Post on 11-Nov-2018
inseticidas não seletivos e sem critérios
para aplicação, tem contribuído para o
aumento da incidência de pragas iniciais
no milho.
Neste Agronômico, vamos abordar os
diferentes modos de ação de inseticidas
nos principais percevejos e lagartas na
cultura do milho, com enfoque no uso
de tratamento de sementes industrial
(TSI), e o controle químico de insetos em
conjunto com a dessecação antecipada
da lavoura, a fim de evitar danos no
estande inicial de plantas e assegurar
a manutenção do teto produtivo.
A fase de implantação da lavoura,
partindo da escolha de sementes de
qualidade até o manejo fitossanitário
inicial, é fundamental para a manutenção
do potencial produtivo na cultura do
milho e para a obtenção de uma elevada
produtividade. As mudanças ocorridas
nos sistemas de produção e o incremento
de novas tecnologias modificaram
a dinâmica de ocorrência de pragas
e doenças nos sistemas agrícolas (CRUZ
et al., 1999).
A falta de manejo rotacionado de
culturas, assim como a utilização de
S E M E A N D O O F U T U R O
castanea, percevejo causador de danos
no sistema radicular e que prospera em
diferentes ambientes. As lagartas que
mais causam danos são as do complexo
Spodoptera, Helicoverpa spp., Agrotis
ipsilon, Elasmopalpus lignosellus e
Diatraea saccharallis. Podemos citar
também Diabrotica speciosa, coleóptero
com crescente importância em algumas
regiões do Brasil, cuja larva ataca
as raízes do milho.
Percevejos preferem ambientes
com temperaturas mais amenas e
atacam principalmente no início do
desenvolvimento da cultura, enquanto
lagartas causam danos durante todo o
desenvolvimento. As principais espécies
de percevejo encontradas causando
danos à cultura do milho são Dichelops
furcatus, que predomina na região Sul, D.
melacanthus, que predomina nas regiões
Sudeste e Centro-Oeste e Scaptocoris
INTRODUÇÃO
OCORRÊNCIA E CONDIÇÕES CLIMÁTICAS FAVORÁVEIS
A dessecação antecipada é uma forma
de manejo que contribui para a redução
de insetos e doenças remanescentes no
período entre culturas pela eliminação
de plantas daninhas hospedeiras. Outro
objetivo desta prática é diminuir a
competição por espaço, por radiação,
por água e por nutrientes, no início do
desenvolvimento da cultura.
Em casos de presença de grande
quantidade de insetos pragas após a
dessecação, o agricultor deve utilizar
inseticidas para o manejo de pragas
residentes na palhada.
DESSECAÇÃO ANTECIPADA
Figura 2: Helicoverpa armigera em plantadaninha entressafra (Foto: Costa, J. M.).
Figura 1: Ataque de Agrotis ipsilon (A) e Dichelops melacanthus no início do estabelecimento da cultura do milho (B).
Figura 3: Spodoptera frugiperda atacandomilho no início de desenvolvimento da cultura (Foto: Oliveira Jr., J. A.).
S E M E A N D O O F U T U R O
TRATAMENTO DE SEMENTE INDUSTRIAL (TSI)
MODO DE AÇÃO DE INSETICIDAS
A utilização do TSI, em comparação ao
manejo de tratamento convencional de
semente (na fazenda), propicia maior
segurança e economia ao produtor. Essa
técnica evita a aquisição de máquinas
específicas, possui dosagem ideal e
cobertura uniforme na semente, reduz
chances de contaminação dos usuários e
garante a validade dos lotes. Em trabalho
realizado por Pereira et al., (2010)
observou-se que o uso de tratamento
de sementes, de maneira adequada, não
altera a porcentagem de germinação até
S E M E A N D O O F U T U R O
9 meses após a aplicação dos tratamentos.
O TSI garante a manutenção do
potencial germinativo do material,
a uniformidade de emergência,
proteção e resistência da plântula
no início de seu desenvolvimento,
quando a perda de fotoassimilados
e área foliar refletem em reduções de
produtividade. A aplicação de inseticidas
durante a semeadura pode proporcionar
incremento de produtividade, depen-
dendo das pragas presentes no ambiente
(CECCON et al., 2004).
Sistema Digestivo
• Disruptores microbianosda membrana do mesêntero(Bacillus thuringiensis e B. sphaericus).
Sistema Nervoso e Muscular
• Inibidores de acetilcolinesterase(carbamatos e organofosforados);• Moduladores de canais de sódio(piretroides e piretrinas);• Agonistas de receptores nicotínicosde acetilcolina (neonicotinoides);• Moduladores alostéricosde receptores (espinosinas);• Moduladores dos receptoresde rianodina (diamidas);
Respiração Celular
• Desacopladores de fosforilaçãooxidativa via disrupçãodo gradiente de próton. (clorfenapir).
Cresc. e Desenvolvimento
• Inibidores da biossíntese dequitina, tipo 0 (benzoilureias).
Figura 4: Sítio de ação de inseticidas e subgrupos químicos dos principais inseticidas utilizados para o controle de lagartas (Adaptado IRAC).
Conhecer os modos de ação dos
inseticidas, o tipo e as características
da aplicação e residual dos produtos
utilizados são de suma importância para
a tomada de decisão sobre o momento
da intervenção para que se obtenha a
eficácia desejada. Além disso, a rotação
entre mecanismos de ação é fundamental
para retardar a seleção de insetos
Abaixo, alguns resultados experimentais:
S E M E A N D O O F U T U R O
resistentes aos produtos.
É importante frisar que a escolha dos
grupos químicos e/ou ingredientes
ativos para controle químico, tanto de
percevejos quanto de lagartas, deve levar
em consideração o registro do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA) para cada praga específica e as
doses recomendadas.
Sistema Nervoso e Muscular• Inibidores de acetilcolinesterase(carbamatos e organofosforados);• Moduladores de canais de sódio(piretroides e piretrinas);• Agonistas de receptores nicotínicosde acetilcolina (neonicotinoides);• Antagonistas de canais de cloromediado por GA BA (endosulfan).
Fonte: Time de Desenvolvimento Tecnológico da Monsanto do Brasil (média de 12 experimentos conduzidosem 9 estações experimentais e total de 2800 observações/tratamento).
Figura 5: Sítio de ação de inseticidas e subgruposquímicos dos principais inseticidas utilizados parao controle de percevejo (Fonte: IRAC).
Infestação artificial de Agrotis ipsilon (1 larva, planta em V1)em condições de campo (2012)
S E M E A N D O O F U T U R O
Percentagem de dano causado por Elasmopalpus lignosellus em milhoem estágio inicial (V3/V4), através de infestação artificial em condiçõesde campo - Santa Cruz das Palmeiras, SP, 2010.
Fonte: Time de Desenvolvimento Tecnológico da Monsanto do Brasil (Estação de Santa Cruzdas Palmeiras- média de 4 experimentos e total de 480 observações/tratamento).
A tabela completa com todos os modos de ação de inseticidas
pode ser encontrada no site do IRAC:
http://www.irac-online.org/documents/moa-structures-poster-portuguese/?ext=pdf
CECCON, G.; RAGA, A.; DUARTE, A. P. & SILOTO, R.
C.. Efeito de inseticidas na semeadura sobre pragas
iniciais e produtividade de milho safrinha em plantio
direto. Bragantia [online], vol.63, n.2, pp. 227-
237, 2004.
CRUZ. I.; VIANA, P. A.; WAQUIL, J. M. Manejo das
pragas iniciais de milho mediante o tratamento de
sementes com inseticidas sistêmicos. Sete Lagoas/
MG EMBRAPA-CNPMS, 39 p., Circular Técnico,
31, 1999.
Referências:
Em caso de dúvidas ou necessidade de mais informações sobre o assunto, procure o TD mais próximo.
S E M E A N D O O F U T U R O
IRAC, Resistance Management for Sustainable
Agriculture and Improved Public Health. Fonte:
<http://www.irac-online.org/>. Sítio institucional
na internet.
PEREIRA M. E.; SILVA L. H. C.; CARVALHO B. O.;
OLIVEIRA J. A.; ANDRADE T.; PEREIRA M. D.. Efeitos
do Tratamento Inseticida Sobre a Qualidade
Fisiológica de Sementes de Milho ao Longo do
Armazenamento. XXVIII Congresso Nacional de
Milho e Sorgo, Goiânia: Associação Brasileira de
Milho e Sorgo, 2010.
Altair Schneider
Autor
Colaboradores: João Oliveira e Alexandre Dessbesell
Editoração: Wilson Breda Neto e Guilherme Barros