem lidos.
De acordo com Chalita (2006, p.103),
[...] a infância, é nela que deparamos com as experiências, as fantasias, as comédias e os dramas que vão moldar nossa personalidade, nosso caráter, nosso jeito de ver e de viver o mundo. Histórias como a de Cinderela são parte integrante desse processo de aprendizado, dessa aventura infantil que nos leva ao crescimento e ao amadurecimento.
Fantasiar faz parte da existência humana, fantasiamos em todas as fases de
nossa vida, alguns com mais intensidade do que outros, onde o caráter fantástico e
mágico contido nos contos maravilhosos podem ser comparados as atitudes dos
seres humanos. O desenvolvimento do indivíduo precisa desta relação, é onde o
sensível olhar humano passa sobre a realidade do mundo e a transporta para si.
O conto de fadas possui diversos elementos textuais. Sempre acontece em
um lugar distante, sem nome, obviamente imaginário. É contado por um narrador
anônimo que jamais se apresenta ao leitor. Seus protagonistas são heróis e vilãos
bem caracterizados. Esse gênero textual sempre termina com finais felizes.
Nos contos de fadas, que são histórias maravilhosas que povoam o
imaginário das crianças com ricas fantasias, a história contada ganha vida na
imaginação fértil da criança. Surge assim a grande fascinação exercida por este tipo
de gênero textual. Os contos de fadas encantam, comovem e educam indiretamente.
“Uma criança confia no que o conto de fadas diz por que a visão de mundo aí
apresentada está de acordo com a sua. Seu pensamento é animista” (BETTELHEIM,
1980, p.59).
Os contos despertam prazer nas crianças. Neste tipo de narrativa, muitas
situações são semelhantes entre si, tais como: os obstáculos que o mocinho ou
mocinha deve superar, as rivalidades entre o bem e o mal, as perseguições, os
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disfarces usados, e ainda, os dilemas que devem ser enfrentados antes do desfecho
da história. A existência de personagens secundários que auxiliam o herói e a
heroína trazem vida e emoção às narrativas. E o final feliz é sempre o produto final.
Desta forma, o educador, ao preparar sua aula, pode partir inicialmente do
conhecimento prévio que o aluno possui sobre o gênero narrativo – conto de fadas.
O professor servirá de ponte para este conhecimento, mediando às possibilidades e
hipóteses levantadas pelos educandos em relação aos personagens apresentados
no texto.
O conto de fadas deveria ser contado em vez de lido. Se ele é lido, deve ser lido com um envolvimento emocional na estória e na criança, com empatia pelo que a estória pode significar para ela. Contar é preferível a ler porque permite uma maior flexibilidade. (BETTELHEIM, 1980, p.185).
As situações presentes neste tipo de narrativa podem ser comparadas à
vivência das crianças e possibilitam identificar as dificuldades e as alegrias que se
passam tanto com ela quanto com a história. Nossa própria vida pode ser pensada a
partir de uma história ou mensagem contida nela.
O início das narrativas dos contos de fadas começam sempre com algum fato
marcante que prende a atenção das crianças, pois muitas destas situações são
vivenciadas por elas, como a morte da mãe ou do pai, a figura ameaçadora do pai
ou da mãe, a violência, o desprezo, entre outros.
Os contos de fadas descrevem estados internos na mente, por meio de imagens e ações. Como reconhece a infelicidade e a mágoa quando uma pessoa está chorando, assim também o conto de fadas não precisa se estender sobre a infelicidade de uma pessoa. Quando a mãe de Cinderela morre, não contam que a Cinderela sofreu pela mãe ou lamentou a perda e se sentiu sozinha, abandonada desesperada, mas simplesmente que todos os dias ela ia ao túmulo da mãe e chorava (BETTELHEIM, 1980, p.190).
A narrativa presente nos contos de fadas possui apoio em inúmeros
personagens que povoam a mente e fazem da trama do imaginável infantil. Heróis e
heroínas são apresentados com qualidades admiráveis, são jovens, bonitos,
corajosos, habilidosos e passam por muitas provações antes de alcançar o “e
viveram felizes para sempre”. O desenrolar da trama traz em seu desfecho um
princípio moral aos leitores.
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De acordo com Bettelheim (1991, s.p.),
Os contos modernos para crianças evitam sobretudo os problemas existenciais, ainda que estes representem questões cruciais para todos nós. A criança precisa muito especialmente de sugestões, em forma simbólica, sobre como lidar com estes obstáculos para chegar sem riscos à maturidade. As histórias “inócuas” não mencionam a morte ou a velhice, nem os limites da nossa existência ou o desejo de uma vida eterna. O conto de fadas, pelo contrário, confronta-nos, sem rodeios, com as exigências básicas do homem.
O gênero contos de fadas geralmente expõe ao leitor um dilema que precisa
ser enfrentado antes do final feliz. Esses dilemas são apresentados de forma
simplificada nas narrativas, possibilitando que o leitor se identifique com a situação e
também possa superá-la.
Na eterna batalha entre o bem e o mal, o mal também exerce fascínio no
leitor, o poder da bruxa, a figura imponente do dragão e do gigante, a beleza e
astúcia da rainha, como em “Branca de Neve”, onde a ascensão destes
personagens personificam para alguns, sinônimo de poder e força.
Contrariamente ao que acontece nos modernos contos para crianças, tanto a maldade como a virtude encontra-se onipresentes nos contos de fadas tradicionais. Em praticamente todos eles, o bem e o mal aparecem sob a forma de personagens e ações, pois o bem e o mal são onipresentes na vida de cada um de nós. Aliás, a propensão para ambos encontra-se em cada ser. É esta dualidade que coloca um problema moral e que exige uma luta para a resolver (BETTELHEIM, 1991, s.p).
Para Bettelheim (1991), o que importa neste tipo de narrativa não é o castigo
infligido ao malfeitor, mas sim a moral existente na história.
2.1 A QUESTÃO DA LEITURA EM SALA DE AULA
Na prática diária, nas aulas de Língua Portuguesa percebe-se que a maioria
dos alunos sabe apenas decodificar; alguns lêem com certa fluência, mas deixam a
desejar quanto à compreensão do que lêem, não voltam a ler mesmo não
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entendendo o texto, a não ser que sejam obrigados pelo professor, e isso torna a
aula de leitura cansativa e ineficiente. Em relação à produção escrita, também há
problemas e como não entendem o que lêem, acabam escrevendo de forma
deficitária. Há muitas reclamações de professores das diversas áreas do
conhecimento sobre a falta de compreensão leitora e defasagens na escrita desses
alunos.
Segundo Lajolo (1999), a leitura e a escrita são imprescindíveis para a
participação ativa do indivíduo na sociedade, pois para essa autora:
Ler é essencial, não só para quem almeja produzir textos científicos ou literários, mas para todos, já que a sociedade de consumo faz muitos de seus apelos por meio da linguagem escrita e chega, por vezes, a transformar em consumo o ato de ler, os rituais de leitura e o acesso a ela. No contexto de um projeto de educação democrática vem à frente à habilidade de leitura, essencial para quem quer ou precisa ler jornais, assinar contratos de trabalho, procurar emprego através de anúncios, solicitar documentos, enfim, para todos aqueles que participam, mesmo que a revelia, dos circuitos da sociedade moderna, que fez da escrita seu código oficial (LAJOLO, 1999, p.58).
É necessário que o leitor atue como um sujeito que domina habilidades de
decodificação e estratégias que lhe permitam a compreensão do texto.
O mundo mudou, a escola deveria ter mudado, pois, segundo Barbosa (1991,
p.88), “ler não é mais decodificar e o leitor não é mais o alfabetizado”. O que
encontramos nas escolas são alunos capazes de decodificar, mas não de co-
produzir sentidos a partir do que lêem, parecendo não demonstrar a criticidade
necessária para perceber ideologias dominadoras nem a capacidade de relacionar o
texto lido com outros já conhecidos, ou ainda fazer inferências que possibilitem a
compreensão.
Segundo Cagliari (1993, p.148), “(...) a grande maioria dos problemas que os
alunos encontram ao longo dos anos de estudo, chegando até a pós-graduação, é
decorrente de problemas de leitura”. A leitura e o rendimento escolar estão
estritamente interligados, uma vez que a leitura é uma habilidade fundamental no
processo de construção do ensino e aprendizagem, indiferente a disciplina a que se
esteja estudando.
Entendemos que a leitura é um processo de construção de sentido: ler é
interagir com o autor, procurar e produzir sentidos, vivenciar experiências. É ser
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competente para compreender e decifrar a realidade.
Segundo Maria (2002),
A leitura é a possibilidade de diálogo para além do tempo e do espaço; é o alargamento do mundo para além dos limites de nosso quarto, mesmo sem sairmos de casa; é a exploração de experiências a mais variada, quando não podemos viver realmente (p.25).
No entanto, precisamos entender que a leitura é a extensão da escola na vida
das pessoas. A maioria do que se deve aprender na vida terá de ser conseguido
através da leitura fora da escola. Cabe a escola preparar o aluno para a vivência da
leitura como forma de fazê-lo leitor do mundo. De acordo com Foucambert (1983),
[...] a escola é um momento da formação do leitor. Mas se essa formação for abandonada mais tarde, ou seja, se as estâncias educativas não se dedicarem sempre a ela, teremos pessoas que, por motivos sociais e culturais, continuarão sendo leitores e progredirão em suas leituras, e outras que retrocederão e abandonarão qualquer processo de leitura (p.114).
Hoje, a leitura está presente na maior parte das atividades cotidianas, desta
forma o interesse pelo assunto se torna relevante, diante deste quadro se torna
necessário refletir sobre a prática pedagógica para fazer um estudo mais
aprofundado sobre como os professores estão trabalhando a leitura nos anos
iniciais, qual o interesse do aluno pela leitura, como a escola pode interagir-se para
que os alunos desenvolvam habilidades de leitura e interpretação e freqüência da
leitura na família.
Para os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN (1997), a escola deverá,
Formar leitor competente supõe formar alguém que compreenda o que lê; que possa aprender a ler o que não está escrito, identificando elementos implícitos; que estabeleça relações entre o texto que lê e outros textos já lidos; que saiba que vários sentidos podem ser atribuídos a um texto; que consiga justificar e validar a sua leitura a partir da localização de elementos discursos (p.54).
Solé (1998) acredita que a resolução para o problema da formação de leitores
dentro da escola não está na disseminação de novos métodos de ensino, mas passa
pela mudança de concepção que o professor tem sobre a leitura que está na base
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de sua ação pedagógica e a orienta.
A leitura é requerida para que se possa ter acesso a informações veiculadas
das mais diversas maneiras, seja na escola, no trabalho ou para estar mais bem
inserido na sociedade. Afinal, a leitura e a escrita não são importantes somente para
a aquisição de conhecimentos relativos ao trabalho, pois para a ampliação da
participação social e exercício da cidadania ser um usuário competente da
linguagem escrita é condição fundamental.
Para a maioria das crianças, ler não é tarefa fácil e nada interessante, sendo
um processo lento e exige muita dedicação e participação não apenas da instituição
escolar e do professor, mas principalmente da família.
A leitura deve ser incentivada e se tornar uma prática agradável e costumeira
na vida de cada individuo, e os primeiros elementos responsáveis no processo de
iniciação do leitor devem ser os pais, pois é com eles que a criança começa a ter
contato com o mundo da palavra, através das cantigas de ninar e das histórias
infantis que a ela são contadas, como afirma Sandrone & Machado (1983, p. 12):
Ao conversar com os filhos, os pais estarão preparando para explorar verbalmente o mundo ao seu redor. O som das palavras é muito importante: as cantigas de ninar, as rimas antigas, as brincadeiras de ‘dedo mindinho, seu vizinho,’ o ritmo e a melodia das frases ajudam o bebê a identificar ou perceber significados, e a expressar-se usando o mesmo código.
A leitura está vinculada à prática da leitura da vida cotidiana da criança, é
neste contexto que a participação da família na formação do leitor é importante. É
em casa, com a família, que a criança aprende a gostar de ler acompanhando
exemplos dados pelos pais. Deste modo, se no ambiente da casa existem livros e a
família possui hábitos de leitura, a criança terá maiores condições de se tornar um
leitor, pois é no contato com o livro que descobrirá um mundo novo que é
impulsionado a desvendar. Segundo afirma Sandrome & Machado (1993, p.11): "[...]
A criança percebe, desde cedo, que o livro é uma coisa boa, que dar prazer".
Segundo Sandrome & Machado (1993), o interesse pela leitura é algo que se
adquire, sendo assim, é importante que os pais leiam livros de literatura infantil a
seus filhos quando estes ainda não são alfabetizados, dessa forma ajudarão a
criança a descobrir a imensa riqueza que os livros têm a oferecer.
Foucambert (1997) e Smith (1999) afirmam que as habilidades de leitura são
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desenvolvidas por meio da imersão na escrita e na prática de leitura, não podendo
ser ensinadas de maneira isolada e descontextualizadas das práticas sociais. Deste
modo, entende-se que estes autores diferenciam a atividade de ensino baseada em
métodos que dividem a leitura em suas habilidades componentes, da atividade de
orientação, na qual o adulto-leitor tem a função de tomar possível a aprendizagem
desta atividade. Segundo essa proposta, o adulto, para facilitar a entrada da criança
no mundo da leitura e escrita, deve ler para ela, mostrando-lhe como os escritos que
circulam no cotidiano podem ser usados a fim de que compreendam os seus
sentidos.
Segundo Solé (1998), a criança só e capaz de compartilhar deste mundo,
quando compreende o seu significado, sendo este descobrimento e o descobrimento
da diferença entre a fala e a escrita os dois insights necessários para o aprendizado
da leitura. Para esse autor o significado precede a leitura da palavra.
A escola deve ensinar a ler e, para isso, o professor precisa atuar como
mediador na descoberta de operadores de leitura que possibilitem ao aluno uma
forma de entrar no texto.
No PCN de Língua Portuguesa (1997, p.33) consta que:
Se o objetivo é formar cidadãos capazes de compreender os diferentes textos com os quais se defrontam, é preciso organizar o trabalho educativo para que experimentem e aprendam isso na escola. Principalmente, quando os alunos não têm contato sistemático com bons materiais de leitura e com adultos leitores, quando não participam de práticas onde ler é indispensável, a materiais de qualidade, modelos de leitores proficientes e práticas de leituras eficazes. Essa pode ser a única oportunidade de esses alunos interagirem significativamente com textos cuja finalidade não seja apenas resolução de pequenos problemas do cotidiano. É preciso, portanto, oferecer-lhes os texto do mundo: não se formam bons leitores solicitando aos alunos que leiam apenas durante as atividades na sala de aula, apenas os livros didáticos, apenas por que o professor pede. Eis a primeira e talvez a mais importante estratégia didática para a prática da leitura: o trabalho com a diversidade textual. Sem ela pode-se até ensinar a ler, mas certamente não se formarão leitores competentes.
Toda criança que possui a possibilidade de crescer em um ambiente afetivo
cercado por histórias, contos de fadas e canções de ninar esta, de certa forma,
sendo estimulada a manter contatos com os livros no decorrer de sua vida.
Foucambert (1997, p.133), numa perspectiva mais política, afirma que:
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[...] o aprendizado da leitura só é garantido quando se desvela ao aprendiz o poder de transformação e mudança que apenas o escrito possui, pois só esse tipo de relação com o escrito pode levá-lo a perceber o mundo de outra forma e permitir-lhe a teorização da experiência cotidiana e uma nova organização dos fatos.
Desta forma, toda a estrutura da família estará participando da educação de
seus filhos e contribuindo para sua formação como leitor crítico.
As questões relativas ao incentivo e o gosto pela leitura já vem sendo
abordadas há mais de duas décadas por especialidades e autores.
A leitura está presente em todos os ambientes, sejam eles abertos ou
fechados, lê-se em casa, mas lêem-se também nos bancos das praças, nas ruas, no
ônibus, no metro, nos aviões, nas escolas, etc. E além de textos nas mãos, o
indivíduo recebe outras mensagens escritas: placas, avisos luminosos, outdoors e
outros que utilizam a linguagem não-verbal para expressar a sua mensagem.
A principal ferramenta de trabalho do professor é a sua pessoa, sua cultura, a relação que instaura com os alunos, individual ou coletivamente. Mesmo que a formação esteja centrada nos saberes, na didática, na gestão de classe e nas tecnologias; não Se deve esquecer da pessoa do professor (PERRENOUD, 2002, p.49).
O professor é o mediador entre o incentivo a leitura de obras e os variados
tipos de gêneros textuais. O professor também precisa gostar de ler, pois, você não
terá respaldo de passar o que não consegue fazer. Assim, a escola, é uma
instituição de ensino e como tal não está isolada, ela está aberta ao universo que a
cerca, oferecendo aos educandos a devida promoção da interação das funções
sociais.
De acordo com Solé (1998), o problema da formação de leitores consiste no
envolvimento do indivíduo com a leitura e, não apenas na disseminação de novos
métodos de ensino. O primeiro a ser formado é o professor, que deve ter mudança
em sua concepção sobre a leitura. O professor deve envolver-se com a leitura, ela é
objeto primordial de conhecimento, quais são os processos que envolvem a
aquisição da leitura pelas crianças, o que por sua vez exige um projeto de formação
de professores continuamente assistido, em que esse profissional possa ser
auxiliado no processo de aproximação e exploração do objeto, valorizando-se o seu
saber pedagógico prévio.
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Como ressaltam Solé e Coll (1999, apud: FERREIRA e DIAS, 2002), ao
discutirem a concepção construtivista de ensino, as teorias ou referenciais
explicativos devem possibilitar ao professor a análise e reflexão tanto sobre a
realidade da escola como sobre a prática pedagógica e as variáveis nela implicadas.
Esta concepção deve funcionar como um instrumento de apoio ao professor sendo
capaz de responder às questões que surgem ao longo do processo de ensino e
aprendizagem, integrando assim, as respostas de modo coerente e significativo.
Nell (2001, apud: FERREIRA e DIAS, 2002, p.49) ressalta que,
[...] no âmbito afetivo do ensino da leitura, a escola deveria traçar e alcançar dois objetivos principais quanto a este ensino. Aumentar o número de leitores capazes e aumentar o número de crianças e adultos que apresentem motivação e afeto frente a esta atividade, a fim de torná-la satisfatória e frequente no decorrer da via do indivíduo, e não uma obrigação acadêmica tediosa e passageira.
Para Sole (1989, p.67), as estratégias de compreensão leitora assim como os
procedimentos,
[...] podem ser definidos como um conjunto de ações voltadas para a execução de uma meta e têm a função de regular a ação do sujeito, permitindo-lhe avaliar, selecionar, persistir ou mudar determinadas ações em favor de seus objetivos. No entanto, diferentemente dos procedimentos, as estratégias possibilitam a generalização de sua aplicação, ao mesmo tempo em que exigem a sua contextualização para que a aplicação seja efetiva.
Diante destas concepções, percebe-se que a leitura exerce funções
primordiais, pois é capaz de aumentar a capacidade criativa na formação dos futuros
leitores. Para que isso aconteça, é necessário o surgimento de um leitor mais crítico
e de novas posturas pedagógicas frente à prática do professor, visando a busca de
novas estratégias para a construção da formação leitora do educando.
3 O MATERIAL ELABORADO E SUA IMPLEMENTAÇÂO NA ESCOLA
O Programa de Desenvolvimento Educacional do estado do Paraná - PDE –
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Formação Continuada, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná - SEED,
teve abrangência de agosto de 2010 a agosto de 2012, envolvendo uma série de
ações, e que apresentamos a seguir os resultados da implementação destas
atividades na escola.
Esse trabalho foi desenvolvido com a prática da leitura na escola, enfocando
a importância do ato de ler para formação do cidadão.
A pesquisa bibliográfica serviu como suporte teórico para a elaboração do
Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola. Esses estudos foram baseados em
leituras e coleta de informações em livros, artigos, sites, periódicos e bibliografias
que tratam do assunto.
Foram elaboradas atividades criativas e lúdicas com intuito de despertar o
interesse e o gosto do educando pela leitura, e, desvendar o verdadeiro significado
da humildade, do poder do diálogo e do respeito presentes no conto de fadas
Cinderela. Atividades de contação de histórias, conto e reconto, fizeram parte das
práticas adotadas para incrementar este projeto.
Durante a participação do Grupo de Trabalho em Rede (GTR), foi-me
possibilitado ser tutora de um grupo de dezoito (18) participantes da Língua
Portuguesa. O GTR é direcionado aos educadores da Rede Estadual de Educação
do Estado do Paraná, na modalidade de Formação Continuada à distância. Para
estes professores participantes, foi oportunizada a leitura do material produzido
durante o PDE, ou seja, o Projeto de Intervenção Pedagógica e a Produção
Didático-Pedagógica e, pautadas nestes materiais, foram propostas atividades em
três temáticas, instigando os cursistas a participarem de fóruns e diários interagindo
o tempo todo entre si e com a tutora.
O Grupo de Trabalho em Rede proporcionou momentos de estudos
relevantes para o crescimento, aprimoramento e criatividade, pois alertou aos
monitores que eles devem estar sempre preparados para as mais diversas
perguntas. Para responder tais perguntas precisei buscar caminhos que
possibilitaram um melhor resultado e com isso todos só têm a ganhar. É uma pena
que o trabalho com o GTR teve que ser realizado quando os professores já haviam
retornado para a sala de aula, faltando tempo para melhorar e aperfeiçoar ainda
mais os trabalhos efetuados.
Toda essa trajetória de encontros de formação, de estudos e discussões foi
muito oportuna e riquíssima, pois possibilitou muitos debates da formação
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acadêmicos associados à experiência que a função nos proporciona no fazer diário
da escola, oportunizando um entendimento mais abrangente da língua portuguesa
junto ao universo escolar.
Na fase inicial da aplicação do material, o uso do dicionário se fez necessário
na procura dos sinônimos das palavras respeito, caráter e humildade.
Na sequência, realizou-se uma pesquisa sobre a origem do conto Cinderela,
datado do século I a.C., vislumbrando uma leitura descendente, também se
pesquisou quem era a ‘gata borralheira’. Os alunos pesquisaram as palavras em
inglês presentes no texto e alinhavaram partes que ainda estavam obscuras do texto
atual com o apresentado pela Internet. Esta atividade despertou interesse nos
alunos e a participação deles foi enriquecedora.
Após, foi fornecido aos educandos, em forma impressa, o conto Cinderela
divulgado no Ocidente por Charles Perrault (1625-1705) e a versão dos Irmãos
Grimm (1785-1863), que fizeram e fazem muito sucesso até hoje com suas histórias
e seus contos que fazem a felicidade das crianças e permeiam a imaginação dos
adultos. A atividade de comparação dos contos foi ótima, os alunos participaram
ativamente, levantando diversas questões pertinentes ao longo da leitura dos contos.
Expuseram suas vivências e conhecimentos sobre outras histórias que contribuíram
na implementação do enredo dos contos lidos.
Perrault foi o primeiro autor a escrever os contos tradicionais do folclore
europeu. Ele ajudou a popularizar histórias como Cinderela, A Bela Adormecida,
Chapeuzinho Vermelho entre outras. Quase dois séculos depois, os irmãos Grimm,
adaptaram essas histórias mudando algumas coisas, mas mantendo o enredo
principal.
Ao terminar a exposição dos conteúdos e a leituras destes dois contos, os
alunos foram divididos em equipes de 04 integrantes e cada grupo fez um registro
sobre as diferenças existentes entre esses dois contos.
Ao concluírem o registro escrito, a equipe escolheu um representante para
explanar as anotações realizadas pelo grupo. Nesta fase do trabalho, as questões
referentes a humildade, respeito e diálogos presentes nestes dois textos foram
analisadas. Realizou-se também, uma comparação entre as semelhanças e
diferenças presentes nestas duas obras. Os alunos participaram ativamente e os
resultados foram animadores. Eles entenderam a proposta de trabalho e como as
atividades eram dinâmicas envolveram-se plenamente em sua realização.
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Além disso, cada grupo criou um conto baseado no enredo da Cinderela
fazendo uso de personagens atuais (políticos, televisivos, esportivos, entre outros),
procurando abordar as virtudes de caráter, diálogo e humildade que tais
personagens representam na sociedade. Nesta fase, houve correção individual e
reestruturação dos contos criados. A ilustração de cada conto fez parte deste item,
podendo optar por colagem ou desenho (caricaturas). Ao findar, cada grupo expôs,
em quadro mural, o resultado de seu respectivo trabalho.
Vale ressaltar que em todas as atividades realizadas os alunos participaram
com interesse e dedicação, não deixando nenhuma atividade sem ser efetuada.
Durante a realização destas atividades, a professora anotou as atitudes
positivas e negativas que ocorreram durante as atividades propostas. Na sequência,
trabalhou-se com os alunos os quesitos do respeito, humildade e do diálogo que
eles mesmos demonstraram durante a realização dos trabalhos.
Para trabalhar de forma mais relevante, a questão do respeito, da humildade
e do diálogo, foi convidada uma Psicóloga para fazer algumas dinâmicas
relacionadas ao tema, finalizando com debate entre a turma enfatizando que leituras
diversas melhoram o caráter do cidadão. Nesta palestra, a participação dos pais e
educandos foram unânimes. Questionamentos relevantes foram levantados pelos
pais em relação ao papel social da família e da escola frente ao processo de ensino
e aprendizagem.
5 CONCLUSÃO
A implementação das atividades na escola foi dinâmica e teve o sucesso
almejado porque os alunos puderam adquirir conhecimentos em torno do significado
da humildade, do poder do diálogo e do respeito presentes no conto de fadas
Cinderela. Os educados levaram essas noções para seus lares possibilitando assim,
uma melhor qualidade de vida para a família por meio desta nova concepção
relacional existente entre a história do conto de fadas e a realidade vivenciada
socialmente.
Sempre que foi trabalhado com os grupos, a colaboração da turma e o
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aproveitamento individual de cada componente do grupo foi importante para a
socialização, construindo assim um ambiente propício para construção do
conhecimento científico, a partir dos saberes que cada indivíduo já carregava
consigo.
O item que mais chamou atenção foi à leitura interativa dos dois contos, bem
como o conhecimento compartilhado que permitiu o envolvimento deles nas
mudanças do meio social.
Por meio deste trabalho observou-se uma maior motivação, com isso ocorreu
a aprendizagem de forma significativa e a compreensão dos textos trabalhados.
Conclui-se que no que tange aos objetivos propostos, nesta atividade de
aplicação do material na escola, todos foram alcançados de forma satisfatória.
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