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VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X
1793
USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS PELAS PESSOAS SURDAS COMO UM MEIO
DE AMPLIAÇÃO DA CIDADANIA
MARY GRACE PEREIRA ANDRIOLI1
CLAUDIA REGINA VIEIRA2
SANDRA R. L CAMPOS3
Universidade de São Paulo
RESUMO: Esta pesquisa investigou o uso das Tecnologias Digitais por pessoas surdas
sinalizadoras, como um meio de conquista de cidadania, a partir da percepção de um grupo de
surdos considerados como ‘lideranças sociais’, pela posição que ocupam na comunidade e por
sua militância e vivência dentro da comunidade surda. A metodologia utilizada, de abordagem
qualitativa, foi realizada por meio entrevistas semiestruturadas gravadas em vídeo e transcritas
posteriormente, bem como a análise dos materiais disponíveis em sites públicos. Observou-se a
partir da perspectiva dos entrevistados, o quanto a evolução das tecnologias digitais e o acesso a
estes recursos tem facilitado a comunicação e participação social dos surdos em diversas
atividades com maior autonomia.
Palavras-chave: Surdez. Cidadania. Tecnologias Digitais. Acessibilidade. Inclusão Social.
INTRODUÇÃO
Eu vivo em um mundo de palavras do outro. E toda a minha vida é uma orientação
nesse mundo; é a reação às palavras do outro (uma reação infinitamente diversificada),
a começar pela assimilação delas (no processo de domínio inicial do discurso) e
terminando na assimilação das riquezas da cultura humana (expressas em palavras ou
em outros materiais semióticos) (BAKHTIN, 1992, p. 379).
O computador e a Internet são recursos que podem fazer toda a diferença com relação à
equiparação de oportunidades de acesso e compartilhamento de conhecimentos, desde que seja
garantido o seu uso a todos os cidadãos. As múltiplas linguagens permitidas e a comunicação em
rede “possibilitam que um maior número de pessoas possam se comunicar de maneiras
diferenciadas e com sujeitos diversos, revelando que a diferença pode ser enriquecedora”
(BENEVIDES, 1994, p. 7).
No caso da pessoa surda a presente pesquisa4, mostra o quanto as tecnologias digitais podem
contribuir como um meio importante de ampliação do exercício de sua cidadania, favorecendo
sua participação social, por meio da comunicação online, facilitada pela Internet.
1 Doutoranda e mestre em educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. maryg@usp.br 2 Doutoranda e mestre em educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. claudiarevieira@usp.br 3 Doutoranda e mestre em educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. srlcampos@usp.br 4 A pesquisa foi realizada ao longo do Segundo semestre de 2013, proposta pela disciplina Metodologias Qualitativas, na Faculdade de Educação da USP, orientada pela Professora Dra. Jutta Gutberlet
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O significado clássico de cidadania é associado à participação política, vindo de uma história que
já percorreu mais de dois mil e quinhentos anos. Atualmente, de acordo com Rezende Filho e
Câmara Neto (2001), esse termo não é mais restrito a participação política mas refere-se também
aos direitos e deveres da sociedade para com o cidadão.
CARVALHO (2002) destaca a diferença entre a cidadania expressa por meio das leis, ou seja, no
papel, e a cidadania cotidiana, sendo, a última, conquistada no dia a dia, no exercício da vida
prática e resultado de muita luta. Como foi o caso dos negros ao longo da história, tendo
conquistado a cidadania por meio da lei Áurea, mas, ainda com a necessidade de lutar,
diariamente, contra o preconceito.
É nessa linha que foi direcionada esta pesquisa, investigando se os surdos utilizam as tecnologias
como um meio de conquista de cidadania, ou seja, se eles as utilizam de alguma forma e se esse
uso contribui, ou não, com a efetivação de seus direitos e deveres, com destaque especial à
consideração do público-alvo investigado, que foram as lideranças sociais responsáveis pela luta
para garantia e realização da efetivação de direitos no dia a dia.
2. SURDEZ, LINGUAGEM E CIDADANIA
Há dez anos, falar sobre a inclusão social do surdo, viabilizada pela tecnologia, poderia ser
considerado um requinte científico de pouca importância e pouco interesse social, uma vez que,
ainda que, na prática do cotidiano, a participação do surdo já viesse a acontecer, oficialmente
esse fato podia ser negligenciado, pois, apesar da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) ser a
forma de comunicação entre os surdos, a única língua oficial do país ainda era somente a língua
portuguesa, ou seja, a língua materna desses sujeitos não era reconhecida enquanto língua oficial.
No primeiro semestre do ano de 2002 a comunidade surda pôde ver legislada uma das suas mais
insistentes lutas. No dia 24 de abril desse ano a Língua Brasileira de Sinais passou a ser
reconhecida como língua oficial da República Federativa do Brasil. No Art. 1º:
É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de
Sinais - LIBRAS e outros recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS a forma de
comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias
e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil (BRASIL, 2002).
Dessa forma, ações que, até então, ocorriam de modo informal puderam, por força de lei, serem
oficializadas, o que permitiu, a este grupo minoritário linguístico, a possibilidade de ter
visibilidade social, ao mesmo tempo em que efetivou suas atuações sociais. No entanto, somente
cinco anos depois esse documento foi regulamentado, com o Decreto Lei nº 5626, do dia 22 de
dezembro de 2005, o que garantiu os modos necessários pelos quais a lei seria executada. É
nesse contexto que a LIBRAS foi legalmente reconhecida e o reconhecimento proporcionou ao
sujeito surdo suas primeiras empreitadas sociais e políticas, respaldados pela lei.
Nessa primeira década da sua regulamentação a Língua de Sinais vem sendo o veículo
linguístico usado pela comunidade surda no uso das diversas tecnologias às quais têm acesso. É
possível perceber, em uma rápida pesquisa pela web, a presença massiva desse grupo linguístico
minoritário em diferentes perspectivas. Sejam elas para expressar opiniões e posicionamentos,
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sejam para discussões, e, mais fortemente, para esclarecimentos de acontecimentos políticos e
sociais, dos quais estavam distanciados até o advento da web. A própria lei nº 10.436, foi objeto
de comemoração e discussões no último dia 24 de abril de 2013, mostrando-nos a força dessa
ferramenta para esse grupo.
Entende-se assim que, embora o surdo esteja inserido em uma sociedade e em um
núcleo familiar cuja maior parte utiliza a língua oral majoritária, ele também está ligado
– direta ou indiretamente – a espaços e pessoas que se comunicam por uma Língua de
Sinais. Reconhecer, portanto, a condição bilíngue do surdo implica aceitar que ele
transita entre essas duas línguas e, mais do que isso, que ele se constitui e se forma a
partir delas (PEIXOTO, 2006, p. 206).
Se em 1999 SKLIAR (p. 143) afirmava que “as escolas especiais constituem o microcosmos de
emergência da identidade surda e de aquisição da Língua de Sinais”, o ano de 2000 trouxe novas
possibilidades, dentre elas a aglutinação via web, ou seja, o microcosmo passa a ser a rede.
Dessa forma, um espaço virtual, não dimensionável, torna-se o espaço onde a identidade e a
cultura surdas transitam.
Na perspectiva dos direitos a lei nº 10.436 proporcionou mais do que o direito à uma língua
oficial, que pôde transitar por toda a sociedade, mas trouxe o que, para STUKNABB-KANGAS
(1994, p. 139) se trata dos direitos humanos linguísticos. No texto a autora enfatiza os direitos
linguísticos do sujeito surdo tomando como referência a “Declaração dos direitos das pessoas
pertencentes a minorias, nacionais ou éticas, religiosas e linguísticas”, documento da ONU (1992,
p. 39), que declara, em seu artigo de número nove, que: “O Estado deve cooperar nas questões
relativas a pessoa pertencente a minorias, designadamente, trocando informações e
experiências, a fim de promover mútua compreensão e confiança”. Artigo que pode ser
plenamente assegurado quando o sujeito surdo tem acesso ao mundo virtual e suas tecnologias
nas diferentes ferramentas tecnológicas.
Ao longo da última década caminhamos tanto com o reconhecimento da LIBRAS no Brasil,
como também com a evolução das tecnologias digitais, sendo que essas vêm se tornando cada
vez mais multimídia e acessíveis à grande parcela da população, chegando também à
comunidade surda.
Ao mesmo tempo em que a LIBRAS era reconhecida e disseminada, as tecnologias, à medida
que evoluíam, já contribuíam para que os surdos pudessem se comunicar, dentro e fora de sua
comunidade, e, ainda, com os ouvintes (não surdos), como foi destacado pelos entrevistados para
esta pesquisa. Em 2002 o Google, que hoje é o buscador mais conhecido para pesquisas, era
apenas uma ferramenta promissora. Não existiam, ainda, YouTube (para compartilhamento de
vídeos) e Facebook (a maior rede social), e poucos navegam na internet utilizando celular, o que
era muito lento para a época.
3. METODOLOGIA
Para atender os propósitos desta pesquisa – descrever e analisar de que maneira os surdos que
atuam como lideranças sociais utilizam, ou não, as tecnologias em uma perspectiva que
contribua com o exercício da cidadania –, as pesquisadoras optaram pela abordagem qualitativa
que, dentre suas características envolve “a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato
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direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se
preocupa em retratar a perspectiva dos participantes” (LUDKE & ANDRÉ, 1986, p.13).
Esta pesquisa foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas, com o objetivo de coletar
dados em um pequeno estudo de caso. Além disso, foram realizados levantamentos no ambiente
virtual, principalmente YouTube e Facebook, para verificação da qualidade e as manifestações
dos surdos no espaço virtual.
As entrevistas foram registradas em vídeo, dada à especificidade das Línguas de Sinais que,
sendo línguas visuomotoras espaço/visuais, privilegiam o registro em vídeo para melhor capturar
todas as suas nuances. Os dados foram transcritos pelas pesquisadoras, procurando respeitar o
conteúdo da fala e mediar a relação linguístico cultural entre as línguas (LIBRAS e Língua
Portuguesa).
A partir do contato inicial, via e-mail, e do agendamento da entrevista, a equipe discutiu as
questões aqui propostas, tendo como ponto de partida o roteiro previamente organizado, com
base na questão norteadora: Os surdos utilizam as tecnologias digitais como um meio de
conquista de cidadania? De que maneira?
Partindo dessa questão foram definidas três outras perguntas, para a entrevista semiestruturada:
● Como usam os recursos tecnológicos?
● O que entendem por cidadania?
● Como os recursos tecnológicos mudaram sua atuação como cidadão?
A escolha dos sujeitos foi pensada a partir das lideranças da comunidade, nos seguintes setores:
político, religioso e educacional. Levando em consideração os surdos ativos na comunidade e
com posições de destaque perante os demais surdos. Ainda foi pensada a faixa etária, porque era
importante, para esta pesquisa, que os entrevistados estivessem em faixas etárias próximas e que
pudessem contar o ‘antes’ e o ‘depois’ do avanço tecnológico da última década. Isso era
fundamental para entender o que esse avanço significou para essa população.
Outro ponto importante é que os surdos entrevistados foram todos usuários exclusivos da Língua
de Sinais. Para a pesquisa era imprescindível contar com os surdos sinalizadores uma vez que
nosso objetivo era o de investigar as tecnologias digitais e a participação cidadã e, como
discutiremos logo mais, a Língua de Sinais para os surdos como grande marco e significado de
participação social. Importante ressaltar que os sujeitos desta pesquisa foram surdos
sinalizadores da LIBRAS que consideram, e são considerados por sua comunidade, que a Língua
de Sinais é sua língua materna, independente do momento de aquisição da mesma.
As entrevistas foram combinadas previamente com os surdos e o local para realização foi
acordado entre entrevistador e entrevistados, pois, de acordo com Lalanda “o entrevistado deve
sentir-se à vontade e ser levado a ocupar lugar central durante a entrevista. Daí que seja ele a
tomar em muitos momentos a iniciativa do discurso” (1998, p. 874).
A escolha dos sujeitos para esta entrevista também se deu de modo a proporcionar o
entendimento de como eles compreendem a entrada da tecnologia para a emancipação dos
surdos, na perspectiva de quem já experienciou o mundo, e os embates e lutas antes dessa
evolução, pois gostaríamos de conhecer as histórias de vida, a partir do nosso tema de interesse.
A entrevista em profundidade permite abordar, de um modo privilegiado, o universo
subjectivo do actor, ou seja, as representações e os significados que atribui ao mundo
que o rodeia e aos acontecimentos que relata como fazendo parte da sua história
(LALANDA, 1998, p. 875).
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Logo após a etapa das entrevistas foram realizadas as transcrições. Num primeiro momento cada
entrevistadora ficou responsável pela transcrição de sua entrevista e, logo após, os dados foram
transcritos e traduzidos para a Língua Portuguesa escrita e então disponibilizados aos
entrevistados para que a transcrição fosse validada, uma vez que, como diz Bakhtin, apud Fiorin,
“aquele que pratica um ato de compreensão (também o caso do pesquisador) passa a ser
participante do diálogo” (BAKTIN apud FIORIN, 2008, p. 5).
O resultado das transcrições levou a três categorias a serem analisadas para composição dos
resultados deste trabalho. Foram elas: Identidade, Cultura e Autonomia. A técnica escolhida
(entrevista), por permitir aos entrevistados possibilidades de falarem das experiências vividas,
encaminhou a análise da pesquisa para as categorias acima, uma vez que ‘cidadania’ e
‘desenvolvimento da tecnologia’ acabaram se fundindo na própria história de reconhecimento e
afirmação da comunidade surda.
Não há dúvida de que a narrativa de vida, que em parte se obtém através da técnica da
entrevista em profundidade (compreensiva), é uma metodologia que conduz o
investigador a procurar o «essencial». O ponto de partida da investigação deixa de ser
exterior à realidade, mas nasce desta. (LALANDA, 1998, p. 882).
Dos três surdos atuantes na comunidade surda selecionados para esta pesquisa, dois eram
educadores e, o terceiro, analista de sistemas. Os nomes dos participantes foram preservados,
com autorização dos mesmos, por não fornecerem nenhuma informação que comprometa a
integridade dos envolvidos.
O primeiro entrevistado foi Ricardo, de 36 anos, que hoje é presidente da Associação de Surdos
de São Paulo – ASSP. Por isso, podemos dizer que é um surdo que consegue atingir uma parcela
considerável da comunidade surda. É graduado em análise de sistemas. Faz uso fluente da
Língua de Sinais, LIBRAS, embora utilize, em alguns momentos, aparelho de amplificação
sonora individual, o que, na sua própria fala, é um hábito, já que durante muitos anos foi
obrigado a usá-lo.
Tiago foi o segundo surdo pesquisado. Tem 30 anos e é professor em dois colégios com surdos
matriculados. No entanto, não ensina apenas a surdos, mas aos ouvintes também. É formado em
pedagogia e letras LIBRAS e cursou pós-graduação em docência do ensino superior. Comunica-
se exclusivamente em LIBRAS e desenvolve domínio considerável do português escrito.
O terceiro entrevistado foi o Fábio, de 28 anos. Ele é professor de LIBRAS, para surdos e
ouvintes. Trabalha em um colégio para crianças surdas e em cursos universitários para alunos
ouvintes. É formado em Letras LIBRAS e sua comunicação é totalmente realizada através da
LIBRAS.
4. CULTURA, IDENTIDADE E AUTONOMIA
O decreto No. 5626/05, que regulamenta a Lei 10.436/02, da maneira como está proposto,
ressalta a importância da LIBRAS na educação e promoção da autonomia das pessoas surdas.
Destaca, especificamente, a necessidade de viabilizar a educação bilíngue, na qual se fazem
presentes a LIBRAS e a Língua Portuguesa e, ao mesmo tempo, está claramente motivado pela
perspectiva da inclusão que, nesse contexto, indica que o grupo minoritário se adeque aos
“costumes” do grupo majoritário e, dessa forma, possam se sentir participantes do contexto
social.
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Por isso, apenas aceitar a Língua de Sinais não resolve, pois é preciso aceitar tudo o que vem
junto com a língua, ou seja, a cultura, a identidade, a visão de mundo e a constituição de sujeito,
a valorização da diferença compondo o universo social. Essa visão nos remete à necessidade de
exposição e aquisição da LIBRAS por crianças surdas o mais precocemente possível, para que
possam construir bases sólidas, identidades positivas e autonomia.
Segundo Held (2009, p. 2) o conceito de cidadania deve estar associado ao significado de
direitos, entendendo direito como “[...] estudo dos domínios nos quais os cidadãos têm tentado
desenvolver suas próprias atividades dentro das restrições da comunidade”. Para o autor, a
autonomia se faz representada por agrupamentos de direitos, que o cidadão pode gozar como
membro da sociedade.
O conceito de autonomia foi um dos que ficaram bastante marcados nos discursos dos sujeitos
surdos entrevistados. Podemos constatar que cidadania, direito e identidade se amalgamam,
como pode ser percebido na fala de Fábio quando diz:
[...] Em Pirituba... Era diferente. Os surdos eram avançados, os sinais fluíam. Eu fiquei
admirado, boquiaberto e eu senti, é isso, não estava pronto, não é isso, mas os surdos
conversavam, trocavam ideias interagiam, era vida. Depois eu cresci, começaram as
discussões, palestra, fui a discussões na Prefeitura sobre o fechamento das escolas de
surdos, coisa antiga, eu entrei, fui percebendo, percebendo, percebendo, falando de
decreto, direito, conquista. Eu entendi, comecei a entender, o que significa cidadania, me entender. Entendi, eu sou surdo de verdade, isso mostra o que? Surdo tem direito,
identidade. Várias coisas [...].
Esse mesmo espírito pode ser notado na fala de Ricardo, a autonomia o poder ser livre para falar
aquilo que sente e aquilo que diz respeito aos surdos e que a tecnologia permitiu que se tornasse
realidade: “Antes eu sofria tinha que pedir para minha mãe ligar para minha namorada, era
ruim, podia gerar fofoca, pedir para mãe tratar de meus assuntos particulares, não tinha
privacidade” (Ricardo).
Assim, o direito de usar sua língua lhe faz constituir-se como cidadão, uma vez que pode nessa
língua, a LIBRAS, exercer seus direitos e conectar-se a seus deveres.
Para grupos minoritários, em particular os surdos, a inclusão diz respeito ao exercício
dos direitos, tais como o do acesso à cidade, aos equipamentos de educação, ao trabalho,
à assistência e previdência social, à saúde, a lazer e à cultura... Mas sim à participação
na sua (re)configuração e (re)construção para que novos direitos relativos à diversidade
sejam incorporados (KAUCHAKJE, 2003, p.67).
A perspectiva de perceber-se cidadão atuante também se faz marcante quando os sujeitos
entrevistados falam sobre como a possibilidade de conexão e informação. Essa ferramenta, de
forma rápida e eficaz, viabilizada pelas tecnologias da informação, lhes permite agir em
condição equânime aos outros cidadãos, sem que o déficit auditivo seja posto como referência
para sua atuação, sabendo-se diferente, o que fortalece sua identidade ao mesmo tempo em que
evidencia sua diferença. Como pode ser constatado na fala de Thiago:
[...] Cidadania é quando a pessoa é. Ela nasce em um lugar, tem direitos, deveres
participa da vida da comunidade, tem informação, circula essa informação, trabalha,
mantém contato com os outros, tem opinião própria, identidade, participar ativamente,
acho que isso significa cidadania. É isso!
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O direito de “ser”, na perspectiva desses surdos, está intimamente ligado ao uso da sua Língua de
Sinais, o que, segundo Skliar (1995) é um fator aglutinador dessa comunidade. Isso reafirma o já
acima exposto, que é nessa língua que as interações reais e virtuais acontecem e podem, assim,
fazer com que esses sujeitos possam se constituir como surdos podendo, também, interagir com
o resto da sociedade, compartilhando experiências, por meio de diferentes ferramentas
tecnológicas, como pode ser verificado no discurso de Ricardo:
[...] Hoje, nossa! Muito melhor (Pega o próprio celular)! Os celulares têm câmera,
muito melhor para os surdos, nossa! Têm Internet... É um computador pequeno. Dá p’rá
se comunicar via web. Antes, nossa, o surdo sofria muito. Agora o sofrimento sumiu.
Sumiu.
Surdez e as tecnologias digitais
O ano de 2002 foi marcado pelo reconhecimento oficial da LIBRAS no Brasil, como segunda
língua. Porém, apenas em 2005 a LIBRAS passou a fazer parte do currículo escolar dos alunos
surdos. Traçando um paralelo, com relação à evolução tecnológica, é possível notar que nessa
época o uso da Internet era limitado, se comparado aos dias atuais. Principalmente com relação
aos recursos mais utilizados e recomendados pelas lideranças surdas, aqui entrevistadas: vídeo,
celulares e redes sociais.
O infográfico a seguir ilustra a evolução, em número de usuários, em uma abordagem
comparativa entre os anos de 2002 e 2012.
Figura 1: Evolução da Internet Brasileira. Fonte: IG 2012.
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Em uma década foi bastante significativo o aumento do número de usuários dos serviços de
internet. Vale considerar, também, a ampliação dos recursos e possibilidades, bem como o
acesso também à comunidade surda, uma vez que este foi ampliado à população em geral.
Esta pesquisa, inclusive, foi bastante facilitada pelas próprias tecnologias. Há uma década não
teríamos nem mesmo como contar, além das entrevistas realizadas, com tantos materiais no
formato de vídeo, localizados por meio de busca pelos espaços digitais, na procura das
manifestações dos surdos. Encontramos também muitos sites dedicados à divulgação da cultura e
identidade. Assim, como os nossos entrevistados dizem o quanto foi libertador o uso das
tecnologias, pudemos constatar que, por meio delas eles se comunicam e divulgam suas
conquistas e conhecimentos.
Qualquer pessoa pode, atualmente, localizar esses materiais utilizando palavras-chave no maior
portal de vídeos que temos hoje, o YouTube. Vale ressaltar que esse portal foi criado em 2005,
nos Estados Unidos, e é possível localizar nele inúmeros vídeos produzidos por pessoas surdas,
com diferentes finalidades. Nota-se que há vídeos com legenda ou tradução para língua oral,
feitos para a comunidade ouvinte, porém, com informações consideradas relevantes pelos surdos,
e outros vídeos, feitos totalmente em Língua de Sinais, reduzindo o acesso da comunidade
majoritária que não compreende LIBRAS. Nesse último caso os vídeos abordam demandas
específicas para organização da comunidade.
Dada a imensa quantidade de materiais no formato de vídeo produzida pela comunidade surda,
não nos dedicamos, neste trabalho, a analisá-las por completo, mas vale destacar que foram
encontrados materiais que contribuem com a disseminação da cultura surda e outros com
objetivo de conquista de direitos, como, por exemplo, conseguir um intérprete para a escola, por
meio de vídeo produzido e entregue a um deputado5.
Outro exemplo de material localizado é um convite ao Movimento Setembro Azul6. Nesse vídeo,
que contém legendas, o visualizador pode conhecer a história do movimento surdo e entender as
razões para o convite. Por se tratar de um site público, de fácil visualização, esse vídeo, que
favorece e empodera os surdos, pode ser entendido pelos não surdos (ouvintes) e, dessa forma,
pode disseminar a cultura bem como dar visibilidade à língua.
Uma das principais contribuições das Tecnologias Digitais para as pessoas surdas é o fato de
facilitar a sua comunicação com o mundo, tirando-os do isolamento em que viveram durante
tanto tempo. Os dados coletados mostram o quanto o desenvolvimento tecnológico,
especialmente nas últimas duas (?) décadas, significou para os surdos. Os depoimentos do
Ricardo e Fábio mostram o quanto a tecnologia possibilitou a sua participação social, com maior
autonomia:
Antes, os surdos estavam fechados no espaço social. Os ouvintes estavam livres, se
comunicando, e o surdo, fechado, convivendo apenas com a família, sempre. Hoje, os
surdos transitam, circulam iguais aos ouvintes, e se misturam. Por isso, a evolução
tecnológica tirou o surdo desse lugar (Ricardo).
Eu sempre junto com a minha mãe e quando ela morrer, eu ignorante, como seria? Com
autonomia, eu tenho que fazer por mim mesmo, e assim fui trabalhando. Comecei a
faculdade... Eu mesmo escolhi, sem interferência da minha mãe, de ninguém. Eu fiz o
caminho. Cidadania significa: - Eu sou surdo! Tenho uma vida dentro de mim. Dois
5 Disponível no link: http://www.youtube.com/watch?v=cdG6W5fkEm0. 6 Disponível no link https://www.youtube.com/watch?v=wfu74grR5u0.
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significados: tenho uma cultura, respeito à cada uma das pessoas, também respeito a
minha própria cultura. OK? (Fábio).
Ao iniciarmos o nosso trabalho acreditávamos que o recurso que mais seria mencionado fosse o
computador. No entanto, nos surpreendemos quando eles trouxeram o celular como um recurso
que facilitou a comunicação e permitiu uma maior participação e comunicação, entre eles e os
outros. Eu vivo em um mundo de palavras do outro. E toda a minha vida é uma orientação
nesse mundo; é a reação às palavras do outro (uma reação infinitamente diversificada),
a começar pela assimilação delas (no processo do domínio inicial do discurso) e
terminando na assimilação das riquezas da cultura humana (expressas em palavras ou
em outros materiais semióticos) (BAKHTIN, 1992, p. 379).
Os surdos pesquisados utilizam bastante as tecnologias digitais por meio dos celulares, incluindo
seus múltiplos recursos, como vídeos, câmeras, bate-papo, redes sociais (Facebook e YouTube),
tanto para atividades de lazer, como também discussões políticas.
Conhecem muitos recursos e aplicativos. Esses aplicativos auxiliam na comunicação, dando
independência e autonomia aos surdos. Acreditam que a evolução das tecnologias contribuiu
bastante com o desenvolvimento da autonomia e participação social dos surdos, por meio de
celulares, recursos de web conferência e mensagens de texto, principalmente.
Isso! Por exemplo, dois surdos conversando, têm as câmeras. Antes, precisava de um
interprete para pedir uma pizza, ir ao médico. Agora, sinalizo pela câmera para o intérprete e a informação vai e volta, é legal! É tecnologia, é bom! Por outro lado, tem,
no metrô, aquelas telas de TV transmitindo informações. Em alguns, não todas as linhas
de metrô, tem explicações. É rápido. Não são todas as linhas, tem na Barra Funda,
Butantã... (Fábio).
Quando a Internet começou usava o ICQ e depois MSN para conversar com outros
surdos, isso facilitou para os surdos porque as reuniões e festas da associação podiam
ser marcadas mais rápido, com o correio demorava um mês, com o fax 15 dias, mas
com o computador uma semana. Ficou melhor e mais rápido. Dava pra se encontrar
mais (Ricardo).
Antes, na Associação, chegavam informações, mas o surdo precisava ir à associação receber a informação e, depois, passar para os outros que não tinham ido. Demorava
muito. A mesma coisa acontecia com a escola. Quando tinha um campeonato de futebol,
por exemplo, só ficava sabendo quem pertencia aqueles espaços, não dava nem pra
trocar, um não frequentava o outro. Eram sempre as mesmas pessoas, ficava tudo
fechado, cada um no seu espaço isolado. Com o avanço tecnológico isso mudou, não
existe mais este isolamento, existe circulação (Tiago).
Os depoimentos mostram o quanto a tecnologia significou, ao longo do tempo, mais autonomia
para o exercício das atividades diárias, bem como acesso às informações e participação social.
Também foi destacada a importância de haver múltiplos recursos, especialmente os que
envolvem vídeo e texto como um recurso facilitador da comunicação de maneira clara e fluida:
Por exemplo, eu uso muitos aparelhos tecnológicos. Exemplo: tenho celular. Meu
celular é completo, tem tudo, mensagens, WhatsUp, Skype que pode mandar mensagem
escrita ou de vídeo. Eu uso todos esses. A minha família não tem chamada de vídeo,
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então, uso com eles mensagem de texto. Às vezes tenho problemas para escrever, mas
eles entendem, da pra nos comunicarmos. Com outros surdos, mensagem de texto é
mais difícil. Então, conversamos por vídeo, é mais fácil e bem melhor, é mais clara a
comunicação, flui bem. Às vezes, uso conversas por vídeo, ou webcam, quando
converso com surdos de longe, como do Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, por
exemplo. A conversa pode ser sobre vários temas como: família, lazer, palestras e
outras informações. Isso facilita muito. Antes, tudo isto era via carta e demorava muito,.
O contato é mais rápido e melhor (Tiago).
Além disso, observa-se que os surdos conseguem comunicar-se da mesma forma que qualquer
ouvinte por meio das tecnologias superando, também, barreiras de tempo e espaço, com apoio da
Internet. Por outro lado, parece fazer ainda mais sentido, para os surdos, o uso das tecnologias
como meio de exercício da cidadania, uma vez que, historicamente, sem esses recursos, grande
parte dos surdos vivia em isolamento.
Enquanto a grande maioria de nós já utilizava o telefone, por exemplo, os surdos ainda não
podiam usufruir desse recurso e dependiam de correio, ou do acesso presencial às informações,
sempre contando com a ajuda de uma terceira pessoa. Da mesma forma que as tecnologias
agilizaram processos para a sociedade em geral, para os surdos propiciaram formas de
comunicação que fizeram toda a diferença em sua vida social, profissional e atuação cidadã.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio desta pesquisa, foi possível observar e discutir o quanto as Tecnologias Digitais tem
contribuído com a ampliação da cidadania de pessoas surdas, usuárias da Língua de Sinais,
especialmente no caso de lideranças sociais. A evolução e a crescente democratização do acesso
às Tecnologias Digitais, bem como o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)
como segunda língua oficial do Brasil, foram aspectos essenciais para ampliação da autonomia e
participação social dos surdos.
É possível, ainda, afirmar que a própria tecnologia facilitou a disseminação da LIBRAS, por
meio da comunicação online dos próprios surdos, seja por celulares ou mesmo outros
dispositivos.
Com relação aos serviços web utilizados, os mais frequentes indicados foram as redes sociais,
como o Facebook, e o portal de vídeos YouTube. São acessados tanto pelo celular como por
computador comum.
Os surdos relataram, inclusive, suas percepções a respeito da evolução tecnológica e a conquista
da autonomia ao longo dos anos, uma vez que os celulares tornaram-se mais acessíveis e com
recursos multimídia, especialmente o vídeo, permitindo que fizessem, sozinhos, coisas que antes
dependiam de ajuda de terceiros, como marcar encontros, informar-se a respeito de reuniões e
compartilhar conteúdos por meio da Web.
Um fator importante observado foi a própria percepção de cidadania pelos próprios surdos
facilitada pelas tecnologias, a medida em que conseguiam conquistar mais autonomia para ter
acesso a informações importantes e de seu interesse e ao mesmo tempo podendo compartilhá-las
de diferentes maneiras, especialmente pelo uso de celulares e internet.
Destacamos, ainda, a necessidade de maiores estudos e aprofundamentos a partir dos inúmeros
materiais disponíveis na própria internet, produzidos por pessoas surdas, seja para a própria
comunidade ou mesmo para ouvintes, como meio de disseminação de sua cultura e até
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participação política. Vale investigar o impacto que estas produções podem ter na efetivação de
seus direitos e emancipação social.
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RECONHECIMENTOS
Agradecemos aqui todos os entrevistados que contribuíram com esta pesquisa.