Post on 21-Aug-2020
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UNIVERSIDADE PARANAENSE – UNIPAR
CURSO DE BACHAREL EM EDUCAÇÃO FÍSICA
MICHELLY DAL PAI
AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO ESTÁTICO EM CRIANÇAS DE SEIS E SETE
ANOS PRATICANTES DE UM PROJETO DE GINÁSTICA RÍTMICA
UMUARAMA – PR
2017
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MICHELLY DAL PAI
AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO ESTÁTICO EM CRIANÇAS DE SEIS E SETE
ANOS PRATICANTES DE UM PROJETO DE GINÁSTICA RÍTMICA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Banca Examinadora do Curso de Educação
Física da Universidade Paranaense – UNIPAR,
como exigência Parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Educação Física.
Orientação: Prof.ª Ms. Gisely Brouco
UMUARAMA – PR
2017
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FOLHA DE APROVAÇÃO
MICHELLY DAL PAI
AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO ESTÁTICO EM CRIANÇAS DE SEIS E
SETE ANOS PRATICANTES DE UM PROJETO DE GINÁSTICA RÍTMICA
Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Educação Física pela Universidade Paranaense - UNIPAR, tendo a seguinte
banca examinadora.
Aprovada em: _____ / ______ / ______.
Banca Examinadora:
_____________________________________________
Prof.ª Ms. Gisely Rodrigues Brouco
ORIENTADORA
_____________________________________________
Prof.ª Ms. Isabela Caroline Belém
_____________________________________________
Profª Ms. Maria Gabriella Giroto
UMUARAMA - PR
2017
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Ao meu marido e minha mãe que sempre foram meus grandes incentivadores e
acreditaram na minha capacidade
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AGRADECIMENTOS
A elaboração deste trabalho não teria sido possível sem contribuições e
participações inestimáveis. Deste modo, não poderia deixar de agradecer:
A Deus por cuidar de mim todos os dias e através de Seu amor me conduzir pelos
melhores caminhos.
A minha mãe, pelo seu amor, carinho, incentivo, paciência e pelas muitas, mas
muitas orações feitas por mim.
Ao meu marido, pelo suporte em todos os momentos, sempre me incentivando a
dar o melhor de mim e apoiando nos momentos difíceis.
A minha orientadora Gisely Brouco, pelo seu apoio e orientação, pelas suas
correções e incentivos e principalmente pela sua amizade.
A professora Caroline Bretas Lueders pela oportunidade de participar deste
projeto de Ginástica, que me proporcionou conhecimentos que vou carregar o resto da
vida, pela sua dedicação e carinho.
A Coordenadora do Curso de Educação Física Silvia Regina Nishiyama Sucupira
Sarto, por estar sempre presente, nos mostrando o caminho correto.
Aos meus colegas, que através desses anos foram minha família, compartilhando
alegrias e tristezas.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu
muito obrigado.
A estes… o meu mais sincero obrigado!
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“Ao longo dos anos, os antigos
encontraram uma boa receita para a
educação: ginástica para o corpo e música
para a alma.”
(Platão)
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RESUMO
A Ginástica Rítmica nasce estética e bela, seu movimento pode ser considerado como uma das
formas de entendimento e compreensão da relação do homem com o mundo, baseando-se em
movimentos originais e precisos que requerem o desenvolvimento de certas valências físicas,
como o equilíbrio, que é habilidade de um indivíduo manter a postura de seu corpo inalterada, em
várias posições. Portanto este estudo tem como objetivo analisar a habilidade de equilíbrio
estático em crianças de seis e sete anos praticantes de um projeto de Ginástica Rítmica, devido a
sua importância no desenvolvimento psicomotor e também por fazer parte do grupo de elementos
obrigatórios da modalidade. Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa aplicada, quantitativa
e abordagem comparativa em que participaram 11 alunas do sexo feminino, com idade entre seis
e sete anos de idade que participar de um projeto de iniciação do esporte. Para tabular os resultados
utilizar-se-á a tabela correspondente segundo a escala de desenvolvimento motor de Rosa Neto
(2002), conforme idade cronológica antes da aplicação dos métodos de ensino e após a aplicação
destes. Constatou-se que na avalição do equilíbrio pé manco estático das 05 crianças avaliadas de
seis anos obteve-se um aumento de 60% para 80% nos resultados após a aplicação dos métodos
de ensino e na avalição do equilíbrio de cócoras das 06 crianças avaliadas de sete anos obteve-se
um aumento de 33,33% para 83,33% após a aplicação dos métodos de ensino. A partir dos
resultados, observou-se que houve diferença no desenvolvimento do equilíbrio após três meses
da aplicação dos métodos de ensino, demostrando a importância da avaliação motora como
ferramenta para o profissional de educação física intervir no processo de aprendizagem motora,
desenvolvendo ações a fim de obter melhorias de acordo com seus objetivos.
Palavras-chave: ginástica rítmica; equilíbrio estático; desenvolvimento motor.
ABSTRACT
The Rhythmic Gymnastics borns esthetics and beautiful. Its movement can be considered as one
of the forms of understanding and comprehension of relationship man-world, based on originals
and accurate movements that request the development of some physical valences like balance
which is the skill of an individual keep its body posture unaltered, in many positions. Therefore,
this study has as objective to analyze the static balance skill with six and seve years old kids
practitioners in a Rhythmic Gymnastics Project, due to its importance in phycomotor
development and also be part of a group of obligatory elements in this sport. This study is
characterized as na applied , quantitative research ,with a comparative approach where 11 girls
participated. They are between six and seven years old and they are in a initiation sport project.
To tabulate the results will be used the correspondent scale of motor development of Rosa Neto
(2002), according to chronological age before and after the implementation of teaching methods.
It was noted that in the balance assessment one foot stand of 5 children assessed in its six years
old got a increase of 60% to 80% in results afterthe aplication of teaching methods and in squatting
balance assessement of 06 children assessed in its seven years old got a increase from 33,33% to
83,33% after the aplication of teaching methods. From this results, it was observed that was a
difference in balance development after three months of teaching methods aplication, showing
the importance of motor assessement as a tool to Physical Education coach to intervene in motor
learning process, developing actions in order to obtain imporvements according its objectives.
Keywords: Rhythmic Gymnastics; static balance; motor development
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 – EQUÍLIBRIO PÉ MANCO ESTÁTICO................................................. 27
FIGURA 2 – EQUILÍBRIO DE CÓCORAS ............................................................... 28
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LISTA DE TABELAS/GRÁFICOS
TABELA 1 – CARACTERIZÇÃO POR FAIXA ETÁRIA..........................................30
TABELA 2 - AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO PÉ MANCO ESTÁTICO ANTES DA
APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DE ENSINO..............................................................30
TABELA 3 - AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO PÉ MANCO ESTÁTICO TRÊS
MESES APÓS A APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DE ENSINO.................................31
TABELA 4- AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO DE CÓCORAS ANTES DA
APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DE ENSINO..............................................................31
TABELA 5 - AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO DE CÓCORAS TRÊS MESES APÓS
A APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DE ENSINO..........................................................31
GRÁFICO 1 – RESULTADOS DOS TESTES DE EQUILÍBRIO...............................32
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................11
2. REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................13
2.1 Ginástica Rítmica....................................................................................................13
2.1.1 Evolução da Ginástica Rítmica............................................................................13
2.1.2 Conteúdos e Características da Ginástica Rítmica................................................15
2.2 Crescimento e Desenvolvimento motor na infância................................................20
2.2.1 Crescimento físico e Desenvolvimento motor......................................................20
2.2.2 Desenvolvimento Motor na Infância.....................................................................21
2.3 Equilíbrio.................................................................................................................24
3. METODOLOGIA.....................................................................................................27
3.1 Tipos de pesquisa......................................................................................................27
3.2 Caracterização da população.....................................................................................27
3.3 Instrumentos de pesquisa..........................................................................................28
3.4 Procedimentos...........................................................................................................29
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................30
5. CONCLUSÃO............................................................................................................33
REFERÊNCIAS............................................................................................................34
APÊNDICE...................................................................................................................37
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1 INTRODUÇÃO
A Ginástica Rítmica ou simplesmente GR nasce estética oriunda da influência da
música e da dança na Ginástica Sueca e a beleza herdada da Ginástica grega segundo
Paoliello (2010), unindo assim a estética com a beleza. Em seu lado arte, a Ginástica
Rítmica é conceituada como a busca do belo, uma explosão de talento e criatividade, em
que expressão corporal e o virtuosismo técnico se desenvolvem juntos, formando um
conjunto de movimento e ritmo. Recebeu também influência de outras correntes como da
arte cênica e da pedagogia (GAIO, 2007).
A GR não se restringe somente à reprodução e à produção da técnica, o
movimento humano na ginástica rítmica pode ser considerado como uma das formas de
entendimento e compreensão do homem em relação ao seu contexto de relações no mundo
onde esse movimento ultrapassa sua origem técnica, permeando emoções, sentimentos,
percepções e relações com as imagens do homem e mundo (ALONSO, 2011). Portanto,
a prática da Ginástica Rítmica é um instrumento eficaz pra o desenvolvimento integral do
ser humano, utilizando uma expressão corporal própria para exteriorizar seu lado técnico
e artístico.
Sendo uma modalidade esportiva essencialmente feminina, requerendo um alto
nível de desenvolvimento de certas qualidades físicas, com exigências de rendimento
elevadas, buscando a perfeição da técnica na execução de movimentos complexos com o
corpo e com os aparelhos, conforme salienta Laffranchi (2001), vinculando uma técnica
perfeita com uma expressão artística harmoniosa.
Baseia-se em movimentos originais e precisos os quais requerem o
desenvolvimento de valências físicas, como o equilíbrio, o qual é de fundamental
importância para a performance como afirma Karloh (2009), fazendo parte do grupo de
elementos corporais fundamentais do grupo fundamental.
Segundo Gallahue e Ozmun (2005) o equilíbrio é conceituado como a habilidade
de um indivíduo manter a postura de seu corpo inalterada, quando este é colocado em
várias posições sendo básico para todo movimento e é influenciado por estímulos visuais,
táteis, cinestésicos e vestibulares. Pode ser definido como equilíbrio estático que se refere
à habilidade do corpo em manter-se em certa posição estacionária e equilíbrio dinâmico
à habilidade do indivíduo manter o equilíbrio quando em movimento de um ponto a outro.
A independência motora da criança está diminuindo nos dias atuais, pois estas
muitas vezes são privadas de explorar e descobrir o ambiente ao seu redor devido as
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mudanças no estilo de vida e a falta de segurança. Como consequência as crianças estão
sedentárias, introvertidas e com falta de estímulos para o desenvolvimento motor, tendo
assim o equilíbrio um importante papel no progresso do aperfeiçoamento motor;
Oportunizar novas experiências motoras, como a Ginástica Rítmica, é de extrema
importância para o domínio motor, afetivo-social e cognitivo, portanto como a prática da
modalidade em um projeto de iniciação esportiva auxilia no desenvolvimento do
equilíbrio estático em crianças de seis a sete anos?
O período da infância é de extrema importância para o desenvolvimento do ser
humano, sendo marcado por alterações de nível cognitivo, afetivo e motor, logo
representa um período ideal para desenvolver uma grande variedade de habilidades
motoras, como o equilíbrio o qual é fundamental para o desenvolvimento psicomotor da
criança, sendo também a base para o desenvolvimento de diversas habilidades motoras.
Na GR o equilíbrio além de fazer parte do grupo de elementos fundamentais obrigatórios,
é a base fundamental para a execução correta dos movimentos. Muitos destes movimentos
utilizam o equilíbrio estático, que sendo aperfeiçoado desde a infância contribui para uma
melhor performance motora na GR e é coadjuvante na aprendizagem motora. Diante disto
o estudo demonstra sua importância, pois busca analisar o desenvolvimento do equilíbrio
estático em crianças de seis e sete anos antes e após a aplicação de métodos de ensino de
Ginástica Rítmica.
Face ao exposto elaborou-se o objetivo principal desse estudo que foi analisar a
habilidade de equilíbrio estático em crianças de seis e sete anos iniciantes na prática de
Ginástica Rítmica. E como objetivos secundários verificar o equilíbrio estático das
crianças antes de qualquer aplicação de método de ensino; identificar os métodos de
ensino utilizados para o desenvolvimento do equilíbrio nas praticantes de Ginástica
Rítmica e verificar o desenvolvimento do equilíbrio estático 3 meses depois da aplicação
dos métodos de ensino.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 GINÁSTICA RÍTMICA
2.1.1 Evolução da Ginástica Rítmica
Para entender a Ginástica Rítmica como desporto-arte precisa-se conhecer sua
história e evolução, sendo que os primeiros relatos sobre atividade física associada com
rítmico vêm de Rousseau, que fez um estudo sobre o desenvolvimento técnico e prático
da ginástica para a educação infantil (LAFFRANCHI, 2001).
A autora relata que por meio dos trabalhos de Muts, obteve-se o
desenvolvimento das atividades ginásticas relacionadas ao fortalecimento do indivíduo
sendo Muts considerado um dos pioneiros da Ginástica O lado arte teve suas raízes em
Delsarte, que se caracterizou pela busca de expressão dos sentimentos através dos gestos
corporais, destaca ainda a referida autora.
De acordo com Paoliello et al (2010) a criação da Ginástica Rítmica baseou-se
em três personagens de extrema importância, Jaques Dalcroze, Rudolf Bode e Medau. O
primeiro Jaques Dalcroze ensinava Eurítimia (movimentos musculares em conjunto com
a expressão, emoção e construção musical) sendo o primeiro a lançar suas ideias sobre
expressão dos sentimentos pelos movimentos do corpo.
Já Lafranchi (2001) destaca que Dalcroze iniciou a prática como
desenvolvimento da sensibilidade musical através de movimentos corporais, tendo
realizado diversos estudos onde concluiu a relação entre harmonia dos movimentos e seu
dinamismo, entre o equilíbrio e os diversos estados do sistema nervosa central tendo
Dalcroze inspirado alguns de seus alunos a aperfeiçoar sus técnica, tornando-a mais
expressiva.
O segundo é Rudolf Bode, criador da Ginástica Rítmica, que interagiu a ginástica
expressiva e a dança de forma adequada à expressão feminina, tornando-se o pai da
modalidade, afirma Paoliello et al, (2010). Bode pregava que o importante era o
movimento fluir e seu caráter natural e integral, criou-se um sistema onde se demonstrava
os estados emocionais através dos movimentos, unindo-se a isso música, o caráter
feminino da atividade, e o uso de aparelhos para ornamentar a apresentação, sendo suas
teorias baseadas no princípio da contração e relaxamento.
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Quanto ao espaço, explorou as direções e planos em todas as possibilidades;
introduziu a ginástica expressiva e os trabalhos em grupos ressaltando a harmonia do
trabalho em grupo. Como seguidora de Bode, Isadora Duncan fez adaptações ao sistema
e levou para a antiga União Soviética, onde ensinou essa atividade como um esporte
independente e competitivo (LAFFRANCHI, 2001).
A autora cita também Medau, que utilizou um método para favorecer a saúde
física da mulher, com a utilização do corpo todo nos movimentos. Foi ele quem introduziu
o uso de instrumentos como bolas e maças na apresentação. No seu desenvolvimento a
GR cada vez mais ganhou um caráter esportivo e sua denominação também foi se
alterando. Antes denominada Ginástica Artística, depois Ginástica Moderna. Outra
denominação foi a Ginástica Rítmica Moderna, seguida por Ginástica Rítmica Desportiva
quando ganha definitivamente caráter de esporte e definindo novos parâmetros para a
modalidade.
Paoliello et al (2010) destacam que no Brasil a Ginástica Rítmica chegou
através da professora austríaca Margareth Frohlich que ministrou aulas em São Paulo e
teve assistência de Erica Sauer deu continuidade ao seu trabalho no país. Nesse período
surge Ilona Peuker, que foi a principal divulgadora da nova concepção de ginástica e
formou um grupo de elite chamado de Grupo Unido de Ginastas, divulgando a ginástica
em cidade de todo o país.
Lafranchi (2001) afirma que se sobressaem também Dayse Barros, Ingeborg
Crause, Vera Miranda, Elisa Resende e Elisabeth Laffranchi; foi essa última professora
inclusive quem trouxe a ginástica rítmica para o Paraná, formando a primeira equipe de
competição da região e criou o primeiro Pólo da GR a fim de propagar o esporte em todo
o estado e transformá-lo num dos maiores centros formadores de ginástica do país,
lutando incansavelmente para consolidar a prática do esporte e torná-lo mais popular.
De acordo com Gaio (2007), o Brasil esteve presente em evento internacional
em 1967, no III Campeonato Mundial em Copenhaguem (Dinamarca), em provas
individuais com Daisy de Barros e reaparece em 1973 no VI Campeonato Mundial de
Roterdã (Holanda), concorrendo na prova de conjuntos. No XIII Jogos Pan-americanos
de Winnipeg, o Brasil consagrou-se campeão Geral, com excelentes notas no conjunto de
cinco pares de maças e no conjunto de arco e fita, cuja técnica de conjunto era Bárbara
Laffranchi.
A autora ainda salienta que a participação brasileira em Jogos Olímpicos na
modalidade tem sua primeira participação em 1984, em Los Angeles (USA), com as
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provas individuais de arco, bola, maças e fita e as provas em conjunto apareceram apenas
em 1996 em Atlanta (USA), com os aparelhos cinco arcos em uma coreografia e três
bolas e duas fitas em outra coreografia.
2.1.2 Conteúdos e Características da Ginástica Rítmica
A GR é um esporte exclusivamente feminino (com exceção do Japão, no qual a
prática deste esporte pode ser realizada por homens e mulheres), e que é praticado tanto
individualmente quanto em conjunto (grupo de cinco ginastas realizando performances
com um ou dois aparelhos pré-estabelecidos pela FIG – Federação internacional de
Ginástica), seguindo códigos de execução e de composição de uma coreografia, sendo,
portanto um esporte normalmente competitivo salienta Paoliello et al (2007).
Destaca-se pela beleza e técnica de seus movimentos e harmonia com a música
e com o ritmo através de movimentos belos e criativos. Tal prática permite a atuação
individual e em conjunto (5 ginastas); precisa de acompanhamento musical apropriado, e
sua evolução é num espaço de 13x13 metros onde no conjunto as ginastas precisam
demostrar entrosamento tanto com a música como com as suas companheiras (GAIO,
2007).
A Ginástica Rítmica como uma modalidade esportiva, busca o trabalho corporal
combinado com o manuseio dos aparelhos manuais (corda, arco, bola, maças e fita) em
determinado exercício de conjunto ou individual de acordo com o acompanhamento
musical, sendo a escolha da música de extrema importância para a montagem de uma
coreografia ritmada e harmônica e influenciando na pontuação. (ALONSO, 2011).
Os aparelhos oficiais possuem normas específicas de tamanho, peso, cor e
movimentos característicos fundamentais, sendo executados em um determinado número
de vezes conforme as regras estabelecem, afirma Gaio (2007) e sua manipulação deve
seguir o ritmo da música e seus movimentos fluidos e leves.
Já Alonso (2011) destaca que as competições podem ser em conjunto e
individuais e em nível de competição são chamadas de exercício de conjunto e exercício
individual, onde o objetivo do conjunto é mostrar um tema realizado por um “discurso
motor” acompanhado por música, numa composição de cinco ginastas, com duração de
2 minutos e 15 segundos a 2 minutos e 30 segundos. No individual com duração de 1
minuto e 15 segundos a 1 minuto e 30 segundos, devendo a apresentação acabar no exato
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momento em que a música termina senão receberá falta e perderá pontos. Ambos possuem
os componentes de dificuldade (valor técnico máximo que a execução de determinado
movimento pode atingir), artístico (montagem da coreografia) e execução, portanto para
obter uma boa nota, a ginasta precisa executar uma série com a máxima dificuldade,
porém, com o mínimo de falhas durante a apresentação.
Já Gaio (2013) afirma que o valor estético dos movimentos da GR é objetivo
especial de preocupação por parte das ginastas, treinadores e árbitros, pois reflete a união
dos movimentos técnicos e dos movimentos expressivos, é o elo entre as exigências dos
elementos corporais, do manejo dos aparelhos e do acompanhamento musical; é um
esporte na área de competição, é um esporte-espetáculo para o público, sendo uma arte
do movimento que encanta e comove, ultrapassando a dimensão esportiva, tornando-se
um espetáculo prazeroso de cores, ritmos e movimentos para o publico que assiste.
As características da GR adquiridas desde a sua origem provocaram a criação de
infinitas possibilidades de movimento devido ao seu caráter multifacetado e
surpreendente onde o sentido estético que busca o belo ginástico, o vínculo com a música,
o entrelaçamento com a dança, a busca por formas inusitadas e especialmente tramadas,
a configuram como um esporte aberto a diferentes interpretações e nunca acabado ou
fechado em si mesmo permitindo sua aplicação prática para vários tipos de objetivos e
públicos auxiliando no seu desenvolvimento das capacidades motoras (PEREIRA;
MEDEIROS, 2016).
A Ginástica Rítmica permite a expressão da executante de comunicar seu “eu“
interior, através da complexidade e qualidade dos movimentos, proporcionando uma
comunicação não verbal entre a ginasta e o expectador. Gaio (2013) diz que a expressão
da GR pode apresentar dois aspectos: no primeiro aspecto, os movimentos expressivos
são executados sem uma preocupação com a performance, próximos dos movimentos
naturais e auto expressivos, relacionando-se ao esporte como meio pedagógico e
educativo e no segundo aspecto, os movimentos expressivos são executados com
domínio e eficiência da técnica específica da GR, com preocupação com o alto
rendimento e são intencionalmente expressivos, relacionando-se ao esporte performance,
isto é, competição de alto nível.
Já para Alonso (2000) os componentes básicos da Ginástica Rítmica comuns aos
exercícios de conjunto e individual são: a escolha dos elementos corporais, escolha dos
elementos dos aparelhos, ocupação especial, variação da composição, precisando ocorrer
uma integração entre todos os componentes para uma apresentação harmônica e elegante.
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Segundo Gaio (2013, p. 101), “os elementos corporais na Ginástica Rítmica são
os ações motoras que norteiam essa modalidade em nível de julgamento, pois são as
dificuldades previstas no código de pontuação da FIG”, sendo à base dos exercícios
individuais e dos conjuntos. Os elementos corporais devem obedecer às regras de
execução próprias da modalidade.
No processo pedagógico da GR trabalham-se os elementos corporais usando
como base a construção de outros movimentos, explorando a criatividade da criança onde
as mesmas sintam a execução de vários movimentos envolvendo indiretamente os
elementos corporais. De modo que elas sintam prazer na execução das propostas a serem
vivenciadas e depois partir para os elementos específicos do código de pontuação,
fazendo assim com que a criança desenvolva também sua capacidade psicomotora
(GAIO, 2013), estimulando seu desenvolvimento de forma global e preparando-os para
diferentes experiências futuras.
A autora ainda afirma que utilizando propostas lúdicas como veículo para os
exercícios específicos, estimula-se a criança a gostar da prática de atividades direcionadas
aos movimentos que tem relação direta com a GR, iniciando-se o processo pedagógico
com as execuções dos elementos de menor complexidade para os elementos de maior
complexidade. Assim, a criança aprende os movimentos brincando e consegue um
aperfeiçoamento motor progressivo.
Dentre o componentes do treinamento desportivo da GR fazem parte a
preparação física, preparação técnica, preparação artística, preparação psicológica e
preparação intelectual.
A preparação física é um dos componentes do treinamento que busca
desenvolver as qualidades físicas básicas e específicas da GR e divide-se em dois
aspectos: a preparação física geral (desenvolve o potencial da ginasta no conjunto das
qualidades físicas de base através de um trabalho generalizado), e a preparação física
específica (desenvolve as qualidades físicas particulares do esporte, como a melhoria da
qualidade de execução dos elementos corporais) (LAFFRANCHI, 2001). Ainda segundo
a autora, as principais valências para o desenvolvimento físico da GR são a flexibilidade,
coordenação, ritmo, equilíbrio, resistência (anaeróbica, muscular localizada e aeróbica),
agilidade e força explosiva.
Constituindo-se o desempenho dessas atletas dependente da coordenação e
habilidades motoras, como o equilíbrio postural, necessários para a execução de
movimentos com adequada precisão conforme afirma Poliszczuk (2010), tornando-se o
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equilíbrio importante para a prática dos elementos corporais bem como necessário na
preparação física.
Lafranchi (2001) destaca que o principal objetivo da preparação técnica é a
realização do movimento ginástico com a máxima eficiência e o mínimo esforço através
da perfeição da execução.
Com relação à preparação tática Laffranchi (2001) afirma que tem como objetivo
conseguir a vitória nas competições, levando-se em conta as qualidades individuais das
ginastas e as condições das equipes adversárias. Sendo que é através da montagem de
coreografias que se organizam as ações individuais e de conjunto, de forma racional e
dentro dos limites do esporte, bem como engloba também a vestimenta, penteados e
maquiagem e aparelhos utilizados. O primeiro passo ao elaborar a coreografia é a escolha
da música para o exercício, sendo que esta deve atender ás características físicas e
psicológicas da ginasta. A música é a inspiração inicial para a criação de uma composição;
seu caráter e estrutura definirão a base para a elaboração da coreografia.
O lado artístico da GR é expresso na coreografia, através dos movimentos e da
expressão corporal, as ginastas se comunicam com o público e interpretam sua música,
porém, a montagem da coreografia vai depender da criatividade da técnica e do
desempenho da ginasta em realizar os elementos corporais e os aparelhos (GAIO, 2007)
Lafranchi (2001) ainda destaca que a preparação intelectual depende do nível
prévio da ginasta, de sua motivação e de seu prepare físico, sendo que a ginasta precisa
ter consciência das exigências das composições e das faltas de execução determinadas
pelo código de pontuação, precisa conhecer a importância das repetições da preparação
técnica e das correções que precisa ser consciente que uma boa preparação é de
fundamental importância para um resultado satisfatório.
Corroboram Lafranchi (2001) e Gaio (2013) em seus estudos que a preparação
psicológica propicia condições mentais para a ginasta suportar o treinamento; seu
desenvolvimento deve ser realizado pelo seu psicólogo esportivo, porém a participação
do técnico é fundamental, sendo este o grande motivador do treinamento, incentivando a
ginasta, mas também enérgico e exigente, necessitando ter uma percepção apurada das
necessidades individuais das ginastas e coletivas da equipe das ginastas a fim de garantir
um ambiente motivacional elevado.
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2.2 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR NA INFÂNCIA
2.2.1 Crescimento Físico e Desenvolvimento Motor
O ser humano não é biologicamente estático, pois desde a concepção até sua
morte, ocorre uma série de transformações quantitativas e qualitativas, tanto no sentido
evolutivo quanto involutivo; essas transformações têm ritmos e intensidades diferentes,
de acordo com a etapa em que o ser humano se encontra ele se modifica e também
modifica o meio como uma forma de adaptação (GUEDES; GUEDES, 2000).
Para Guedes; Guedes (2000) e Gallahue (2005) o indivíduo está sempre
passando por mudanças relacionadas à idade e que constantemente alteram a interação
com o ambiente e com a tarefa sendo que o movimento se apresenta e se aprimora nessa
interação ocorrendo mudanças de ordem quantitativa, como aumento na estatura, no peso
corporal, que costumam ser denominadas de crescimento físico e de ordem qualitativa,
como aquisição e melhoria de funções, denominadas de desenvolvimento Portanto, o
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento motor é de fundamental importância
para o aperfeiçoamento motor.
Já para Tani et. al (1988) o crescimento e o desenvolvimento fazem parte da
progressão do organismo, desde a concepção até a maturidade, sendo que o crescimento
refere-se ao aumento no número (hipertrofia) das célula que compõem tecidos diversos
do organismo e o desenvolvimento são as transformações funcionais que ocorrem nas
células nos diferentes sistemas do organismo, ambos são inter-relacionados.
Segundo Guedes; Guedes (2000) o crescimento corresponde ás alterações físicas
nas dimensões do corpo como um todo, ou de partes específicas, em relação ao fator
tempo, são as transformações quantitativas e o desenvolvimento é a sequência de
modificações evolutivas nas funções do organismo, um conjunto de fenômenos que de
forma inter-relacionados permite a evolução do indivíduo, os quais podem englobar
transformações quantitativas e qualitativas, são processos que estão relacionados entre si
e que ocorrem durante todo o ciclo da vida.
O desenvolvimento é um processo cumulativo, de mudanças na capacidade
funcional (capacidade de existir no mundo real) e que se relaciona com a idade (porém
independe dela) e envolve mudança sequencial (um passo sempre leva ao passo seguinte
de maneira irreversível e ordenada), sendo resultado de interações intrínsecas e
extrínsecas ( HAYWOOD; GETCHELL, 2010)
20
A autora destaca ainda que em relação ao desenvolvimento motor as mudanças
no movimento ocorrem ao longo da vida, sendo útil um modelo para auxiliar na
observação do comportamento motor, como o modelo de Newell que sugeriu que os
movimentos surgem das interações do organismo, ambiente e da tarefa executada. Então
para entender o movimento devemos entender as relações entre s características do
indivíduo que se movimenta, o meio que o cerca e o objetivo ou propósito de sua
movimentação e da interação entre essas características emerge o movimento específico.
2.2.2 Desenvolvimento Motor na Infância
O desenvolvimento na infância é marcado por alterações estáveis e progressivas
das áreas cognitiva, afetiva e motora, ocorrendo aumento estável de altura, peso e massa
muscular. As crianças pequenas estão ativamente empenhadas em melhorar suas
habilidades cognitivas, desenvolvendo funções cognitivas, que eventualmente resultarão
em raciocínio lógico e em formulação de conceitos. No desenvolvimento afetivo, as
crianças estão envolvidas em duas tarefas sócio-emocionais, que são desenvolver o
sentido de autonomia e o sentido de iniciativa (GALAHUE; OZMUN, 2005).
Para o autor, o desenvolvimento motor ocorre por meio das brincadeiras, através
das quais as crianças desenvolvem ampla variedade de habilidades locomotoras,
manipulativas e estabilizadoras fundamentais. Com autoconceito estável e positivo, o
ganho no controle da musculatura é fácil, tornando-se confiantes, ávida e frequentemente
audaciosa, rapidamente expandindo seus horizontes, afirmando suas personalidades,
desenvolvendo habilidades e testando seus próprios limites e os das famílias e de outros
ao redor, então estão ambientando-se no mundo de forma complexa e extraordinária,
demonstrando-se assim a importância da dar oportunidades para a prática de atividades
motoras e consequentemente formando cidadãos ativos.
Ainda segundo Gallahue; Ozmun (2005) para se chegar ao domínio de
habilidades desportivas, é necessário um longo processo, onde as experiências com
habilidades básicas (movimentos fundamentais) são de fundamental importância. Na pré-
escola, a criança de 4 a 6 anos de idade abrange a fase dos movimentos fundamentais,
com o surgimento de múltiplas formas (correr, saltar, arremessar, receber, quicar, chutar)
e suas combinações. As mudanças observadas nos estágios serão estabelecidas em forma
de um refinamento das habilidades básicas e, melhor eficiência em sua combinação, o
21
que irá marcar a passagem para a fase seguinte, a dos movimentos relacionados ao
desporto, ou especializados. Nesta fase, os movimentos fundamentais vão servir de base
para as combinações em habilidades desportivas.
De acordo com Magill (2000) as habilidades motoras podem ser definidas como
habilidades que exigem movimento voluntário do corpo e/ou dos membros para atingir
suas metas, referindo-se a elas como ações e os movimentos são componentes das
habilidades e das ações.
Para o autor, como existem muitas habilidades motoras diferentes, desenvolveu-
se um sistema de classificação para organiza-las de acordo com suas características,
baseado na precisão do movimento, onde as habilidades são classificadas como globais e
finas: no caráter bem definido dos pontos iniciais e finais podendo ser qualificadas como
habilidade motora discreta e contínua; na estabilidade do meio ambiente, podendo ser
aberta quando a habilidade é envolvida num ambiente imprevisível ou de mudanças
contínuas, ou fechadas quando o ambiente é previsível ou estável; e por último, as
habilidades podem ser avaliadas de acordo com o retorno da informação sensorial feita
por um feedback.
Consequentemente para os professores, saber reconhecer as habilidades motoras
torna-se importante a fim de montar um programa de treinamento adequado, estimulando
o desenvolvimento motor do aluno.
Para Gallahue; Ozmun (2005) a fase dos movimentos fundamentais divide-se
em três estágios. Estágio inicial: representa a primeira meta orientada da criança na
tentativa de executar um padrão de movimento fundamental. A integração dos
movimentos espaciais e temporais é pobre. Tipicamente os movimentos locomotores,
manipulativos e estabilizadores de crianças de dois anos de idade estão no nível
inicial. Estágio elementar: envolve maior controle e melhor coordenação rítmica dos
movimentos fundamentais. Segundo o autor, crianças de desenvolvimento normal tendem
a avançar para o estágio elementar através do processo de maturação, embora alguns
indivíduos não conseguissem desenvolver além do estágio elementar em muitos padrões
de movimento, e permanecem nesse estágio por toda a vida. Estágio maduro: é
caracterizado como mecanicamente eficiente, coordenado, e de execução controlada.
Tipicamente as crianças tem potencial de desenvolvimento para estar no estágio maduro
perto dos 5 ou 6 anos, na maioria das habilidades fundamentais.
Segundo Schmidt (2010) a habilidade motora pode ser vista sob a perspectiva da
tarefa e organização da tarefa, importância relativa dos elementos motores e cognitivos e
22
nível de previsibilidade ambiental ou vista do nível de proficiência da pessoa e inclui as
qualidades de máxima certeza do alcance da meta, mínimo gasto de energia e mínimo
tempo de movimento.
Ainda segundo o autor a aprendizagem motora pode ser definida como as
mudanças associada à prática ou experiência, em processos internos que determinam a
capacidade de um indivíduo executar uma habilidade motora, e a melhor forma de avaliar
a aprendizagem motora é observando a performance motora (produção observável de
ações voluntárias ou uma habilidade motora) e notando as mudanças que ocorrem com a
prática, contudo pode ocorrer influências de fatores temporários como motivação,
atenção, fadiga e condição física. A aprendizagem motora inicial é caracterizada por
tentativas do indivíduo de gerar uma ideia de movimento ou aprender o padrão básico de
coordenação e para que isso ocorra deve-se envolver atividades cognitivas (tentativa-
erro), associativas (acertando) e verbal-motor ( mais fala),enquanto sua performance
inicial é caracterizada por movimentos imprecisos, lentos, inconsistentes e de aparência
rígida que com a prática torna-se mais precisa, consistente. Consequentemente o
profissional deve estar atento a performance motora e aos fatores temporários para
intervir positivamente na aprendizagem e estimulando o aperfeiçoamento motor do aluno,
adaptando a prática com a habilidade que será aprendida.
É requisitado das crianças, já nos primeiros anos de vida e particularmente no
início de seu processo de escolarização, o domínio de várias habilidades, a fim de facilitar
sua interação com o meio social e seu futuro desenvolvimento. Essas habilidades
denominadas básicas são vistas como a base para a aquisição de habilidades motoras
especializadas na dimensão artística, esportiva, ocupacional ou industrial, pois o
movimento é a base da interação do sujeito com o ambiente que o cerca, sendo
indispensável para os aspectos físicos, cognitivos, sociais e afetivos. (TANI, et al, 1988).
Para Alonso (2011) a Ginástica Rítmica é um dos esportes privilegiados, que por
possuir habilidades motoras bem próximas da cultura corporal encontrada nas
brincadeiras e nos jogos infantis, favorece desde os cinco anos de idade a possibilidade
de vivências motoras na GR sem que estejamos iniciando precocemente na modalidade.
As habilidades motoras manifestadas na prática da GR são as habilidades motoras de
locomoção (correr, saltar, andar, saltitar), habilidades motoras de equilíbrio (rolamento
do corpo, alongar, abalançar, apoios invertidos, equilibrar sobre os pés, joelho e quadril,
girar o corpo obre seu próprio eixo) e as habilidades motoras manipulativas com aparelhos
23
GR (lançar, rolar a bola e o arco, quicar a bola, rotação do arco, equilibrar o arco e a bola
sobre os pés e as mãos, girar a corda, balancear os aparelhos).
A autora descreve que trabalhando as habilidades motoras da GR a partir das
habilidades motoras de menor complexidade e explorando os materiais de naturezas
diferentes em formas, tamanhos e pesos, favorece o desenvolvimento das capacidades
perceptivas e físicas sem prejudicar seu desenvolvimento e diminuir os riscos de
complicações físicas e emocionais na criança.
Conforme Rosa Neto (2002), estudos sobre a motricidade infantil, em geral, são
realizados com objetivo de conhecer melhor as crianças e de poder estabelecer
instrumentos de confiança para avaliar, analisar e estudar o desenvolvimento de alunos
em diferentes etapas evolutivas. Nesta perspectiva, o autor propõe uma Escala de
Desenvolvimento Motor composta por uma bateria de testes para avaliar o
desenvolvimento motor de crianças dos 2 aos 11 anos de idade. Então a avaliação motora
é uma ferramenta importante para acompanhar o desenvolvimento das crianças e suas
diferenças individuais e assim elaborar um plano de aula adequado para uma melhor
performance motora.
2.3 EQUILÍBRIO
Segundo Haywood (2010), o controle postural e o equilíbrio são exemplos de
percepção e ação como um ecossistema, estando o equilíbrio relacionado à capacidade de
um objeto ou uma pessoa mantes certa posição ou postura sobre uma base. A fim de
controlarmos nossa postura para sentar, ficar em pé ou assumir qualquer posição desejada,
devemos continuamente mudar nossos padrões de resposta motora de acordo com a
informação perceptiva que especifica o ambiente e nossa orientação corporal nele. Vários
sistemas perceptivos estão envolvidos na manutenção da postura e do equilíbrio, como a
visão que diz como nosso corpo está posicionado em relação ao ambiente, os estímulos
cinestésicos dos proprioceptores corporais dizem como nossos membros e partes do corpo
estão relacionados entre si, já o estímulo cinestésicos do sistema vestibular oferece
informações sobre a posição e o movimento da cabeça e até mesmo o sistema auditivo
pode contribuir com informações sobre o equilíbrio.
O autor descreve que devemos manter a postura e o equilíbrio em várias
situações, algumas vezes quando estamos parados (equilíbrio estático) e quando nos
24
movimentamos (equilíbrio dinâmico) ou em algumas situações nos equilibramos sobre
várias partes corporais, não somente sobre os pés, como no caso das ginastas que
precisam, em vários eventos, equilibrar-se sobre uma variedade de partes corporais.
Gallahue (2005) afirma que o equilíbrio é crítico em todo comportamento motor
e é influenciado por vários mecanismos sensitivos. A visão desempenha papel importante
no equilíbrio de crianças pequenas, pois a visão proporciona um de ponto de referência
para manter o equilíbrio, observando o corpo visualmente durante o equilíbrio estático ou
dinâmico, pois permite o conhecimento da posição ocupada pelo corpo no espaço e assim
manter ou recuperar o equilíbrio quando necessário.
O autor ainda destaca que o equilíbrio é influenciado pelo aparato vestibular,
onde o fluído dos canais semicirculares e do otólito tem extrema importância no auxílio
do equilíbrio. Os receptores no canal semicircular reagem a aceleração angular (equilíbrio
rotativo e dinâmico) e os do otólito reagem a aceleração linear (equilíbrio estático).Os
pelos destes provocam impulsos nervosos sendo que o movimento do corpo e a gravidade
são sentidos por esses receptores mantendo o indivíduo consciente de alterações,
ocorrendo a coordenação entre o aparato vestibular, sistema visual, tátil e cinestésicos,
então a alteração o sistema vestibular pode alterar o equilíbrio podendo prejudicar
atividades da vida diária e trazer limitações na capacidade funcional.
Já Lemos et. al (2016) destacam que com a integração dos sistemas (vestibular,
visual, somatossensorial), em nível cerebral, junto com memórias de experiências prévias
e as habilidades motoras, a correta postura do indivíduo é determinada e, então, qualquer
disfunção nestes sistemas pode desencadear sintomas de falta de equilíbrio, e afetar
significativamente sua autonomia e sua qualidade de vida, provando quedas e lesões.
De acordo com Duarte; Freitas (2010), a manutenção do equilíbrio e da
orientação corporal é essencial para a execução de atividades da vida diária e para a
prática de atividade física e esportiva; é atribuída ao sistema de controle postural, que são
as funções dos sistemas nervoso, sensorial e motor; o sistema sensorial fornece
informações sobre a posição de segmentos corporais em relação a outros segmentos e ao
ambiente; o sistema motor é responsável pela ativação correta e adequada de músculos
para realização dos movimentos; no sistema nervoso central integra informações
provenientes do sistema sensorial para, então, enviar impulsos nervosos aos músculos que
geram respostas neuromusculares.
Portanto, a prática de atividades que estimulam o equilíbrio é de suma
importância para a manutenção de uma vida ativa.
25
Outra questão importante relatam os autores, é que esse equilíbrio na postura
ereta é instável devido a perturbações e, se nenhuma força for feita para anular o efeito
dessas perturbações, o corpo não irá voltar à sua posição inicial e, dependendo da
intensidade delas, poderá ocorrer uma queda. Em condições normais na postura ereta
quieta, as forças e momentos de força são muito pequenos, o que resulta em pequenas
oscilações do corpo, sendo num adulto saudável quase imperceptível, referindo-se- a
como uma condição de equilíbrio, portanto, mesmo “parado” o corpo está buscando o
estado de equilíbrio constantemente.
A postura ereta não sendo um evento estático, é caracterizada por oscilações,
mantendo o corpo em contínuo movimento e essas oscilações são de ordem involuntária
e dependem de mecanismos neuromusculares, visando preservar o equilíbrio postural;
Informações de origem somatossensorial recebidas através de proprioceptores
musculares, cutâneos e articulares, junto com informações do sistema visual e do sistema
vestibular, possibilitam o conhecimento da estruturação do corpo no espaço para o
Sistema Nervoso Central, fornecendo ações motoras para a manutenção do equilíbrio
postural, pela contração dos músculos antigravitacionais (VANDE; SHERMAN;
LUCIANO, 1981).
Os autores destacam ainda que o equilíbrio é um problema dinâmico e tem relação
com a capacidade de se manter a linha perpendicular ao solo, que passa pelo centro de
gravidade, dentro do polígono descrito pela base de apoio, chamado de polígono de
sustentação, e a estabilidade dessa base de apoio determina uma postura de maior ou
menor equilíbrio.
Corroboram Barcellos; Imbiriba, (2002) afirmando que para a manutenção do
equilíbrio existem fatores envolvidos como peso corporal, base de sustentação,
organização do esqueleto ósseo, resistência visco elástico dos elementos musculares e
ligamentares, e reflexos posturais e a relação entre esses diversos fatores vai ser
determinante para um equilíbrio postural adequado ou por um desequilíbrio postural.
De acordo com Laffranchi (2001) o equilíbrio sendo uma valência física consiste
em sustentar o corpo sobre uma base de apoio contra a lei da gravidade e apresenta-se de
três formas: equilíbrio dinâmico, equilíbrio estático e equilíbrio recuperado. Equilíbrio
dinâmico é o equilíbrio mantido durante a execução dos movimentos e seu
desenvolvimento na GR é obtido pela aplicação dos exercícios durante o treinamento das
preparações físicas, específicas e técnicas. O equilíbrio estático é o equilíbrio mantido
numa determinada posição, e na GR compõe um dos grupos dos elementos corporais, e
26
deve fazer parte da preparação física específica. O equilíbrio recuperado é a qualidade
física que explica a recuperação do equilíbrio numa posição após a execução de um
movimento, sendo observado na GR entre os elementos corporais e é importante para
garantir a qualidade de execução. Como uma das qualidades físicas na GR o equilíbrio
deve ser trabalhado para garantir a especificidade do treinamento.
Conforme relata Linhares (2003), o equilíbrio atua como uma habilidade
psicomotora em diversos movimentos, sendo fundamental para que o indivíduo se
mantenha em pé, agindo contra a força da gravidade e o equilíbrio pode ser desenvolvido
através de exercícios. Na GR o equilíbrio ganha um valor ainda maior, pois suas ginastas
além de terem de equilibrar seu próprio corpo, devem também equilibrar os aparelhos
característicos da modalidade.
3 METODOLOGIA
3.1 TIPOS DE PESQUISA
Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa aplicada (remete a problemas
imediatos, utilizando ambientes do mundo real e sujeitos humanos, tendo controle
limitado sobre o ambiente de pesquisa, fornecendo resultados de valor direto para a
prática profissional); pesquisa quantitativa (o resultado é quantificado, inicia-se a partir
de uma hipótese, utilizando procedimentos estruturados e instrumentos formais para a
coleta de dados) Thomas et al., (2012) com abordagem comparativa mediante o teste de
Rosa Neto (2002).
3.2 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO
A amostra inicial era de 15 alunas do sexo feminino com idade cronológica de
seis e sete anos que participaram de um projeto da escolinha de base da Oficina de
Ginástica, com iniciação na modalidade de Ginástica Rítmica da Universidade
Paranaense (UNIPAR), período vespertino, em Umuarama/PR. Porém fizeram parte do
estudo apenas 11 alunas as quais preencheram os seguintes critérios de inclusão: idade
cronológica (seis e sete anos), participação das aulas duas vezes por semana (1 hora por
27
sessão), e estarem devidamente autorizadas pelos pais ou responsáveis para participar do
estudo (assinatura do Termo de Consentimento livre e esclarecido).
O programa metodológico da Oficina de Ginástica em sua escolinha de base tem
como base o desenvolvimento das habilidades motoras, com ênfase na GR de forma
lúdica, porém, com o objetivo de executar corretamente os exercícios corporais. Seu
desenvolvimento ocorreu através de aulas ministradas duas vezes por semana por uma
hora/dia e possuiu sempre dois momentos: no primeiro momento apenas o corpo e no
segundo momento sempre com os aparelhos da GR, conforme os planos de aula da
Oficina de Ginástica. A cada dia de aula foi proporcionado um aparelho diferente a fim
de possibilitar para a criança o contato com os diferentes materiais, formas, pesos,
tamanhos.
3.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA
Esta pesquisa avaliou o equilíbrio estático (equilíbrio mantido numa
determinada posição) das alunas participantes do estudo, segundo o Protocolo de Escala
de Desenvolvimento Motor de Rosa Neto (2002), o qual é de extrema importância para a
performance motora na GR e também para a aprendizagem motora.
SEIS ANOS – PÉ MANCO ESTÁTICO: Com os olhos abertos, manter-se
sobre a perna direita, enquanto a outra permanecerá flexionada em ângulo reto, com a
coxa paralela à direita e ligeiramente em abdução e os braços ao longo do corpo.
Descansar por 30 segundos e fazer o mesmo exercício com a outra perna. Erros: baixar
mais de três vezes a perna levantada; tocar com o outro pé no chão; saltar; elevar-se sobre
a ponta do pé; balançar. Duração: 10 segundos. Tentativas: três.
Figura 01 – Teste para 06 anos – pé manco estático
28
- SETE ANOS – EQUILÍBRIO DE CÓCORAS: Ficar de cócoras, com os braços
estendidos lateralmente, os olhos fechados e os calcanhares e pés juntos. Erros: cair;
sentar-se sobre os calcanhares; tocar o chão com as mãos; deslizar-se; baixar os braços
três vezes. Duração: 10 segundos. Tentativas: três.
Figura 02 – Teste para 07 anos – equilíbrio de cócoras
O teste de equilíbrio foi executado de acordo com a idade cronológica: seis anos
(pé manco estático) e sete anos (equilíbrio de cócoras). Com a utilização de um
cronômetro digital identificou-se o tempo de 10 segundos/execução, e três tentativas (se
necessário). Cada avaliação foi individual e iniciada com o teste correspondente à idade
cronológica, e se a criança obteve êxito em uma prova, o resultado foi positivo e foi
registrado com o símbolo 1. Se a prova exigiu habilidade com o lado direito e esquerdo
do corpo, foi registrado 1 quando houve êxito com os dois membros; se o resultado
positivo foi apenas com um do membros (direito ou esquerdo), o resultado foi registrado
como 0,5 (meio). Caso a prova tenha resultado negativo, será registrado 0 (zero),
utilizando sempre o protocolo de Rosa Neto (2002).
3.4 PROCEDIMENTOS
Primeiramente obteve-se a autorização da coordenadora do Curso de Educação
Física para que a pesquisa pudesse ser realizada, em seguida os pais foram contatados e
autorizaram por meio de um termo de consentimento livre e esclarecidos a participação
29
de suas filhas na pesquisa. Neste termo de consentimento livre e esclarecido, foi
apresentada a proposta do estudo, esclarecidos os objetivos e métodos empregados. O
estudo iniciou-se somente após a obtenção dos termos de consentimento livre e
esclarecido dos pais ou responsáveis.
Foram realizados testes para a avaliação do equilíbrio estático segundo o
Protocolo de Escala de Desenvolvimento Motor de Rosa Neto (2002) (seis anos- pé
manco estático e sete anos- equilíbrio de cócoras), antes da aplicação da metodologia de
ensino e após três meses foram realizados novos testes.
Para o desenvolvimento do equilíbrio estático foram inseridos exercícios
específicos no primeiro momento da aula, durante três meses, conforme os cronogramas
das aulas. Os exercícios aplicados foram: Equilíbrio in Passé, prancha facial, equilíbrio
90 º perna livre a frente, equilíbrio 90º perna livre lateral e equilíbrio 90º perna para trás.
Antes das alunas executarem o teste, foram realizadas as explicações e a
demonstração do procedimento e os testes foram realizados no próprio local do projeto.
A análise dos dados foi realizada por meio de estatística descritiva, utilizando frequência
absoluta, frequência relativa, e gráfico comparativo com os resultados dos acertos.
Obteve-se assim um parâmetro que permitiu a análise do desenvolvimento do equilíbrio
estático na Ginástica Rítmica no projeto Oficina de Ginástica.
As aulas foram ministradas com uma duração de 1 hora/sessão e periodicidade
de duas vezes por semana, nas segundas e quartas, sendo as avaliações realizadas antes
do início das aulas.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com ROSA NETO (2002) a Idade cronológica (IC) obtém-se através
da data de nascimento da criança, geralmente dada em anos, meses e dias. Os testes
realizados foram aplicados a partir da IC das crianças. O grupo de participantes
envolvidas no estudo foi constituído apenas por meninas, totalizando onze (n=11) alunas,
na faixa etária dos seis aos sete anos de idade.
Realizaram-se as primeiras avaliações do equilíbrio estático em junho de 2017
e as reavaliações, três meses depois, em setembro de 2017, no período vespertino. No
teste equilíbrio pé manco estático (seis anos) os resultados positivos com ambas as pernas
30
foram registrados com o símbolo1, os testes com resultados negativos com ambas as
pernas o símbolo 0 e resultados positivos com apenas uma das pernas 0,5. No teste
equilíbrio de cócoras (sete anos) os resultados positivos foram registrados com o
símbolo1, os testes com resultados negativos com o símbolo 0.
Tabela 01. Caracterização por faixa etária das alunas (n = 11).
RESULTADOS FREQUÊNCIA
ABSOLUTA (FA)
FREQUÊNCIA
RELATIVA (FR)
6 ANOS 5 45,45%
7 ANOS 6 54,55%
Assim, de um universo de 11 meninas, a amostra contou com cinco alunas
(45,45%) de seis anos e seis alunas (54,55%) de sete anos, e o período entre a coleta de
dados da primeira e da segunda avaliação foi de três meses.
Tabela 2. Avaliação equilíbrio pé manco estático (6 anos) antes da aplicação método de ensino
(n = 5).
RESULTADOS FREQUÊNCIA
ABSULUTA (FA)
FREQUÊNCIA
RELATIVA (FR)
0 1 20 %
0,5 1 20 %
1 3 60%
TOTAL 5 100%
De acordo com a tabela 2, é possível constatar que 60% das crianças
apresentaram resultados dentro do esperado para a faixa etária. Em relação aos testes de
equilíbrio, correspondente para os seis anos, 20% do resultado foi inferior à faixa etária e
20 % próximo à faixa etária.
Tabela 3. Avaliação equilíbrio pé manco estático (6 anos) 3 meses após a aplicação método de
ensino (n = 5).
RESULTADOS FREQUÊNCIA
ABSOLUTA (FA)
FREQUÊNCIA
RELATIVA (FR)
0 1 20%
0,5 0 0
1 4 80%
TOTAL 5 100%
31
Analisando os dados expostos na tabela 3, verificou-se que 80 % das crianças
apresentaram resultados dentro do esperado para a faixa etária. Em relação aos testes de
equilíbrio correspondente para os seis anos e 20% do resultado foram inferiores à faixa
etária.
Tabela 4. Avaliação do equilíbrio de cócoras (7 anos) antes aplicação método de ensino (n = 6).
RESULTADOS FREQUÊNCIA
ABSOLUTA (FA)
FREQUÊNCIA
RELATIVA (FR)
0 4 66,67%
1 2 33,33%
TOTAL 6 100%
Com relação à tabela 4, é possível constatar que 33,33% das crianças
apresentaram resultados dentro do esperado para a faixa etária. Em relação aos testes de
equilíbrio correspondente para os sete anos e 66,67 % resultado inferior à faixa etária.
Tabela 5. Avaliação do equilíbrio de cócoras (7 anos) 3 meses após a aplicação método de ensino
(n = 6).
RESULTADOS FREQUÊNCIA
ABSOLUTA (FA)
FREQUÊNCIA
RELATIVA (FR)
0 1 16,67%
1 5 83,33%
TOTAL 6 100%
Verificando a tabela 5, constata-se que 83,33 % das crianças apresentaram
resultados dentro do esperado para a faixa etária. Em relação aos testes de equilíbrio
correspondente para os sete anos e 16,67 % resultado inferior à faixa etária.
Os resultados dos acertos dos testes equilíbrio pé manco estático (6 anos) e equilíbrio
de cócoras (7 anos) foram expostos em um gráfico comparativo com a frequência relativa
(FR) antes da aplicação dos métodos de ensino e 3 meses após a aplicação dos métodos
de ensino.
32
Gráfico 1. Resultados dos acertos na avaliação do Equilíbrio Estático antes da aplicação dos
métodos de ensino (junho) e três meses após a aplicação dos métodos de ensino (setembro).
Analisando o gráfico 1, observa-se no teste do equilíbrio pé manco estático um
aumento nos acertos de 60% para 80% e no teste de equilíbrio de cócoras um aumento
nos acertos de 33,33% para 83,33%, ambos após 3 meses de aplicação dos métodos de
ensino.
Os resultados observados nos testes apontaram diferenças mais significativas no
equilíbrio de cócoras (7 anos) em relação ao equilíbrio pé manco estático (6 anos) após
os três meses da aplicação dos métodos de ensino. Para a avaliação dos resultados do
equilíbrio estático alguns fatores podem ter influenciado no teste como a motivação,
atenção, fadiga, condição física, ansiedade e temperatura ambiente.
Observou-se durante as aulas que a faixa etária de sete anos conseguiu realizar os
exercícios para o desenvolvimento do equilíbrio com mais facilidade do que as da faixa
etária de seis anos devido a sua fase de desenvolvimento motor.
Apesar de se tratar de uma modalidade desportiva, a GR favorece a prática
psicomotora, pois seus movimentos são executados naturalmente, utilizando materiais
que permitem a criação de movimentos envolvendo todo o aspecto motor, intelectual,
emocional e expressivo. A prática de exercícios que desenvolvem o equilíbrio auxilia a
moldar o caráter do aluno proporcionando autoconfiança, determinação, perseverança e
outros valores importantes para a sua vida, sendo o professor responsável por criar um
ambiente que estimule o desenvolvimento psicomotor do equilíbrio (LINHARES, 2003).
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Teste Equilíbrio pé
manco Estático/julho
Teste Equilíbrio pé
manco
Estático/setembro
Teste Equilíbrio de
Cócoras/julho
Teste Equilíbrio de
Cócoras/setembro
6 anos 7 anos
33
Como uma das qualidades físicas na GR o equilíbrio deve ser trabalhado para
garantir a especificidade do treinamento (LAFFRANCHI, 2001), pois suas ginastas além
de terem de equilibrar seu próprio corpo, devem também equilibrar os aparelhos
característicos da modalidade (LINHARES, 2003).
O atraso no desenvolvimento do equilíbrio e da coordenação motora pode afetar
toda a vida da criança e causar consequências irreversíveis na vida adulta. Entre elas estão
à lentidão na execução dos movimentos e a relação estabelecida do próprio corpo com o
meio, aumentando as dificuldades motoras (BESSAL; PEREIRA, 2002).
Segundo Baptista (1999), deve-se avaliar e desenvolver as habilidades de
coordenação motora e de equilíbrio na infância, pois a aprendizagem motora posterior vai
necessitar destas habilidades básicas numa fase adulta.
A motricidade infantil é estudada com o objetivo de avaliar, analisar e estudar o
desenvolvimento de crianças em diferentes etapas evolutivas. A avaliação do
desenvolvimento pode ser realizada através de uma Escala de Desenvolvimento Motor
(EDM) proposta por Rosa Neto (2002), a qual é composta por uma bateria de testes para
avaliar o desenvolvimento motor de crianças dos 2 aos 11 anos de idade (CAETANO;
SILVEIRA; GOBBI, 2005). A EDM de Rosa Neto (2002) compreende testes motores nos
seguintes componentes: equilíbrio, lateralidade, motricidade fina; motricidade global;
esquema corporal; organização espacial; organização temporal. Nesta escala, o teste
motor é entendido como uma prova específica que permite medir uma determinada
característica motora de um indivíduo e comparar seus resultados com os de outros
indivíduos (ROSA NETO, 2002).
A utilização da escala de desenvolvimento motor oportunizará a identificação
do estágio do desenvolvimento motor da criança, utilizando instrumentos de confiança
para avaliar, analisar e estudar o desenvolvimento de alunos em diferentes etapas
evolutivas (ROSA NETO, 2002) e deste modo possibilitará um planejamento pedagógico
adequado à necessidade do aluno com metas futuras para seu aperfeiçoamento motor.
5 CONCLUSÃO
Por meio da prática de Ginástica Rítmica em um projeto de iniciação esportiva
obtém-se uma nova oportunidade de experiência motora, afetivo-social e cognitiva,
34
fazendo parte desta modalidade, o equilíbrio, que é fundamental para o aperfeiçoamento
motor.
Através deste estudo avaliou-se o desenvolvimento do equilíbrio estático antes
da aplicação de métodos de ensino e três meses após. A partir dos resultados obtidos com
os testes observaram-se diferenças extremamente significativas no parâmetro de
equilíbrio estático após três meses da aplicação dos métodos de ensino, obtendo-se em
ambos os testes aumentos nos acertos, porém estas foram mais expressivas no teste
equilíbrio de cócoras.
A importância de estudar a variável equilíbrio estático comprovou-se através de
resultados consideravelmente positivos para o desenvolvimento motor na GR.
Este estudo demostrou-se a importância da avaliação motora como ferramenta para
o profissional de educação física intervir no processo de aprendizagem motora,
desenvolvendo ações a fim de obter resultados satisfatórios de acordo com seus objetivos.
Porém, a fim de obter resultados mais significativos, recomenda-se um período maior de
tempo para a avaliação e aplicação dos métodos de ensino.
Recomendam-se novos estudos avaliando outras etapas do desenvolvimento
motor utilizando a escala de Rosa Neto (2002), pois serão de grande utilidade para
identificar possíveis dificuldades motoras, podendo o profissional interferir
antecipadamente de forma mais eficiente, melhorando a capacidade física da criança
através de ações específicas.
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APÊNDICES
UNIVERSIDADE PARANAENSE – UNIPAR Reconhecida pela Portaria – MEC N.º 1580, de 09/11/93 – D.O.U. 10/11/93
Mantenedora: Associação Paranaense de Ensino e Cultura – APEC DIRETORIA EXECUTIVA DE GESTÃO DA PESQUISA E DA PÓS-GRADUAÇÃO
COORDENADORIA DE PESQUISA E INICIAÇÃO CIENTÍFICA
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS
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COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS – CEPEH Praça Mascarenhas de Moraes, s/n.º - Cx Postal 224 – Umuarama – Paraná – CEP: 87.502-210
Fone / Fax: (44) 3621.2849 – E-mail: cepeh@unipar.br
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO (TCLE)
Nome da Pesquisa: “AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO ESTÁTICO EM CRIANÇAS DE 6 E 7 ANOS
PRATICANTES DE UM PROJETO DE GINÁSTICA RÍTMICA”.
Pesquisador(es): Profª Ms. Gisely Brouco, Michelly Dal Pai
Este estudo tem por objetivo: Analisar a habilidade de equilíbrio estático em crianças de 6 a 7 anos iniciantes
na prática de Ginástica Rítmica
.
Para a realização desta pesquisa, eu (participante da pesquisa e/ou responsável por um participante) serei
submetido a realização dos seguintes procedimentos: Serão realizados testes para a avaliação do equilíbrio
estático segundo o Protocolo de Escala de Desenvolvimento Motor de Rosa Neto (2002). Meninas de 6 anos-
pé manco estático e 7 anos- equilíbrio de cócoras, no início da aplicação da metodologia de ensino e após 3
meses serão realizados novos testes. Antes das alunas executarem o teste, será realizada a explicação e a
demonstração do procedimento e os testes serão realizados no próprio local do projeto Serão feitas tabelas
das avaliações iniciais e após os 3 meses tabelas comparativas com os valores médios, através das quais
serão avaliados os resultados comparando-os antes da aplicação dos métodos de ensino e após os 3 meses,
obtendo assim possivelmente um parâmetro que permitirá a análise do desenvolvimento do equilíbrio
estático na Ginástica Rítmica. Riscos: Não há.
Após ler e receber as explicações sobre a pesquisa, e ter meus direitos de:
1- Receber resposta a qualquer pergunta e esclarecimento sobre os procedimentos, riscos, benefícios e outros
relacionados à pesquisa;
2- Retirar o consentimento a qualquer momento e deixar de permitir minha participação ou de qualquer
indivíduo sob minha responsabilidade do estudo;
3- Não ser identificado e ser mantido o caráter confidencial das informações relacionada à privacidade.
Declaro por meio deste, estar ciente do exposto e concordar com minha participação na pesquisa, assim
como qualquer indivíduo sob minha responsabilidade.
Nome do voluntário / Responsável: _________________________________________________________
RG: ______________________________ Assinatura:________________________________________
Umuarama, ___/___/___
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Eu, professora Gisely Rodrigues Brouco, declaro por meio deste que forneci todas as informações referentes
ao estudo ao participante e/ou responsável. RG: 5.867.222.0 SSP/PR telefones: (44) 3621-3837 – EMAIL:
giselyrb@prof.unipar.br Endereço: UNIPAR – Universidade Paranaense – CAMPUS III – Coordenação de
Educação Física – Av. Tiradentes, 3240 – Zona II – CEP 87505-090 – Umuarama PR
Assinatura do pesquisador: ______________________ ___/___/___