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Verônica ROMANCES
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CAPITULO UM O MORRO DOS VENTOS
UIVANTES
VERÔNICA
Sempre me perguntei se o amor é realmente este
sentimento avassalador que corrompe almas e
corações. Talvez seja capaz de acreditar nisso, mas não
quer dizer que acredite que possa acontecer comigo.
Não me considero uma pessoa anti-social, apesar de ter
mais amigos no Facebook do que em vida real. Meu
maior medo é não entender a verdadeira diferença
entre amor e paixão. Algumas pessoas costumam dizer
que se apaixonam facilmente, outras dizem acreditar
em amor a primeira vista; e apesar de não saber se
realmente é amor o que sinto, sei que estou apaixonada.
Verônica ROMANCES
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Retirando o fato de que ele nunca me olhou, acredito
que um dia eu tenha alguma chance. Existem outros
fatores, não menos importante do que esse, que
impossibilitam que esse amor platônico se torne algo
recíproco.
Primeiro: O atraente professor de Matemática tem
namorada; segundo: Ele se chama Edgar, e de acordo
com minha melhor amiga Kátia:
__ Nenhum Edgar presta!
Talvez pareça estranho eu confiar tanto nas palavras
de alguém, mas acredite, Kátia é a voz da experiência
nesses assuntos. Ela já namorou no mínimo quatro
homens com esse nome e terminou com todos antes de
completarem um mês.
Além da Kátia, tenho outro amigo do qual ouço
conselhos sem hesitar. Apesar de não conhecê-lo
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pessoalmente – e não tê-lo no Facebook – já se faz um
ano que conversamos.
Seu nome? Bom, o verdadeiro nome eu não sei, mas o
conheço por Sr Destino. Não me perguntem por que ele
não revela seu nome, ele não me diz. Talvez seja algo
relacionado à religião ou ele tenha vergonha, o que
importa é que depois desse tempo todo, eu aprendi a
confiar nele mesmo sem foto, nome ou endereço.
Houve uma vez que o convenci a enviar uma fotografia
sua, e é claro, ele enviou uma foto falsa. Percebi no
momento que peguei a foto, ele a havia retirado de uma
revista e felizmente – ou infelizmente pra ele – eu
também tinha a revista. Depois disso eu não insisti mais
no assunto.
Apesar de saber muito bem os riscos de
relacionamentos pela internet, abro uma exceção
Verônica ROMANCES
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quando se trata do Sr Destino, e além do mais, ele diz
que pretende se apresentar a mim logo.
Levantei-me da cama rapidamente, depois de um fim
de semana animado – lendo um livro e dormindo mais
cedo – estava preparada para encarar mais uma
semana de trabalho.
Tomei um copo de leite e depois de me arrumar segui
para o apartamento de Kátia, que ficava dois andares
acima do meu. Provavelmente enfrentaria a ressaca de
Kátia já que ela havia chegado às duas horas da
madrugada de hoje.
__ Kátia! –chamei a porta pela quarta vez.
__ Entra. –ouvi um grunhido do lado de dentro.
__ Está tudo bem? –perguntei.
__ Sim, eu só preciso de um banho. __ Ou talvez dois...
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__ Precisa de ajuda?
__ Não, pode ir. __ Vou mais tarde.
__ Tudo bem. –disse saindo do apartamento de Kátia.
RICARDO
Nunca imaginei que o amor fosse algo tão complexo.
Meu antigo casamento havia sido tão conturbado que
talvez tenha me deixado receoso. Nestes quase dois
anos em que me mudei para o Rio de Janeiro aprendi
muito sobre esse sentimento, principalmente depois que
conhecia o verdadeiro amor da minha vida: Verônica
Vale.
Antigamente culparia minha timidez por não assumir
que sou o seu melhor amigo Sr Destino e que sou
perdidamente apaixonado por ela, mas recentemente
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descobri que talvez o problema não seja timidez e sim
esse laço com minha antiga vida de casado.
__ Bom dia Sr Ricardo. –Ivone, minha empregada, disse
quando entrei na cozinha para tomar o café da manhã.
__ Arrumou minha pasta Ivone?
__ Na verdade não, não sabia que iria trabalhar hoje.
__ Tudo bem, ultimamente tenho andando tão absorto
em pensamentos que me esqueci de te dizer.
__ Quer que eu tente ao menos colocar os papeis
dentro da pasta? –ela disse rindo.
__ Por favor. –disse acompanhando suas risadas.
Eu não sou uma pessoa desorganizada, mas às vezes
tenho que deixar algumas coisas de lados para resolver
questões da empresa em que trabalho, e a organização
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da minha pasta é a ultima coisa que me lembro de
fazer, ou pedir que façam por mim.
Trabalhar numa das maiores revistas da cidade é um
trabalho exaustivo, principalmente quando se é o editor
chefe.
Depois de dirigir por quase uma hora no tráfego do
centro da cidade, cheguei à revista BREATH e antes de
entrar recebi um telefonema de uma fotografa da
revista:
__ Estou subindo Jessica, o que quer?
__ A grife MODA DE VERÃO enviou o novo modelo
para a sessão de fotos.
__ Tudo bem, peça para ele esperar.
__Ok. –ela disse e desligou.
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EDGAR
Estou realizando um sonho. Agora que sou o mais novo
modelo da MODA DE VERÃO estou a um passo de deixar
meu emprego de professor e me tornar uma
celebridade; adorado por todas e invejado por todos.
O meu único problema no momento é minha namorada
– ou assim ela se considera – Viviane. Apesar de eu ter
uma grande atração por seu maravilhoso corpo, eu
nunca a amei e muito menos agora que ela esta tendo
crises consecutivas de ciúmes.
Estava sentado em uma poltrona bem confortável
conversando com uma das fotografas – que por sinal,
era bem atraente – que me acompanharia na sessão de
fotos.
__ Bom Dia. –um rapaz disse se aproximando.
__ Bom Dia. –disse e Jessica continuou.
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__ Ricardo esse é o modelo da MODA DE VERÃO.
__ Prazer Edgar. –disse rapidamente e apertei sua
mão.
__ Como vai Edgar? –ele me olhou como se estivesse
me reconhecendo de algum lugar.
__ Algum problema Ricardo? –Jessica perguntou.
__ Não, pode subir para o estúdio e começar as
fotografias.
VERÔNICA
Fiz uma rotineira viagem do centro da cidade – onde
moro – até a escola em que trabalho como
Orientadora Educacional ao lado de Kátia. Entrei em
minha sala e joguei minha bolsa em cima da mesa.
Minutos depois meu celular tocou.
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__ Não me diga que não vai vir? –disse ao atender ao
telefone percebendo que se tratava de Kátia.
__ Vou chegar um pouco atrasada...
__ Mas você já está atrasada.
__ Verônica... É uma questão de vida ou morte.
__ Rodrigo? – perguntei e ouvi um resmungo de Kátia e
deduzi que era um sim.
__ Tudo bem Kátia, mas reze para a Senhora Gisele não
vir em nossa sala.
__ Ah sem problema, esse projeto de diretora só
aparece na escola na reunião de pais. –ela disse e
despedindo-se desligou o telefone.
Verônica ROMANCES
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Aproveitei que não havia muito movimento na escola
e peguei o meu exemplar do livro O Morro Dos Ventos
Uivantes1 e continuei a ler.
Talvez tenha sido dessa história que retirei tantas
teorias sobre o amor. Heathcliff e Catherine se
tornaram pessoas tão diferentes depois das
experiências da vida e continuaram se amando até
mesmo depois da morte desta. Seria possível que um
sentimento tão forte pudesse sair das páginas de livros
para a vida real?
KÁTIA
Minha vida amorosa é bem complexa. Eu me apaixono
facilmente e me desapaixono também. Talvez como
1 Romance Inglês escrito pela autora Emily Brontë
Verônica ROMANCES
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Verônica, eu no fundo queira encontrar o verdadeiro
amor, mas diferente dela, eu corro atrás desse amor.
Sei perfeitamente que isso pode parecer vulgaridade da
minha parte, mas a vida é feita de romances e eu
sinceramente não me importo com a opinião dos outros.
Estava indo me encontrar com Rodrigo, apesar de
estar atrasada para o trabalho, eu precisava ter uma
conversa com meu namorado, ou melhor, ex-
namorado.
__ Como vai Kátia? –Rodrigo perguntou me dando um
beijo no rosto.
__ O que quer? __ Já disse que não temos mais nada!
__ Eu não acredito em você!
__ Sinto muito por você. –disse fingindo estar
querendo ir embora.
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__ Eu te amo...
__ Foi pra isso que me chamou aqui?
__ Não, eu sei que nosso namoro está um pouco
abalado, mas acho que te devo explicações.
__ Não me diga que você me traiu? __ Eu arranco o
seu...
__ Não, não foi isso... __ Espera, não tem como eu te
trair se não estamos mais namorando!
__ Tudo bem diz logo o que quer, tenho que ir
trabalhar.
__ Eu vou sair do país...
__ Ótimo, vai pra qual planeta?
__ Estou falando sério, recebi uma proposta de
emprego no México.
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__ Tudo bem, leve um abraço meu a Ninel Conde2!
__ Você realmente não se importa?
__ Rodrigo, faça de sua vida o que você bem entender.
__ Beijos, me liga! __ Ou melhor, não me liga. –disse
deixando-o sozinho e seguindo para meu trabalho.
EDGAR
Acompanhei Jessica até o estúdio. Fiquei admirado
com tamanha beleza. O estúdio com certeza era do
maior que uma sala de estar grande.
__ Edgar? –Jessica me chamou. __ Tudo bem com você?
__ Sim. –disse.
2 Cantora e atriz mexicana
Verônica ROMANCES
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__ Você vai encontrar as roupas da sessão atrás
daquela porta. Fique a vontade enquanto organizo
minhas câmeras.
Segui para a porta e ao abrir me deparei com uma
pequena sala revestida de espelhos e cheia de cabides
e etiquetas. Percebi que algumas estavam escritas
MODA DE VERÃO, mas não sabia qual usar. Retirei
minha roupa e entrei em meio aos cabides para ver se
encontrava algo.
Minha procura foi em vão, passaram-se quase dez
minutos e eu decidi pedir ajuda. Saí da pequena sala,
somente trajando cueca, e chamei por Jessica que
ainda estava distraída com as câmeras fotográficas.
__ Sabe qual roupa devo vestir primeiro?
__ As do cabide verde escuro. –ela me respondeu me
olhando fixamente.
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Voltei para a sala de espelhos. Eu havia notado uma
pequena onda de nervosismo e excitação em Jessica
quando me viu. Percebi que não poderia perder
aquela oportunidade, afinal já se fazia três dias que eu
só transava com minha namorada. Decidi voltar para a
sala principal, levando dois modelos de sungas que
encontrei.
__ Qual você prefere?
__ Não sei, vista a vermelha.
__ Também gosto da vermelha...
__ O que está fazendo?
__ Você não me pediu que vestisse a vermelha?
__ Sim, quero dizer, não... __ Não na minha frente!
Deixei a sunga cair propositalmente e me aproximei
nu.
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__ Você não gostou?
__ Eu, eu... –não deixei que ela terminasse e a beijei.
__ Vamos começar? –disse vestindo a sunga.
Ficamos no estúdio por quase uma hora inteira e eu
ainda não havia fotografado com todas as roupas.
Depois de mais um tempo finalmente terminamos.
__ As fotos ficaram ótimas, agora sim terminamos. –
Jessica disse desligando a câmera.
__ Na realidade ainda não terminamos. – disse me
aproximando desta vez vestido.
__ Não entendi.
__ Eu ainda não te mostrei minha coleção de sungas. __
Não quer vê-las agora?
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Jessica me olhou por um tempo, sua expressão era
ilegível. Por um momento pensei que levaria um fora,
mas me enganei.
__ Quem sabe. –ela disse sorrindo.
RICARDO
Estava assinando alguns papéis de fornecedores em
minha sala quando meu celular tocou. Ao perceber de
quem se tratava tentei ignorar, mas ela não desistiu.
__ Estou trabalhando Clarice! –disse ao atender.
__ Você não pode falar cinco minutos com sua mulher?
__ Minha ex-mulher!
__ E faz diferença? __ Temos uma filha juntos.
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__ O que quer? __ Será que vou precisar te dizer
novamente que não te amo mais? __ Não é possível
que nesses cinco anos que estamos separados você
ainda não percebeu!
__ Eu ainda te amo Rick.
__ Clarice, se você me ligou pra isso eu vou desligar.
__ Espera! __ Não te liguei só pra isso.
__ Aconteceu alguma coisa com a Alessandra?
__ Não. __ Mas vamos para Toronto daqui alguns dias e
a Alessandra quer passar na sua casa na volta.
__ Tudo bem, e quando vocês voltam?
__ No fim do mês.
Verônica ROMANCES
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__ Ok, quando voltarem pro México coloque a
Alessandra num vôo aqui pro Rio de Janeiro e eu a
encontro no aeroporto.
__Então está bem.
__ Mais alguma coisa?
__ Estou esperando você desligar.
__ Tudo bem, tchau. –disse desligando.
KÁTIA
Cheguei ao trabalho e segui para minha sala sem ao
menos cumprimentar o porteiro. Ao me avistar
Verônica guardou o livro que estava lendo – não sei
por que ela gostava tanto de ler – e me cumprimentou.
__ Pode falar. –ela disse.
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Verônica me conhecia tão bem que já sabia quando
precisava desabafar.
__ Ele vai pro México.
__ E qual o problema?
__ Foi o mesmo que perguntei a ele. __ Mas e agora?
__ Por que se importa você quem terminou com ele.
Apesar de me mostrar uma mulher forte e
independente, eu sempre preciso de uma âncora,
alguém em quem possa confiar, alguém mantenha viva
a chama ardente em meu coração. Na realidade, eu
tenho medo da solidão.
__ Tem razão.
__ Está sabendo da última? __ Edgar está fazendo uma
sessão de fotos da grife MODA DE VERÃO pra revista
BREATH.
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__ Mais uma vez você vem falar do Edgar!
__ E qual o problema?
__ O problema é que você tem que aceitar que o Edgar
não serve pra você. __ Você merece uma pessoa
melhor.
__ E onde está a “pessoa melhor”?
__ Se fizesse como eu, talvez já tivesse encontrado!
__ Fazer o quê? __ Sair me oferecendo... __ Me desculpe,
eu não quis dizer isso.
Eu realmente não me importo o que os outros pensam
de mim, mas minha melhor amiga não está incluída
nesse pacote.
__ Não sabia que você pensa assim de mim.
__ Eu não penso. __ Me desculpe, eu agi sem pensar.
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__ Tudo bem. –disse fingindo não me importar.
O dia seguiu e eu dirigi poucas palavras a Verônica, eu
não gostava de ficar brigada com ela, mas às vezes isso
era necessário.
VERÔNICA
Magoar minha amiga é uma das coisas que mais tenho
medo de fazer. Meus impulsos frenéticos são realmente
incontroláveis, e eu sinceramente não gosto disso.
Kátia ficou a tarde inteira sem falar comigo, mas eu
não me importei. Sabia que ela havia me perdoado e
só precisava de um tempo. Estava bem triste, decidi
pegar o metrô de volta pra casa. A única coisa que me
alegrava era saber que ao chegar a minha casa iria
finalmente poder conversar com o Sr Destino.
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__ Boa tarde. –disse ao motorista e me dirigi para um
dos poucos bancos vazios.
Sentei-me no banco e percebi que uma senhora estava
em pé próxima a mim.
__ Senhora, pode se sentar aqui. –disse me levantando.
__ Não obrigada.
__ Por favor, não é justo que eu me sente quando uma
senhora está em pé.
__ Tudo bem.
A senhora se sentou e voltou a olhar pra mim.
__ Precisa de alguma coisa? –perguntei.
__ Como se chama?
__ Verônica. –disse timidamente.
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__ Combina com você.
__ Obrigada. – respondi e perguntei seu nome, já que
estava sem assunto.
__ Elga. –ela respondeu sorrindo.
Os minutos se passaram enquanto conversávamos –
agora por interesse e não por educação –
distraidamente sobre vários assuntos. Elga havia me
falado de sua filha já que eu havia tomado coragem de
perguntar o motivo de ela me olhar tanto.
__ Você se parece muito com ela.
__ E como ela se chama?
__ Alice.
Quando finalmente me despedi de Elga e desci do
metrô disparei-me para casa. Entrei em casa e fui
Verônica ROMANCES
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direto para meu computador. Felizmente o Sr Destino
já estava me esperando.
__ Oi. –digitei.
__ Chegou mais cedo hoje? –ele perguntou.
__ Peguei o metrô, queria chegar rápido em casa.
__ Pra conversar comigo?
__ Convencido. –digitei sorrindo. __ Também.
__ E qual foi o outro motivo?
__ Tive uma discussão com minha amiga.
__ A Kátia?
__ Sim, eu disse algumas coisas pra ela e agora me
sinto mal.
__ Ela vai te perdoar.
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__ Eu sei, só não sei se eu vou me perdoar.
__ Claro que vai. Você sabe que não quis magoá-la.
__ Tem razão. __ Mas mudando de assunto, estou quase
terminando o livro.
__ O Morro dos ventos Uivantes?
__ Sim.
__ Uma vez sonhei com esse livro...
__ E quem você era?
__ Linton.
__ E imagino que também estava no sonho.
__ É claro, você nunca me perdoaria se não estivesse. –
ele digitou e terminou a frase com letras de risadas.
__ Tem razão. __ Até imagino quem eu era.
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__ Quem?
__ Isabel?
RICARDO
O jovem Linton casado com a bela Catherine que era
perdidamente apaixonada por um amigo de infância,
enquanto o rapaz realizava todos os seus caprichos
apenas para demonstrar seu amor.
Deveria eu mentir para Verônica? Responder que sim,
no meu sonho ela era simplesmente a minha irmã –
irmã do Linton – Isabel? Ou eu deveria confessar que
ela sempre foi minha Catherine?
__ Sim, você era ela. –digitei.
Conversei com Verônica por quase duas horas e
depois quando ela finalmente teve que sair – os
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humanos tem necessidades básicas, como por
exemplo, tomar banho – eu decidi reler o capitulo do
meu sonho. Quem me dera naquele momento ser o
Heathcliff, amado por Catherine ou simplesmente
adorado por Isabel, não importa qual das duas,
somente importava que pra mim fosse Verônica.
EDGAR
Cheguei a meu apartamento acompanhado de Jessica,
felizmente Viviane havia ido pra uma festa na casa de
uma amiga, ela havia me ligado antes para pedir
permissão, e não sei como não percebeu que se eu não
fosse fazer algo errado nunca a deixaria ir sozinha a
uma festa.
__ Seu apartamento é lindo!
Verônica ROMANCES
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__ Você ainda não viu a melhor parte, meu quarto. –
disse a carregando e levando-a até meu quarto. __
Toma alguma coisa? __ Um vinho?
__ Sim. –ela disse sorrindo e eu fui até a cozinha buscar
o vinho e duas taças.
Quando voltei encontrei Jessica deitada em minha
cama apenas com roupas íntimas. Coloquei o vinho e
as taças no criado mudo e me deitei junto dela,
retirando minha roupa e a beijando.
Eu a acariciava e a beijava ferozmente. Jessica parecia
bem experiente, ela me abraçava e sussurrava coisas
excitantes no meu ouvido.
__ Por que você não me mostra se o que vi mais cedo
realmente funciona bem? –ela de repente se tornou
uma mulher tomada de prazer.
__ Você é quem manda. –disse.
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Iniciamos uma noite selvagem de prazer. Jessica
gritava palavras explicitas e me deixava cada vez mais
excitado.
De repente Jessica teve uma idéia maluca, mas eu
estava em puro êxtase e não neguei.
__ Que tal uma sessão de fotos particulares? –ela disse
retirando sua câmera fotográfica da bolsa.
Acordei no dia seguinte e Jessica já não estava mais
comigo. Encontrei apenas um bilhete.
“ADOREI A SESSÃO DE FOTOS, NÃO SE ESQUEÇA DE
PASSAR NA BREATH AMANHÔ
Continua...
Verônica ROMANCES
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CAPITULO DOIS FLOR DE LOTUS
VERÔNICA
Cheguei ao trabalho. Esperava ansiosa que Kátia
voltasse a falar comigo. Como sempre ela ainda não
havia chegado e eu não havia passado em seu
apartamento antes de sair. Peguei uns papéis e fui até
a sala dos professores. Na verdade, os papéis eram
apenas uma desculpa para poder falar com Edgar.
__ Bom dia. –Kátia me disse quando eu estava saindo
da sala.
__ Oi. –disse timidamente.
__ Não se preocupe, eu não estou mais chateada.
Verônica ROMANCES
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__ Me desculpe...
__ Tudo bem, eu sei que você não quis me magoar. __
Aonde vai?
__ Levar esses papéis para Ed... Para os professores.
__ Tudo bem, vou arrumar algumas coisas na sala.
Segui para a sala dos professores e distribui os
formulários, no fim do ano haveria uma viagem
escolar e alguns professores tinham que se habilitar
para acompanhar os alunos. Edgar não estava na sala,
então subi para o segundo andar na esperança de
encontrá-lo em algum corredor.
EDGAR
Estava no corredor esperando à hora de entrar na sala
de aula, conversando com algumas alunas. De repente
Verônica ROMANCES
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uma funcionária da escola cujo nome não recordava se
aproximou.
__ Bom dia Edgar. –ela disse quase gaguejando.
__ Bom dia... –tentei lembrar seu nome, mas não foi
possível.
__ Eu vim trazer esses formulários...
__ OK.
Ela continuou parada me olhando.
__ Mais alguma coisa?
__ Bom, eu sei que você anda meio ocupado, mas
queria saber se você e... Eu...
__ Tudo bem. –disse olhando para uma aluna do último
ano que passou fazendo sinal para que eu ligasse pra
ela mais tarde.
Verônica ROMANCES
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__ Pode ser hoje? Depois do trabalho? –ela perguntou
sorrindo.
__ Sim? –respondi sem saber realmente do que ela
estava falando.
__ Tudo bem. –ela disse e depois saiu.
Provavelmente ela queria que eu entregasse os
formulários preenchidos ainda hoje. Coloquei-os na
pasta e entrei para a sala de aula.
VERÔNICA
Eu me sentia a mulher mais realizada do mundo!
Como era possível, Verônica Vale e Edgar juntos num
encontro? Segui para minha sala tentando de todas as
formas esconder a animação de Kátia. Eu havia
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brigado com ela por causa de Edgar e não queria
repetir a dose.
__ Está tudo bem?
__ Por que não estaria? __ Tenho a melhor amiga do
mundo!
__ Eu já te perdoei, não precisa puxar saco. –ela disse.
__ Não estou puxando saco! –disse a abraçando e me
jogando no divã vermelho que compunha nossa
humilde sala.
VIVIANE
Eu assumo: sou possessiva. Mas quem não é? Eu quero
que tudo o que é meu seja somente meu e não me sinto
mal por isso; principalmente quando se trata de amor.
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Eu fiz coisas imagináveis para conseguir ficar com
Edgar e eu não vou deixar que um sonho inútil de ser
notado atrapalhe nossa relação.
__ Ed?
__ Oi querida. –ele disse.
__ O que está fazendo?
__ Acabei de sair da sala de aula. __ Por quê?
__ Por nada, eu vi uma matéria na TV sobre a nova
grife da MODA DE VERÃO e lembrei-me de você. __
Como foram às fotos?
__ Excelentes, você tinha que ter visto. __ Em breve seu
namorado vai ser uma celebridade!
__ É isso que me preocupa. __ Eu não quero que você
viva rodeado de outras mulheres.
Verônica ROMANCES
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__ Você sabe que eu só tenho olhos pra você!
__ E também sei que você tem um grave problema no
pescoço quando uma mulher passa por você!
__ Não vamos brigar agora, vamos?
__ Não. –disse. __ Como dormiu a noite passada? __ Eu
não queria ter de deixar sozinho.
__ Não se preocupe querida, eu dormi com os anjos. –
ele disse.
__ Tudo bem, e quando vamos nos ver?
__ Por que você não passa aqui na escola mais tarde? __
Eu vou dar aula até o último horário e depois não vai
ter ninguém na escola.
__ Tudo bem. –disse e despedindo ele desligou.
Verônica ROMANCES
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Joguei meu celular contra a parede quando me
lembrei da sessão de fotos. Alguns minutos depois o
telefone tocou. Fui até a sala atender.
__ Alo?
__ Como vai Viviane?
__ Quem fala?
__ Não reconhece minha voz?
__ Lúcio? –perguntei assustada.
__ Sim, parece um pouco surpresa?
__ Na verdade sim. __O que quer?
__ Só liguei para te cumprimentar. __ Como está seu
namoradinho? __ Soube que ele esta ficando famoso.
__ Infelizmente. –disse com raiva.
Verônica ROMANCES
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__ Não deveria estar feliz?
__ Talvez, mas agora corro o risco de perdê-lo.
__ Não se preocupe querida; posso assegurar-lhe que
não.
__ O que quer dizer?
__ Entenda como quiser, você sabe que posso fazer
com que ele fique com você até quando quiser... __ Ou
fazer com que ele termine com você neste exato
momento.
__ O que você quer? __ Não quero me meter em
encrencas outra vez.
__ Quero que pense bem, não quer perder seu
namorado, quer?
__ Tudo bem, vou pensar.
Verônica ROMANCES
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__ Um mês é o suficiente?
__ Sim.
__ Então, até breve. –ele disse e desligou.
__ Maldito! –disse batendo o telefone no gancho.
ALGUMAS HORAS MAIS TARDE
EDGAR
Segui para o portão fingindo estar saindo junto aos
outros funcionários. Depois que todos haviam ido,
esperei por Viviane e quando ela chegou tornei a
entrar na escola. Como sempre o porteiro estava
dormindo e não percebeu nada.
Verônica ROMANCES
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__ Tem certeza que não tem mais ninguém nessa
escola?
__ Se considerarmos o porteiro como gente, somos
apenas nós três.
__ Pra onde vamos?
__ Que tal a sala dos professores?
__ Tudo bem.
Viviane e eu seguimos para a sala e começamos a nos
beijar. Eu a acariciava e retirava nossas roupas
enquanto ela me abraçava ferozmente. Começamos ali
mesmo nossa relação amorosa e ainda no ato
seguimos para um dos banheiros.
Passamos vários minutos de intensivo prazer e no
auge da excitação fomos interrompidos por uma visita
inesperada.
Verônica ROMANCES
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__ O que está acontecendo? – Verônica perguntou.
__ O que essa mulher faz aqui Ed, você disse que não
tinha ninguém!
__ Eu não sei. __ O que faz aqui? –perguntei.
__ Edgar! – Viviane gritou quando me levantei nu na
frente de Verônica.
__ Eu não queria interromper. –ela disse chorando
imóvel na nossa frente.
__ Seu idiota! –Viviane disse e vestindo-se
rapidamente saiu em direção à porta.
__ Espera! –disse correndo atrás dela.
Verônica ficou no banheiro imóvel até o momento em
que saí da escola.
Verônica ROMANCES
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VERÔNICA
E mais uma vez a Lua se torna minha companheira. Nas
diversas vezes que chorei, nenhuma por decepção tão
grande, a lua me acompanhou.
Aquela havia sido a cena mais deplorável que havia
presenciado em toda minha vida. Eu sinceramente não
culpava ninguém além de mim mesma. Como eu pude
acreditar uma só vez que era a pessoa certa para
Edgar? Qualquer mulher teria muito mais a oferecer do
que eu.
Naquela noite me senti totalmente de acordo com os
quatro elementos – fogo, ar, terra, água – quando se
sentiram mal com a interferência do humano em sua
reunião de reencontro. E pior do que isso: Neste caso
era eu o humano. E diferente deles, eu não poderia criar
algo tão bonito que me servisse de lição. A flor de Lótus
para mim, nada mais seria do que um coração partido,
Verônica ROMANCES
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representando a amargura de ser uma frágil humana
lutando contra os seus sentimentos primitivos.
Segui para casa tentando não pensar em nada no
caminho. Adormeci rapidamente e quando acordei
precisei mentir pra mim mesma para conseguir a
coragem suficiente para encarar minha amiga Kátia e
o meu trabalho ao lado de Edgar.
NO OUTRO DIA
KÁTIA
__ O que aconteceu? – perguntei quando Verônica
entrou na sala.
__ Não aconteceu nada. –ela mentiu.
Verônica ROMANCES
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__ Não minta, eu te conheço tanto quanto você me
conhece! __ Sei que você não está bem.
__ Ontem eu flagrei Edgar com outra.
__ Aonde? __ Com quem?
__ Aqui na escola com a namorada dele ontem à noite.
__ Então ele não estava com outra, e porque você
estava na escola ontem à noite?
__ Havia marcado um encontro com ele!
__ Canalha! –gritei. __ Vou agora mesmo acertar as
contas com esse...
__ Você não vai a nenhum lugar! –Verônica disse me
segurando.
__ Não vou deixar que ele brinque com você! __ Você
não merece isso!
Verônica ROMANCES
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__ Não foi culpa dele! __ Eu é que me iludi outra vez.
Eu realmente não estava disposta a brigar novamente
com Verônica, apesar de saber que ela era mais do que
Edgar merecia, era ele quem ela queria e eu não podia
fazer nada se não apoiá-la.
RICARDO
__ Bom dia Sr Ricardo, você recebeu uma ligação mais
cedo.
__ Clarice? –perguntei desanimado.
__ Na realidade não, foi de uma escola...
__ Eu não acredito! __ Te adoro Ivone! –disse
abraçando-a e a carregando.
__ Mas...
Verônica ROMANCES
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__ Não tem problema, diz logo o que eles queriam!
__ Pediram que retornasse a ligação.
__ Vou ligar agora mesmo. –disse correndo para o
telefone.
Ansiava por isso há quase dois meses... Além de ser
editor da BREATH, sou formado em Letras, apesar de
nunca ter dado aulas. Essa talvez fosse a minha maior
oportunidade de declarar-me a Verônica e eu com
certeza não iria perdê-la. Tudo na vida tem propósitos e
depois de muito refletir decidi me tornar professor e
não vi opção melhor do que enviar meu currículo para
a escola onde Verônica trabalha.
Alguém pode me perguntar por que abandonaria meu
alto cargo numa grande empresa para me tornar
professor. E apesar de eu não ter intenção de
abandonar meu antigo emprego, só teria uma resposta:
Verônica ROMANCES
49
“Como posso eu viver sem minha vida. Como posso viver
sem minha alma?!” 3
E neste caso minha vida e alma se resumiam em apenas
uma pessoa, e eu estava indo ao seu encontro...
Depois de telefonar para a escola e confirmar minha
admissão voltei à cozinha e abracei Ivone novamente.
Estava explodindo felicidade!
KÁTIA
Como uma boa mulher, a melhor solução que
encontrei para a depressão de Verônica foi convencê-
la a irmos juntas fazer compras e ao salão de beleza.
Depois de algumas sessões de extrema relutância ela
terminou por aceitar. Como ainda estava cedo,
3 Famoso trecho do livro O Morro dos ventos uivantes.
Verônica ROMANCES
50
decidimos ir a um restaurante almoçar antes de
seguirmos para o nosso programa.
Passamos por no mínimo três restaurantes e todos
estavam cheios, no fim decidimos comer no
restaurante japonês da esquina. Entramos no
restaurante e nos sentamos próximo a porta, devido a
também lotação. Depois de um tempo Verônica
percebeu algo e ficou inquieta.
__ O que foi Verônica?
__ Olha quem está ali! –ela disse quase em cochicho.
Virei-me discretamente e percebi que se tratava de
Rodrigo almoçando com uma mulher.
__ Pilantra! Não se faz uma semana que terminamos e
ele já está com outra? Ele me paga.
__ O que vai fazer? –Verônica perguntou assustada.
Verônica ROMANCES
51
__ Só um minuto querida. –disse me levantando e
concertando meu vestido que agora deixava minhas
pernas à mostra e segui em direção a um garçom.
__ Esta bandeja é para aquele casal?- perguntei e ele
confirmou.
__ Pode deixar que eu mesma leve, sou uma velha
amiga deles. –disse e depois me arrependi de ter
usado o termo “velha”.
__ Claro. – ele disse.
Na bandeja havia uma comida estranha e uma tigela
com algo parecido com um molho esverdeado. Percebi
que Verônica instintivamente abaixou a cabeça
quando percebeu o que eu iria fazer.
Segui para a mesa de Rodrigo com o cardápio
tampando o rosto.
Verônica ROMANCES
52
__ Com licença, vocês pediram este prato? – a mulher
confirmou com a cabeça.
__ Então, aqui está ele! – disse derramando o molho na
cabeça da mulher e jogando a bandeja em Rodrigo.
__ O que é isso? __ Kátia? –ele disse percebendo quem
eu era.
__ Isso é o pagamento por dizer a alguns dias que me
amava e hoje já estar com outra!
__ Você não deveria ter feito isso! – a mulher se
levantou e pegou uma bandeja de um garçom que
estava próximo e jogou em mim.
__ Sua... Sua... – disse retirando pedaços de algo que
parecia macarrão de minha cabeça.
__ Sua o quê? Quem você pensa que é pra jogar comida
em mim?
Verônica ROMANCES
53
__ Sou a ex-namorado deste covarde que está
encolhido na cadeira!
__ E o que eu tenho a ver com isso? – a mulher
perguntou.
__ Você não é a nova namorada dele? – perguntei sem
graça.
__ Claro que não, eu sou casada. Viemos em um almoço
de negócios.
- ela disse nervosa.
__ Me desculpe... – disse retirando um resto de comida
da cabeça da mulher.
__ Você vai pagar por isso; e você Rodrigo, não quero
te ver na minha frente nunca mais. – ela disse saindo
do restaurante.
__ Está satisfeita Kátia?
Verônica ROMANCES
54
__ Sim, não me arrependo do que fiz! –menti.
__ Você mesma disse que não temos mais nada e fica
me seguindo por toda parte!
__ Te seguindo? Seu idiota! – disse jogando a bandeja
caída na mesa sobre ele e saí do restaurante.
Não percebi no momento, mas Verônica me
acompanhava.
__ O que foi aquilo?
__ Eu não sabia que eram apenas negócios... –disse
agora me mostrando arrependida.
__ Sinceramente, foi a coisa mais engraçada que eu já
vi em toda minha vida! – ela disse dando gargalhadas.
__ Você viu a cabeça dela cheia de molho? – disse rindo
juntamente com ela.
Verônica ROMANCES
55
__ Sim, mas isso não retira o fato de que você está toda
suja de macarrão.
__ Você tem razão. __ Nossa ida ao salão vai ter que
ficar pra outro dia.
__ Tudo bem. –ela concordou.
__ Mas amanhã você não escapa! –disse.
__ A não ser que você encontre Rodrigo com outra. –
ela disse e voltou a rir.
RICARDO
Acordei animado. Também não fosse pra menos,
começaria naquele dia a trabalhar junto à mulher que
amo.
Verônica ROMANCES
56
Segui para escola, minha respiração se tornava cada
vez mais fraca. E então eu a vi.
Nem toda beleza do mundo pode ser comparada a
beleza da pessoa amada. Encontrei a parte de mim que
faltava, a pessoa certa pra minha vida.
__ Bom dia, pode-me dizer onde é a secretaria da
escola? –me dirigi a ela.
__ Claro. Quem é você? –ela perguntou curiosa.
__ Me chamo Ricardo, sou o novo professor de
português.
__ Prazer Ricardo, eu sou a Verônica. __ Eu te
acompanho até a secretaria...
__ Obrigado.
Verônica ROMANCES
57
Verônica me levou até a secretaria e depois decidiu
ser minha guia. Ela me mostrou a escola e no percurso
conversamos sobre nós mesmos.
__ Você trabalha na BREATH? –ela perguntou
surpresa.
__ Sim, foi lá que conheci seu amigo Edgar. –disse
tentando disfarçar a minha decepção.
Verônica havia falado o nome de Edgar pelo menos
dez vezes durante nossa conversa e eu acabei por
descobrir porque ele me foi tão familiar na BREATH.
__ E porque você decidiu dar aulas?
__ Me faço a mesma pergunta. __ Acho que é um
hobbie...
__ Desculpe a sinceridade, mas você é louco.
Verônica ROMANCES
58
__ Sem problemas, penso o mesmo de mim. – disse e
rimos juntos.
VERÔNICA
Conversava com o simpático novo professor quando
percebi que minha amiga Kátia se aproximava.
Despedi-me de Ricardo e segui ao encontro de Kátia.
__ Quem era o bonitão? – ela perguntou antes mesmo
de me cumprimentar.
__ Bom dia pra você também. __ Ele é o novo professor
de português.
__ MEU DEUS... Você tem que me apresentar. __ Você
não está...
__ Claro que não Kátia; sabe que meu coração já tem
dono.
Verônica ROMANCES
59
__ E o meu acaba de achar o dele. – ela disse sorrindo.
__ Sabe se ele é casado?
__ Não sei. –disse puxando-a pra nossa sala.
Durante o dia inteiro não houve outro assunto se não
o novo professor. Kátia havia ficado fascinada, e eu
estava começando a sentir pena do rapaz. Eu ainda
estava muito triste, o meu encontro mal sucedido com
Edgar havia deixado um buraco em meu coração.
__ Você não se esqueceu de nossa ida ao shopping
mais tarde, esqueceu? – Kátia perguntou.
__ Não, mas você não esta pensando em me fazer
comprar roupas parecidas...
__ Sim, você vai comprar roupas modernas e que
realcem sua beleza. –ela confirmou o meu medo.
Verônica ROMANCES
60
__ Mas minha opinião também vai contar. –disse quase
implorando.
__ Tudo bem. __ Por enquanto.
Continua...
Verônica ROMANCES
61
CAPITULO TRÊS JOGO DE SEDUÇÃO
EDGAR
Estava em casa, na maravilhosa utopia do “não fazer
nada” quando a campainha tocou, tirando de mim o
descanso.
__ Viviane?
__ Porque a surpresa querido?
__ Nada, só não pensei que viesse me ver hoje.
__ Posso entrar?
__ Claro, só vou me vestir...
__ Não precisa; adoro te encontrar assim quando
chego.
Verônica ROMANCES
62
Viviane se colocou para dentro em um salto aos meus
braços.
__ O que vai fazer hoje? – ela perguntou.
__ À tarde vou até a BREATH.
__ O que você vai fazer lá? __ Ainda não terminou a
sessão de fotos?
__ Já terminei, é por isso que vou lá. __ A revista deve
sair nessa semana e tenho que rever as fotos antes da
publicação.
__ Tudo bem, eu vou ao salão com a Judite e com a
Silvana.
__ Ok.
__ Nos vemos amanhã? –ela perguntou e respondi
balançando a cabeça.
Verônica ROMANCES
63
VERÔNICA
A tarde passou rapidamente. Porque o tempo estava
sempre contra mim?
__ Vamos Verônica?
__ Claro, vamos lá! – me levantei do divã atuando uma
animação.
__ Porque será que sempre somos as últimas a sair
dessa escola? –Kátia perguntou enquanto saíamos.
__ Não sei; mas na verdade o porteiro sempre é o
último. – a corrigi.
Seguimos para o salão preferido de Kátia. Ela me
sugeriu cortar o cabelo, e depois de uma infeliz
derrota em argumentos, me convenci a cortá-lo.
Fazia quase uma hora que estávamos no salão. Eu
ainda de touca e Kátia lendo uma revista de moda.
Verônica ROMANCES
64
VIVIANE
Cheguei ao salão com minhas amigas. Havíamos
enfrentado um engarrafamento horrível, o que tinha
me deixado nervosíssima.
Cumprimentei as atendentes e fui me sentar ao lado
de uma mulher que lia uma revista. Depois de um
tempo percebi de quem se tratava. Era a insuportável
da Kátia, a coordenadora da escola do Edgar.
Apesar de ela nunca ter me feito nada, eu não gostava
dela. Ela nunca mostrou nenhum interesse no Edgar e
isso me preocupava. Imaginava que talvez ela fingisse
não gostar dele. Ela por sua vez também não
simpatizava muito comigo, talvez por mera
reciprocidade.
Ao olhar ao redor, percebi que ela estava
acompanhada. A mulherzinha que havia me visto com
Verônica ROMANCES
65
o Edgar algumas noites atrás. Decidi caçoar dela, me
lembrando de seu estado quando nos flagrou.
__ O que está baranga4 faz aqui?
__ Está se referindo a mim? – Kátia se levantou e
perguntou.
__ Apesar de também ser uma, não me refiro a você, e
sim a sua amiga com cara de tucano.
__ Minha amiga se chama Verônica, e cara de tucano
tem a senhora sua mãe! – Kátia respondeu.
Enfureci-me com a má resposta e percebi que
Verônica tentava puxar Kátia para perto dela.
__ Está tentando fugir covarde?
4 Termo muito utilizado para se referir a uma mulher
deselegante e mal arrumada.
Verônica ROMANCES
66
VERÔNICA
Larguei o braço de Kátia e pulei por cima de Viviane.
Uma das poucas ofensas que me enfureciam de verdade
era chamar-me de covarde.
Nós rolávamos no chão enquanto as pessoas dentro
do salão faziam uma roda para observar a cena
deplorável.
Kátia fez tentativas em vão de nos separar, mas logo
desistiu ao perceber que Viviane começava a ceder.
__ Nunca me chame de covarde, sua galinha!
__ Isso não vai ficar assim! – Viviane disse como todos
que perdem uma boa briga.
As duas amigas de Viviane se juntaram a ela na saída
do salão.
Verônica ROMANCES
67
Estava toda suja, e minha touca já não existia. Decidi ir
pra casa me lavar antes de i ao shopping com a Kátia.
KÁTIA
Seguimos juntas, Verônica e eu, rindo da situação para
o apartamento dela. Decidi esperar por ela ali mesmo
na sala e depois de alguns minutos sozinha peguei seu
computador.
Uma janela estava aberta, percebi que havia alguém
online disposto a conversar, um homem cujo nome era
SR DESTINO.
__ Olá Sr Destino!?
__ Olá VR. –ele me respondeu e decidi me passar por
Verônica, ou melhor, VR.
__ Tudo bem com você? –perguntei.
Verônica ROMANCES
68
__ Melhor agora. –ele digitou.
Esse Sr Destino me parecia educado e com certeza
devia ser muito bonito.
__ O que acha se eu dissesse a você que resolvi me
apresentar?
__ O que está fazendo Kátia? – Verônica gritou do
banheiro.
__ Estou no seu computador. –respondi.
__ Já estou quase pronta.
__ Tudo bem. –disse e voltei à atenção para o Sr
Destino.
__ Ótimo, quando?
__ Que tal amanhã, ás oito?
__ Perfeito. –digitei apressada.
Verônica ROMANCES
69
__ Então estarei na estação vestindo uma camisa
verde.
__ Tudo bem, agora tenho que ir. –disse me
despedindo.
Minutos se passaram e seguimos para o shopping.
NO OUTRO DIA
EDGAR
Apesar da folga no trabalho, percebi ao acordar que
não teria um dia livre.
__ Bom dia querido.
__ Porque todas as vezes que abro minha porta te
encontro?
Verônica ROMANCES
70
__ Deve ser porque você não consegue viver sem mim.
__ Ou talvez porque você seja muito chata! – pensei. __
Entre amor.
__ Como é seu dia de folga decidi vir ficar com você.
__ Como adivinha meus desejos? –perguntei mentindo
ter gostado da surpresa.
__ Primeiro vamos tomar um maravilhoso café da
manhã, que eu vou preparar, depois vamos assistir um
filme e almoçaremos em um restaurante. __Aliás,
quando saí a suas fotos na revista? -ela não parava de
falar um minuto.
__Esses dias. -disse vestindo uma camisa.
__Ótimo, quero ser a primeira a ver.
Verônica ROMANCES
71
Passamos a manhã assistindo um filme chato e no
meio do dia fomos almoçar em um restaurante no
centro da cidade.
__Esse restaurante não é ótimo, eu sempre venho aqui
quando não quero preparar um almoço. -Viviane disse
sorrindo.
__Sim querida é ótimo. -disse. __Mas... -parei por um
segundo; uma catástrofe estava prestes a acontecer,
Jessica entrava no restaurante naquele momento
acenando pra mim e vindo em minha direção.
__Olá querido! Ela disse me dando um beijo, não havia
percebido que eu estava acompanhado.
__O quê? __Quem é essa mulher Edgar? -Viviane
perguntou levantando-se da mesa.
__É uma amiga querida...
Verônica ROMANCES
72
__Como, uma amiga? -Jessica se exaltou. __Seu canalha
e todas as noites que passamos juntos foram somente
de amizade.
__O que você está dizendo sua oxigenada? -Viviane se
aproximou de Jessica.
__Cale-se sua cadela, eu estou conversando com o meu
homem.
__Cadela? __Seu homem? __Eu vou te mostrar quem é
seu homem.
Viviane partiu para cima de Jessica que caiu no chão.
Seu vestido era tão curto que ela quase ficou nua no
restaurante.
__Sua cadela! -Jessica gritava.
__Cala boca sua piranha. -Viviane respondeu dando
socos na cara dela.
Verônica ROMANCES
73
Tentei separá-las por um momento, mas Viviane me
deu um empurrão e eu caí em cima da mesa
derrubando as taças que estavam em cima. Alguns
segundos depois dois seguranças vieram separá-las.
__Nunca mais olhe na minha cara Edgar! -Jessica
gritou enquanto saía do restaurante e entrava num
taxi.
Percebi quando Viviane se aproximou de mim e me
deu um tapa na cara.
__Seu canalha! -ela gritou e saiu do restaurante.
__Tudo bem, está tudo terminado! -gritei quando ela
tornou a me olhar.
Viviane parecia não se importar, mas eu sabia que
logo ela estaria batendo em minha porta novamente.
Verônica ROMANCES
74
KÁTIA
O dia se estendia monotonamente. Verônica não havia
ido trabalhar. Faltavam alguns minutos para terminar
as aulas quando Ricardo bateu na porta da minha sala.
__Entre! –disse; ele abriu a porta.
__Verônica, está?
__Não, mas a Kátia, não serve? –perguntei.
Me levantei e aproximei-me dele. Ele não havia
entendido minha insinuação então fechei a porta sem
que ele percebesse.
__Você poderia entregar esses papéis a ela? -ele me
perguntou educadamente.
__Claro, posso fazer tudo o que você quiser.
Verônica ROMANCES
75
Segurei em sua cintura empurrando-lhe até o divã
vermelho.
__Não estou entendendo. -Ricardo se arriscou a falar.
__Entender não será necessário, basta deixar-me lhe
mostrar.
Eu usava um vestido sustentado por alças. Então me
posicionei em sua frente e desamarrei meu vestindo.
Ele caiu sobre meus pés como uma chuva repentina,
deixando-me seminua. Ricardo estava paralisado.
De repente, como em um surto de adrenalina, ele se
levantou e despreocupado saiu normalmente da sala,
como se eu não existisse ali. Com um sorriso
malicioso, me vesti esperançosa.
Verônica ROMANCES
76
RICARDO
Havia acabado de confirmar que Kátia era maluca.
Verônica havia me falado sobre suas extravagâncias,
mas não levei tão a sério.
Felizmente tinha coisas mais importantes pra me
preocupar naquele momento. Como por exemplo,
encontrar com Verônica na estação. Provavelmente
ela não havia ido trabalhar, pois estava se preparando
para me conhecer, ou melhor, conhecer o Sr Destino.
Saí da escola e passei rapidamente pela BREATH. As
fotos da MODA DE VERÃO já estavam quase prontas.
Ao chegar a minha casa, tomei um banho e me vesti
para o esperado encontro.
Eu me sentia o homem mais sortudo do mundo. De
todas as vezes que me imaginei nessa situação,
nenhuma foi uma emoção tão insana como essa.
Verônica ROMANCES
77
Um tempo depois segui para a estação. Eram quase
oito da noite. Estava usando uma jaqueta preta por
cima da combinada camisa verde.
Não conseguia me conter. Olhava para todas as
mulheres buscando por ela. Os ponteiros do relógio
não paravam; na realidade, pareciam correr mais
rápido do que nunca.
E então horas se passaram, e ela não veio ao encontro.
A minha emoção estava se transformando em
desilusão e eu começava a me sentir mal.
Porque não me declarei antes? Quando descobri que a
amava. Sentia raiva de mim mesmo. E agora estava
parado como um idiota, sozinho.
Decidi entrar em um pequeno bar próximo a estação.
Depois de quase duas garrafas de Vodka, percebi que
comecei a perder o juízo das coisas.
Verônica ROMANCES
78
KÁTIA
Já havia me cansado de esperar pelo Sr Destino.
Haviam se passado horas e eu não tinha o encontrado.
Por diversas vezes me confundi, parando pessoas de
camisa verde na rua. Apenas um rapaz me respondeu
que procurava por alguém, e antes que pudesse me
animar, ele revelou-me procurar por seu irmão.
Já derrotada pelo desanimo, decide beber um pouco.
Segui para um bar e ao chegar lá me deparei com
Ricardo.
__ O que faz aqui Ricardo?
__ Olá Kátia. –ele disse e eu percebi que ele estava
completamente bêbado.
__ Você está bem?
Verônica ROMANCES
79
__ Muito bem. –ele disse entre soluços.
__ Está sozinho?
__ Acho que sim. –ele disse tentando se levantar e
caindo de volta ao banco.
__ Acho melhor levá-lo pra casa.
__ Sabe dirigir?
__ Com certeza, melhor que você neste momento.
Entramos em seu carro e eu assumi o volante.
__ Porque bebeu tanto?
__ Estou decepcionado...
__ Não quer me contar?
__ Uma garota. – ele disse encostando a cabeça no meu
colo.
Verônica ROMANCES
80
Descontrolei-me e quase retirei o carro da estrada.
Ricardo passava a mal inocentemente na minha perna.
Apesar da situação, eu não poderia perder aquela
oportunidade.
__ Eu nunca faria isso com você.
__ Eu não acredito.
__ Quer uma prova?
__ Seria bom.
Neste momento levantei sua cabeça do meu colo e o
beijei.
Eu estava encantada por Ricardo. Mesmo bêbado, ele
ainda era educado e encantador. Entramos em sua
casa e seguimos para seu quarto.
Foi uma noite maravilhosa. Ricardo era o homem da
minha vida. Ele me acariciava com suas mãos firmes,
Verônica ROMANCES
81
porém suaves. Entregava-me ferozmente, mas ele era
delicado, sua mão deslizava em mim sintonizada com
as minhas mãos que o acariciava. Tornamos aquela
noite triste, uma noite de excitação e prazer.
Acordei no outro dia ás seis da manhã e percebi que
não tinha sido um sonho, estava deitada ao lado de
Ricardo. O beijava quando ele acordou.
__O que está fazendo aqui? -ele me perguntou.
__Não se lembra, passamos a noite juntos.
__Como isso pode ter acontecido? -ele perguntou
indignado.
__Só aconteceu! -eu disse abraçando-o.
__Solte-me, eu não queria fazer isso. - Ricardo disse,
me empurrando.
__ O que foi?
Verônica ROMANCES
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__Saia da minha casa! -Ricardo gritou.
Eu peguei meu vestido caído ao chão e me vesti.
__ Aprece-se!
__ Pode se acalmar! __ Preciso encontrar meu celular.
Peguei meu celular e me aproximei de Ricardo. Ela
parecia em choque, mas não me importei.
__ Não vai me dar um beijo?
__ O quê? –ele perguntou.
Roubei um beijo dele e saí sorrindo.
Verônica ROMANCES
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RICARDO
Aquilo não poderia ter acontecido, agora nunca mais
teria chance com Verônica depois que ela soube-se do
acontecido. Eu me sentia o pior homem do mundo.
__Como poderia me deixar levar por minha desilusão? -
eu perguntava a mim mesmo. -E pior, Kátia estava
apaixonada por mim. -pensava em como ela não se
irritou, quando gritei com ela.
__Está tudo bem Sr Ricardo? -Ivone apareceu com
rolinhos na cabeça.
__Sim Ivone, ainda é cedo pode ir deitar.
Continua...
Verônica ROMANCES
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