Post on 10-Feb-2021
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
TIAGO FONSECA CARDOSO
ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA DOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO EM
ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE,
NO PERÍODO DE 2012-2015.
Natal - RN
2017
TIAGO FONSECA CARDOSO
ANÁLISE BIBLIOMÉTRICADOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO EM
ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE,
NO PERÍODO DE 2012-2015.
Monografia apresentada ao Curso de Administração da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte como
requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em
Administração.
Orientador: Dra Pâmela de Medeiros Brandão
Natal - RN
2017
Catalogação da Publicação na Fonte.
UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA
Cardoso, Tiago Fonseca.
Análise bibliométrica dos trabalhos de conclusão de curso em
administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no período
de 2012-2015./ Tiago Fonseca Cardoso. - Natal, 2017.
42f.: il.
Orientador: Prof. Dr. Pamela de Medeiros Brandão.
Monografia (Graduação em Administração) – Universidade Federal do
Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento
de Ciências Administrativas.
1. Produção Científica - Curso em administração – Monografia. 2. Trabalhos de Conclusão de Curso – Monografia. 3. Análise Bibliométrica -
Monografia. I. Brandão, Pamela de Medeiros. II. Universidade Federal do
Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/BS/CCSA CDU 378
TIAGO FONSECA CARDOSO
ANÁLISE BIBLIOMÉTRICADOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO EM
ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE,
NO PERÍODO DE 2012-2015.
Monografia apresentada ao Curso de Administração da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte como
requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em
Administração.
Aprovada em:
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________
Dra. Pâmela de Medeiros Brandão –Presidente
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
______________________________________________________________
Bruno Luan Dantas Cardoso – Membro Interno
Instituto Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
_______________________________________________________________
Abdon Silva Ribeiro da Cunha– Membro Externo
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (IFRN)
Natal - RN
2017
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos professores Luan Dantas Cardoso e Abdon Silva Ribeiro da Cunha por
terem aceitado fazer parte da banca em um prazo muito apertado.
Agradeço aos meus pais Stevenson e Hilda pela enorme paciência em esperar a
conclusão desse curso e por coisas muito mais importantes que isso.
E acima de tudo, agradeço a minha orientadora Pâmela e a minha irmã Monique que
fizeram tudo que podiam e mais um pouco para me ajudar a terminar esse trabalho. Sem elas
certamente eu não teria conseguido. Muito Obrigado!
RESUMO
Essa monografia teve como objetivo geral analisar a produção de Trabalhos de Conclusão de
Curso em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no período de
2012-2015. Para tanto, desenvolveu os seguintes objetivos específicos: mapear a produção de
Trabalhos de Conclusão de Curso em Administração, por ano investigado; identificar as
principais áreas, subáreas e assuntos abordados nos trabalhos mapeados; classificar os
trabalhos de conclusão de curso por tipo e a natureza; e verificar a incidência dos professores
orientadores dos trabalhos. Quanto à sua metodologia, foi realizada uma pesquisa descritiva
com abordagem quantitativa, que realiza uma análise bibliométrica longitudinal nos trabalhos
do curso de Bacharelado em Administração disponíveis na Biblioteca Digital de Monografias
da UFRN. A partir dos dados coletados, avaliou-se que a produção de trabalhos de conclusão
do curso de administração concentrou-se, nos anos investigados na área de administração
empresarial, com poucos trabalhos desenvolvidos sobre administração pública ou gestão
social. Em relação aos assuntos mais pesquisados, houve certa diversificação. Porém, houve
notória predominância de temas ligados às subáreas de marketing e recursos humanos.
Identificou-se a concentração das orientações realizadas em poucos professores, em geral, não
vinculados à pós-graduação. Do mesmo modo, evidenciou-se uma predominância em
trabalhos empíricos e de teor mais acadêmico, na modalidade de monografias. Os resultados
apontam para a necessidade de diversificar os assuntos escolhidos, assim como de fortalecer o
vínculo entre a pesquisa na graduação e pós-graduação. Dessa forma, pode-se consolidar a
formação de pesquisadores na área de Administração a partir do nível da graduação.
Palavras-chaves: Produção Científica; Administração; Trabalhos de Conclusão de Curso
(TCC); Análise Bibliométrica.
SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................ 5
2 O CAMPO DA ADMINISTRAÇÃO E A PRODUÇÃO CIENTÍFICA NO BRASIL . 12
2.1 O QUE É ADMINISTRAÇÃO? ........................................................................................ 12
2.2 A PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA EM ADMINISTRAÇÃO ......................... 19
3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................ 27
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 37
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 39
5
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
As ciências administrativas, enquanto campo de conhecimento, no Brasil, expandiram-
se a partir da intensificação da complexidade organizacional e do crescimento da pós-
graduação. As mudanças na maneira de atuação das organizações, seja do setor público ou
privado, geraram novas demandas sociais que trouxeram uma necessidade de remodelar as
instituições de ensino para se adaptarem a uma forma de educação continuada. Essa adaptação
se fez necessária para formar administradores mais maleáveis, capazes de lidar com o
dinamismo das novas organizações, assim como de responderem aos desafios impostos pelas
constantes mudanças e inovações em suas atividades. Tais mudanças, segundo Bertero (2006,
p. 68) impulsionaram a busca pela atualização de “conhecimentos, técnicas e instrumentos
necessários ao exercício da profissão de administrador”.
A busca por essas soluções estimulou as universidades, por meio de seus
pesquisadores, a produzirem conhecimentos científicos que permitissem compreender as
realidades organizacionais, e a partir dessa compreensão buscassem a adoção de medidas que
ampliassem a eficiência e a eficácia das organizações. Nesse direcionamento, Bertero (2006)
destaca que a partir da década de 1980 as escolas de administração no Brasil, seguindo os
moldes das escolas de administração norte-americanas e européias, implementaram uma
educação executiva. Essa nova abordagem formativa pode ser caracterizada pelo
desenvolvimento de atividades estreitamente vinculadas às demandas do mercado, por meio
de cursos generalistas nas diversas áreas funcionais da Administração (operações, vendas,
finanças, marketing dentre outras).
Posteriormente ao modelo de educação executiva, as universidades investiram na
criação de novos cursos, voltados à disseminação de práticas gerenciais, como os Master of
Business Administration (MBA‟s) e Universidades Coorporativas. Manteve-se, com isso, o
caráter generalista da formação do administrador, assim como o desenvolvendo pesquisas
direcionadas à melhoria dos negócios empresariais (BERTERO, 2006).
Com a associação entre o ensino e a pesquisa, as escolas e faculdades de
administração brasileiras incluíram em sua atuação a realização de atividades de pesquisa e
trabalhos publicados. Todavia, conforme afirma Bertero (2006, p.96), “o aumento da
6
importância e a intensificação das atividades de pesquisa em administração no país só
ocorreram quando se institucionalizou a pós-graduação stricto sensu”. Com a eclosão de
cursos de mestrado e doutorado, os estudos em administração tornaram-se mais críticos, e as
pesquisas cientificas dessa área passaram a incorporar uma diversidade de temáticas que
envolvia não apenas as empresas e suas técnicas e instrumentos, mas também uma reflexão
mais aprofundada, voltada para a construção de conhecimento científico.
Dessa forma, foi apenas no final da década de 1990 que a pesquisa em administração
se intensificou, com o fortalecimento das linhas de pesquisa, e redirecionamento dos
programas de pós-graduação. Essas mudanças foram estimuladas por alterações nos critérios
avaliativos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), a
qual incluiu como critério para avaliação de qualidade dos programas a mensuração das
publicações científicas de docentes e discentes em periódicos creditados. Além desses fatores,
o crescimento das publicações científicas em administração é explicado por Bertero (2006)
pelo fortalecimento da Associação Nacional de Pós-Graduação em Administração (ANPAD)
e seus encontros científicos. Da mesma forma, esse incremento também foi influenciado pelo
aumento do apoio financeiro às pesquisas em Administração por parte de entes públicos e
privados.
Em termos de conteúdo das pesquisas em administração, estudos vêm sendo realizados
para avaliar essa produção (BERTERO; KEINERT, 1994; BERTERO; CALDAS; WOOD,
1999; MACHADO-DA-SILVA et al, 2008; BERTERO et al, 2013). Entretanto, no geral essa
avaliação tem sido efetuada, tomando-se como referência a produção no âmbito da pós-
graduação, omitindo-se em relação à produção acadêmica em nível de graduação.
Considerando-se o expressivo número de cursos de graduação no país e suas respectivas
produções, negligenciar essa produção científica pode acarretar a perda da dimensão
formativa que dá sentido à universidade.
Em reconhecimento a essa dimensão formativa, tem-se se buscado estimular a
produção cientifica de estudantes de graduação, por meio de programas como o Programa de
Educação Tutorial (PET) e o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
(PIBIC). No entanto, a participação de estudantes do curso de administração, como nos
demais cursos, nesses programas, ocorre via edital para concessão de bolsas com vagas
limitadas, o que não permite uma maior participação dos estudantes. Dessa forma, os
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estudantes que não participam desses programas restringem sua iniciação científica apenas à
elaboração dos seus trabalhos de final de curso, especialmente na modalidade de monografias,
que por vezes, não apresentam níveis de qualidade satisfatórios.
No Brasil, conforme o Conselho Federal de Administração (CFA), com base no Censo
de Educação Superior realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (INEP), existem 2.657 cursos de graduação em Administração em instituições
de ensino pública e particular em funcionamento (CFA, 2017), sendo 2.485 na modalidade
presencial, e 172 na modalidade à distância. Há 376 cursos de especialização sendo realizados
em instituições de ensino no país. Existem ainda 233 cursos em nível de pós-graduação strictu
sensu em Administração recomendados e reconhecidos pela Capes (2017), sendo 101
mestrados acadêmicos, 61 doutorados e 71 mestrados profissionais. Em 2015, existiam nos
Cursos de Bacharelado em Administração, de acordo com o Censo da Educação Superior,
6.526.293 alunos matriculados, conforme mostra a Tabela 1.
Tabela 1 – Cursos de Bacharelado em Administração 2015
CURSOS MATRÍCULAS
Quantidade %
Bacharelado em Administração Brasil 793.564 12%
Cursos Superiores de Tecnologias em Administração Brasil 512.007 8%
Bacharelado e CST em Áreas Diversas Brasil 5.220.722 80%
Total 6.526.293 100%
Fonte: Censo da Educação Superior – INEP/MEC, 2015. Dados compilados pelo CFA.
Ainda de acordo com o Censo da Educação Superior feito pelo INEP em 2015, os
Cursos de Bacharelado em Administração tinham naquele ano um total de 793.564
matriculados. Esse número representa 12% do total de alunos matriculados em Instituições de
Educação Superior no país. Já os Cursos Superiores de Tecnologia em determinada área da
Administração apresentaram um crescimento de 137,12% entre os anos de 2007 e 2014, o que
denota uma crescente demanda pelos cursos de formação mais acelerada e voltada para uma
área específica.
Esse aumento na quantidade de cursos resulta no crescimento de publicações de
trabalhos na área de Administração, visto que a realização de pesquisas científicas se tornou
critério de avaliação da qualidade desses cursos, quer seja em nível de graduação ou pós-
8
graduação. Em nível de pós-graduação, por exemplo, o Banco de Dissertações e Teses da
Capes (2017) registra para área de conhecimento em Administração 34.718trabalhos,
publicados entre 1987 a 2016.
Dentro desse cenário, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) tem se
destacado nos últimos anos. Segundo, o Índice Geral de Cursos (IGC), indicador utilizado
pelo MEC para avaliar a qualidade dos cursos das instituições de ensino superior, a UFRN
figura entre as melhores universidades do Nordeste (INEP, 2015).Atualmente, a UFRN possui
84 cursos em graduação presencial, 9 cursos de graduação a distância, além de 86 cursos de
pós-graduação. Há cerca de 37.000 estudantes distribuídos por esses cursos, e mais de 3.000
servidores técnico-administrativos e por volta de 2.000 professores efetivos, substitutos e
visitantes (UFRN, 2017).
Na UFRN, o curso Administração existe tanto em nível de graduação quanto de pós-
graduação. O curso de graduação em Administração no Campus Natal, por sua vez, foi criado
inicialmente como um curso técnico de administração de empresas em 1960, conforme
Decreto-Lei nº 1.201 de 19 de junho de 1960 que autorizava o seu funcionamento, tendo sido
reconhecido pelo MEC dezessete anos depois, pelo Decreto Federal nº 80.352 de 16 de
setembro de 1977. Em 1981, o curso passou a ser Bacharelado em Ciências Administrativas,
após uma reestruturação do Curso (UFRN, 2010). Desde então vem passando por várias
outras reestruturações em sua matriz curricular. Já o Programa de Pós-Graduação em
Administração – PPGA/UFRN foi criado em 1978, e desde então desenvolve atividades em
nível de pós-graduação stricto e lato sensu (UFRN, 2017).
Durante seu funcionamento, o curso de administração do Campus Natal foi
responsável pela formação de um número considerável de profissionais. Considerando que a
construção de TCCs possui caráter de obrigatoriedade no curso, supõe-se que esses números
de alunos formados sejam proporcionais ao número de TCCs produzidos.
Em 2017, o Curso de Administração, Campus Natal, recebeu o conceito 5, conceito
máximo reconhecido pelo MEC (MEC, 2017).O curso oferece anualmente 200 vagas, sendo
duas entradas anuais para os turnos matutino e noturno. Atualmente, possui 784 estudantes
ativos (UFRN, 2017).
9
No entanto, ainda pouco se sabe sobre o que se tem produzido. Nesse sentido, esse
estudo parte da seguinte pergunta: O que se tem produzido nos Trabalhos de Conclusão de
Curso em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte?
Diante desse problema de pesquisa, esse estudo objetiva analisar a produção de
Trabalhos de Conclusão de Curso em Administração da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, no período de 2012-2015. Para tanto, desenvolveu os seguintes objetivos
específicos:
a) Analisar a produção de Trabalhos de Conclusão de Curso em Administração,
por ano investigado;
b) Identificar as principais áreas, subáreas e assuntos abordados nos trabalhos
mapeados;
c) Classificar os trabalhos de conclusão de curso por tipo e a natureza; e
d) Verificar a incidência dos professores orientadores dos trabalhos
Esses objetivos se justificam pelas suas contribuições teóricas e práticas.
Teoricamente, estudos que avaliam a produção científica em administração concentram-se
esforços nas produções resultantes de pesquisa em nível de pós-graduação, em dissertações e
teses, e mais especificamente em artigos publicados em periódicos qualificados pela Capes.
De modo que a produção acadêmica em nível de graduação tem sido pouco explorada. Assim,
ao propor avaliar a produção de um curso de administração, esse estudo vem ampliar a
reflexão sobre a pesquisa e o ensino em nível de graduação.
Nesse sentido, do ponto de vista prático, esse estudo torna-se relevante por trazer
dados e informações que poderão servir de base para reflexão dos docentes e discentes do
curso em análise. Ao analisar os trabalhos de conclusão de curso de graduação em
Administração, identificando as áreas mais pesquisadas, assuntos, tipos de trabalho realizados
e orientadores, essa monografia apresenta perspectivas de contribuir para o aperfeiçoamento
10
do processo e desenvolvimento dos TCC‟s. O interesse por essa temática surgiu exatamente
pela necessidade de, enquanto aluno do curso de administração, conhecer e compreender um
pouco mais sobre o que temos pesquisado, e assim refletir sobre o campo de atuação do
profissional de administração.
Nesse direcionamento, essa pesquisa se caracterizou, quanto aos seus objetivos, como
descritiva, já que se buscou realizar a descrição da produção acadêmica dos alunos do Curso
de Administração, medindo-se e estabelecendo-se relações entre as variáveis de número de
trabalhos publicados na biblioteca digital;porcentagem dos trabalhos por principais áreas,
subáreas e assuntos; incidência dos professores orientadores; e classificação dos trabalhos de
conclusão de curso por tipo e a natureza. Analisa, assim, a produção acadêmica em TCCs do
Curso de Administração a partir dessas características explicitadas.
Quanto à forma de abordagem, a pesquisa foi quantitativa. Conforme afirma
Richardson (1985), nessa forma de abordagem emprega-se, tanto na coleta de dados, quanto
na análise das informações, técnicas que buscam medir, mensurar, ou quantificar os dados.
Como o objetivo do estudo foi analisar a produção de trabalhos de conclusão do curso de
Administração na UFRN entre os anos de 2012 e 2015. Esse período foi escolhido com base
nos TCCs disponíveis na biblioteca digital de monografias da UFRN para o curso de
Administração no mês de Abril de 2017. Assim, foi realizado um estudo bibliométrico
longitudinal. Segundo Macias-Chapula (1998), a pesquisa bibliométrica consiste em estudar
questões quantitativas ligadas à produção acadêmica, buscando-se, mensurar e avaliar essa
produção.
Nesse sentido, analisaram-se os TCC‟s produzidos pelos concluintes do curso de
Administração e publicados no repositório institucional da UFRN: a biblioteca digital de
monografias. A amostra foi composta pelas 278 monografias publicadas entre os anos 2012 e
2015. Ressalta-se que a escolha por esse repositório virtual, deveu-se por dois motivos.
Primeiro, pela disponibilidade, organização e fácil acessibilidade; e segundo por considerar
esse mecanismo como promissor para a difusão de conhecimento. As informações coletadas
foram tabuladas e foi realizada sua análise através de estatística descritiva. Os dados foram
digitados no aplicativo Excel 2013, ferramenta empregada para análise estatística e geração
das tabelas e dos gráficos. Posteriormente, os dados foram interpretados à luz da literatura
pertinente.
11
Para melhor sistematizar os resultados dessa pesquisa, essa monografia se divide em
quatro capítulos, sendo o primeiro composto por essas considerações iniciais. No segundo
capítulo, discorre-se sobre “O campo de estudos e a produção científica brasileira em
administração”. No terceiro capítulo são apresentados os resultados e discussão dos dados
coletados. E, por fim, apresentam-se as considerações finais.
12
2 O CAMPO DA ADMINISTRAÇÃO E A PRODUÇÃO CIENTÍFICA NO BRASIL
Para se analisar a produção acadêmica do curso de graduação em Administração, faz-
se necessário falar sobre a definição de Administração, suas bases conceituais e científicas,
assim como sobre as pesquisas sobre a produção acadêmica nacional na área. Esses temas
serão tratados nos tópicos a seguir.
2.1 O QUE É ADMINISTRAÇÃO?
Etimologicamente, a palavra Administração vem do latim administratione, que
aglutina os termos ad e minister. O significado de ad é “próximo”, “ao lado”, “em direção a”,
“com tendência para”. Já minister significa “servir”, “subordinar”. A interpretação desse
significado torna-se um tanto diferente na literatura (FRANÇA-FILHO, 2004; BATISTA-
DOS-SANTOS; 2013). Batista-dos-Santos (2013), avalia que administração estaria ligada à
prestar serviço, direcionar. Por sua vez, França-Filho (2004), interpreta a junção dos termos
como ligada ao ato de dominar, ou sujeitar. O termo em inglês manager é originário do latim
manus que significa mão, manusear, manipular. Na Inglaterra, durante a Idade Média, era
utilizado para se referir ao ato adestrar cavalos.
Ao buscar definir a Administração, Raymundo (2006, p.9) fala sobre seu ecletismo,
defendendo que “quase tudo é Administração”. Ou pelo menos, que todo trabalho coordenado
entre pessoas e que envolva subordinação possui elementos de Administração. Uma outra
questão recorrente ao se debater a epistemologia da Administração são as indagações sobre
qual seria a sua natureza. Nesse sentido, quando se busca descrever o que seria
Administração, freqüentemente encontram-se definições de Administração como arte,
ideologia ou ciência (FRANCA FILHO, 2004).
Considerar a Administração uma arte significa enxergá-la como um “dom” do
indivíduo. Ou seja, assim como um pintor ou um escultor que expressa naturalmente sua arte
13
sem a necessidade de estudos específicos, o administrador também seria uma figura com
talento inato para “a arte de administrar”. Nessa abordagem, a Administração é vista de
maneira diferente de outras áreas do conhecimento, como Engenharia, Medicina ou Direito,
nas quais a prática dos profissionais só é possível mediante a comprovação por uma
instituição de ensino de que o indivíduo tem o conhecimento necessário para exercer sua
função (FRANCA FILHO, 2004).
Essa visão enfatiza as características inerentes ao sujeito que administra, em
detrimento de habilidades aprendidas por meio de ensino formal. Casos de sucesso
empresarial de indivíduos com pouco ou nenhum conhecimento formal contribuem para a
perpetuação dessa forma de ver a Administração. Aprofundando-se nessa questão, Raymundo
(2006) compara dois administradores com formações distintas, um com pós-doutorado em
uma universidade de grande prestígio internacional, e outro que não tem se quer o ensino
fundamental completo, sendo que ambos podem se tornar empresários de sucesso. A partir
dessa questão, ele indaga sobre a dificuldade de avaliar a influência da educação formal sobre
o sucesso na carreira de administrador. Essa ambivalência da Administração a distingue de
outros campos de estudo e torna complexo o seu entendimento.
Já o conceito de administração como ideologia, pressupõe que seja preciso abandonar
a idéia de organizações como sendo um local de cooperação entre pessoas, a fim de alcançar
uma meta em comum, e passar a encará-las como um sistema de controle de pessoas, visando
a defesa dos interesses dos patrões. Nesse caso, as organizações são vistas como um conjunto
de indivíduos com interesses diferentes, e muitas vezes conflitantes, que vão usar ferramentas
políticas para conseguirem seus objetivos. Caracteriza-se, assim, o conceito de luta de classes
entre empregados e empregadores, ou capitalistas versus trabalhadores. (FRANÇA FILHO,
2004). Nas palavras de França Filho (2004, p.35): “Enquanto ideologia, portanto, a
administração viria assim representar um conjunto de normas, valores e idéias [sic] que
justificam posições sociais desiguais. Ela, Administração, nestes termos, legitima o status quo
dominante.”.
Por sua vez, o conceito de Administração como ciência surge a partir da revolução
industrial, em virtude da necessidade melhorar a eficiência e minimizar as perdas no processo
produtivo, para maximizar os lucros (MOTTA; VASCONCELOS, 2008).Ou, como denomina
Ramos (2009), foi a partir desse “ambiente racionalizador” que se desenvolveu a ciência
14
administrativa, a qual buscava a simplificação, a divisão e a organização do processo de
trabalho. Esse autor destaca ainda que foi nesse momento que os estudos de tempos e
movimentos de Frederick Winslow Taylor(1990)ganharam grande importância, trazendo à
Administração conceitos mais técnicos, através da padronização e divisão de tarefas.
França Filho (2004) considera a organização como objeto da administração.
Considerando-se que a organização é um construto social, sua atuação se altera, conforme vão
ocorrendo mudanças na sociedade na qual está inserida. Assim, ao longo dos anos, a teoria
administrativa foi agregando diferentes concepções, buscando fazer frente às mudanças
ocorridas no mundo dos negócios e na sociedade. Esse conjunto de concepções são
freqüentemente chamadas de “escolas do pensamento administrativo”.
Inicialmente, buscava-se desenvolver e aplicar modelos mais prescritivos ao trabalho
administrativo, voltados para ampliar a produtividade da organização. Posteriormente, surgem
novas escolas de pensamento, incluindo-se elementos mais subjetivos, que ampliam a
percepção sobre o papel da administração e de seu objeto. As principais escolas
administrativas são a Administração Científica, Relações Humanas, Comportamentalismo,
Estruturalismo, Sistêmica e Contingencialismo (MOTTA, 1995).
Ramos (2009, p. 47) afirma que o desenvolvimento de técnicas para melhoria da
produtividade decorre da propagação na sociedade de um “ambiente racionalizador”, de
progresso científico e tecnológico, no qual a Revolução Industrial influencia e é influenciada.
A Escola Clássica da Administração surgiu na mesma época da Revolução Industrial,
buscando encontrar formas de melhorar a produtividade dos sistemas que se desenvolviam,
principalmente através do estudo e racionalização do trabalho. Taylor (1990), um dos
principais nomes dessa escola, desenvolveu o estudo dos tempos e movimentos, que visava
encontrar maneiras de atingir a máxima produtividade possível, a partir da integração entre os
trabalhadores e máquinas.
Outro conjunto de teorias também relevante para a Escola Clássica é o desenvolvido
por Jules Henri Fayol.Engenheiro, assim como Taylor, Fayol desenvolveu teorias focadas na
estrutura organizacional e no trabalho do administrador.Apesar da divisão do processo de
trabalho e das atividades de execução e gerência serem princípios Tayloristas, é de Fayol a
descrição das atividades do administrador e das funções administrativas. Ampliou-se,
15
portanto, a visão do trabalho do administrador, do chão de fábrica para a organização como
um todo (LACOMBE, 2009).
Na visão de Fayol não existia na época uma doutrina administrativa sólida que
pudesse ser propagada amplamente. Assim, estabeleceram-se os princípios gerais para a
Administração, visando a sistematização e propagação dessa área de conhecimento. Entre
esses princípios podem ser citados a unidade de comando hierarquia, centralização entre
outros. Fayol também definiu o que seriam os elementos básicos do trabalho do administrador
as ações de prever, organizar, comandar, coordenar e controlar (MA, 2004).
Motta (1995) afirma que a visão de organização como um todo e estrutura
organizacional de Fayol contribuiu para a propagação, especialmente no mundo ocidental, da
forma burocrática de pensar sobre as organizações. A partir de leituras weberianas, as
organizações que se desenvolviam em tamanho e complexidade, passaram a desenvolver
sistemas normativos formais, a impessoalidade de cargos e funções, e na rigidez na estrutura
de comando e controles.
A partir da disseminação dos princípios da Escola Clássica de Administração, voltados
para fatores controláveis e previsíveis, a aplicação desses conceitos na prática administrativa
enfrentava dificuldades, então associadas ao comportamento das pessoas nas organizações. As
condições de trabalho impostas pelo sistema taylorista-fordista geravam insatisfação e
protestos por parte dos sindicatos. Ao mesmo tempo, pesquisas indicavam que o “fator
humano” influenciava a produtividade, e que os pressupostos motivacionais definidos nas
teorias clássicas eram demasiadamente simplificados (SOBRAL; PECI, 2013).
Dessa forma, emergiu o Movimento das Relações Humanas. Seu principal expoente
foi Elton Mayo. Esse autor participou de uma pesquisa realizada pelos professores da
Universidade de Harvard na fábrica da Western Electric em Hawthorne, na qual buscava-se
identificar a influência de elementos como os movimentos para a execução do trabalho, a
fadiga e o ambiente físico na produtividade (MOTTA, 1995). A pesquisa não obteve êxito no
sentido de provar a influência dessas variáveis, mas lançou luz para a importância de fatores
informais, como os relacionamentos, na produtividade dos trabalhadores participantes do
estudo.
16
A Escola das Relações Humanas demonstrava que o desempenho dos trabalhadores
não é afetado puramente pelos métodos criados pela Administração Cientifica, mas que
fatores emocionais e comportamentais dos trabalhadores exerciam influência significativa
sobre sua produtividade. Assim, as organizações deveriam ser analisadas como um sistema
social, mudando a maneira como os empregadores lidavam com os trabalhadores (SOBRAL;
PECI, 2013).
A Escola Comportamentalista pode ser vista como uma espécie de “evolução” da
Escola das Relações humanas. Essa última teve o mérito de mostrar que os indivíduos não são
motivados apenas por fatores econômicos, como pensavam os Teóricos Clássicos, mas
manteve a idéia de que os indivíduos simplesmente agem de maneira passiva e padronizada
aos estímulos que recebem. Já os comportamentalistas estudaram mais a fundo o
comportamento e a motivação humana (MOTTA; VASCONCELOS, 2008).
Como o próprio nome já indica, há na Escola Comportamentalista ênfase no estudo do
comportamento humano, a fim de descobrir as melhores formas de motivação para o trabalho.
Nesse campo, Abraham Maslow destacou-se com sua teoria da motivação, a qual estabelecia
uma hierarquia para as necessidades humanas, estando na base as necessidades fisiológicas,
seguidas pelas necessidades de segurança, necessidades sociais, necessidades de estima e, por
fim, no topo da pirâmide as necessidades de auto realização(MOTTA; VASCONCELOS,
2008).
Já Frederick Herzberg, tentando explicar o comportamento das pessoas, afirmava que
há dois fatores a serem levados em conta na análise do comportamento dos indivíduos: os
fatores higiênicos e os fatores motivacionais. Os primeiros estão relacionados ao ambiente ao
redor do indivíduo, e não dependem diretamente dele (Salário, condições de trabalho,
benefícios). Já o segundo fator está ligado a aspectos mais pessoais e que estão sobre o
controle dos trabalhadores, tais como: motivação para exercer um determinado cargo, auto
realização, reconhecimento profissional (MOTTA; VASCONCELOS, 2008).
Se Elton Mayo acreditava que a cooperação advinha de uma necessidade das pessoas
em se unirem para desenvolver um papel social, Chester Barnard afirmava que a limitação dos
indivíduos em alcançarem seus objetivos sozinhos é o que os motivava a cooperar com
outros. Assim, a cooperação era considerada como um meio para alcançar a satisfação pessoal
(MA, 2004).
17
A abordagem Estruturalista da teoria das organizações propõe uma combinação das
escolas Clássica e das Relações Humanas. No entanto, não se apresentam em uma relação de
evolução com essas escolas, mas como ruptura. Em especial no que diz respeito às Relações
Humanas, muitas obras estruturalistas apresentavam fortes críticas à forma de lidar com os
conflitos sociais e o caráter prescritivo da Escola, acusando-a de apenas legitimar a
manipulação dos empregados. Além disso, também emergem críticas a questões
metodológicas associadas aos estudos das Relações Humanas (MOTTA, 1970).
Os estruturalistas enxergam a organização como um sistema que interage
constantemente com o ambiente. A partir da relevância dessas relações entre os elementos
organizacionais, destacavam-se as relações entre a organização formal e informal. Nesse
sentido, Motta (1970, p. 37), explicando o trabalho do estruturalista Etzioni, afirma: “pôde
construir uma tipologia de organizações, na qual se combinam um aspecto estrutural, uma vez
que se baseia nos tipos e na distribuição de poder, e um aspecto motivacional, uma vez que se
baseiam nas diferentes formas de compromisso dos participantes com a organização.”.
A Escola Sistêmica surge no contexto histórico da Segunda Guerra Mundial, conflito
que trouxe conseqüências diretas e indiretas para países em todos os continentes,
evidenciando dessa forma que as nações eram parte de um todo, um sistema global, e decisões
políticas e econômicas tomadas por apenas uma nação tem o poder de afetar o sistema inteiro.
Parte do pressuposto de que existe uma interdependência e integração entre as partes.
Nessa época, havia intensificação da especialização em cada campo cientifico e isso
acabou levando a um isolamento. Cientistas de várias áreas do conhecimento começaram a
perceber a necessidade de colaboração entre diferentes os ramos da ciência e começaram a
usar conceitos desenvolvidos em outros campos e analisar a realidade por diferentes pontos de
vista. Um autor importante dessa escola foi Van Bertalanffy que trouxe o conceito de modelo
de sistema aberto em seu livro “Teoria geral dos sistemas”. Essa obra exerceu significativo
impacto sobre os estudos de diversos outros autores como o economista Kenneth Boulding e o
cientista político David Easton (MOTTA; VASCONCELOS, 2008).
Mais recentemente, a Escola da Contingência leva em conta as mudanças freqüentes
ocorridas nas organizações no mundo atual, e a freqüente necessidade de adaptação das
estruturas e processos organizacionais, assim como dos indivíduos nas organizações a esse
cenário. Assim, considera o planejamento como circunstancial, e subordinado às necessidades
18
do ambiente e particularidades de cada organização. Dessa forma, em oposição ao
Taylorismo, defende que não existe uma formula correta a ser seguida para gerir as
organizações, mas que é necessário analisar na prática gerencial quais técnicas funcionam
melhor no contexto em questão (MOTTA; VASCONCELOS, 2008).
Assim, a velocidade na condução das mudanças e adaptabilidade passam a ser
consideradas fundamentais para alcance de seus objetivos. Na análise contingencial o
ambiente no qual a organização está inserida apresenta demandas que não podem ser
simplesmente ignoradas, sendo os administradores forçados a lidar com elas para garantir a
sobrevivência das organizações. Existe, assim, uma exigência de adaptação continua
(MOTTA; VASCONCELOS, 2008).
Porém, Ma (2004) avalia que,no geral, todas essas teorias administrativas, mesmo
concebendo as atribuições da administração de forma distinta, mantêm seu caráter prescritivo.
Ressalva, no entanto, que “A Teoria Comportamental representa um avanço no modo
funcionalista de enxergar a Administração e contribui sistematicamente para a confusão em
torno do seu objeto de estudo, quando sugere uma Teoria das Organizações.”
Atualmente, com a evolução dos estudos em teoria das organizações,novas
perspectivas teóricas passaram a ser utilizadas para analisar as organizações, tais como
dependência de recursos, ecologia das populações, contingência estrutural, nova economia
institucional e novo institucionalismo (SACOMANO NETO; TRUZZI, 2002). São justamente
essas interações teóricas que tem se mostrado mais adequadas para compreender o fenômeno
organizacional. Para Sacomano Neto e Truzzi (2002, p. 32):
[...] essas perspectivas representam sinais importantes para o avanço e
sistematização das análises organizacionais contemporâneas, uma vez que há
uma crescente tentativa em construir pontes entre as perspectivas
econômicas e sociológicas, estruturais e racionais, e entre teorias
institucionais e ecológicas.
Nesse entendimento, a organização e não apenas a gestão passa a ser considerada
objeto de estudo da administração, tal como defende França-Filho (2004). Para esse autor
Administração teria como objetivo estudar as organizações como fenômeno social, passando a
considerar comportamentos, ações e situações nas organizações que necessitam ser
compreendidas. Nesse exercício, propõe que sejam realizados diálogos com outras áreas do
19
conhecimento, como por exemplo, a sociologia, a economia, a psicologia, a filosofia, a
biologia, dentre outras.
Cabe ressaltar que, apesar dessas novas abordagens, os fundamentos das teorias
administrativas tradicionais não perdem o seu poder explicativo mantendo-se presente nos
estudos e pesquisas da administração. Bem como a concepção de que a gestão é o objeto da
administração continua sendo válida para diversos pesquisadores da área, influenciando nos
estudos da administração enquanto ciência (FRANCA FILHO, 2004).
De todo modo, a concepção da organização como objeto da administração permite
ainda ampliar o campo de conhecimento da administração para além das empresas,
incorporando uma variedade de organizações públicas e organizações da sociedade civil. Essa
incorporação, por sua vez resulta do desenvolvimento da Administração Pública e da Gestão
Social. Tais compreensões são importantes no estudo da administração, por essas refletirem
na sua produção científica.
2.2 A PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA EM ADMINISTRAÇÃO
A produção científica brasileira em administração vem crescendo rapidamente desde a
década de 1990, quer seja em nível de graduação ou pós-graduação. No entanto, as pesquisas
produzidas em nível de pós-graduação destacam-se dentre as demais pelo fato de que, no
geral, são publicadas em espaços para além dos bancos de pesquisas institucionais. Assim, as
publicações em eventos científicos e periódicos nacionais normalmente privilegiam trabalhos
resultantes de pesquisas realizadas em programas de mestrado e doutorado.
Dessa forma, ao se avaliar a produção científica brasileira, os trabalhos realizados em
nível de graduação dificilmente são analisados nesses estudos. Em geral, os estudiosos que
tem se dedicado a pesquisar tal produção utiliza-se de estudos bibliométricos, utilizando como
fonte de pesquisa periódicos científicos com classificação e recomendação da Capes, ou
eventos científicos renomados da área, como o Encontro Nacional da Associação Brasileira de
Pós-Graduação em Administração (EnANPAD) (BERTERO et al, 2013).
20
A partir da década de 1990, com o crescimento dos programas de pós-graduação,
houve, também, aumento na quantidade de artigos publicados em periódicos científicos
nacionais. No entanto, autores como Berteroet al (2013), citando Vergara e Pinto (2001),
assim como Machado-da-Silva, Cunha e Amboni (1990), questionam a qualidade dessa
produção, levando a crer que houve um crescimento em termos de quantidade, mas não de
qualidade. Muitos afirmam, inclusive, que as publicações nacionais, freqüentemente, apenas
repetem com atraso estudos feitos nos Estados Unidos.
No geral, os estudos em administração no Brasil dividem-se em três grandes áreas:
administração empresarial, administração pública e gestão social. Desde a criação as escolas
de administração no Brasil, os estudos e pesquisas por elas desenvolvidas concentram-se na
administração empresarial. A área da Administração Empresarial congrega um conjunto de
estudos que abordam as funções administrativas, tais como marketing, finanças, estratégias,
recursos humanos, - com foco específico para a realidade das empresas. Os principais estudos
bibliométricos sobre a produção acadêmica em Administração Empresarial são os de Bertero
e Keinert (1994); Bertero, Caldas e Wood (1999); Vergara e Pinto (2001); Machado-da-Silva
et al (2005); Bertero et al. (2013).
Ao analisarem a produção acadêmica da Revista de Administração de Empresas
(RAE) entre os anos de 1961 a 1993, Bertero e Keinert (1994), avaliam essa produção como
replicadora de práticas importadas, principalmente dos Estados Unidos. Por isso mesmo, entre
os trabalhos analisados, houve predominância de citações a autores estrangeiros. Esses autores
identificaram uma diversidade de perspectivas teóricas sendo utilizadas como base para os
estudos. Estavam presentes nos textos analisados desde um arcabouço teórico ligado à Escola
Clássica, até abordagens menos antiquadas, como Administração Participativa e Qualidade
Total. Destacaram-se, nesse sentido, o Behaviorismo e o arcabouço conceitual da Estratégia
empresarial.
A análise dos autores também destaca a natureza predominantemente acadêmica dos
trabalhos produzidos. Havia grande quantidade de trabalhos voltados à reflexão e em formato
de ensaio, e poucos trabalhos empíricos ou voltados para a manipulação dos dados. Segundo
eles, isso poderia denotar pouca preocupação com a aplicabilidade e com a resolução de
problemas concretos enfrentados pelos administradores. Assim, chamava-se atenção para a
produção acadêmica nacional em Administração ser gerada por e [apenas] para a academia.
21
As variáveis mais estudadas nesse período estavam ligadas a assuntos como estrutura
organizacional, processo decisório, estabelecimento de metas e objetivos organizacionais,
recursos humanos, motivação, influência do ambiente e da tecnologia sobre as organizações
(BERTERO; KEINERT, 1994).
Sete anos mais tarde, Bertero, Caldas e Wood (1999, p. 151), ao realizarem uma
análise sobre a produção nacional, lançam luz para o avanço no número de trabalhos
científicos publicados sobre Administração, questionando se esse aumento na quantidade
reflete uma melhoria na qualidade dos trabalhos. Os autores destacaram que nem o objetivo
de produção para consumo interno da academia, desconectado da realidade organizacional,
estaria sendo alcançado, já que era baixa a quantidade de citações a trabalhos escritos por
autores nacionais. Sugerem que muitos trabalhos foram escritos apenas para apresentação e
publicação, não para serem utilizados em pesquisas posteriores. Afirmaram ainda que “muitos
trabalhos não passam de exercícios de auto desenvolvimento, sem valor relevante para a
construção do conhecimento na área, seja este de natureza prática ou teórica.”
Por sua vez, ao realizarem uma análise sobre os autores referenciados entre 1994 e
1998, Vergara e Pinto (2001) corroboram a idéia já mencionada por Bertero e Keinert (1994),
de que os pesquisadores nacionais estariam mais votados para a utilização em seus trabalhos
de autores estrangeiros, realizando a replicação de pesquisas realizadas em outros países,
especialmente as norte-americanas.
Ressalta-se essa hegemonia dos Estados Unidos sobre as teorias administrativas como
uma espécie de “paroquialismo”, a partir do qual as teorias são adotadas de forma acrítica, e
desconsiderando-se as diferenças de contexto entre os países. Essa adoção pode ser justificada
pela globalização, a qual tem como conseqüência a imitação das práticas adotadas em países
centrais pelos periféricos (VERGARA; PINTO, 2001).
A partir dos questionamentos levantados acerca da qualidade dos trabalhos, emergiram
estudos bibliométricos com objetivo de avaliar a qualidade da produção acadêmica,
especialmente a partir do chamado “fator de impacto”. O fator de impacto se refere ao número
de vezes que os artigos publicados em determinado periódico foram citados. Indica, pois, a
repercussão, ou o interesse gerado pelos artigos publicados nesse periódico. Assim,
Machado-da-Silva et al (2005) avaliaram o fator de impacto de 22 periódicos nacionais,
tomando como base os trabalhos apresentados no EnAnpad e no periódico
22
BrazilianAdministrationReview (BAR). Ao compararem o resultado do cálculo à classificação
da Capes, os autores concluíram que essa avaliação não considerava o número de citações do
periódico.
Com a pós-graduação consolidada, Bertero et al (2013) propõem a realização de uma
análise crítica sobre a produção acadêmica brasileira em Administração de empresas na
década de 2000. Efetuando um comparativo aos estudos realizados na década anterior
(BERTERO; KEINERT, 1994; BERTERO; CALDAS; WOOD, 1999), os autores afirmam
que a produção evoluiu, mas ainda apresenta fragilidades em termos de metodologias e
teorias. Além disso, o problema da pouca inserção internacional das pesquisas realizadas
localmente persistia. Essas afirmações são realizadas a partir de estudos bibliométricos
realizados com trabalhos voltados para áreas específicas, como comportamento
organizacional, finanças, gestão de pessoas, gestão de operações e marketing.
Sobre o campo do comportamento organizacional, os autores afirmam que os temas de
pesquisa que se destacaram na década foram aqueles ligados à cultura e aprendizagem
organizacional (SOBRAL; MANSUR, 2013). Destacam-se, no entanto, fragilidades
metodológicas. Em relação ao campo da gestão de pessoas, a análise efetuada por indicava
que havia uma alta diversidade de assuntos estudados, o que dificultou a determinação de
tendências de pesquisa.
Os principais assuntos pesquisados no campo da gestão de pessoas foram: seleção de
pessoas, gestão da mudança, avaliação de treinamento, impacto do treinamento, gestão de
competências, políticas e práticas de RH, gestão do desempenho, identidade social, gestão
estratégica de RH, universidade corporativa, abordagem institucional, gestão da diversidade.
Gestão da remuneração, gestão da motivação, carreiras, sistemas de informação em RH,
políticas de RH, cultura corporativa, gestão internacional de pessoas, expatriação, demissão,
avaliação e mensuração em Gestão de Pessoas, contrato psicológico, qualidade de vida no
trabalho. Os autores concluíram que os trabalhos também careciam de maior detalhamento
metodológico e discussão dos resultados (MASCARENHAS; BARBOSA, 2013).
Ao analisarem o campo das finanças, Leal, Sousa e Bortolon (2013), avaliam que,
além da baixa produtividade, os pesquisadores do campo privilegiam a publicação em
periódicos nacionais ou em periódicos internacionais de baixo impacto. Eles atribuem a baixa
disseminação internacional das pesquisas em finanças realizadas no Brasil à pouca inovação
23
nos trabalhos, teórica e metodologicamente. Os principais assuntos pesquisados estavam
vinculados à áreas temáticas da Anpad, como: precificação de derivativos, gestão de carteiras,
finanças e governança corporativa, mercados e instituições financeiras, econometria e
métodos numéricos em finanças e fusões e aquisições.
A análise de publicações no campo de gestão das operações considerou relevância e
rigor como parâmetros. Assim como as pesquisas nas demais áreas, foram identificadas
carências ligadas ao rigor científico das pesquisas, assim como a inserção internacional. Em
relação aos assuntos estudados, houve convergência entre temas pesquisados nacionalmente e
internacionalmente. Destacaram-se assuntos como gestão da cadeia de suprimentos,
estratégica de operações, desenvolvimento de novos produtos, operações em serviços e gestão
da qualidade. Em crescimento, destacava-se o tema da sustentabilidade nas operações
(PAIVA; BRITO, 2013).
Por sua vez, a análise sobre a produção de trabalhos científicos em Marketing indicava
que a veiculação dessa produção ocorria prioritariamente em congressos. O tema mais
pesquisado à época era comportamento do consumidor. Outros assuntos, como marketing de
serviços, de relacionamento e estratégia de marketing também foram recorrentes. Os autores
identificaram a replicação de modelos teóricos e metodológicos internacionais, e a baixa
incidência de análises que considerassem particularidades do contexto nacional na formulação
dessas teorias (MAZZON; HERNANDEZ, 2013).
Bertero et al (2013, p. 18) propõe uma série de ações a serem implementadas pela
comunidade acadêmica para solucionar os problemas de baixa qualidade, relevância e
internacionalização. Sugere-se enfocar o contexto nacional nas pesquisas, de forma a inovar
teórica e metodologicamente; aumentar o rigor da avaliação para publicação em periódicos;
enfocar a internacionalização e a publicação em periódicos com alto fator de impacto. Da
mesma forma, afirma-se que seria necessária uma reformulação nos programas de pós-
graduação, os quais deveriam se tornar “mais restritos e exigentes”, incentivando as parcerias
com instituições no exterior para formação desses estudantes.
Mesmo diante de uma predominância de estudos em administração com foco nas
empresas, os estudos de administração pública têm sido realizados no Brasil, demonstrando a
emergência e importância da aplicação de teorias e práticas administrativas das organizações
24
públicas como forma de melhorar seus resultados, como também melhor compreender o
funcionamento do aparelho estatal.
Para além da mudança do lócus de investigação, ocorre também uma mudança de
paradigma nos estudos de administração. Uma análise de artigos sobre a administração
pública realizada entre os anos de 1937 a 1970 revelam que esses saíram de uma abordagem
tecnicista e autoritária e passaram a realizar um debate sobre questões como democratização e
gestão social, e até mesmo sobre uma revisão na função exercida pelo do Estado.
Acompanhando mudanças no cenário internacional, passou-se a ter uma visão mais voltada ao
interesse público (HOCAYEN-DA-SILVA; ROSSONI; FERREIRA,2008).
Analisando artigos publicados na Revista de Administração Pública (RAP) e na
Revista do Serviço Público (RSP), publicados entre os anos de 1995 e 2002, Hocayen-da-
Silva, Rossoni e Ferreira (2008, p. 661) afirmam que houve uma grande diversidade de temas
nas publicações da RAP. Os principais temas pesquisados estavam ligados à “reforma
gerencial do Estado, políticas públicas, sociologia, política, demografia, finanças públicas,
estudos setoriais e ferramentas administrativas e de gestão.”.As publicações da RSP, por sua
vez, mostraram-se mais homogêneas, tendo o Estado, a Administração Pública e a gestão
governamental como temas predominantes.
Em outra pesquisa Hocayen-da-Silva, Rossoni e Ferreira (2008) chegaram a resultados
muito similares, mostrando que existe um notável aumento da produção cientifica nas mais
diversas áreas da Administração. No entanto, alertando para a baixa qualidade da produção.
Hocayen-da-Silva, Rossoni e Ferreira (2008) citando um estudo realizado nas áreas de
Administração Pública e Gestão social alertam, no entanto, que apesar da grande diversidade
temática dos estudos e do relevante aumento quantitativo na produção cientifica brasileira em
Administração Pública e Gestão social a qualidade desses estudos continua a ser insatisfatória.
No que tange as instituições nas quais os estudos são produzidos destacam-se a
Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo, a FGV do Rio de Janeiro e a Universidade
Federal da Bahia somando mais de um terço dos estudos nessas áreas. A concentração dos
estudos nessas três instituições se justifica pelo fato das mesmas possuírem cursos de pós-
graduação stricto sensu tanto de mestrado quanto de doutorado voltados para a área de
25
Administração Pública, levando conseqüentemente a um grande número de pesquisadores
focados nessa temática.
Geograficamente as 10 unidades federativas mais prolíficas somam um total de
91.8% dos artigos publicados entre os anos de 2000 e 2005. Nota-se uma grande concentração
dos estudos em algumas poucas instituições localizadas principalmente na região Sudeste de
país. Já estudos feitos no Rio Grande do Norte representam apenas 1.8% do total
Os estudos em Gestão Social inicialmente encontravam-se inseridos entre os estudos
da Administração Pública. Cançado et al (2011) relata que, em 2003, a Associação Nacional
dos Programas de Pós-graduação em Administração (ANPAD), criou a área de estudos em
Gestão Social e Ambiental, passando em 2005 a considera – lá uma subárea da Administração
Pública e Gestão Social. No entanto, em 2010 o mesmo ANPAD decidiu acabar com essa
nomenclatura e passou a considerar a área como parte da Administração Pública em geral. Em
2009, um manifesto de 209 pesquisadores foi enviado ao ANPAD pedindo a criação da área
de “Sustentabilidade, Gestão Social e Ambiental”, mas o pedido foi recusado pela Associação
que alegou não se tratar de uma área de conhecimento, mas apenas mais uma área de
aplicação.
Nesse contexto, buscando um espaço para difusão do conhecimento em gestão social,
cria-se o Encontro Nacional de Pesquisadores em Gestão Social (ENAPEGS) idealizado por
Jeová Torres Silva Jr, que ocorre desde 2007. Esse evento tem se tornado um dos principais
meios de divulgação e discussão sobre essa área que apesar de sua enorme importância tem
sido pouco estudada em relação a outras áreas das ciências administrativas. O estudo da
Gestão Social encontrou no ENAPEGS um excelente espaço para seu desenvolvimento.
A retirada pela ANPAD das áreas de Gestão Social e Ambiental e posterior recusa ao
pedido de pesquisadores para criação da área „Sustentabilidade, Gestão Social e Ambiental‟,
acabou sendo um grande incentivo para que os pesquisadores valorizassem o evento que
apesar de ter sido criado a relativamente pouco tempo vem exponencialmente ganhando
importância para os estudos na área. Além do ENAPEGS outro evento relevante para o estudo
da Gestão Social é o Colóquio Internacional sobre o Poder Local organizado pela
Universidade Federal da Bahia (UFBA) e com realização a cada três anos.
26
Apesar da consolidação nos últimos anos da Gestão Social como prática, a definição
do seu significado ainda está em fase de construção no Brasil. A utilização do termo vem
crescendo bastante tanto em termos acadêmicos quanto em termos midiáticos, o que pode
levar a uma banalização de seu significado com muitos considerando como Gestão Social
tudo aquilo que não está incluso na “Gestão Tradicional”. A Gestão Social tem sido associada
mais com a gestão de políticas sociais e ambientais do que com temas como formulação de
políticas públicas focadas na gestão participativa e tomada de decisão democrática
(CANÇADO et al, 2011).
Para Cançado et al (2011), a Gestão Social seria baseada na tomada de decisão
coletiva e não coercitiva, focando na boa comunicação entre as partes como processo, na
transparência como pressuposto e tendo como finalidade a emancipação dos indivíduos por
meio do desenvolvimento de uma consciência critica. AGestão Social se diferencia da Gestão
Estratégica na medida em que a primeira visa a democratização do processo decisório
enquanto a segunda está focada na tomada de decisão hierarquizada.
Cançado et al (2011) fazem algumas criticas em relação a área. A primeira está
relacionada com o próprio termo “Gestão Social” que não seria o mais adequado por ser
considerado muito convencional e ambíguo. Os termos “Gestão emancipadora” ou “Gestão
Solidária” seriam mais adequados. Outra questão abordada é sobre a importância da educação
para o funcionamento da Gestão Social, para o autor a tomada de decisão democrática e não
coercitiva só é possível por meio da educação o que a tornaria incompatível com a atual
realidade brasileira.
27
3 ANÁLISE DOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO DE
ADMINISTRAÇÃODA UFRN (2012-2015)
Conforme consulta realizada na Biblioteca Digital de Monografias da UFRN, em abril
de 2017, no período de 2012 a 2015 foram produzidos pelos discentes do Curso de
Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte 278 trabalhos de conclusão
de curso. A distribuição desses trabalhos em cada ano está ilustrada no Gráfico 1 a seguir.
Gráfico 1: TCC‟s do Curso de Administração/UFRN no período de 2012 a 2015, por ano.
Fonte:Elaboração Própria, com base nos dados da Biblioteca Digital de Monografias da UFRN (2017)
Observa-se que houve variação no número de trabalhos depositados no repositório de
monografias da UFRN no período em análise. Do período analisado, 2013 foi o ano no qual
houve o maior número de trabalhos – foram localizados 95 trabalhos nesse ano. Em 2014 e
em 2015, houve uma diminuição em termos de quantidade de trabalhos. Em 2014 registraram-
se 75 trabalhos, e em 2015, atingiu-se o menor número de trabalhos do período: apenas 44
trabalhos foram apresentados. Esse número corresponde a menos da metade dos trabalhos
registrados em 2013. A redução desses trabalhos pode ter ocorrido devido a um possível
atraso dos alunos em concluir o curso, aumento da evasão no curso ou ainda simplesmente
pela não realização dos depósitos dos trabalhos defendidos no repositório da UFRN pela
coordenação do curso.
Em relação a sua natureza, os trabalhos empíricos correspondem quase à totalidade do
número de trabalhos depositados, contabilizando um percentual de 99,64%. No período,
houve apenas um trabalho teórico depositado. Esse número pode ser explicado pelas
64
95
75
44
2012 2013 2014 2015
28
características da Administração, que além de ser uma ciência social aplicada, é
predominantemente pragmática, buscando compreender casos e/ou apresentar soluções para a
melhoria do desempenho organizacional, tal como evidencia os estudos de Motta (1995) e
Ramos (2009).
Entretanto, o Gráfico 2 demonstra uma predominância dos trabalhos de pesquisa
monográfica em detrimento dos planos de negócio, modalidade de TCC usualmente
realizadas no Curso de Administração e com estrutura orientada no manual “ Orientações e
normas para elaboração e apresentação de relatórios científicos e monografias”.Foram
cadastrados no período 268 trabalhos de monografia, correspondente a 96% do total de
trabalhos. Já os trabalhos do tipo planos de negócio somaram apenas 10, o que representa
apenas 4% do total.
Gráfico 2: TCC‟s do Curso de Administração/UFRN no período de 2012 a 2015, por Tipologia. Fonte:Elaboração Própria, com base nos dados da Biblioteca Digital de Monografias da UFRN (2017)
Essa predominância pode ser explicada por alguns fatores: (1) uma predisposição dos
professores em orientar trabalhos monográficos, uma vez que esses diferentemente dos planos
de negócios, podem resultar em publicações científicas em periódicos; e 2) ao direcionamento
do matriz curricular do curso de Administração da UFRN e dinâmica de ofertadas das
disciplinas voltadas para a elaboração do TCC. O conteúdo da disciplina Oficina de Projetos
II, equivalente a Atividade Estágio Supervisionado II (na antiga matriz curricular), e pré-
requisito para a Atividade Estágio Supervisionado III onde é realizado o processo de
4%
96%
Plano de Negócios Pesquisa Monográfica
29
orientação individual do TCC é direcionado para a construção de uma pesquisa científica na
modalidade de monografia; não contemplando o desenvolvimento de planos de negócio.
Considerando-se o caráter acadêmico das pesquisas, esse resultado coincide com as
colocações realizadas por Bertero, Caldas e Wood (1999), ao identificarem que, embora os
trabalhos tenham se tornado mais aplicados, as pesquisas em Administração apresentam
caráter mais acadêmicos. Mesmo que no caso dos TCCS em investigação tenha a
predominância de trabalhos empíricos, aplicados junto a organizações empresariais, públicas
e da sociedade civil.
Em relação à distribuição dos trabalhos por áreas de estudo e pesquisa no curso de
administração, conforme ilustrado no Gráfico 3,tem-se que maioria dos trabalhos localizados
se vincularam à área de Administração de Empresas.
Gráfico 3: TCC‟s do Curso de Administração/UFRN no período de 2012 a 2015, por Área da Gestão. Fonte:Elaboração Própria, com base nos dados da Biblioteca Digital de Monografias da UFRN (2017)
Em todos os anos analisados, a área de administração de empresas concentrou o maior
número de TCCs, totalizando 231 trabalhos, representando 83% do total produzido. Em
seguida, aparece a de Administração Pública, com 37 trabalhos, ou seja13% do total. Por
último, foram incluídos no repositório apenas 10 trabalhos da área de Gestão Social, o que
corresponde a 4%.
Essa diferença pode ser explicada pela primazia da área de administração de empresas
no curso de Administração da UFRN, refletida tanto pelas disciplinas existentes na matriz
53
78
62
38
9
13
11
4
2
4
2
2
0 20 40 60 80 100
2012
2013
2014
2015
GESTÃO SOCIAL
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
30
curricular, quanto pela quantidade de professores das áreas de Gestão Pública e Social
atuando na graduação, e ainda pela preferência dos discentes.
Quanto à matriz curricular, cabe notar que essa se encontra alinhada às diretrizes
curriculares nacionais do curso de bacharelado em Administração do Ministério da Educação
(MEC). Nesse documento não são citadas competências, disciplinas ou áreas vinculadas à
administração pública e a gestão social (MEC, 2005). Inclusive, há um documento específico
para o curso de bacharelado em Administração Pública. A partir disso, uma interpretação
possível é a de que o MEC considera o bacharelado em Administração como voltado à
formação de administradores do setor privado, e o curso de Administração Pública, do setor
público (MEC, 2014). No entanto, a formação e a atuação do administrador contemplam
ambas as áreas.
No que se refere à quantidade de professores, tem-se que o departamento de
administração conta em 2017 com 43 professores, sendo 39 professores efetivos, 03
professores substitutos e 01 professor temporário (UFRN, 2017). Destes, aproximadamente11
professores têm atuado na área de administração na graduação e na pós-graduação; e 02 na
área de gestão social. Logo, o número de TCCs produzidos numa determina área irá depender
da capacidade de orientação desses professores. Além disso, a predominância pela área de
administração de empresas pode denotar uma preferência dos discentes a atuar e pesquisar na
área empresarial em decorrência de posicionamentos de trajetórias pessoais e profissionais.
Ainda a respeito do gráfico 3, faz-se necessário destacar que a redução de trabalhos
apresentada no gráfico 1 também se reflete nas áreas de Administração de Empresas e
Administração Geral. A área de gestão social foi única que se manteve estável.
No mesmo direcionamento, tem-se que a maioria das subáreas e assuntos abordados
nos TCC‟s estão relacionados às áreas funcionais da administração de empresas, tais como:
recursos humanos, tecnologia da informação, Administração da informação,Administração
financeira entre outros, conforme ilustra o Figura 1.
31
Figura 1: Subáreas e Assuntos dos TCC‟s do Curso de Administração/UFRN no período de 2012 a 2015. Fonte: Elaboração Própria, com base nos dados da Biblioteca Digital de Monografias da UFRN (2017)
32
Como se pode observar no Gráfico 4 os TCC‟s foram divididos em 12 diferentes
subáreas, sendo Marketing (24,82%) e Administração de Recursos Humanos (24,46%) as
duas subáreas mais pesquisadas representando quase a metade (49,28%) do total de 278
TCC‟s catalogados.
Gráfico 4: Subáreas abordadas nos TCC‟s do Curso de Administração/UFRN no período de 2012 a 2015. Fonte:Elaboração Própria, com base nos dados da Biblioteca Digital de Monografias da UFRN (2017)
Se considerado as cinco subáreas mais pesquisadas que incluem, além das duas
previamente citadas, Administração da Produção (12,23%), Empreendedorismo (9,35%) e
Administração Financeira (8,99%), chegamos a 79,85% do total de trabalho. Ficando as
outras 7 subáreas com apenas 20,15%.
Esses trabalhos foram orientados por 46 professores diferentes, distribuídos em
professores efetivos, substitutos, temporários e voluntários. O Gráfico 5 mostra que a maioria
dos professores (26 professores) tem orientado em apenas uma única área, no geral na área de
administração de empresas, mas que 18 outros professores tem orientado trabalhos em duas
áreas, administração empresarial e administração pública são as mais prevalentes. Apenas 2
professores atuaram nas três áreas.
24,82%
24,46%
12,23%
9,35%
8,99%
4,68%
4,68%
3,60%2,52%
2,52% 1,80%0,36%
Marketing
Adm. de Recursos Humanos
Administração da Produção
Empreendedorismo
Administração Financeira
Administração da Informação
Estratégia
Administração Geral
Gestão Ambiental
Gestão Pública
Gestão de OSC
Pesquisa em Administração
33
Gráfico 5: Distribuição de orientações dos TCC‟s do Curso de Administração/UFRN no período de 2012 a
2015, por Área da Gestão. Fonte:Elaboração Própria, com base nos dados da Biblioteca Digital de Monografias da UFRN (2017)
1444
27
39
1644
31
310
24
812
14
9
51
151
810
223
61
215
116
52
3
11
2
21
2
3
13
1
42
11
11
11
11
4
1
1
2
21
1
2
2
0 5 10 15 20 25
PE13
PE12
PE10
PE7
PE3
PE11
PS12
PE8
PS5
PS2
PE23
PV2
PS10
PE24
PE26
PE27
PE6
PE18
PE28
PE2
PE5
PE15
PE21
Admistração Empresarial
Administração Pública
Getsão Social
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Esses dados mostram que parte significativa dos professores tem atuado em mais de
uma área revelando uma atuação mais multidisciplinar, evidenciando a transversalidade dos
assuntos abordados embora reconhecidas às especificidades das áreas. Essa interação é
salutar, inclusive, para evitar uma fragmentação da formação do administrador.
Em termos de professores mais prolíficos na graduação de administração, a tabela 2
apresenta informações que indicam quais professores mais orientaram trabalhos de conclusão
de curso em administração dentro do período investigado. Visando preservar a identidade dos
professores, foram criados códigos para substituir seus nomes. Os códigos criados foram os
seguintes: Professor efetivo (PE), Professor substituto (PS) e Professor voluntário (PV).
Ranking Orientadores Nº Total de TCC Ranking Orientadores Nº Total de
TCC
1º PE1 22 24º PE18 4
2º PE2 19 25º PV1 3
3º PE3 18 26º PE19 3
4º PE4 16 27º PS7 3
5º PE5 16 28º PS8 3
6º PS1 13 29º PE20 3
7º PS2 13 30º PS9 3
8º PE6 13 31º PE21 3
9º PS3 12 32º PE22 2
10º PE7 11 33º PS10 2
11º PE8 10 34º PE23 2
12º PE9 9 35º PV2 2
13º PE10 7 36º PS11 2
14º PE11 7 37º PE24 2
15º PS4 7 38º PS12 2
16º PE12 6 39º PE25 1
17º PE13 5 40º PS13 1
18º PE14 5 41º PE26 1
19º PS5 5 42º PS14 1
20º PE15 5 43º PE27 1
21º PE16 4 44º PE28 1
22º PS6 4 45º PS15 1
23º PE17 4 46º PE29 1
Quadro 2: Ranking dos professores orientadores de TCCs mais prolíficos do Curso de Administração/UFRN no
período de 2012 a 2015. Fonte:Elaboração Própria, com base nos dados da Biblioteca Digital de Monografias da UFRN (2017)
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O Gráfico 6 (feito com base nos dados da tabela 1) mostra que apenas 10 professores
são responsáveis por mais da metade dos trabalhos apresentados no período pesquisado.
Representando 55% do total. Enquanto os outros 33 professores são responsáveis pelos outros
45%. Entre os 10 professores mais prolíficos 7 são professores efetivos e 3 são professores
substitutos.
Gráfico 6: Distribuição de TCC‟s do Curso de Administração/UFRN no período de 2012 a 2015, por
professores em porcentagem (%). Fonte:Elaboração Própria, com base nos dados da Biblioteca Digital de Monografias da UFRN (2017)
No entanto, faz-se importante ressaltar que a maioria dos professores mais prolíficos,
em termos de orientação de TCCs na graduação, não atua na pós-graduação. Entre os tops 10
atualmente apenas 2 atuam na pós-graduação. Não tendo tido como verificar se no período
investigado esses dois professores já atuavam na pós-graduação.
Esses dados sugerem que o professores com atuação na pós-graduação (32,6%) tem
reduzida participação na graduação de administração, seja orientando os TCCs, seja
ministrando disciplinas, conforme informações do SIGAA (2017) que mostram que esses têm
lecionado na graduação de administração uma disciplina de 60hs. Tem-se ainda entre os
professores efetivos que atuam na pós-graduação (15 professores) a maioria (9) professores
nos quatro anos investigados orientou de 1 a 4 trabalhos.
8%
7%
6%
6%
6%
4%
5%5%4%4%
45%
PE1
PE2
PE3
PE4
PE5
PS1
PS2
PE6
PS3
PE7
Outros
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E os professores que não atuam na pós-graduação (67,3%) juntos orientaram 200 dos
278 trabalhos investigados. Desses 200, 77 foram orientados por professores substitutos e
voluntários, e 123 orientados pelos 14 professores efetivos que não atuam na pós-graduação.
Inclusive entre os top10 encontra-se 3 professores substitutos. E desses que são efetivos a
maioria (9 professores) orientaram juntos 109 dos 278 TCCs analisados. No entanto, 5
professores efetivos mesmo sem atuar na pós-graduação não tiverem expressiva participação
em termos de orientação, nos quatro anos investigados orientaram de 1 a 4 trabalhos.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse trabalho objetivou analisar a produção de Trabalhos de Conclusão de Curso em
Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no período de 2012-2015. A
partir dos dados coletados na Biblioteca Digital de Monografias, analisa-se que a produção de
trabalhos de conclusão do curso de administração concentrou-se, nos anos investigados na
área de administração empresarial, abordando assuntos diversos.
A predominância de trabalhos da área de administração empresarial demonstra a
relevância dada a essa área pelo Curso de Administração e/ou pelos seus discentes. Ao passo
que apontam as áreas de administração pública e gestão social com áreas emergentes
interesses. Os trabalhos concentram-se também em assuntos específicos, com notória
predominância em marketing e recursos humanos. Essa predominância evidencia certo limite
do conhecimento produzido considerando que os problemas organizacionais perpassam por
outros assuntos que ainda necessitam serem melhores explorados.
Os dados levam a supor que essa predominância em marketing e recursos humanos
esteja diretamente relacionada aos dados dos professores mais prolíficos. De modo que uma
melhor distribuição das orientações entre os professores contribuiria para a ampliação da
diversidade de conhecimentos produzidos pelo curso e conseqüentemente para a aplicação
desses conhecimentos nas realidades organizacionais. Afinal, diversas são as problemáticas
do campo da administração que requerem investigações científicas.
Do mesmo modo, evidencia-se uma predominância em trabalhos empíricos. Embora
se reconheça a relevância dos trabalhos empíricos, considerando as problemáticas
contemporâneas enfrentadas pelas organizações, torna-se necessário que o Curso de
Administração busque articular mais equilibradamente o trabalho teórico com o trabalho
empírico. Especialmente considerando a emergência por novas teorias para entender e
explicar nos problemas de vivência organizacional e de pesquisa acadêmica.
A grande maioria de trabalhos foi na modalidade de monografias, suscitando a
necessidade de que outras modalidades de trabalho de conclusão de curso sejam ofertadas,
sem que para isso se perca o caráter acadêmico e a produção de conhecimentos científicos.
Como alternativas sugere-se para além das monografias, a produção de artigos científicos,
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planos de negócios, relatos de experiências profissionais realizadas por meio de estágios
efetivamente supervisionados.
Verificou-se também uma concentração da maior parte das orientações por um número
reduzido de professores demonstrando a necessidade de equilibrar essa tarefa no curso,
especialmente ampliando a participação na graduação dos professores que atuam na pós-
graduação. A articulação e integração da graduação e da pós-graduação em administração
revela-se como um desafio para melhoria da qualidade das trabalhos de conclusão de curso.
Ainda relativo às orientações, a pesquisa demonstrou a necessidade de ampliar a participação
dos professores que não atuam na pós-graduação nas atividades de orientação de TCC‟s.
Por fim, sugere-se a realização de pesquisas futuras de modo a ampliar a amostra de
TCC‟s investigados, incorporando os trabalhos que ainda não foram disponibilizados na
Biblioteca Digital, bem como analisar a qualidade de seus conteúdos e assim delinear teórica
e metodologicamente uma agenda futura de pesquisa para subsidiar a escolha dos assuntos e
temas de pesquisa dos estudantes de administração da UFRN e de outras instituições.
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