Post on 13-Feb-2019
U S O D E C O N T A I N E R S N A
A R Q U I T E T U R A E M E R G E N C I A L
JESSICA TORRES LEONE
Bolsista CNPq – PIBITI 2014/15
Orientador:
Prof. Dr. Antonio Castelnou
DAU-UFPR
Projeto:
Manual de reciclagem arquitetônica de containers
BANPESQ/THALES: 2014015430
OBJETIVOS:
De modo geral, tem-se como objetivo fazer um estudo
exploratório sobre o emprego de containers na arquitetura efêmera, abordando tanto aspectos de
projeto como de execução de edificações mais
sustentáveis.
De modo específico, após ser feito um estudo de caso
internacional, pretendeu-se construir uma maquete física como modelo ilustrativo para o “Manual para
reciclagem arquitetônica de contêineres”, projeto ao
qual esta pesquisa de iniciação tecnológica está
vinculada.
Pesquisa feita com base principalmente na leitura e
tradução de material internacional de construção em
containers (SLAWIK et al., 2010) e na revisão web e bibliográfica, incluindo relatórios previamente
desenvolvidos e vinculados ao mesmo projeto.
Voltada à INICIAÇÃO TECNOLÓGICA, o método
envolveu as seguintes etapas:
Coleta e seleção de fontes de pesquisa
Leitura e tradução de informações
Estudo de 01 (um) caso internacional
Observações finais relacionadas ao uso
de contêineres na arquitetura emergencial
Elaboração e redação final de relatório Elaboração de modelo tridimensional
METODOLOGIA:
Final do século XX:
- Difusão do “Despertar Ecológico” (Décs. 1960/70) e
dos Movimentos Socioambientalistas (Décs. 1980/90).
- Início da reutilização de contêineres em diversos
ramos da arquitetura, inclusive na área emergencial.
Segundo Centro de Pesquisas de Epidemiologia dos
Desastres (CRED, 2010), na primeira década dos anos 2000, houve cerca de 2 bilhões de pessoas atingidas por
desastres naturais. Em 2009, o Brasil ficou em 6º lugar no
ranking de países mais afetados.
INTRODUÇÃO:
TO CONTAINER (Do inglês: conter, encerrar, acomodar):
Recipiente de metal ou madeira para armazenamento e
transporte (contentor ou contêiner)
Sua ideia surgiu a partir da Revolução Industrial (1750-1830)
devido à busca pela padronização
Seu conceito moderno nasceu
nos EUA com MALCOM PURCELL McCLEAN (1913-2001), que criou o contêiner
intermodal em 1937.
Hoje existem 03 (três) tipos mais
comuns: 20, 40 e 45 pés (cerca de
6, 12 e 13,5m), cujas altura e largura são geralmente padronizadas em
8 pés (2,44m). (LEVINSON, 2003)
REVISÃO WEB-BIBLIOGRÁFICA:
M A L C O M M C L E A N ( 1 9 1 3 - 2 0 0 1 )
O manuseio e transporte seguro por contêineres foi
regulamentando internacionalmente em 1972, a partir de
quando tornou-se um sistema cada vez mais usado.
Atualmente, cerca de 90% das mercadorias são transportadas
nesses recipientes pré-fabricados. (KOTNIK, 2010)
Entre as características que justificam sua
popularidade, apontam-se as seguintes:
Pré-fabricação/padronização
Modulação Versatilidade de arranjos
Facilidade de transporte Facilidade de acesso
Relativo baixo custo
Rápida montagem
APLICAÇÃO NA ÁREA DA ARQUITETURA
Um dos fatores mais importantes ao se projetar uma
habitação de emergência é o tempo necessário para
abrigar os desalojados. (THE UN REFUGEE AGENCY, 2007)
Em geral, a habitação de emergência deve:
- Proteger o desabrigado;
- Reestabelecer sua dignidade; e
- Promover e restaurar sua identidade. (FERES, 2014)
Mesmo com a intenção de ser um acampamento de
habitação temporária, cerca de 50% deles acabam
durando mais de cinco anos; e somente um quarto
duram menos que dois anos. (ANDERS, 2007)
Segundo Kronenburg (1998), a estrutura de um abrigo
temporário pode ser dividida em duas categorias:
Desmontável - Estrutura rígida - Estrutura tênsil
- Estrutura pneumática
Portátil - Estrutura móvel - Estrutura modular
DESMONTÁVEL –
Estrutura rígida É uma estrutura desenvolvida para superfícies planas, de
fixação rápida, sendo que,
quando desmontada, fica
como a planificação de um
sólido geométrico.
DESMONTÁVEL –
Estrutura tênsil É rígida e suporta um revestimento estirado, sendo seu sistema
estrutural composto de tirantes, os
quais são geralmente em aço ou alumínio; e possui uma membrana
distensível na sua aplicação e fixação.
DESMONTÁVEL –
Estrutura pneumática Tem sua estabilidade
adquirida através de uma
pele sob tensão, possuindo
rápida montagem e
desmontagem; e sendo capaz de cobrir grandes
áreas a um baixo custo
PORTÁTIL – Estrutura móvel Quando incorpora o sistema de
transporte na sua estrutura-base e não
necessita associação de vários
volumes semelhantes.
PORTÁTIL – Estrutura modular Quando funciona como um volume
base que se repete, sempre com a mesma forma, e pode ser conjugada
entre si para que se tenha um
aumento de espaço.
Abrigo de Emergência Pós-Terremoto (2011) Local: Onagawa, Japão (Shigeru Ban)
Por causa da falta de espaço, empilhou-se contêineres formando 03
(três) pavimentos, os quais foram intercalados em formato de
“tabuleiro de xadrez”, fazendo com que fossem criados espaços de convivência entre eles.
CONTÊINER COMO ESTRUTURA DESMONTÁVEL RÍGIDA: Facilidade no transporte
CONTÊINER COMO ESTRUTURA PORTÁTIL:
Maior flexibilidade de projeto e maior número de arranjos
ESTUDO DE CASO:
CENTRO DE CIRURGIA CARDÍACA EM SALAM Arquitetos: Raul Pantaleo e Massimo Lepore
Local: Salam, Sudão (África)
Uso: Alojamento da equipe médica
Ano: 2010
Nº de contêineres: 90 de 20 pés e 7 de 12 pés
A equipe médica fica alojada nos contêineres de 12 pés, sendo
que cada unidade é feita com um contêiner e meio, e eles podem
abrigar até 150 pessoas. Os outros sete contêineres foram utilizados para serviços gerais.
1 Centro Cirúrgico 2 Entrada Principal 3 Edifício Técnico 4 Hospedagem de Parentes
5 Edifício de Serviços 6 Edifícios de Implantes 7 Painéis Solares 8 Pavilhão Religioso
9 Alojamento Médico 10 Cafeteria
As soluções adotadas para o isolamento térmico foram:
Uso de painéis internos do tipo “cebola” de 5 cm, que
compreendem uma cobertura metálica ventilada e um conjunto de
brise-soleils de bambu;
Tubos de passagem de água gelada abaixo do piso;
Outras soluções:
Tecnologias de filtragem do ar
Painéis solares para utilização de energia
Uso de árvores nativas para fazer sombreamento
Técnicas vernaculares de montagem do telhado
CENTRO DE CIRURGIA CARDÍACA EM SALAM
1 Defletor solar em bambu
2 Cobertura metálica
3 Coletores solares
4 Isolamento térmico
5 Instalação sanitária
6 Estrutura em container
7 Portas do container abertas
8 Marcos das janelas
As principais vantagens do reuso de containers
referem-se à: disponibilidade, durabilidade, resistência,
leveza, padronização, versatilidade e adaptabilidade,
com benefícios voltados à sustentabilidade.
Como ARQUITETURA EMERGENCIAL, embora necessitem
de adaptações projetuais, os contêineres são favoráveis
à ocupação temporária de indivíduos e/ou família
afetadas por desastres naturais, especialmente por
serem resistentes, modulares e espaçosos
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Apesar de ainda apresentar algumas desvantagens –
como dificuldade de montagem e limitação de planta –
como HABITAÇÃO EMERGENCIAL os contêineres
mostram-se eficientes pois:
Possuem rápido tempo de montagem do local
As instalações condizem com o tempo de permanência
É possível prolongar a duração do acampamento pois sua
vida útil é longa Aproveita melhor o espaço do acampamento, uma vez que,
diferente de outros tipos de abrigos, pode ser empilhado,
gerando uma implantação mais racional do terreno.
ANDERS, G. C. Abrigos temporários de caráter emergencial. São
Paulo: Dissertação (Mestrado em Arquitetura),Fauusp, 2007.
CRED – CENTRE FOR RESEARCH ON THE EPIDEMIOLOGY OF DISASTERS. Natural
disasters in 2009. In: CRED. Disaster data: A balanced perspective.
Brussels (Belgium): n. 19, fev. 2010. Disponível em: <file:///C:/Users/user/
Downloads/CredCrunch19.pdf>. Acesso em: 01/07/2015.
FERES, G. S. Habitação emergencial e temporária: Estudo de
determinantes para o projeto de abrigos. Campinas SP: Dissertação
(Mestrado em Arquitetura, Tecnologia e Cidade), UNICAMP, 2014
KOTNIK, J. New container architecture: Design guide + 30 case studies.
Barcelona: Links Books, 2010.
KRONENBERG, R. Portable architecture: Portable Architecture. Barcelona: Architectural Press, 1998. SLAWIK, H.; BERGMANN, J.; BUCHMEIER, M.; TINNEY, S. Container Atlas:
A practical guide to container architecture. 4. ed. Berlin: Gestalten, 2013.
THE UN REFUGEE AGENCY. Handbook for emergencies. 3. ed. Geneva
(Switzerland): UNHCR, 2007.
PRINCIPAIS REFERÊNCIAS: