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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Denise Akemi Avelar Makiyama
ESTUDO SOBRE OS DEFEITOS TÉCNICOS EM PRÓTESES
AUDITIVAS CONCEDIDAS PELO SUS NA CLÍNICA-ESCOLA DA
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ.
CURITIBA
2011
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ESTUDO SOBRE OS DEFEITOS TÉCNICOS EM PRÓTESES
AUDITIVAS CONCEDIDAS PELO SUS NA CLÍNICA-ESCOLA DA
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ.
Curitiba
2011
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Denise Akemi Avelar Makiyama
ESTUDO SOBRE OS DEFEITOS TÉCNICOS EM PRÓTESES
AUDITIVAS CONCEDIDAS PELO SUS NA CLÍNICA-ESCOLA DA
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ.
Trabalho apresentado ao Departamento de Pós-Graduação em Ciências Biológicas e de Saúde, como requisito para conclusão do Curso de Especialização em Audiologia Clínica: Enfoque Prático e Ocupacional, da Universidade Tuiuti do Paraná. Orientadora: Profa. Dra. Ângela Ribas.
CURITIBA
2011
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TERMO DE APROVAÇÃO Denise Akemi Avelar Makiyama
ESTUDO SOBRE OS DEFEITOS TÉCNICOS EM PRÓTESES
AUDITIVAS CONCEDIDAS PELO SUS NA CLÍNICA-ESCOLA DA
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ.
Curitiba, 15 de Julho de 2011.
______________________________________ Especialização em Audiologia Clínica: Enfoque Prático e Ocupacional
Universidade Tuiuti do Paraná Orientadora: Profª. Dra. Ângela Ribas Universidade Tuiuti do Paraná Departamento de Pós-Graduação
Esta monografia foi julgada e aprovada para conclusão do curso de Especialização em Audiologia Clínica: Enfoque Prático e Ocupacional, no Programa de Pós-Graduação Lato Sesu do Departamento em Ciências Biológicas e Humanas da Universidade Tuiuti do Paraná.
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RESUMO
Esta pesquisa teve por objetivo determinar as causas dos defeitos técnicos e os custos para o conserto das próteses auditivas concedidas pelo Programa de Atenção à Saúde Auditiva de uma clínica-escola, credenciada pelo SUS. Foram analisados os prontuários de 80 pacientes com idade entre 4 e 86 anos, que compareceram na clinica para o serviço de acompanhamento, no período de junho a dezembro de 2009. No total, foram encaminhados para assistência técnica 94 aparelhos com problemas no funcionamento, sendo a maioria deles do modelo intracanal, que utilizavam a tecnologia Tipo C, com o tempo de uso inferior a 12 meses. Segundo o laudo técnico, a maioria das causas dos problemas encontrados foi devido ao mau uso do AASI, sendo o custo da manutenção inferior a R$100,00, para o serviço de limpeza e revisão. Dos aparelhos solicitados a reposição, foi aceita a hipótese de que o custo médio da manutenção é significantemente menor que o custo da reposição. Contudo, sugerimos a necessidade da revisão das portarias referentes à saúde auditiva no Brasil, para que haja previsão de destinação de verba à manutenção, o que geraria menor ônus ao governo e acarretaria em maior vida útil dos aparelhos já concedidos.
Palavras-chave: prótese auditiva, defeitos técnicos, manutenção, SUS.
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LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO A IDADE (ANOS)...........30
GRÁFICO 2 – RELAÇÃO SEGUNDO O TIPO DE ADAPTAÇÃO E GÊNERO DA
AMOSTRA..........................................................................................31
GRÁFICO 3 – DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO O TIPO DE PRÓTESE
AUDITIVA ADAPTADA,....,,,,,,,............................................................32
GRÁFICO 4 - DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO O TIPO DE TECNOLOGIA
DA PRÓTESE AUDITIVA....................................................................34
GRÁFICO 5 – DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO O TEMPO DE USO DA
PRÓTESE AUDITIVA.........................................................................35
GRÁFICO 6 – RELAÇÃO ENTRE O TEMPO DE USO E TECNOLOGIA DA
PRÓTESE AUDITIVA.........................................................................36
GRÁFICO 7 – DISTRIBUIÇÃO DA FREQUÊNCIA DAS CAUSAS DOS DEFEITOS
NAS PRÓTESES AUDITIVAS.............................................................37
GRÁFICO 8 – DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA DOS PROBLEMAS TÉCNICOS
ENCONTRADOS NAS PRÓTESES AUDITIVAS................................39
GRÁFICO 9 – DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO AUTORIZAÇÃO PARA
MANUTENÇÃO...................................................................................41
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – RELAÇÃO ENTRE IDADE E TIPO DE PRÓTESE AUDITIVA
ADAPTADA...........................................................................................33
TABELA 2 – RELAÇÃO ENTRE IDADE DA AMOSTRA E TECNOLOGIA DA
PRÓTESE AUDITIVA............................................................................34
TABELA 3 - DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO O CUSTO DA
MANUTENÇÃO DA PRÓTESE AUDITIVA............................................39
TABELA 4 – RELAÇÃO ENTRE TEMPO DE USO E CUSTO DA MANUTENÇÃO...40
TABELA 5 – PLANILHA DO CUSTO DA REPOSIÇÃO DA PRÓTESE AUDITIVA.....42
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LISTAS DE SIGLAS
AASI – APARELHO DE AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL
CEP – COMISSÃO DE ESTUDO E PESQUISA
GM – GABINETE DO MINISTRO
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
MS – MINISTÉRIO DA SAÚDE
OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE
SAS – SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE
SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
UTP – UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................10
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................15
2.1. PRÓTESE AUDITIVA..........................................................................................15
2.1.1. Componentes da Prótese Auditiva...................................................................16
2.1.1.1. Microfone......................................................................................................16
2.1.1.2. Amplificador...................................................................................................17
2.1.1.3. Receptor........................................................................................................17
2.1.1.4. Pilhas.............................................................................................................17
2.1.1.5. Moldes...........................................................................................................18
2.1.2. Diferentes Tecnologias das Próteses Auditivas................................................19
2.1.2.1. Prótese Auditiva Analógica............................................................................19
2.1.2.2. Prótese Auditiva Híbrida................................................................................20
2.1.2.3. Prótese Auditiva Digital..................................................................................20
2.1.3. Modelos da Próteses Auditivas........................................................................21
2.1.3.1. Prótese Auditiva de Condução Óssea..........................................................21
2.1.3.2. Prótese Auditiva de Condução Aérea...........................................................22
2.1.4. Orientação ao usuário da prótese auditiva.......................................................23
2.2. PROGRAMA DE SAÚDE AUDITIVA NO BRASIL...............................................24
2.2.1. Classificação das Próteses Auditivas de Acordo com a Portaria
nº 587/2004......................................................................................................26
2.2.2. Acompanhamento e Manutenção da Prótese Auditiva ....................................28
3. MATERIAL E MÉTODO.........................................................................................31
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................33
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................46
REFERÊNCIAS..........................................................................................................48
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1. INTRODUÇÃO
A audição é um dos sentidos essenciais na vida humana. Segundo Russo
(1997), durante toda a vida o homem recebe fluxos constantes de informações
sonoras captadas pelas orelhas, classificadas e arquivadas na memória do cérebro.
Como se fosse um radar, nossa audição estende-se em todas as direções e a
grandes extensões, provendo-nos de informações sobre a localização e distância da
fonte sonora, constituindo, assim, um mecanismo de defesa e alerta extremamente
importante para a segurança pessoal e participação social do ser humano.
No entanto, com o passar do tempo, nossa acuidade auditiva pode diminuir
em decorrência de doenças, exposição ao ruído, uso indiscriminado de
medicamentos, estresse, predisposição genética, fatores nutricionais, além da
poluição sonora (RUSSO, 1997).
Para Iório e Menegotto (1997), aquele que sofre uma perda auditiva tem, na
maioria das vezes, dificuldade em escutar sons de baixa intensidade e quanto mais
grave é a perda auditiva, mais intensos são os sons perdidos, até que na perda
auditiva total, nenhum som é capaz de gerar sensação auditiva no indivíduo.
De acordo com Iervolino, Castiglioni e Almeida (2003), as consequências da
deficiência auditiva na infância acarretam não apenas alterações no
desenvolvimento de linguagem, mas também nos aspectos cognitivos, social,
emocional e educacional. Essas implicações serão mais ou menos acentuadas
conforme o grau da perda auditiva, porém, poderão ser minimizadas com o uso
precoce da amplificação.
Ross (1998), menciona sobre a necessidade da habilitação auditiva em
crianças com perda auditiva começar o mais cedo possível, pela razão de impedir
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qualquer probabilidade de privação sensorial auditiva, aproveitar o andamento
normal e rápido do desenvolvimento da linguagem e fala nos primeiros anos de vida,
pois evidências revelam que aquelas que receberam amplificação sonora
precocemente e envolvidas em programas escolares, estas estão normalmente
acima daquelas cujas perdas são detectadas tardiamente.
Para Iervolino, Castiglioni e Almeida (2003), o adulto portador de uma perda
auditiva adquirida, é comum apresentar a reação de negação, isto é, acredita que os
problemas de comunicação estejam no outro (ouvinte). Com a perda da audição
surgem sentimentos de insegurança, medo e até de incapacidade. As dificuldades
de comunicação fazem com que duvide de suas capacidades e habilidades, tanto no
âmbito profissional, quanto no pessoal, levando à mudança na qualidade de vida,
depressão e isolamento.
Campos, Russo e Almeida (2003), comentam que na população adulta, são
dois os aspectos que determinam a procura do uso da prótese auditiva: a
autopercepção do handicap auditivo (desvantagem auditiva) e o grau da perda
auditiva. Assim, o objetivo da reabilitação auditiva para o adulto é recuperar a maior
habilidade possível de compreensão e produção da fala.
Ross (1998), refere sobre a necessidade de um programa adequado de
orientação e acompanhamento do aparelho auditivo, pois desta maneira pode ser
reduzido o número de usuários que deixam de usá-los no primeiro ano de
adaptação. Este programa inclui uma programação a longo prazo, como também a
curto prazo, que inclui possíveis mudanças no padrão de amplificação e/ou tipo de
sistema, problemas quanto aos moldes e experiências com o ajuste inicial.
No caso dos idosos, Russo (2004) comenta que de todas as privações
sensoriais, a perda auditiva é a que produz efeito mais devastador no processo de
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comunicação. Com o avanço da idade há o decréscimo fisiológico da audição ou
presbiacusia (perda auditiva no idoso). Em consequência dessa deficiência auditiva
adquirida, ele passa por frustrações devido a inabilidade em compreender ou dar
respostas inapropriadas ao que seus familiares e amigos estão dizendo. Por esse
motivo, o idoso geralmente opta em afastar-se das situações na quais a
comunicação ocorre, sendo frequentemente descrito como indivíduo confuso,
desorientado, distraído, não comunicativo, não colaborador, zangado, velho e senil.
Segundo a autora citada acima, para os idosos, ela também menciona sobre
a adaptação dos aparelhos de amplificação sonora para minimizar os efeitos
negativos da deficiência auditiva. Porém, a adaptação do aparelho auditivo não pode
ser encarada como essência do programa de reabilitação audiológica, mas como
parte integrante dele, sendo imprescindível a orientação ao usuário e familiares,
aconselhamento, criação de expectativas adequadas relacionadas aos benefícios e
possíveis limitações.
Para a população idosa, Russo, Almeida e Freire (2003), recomendam que
para a escolha do modelo da prótese auditiva sejam realizadas as avaliações de
acuidade visual, sensibilidade tátil e da destreza manual, pois devido ao
envelhecimento há um declínio sensorial. Assim, a dificuldade de manipulação e
ajuste do aparelho podem estar relacionados ao motivo de rejeição no uso do
aparelho auditivo
O Brasil, na perspectiva em atender a população que tem dificuldade ao
acesso nos serviços em saúde auditiva e, principalmente aos custos elevados dos
procedimentos da reabilitação auditiva, que neste item está incluso a aquisição da
prótese auditiva, resolve instituir no ano de 2004, a Política Nacional de Atenção à
Saúde Auditiva (BRASIL. Ministério da Saúde, 2006a).
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Nos últimos anos, tem-se discutido sobre as ações deste Programa, em que
um dos questionamentos, de acordo com Bevilacqua (2009), consiste na
manutenção do AASI, pois como veremos a seguir, o governo faz a concessão da
prótese auditiva, porém, após a adaptação, o usuário fica encarregado na realização
da manutenção e cuidados do equipamento. No entanto, com o decorrer do tempo,
os aparelhos podem apresentar problemas no funcionamento, em que muitas vezes
eles são deixados de uso, devido a falta de condições financeiras do usuário para a
manutenção do equipamento ou pela insuficiência de conhecimento sobre os
cuidados e manuseio dos mesmos.
É neste ponto que se insere a pesquisa empírica desenvolvida nesta
monografia. Procuramos verificar, em uma clínica-escola de Fonoaudiologia
credenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Programa de Atenção à Saúde
Auditiva, quantos pacientes num período de seis meses, tiveram problemas com
suas próteses auditivas, quais foram as causas das falhas técnicas e que valores
foram orçados para o conserto.
Assim, esta pesquisa teve o seu desenvolvimento nos seguintes
questionamentos: Quais são as possíveis causas dos defeitos que estão
acometendo o funcionamento da prótese auditiva? Será que os defeitos gerados nas
próteses auditivas são em consequência da tecnologia utilizada? Será pela falta de
conhecimento na manipulação do AASI, por parte do usuário? Será em decorrência
do desgaste natural do aparelho auditivo? Qual é o defeito que mais ocorre nos
aparelhos auditivos? Será que vale investir na manutenção técnica ou solicitar a
reposição do aparelho auditivo?
Deste modo, o presente trabalho teve por objetivo determinar as causas dos
defeitos técnicos apresentados nas próteses auditivas concedidas pelo Programa de
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Atenção à Saúde Auditiva de uma clínica-escola, credenciada como alta
complexidade pelo SUS, na cidade de Curitiba.
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. PRÓTESE AUDITIVA
Conforme a revisão citada anteriormente, tanto crianças, quanto os adultos e
idosos portadores de deficiência auditiva, são candidatos a adaptação de prótese
auditiva. Iório e Menegotto (1997), especificam que um aparelho auditivo, ou
denominados de prótese auditiva, ou aparelho de amplificação sonora individual
(AASI), é essencialmente um sistema que aumenta a intensidade dos sons do
ambiente de forma que estes possam ser percebidos pelo deficiente auditivo; assim,
quanto maior a perda auditiva, maior será a necessidade de amplificação.
Campos, Russo e Almeida (2003), descrevem que o uso da prótese auditiva
tem como objetivo principal proporcionar ao usuário a amplificação sonora, da forma
mais adequada e satisfatória possível, não se restringindo apenas aos sinais de fala,
mas incluem também os sons ambientais, os sinais de perigo e de alerta, bem como
os sons que melhoram a qualidade de vida do individuo. Além disso, é o instrumento
usado para facilitar a educação e o desenvolvimento psicossocial e intelectual do
deficiente auditivo.
Na abordagem médica, é fundamental a identificação precoce, as avaliações
completas, o diagnóstico preciso e um tratamento adequado da deficiência auditiva.
Segundo o ponto de vista audiológico, todo indivíduo portador de uma perda auditiva
permanente ou que possa persistir por um período prolongado, pode ser
considerado um candidato em potencial ao uso de próteses auditivas, de tal modo,
deve-se iniciar o processo de habilitação ou de reabilitação aural (CAMPOS,
RUSSO E ALMEIDA, 2003).
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Segundo as autoras supracitadas, o processo de habilitação ocorre quando
o início precoce da deficiência auditiva impede o desenvolvimento da linguagem e
de outras habilidades da comunicação. A reabilitação é realizada quando pretende-
se o restabelecimento das habilidades comunicativas adquiridas antes do
acometimento da deficiência auditiva.
2.1.1. Componentes da Prótese Auditiva
A prótese auditiva, de acordo com Menegotto, Almeida e Iório (2003), é um
sistema que capta o som do meio ambiente, aumenta sua intensidade e o fornece
amplificado ao usuário. Este fenômeno ocorre devido à funcionalidade dos três itens
básicos, que compõem a parte interna das próteses auditivas, descritos a seguir.
2.1.1.1. Microfone – é um transdutor de entrada. Ele transforma o sinal acústico em
um sinal elétrico, ou seja, um transdutor acústico mecano - elétrico. Diversos tipos
de microfones já foram utilizados, atualmente, o mais usado é o de eletreto, por suas
diversas vantagens em relação aos demais, cujo material é sintético com
propriedades elétricas. No entanto, a desvantagem deste microfone está em sua
sensibilidade à umidade. Quanto a resposta à direcionalidade da fonte sonora, os
microfones podem ser divididos em omnidirecionais e direcionais. Os
omnidirecionais captam a incidência da onda sonora igualmente em todos os
ângulos e possuem uma abertura de entrada do som. Já os direcionais, captam de
forma variável a onda sonora vinda de diferentes ângulos e possui duas aberturas
para entrada do som.
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2.1.1.2. Amplificador – a sua função fundamental é aumentar a amplitude do sinal
elétrico captado pelo microfone, sendo o responsável pela capacidade de
amplificação/ganho da prótese auditiva. Os circuitos de amplificação podem ser
analógicos, analógicos digitalmente programáveis (híbridos) ou digitais, assim, a
partir do modo que o som é processado é que se define o tipo de prótese auditiva.
Os amplificadores são agrupados em classes, sendo os mais utilizados os da Classe
A, Classe B, Classe D e Classe H.
� O amplificador da Classe A é usado em próteses auditivas de pequeno
ganho e saída máxima reduzida; possui um nível importante de distorção quando
atinge alta intensidade de saída; tem alto consumo de pilha e baixo custo.
� A Classe B (push-pull) possui baixa distorção, sendo capaz de fornecer
melhor resposta de frequência e maior saída máxima, com baixo consumo de pilhas.
� A Classe D e Classe H são de excelente qualidade sonora, pois
fornecem uma melhor resposta de frequência, maior ganho e saída máxima, com
menor consumo de pilha. Suas vantagens estão no tamanho pequeno dos seus
componentes, desta forma, permitem que próteses intracanais tenham os benefícios
anteriormente descritos.
2.1.1.3. Receptor – é um transdutor de saída da prótese auditiva, pois transforma
o sinal elétrico amplificado em sinal acústico e transmite-o à orelha do usuário.
2.1.1.4. Pilhas – é um reservatório de energia química que pode ser convertida em
energia elétrica quando desejado. A maioria das pilhas utilizadas em próteses
auditivas no Brasil, são do tipo zinco-ar. Elas possuem longa durabilidade,
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desempenho satisfatório com custo financeiro baixo. Porém, sob determinadas
condições atmosféricas, estas pilhas podem deixar seus componentes químicos
vazarem através dos seus orifícios, danificando o aparelho.
2.1.1.5. Moldes - Além dos componentes mencionados acima, Almeida e Taguchi
(2003), expõem que as próteses necessitam dos moldes auriculares, que são peças
individualmente confeccionadas, inseridas no meato acústico externo, apresenta
como função primária conduzir o som amplificado pela prótese auditiva até a
membrana timpânica, incrementam o ganho acústico, promovem melhor
inteligibilidade de fala e facilitam o processo de adaptação do usuário, tornando a
amplificação mais natural. Os moldes auriculares podem ser fabricados em
diferentes materiais com estilos e configurações diferentes. Os tipos de moldes
existentes são os seguintes:
� Molde Direto: utilizado com prótese de caixa ou convencional.
� Molde Invisível: é utilizado nas próteses retroauriculares. A conexão
entre o aparelho e o molde é feita através de um tubo plástico. Algumas
modificações podem ser realizadas neste tipo de molde, resultando nas seguintes
variações: molde invisível simples, molde passarinho, molde canal e molde concha.
� Molde Intra-Aural: são utilizados para próteses auditivas intra-aurais.
Há grande variação neste tipo de molde, pois as caixas do aparelho são
individualizadas e o estilo do molde é dependente da forma e do tamanho do meato
acústico externo e da concha do paciente.
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Juntamente com os componentes básicos, Menegotto, Almeida e Iório
(2003), mencionam que outros sistemas podem estar presentes nas próteses
auditivas, tais como, os controles acessíveis aos usuários (chave liga/desliga e
controle de volume); controles das características de amplificação do aparelho
(saída, compressão, tonalidade e outros); entradas alternativas (bobina telefônica e
entrada direta de áudio) ou conexões com sistemas externos (programadores e
controle remoto).
2.1.2. Diferentes Tecnologias das Próteses Auditivas
De acordo com Sandlin (2003), como o desenvolvimento na tecnologia das
próteses auditivas têm sido contínuo, os usuários podem ser beneficiados.
Almeida, Iório e Dishtchekenian (2003), referem sobre as tecnologias nas
próteses auditivas e citam que uma mudança significativa ocorreu com o uso da
tecnologia digital, que até então, era empregada a tecnologia analógica.
2.1.2.1. Prótese Auditiva Analógica - Este tipo de aparelho utiliza a eletrônica
convencional para converter a onda sonora captada pelo microfone, em um sinal
elétrico equivalente. Esse sinal elétrico, dentro do circuito de amplificação é
equivalente em aparência à onda sonora captada pelo microfone. Esse sinal é
amplificado, filtrado, logo reconvertido em sinal acústico pelo receptor e transmitido
ao usuário. A vantagem desta tecnologia está no seu baixo custo e as suas
limitações estão na menor versatilidade dos circuitos, tornando a adaptação do
individuo mais difícil e quanto às restrições no processamento de sinal.
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2.1.2.2. Prótese Auditiva Híbrida - Com a introdução de novas tecnologias, houve o
desenvolvimento das próteses com o uso combinado de dois processos diferentes, a
analógica e a digital, denominadas de híbridas ou digitalmente programáveis. Essas
próteses são essencialmente analógicas, mas possuem um ou mais componentes
digitais, utilizam o melhor do circuito analógico e os aperfeiçoam incorporando os
benefícios da eletrônica digital. Nas próteses analógicas os ajustes nos controles
são feitos com o auxilio de uma pequena chave de fenda; enquanto que nas
digitalmente programáveis, é necessária uma conexão com uma unidade de
programação, permitindo que estes sejam reprogramados ou ajustados
rapidamente. Além destas vantagens, com a junção da tecnologia analógica e digital,
também foi possível desenvolver próteses auditivas menores e mais eficientes.
Algumas das suas limitações encontram-se no custo um pouco elevado e com o
ruído interno acima, em comparação com os aparelhos auditivos analógicos.
2.1.2.3. Prótese Auditiva Digital - Tanto o processamento do sinal sonoro, quanto o
controle desse processamento são realizados por meios inteiramente digitais. Desta
forma, para o processamento sonoro digital, ele necessita de circuitos eletrônicos e
transdutores (hardware) e de uma programação (software). São inúmeras as
vantagens do aparelho digital, pois apresentam: a possibilidade de ser programado,
a miniaturização, baixo consumo de energia, menor ruído interno, maior
estabilidade, melhor reprodutibilidade e complexidade de processamento.
Sobre a utilização dos três tipos de tecnologias mencionadas, Campos e
Almeida (2008), realizaram uma pesquisa comparativa no índice de satisfação dos
usuários dos aparelhos analógicos, programáveis e digitais, por meio de um
questionário. Dos grupos pesquisados, o maior nível de satisfação encontra-se nos
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usuários dos aparelhos programáveis, seguido dos digitais e com menor pontuação,
estão os das próteses analógicas. Os usuários das próteses auditivas analógicas
referem insatisfação devido à compreensão de fala na presença de ruído,
amplificação de ruído ambiental, presença de realimentação acústica e uso ao
telefone.
De acordo com Kobata (2003), com o avanço tecnológico houve a busca de
aparelhos auditivos com desempenho superior, possuindo maior número de
controles (canais) na obtenção de melhores ajustes e modificações para tornar mais
fácil a adaptação, houve do mesmo modo, a preocupação na parte estética das
próteses auditivas.
2.1.3. Modelo das Próteses Auditivas
Existem disponíveis no mercado, vários modelos de próteses auditivas, cada
qual destinado às necessidades específicas do usuário, considerando-se as
características anatômicas do pavilhão auricular e meato acústico externo, destreza
manual do usuário, contraindicação médica para a oclusão do meato acústico
externo, configuração audiométrica, grau da perda auditiva, idade e necessidades
especiais do futuro usuário da prótese auditiva (KOBATA, 2003).
Menegotto, Almeida e Iório (2003), referem que as próteses auditivas são
divididas em dois grupos conforme a transmissão do som amplificado seja por
condução óssea ou condução aérea.
2.1.3.1. Prótese auditiva de condução óssea - utiliza o mecanismo de audição por
via óssea para fornecer o som amplificado ao individuo com deficiência auditiva. O
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sinal elétrico amplificado é transformado em vibração mecânica e transmitido ao
usuário através de um vibrador, em vez de um receptor.
2.1.3.2. Prótese auditiva de condução aérea - fornece o som amplificado ao usuário
por meio do receptor. Os modelos disponíveis são:
� Prótese auditiva retroauricular - Tem todos os seus componentes
colocados numa caixa pequena em forma de vírgula, que se adapta atrás do
pavilhão auricular. A abertura do microfone localiza-se na parte superior da orelha e,
um tubo em forma de gancho contorna o pavilhão auricular e acopla o receptor ao
molde auricular. Esse tipo de prótese adapta-se a graus de perda auditiva que
variam de leve a profundo.
� Prótese auditiva intra-aural - Possui seus componentes inseridos na
área da concha e/ou meato acústico externo, onde todo o circuito eletrônico do
aparelho é montado dentro do molde auricular do usuário. Conforme o espaço
ocupado na orelha externa, o aparelho intra-aural pode ser intra-auricular e
intracanal ou microcanal. As próteses intra-auriculares ocupam parte do meato
acústico externo e da concha do pavilhão auricular, de forma completa ou
incompleta. Quando a prótese preenche o meato acústico externo sem invadir a
concha, ela é denominada de intracanal e se ele ocupar somente uma porção mais
profunda do meato, a prótese é chamada de microcanal ou CIC.
� Próteses auditivas convencionais - Possuem o microfone, o circuito
amplificador e os demais componentes localizados em uma caixa presa na roupa do
usuário, que se conecta por um fio a um receptor externo, que por sua vez é
acoplado à orelha por um molde auricular. Atualmente, este tipo de aparelho tem
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sido cada vez menos utilizado, ficando a sua indicação aos indivíduos com
limitações motoras importantes, pelo fato dos seus controles serem grandes e
robustos, de fácil manipulação e adaptação.
2.1.4. Orientação ao Usuário da Prótese Auditiva
Segundo Penteado e Bento (2010), o AASI possui um ciclo de vida reduzido
entre três a cinco anos.
Qualquer aparelho tem um tempo de vida útil que dependerá da manutenção
recebida e dos cuidados dispensados por seu usuário, podendo ser maior se houver
manutenção e cuidados apropriados. Porém, em casos que os avanços tecnológicos
beneficiem o usuário ou novos achados audiológicos podem determinar a
necessidade de troca do aparelho. É fundamental que o usuário e/ou sua família
entendam a forma de operação do aparelho e conheçam seus componentes,
localização e função de cada controle, a fim de utilizá-lo como um instrumento
efetivo no aproveitamento dos resíduos auditivos (IERVOLINO, CASTIGLIONI E
ALMEIDA 2003).
Hodgson (1998), comenta que o paciente deve entender a necessidade de
aprender a usar e cuidar a prótese auditiva adequadamente, para que o aparelho
tenha um bom funcionamento e os usuários fiquem satisfeitos com a amplificação.
Com relação a orientação e cuidados quanto ao uso do aparelho auditivo, isto inclui
o conhecimento dos aspectos físicos, como a colocação e retirada da prótese e
pilha; manipulação dos controles; cuidado e manutenção sobre a limpeza dos
moldes auriculares e casos de AASI intra-aurais; uso do tipo de pilha corretamente;
evitar exposição da prótese ao calor ou à umidade excessiva e quedas.
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Iervolino, Castiglioni e Almeida (2003), comentam sobre os problemas que
podem ocorrer nas próteses auditivas e suas possíveis causas são: aparelhos sem
amplificação podem ser ocasionados pelo mau uso da pilha, cera no molde/ orifício
da cápsula ou umidade no tubo plástico; som fraco pode estar relacionado à pilha,
sujeira ou umidade no microfone, conexões soltas, piora da audição, molde sujo ou
conduto auditivo externo com cera; som intermitente em consequência de sujeira
nos contatos de pilha, tubo torcido ou conexões soltas; microfonia devido ao ajuste
do molde, tubo partido, acúmulo de cerume no meato; entre outros.
2.2. PROGRAMA DE SAÚDE AUDITIVA NO BRASIL
No Brasil, de acordo com os resultados do Censo 2000 (IBGE, 2002)
aproximadamente 24,5 milhões de pessoas, ou seja, 14,5% da população total,
apresentaram algum tipo de incapacidade ou deficiência. Nos casos declarados das
deficiências, 16,7% eram portadores de deficiência auditiva, sendo que entre esta
população, 176.067 brasileiros são incapazes de ouvir.
O Ministério da Saúde do Brasil ao considerar que a deficiência auditiva na
população brasileira é uma questão de saúde pública, devido à falta de condições de
acesso da população brasileira aos procedimentos da saúde auditiva e
principalmente, aos custos elevados dos procedimentos da reabilitação auditiva
resolve instituir pela Portaria MS/GM nº 2073, em 28 de setembro de 2004, a Política
Nacional de Atenção à Saúde Auditiva (BRASIL. Ministério da Saúde, 2006a).
Este Programa (Brasil. Ministério da Saúde, 2006a), foi estabelecido em
todas as unidades federadas, respeitando as competências das três esferas de
gestão, nas quais são constituídas a partir dos componentes fundamentais, que são:
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atenção básica, média complexidade e alta complexidade; seguindo os princípios e
diretrizes de universalidade, regionalização, hierarquização e integralidade da
atenção à saúde.
Para complementar a Portaria nº 2073/2004, devido à necessidade de definir
as Ações de Atenção à Saúde Auditiva e de auxiliar os gestores na regulamentação,
controle e avaliação do programa, é estabelecida a Portaria MS/SAS nº 587, em 07
de outubro de 2004. Esta portaria, num dos seus cinco anexos que definem as
ações em saúde auditiva, o Anexo IV, traz as diretrizes para o fornecimento de
Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI). O referido anexo menciona os
critérios de indicação do uso do AASI; a avaliação diagnóstica necessária para
indicação e seleção da amplificação; seleção e adaptação de aparelho auditivo, de
acordo com as características audiológicas e necessidades acústicas do indivíduo;
acompanhamento periódico e terapia fonoaudiológica para o desenvolvimento das
habilidades auditivas e de linguagem do usuário (BRASIL. Ministério da Saúde,
2006b)
Sobre o acompanhamento periódico, o serviço é responsável pelo
monitoramento da perda auditiva e a efetividade do uso do AASI, realizando as
avaliações audiológicas, otorrinolaringológica, testes de percepção de fala,
questionários de avaliação do beneficio e satisfação do AASI, avaliação e orientação
do manuseio do AASI e reposição do molde auricular. O Anexo IV prescreve 01
acompanhamento por ano para os adultos; para pacientes com até 3 anos de idade,
são destinados até 04 atendimentos; para os que estão acima desta idade, são
autorizados até 02 acompanhamentos anualmente (BRASIL. Ministério da Saúde,
2006b).
26
Com relação ao processo de terapia fonoaudiológica, o Anexo IV, descreve
que serão concedidas sessões individuais, com duração de 45 minutos, sendo
fornecidas para os adultos quatro atendimentos, uma vez por semana e às crianças,
duas sessões semanais.
2.2.1. Classificação das Próteses Auditivas de Acordo com a Portaria nº 587/2004
Sobre a seleção e adaptação do aparelho auditivo, o Anexo IV (Brasil.
Ministério da Saúde, 2006b), classifica-os em três tipos de tecnologia, conforme as
características e recursos eletroacústicos, tais como: o tipo de programação, modo
de condução do som, controle de saída, compressão, controles disponíveis, controle
de volume, entradas alternativas, memória, microfone, controle de ruído e expansão
de feedback, como mostra o quadro 1.
Além do fornecimento do AASI, o Serviço de Atenção à Saúde Auditiva é
responsável pelo acompanhamento dos pacientes adaptados, no qual é realizado o
monitoramento da perda auditiva e a efetividade do uso do aparelho auditivo. Nos
acompanhamentos estão inclusas as avaliações otorrinolaringológica e audiológica;
avaliação do benefício e satisfação do AASI; orientação quanto ao manuseio do
aparelho, aconselhamento e estratégias de comunicação ao usuário e/ou familiares
(BRASIL. Ministério da Saúde, 2006b).
Segundo o Anexo IV, a prescrição e fornecimento dos aparelhos auditivos
aos serviços de atendimento, são divididos em porcentagens de acordo com as
classes tecnológicas do aparelho, sendo do Tipo A, 50%; do Tipo B, 30% e do Tipo
C, 15%.
27
QUADRO 1: CLASSIFICAÇÃO DAS PRÓTESES AUDITIVAS
TECNOLOGIA
Tipo A Tipo B Tipo C
PROGRAMAÇÃO Não programável Programáveis ou não Programáveis
MODO DE
CONDUÇÃO DO
SOM
Aérea ou óssea Aérea ou óssea Aérea
CONTROLE DE
SAÍDA
PC ou compressão
de limitação
Compressão de
limitação
Compressão de
limitação
COMPRESSÃO Monocanal WDRC mono ou
multicanal WDRC multicanal
CONTROLES
DISPONÍVEIS
Ganho, corte de
grave e/ou corte de
agudo, controle de
saída máxima.
Ganho, corte de
grave e/ou corte de
agudo, controle para
saída máxima,
controle do limiar
e/ou razão de
compressão.
Ganho, corte de
grave e/ou corte de
agudo, controle para
saída máxima,
controle do limiar
e/ou razão de
compressão e/ou
controle das
constantes de tempo
da compressão.
CONTROLE DE
VOLUME Manual
Manual e/ou
automático
Manual e/ou
automático
ENTRADAS
ALTERNATIVAS
Bobina telefônica
e/ou entrada de
áudio
Bobina telefônica
e/ou entrada de
áudio
Bobina telefônica
e/ou entrada de
áudio
MEMÓRIAS Única Única ou
multimemória
Única ou
multimemória
MICROFONE Omnidirecional ou
direcional
Omnidirecional ou
direcional
Omnidirecional ou
direcional
CONTROLE DE
RUÍDO
Algoritmo para
redução de ruído
EXPANSÃO Expansão
FEEDBACK
Algoritmo para
redução de feedback
(tipo passivo)
FONTE: BRASIL. Ministério da Saúde, 2006b
28
Atualmente, conforme a Portaria SAS nº 308 de 2007 (Brasil. Ministério da
Saúde, 2007), os valores dos aparelhos de amplificação sonora pagos pelo SUS,
são proporcionais aos tipo de tecnologia utilizada, que são: Tipo A no valor de
R$525,00, Tipo B no valor de R$700,00 e Tipo C no valor de R$1.100,00; estes
valores consistem para os modelos retroauricular, intra-auricular, intra-canal e micro-
canal, tanto para adaptação de novos usuários ou reposição.
Sobre os casos de reposição do AASI, o Anexo IV cita que ela deve ocorrer
somente nos casos de perda auditiva progressiva comprovada, em que não há
possibilidade de regulagem do AASI anteriormente adaptado; perda ou roubo
devidamente comprovado; falha técnica do funcionamento dos componentes
internos e/ou externo do AASI, terminado o prazo de garantia do aparelho (BRASIL.
Ministério da Saúde, 2006b)
2.2.2. Acompanhamento e Manutenção da Prótese Auditiva
Segundo informações contidas na Campanha Saúde Auditiva (Saúde Aditiva,
2010), no levantamento da produção dos Serviços de Saúde Auditiva habilitados no
ano de 2007, foram realizados 1.214.356 procedimentos da área de Saúde Auditiva,
destes, 10,8% foram procedimentos de concessão de aparelhos de amplificação
sonora individual (131.167 aparelhos). Foram repassados aos Estados e Municípios
R$ 144.100.950,42, no ano de 2007, sendo que 88,2% desse recurso foram para o
custeio de Aparelhos Auditivos (R$ 127.121.875,00).
Teixeira (2007) verificou em sua pesquisa que no Brasil a maior cobertura de
procedimentos está no diagnóstico e concessão de próteses auditivas, com baixa
29
cobertura para o processo terapêutico fonoaudiológico, o que levou à questionar a
integridade da assistência no país e sua resolubilidade. Pois ao gastar mais em
recursos para a confirmação e doação da prótese auditiva sem o devido
acompanhamento, é estimular demandas que não serão efetivas, tornando as ações
com baixa eficiência.
Numa das conferências de Políticas Públicas em Saúde Auditiva, Bevilacqua
(2008), comenta que desde a implantação da Política Nacional de Atenção a Saúde
Auditiva, houve um grande avanço no atendimento dos deficientes auditivos; em que
após quatro anos deste Programa, o momento é de avaliar as ações e propor um
aprimoramento.
No seminário do ano seguinte, Bevilacqua (2009), menciona que um dos
pontos importantes de discussão sobre as ações a ser desenvolvida no Serviço de
Saúde Auditiva, é a manutenção dos AASI, sendo necessário um estudo exploratório
das falhas técnicas mais frequentes e o porquê das suas ocorrências.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), citado por Penteado e Bento
(2010), na preocupação com os serviços de manutenção, ela sugere a utilização de
componentes padronizados pelos fabricantes de AASI, no qual os serviços de
assistência técnica podem ser executados por oficinas descentralizadas do
fabricante.
Para Penteado e Bento (2010), esta proposta iria beneficiar aos usuários de
AASI, principalmente os que recebem por concessão do governo, que ao findar a
garantia pelo fabricante, eles terão condições com custos acessíveis na manutenção
dos produtos. Pois, como alguns AASI de tecnologia Tipo C também são fornecidos
pelo governo, sendo que no mercado de varejo chegam a custar mais de
R$5.000,00 cada um, os seus reparos tendem a serem encarecidos e os pacientes
30
do SUS estão sujeitos a mesma politica de preços de clientes de varejo, portanto
não conseguem fazer a manutenção adequada do produto.
Teixeira (2007) constatou em sua pesquisa que as dificuldades dos usuários
no processo de manutenção das próteses auditivas estão em relação de ordem
econômica e outras ao processo de adaptação com a prótese. No período inicial da
adaptação, as maiores dificuldades observadas foram: independência na colocação
da prótese, identificação qual o tempo de uso da pilha, como controlar o volume da
prótese, como mudar os programas da prótese (quando tinha), como fazer higiene
dos moldes ou da prótese intracanal.
31
3. MATERIAL E MÉTODO
O presente trabalho trata-se de um estudo descritivo, de caráter
retrospectivo.
Esta pesquisa foi realizada a partir do levantamento dos prontuários de 80
pacientes, usuários de prótese auditiva que apresentaram problemas técnicos no
funcionamento do aparelho durante o período de junho a dezembro do ano de 2009.
Estes pacientes fazem parte do Programa de Saúde Auditiva de uma Clínica
de Fonoaudiologia credenciada como serviço de alta complexidade ao SUS.
Foram descartados desta pesquisa os pacientes que não possuem histórico
do acompanhamento, pelo fato da protetização ter sido realizada em outra
instituição, não seria possível a obtenção do histórico destes usuários.
Os aparelhos auditivos com defeito, dos pacientes avaliados em consulta de
acompanhamento na clínica, foram encaminhados para uma empresa de assistência
técnica. O técnico avaliou as próteses e emitiu um laudo especificando as possíveis
causas dos defeitos no aparelho, os componentes que necessitam de conserto e o
custo da manutenção dos mesmos.
Em relação aos custos do conserto, foi utilizada a categorização de
R$100,00 em R$100,00.
Desta forma, os prontuários foram analisados de acordo com os critérios
descritos a seguir:
• Idade do paciente (em anos);
• Gênero (feminino ou masculino);
• Tempo de uso do aparelho auditivo (em meses);
• Tipo de aparelho adaptado (retroauricular, intracanal ou microcanal);
32
• Adaptação mono ou binaural;
• Tecnologia do aparelho (Tipo A, B ou C);
• Causa dos defeitos no aparelho;
• Componente danificado;
• Custo da manutenção (em reais);
• Autorização para o conserto da prótese auditiva (Autorizada, Garantia
ou Cancelada)
Todos os dados coletados foram digitados em uma planilha eletrônica,
tratados estatisticamente e utilizou-se o Teste T de Student, quando necessário.
Esta pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética e Pesquisa, da
Universidade Tuiuti do Paraná, CEP-UTP 27/2008.
33
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A amostra deste estudo foi constituída por 94 aparelhos auditivos de 80
usuários de prótese auditiva. Quanto ao gênero, 50 eram do sexo feminino (62,5%)
e 30 do sexo masculino (37,5%).
Com relação a faixa etária, a idade mínima foi de 04 e a máxima de 86
anos, sendo a média da amostra de 52,3 anos, com desvio padrão de 23,3 anos, ou
seja, a maioria dos usuários eram idosos, como mostra o gráfico 1.
GRÁFICO 1 – DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO A IDADE (ANOS)
FONTE: O Autor
Quanto ao tipo de adaptação, monoaural ou binaural, Das 50 pessoas do
sexo feminino, 12 faziam o uso da prótese monoaural e 38 binaural. Dos 30
indivíduos do sexo masculino, 8 passaram pela adaptação monoaural e 22 binaural.
Estes dados revelam que 75% da amostra faziam o uso da prótese auditiva binaural,
segundo os resultados descritos no gráfico 2. Conforme Campos, Russo e Almeida
(2003), isto significa que indivíduos com deficiência auditiva bilateral, geralmente
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Menos de 40 anos 40 a 49 anos 50 a 59 anos 60 a 69 anos Acima de 70 anos
Nú
me
ro d
e S
uje
ito
s
34
ouvem melhor com adaptação das duas próteses do que com uma só, considerando
que esta amplificação binaural é preferencial para todos os indivíduos candidatos ao
uso da prótese auditiva, desde que não haja restrição médica.
GRÁFICO 2 – RELAÇÃO SEGUNDO O TIPO DE ADAPTAÇÃO E GÊNERO DA
AMOSTRA
Fonte: O Autor
Dos 60 indivíduos com adaptação binaural, sete de cada gênero
apresentaram os dois aparelhos com problemas técnicos.
Quanto ao tipo de prótese auditiva enviada a assistência técnica, 31 eram do
tipo retroauricular (33%), 49 do tipo intracanal (52,1%) e 14 microcanal (14,9%),
seguem os dados no gráfico 3.
Verificamos que 52% das próteses auditivas com defeito encaminhadas para
análise eram do tipo intracanal. Segundo Iervolino, Castiglioni e Almeida (2005), este
tipo de prótese está sujeita à ação natural do cerume, que pode ocluir o orifício de
saída do receptor, interrompendo a passagem do estimulo sonoro amplificado para a
membrana timpânica, pois fica adaptada dentro do pavilhão auricular, e em alguns
1510
47,5
27,5
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
FEMININO MASCULINO
Qu
an
tid
ad
e d
e p
róte
se (
%)
Monoaural
Binaural
35
casos, dentro do conduto auditivo externo.
GRÁFICO 3 – DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO O TIPO DE PRÓTESE
AUDITIVA ADAPTADA
Fonte: O Autor
Ao relacionarmos a idade dos usuários com o tipo de prótese auditiva
adaptada, é possível verificar que dos 49 aparelhos do tipo intracanal, 18 foram
concedidos aos indivíduos com idade entre 60 e 69 anos, conforme mostra a tabela
1. Estes dados revelam que um dos fatores que pode interferir no manuseio
adequado do AASI é a destreza manual. Para Menegotto, Almeida e Iorio (2003),
pacientes com destreza manual reduzida podem ter dificuldades tanto em inserir e
remover este tipo de aparelho, quanto em manipular os controles de volume no seu
corpo.
14,9%
52,1%
33%
Microcanal
Intracanal
Retroauricular
36
TABELA 1 – RELAÇÃO ENTRE IDADE E TIPO DE PRÓTESE AUDITIVA ADAPTADA
IDADE (ANOS)
TIPO DE PRÓTESE AUDITIVA
Microcanal Intracanal Retroauricular
Menos de 40 anos - 8 13
40 a 49 anos 4 9 4
50 a 59 anos 4 2 1
60 a 69 anos 3 18 7
70 anos ou mais 3 12 6
Total 14 49 31
Fonte: O Autor
Russo, Almeida e Freire (2003), salientam que a dificuldade de manipulação
e ajuste do aparelho pode estar relacionada à diminuição progressiva da capacidade
visual e das habilidades motoras frequentemente encontradas no idoso. De acordo
com estes dados, pode ser considerado que os fatores mencionados estão gerando
as falhas técnicas nos aparelhos auditivos dos indivíduos na faixa etária acima de 60
anos.
Conforme o gráfico 4, sobre a classificação da tecnologia utilizada nos
aparelhos auditivos, foi possível constatar que os que possuem mais recursos
tecnológicos, ou seja, do Tipo C, apresentaram mais defeitos técnicos.
37
GRÁFICO 4 – DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO O TIPO DE TECNOLOGIA DA PRÓTESE AUDITIVA
Fonte: O Autor
Relacionando os dados acima com a faixa etária da amostra, verificamos
que as próteses auditivas que utilizavam a tecnologia Tipo C, foram as mais
adaptadas nos usuários com idade entre 60 e 69 anos, sendo estes que possuíram
a maior frequência dos aparelhos com defeitos no funcionamento, como mostra a
tabela 2.
TABELA 2 – RELAÇÃO ENTRE IDADE DA AMOSTRA E TECNOLOGIA DA
PRÓTESE AUDITIVA
IDADE (ANOS) TECNOLOGIA DA PRÓTESE AUDITIVA
A B C
Menos de 40 anos 6 6 9
40 a 49 anos 1 2 14
50 a 59 anos - 1 6
60 a 69 anos 2 5 21
70 anos ou mais 3 2 16 Fonte: O Autor
12,8
17
70,2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Tipo A Tipo B Tipo C
Fre
qu
ên
cia
(%
)
38
Sobre o tempo de uso do AASI, a média ficou em 25,4 meses, sendo que o
período mínimo de utilização de um aparelho auditivo foi menos de 01 mês e o
período máximo em 96 meses. Conforme o gráfico 5, a maioria dos aparelhos
auditivos, ou seja, 46 AASI (49%) apresentaram problemas de funcionamento no
decorrer do primeiro ano de uso, 16 aparelhos (17%) até dois anos, 7 AASI (7,5%)
entre dois a três anos, 7 (7,5%) até quatro anos, 7 (7,5%) até os cinco anos 11
(11,5%) apresentaram defeito acima do período de cinco anos.
GRÁFICO 5 – DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO O TEMPO DE USO DA PRÓTESE AUDITIVA
FONTE: O Autor
Na literatura consultada, Iervolino, Castiglioni e Almeida (2003), as próteses
auditivas possuem um tempo de vida útil, sendo natural, como em qualquer produto
eletrônico, que as peças se desgastem com o uso. Observamos nesta pesquisa, que
49% das próteses com defeito possuíam menos de 12 meses de uso. Próteses com
defeito de usuários mais antigos, com mais de 49 meses, não chegaram a 20%.
0 10 20 30 40 50 60
Menos de 12 meses
13 a 24 meses
25 a 36 meses
37 a 48 meses
49 a 60 meses
Acima de 61 meses
Quantidade de Prótese Auditiva (%)
39
Este dado indica que os usuários com adaptação inferior a 12 meses não estão
sabendo manusear adequadamente a prótese auditiva.
Segundo Ross (1998), é necessário que se tenha um programa adequado
de orientação e acompanhamento principalmente no primeiro ano de uso da prótese
auditiva. Deste modo, podemos considerar que a quantidade de acompanhamento
fornecida pelo SUS não está sendo insuficiente para orientar novos usuários e
familiares quanto ao uso e cuidados com o aparelho, devendo este dado também
induzir na ocorrência dos defeitos na prótese auditiva.
Ao relacionarmos o tempo de uso e tecnologia da prótese auditiva,
verificamos que dos 94 aparelhos, 33 faziam parte da tecnologia Tipo C e
apresentaram defeito com menos de 12 meses de uso. Estes dados inferem a
hipótese que novos usuários não sabem manusear adequadamente seus aparelhos,
o que pode estar gerando os defeitos, como mostra o gráfico 6.
GRÁFICO 6 – RELAÇÃO ENTRE TEMPO DE USO E TECNOLOGIA DA PRÓTESE
AUDITIVA
FONTE: O Autor
0
5
10
15
20
25
30
35
Menos de 12
meses
13 a 36 meses 37 a 60 meses 61 meses ou mais
Qu
an
tid
ad
e d
e P
róte
se A
ud
itiv
a
Tipo A
Tipo B
Tipo C
40
Segundo os laudos enviados pela empresa de assistência de técnica, a
distribuição das prováveis causas que desencadearam os defeitos no funcionamento
dos 94 aparelhos auditivos foram os seguintes: 48 foram em consequência ao tempo
de uso (desgaste natural do aparelho), 52 devido ao mau uso (queda, umidade e
cera), 6 pela oxidação da pilha, 6 com defeito intermitente, 6 em decorrência da
piora da audição (mas não foram detectados os defeitos) , 1 para adequação de
cápsula e 9 não tiveram a causa esclarecida, como mostra o gráfico 7.
GRÁFICO 7 – DISTRIBUIÇÃO DA FREQUÊNCIA DAS CAUSAS DOS DEFEITOS NAS PRÓTESES AUDITIVAS
FONTE: O Autor
0 10 20 30 40 50 60 70
Mau uso
Tempo de uso
Defeito intermitente
Pilha
Audição
Adequação da cápsula
Não sabe
Frequências
41
De acordo com as referências de Iervolino, Castiglioni e Almeida (2003),
sobre as possíveis causas que podem ocasionar os defeitos nas próteses auditivas,
estas também foram constatadas pela assistência técnica, tais como: pilha,
umidade, problemas na cápsula, piora da audição e cerume.
Conforme os dados do gráfico 7, observou-se que dentre os 52 aparelhos
que tiveram as causas do defeito devido a umidade, cera e queda, verificamos que
estes fatores estão relacionados principalmente na questão da higiene. Pois
Iervolino, Castiglioni e Almeida (2003), comentam que para obtenção do
desempenho satisfatório do aparelho auditivo, é imprescindível que a limpeza do
equipamento seja realizada pelo técnico especializado, ou pelo próprio usuário,
segundo as instruções do fabricante.
De acordo com os laudos emitidos pela assistência técnica, os componentes
que apresentaram problemas de funcionamento nos aparelhos auditivos foram: 14
no receptor, 8 de microfone, 2 no amplificador, 14 com caixa ou cápsula quebrada,
10 na suspensão, 7 na fiação do circuito, 6 no cotovelo, 16 com outros consertos,
tais como, troca de gaveta de pilha, controle de volume, chave MT, pino e arruela.
Onze próteses ficaram em teste, mas não apresentaram defeito, o que permite
concluir que os usuários não estavam manipulando-os adequadamente. Em outros
43 aparelhos, o defeito consistia em sujeira impedindo o funcionamento da prótese:
cera entupindo a passagem do som ou umidade nos componentes, entre outras,
conforme o disposto no gráfico 8.
42
GRÁFICO 8 – DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA DOS PROBLEMAS TÉCNICOS ENCONTRADOS NAS PRÓTESES AUDITIVAS
FONTE: O Autor
Conforme a tabela 3, os custos para o conserto dos aparelhos auditivos
ficaram em média de R$ 99,00, sendo o valor mínino de R$ 0,00, pois estavam na
garantia e o máximo em R$ 880,00 para reposição das peças.
TABELA 3 – DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO O CUSTO DA MANUTENÇÃO DA PRÓTESE AUDITIVA
CUSTO (R$) NÚMERO DE AASI %
Menos de 99 69 73,4
100 a 199 11 11,7
200 a 299
300 a 399
400 a 499
500 a mais
2
2
6
4
2,1
2,1
6,4
4,3
FONTE: O Autor
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Limpeza e revisão
Receptor
Microfone
Amplificador
Caixa ou cápsula
Suspensão
Fiação do circuito
Cotovelo
Outros
Não apresentaram problemas
Frequência
43
Podemos analisar que 73,4% da amostra tiveram o custo da manutenção
inferior a R$ 100,00, este dado pode ser relacionado com a quantidade de aparelhos
que necessitavam do serviço de limpeza e revisão, em que o custo foi orçado em R$
44,00.
Ao relacionarmos o tempo de uso e o custo da manutenção do aparelho
auditivo (ver tabela 4), constatamos que 42 aparelhos tiveram problemas no
funcionamento num período inferior a 12 meses, ou seja, estavam na garantia e
obteram o custo da manutenção inferior de R$ 99,00, isto é, nos serviços de limpeza
e revisão.
TABELA 4 – RELAÇÃO ENTRE TEMPO DE USO E CUSTO DA MANUTENÇÃO
CUSTO (R$)
TEMPO SE USO
Menos de 12 meses
13 a 36 meses 37 a 60
meses
61 meses ou
mais
Menos de 99 41 12 7 6
100 a 199 3 7 2 2
200 e 299
300 a 399
400 a 499
Acima de 500
-
-
1
1
-
2
1
1
-
-
2
1
2
-
2
1
FONTE: O Autor
Quanto a manutenção dos aparelhos auditivos, 51 (54,3%) aparelhos
tiveram o conserto autorizado e o próprio paciente assumiu a despesa, 29 (30,8%)
aparelhos estavam na garantia e 14 (14,9%) tiveram o conserto cancelado, pois o
valor da manutenção era inviável ao usuário. Neste caso foi solicitada reposição ao
SUS, como mostra o gráfico 9.
44
GRÁFICO 9 – DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO AUTORIZAÇÃO PARA MANUTENÇÃO
FONTE: O Autor
Dos 14 aparelhos que solicitaram a reposição, 5 apresentaram os problemas
técnicos em consequência do mau uso, ou seja, cuidados com o aparelho; 2 devido
ao tempo de uso, isto é, desgaste natural do aparelho e 7 em decorrência de ambas
as causas. Os dados acima, nos mostra novamente que os usuários da prótese
auditiva não estão apresentando os cuidados necessários ao equipamento, com
relação a umidade, quedas e cera.
Sobre a tecnologia utilizada nos aparelhos solicitados a reposição, 6 eram
doo Tipo A, 1 do Tipo B e 7 do Tipo C. Ao considerarmos os valores pagos pelo SUS
nos respectivos aparelhos, o custo total da reposição atingiu o valor de R$11.550,00
para o governo (ver tabela 5)
54,3 %
14,9 %
30,8 %
Autorizado
Cancelado
Garantia
45
TABELA 5 – PLANILHA DO CUSTO DA REPOSIÇÃO DA PRÓTESE AUDITIVA
TECNOLOGIA n CUSTO UNITÁRIO
(R$) CUSTO TOTAL
(R$)
TIPO A 6 525,00 3.150,00
TIPO B 1 700,00 700,00
TIPO C 7 1.100,00 7.700,00
TOTAL 14 11.550,00
FONTE: O Autor
Sobre estes valores, fizemos o estudo comparativo entre o custo da
manutenção e os valores da reposição dos aparelhos, nos casos em que o conserto
foi cancelado pelo usuário. O custo médio da manutenção ficou em R$ 399,85 e o
da reposição em R$ 825,00, para as 14 próteses auditivas.
Ao considerarmos o nível de significância de 0,05, através do Teste t de
Student, obtem-se p= 0,00048, ou seja, é aceita a hipótese de que o custo médio da
manutenção é significativamente menor que o custo da reposição da prótese
auditiva. Este resultado pode ser conexo com os comentários de Bevilacqua (2009),
em que o referido Programa de Saúde Auditiva precisa tomar providências quanto
aos serviços de manutenção/conserto das próteses auditivas.
46
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Portaria nº 2073 de 2004 permitiu que muitos cidadãos, em geral de classe
socioeconômica menos privilegiada, tivessem acesso às próteses auditivas e
reabilitação de qualidade. Porém, este estudo permitiu verificar que parte da verba
que deveria beneficiar novos usuários tem sido destinada para repor próteses
danificadas, pois os usuários não possuem condições financeiras para arcar com a
manutenção após o período de garantia.
Acreditamos que uma consulta anual para o acompanhamento de usuários
adultos é insuficiente, tendo em vista que, inúmeras próteses são substituídas sem
haver necessidade. Com um número maior de consultas, o paciente teria a
oportunidade de sanar suas dúvidas quanto à manutenção e cuidados, aumentando
assim a vida útil deste dispositivo.
É visto que esta clientela necessita de mais atenção sob pena de
abandonarem a protetização. Campanhas quanto à necessidade de procurarem um
médico otorrinolaringologista aos primeiros sinais de perda auditiva são necessárias
para informar a população sobre cuidados com a saúde. Porém, campanhas áudio
visuais que promovam o esclarecimento e o entendimento sobre as próteses
auditivas podem auxiliar na diminuição de gastos futuros, como por exemplo, com a
reposição de próteses danificadas pela má informação que estão recebendo sobre
este recurso.
Estes dados coletados comprovam que faz-se necessária uma cautelosa
revisão das portarias referentes à saúde auditiva no Brasil, atitude que entendemos
ser emergente para que haja previsão de destinação de verba para manutenção das
próteses, o que geraria menor ônus ao governo e acarretaria em maior vida útil das
47
próteses já concedidas. Com esta redução de gastos é possível disponibilizar um
número maior de próteses auditivas, beneficiando maior número de pessoas que
necessitam voltar a ouvir, pois, sabe-se que a audição é o meio pelo qual sentimos e
nos conectamos com o mundo. Quanto maior o tempo de espera, maior a perda de
contato do indivíduo com o som e maior a dificuldade de restabelecer este sentido.
Outro fator importante nos serviços de saúde auditiva é o investimento em
orientações aos pacientes, materiais de apoio áudio visual, como folders e vídeos
explicativos, com vistas a melhorar o conhecimento acerca do manuseio e cuidados
com as próteses, aprimorando o entendimento da população.
Neste aspecto o fonoaudiólogo tem um papel vital, pois sabe-se que tão
importante quanto adaptar a prótese é orientar os usuários, mas devido à condições
impostas em portarias atuais não lhe é conferida a possibilidade de realizar seu
trabalho integralmente. Investimentos e mudanças neste sentido podem minimizar
os gastos com reposição uma vez que o profissional fonoaudiólogo teria acesso
rápido às necessidades dos usuários.
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