Post on 31-Oct-2020
UNIVERSIDADE PARANAENSE - UNIPAR
CURSO DE ENFERMAGEM – CAMPUS UMUARAMA
ISABELLY AUGUSTI
PROBLEMAS ASSOCIADOS À GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
UMUARAMA – PR
2017
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ISABELLY AUGUSTI
PROBLEMAS ASSOCIADOS À GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
Trabalho de Conclusão do Curso apresentado à Banca
Examinadora do Curso de Graduação em Enfermagem –
Universidade Paranaense – UNIPAR, Unidade de Umuarama
- PR, como requisito parcial para a obtenção do título de
Enfermeiro.
Orientadora: Prof.ª Esp. Daiane Cortêz Raimondi
UMUARAMA
2017
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FOLHA DE APROVAÇÃO
ISABELLY AUGUSTI
PROBLEMAS ASSOCIADOS À GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para a obtenção de grau de
Enfermeiro da Universidade Paranaense – UNIPAR, pela seguinte banca examinadora:
___________________________________________
Orientadora. Profª Daiane Cortêz Raimondi. Especialista em Auditoria em Saúde pela Universidade
Ingá- UNINGÁ – Maringá-PR. Mestranda em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá
– UEM. Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Paranaense – UNIPAR – Unidade
Universitária de Umuarama
_________________________________________________
Banca:
________________________________________________
Banca:
Umuarama, _____/_____/______
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APRESENTAÇÃO
O Trabalho de conclusão de curso está sendo apresentando ao colegiado do curso de Enfermagem
da Unidade de Umuarama da Universidade Paranaense – UNIPAR na forma de artigo científico,
conforme regulamento específico. Este artigo está adequado às instruções para autores da revista
ARQUIVOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DA UNIPAR (ISSN on line – 1982-114X). Anexo A.
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DEDICATÓRIA
Dedico este artigo primeiramente a Deus, a minha família,
pelo exemplo de amor, união, carinho e de incentivo que
foram fortalecedores no decorrer destes cinco anos de
faculdade. E não poderia esquecer a minha Orientadora
professora Daiane pelo apoio e ajuda para a realização
deste trabalho. Está vitória não é só minha, é nossa!
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AGRADECIMENTOS
Enfim, chegou o momento de agradecer aqueles que estiveram junto comigo nesta trajetória,
no qual alguns estavam desde o início e outros que conheci no percurso desta caminhada.
Agradeço primeiramente a Deus, pela proteção que me foi prestada durante toda a minha
vida e por ter me amparado nos momentos mais difíceis no decorrer da trajetória acadêmica, me
dando forças e não permitindo que eu desistisse e nem distanciasse dos meus ideais.
Agradeço aos meus familiares que estiveram comigo neste decorrer Mãe Lucimara, Pai
Nivaldo, Filho Enzo Gabriel, Irmão Nivaldo Junior e esposo João Carlos, e aqueles que não estão
aqui presentes avô, e avó por me apoiarem incondicionalmente nos meus sonhos e por serem meus
grandes incentivadores, fizeram o possível e o impossível para me ajudar a vencer esta batalha tão
sonhada. Não há palavras para expressar todo o meu sentimento de agradecimento. Meu maior
orgulho é ter vocês comigo! Amo vocês! Obrigado a todos!
Agradeço as minhas tias que me auxiliaram no cuidado com meu filho nestes cinco anos.
Obrigada pelo apoio e incentivo!
Não posso deixar de agradecer à Prof.ª Mestranda Daiane Cortêz Raimondi, a qual tive o
privilégio de tê-la como orientadora, o meu agradecimento especial. Com ela pude compartilhar de
sua sabedoria, competência, sensibilidade e dedicação. Suas orientações sempre me incentivaram e
desafiaram a refletir sobre diferentes possibilidades para a construção deste trabalho. Seu apoio,
calma e acolhimento foram essenciais para chegar a este sucesso. Obrigada!
A todos os professores e responsáveis técnicos do curso de Enfermagem, pelo esforço em
repassar o conhecimento, contribuir com a minha formação profissional e com lições que guardarei
para a vida. Em especial a Prof. Marta Elaine, André Jaques que tenho grande admiração e respeito
diante de sua competência.
Obrigada às queridas amigas que conheci na faculdade Rosilaine, Amanda, Ana Claudia, as
quais estiveram diariamente comigo no decorrer destes cinco anos, que vocês sejam muito felizes e
que o sucesso as acompanhe, em especial a Madeleine a qual tive a honra de conhecer de perto
neste último ano, onde me proporcionou ao seu lado momentos inesquecíveis e adoráveis, o meu
muito obrigada.
Por fim obrigada a todos que não citei aqui, mas que de alguma forma estiveram mesmo de
longe torcendo por mim, e não menos importante, agradeço a Universidade Paranaense – UNIPAR,
e todas as pessoas que vivem seu cotidiano os quais me acolheram como acadêmica.
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PROBLEMAS ASSOCIADOS À GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
Isabelly Augusti1
Daiane Cortêz Raimondi2
1 Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Paranaense - UNIPAR,
Unidade Universitária de Umuarama- PR. Orientanda do Trabalho de Conclusão do Curso. Rua
Avenida Doutor Luiz Teixeira Mendes; no: 6320 - CEP: 87504-540 – Cidade: Umuarama – Paraná.
Telefone: (44) 99702-5909. E-mail: isa.augusti1@hotmail.com
2 Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Paranaense - UNIPAR,
Unidade Universitária de Umuarama- PR. Orientadora do Trabalho de Conclusão do Curso de
Enfermagem. E-mail: daianetofoli@prof.unipar.br.
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PROBLEMAS ASSOCIADOS À GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
RESUMO: A gravidez na adolescência é considerada um problema de saúde pública, que implica
em riscos direto para mãe e neonato. Diante disto, este estudo objetivou analisar a produção
científica sobre a gravidez na adolescência, as intercorrências e suas consequências. Optou-se pela
construção de uma revisão integrativa da literatura realizada nas bases de dados Scientific Eletronic
Library Online e Periódico Capes, utilizando os descritores em ciências da saúde: gravidez na
adolescência; complicações na gravidez; adolescência. Após análise crítica, foram selecionados sete
estudos publicados entre 2010 e 2016. Verifica-se um consenso entre os estudos, no qual conclui-se
que a gravidez na adolescência pode acarretar sérias intercorrências/complicações a gestante e
neonato como aborto, ruptura prematura da membrana, prematuridade além de óbito materno e
fetal. Além disso, cabe mencionar as consequências sociais e psíquicas causadas pela gravidez
precoce, salientando o abandono escolar como uma das consequências mais recorrentes entre as
gestantes adolescentes. Diante disto, pode-se constatar a necessidade de sensibilização dos
adolescentes para a promoção da saúde e prevenção da gravidez na adolescência, além da
efetivação de um pré-natal de qualidade nas unidades de atenção primária visando identificar
precocemente fatores de risco, objetivando prevenir problemas decorrentes da gravidez precoce.
Palavras-chave: Gravidez na adolescência. Complicações na gravidez. Adolescência.
PROBLEMS ASSOCIATED WITH PREGNANCY IN ADOLESCENCE
ABSTRACT: Adolescent pregnancy is considered a public health problem, which implies direct
risks for mother and newborn. In view of this, this study aimed to analyze the scientific production
on pregnancy in adolescence, intercurrences and their consequences. We chose to construct an
integrative review of the literature in the Scientific Eletronic Library Online and Capes Periodical
databases, using the descriptors in health sciences: teenage pregnancy; Complications in pregnancy;
adolescence. After a critical analysis, seven studies were published between 2010 and 2016. There
is a consensus among the studies, in which it is concluded that teenage pregnancy can lead to
serious complications / complications in pregnant and neonatal women, such as abortion, premature
rupture of the membrane, prematurity in addition to maternal and fetal death. In addition, it is worth
mentioning the social and psychic consequences caused by early pregnancy, emphasizing school
dropout as one of the most recurrent consequences among adolescent pregnant women. In view of
this, it is possible to note the need to raise adolescents' awareness about health promotion and
pregnancy prevention during adolescence, as well as the implementation of quality prenatal care in
primary care units, aiming at early identification of risk factors, in order to prevent problems due to
early pregnancy.
Keywords: Teenage pregnancy. Complications in pregnancy. Adolescence.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................7
2 METODOLOGIA ............................................................................................................... ............9
3 RESULTADOS..............................................................................................................................10
4 DISCUSSÃO.................................................................................................................. ................13
6 CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 20
7 REFERENCIAS ...........................................................................................................................21
8 ANEXOS .................................................................................................................................. 24
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1 INTRODUÇÃO
A Lei nº 8069/90 que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA considera
a adolescência o período entre 12 e 18 anos de idade (BRASIL, 1990), já o Ministério da Saúde
(BRASIL, 2010) ressalta que a adolescência compreende dos 10 aos 19 anos de idade.
Considera-se a adolescência um período fundamental no processo evolutivo humano,
compreendida pela transição entre a infância e a fase adulta, marcada por intensas modificações
físicas, biológicas e psicológicas. É um momento em que o adolescente vivencia desejos, dúvidas,
curiosidades em busca da felicidade e de seus próprios objetivos, nesta fase alguns adolescentes
rompem seu vínculo com a família passando a uma fase de maior convívio social, o que pode torna-
lo vulnerável a sociedade (BARETTA et al., 2011).
É durante a adolescência que são estabelecidos padrões de comportamento que se
perpetuarão ao longo da vida, dentre estes padrões estão também os relacionados à sexualidade,
sendo que as primeiras experiências sexuais geralmente iniciam neste período, devido ao
surgimento da estimulação hormonal e amadurecimento dos órgãos genitais (CEDARO; VILAS
BOAS; MARTINS, 2012).
Cabe ressaltar que o início precoce da atividade sexual é um grande problema de saúde
pública. Nessa fase, dificilmente tais jovens terão consciência dos riscos associados à iniciação
sexual precoce, o que demonstra a necessidade de conscientização e de estabelecimento de políticas
públicas voltadas a essa problemática (FILHA; CASTANHA, 2014).
Reforça-se que o início precoce da atividade sexual coloca os adolescentes em situação de
risco ou fragilidade social, no qual estima-se que 20% dos abortos provocados sejam provenientes
de mães adolescentes, o que provoca grande impacto psíquico e pode representar risco à vida das
mesmas. Além disto, salienta-se que dentre as gestantes adolescentes é elevado o consumo de
álcool, tabaco e outras drogas o que coloca em risco a integridade da gestante e do feto em
formação. Assim, verifica-se a importância do acompanhamento pré-natal e a sensibilização para a
promoção da saúde, prevenção da gravidez na adolescência e qualidade de vida destas adolescentes
(JORGE et al., 2014).
De acordo com o “Relatório da Situação da População Mundial” elaborado pelo Fundo das
Nações Unidas para a População – UNFPA em 2013 estima-se que mundialmente 7,3 milhões de
adolescentes se tornam mães a cada ano. O relatório salienta ainda que a incidência de gravidez na
adolescência é maior entre meninas de baixa renda e pouca escolaridade, principalmente em países
em desenvolvimento (FUNDO DE POPULAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2013). Corroborando
com os dados acima citados, o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC registrou
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um aumento no número de nascidos vivos de mulheres adolescentes, entre 12 e 19 anos de idade, de
21,1% em 2007 para 26,9% até 2010. Entre 2010 e 2014 foram registrados no SINASC 2.656.096
milhões de nascidos vivos de mães entre 15 e 19 anos, totalizando assim 66,42% dos nascidos vivos
(BRASIL, 2016).
Nota-se que nas últimas décadas houve um aumento da ocorrência da gravidez entre os
adolescentes. Devido sua alta prevalência, a gestação na adolescência vem sendo um importante
assunto de saúde pública, visto que causa impacto na vida dos adolescentes podendo gerar
interrupção na vida escolar fazendo com que as possibilidades de seu desenvolvimento sejam
limitadas, desestruturando assim sua vida, sonhos e objetivos (SOUZA et al., 2012).
Em boa parte, a gravidez na adolescência é encarada com grande dificuldade, pois causa
mudanças inesperadas, principalmente nas meninas, que deixam sua infância para se tornarem mãe,
passando por alterações físicas, psicológicas e sociais para exercer o papel materno (SOUZA et al.,
2012).
Além das alterações físicas, psicológicas e sociais, a gravidez na adolescência pode resultar
em mortalidade perinatal e infantil, além de complicações para o feto deixando-o mais vulnerável a
prematuridade, infecções e desnutrição (AZEVEDO et al., 2015).
Em relação aos riscos biológicos na adolescência destaca a doença hipertensiva especifica da
gestação (DHEG), anemia, diabetes gestacional, dificuldade no parto acompanhado de
intercorrências pré-natais, intraparto e pós-parto (AZEVEDO et al., 2015).
Já sobre as complicações obstétricas da gravidez precoce se destaca o fato de seu corpo
ainda estar em processo de desenvolvimento devido a imaturidade biológica e fisiológica de seu
organismo, o que pode acarretar a prematuridade, baixo peso e até o risco de ocasionar um óbito
perinatal e infantil (MARTINS et al., 2014). Diante dos riscos reais e potenciais que na fase da
adolescência estão expostas, a Rede Mãe Paranaense define a gravidez na adolescência como risco
intermediário, tanto para a gestante quanto para o recém-nascido (PARANÁ, 2015).
Frente à problemática exposta e do aumento dos casos de gravidez na adolescência, verifica-
se a importância e a necessidade de estudos que abordem as intercorrências e consequências da
gravidez neste período da vida, a fim de sensibilizar a população e profissionais sobre a necessidade
da prevenção de gravidez na adolescência e medidas para este fim. Deste modo, este estudo
objetivou analisar a produção científica sobre a gravidez na adolescência, as intercorrências e suas
consequências.
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2 METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma pesquisa de revisão integrativa da literatura. Salienta-se
que a revisão integrativa “tem por finalidade reunir e sintetizar os resultados de pesquisa sobre um
delimitado tema ou questão, de maneira sistemática e ordenada, contribuindo para o
aprofundamento do conhecimento do tema investigado” (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008
p.02).
Para tanto, foram adotadas etapas para a constituição da revisão integrativa da literatura, no
qual primeiramente foi delimitado a questão norteadora do estudo, objetivos, critérios de inclusão,
seleção dos artigos, análise e categorização dos estudos selecionados, discussão e apresentação da
revisão integrativa.
A questão norteadora do estudo foi: “O que tem sido publicado na produção científica sobre
a gravidez na adolescência, intercorrências e suas consequências?” A fim de atingir o objetivo
proposto e responder a questão norteadora foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde –
DeCS BVS: gravidez na adolescência; complicações na gravidez; adolescência.
Foram adotados como critério de inclusão: artigos publicados em idioma português, inglês e
espanhol no período de 2007 a 2017 e como critério de exclusão: artigos não disponibilizados
gratuitamente na íntegra e que não atendessem os objetivos do estudo.
A busca das publicações indexadas foi realizada nas seguintes bases de dados: Scientific
Eletronic Library Online (SciELO) e Periódico Capes.
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3 RESULTADOS
Utilizando as combinações dos descritores em ciências da saúde e os critérios de inclusão
foram encontrados 52 artigos. No entanto, após a leitura dos textos e a análise crítica dos mesmos
verificou-se que apenas sete atenderam o objetivo proposto pelo estudo relacionado aos problemas
associados à gravidez na adolescência.
Destaca-se no Quadro 1 a relação dos artigos selecionados com o respectivo ano de
publicação e periódico.
Quadro 1. Relação dos artigos selecionados conforme título, ano de publicação e periódicos.
Artigo Ano de
Publicação
Periódico
Gravidez na adolescência: um olhar sobre um fenômeno
complexo.
2010
Paideia
Adolescentes grávidas: sinais, sintomas, intercorrências e
presença de estresse.
2011
Rev. Gaúcha Enferm
Complicações obstétricas em adolescentes de uma
maternidade.
2013
Rev enferm UFPE
online.
Gravidez na adolescência: análise de fatores de risco para
baixo peso, prematuridade e cesariana.
2014
Ciência & saúde
Coletiva
Consequências da Gravidez na adolescência para as
meninas considerando-se as diferenças socioeconômicas
entre elas.
2014
Cad. Saúde Colet
Complicações da gravidez na adolescência: revisão
sistemática de literatura.
2015 Einstein
Papel do Enfermeiro da Estratégia de Saúde da família na
prevenção da gravidez na adolescência.
2016 RECOM
Fonte: Autora, 2017.
Pode-se verificar no quadro acima que os artigos selecionados foram publicados entre os
anos de 2010 a 2016, sendo que em 2014 houveram duas publicações. Em relação a área das
revistas no qual os artigos foram publicados observa-se uma variedade na área da saúde e
enfermagem.
A fim de auxiliar a compreensão das pesquisas o Quadro 2 apresenta as principais
características dos estudos selecionados.
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Quadro 2: Síntese dos estudos selecionados.
Título/Autores Objetivo/Metodologia Conclusão
Gravidez na
adolescência: um
olhar sobre um
fenômeno complexo/
DIAS, A.C.G.;
TEIXEIRA, M.A.P
Desenvolver uma reflexão
sobre a problemática da
gravidez na adolescência.
Revisão seletiva e não
sistemática da literatura.
Entre as conclusões, destaca-se que a
gravidez na adolescência é uma
experiência que pode ter
consequências tanto negativas quanto
positivas para os adolescentes.
Adolescentes
grávidas: sinais,
sintomas,
intercorrências e
presença de estresse/
CORREIA, D.S et al.
Analisar a correlação entre
sinais, sintomas e
intercorrências e a presença de
estresse. Estudo quantitativo,
transversal.
Os resultados apontam a presença de
estresse na adolescência e necessidade
de atenção especial à saúde mental
dessas gestantes.
Complicações
obstétricas em
adolescentes de uma
maternidade/
SOUSA, A.S
et al.
Identificar as complicações
obstétricas em adolescentes
atendidas em uma maternidade.
Estudo documental,
retrospectivo.
As adolescentes apresentaram bebês
com baixo peso ao nascer; pré-
eclâmpsia; infecções urogenitais e
eclampsia. Diante dos achados, faz-se
necessária uma melhor atuação dos
profissionais e gestores de saúde para
prevenção da gravidez na
adolescência.
Gravidez na
adolescência: análise
de fatores de risco
para baixo peso,
prematuridade e
cesariana/
SANTOS, N.L.A.C et
al.
Analisar possíveis associações
entre a faixa etária materna até
16 anos, com o peso e a idade
gestacional do recém-nascido,
assim como a ocorrência de
cesariana. Estudo transversal
Os Recém Nascidos de baixo peso
mostraram associação significante
com a faixa etária materna (< 16
anos); Os dados sugerem que
múltiplos fatores podem interferir no
tipo de parto e resultado gestacional de
adolescentes apontando a importância
de investimentos em políticas e ações
direcionadas a esse grupo.
Consequências da
gravidez na
adolescência para as
meninas
considerando-se as
diferenças
socioeconômicas entre
elas/ TABORDA, J.A
et al.
Identificar e analisar as
consequências objetivas e
subjetivas de uma gravidez em
adolescentes. Estudo
exploratório, qualitativo.
Observou-se que, apesar de as famílias
com renda mais baixa terem em um
primeiro momento aceitado melhor a
gravidez, o maior impacto também
ocorreu entre estas famílias,
principalmente quanto ao adiamento
ou comprometimento dos projetos
educacionais.
Complicações da
gravidez na
adolescência: revisão
sistemática de
literatura/
AZEVEDO, W.F et
al.
Avaliar as complicações
relacionadas à gravidez na
adolescência. Revisão
sistemática
A gestação na adolescência relacionou
com a maior frequência de
complicações neonatais e maternas e à
menor prevalência de parto cesariana.
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Papel do enfermeiro
da estratégia de saúde
da família na
prevenção da gravidez
na adolescência/
RIBEIRO et al.
Identificar as ações utilizadas
pelos enfermeiros das
Estratégias Saúde da Família
(ESF) do município de
Divinópolis-MG, para a
prevenção da gravidez na
adolescência.
O grande desafio de se trabalhar com
adolescentes no contexto da APS se dá
sobretudo pela baixa adesão dos
jovens aos serviços de saúde. A
sobrecarga dos profissionais de saúde
também é outro fator apontado como
limitante de uma atuação mais efetiva
junto aos jovens.
Fonte: Autora, 2017.
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4 DISCUSSÃO
Pode-se verificar que os objetivos dos estudos selecionados variam do interesse em conhecer
o processo da gravidez na adolescência, o conhecimento dos jovens sobre a sexualidade e a
constatar as complicações, ou seja, os problemas que podem ocorrer durante a gravidez na
adolescência. Assim, após leitura na íntegra e análise crítica dos artigos selecionados, foram
elaboradas as seguintes categorias descritivas: “Gravidez na adolescência:
intercorrências/complicações”, “Consequências da gravidez na adolescência”, “Atuação da equipe
de saúde na prevenção da gravidez na adolescência e suas possíveis complicações”.
Gravidez na adolescência: intercorrências/complicações
Diante da análise dos estudos selecionados foram identificadas complicações biológicas e
obstétricas decorrentes da gravidez na adolescência, tais como: hipertensão arterial sistêmica
(HAS), pré-eclâmpsia e eclâmpsia, infecções do trato urinário, anemia, aborto, desnutrição, diabetes
gestacional, ruptura do colo uterino, prematuridade e hemorragia. Outras complicações advindas da
gestação precoce pouco citadas mais ainda relevantes são as complicações relacionadas a
transmissão de infecções sexualmente transmissíveis – IST’s principalmente relacionado a clamídia,
sífilis e hepatite B. Pode-se constatar também complicações como a ocorrência de depressão,
desestabilidade emocional e financeira das jovens após a gestação, além da interrupção dos estudos
que ocorre na maior parte dos casos.
Ressalta-se que a HAS, pré-eclâmpsia, eclâmpsia, infecções do trato urinário, ruptura
prematura da membrana, aborto e prematuridade são as principais complicações advindas deste
período, no qual foram enfatizadas pelos estudos analisados.
É válido ressaltar que quatro artigos citam como a principal intercorrência da gravidez na
adolescência o aborto, seja ele espontâneo ou provocado, salientando ainda a expressão da
adolescente em não desejar ter a criança (CORREIA et al., 2011; AZEVEDO et al., 2015; DIAS;
TEIXEIRA, 2010; TABORDA et al., 2014).
Em relação à prática do aborto Correia et al. (2011) identificaram que 26,7% das
adolescentes grávidas realizam esta prática. Destaca-se que o aborto provocado geralmente
relaciona-se ao medo da reação dos pais, a pedido do companheiro ou pela própria idade da gestante
(AZEVEDO et al., 2015). Cumpre mencionar que o medo, as incertezas advindas da maternidade,
as consequências futuras na vida escolar e profissional, a vida conjugal, o desejo de não ter a
criança e a perca da liberdade são fatores que influenciam na realização do aborto pela adolescente
que não aceita a sua responsabilidade da maternidade.
14
Já em relação ao aborto espontâneo, este ocorre devido à ruptura prematura da membrana,
estado nutricional materno deficiente, abuso do álcool e drogas, mortalidade neonatal (aborto
retido) e pela assistência de saúde prestada inadequadamente (AZEVEDO et al., 2015). Assim,
verifica-se a importância do início precoce do pré-natal e uma assistência de qualidade, visando a
orientação desta gestante para adesão a hábitos saudáveis e sobre a prevenção de intercorrências e
complicações, além do apoio de uma equipe multidisciplinar.
No que diz respeito as complicações no parto, se destaca a ruptura prematura da membrana,
no qual Azevedo et al. (2015) destaca sua ocorrência em 20,3% das gestações na adolescência.
Cabe citar que a ruptura prematura da membrana provoca intercorrências imediatas para a
adolescente e para o feto tais como: prematuridade, desenvolvimento pulmonar fetal incompleto,
sofrimento fetal, sepse fetal resultante de internação em unidade de terapia intensiva, aumentando
assim a ocorrência de óbito fetal e infecções maternas (BRASIL, 2012; SOUSA et al., 2013).
As ocorrências de ruptura prematura da membrana nas adolescentes possuem relação com a
falta de orientação alimentar no pré-natal acarretando assim deficiência nutricional. O
acontecimento dessa complicação segundo Azevedo et al. (2015) pode estar relacionado com
distúrbios maternos devido a infecção procedentes da gestação, debilitando as membranas
amnióticas. Isto reforça a importância da assistência pré-natal precoce e de qualidade para que a
adolescente possa ter uma gestação saudável, com identificação precoce de fatores de risco
prevenindo complicações.
Azevedo et al. (2015) expõem que a gestação na adolescência esta associada a um maior
risco de desenvolvimento de doença hipertensiva na gravidez, quadro anêmico, ocorrência de
diabetes gestacional e complicações maternas e fetais durante o parto. Além disso, uma proporção
significativa dos bebês de mães adolescentes nasce com baixo peso e/ou prematuros, elevando o
risco de mortalidade e comorbidades nesses neonatos.
Confirmando os dados acima citados, Mwamakamba e Zucchi (2014) constataram no estudo
realizado em um hospital brasileiro que 19,63% dos recém-nascidos de mães adolescentes foram
admitidos na unidade de cuidados intensivos neonatal, no qual destes 58% eram prematuros. O
estudo reforça que filhos de mães adolescentes possuem maior probabilidade de nascer prematuros
e com baixo peso, aumentando o tempo de permanência hospitalar, e consequentemente o custo da
assistência neonatal, gerando grande impacto financeiro no sistema de saúde.
É válido destacar que a prematuridade é citada por todos os estudos analisados, onde as
produções científicas apontam que esta é a causa das maiores complicações para o recém-nascido.
Estudos salientam que a incidência de recém-nascidos prematuros de mães adolescentes é de 31,4%
(SANTOS et al., 2014). Esta prematuridade pode resultar em baixo peso ao nascer, morte perinatal,
epilepsia, deficiência mental, baixo quociente intelectual - QI, cegueira, surdez, necessidade de
15
unidade terapia intensiva, pois o bebê ainda não possui o desenvolvimento completo de seus órgãos
e sistemas (DIAS; TEIXEIRA, 2010).
Pode-se constatar uma alta incidência de prematuridade entre as mães adolescentes, que
pode estar relacionada a imaturidade biológica, considerando a idade ginecológica e seu
desenvolvimento incompleto, imaturidade do suprimento sanguíneo do útero predispondo as
adolescentes a infecções subclínicas, como de outro modo pode estar associada à adolescente entrar
em atrito com o feto no que diz respeito a nutrientes, onde acontece uma competição entre eles. Isto
reforça a importância da prevenção da gravidez neste período da vida, pois poderá trazer
complicações graves a gestante, bebê e toda a família.
Outra intercorrência gestacional enfatizada nos estudos foi a HAS, no qual Sousa et al.
(2013) e Azevedo et al. (2015) salientam que as mudanças da pressão arterial (síndromes
hipertensivas) associado a gestação na adolescência acomete em torno de 5 a 7,1% das
adolescentes, o qual favorecem para complicações maternas e fetais. Os principais problemas
decorrentes da HAS nas gestantes são o risco de pré-eclâmpsia em nova gestação, risco de
descolamento prematuro de placenta – DPP, complicações clínicas graves como: edema agudo de
pulmão, encefalopatia hipertensiva, hemorragia cerebral e insuficiência renal, prematuridade e
baixo peso ao nascer que podem resultar em morbimortalidade materna e fetal, além de afetar o
desenvolvimento da criança (FREIRE; TEDOLDI, 2009).
A HAS durante a gravidez na adolescência pode estar relacionada ao nível socioeconômico,
devido a hábitos de vida inadequados como má alimentação, primeira gestação ainda na
adolescência, início tardio do pré-natal devido a não aceitação da gestação, acarretando assim
prejuízos que poderiam ter sido identificados e prevenidos com a iniciação precoce do pré-natal.
Destaca-se ainda o ganho de peso inadequado, maior que as necessidades fisiológicas como um
fator de risco e desencadeante da HAS o que pode estar relacionado com a falta de orientação
alimentar no pré-natal, bem como da não adesão da adolescente a alimentação balanceada. Além
disto, a HAS pode ser decorrente de um estresse psicossocial vivenciado neste processo de gravidez
na adolescência.
Por fim, cabe ressaltar que dentre as complicações da gravidez precoce a infecção do trato
urinário (ITU) foi pontuada em dois estudos, no qual Correia et al. (2011) constatou que 22,8% das
gestantes adolescentes que participaram do seu estudo possuíam ITU, já Sousa et al. (2013)
identificou que 8,8% das gestantes adolescentes apresentaram este tipo de infecção. Em
enfrentamento com estes dois estudos o Ministério da Saúde afirma que a ITU é uma complicação
comum no decorrer da gestação, ocorrendo em 17 a 20% das gestações (BRASIL, 2012). Assim,
verifica-se que as adolescentes possuem ITU, porém é destacado pelo Ministério da Saúde que esta
é uma complicação comum na gestação, ocorrendo em todas as faixas etárias das gestantes.
16
Consequências da gravidez na adolescência
Foi possível constatar que a gravidez na adolescência pode resultar além de intercorrências e
complicações, em inúmeras consequências para a adolescente e família.
No que se trata de consequências psicológicas e emocionais os estudos analisados destacam
a interrupção na escolarização acarretando prejuízos em sua formação pessoal e profissional,
prejuízos na inserção social e futura no mercado de trabalho, preconceito vindo da sociedade
afetando a vida psíquica desta adolescente, a não aceitação da gravidez, dependência familiar,
situação conjugal, baixa autoestima podendo evoluir para uma depressão pós-parto, crises e
conflitos familiares, como também pode resultar em um aborto provocado (TABORDA et al.,
2014).
Os estudos de Taborda et al. (2014) e Santos et al. (2014) salientam que diante as inúmeras
consequências da gravidez precoce, a interrupção na escolarização torna-se a principal
consequência, pois causa perdas no percurso educacional, causando prejuízos e dificuldade em
retornar ao seu trajeto educacional após o parto, impedindo seu progresso acadêmico, apresentando
menor chance de qualificação profissional, prejudicando assim sua inserção no mercado de trabalho
e sua vida social. É válido mencionar que isto poderá resultar ainda em prejuízos na saúde mental
da gestante/puérpera, levando-a momentos de tristeza, crises e até a depressão.
Em relação ao processo de ensino, constata-se que 79,4% das adolescentes grávidas são
afetadas pelo abandono escolar, sendo que 35,3% das gestantes adolescentes possuem ensino
fundamental incompleto e 44,1% possuem ensino médio incompleto, isto reforça que a adolescente
deixa seus estudos para cuidar de seu filho dificultando ainda seu retorno a fase escolar
(TABORDA et al., 2014; SANTOS, 2014). É importante relacionar a baixa escolaridade com a
dificuldade de adesão ao pré-natal precoce e com cuidados necessários durante a gestação, o que
podem resultar em complicações e intercorrências neste período e após o nascimento no cuidado
com o filho. Cabe ainda mencionar a prevalência da gravidez nas adolescentes com baixa
escolaridade, sendo assim importante o planejamento de medidas educativas para este público a fim
de sensibilizá-los sobre a importância da prevenção da gravidez na adolescência, ressaltado suas
complicações e consequências,
Taborda et al. (2014) reforçam que devido à relevância e amplitude dos problemas
decorrentes da gravidez na adolescência a evasão escolar acaba oferecendo a esta adolescente uma
dependência econômica familiar, o que leva ao aumento de risco para o desemprego devido à sua
educação limitada, gerando assim conflitos familiares interferindo na estabilidade emocional da
adolescente.
17
Por fim, Souza et al. (2017) afirmam que a iniciação sexual precoce além de ser um dos
grandes desencadeadores da gravidez na adolescência também impõe ao jovem situações de risco
para a transmissão de IST’s. Os autores apontam que a falta de conhecimento, e a permanência de
crenças entre os jovens contribui para uma maior vulnerabilidade aos comportamentos de risco que
levam à gravidez precoce, violência sexual, dentre outros problemas. Em relação às consequências
da gravidez na adolescência os autores ressaltam a depressão pós-parto, risco de prematuridade,
risco biológico associado à imaturidade biológica e tentativa de aborto.
Atuação da equipe de saúde na prevenção da gravidez na adolescência e suas possíveis
complicações
É notável que a saúde sexual e a gravidez na adolescência são um problema social que
resultam em uma desestruturação social e familiar, de vulnerabilidade física e emocional para a
saúde da adolescente, resultando em um problema de saúde pública. Assim, a gravidez na
adolescência tornou-se um motivo de constante preocupação para educadores, profissionais de
saúde e governantes, sendo que suas consequências são de alto impacto individual e social, pois
além de complicações e consequências indica uma sexualidade insegura, com riscos devido a não
utilização de preservativo, tornando os adolescentes vulneráveis as IST`s (HIGA et al., 2015).
Ribeiro et al. (2016) afirmam que a adolescência já é um período de intensa transformações
que resultam em vulnerabilidade dos jovens, sendo assim uma fase de grande necessidade de
intervenções de saúde, sobretudo, de ações educativas que permitam uma correta orientação sobre o
desenvolvimento biológico, psíquico e iniciação sexual.
Os autores acima citados pontuam que em 1989 foi criado o Programa de Saúde do
Adolescente (PROSAD) voltado a uma orientação dos adolescentes dentro da atenção primária a
saúde – APS, no qual em 1999 passou a ser denominado “Área de Saúde do Adolescente e do
Jovem (ASAJ)” que dentre outros objetivos busca reduzir a prevalência de gravidez na
adolescência, assim como incentivar ações de educação em saúde que visem a redução da iniciação
sexual precoce. No entanto, é válido salientar que mesmo diante destas iniciativas públicas a grande
dificuldade em orientar e atender as demandas dos adolescentes é justamente pela baixa utilização
dos mesmos nos serviços de saúde e por outro lado existe a sobrecarga de trabalho que impede
enfermeiros e demais componentes da equipe assistencial de promover uma busca ativa e ações
educativas fora da unidade de saúde.
É importante salientar, que embora existam políticas públicas voltadas à saúde da mulher e
também à saúde dos adolescentes, pouco existe na prática da APS iniciativas sobre o cuidado ao
jovem e a prevenção da prática sexual precoce, IST`s bem como a prevenção da gravidez na
18
adolescência. No estudo realizado por Souza et al. (2017) os autores evidenciam que os
adolescentes não possuem conhecimento quanto aos métodos contraceptivos, aumentando sua
vulnerabilidade no que se refere às práticas sexuais, IST’s e a gravidez precoce.
Tratando-se da prevenção da gestação precoce, observa-se que apesar da difusão de
informações sobre os métodos contraceptivos verifica-se ainda carência do papel essencial da
equipe de saúde, escola e família na educação sexual aos adolescentes sobre a importância de
sensibiliza-los sobre o uso dos métodos contraceptivos, a relação entre a contracepção e a iniciação
sexual e a correlação entre a escolaridade e contracepção, evitando assim uma gravidez indesejada e
possíveis IST`s (HIGA et al., 2015).
Considerando que os adolescentes não procuram os serviços de saúde para adquirir
informações sobre saúde sexual e reprodutiva, cabe aos gestores e profissionais da APS
implementar ações para acompanhar estes adolescentes, abordando de maneira permanente sobre a
prevenção da gravidez na adolescência. É importante frisar que os serviços de saúde devem conter
profissionais capacitados para o acolhimento deste público alvo contribuindo com a criação de um
vínculo, proporcionando assim um diálogo e uma escuta qualificada para os adolescentes, ofertando
a eles informações sobre a prática de contracepção, a prevenção de IST`s e gestação precoce, além
de reforçar suas possíveis complicações e consequências (SANTOS et al., 2014).
Em relação a assistência a saúde, diversos estudos apontam que o enfermeiro possui um
papel essencial tanto na assistência pré-natal de qualidade, como no desenvolvimento de práticas
preventivas e educativas com adolescentes, reduzindo a vulnerabilidade destes, e incentivando
posturas de autocuidado que reduzam a ocorrência da iniciação sexual precoce, gravidez na
adolescência dentre outras práticas (HIGA et al., 2015; RIBEIRO et al., 2016; SOUZA et al., 2017).
Embora haja consenso da maior vulnerabilidade das adolescentes quanto aos riscos
obstétricos e neonatais, sobretudo pelo corpo ainda não estar completamente formado, é também
defendido pelos autores a importância de uma assistência pré-natal adequada para minimizar tais
riscos. Estima-se que o início precoce do acompanhamento pré-natal favorece a identificação de
fatores adversos, bem como a intervenção em tempo oportuno de possíveis complicações e
intercorrências que podem surgir na gestação (CORREIA et al., 2011; HIGA et al., 2015; RIBEIRO
et al., 2016).
Cabe ressaltar que os profissionais da saúde devem realizar programas de educação em
saúde em conjunto com as escolas voltados para a prevenção da atividade sexual precoce,
incentivando o auto cuidado e o uso de contraceptivos, prevenindo assim complicações como as
IST`s e a gravidez na adolescência (SANTOS et al., 2014).
Com intuito de realizar uma assistência preventiva efetiva, contribuindo para o
enfrentamento das vulnerabilidades dos adolescentes, foi instituído o Programa Saúde na Escola –
19
PSE, que busca obter uma integração e articulação permanente entre profissionais da área da saúde
e educação, políticas sociais, ações de educação em saúde e a participação ativa da comunidade.
Destaca-se que as ações educativas com alunos do ensino fundamental e médio são citadas na
literatura como uma ferramenta efetiva para correta orientação sobre sexualidade e prevenção da
gravidez na adolescência, contudo, estudos recentes afirmam que ainda existe pouca efetividade do
PSE na maior parte das regiões brasileiras, resultando em números cada vez maiores de
adolescentes grávidas (NERY et al., 2011).
É importante mencionar que para a prevenção da gravidez na adolescência é necessário a
atuação conjunta do governo, profissionais da saúde e comunidade. É preciso que além da
existência de políticas públicas haja também ações efetivas na comunidade que estimulem a adesão
dos adolescentes aos serviços de saúde, além de ações contínuas no âmbito da APS e escolas
buscando conscientizar os jovens sobre as implicações e riscos de uma iniciação sexual precoce.
Assim a educação em saúde é apontada pelos pesquisadores como uma das iniciativas primordiais
para redução do índice de gravidez na adolescência (SANTOS et al., 2014; SOUZA et al., 2017).
No que se refere ao papel da enfermagem na prevenção da gravidez na adolescência e nas
complicações destas, os estudos citam a relevância deste profissional nas ações de educação em
saúde, atividades conjuntas com a comunidade, seja estas em escolas, igrejas e espaços de convívio,
além de orientações individualizadas na unidade de saúde com acolhimento adequado ao jovem,
estimulando a busca por orientações e cuidados na Unidade de Saúde.
Os estudos abordam também alguns fatores limitantes da atuação da enfermagem diante da
problemática gravidez na adolescência, como as grandes áreas de cobertura das equipes de saúde,
atendendo uma demanda maior que sua capacidade, não estando condizente na maioria dos casos
com o preconizado pelo Ministério da Saúde para garantir uma assistência efetiva e de qualidade,
além da sobrecarga de trabalho e falta de motivação profissional para atuar fora da Unidade de
Saúde (CORREIA et al., 2011; RIBEIRO et al, 2016).
Por fim, diante da problemática da gravidez na adolescência, verifica-se a necessidade de
capacitação e atualização permanente dos profissionais da APS para a assistência dos adolescentes,
visando a adesão dos mesmos aos serviços de saúde, a criação do vínculo e a sensibilização dos
mesmos para práticas de vida saudáveis a fim de evitar a transmissão de IST`s e a ocorrência de
gravidez na adolescência (CORREIA et al., 2011). E nos casos de gravidez na adolescência é
importante a sensibilização da gestante a adesão ao pré-natal, a fim de identificar precocemente
fatores de risco e intervir de maneira resolutiva, evitando possíveis complicações.
20
6 CONCLUSÃO
Verifica-se que a sexualidade tem iniciado precocemente entre os adolescentes, expondo os
mesmos a infeções e a gravidez precoce. Pode-se identificar diante do estudo realizado o aumento
dos casos de gravidez na adolescência com o passar dos anos, além de constatar que este processo
pode trazer sérias complicações e consequências para gestante, bebê, família e comunidade.
Cabe destacar que a gestação na adolescência apresenta maior risco de desenvolvimento de
complicações como síndrome hipertensiva, quadro anêmico, ocorrência de diabetes gestacional, e
complicações maternas e fetais durante o parto. Ressalta-se ainda o aborto e a prematuridade como
problemas recorrentes entre gestantes adolescentes.
Além de complicações a gravidez precoce traz sérias consequências biopsicossociais,
representando um grande limitador de crescimento pessoal, sobretudo para as mães jovens, que
comumente abandonam os estudos para trabalhar e prover o sustento do filho. É consenso entre as
pesquisas analisadas que o início precoce da atividade sexual coloca os jovens em situação de
grande risco e fragilidade social.
Em relação aos serviços de saúde, destaca-se a relevância do profissional enfermeiro na
escuta qualificada e na criação de vínculo com os jovens, a fim de realizaram a educação sexual e a
sensibilização dos mesmos para práticas sexuais segura, visando a prevenção de IST`s, bem como a
gravidez precoce. Observa-se a necessidade do trabalho conjunto da equipe de saúde, gestores,
escola, família e comunidade a fim de realizarem a sensibilização da população jovem para a
promoção da saúde e prevenção da gravidez na adolescência. Além da efetivação de um pré-natal
de qualidade nas unidades de atenção primária visando reduzir e prevenir complicações decorrentes
da gravidez na adolescência.
21
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24
ANEXOS
25
Anexo A – Instruções para autores da Revista Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR
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27
28
29
Anexo B – Declaração de revisão ortográfica, gramatical.