Post on 07-Feb-2019
UNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO
FRANCISCA SIMONELY DE VASCONCELOS
PROPOSTA DE MÉTODO DE ACOMPANHAMENTO DA GESTÃO FINANCEIRA
PESSOAL
NATAL/RN 2017
FRANCISCA SIMONELY DE VASCONCELOS
PROPOSTA DE MÉTODO DE ACOMPANHAMENTO DA GESTÃO FINANCEIRA
PESSOAL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração, da Universidade Potiguar, como requisito para obtenção do título de Mestre em Administração na Área de Concentração Gestão Estratégica de Negócios.
Orientador: Prof. Dr. Rodrigo José Guerra Leone
NATAL/RN 2017
Vasconcelos, Francisca Simonely de.
Proposta de método de acompanhamento da gestão financeira pessoal / Francisca Simonely de Vasconcelos. – Natal-RN, 2017. (81)f.
Orientador: Prof. Dr. Rodrigo José Guerra Leone. Dissertação (Mestrado em Administração) –
Universidade Potiguar. Pró-Reitoria Acadêmica – Núcleo de Pós-Graduação.
Bibliografia: 65 -69f. 1. Finanças pessoais. 2. Indicadores financeiros. 3. Perspectivas. 4. Gestão. I. Título.
FRANCISCA SIMONELY DE VASCONCELOS
PROPOSTA DE MÉTODO DE ACOMPANHAMENTO DA GESTÃO FINANCEIRA
PESSOAL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração, da Universidade Potiguar, como requisito para obtenção do título de Mestre em Administração na Área de Concentração Gestão Estratégica de Negócios.
Orientador: Prof. Dr. Rodrigo José Guerra Leone
BANCA EXAMINADORA
___________________________________ Prof. Dr. Rodrigo José Guerra Leone
Orientador Universidade Potiguar - UnP
___________________________________ Prof. Dr. Alandey Severo Leite da Silva
Examinador Interno Universidade Potiguar - UnP
___________________________________ Prof. Dr. Kléber Cavalcanti Nóbrega
Examinador Interno Universidade Potiguar - UnP
___________________________________ Prof. Dr. Anderson Luiz Rezende Mól
Examinador Externo Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
A Deus, por ter me dado condições de lutar e
alcançar os objetivos pretendidos.
A minha família, pelo incentivo, carinho e amor.
Ao Angelo, pelo companheirismo e apoio
incondicional.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela proteção que me tem dado, nas infinitas viagens realizadas nesses dois
últimos anos – Macau/Natal/Macau/Natal...
A família, pelo apoio e pela compreensão da minha ausência em vários momentos.
Ao meu esposo Angelo, pela parceria, pelo amor, pelo cuidado e zelo comigo.
Ao IFRN, que possibilitou meu desenvolvimento pessoal e profissional.
Aos colegas de trabalho do IFRN Campus Macau, pela compreensão e grande ajuda.
“Aqui é DIAD!”.
Aos meus amigos mestrandos do IFRN, eu não conseguiria sozinha ou, pelo menos,
a caminhada teria sido muito mais árdua. Especialmente aos de Estratégia: Raquel,
Ana Cláudia e George, somos sobreviventes!
Ao professor Rodrigo Leone, pelo incentivo e paciência durante esse período de
parceria.
Aos demais professores por terem compartilhado conhecimentos e ajudado ao meu
aperfeiçoamento acadêmico. E a Glícia, pelos cafezinhos e as conversas que
tornaram mais leve nossos 5 minutos fora da sala de estudos.
Aos membros da Banca de Defesa, os Professores Doutores Alandey Severo, Kléber
Nóbrega e Anderson Mól, pelas contribuições dispensadas no aprimoramento deste
trabalho.
Por fim, agradeço a todos que participaram direta ou indiretamente dessa conquista,
Que Deus abençoe a todos!
RESUMO
Ao planejar as finanças pessoais, as pessoas esbarram na necessidade de determinar
recursos para a satisfação de necessidades humanas básicas, desejos de compra e
plano de investimento. Considerando que os recursos são limitados, é necessária uma
gestão adequada, que possa promover a eficiência das ações tomadas. Nesse
contexto, esta pesquisa tem como objetivo propor um método de acompanhamento
da gestão financeira pessoal, para ser utilizado preferencialmente por consultores de
finanças pessoais, elaborado através da definição e ponderação de perspectivas
relacionadas à gestão financeira pessoal, da seleção e ponderação de indicadores
para cada perspectiva, da proposição de valores de referência para cada indicador e
da proposição de fórmulas para medir desempenho das finanças pessoais. A primeira
fase do trabalho apresenta uma pesquisa bibliográfica. A segunda fase foi direcionada
a pesquisa com consultores de finanças pessoais atuantes no Brasil, entre eles
profissionais certificados pelo Planejar, antigo IBCPF, professores doutores em
finanças pessoais e profissionais do BACEN responsáveis pela área de finanças
pessoais. Foram enviados a este público formulários em planilhas do Excel,
compostos por indicadores, desenvolvidos com base em cálculos dos subitens de
despesas, receitas, balanço patrimonial, demonstrativos de resultados, e etc. e de
perspectivas, que são espécies de categorias, e foram escolhidas por serem as mais
comuns em termos de avaliação financeira, sendo possível aplicá-las praticamente
para qualquer pessoa. No formulário I, foi solicitado ao público que relacionasse cada
indicador proposto a uma ou mais perspectiva. Posteriormente, foi enviado o
formulário II, ao mesmo público, já configurado conforme indicação da relação entre
indicadores e perspectivas. Neste formulário o público indicou um determinado peso,
para cada indicador e para cada perspectiva relacionada. Logo após, foram
apresentados valores de referência para cada indicador, e proposto fórmulas para
medir desempenho das finanças pessoais. E assim, considera-se que o objetivo geral
da pesquisa foi alcançado, pois esta pesquisa ratifica sua relevância ao enriquecer o
entendimento a respeito do tema finanças pessoais e paralelamente serve como base
para futuras pesquisas acadêmicas, além de guia para auxiliar na tomada de
decisões.
Palavras-chave: finanças pessoais; indicadores financeiros; perspectivas; gestão.
ABSTRACT
When planning personal finances, people run into the need to determine resources to
meet basic human needs, purchase desires, and investment plan. Considering that
resources are limited, adequate management is needed, which can promote the
efficiency of the actions taken. In this context, this research aims to propose a method
of monitoring personal financial management, to be used preferably by personal
finance consultants, elaborated through the definition and weighting of perspectives
related to personal financial management, selection and weighting of indicators for
each Perspective, the proposition of reference values for each indicator and the
proposition of formulas to measure performance of personal finances. The first phase
of the study presents a bibliographical research. The second phase was directed to
research with personal finance consultants operating in Brazil, among them
professionals certified by Planejar, former IBCPF, personal finance doctors and
BACEN professionals responsible for personal finance. Forms were sent to this public
in Excel spreadsheets, composed of indicators, developed based on calculations of
subitems of expenses, revenues, balance sheet, income statements, and so on. And
perspectives, which are species of categories, and have been chosen because they
are the most common in terms of financial evaluation, and it is possible to apply them
practically to any person. In form I, the public was asked to relate each proposed
indicator to one or more perspectives. Subsequently, form II was sent to the same
public, already configured as an indication of the relationship between indicators and
perspectives. In this form the public indicated a certain weight, for each indicator and
for each related perspective. Subsequently, reference values were presented for each
indicator, and proposed formulas to measure performance of personal finances. And
so, it is considered that the general objective of the research was achieved, because
this research ratifies its relevance to enrich the understanding regarding the subject
personal finances and at the same time serves as a basis for future academic research,
as well as a guide to assist in decision making.
Keywords: personal finance; financial indicators; perspectives; management.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Modelo para calcular o valor da indenização de seguro ......................... 28
Quadro 2 – Síntese dos Resultados (% em relação ao total de famílias) ................. 32
Quadro 3 – Tipos de dívidas (% de famílias)............................................................. 32
Quadro 4 - Demonstrativo de Resultados Mensais ................................................... 39
Quadro 5 – Balanço Patrimonial – Pessoa Física ..................................................... 41
Quadro 6 – Componentes e pesos das variáveis do FICO Score e VantageScore .. 45
Quadro 7 – Critérios para o Checkup ........................................................................ 48
Quadro 8 – Itens geradores de variáveis .................................................................. 50
Quadro 9 – Indicadores ............................................................................................. 52
Quadro 10 – Perspectivas ......................................................................................... 52
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Componentes e pesos das variáveis do FICO Score e VantageScore .... 46
Figura 2 – Modelo Personal Finance Scorecard: Your Annual Check ....................... 47
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Ponderação das perspectivas ................................................................. 54
Tabela 2 – Seleção e ponderação dos indicadores ................................................... 55
Tabela 3 – Valores de referência .............................................................................. 59
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................... 13
1.2. PROBLEMÁTICA ............................................................................................ 14
1.3. OBJETIVOS .................................................................................................... 16
1.3.1. Geral ............................................................................................................ 16
1.3.2. Específicos ................................................................................................. 16
1.4. JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 17
2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 18
2.1. PLANEJAMENTO FINANCEIRO ..................................................................... 18
2.2. PERSPECTIVAS DAS FINANÇAS PESSOAIS ............................................... 21
2.2.1. Caixa Mensal .............................................................................................. 21
2.2.2. Investimentos ............................................................................................. 24
2.2.3. Patrimônio .................................................................................................. 26
2.2.4. Proteção ...................................................................................................... 26
2.2.5. Dívidas ........................................................................................................ 28
2.2.6. Crédito ......................................................................................................... 33
2.2.7. Aposentadoria ............................................................................................ 35
2.3. FERRAMENTAS PARA GESTÃO DAS FINANÇAS PESSOAIS .................... 36
2.3.1. Demonstrativo de Resultados Mensais .................................................... 37
2.3.2. Balanço Patrimonial ................................................................................... 40
2.3.3. Índices para Análise da Situação Financeira ........................................... 41
2.3.4. Scorecard nas Finanças Pessoais............................................................ 43
2.3.4.1. Scorecard de Risco de Crédito ................................................................. 43
2.3.4.2. Scorecard para Análise da Situação Financeira ....................................... 46
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................... 49
3.1. TIPO DE PESQUISA ....................................................................................... 49
3.2. UNIVERSO/AMOSTRA ................................................................................... 49
3.3. VARIÁVEIS DO ESTUDO ............................................................................... 49
3.4. COLETA DE DADOS ...................................................................................... 51
3.4.1. Plano de Coleta de Dados ......................................................................... 51
3.4.2. Instrumento de Pesquisa ........................................................................... 51
3.5. TRATAMENTO DOS DADOS ......................................................................... 53
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................................................... 54
4.1. DEFINIÇÃO E PONDERAÇÃO DAS PERSPECTIVAS .................................. 54
4.2. SELEÇÃO E PONDERAÇÃO DOS INDICADORES ....................................... 55
4.3. VALORES DE REFERÊNCIA.......................................................................... 59
4.4. NOTA GERAL EM GESTÃO DE FINANÇAS PESSOAIS ............................... 61
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 63
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 65
APÊNDICES ............................................................................................................. 70
13
1. INTRODUÇÃO
A introdução discorre sobre a contextualização do tema finanças pessoais no
cenário atual, apontando a sua importância as principais dificuldades dos brasileiros
no gerenciamento do orçamento pessoal. Em seguida, são apresentados a
problematização, os objetivos, a justificativa e a estrutura do trabalho.
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO
O termo Finanças Pessoais está diretamente ligado ao estudo dos conceitos
financeiros, quando esses conceitos são transmitidos a uma pessoa, fazem com que
ela aplique este conhecimento em suas tomadas de decisões, permitindo, com isso,
que mantenha um comportamento equilibrado de seus orçamentos diante do contexto
financeiro (FOULKS; GRACI, 1989). Constata-se, que, quando planejam suas
finanças, as pessoas esbarram na necessidade de determinar recursos para a
satisfação de necessidades fundamentais, seus desejos de consumo e plano de
investimento.
A administração das finanças pessoais elevou sua importância, no Brasil,
especialmente após a implantação do Plano Real - em 1994 - devido a estabilização
da moeda. Por isso, muitos começaram a realizar planejamento financeiro pessoal
com prazos mais longos, uma vez que se tornou possível presumir o valor do dinheiro
ao final de determinado período (SOUSA; TORRALVO, 2005).
Os altos e baixos do mercado financeiro mundial afetam todos os
consumidores, sejam pequenos ou grandes investidores, ou até mesmo os não
investidores, e influenciam diretamente na gestão financeira pessoal, à medida que
autoridades governamentais fazem uso de ferramentas da política monetária, como o
aumento de taxa de juros, na tentativa de minimizar efeitos que atingem a economia
dos países.
Conforme descrito por Lupaşc e Lupaşc (2012), vivemos em um ambiente que
nos apresenta desafios sociais e incontáveis necessidades e desejos. No entanto, os
recursos financeiros são limitados. Segundo os autores, isso exige um planejamento
de finanças pessoais, uma vez que esta atividade permite a consideração de todos os
14
aspectos relacionados à renda, pagamentos, ativos e passivos, contribuindo, assim,
para o alcance e realização dos objetivos individuais. Pertencem a esse planejamento
a aquisição e o financiamento de imóveis, veículos, gestão de seguro, educação dos
filhos, das dívidas pessoais (se for o caso) e inclusive investimentos. Uma vez
limitados, os recursos precisam de uma gestão adequada, que possa promover a
máxima eficiência. Com o propósito de incentivar a manutenção de uma vida
financeira saudável, a gestão das finanças pessoais oferece um conjunto de
conhecimentos que auxiliam as pessoas a administrar melhor seu dinheiro.
São inúmeras as variáveis que envolvem o planejamento, o gerenciamento e a
organização do orçamento pessoal, diariamente. No Brasil, conforme a pesquisa
Habilidades Financeiras dos Brasileiros coordenada pelo Serviço de Proteção ao
Crédito - SPC Brasil e pelo Portal Meu Bolso Feliz, realizada em 2016, apenas quatro
em cada dez brasileiros se sentem seguros para fazer a gestão do seu orçamento. A
principal dificuldade argumentada foi a deficiência de conhecimentos sobre práticas
financeiras. A pesquisa conclui que os consumidores tomam decisões erradas por não
saberem pontos básicos e fundamentais para uma gestão eficaz dos recursos, como
por exemplo os juros do cartão de crédito e as modalidades de investimento. Quando
combinado a falta de conhecimento com as facilidades de acesso ao crédito e a
ampliação do consumo da população, pode resultar em um excessivo endividamento
pessoal, comprometendo significativamente parte da renda.
1.2. PROBLEMÁTICA
Segundo Halfeld (2004), a gestão financeira pessoal compreende estabelecer
e acompanhar uma estratégia para a manutenção ou acréscimo de bens e valores
que formarão o patrimônio de uma pessoa e de sua família. Como toda estratégia,
pode ser voltada para o curto, médio ou longo prazo, a depender da situação e
objetivo, e busca garantir a tranquilidade econômico-financeira do indivíduo.
Mesmo com as consideráveis mudanças contempladas pela globalização nos
últimos anos e o atual cenário econômico trazido desde o início do Plano Real, grande
parte da população brasileira ainda não possui orientação necessária para cuidar das
suas finanças pessoais. A área de finanças pessoais ainda é pouco explorada
academicamente no Brasil, sendo a literatura relacionada à gestão financeira pessoal
15
restrita ao oferecimento de disciplinas correlatas nas faculdades e MBAs, ou quando
alguém reconhece a necessidade e a falta de conhecimento técnico e procura um
consultor financeiro, que é um serviço relativamente caro.
A carência de material acadêmico nacional sobre finanças pessoais pode ser
comprovada com uma simples pesquisa no Portal de Periódicos CAPES –
possivelmente a maior plataforma virtual brasileira que disponibiliza produção
científica internacional. Ao realizar uma busca por assunto com o termo “finanças
pessoais”, publicados no período de 2012 a 2017, foram 26 itens encontrados; ao
filtrar por “revisados por pares” – que consiste na submissão de trabalhos científicos
a especialistas da área – o resultado caiu para 17 itens, dos quais 07 itens eram
trabalhos similares, ou seja, mesmos autores e conteúdo semelhante, publicados em
mais de um periódico. Dos 10 trabalhos restantes, 03 tratavam de traçar perfil
financeiro de determinados grupos, 02 versavam sobre finanças comportamentais, 02
comparavam finanças pessoais com finanças coorporativas e 03 analisavam o
impacto econômico nas finanças pessoais.
A sustentação de um bom planejamento financeiro está nos registros
financeiros, ou seja, a anotação de todos os gastos e as entradas de recurso. Quando
se tem bons registros financeiros, é possível “medir” as finanças, e daí realizar um
trabalho para melhorar os resultados, não há um efeito mágico ou místico, a melhora
nos resultados vem do fato de medir e avaliar de maneira conscientes o que está
acontecendo. Nessa avaliação é feito um comparativo do mês atual com o anterior e
aí se verifica onde foi gasto demais.
Ao medir as finanças, o indivíduo fica mais atento aos gastos, e através da
análise dos dados consegue ter uma visão panorâmica e uma melhor noção de como
o dinheiro se movimenta, de onde ele vem e para onde ele vai. Para quem controla o
movimento financeiro, não existe a ideia de “não saber por que o dinheiro acaba antes
do fim do mês”. Já o contrário, a não execução dos conceitos financeiros nas finanças
pessoais e a falta da procura de conhecimentos básicos para realizar a gestão dos
recursos, provavelmente irá gerar problemas na saúde financeira do indivíduo. As
pessoas que não conhecem a educação financeira tendem a comprometer parcelas
relevantes da sua renda, não atendendo assim a todos os compromissos financeiros
gerados, resultando em endividamento.
16
Existe uma máxima econômica generalizada de que um maior conhecimento
deve resultar em decisões mais eficazes. Isso serve para todos os assuntos. Em vista
disso, é amplamente difundida a ideia de que os indivíduos com maior conhecimento
ou compreensão dos mercados financeiros devem tomar decisões mais assertivas.
Esta afirmação está embasada em diversos estudos na literatura que mostram como
pessoas com níveis mais elevados de conhecimento estão relacionadas
positivamente a uma série de "melhores práticas" de comportamentos financeiros,
incluindo nesse rol: investimentos em fundos de emergência adequados, relatórios de
monitoramento de crédito, evitar dívida rotativa e desnecessária, possuir
planejamento para a aposentadoria, está acobertado com seguros, entre outras
medidas.
Destaca-se então que, para poder estabelecer efetivamente essa relação entre
as finanças e o indivíduo, se faz necessário buscar subsídios por meio de pesquisa
bibliográfica, leitura, estudo de vários autores, pesquisas, análise de dados e
informações disponíveis, para se chegar a uma ferramenta, uma resposta ou até
mesmo uma conclusão. Assim, como medir o desempenho da gestão financeira
pessoal para acompanhamento e controle?
1.3. OBJETIVOS
1.3.1. Geral
Propor um método de acompanhamento da gestão financeira pessoal, para ser
utilizado preferencialmente por consultores de finanças pessoais.
1.3.2. Específicos
a) Definir e ponderar perspectivas relacionadas à gestão financeira pessoal.
b) Selecionar e ponderar indicadores para cada perspectiva.
c) Propor valores de referência para cada indicador.
d) Propor fórmulas para medir desempenho das finanças pessoais.
17
1.4. JUSTIFICATIVA
As informações contidas neste estudo se tornam relevantes considerando a
possibilidade de contribuir para aprofundar os conhecimentos sobre a administração
das finanças pessoais, um assunto ainda pouco estudado cientificamente no Brasil,
que necessita de mais exploração.
Almeja-se também, com este trabalho, que os consultores em finanças
pessoais possam utilizar a proposta de método apresentada como ferramenta de
trabalho para orientar seus clientes. Não impedindo que pessoas que não são
profissionais de finanças possam utilizar desta pesquisa para adquirirem
conhecimento geral em finanças pessoais, tornando-se indivíduos financeiramente
educados e aptos para gerir adequadamente sua vida financeira pessoal. Uma vez
que, os conceitos e técnicas contábeis aqui apresentados ajudarão na administração
e controle da gestão das finanças pessoais, por meio de análise, comparação e na
tomada de decisões, e possibilitarão as pessoas compreender e confrontar seus bens
e direitos com suas obrigações, planejando e poupando para a evolução do seu
patrimônio.
Por fim, aumentar o número de estudos sobre finanças pessoais,
principalmente no que tange a ferramentas necessárias para a gestão pessoal,
precisa receber atenção especial da academia, visto que existe uma lacuna do tema
no contexto nacional. A administração das finanças pessoais no Brasil requer maiores
pesquisas, com o propósito de melhorar a compreensão do comportamento dos
indivíduos e, sobretudo, ajudá-los a alcançar seus objetivos, através de uma vida
financeira saudável.
18
2. REFERENCIAL TEÓRICO
O texto a seguir está dividido em três seções, trazendo uma revisão da literatura
de cada uma delas. São elas: planejamento financeiro, perspectivas das finanças
pessoais e ferramentas para gestão das finanças pessoais. Com isso, visando
esclarecer os conceitos que embasam o presente estudo, buscou-se diversas
discussões a partir da literatura existente.
2.1. PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Ao associar o conceito de planejamento com o de finanças origina-se o conceito
de planejamento financeiro que, conforme Gitman (2001) é uma concepção
importante para a estrutura e o funcionamento de uma unidade econômica, tendo em
vista que proporciona roteiros para coordenar, controlar e dirigir ações no alcance de
objetivos. O planejamento financeiro deve determinar a maneira pelo qual os objetivos
financeiros podem ser conquistados. Sendo assim, ele é um enunciado do que deve
ser feito no futuro.
Conforme explicam Camargo e Cherobim (2008), a gestão financeira, também
chamada de planejamento financeiro pessoal, significa determinar e seguir uma
estratégia para a manutenção e/ou acumulação de bens e valores, os quais irão
formar o patrimônio de um indivíduo e/ou de sua família. Esse tipo de estratégia pode
ser direcionado para o curto, médio ou longo prazo e tem como objetivo garantir a
tranquilidade econômico-financeira da pessoa.
De acordo com as considerações de Sousa e Torralvo (2005), ao planejarem
suas finanças, as pessoas esbarram na necessidade de determinar recursos para a
satisfação de necessidades humanas básicas, desejos de compra e plano de
investimento. Conforme esse planejamento é seguido de maneira sistemática,
respeitando o período programado, é presumível que decisões de impacto sejam
menos frequentes e que o indivíduo esteja menos vulnerável a influência dos fatores
externos.
Ainda segundo os Autores, em virtude do planejamento financeiro pessoal, o
indivíduo terá mais condições favoráveis para determinar objetivos e tomar decisões
de forma a concretizá-los, o que resultará em uma boa opção para gerir bem os
19
próprios recursos, isto é, satisfazer necessidades básicas como desejos de consumo
e, simultaneamente, formar uma poupança que dará suporte em caso de problemas
inesperados, e ainda servirá como garantia de uma aposentadoria com menos
turbulências no que se refere à área financeira.
Para realização de um planejamento financeiro pessoal, é fundamental
compreender o termo “orçamento”. É muito comum relatos de pessoas que gastam o
dinheiro logo após recebê-lo e depois se perguntam como ele “desapareceu”. A
maioria das pessoas gastam o dinheiro imediatamente, como se não houvesse a
necessidade de um planejamento para o amanhã. É essencial que todos tenham um
orçamento inicialmente previsto, para poder determinar com precisão o rastro do
dinheiro. O orçamento é um processo informativo, desenvolvido e variável ao longo
do tempo. Isto implica dizer que a orçamentação envolve a listagem de recebimentos
e pagamentos, e através da análise do orçamento é possível saber o que pode ser
adicionado ou enxugado no final do mês (LUPAŞC; LUPAŞC, 2012).
O planejamento financeiro pessoal, analisado sob a ótica de um processo,
deve ser descrito em etapas. Para tanto, o primeiro passo compreende a elaboração
de um plano de contas, este ajuda a calcular as obrigações atuais e situar a posição
financeira do indivíduo, esclarecer as metas e os objetivos e direcionar um curso de
ação rumo a um futuro financeiro com mais segurança. Outro passo, é o planejador
realizar uma estimativa das fontes futuras de renda e despesas. Esse passo tem
como objetivo cogitar ativos possíveis e obrigações (BLACK et al, 2002).
Somando a isso, Ross, Westerfield e Jaffe (1995) afirmam que o
planejamento financeiro é o processo formal que orienta o acompanhamento das
diretrizes de mudanças e a revisão, quando necessário, das metas que foram
estabelecidas. Tendo em vista que é possível visualizar com antecedência quais as
possibilidades de investimento, o grau de endividamento e o montante de dinheiro
que se faz necessário deixar disponível, objetivando seu crescimento e sua
rentabilidade.
Santos e Silva (2014), ainda ratificam que é através do planejamento
financeiro que é possível estipular metas de consumo realistas e planejar aquisições
de médio e longo prazo, do tipo: aquisição de imóveis, de veículos e, inclusive,
investimentos em educação. Só através do controle do que se ganha e o que se
20
gasta, é possível garantir o sucesso financeiro, mesmo que a renda não seja muito
alta, ainda assim é possível assegurar boa qualidade de vida.
Com base no modelo proposto por Leone (2012), o processo de planejamento
financeiro pessoal se divide em três etapas. Sendo a primeira o diagnóstico
financeiro, também chamado de status quo financeiro, essa é a etapa do
autoconhecimento da situação e das características financeiras, quanto se ganha,
como ganha, quanto se gasta, como gasta, a projeção de fluxos de caixa, o nível de
tolerância ao risco e o levantamento de ativos e em passivos que o indivíduo possui.
O autor afirma que o diagnóstico é ponto de partida para o planejamento financeiro
pessoal e é através dele que será trabalhada a saúde financeira, dando ênfase ao
que está pior e é mais danoso, mas atentando para os efeitos colaterais.
A segunda etapa do processo, o autor chamou de objetivos financeiros, a
missão é oficializar, formalizar os objetivos a serem atingidos, definindo-os e
delimitando-os. Esses objetivos ainda são subdivididos em objetivos primários,
aqueles que visam à recuperação e à manutenção do padrão de vida, e os
secundários, que são aqueles voltados à melhoria do padrão de vida.
A terceira e última etapa apresentada pelo autor é formada pelos planos
financeiros. Esta etapa depende diretamente das anteriores, pois é nela onde são
traçados os planos que levarão o indivíduo de onde e como está, para onde quer e
pode chegar. Nesta etapa há necessidade de considerar um ou mais dos seguintes
itens: planejamento de investimentos, planejamento de aposentadoria, gestão de
crédito, gestão do orçamento doméstico, planejamento tributário, planejamento para
pagamento de dívidas, e outros.
O tema finanças pessoais faz parte do cotidiano da vida das pessoas. Como
ressalta Frankenberg (1999), o planejamento financeiro pessoal não é algo
intangível, menos ainda estático ou rígido. Ao contrário, é um plano o qual as
pessoas elaboram de acordo como os seus valores e objetivos, visando com isso
alcançar determinadas aspirações. Em razão disso, observa-se a importância que
as finanças pessoais compreendem, pois de acordo com Halfeld (2004) a
organização financeira e patrimonial é influenciadora diretamente da qualidade de
vida das pessoas.
Não é raro encontrar pessoas que não sabem gerir seu orçamento. Conforme
apresenta a pesquisa Habilidades Financeiras dos Brasileiros coordenada pelo SPC
21
Brasil e pelo Portal Meu Bolso Feliz, de 2016, 38,0% dos entrevistados se sentem
seguros para gerir o próprio dinheiro, ao passo que 38,8% se dizem inseguros e os
outros 23,2% são indiferentes. Na pesquisa foi utilizada escala de 1 a 10, e as médias
conferidas pelos entrevistados quanto às habilidades financeiras analisadas na
pesquisa foram regulares. Pois o extrato ficou assim: administração do orçamento
familiar (6,6), Juros cobrados no cartão de crédito (6,5), investimento no geral (5,3)
e investimentos com melhores taxas de retorno (4,9).
2.2. PERSPECTIVAS DAS FINANÇAS PESSOAIS
Perspectivas financeiras são espécies de dimensões, baseadas na relação de
causa e efeito, e também são agrupamentos de operações financeiras com objetivos
similares. Na literatura, é possível encontrar as perspectivas tratadas como
assuntos: planejamento financeiro, riscos, crédito, dívida, investimentos, seguros,
previdência, sucessão, tributação, fiscal, educação, entre outras. Não há uma regra
que determine quais são as perspectivas das finanças pessoais, tampouco suas
nomenclaturas.
Sendo assim, neste trabalho optou-se por pesquisar sobre sete perspectivas,
sendo estas as mais comuns, já que podem ser aplicadas em praticamente todas as
pessoas. São elas: caixa mensal, investimento, patrimônio, proteção, dívidas,
crédito, aposentadoria. Perspectivas como sucessão, tributação, educação,
requerem mais tempo para detalhamento e situações muito particulares.
2.2.1. Caixa Mensal
Entende-se por fluxo de caixa as transações periódicas do indivíduo entre a
renda - entradas de caixa, e seus gastos - saídas de caixa. Sobre isso, Sousa e
Torralvo (2005) apresentaram em seus estudos indícios de que grande parte da
população brasileira tem dificuldades para a gestão das finanças pessoais,
principalmente sobre dois aspectos: disparidade entre receitas e despesas e elevado
consumismo, com baixa tendência a poupar.
Em sua pesquisa, Bitencourt (2004) explica que para o fechamento do
orçamento e apuração do saldo é necessário realizar uma análise do fluxo de caixa,
22
no qual efetua-se o somatório das respectivas despesas e das receitas, e por fim
subtrai-se um do outro. Se as receitas superarem as despesas, o saldo será positivo,
ou caso contrário, será negativo. O ideal seria um cenário positivo, e daí teria como
tarefa avaliar como torná-lo ainda melhor, uma vez que nada é tão bom que não
possa ser melhorado. O passo seguinte é definir os objetivos de como criar reservas,
a partir de maior poupança e de investimentos que produzam retornos que possam
garantir a realização dos sonhos ou objetivos maiores.
A Autora alerta, contudo, que caso o somatório das despesas seja maior que
o das receitas, e com isso o resultado seja um saldo negativo, não há outra
alternativa senão reavaliar a situação e partir para a execução das duas alternativas
possíveis, de acordo com as possibilidades individuais, de aumentar a renda e
reduzir as despesas.
Bitencourt (2004) ainda discorre sobre os conceitos de receitas e despesas.
Ela afirma que as receitas têm como função relacionar a renda básica do mês. No
caso de um trabalhador assalariado, a receita é representada pelo valor líquido do
contracheque. É possível se apresentar de outras maneiras também, como
honorários profissionais, comissões, aluguéis, entre outros. E nos casos em que não
existe uma renda fixa ou regular, é preciso trabalhar com uma média bastante
conservadora, isto é, com um valor menor do que a média real, com o propósito de
evitar surpresas desagradáveis.
A Autora considera como despesas, para análise no fluxo de caixa, todas as
despesas/gastos básicos mensais, incluindo também as despesas pessoais de cada
um dos membros da família, realizadas no mês anterior. Isso servirá de apoio para
a projeção orçamentária. Os gastos são divididos por classes de despesas, e dentro
dos estudos da literatura, decerto não esgota sua diversidade, porém a ideia é servir
como base de referência para que seja adaptado às particularidades.
Para fechar o entendimento geral sobre finanças e fluxo de caixa, Santos e
Silva (2014) deixam claro que é necessário aprender que o fluxo de caixa gira em
torno da origem e da aplicação dos recursos, também chamado de receitas e
despesas. Descreve-se uma lista, em um contexto doméstico, das receitas e
despesas, julgando como receitas os recursos oriundos dos salários, bonificações,
comissões, receitas de aluguéis, pensões, mesadas, etc. E referente às despesas,
entende-se todos os gastos necessários à manutenção do lar, como água, energia,
23
alimentação, transporte, moradia, etc. Nesta situação, o controle do caixa pertence ao
planejamento financeiro familiar (PFF), e é considerado como instrumento de controle
imprescindível e altamente significativo para as famílias, pois inclui neste ambiente a
prática da aplicação consciente dos recursos, assim como o estabelecimento de
prioridades e metas.
Em matéria de despesas financeiras, segundo Lupaşc e Lupaşc (2012), são
divididas em regular, corrente e outras despesas (incluindo contingências). Se as
despesas forem maiores que a renda, estamos lidando com uma situação de déficit
orçamentário. Existem várias maneiras em que esta lacuna seja coberta, entre as
quais as mais importantes são: empréstimos de vários tipos (crédito no cartão,
empréstimo pessoal, cheque especial, entre outros) ou o chamando empréstimos de
família, talvez o menos dispendioso.
Com relação a essa movimentação do fluxo de caixa dos brasileiros, o Banco
Central do Brasil traz dados importantes contidos na Nota para Imprensa sobre
Política Monetária e Operações de Crédito do Sistema Financeiro, publicada no
website da Instituição, foram concedidos R$ 323 milhões em crédito, por meio de
cheque especial, em 2015 no Brasil, para as pessoas físicas. É um indício de que
muitas pessoas recorrem a esta modalidade de crédito tentando solucionar
disparidades entre entradas e saídas de contas correntes, este fato pode estar
relacionado a dificuldades em administrar as finanças pessoais.
Outro dado importante é o percentual das taxas de inadimplência, que podem
indicar que algumas pessoas possuem problemas para gerir seu fluxo de caixa. Ainda
de acordo com o mesmo relatório do Banco Central do Brasil, em 2015 uma média de
4,2% do montante de recursos emprestados a pessoas físicas, em crédito pessoal e
cheque especial estava em atraso de 15 a 90 dias, essa média é maior se tratarmos
apenas de cheque especial, sobe para 7,3%. A inadimplência pode estar ligada ao
fato de a contração de dívidas comprometer orçamentos futuros, e o consumidor que
não leva em conta a possibilidade de imprevistos e contingências, tendo que desviar
o dinheiro destinado as prestações, para quitar outras necessidades.
24
2.2.2. Investimentos
Entre as dimensões propostas por Gitman (2001), investimento é a aplicação
de recursos, tanto em dinheiro quanto em títulos de crédito, que seja capaz de trazer
um retorno futuro maior do que a aplicação inicial, acrescentado de rendimentos
financeiros resultantes do período em que os recursos permaneceram aplicados,
restituindo o valor investido pelo tempo em que este passou paralisado e impedido de
realizar outras transações.
No entendimento de Lizote et al. (2012), dentro do conceito de investimento
também cabe aplicação em bens, aquisição de veículos, terrenos ou imóveis, desde
que acompanhado de expectativas de lucro ao investidor, em cima dos recursos que
foram postos sobre eles. Este seria um conceito mais amplo sobre investimentos, a
procura de meios que aparentemente sejam rentáveis, e assim fazer com que o
indivíduo aplique seus recursos e futuramente recapturá-los com ganhos e depois
realizar outros investimentos.
Halfeld (2004) alega que o melhor investimento a ser realizado é aquele que
não implicará na saúde financeira do investidor, e sim, trará mais tranquilidade para
prosseguir com seus objetivos. Por isso, é fundamental que cada pessoa descubra o
seu grau de tolerância ao risco, tendo sempre a consciência que quanto maior o risco,
poderá ser também maior a rentabilidade do negócio aplicado. Existem diversos teste
que traçam o perfil do investidor, que indicam o grau de tolerância ao risco, podem ser
encontrados nas homepages de banco e consultorias.
Corroborando com este pensamento, Assaf Neto (2005) coloca que a tolerância
ao risco é o conforto da situação, é quando o investidor se sente seguro para decidir
seu objetivo, para no caso de uma eventual crise não apresente prejuízos
significantes. O autor ainda ratifica que, uma tarefa importante a ser realizada, para
ocorrer com eficiência às aplicações dos recursos, é a gestão dos investimentos, que
nada mais é do que a administração dos créditos de forma organizada e equilibrada,
para com isso obter decisões fundamentais quanto à escolha de um investimento e,
como resultado, alcançar o sucesso financeiro pessoal. Diversificando entre juros
compostos da Renda Fixa e o reinvestimento dos lucros nas ações favoráveis,
inevitavelmente conduzirá à acumulação de montantes substanciais, uma vez que
objetivos de longo prazo são básicos para os investimentos.
25
Uma poupança poderá se transformar aos poucos em um investimento que
constituirá mais uma fonte de renda complementar. Para isso, é preciso que o
indivíduo procure conhecer o mercado de capitais. Transformar dinheiro em mais
dinheiro é resultado da soma de uma série de fatores, entre os quais é possível citar
a pré-disposição de correr riscos. Essa disposição irá depender basicamente do perfil
do investidor, que pode ser conservador, moderado ou arrojado. Matematicamente,
quanto maior o risco, maior o rendimento.
De acordo com as considerações de Sousa e Torralvo (2005), grande parte da
população brasileira ainda opta por aplicações em caderneta de poupança,
investimento tradicional do mercado nacional, caracterizado por apresentar baixo
risco. Por sua vez, a rentabilidade auferida pelas cadernetas de poupança é
considerada baixa, insuficiente, e chegando até, muitas vezes por sinal, a ficar abaixo
da inflação medida nos últimos anos, o que provoca perda de dinheiro em termos reais
para os investidores.
Confirmando a ideia do autor, um estudo realizado, já em 2016, pelo SPC Brasil
e Meu Bolso Feliz, Educação Financeira – Hábitos e motivações do brasileiro para
poupar e investir, apresentou que a poupança é o item mais mencionado entre todos
os produtos e serviços financeiros que os brasileiros reconhecem utilizar, com 69,5%
das respostas. Mesmo quando questionados apenas sobre investimentos, a aplicação
também encabeça a lista. Segundo a pesquisa, a maior motivação para esta escolha
pelos brasileiros, falando em investimentos, é a estabilidade proporcionada por este
item, como tentativa de evitar ao máximo os riscos envolvidos.
A mesma pesquisa ainda revelou duas modalidades de investimentos
relativamente mais recentes para o consumidor brasileiro, o Dólar e os Fundos de
Investimento, onde 50,6% dos entrevistados possuem Fundos de Investimento há um
ou três anos, enquanto 43,7% possuem Dólar há menos de um ano. Os investidores
em Dólar caracterizam-se, principalmente, pela busca da maior rentabilidade, 22,9%
dos entrevistados. Destacando-se que a valorização do dólar ao longo do ano foi
espantosa, superando as expectativas do mercado, devido ao conturbado contexto
político e econômico vivido no Brasil ao longo dos últimos dois anos. Ao final de 2014,
a moeda americana se apresentava a R$ 2,66 e terminou 2015 com cotação de 3,95,
gerando uma valorização de 48,5% em um ano.
26
Conforme dito por Altfest (2004), a definição clara dos objetivos é um passo
muito importante a se realizar, entre outras palavras, decidir onde serão aplicados os
recursos que foram poupados. Compreender assim, que só a partir da definição
desses objetivos, o indivíduo poderá realizar investimentos e não correr riscos
desnecessários e prejudiciais à saúde financeira. Por conseguinte, é preciso agir com
racionalidade, avaliando o que realmente considera como prioridade para sua vida
pessoal, seguindo exatamente o que planejou e foi orçado e se mantendo longe de
novas aquisições fora do orçamento para não afastar seu foco (LIZOTE et al., 2012).
Em resumo, investimentos são aplicações de recursos financeiros em ativos
cujo objetivo é trazer algum retorno financeiro para o investidor. Essas aplicações
podem ser de liquidez imediata – realizar o resgate a qualquer tempo, ou não.
2.2.3. Patrimônio
Para Hill et al. (2014), o mercado imobiliário se torna muito atraente devido ao
seu valor intrínseco e funcional, que aumenta de valor ao longo do tempo e pode servir
para uso pessoal, como também pode fornecer um fluxo constante de receita. Em
consequência de toda essa atração, o autor reforça a necessidade de proteção
patrimonial. A proteção de ativos é um conceito-chave de planejamento, embora
muitas vezes esquecido. Existem diversos instrumentos de investimento que
asseguram a proteção automática contra credores e litígios. A proteção de ativos pode
ser dividida nas seguintes áreas: responsabilidade profissional, responsabilidade
pessoal, estruturas de empresas familiares, e planejamento imobiliário.
2.2.4. Proteção
Como explicado por Borges (2010), a necessidade de se proteger
financeiramente é um caminho tomado pelo consumidor para tentar sofrer menos com
os previstos e/ou imprevistos fenômenos da economia e da vida, considerando que
há cada vez mais assédio ao consumidor, no mercado de bens e serviços,
especialmente, do marketing e da propaganda, fazendo-o consumir mais produtos e
serviços disponíveis no mercado.
27
Contratação de seguros é uma das práticas de quem deseja se preparar para
as eventualidades e, paralelamente, assegurar um futuro financeiramente confortável.
Um estudo do SPC Brasil em 2016 – Hábitos e motivações do brasileiro para poupar
e investir, revela que de maneira geral, os consumidores investem pensando
basicamente em assegurar sua qualidade de vida no futuro, se protegerem, tanto das
questões relacionadas à saúde, quanto aquelas que referentes às condições
financeiras pessoais e familiares. Desse modo, os resultados da pesquisa apontam
que 28,6% dos entrevistados investem pensando nos imprevistos como doenças ou
morte, 28% pensam em garantir um futuro melhor para a família, e também foi citado
a reserva para o caso de ficar desempregado, por 19,5%. Ainda no contexto de
possíveis adversidades enfrentadas pelos consumidores, a pesquisa comprova a
importância de trabalhar a proteção dos bens e das finanças, pois em caso de
dificuldade financeira, 46,3%dos entrevistados, ou seja, quase metade da amostra,
iria recorrer à poupança/aplicação, quando 9,3% fariam empréstimo com familiares ou
amigos, 8,8% faria empréstimo bancário, e outros 8,7% informaram que ficariam
endividados por não ter recursos.
Considerar um seguro de vida, caso se tenha família, é indispensável. Muitas
pessoas ao longo dos anos têm se perguntando sobre seguro de vida. A primeira
pergunta é: "Se eu não tenho muito dinheiro, mas eu quero proteger a minha família
após a minha morte, qual o tipo de seguro de vida devo considerar?" A segunda
pergunta é: "Alguém me disse que eu deveria fazer um seguro apenas por termo ou
seguro de vida inteira. Qual é a melhor opção? ". A primeira pergunta é relativamente
simples de responder no sentido de que as pessoas são capazes de adquirir seguro
de vida relativamente barato para proteger sua família. Além disso, também pode
comprar o seguro de termo que lhe proporciona a capacidade de converter a cobertura
permanente no futuro, se adequado à cada situação (HILL et al., 2014).
É possível encontrar em alguns sites da área de seguros ferramentas que
ajudam a identificar qual a melhor opção a ser contratada. Conforme modelo abaixo
trabalho, extraído do Home Page Tudo sobre seguros.
28
Quadro 1 – Modelo para calcular o valor da indenização de seguro
Fonte: http://www.tudosobreseguros.org.br/portal/pagina.php?l=185 <acesso em 06/12/2016>.
Sobre a utilização do seguro de vida como estratégia de investimento de
aposentadoria, Hill et al. (2014) ressalvam que há uma controvérsia significativa neste
assunto. Há fortes argumentos a favor e contra esta estratégia, os autores
aconselham conversar com consultores financeiros antes de dedicar uma parte
substancial da sua poupança para esta estratégia.
2.2.5. Dívidas
Um dos reflexos da economia globalizada é a banalização do consumo, ato que
faz parte do cotidiano das pessoas. Através de diversos estímulos – como a facilidade
ao crédito, se cria uma necessidade de adquirir novos bens de consumo e impulsiona
os indivíduos a endividar-se cada vez mais, gerando um problema de ordem social,
chamado de “sociedade do consumo”. Um dos grandes incentivos que ajudam ao
endividamento é ao acesso irrestrito a todo o tipo de bens e serviços, afetando
significativamente seus rendimentos.
29
O SPC Brasil revelou, em um estudo realizado em 2016 - O conceito do
endividamento e as consequências da inadimplência - que oito em cada dez
consumidores não compreendem o conceito do termo ‘endividamento’. A associação
equivocada tem a ver com os compromissos não honrados. Dos entrevistados, 46,7%
julgam que estar endividado é ter contas atrasadas. Dentro dessa mesma perspectiva,
30,6% acham que é ter o nome registrado no SPC/Serasa. Somente um em cinco
consumidores, 20,2%, conhecem o significado real, e responderam que uma pessoa
endividada é aquela que apresenta parcelas a vencer, sejam elas de compras, de
financiamento e/ou empréstimos.
Entre os diferentes fatores que ajudam a resultar em endividamento, estão
associados o consumismo exagerado, as políticas sociais de transferência de renda
e as políticas econômicas. No caso do consumo excessivo, muitos indivíduos
contraem dívidas sem critérios, e comprometem uma parcela significativa de suas
rendas, e muitas vezes, acabam transformando-se em inadimplentes. Nesse contexto,
os endividados trabalham apenas para pagar suas dívidas, isso por terem pouca ou
nenhuma habilidade para tratar com o dinheiro, e também por não dar a importância
devida ao planejamento financeiro, e ainda, por outros motivos, como razões sociais
e/ou psicológicas. É fato que muitos desses indivíduos retomam o equilíbrio financeiro
de suas vidas, alguns não conseguem sozinhos e precisam de ajuda profissional, já
outros tanto carregarão o estigma de eternos endividados (FERREIRA, 2006).
Em concordância com essa ideia, Silva (2004) afirma que essa realidade, no
Brasil, se constata uma vez que as pessoas não foram educadas para pensar sobre
dinheiro, pelo menos não na forma de administração. O autor afirma que a maioria
dos brasileiros gastam aleatoriamente, sem contemplar o contexto financeiro e os
impactos futuros. Ele lembra que poupar é importante, mas não é o suficiente. É
imprescindível saber investir, saber escolher a modalidade mais interessante, e não
se limitar a caderneta de poupança.
Santos (2014) explica que o uso de instrumentos de planejamento financeiro
contribui na determinação de metas de consumo, impedindo assim, que se tome
decisões fomentada pelo imediatismo. Essas que, por muitas vezes, induzem as
pessoas a gastarem sem necessidade, e ainda mais, até realizar investimentos que
não podem arcar.
30
Para Moura (2005), Neri (2008) e Lamounier e Souza (2010) as pessoas de
baixa renda apresentam ainda mais dificuldade na gestão financeira e cometem mais
gastos excessivos. Essa população se caracteriza por viver em um ciclo vicioso, onde
é comum adquirir novas dívidas para quitar as mais antigas, essa situação fica mais
acentuada devido a ocupação informal e a instabilidade de renda comum nessa
classe. Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio - CNC (2011) confirma
os apontamentos dos autores, pois segundo os dados dela, 8% das famílias de baixa
renda consumiram mais do que receberam no ano de 2010, já as outras classes
econômicas representaram apenas 3% de endividamento superior a renda.
Como descrito por Domingos (2007), o desequilíbrio financeiro age como se
fosse uma doença, e necessário tratamento específico. É indispensável cuidados
especiais, uma vez que, se não for diagnosticada a tempo resultará em uma crise,
onde as consequências não afetam apenas o indivíduo, mas sua família, e também a
sociedade em que estes estão incorporados.
Os estudos de Block-Lieb e Janger (2006), apontam que o uso do cartão de
crédito é um dos fatores que mais contribui para o endividamento das pessoas. Eles
afirmam que quando o pagamento é em dinheiro, em espécie, o limite de poder de
compra é tangível, o oposto do cartão de crédito, o qual se paga uma fatura no mês,
provocando então uma dissonância cognitiva nos consumidores. Deve-se considerar
a possibilidade de os consumidores pagarem o valor mínimo estabelecido pela
operadora do cartão de crédito e direcionarem o dinheiro para outras necessidades,
resultando em um endividamento familiar ainda maior.
Corroborando desse pensamento, Santos e Silva (2014) explicam mais um
fator de endividamento familiar, a não existência de uma reserva financeira. Os
autores afirmam que a maioria das famílias não dispõem de uma reserva destinada a
imprevistos ou emergência, e com isso quando acontece qualquer eventualidade a
primeira saída utilizada é o cartão de crédito, transformando-se em um ciclo vicioso e
de difícil controle. Outro apontamento refere-se à realidade vivida por certas famílias
brasileiras, normalmente situadas nas regiões metropolitanas, as quais desfrutam de
um estilo de vida não adequado a sua condição financeira, ou seja, possuem uma
renda inferior à média de consumo.
A inadimplência dos consumidores foi destaque no Relatório de Estabilidade
Financeira (REF) - publicação semestral do Banco Central do Brasil (BACEN) desde
31
2002 - na edição de setembro de 2015, a qual apresentou que houve aumento nas
taxas de inadimplência, especialmente nas linhas direcionadas a pessoas físicas que
apresentam maior risco de inadimplência, como cheque especial, empréstimo sem
consignação e rotativo de cartão de crédito. Em todos esses casos, os efeitos foram
maiores nos bancos públicos, pois os bancos privados há alguns semestres já
direcionam suas linhas de crédito para o público com menor inadimplência. Isso fez
com que em uma análise geral, e não por segmento de banco, a inadimplência média
não tivesse um aumento significativo, atingindo 2,9% em junho de 2015, índice 0,2p.p.
superior a dezembro de 2014.
Neste mesmo relatório, edição de março de 2016, foi apontado que a
inadimplência da carteira de crédito das pessoas físicas aumentou no último semestre
também. O relatório afirma ser reflexo das condições econômicas que estão mais
adversas e impactaram na capacidade de pagamento dos tomadores de crédito. Os
itens com maior aumento da inadimplência foram o cartão de crédito e o crédito
pessoal sem consignação, estas modalidades são mais sensíveis as variações do
cenário econômico.
A Confederação Nacional do Comércio de Bens e Serviços (CNC) realiza a
Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC). Segundo esta, o
percentual de famílias com dívidas recuou em maio de 2016 comparado ao mês
anterior, assim como também quando comparado ao mesmo período de 2015.
Estas dívidas são compostas por cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque
especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro, seguro e outras, que
alcançou 58,7% em maio de 2016, reflexo da queda em relação aos 59,6% em abril
de 2016, e também em relação aos 62,4% registrados em maio de 2015. Conforme
apresentado no Quadro 2 – Síntese dos Resultados.
Porém, o percentual de famílias com contas ou dívidas atrasadas aumentou em
relação a abril deste ano e manteve a tendência de alta em relação ao ano passado.
O percentual de respostas que relatou não ter condições de pagar suas contas em
atraso aumentou tanto em abril, como também quando relacionado ao ano anterior.
32
Quadro 2 – Síntese dos Resultados (% em relação ao total de famílias)
Fonte: Adaptado da PEIC (CNC, 2016)
A PEIC ainda apontou o cartão de crédito como um dos principais tipos de
dívida por 77,0% das famílias endividadas, em seguida os carnês, 15,0%, e depois o
financiamento de carro, por 11,3%.
Quadro 3 – Tipos de dívidas (% de famílias)
Fonte: Adaptado da PEIC (CNC, 2016)
O Serasa Experian, instituição também especializada em controle de crédito,
apresentou alguns números referentes a inadimplência, baseados nas informações
de seus associados. No estudo, de julho de 2016, cerca de 1,3 milhão de pessoas
quitaram suas dívidas e “limparam” o nome, no período de abril e maio daquele ano.
Neste período, o valor total das dívidas atrasadas verificadas somava R$ 264,2
bilhões. O trabalho mostra que 59.470.359 pessoas estavam inadimplentes no Brasil
33
em maio de 2016, aproximadamente 1,3 milhão a menos quando comparado a abril
do mesmo ano, período em que o índice bateu recorde histórico de consumidores com
dívidas atrasadas (60.730.403).
Para os analistas da Serasa Experian, estes dados demostram o empenho dos
consumidores em renegociar dívidas e livrar-se da inadimplência. Para estes
profissionais, existem duas maneiras que possibilitam às pessoas corrigirem as
dívidas: ou elas tentam linhas de crédito ou sacam dinheiro da poupança. E de acordo
com dados do Banco Central, no período de janeiro a junho de 2016 as retiradas da
poupança superaram os depósitos em R$ 42,6 bilhões. Ainda segundo os analistas,
o desemprego, a falta de experiência no crédito e a maneira impulsiva de ir às compras
são os principais fatores que induzem as pessoas a atrasar dívidas.
2.2.6. Crédito
Bernanke et al. (1994) colocam que o crédito é um dos elementos mais
relevantes para o crescimento de uma economia e, assim sendo, faz jus a uma
atenção redobrada, uma vez que tem associada a aceitação de possíveis riscos para
quem o concede, proporciona consumo e investimento (STIGLITZ; WEISS, 1981).
Com a promoção do consumo, o crédito aumenta a necessidade de financiamento,
essa maior necessidade de consumir converte-se em desenvolvimento e
modernização da sociedade. O crédito trabalha melhorando o conforto e a qualidade
de vida, pois permite satisfazer necessidades pessoais e sociais (MOREIRA, 2011).
Nos últimos anos, a oferta do crédito no Brasil teve um grande crescimento,
possibilitando com isso, que muitos brasileiros realizassem seus sonhos e objetivos,
com facilidade e com mais tempo para pagar. Diante destas afirmações, confirma-se
que a função do crédito é muito relevante para o crescimento econômico do país,
porquanto eleva o poder aquisitivo e isso resulta em mais consumo, mais produção e
consequentemente mais empregos. Entretanto, conforme as orientações de Securato
(2002), é fundamental que os indivíduos estejam conscientes antes de contratar
qualquer tipo crédito, para não comprometer o orçamento familiar com dívidas e
altíssimas taxas de juros, quando não for essencial.
Como destaca Halfeld (2004), o mercado financeiro tem proporcionado
oportunidade de compra aos consumidores com condições de pagamentos de forma
34
exagerada, com isso convertendo-se posteriormente em inadimplência. O autor
aponta que quanto maior o número de parcelas disponibilizadas, também crescerá o
risco do não recebimento das aquisições por parte dos consumidores. Ele ainda
enfatiza que é importante que sempre antes de efetuar uma compra a prazo,
sobretudo se as parcelas forem longas, que seja elaborado um planejamento, e que
neste verifique-se a disponibilidade de dinheiro para a quitação de cada parcela de
acordo com o mês de vencimento.
Assim como no investimento em poupança, quando se fala em solicitar crédito,
os brasileiros são igualmente conservadores, dando preferência a pegar dinheiro
emprestado com juros pré-fixados. Essa preferência se dá em razão da possibilidade
de calcular o valor de cada prestação no ato da liberação do empréstimo (SOUSA;
TORRALVO, 2005).
A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e o SPC Brasil realizaram uma
pesquisa, em 2016, sobre “O Cenário do empréstimo no Brasil: aquisição, finalidade
e critérios de escolha”. Segundo o estudo, a escolha da modalidade de empréstimo é
realizada, preferencialmente, com base na análise das menores taxas de juros
cobradas (63,4%), existem aqueles que optam pelos menores valores das parcelas
(8,3%) e ainda, os que não podem fazer escolhas, contraindo a modalidade na qual
conseguem aprovação, independente da taxa de juros (7,8%). Com relação a
finalidade do empréstimo pessoal, quase metade dos entrevistados utilizam dessa
modalidade para o pagamento de dívidas, como outros empréstimos, cartão de crédito
e prestações (41,6%). Em seguida, o empréstimo servirá para o pagamento de contas
de uso doméstico, como aluguel, condomínio, luz, telefone, escola (15,1%), a
aquisição de bens de consumo, como eletrodomésticos (8,7%) e a compra de móveis
(7,5%).
Conforme informações do Banco Central do Brasil, no primeiro semestre de
2015 o ambiente de crédito refletiu um cenário de desaquecimento econômico, com
juros mais elevados e condições menos favoráveis, com queda no número de
empregos e redução no nível de confiança dos consumidores e dos empresários. Isso
originou redução na demanda por crédito e a aplicação de critérios de concessão mais
rígidos por parte das instituições financeiras, colaborando para reduzir a taxa de
crescimento da carteira de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN), que teve o
35
crescimento real do crédito nos bancos públicos e privados de 5,0% e -3,8%, de junho
de 2014 a junho de 2015, respectivamente.
2.2.7. Aposentadoria
Com relação ao tempo para poupar para a aposentadoria, Modigliani (1986)
apresenta algumas hipóteses do ciclo de vida, das quais induzem o indivíduo a
poupar. Com base no modelo apresentado por ele, a poupança surge do desejo
individual de manter um padrão estável de consumo ao longo da existência. Com isso,
o indivíduo apresentará uma poupança positiva durante os anos de vida produtivos, e
consequentemente, uma poupança negativa quando se aposentar. Os motivos para
poupança podem estar relacionados à acumulação para aquisição de bens, incertezas
do futuro que possam afetar o bem-estar do indivíduo e formação de uma herança
(LAHEY et al., 2003).
Na perspectiva de Hill et al. (2014) existe uma questão extremamente
importante, mas ainda impossível de ser respondida para o planejamento da
aposentadoria, que é definir o quanto de dinheiro é suficiente para se aposentar. O
Autor afirma que este número varia de pessoa para pessoa, de acordo com as suas
especificidades e planos, por isso o autor aborda brevemente os elementos básicos
que afetam esse número. Para estimar o valor necessários para se aposentar, o autor
indica que primeiro é preciso decidir quanto dinheiro o indivíduo precisa por mês para
viver e se ele está pensando em deixar algum montante para as futuras gerações.
Uma vez definido a estimativa para o custo de vida por mês, a pessoa tem que
determinar em que idade irá se aposentar e quanto tempo é provável que viva depois
da aposentadoria.
Na sequência, o Autor lembra que é preciso considerar a inflação, utilizando os
números dos últimos 20 anos que são normalmente usados como referência para
analistas de investimento. Ao final, após ter determinado o valor que o indivíduo
precisa para se aposentar, então é hora de calcular quanto é preciso economizar por
mês para alcançar esse objetivo. Quanto menor o tempo que falta para a
aposentadoria, mais terá que ser economizado por mês, uma vez que tem menos
tempo para poupar e mais tempo para usufruir.
36
Segundo dados do SPC Brasil, já de 2016, no relatório ‘O Planejamento do
Brasileiro para a Aposentadoria’, que aborda o modo como o brasileiro se prepara
para parar de trabalhar, os modelos de preparo, e também a frequência e dos valores
investidos para este acontecimento. Dos entrevistados, 74,1% afirmaram fazer
contribuição ao INSS, ou pela empresa em que trabalham ou de forma autônoma. Já
os que não a fazem esse tipo de contribuição, total de 24,7%, informam que gostariam
de fazê-la, mas não sabem por onde começar (7,9%), outros 11,3% gostariam de fazê-
la, mas não sobra dinheiro, e 5,5% dos questionados dizem que não pensam nisso
por enquanto. Outro dado que deixa claro que o brasileiro conta muito com a
aposentadoria pública, é que apenas 31,1% dos entrevistados disseram que possuem
outras formas de preparo para aposentadoria além do INSS, através de outros
investimentos: as principais formas citadas para esta preparação foram a poupança
(19,2%), a previdência privada (6,2%), imóveis (6,1%) e investimentos financeiros
(4,4%). O relatório afirma que mesmo não fazendo uma preparação adequada, o
público da pesquisa parece ter consciência das consequências da falta do
planejamento. Uma vez que, 38,8% disseram que ao não se preparar para a
aposentadoria certamente desfrutará de um padrão de vida inferior ao presente, e
26,7% responderam que terá como resultado o fato de não poder ter uma vida
tranquila na terceira idade e 13,8% mencionaram que não poderão parar de trabalhar
no futuro.
2.3. FERRAMENTAS PARA GESTÃO DAS FINANÇAS PESSOAIS
Embora não haja obrigatoriedade, por lei, para elaboração de demonstrações
contábeis para pessoas físicas, no gerenciamento das finanças pessoais elas são
extremamente relevantes para o planejamento e posterior tomada de decisão. Devem
ser elaboradas de maneira clara e objetiva, de fácil compreensão e adaptação a cada
pessoa.
37
2.3.1. Demonstrativo de Resultados Mensais
Para rastrear onde foi utilizado o dinheiro, é preciso formular um relatório onde
apareçam todas as rendas e todas as despesas mensais, ocorridas no mês anterior.
Este relatório serve para demonstrar a situação atual, e mostra detalhadamente qual
o caminho seguido pelo dinheiro, e ainda é possível usá-lo como base para projetar o
futuro, cortando ou redimensionando gastos, ou até mesmo aumentando receitas
(BITENCOURT, 2004).
Como explicado por Leone (2013), esse demonstrativo compreende e organiza
todas as atividades relacionadas ao fluxo financeiro, tanto caixa quanto
contracorrente, entradas e saídas do mês anterior, classificando-as de acordo com
sua natureza e espécie, detalhando toda a forma como o fluxo aconteceu (dinheiro,
cheque, débito em conta, cartão de crédito, etc.).
Lupaşc e Lupaşc (2012) utilizam este relatório como meio para alcançar um
orçamento equilibrado, a fim de eliminar a probabilidade de gastos maiores que as
receitas. Em uma simulação, os autores recomendam utilizar períodos anteriores (com
preferência para os últimos dois ou três meses) e assim identificar e analisar a
situação das despesas do orçamento. O objetivo é identificar os gastos
desnecessários e através dessa análise não-econômica efetuar a mitigação ou, o
ideal, eliminá-los. Sobretudo, a intenção é alcançar um ponto de equilíbrio, ou seja,
onde o nível de receitas é igual ao das despesas. Quer dizer, se não possível poupar,
mas ao menos que se tenha a certeza de que as despesas não excedam as receitas.
Os autores ainda acrescentam, por sua vez, que, é extremamente importante que
cada pessoa tente alcançar também a poupança, pois só assim poderá alcançar seus
objetivos e terá um nível mais baixo de endividamento
Conforme é possível ver no Quadro 4 - Demonstrativo de Resultados Mensais,
nas finanças pessoais, o demonstrativo de resultado é um relatório que apresenta os
valores monetários, o total de ganhos ou rendimentos, seguido dos pagamentos ou
desembolsos realizados. O resultado desta demonstração nos mostrará o fluxo de
caixa líquido, quando o resultado for positivo, logicamente, a receita foi maior do que
os desembolsos, ou o inverso, com o resultado negativo.
38
Demonstrativo de Resultados
MÊS
Real Orçado
RENDA OPERACIONAL LÍQUIDA
Salário, 13° e férias
Pró-Labore
Bônus e Comissões
Total Renda Líquida (A) 0,00 0,00
RENDA FINANCEIRA
Aluguéis
Rendimentos, Juros e Dividendos
Empréstimos de Curto Prazo de terceiros
Empréstimos de Longo Prazo de terceiros
Total Renda Financeira 0,00 0,00
RESGATES
Poupança
CDB
Títulos
Fundos
Ações
Total Resgates (C) 0,00 0,00
DESPESAS CORRENTES
Fixas
Aluguel
Condomínio
TV a Cabo
Internet
Educação (escola, universidade, etc.)
Idiomas
Academia
Plano de Saúde
Seguro de Vida
Empregadas Domésticas
Encargos de Empregadas Domésticas + Provisão 13°
Mesada dos filhos
Total Despesas Fixas (D) 0,00 0,00
Variáveis
Telefone Fixo
Telefone Celular
Energia
Alimentação (mercado, feira, padaria, etc.)
Combustível
Total Despesas Variáveis (E) 0,00 0,00
EXTRAS
Restaurante
39
Viagens (Aéreo + Hotel)
Vestuário
Lazer
Manutenção (imóveis, carros, etc.)
Saúde (por fora do plano)
Seguros
Material escolar
IPTU
IPVA + Licenciamento
Total Despesas Extras (F) 0,00 0,00
FINANCEIRAS
Juros de Empréstimos/Financiamentos de Curto Prazo
Amortização de Empréstimo/Financiamento de Curto Prazo
Juros de Empréstimo/Financiamento de Longo Prazo
Amortização de Empréstimo/Financiamento de Longo prazo
Taxas (anuidade, seguro, administração, performance, etc.)
IOF
Tarifas bancárias
Total Despesas Financeiras (G) 0,00 0,00
APLICAÇÕES
Caderneta de Poupança
CDB
Títulos
Fundos
Ações
Previdência Privada
Reaplicação de Rendimento de Caderneta de Poupança
Reaplicação de Juros de CDB
Reaplicação de Juros de Títulos
Reaplicação de Dividendos
Reaplicação de Rendimento de Ações
Empréstimos
Consórcios
Prestação de imóveis para aluguel
Total Aplicações (H) 0,00 0,00
Total Entradas 0,00 0,00
Total Saídas 0,00 0,00
Fluxo de Caixa Líquido 0,00 0,00
Quadro 4 - Demonstrativo de Resultados Mensais Fonte: (LEONE, 2013)
40
2.3.2. Balanço Patrimonial
Segundo o modelo apresentado por Leone (2013), Quadro 5 – Balanço
Patrimonial – Pessoa Física, o Balanço Patrimonial é o principal e mais útil
demonstrativo contábil que expressa a situação financeira. Ele descreve a posição
financeira, ou seja, o que você possui e o que você deve naquela determinada data.
O autor ainda informa que se trata do retrato de seus bens e obrigações, exibindo o
quão rico ou quão pobre em patrimônio a pessoa está naquele momento.
O estudo proposto por Bitencourt (2004), parte do princípio de que “tudo o que
se mede, melhora”, e com isso saber exatamente como se comporta o patrimônio
líquido pessoal é a primeira providência a ser tomada, através do balanço patrimonial
é possível realizar um levantamento minucioso do Ativo e do Passivo na data proposta
e a partir disso dar início a um planejamento financeiro pessoal, incluindo neste o
estabelecimento de metas, que serão feitas com mais clareza e precisão. Para a
elaboração desta ferramenta de gestão do patrimônio pessoal, o processo de
informação e levantamento de dados deve ser organizado e processado
ordenadamente, com base nos princípios derivados da ciência contábil.
Como definem Soares et. Al. (2011), o Balanço é a conferência da condição de
um determinado patrimônio, em certo instante, representado resumidamente em um
quadro com duas seções: ativo e passivo. Versando-se de gestão pessoal, o ativo
configura as aplicações de recursos feitas pela pessoa física em bens de capital
duráveis, como imóveis, automóveis, joias etc.; os investimentos e as aplicações
financeiras são alocados em ações, cadernetas de poupança, títulos públicos,
considerando também suas disponibilidades dinheiro, contas bancárias e valores a
receber. Já o passivo, as exigibilidades e obrigações resultam das dívidas contraídas
no patrimônio pessoal, apontando que houve captação de recursos com terceiros, no
caso de empréstimos e financiamentos, seja para capital de giro ou aquisição de bens.
É possível medir a riqueza de uma pessoa, em um determinado período, através da
diferença entre os bens e as dívidas, chamado de patrimônio líquido. Sendo assim,
quanto mais ativos e menos dívidas existirem, mais rica a pessoa será.
41
Balanço Patrimonial – Pessoa Física
ATIVO 0,00 PASSIVO 0,00
Disponibilidades Obrigações Correntes
Caixa Cartão de crédito
Conta corrente Empréstimos de Curto Prazo
Financiamentos de Curto Prazo
Provisões
Total Disponibilidades 0,00 Total Obrigações Correntes 0,00
Poupança e Investimentos Obrigações de Longo Prazo
Caderneta de Poupança Empréstimos de longo Prazo
CDB Financiamentos de Longo Prazo
Títulos de dívida
Fundos de Renda Fixa
Fundos de Renda Variável
Ações
Previdência Privada
Moeda estrangeira
Imóvel para aluguel ou venda
Empréstimos
Consórcios
Total Poupança e Investimentos 0,00 Total Obrigações de Longo Prazo 0,00
Propriedades Patrimônio líquido
Casa Total Patrimônio Líquido 0,00
Apartamento
Terreno
Fazenda
Carros
Motos
Joias
Artes
Total Propriedades 0,00
Quadro 5 – Balanço Patrimonial – Pessoa Física Fonte: (LEONE, 2013)
2.3.3. Índices para Análise da Situação Financeira
Bitencourt (2004) ainda indica análises de índices econômico-financeiros após
a apuração do resultado do Balanço Patrimonial e da análise do Resultado Mensal.
Os valores encontrados nos índices revelarão qual a verdadeira situação das finanças
pessoais. São eles: índice de liquidez, índice de cobertura das despesas mensais,
índice de endividamento e índice de poupança.
42
Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 =𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑢𝑟𝑡𝑜 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑢𝑟𝑡𝑜 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 (eq. 1)
O índice de liquidez é a medida do tempo gasto em que um Ativo pode ser
transformado em dinheiro disponível, sem perda de valor. Dinheiro em espécie,
fisicamente, é o Ativo mais líquido que existe. Todas as pessoas precisam ter sempre
ativos líquidos em seu patrimônio, uma vez que é com esse recurso que irá pagar as
despesas habituais. O ideal é que o índice de liquidez fique sempre acima de 1 (um),
isso significa que os Ativos líquidos são superiores as dívidas de curto prazo e assim
não ocorrerão dificuldades para a sua liquidação.
Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝐶𝑜𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑛𝑠𝑎𝑖𝑠 = 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑢𝑟𝑡𝑜 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜
𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑛𝑠𝑎𝑖𝑠 (eq. 2)
O Índice de Cobertura indica quanto tempo os ativos de curto prazo conseguem
cobrir as despesas mensais, uma vez que por algum motivo poderá não haver
entradas de recursos, como nos casos de desemprego ou crise econômica no país.
Halfeld (2004) adverte que para não ter que vir a depender de créditos em bancos ou
financeiras, e com isso pagar altas taxas de juros, esse indicador nunca deve ficar
menor que 6 (seis).
Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝐸𝑛𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐸𝑥𝑖𝑔í𝑣𝑒𝑙
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 (eq. 3)
Neste índice é possível saber quanto dos bens compreendidos no Ativo foram
financiados por terceiros, isto é, pelas dívidas relacionadas no Passivo Exigível.
Retrata quanto dos bens pertence à pessoa ou família. Para Halfeld (2004) índice
deve ficar o mais próximo a zero possível, especialmente no Brasil, onde as taxas de
juros são consideradas extremamente altas.
Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑃𝑜𝑢𝑝𝑎𝑛ç𝑎 = 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 𝐷𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑟
𝑅𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 (eq. 4)
Com este índice é possível identificar qual o percentual da renda total da família
ou indivíduo que sobra para investir. Conservar este índice de poupança elevado é
primordial para atingir a independência financeira.
43
2.3.4. Scorecard nas Finanças Pessoais
A ferramenta conhecida como scorecard é o mesmo que um cartão de
pontuação. Dentro da área financeira, em uma metodologia específica, serve como
um bilhete de identidade que indica o risco de crédito que um determinado devedor
apresenta, tendo por base um conjunto de variáveis conceituadas explicativas. Como
exposto por Siddiqi (2006), estas variáveis são apresentadas de várias maneiras,
como informações demográficas, dados do setor imobiliário, fatos da relação existente
com as instituições, bases de agências de referência, etc. Para tanto, para cada
variável considerada lhe é conferida uma determinada pontuação (score), pontuação
esta resultado de análises estatísticas que consideram a resistência, a correlação e
outros fatores, portanto, o scorecard é o resultado da soma das pontuações (score)
aplicadas a cada variável.
2.3.4.1. Scorecard de Risco de Crédito
Os modelos de mensuração de risco de crédito surgiram da necessidade de
quantificar o risco de determinado título ou do seu emitente, e têm indicadores cruciais,
implícitos, que determinam a probabilidade do não cumprimento do acordo financeiro,
que se transformará em uma nota, em uma classificação (SAUNDERS; ALLEN, 2010).
Caouette et al., (2008) ainda observam que os modelos de mensuração de risco
permitem mais do que a quantificação do risco, permitem também reforçar a cultura
de crédito, melhoram a definição do pricing associado ao risco assumido e melhoram
também a gestão da carteira de ativos, gerando assim mais eficiência na alocação do
capital.
Medina e Selva (2012) destacam que, no caso específico das pessoas físicas,
é ainda mais difícil elencar todas as variáveis necessárias para efetuar a medição do
risco de financiamento. Consoante a isso, Abdou e Pointon (2011) afirmam que não
há um número ideal de variáveis para analisar risco de crédito, independente do
modelo de mensuração de risco usado, ou até mesmo por questões de proteção de
informação das pessoas e dos seus dados.
Neste assunto, os EUA foram os primeiros a desenvolver um modelo de
avaliação e previsão de risco, tanto para pessoas jurídicas como também para
44
pessoas físicas – em 1989, criado pela Fair Isaac Company (FICO) e chamado por
FICO Score (FICO, 2016a). Uma metodologia que rapidamente se tornou uma
importante ferramenta de gestão de risco (FICO, 2016b), tanto para as instituições
financeiras, que puderam analisar seus clientes, quanto para os próprios particulares,
os quais viram na sua mensuração de risco uma ferramenta facilitadora na relação
com as instituições financeiras (LYONS et al., 2007). Atualmente a FICO é
considerada uma das 25 melhores empresas de tecnologia de ponta para serviços
financeiros pelo 10º ano consecutivo, conforme o FinTech 100. A própria Fair Isaac
Company, justifica o mérito da mensuração dirigida a pessoas físicas, pois, segundo
ela, há a realização da concessão de empréstimos mais justos, devido a facilidade de
compreensão pelos reguladores, que promove também o cumprimento dos padrões
definidos, se adapta as mudanças regulatórias e, ainda por cima, é mais transparente
no tocante às variáveis que estão contidas.
Contudo, a FICO não é a única organização que se dedica a mensuração de
risco direcionada a pessoas físicas. A VantageScore Solutions, outra organização do
segmento, criou o seu próprio modelo de avaliação, tendo como objetivo preencher
as limitações apontados ao modelo desenvolvido pela FICO, entre as inovações,
trouxe a exigência de uma linha de crédito aberta há pelo menos seis meses.
As duas organizações realizam suas metodologias de forma distinta,
principalmente quanto ao tratamento dos dados, ao histórico de crédito e aos tipos de
crédito. O modelo proposto pela VantageScore foi apresentado em 2006, resultado do
trabalho em conjunto da Equitax, Experien e TransUnion, com o objetivo de criarem
uma solução mais avançada de mensuração de crédito, com critérios e ponderações
diferentes, com uma maior padronização quando comparado ao FICO score
(HENRIQUES, 2014).
Burns (2010) aponta que uma das vantagens do VantageScore é a
possibilidade de fornecer uma avaliação para um grande número de consumidores,
que antes eram excluídos por apresentar histórico de crédito insuficiente. A versão
mais atual do modelo VantageScore é a 3.0, surgiu após a necessidade de adaptação,
resultado da crise de 2007, na qual se espera que esta última atualização amplie a
precisão do modelo anterior, uma vez que sua base de dados tem maior qualidade e
quantidade.
45
A avaliação desenvolvida pela FICO divide as variáveis em cinco grupos,
enquanto a VantageScore 3.0 caracteriza-se por seis grupos, dando-lhes também
ponderações distintas, conforme quadro a seguir:
FICO score VantageScore 3.0
Histórico de pagamentos 35% Histórico de pagamentos 40%
Montante em dívida 30% Montante em dívida relativamente ao limite de crédito
20%
Histórico de cumprimento de crédito
15% Antiguidade, tipos de crédito e respetivos históricos
21%
Outros fatores (tipos de crédito em uso e quantidade)
10% Saldos atuais e históricos 11%
Créditos recentes 10% Créditos recentes 5% Valor de crédito disponível 3%
Quadro 6 – Componentes e pesos das variáveis do FICO Score e VantageScore Fonte: Adaptado de FICO (2015) e VANTAGESCORE (2013)
As principais diferenças entre as formas de avaliação, FICO e VantageScore
3.0, estão relacionadas aos pesos das variáveis que as compõem, e também nas
variáveis que incluem. Para o FICO score, o montante de dívida está para o peso de
30%, já a VantageScore 3.0 pondera o total de dívida em comparação ao limite de
crédito do devedor, com um peso inferior ao FICO score, de 20%. Os créditos recentes
também têm um peso maior na metodologia FICO, 10%, e na VantageScore 3.0, 5%.
A variável nova, apresentada na metodologia VantageScore 3.0 é a variável valor de
crédito disponível, com peso de 3%, esta não está incluída na FICO. Conforme
apresentado na Figura 1 – Componentes e pesos das variáveis do FICO Score e
VantageScore.
Em relação ao Score, a escala usada pela FICO vai de 300 a 850 pontos,
conforme maior ou menor risco de crédito (FICO, 2015), e na escala desenvolvida
pela VantageScore Solutions, nos primeiros modelos apresentavam-se uma escala
de 501 a 990 - versões (1.0 e 2.0), e de 300 a 850 na sua última versão (3.0).
46
Figura 1 – Componentes e pesos das variáveis do FICO Score e VantageScore
Fonte: Adaptado de (FICO, 2015) e (VANTAGESCORE, 2013)
2.3.4.2. Scorecard para Análise da Situação Financeira
Kohl e White (1998) apresentam um modelo desenvolvido por eles onde o
próprio indivíduo analisa sua situação, o Personal Finance Scorecard: Your Annual
Check. Segundo os autores, funciona como uma espécie de semáforo, no qual,
durante a análise, uma luz verde representa uma pontuação entre 8 e 10, que
geralmente indica uma situação confortável, de estabilidade financeira. Quando uma
luz amarela aparece, entre o intervalo de 4 a 7 pontos, normalmente denota um ponto
fraco que precisa de uma ação corretiva. Já para uma pontuação de 0 a 3, há a
necessidade de ação corretiva imediata, pois há grandes problemas financeiros em
curso. Conforme Figura 2 – Modelo Personal Finance Scorecard: Your Annual Check.
47
Figura 2 – Modelo Personal Finance Scorecard: Your Annual Check
Fonte: KOHL; WHITE (1998)
Para se chegar ao resultado apresentado na Figura 3 – Modelo Personal
Finance Scorecard: Your Annual Check, a própria pessoa responde ao questionário
apresentado no Quadro 7 – Critérios para o Checkup.
48
Fundo de emergência (inclui todos os ativos de dinheiro que poderiam ser transformados em dinheiro rapidamente, sem interromper o seu estilo de vida normal.)
Vermelho (0-3): sem reserva de dinheiro disponível para emergências financeiras
Amarelo (4-7): 1 a 3 meses de renda em dinheiro disponível, como reserva para emergências financeiras
Verde (8-10): 3 a 8 meses de renda em dinheiro disponível, como reserva para emergências financeiras
Dívida de cartão de crédito
Vermelho (0-3): desequilíbrio, utilizando mais 15% da renda
Amarelo (4-7): equilíbrio, utilizando entre 5% e 15% da renda
Verde (8-10): equilíbrio com estabilidade, utilizando menos de 5% da renda
Dívida de consumo das famílias (excluindo a dívida de cartão de crédito; incluindo carro, eletrodomésticos, dívida de taxa de matrícula de faculdade e todos pagamentos a família ou amigos.)
Vermelho (0-3): pagamentos que usam mais de 15% da renda
Amarelo (4-7): pagamentos que usam entre 5% e 15% da renda
Verde (8-10): pagamentos que usam menos de 5% da renda
Dívida hipotecária do conjunto familiar
Vermelho (0-3): pagamentos que usam mais de 30% da renda
Amarelo (4-7): pagamentos que usam entre 15% e 30% da renda
Verde (8-10): pagamentos que usam menos de 15% da renda
Histórico de crédito
Vermelho (0-3): numerosas inadimplências, reintegração de posse no registro ou falência
Amarelo (4-7): uma inadimplência sobre a dívida
Verde (8-10): adimplente em todos os pagamentos, não há falência
Poupanças e investimentos (incluindo ações, obrigações, fundos mútuos)
Vermelho (0-3): nenhum investimento atual, com algumas retiradas dos investimentos de longo prazo
Amarelo (4-7): economiza entre 1% e 5% da renda
Verde (8-10): economiza 5% ou mais de renda
Plano de aposentadoria contribuições
Vermelho (0-3): não há contribuições de planos atuais, e há algumas retiradas de investimentos a longo prazo
Amarelo (4-7): economiza entre 1% e 5% da renda
Verde (8-10): economiza 5% ou mais de renda
Seguros (os níveis de idade, renda e objetivos resultam em diferentes escalas no scorecard)
Vermelho (0-3): nenhum seguro ou planejamento de aquisição de seguro
Amarelo (4-7): alguma modalidade de seguro, mas não é um plano abrangente
Verde (8-10): plano abrangente incluindo plano de saúde, vida, invalidez, responsabilidade, grupo familiar, cuidados de saúde a longo prazo, entre outros.
Planejamento patrimonial a longo prazo
Vermelho (0-3): sem plano, sem intenção de realizá-lo, sem plano de sucessão
Amarelo (4-7): será desenvolvido, mas falta conhecimento e registro
Verde (8-10): testamentos, plano de sucessão registrado, atualização a cada 5 anos
Planejamento financeiro
Vermelho (0-3): não há plano formal com metas, objetivos e indicadores
Amarelo (4-7): plano parcial, sem componentes significativos
Verde (8-10): plano escrito com metas, objetivos e indicadores, e com atualização a ser realizada a cada 5 anos
Quadro 7 – Critérios para o Checkup Fonte: Adaptado de (KOHL; WHITE, 1998)
49
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1. TIPO DE PESQUISA
Quanto a natureza, este trabalho apresenta característica de pesquisa
aplicada, uma vez que esta objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática
dirigidos à solução de problemas específicos. Apresenta caráter exploratório, dado
que tem como finalidade proporcionar mais informações sobre o assunto o qual possui
poucos estudos neste país, e também a abordagem quantitativa, pois irá classificar e
analisar as informações obtidas utilizando técnicas estatísticas (PRODANOV;
FREITAS, 2013).
Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, para montar o referencial teórico
foi realizada uma pesquisa bibliográfica, constituída principalmente de livros,
publicações científicas disponíveis em bases virtuais, e pesquisas publicadas por
órgãos de renome da área de finanças, com o objetivo de compreender o material já
escrito sobre o assunto do trabalho. Já para o levantamento dos dados, foi realizada
uma pesquisa de campo com o objetivo de conseguir informações e conhecimentos
acerca do problema para o qual se procura a resposta, a criação de um método com
seus indicadores.
3.2. UNIVERSO/AMOSTRA
O universo desta pesquisa é formado por consultores de finanças pessoais
atuantes no Brasil. A amostra foi definida por acessibilidade e contou com 28
consultores, e um total de 17 respondentes. O grupo dos respondentes é composto
por profissionais certificados pelo Planejar, antigo IBCPF - Instituto Brasileiro de
Certificação de Profissionais Financeiros, por professores doutores em finanças
pessoais e profissionais do BACEN - responsáveis pela área de finanças pessoais.
3.3. VARIÁVEIS DO ESTUDO
As variáveis do estudo são os subitens das despesas, receitas, ativo, passivo,
entre outros itens, conforme Quadro 8.
50
ITEM DESCRIÇÃO DO ITEM
1 Renda operacional líquida Tem como objetivo registrar toda entrada de caixa derivada de um esforço laboral.
2 Renda financeira ou passiva
Tem como objetivo registrar toda entrada de caixa derivada da valorização ou do uso de seus ativos financeiros, como aluguéis de imóveis de sua propriedade, rendimentos de aplicações, juros de empréstimos e de títulos de dívida, dividendos de ações, entre outros, e também dos empréstimos tomados pelo indivíduo.
3 Resgates Tem como objetivo registrar toda entrada de caixa derivada de resgates de aplicações financeira.
4 Despesas correntes Tem como objetivo registrar toda saída de caixa. É composta por despesas fixas, variáveis, extras e financeiras.
5 Aplicações Tem como objetivo registrar toda saída de caixa que no futuro será uma nova entrada de caixa ou à aquisição de um ativo financeiro.
6 Disponibilidades São os ativos líquidos, ou que podem ser transformados em disponibilidade imediata, normalmente sem rendimento associado.
7 Poupança e investimentos São ativos que geram ganhos financeiros, com entradas de caixa únicas, periódicas ou não-periódicas.
8 Propriedades São ativos para usufruto próprio, sem finalidade financeira, prezando apenas pela qualidade de vida do proprietário.
9 Obrigações correntes São as dívidas com vencimento menor que um ano, caracterizadas pelo curto prazo.
10 Obrigações de longo prazo São as dívidas com vencimento maior que um ano, caracterizadas pelo longo prazo.
11 Patrimônio líquido É a representação do valor que determinada pessoa tem em certo momento, é o resultado do ativo menos o passivo.
12 Índice de liquidez É a medida do tempo gasto em que um ativo pode ser transformado em dinheiro disponível, sem haver perda de valor.
13 Índice de cobertura das despesas mensais
Indica quanto tempo os ativos de curto prazo conseguem cobrir as despesas mensais.
14 Índice de endividamento É o indicador de quanto dos bens compreendidos no ativo foram financiados por terceiros, ainda não foram pagos completamente.
15 Índice de poupança Identifica o percentual da renda total do indivíduo que sobra para investir.
16 Caixa mensal É uma ferramenta de controle das transações periódicas do indivíduo, entre a renda - entradas de caixa, e seus gastos - saídas de caixa.
17 Investimentos É a aplicação de recursos, tanto em dinheiro como a títulos de crédito, capaz de trazer um retorno futuro maior do que o aplicado inicialmente.
18 Patrimônio São os bens e direitos de valor econômico pertencentes a uma pessoa.
19 Proteção
É o planejamento traçado para proteger financeiramente o consumidor, tem como objetivo diminuir o impacto econômico com os previstos e/ou imprevistos fenômenos da economia e da vida.
20 Dívidas São compras, financiamento e/ou empréstimos ainda sem pagamento, em atraso ou não.
21 Crédito É a forma de obter recursos para atender a alguma necessidade, assumindo uma promessa de pagamento, com vencimento posterior a data da transação.
22 Aposentadoria Planejamento realizado para parar de trabalhar.
Quadro 8 – Itens geradores de variáveis Fonte: elaborado pela autora
51
3.4. COLETA DE DADOS
3.4.1. Plano de Coleta de Dados
A coleta dos dados, que fundamentou o método proposto, foi realizada através
do envio de planilhas do Excel via e-mail aos consultores, caracterizando assim uma
pesquisa de campo. A lista de e-mails desses profissionais para o envio dos
formulários foi obtida via network e da homepage do IBCPF.
Foi realizado um pré-teste do formulário I, no período de 09 a 28 de fevereiro
de 2017. Esse pré-teste foi enviado a 10 consultores, e 06 responderam.
O formulário I, versão final – com a avaliação das correções e inclusões
sugeridas no pré-teste, foi enviado aos consultores em 06 de março de 2017, com
período de resposta até 10 de março de 2017. O formulário II foi encaminhado aos
consultores em 13 de março de 2017, com período de resposta até 17 de março de
2017.
Ambos os formulários foram enviados a um total de 28 consultores, a mesma
lista de e-mails, no entanto, houve consultores que responderam os dois formulários,
como houve casos que responderam apenas um dos formulários, totalizando 17
respondentes, sendo que cada formulário recebeu 10 respostas.
3.4.2. Instrumento de Pesquisa
Como instrumento de coleta, foram enviados ao público da pesquisa
formulários em planilhas do Excel. Nestes formulários, encontram-se os indicadores,
apresentados no Quadro 9 – Indicadores, que foram desenvolvidos com base em
cálculos originados dos subitens de despesas, receitas, balanço patrimonial,
demonstrativos de resultados, e etc. e as perspectivas, apresentadas no Quadro 10 –
Perspectivas, que foram criadas com base em interpretações de aspectos financeiros.
Cód. Indicadores
1 (Obrigações Correntes + Obrigações de Longo Prazo) / Ativo Total
2 Patrimônio Líquido / Ativo Total
3 Disponibilidades / Ativo Total
4 (Renda Passiva – Despesas Financeiras) / Ativo Total
5 Passivo Circulante / Receita Total
52
6 (Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo + Investimentos de Longo Prazo) / (Obrigações de Curto Prazo + Obrigações de Longo Prazo)
7 (Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo) / Despesas Mensais
8 (Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo) / Obrigações Correntes
9 Propriedades / Patrimônio Líquido
10 Despesa Total / Receita Total
11 Obrigações de Longo Prazo / Receita Corrente Líquida
12 Receita / N° de Dependentes
13 Valor da Apólice de Seguro / N° de Dependentes
14 Valor da Apólice de Seguro / Idade
15 (Ativo Total / Obrigações De Curto Prazo) / 12
16 Saldo de Contribuição para a Aposentadoria / Idade
17 Valor da Apólice de Seguro / Patrimônio Líquido
18 Valor de Crédito Pré-Aprovado / Patrimônio Líquido
19 (Dias de Atraso No Pagamento X N° De Títulos com Pagamento Atrasado) / 365
20 Valor do Prêmio Pago / Patrimônio Líquido
21 Receita Passiva / (Despesas Essenciais + Despesas Importantes)
22 Receita Passiva / (Despesas Essenciais + Despesas Importantes + Despesas Supérfluas)
23 Despesas com Dívidas / Renda Total
24 Despesas Supérfluas / Renda Total
25 Dívidas de Consumo / Renda Total
26 (Renda Total - (Despesas Essenciais + Despesas Importantes)) / Renda Total
27 Contribuição Anual para a Aposentadoria / Renda Bruta Anual
28 Ativo Financeiro de Curto Prazo / Ativo Total Quadro 9 – Indicadores
Fonte: elaborado pela autora
Perspectivas
Aposentadoria
Caixa Mensal
Crédito
Dívidas
Investimentos
Patrimônio
Proteção Quadro 10 – Perspectivas
Fonte: elaborado pela autora
No formulário I, conforme Apêndice B: Formulário I – Indicadores x
Perspectivas, foi solicitado ao público que relacionasse cada indicador proposto a uma
ou mais perspectiva, marcando um "X" na célula que representasse a relação,
podendo escolher mais de uma perspectiva por indicador, ou nenhuma, quando achar
o indicador irrelevante.
53
Em um segundo momento, foi enviado o formulário II, ao mesmo público. O
formulário II é o resultado da análise do formulário I, uma vez que, já foi configurado
conforme indicação da relação entre indicadores e perspectivas. Neste formulário o
público indicou um determinado peso de ponderação, em uma escala de 1 a 10, para
cada indicador e para cada perspectiva relacionada.
Foi informado aos consultores que, para a sugestão dos pesos fosse
considerando um cenário de uma família de classe média no padrão brasileiro, os pais
e dois filhos. Segundo o Censo 2010 divulgado pelo IBGE – Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, uma família de classe média – também conhecida como
classe C – é composta por 4 pessoas e possui renda de, na época, R$ 3.060,00 até
R$ 7.650,00.
3.5. TRATAMENTO DOS DADOS
Após a coleta dos dados realizada através do envio dos formulários via e-mail,
os dados foram salvos, agrupados e organizados em planilhas eletrônicas que
geraram tabelas dinâmicas para serem analisadas.
O pré-teste contava com 29 indicadores e mais 5 espaços para sugestões,
conforme Apêndice A: Formulário de pré-teste. Na análise das respostas recebidas
no pré-teste foram comparadas as sugestões com os indicadores existentes e
realizadas as adaptações relevantes, como inclusão, exclusão e modificação de
nomenclatura dos indicadores, o que resultou em 28 indicadores finais.
No formulário I, cada indicador foi relacionado a uma ou mais perspectiva. Para
efeito de análise, foi definido a utilização do Percentil 90 como limite, com o objetivo
de trabalhar com a parte mais significante das sugestões. Essa análise originou o
formulário II.
No formulário II os dados foram tabulados e realizados os cálculos de
estatística descritiva, já que o peso do indicador e das perspectivas são iguais a média
dos valores sugeridos pelos consultores. Na fase da análise dos dados obtidos no
Formulário II foram desconsiderados os indicadores com média de pesos inferiores a
7 (sete), pois considerou-se de baixa representatividade. Conforme modelos de
formulários e resumo das respostas apresentados nos apêndices deste trabalho.
54
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
A presente seção está organizada em quatro partes. Primeiramente, são
apresentadas as perspectivas, juntamente com as suas ponderações. Em seguida, a
seleção dos indicadores relacionados a suas respectivas perspectivas, já com as suas
devidas ponderações. Posteriormente, são apresentados os valores de referência
para cada indicador. E para finalizar, são apresentadas as fórmulas que serão
utilizadas para calcular o desempenho na gestão das finanças pessoais.
4.1. DEFINIÇÃO E PONDERAÇÃO DAS PERSPECTIVAS
As perspectivas são espécies de categorias, formadas com base em operações
financeiras, agrupamento de situações. Foram escolhidas sete perspectivas para
serem analisadas, que são as mais comuns em termos de avaliação financeira. Sendo
possível aplicar em maiores situações, diferente de tributação e sucessão, por
exemplo, que são casos mais específicos.
Analisando os dados da tabela abaixo é possível observar que a variação de
pesos entre as perspectivas foi pequena, menor que um ponto, quando a escala era
de 1 a 10 pontos, de forma que isso pode ser entendido pela convergência existente
entre elas, a ação realizada dentro de uma perspectiva pode comprometer
diretamente as outras perspectivas.
Tabela 1 – Ponderação das perspectivas
Perspectivas Pesos
Aposentadoria 7,9
Caixa Mensal 7,9
Crédito -
Dívidas 7,1
Investimentos 7,6
Patrimônio 7,3
Proteção 7 Fonte: elaborado pela autora
55
Essa ideia de convergência pode ser confirmada pelo entendimento de
planejamento financeiro pessoal, destacado por Sousa e Torralvo (2005), no qual os
autores afirmam que com o controle do fluxo de caixa (Caixa Mensal) é possível gerar
poupança (Investimento) que dará suporte em problemas inesperados (Proteção) e
ainda servirá como garantia para o futuro (Aposentadoria).
As perspectivas que apresentaram maior pontuação foram Caixa mensal e
Aposentadoria. Continuando na linha de pensamento dos autores, Sousa e Torralvo
(2005), essas perspectivas representam, respectivamente, o início e o fim do
planejamento financeiro pessoal.
Não é possível fazer uma comparação estatística com outros trabalhos, uma
vez que não se tem conhecimento de uma análise similar.
4.2. SELEÇÃO E PONDERAÇÃO DOS INDICADORES
Os indicadores são operações financeiras, que através da análise isolada ou
de combinação de indicadores, é possível verificar determinada situação financeira.
Conciliando as respostas, tanto do Formulário I - o qual solicitava que fossem
relacionados os indicadores as suas respectivas perspectivas, quanto do Formulário
II, que solicitava aos consultores que atribuíssem pesos tanto para os indicadores,
quanto para a perspectiva aos quais estão relacionados, o que resultou na Tabela 2.
Para o Formulário I foi utilizado o Percentil 90 para selecionar os indicadores
que deram origem ao Formulário II. Na análise das respostas do Formulário II, não
foram considerados os indicadores que receberam, na média, peso inferior a 7 (sete),
considerados com baixa representatividade.
Tabela 2 – Seleção e ponderação dos indicadores
Perspectiva Indicadores / Peso
Aposentadoria Contribuição Anual para a Aposentadoria / Renda Bruta Anual
7,2
Saldo de Contribuição para a Aposentadoria / Idade 7,0
Caixa Mensal
(Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo) / Despesas Mensais
8,0
(Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo) / Obrigações Correntes
7,8
Despesa Total / Receita Total 9,0
56
Despesas Supérfluas / Renda Total 7,4 Receita Passiva / (Despesas Essenciais + Despesas Importantes + Despesas Supérfluas)
8,3
Receita Passiva / (Despesas Essenciais + Despesas Importantes)
8,0
Dívidas
(Dias de Atraso no Pagamento x N° de Títulos com Pagamento Atrasado) / 365
8,2
(Obrigações Correntes + Obrigações de Longo Prazo) / Ativo Total
9,0
Despesas com Dívidas / Renda Total 9,1
Investimento
(Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo + Investimentos de Longo Prazo) / (Obrigações de Curto Prazo + Obrigações de Longo Prazo)
7,7
Disponibilidades / Ativo Total 8,2
Patrimônio Líquido / Ativo Total 7,7
Propriedades / Patrimônio Líquido 7,2
Patrimônio
(Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo + Investimentos de Longo Prazo) / (Obrigações de Curto Prazo + Obrigações de Longo Prazo)
8,4
Patrimônio Líquido / Ativo Total 8,5
Propriedades / Patrimônio Líquido 8,2
Proteção Valor da Apólice de Seguro / N° de Dependentes 7,4
Valor da Apólice de Seguro / Patrimônio Líquido 7,5 Fonte: elaborado pela autora
Na perspectiva Aposentadoria, pode se dizer que o fator chave é a “contribuição
para aposentadoria”, pois o termo se faz presente nos dois indicadores escolhidos,
seja essa para pública ou privada. Ou ainda mais, pode ser considerado como
“contribuição para aposentadoria” qualquer investimento que o indivíduo tenha
determinado para uso exclusivo nesta etapa da vida. Nos estudos de Hill et al. (2014),
o autor aponta que para o planejamento da aposentadoria são necessários alguns
elementos básicos como: quanto de dinheiro o indivíduo vai precisar por mês após se
aposentar, com que idade pretende se aposentar e quanto tempo é provável que viva
após a aposentadoria.
Através da análise do indicador Saldo de Contribuição para a Aposentadoria /
Idade é possível ter uma noção de quanto tempo e de que montante falta para a
aposentadoria planejada, quanto já foi economizado e quanto ainda falta economizar,
além do tempo médio para usufruir dos benefícios. No Score para análise da situação
financeira apresentado por Kohl e White (1998), é preciso economizar 5% ou mais da
renda para acender a luz verde, que indicar uma situação confortável. Esta situação
57
pode ser medida utilizando o indicador Contribuição Anual para a Aposentadoria /
Renda Bruta Anual.
A perspectiva Caixa Mensal serve para medir uma das principais dificuldades
da população brasileira apontada pelos autores Sousa e Torralvo (2005), que é a
disparidade entre receitas e despesas, além do elevado consumismo e a baixa
tendência a poupar. Os indicadores (Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo)
/ Despesas Mensais e (Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo) / Obrigações
Correntes são indicadores de liquidez, de cobertura de despesas mensais, são o
espelho do caixa mensal, com o uso deles é possível saber a capacidade de
pagamento imediata.
Ainda na mesma perspectiva, através do conjunto de indicadores é possível
avaliar o cenário e traçar as alternativas, sejam elas aumentar a renda, reduzir
despesas, criar reservas através de poupança e/ou investimentos e realizar os
objetivos. Os indicadores Receita Passiva / (Despesas Essenciais + Despesas
Importantes) e Receita Passiva / (Despesas Essenciais + Despesas Importantes +
Despesas Supérfluas) mensuram o grau de independência e liberdade financeira,
sendo esta última a fase a mais almejada financeiramente falando. O indicador
Despesas Supérfluas / Renda Total pode mostrar o nível de consumismo, que pode
resultar em inadimplemento e dívidas ou também na perda da oportunidade de
investimento.
A perspectiva Crédito foi eliminada nos critérios de avaliação estatística para
seleção de indicadores. Contudo, o crédito pode ser avaliado considerando os
indicadores presentes nas perspectivas Dívidas, Caixa Mensal e Patrimônio, uma vez
que há uma relação estreita entre essas perspectivas. Na relação crédito e dívidas,
Halfeld (2004) afirma que alguns créditos, no mercado financeiro, proporcionam
condições de pagamento de forma exagerada, e isso poderá se tornar inadimplência
posteriormente. Na relação crédito e caixa mensal, o autor lembra da necessidade de
verificar se há disponibilidade de dinheiro para quitar as parcelas mensais do acordo.
A “sociedade do consumo”, considerado um problema de ordem social por
alguns especialistas, é responsável por criar a necessidade de adquirir novos bens de
consumo e impulsionar as pessoas a endividar-se. O indicador (Obrigações Correntes
+ Obrigações de Longo Prazo) / Ativo total, presente na perspectiva Dívida, permite
que seja medido o grau de endividamento, ou seja, o total da dívida em relação aos
58
direitos. Na ferramenta FICO, o grupo “Montante em dívida” tem a segunda maior
representação do score, corresponde a 30% do total da avaliação do indivíduo.
Os indicadores (Dias de atraso no pagamento x n° de títulos com pagamento
atrasado) / 365 e Despesas com Dívidas / Renda Total também indicam o
comprometimento com dívidas, sendo que o primeiro pode ser usado também na
avaliação da liberação de crédito futuro, pois identifica o histórico de pagamento da
pessoa. Na metodologia VantageScore 3.0, esse grupo representa 40% da pontuação
da avaliação, sendo o mais alto quesito a ser considerado pela organização; e o
segundo indicador é uma foto da situação de fluxo de caixa, do quanto da renda está
sendo destinado para pagamento de dívidas.
Os indicadores recomendados para a perspectiva Patrimônio estão
contemplados dentro da perspectiva Investimento, o que demonstra a convergência
das duas perspectivas. Tanto que Lizote et al. (2012) apresentam um conceito mais
amplo sobre investimentos, os autores afirmam que dentro do conceito de
investimento cabe também aplicação em bens, aquisição de veículos, terrenos e
imóveis – originalmente patrimônio, quando para uso do dia a dia – desde que junto a
eles venha a possibilidade de lucro, ou seja, que se aplique os recursos e futuramente
possa recapturá-los com ganhos e reinvesti-los novamente.
Entre os indicadores sugeridos comum as duas perspectivas, o Patrimônio
Líquido / Ativo Total afere a parcela dos ativos financiada com recursos próprios, mede
quanto realmente o indivíduo possui, a sua riqueza. Com outro indicador, o
(Disponibilidades + Investimentos de curto prazo + Investimentos de Longo Prazo) /
(Obrigações de curto prazo + Obrigações de Longo Prazo) é possível demonstrar a
relação dos direitos com as dívidas, quantas vezes é possível quitar as dívidas com o
que possui, ou não. Já com o indicador Propriedades / Patrimônio líquido identifica
quanto da riqueza está imobilizada, dependendo do perfil do investidor esse indicador
irar orientá-lo para diversificar o investimento.
Na perspectiva Proteção a relação mais forte entre os indicadores sugeridos é
o valor da apólice de seguro, presente nos dois indicadores sugeridos. Quando
associado ao N° de dependentes, vem confirmar as considerações de Hill et al. (2014),
nas quais os autores apresentam que o seguro de vida pode ser usado como
estratégia de investimento ou como proteção familiar após a morte. Na lista de critérios
para o Checkup Financeiro, de Kohl e White (1998), para estar em uma situação
59
confortável, é preciso que o grupo de seguros seja mais abrangente, inclua plano de
saúde, vida invalidez, grupo familiar, entre outros.
Existe uma relação entre todas as perspectivas, uma interseção, que
impossibilita a análise isoladamente. Confirma-se esse evento observando que há
indicadores sugeridos comuns a mais de uma perspectiva.
É possível perceber pesos diferentes para os indicadores que se apresentam
em mais de uma perspectiva. Isso acontece, pois, o peso foi estimado na relação
indicador x perspectiva, e esse mesmo indicador assume uma diferente característica
– importância – dentro das diferentes perspectivas.
4.3. VALORES DE REFERÊNCIA
Valores de referência são valores indicados pela literatura e sugeridos pela
Autora, como sendo o resultado satisfatório de uma operação. Conforme Tabela 3 –
Valores de referência.
Alguns indicadores apresentam valores de referência que podem ser aplicados
a qualquer situação. No entanto, outros são muito específicos, como os que
apresentam como valor de referência o termo “variável”, e podem variar de acordo
com os objetivos e condições das pessoas.
Tabela 4 – Valores de referência
Perspectivas Indicadores Valor de
Referência Fonte
Aposentadoria
Contribuição Anual para a Aposentadoria / Renda Bruta Anual
>= 10% Sugestão da Autora
Saldo de Contribuição para a Aposentadoria / Idade
Variável -
Caixa Mensal
(Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo) / Despesas Mensais
>= 6 Bitencourt (2004)
(Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo) / Obrigações Correntes
>= 1
Bitencourt (2004); Brito e Assaf Neto (2008); Guimarães e Alves (2009)
Despesa Total / Receita Total <=80% Guimarães e Alves (2009)
60
Despesas Supérfluas / Renda Total <= 20% Sugestão da Autora
Receita Passiva / (Despesas Essenciais + Despesas Importantes + Despesas Supérfluas)
>= 1 Sugestão da Autora
Receita Passiva / (Despesas Essenciais + Despesas Importantes)
>= 1 Sugestão da Autora
Dívidas
(Dias de Atraso no Pagamento x N° de Títulos com Pagamento Atrasado) / 365
=0 Kohl e White (1998)
(Obrigações Correntes + Obrigações de Longo Prazo) / Ativo Total
<= 1
Bitencourt (2004); Brito e Assaf Neto (2008)
Despesas com Dívidas / Renda Total <= 30% Kohl e White (1998)
Investimento
(Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo + Investimentos de Longo Prazo) / (Obrigações de Curto Prazo + Obrigações de Longo Prazo)
>= 1 Sugestão da Autora
Disponibilidades / Ativo Total <= 1 Sugestão da Autora
Patrimônio Líquido / Ativo Total <= 10%
Brito e Assaf Neto (2008); Guimarães e Alves (2009)
Propriedades / Patrimônio Líquido >= 70% Brito e Assaf Neto (2008)
Patrimônio
(Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo + Investimentos de Longo Prazo) / (Obrigações de Curto Prazo + Obrigações de Longo Prazo)
>= 1 Sugestão da Autora
Patrimônio Líquido / Ativo Total <= 1
Brito e Assaf Neto (2008); Guimarães e Alves (2009)
Propriedades / Patrimônio Líquido >= 70% Sugestão da Autora
Proteção
Valor da Apólice de Seguro / N° de Dependentes
Variável -
Valor da Apólice de Seguro / Patrimônio Líquido
>= (Obrigações de curto prazo +
Obrigações de longo prazo) /
Patrimônio Líquido
Sugestão da Autora
Fonte: elaborado pela autora
O valor de referência do indicador Saldo de Contribuição para a Aposentadoria
/ Idade é muito particular. Deve ser analisado caso a caso. Pois o termo Contribuição
para a Aposentadoria deve ser considerado não apenas as contribuições realizadas
61
para a previdência, seja ela pública ou privada, mas também as contribuições que a
pessoa pensou em usar somente na aposentadoria, como investimentos, por
exemplo.
Outro indicador muito particular é o Valor da Apólice de Seguro / N° de
Dependentes, neste é preciso considerar o padrão de vida que a pessoa deseja deixar
para os seus dependentes. Assim como que tipo de apólice pode ser contratada
dentro da sua realidade financeira.
Embora o indicador (Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo) /
Despesas Mensais não tenha atingido o quantitativo mínimo de sugestões para ser
considerado como de Proteção, se ponderarmos a ideia de Halfeld (2004) que para
não ficar na dependência de créditos em bancos ou financeiras, em caso de
desemprego – por exemplo, e assim pagar altas taxas de juros, esse indicador nunca
deve ficar menor que 6 (seis). Ou seja, 6 (seis) seria a quantidade de meses que
conseguiria manter seus pagamentos sem fonte de renda. Com essa ideia, o indicador
será considerado também na perspectiva de Proteção,
4.4. NOTA GERAL EM GESTÃO DE FINANÇAS PESSOAIS
Após realizar o levantamento das informações financeiras, é possível calcular
o desempenho na gestão das finanças pessoais realizando os seguintes cálculos:
Passo 1: Para calcular a nota de cada indicador i, em cada perspectiva, usa-se
a fórmula:
𝑁𝑖 =𝑉𝐴𝑖−𝑉𝐵𝑖
𝑉𝑀𝑖−𝑉𝐵𝑖 (eq. 5)
Onde VA é o valor atual do indicador, VB é o valor base e VM é o valor meta
(ou valor de referência).
Explicação:
O valor base é o pior valor possível para o indicador, e o valor meta é o valor a
ser buscado.
62
Calculada a partir dessa fórmula, a nota do indicador aponta quanto da
distância entre o valor base e o valor meta já foi alcançado com o valor atual.
Passo 2: Para cada perspectiva, calcular a nota da perspectiva pela fórmula:
𝑁𝑃 =∑ 𝑤𝑖×𝑁𝑖
𝑛𝑖=1
∑ 𝑤𝑖𝑛𝑖=1
(eq. 6)
Onde wi é o peso de cada indicador na perspectiva.
Passo 3: Calcular a nota geral pela fórmula:
𝑁 =∑ 𝑤𝑃×𝑁𝑃
𝑚𝑃=1
∑ 𝑤𝑃𝑚𝑃=1
(eq. 7)
Onde wP é o peso de cada perspectiva.
63
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve como objetivo geral propor um método de acompanhamento
da gestão financeira pessoal. Essa dissertação contribui para que uma pessoa possa
medir seu desempenho na gestão das finanças pessoais, uma vez que, ao medir seu
desempenho nas finanças, a pessoa fica mais atenta aos gastos, e através da análise
dos dados consegue ter uma visão panorâmica e uma melhor noção de como o
dinheiro se movimenta, de como aplicar seus recursos de acordo com as suas
prioridades e objetivos.
O primeiro objetivo específico tratou de definir e ponderar perspectivas
relacionadas a gestão financeira pessoal. As perspectivas que foram escolhidas para
serem analisadas são as mais comuns em termos de avaliação financeira, pois são
mais genéricas, que abrangem mais pessoas, diferente de tributação e sucessão - por
exemplo - que são casos mais específicos. As perspectivas analisadas foram:
Aposentadoria, Caixa Mensal, Crédito, Dívidas, Investimentos, Patrimônio e Proteção.
A ponderação se deu através do Formulário II, o qual solicitava ao público que
atribuísse valores de 1 a 10 a cada perspectiva, e teve como resultado a média dos
pesos sugeridos.
O segundo objetivo dessa pesquisa “Selecionar e ponderar indicadores para
cada perspectiva” foi trabalhado nos Formulários I e II. No Formulário I, para atingir o
objetivo, foi solicitado que fossem relacionados indicadores a suas respectivas
perspectivas, marcando um “x” na célula que representasse a relação. No Formulário
II, já formatado conforme resultado do Formulário I, solicitava que atribuíssem pesos
aos indicadores de acordo com a perspectiva a qual estava relacionado. Na análise
verificou-se que vários indicadores estão presentes em mais de uma perspectiva, e
possuem pesos distintos de acordo com a perspectiva relacionada. Constatou-se
assim, que existe uma relação muito próxima, uma convergência, entre as
perspectivas, impedindo que sejam realizadas análises isoladamente.
O terceiro objetivo dessa pesquisa destinou-se a propor valores de referência
para cada indicador. Ou seja, são valores considerados satisfatório como resultado
das operações que formam os indicadores. Os valores foram propostos pela autora,
com base em conceitos financeiros, e também encontrados na literatura, tendo como
objetivo servir de balizador da gestão das finanças pessoais.
64
Assim como o quarto e último objetivo “Propor fórmulas para medir e controlar
o desempenho das finanças pessoais”. São três cálculos que devem ser realizados
na sequência que foram apresentados, e ao final será possível medir a situação atual,
compará-la com a situação ideal e verificar quanto falta para atingir o objetivo.
Diante do exposto, pode-se concluir que o objetivo geral da pesquisa foi
alcançado. Além disso, é possível constatar que esse estudo amplia a literatura sobre
finanças pessoais, ainda pouco explorada cientificamente no Brasil.
Este trabalho apresenta uma importante aplicabilidade prática, e reafirma o
propósito de incentivar a manutenção de uma vida financeira saudável, de melhorar a
gestão das finanças pessoais através de um conjunto de conhecimentos que irão
auxiliar as pessoas na administração do dinheiro.
Além disso, mesmo entendendo esta pesquisa de caráter inovador, uma vez
que proporciona uma nova abordagem sobre gestão das finanças pessoais, apresenta
limitações, visto que o método se fundamenta basicamente na teoria e na percepção
de consultores financeiro, não tendo sido aplicado na prática. Para a aplicação seria
necessário tempo de acompanhamento, pois de nada adiantaria apenas aplicar um a
vez e não realizar o acompanhamento para confirmar o funcionamento da
metodologia. Outra limitação constatada foi a quantidade de perspectivas analisadas.
Mesmo não existindo uma quantidade pré-definida de perspectivas na literatura, mas
algumas conhecidas e muito importantes como tributação, sucessão e educação não
foram consideradas nesta análise.
Esta pesquisa ratifica sua relevância ao enriquecer o entendimento a respeito
do tema finanças pessoais e paralelamente serve como base para futuras pesquisas
acadêmicas, além de guia para auxiliar na tomada de decisões. Recomenda-se, com
isso, que novas investigações sejam realizadas utilizando situações financeiras reais,
pesquisando a aplicabilidade do método em cenários com pessoas em situações de
devedores, situação estável e investidores, para se ampliar a discussão e os dados.
Assim como ampliar a lista de perspectivas analisadas, incluindo principalmente
tributação, sucessão e educação, buscando seus indicadores e realizando
experiências práticas.
65
REFERÊNCIAS
(FICO), F. I. C. Our History. Disponível em: <http://www.fico.com/en/about-us#at_glance>. Acesso em: 1/8/2016. ABDOU, H. A.; POINTON, J. Credit scoring, statistical techniques and evaluation criteria: a review of the literature. Intelligent systems in accounting, finance and management, v. 176, n. January, p. 161–176, 2011. ALTFEST, L. Personal Financial Planning: origins, development and a plan for future direction. American Economist, v. 48, n. 2, p. 53, 2004. ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 6th ed. São Paulo: Atlas, 2005. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Relatório de Estabilidade Financeira. Brasília, 2015. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Relatório de Estabilidade Financeira. Brasília, 2015. BERNANKE, B.; GERTLER, M.; GILCHRIST, S. The Financial Accelerator and the Flight to Quality. National Bureau of Economic Research, , n. July, 1994. BITENCOURT, C. M. G. Finanças pessoais versus finanças empresariais, 2004. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. BLACK, KENNETH, JR., CONRAD S. CICCOTELLO, AND HAROLD D. SKIPPER, J. Issues in comprehensive personal financial planning. Financial Services Review, v. 11, 2002. Disponível em: <http://go-galegroup.ez139.periodicos.capes.gov.br/ps/i.do?id=GALE|A149213481&v=2.1&u=capes&it=r&p=AONE&sw=w&asid=16d324736a7dfd13ec7eb11d7e151112>. . BLOCK-LIEB, S.; JANGER, E. The Myth of the Rational Borrower: Rationality, Behavioralism, and the Misguided Reform of Bankruptcy Law. Tex. L. Rev., v. 84, n. May, p. 1481–1565, 2005. Disponível em: <http://heinonlinebackup.com/hol-cgi-bin/get_pdf.cgi?handle=hein.journals/tlr84&section=50>. . BORGES, P. R. S. Educação financeira e sua influência no comportamento do consumidor no mercado de bens e serviços. V EPCT2, p. 1–12, 2010. BRITO, Giovani Antonio Silva; ASSAF NETO, Alexandre; CORRAR, Luiz João. Sistema de classificação de risco de crédito: uma aplicação a companhias abertas no Brasil. Rev. contab. finanç., São Paulo , v. 20, n. 51, p. 28-43, Dec. 2009 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-70772009000300003&lng=en&nrm=iso>. access on 08 May 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1519-70772009000300003. BURNS, B. Keeping Score On Credit Scores : An Overview Of Credit Scores , Credit Reports , And Their Impact On Consumers. Stamford, 2010.
66
CAMARGO, C.; CHEROBIM, A. P. M. S. Uma análise das intersecções entre finanças pessoais, organizacionais e desempenho. Perspectivas Contemporâneas, v. 3, p. 131–160, 2008. Disponível em: <http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas/article/view/418/203>. . CAOUETTE, J. B.; ALTMAN, E. I.; NARAYANAN, P.; NIMMO, R. Managing credit risk: the great challenge for global financial markets. 2nd ed. Hoboken, New Jersey: John Wiley & Sons, Inc., 2008. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO. Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor - PEIC. , p. 1–10, 2016. DOMINGOS, R. Terapia Financeira: quebre o ciclo de gerações endividadas e construa sua independência financeira. 2nd ed. São Paulo: Elevação, 2007. FAIR ISAAC COMPANY (FICO). FICO Score − Measure consumer risk with the world’s leading credit risk score. Disponível em: <http://www.fico.com/br/products/fico-score/>. Acesso em: 1/8/2016. FAIR ISAAC COMPANY (FICO). Understanding your FICO Score. , p. 30, 2015. Disponível em: <http://www.myfico.com/downloads/files/myfico_uyfs_booklet.pdf>. . FERREIRA, R. Como Planejar Organizar e Controlar seu Dinheiro: manual de finanças pessoais. São Paulo: IOB Thomson, 2006. FRANKENBERG, L. Seu futuro financeiro. 12th ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. FOULKS, S.M.; GRACI, S. P. Guidelines for Personal Financial Planning. Business. Vol. 33, n.2; p.. 32, 1989. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 2nd ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. GUIMARÃES, ANDRÉ LUIZ DE SOUZA, & ALVES, W. O. Prevendo a insolvência de operadoras de planos de saúde. Revista de Administração de Empresas, v. 49, p. 459–471, 2009. HALFELD, M. Investimentos Como Administrar Melhor seu Dinheiro. 2nd ed. São Paulo: Editora Fundamento, 2004. HENRIQUES, C. A. N. Modelo de notação de risco para famílias portuguesas, 2014. Universidade Católica Portuguesa. HILL, A. D.; ORTEGA, M. E.; WILLIAMS, A. C. Personal Finances for the Physician : A Primer on Maintaining and Protecting Your Earnings. J Orthop Trauma, v. 4724, p. 50–58, 2014.
67
IBGE - CENSO DEMOGRÁFICO 2010. Características da população e dos domicílios: resultados do universo. Rio de Janeiro: 2011. Disponível em: http://censo2010.ibge.gov.br/. KOHL, D. M.; WHITE, A. W. The Personal Finance Scorecard: Your Annual Check. Virginia Tech, 1998. Disponível em: <http://www.sites.ext.vt.edu/newsletter-archive/fmu/1998-12/scorecrd.html>. LAHEY, K. E.; KIM, D.; NEWMAN, M. L. Household Income, Asset Allocation and the Retirement Decision. Financial Services Review, v. 12, n.3, p. 219–238, 2003. LAMOUNIER, B.; SOUZA, A. DE. A Classe Média Brasileira: Ambições, Valores e Projetos de Sociedade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. LEONE, R. J. G. Curso de Planejamento Financeiro Pessoal. Leone Consultoria e Treinamento Ltda., 2013. LEONE, R. J. G. Planejamento Financeiro Pessoal. 2012. LIZOTE, S. A.; SIMAS, J. DE; LANA, J. Finanças Pessoais: um estudo envolvendo os alunos de Ciências Contábeis de uma Instituição de Ensino Superior de Santa Catarina. IX SEGET, 2012. LUPAŞC, I.; LUPAŞC, A. Personal Finances during the Economic and Financial Crisis. International Conference “Risk in Contemporary Economy.” Anais... . p.401–408, 2012. LYONS, A. C.; RACHLIS, M.; SCHERPF, E. What’s in a score? Differences in consumers' credit knowledge using OLS and quantile regressions. Journal of Consumer Affairs, 2007. MEDINA, R. P.; SELVA, M. L. M. Análisis Del Credit Scoring. Revista de Administração de Empresas, v. 53, n. 3, p. 303–315, 2012. MODIGLIANI, F. Life Cycle, individual thrift and the wealth of nations. The American Economic Review, v. 76, p. 297–313, 1986. MOURA, A. G. DE. Impacto dos diferentes níveis de materialismo na atitude ao endividamento e no nível de dívida para financiamento do consumo nas famílias de baixa renda do município de São Paulo, 2005. Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10438/2347>. . NERI, M. C. A Nova Classe Média. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2008. Periódicos CAPES. Disponível em: <http://www.periodicos.capes.gov.br/index.php?option=com_pmetabusca&mn=88&smn=88&type=m&metalib=index.php?option=com_pmetabusca&mn=88&smn=88&type=m&metalib=aHR0cDovL3JucC1wcmltby5ob3N0ZWQuZXhsaWJyaXNncm91cC5jb
68
20vcHJpbW9fbGlicmFyeS9saWJ3ZWIvYWN0aW9uL3NlYXJjaC5kbz92aWQ9Q0FQRVNfVjE=&Itemid=119.> Acesso em: 06/05/2017. PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. DE. Metodologia do trabalho científico: Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. 2nd ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013. ROSS, S. A.; WESTERFIELD, RANDOLPH W. JAFFEE, J. F. Administração financeira. São Paulo: Atlas, 1995. SANTOS, A. C.; SILVA, M. Importância do Planejamento Financeiro no Processo de Controle do Endividamento Familiar: Um Estudo de Caso nas Regiões Metropolitanas da Bahia e Sergipe. Revista Formadores: Vivências e Estudos, v. 7, p. 5–17, 2014. SANTOS, José Odálio dos; FAMA, Rubens. An evaluation on the applicability of a credit scoring model, with systemic and non-systemic variables in revolving bank credit portfolio for individuals. Rev. contab. finanç., São Paulo , v. 18, n. 44, p. 105-117, ago. 2007 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-70772007000200009&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 06 maio 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1519-70772007000200009. SAUNDERS, A.; ALLEN, L. Credit risk management in and out of the financial crisis : new approaches to value at risk and other paradigms. John Wiley&Sons, Inc, v. 3, p. 1–40, 2010. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/B978075065667250001X>. . SECURATO, J. R. Crédito - Análise e avaliação de risco: pessoas físicas e jurídicas. São Paulo: Atlas, 2002. SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. Cenário do Empréstimo no Brasil: aquisição, finalidade e critérios de escolha. , p. 12, 2016. Disponível em: <https://www.spcbrasil.org.br/wpimprensa/wp-content/uploads/2016/05/Analise_Uso_do_Credito_Emprestimos-1.pdf>. . SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. Habilidades Financeiras. , p. 12, 2016. Disponível em: <file:///C:/Users/Simonely/Downloads/Analise-Educacao-Financeira-Habilidades.pdf>. . SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. Hábitos e Motivações do Brasileiro. , p. 11, 2016. Disponível em: <https://www.spcbrasil.org.br/uploads/st_imprensa/release_pesquisa_ed_financeira_investimentos_v2.pdf>. . SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. O Conceito do Endividamento e as Consequências da Inadimplência. , p. 6, 2016. Disponível em:
69
<file:///C:/Users/stefan hubert/Downloads/analise_educacao_financeira_dividas2.pdf>. . SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. O Planejamento do Brasileiro para a Aposentadoria. , p. 9, 2016. Serviço de Proteção ao Crédito. Disponível em: <https://www.spcbrasil.org.br/pesquisas/pesquisa/1714>. . SIDDIQI, N. Credit Risk Scorecards: Developing and Implementing Intelligent Credit Scoring. John Wiley & Sons, Inc2, p. 5–10, 2006. SILVA, E. D. DA. Gestão em Finanças Pessoais: uma metodologia para se adquirir educação e saúde financeira. Rio de Janeiro: QUALITYMARK, 2004. SOARES, M.; LUIZ, R.; CORRÊA, W.; HEIN, N.; KROENKE, A. O emprego da análise de balanços e métodos estatísticos na área pública: o ranking de gestão dos municípios catarinenses *. , v. 45, n. 5, p. 1425–1443, 2011. SOUSA, A. F. DE; TORRALVO, C. F. A Gestão dos Próprios Recursos e a Importância do Planejamento Financeiro Pessoal. VII SEMEAD, v. 55, n. 11, 2005. STIGLITZ, J. E.; WEISS, A. Credit rationing in markets with imperfect information. American Economic Review, v. 71, n. 3, p. 393–410, 1981. VANTAGESCORE. VantageScore 3.0 White Paper, Better predictive ability among sought-after borrowers. 2013.
71
Cód. Indicadores Caixa
Mensal Investimento Patrimônio Proteção Dívidas Crédito Aposentadoria
1 (Obrigações Correntes + Obrigações de Longo Prazo) / Ativo total
2 Patrimônio Líquido / Ativo Total
3 Disponibilidades / Ativo Total
4 (Renda Passiva – Despesas Financeiras) / Ativo Total
5 Passivo Circulante / Receita Total
6 (Ativo Circulante + Investimentos de Longo Prazo) / Exigível Total
7 Ativo de Curto Prazo / Despesas Mensais
8 Passivo Exigível / Ativo Total
9 Patrimônio líquido / Ativo total
Apêndice A: Formulário de pré-teste Senhor(a) Consultor(a), Este formulário faz parte de uma pesquisa de mestrado cujo objetivo é elaborar um método de acompanhamento da gestão financeira pessoal. Agradeço a colaboração. Francisca Simonely de Vasconcelos Mestranda em Administração Universidade Potiguar simonely@gmail.com Prof. Dr. Rodrigo Leone Orientador Para respondê-lo, primeiro é necessário que relacione cada indicador proposto com a sua perspectiva correspondente, podendo escolher mais de uma perspectiva por indicador, ou nenhuma, quando achar o indicador irrelevante. Depois, poderá sugerir novos indicadores, relacionando-os também a sua respectiva perspectiva. Não será divulgada nenhuma informação ou referência sobre os participantes da pesquisa.
72
10 Ativo permanente / Patrimônio líquido
11 (Disponibilidades - Obrigações Correntes) / Receita Total
12 Obrigações de longo prazo / Receita Corrente Líquida
13 Idade / Tempo de contrinuição previdenciária
14 Idade / Expectativa de vida do brasileiro
15 N° de filhos / Receita
16 N° de filhos / Valor da apólice de seguro
17 Valor da apólice de seguro / Idade
18 (Ativo total / Obrigações de curto prazo) / 12
19 Saldo de contribuição previdenciária / Idade
20 Valor da apólice de seguro / patrimônio líquido
21 Valor de crédito pré-aprovado / patrimônio líquido
22 (Dias de atraso no pagamento x n° de títulos com pagamento atrasado) / 365
23 Valor do prêmio pago / patrimônio líquido
24 Receita Passiva / (Despesas Essenciais + Despesas Importantes)
25 Receita Passiva / (Despesas Essenciais + Despesas Importantes + Despesas Supérfluas)
26 Despesas Financeiras / Renda Total
27 Despesas Supérfluas / Renda Total
28 Renda Total / (Despesas Essenciais + Despesas Importantes)
29 SUGESTÃO 01
74
Cód. Indicadores Caixa
Mensal Investimento Patrimônio Proteção Dívidas Crédito Aposentadoria
1 (Obrigações Correntes + Obrigações de Longo Prazo) / Ativo total
2 Patrimônio Líquido / Ativo Total
3 Disponibilidades / Ativo Total
4 (Renda Passiva – Despesas Financeiras) / Ativo Total
5 Passivo Circulante / Receita Total
6
(Disponibilidades + Investimentos de curto prazo + investimentos de longo prazo) / (Obrigações de curto prazo + Obrigações de longo prazo)
7 (Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo) / Despesas Mensais
Apêndice B: Formulário I – INDICADORES x PERSPECTIVAS Senhor(a) Consultor(a), Este formulário faz parte de uma pesquisa de mestrado cujo objetivo é elaborar um método de acompanhamento da gestão financeira pessoal. Agradeço a colaboração. Francisca Simonely de Vasconcelos Mestranda em Administração Universidade Potiguar simonely@gmail.com Prof. Dr. Rodrigo Leone Orientador Para respondê-lo, primeiro é necessário que relacione cada indicador proposto com a sua perspectiva correspondente, marcando um "X" na célula que representar a relação, podendo escolher mais de uma perspectiva por indicador, ou nenhuma, quando achar o indicador irrelevante. Não será divulgada nenhuma informação ou referência sobre os participantes da pesquisa.
75
8 (Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo) / Obrigações Correntes
9 Propriedades / Patrimônio líquido
10 Despesa Total / Receita Total
11 Obrigações de longo prazo / Receita Corrente Líquida
12 Receita / N° de dependentes
13 Valor da apólice de seguro / N° de dependentes
14 Valor da apólice de seguro / Idade
15 (Ativo total / Obrigações de curto prazo) / 12
16 Saldo de Contribuição para a Aposentadoria / Idade
17 Valor da apólice de seguro / patrimônio líquido
18 Valor de crédito pré-aprovado / patrimônio líquido
19 (Dias de atraso no pagamento x n° de títulos com pagamento atrasado) / 365
20 Valor do prêmio pago / patrimônio líquido
21 Receita Passiva / (Despesas Essenciais + Despesas Importantes)
22 Receita Passiva / (Despesas Essenciais + Despesas Importantes + Despesas Supérfluas)
23 Despesas com Dívidas / Renda Total
24 Despesas Supérfluas / Renda Total
25 Dívidas de Consumo / Renda Total
26 (Renda Total - (Despesas Essenciais + Despesas Importantes)) / Renda Total
27 Contribuição Anual para a Aposentadoria / Renda Bruta Anual
28 Ativo financeiro de curto prazo / Ativo total Fonte: elaborado pela autora
76
Apêndice C: Formulário II – PONDERAÇÃO: INDICADORES E PERSPECTIVAS
Senhor(a) Consultor(a), este formulário faz parte de uma pesquisa de mestrado cujo objetivo é elaborar um método de acompanhamento da gestão financeira pessoal.
Conforme tabela abaixo, cada perspectiva é composta por alguns indicadores, resultantes de uma pesquisa anterior. Solicito que seja atribuído pesos de 01 a 10 (com grau de importância do menor para o maior), para cada perspectiva e para cada indicador, considerando o cenário de uma família de classe média com 04 pessoas - os pais e dois filhos. Obs.: o indicador que estiver presente em mais de uma perspectiva poderá ter pesos diferentes, pois o peso deve ser estimado na relação indicador x perspectiva.
Perspectiva Peso da
Perspectiva Indicadores
Peso do Indicador
Aposentadoria Contribuição Anual para a Aposentadoria / Renda Bruta Anual
Saldo de Contribuição para a Aposentadoria / Idade
Caixa Mensal
(Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo) / Despesas Mensais
(Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo) / Obrigações Correntes
Despesa Total / Receita Total
Despesas Supérfluas / Renda Total
Receita Passiva / (Despesas Essenciais + Despesas Importantes + Despesas Supérfluas)
Receita Passiva / (Despesas Essenciais + Despesas Importantes)
Dívidas
(Dias de Atraso no Pagamento x N° de Títulos com Pagamento Atrasado) / 365
(Obrigações Correntes + Obrigações de Longo Prazo) / Ativo Total
Despesas com Dívidas / Renda Total
Investimento (Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo + Investimentos de Longo Prazo) / (Obrigações de Curto Prazo + Obrigações de Longo Prazo)
77
Disponibilidades / Ativo Total
Patrimônio Líquido / Ativo Total
Propriedades / Patrimônio Líquido
Patrimônio
(Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo + Investimentos de Longo Prazo) / (Obrigações de Curto Prazo + Obrigações de Longo Prazo)
Patrimônio Líquido / Ativo Total
Propriedades / Patrimônio Líquido
Proteção Valor da Apólice de Seguro / N° de Dependentes
Valor da Apólice de Seguro / Patrimônio Líquido Fonte: elaborado pela autora
78
Apêndice D: conciliação das respostas do Formulário II (pesos indicados por consultor para os indicadores)
Perspectiva Indicadores / Respondentes 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média
Aposentadoria
Contribuição Anual para a Aposentadoria / Renda Bruta Anual 7 8 2 9 5 7 10 10 5 9 7,2
Saldo de contribuição para a aposentadoria / Idade 6 10 1 6 9 6 6 10 8 8 7,0
Caixa Mensal
(Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo) / Despesas Mensais
10 5 10 5 10 8 10 6 7 9 8,0
(Disponibilidades + Investimentos de Curto Prazo) / Obrigações Correntes
10 5 9 10 5 9 8 9 5 8 7,8
Despesa Total / Receita Total 10 10 10 10 9 7 9 9 6 10 9,0
Despesas Supérfluas / Renda Total 8 7 10 9 5 9 8 6 9 3 7,4
Disponibilidades / Ativo Total 9 3 9 8 5 8 9 7 4 5 6,7 Receita Passiva / (Despesas Essenciais + Despesas Importantes + Despesas Supérfluas)
9 5 9 7 10 8 10 9 10 6 8,3
Receita Passiva / (Despesas Essenciais + Despesas Importantes)
9 5 8 6 10 7 10 10 8 7 8,0
Dívidas
(Dias de atraso no pagamento x n° de títulos com pagamento atrasado) / 365
9 10 9 10 2 9 8 8 9 8 8,2
(Obrigações Correntes + Obrigações de Longo Prazo) / Ativo total
9 10 8 8 10 8 10 10 8 9 9,0
Despesas com Dívidas / Renda Total 10 10 10 10 10 8 9 9 5 10 9,1
Investimento
(Disponibilidades + Investimentos de curto prazo + investimentos de longo prazo) / (Obrigações de curto prazo + Obrigações de longo prazo)
8 7 7 10 5 9 10 8 6 7 7,7
Disponibilidades / Ativo Total 10 7 7 8 10 8 9 10 8 5 8,2
Patrimônio Líquido / Ativo Total 8 8 10 7 5 8 9 9 5 8 7,7
Propriedades / Patrimônio líquido 8 7 6 9 5 9 7 7 8 6 7,2
Patrimônio
(Disponibilidades + Investimentos de curto prazo + investimentos de longo prazo) / (Obrigações de curto prazo + Obrigações de longo prazo)
9 7 8 10 10 8 9 10 5 8 8,4
Patrimônio Líquido / Ativo Total 8 10 7 8 10 8 10 6 9 9 8,5
Propriedades / Patrimônio líquido 8 8 7 7 10 8 9 8 7 10 8,2
79
Proteção
Valor da apólice de seguro / Idade 8 8 5 8 5 8 8 10 6 3 6,9
Valor da apólice de seguro / N° de dependentes 9 6 1 10 5 9 10 10 5 9 7,4
Valor da apólice de seguro / patrimônio líquido 9 5 2 9 8 8 7 9 8 10 7,5
Valor do prêmio pago / patrimônio líquido 10 1 2 9 2 8 6 9 4 5 5,6 Fonte: elaborado pela autora
80
Apêndice E: conciliação das respostas do Formulário II (pesos indicados por consultor para as perspectivas)
Perspectiva / Respondentes 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 MÉDIA
Aposentadoria 8 7 9 8 10 9 9 9 1 9 7,9
Caixa Mensal 10 9 8 6 10 8 10 10 2 6 7,9
Dívidas 9 3 10 3 10 8 10 7 2,5 8 7,1
Investimento 8 10 10 5 10 9 10 6 2,5 5 7,6
Patrimônio 8 10 9 5 10 8 10 5 1 7 7,3
Proteção 9 7 5 3 10 8 9 8 1 10 7,0 Fonte: elaborado pela autora