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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
JÉSICA MAIA
VANESSA AMARANTE
O POTENCIAL DA REDE SOCIAL CORPORATIVA SOCIALBASE NA
COMUNICAÇÃO INTERNA EMPRESARIAL
CURITIBA
2014
JÉSICA MAIA
VANESSA AMARANTE
O POTENCIAL DA REDE SOCIAL CORPORATIVA SOCIALBASE NA
COMUNICAÇÃO INTERNA EMPRESARIAL
Trabalho de Conclusão do Curso
apresentado na pós-graduação do MBA
em Gestão da Comunicação Pública e
Empresarial, da Universidade Tuiuti do
Paraná, como requisito para a obtenção
do grau de especialista.
Orientador: Prof. Aldo Antonio Schmitz.
CURITIBA
2014
RESUMO
Nota-se que a incorporação de plataformas virtuais é uma tendência que as
organizações estão buscando e seguindo. A criação de uma rede social específica
para a comunicação interna do DOT digital group proporcionou uma nova interação
e integração entre os colaboradores. Este trabalho tem como objetivo avaliar a
implantação e uso dessa nova ferramenta e, consequentemente, sua eficácia. Para
isso, serão realizados questionários entre o quadro de funcionários – usuários da
mídia – e os gestores da empresa, por meio de pesquisas quantitativas e
qualificativas, respectivamente, e também levantamento de dados e documentação
estratégicos para a caracterização do cenário anterior à implementação. E, por fim,
será analisada a probabilidade de utilização dessa mídia social em outras empresas,
desde que a Internet seja uma das ferramentas de trabalho.
Palavras-chave: Comunicação Interna. Mídias Sociais. Rede Social Corporativa.
ABSTRACT
We notice that the incorporation of virtual platforms is a trend that organizations are
seeking and following. The creation of a specific social network for internal
communication DOT digital group provided a new interaction and integration among
employees. This study aims to assess the implementation and use of this new tool
and her effectiveness. Will be held questionnaires between staff and managers for
this the company, through quantitative surveys and qualifiers, respectively, as well as
data collection and strategic for the characterization of the pre-deployment scenario
documentation. Finally, we will analyze the likelihood of using this social media in
other companies, since the Internet is one of the working tools.
Key words: Organizational communication. Social Media. Corporate social network.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6
1.1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 7
1.1.1 Objetivo geral ..................................................................................................... 7
1.1.2 Objetivos específicos.......................................................................................... 7
1.2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 7
1.3 MÉTODO E TÉCNICA DE PESQUISA .................................................................. 9
2 REDESSOCIAIS CORPORATIVAS ....................................................................... 10
3 COMUNICAÇÃO INTERNA ................................................................................... 12
3.1 A CONVERGÊNCIA DAS MÍDIAS SOCIAIS PARA A COMUNICAÇÃO
EMPRESARIAL ......................................................................................................... 13
3.1.1 As vantagens das redes sociais corporativas ................................................... 15
4 A FERRAMENTA SOCIALBASE ........................................................................... 17
4.1 A CRIAÇÃO DE UMA REDE SOCIAL ESPECÍFICA PARA A
COMUNICAÇÃO INTERNA DO DOT DIGITAL GROUP ........................................... 17
4.2 O CENÁRIO DA COMUNICAÇÃO INTERNA EMPRESARIAL DO GRUPO
ANTERIOR À IMPLANTAÇÃO DA FERRAMENTA ................................................... 18
4.3 A IMPLANTAÇÃO DA REDE SOCIAL ................................................................. 19
4.4 A POSSIBILIDADE DA UTILIZAÇÃO DA NOVA REDE SOCIAL EM
OUTRAS EMPRESAS .............................................................................................. 22
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 25
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 28
APÊNDICES ............................................................................................................. 30
6
1 INTRODUÇÃO
Com o advento da internet, a informação e o seu uso efetivo nas ferramentas
virtuais são os grandes desafios que vem impulsionando setores de Marketing e
Comunicação de grandes empresas a reinventarem o modo com que se relacionam
e se comunicam com seus colaboradores e público alvo externo. Meios de
comunicação, como informativos impressos ou jornais murais, que até então eram
essenciais para que a informação de uma empresa saísse da posse de seu porta-
voz oficial e chegasse até o funcionário, agora se tornaram defasados e diversas
vezes ineficientes.
As tecnologias digitais proporcionam flexibilidade e deslocalização do espaço
(ORTIZ, 1999). Na internet, a informação não encontra barreiras e flui cada vez mais
instantaneamente, atingindo, inclusive, caráter viral. Essa é uma característica única
desse meio e que tem atraído a estratégia da comunicação empresarial.
Andreas Kaplan e Michael Haenlein definem mídias sociais como "um grupo
de aplicações para Internet construídas com base nos fundamentos ideológicos e
tecnológicos da Web 2.0”. O grupo especializado em tecnologia, DOT digital group,
aproveitou essa oportunidade virtual para otimizar a sua comunicação interna.
Para isso, foi implantada uma rede social corporativa específica e de uso
exclusivo para seu quadro de funcionários. Por meio dela, os comunicadores do
setor de Marketing transmitem as informações da ponta da gestão – diretoria – até
os colaboradores das diversas áreas da organização, além de permitir que qualquer
funcionário troque informações com toda a equipe.
Este estudo irá analisar o processo de criação e implantação dessa
ferramenta, comparando os resultados da comunicação interna da empresa no
período anterior a esse processo com os atuais, o que possibilitará concluir sobre a
eficiência da rede social corporativa. A pesquisa pretende avaliar o potencial dessa
mídia social para o processo de comunicação interna organizacional do DOT digital
group e a probabilidade de utilizar essa rede social em outras empresas que utilizem
a Internet como uma das ferramentas de trabalho.
7
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
Avaliar como o uso das mídias sociais pode potencializar a comunicação
interna empresarial, com estudo de caso no DOT digital group, em Florianópolis/SC.
1.1.2 Objetivos específicos
• Caracterizar as mídias sociais e sua convergência para a comunicação
empresarial;
• Analisar a criação da rede social aplicada no DOT digital group,
exclusivamente para a sua comunicação interna;
• Levantar o cenário anterior à implementação dessa rede social;
• Avaliar o desempenho dessa rede social, desde sua implementação até a
atualidade, comparando o antes e depois;
• Verificar a eficácia dessa rede social na comunicação interna do DOT digital
group;
• Projetar a utilização dessa rede social em outras empresas, desde que a
Internet seja uma das ferramentas de trabalho.
1.2 JUSTIFICATIVA
Como já apontava Clay Shirkly (2008), “uma revolução não acontece quando
a sociedade adota novas tecnologias. A revolução acontece quando a sociedade
adota novos comportamentos”. Atualmente, com o incontestável crescimento das
redes sociais e mídias virtuais, cresce também a atuação das pessoas como
prosumers (produtores de conteúdo). Consequentemente, o esforço da comunicação
nos dias de hoje é acompanhar tais mudanças comportamentais. Tanto os
departamentos de Comunicação quanto de Marketing nas empresas ainda buscam
utilizar essas tendências, porém, sempre com alguma defasagem, principalmente na
relação EUA-Brasil. O público americano dita as novas ferramentas e alguns anos
depois o restante dos países as adotam. O que se observa, na Comunicação, é que
não é mais suficiente que se altere o veículo ou plataforma de comunicação,
modernizando a mídia. O processo é intrínseco. É necessário que se busque novas
8
formas de comunicar, não se atendo apenas ao meio da ação.
Atentas a isso, as empresas já sentiram a necessidade de desenvolver novas
formas de se relacionarem, seja com seu público externo ou interno. Nota-se que os
novos padrões de comportamento estão guiando as tendências em comunicação.
Em grandes empresas, esforça-se para que a comunicação interna seja a mais
eficiente possível. Novos colaboradores trazem em sua bagagem não só suas
aptidões profissionais, como também os costumes de uma nova geração, que avalia
os meios de comunicação tradicionais como defasados. Já ciente da importância da
comunicação interna dentro de uma empresa, agora, além de comunicar uma
informação, o desafio é como comunicar. Como fazer a mensagem não só ser
recebida, mas também que provoque interação.
Por saber que a comunicação interna gera motivação empresarial e melhora o
clima organizacional interno, as empresas estão buscando alternativas aos meios
tradicionais de comunicação interna. Entre as ferramentas que crescem no Brasil,
destaca-se a Rede Social Corporativa (RSC), que já conta com resultados
comprovados. De acordo com um estudo do instituto de pesquisa McKinsey Global
Institute (MGI), a mídia pode aumentar a produtividade dos colaboradores entre 20 e
25%.
Tal produtividade pode se dar pela transparência com que as informações são
comunicadas por meio da RSC. Com uma política de comunicação bem consolidada
e atuante, minimizam-se os ruídos e focos de desinformação. O alto conhecimento
sobre a empresa e a aproximação com os gestores também influenciam
positivamente na produtividade, potencializando a integração entre os colaboradores
e participação atuante no processo de comunicação.
Este trabalho irá analisar a eficiência da implantação de uma Rede Social
Corporativa como ferramenta para comunicação interna a fim de levantar os
aspectos positivos da mídia e também possíveis melhorias. A pesquisa poderá
contribuir tanto com as empresas e gestores de comunicação empresarial, avaliando
se a corporação e seu quadro de colaboradores se enquadram no perfil da
ferramenta, quanto com a equipe desenvolvedora do SocialBase, objeto de estudo,
para aprimoramentos e melhorias na plataforma.
9
1.3 MÉTODO E TÉCNICA DE PESQUISA
Pesquisa de mercado, segundo Batista (2009), é um conjunto de técnicas
científicas, o que a diferencia de um amontoado de improvisações, suposições e
conhecimentos genéricos. “É um instrumento importantíssimo em experimentos
científicos ou mercadológicos (...), é considerada ferramenta confiável e válida - dois
dos aspectos mais relevantes em medidas científicas, desde que seus preceitos
básicos sejam obedecidos”.
A partir disso, foram realizados dois tipos de pesquisa para este estudo:
qualitativa e quantitativa. Primeiramente, foram aplicados questionários e entrevistas
com os gestores do grupo DOT digital group. Em seguida foi realizada uma pesquisa
quantitativa com o quadro de colaboradores do grupo. As pesquisas tinham como
objetivo levantar o uso e a eficácia da rede social para a comunicação interna dessa
corporação.
A primeira unidade de análise foi com gestores relacionados com a
Comunicação, Marketing e estratégia do DOT digital group. A população foi de três
gestores, sendo que a amostra ficou delimitada em dois.
A segunda unidade foi com os colaboradores que utilizam a internet como
ferramenta de trabalho para exercer suas funções dentro da empresa. A população
foi de 200 funcionários, sendo que a amostra ficou delimitada em 100.
A pesquisa qualitativa realizada com os gestores do DOT digital group foi
analisada com o objetivo de levantar o cenário empresarial e a expectativa da
adaptação da ferramenta de comunicação interna. Realizamos essa técnica por ser
indicada em situações nas quais existe a necessidade de informação individual em
vez de agregada, de acordo com Batista (2009).
Duarte (2005) concorda, avaliando que “a entrevista em profundidade é um
recurso metodológico que busca, com base em teorias e pressupostos definidos
pelo investigador, recolher respostas a partir da experiência subjetiva de uma fonte,
selecionada por deter informações que se deseja conhecer”.
A pesquisa quantitativa realizada com os funcionários foi analisada por meio
de números para constatar a aceitação e o sucesso da ferramenta.
Foi realizado o cruzamento dos dados das pesquisas qualitativa e quantitativa
para averiguar, por meio da opinião dos colaboradores, se a expectativa dos
gestores foi alcançada.
10
2 REDESSOCIAIS CORPORATIVAS
O que entendemos hoje como mídia social nada mais é que a modernização
da necessidade mais trivial do ser humano: a socialização. Nós precisamos nos
relacionar, seja por motivo de sobrevivência, carência ou afeição. É intrínseco ao
homem estabelecer ligações e Ramalho (2010) define isso muito bem ao explicar
que as mídias sociais são parte integrante da sociedade moderna.
Que a chamada web 2.0 – a interação completa via Internet – está tomando
um papel cada vez mais de destaque na vida das pessoas e transformando a era da
informação não é novidade. Isso pode ser percebido diariamente na velocidade com
que a informação se propaga, tornando o poder de gerar conteúdos e influenciar
pessoas e decisões comum a qualquer um e não mais exclusividade dos grande
grupos capitalizados.
Recuero (2009) apoia seu conceito de rede social nessa interação e na troca
social compreendidas pela estrutura da rede. As redes sociais, para ela, ampliaram
não só a capacidade de conexões como também de difusão da informação. A autora
exemplifica que, no mundo off-line, uma informação só se propagaria na rede pelas
conversas de pessoas. Nas redes sociais on-line essas informações são
amplificadas, reverberadas, discutidas e repassadas, o que dá mais voz às pessoas,
além de construção de valores e maior potencial de disseminação de informações.
Carolina Frazon Terra (2010) complementa essa concepção alegando que,
em tempos de tecnologias e ferramentas da web 2.0, a comunicação em redes sociais presume mais simetria entre emissores e receptores e constante troca de papéis entre eles, além da aceitação de diálogos, conversações e colaborações. Tudo isso obriga a organização a se posicionar estrategicamente em termo de comunicação, primando por uma comunicação on e off-line sistematizadas e sabendo que suas ações terão desdobramentos (podendo ser alvo de manifestações de usuários, consumidores, stakeholders em geral), sejam eles no meio físico ou digital. (TERRA, 2010. Disponível em: <http://www.abrapcorp.org.br/anais2010/GT3/GT3_Terra.pdf> Acesso em: 26 abr. 2012.)
E é nesse cenário de profissionais 2.0 que as empresas precisam se atualizar,
adaptar o ambiente de trabalho e descobrir um caminho para extrair informações
relevantes de seus funcionários através da utilização das mídias e comunidades
sociais. Com a criação de políticas e códigos de conduta, é possível utilizar as redes
11
sociais para benefício da empresa, incentivando o uso de um canal corporativo onde
os funcionários possam discutir sobre assuntos profissionais. Quando bem utilizado
e analisado, o conteúdo produzido por essas redes internas pode resultar em novos
modelos de gestão ou, no mínimo, retenção do capital intelectual das empresas.
(LIMA, 2012)
Os meios tradicionais de comunicação – jornal, rádio e televisão – estiveram
sempre presentes como únicas plataformas da disseminação de informação e de
conhecimento. Entretanto, na última década, a web e as redes sociais
transformaram-se em ambientes ideais para a atualização dos acontecimentos e,
principalmente, consumo de conteúdo.
Lima Junior já observa que empresas inovadoras ou gestores vanguardistas
identificam oportunidade de melhorar métodos de gestão de pessoas e gestão do
conhecimento através de plataformas digitais. Segundo ele, “plataformas de intranet
e sites internos estão entre as mais populares maneiras de proporcionar uma
centralização do conhecimento, mas o desafio atual é transformá-los de ‘depósito de
conteúdo’ em ‘ambiente de colaboração’”.
O autor afirma que este novo contexto é estruturado pelas Tecnologias de
Comunicação e Informação (TICs) e provoca uma nova configuração midiática:
Nesse novo contexto, estruturado pelas Tecnologias de Comunicação e Informação (TICs), surge uma nova configuração midiática, que cria ambientes multiplataformas e interações em vários níveis entre emissor e receptor de conteúdo informativo. A “linha divisória”, antes bem delimitada pelos meios de comunicação tradicionais, devido à formatação e consolidação de um modelo de negócio durante décadas, ficou turva nos meios digitais conectados. (LIMA JUNIOR, 2010: 17)
Com esta nova configuração do cenário da comunicação aliada às mudanças
comportamentais, principalmente dentro das mídias sociais, surgem as Redes
Sociais Corporativas (RSC). Esta nova plataforma se fundamenta na tendência
crowdsourcing, intensificando o caráter colaborativo na comunicação. A RSC vem
para permitir que o colaborador não apenas se informe sobre o que ocorre em sua
empresa, mas também que ele participe do processo, interagindo e compartilhando
dentro da rede, ou seja, sendo ativo dentro da comunicação interna. Scoble et AL
(2009, p.5) defendem que nas grandes organizações as mídias sociais podem
auxiliar nos processos de colaboração com parceiros, clientes e empregados.
As redes sociais corporativas têm o objetivo, então, de promover o
12
relacionamento entre a equipe e incentivar o compartilhamento de informações e
conteúdo. Seguem os moldes de redes sociais já existentes, mas são restritas ao
quadro de funcionários da empresa, com objetivos determinados e com foco na
atuação.
3 COMUNICAÇÃO INTERNA
Obter informação e conhecimento não é, necessariamente, se comunicar. No
âmbito corporativo, essa premissa também pode ser aplicada como fator estratégico
para a cultura corporativa. A comunicação interna consiste em um processo muito
mais complexo, baseado em atração, interações, trocas e envolvimento, que
acontecem numa via de dois sentidos, cuja relevância deve ser clara tanto para a
empresa, quanto para os funcionários.
Segundo Curvello (2012), “comunicação interna é o conjunto de ações que a
organização coordena com o objetivo de ouvir, informar, mobilizar, educar e manter
coesão interna em torno de valores que precisam ser reconhecidos e compartilhados
por todos e que podem contribuir para a construção de boa imagem pública”. Bueno
(2012) concorda ao afirmar que uma comunicação estratégica pressupõe uma
autêntica cultura de comunicação na organização. “A comunicação empresarial não
pode ser estratégica apenas pela ação (ou desejo) de sua equipe profissional de
comunicação. Se ela faz parte da estratégia, está umbilicalmente associada ao dia-
a-dia da organização e inclui todas as pessoas que fazem parte dela”.
Organizações que enxergam seus colaboradores como parceiros sabem que,
quando eles estão bem informados e conscientes do sistema do qual fazem parte, o
nível de engajamento e de comprometimento com a missão do negócio é maior.
Assim, a comunicação corporativa pretende, entre outros objetivos, mostrar o que o
trabalho de cada representa no todo da organização, qual é a importância das
tarefas que realiza, independente das hierarquias empresariais e cargos.
Os colaboradores podem ser porta-vozes estratégicos das instituições em que
trabalham, de modo que a opinião deles pode valer muito para quem vê uma
empresa de fora, influenciando, portanto, na formação da imagem e da reputação
corporativa. Frente à importância que o relacionamento entre os funcionários tem
nesse processo de construção, a comunicação interna se destaca como uma ação
13
fundamental e suas diversas ferramentas se tornam verdadeiros investimentos no
clima organizacional.
Atualmente, a área da comunicação interna dispõe de diversos canais, desde
os mais tradicionais, como boletins, murais e intranets até os mais modernos, que
envolvem novas tecnologias, como as redes sociais corporativas e as newsletters.
Ao serem adotados e utilizados de forma estratégica e efetiva, os canais não só
auxiliam na integração do quadro funcional, como favorecem a circulação de
informações, a capacitação, o debate e a interação entre os vários segmentos da
organização.
3.1 A CONVERGÊNCIA DAS MÍDIAS SOCIAIS PARA A COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL
A utilização das redes sociais como intranets mostra-se uma nova ferramenta
para a prática da Comunicação Interna, que, segundo Bueno (2012), entende-se
como o “esforço de comunicação desenvolvido por uma empresa, órgão ou entidade
para estabelecer canais que possibilitem o relacionamento, ágil e transparente, da
direção com o público interno”. E a definição de Comunicação Interna para Bueno
vai muito mais além, corroborando com a necessidade de modernizar a gestão
empresarial de acordo com a evolução das tecnologias:
Deve ficar claro que a Comunicação Interna não se restringe à chamada comunicação descendente, aquela que flui da direção para os empregados, mas inclui, obrigatoriamente, a comunicação horizontal (entre os segmentos deste público interno) e a comunicação ascendente, que estabelece o feed-back e instaura uma efetiva comunicação. (BUENO, Wilson da Costa. Comunicação interna. Disponível em: http://www.comunicacaoempresarial.com.br/comunicacaoempresarial/conceitos/comunicacaointerna.php. Acesso em 26 abr. 2012)
Porém, Bueno (2011) lembra que a implementação e manutenção de uma
Intranet requerem um planejamento bem elaborado: “a Intranet só faz sentido se a
organização que a implementa tem condições de gerenciar as informações e os
relacionamentos estabelecidos a partir dela. (...) A Internet não se confunde nem
como banco de dados on line e muito menos com mural eletrônico.”
Lima (2012) concorda, mas vai além:
14
Somente empresas inovadoras ou gestores vanguardistas identificam oportunidade de melhorar métodos de gestão de pessoas e gestão do conhecimento através de plataformas digitais. (...) Plataformas de intranet e sites internos estão entre as mais populares maneiras de proporcionar uma centralização do conhecimento, mas o desafio atual é transformá-los de “depósito de conteúdo” em “ambiente de colaboração”.
E é como uma resposta à opinião de Lima (2012) que surgem as mídias
sociais corporativas. Por definição, uma rede social corporativa (também conhecida
pela sigla RSC) é uma ferramenta de comunicação interna fechada, controlada pelos
gestores, que funciona para o compartilhamento de informações, conhecimentos,
interesses e esforços em busca de objetivos comuns da corporação. Os usuários
podem trocar mensagens privadas e publicar textos públicos, como textos sobre
produtos e processos da instituição ou pedidos de ajuda para finalizar um serviço
específico. Os gestores podem moderar os debates internos, orientando-os para os
interesses da empresa, e criar um ambiente de colaboração e geração de ideias
inovadoras.
Durante muito tempo as intranets foram as principais ferramentas de
comunicação interna das empresas, armazenando informações institucionais de
interesse da organização e servindo como acervo digital. Porém, este modelo não
tem acompanhado a evolução da Web comercial e, geralmente, não absorve a atual
necessidade das organizações em relação ao compartilhamento de conhecimento e
à interação entre os usuários.
De acordo com o documento “O futuro da intranet corporativa”, divulgado pela
SocialBase, startup que desenvolve redes sociais corporativas e que foi o objeto de
pesquisa deste trabalho de conclusão de curso, a internet evoluiu muito na parte
tecnológica e de layout, desde a década de 90. Cada vez mais ela é focada na
interação entre os usuários e na troca de experiências, pontos que definem também
o conceito de Web 2.0. “Certas ferramentas de comunicação interna conseguiram
assimilar boa parte das inovações tecnológicas desenvolvidas junto com a internet.
Uma delas, sem dúvida, é a rede social corporativa”, observa Radamés Martini,
diretor executivo da SocialBase.
Nas intranets tradicionais, os gestores publicavam mensagens e os
colaboradores liam. Ou seja, dentro desse modelo, a possibilidade de interação é
quase nula. Além disso, as intranets costumam ser usadas apenas dentro do
ambiente corporativo, até por uma questão de segurança da informação e das
15
estruturas de TI internas. Nesse sentido, a ferramenta não atende às reais
necessidades de funcionários que trabalham em campo ou em homeoffice.
Martini considera que, enquanto a Web comercial fica cada vez mais
colaborativa e com design amigável, muitas intranets continuam investindo em
layouts engessados e modelos pouco interativos de gestão de conteúdo. “Um layout
pouco amigável pode gerar dificuldade para os colaboradores aprenderem a usar o
sistema. Quanto menos amigável for a interface, mais complicado fica usá-la, o que
gera perda de eficiência e aumenta as chances de fracasso na implantação”, afirma.
O executivo também acredita que a rede social corporativa é uma evolução
natural da intranet, pois contém todas as características positivas das antigas redes
internas – como o armazenamento de informações e o acesso via Web – com
algumas tecnologias que muitas intranets não conseguiram assimilar nos últimos
anos. “Nossa experiência nesse mercado mostra que os sistemas de rede social
corporativa são soluções mais completas, eficazes e preparadas para a
comunicação interna nas empresas”, conclui.
Por não acompanharem a evolução da Web 2.0, muitas intranets continuaram
sendo repositórios e meios de comunicação unilaterais. Por isso, algumas
organizações passaram a adotar outras ferramentas tecnológicas, como
mensageiros instantâneos, para complementar o uso da ferramenta. Esses sistemas
são eficientes para a conversa entre colegas, mas pouco estimulam a colaboração
em projetos corporativos, além de dar brechas de segurança para intrusões e vírus.
A rede social corporativa é uma ferramenta de comunicação interna fechada,
controlada pelos gestores, que funciona para o compartilhamento de informações,
conhecimentos e interesses da corporação. Em comparação com as intranets, pode-
se destacar como vantagens das novas ferramentas: layout amigável e conhecido
pelos usuários, compartilhamento de informações entre os colaboradores,
colaborativismo dentro do corpo funcional, comunicação de via dupla, serviço WEB e
móvel disponível na nuvem, entre outros.
3.1.1 As vantagens das redes sociais corporativas
Todos os problemas encontrados em algumas intranets, como gestão social
de tarefas, comunicação unilateral e disponibilidade somente nos ambientes da
empresa, destacados no estudo “O futuro das intranets corporativas”, foram
resolvidos, de alguma forma, em outras soluções tecnológicas. Entre as ferramentas
16
de comunicação interna disponíveis no mercado, as redes sociais corporativas
conseguiram resolver todas as falhas apresentadas. Além disso, esses sistemas
conseguiram preservar a essência das intranets: o armazenamento e divulgação das
informações institucionais.
O material divulgado pela SocialBase (O futuro das intranets corporativas) traz
as vantagens das redes sociais corporativas frente às intranets, entre elas estão:
a) Layout amigável e conhecido pelos usuários
A estrutura de uma rede social corporativa normalmente é parecida com a de
redes sociais que os funcionários estão acostumados a utilizar no dia-a-dia. O
cadastro com perfil é o mesmo e as mensagens individuais, públicas ou para grupos
distintos também funciona da mesma forma.
b) Compartilhamento de informações entre os colaboradores
As redes sociais corporativas alcançaram o desafio de transformar as antigas
Intranets de “depósito de conteúdo” em “ambiente de colaboração”. Elas permitem
que uma informação seja divulgada para toda a equipe ou para setores específicos,
de acordo com o objetivo da diretoria. E vão além, deixando de ser apenas um ponto
de armazenamento de dados corporativos, possibilitando o compartilhamento de
informações e o feedback dos usuários.
c) Serviço disponível na nuvem, via Web
Um dos grandes benefícios das redes sociais corporativas é que elas
funcionam na nuvem, sem a necessidade de um servidor instalado na empresa. A
ferramenta fica hospedada nos servidores da companhia contratada, basta ter
acesso à internet e a solução estará disponível em qualquer lugar, tal qual um site de
relacionamentos. Isso é um grande avanço da Intranet, por não se restringir somente
à sede da empresa, principalmente para funcionários em homeoffice, que passam a
ter acesso a todas as informações publicadas na rede interna.
A alta disponibilidade das redes sociais corporativas traz outra vantagem: o
acesso via dispositivos móveis. Um profissional em campo pode, por exemplo, usar
seu smartphone para acessar uma informação armazenada na ferramenta ou até
tirar uma dúvida com os demais colegas de trabalho. Além de a rede ser um ponto
de encontro da empresa, ela fica disponível em qualquer lugar.
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4 A FERRAMENTA SOCIALBASE
A ferramenta SocialBase é uma rede social corporativa (RSC) que tem como
principal objetivo melhorar a comunicação interna das empresas. O produto tem
suas funcionalidades baseadas nas redes sociais abertas, porém, elas são
adaptadas para o ambiente corporativo.
Com o uso dessa plataforma, a interação entre os funcionários pode se tornar
mais intensa, pois eles passam a conhecer melhor seus colegas, tanto pelo perfil,
como por meio dos conteúdos compartilhados e das discussões que a ferramenta
possibilita. Com isso, é possível aumentar a produtividade e melhorar o clima
organizacional. Já a facilidade de uso e a interface mais “amigável” do SocialBase,
que se assemelha com ferramentas que os colaboradores já estão mais
acostumados, como o Facebook e LinkedIn, fazem com que a adoção da plataforma
por parte dos funcionários seja mais fácil e rápida.
Esta pesquisa de campo teve como objetivo confirmar essas afirmações feitas
pela empresa, verificar se houve maior engajamento da equipe e projetar a
viabilidade de ser aplicada em qualquer empresa.
4.1 A CRIAÇÃO DE UMA REDE SOCIAL ESPECÍFICA PARA A COMUNICAÇÃO INTERNA DO DOT DIGITAL GROUP
Desde 2004, quando o Facebook foi fundado, a forma como as pessoas
passaram a se comunicar mudou. A rede social modificou o padrão de comunicação
na vida pessoal e logo se observou a tendência disso acontecer também na vida
profissional. Essa convergência chama-se consumerização, um termo muito utilizado
no meio digital, que significa o uso de dispositivos pessoais no ambiente de trabalho,
como Tablets, netbooks e smartphones.
Não demorou muito, em 2011, a Rede Social Corporativa (RSC) já estava
consolidada nos Estados Unidos, com grandes empresas utilizando essa ferramenta
na comunicação interna. No Brasil, a empresa pioneira foi a SocialBase, fundada em
2012 pelo empresário Radamés Martini, que criou uma RSC a exemplo do que já
ocorre nos EUA. “Eu estou constantemente de olho nas tendências do país
americano. Eles estão sempre à frente cerca de quatro anos de nós brasileiros
18
quando o assunto é tecnologia e novidades na área. Portanto, se lá aconteceu em
2011, estima-se que aqui a ferramenta vai começar a ganhar mercado somente este
ano”, explica o empresário.
A primeira empresa a ser instalada a RSC, em fevereiro de 2012, foi o DOT
digital group, um grupo 100% digital, composto por oito empresas que são referência
nos seus mercados de atuação; são elas: IEA, Knowtec, Talk, DDBR, TechFront,
Keeping Up, SuitePlus e SocialBase.
Apenas um mês depois de ser instalada a RSC, todo o quadro de funcionários
do grupo já estava acessando a ferramenta. Muito por indicação do departamento de
Recursos Humanos, claro, mas também pela curiosidade das pessoas. Hoje,
qualquer novo funcionário é apresentado pela empresa através da SocialBase e
recebe por lá as boas vindas da equipe.
Dois fatores levaram a SocialBase a ser um sucesso no DOT: primeiro pelo
grupo ser totalmente digital e ter uma pré-disposição a novas tecnologias, e segundo
pelo total apoio do presidente do grupo, Luiz Alberto Ferla. “A participação da
diretoria é fundamental, pois são eles que vão determinar o caminho que a
ferramenta vai seguir. E ter a cultura digital já enraizada colabora muito para a
adesão dos funcionários”, destaca Radamés Martini.
Mas essa aceitação à ferramenta não aconteceu da noite pro dia. Muitas
ações de engajamento tiveram que ser feitas pelo departamento de Recursos
Humanos para que as pessoas criassem a cultura de acessar a ferramenta todos os
dias, e é isso que vamos ver mais à frente.
4.2 O CENÁRIO DA COMUNICAÇÃO INTERNA EMPRESARIAL DO GRUPO ANTERIOR À IMPLANTAÇÃO DA FERRAMENTA
Até fevereiro de 2012, quando a SocialBase foi implantada, a comunicação
interna do DOT digital group era feita basicamente através de e-mail. Por ser um
grupo 100% digital, não eram utilizados informativos impressos nem recados em
mural. A única ferramenta diferente que eles utilizavam era um blog, desenvolvido
pelos próprios funcionários, que foi substituído pela Rede Social Corporativa.
Para avaliar o desempenho e eficácia da nova ferramenta de comunicação
interna utilizada pelo DOT digital group, foram realizados dois tipos de pesquisa para
19
este estudo: qualitativa e quantitativa. Primeiramente, realizamos duas entrevistas
em profundidade, uma com o criador da SocialBase, Radamés Martini, e outra com
a gerente Desenvolvimento Humano e Organizacional do grupo, Ana Paula
Baseggio Lehmkuhl, para verificar a percepção da diretoria quanto aos resultados da
ferramenta.
Para cada entrevistado foram formuladas questões que abordavam a
eficiência da ferramenta e também o histórico da comunicação no grupo. Para
Martini, questionou-se sobre a criação do SocialBase, percepções na instalação nos
primeiros clientes, adesão à ferramenta, aceitação dos clientes, verificação da
viabilidade da instalação nas empresas, dificuldades encontradas nos cenários
anteriores à instalação, dificuldades no mercado para o crescimento do uso entre as
empresas e opinião sobre tendências da comunicação interna.
Já para Lehmkul, abordou-se o processo de instalação e uso do SocialBase
no DOT, sua aceitação e adesão, percepções da funcionalidade e possíveis
melhorias.
Após as duas pesquisas qualitativas, aplicamos uma pesquisa quantitativa
com o quadro de colaboradores do grupo, composto por 200 funcionários. Foram
aplicados questionários para uma pesquisa quantitativa descritiva com abordagem
transversal de análise. Porém, o trabalho enfrentou dificuldade na obtenção da
amostra mínima para compor o resultado dessa pesquisa, limitando-se a 5 % do
quadro de colaboradores. Apenas 10 colaboradores responderam, o que não reflete
o verdadeiro sentimento da equipe como um todo.
4.3 A IMPLANTAÇÃO DA REDE SOCIAL
Após abordagem da empresa desenvolvedora do SocialBase, apresentando a
prospecção da ferramenta para a comunicação interna no grupo DOT, o
departamento de Recursos Humanos avaliou que a implantação seria possível nas
empresas. Em fevereiro de 2012, o SocialBase foi instalado no grupo. Até então, a
comunicação interna era realizada por meio do blog corporativo “Diga Lá”,
plataforma onde os colaboradores contribuíam com conteúdo, sugestões e
interações. Além disso, o email marketing também era uma das ferramentas
utilizadas para os gestores se comunicarem com os funcionários da empresa.
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Com a instalação da Rede Social Corporativa no sistema do grupo, o blog foi
desativado, intensificando a necessidade natural do uso do SocialBase para as
pessoas se informarem a respeito das novidades na empresa. Além disso, o
departamento de RH enviava alertas por email para estimular o uso, além de
recomendar o acesso diário à ferramenta.
Contando atualmente com 200 colaboradores, a adesão ao SocialBase é
integral. Segundo o criador da ferramenta, Radamés Martini, diretor executivo do
SocialBase, essa totalidade foi alcançada em cerca de um mês. Além do estímulo
por alertas do RH, a partir da instalação da ferramenta, todos novos colaboradores
contratados para o grupo já são cadastrados automaticamente na RSC. Martini
também destaca que a participação ativa da alta gerência na ferramenta é uma das
recomendações para se obter o sucesso da mídia. No grupo DOT, os gestores,
desde o início, colaboram ativamente e isto estimula os colaboradores a aderirem e
a participarem na rede. “Os funcionários se moldam pelo perfil do gestor”, observa
Martini.
O diretor também analisa que, até a instalação do SocialBase, a comunicação
no DOT era realizada de maneira fragmentada, com baixa interação entre os
colaboradores. Como a comunicação era realizada apenas por meio do blog
corporativo e do email marketing, a informação possuía divulgação unilateral, ou
seja, os colaboradores atuavam apenas como receptores das mensagens. Um dos
grandes objetivos da instalação da RSC no grupo foi permitir a via de mão dupla
para a informação interna: emissão – recepção – interação.
Martini detalha que, no cenário anterior ao SocialBase, a participação dos
colaboradores do DOT na comunicação interna seguia o princípio 90:9:1, que o
cientista da informação Jakob Nielsen nomeia de “desigualdade participativa”.
Segundo Nielsen, a maioria das comunidades sociais consiste em: 90% somente
consomem informações; 9% dos usuários se empenham muito pouco para
colaborar; e apenas 1% é responsável por praticamente toda a criação de conteúdo
do ambiente (NIELSEN, 2006). Com o SocialBase, esse cenário foi amplamente
otimizado. Martini aponta que no grupo DOT a geração de conteúdo já atinge 30%
dos usuários, contra 1% da média do princípio.
Para intensificar o uso, foram adotadas estratégias pelo RH, recomendadas
pelos criadores do SocialBase. Uma delas é a apresentação dos novos funcionários
dentro da ferramenta e também o compartilhamento de atividades que os
21
colaboradores realizam fora da empresa. A gerente de Desenvolvimento Humano e
Organizacional do grupo, Ana Paula Baseggio Lehmkuhl, observa que a curiosidade
estimula o acesso e o uso. “Os colaboradores se conheciam, mas muitas vezes não
imaginavam a profundidade da atuação de cada colega, dentro e fora da empresa”,
revela.
Lehmkul também relata que adotam outras medidas para otimizar o uso,
como a criação de enquetes virtuais e a divulgação de atividades corporativas de
integração. Além disso, o RH não dispensa o contato pessoal para incentivar o uso e
o disparo de email marketing para alertar sobre informações postadas no
SocialBase, com caráter de teasers.
Chiu et all (2006) observaram que o maior desafio na promoção de uma
comunidade virtual é a fonte de conhecimento, ou seja, a espontaneidade de formar
laços de conhecimento com outros membros (CHIU, HSU & WANG, 2006: 1872).
Tanto Martini quanto Lehmkuhl relatam que o distanciamento geográfico entre os
colaboradores (sedes em Brasília, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e
Florianópolis) influenciou na formação desses laços, devido à possibilidade de
aproximação virtual entre os colaboradores por meio do SocialBase e do conteúdo
compartilhado.
O compartilhamento de conhecimento é uma das estratégias adotadas para
aumentar o uso e a eficiência do SocialBase no DOT. Dentro da ferramenta, foram
criados grupos específicos de cada área ou setor, onde é possível os colaboradores
e gestores compartilharem conteúdo, informações externas relevantes, tendências
de mercado, pesquisas, entre outros. A criação desses grupos foi estimulada pelo
departamento de RH, que também incentivou os colaboradores a completarem as
informações de perfil na ferramenta. Essas informações, além de aprofundarem a
relação interpessoal entre os colaboradores, já que gera a divulgação de
informações mais aprofundadas sobre cada um, também são úteis para o banco de
talentos do RH, que pode notar novas aptidões e gostos dos colaboradores.
Martini também destaca que a participação tanto de gestores quanto de
colaboradores proporciona um nivelamento de decisões e um importante
alinhamento cultural estratégico. Além da comunicação corporativa interna, a
ferramenta também serve como cenário para um brainstorm virtual. O conteúdo
compartilhado que é interesse de um setor, pode interessar outras áreas. Com a
interação, “as ideias não se perdem”, diz. Lehmkul acrescenta ainda que,
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futuramente, o SocialBase servirá para a divulgação de projetos do grupo, a fim de
impulsionar a troca de informações para aprimorar também o desenvolvimento dos
produtos do grupo, visto que as empresas tem escritórios em diferentes cidades e
cada uma desenvolve produtos distintos. “Vamos incentivar a troca de experiências
para aprimorar os projetos em desenvolvimento”, explica a gerente.
A gerente destaca que essa transparência com as informações aumentou a
positividade da percepção entre gestores e colaboradores. Para ela, as postagens
interpessoais denotam os interesses de cada um e despertam afinidades que não
seriam possíveis sem o SocialBase. De acordo com a gerente, os principais
aspectos positivos da ferramenta é o aumento da interatividade entre os
colaboradores, o que também aproxima geograficamente o quadro de funcionários.
Entretanto, Liehmkul observa que a ferramenta poderia passar por alguns
ajustes, otimizando o resultado positivo para a comunicação. De acordo com a
gerente, o SocialBase ainda não filtra a relevância das informações postadas.
Atualmente, as postagens são alocadas por ordem cronológica, assim como no
Facebook. Ou seja, postagens antigas vão descendo para o final da página
conforme outras informações vão sendo compartilhadas. “Recados de felicitações de
aniversários acabam rebaixando postagens importantes dos gestores, o que diminui
a visibilidade”, relata.
Outro ponto que a gerente destaca é o fato de o SocialBase não ser
autosuficiente para as informações corporativas. “Quando precisamos que uma
informação tenha alto grau de visibilidade como, por exemplo, reajustes ou
mudanças administrativas, recorremos ao email marketing. A estratégia de
divulgação ainda não se detém no ambiente do SocialBase”, pondera.
4.4 A POSSIBILIDADE DA UTILIZAÇÃO DA NOVA REDE SOCIAL EM OUTRAS EMPRESAS
Segundo estudo da Gartner divulgado no final de janeiro de 2013, a adesão
das empresas às redes sociais corporativas (RSC) tende a crescer. Até 2016, 50%
das grandes organizações terão RSC. Deste porcentual, 30% usarão a tecnologia
como instrumento essencial, o mesmo nível de utilidade que telefones e e-mails têm
hoje.
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As instituições que adotaram soluções do gênero detectam benefícios para
todo o corpo funcional. Segundo um estudo publicado em 2012 pelo instituto de
pesquisa McKinsey Global Institute (MGI), a adoção de tecnologias sociais pode
aumentar a produtividade dos colaboradores entre 20 e 25%. Isso se dá porque a
ferramenta incrementa a comunicação e a colaboração entre membros da empresa
e parceiros – aspectos visíveis de forma mais explícita em uma rede social
corporativa.
As características das redes sociais corporativas foram assimiladas por
alguns setores específicos, como os departamentos de recursos humanos. De
acordo com uma pesquisa publicada em 2012 pela consultoria Silkroad, 67% dos
gestores de RH usam essas ferramentas. Entre as principais funções, o estudo
destaca o apoio nas campanhas de recrutamento e a aplicação em atividades de
aprendizado e desenvolvimento pessoal. O exemplo do SocialBase no DOT mostra
que as ferramentas sociais internas começam a se adaptar às empresas.
Segundo o diretor executivo da empresa, Radamés Martini, “a ferramenta
pode ser aplicada em qualquer empresa onde haja necessidade/vontade de
proporcionar aos colaboradores um ambiente de trabalho mais interativo e
colaborativo”. Atualmente, a empresa adotou postura reativa em relação à
prospecção de clientes. No site da ferramenta (http://www.socialbase.com.br) os
empresários encontram uma série de documentos e dados sobre a RSC, além de
alguns questionamentos para avaliação da implantação. No momento desse acesso,
uma equipe fica responsável por mapear os usuários e grau de interesse na
ferramenta. Ao se observar que aquele visitante realmente está interessado, um
funcionário da equipe de vendas da empresa entra em contato para agendar uma
call conference, na qual é realizado um questionário para verificar a viabilidade da
ferramenta na empresa em estudo. Observando-se que há viabilidade na instalação,
outro funcionário se reúne com o visitante para coletar detalhes e aprofundar
informações.
Após a contratação da ferramenta, há o cuidado em orientar o uso do
SocialBase, pois, segundo Martini, esse alinhamento é essencial para o sucesso da
ferramenta. “Extinguimos a degustação virtual que disponibilizávamos já que
percebemos que é essencial a orientação sobre a ferramenta. Perdíamos negócios,
pois os visitantes não sabiam como usar no teste e concluíam que a RSC não era
eficiente”. A partir dessa mudança, a equipe agenda uma visita de demonstração
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com os clientes em prospecção.
Mesmo assim, uma das dificuldades enfrentadas para a “venda” do
SocialBase é fechar o propósito para implantação. Martini salienta que o mais difícil
é “fazer o cliente entender por que ele necessita da ferramenta. A maioria das
empresas brasileiras ainda não está preparada para as RSCs”. Porém, com a sua
observação das tendências do setor, ele acredita que em alguns meses a presença
desta ferramenta já estará em processo notório e definitivo entre a comunicação
empresarial. A expectativa é de que em maio de 2014 a empresa lance aplicativo do
SocialBase para smartphones e tablets.
Para Martini, um dos pontos essenciais para o sucesso da empresa é a
cultura organizacional. O diretor destaca que empresas de Tecnologia de Informação
e franquias de grandes redes são perfis ideais para a ferramenta, já que possuem
em seu DNA o costume de busca de informação e interação entre os colaboradores.
Por seguir os moldes da rede Facebook, o SocialBase é de fácil uso e os
usuários já estão familiarizados com a ferramenta, o que intensifica o acesso. De
acordo com o diretor, após a implantação no DOT, elevou-se para 70% o
engajamento interno entre os funcionários na comunicação e os emails internos
corporativos reduziram-se para a metade.
Entre os clientes atendidos pelo SocialBase, destacam-se as empresas
Portobello e Vininha Minisanduíches. Esta última é considerada também um case de
sucesso, pois a ferramenta permitiu a integração entre as franquias de todo o País,
espalhadas em 39 unidades.
Na rede do Vininha, os colaboradores discutem conteúdos que, em outras
plataformas sociais, não seriam possíveis. O SocialBase privilegia os diálogos
internos, melhorou o fluxo de comunicação e de informação. Percebe-se, então, que,
com a ferramenta adequada, empresas descentralizadas podem criar um “ponto em
comum” para todos os colaboradores e parceiros, viabilizando a interação e a
comunicação interna. Com tecnologias inovadoras, é possível driblar as distâncias
geográficas e fazer toda uma empresa conversar.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O grande desafio da comunicação interna hoje é modernizar a gestão
empresarial, criando plataformas que permitiam um ambiente de colaboração,
fazendo com que a comunicação alcance o patamar de emissão – recepção –
interação. Atentas a isso, as empresas estão buscando alternativas aos meios
tradicionais de comunicação interna, a exemplo da Rede Social Corporativa (RSC),
que foi objeto de estudo deste trabalho.
Como o principal objetivo deste estudo de caso era avaliar o potencial da
mídia social corporativa SocialBase na comunicação interna empresarial,
concluímos que a ferramenta é eficaz no quadro funcional, favorecendo a circulação
de informações, a capacitação, o debate, a interação entre os vários segmentos da
organização e maior produtividade da equipe.
Todos os objetivos específicos foram alcançados, sendo possível analisar a
criação da rede social aplicada no DOT digital group, assim como fazer o
levantamento do cenário anterior à implantação da rede e avaliar o desempenho,
comparando o antes e depois, através da entrevista qualitativa. Conseguiu-se
também projetar a utilização dessa rede social em outras empresas, por meio de
pesquisas e resultados levantados pela empresa SocialBase.
Com a RSC intensificou-se o caráter colaborativo na comunicação interna do
grupo. O SocialBase permitiu que o colaborador não apenas se informasse sobre o
que ocorre na empresa, mas também que ele participasse do processo, interagindo
e compartilhando dentro da rede, ou seja, sendo ativo dentro da comunicação
interna.
De acordo com a entrevista em profundidade realizada, a transparência com
as informações aumentou a positividade da percepção entre gestores e
colaboradores. As postagens interpessoais denotaram os interesses de cada um e
despertaram afinidades que não seriam possíveis sem o SocialBase. Entre os
principais aspectos positivos da ferramenta podemos destacar o aumento da
interatividade entre os colaboradores, que também aproximou geograficamente o
quadro de funcionários.
Entretanto, observamos que a ferramenta tem alguns pontos a melhorar, com
o objetivo de otimizar o resultado positivo para a comunicação. Entre os pontos
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negativos está a falta de filtro da relevância das informações postadas e o fato de o
SocialBase não ser autosuficiente para as informações corporativas. O RH ainda
utiliza o e-mail marketing quando há uma informação importante a ser repassada, ou
seja, a estratégia de divulgação ainda não se detém no ambiente do SocialBase.
Como o resultado da pesquisa quantitativa foi inferior à amostra mínima, não
se conseguiu verificar a eficiência da ferramenta junto ao quadro de funcionários. O
que abre para suposições como o desinteresse dos colaboradores sobre o conteúdo
postado, ou especificamente sobre a pesquisa, ou até mesmo a não funcionalidade
da ferramenta como meio de comunicação interna.
Acredita-se que o trabalho pode repercutir positivamente ao desenvolvimento
da ferramenta, já que este estudo conseguiu apontar algumas dificuldades, por meio
da pesquisa qualitativa. Com o conhecimento das autoras em comunicação interna,
pode-se observar limitações do SocialBase que podem ser melhorados através de
aprimoramento do software, atendendo a algumas necessidades apontadas pela
diretora do grupo. O programador pode, a partir deste estudo, analisar a implantação
de outra acessibilidade, como o filtro das notícias e, assim, maior efetividade na
transmissão de mensagens. Fato que beneficiaria não só o grupo, mas todas as
empresas usuárias.
A falha na leitura das mensagens, inclusive, foi uma das dificuldades
encontradas neste estudo. Como a pesquisa quantitativa foi divulgada na própria
ferramenta, acredita-se que a falta de filtro pode ter ocasionado a baixa leitura da
mensagem, acarretando na baixa adesão do questionário.
A criação de um “código de conduta” para as RSCs também pode ser um
próximo passo a ser avaliado pelo programador e pela empresa usuária. Como a
ferramenta e, inclusive, as redes sociais ainda são um ambiente novo para os
costumes da sociedade, o uso do SocialBase pode enfrentar receios por parte dos
usuários. Um colaborador pode se sentir envergonhado e até mesmo intimidado em
criar ou compartilhar conteúdo na rede, por medo da reação de colegas e até
mesmo gestores. Em sua rede social particular, o colaborador já tem conhecimento
da cultura dos seus amigos e, portanto, sabe a consequência dos conteúdos
postados. Ele já está habituado com a cultura, costumes e aptidões de sua rede. Tal
intimidade não é encontrada na RSC, o que pode influenciar em uma das principais
metas da ferramenta, que é a geração de conteúdo.
Apesar de não ser possível projetar o crescimento do uso da RSC no Brasil,
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observando-se o mercado norte-americano, acredita-se potencialmente que esta é
uma das grandes tendências da comunicação organizacional, auxiliando e
potencializando a comunicação interna das empresas.
28
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APÊNDICES
APÊNDICE A – ROTEIRO DA ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE
Perguntas realizadas com Radamés Martini, diretor do SocialBase:
- O que levou à criação da Social Base?
- O DOT foi a primeira empresa a se instalar a RSC?
- Como foi a implantação? Iniciou em algum setor específico ou foi no grupo todo?
- Como foi a adesão à ferramenta?
- Qual foi a sua primeira impressão após a instalação da ferramenta no DOT?
- A partir de quando perceberam que a ferramenta podia ser instalada em qualquer
tipo de empresa e começaram a expandir?
- O que é feito para verificar a viabilidade da ferramenta dentro de uma empresa?
- Qual foi o diagnóstico do cenário da comunicação interna do DOT que levou à
necessidade da ferramenta?
- Quais os problemas mais encontrados na comunicação interna, que a RSC pode
ajudar a minimizar?
- Quais as principais dificuldades encontradas no mercado para o desenvolvimento e
adesão de uma ferramenta com esse perfil?
- Como é a aceitação das empresas hoje, qual a reação dos possíveis clientes
quando você apresenta a Social Base
- Você acha que essa é uma tendência da comunicação interna
- Você acredita que outras ferramentas possam vir a extinguir? Por exemplo,
informativo impresso, e-mail marketing, mural, etc.
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APÊNDICE B – ROTEIRO DA ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE
Perguntas realizadas para Ana Paula Baseggio Lehmkuhl, gerente
Desenvolvimento Humano e Organizacional do DOT digital group:
- Quando a RSC foi instalada no DOT digital group?
- Como era a comunicação interna do DOT antes da instalação da RSC?
- Que ferramentas eram utilizadas?
- Chegaram a extinguir alguma ferramenta após a instalação da RSC?
- Que retorno vocês tinham dos funcionários quando utilizavam essas ferramentas?
- Quando o DOT viu a necessidade de aplicar uma RSC?