Post on 22-May-2020
i
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
TESE DE DOUTORADO
TECNOLOGIA E SOCIEDADE:
RELAÇÕES DE CAUSALIDADE ENTRE CONCEPÇÕES E
ATITUDES DE GRADUANDOS DO ESTADO DE SÃO PAULO
Autor: Estéfano Vizconde Veraszto
Orientador: Prof. Dr. Dirceu da Silva
Campinas, 2009
iii
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
TESE DE DOUTORADO
TECNOLOGIA E SOCIEDADE:
RELAÇÕES DE CAUSALIDADE ENTRE CONCEPÇÕES E
ATITUDES DE GRADUANDOS DO ESTADO DE SÃO PAULO
Autor: Estéfano Vizconde Veraszto
Orientador: Prof. Dr. Dirceu da Silva
iv
v
AGRADECIMENTOS
Todo o trabalho de elaboração desta tese não teria sido possível se não fosse pela
existência, apoio e participação direta ou indireta de muitas pessoas. Talvez a memória possa me
trair e alguns nomes não estarem presentes. Contudo, não posso deixar de apontar meus sinceros
mais agradecimentos:
Ao Prof. Dr. Dirceu da Silva. Mais que um orientador, um grande amigo. Dono de um
caráter ímpar e de uma lucidez inigualável. Se não fosse por você meu amigo, essa pesquisa não
existiria.
Aos professores da banca de qualificação e de defesa, que contribuíram para o
crescimento e o aperfeiçoamento da redação final deste trabalho. Todas as colocações foram
muito pertinentes e contribuíram para a melhoria do texto. Obrigado ao Prof. Dr. Mauro Neves,
Prof. Dr. Sérgio Ferreira do Amaral, Profa. Dra. Elisabete Barolli, Prof. Dr. Tel Amiel, Prof. Dr.
David Bianchini, Prof. Dr. Jomar Barros Filho.
Ao Prof. Dr. Sérgio Ferreira do Amaral, por me proporcionar a experiência de vivenciar
um ano de estudos em terras mediterrâneas. A confiança depositada no meu trabalho em Madrid
não será esquecida jamais.
Ao meu pai, exemplo de vida, exemplo de homem. Esteve sempre do lado, apoiando,
incentivando, compreendendo. Obrigado é uma palavra que deixa a desejar por não conseguir
representar tudo aquilo que realmente sinto. Serei eternamente grato por cada momento da minha
vida. Serei eternamente grato por toda a minha vida. É parte de tudo que eu sou.
À minha mãe (in memorian) por ter me ensinado o valor de ser homem e ter mostrado
que tudo é possível quando se quer com vontade e tem a perseverança sincera.
À Lívia, mulher da minha vida, companheira, amiga. Obrigado pela compreensão, pelo
apoio incondicional. É bom saber que você existe. Pra sempre juntos. Te amo muitão. Nosso filho
ou filha está chegando. Já é amado e com certeza já herdou sua beleza e a manifestará em todos
os aspectos.
À minha irmã, por todo o apoio e amizade ao longo de toda a vida. Não existe melhor
pessoa para compartilhar alegrias e dramas. É mais do que bom ser seu irmão.
Ao Felipe Fernandes Fanchini, amigo, cunhado, companheiro para trocas de idéias.
À Gabriela Vizconde Veraszto Fanchini, que ao longo dos seus três anos, mostrou como
a pureza de um sorriso irradia alegria para dentro da alma. Titio te ama.
Aos amigos e irmãos, Ademar B. de Carvalho Jr., Alex Gonçalves Compri, Fabiano
Ferreira Garcia, Leonardo M. Brito, Clayson Gelain, André Felipe Fernandes, Dênis Domingues
Donadio, Rodrigo Bovolenta, Edmar Allan Pissinati, Carlos Alberto Baratella, Ricardo Scudeler,
Henrique, Adriano Fonseca de Lima, Bruno Brandão Fischer, Páris Bógea, Shaista Lessa Fúrfuro,
Maria Paula, Leila Cristina da Silva, Pelos momentos compartilhados. Pelas alegrias e segredos
divididos. Pelas dores compartidas juntos. Por fazerem parte da minha vida. Não seria eu se não
fossem vocês. Obrigado a todos meus importantes amigos que iluminaram minha vida.
vi
Aos grandes amigos, Nonato Assis de Miranda, Fernada Oliveira Simon, Jomar Barros
Filho, Fabiano Correa da Silva, Priscila Aparecida Teixeira, Kátia Elaine da Silva. Obrigado pela
ajuda sem igual que me deram. Obrigado pelo apoio ao longo de toda a pesquisa. Sem vocês não
seria possível ter concluído o trabalho.
Aos familiares Magdalena Verasto, Fábio Dias Verasto, Jorge Verasto, João Verasto,
Elaine Dia Verasto, Fernando Dias Verasto, Eliane Dia Verasto, Regina Maura Dias Verasto.
Pela ajuda e torcida sempre amiga. A todos os familiares aqui não citados, também meus
agradecimentos.
Ao apoio recebido de Marcos Antonio, José Antonio Filho, Maria Paula Chiarelli. Sem
esse auxílio, a pesquesia não teria sido aplicada.
Aos professores Dr. Antonio Medina Rivilla (UNED) e Francisco García García
(Universidade Complutense de Madrid) por me acolherem em Madrid e por contribuírem com o
projeto no intercâmbio doutoral.
À Capes, pelo apoio financeiro parcial.
A todas as pessoas que passaram pela minha vida, meus sinceros agradecimentos.
Todas, sem excessão, são parte do que sou hoje.
Estéfano Vizconde Veraszto
vii
À Lívia, ao meu pai, à minha mãe (in memorian),
à minha irmã e à Gabriela.
Pelo apoio incondicional e por acreditarem sempre.
Por darem sentido à minha existência.
ix
TECNOLOGIA E SOCIEDADE:
RELAÇÕES DE CASUALIDADE ENTRE CONCEPÇÕES E ATITUDES DE
GRADUANDOS DO ESTADO DE SÃO PAULO
RESUMO
Nos últimos anos o homem vem transformando o meio através da sua ação ao conceber e
desenvolver novas tecnologias. De uma forma recíproca, as tecnologias emergentes modificam a
sociedade, os hábitos e as formas como o homem se relaciona e adquire informações e
conhecimento. Desta forma, este trabalho desenvolve um modelo de pesquisa com o objetivo de
encontrar relações causais entre homem, sociedade, tecnologia e meio. Com esse modelo foi
possível saber como a sociedade pode afetar as concepções que graduandos do estado de São
Paulo têm acerca da tecnologia e também as suas crenças e expectativas em relação ao
desenvolvimento tecnológico e o futuro do planeta. O modelo desenvolvido, bem como todas
suas variações possíveis, foram testados através de Modelagem de Equações Estruturais (SEM)
para mapear relações de causa e efeito entre as dimensões que denominamos de: dimensão social,
concepções de tecnologia e atitudes e expectativas frente ao desenvolvimento tecnológico. A
partir do modelo inicial a hipótese de pesquisa foi elaborada e confirmada estatisticamente. A
análise mostrou que a sociedade exerce uma influência direta nas concepções e atitudes dos
indivíduos pesquisados frente ao desenvolvimento tecnológico. Isso permitiu compreender
melhor o que as pessoas pensam e sabem sobre tecnologia. E essa compreensão gerou subsídios e
uma contribuição inicial para discussões futuras acerca de políticas públicas de educação, visando
uma alfabetização tecnológica significativas, capaz de preparar novas estratégias de ensino que
possibilitem educar cidadãos para uma sociedade plural, democrática e tecnologicamente
avançada.
Palavras-chave: Tecnologia e Sociedade, Concepções de Tecnologia; Atitudes acerca de
Tecnologia, Percepção Pública, Modelagem de Equações Estruturais.
xi
TECHNOLOGY AND SOCIETY:
CAUSALITY RELATIONS BETWEEN THE CONCEPTIONS AND
ATTITUDES OF THE SÃO PAULO STATE UNDERGRADUATE
STUDENTS
ABSTRACT
In recent years, the man has transformed the way through his action to design and develop new
technologies. In a reciprocal manner, the emerging technologies have changed the society, the
habits and the ways in which the man is connected and acquire information and knowledge. Thus,
this paper develops a model of research with the aim to find causal relationships between man,
society, technology and environment. With this model, it was possible to know how the society
can affect the conceptions that the São Paulo State’students have about the technology as well as
their beliefs and expectations about the technology development and the future of the planet. The
model developed, and all its possible variations, were tested using the Structural Equation
Modeling (SEM) to map the cause and effect relation between the dimensions that we named as:
social dimension, technology and attitudes conceptions and technology development
expectations. From the initial model, the research hypothesis was developed and confirmed
statistically. The analysis showed that the society exercises a direct influence on the conceptions
and attitudes of individuals studied front of technological development. This allowed better
understand what people think and know about technology. That understanding led subsidies and
an initial contribution to future discussions about public policy education to a significant
technological literacy and capable of preparing new teaching strategies that allow citizens to
educate a plural society democratic and technologically advanced.
Key-words: Technology and Society, Ideas about Technology; Attitudes about Technology,
Public Perception, Structural Equation Modeling.
xiii
TECNOLOGÍA Y SOCIEDAD:
RELACIONES DE CASUALIDAD ENTRE LAS CONCEPCIONES Y LAS
ACTITUDES DE LOS ESTUDIANTES UNIVERSITARIOS DEL ESTADO
DE SÃO PAULO
RESUMEN
En los últimos años el hombre ha transformado el entorno a través de su acción para diseñar y
desarrollar nuevas tecnologías. En una manera recíproca, las tecnologías cambian la sociedad, los
hábitos y las formas en que el hombre está conectado y adquirir información y conocimientos.
Por lo tanto, este trabajo desarrolla un modelo de investigación con el fin de encontrar relaciones
causales entre el hombre, la sociedad, la tecnología y el medio ambiente. Con este modelo es
posible saber cómo la sociedad puede afectar a las concepciones que los estudiantes en el estado
de São Paulo tienen sobre la tecnología y también sus creencias y expectativas con respecto a la
evolución y el futuro del planeta. El modelo desarrollado, y todas sus posibles variaciones, se
probaron utilizando los Modelos de Ecuaciones Estructurales (SEM) para trazar las relaciones de
causa y efecto entre las dimensiones fueran llamadas de: dimensión social, concepciones de la
tecnología y actitudes y expectativas hacia el desarrollo tecnológico. Desde el modelo inicial, la
hipótesis de investigación fue desarrollada y confirmada estadísticamente. El análisis mostró que
la sociedad ejerce una influencia directa sobre las concepciones y actitudes de los individuos
estudiados frente del desarrollo tecnológico. Esto permitió comprender mejor el pensamiento y el
conocimiento que tienen las personas acerca de la tecnología. Este entendimiento llevó
subvenciones y una contribución inicial a los futuros debates sobre las políticas públicas de
educación buscando una importante alfabetización tecnológica y capaz de preparar nuevas
estrategias de enseñanza que permitan educar a los ciudadanos para una sociedad plural
democrática y tecnológicamente avanzada.
Palabras-clave: Tecnología y Sociedad, Ideas acerca de Tecnología; Actitudes acerca de la
Tecnología, Percepción del Público, Modelos de Ecuaciones Estructurales.
xv
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1
Problema de pesquisa .................................................................................................................. 2 Objetivos da pesquisa .................................................................................................................. 2 Diretrizes da pesquisa .................................................................................................................. 3
1. UMA PERSPECTIVA DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE
TECNOLOGIA ......................................................................................................... 7
1.1. A origem do termo tecnologia .............................................................................................. 7 1.2. Nossos primeiros passos ....................................................................................................... 9
2. CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE: BASES HISTÓRICAS E
ESTUDOS SOCIOLÓGICOS ................................................................................ 17
2.1. O início do movimento CTS ............................................................................................... 18 2.2. As duas principais tradições CTS ....................................................................................... 21
2.3. Antecedentes dos estudos CTS ........................................................................................... 24 2.4. Tradição européia ............................................................................................................... 27
2.4.1. A nova sociologia da ciência ....................................................................................... 28 2.4.2. Desvendando o meio onde a tecnologia é produzida (a caixa preta)........................... 29 2.4.3. Pontos de vista pós-modernos ..................................................................................... 30
2.4.4. Da ciência à tecnociência ............................................................................................ 32
2.5. Tradição americana............................................................................................................. 35 2.5.1. As origens e os temas desenvolvidos na tradição americana ...................................... 36
2.6. Uma terceira tradição: o fator econômico .......................................................................... 44
2.6.1. Economia e gestão das C&T ....................................................................................... 45 2.6.2. As microinovações ...................................................................................................... 47
2.6.3. As macroinovações ...................................................................................................... 48 2.6.4. Gestão e política das C&T ........................................................................................... 48
3. AS FACETAS DA TECNOLOGIA: MITOS E REALIDADES ....................... 53
3.1. Concepção intelectualista da tecnologia ............................................................................. 54 3.2. Concepção utilitarista da tecnologia (tecnologia como sinônimo de técnica).................... 55 3.3. Concepção da tecnologia como sinônimo de ciência ......................................................... 56 3.4. Concepção instrumentalista (artefatual) da tecnologia ....................................................... 56
3.5. Concepção de neutralidade da tecnologia .......................................................................... 57 3.6. Concepção do determinismo tecnológico: tecnologia autônoma ....................................... 59 3.7. Concepção de universalidade da tecnologia ....................................................................... 61 3.8. Otimismo e pessimismo tecnológico .................................................................................. 62
3.8.1. Pessimismo tecnológico .............................................................................................. 63
3.8.2. Otimismo tecnológico.................................................................................................. 63 3.9. Sociosistema: um novo conceito de tecnologia .................................................................. 64 3.10. Classificação e categorização das concepções acerca da tecnologia. ............................... 67 3.11. Afinal, o que é tecnologia? ............................................................................................... 69
xvi
4. OS DESAFIOS DA TECNOLOGIA NO CENÁRIO MUNDIAL
CONTEMPORÂNEO ............................................................................................. 77
4.1. Caracterizando os desafios da tecnologia .......................................................................... 77 4.2. As contribuições da c&t no atual cenário globalizado ....................................................... 81
5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA ............................. 91
5.1. Caracterizando a pesquisa .................................................................................................. 91 5.2. Modelos teóricos e hipóteses de pesquisa .......................................................................... 93
5.3. Composição estrutural ........................................................................................................ 96 5.4. Apresentando o modelo ..................................................................................................... 97 5.5. Modelos de medidas......................................................................................................... 101 5.6. Instrumento de pesquisa ................................................................................................... 102
5.7. Metodologia de elaboração dos indicadores do instrumento de pesquisa ....................... 103 5.7.1. Organização da análise .............................................................................................. 104
5.7.2. Codificação ............................................................................................................... 105 5.7.3. Categorização ............................................................................................................ 105
5.8. Estrutura do questionário ................................................................................................. 113
5.9. Modelos completos .......................................................................................................... 116 5.10. Coleta de dados .............................................................................................................. 121
5.11. Processo de amostragem ................................................................................................ 122 5.12. Etapas da análise de dados ............................................................................................. 124
5.12.1. Análise descritiva .................................................................................................... 125
5.12.2. Avaliação individual dos construtos ....................................................................... 125 5.12.3. Unidimensionalidade dos construtos ...................................................................... 126
5.12.4. Confiabilidade dos construtos (CC) ........................................................................ 126 5.12.5. Medidas de ajustamento dos construtos .................................................................. 127
5.12.6. Avaliação do modelo integrado .............................................................................. 129
6. RESULTADOS E ANÁLISES ......................................................................... 131
6.1. Caracterização da amostra ............................................................................................... 131 6.2. Análise de freqüência de respostas aos indicadores ......................................................... 133 6.3. Validade dos construtos ................................................................................................... 141
6.3.1. Unidimensionalidade dos construtos ........................................................................ 141 6.3.2 Confiabilidade ............................................................................................................ 142 6.3.3. Medidas de ajustamento dos modelos ....................................................................... 143 6.3.4. Avaliação do modelo integrado ................................................................................ 149
6.4. Apresentação do modelo ajustado .................................................................................... 150
7. TÉKHNÉ E POLITÉIA: CONSIDERAÇÕES FINAIS E PROJEÇÕES
FUTURAS ............................................................................................................. 153
7.1. A importância da dimensão social como causa do fenômeno ......................................... 154 7.2. As concepções de tecnologia: pontos de vista clássicos do senso comum ...................... 157 7.3. As atitudes frente ao desenvolvimento tecnológico ......................................................... 158
7.4. Perspectivas futuras.......................................................................................................... 159
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 163
APÊNDICE A: UMA BREVE PERSPECTIVA DA HISTÓRIA DA
TECNOLOGIA ..................................................................................................... 185
O NEOLÍTICO E A AURORA DAS CIVILIZAÇÕES ......................................................... 185
xvii
OS GRANDES IMPÉRIOS .................................................................................................... 187 AS TÉCNICAS MEDIEVAIS................................................................................................. 191 TEMPOS MODERNOS .......................................................................................................... 194 OS DOIS ÚLTIMOS SÉCULOS E OS NOSSOS DIAS ........................................................ 199
APÊNDICE B: INSTRUMENTO DE PESQUISA .............................................. 207
APÊNDICE C: Teste de Kolmogorov-Smirnov Gerado pelo SPSS .................... 209
APÊNDICE D: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação pelo método
USL com antecedente DSO1 (Dimensão Social 1) .............................................. 211
APÊNDICE E: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação pelo método
USL com antecedente DSO2 (Dimensão Social 2) .............................................. 223
APÊNDICE F: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação pelo método
USL com antecedente CON1 (Concepções 1) ...................................................... 237
APÊNDICE G: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação pelo método
USL com antecedente CON2 (Concepções 1) ...................................................... 249
APÊNDICE H: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação pelo método
USL com antecedente ATI1 (Atitudes frente ao desenvolvimento tecnológico 1)261
APÊNDICE I: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação pelo método
USL com antecedente ATI2 (Atitudes frente ao desenvolvimento tecnológico 2)273
xix
INDÍCE DE QUADROS
Quadro 2.1: Diferenças entre as duas tradições ............................................................................. 23 Quadro 3.1: Resumo referenciado das diferentes concepções acerca da tecnologia ..................... 68 Quadro 4.1: Questões ambientais contemporâneas colocas à ciência e à tecnologia .................... 88 Quadro 5.1: Processo de elaboração dos indicadores da pesquisa. ............................................. 105 Quadro 5.2: Indicadores Propostos para cada Dimensão do Estudo ........................................... 112 Quadro 5.3: Questionário aplicado com relações entre variáreis e ordem das assertivas ........... 114 Quadro 6.1: Construtos e respectivos indicadores do Modelo de Medida Ajustado. .................. 150
INDÍCE DE DIAGRAMAS
Diagrama 2.1: A dimensão em cada uma das tradições. ............................................................... 24 Diagrama 5.1: Esquema de construção dos indicadores dos modelos .......................................... 94 Diagrama 5.2: Relação Estrutural do Modelo DSO1: Influência da Sociedade. ........................... 98 Diagrama 5.3: Relação Estrutural do Modelo CON1: Concepções. ............................................. 99 Diagrama 5.4: Relação Estrutural do Modelo ATI1: Atitudes. ..................................................... 99 Diagrama 5.5: Relação Estrutural do Modelo DSO2: Influência sobre a Sociedade .................. 100 Diagrama 5.6: Relação Estrutural do Modelo CON2: Influência nas Concepções ..................... 101 Diagrama 5.7: Relação Estrutural do Modelo ATI2: Influência nas Atitudes ............................ 101 Diagrama 5.7: Modelo DSO1: Influência da Sociedade ............................................................. 118 Diagrama 5.8: Modelo CON1: Concepções. ............................................................................... 118 Diagrama 5.9: Modelo ATI1: Atitudes........................................................................................ 119 Diagrama 5.10: Modelo DSO2: Influência sobre a Sociedade. ................................................... 119 Diagrama 5.11: Modelo CON2: Influências sobre as Concepções ............................................. 120 Diagrama 5.12: Modelo ATI1: Atitudes...................................................................................... 120 Figura 6.1: Diagrama de Caminhos do Modelo Integrado .......................................................... 151
xxi
INDÍCE DE TABELAS
Tabela 6.1: Freqüência de resposta dos estudantes aos indicadores propostos ........................... 134 Tabela 6.2: Índices Residuais Padronizados dos Construtos. ...................................................... 142 Tabela 6.3: Índices Residuais Padronizados dos Construtos. ...................................................... 142 Tabela 6.4: Confiabilidade Composta dos Construtos. ............................................................... 143 Tabela 6.5: Comparação das Medidas de Ajustamento do Modelo Original e os Rivais com o
Método de Máxima Verossimilhança (MLE) .............................................................................. 145 Tabela 6.6: Modelo completo estimado segundo Método MLE ................................................. 149
INDÍCE DE GRÁFICOS
Figura 6.1: Distribuição da amostra por curso. ........................................................................... 131 Figura 6.2: Distribuição da amostra segundo ano de ingresso no curso...................................... 132 Figura 6.3: Distribuição da amostra segundo faixa etária. Fonte: elaborado pelo autor. ............ 133 Gráfico 6.4: Q-Plot dos Resíduos Padronizados para o Modelo DSO ........................................ 146 Gráfico 6.5: Q-Plot dos Resíduos Padronizados para o Modelo CON ....................................... 147 Gráfico 6.6: Q-Plot dos Resíduos Padronizados para o Modelo ATI ......................................... 148
INTRODUÇÃO
O homem tem modificado constantemente o meio, exigindo a concepção e
desenvolvimento de novas tecnologias e estas, por sua vez, acabam por modificar o homem, suas
atitudes e a sociedade como um todo. Essa demanda por inovações pode ser fruto de bem
intencionadas idéias de melhores condições de vida, ou podem ainda aparecer diante da intenção
de ostentação de fetiches ou até mesmo para a perpetuação de desiguais e hegemônicas condições
de poder (LÉVY, 1993; CARDOSO, 2001; MIRANDA et al, 2007). Assim, diferentes formas de
relação entre sociedade e tecnologia são estabelecidas na busca pelo progresso. Uma preocupação
crescente de integrar ciência e tecnologia (C&T) para o bem estar da sociedade ganha espaço
cada vez maior, principalmente, depois que o último século sentiu uma forte mistura de esperança
e medo ao ver concretizar o sonho do homem de conquistar o espaço ao mesmo tempo em que o
mundo temia pelo seu fim devido aos grandes avanços bélicos-nucleares (LIGUORI, 1997;
GARCÍA DE RÍCART, 1999).
Na tentativa de debater os resultados do progresso, muito se tem falado sobre em
uma formação de cidadãos conscientes e capazes de tomar decisões que envolvam o bem da
coletividade ao mesmo tempo em que estejam preparados para viver em uma sociedade
tecnológica e dinâmica. (KANASHIRO, 2007; VERASZTO, 2007f). Assim, conforme apontam
Gordillo & Galbarte (2002), a primeira condição para se promover a inserção de tecnologias na
educação de uma forma consciente é se estabelecer uma reflexão sobre suas propriedades e
funções educativas.
Para melhor compreender este cenário brevemente exposto até aqui, a pesquisa
buscará por indicadores de como a sociedade pode influenciar as pessoas em suas relações com a
tecnologia, seja refletindo em suas concepções ou em suas atitudes frente ao desenvolvimento
tecnológico. A compreensão destas relações pode angariar bases para muitas discussões,
principalmente fundamentar futuros questionamentos de como as políticas públicas educacionais
poderão permitir uma participação mais efetiva e atuante por parte dos cidadãos em tomadas
decisões que envolvem aspectos tecnológicos.
Assim, considerando que o homem, inserido em uma sociedade, concebe, cria ou
2
aperfeiçoa tecnologias, neste trabalho, apresentaremos hipóteses, transformadas futuramente em
modelos, de que essas interações sociais também influenciam na concepção que o indivíduo tem
acerca da tecnologia e estas, demandam diferentes atitudes frente ao desenvolvimento
tecnológico na busca pela sustentabilidade.
PROBLEMA DE PESQUISA
Levando em consideração os aspectos apresentados na introdução, aqui fica
formulado o problema de pesquisa a ser desenvolvido nesta tese: como graduandos do Estado de
São Paulo percebem as relações entre tecnologia e sociedade e se posicionam frente ao
desenvolvimento tecnológico?
OBJETIVOS DA PESQUISA
O objetivo principal desta pesquisa é o de analisar e testar, por Modelagem de
Equações Estruturais (SEM), a aderência de diferentes modelos que relacionam as interações
entre homem x sociedade x meio x tecnologia (concepções e expectativas).
Para que isto se efetive, as seguinte etapas foram cumpridas ao longo deste trabalho:
i. através de revisão bibliográfica, levantar os principais aspectos (ou dimensões) das
atividades tecnológicas, como:
a) indicadores de produção e divulgação tecnológica;
b) a percepção do modelo de sociedade vigente em nossos dias por pessoas dos
mais variados setores da nossa sociedade;
c) indicadores de desafios tecnológicos no atual cenário mundial
contemporâneo;
ii. construir uma escala capaz de gerar modelos que permitam a melhor compreensão
3
de como os indivíduos entendem a tecnologia e o que esperam dela nos dias atuais,
levando em consideração a influência de fatores socais como antecedente;
iii. apresentar uma hipótese teórica e desenvolver seu respectivo modelo capaz de
relacionar os pontos abordados nos itens anteriores;
iv. angariar subsídios para discutir sobre políticas públicas de educação científica e
tecnológica e esboçar considerações iniciais acerca de novas formas de políticas
públicas sobre o incentivo à produção tecnológica.
DIRETRIZES DA PESQUISA
Diante das colocações apresentadas anteriormente, nas páginas que seguem, serão
levados em consideração pontos fundamentais como os aspectos culturais em sentido estrito, ou
seja, quem e como se produz tecnologia em nosso meio e em que isso influencia direta ou
indiretamente na alfabetização tecnológica da população, modificando a cultura e as relações
interpessoais e as relações estabelecidas entre meio e sociedade. Apontando quais os
conhecimentos da sociedade acerca de conceitos chaves em tecnologia que estão sendo
divulgados pela mídia, poderemos chegar o mais próximo possível de uma concepção de
tecnologia presente em nossa sociedade (e de como esta entende seu dinâmico processo de
produção). Além disso, também será possível mostrar qual a importância que o indivíduo dá para
a demanda tecnológica e como entede sua participação na tomada de decisões que envolvem
questões que possam a vir gerar novas tecnologias.
De uma forma mais sistemática, os quatro primeiros capítulos fazem uma revisão
história e sociológica da tecnologia e dos seus estudos acadêmicos e a forma como a população
de uma maneira geral entende o desenvolvimento tecnológico e se posiciona frente a questões
relacionadas com o desenvolvimento humano e sustentável. Para isso, faz-se necessário frizar que
a pretensão inicial é a de mostrar como as diversas facetas construídas ao longo da história se
constituiem de diferentes interpretações para o termo tecnologia. Contudo a pretensão não é a de
esgotar todo o conteúdo, já que a história da tecnologia está estreitamente ligada à história do
4
homem, e por isso, é bastante complexa e com inúmeras ramificações e sub-prolongamentos. Um
estudo mais abrangente e detalhado seria por demasiado longo fugiria do propósito deste
trabalho. Outro motivo a realização de uma abordagem histórica é o fato de que as inúmeras
concepções divergentes que hoje encontramos, sobre o que venha a ser tecnologia, podem ser
resultado do simples desconhecimento da evolução sócio-cultural do homem.
O capítulo que antecede a conclusão apresentam todo o embasamento metodológico
da pesquisa, bem como a construção, aplicação e análise do instrumento. De maneira mais geral,
estes pontos são explicitados abaixo.
O primeiro capítulo aborda uma revisão história do conceito de tecnologia traçando
parâmetros que o diferenciam do conceito de técnica, além de mostrar uma perspectiva de sua
evolução a partir dos primórdios da humanidade. Essa abordagem é fundamental para que o
conceito principal dessa pesquisa seja situado no tempo, trazendo bases teóricas para toda a
fundamentação apresentada em todo o restante da pesquisa.
O segundo capítulo apresenta uma revisão histórica e sociológica dos estudos
acadêmicos da tecnologia. Apresentando dois pontos de vista distintos: a tradição européia e a
tradição norteamericana, esta abordagem conclui com uma visão recente que permite a unificação
das tradições mostrando que é possível concilia a abrangência teórica, própria da academia
européia, com a praticidade norteamericana, fortalecendo assim as futuras discussões sobre
aplicações sociais e de de políticas públicas da tecnologia.
O terceiro capítulo busca desmistificar o conceito de tecnologia ao apresentar todas
suas formas e variações seja em estudos de especialistas, seja aquelas presentes no senso comum
da população de uma forma geral. Com a pesquisa realizada neste capítulo, fruto de um estudo
que se iniciou em anos anteriores à produção desta tese, é possível levantar subsidios suficientes
para apresentar uma visão própria da tecnologia e do seu processo de desenvolvimento.
Apresentando toda a fundamentação necessária acerca da gênese e estudos sociais
da tecnologia, no capítulo quatro é chegado o momento de questionar se o homem está no
caminho certo e se pode continuar a pensar exclusivamente no desenvolvimento tecnológico
como motor para o desenvolvimento econômico ou deve repensar seus conceitos e passar a
5
abordar a possibilidade de desenvolver de uma forma sustentável e que realmente traga
benefícios para toda a sociedade.
Diantes de toda essa fundamentação, é possível então, no capítulo cinco, estruturar o
instrumento de investigação e definir de forma bastante objetiva e direta a hipótese de pesquisa.
Finalizado esse capítulo, toda a metodologia de trabalho e de pesquisa, bem como as diretrizes
básicas do processo de amostragem e de análise será passível de compreensão.
E finalmente, no capítulo 6, toda a análise dos resultados será apresentada de forma
sistemática angariando fontes de discussão para a conclusão da tese.
Com estas etapas concluídas, será possível, após aplicação e análise do instrumento
de pesquisa, fomentar discussões apresentandos os resultados da pesquisa como subsídios para
discussões futuras de políticas públicas de educação. Assim, a intenção é dar suporte e contribuir
para trabalhos vindouros que visem uma educação tecnológica consciente e que tenha como
ponto de partida os maiores déficits de informação predominante no público de maneira
generalizada.
É importante colocar ainda que, ao mesmo tempo que será mostrado um pequeno
recorte de como a sociedade evoluiu, centraremos também nossa atenção em apontar como as
conseqüências do desenvolvimento tecnológico acabaram por fazer surgir teorias sociológicas
distintas na tentativa de compreender as relações entre sociedade e tecnologia.
Considerando que o homem, inserido em uma sociedade, concebe, cria ou
aperfeiçoa tecnologias, para esta pesquisa foram elaboradas hipóteses, embasadas nos
fundamentos teóricos, de que essas interações sociais influenciam na concepção que o indivíduo
tem acerca da tecnologia e estas, por sua vez, demandam diferentes atitudes frente ao
desenvolvimento tecnológico. Como complemento, será levado em consideração ao longo de
toda a investigação que as relações homem x sociedade, não só influenciam as concepções sobre
tecnologia, como também as atitudes dos indivíduos.
7
1. UMA PERSPECTIVA DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO
CONCEITO DE TECNOLOGIA
A geração presente, já tendo nascida sob o signo das vertiginosas mudanças que
a tecnologia acarretou, não tem, em geral, a noção de como todo esse processo é
muito recente e que caminhos a humanidade percorreu para chegar à atual
situação. Entretanto, vivemos num mundo que herdamos, resultado de um longo
e complexo processo histórico, que trouxe muitas mudanças à vida do homem.
(CARDOSO, 2001, p. 183).
No intuito de buscar uma melhor compreensão acerca do conceito de tecnologia,
será apresentada uma revisão teórica embasada em perspectivas históricas para auxiliar na
construção do conceito. Para esse feito, a revisão literária está dividida em duas grandes frentes: a
primeira, busca mostrar o surgimento e o desenvolvimento da tecnologia junto com a história do
homem, e a segunda (no capítulo seguinte), procurando mostrar como o conceito fora estudado a
partir do aparecimento do movimento CTS, após a Segunda Grande Guerra Mundial.
É importante ainda salientar que este trabalho prioriza a história do
desenvolvimento tecnológico, bem como seu papel na organização das sociedades, fatos
ocorridos nas sociedades ocidentais a partir do aparecimento dos grandes impérios da
antiguidade.
A escolha da história como ponto de partida pode ser justificada nessa reordenação
das palavras de Comte: [...] é indispensável ter, de início, uma visão geral sobre a marcha
progressiva do espírito humano, considerado que uma concepção qualquer só pode ser bem
conhecida por sua história (COMTE, 1978, p. 3).
1.1. A ORIGEM DO TERMO TECNOLOGIA
Ao iniciar esta breve revisão histórica é preciso frisar que a história do homem
iniciou-se juntamente com a história das técnicas, com a utilização de objetos que foram
transformados em instrumentos diferenciados, evoluindo em complexidade juntamente com o
processo de construção das sociedades humanas (CARDOSO, 2001; ACEVEDO DÍAZ, 2002b;
8
VALDÉS et al, 2002; MAIZTEGUI et al, 2002; VERASZTO, 2004, 2008a, b).
Através de um estudo da evolução histórica das técnicas desenvolvidas pelo homem,
colocadas dentro dos contextos sócio-culturais de cada época, é que se pode compreender melhor
a participação ativa do homem e da tecnologia no desenvolvimento e no progresso da sociedade,
enriquecendo assim o conceito que temos a respeito do termo tecnologia (VERASZTO, 2004).
Desta maneira, torna-se notório conhecer que as palavras técnica e tecnologia têm origem comum
na palavra grega techné (ou tékhné) que consistia muito mais em se alterar o mundo de forma
prática do que compreendê-lo. Inicialmente era um processo onde a contemplação científica
praticamente não exercia influências (KNELLER, 1978; VERASZTO, 2004, 2008a, b). Na
técnica, a questão principal é do como transformar, como modificar. O significado original do
termo techné tem sua origem a partir de uma das variáveis de um verbo que significa fabricar,
produzir, construir, dar à luz, o verbo teuchô ou tictein, cujo sentido vem de Homero; e teuchos
significa ferramenta, instrumento (TOLMASQUIM, 1989; LION, 1997). A palavra tecnologia
provém de uma junção do termo tecno, do grego techné, que é saber fazer, e logia, do grego
logus, razão. Portanto, tecnologia significa a razão do saber fazer (RODRIGUES, 2001). Em
outras palavras o estudo da técnica. O estudo da própria atividade do modificar, do transformar,
do agir (VERASZTO, 2004; SIMON et al, 2004a; 2008a, b).
Uma definição exata e precisa da palavra tecnologia fica difícil de ser estabelecida
tendo em vista que ao longo da história o conceito é interpretado de diferentes maneiras, por
diferentes pessoas, embasadas em teorias muitas vezes divergentes e dentro dos mais distintos
contextos sociais (GAMA, 1987). Em diferentes momentos a história da tecnologia vem
registrada junto com a história das técnicas, com a história do trabalho e da produção do ser
humano. Assim, é primordial a tentativa de apresentar um marco divisório para mostrar a tênue
linha que separa a técnica da tecnologia.
É preciso também deixar claro que a História das técnicas e das tecnologias, não
deve ser apenas entendida com uma descrição sucessiva dos artefatos descobertos por artífices e
engenheiros, mas também o encadeamento das grandes circunstâncias sociais que ora favoreciam,
ora prejudicavam o esforço humano em desenvolver seus artefatos e modificar o mundo ao seu
redor, garantindo-lhes assim, melhores condições de vida.
9
Desta forma, o desenvolvimento e aprimoramento da técnica, das ciência e
tecnologia, precisa ser compreendido nas suas mais íntimas relações com as influências e
determinações sociais, econômicas, políticas e culturais, tendo em vista que todas estas atividades
não se isolam de qualquer que seja outra atividade humana. Muito pelo contrário, cada uma
dessas atividades só existe se tomaram em conta suas relações com o esforço histórico humano de
criar instrumentos capazes de superar as dificuldades impostas pelas forças naturais (CARDOSO,
2001).
1.2. NOSSOS PRIMEIROS PASSOS
Não importa o quão longe possamos ir ao passado ou o quão distante possamos
voltar no tempo, os vestígios do homem na Terra são evidentes e atestados por utensílios, armas
ou até mesmo pelo resultado da ação do fogo no meio (DUCASSÉ, 1987). Nossos antepassados
primitivos já utilizavam objetos achados na natureza como instrumentos que lhes garantissem
uma extensão do corpo, porém não mostravam nenhuma intenção de modificá-los ou melhorá-
los. O potencial tecnológico do homem estava presente, contudo ainda faltava um lampejo do
intelecto para que mudanças significativas começassem a ser empreendidas (VERASZTO et al,
2008a, b).
Apenas com o Homo erectus é que se teve a pedra talhada e o começo da intenção
de usar um objeto como instrumento e de transformá-lo para melhor se valer dele (VARGAS,
2001). O período Paleolítico, como é chamada a primeira fase da Idade da Pedra, inicia-se com o
aparecimento dos primeiros hominídeos, por volta de 4.000.000 a.C., passando pelos primeiros
vestígios do Homo sapiens, do qual descendemos, em torno de 50.000 a.C. e durando até mais ou
menos 18.000 a.C. O paleolítico caracterizou-se, de maneira geral, pela formação de um grupo
social onde o homem era essencialmente coletor e caçador (CARDOSO, 2001; VERASZTO,
2004, 2008a, b; SIMON et al, 2004a, 2004b).
Há cerca de dois milhões de anos, uma criatura obscura e perdida no tempo o
Australopitecus Africanus, carnívora segundo as evidencias encontradas por Richard Leakey,
após descer das árvores, deparou-se com dois problemas concretos que precisava resolver de
10
forma imediata: o primeiro era parte de uma necessidade vital, a questão de sobrevivência, o
segundo problema, era essencialmente de ordem social (ACEVEDO, 1998; GORDILLO, 2001).
Sua necessidade vital estava estritamente relacionada com seu habito alimentar baseado em carne
que precisava ser dilacerada para posterior ingestão, e sua necessidade social baseava-se na
defesa do território.
Estas colocações de Acevedo (1998) são capazes de trazer de imediato à mente a
cena de abertura do filme 2001, Uma Odisséia no Espaço, onde de forma poética-visual, Kubrick
(1968)1 reconfigurou os primórdios da humanidade mostrando uma descoberta colossal: a
concepção da primeira ferramenta, a criação do primeiro utensílio. O hominídeo ao encontrar um
esqueleto de um grande herbívoro, apodera-se de um dos seus maiores ossos e começa a desferir
golpes contra os restos esqueléticos. De maneira conjunta, intelecto e instrumento, técnica e
pensamento, diferenciaram este ser de todos os demais existentes até então. Este nosso
antepassado, ilustrado no filme, associa em seus pensamentos o esqueleto encontrado com o
animal real. Aquele osso nunca mais seria apenas um osso. Seria um poderoso instrumento de
caça e de defesa. Continuando com a recordação do filme, em um instante de deslumbramento, o
hominídeo atira o osso para cima. Aqui novamente o gênio de Kubrick entrou em ação: o osso
girando no céu transformava-se em uma espaçonave que ganhava os confins do universo. Estava
iniciada a odisséia do homem rumo ao progresso e ao desenvolvimento científico e tecnológico
(VERASZTO et at, 2003a, 2003b, 2004, 2008a, b).
Assim surgiu o homem. Somente através do emprego de sua capacidade intelectual
primitiva é que foi capaz de estabelecer relações fundamentais que o auxiliaria a modificar o
meio, empregando uma técnica até então inexistente. O homem surgiu somente no exato
momento em que o pensamento aliou-se à capacidade de transformação. A utilização daquele
primeiro instrumento não só dava início à modificação do meio assim como também iniciava um
processo de modificação do próprio grupo de hominídeos que o descobriram. O homem ainda
não modificara a natureza construindo um novo artefato, mas tão importante quanto isso, o
homem acabava de descobrir uma nova função para um osso recém descoberto. Modificando o
1 FICHA TÉCNICA: 2001: A Space Odissey (2001: Uma Odisséia no Espaço). 1968 - Ficção Científica - 149
minutos; Direção: Stanley Kubrick; Roteiro: Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke; Direção de Fotografia: Geoffrey
Unsworth e John Alcott; Montagem: Ray Lovejoy; Elenco: Keir Dullea, Gary Lockwood, William Sylvester,
Leonard Rossiter, Margaret Tyrack, Robert Beatty; Distribuição: Warner Bros.
11
papel do osso e resignificando-o, o homem alterava para sempre as relações sociais estabelecidas
a partir de então. Graças a este imenso prolongamento do corpo, nossos antepassados puderam
garantir sua sobrevivência e lutar, sem desvantagem, contra as grandes potencias naturais.
Segundo estudos, é de se crer que o osso tenha sido utilizado em estado bruto desde os primeiros
tempos, apesar de seu aperfeiçoamento sistemático ter ocorrido em tempo mais tardio
(DUCASSÉ, 1987; VERASZTO, 2008a, b).
A técnica2 surgia então, junto com o homem graças a fabricação dos primeiros
instrumentos e a manifestação do intelecto humano na forma de sabedoria. De acordo com a
Antropologia não há homem sem instrumento por mais rudimentares que sejam. Homem sem
técnica seria uma abstração tão grande como técnica sem homem. São entidades que se
autocompletam, de forma que se eliminado uma, a outra também desaparece por completo.
(VARGAS, 1994a; VERASZTO, 2004).
É com o homem que as técnicas iniciam seu desenvolvimento, porque, graças ao seu
cérebro e a sua força, o ser humano não se constitui apenas como um mero repetidor de processos
naturais, muito pelo contrário, torna-se um inovador, um prodigioso inventor de novos
mecanismos, muito diferente daquilo que é concebido pela natureza. O que diferencia o homem
do animal é que o primeiro descobriu que não tem somente o seu corpo como instrumento; muito
pelo contrário, o homem aprende que é capaz de criar extensões inéditas para que seus membros
possam agir no meio de maneira cada vez mais eficiente. O ser humano ao longo do tempo
desenvolveu e aprimorou continuamente uma de suas habilidades mais poderosas: a capacidade
de inventar. Aliada a um magnífico poder intelectual, cérebro e mão, a partir de então, revezariam
em múltiplas e eficientes combinações psíquicas e mecânicas, nervosas e musculares, capazes de
criar artefatos inimagináveis e de assegurar ao homem o domínio e a conquista do espaço e do
tempo (DUCASSÉ, 1987; VERASZTO, 2008a, b).
Inicialmente, a magia parece ter sido a forma primária que o homem encontrou para
cristalizar as suas relações com o mundo natural. Os sacerdotes, possuindo o conhecimento de
2 É importante ressaltar que privilegiamos, de início, o emprego do termo técnica, pelo fato de que os teóricos em
geral concordam que o desenvolvimento de conhecimentos técnicos referentes ao mundo natural não se apoiou,
nesse longo tempo histórico, em uma base teórica, mas de forma primordialmente empírica, só vindo a modificar de
fato com o surgimento da Ciência Moderna (VERASZTO, 2004).
12
técnicas que possibilitavam um certo domínio da natureza e da sobrevivência das comunidades,
tornavam-se pessoas com grande status e poder. A técnica era associada à magia e assim o
conhecimento podia ser mantido em segredo e transmitido a poucos através de alguns rituais de
iniciação (CARDOSO, 2001).
O mesmo processo teria um caráter posterior muito parecido quando estes “quase”
homens e mulheres conceberam e produziram a primeira ferramenta de pedra. O acaso talvez os
tenha feito perceber, que duas pedras ao chocarem-se poderiam ser lascadas, dando origem a um
instrumento que viria a substituir o osso em suas investidas de caça. Ferramentas eram moldadas
à base de duros golpes e afiadas por processos de amolação, tudo de maneira muito primitiva e
rudimentar, mas que já mostravam o surgimento de todo o potencial criador demonstrado através
de práticas técnicas e tecnológicas. A força deste invento alcançou tamanha magnitude e
proporção, de forma que durante um milhão de anos mais não sofreu modificações significativas.
Peças e artefatos eram obtidos arrancando grandes lascas nas duas faces opostas de um bloco de
sílex ou de um calhau3 . Essa fabricação dos primeiros instrumentos de pedra lascada já
correspondia a um saber-fazer: uma tecnologia, que desenvolvida pelos nossos antepassados, fez
surgir uma verdadeira "indústria das lâminas", aperfeiçoadas à medida que o tempo ia passando
(VERASZTO et al, 2003b).
Pode-se chamar estes primeiros artefatos de um instrumento tecnológico, pois
representam a organização da comunidade para cumprir um propósito particular: a sobrevivência
poderia ser garantida através da interferência do hominídeo no meio, caçando e defendendo seu
território contra as investidas das feras. Um dos fatores mais determinantes que marcam o
aparecimento de nossos ancestrais primitivos, segundo investigadores, é o uso de ferramentas.
Contudo esta premissa é incompleta, porque não é somente o uso de ferramentas, senão todo o
processo de desenvolvimento, abrangendo a invenção, a concepção e a produção das mesmas,
que consiste no verdadeiro feito. As estratégias e outras formas de organização desenvolvidas por
nossos ancestrais pré-históricos, reafirmam o potencial tecnológico humano (ACEVEDO, 1998;
VERASZTO, 2004).
Não se pode pensar nesses artefatos como produtos do destino. Neles estava
3 Fragmento de rocha dura.
13
presente o potencial e a competência humana. E isso deve ser digno do nosso respeito e
admiração. Conforme aponta Acevedo (1998), não havia ali postulados teóricos, nem modelos
explicativos, nem tampouco hipóteses de trabalhos. Somente um problema concreto, um cérebro
de oitocentos centímetros cúbicos, um meio agreste rico em materiais, um conjunto de idéias
baseadas na experiência diária e, a centelha criativa que fez destes quase homens os seres
responsáveis pela onipresença tecnológica.
Não foi somente a concepção de armas e utensílios de pedra lascada que marcaram o
surgimento das técnicas em nossos remotos antepassados. Os vestígios de habitação e os solos
preparados e escavados, encontrados em estudos arqueológicos, mostram a presença de sinais de
fogo. Restos de refeições, carvão de ossos, cinzas de lares primitivos são prova de que o homem
soube dominar o fogo desde os primórdios do seu surgimento. A faísca surgida através dos
golpes em pedras deve ter sido utilizada como fonte primária de fogo. Ou ainda, a fricção entre
materiais como a madeira, resultado das primeiras experiências técnicas, onde o homem
verificava pela primeira vez sua engenhosidade, pôde ter produzido o mesmo resultado. Com o
fogo, o homem foi capaz de cozer alimentos pela primeira vez, assim como garantir mais uma
forma de abrigo em relação às forças naturais. Suas noites tornaram-se aquecidas a partir de
então, e os animais ferozes puderam ser afugentados dos antigos abrigos dos nossos antepassados
(DUCASSÉ, 1987; VERASZTO, 2004).
Enquanto o fogo e os utensílios manualmente desenvolvidos davam ao homem a
chave das transformações materiais, a palavra dava-lhe o domínio interior dos seus atos e do seu
próprio pensamento. Assim, o surgimento da linguagem também deve ser visto como uma das
primeiras técnicas surgidas, ou uma tecnologia intelectual segundo o filósofo francês Pierre Lévy
(1993).
A palavra, rara e excepcional nos tempos primitivos, deve ter sido desenvolvida a
princípio para a transmissão de ordens, evoluindo naturalmente para a análise do trabalho no
espaço, posteriormente para descrever os fatos no tempo, efetivando-se assim como uma
memória coletiva primitiva (VARGAS, 2001; GORDILLO & GALBARTE, 2002). Segundo
Vargas (2001) é a linguagem, com poder simbólico das palavras, que a compreensão, o
conhecimento e o aperfeiçoamento das coisas e eventos percebidos. A linguagem possibilita,
14
graças a imagens mentais suscitadas pelas palavras, como símbolos que auxiliaram o homem na
transformação do meio (VERASZTO, 2008a, b).
Segundo afirma Lévy (1993), se o homem construiu outros tempos mais rápidos e
violentos que dos animais e plantas é porque dispõe de um poderoso instrumento de memória e
de propagação de suas representações que é a linguagem. Assim, com estas três grandes
concepções – a pedra lascada, o fogo e a linguaguem – foi que a espécie humana deu um salto
muito grande às invenções e descobertas que hoje fazem parte da nossa história (VERASZTO,
2004).
Contudo, inúmeras transformações históricas se processaram, a princípio de forma
bastante lenta. Os primeiros utensílios de pedra constituem-se nos artefatos mais antigos de que
temos notícias, e se encontram no começo de uma série de produtos desenvolvidos graças ao
esforço e à capacidade criadora e intelectual do ser humano, envolvendo saberes, conhecimentos,
habilidades e competências que não necessitam de existência prévia de conhecimento cientifico
organizado. A tecnologia existia muito antes dos conhecimentos científicos, muito antes que
homens, embasados em teorias pudessem começar o processo de transformação e controle da
natureza. Além de ser mais antiga que a ciência, a tecnologia não auxiliada pela ciência, foi capaz
de inúmeras vezes, criar estruturas e instrumentos complexos. Os nossos ancestrais criadores
tiveram êxito porque a experiência lhes havia ensinado que certos materiais e técnicas produziam
resultados aceitáveis, enquanto que outros não (ACEVEDO, 1998; VERASZTO, 2004, 2008a, b).
Atualmente a produção tecnológica é inerente ao homem. Conforme menciona
Acevedo (1998), o homo faber não pode ser distinguido do homo sapiens. O homem converteu-se
de tal forma em uma criatura pensante devido a sua capacidade de criar. Seria o mesmo que dizer
que o produto fez do homem um ser pensante. No último milhão de anos, o gênero humano
introduziu significativas modificações nos instrumentos, graças à evolução da mão e o
aperfeiçoamento do cérebro. O indivíduo converteu-se em uma criatura biológica e mais refinada
culturalmente. Assim, os produtos do seu talento, com o passar do tempo, foram tornando-se cada
vez mais funcionais e ganhando qualidade. Isso é porova determinante para que possamos
reafirmar e assegurar todo o potencial tecnológico dos nossos antepassados pré-históricos
(ACEVEDO, 1998).
15
Não contentes com a pedra lascada nossos longínquos parentes buscaram a
especialização de seu instrumento. Antes destinada a quebrar, esmagar, furar, cortar ou talhar, o
instrumento primitivo foi adaptado à ponta de um longo pedaço de madeira com o objetivo de
obter melhores condições de caça e ataque. Surgiram, assim, as primeiras lanças. O homem
pouco a pouco começou a testar na prática a elasticidade e combinação de materiais, sejam elas
na fabricação de armadilhas destinadas a capturar feras, sejam elas em técnicas de modelagem
que utilizavam barro e água, começando a demonstrar que as técnicas muito auxiliariam não só o
processo produtivo como também a criatividade artística do ser humano (DUCASSÉ, 1987;
VERASZTO, 2008a, b).
Estas primeiras evoluções se deram de forma bastante lenta e demorada. Como já
fora mencionado anteriormente, foram necessários cerca de um milhão de ano para que práticas
mais significativas pudessem ser executadas na remodelagem do meio natural. Fora somente após
estas três grandiosas conquistas (os utensílios de pedra, o fogo e a linguagem) que nossos
antepassados deram-se conta que estavam preparados para construir e modificar de fato
(VERASZTO, 2008a, b).
Hoje em dia a produção tecnológica é característica própria do homem. Este
converteu-se em uma criatura pensante em virtude de sua capacidade de construir e, por sua vez,
o produto fez do homem um ser pensante. Em efeito, ao longo da história, o gênero humano
introduziu significativas modificações nos instrumentos, produtos da evolução da mão e do
aperfeiçoamento do cérebro. O individuo converteu-se em uma criatura biológica e culturalmente
mais refinada, e devido a isso, os produtos de seu talento foram tornando-se cada vez mais
funcionais e ganhando em qualidade, do qual temos evidencias contundentes que permitem
reafirmar a capacidade tecnológica dos homens e mulheres pré-históricos (ACEVEDO, 1998;
VERASZTO, 2008a, b).
O conhecimento histórico do desenvolvimento das técnicas e das tecnologias
produzidas pelo homem desde o começo dos tempos contribui de maneira significativa para que
possamos entender o processo criador da humanidade e, essencialmente, compreendermos
melhor a tecnologia como uma fonte de conhecimentos próprios, em contínua transmutação e
com novos saberes sendo agregados a cada dia, de forma cada vez mais veloz e dinâmica
16
(VERASZTO, 2004, 2008a, b).
Finalmente, é importante frisar, que muitas vezes ao se falar em tecnologia a
imagem de produtos mais sofisticados que estão ganhando o mercado neste exato momento
ganham primeiramente a memória. Porém, a tecnologia não consiste somente nisso. É preciso
lembrar que a nossa história tecnológica começou junto com o primeiro homem quando ele
descobriu que era possível modificar a natureza para melhorar as condições de vida de seu grupo.
O homem, ao descobrir que poderia modificar o osso, estabelecendo um novo uso para o mesmo,
dava o passo inicial para a conquista do átomo e do espaço (VERASZTO, 2004, 2008a, b) 4
.
4 Outros detalhes acerca da história da evolução tecnológica do homem e da sociedade podem ser encontrados no
Apêndice A.
17
2. CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE: BASES
HISTÓRICAS E ESTUDOS SOCIOLÓGICOS
No último século o mundo passou por profundas modificações resultantes de um
avanço científico e tecnológico sem precedentes na história da humanidade. Graças a esse
desenvolvimento, que aqui é chamado de advento tecnológico, nossa sociedade vê surgir novos
produtos e serviços com uma velocidade espantosa. Um processo iniciado há anos que tem se
acelerado com o passar dos tempos e que supera muito a nossa capacidade de assimilação
(GORDILLO, 2001; VERASZT0, 2004).
É comum vermos produtos que acabaram de sair das prateleiras para as mãos de
usuários e consumidores, serem substituídos por outros mais novos que ganham o mercado com
promessas de melhores recursos. Nossos sistemas de comunicações e de trocas de informações
passam por mudanças freqüentes e as inovações tecnológicas acabam agregando-se
inevitavelmente à cultura da humanidade. Isso nos dá evidências de que novas maneiras de
pensar e de conviver estão sendo constantemente elaboradas em nossa sociedade, modificando as
relações existentes entre os homens, alterando o processo de produção de bens materiais,
reorganizando o trabalho, os nossos processos cognitivos e também a maneira como de vemos,
percebemos e entendemos o mundo ao nosso redor (LÉVY, 1993).
Esse ritmo acelerado imposto pelo desenvolvimento científico e tecnológico, na
busca incessante pelo bem estar do homem, e porque não dizer, pelo conforto material e pela
manutenção do poder, impõe demandas manufaturadas que acabam fazendo parte da rotina
humana, geralmente de maneira automática e impensada. Muitas vezes as relações ocorridas
dentro do contexto social buscam controlar a tecnologia através de práticas políticas e de meios
legais disponíveis, mas isso não é algo tão simples, tendo em vista que a própria tecnologia
influencia os cidadãos na medida em que estes fazem uso da mesma. Como resultado da
aceitação social, ou da imposição mais ou menos sutil de determinadas demandas tecnológicas no
lugar de outras, sociedade e tecnologia acabam tecendo uma intrincada teia de relações onde uma
é afetada pela outra de forma ininterrupta (ACEVEDO DÍAZ, 1996a, 1996b).
18
Observando por esse ângulo não fica difícil perceber que tanto ciência quanto
tecnologia não somente tornaram nossa vida mais cômoda (ou mais perigosa, pois depende do
referencial de análise) alteraram nossa percepção da realidade. Máquinas e artefatos contribuindo
muitas vezes para que pessoas acreditem na ciência e tecnologia (C&T) de maneira análoga à fé
que dedicam às religiões ou do mesmo modo como confiam no Estado. A televisão, os jornais, a
internet, noticiam a todo instante as batalhas ganhas graças pelo avanço científico-tecnológico
frente a problemas que pareciam insolúveis a dias atrás. Contudo, também é fácil notar na mídia a
diminuição da diversidade biológica, a fome que mata pessoas em diferentes partes do globo ou
ainda a permanência insistente de algumas enfermidades que driblam o progresso por ainda não
serem curáveis. Desta forma, cresce na sociedade um sentimento ambíguo de confiança e medo,
pois as pessoas passam a temer aquilo que não podem mais deixar de confiar. A ação ou a
inanição do progresso se faz perceber, cada vez com mais intensidade, no nosso dia a dia
(GARCÍA et al, 2000).
Estes motivos já são mais do suficiente para se dizer que o conhecimento
tecnológico é fundamental, pois é faz-se necessário que todo cidadão possa acompanhar de perto
as transformações que se processam diariamente na nossa sociedade e no planeta inteiro.
2.1. O INÍCIO DO MOVIMENTO CTS
Essa rápida contextualização feita acima nos traz à luz uma estória da mitologia
grega que narra a aventura e ousadia de Prometeu5 que roubou o fogo dos deuses para presentear
5 Prometeu avivou a ira de Zeus contra os homens quando dividiu um boi em duas partes e lhe deu as carnes e as
vísceras, mesmo Zeus querendo a segunda parte dada aos homens, que eram os ossos cobertos com banha de animal.
Irado, Zeus castigou os homens ao negar-lhes a força do fogo infatigável, que representa simbolicamente a
inteligência do homem. Porém, a afronta definitiva contra Zeus ocorreu quando Prometeu roubou o brilho do fogo,
reanimando a inteligência do homem. Segundo o próprio Titã, foi a partir de então que os mortais, que antes faziam
tudo sem tino, passaram a construir casas de tijolos e madeira, a compor as letras e a memória, a inventar os números
e conhecer os astros. Assim, Prometeu reconhece que deu de presente aos homens todas as artes. Inconformado, Zeus
armou uma armadilha: mandou Hefesto plasmar uma mulher ideal, fascinante, ao qual os deuses presentearam com
alguns atributos e dons de forma a torná-la irresistível. Esta mulher foi batizada por Hermes como Pandora, (pan =
todos, dora = presente) e foi dada de presente ao atrapalhado Epimeteu, que ingenuamente aceitou a despeito da
advertência de seu irmão Prometeu. A vingança planejada por Zeus contra os homens estava contida numa jarra, que
foi levada como presente de núpcias. Quando Pandora, por curiosidade feminina, abriu a jarra fechando-a
rapidamente, escaparam todas as desgraças e calamidades da humanidade, restando na jarra apenas a esperança.
Quanto a Prometeu, foi castigado e preso por inquebráveis correntes no meio de uma coluna, e uma águia enviada
19
os homens. Junto com o fogo, deu a razão e o ensinamento d as artes. Com essas novas dádivas o
homem aprendeu a construir casas, trabalhar a madeira, navegar oceanos e extrair metais
preciosos da terra; inventou e organizou o alfabeto e a formulou teoremas matemáticos. O
conhecimento cresceu a tal ponto que chegou o momento que a humanidade não consegue mais
sobreviver sem as conquistas e os avanços da ciência e da tecnologia. Todavia, não fora somente
o desenvolvimento tecnológico que cresceu. O homem também viu crescer o medo. Talvez o
castigo que Prometeu tenha sofrido por nos dar o fogo de presente não tenha sido em vão, pois
junto com a sabedoria dos deuses nos foi legado também o poder de destruição dos demônios
(GORDILLO, 2001). O homem chegou a tal ponto de conquista científica e tecnológica que hoje,
depois de quase findada a primeira década do século XXI, tem em mãos o poder da vida e da
morte.
Esse avanço científico-tecnológico, tantas vezes descomedido, despertou uma
preocupação de integrar a ciência e tecnologia para o bem estar da sociedade principalmente
depois que o último século sentiu uma mistura de esperança e medo ao ver concretizar o sonho do
homem de ganhar o espaço ao mesmo tempo em que o mundo temia pelo seu fim devido aos
grandes avanços bélicos e nucleares. A apatia da sociedade frente as decisões científicas e
tecnológicas no início do século passado foi modificando ao passo que novas descobertas
começaram a trazer conseqüências impopulares e a mostrar perspectivas desastrosas para o futuro
da humanidade (VERASZTO, 2004).
Passada a fase de otimismo incondicional que seguiu a Segunda Guerra Mundial, a
partir do final da década de 1950 e início de 1960 uma atitude mais crítica e cautelosa começou a
rever as conseqüências do avanço da C&T. Depois que mais de quarenta milhões de mortos
horrizaram o mundo e mostraram o poder que o homem conseguiu graças ao domínio da energia
nuclear, uma manifestação de grupos sociais não poderia deixar de ocorrer (MORIN, 1996;
SANCHO, 1998; RODRIGUES, 2001; CEREZO, 1999; OSORIO M., 2002; BAZZO, 2002a,
2002b; ACEVEDO DÍAZ et al, 2003; GORDILLO, 2001).
Principalmente nos países de língua inglesa, as crises econômicas fizeram soar
comia-lhe o fígado imortal durante o dia e era regenerado todas as noites. Teria sido assim eternamente se não fosse
por intervenção de Herácles, que matou a águia com o consentimento de Zeus (DÓCLUS, 2004).
20
alarmes sociais sobre alguns aspectos ecológicos como, por exemplo, os efeitos colaterais de
alguns bactericidas e a guerra do Vietnam. Estes foram alguns dos fatores que propiciaram as
primeiras posturas anti-establishment6, fazendo surgir no âmbito internacional, novas posições e
atitudes frente ao avanço irracional da sociedade moderna (BORREGUERO & RIVAS, 1995).
Devido às fortes crises político-econômicas que assolavam o mundo, pouco a pouco
a crença na neutralidade da ciência e na visão ingênua do desenvolvimento tecnológico, que antes
predominava no cenário social, foi aminguando-se. Fazia-se necessária uma discussão das
implicações políticas e sociais da produção e aplicação dos conhecimentos científicos e
tecnológicos, tanto em âmbito social como dentro das salas de aula (BRASIL, 1996, 1999;
CEREZO, 1999; GORDILLO, 2001). E assim, como forma de questionar de forma consciente os
avanços descomedidos que o mundo via surgir, emergiu em alguns pontos do mundo, em meados
da década de 1970, um movimento que tentou e ainda tenta estabelecer um tripé: A Ciência, a
Tecnologia e a Sociedade (CTS), visando uma integração mais sólida e uma formação mais
crítica dos futuros profissionais assim como buscando obter novas teorias acerca de das
implicações e relações da ciência e tecnologia na sociedade (SILVA et al, 2000).
Duas tradições foram reconhecidas dentro do âmbito CTS: a norte-americana, que
enfatiza mais as conseqüências sociais e prioriza uma ênfase maior na tecnologia, marcada por
fortes quesitos éticos e educacionais; e a européia, que tem a marca inconfundível por centrar
suas investigações em questões que discutem mais a ciência através de referências
antropológicas, sociológicas e psicológicas (BAZZO, 1999 apud LACERDA NETO, 2002).
O movimento educacional promovido pelo enfoque CTS, surgido nos anos 1970
dentro de campi universitários, se estendeu à educação secundária e ganhou muito vigor na
década seguinte através de projetos curriculares: Science For Live and Living e a proposta do
NSTA, nos USA; Views on STS e Science and Technology 11, no Canadá; Siscom e SATIS no
UK; PLON, na Holanda; STS, na Austrália INVESCIT e Projeto Gaia, na Espanha etc. Além de
várias orientações educacionais presentes em muitos documentos internacionais, como é o caso
da UNESCO (1990) (IGLESIA, 1997; SILVA et al, 2000).
6 Anti-establishment é um adjetivo da língua inglesa usado para designar um indivíduo, grupo ou idéia que é contra
as instituições oficiais, sejam elas políticas, econômicas ou sociais, da forma vigente da sociedade. Em português
também se usa a expressão contra a ordem estabelecida.
21
A força do movimento CTS se deu através de várias inovações curriculares ao longo
do mundo, seja como uma disciplina, seja como modificações na forma de inserir alguns tópicos
em disciplinas já existentes e estruturadas. Esse movimento incentivou, também, a inclusão de
conteúdos novos ou a transformação integral do currículo, com o principal objetivo de dar aos
alunos uma formação capaz de auxiliar nos mais diferentes processos de tomadas de decisões que
ocorrem no cotidiano, tendo como referência os valores tidos como éticos e morais pela
sociedade (IGLESIA, 1997; REZAEI & KATZ, 1998; SILVA, C. A. D., 1999 et al; CEREZO,
1999; VILCHES e FURIÓ, 1999; SILVA et al, 2000; SEBASTIÁN, 2000; ANGOTTI et al,
2001; ACEVEDO DÍAZ, 1998, 2002a, 2002c; BAZZO, 2002b; LACERDA NETO, 2002;
OSORIO M., 2002; SILVA, C. A. D., 2002; COLOMBO e BAZZO, 2002; CALATAYUD,
2003; VERASZTO, 2004).
Contudo, antes de se adentrar nas implicações educacionais com maior ênfase,
buscaremos detalhar um pouco mais essas duas principais tradições, para então finalizar o
capítulo com a apresentação de uma nova direção que esses estudos vem tomando no âmbito
acadêmico nos últimos anos. Para orientar essa revisão histórca, dentre diversos textos
consultados, esta fundamentação é centrada na obra Ciencia, Tecnología y Sociedad, una
introducción al estúdio social de la ciencia y la tecnología (GARCÍA et al, 2000), pois os autores
GARCÍA, CEREZO & LOPES desenvolvem o assunto de forma detalhada e esclarecedora e bem
parecida com nosso ponto de vista.
2.2. AS DUAS PRINCIPAIS TRADIÇÕES CTS
Segundo García et al (2000) a heterogeneidade dos estudos CTS, onde se pode
encontrar filósofos, historiadores, sociólogos, antropólogos, pedagogos, economistas, físicos, não
se deve unicamente à diversidade de disciplinas que provém os autores, mas sim a interesses
distintos. Esses interesses podem ser divididos em duas frentes principais. Da sigla STS originada
no inglês podemos partir nossa apresentação dois pólos distintos: a tradição européia de Science
and Technology Studies (Estudos sobre Ciência e Tecnologia) e a tradição americana de Science,
Technology and Society (Ciência, Tecnologia e Sociedade).
22
Ambas as tradições buscam desmistificar a imagem tradicional de C&T ressaltando
a importância das dimensões social e prática e opondo-se à visão de ciência como forma
autônoma de conhecimento e tecnologia como ciência aplicada. Todavia, enfoques e objetivos
diferentes relacionados à dimensão social proporcionaram o surgimento de características
particulares em cada tradição.
A tradição européia coloca ênfase na forma em que os fatores sociais contribuem à
gênesis e consolidação da C&T. O interesse dessa tradição nascida nas universidades européias é
centrado na descrição de como participam da criação e aceitação das teorias científicas uma
diversidade de fatores econômicos, políticos, culturais. Assim, é uma linha de pensamento
centrada na explicação da origem das teorias científicas e, portanto, na ciência como processo.
Somente depois de um tempo de existência dessa tradição, conforme apontam Pinch & Bijker
(1987), foi que se buscou aplicar esquemas explicativos da ciência na tecnologia. Podemos
apontar que consiste em uma tradição com caráter teórico e descritivo fundamentada em
conceitos originados em argumentos relativistas da nova filosofia da ciência (GARCÍA, 2000).
Por outro lado, a tradição norte-americana enfatiza as conseqüências sociais das
inovações tecnológicas e as influências dos produtos da C&T nas nossas formas de vida e
organização social. Dentro dessa tradição a tecnologia é entendida como produto com capacidade
para influenciar as estruturas e dinâmicas sociais e a ciência não passa de um elemento de
reflexão post hoc, subordinado ao estudo do desenvolvimento tecnológico. Contrapondo com a
tradição européia, fortemente enraizada em marcos teóricos, a tradição americana tem um caráter
muito mais prático e um importante alcance valorativo que faz sentir sua presença em reflexões
éticas e de cunho educacional, destinando especial interesse à democratização dos processos de
tomada de decisões nas políticas tecnológicas e ambientais. Tendo em vista o caráter prático, essa
tradição busca fundamentação teórica em autores como Ortega, Heidegger, Ellul, Habermas, etc,
trazendo seu marco de compreensão estruturado em disciplinas como História da tecnologia,
Teoria da educação, Ética, Ciências Políticas e Filosofia Social.
Abaixo, segundo García et al (2000) segue um resumo dessas duas tradições no
Quadro 3.1 e no Diagrama 3.1, onde se pode perceber as diferenças entre ambas.
23
DIFERENÇAS ENTRE AS DUAS TRADIÇÕES
TRADIÇÃO EUROPÉIA TRADIÇÃO AMERICANA
Institucionalização acadêmica na Europa (em suas
origens)
Institucionalização administrativa e acadêmica nos EUA
(em suas origens)
Ênfase nos fatores sociais antecedentes Ênfase nas conseqüências sociais
Atenção à ciência e, de forma secundária, à tecnologia Atenção à tecnologia e, de forma secundária, à ciência
Caráter teórico e descritivo Caráter prático e valorativo
Marco teórico: ciências sociais (Sociologia, Psicologia,
Antropologia, etc). Marco avaliativo: ética, teoria da educação, etc.
Quadro 2.1: Diferenças entre as duas tradições. Fonte: GARCÍA et al, 2000.
É preciso, agora, ressaltar que essa divisão geográfica das tradições CTS obedecem
critérios puramente explicativos, desprovidos de regras que definem essa classificação por
continentes, e como prova disso, poder-se-ia citar inúmeras obras que se caracterizam como
exceções, ou até mesmo, apontar fatores de convergência entre ambas, pelos quais trilham
trabalhos de pesquisas atuais na área. Com essa forma cartesiana de fundamentação teórica será
possível demarcar regiões particulares de interesses, capazes de formar dimensões de análises
distintas que servirão, em linhas futuras, como guia de fundamentação de nosso instrumento de
pesquisa.
Cabe destacar ainda que a configuração dos diferentes enfoques CTS dependem do
âmbito cultural, social e humano que permeia os meios onde são produzidos os estudos sociais
das C&T (Diagrama 2.1). Quando nesse meio se sobressaem teorias políticas ou educacionais,
podemos dizer que existe influência maior da tradição norte-americana. Por outro lado, quando
esse meio se apropria de ferramentas analíticas das ciências sociais, podemos identificá-lo com a
tradição européia. Depois disso colocado é importante frisar que também não devemos deixar de
lado o importante papel que tanto a Economia como as Ciências Políticas têm ganhado nos
últimos anos, somando esforços para a convergência das duas tradições.
24
Diagrama 2.1: A dimensão em cada uma das tradições. Fonte: GARCÍA et al, 2000.
De forma mais específica essas colocações serão abordadas em tópicos futuros.
Agora serão apresentados antecedentes dos estudos CTS.
2.3. ANTECEDENTES DOS ESTUDOS CTS
Conforme foi apontado no capítulo anterior, no século XVI, teve início o que pode
ser considerada a primeira grande revolução científica da história, tendo como protagonistas
personagens como Nicolau Copérnico, Galileu Galilei e Francis Bacon entre outros. Esse período
marcou o confronto entre dois conhecimentos de grande influência: o religioso e o científico.
Galileu procurava aproximar os dois através da argumentação (PAGANI & LUCIANI, 1993),
enquanto Bacon priorizava a tentativa de romper com os ideais religiosos e propondo que só o
conhecimento cientificamente comprovado deveria ser aceito. Este seria o início de uma trajetória
ascendente de poder da ciência perante a sociedade e praticamente inabalado até os dias de hoje.
No final do século XIX temos o auge do que podemos denominar de cientificismo.
Numa espécie de retorno aos ideais de Bacon, Auguste Comte encabeça a corrente filosófica
denominada de positivismo. Foi seguindo as propostas de Comte, que a ciência conquistou sua
independência metodológica. Não era mais preciso legitimar o conhecimento científico perante a
igreja, pois este é superior aos ideais clérigos. Na ciência, a busca por conhecimentos ocorre em
sua forma mais bruta, sendo as observações indispensáveis para o seu desenvolvimento.
No início do século XX surgiram os primeiros trabalhos de contraposição à visão
positivista dominante na academia. A principal inquietação se centrava no aspecto acumulativo
da ciência que o anacronismo praticado pelos historiadores da época propiciava. A argumentação
25
era de que ao se situar na época do desenvolvimento de determinada lei ou teoria científica não
haveria como se separar esta dos conhecimentos pseudocientíficos ou mesmo das teorias
consideradas posteriormente “erradas” (não aceitas). Ambas advinham dos mesmos métodos e se
consolidavam pelas mesmas razões, não havendo motivos plausíveis para, aos olhos do passado,
diferenciá-las (KUHN, 1982).
Nesse aspecto, a influência de fatores externos à ciência surgiu como resposta para
se determinar as razões para que certas idéias permanecessem aceitas e outras fossem
descartadas. Iniciou-se, assim, uma nova corrente na história das ciências: a externalista.
Pesquisadores como Boris Hessen, John Desmond Bernal e Joseph Needham marcam presença
no II Congresso Internacional de História das Ciências e das Tecnologias em Londres de 1931,
considerado como um marco no surgimento da corrente externalista (ALFONSO-GOLDFARB et
al, 2004; SALDAÑA, 1993). Hessen, por exemplo, proferiu neste congresso a palestra intitulada
As raízes sócio-econômicas dos Principia de Newton na qual, conforme o próprio título já
insinua, propõe que os conteúdos científicos presentes no Principia foram demandados de
necessidades advindas da economia da época, em específico, o transporte por água (marítimo), a
indústria da mineração e a indústria da guerra. Acrescentou também em sua palestra uma análise
da visão filosófica de Newton se referindo aos ideários religiosos vigentes em sua época e local
(HESSEN, 1985).
A influência de Marx nos trabalhos desses historiadores se faz presente ao enfatizar
a questão econômica, em destaque as forças produtivas, acima de todas as outras, como condutor
do desenvolvimento científico e tecnológico (SALDAÑA, 1993). Deve-se enfatizar que, neste
momento, se inicia o processo de influência da sociedade no desenvolvimento científico, ainda
que se centre principalmente em fatores econômicos. Entretanto, estes fatores não incidiam no
conteúdo científico propriamente dito, pois ainda o consideravam como racional e lógico. Ou
seja, assumia-se que o meio na qual se produzia a ciência sofria influência de fatores externos à
comunidade científica, como interesses militares e industriais, porém descartava-se a influência
destes fatores no denominado “núcleo duro” da ciência, o seu conteúdo (FOUREZ, 1995). De
qualquer forma, pode-se considerar que surgia assim uma abertura para que os sociólogos
pudessem estudar o trabalho científico, ou seja, a possibilidade de surgimento da área de estudo
denominada Sociologia da Ciência.
26
Tendo contato com historiadores da ciência no início da década de 1930, como
George Sarton, fundador e, por muitos anos, editor da Isis, Robert Merton, importante nome da
sociologia norte-americana, demonstrou interesse pelas relações entre os contextos sociais e sua
influência na produção das idéias, principalmente as científicas. Seus primeiros trabalhos,
publicados entre a década de 30 e 40 do século XX, se aproximaram da sociologia do
conhecimento, avaliando nestes as contribuições de Émile Durkheim e Karl Mannheim
(RESTIVO, 1981; VESSURI, 1991).
Com uma base sociológica formada e com interesse pelas idéias científicas, Merton
direciona seus trabalhos a partir da década de 1940 para a análise da estrutura social da ciência.
Entre os seus trabalhos mais famosos encontra-se Os imperativos sociais da ciência (MERTON,
1974; 1979).
Segundo Bunge (1991), uma das teses de Merton é que a investigação científica tem
características particulares, que a distingue de todas as outras atividades humanas. Mas como é
possível Merton realizar trabalhos em sociologia se considera a ciência uma instituição
autônoma? Nísia Lima (2002) argumenta que nem mesmo Merton acreditava em uma ciência
autônoma. Sua idealização seria uma reposta à crescente hostilidade sofrida pela ciência na época
(MERTON, 1979; LIMA, 2002).
Hostilidade esta que também repercutiu na filosofia da ciência com trabalhos em
prol da racionalidade científica. Um autor com grande impacto nesta área foi Karl Popper que em
seu livro A Lógica da Pesquisa Científica propõe a falseabilidade como critério de demarcação
entre o que é ciência e pseudociência. Popper, bem como os racionalistas da época, se centraram
em justificar o desenvolvimento científico a partir de uma visão lógica e interna à ciência tendo
como foco o conteúdo científico sem interferência de fatores sociais (POPPER, 1975; GIL,
1979).
Com estas rápidas linhas, podemos perceber que os estudos sociais das C&T
começaram a tomar rumos diferentes. Para podermos entender melhor quais foram os caminhos
seguidos, vamos agora às duas tradições dos estudos CTS.
27
2.4. TRADIÇÃO EUROPÉIA
O estudo social da ciência, elemento básico da tradição européia, com origem nos
princípios dos anos 1970, nasceu com a intenção de ampliar o alcance e o conteúdo da sociologia
tradicional. De um lado, a sociologia clássica do conhecimento, reunindo autores como Marx,
Durkein, Scheler, Mannheim, etc, havia rejeitado a possibilidade de estender a análise
sociológica ao conhecimento científico. As condições materiais de vida podiam explicar crenças
religiosas e ideologias políticas, mas para esses autores, tais condições não apresentavam
relevância significativa para uma análise explicativa da evolução do conhecimento científico. Por
outro lado, a tradição de investigação que dominava o campo da sociologia da ciência, inspirada
no trabalho de R. K. Merton, não deixava de ser insatisfatória pelo fato de priorizar a comunidade
científica e seus aspectos institucionais, tais como normas éticas, sistemas de remuneração,
status, etc, sem abordar a análise sociológica do conteúdo científico (LAMO DE ESPINOSA et
al, 1994 & WOOLGAR, 1988 apud GARCÍA et al, 2000).
Na sociologia da ciência mertoniana, o conjunto de normas e valores, que deveriam
ser presentes no trabalho de todo bom cientista, completava a visão tradicional de uma ciência
pura que se aproximava necessariamente da verdade (GUGGENHEIM, 1982GARCÍA et al,
2000).
A sociologia da ciência influenciada pelo trabalho de Merton se desenvolveu como
uma sociologia das comunidades científicas e seus sistemas de relações, organização e
recompensa. Assim, os fatores sociais tinham influência certa na seleção dos problemas que
deveriam ser abordados pela ciência. Contudo, o conteúdo das teorias científicas pertencia a outra
esfera, a cognitiva, e a sociologia não tinha nada a dizer a respeito daquilo que fazia parte do
patrimônio da natureza e da lógica. Dessa maneira essa visão começou a ser desafiada na década
de 1970 (VESSURI, 1991, GARCIA et al, 2000; DURÁN & RIECHMANN, 1998 apud
CARRERA, 2001; ACEVEDO DÍAZ, 2002b).
A reação a essa sociologia externa, a partir dos anos 1970, centrou-se em
desenvolver uma autêntica sociologia do conhecimento científico, a partir da qual o conteúdo da
ciência, e não somente seu sistema de organização social, foi objeto de análise sociológica. A
28
partir de então, não se pensava na aproximação da verdade, mas também na sua construção,
partindo dos processos sociais da ciência (GARCIA et al, 2000).
2.4.1. A NOVA SOCIOLOGIA DA CIÊNCIA
A primeira tentativa de elaborar uma nova sociologia do conhecimento científico
nasceu na Universidade de Edimburgo. Esses novos estudos não contemplavam a ciência como
um tipo privilegiado de conhecimento que não pudesse ser analisado de forma empírica e
sociológica. Dessa forma, a ciência foi descida do seu pedestal de objetividade e autonomia e a
partir de então, uma diversidade de fatores (políticos, econômicos, sociais, etc.) passaram a ser
empregados na explicação da sua origem, das suas transformações e descobertas e também na
legitimação de suas teorias. Segundo García et al (2000), Barry Barnes, diretor da Unidade de
Estudos sobre Ciência da Universidade de Edimburgo, empreendeu, nos anos 1970, uma crítica à
teoria da imagem racionalista tradicional da atividade científica, embasando-se na filosofia de
Wittgenstein, na antropologia cognitiva de Mary Douglas e nos trabalhos de história e filosofia
da ciência de T. S. Kuhn e M. Hesse.
Todas essas fontes apontavam para o mesmo norte: a revitalização, a
contextualização e a ênfase no caráter convencional de todas as afirmações de conhecimento das
teorias aceitas. A fundamentação teórica que recebeu o nome de Sociologia do Conhecimento
Científico teve como autor mais carismático David Bloor, responsável pelo Programa Forte
(1976-1991), uma declaração pragmática da Escola de Edimburgo, feita com a intenção de
estabelecer uma explicação satisfatória (entenda-se, científica) da natureza e evolução do
conhecimento científico. Não foi um programa complementar a enfoques filosóficos tradicionais,
mas sim um marco explicativo incompatível com as idéias vigentes, pois, tal como é defendido
por Bloor, o Programa Forte implicaria na morte da reflexão epistemológica tradicional,
reivindicando assim, uma análise empírica, onde somente a sociologia fosse capaz de explicar as
peculiaridades do mundo científico (PESTRE, 1996; GARCÍA et al, 2000).
A partir de então, sociólogos empregaram esforços para colocar em prática os
fundamentos de Barnes, enunciados por Bloor, aplicando-os a determinados episódios da história
29
da ciência. Posteriormente, o Programa Forte foi implementado de forma prática no Reino Unido,
na Universidade de Bath, em um programa (EPOR – Programa Empírico de Relativismo)
apresentado por Collins, em 1983 e desenvolvido, entre outros, por Pinch, Travis e Harvey, com
um enfoque de estudo das ciências denominado de construtivismo social. Enquanto o enfoque da
Escola de Edimburgo era macro social, explorando conexões causais entre o conteúdo do
conhecimento científico e os fatores sociais, em sentido amplo, o EPOR desenvolvia suas
investigações a partir de uma perspectiva micro social, verificando as “negociações” entre os
cientistas que muitas vezes acabam originando controvérsias particulares (VESSURI, 1991). Para
esse trabalho, Collins (1985-1992, p. 144) estabelece o core set, que é o núcleo de experts
envolvidos em uma controvérsia, e afirma que os interesses sociais são os fundamentos das
táticas de negociações não científicas utilizadas para a produção do conhecimento (COLLINS,
1985-1992 apud GARCÍA et al, 2000).
A dificuldade do trabalho do EPOR apareceu no momento que buscou-se uma
análise da ciência contemporânea a partir de seus fundamentos, pois, segundo o próprio Collins,
eventos passados são mais fáceis. Isso se deve a escassas informações sociológicas recentes sobre
os fatos do cotidiano; a proximidade temporal impede o pesquisador investigar com precisão os
fatores sociais que implicam na produção científica (COLLINS & PINCH, 1993 apud GARCÍA
et al, 2000).
2.4.2. DESVENDANDO O MEIO ONDE A TECNOLOGIA É PRODUZIDA (A CAIXA
PRETA)
A nova sociologia do conhecimento desenvolvida nas universidades de Edimburgo
e Bath é apenas uma das direções de investigação da tradição européia. A evolução dos estudos
sobre ciência estava ligada a uma fundamentação clara: a explicação da produção do
conhecimento a partir do seu contexto social, ou seja, para dar conta da construção teórica da
natureza, o cientista tinha que apelar à sociedade.
Por volta do final dos anos 1970, alguns autores, insatisfeitos com os resultados
obtidos pela linha de investigação descrita anteriormente passaram a argumentar que o famoso
“contexto social” não tinha força explicativa alguma e que não estaria errado sair da própria
30
ciência para se explicar a construção social de eventos científicos. Assim, novos enfoques micro
sociais começaram a surgir, e o estudo da prática científica se adentrou nos lugares onde essa
prática era desenvolvida: os laboratórios e também, para a análise, foram apropriados textos
produzidos pelos cientistas. Desta forma, o contexto social em sentido amplo foi substituído pelo
contexto social do laboratório. Essa linha de investigação foi fundamentada em Alfred Shultz e
desenvolvida especialmente por Bruno Latour e Steve Woolgar no livro mais emblemático dessa
corrente: Laboratory Life7 (1979/1986) (RESTIVO, 1981; VESSURI, 1991; GARCÍA et al,
2000; ACEVEDO DÍAZ, 2002b). Esta obra mostra o pesquisador da ciência como um
antropólogo entrando “numa tribo primitiva” (GARCÍA et al, 2000, p. 79) totalmente separada da
realidade física e social. Segundo a visão da Escola de Edimburgo, esse tipo de trabalho não
utiliza interesses e fatores sociais gerais. Os chamados “estudos de laboratório” não podem ter
pretensão explicativa, senão somente a descrição do modo puro de se fazer ciência e de se
produzir tecnologia. Desta forma, o importante agora, seria abrir essa caixa preta onde os
conhecimentos são produzidos e a partir de então, descrever o que existe dentro dela (GARCÍA et
al, 2000).
Assim, o laboratório converteu-se no lugar ideal para essa renovação dos estudos
sobre ciência, porque parecia realmente possível observar todos os passos dos cientistas em seu
habitat natural. É no laboratório onde se produz o conhecimento mediante interconexões de
práticas, equipamentos, técnicas e argumentos persuasivos que auxiliam na construção do mundo
natural e do mundo social. Diante dos nossos olhos, a complexidade da vida de laboratório
contribui para o desaparecimento da fé na objetividade e na neutralidade da ciência. Dessa forma,
pode-se dizer, que a ciência não se diferencia muito da política ou da literatura (GARCÍA et al,
2000, p. 80).
2.4.3. PONTOS DE VISTA PÓS-MODERNOS
Conforme fora apontado, os estudos de laboratórios, desenvolvidos em várias
7 Laboratory Life é o resultado da observação de Bruno Latour da vida e das atividades diárias dos cientistas dentro
de um laboratório de neuroendocrinologia. O texto é uma descrição de como os cientistas codificam, marcam,
manipulam, registram, lêem escrevem, discutem, corrigem, etc. Em sua apresentação ao exterior, simplesmente
descobrem a realidade (GARCÍA et al, 2000, p. 80).
31
direções, têm em comum a ênfase na prática da ciência e nos textos produzidos por tal prática,
opondo-se a filosofia tradicional da ciência e à sociologia da ciência que priorizam as teorias
científicas.
Algumas partes do Programa Forte de Bloor têm servido como fonte de inspiração
para novas investigações do estudo do conhecimento. A orientação reflexiva, a partir da análise
de textos científicos e outros tipos de representação (gráficos, diagramas, modelos, fotografias,
programas de computador, etc) busca conhecer os mecanismos retóricos aos quais se recorrem
seus autores para transformar seus interesses em conhecimento e persuadir os demais de que
detém as soluções para os problemas (VESSURI, 1991). Essa linha de investigação tem se
convertido cada vez mais em “desconstrutiva” e relativista enquanto que outra linha busca aplicar
a análise do discurso ao próprio discurso sociológico sobre a ciência. Ao conceber o estudo da
ciência como uma atividade científica, essa atitude era esperada para manter a consistência do
enfoque. Contudo, autores como S. Woolgar (1988 apud GARCÍA et al, 2000) e M. Ashmore
(1989 apud GARCÍA et al, 2000) apontam que da mesma forma que não se pode dizer que a
atividade científica é uma representação real do mundo, tampouco é possível afirmar que a
reflexão sociológica seja uma representação fiel da atividade científica. Não é possível o
pesquisador abster-se de sua bagagem pessoal de crenças e valores para fazer a análise da
atividade científica (GARCÍA et al, 2000). Na tentativa de solucionar esse impasse, Woolgar
propõe sua etnografia reflexiva que consiste diante da impossibilidade de deixar de lado a
representação própria, interrogá-la. Com isso apresenta uma idéia de refletir acerca das
representações instrumentais da ciência.
Por outro lado, a Escola Francesa, ou Teoria da Rede de Atores (Actor-network
Theory) prefere denunciar que as práticas dos sociólogos da ciência não são simétricas, ou seja,
não tratam natureza e sociedade de igual forma, pois colocam a última com fator causal da
primeira, da mesma forma como tratam de forma assimétrica os atores humanos e os atores do
cenário científico-tecnológico. Todas as dicotomias como natureza x sociedade, sujeito x objeto,
humano x não humano, desaparecem na tentativa de superação da ideologia da modernidade
(GARCÍA et al, 2000). Segundo a teoria da rede de atores desenvolvida por Bruno Latour (1987
apud GARCÍA et al, 2000) e Michel Callon (1987), a ciência se define como uma rede cujos nós
são formados tanto por atores humanos como por atores não humanos (instrumentos, chips,
32
baterias, enfim, qualquer componente ou dispositivo tecnológico ou objeto físico). (COLOMBO
& BAZZO, 2002). Desta forma, exploram-se as conseqüências analisando como esta rede está
formada e como se mantém. Segundo este enfoque, tanto os desenvolvimentos científicos como
os tecnológicos podem ser analisados em termos de lutas entre diferentes atores para impor sua
definição do problema a ser resolvido (LATOUR, 1986; CALLON, 1987).
Essas orientações pós-modernas têm sido duramente criticadas desde o próprio
campo dos estudos sociais da ciência. A acusação fundamental é a esterilidade desse tipo de
enfoque, pois para os críticos, existe uma clara renuncia em oferecer explicações causais que
impede saber ao certo porque certas afirmações de conhecimento se aceitam como verdadeiras e
outras não. Essa negação da legitimidade de apelar à sociedade poderia converter esse tipo de
estudos sociais da ciência em um exercício acadêmico de salão, insatisfatório como os enfoques
filosóficos racionalistas que criticam e pretendem substituir.
Autores como Collins e Yearley (1992 apud GARCÍA et al, 2000) não acreditavam
que a radicalização dos estudos de laboratório constituía um ponto de apoio seguro e frutífero,
senão apenas mais um caminho para um relativismo conformista e conservador que acabava
repetindo trajetórias conservadoras (GARCÍA et al, 2000).
2.4.4. DA CIÊNCIA À TECNOCIÊNCIA
A tradição européia nos estudos sociais havia começado dando ênfase quase que
exclusiva à investigação científica. Contudo, em meados dos anos 1980, esses estudos, de forma
cada vez mais abrangente, começaram a incorporar a tecnologia em sua análise. O
reconhecimento da impossibilidade e da inutilidade de uma distinção clara, (e um tratamento
diferenciado) entre a ciência e a tecnologia, assim como a crescente transcendência dos assuntos
tecnológicos no mundo contemporâneo, foram os motores desse novo enfoque que reconceituou a
tecnologia como processo social e não mais como ciência aplicada e neutra. A rejeição do
determinismo tecnológico possibilitou a aplicação da análise sociológica também à tecnologia
(GARCÍA et al, 2000; NIINILUOTO, 1997 apud ACEVEDO DÍAZ, 2002b).
Em resposta a essa tendência começaram a proliferar estudos sobre o
33
desenvolvimento tecnológico. Entre esses estudos podemos citar Mackenzie (1990 apud
GARCÍA et al, 2000), Collins (1990 apud GARCÍA et al, 2000), Bijker, Hughes & Pinch (1987),
Bijker & Law (1992 apud GARCÍA et al, 2000) e Jasanoff et al (1995 apud GARCÍA et al,
2000). Uma grande quantidade de autores que até então tinham se dedicado à sociologia do
conhecimento científico, passaram agora a incluir diversos episódios tecnológicos em seus
trabalhos (VESSURI, 1991).
Essa nova tendência, segundo GARCÍA et al (2000) aponta, mostra a convergência
das duas tradições. Isso porque autores da academia norte-americana começaram a mostrar
interesse pelas origens sociais da tecnologia e autores europeus, começaram a dar importância
aos instrumentos e técnicas no trato conjunto da ciência e da tecnologia. Como exemplo é
possível citar a teoria da Rede de Atores de Latour & Callon, que mencionava que a ciência não
consiste em teoria pura, assim como a tecnologia também não deveria ser encarada com aplicação
pura. Muito pelo contrario, ambas poderiam ser fundidas no termo tecnociência, como algo vivo
e diferente da nossa percepção comum: a ciência e a tecnologia. Desta forma, ambas passaram a
ser vistas como sendo redes cujos nós eram formados por todo tipo de instrumentos relevantes.
Os produtos da atividade científica, as teorias, não podiam, portanto, continuar sendo encarados
de forma isolada e distante dos instrumentos que participam de sua elaboração (VESSURI, 1991).
Existem diversas tendências do estudo da tecnologia influenciados pelo enfoque
construtivista desenvolvido para o estudo da ciência. O artigo de Trevor Pinch e Wiebe E. Bijker
The Social Construction of Facts and Artefacts: Or How the Sociology of Science and
Technology Might Benefit One Another (1994) é o pioneiro desta convergência de interesses e
métodos entre a sociologia do conhecimento científico e a história da tecnologia. Neste trabalho
os autores apresentam o programa SCOT (Social Construction of Technology) aplicando-o ao
caso da construção da bicicleta. O SCOT foi baseado no EPOR, é um programa com enfoque na
sociologia da tecnologia no qual o processo de desenvolvimento tecnológico se concebe como
um processo de variação e seleção. Se trata de explicar, mediante a construção de modelos
multidirecionais, porque alguns artefatos tecnológicos sobrevivem e outros não. É um processo
de análise que leva em consideração quais são os problemas que cada variação tecnológica
soluciona e, posteriormente, determina-se quais os grupos afetados (grupos sociais relevantes). O
processo de seleção de variações de modelos tecnológicos se caracteriza, desta forma, como um
34
processo claramente social, pois sustenta que a história da tecnologia não é produto de nenhuma
necessidade (como aumento da eficácia), e o que é preciso explicar sociologicamente são os fatos
que determinam a sobrevivência de um modelo, dentro de uma série de possibilidades. Assim,
não sendo a sociedade uma entidade abstrata que determina univocamente o comportamento dos
indivíduos mas sim uma entidade composta por seres humanos que, apesar de agirem através das
regras sociais que lhes são impostas, também têm a capacidade de transformá-las através de
comportamentos que nem sempre reproduzem os padrões estabelecidos, fica evidente que os
indivíduos, com suas ações sociais concretas, são agentes responsáveis por mudanças. A partir
desta perspectiva, as transformações, inovações e desenvolvimentos tecnológicos só ocorrem na
medida em que existam agentes sociais (seres humanos, em última instância) que ajam de
maneira a efetivá-los. É evidente que estes seres humanos vivem em sociedade. A tecnologia
depende, pois, da sociedade para a sua existência e o seu desenvolvimento (CARVALHO, 1997;
GARCÍA et al, 2000; COLOMBO & BAZZO, 2002).
Nos enfoques construtivistas aplicados ao estudo tanto da ciência como da
tecnologia, cujo tratamento conjunto se denomina SCOST (Social Construction of Science and
Technology), se analisam as controvérsias científicas e tecnológicas (muitas vezes,
tecnocientíficas) para determinar a variabilidade da interpretação de dados (ciência) ou da
interpretação de desenhos tecnológicos alternativos. O segundo passo consiste em estudar os
mecanismos que impõem a redução das diversidades impondo determinados modelos ou
interpretações. Finalmente, da mesma forma como acontecia com o EPOR, essas informações são
relacionadas com grupos sociais relevantes, interesses profissionais, grupos de classe, etc
(GARCÍA et al, 2000).
A teoria da rede de atores, desenvolvida por Latour e Callon também passou a ser
aplicada à tecnologia. Philip Vergragt (1988 apud GARCÍA et al, 2000) elaborou um modelo de
Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) que reflete interesses e relações de poder entre os diferentes
atores envolvidos no processo tecnológico e, portanto, uma linha de pesquisa não deixa de ser
uma sucessão de decisões a respeito de um conjunto de opções. Entre os diversos momentos onde
as decisões são tomadas entre diferentes opções, existem períodos de continuidade onde os
problemas permanecem inalterados e não resolvidos e, durante os quais os cientistas e os
tecnólogos trabalham para ganhar conhecimento e resolver as anomalias relacionadas com a
35
definição do problema dominante. Como resultado de uma decisão entre alternativas, cria-se um
nicho onde cientistas e tecnólogos trabalham seguindo determinadas regras. O conceito de nicho
é muito parecido com o conceito kuhniano de paradigma8, porém inclui definições de possíveis
aplicações, percepção de mercados potenciais e estratégias empresariais e corporativas. Desta
forma, os atores não são somente os cientistas e os tecnólogos, mas também todos os gestores e
todos os responsáveis pelos laboratórios de pesquisa, os engenheiros, os departamentos de
vendas, os diretores de empresa, etc. Assim, uma linha de pesquisa é resultado de um processo de
negociação entre atores, onde cada um dos quais tenta convencer os demais que de sua tese é a
mais apropriada. No momento em que se estabelece uma definição dominante, o problema se
estabiliza e um nicho se estabelece para cientistas e tecnólogos (RESTIVO, 1981;
QUINTANILLA, 2001 apud OSORIO M., 2002). O ambiente externo à atividade científica, tal
como é percebido pelos atores, pode conduzir a períodos críticos nos quais são reabertas as
negociações sobre as diferentes alternativas de definição do problema. Essa linha de investigação
mostra que a atividade científica-tecnológica é configurada por regulamentos administrativos,
demandas de mercado, estratégias entre grupos competidores. A renegociação pode também
determinar o fracasso da linha de pesquisa ou a mudança de organização, de dirigentes, ou
apontar reformulações de estratégias comerciais.
2.5. TRADIÇÃO AMERICANA
Se na tradição européia pudemos encontrar uma diversidade de enfoques, na
tradição americana o cenário é ainda mais heterogêneo. Essa variedade se dá tanto em função das
diferentes áreas de onde provém os autores como pelas perspectivas que adotam. Mesmo assim, o
foco de atenção desta tradição se dá em função da ênfase valorativa e da atenção aos efeitos que o
8 Kuhn sintetiza o desenvolvimento científico e tecnológico em torno da definição das expressões paradigma e
ciência normal. Defende que a ciência não se desenvolve somente por acréscimo de conhecimentos, e sim que
também há momentos de crises e rupturas. As regras epistemológicas e metodológicas implícitas na forma de uma
tradição de pesquisa, definem um paradigma. Assim, a ciência é feita com o intuito de fortalecer o paradigma e
desenvolve por acúmulo de conhecimentos. A crise advém quando perguntas deixam de ser respondidas ou a teoria
não prevê mais de acordo com o experimental observado. Num primeiro momento, tende-se a desprezar essas
inquietações, porém, ao se tornarem mais freqüentes, alguns cientistas utilizam essa crise a fim de determinar novas
regras e repensar problemas e perguntas que não eram abrangidos pelo paradigma em voga. Com o estabelecimento
dessas novas regras, ocorre o surgimento de um novo paradigma e uma revolução científica é concretizada (KUHN,
1982).
36
desenvolvimento tecnológico trás à sociedade. A importante dimensão prática dessa tradição fez
com que nos EUA a primeira institucionalização acadêmica dos estudos CTS contribuísse para a
introdução de programas educacionais nos diversos níveis de ensino (MITCHAM &
CUTCLIFFE, 1994 apud GARCÍA et al, 2000).
Dentre alguns autores representativos desta tradição, entre outros, merecem
destaque Albert Borgmann, Stanley Carpenter, Steve Cutcliffe, Paul Durbin, Steven Goldman,
Larry Hickmann, Don Ihde, Melvin Kranzberg, Helen Longino, Carl Mitcham, Dorothy Nelkin,
Kristin Shrader-Frechette, Leonard Waks e Langdon Winner. A preocupação social e política, a
ênfase prática centrada na renovação do processo educacional, a avaliação das tecnologias e a
política científica-tecnologica, são os pontos fortes dessa linha de trabalho. Mesmo tendo os
autores mais conhecidos como tendo origem em sua grande maioria nos EUA, essa tradição
também teve muitos adeptos e trabalhos desenvolvidos em países como México, Venezuela,
Colômbia, Argentina, Costa Rica e Chile.
2.5.1. AS ORIGENS E OS TEMAS DESENVOLVIDOS NA TRADIÇÃO AMERICANA
A tradição americana teve seu berço nos movimentos sociais emergentes do clima
de agitação popular na sociedade norte americana na década de 1970. Os movimentos da contra-
cultura, em favor de tecnologias alternativas e com diversas correntes ecológicas e pacifistas, são
alguns dos antecedentes do interesse da tradição americana pelos estudos das conseqüências
sociais da inovação tecnológica e a defesa de um controle social efetivo sobre a mesma.
O alerta maior sobre os perigos da ciência foi divulgado no livro Silent Spring
(Primavera Silenciosa) de Rachel Carson, publicado em 1962. Nesse livro, Carson especula, de
forma alarmista, sobre o risco do uso indiscriminado de inseticidas, tal como o DDT (VILCHES
et al, 2006). A ciência não poderia se desenvolver sem a supervisão da sociedade, pois os
impactos ambientais conseqüentes poderiam ser desastrosos. A ciência usada para o bem também
poderia ser usada para o mal. A contra-cultura norte americana criticou os valores do American
37
way of life9 com suas maravilhas tecnológicas, facilitadoras de tarefas domésticas. Expandiam o
universo crítico para além do aconchego da morada discursando incluso sobre a guerra do
Vietnam que acontecia longe de sua casa (GARCIA et al, 2000; KROLL, 2001).
Os interesses fundamentalmente práticos que se situaram na origem do movimento
CTS nos EUA dirigiram sua atenção principal às conseqüências do desenvolvimento tecnológico,
ao centrar suas preocupações iniciais em questionamentos nascidos da insatisfação popular. A
bomba atômica, responsável pela destruição de cidades japonesas, a proliferação da energia
nuclear, a guerra do Vietnam, os riscos de pesticidas químicos como o DDT, fizeram a sociedade
e posteriormente, a academia, questionar os reais motivos da utilização tecnológica em favor do
serviço da industria armamentista.
Normalmente a tecnologia é tratada como produto, sem preocupação de entender os
fatores que antecedem e condicionam seu processo de construção. Insatisfeitos com essa postura,
os autores da tradição americana procuraram adotar perspectivas que pudessem relacionar a
tecnologia com o seu contexto social.
Nessa tradição, García et al (2000) cita alguns dos temas que ganharam importância
e que podem ser divididos em:
i. História da cultura tecnológica: explora as diferenças entre a tecnologia
contemporânea e as técnicas antigas, tentando estabelecer diferentes períodos de
desenvolvimento tecnológico e mostrando como as direções tomadas pelas
alterações tecnológicas se relacionam com as mudanças sociais. Alguns autores
merecem menção: Lewis Mumford (1934), Ortega & Gasset (1939), Melvin
Kranzberg (1990), Paul Levinson (1985), Lynn White Jr. (1963).
ii. Filosofia geral da tecnologia: abrange os estudos conceituais e epistemológicos
abordando questões como a definição da tecnologia e suas relações com a ciência e
com os critérios de eficácia tecnológica; merece destaque Mitcham (1989, 1994).
9 Estilo de vida americano. É um exemplo de uma modalidade comportamental desenvolvida no século 17 e
praticada até hoje. Se refere a um nacionalismo que se propõe aderir aos princípios de vida, liberdade e a procura da
felicidade (direitos não-alienáveis de todos estadunidenses de acordo com a Declaração de Independência). Pode-se
relacionar o American way (ou American way of life) com o American dream.
38
iii. Ética da ciência e da tecnologia: devido aos problemas sociais e as questões éticas
que aparecerem devido ao desenvolvimento científico-tecnologico. Autores
representantes desse tema defendiam que limites deveriam ser impostos ao
desenvolvimento em função de valores humanos que precisavam ser preservados.
Diversas áreas foram motivos para os trabalhos desenvolvidos dentro desse tema:
ética ambiental, ética nuclear, ética biomédica, ética informática, etc.
iv. Autonomia da tecnologia e determinismo tecnológico: constituem-se como um
dos pontos críticos da tradição americana. Autores desse tema discutem se a
tecnologia possui leis de desenvolvimento, inerentes e inevitáveis que ficam fora do
alcance e do controle humano. As discussões partem geralmente da obra de Jacques
Ellul (1954), o mais forte defensor da tese do determinismo tecnológico, para
explorar as possibilidades de liberdade humana no cenário tecnológico global
(HACKMAN, 1985 e WINNER, 1977 apud GARCÍA et al, 2000; ROSE, 2003).
v. Critica política da tecnologia: estudo das relações entre tecnologia e sociedade,
analisando problemas políticos da tecnologia (WINNER, 1983 e ROSZAK, 1986
apud GARCÍA et al, 2000).
vi. Avaliação e controle social: a reflexão política da tecnologia deriva da análise de
modelos de gestão mais apropriados para controlar de modo mais eficaz e legítimo o
desenvolvimento científico-tecnológico. Assim, são comuns propostas para a
democratização da política tecnológica. Nessa frente de estudo pode-se incluir
também reflexões sobre as conseqüências sociais das tecnologias particulares,
investigações sobre riscos e avaliações de tecnologia, etc.
vii. Crítica religiosa da tecnologia: analisa os problemas e as implicações religiosas da
tecnologia. Os autores dessa linha de pesquisa exploram a relação entre tecnologia e
a natureza humana considerada em sua dimensão religiosa (teológica ou moral). A
recuperação da espiritualidade perdida na nossa sociedade tecnológica e a
compatibilidade entre a cultura cristã e a cultura tecnológica são alguns dos temas
abordados por autores dessa área. Enquanto alguns autores apresentam a religião
como uma forma de transcender os problemas provenientes do desenvolvimento
39
tecnológico (como Clarke, 1963), a crítica religiosa de Lynn White Jr. (1967), tem
características totalmente distintas. Segundo García et al (2000) White defende que
a cultura cristã, com seu Deus Onipotente, criador do ser humano a sua imagem e
semelhança a quem destinou poder para dominar a natureza, é em grande parte
culpada por muitas das conseqüências indesejáveis do desenvolvimento tecnológico,
como, por exemplo, dos problemas ambientais.
Agora, a atenção será focada em alguns destes temas característicos da tradição
americana, assinalando alguns pontos que convergem para a análise da tradição européia.
Um aspecto fundamental (e muitas vezes crítico) da análise da tecnologia na
tradição americana nasceu com os autores influenciados pelas correntes fenomenológica,
existencialista e pragmatista. Os trabalhos fundamentados por essas bases reconhecem a herança
filosófica de Dewey, Ellul, Heidegger, Marcuse, Ortega, etc., para realizar uma crítica à
interferência da tecnologia nas relações homem-natureza. Esse enfoque, próprio da tradição
americana, transformam a filosofia da tecnologia e os estudos CTS em um campo de trabalho
mais centrado em questões éticas e filosóficas do que em questões empíricas ou científicas.
Os autores norte americanos da tradição fenomenológica-existencialista
fundamentaram-se em Ortega, Gasset e Heidegger. Ortega foi um renomado precursor da
filosofia da tecnologia e sua obra Meditação da Técnica, de 1939 (apud GARCÍA et al, 2000),
recebeu merecido destaque. Para Ortega, o ser humano é “um ser técnico” porque sua vida vai
além das necessidades impostas pela natureza. O homem é capaz de interpretar a natureza, criar e
inventar sua própria vida estabelecendo inter-relações com o meio através do uso de técnicas
colocadas em prática após a elaboração de um plano de ação. Assim, a técnica tem a função de
satisfazer as necessidades humanas, de adaptar o meio ao sujeito (mais do que adaptar o sujeito
ao meio). Contudo, as ilimitadas possibilidades oferecidas pela técnica ocidental moderna (ou a
tecnologia propriamente dita) e a ideologia do progresso associada a ela, acabam atrofiando a
capacidade criativa do ser humano e sua habilidade para elaborar projetos e alcançar metas
(CONILL, 1989 e MITCHAM, 1989 apud GARCÍA et al, 2000).
O enfoque fenomenológico-existencialista de Martin Heidegger, aplicado à reflexão
sobre a tecnologia aparece em uma de suas conferências, intitulada A Pergunta pela Técnica
40
(1954 apud GARCÍA et al, 2000), coincide com muitos pontos de Ortega, especialmente com as
características que diferenciam as técnicas antigas das modernas. Aponta que a tecnologia pode
ser melhor definida como técnica científica do que como ciência aplicada e tece críticas à mesma.
Para Heidegger, a tecnologia moderna é uma forma de verdade que implica ações que forçam a
natureza e cujos resultados são artefatos para o consumo sem nenhum valor intrínseco. Assim, a
natureza deixa de ser objeto e converte-se em recurso (DREYFUS, 2003).
Segundo afirma García et al (2000), a tecnologia não é um mero produto da vontade
humana, mas sim, tem a essência, em uma espécia de vontade impessoal que emana da própria
realidade ao encontrar-se esta, aberta à manipulação tecnológica. Assim, Don Ihde (1979 apud
GARCÍA et al, 2000) concorda com Heidegger ao priorizar a técnica sobre a ciência e analisar o
modo como percebemos o mundo através de artefatos tecnológicos, como por exemplo, a
televisão. A experiência humana, incluindo a auto-percepção e a auto-interpretação são
sutilmente transformadas mediante nossa relação com a ciência incorporada nas máquinas
(IHDE, 1983 e 1990 apud GARCÍA et al, 2000). Deste modo, o estudo filosófico da tecnologia é
entendido primeiramente como o desenvolvimento de uma fenomenologia das relações homem-
máquina-mundo. Todas as relações mediada pela tecnologia supõem uma ampliação da
capacidade do homem, contudo, ao mesmo tempo, reduz as perspectivas (como exemplo,
podemos tomar o microscópio que nos permite ver ampliadas muitas características do mundo
pequeno ao mesmo tempo em que reduz drasticamente nosso campo de visão). Essa estrutura
dialética supõe uma crítica tanto do tecno otimismo ingênuo como do tecno pessimismo
catastrofista.
Autores como Paul Durbin e Larry Hickman se enquadram mais na tradição
pragmatista assim como John Dewey, com obras de 1929 (apud GARCÍA et al, 2000), e
considerado por muitos como o autor mais influente dentro do pragmatismo norte americano
(GARCÍA et al, 2000).
Agora, de forma breve, resta comentar do último pioneiro da moderna filosofia da
tecnologia, Jacques Ellul, cuja análise sistemática da técnica tem uma orientação mais
sociológica que filosófica. Ellul, francês cujas obras (O Século XX e Técnica, de 1954 apud
GARCÍA et al, 2000) tiveram grande repercussão nos EUA, defende que o fenômeno técnico
41
(tecnologia moderna) tem sete características fundamentais: a racionalidade, a artificialidade, o
autoritarismo da eleição técnica, o auto-crescimento, a indivisibilidade, o universalismo e a
autonomia. Foi precisamente a tese da autonomia da tecnologia, e seu corolário, o determinismo
tecnológico, que despertou maior interesse em pensadores como Langdon Winner. Ellul adota
uma postura profundamente pessimista e acredita que a tecnologia é antropomórfica e os seres
humanos estão completamente condicionados pela civilização tecnológica (STIVEIRS, 2001).
Dessa maneira, Ellul defende a existência de uma ética de não poder, segundo a qual os seres
humanos devem aceitar não desenvolver tudo aquilo que são capazes de realizar, pois somente
desse modo a humanidade poderá libertar-se da escravidão tecnológica e buscar novas atitudes
vitais não determinadas pela tecnologia (GARCÍA et al, 2000; ROSE, 2003).
Winner, em 1977 (apud GARCÍA et al, 2000), desenvolve a idéia sugerida por Ellul
de que o desenvolvimento da tecnologia moderna implica a criação de uma nova forma de vida
política, a política tecnológica. Para Winner, as tecnologias são como formas de vida. Assim,
apresenta uma proposta que para recuperar algumas das características das formas de vida
política tradicionais, inclui a introdução de novas tecnologias cujo desenvolvimento esteja aberto
à participação de todos, pois afirma que estas precisam ser compreensíveis para o público leigo,
flexíveis e que não tenham tendência para criar dependência (WINNER, 1977 apud GARCÍA et
al, 2000).
Outro autor que merece destaque é Ivan Illich. Sua obra, um tanto quanto difícil de
ser classificada, esta fortemente relacionada com os movimentos de crítica social dos anos 1960 e
1970. Illich critica inúmeros aspectos estruturais que definem e determinam nossa cultura
ocidental: a educação, o sistema de saúde, as relações de produção, o sistema de transportes, etc.
Ao conceber todos esses elementos como “tecnologias sociais” que realizam, a partir de
diferentes frentes, a tarefa comum de adaptar o indivíduo ao sistema, a obra de Illich converge
com todas as outras críticas ao determinismo tecnológico. Na obra A Sociedade Desescolarizada,
de 1970 (apud GARCÍA et al, 2000), defende a tese de que a escola é o principal ritual da
sociedade de consumo. A institucionalização dos valores (não só da educação, mas também da
saúde física e mental, o bem estar, etc) conduz o ser humano à degradação e à alienação
(GARCÍA et al, 2000).
42
Para abordar de forma adequada os problemas da nossa sociedade tecnológica, Illich
afirma que é necessário uma compreensão apropriada das características e das ferramentas
tecnológicas, bem como sua interação com a natureza e a sociedade. As tecnologias,
denominadas por Illich de ferramentas, passam por estágios de mutação. Primeiro se tornam
produtivas, depois disfuncionais, pois se convertem em fins de si mesmas. Como exemplo
podemos tomar o carro, que no princípio melhorou as possibilidades de mobilidade e
comunicação do ser humano, porém, conforme foi sendo aperfeiçoado, ganhando velocidade e
aerodinâmicas inovadoras, a sociedade foi pouco a pouco convertendo-se em sua escrava. Para
Illich, as tecnologias, para serem usadas de fato em detrimento do bem estar humano, deveria
possuir características parecidas com as propostas por Winner: devem ser escolhidas livremente;
devem representar uma expressão da vida pessoal e não podem ser monopolizadas por nenhum
tipo de elite profissional. Assim, a tecnologia seria capaz de fomentar a criatividade, a autonomia
e a liberdade individual (ILLICH, 1973 e CAYLEY, 1992 apud GARCÍA et al, 2000).
O interesse prático da tradição americana se pode constatar no trabalho de diversos
autores contemporâneos que se dedicam a analisar as conseqüências sociais das tecnologias sem
compromissos com enfoques disciplinares concretos. Nesse sentido podemos citar trabalhos
como de Dorothy Nelkin e Sheila Jasanoff. Nelkin (1992 apud GARCÍA, 2000) desenvolveu
trabalhos sobre as conseqüências sociais da engenharia genética centrando suas investigações no
estudo das controvérsias científicas e tecnológicas. Nelkin não compartilha das visões relativistas
ou construtivistas dos sociólogos do conhecimento científico; a autora busca fazer a distinção
entre conhecimento científico e sua difusão no contexto social amplo, entre a ciência e o uso que
se faz da mesma em processos de tomada de decisões ou no apoio a determinadas opções
políticas. Seu interesse é prático e diretamente relacionado com a ênfase da tradição americana
nas conseqüências sócias do desenvolvimento tecnológico, assumindo unicamente compromissos
epistemológicos necessários para dar conta desse fim.
Outro tema que habitualmente tem ocupado espaço de destaque na tradição
americana é a utilização do conhecimento científico, o papel dos experts no assessoramento
político ou nos tribunais e a imagem da ciência nos meios de comunicação.
A relação dos estudos sociais da C&T nos EUA com movimentos de protesto de
43
ampla base social, o ativismo e as preocupações praticas, se torna também evidente na obra de
autoras relacionadas com o movimento feminista. A crítica feminista das C&T, concebida como
uma crítica às diferenças que o sexo impõe a certas tecnologias ou atividades científicas. O
discurso varia desde críticas ao possível fato de que a ciência sempre foi feita por homens até
posturas mais radicais que apontam possibilidades de uma “ciência feminina”, com
características radicalmente distintas da “ciência masculina” (SILVA, E. B., 1998; GARCÍA el
al, 2000; GONZÁLEZ GARCÍA & SEDEÑO, 2002; VARMA, 2002). Para alguns autores, a
própria ciencia ocidental era sexista e construída embasados em pressupostos de dominação
masculina (CLAIR, 1996 apud GONZÁLEZ et al, 2002; GONZÁLEZ et al, 2002). O
pensamento feminista, denominado também como “estudos sobre o gênero” (gender studies), tem
realizado importantes investigações nos estudos sociais das C&T e acabaram estabelecendo uma
ponte com a tradição européia. Não se trata unicamente de uma crítica das implicações sociais de
certas tecnologias como responsáveis pela perpetuação da desigualdade sexual, mas também
busca apontar como os pressupostos fatores de desigualdade contribuem para a produção tanto
dessas tecnologias como de determinadas teorias científicas. Segundo García et al (2000), autoras
como Ruth Bleier, Donna Haraway, Sandra Harding, Ruth Hubbard, Evelyn Fox Keller, Helen
Longino, Margaret Rossiter, Joan Rothschild e Londa Schiebinger são algumas das autoras que
têm tentado mostrar a importância do fator sexo no desenvolvimento científico e tecnológico.
Existe ainda, dentro da tradição americana, um conjunto de autores que centram
suas análises no plano filosófico, porém, não no campo da ética ou na filosofia política, mas sim
na tradicional filosofia da ciência. Todos eles têm contribuído ao que tem sido chamado de
“reação acadêmica” frente à concepção da ciência herdada do empirismo lógico. Como exemplo,
podemos citar Steve Fuller, Ronald Giere, Philip Kitcher, Helen Longino, Joseph Pitt e Kristin
Sharader-Frechette (GARCÍA et al, 2000).
A filosofia da ciência na tradição americana tem seguido, de certo modo, o caminho
inverso ao da tradição européia (da ciência à tecnociência). Neste caso, algumas das
características próprias do estudo da tecnologia na tradição americana passam ao estudo da
ciência, como por exemplo, a influência pragmatista e interesse normativista. Contudo, isso
somente ocorreu quando os estudos sociais da ciência estavam muito desenvolvidos na Europa e
acabaram influenciando os trabalhos nos EUA. Uma tendência comum da filosofia da ciência nos
44
EUA é a adesão à naturalização e às idéias de Kuhn da análise empírica da ciência. Essas
características surgem com a intenção de se resolver questões filosóficas sobre o descobrimento,
o desenvolvimento e as justificativas das idéias científicas. Por um lado, existe uma tendência
que propõe explicações baseadas na psicologia e nas teorias de construção cognitiva do
conhecimento nos indivíduos. Por outro lado, enfoque tradicionais em CTS originados na
tradição européia tem defendido a relevância explicativa da sociologia e, entendendo as teorias
como construções sociais, buscam manter teses relativistas (GARCÍA et al, 2000).
Os adeptos do naturalismo sociológico partem da compreensão da ciência como
uma atividade fundamentalmente coletiva e conservam características típicas do estudo da
tecnologia da tradição americana, dando ênfase nos aspectos práticos e valorativos, atenção às
conseqüências do desenvolvimento científico-tecnológico e na tendência do compromisso social.
2.6. UMA TERCEIRA TRADIÇÃO: O FATOR ECONÔMICO
Voltando um pouco no tempo, antes da Segunda Guerra Mundial, a ciência e a
tecnologia concretizaram-se como peça chave para o desenvolvimento econômico e social dos
países do Ocidente. Um alto investimento foi destinado a essas áreas para a formação de equipes
de pesquisa que passaram a buscar o desenvolvimento a longo prazo. Nessa empreitada,
especialistas de diversas áreas se reuniam e o trabalho desenvolvido deu uma ênfase maior à
indústria bélica, culminando na criação das armas nucleares e mísseis de longo alcance. Também
fora preciso estabelecer convênios civis e contratos com empresas para que os projetos não
ficassem tão onerosos para os governos. Assim, ao mesmo tempo em que buscou desenvolver
conhecimentos científicos e habilidades técnicas, os países envolvidos ampliaram a gestão de
diversos aspectos sócio-econômicos privados estabelecidos na parceria rumo ao progresso
(GARCÍA et al, 2000).
Uma das principais características da universidade norte-americana é a grande
capacidade de resposta frente às demandas sociais. Durante os anos 1950 criaram-se
universidades por conta do programa Science, Technology and Public Policy (STPP), para a
formação de profissionais destinados à gestão das C&T, onde recebiam formação plural em
45
economia e ciências políticas aplicadas as C&T. Seu foco era alimentar as agências do governo, a
administração e as grandes corporações industriais e organismos (públicos ou privados) de
pesquisa.
Mesmo apresentando a idéia rapidamente é possível perceber que os programas
STPP têm pouca relação com as duas tradições mostradas anteriormente, pois aquelas nasceram
da reação acadêmica e social. Contudo, ao falarmos dessas reações, deixamos um pouco de lado
os fatos que estavam ocorrendo na economia e na política. E esses pólos têm demasiada
importância para não serem abordados, pois estes programas começaram a oferecer uma imagem
das relações CTS diferente da tradicional e, até certo ponto, com algumas características comuns
às duas tradições, contribuindo assim, com algumas renovações na área (GARCÍA et al, 2000).
2.6.1. ECONOMIA E GESTÃO DAS C&T
A economia da tecnologia tem centrado-se, tradicionalmente, no processo de
difusão das tecnologias. Em geral, a tecnologia era vista, como na concepção neoclássica, como
um bem, e as empresas, como consumidores. Para explicar a inovação tecnológica, os
economistas recorriam ao estudo das relações oferta x procura, pesquisa x desenvolvimento e
aumento da produtividade. Dado um conjunto de tecnologias, os empresários selecionariam
aquelas que pudessem proporcionar aumentos dos benefícios. Esse enfoque foi duramente
criticado e nas últimas décadas do século passado muitos economistas (neo-schumpeterianos)
passaram a seguir as idéias de Joseph Schumpeter, considerando a inovação como um dos
problemas econômicos de maior alcance. Para Schumpeter, o empresário inovador não escolhe
uma dentre todas as possibilidades, mas sim amplia o número dessas possibilidades sobre as
quais se pode fazer uma escolha.
Conforme afirma Rocha Neto (1998), o conceito de inovação tecnológica é
essencialmente econômico tendo em vista que compreende a apropriação comercial de
conhecimentos técnico-científicos para o aprimoramento de bens e serviços utilizados pela
sociedade. Avanço científico, novidade, descoberta ou invenção, são termos que não podem ser
tratados como sinônimo de inovação, pois esta última requer a sanção do mercado. Desta forma,
46
a inovação compreende a introdução de serviços ou produtos, novos ou modificados, no mercado,
ou ainda a apropriação comercial pioneira de invenções, práticas organizacionais, conhecimentos,
processos ou técnicas de produção. Assim, a inovação pode ter sua base em descobertas técnico-
científicas inteiramente novas, modificando de forma radical práticas sociais e econômicas, ou
podem ser mais brandas ao só aperfeiçoar produtos, serviços ou processos já existentes (ROCHA
NETO, 1998).
Assim, as inovações não se relacionam apenas com questões de ordem técnico-
científica, como também apresentam dimensões de ordem política, econômica e social e cultural.
As múltipas possibilidades de escolha afetam de forma diferenciada o ambiente social e natural,
caracterizando a dimensão política das inovações. A tecnologia, se pensada como uma forma de
poder e de dominação, envolve necessariamente considerações de ordem política. Segundo Rocha
Neto (1998), Schumpeter afirma que o empresário inovador é o agente que introduz no mercado
novos produtos e induz os consumidores a demandá-los, por meio das mais eficientes
combinações. Esses argumentos sugerem relações de interdependência entre todas as dimensões
do processo inovativo, que são complexos e dinâmicos. Dessa forma, essas relações não podem
ser descritas de maneira adequada por modelos lineares, baseados em relações temporais
imutáveis, ou de causalidades simples e diretas, seja com base nas oportunidades ensejadas pelo
progresso técnico-científico, seja a partir da demanda de mercado. Os limites que os modelos
lineares impõem, algumas vezes apresentados na literatura especializada, são evidentes, pois o
processo técnico-econômico revela-se muito mais complexo, compreendendo a interação de
inúmeros fatores que precisam atuar de forma sinérgica para favorecer a introdução de inovações.
Posteriormente, as inovações introduzidas pelo empresário audaz se expandiriam.
Nesse sentido, o autor concebe as alterações tecnológicas como um processo evolutivo no qual se
produzem interações entre diversidade tecnológica e seleção por parte do meio. Nessa
perspectiva, a tecnologia não pode ser concebida como elemento exógeno, e sim endógeno ao
processo econômico tendo em vista que a inovação tecnológica se relaciona de forma cada vez
mais estreita com o desenvolvimento das forças produtivas, com a atividade econômica, com o
mundo do trabalho e com a cultura das sociedades, permitindo uma flexibilidade crescente das
organizações de produção, das formas de consumo e da gestão da atividade econômica e social.
(PEREIRA, 1997; SUTZ, 1998; GARCÍA et al, 2000; ARAGÓN, 2000 apud CARRERA, 2001).
47
A pesquisa evolucionista das mudanças tecnológicas é um dos pontos dos estudos
sociais da tecnologia que sofreu impulso mais significativo nas duas últimas décadas do século
anterior, tanto no que se refere a trabalhos empíricos como na elaboração teórica e construção de
modelos. Este trabalho, embasado pelos escritos de García et al (2000), se preocupará a seguir
somente com as características mais significativas da conceitualização da tecnologia pelos
teóricos evolucionistas, comparando-as com outras visões dos estudos sociais das C&T. Como
referência, podemos citar um conjunto básico de economia evolucionista das mudanças
tecnológicas os seguintes autores: Clark & Juma (1987); Coombs, Saviotti & Walsh (1987); Dosi
et al (1988); Fransman (1986); Freeman & Soete (1990).
Segundo Luján López (1993 apud GARCÍA et al, 2000), uma maneira comum de se
explicar os processos do desenvolvimento tecnológico é dividindo as mesmas em duas
categorias: uma gradual, que inclui somente os processo de difusão, e a outra mais abrupta, que
aborda as gerações de variações. A seguir, veremos estas duas categorias.
2.6.2. AS MICROINOVAÇÕES
Segundo García et al (2000) Richard Nelson e Sidney Winter, pioneiros da
economia evolucionista do desenvolvimento tecnológico, não acreditam que os processos de
alterações graduais (ou microinovações) possam ser explicados através da maximização da
ganância dos empresários. Seu enfoque é evolucionista porque emprega conceitos de tentativa e
erro nos procedimentos rotineiros das empresas. Para estes autores, o ambiente de seleção opera
de modo darwiniano: as empresas que prosperam mais são aquelas que têm rotinas mais
adaptáveis, apresentando mudanças graduais e cumulativas. Outros autores como, por exemplo,
Mokyr citado por García et al (2000), propõem que são as tecnologias, e não as empresas, as
unidades de evolução. Na taxonomia das inovações propostas por Christopher Freeman e Carlota
Pérez, as microinovações são contínuas em qualquer indústria ou atividades de serviço e tem sua
intensidade variando de país para país, dependendo da pressão da demanda, de fatores sócio-
culturais, de oportunidades tecnológicas, etc. Assim, não é necessariamente o resultado
deliberado de atividades de P&D, mas sim, melhorias introduzidas por indivíduos relacionados
com o processo de produção ou por consumidores (FREEMAN & PÉREZ, 1988 apud GARCÍA
48
el al, 2000; CARRERA, 2001).
2.6.3. AS MACROINOVAÇÕES
Alguns autores, também dentro da escola evolucionista, acabaram indo mais longe
que Nelson & Winter no referente a trajetórias. Giovani Dosi introduziu a noção de “paradigma
tecnológico”, ou seja, uma trajetória tecnológica condicionada por um ambiente de seleção
específico. Um paradigma tecnológico define as necessidades que devem ser satisfeitas, os
princípios científicos e as tecnologias materiais que devem ser utilizadas. Em outras palavras, um
paradigma tecnológico é um modo geral para a solução de problemas tecno-econômicos
empregando-se conhecimento científico disponível (DOSI, 1982 apud GARCÍA et al, 2000);
dessa maneira um paradigma tecnológico define as futuras oportunidades de inovação e alguns
procedimentos básicos para desenvolve-las, concentrando esforços em uma direção escolhida. Ao
utilizar esses conceitos os economistas evolucionistas querem indicar que as “mutações”
tecnológicas oferecidas ao mercado não são aleatórias, pois dependem de intencionalidade e da
canalização de esforços10
.
As possibilidades de integrar as investigações econômicas e sociologias na análise
do desenvolvimento tecnológico são bastante claras. É necessário explicar, desde pontos de vista
sociológico, político, institucional, econômico, etc., e também relacionando com os avanços
científicos e tecnológicos, como se constrói um ambiente de seleção concreta que durante um
longo período de tempo determinará quais inovações terão êxitos e quais não. Isso significa
estudar a interação entre tecnologia e sociedade como um processo co-evolutivo.
2.6.4. GESTÃO E POLÍTICA DAS C&T
A gestão e a formulação de políticas tradicionais se baseavam principalmente na
concepção econômica neoclássica da tecnologia. A translação dessa concepção à gestão e política
10
Os sociólogos do conhecimento, na definição dos paradigmas tecnológicos, se basearam na obra de Thomas Kuhn,
A Estrutura das Revoluções Científicas (1962), que defendia a existência dos fatores epistêmicos como
condicionantes das mudanças científicas.
49
científico-tecnológica é um modelo (modelo de osmose11
) onde a ciência básica é condição
necessária e suficiente para a inovação tecnológica que, ao mesmo tempo, conduz ao aumento da
produção, ao crescimento econômico e ao bem estar social. Dada essa explicação do problema, a
política científico-tecnológica deveria consistir no apoio à ciência básica, já que a economia de
mercado livre não dá conta desse requisito. A pesquisa científica não é rentável para os
empresários, mas é socialmente necessária porque desencadeia o surgimento de inovações. Por
isso, os estado deve assumir os encargos econômicos da ciência. Os passos seguintes que
conduzem ao crescimento econômico se consideram automáticos devido ao próprio
funcionamento do mercado (modelo linear de inovação12
), tal como apontam teóricos da
economia neoclássica (BUSH, 1945 e LÓPEZ & FERNÁNDEZ, 1993 apud GARCÍA et al,
2000).
Nathan Rosenberg, conhecido estudioso da tecnologia, afirma que todo mundo sabe
que o modelo linear de inovação está morto (ROSENBERG, 1991 apud GARCÍA et al, 2000).
Na atualidade, poucos analistas de políticas de desenvolvimento de C&T acreditam na idéia de
que a transferência de resultados da investigação básica para a investigação aplicada e por sua
vez, à inovação industrial é um modelo concebível.
Uma rápida busca na história poderá auxiliar na identificação da relação entre as
concepções sobre a conexão entre a pesquisa científica e a inovação tecnológica por um lado, e as
estratégias da política científico-tecnológica por outro. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial
três condições distintas das C&T, que culminaram em diferentes modelos de gestão, que segundo
Beatriz Ruivo, podem ser entendidos com três paradigmas (RUIVO, 1994 apud GARCÍA el al,
2000):
i. O paradigma da ciência como motor do progresso: a mudança tecnológica é
concebida de forma linear e como conseqüência do empurrão da ciência. Nessa fase,
o objetivo era a investigação básica, na versão Big Science. No que se refere à
11
Segundo García et al (2000), o modelo de osmose requer a permeabilidade das membranas CTS somente do centro
até a periferia. Este modelo coincide com o caráter unidirecional da familiar ideologia do progresso: mais ciência =
mais tecnologia = mais riqueza = mais bem estar social.
12 Modelo linear de inovação: um aumento do conhecimento científico é condição suficiente para a inovação
industrial e o crescimento econômico.
50
gestão, não se percebe a necessidades de instruções específicas, compatibilizando
assim, o financiamento público com a manutenção da autonomia da comunidade
científica.
ii. O paradigma da ciência como solução de problemas: se caracteriza pela ênfase
no caráter aplicado da pesquisa. Assim como o paradigma anterior compartilha a
noção do modelo linear do desenvolvimento tecnológico, contudo, apresentando um
princípio causal distinto: o empurrão da demanda. A política de C&T tem o objetivo
de estabelecer prioridades relacionadas com o crescimento econômico e a
competitividade. A atuação dos poderes públicos centra-se no estabelecimento de
vínculos entre o sistema de P&D e os agentes produtivos.
iii. O paradigma da ciência como recurso estratégico: conceitua a mudança
tecnológica como resultado da um conjunto de processos, produto da interação entre
diferentes atores sociais e institucionais. A política de C&T leva em conta as
necessidades de longo prazo e as demandas sociais em sentido amplo. Os
instrumentos para tal finalidade são instituições mediadoras que possibilitam um
fluxo comunicativo entre os diferentes âmbitos sociais envolvidos nos processos de
desenvolvimento tecnológico.
Conforme sugere García et al (2000), esse modelo histórico sistemático proposto por
Ruivo destaca os principais pontos da política de C&T, porém não podemos pensá-lo de forma
uniforme em diferentes partes do mundo. Cada país, respeitando suas condições internas, de uma
maneira ou outra trilharam caminhos parecidos. Uma forma de interpretar a evolução da política
de C&T e sua relação com os estudos sociais das C&T deve levar em conta, em primeiro lugar,
que durante o século XX houve uma produção significativa, pública e acadêmica, de C&T. A
concepção dessas atividades como sendo neutras e livres de intervenção externa mudou e passou
a levar em conta a dependência do contexto e da capacidade para induzir mudanças sociais,
políticas e culturais. Em um segundo momento, é preciso considerar que as políticas de C&T
passaram por um processo de socialização, tendo o segundo dos paradigmas como o primeiro
passo no sentido de orientar as C&T rumo ao desenvolvimento econômico e o terceiro paradigma
como orientador da C&T rumo a metas sociais econômicas. Isso leva a entender, que como o
51
passar do tempo que os empreendimentos científico-tecnológicos foram sendo orientados
socialmente, na busca por um projeto público (GARCÍA et al, 2000).
Todavia, o processo de socialização das políticas de C&T não foi completo nem
tampouco uniforme. Em suma, quando questionamos as idéias da economia neoclássica, o
modelo de osmose e o modelo linear de inovação, a política e a gestão das C&T devem levar em
conta a grande variedade de fatores que se relacionam com a inovação tecnológica e produtiva.
Desde suas origens, os programas STPP têm ocupado da formação de gestores de C&T. As
mudanças também significam mudanças nos STPP e a convergência entre esses programas e os
CTS é possível e necessária: a gestão das C&T se beneficiaria do conhecimento proporcionado
pelas novas orientações sociais no estudo das C&T e estas, poderiam ter um dimensão prática da
forma como realmente deveria ser.
Abordados as diferentes variações dos estudos CTS, apresentaremos no capítulo
seguinte as particularidades dos diferentes pontos atribuídos à tecnologia.
53
3. AS FACETAS DA TECNOLOGIA: MITOS E REALIDADES
Já foi dito, e é sabido, que não é difícil reconhecer a importância que a tecnologia
tem hoje em dia, em todos os âmbitos da nossa sociedade. Basta prestar atenção no nosso redor.
E devido a este fato, é surpreendente verificar que o estudo do fenômeno tecnológico não
suscitou o merecido interesse acadêmico ao longo de tantos anos. Talvez isso se dê graças às
diversas formas como a tecnologia vem sendo interpretada ao redor do mundo que gerou um
clima confuso e obscuro ao redor da sua conceituação.
A diversidade das formas como a tecnologia foi e é desenvolvida e estudada ao
longo dos anos que o homem habita e modifica o mundo só nos faz perceber que a tecnologia
estrutura-se em um campo próprio do conhecimento englobando outros aspectos como o cultural
da sociedade onde se desenvolve e o organizacional (GILBERT, 1992; VERASZTO, 2004).
Vargas (2001) afirma que a tecnologia exige por parte dos seus agentes um profundo
conhecimento de como e por quê seus objetivos são alcançados, além de exigir uma reformulação
de estruturas e metas da sociedade onde se instala. Assim, a tecnologia pode ser vista como um
conjunto de atividades humanas associadas a um intrincado sistema de símbolos, máquinas e
instrumentos, sempre visando a construção de obras e artefatos, segundo métodos e processos
oriundos da ciência moderna (VARGAS, 2001).
Contudo, antes de aprofundar essa reflexão, faz-se importante, nesse momento,
realizarmos uma análise crítica de algumas concepções anacrônicas e distintas da tecnologia.
Não se tratam de teorias bem articuladas sobre a natureza da tecnologia, mas sim imagens
populares arraigadas no público de uma maneira geral, presentes com freqüência em divulgações
científicas e propostas implicitamente por grande número de experts. Assim como García et al
(2000), consideramos que estas imagens, com sua pré-suposição da autonomia e neutralidade das
C&T, tem favorecido uma imagem da evolução tecnológica que mantém o dilema, errôneo, da
eficiência interna x interferência externa, dando lugar a uma determinada concepção da avaliação
tecnológica que sustenta, por sua vez, um modelo tecnocrático de ordem política (ILERBAIG &
LUJÁN LÓPEZ, 1990 e LÓPEZ CEREZO, 1993 apud GARCÍA et al, 2000).
54
Através do rápido levantamento histórico apresentado nos dois capítulos
precedentes é possível entender um pouco mais a evolução da tecnologia bem como seus estudos
desenvolvidos pela civilização Ocidental. E por constatar tal diversidade de opiniões e estudos é
que optamos por apresentar um capítulo que não tem a pretensão de esgotar o assunto, mas sim a
de estabelecer requisitos que possam auxiliar no sentido de desmistificar, ou simplesmente
entender melhor, alguns mitos tecnológicos. Somente assim é que podermos partir para pretensa
conceituação própria e para a construção do nosso instrumento de pesquisa.
Abaixo, seguem as concepções, cujos referenciais teóricos, em sua grande maioria,
serão apresentados no Quadro 3.1.
3.1. CONCEPÇÃO INTELECTUALISTA DA TECNOLOGIA
Compreende a tecnologia como um conhecimento prático derivado direta e
exclusivamente do desenvolvimento do conhecimento teórico científico através de processos
progressivos e acumulativos, onde teorias cada vez mais amplas substituem as anteriores. É um
modelo hierárquico, onde a tecnologia é subordinada das ciências (referências no Quadro 3.1).
A concepção da tecnologia como ciência aplicada é muito comum no mundo
acadêmico (referências no Quadro 3.1), como podemos ver em duas passagens selecionadas e
abaixo transcritas:
A tecnologia é considerada a aplicação com finalidades práticas do
conhecimento, das leis e dos princípios científicos (RENNIE, 1987 apud
ACEVEDO DÍAZ, 2002b, p. 7).
A principal ocupação do cientista é encontra o modo de fazer as coisas, enquanto
que do engenheiro consiste em fazer-las (BERNAL, 1964 apud ACEVEDO
DÍAZ, 2002b, p. 1).
Nessa perspectiva a tecnologia é um conhecimento prático (pelo menos desde o final
do século XIX) derivado diretamente da ciência, do conhecimento teórico. As teorias, conjuntos
de enunciados que tratam de explicar, usando argumentos causais, o mundo natural, são
objetivas, racionais e livres de qualquer valor externo à própria ciência. O desenvolvimento do
conhecimento científico se concebe como um processo progressivo e acumulativo, articulado
55
através de teorias cada vez mais amplas e precisas que vão substituindo as ciências passadas. As
teorias podem, em alguns casos, ser aplicadas para a obtenção de tecnologias, porém, a ciência
pura não tem relação nenhuma, pelo menos a princípio, com a tecnologia. Todas as teorias
antecedem as tecnologias, de forma que não existe tecnologia sem teoria, mas o inverso pode
acontecer: é concebível a existência de teorias sem tecnologias (GARCÍA et al, 2000).
Um dos autores que merece destaque dentro desse enfoque cognitivo ou
intelectualista é Bunge. Suas ideáis influenciaram em pressupostos filosóficos que reduzem a
mesma a um conjunto de regras deduzidas de leis científicas condicionando assim o
desenvolvimento tecnológico à investigação científica (referências no Quadro 3.1).
Como apontado acima, é um modelo hierárquico, onde muitos costumam associar a
tecnologia como uma mera subordinada das ciências, sendo diversas vezes concebida como uma
simples aplicação do conhecimento científico através da atividade prática, com particular
referencia aos diversos procedimentos para a transformação das matérias-primas em produtos de
uso ou de consumo, chegando até mesmo a defini-la como a ciência da aplicação do
conhecimento para fins práticos. Como o "explicar" e o "teorizar" são, até hoje, envoltos em uma
atmosfera mais coerente e estrutural, a Ciência sempre teve o status quo de campo do saber de
“primeira classe” enquanto a tecnologia ficou restrita a um “nicho” de aplicação e de
conseqüência daquela (ACEVEDO, 1998; LAYTON, 1988).
3.2. CONCEPÇÃO UTILITARISTA DA TECNOLOGIA (TECNOLOGIA
COMO SINÔNIMO DE TÉCNICA)
Considera a tecnologia como sendo sinônimo de técnica. Ou seja, o processo envolvido em
sua elaboração em nada se relaciona com a tecnologia, apenas a sua finalidade e utilização são pontos
levados em consideração (ACEVEDO DÍAZ, 2002b). Um ponto de vista extremamente prático e
aplicado da tecnologia (referências no Quadro 3.1).
Bunge (1972 apud OSORIO M, 2002) salienta que a tecnologia deve ser precisa e
eficiente (mais ou menos como a técnica grega) e não deve preocupar-se em constatar teorias,
pois se isso feito seria demasiado pobre por não apresentar pressupostos robustos que a
56
sustentem. Dessa forma, os resultados tecnológicos podem ser considerados mais satisfatórios,
quanto maior a eficiência.
Anteriormente, na revisão histórica, já foi feito menção desta concepção. No mais,
vale ressaltar que, segundo um sentindo elementar, se pode considerar a técnica como um
conjunto de conhecimentos (habilidades e competências) eficazes que o homem desenvolveu ao
longo dos tempos para melhorar sua maneira prática de viver. Contudo, graças ao
desenvolvimento da civilização ocidental, chegou o momento que a dimensão puramente prática
sentiu a necessidade de saber os por quês. Assim, a procura por esclarecimentos uniu a parte
prática com a lógica, dando início histórico ao surgimento da tecnologia (AGAZZI, 2002).
Mesmo tendo origens semelhantes, ambas representam conceitos distintos. Contudo, são
entendidas como sinônimos pelo senso comum, criando uma grande confusão (AGAZZI, 2002;
VERASZTO, 2004).
3.3. CONCEPÇÃO DA TECNOLOGIA COMO SINÔNIMO DE CIÊNCIA
Compreende a tecnologia como Ciência Natural e Matemática, com as mesmas
lógicas e mesmas formas de produção e concepção. Essa é outra associação bastante comum
(referências no Quadro 3.1).
3.4. CONCEPÇÃO INSTRUMENTALISTA (ARTEFATUAL) DA
TECNOLOGIA
Considera a tecnologia como sendo simples ferramentas ou artefatos. É o ponto de
vista mais arraigado em nosso cotidiano e predominante no senso comum. É o mito da máquina
que reina como forma de opinião soberana em nossa sociedade (LION, 1997; PACEY, 1983;
ACEVEDO DÍAZ, 2003a, 2003b; OSORIO M., 2002). È concepção predominante no senso
comum e entende a tecnologia como sendo simples ferramentas ou artefatos construídos para
uma diversidade de tarefas. Sustentar essa imagem significa afirmar que não existe uma diferença
essencial entre os utensílios de pedra da antiguidade e os modernos artefatos tecnológicos
57
(GARCÍA et al, 2000, p. 130).
Esse ponto de vista gera grandes confusões por acreditar que a produção tecnológica
consiste apenas nos equipamentos gerados a partir da mesma. Isto pode fazer com que se acredite
que basta saber ligar o equipamento, conhecer as siglas que os fabricantes criam e utilizá-lo, para
ser expert em tecnologia (SILVA et al, 1999). Há ainda uma certa aura de poder pelo uso das
inovações tecnológicas, não apenas entre países, mas também entre pessoas comuns: comprar
algum equipamento novo com mais funções e com mais recursos, que talvez não serão usados,
pode satisfazer certos impulsos fetichistas de consumo e de exercício de uma supremacia, frente
aos seus pares (SILVA et al, 2001). É o mito da máquina e a doutrina do progresso eterno que
ainda reinam como opiniões soberanas em nossa sociedade (referências no Quadro 3.1).
3.5. CONCEPÇÃO DE NEUTRALIDADE DA TECNOLOGIA
Afirma que a tecnologia não é boa nem má. Seu uso é que pode ser inadequado, não o
artefato em si. Considera que os efeitos negativos que uma tecnologia possa vir a trazer para o meio não é
culpa dela, mas sim de uma equivocada política social ou de uma falta de sofisticação que poderia ter sido
empregada na melhor construção desses artefatos. Seria o mesmo que dizer que a tecnologia está isenta de
qualquer tipo de interesse particular tanto em sua concepção e desenvolvimento como nos resultados
finais (referências no Quadro 3.1).
A idéia da neutralidade do conhecimento científico tem sua origem nas próprias
condições de seu surgimento como tal, a partir do século XV, como uma oposição ao
conhecimento (ou pensamento) religioso. Para muitos ciência e religião compartilhariam o
mesmo objetivo: a verdade. A diferença seria que a ciência admite só a autoridade da razão e da
experiência. O Iluminismo foi o primeiro movimento importante que, ao mesmo tempo e não por
acaso, questionou o pensamento religioso e potencializou a idéia da neutralidade. O positivismo,
a partir do final século XVIII, e tendo como base o pensamento de Bacon e Descartes, contribuiu
para reforçá-la. A idéia de que a ciência está livre de valores, que hoje desempenha um
importante papel na compreensão e na imagem pública da tecnociência, está presente, segundo
Koyré (1957 apud DAGNINO, 2007), já nos trabalhos de Galileu. Segundo este autor, a visão de
58
Galileu, de que a natureza permanece surda e inexorável aos nossos desejos (p. 270), teria
levado a que se passasse a [...] rejeitar através do pensamento científico todas as considerações
baseadas em conceitos valorativos, tais como perfeição, harmonia, significado e desejo, e
finalmente à desvalorização última do ser, o divórcio do mundo dos valores do mundo dos fatos
(KOYRÉ, 1957 apud DAGNINO, 2007).
Os artefatos tecnológicos podem ser usados de forma boa ou má, mas é o seu uso
que pode ser inadequado, não o artefato em si. Assim, as tecnologias podem ter alguns efeitos
prejudiciais, mas isso não é culpa dela e sim de uma equivocada política social ou uma falta de
sofisticação que poderia ter sido empregada na melhor construção desses artefatos. Seria o
mesmo que dizer que a tecnologia está isenta de qualquer tipo de interesse particular, tanto em
sua concepção e desenvolvimento, como nos resultados finais (CARRERA, 2001; GÓMEZ,
2001; OSORIO M., 2002). Estes são argumentos que determinam a rejeição a qualquer tipo de
idéia que venha a defender o determinismo tecnológico, pois aponta que as opções tecnológicas
nunca são únicas e a flexibilidade das mesmas permite múltiplas formas de aplicação e gestão.
Se considerada como independente de qualquer sistema político ou social, a
tecnologia pode ser transferida de um país a outro sem dificuldade alguma. Essa visão
reducionista da tecnologia impede sua análise crítica e ignora as intenções e interesses sociais,
econômicos e políticos daqueles que a idealizam, financiam e controlam. Sabemos que a
tecnologia não é neutra; um artefato aparentemente inócuo pode estar carregado de interesses
políticos (e/ou outros) (WINNER, 1985 apud OSORIO M., 2002). A tecnologia, longe de ser
neutra, reflete os planos, propósitos e valores da nossa sociedade.
S egundo García, fazer tecnologia é fazer política. E levando em conta que a política
é um assunto de interesse geral, é fundamental que a sociedade tenha oportunidade de decidir que
tipo de tecnologia deseja. Desta forma, manter o discurso que a tecnologia é neutra, favorece a
intervenção de experts que decidem o que é correto baseando-se em uma avaliação objetiva e
impedindo a participação democrática em discussões sobre planejamento e inovação tecnológica
(GARCÍA et al, 2000).
Como exemplo, podemos citar três. Langdon Winner (1986) mostra que as pontes
de Long Island, em New York, foram construídas muito baixas, com apenas três metros de altura.
59
Robert Moses, arquiteto da cidade, responsável pela idealização das pontes, assim como de
muitos outros parques e estradas nova iorquinas desde 1920, tinha um propósito claro ao projeta-
las assim. Tratava-se de reservar a orla marítima e as praças aos brancos possuidores de
automóveis. Os ônibus que transportavam pobres e negros, com seus quatro metros de altura, não
eram capazes de passar por debaixo dessas pontes e chegar à orla ou às praças (WINNER, 1986
apud GARCÍA et al, 2000). Um edifício também pode refletir intenções políticas, como inúmeros
projeto de edifícios da Espanha franquista: um pequeno número de vias de acesso, apesar de
dificultar o trânsito em um edifício de público massivo, permite também melhor controle policial
em caso de distúrbios (GARCÍA et al, 2000). Outra história que mostra o caráter político da
tecnologia é a distribuição dos espaços escolares e dos hospitais do século XVIII, que seguiam
uma concepção de desenho comum: eram projetados para gerar disciplina com métodos que
permitiam o controle minucioso por diminuir as forças das operações corporais e por ainda para
garantir espaço apropriado para a vigia constante por parte dos professores, dos guardas ou
médicos. (FOUCAULT, 1978 apud OSORIO M., 2002).
Se as tecnologias são neutras, então não se pode atribuir responsabilidades aos
cientistas quando estas são colocadas em prática e se tivesse que existir algum tipo de
responsabilidade, essa deveria recair sobre quem faz uso da produção tecnológica.
Cientistas, engenheiros, políticos, habitualmente defendem a neutralidade da ciência
e se esconde por detrás de sua autoridade para justificar determinadas ações. A ciência pura, com
seus critérios de racionalidade e objetividade, está fora das influências de qualquer juízo de valor,
prejuízos culturais ou interesses políticos, e não se relaciona sob nenhuma hipótese com os
possíveis usos que se possam fazer dela (GARCÍA et al, 2000). Contudo, conforme já vimos, a
ciência pura não passa de um mito.
3.6. CONCEPÇÃO DO DETERMINISMO TECNOLÓGICO:
TECNOLOGIA AUTÔNOMA
Considera a tecnologia como sendo autônoma, auto-evolutiva, seguindo, de forma
natural, sua própria inércia e lógica de evolução, desprovida do controle dos seres humanos. Um
60
dos âmbitos onde essa idéia mais teve influência é a ficção científica. Aceita a idéia de que o
progresso tecnológico segue um caminho fixo e, mesmo que os fatores políticos, econômicos ou
sociais possam exercer alguma influencia, não se pode alterar o poderoso domínio que a
tecnologia impõe à sociedade (referências no Quadro 3.1).
A imagem da tecnologia autônoma e fora do controle humano, desenvolvendo-se
segundo lógica própria, aparece associada a uma concepção determinista das relações entre
tecnologia e sociedade, o progresso tecnológico segue um caminho fixo e, mesmo que fatores
políticos, econômicos ou sociais possam exercer alguma influencia, não se pode alterar o
poderoso domínio que a tecnologia impõe às transformações sociais (referências no Quadro 3.1)
Segundo GARCÍA et al (2000) não há como negar que a tecnologia condiciona o
tipo de sociedade que vivemos e pode influenciar na configuração (e reconfiguração) da forma de
vida moderna. Certas tecnologias são mais adequadas a uma forma de vida do que outras, mas
isso não significa que todas as alterações processadas nas nossas formas de vida sejam pré-
determinadas de forma inevitável pelo desenvolvimento tecnológico. Afirmar isso é
descontextualizar a tecnologia e ignorar as redes de interesses sociais decisivos para a escolha de
uma ou outra tecnologia. Sem dúvida, o desenvolvimento tecnológico terá um impacto social,
poderá alterar nossos padrões de vida e convivência chegando a gerar outros totalmente distintos,
mas esse desenvolvimento é sustentado por uma série de interesses e valores externos e não age
por lógica própria (GARCÍA et al, 2000).
No âmbito da filosofia, o tema da autonomia da tecnologia foi analisado por autores
clássicos como Jacques Ellul (1954), Lewis Munford (1934) e Herbert Marcuse (1954) e trata-se
de um tema clássico da tradição americana.
De acordo com García et al (2000) a autonomia da tecnologia só pode ser defendida
de forma trivial, podendo ser entendida através de uma explicação frankensteineiana com a perda
do controle da invenção pelo inventor a partir do momento que disponibiliza ao público.
Contudo, essa falta de controle por parte do criador, não transforma o produto em algo autônomo,
apenas mostra que seu desenvolvimento integra o sistema produtivo e o comércio. Por outro lado,
dizer que a tecnologia é autônoma pelo simples fato de que o inventor não pode prever todas as
conseqüências de ação que sua invenção pode ocasionar também não é justificável. Uma vez que
61
determinada tecnologia ganha o domínio público, sua difusão será resultado de uma série de
decisões e compromissos que não dependem de um único fator. Prever todas as conseqüências
que uma determinada tecnologia pode trazer é tão difícil como prever todos os rumos evolutivos
que uma sociedade pode tomar.
Essa tese de autonomia tecnológica impede uma análise crítica do processo
tecnológico, pois libera engenheiros, cientistas e políticos de suas responsabilidades, abrindo
caminho para o irracionalismo romântico ou para a tecnocracia medíocre. Vendo a tecnologia não
somente como resultado, mas também como processo que inclui fatores sociais, psicológicos,
econômicos, políticos, etc., onde os valores e interesses humanos se fazem presentes, a tese da
tecnologia autônoma perde sua base, sendo refutada.
3.7. CONCEPÇÃO DE UNIVERSALIDADE DA TECNOLOGIA
Entende a tecnologia como sendo algo universal; um mesmo produto, serviço ou
artefato poderia surgir em qualquer local e, conseqüentemente, ser útil em qualquer contexto
(GORDILLO & GALBARTE, 2002). Assim, quase como conseqüência das considerações
anteriores – tecnologia como sinônimo de ciência aplicada à produção de objetos materiais – o
caráter universal das leis científicas leva a uma concepção de que a tecnologia não requer uma
contextualização social, nem tampouco devem ser levados em consideração os caracteres
valorativos, tendo em vista que a tecnologia, como sendo fruto do desenvolvimento científico, é
neutra (GORDILLO & GALBARTE, 2002).
Desta forma, podemos dizer que essa concepção aponta que os resultados obtidos do
desenvolvimento tecnológico são válidos independemente do contexto cultural, político, social ou
econômico do local onde foi gerado. Isso dá a idéia que uma mesma tecnologia não tem seu uso
modificado se inserida em outro contexto (GÓMEZ, 2001).
62
3.8. OTIMISMO E PESSIMISMO TECNOLÓGICO
Ciência e tecnologia para o progresso e bem estar da humanidade. O homem será
capaz de garantir a sobrevivência da espécie e do planeta não deixando de usufruir dos recursos
naturais desde que o faça de forma sustentável. Aí estão presentes duas pequenas frases que têm
gerado inúmeras controvérsias em nossa sociedade e cujos embasamentos teóricos já apontamos
em capítulo precedente. Contudo, aqui se faz necessário uma rápida retomada para estabelecer as
duas próximas concepções acerca da tecnologia. Concepções conflitantes e divergentes entre os
otimistas e pessimistas tecnológicos.
Atitudes tecno-catastrofistas e tecno-otimistas podem ser interpretadas de forma
dual. Para o tecno-catastrofista, a ameaça que uma tecnologia autônoma apresenta supõe um final
trágico-apocalíptico para o homem, que no final, será completamente subjugado e dominado. A
única alternativa para uma tecnologia fora de controle é destruí-la para que a sociedade volte a
ser mais humanizada. Para os tecno-otimistas, os poderes causais da tecnologia têm um
significado muito diferente pois podem trazer as melhorias possíveis que o meio e o homem
necessitam para seu bem estar e sobrevivência (referências no Quadro 3.1).
Autores como Gilbert (1995) e Iglesia (1997), buscando uma síntese, mostram que
há três grandes visões tendenciosas da tecnologia:
i. Humana: como uma resposta evolutiva às necessidades humanas;
ii. Titânica: considera-se com o intento de subjugar a natureza e,
iii. Satânica: considera-se social e ambientalmente destrutiva.
Uma outra visão, mas que também aponta para a mesma direção da vista acima, é a
citada por Lion (1997), que separa a tecnologia dos apocalípticos e a tecnologia dos integrados.
Os primeiros sustentam uma postura crítica e acreditam que à medida que tecnologia vai
avançando, as máquinas se tornam cada vez mais sofisticadas, com memórias cada vez mais
extensas, e exigindo cada vez mais conhecimentos para utilizá-las, o que acaba culminando em
um desemprego desenfreado. Já os segundos, os integrados, aderem à idéia de que, se o homem
63
quer o progresso, deve incorporar a tecnologia em seu dia-a-dia, pois só assim poderá propiciar o
desenvolvimento de possibilidades e estilos de pensamentos jamais colocados em prática pelo
homem (LION, 1997).
Vejamos alguns breves comentários acerca dessas duas considerações.
3.8.1. PESSIMISMO TECNOLÓGICO
Considera a tecnologia com algo nocivo e pernicioso para a sustentabilidade do
planeta, responsável pela degradação do meio e do alargamento das desigualdades sociais.
Segundo o filósofo alemão Martin Heidegger a técnica é um fenômeno tipicamente moderno,
através da qual o homem é capaz de manipular e violentar a natureza e seus semelhantes
(AGAZZI, 2002), responsável por um progresso tecnológico que é a causa de todos os males da
humanidade, por contribuir para alargar as desigualdades sociais, graças ao acúmulo discrepante
de riquezas e poder. Quem defende esse ponto de vista, afirma que a tendência é piorar sempre
(referências no Quadro 3.1).
Mesmo sabendo que Heidegger se referiu à técnica, podemos transpor esse ponto de
vista para a tecnologia. E utilizando essa visão como norte, muitas pessoas hoje acreditam, ou
defendem a tese, de que o progresso tecnológico será responsável pela extinção da vida na Terra
e/ou a destruição do planeta. (referências no Quadro 3.1)
3.8.2. OTIMISMO TECNOLÓGICO
Vê a tecnologia como uma forma de garantir o progresso e o bem estar social. Francis
Bacon proclavama que com a ciência se poderia instaurar o regnum hominis, que consistia em conhecer a
natureza e aplicar esse conhecimento para sua dominação com a finalidade de melhorias da vida humana.
Os tempos mudaram e esse ponto de vista adaptado. Com o surgimento do conceito de sustentabilidade,
hoje muitos defendem que existem mecanismos capazes de assegurar o desenvolvimento sanando
problemas ambientais, sociais e materiais sem degradar o meio e sem ameaçar a sobrevivência do planeta
(referências no Quadro 3.1).
64
3.9. SOCIOSISTEMA: UM NOVO CONCEITO DE TECNOLOGIA
Compreende a tecnologia de uma forma alternativa. Um novo conceito que permite
relacionar a demanda social, a produção tecnológica com a política e economia. Uma forma de
entender o processo de produção tecnológico como um amálgama processos e produtos sociais. O
desenvolvimento de uma tecnologia constitui um processo aberto cujo curso é determinado pela
interação dos diferentes grupos sociais relevantes (dadas as limitações interpretativas impostas
pelas características do artefato em questão e seu meio cultura e econômico de seleção). Em cada
momento de desenvolvimento de um artefato tecnológico, especialmente quando este se
consolida como produto, existe uma carga política concreta (referências no Quadro 3.1).
A renovação conceitual da CTS e as novas perspectivas incorporadas no conjunto
dos estudos sociais da tecnologia refletem mudanças na definição do próprio conceito de
tecnologia.
Como já vimos, o elemento básico da concepção de tradicional de tecnologia era seu
caráter instrumental. Dessa forma a tecnologia era concebida como o resultado da ciência
aplicada e não era estranho acabar identificando-a com artefatos. Nos dias atuais, dentro dos
domínios acadêmicos, existe uma ênfase muito grande em se priorizar o processo que conduz a
geração de resultados e ao desenvolvimento tecnológico. Assim, segundo Pacey (1983) pode-se
falar de duas definições de tecnologia. A primeira, que faz referencia ao aspecto técnico
(conhecimentos, habilidades e técnicas, ferramentas, máquinas e recursos), incluiria as
concepções intelectualista e instrumentalista, enquanto que a segunda incopora, além das
características já mencionadas, os aspectos organizacionais (atividade econômica e industrial,
atividade profissional, usuários e consumidores) e os aspectos culturais (objetivos, valores e
códigos éticos, códigos de comportamento). As mudanças técnicas podem produzir ajustes nos
aspectos culturais e organizacionais, do mesmo modo que as inovações na organização podem
conduzir a mudanças técnicas e culturais. O fenômeno tecnológico pode ser estudado, analisado,
avaliado e administrado em conjunto, ou seja, como uma prática social, tornando explícitos os
valores culturais a ele subjacente. De acordo com as concepções convencionais de tecnologia, as
soluções aos problemas demandados pela sociedade são exclusivamente técnicos. Pacey (1983),
de forma oposta, considera que muitas vezes as soluções que mais se assemelham com os
65
desejos e esperanças dos cidadãos dependem de alterações na esfera organizacional.
Outros autores, enfatizando os aspectos sociais sobre os técnicos, têm caracterizado
a tecnologia como forma de organização social (WYNNE, 1983 e SCHIENSTOCK, 1994 apud
GARCÍA et al, 2000). É interessante observar como este tipo de concepção explica a questão da
participação pública. Frente à tradicional imagem instrumentalista da tecnologia (que engloba
agentes e processos sociais), defende-se nestas concepções uma nova imagem de tecnologia
como um complexo interativo de formas de organização social que implica características de
produção e uso de artefatos, assim como a gestão de recursos. Dessa forma, a lógica interna dos
artefatos é substituída, como fator primário relevante da tecnologia, pelo modo que envolve a
interação de diferentes agentes e processos sociais. Assim, priorizam-se os aspectos
organizacionais e culturais sobre os aspectos técnicos (PACEY, 1983).
Uma visão limitada da tecnologia, reduzida a suas características técnicas, tende a
excluir os possíveis usuários da gestão dos processos de P&D e assim, torna-se uma visão
ineficiente, pois é produz a inviabilidade social da tecnologia. Da mesma forma, a exclusão das
pessoas eventualmente afetadas também resulta na ineficiência, pois prepara o terreno para a
resistência social. Assim, a ciência, não somente não é um obstáculo para o desenvolvimento
tecnológico, senão constitui-se como uma necessidade vital para a sua viabilidade, uma vez que
leva-se em conta que o componente social é crucial para qualquer forma de tecnologia
(WYNNER, 2008). Apresentar como opostos “participação externa” e “eficiência interna”, ao
falar de tecnologia, consiste em tecer uma afirmação errônea, pois não consiste em um ponto de
vista bom para a ciência nem tampouco para a democracia. Assim, é interessante desenvolver
uma nova concepção de tecnologia como forma de organização social que envolve diferentes
segmentos sociais, além de opinião especializada e, com freqüência, o uso da produção de
artefatos e a gestão de recursos (GARCÍA et al, 2000).
Essa imagem alternativa da tecnologia permite dar conta da flexibilidade
interpretativa das tecnologias (como processos sociais) e da carga política das tecnologias (como
produtos sociais). O desenvolvimento de uma tecnologia constitui um processo aberto cujo curso
é determinado pela interação dos diferentes grupos sociais relevantes (dadas as limitações
interpretativas impostas pelas características do artefato em questão e seu meio cultura e
66
econômico de seleção). Em cada momento de desenvolvimento de um artefato tecnológico,
especialmente quando este se consolida como produto, existe uma carga política concreta. Assim,
Woolgar com relação ao processo não só é incompatível com a carga política do produto
tecnológico, apontada por Winner, como pode-se dizer que ambas se completam mutuamente
(GARCÍA et al, 2000).
As tecnologias, como formas de organização social, que envolvem o uso de artefatos
ou certos modos de gestão de recursos se integram ao meio estabelecendo vínculos de
interdependência funcional com outras tecnologias e diversos tipos de parâmetros sócio-
econômicos e culturais. A tecnologia, portanto, não é autônoma por dois motivos: por um lado
não se desenvolve com autonomia em relação a forças e fatores sociais e, por outro, não é
segregável do sistema que faz parte e sobre o qual atua. A tecnologia, portanto, pertence a um
meio, atua sobre ele, o molda e sofre influências do mesmo. Dessa forma, da mesma forma como
a introdução de novas espécies dentro de um ecossistema, a transferência descomedida de
tecnologias pode resultar no aparecimento de mais impactos negativos para a sociedade (com
perturbações indesejáveis nas áreas sociais e econômicas) do que desejáveis. Contudo, de forma
distinta dos ecossistemas, uma tecnologia desenvolvida em determinado meio, poderia vir a
desestabiliza-lo.
Em se tratando da tecnologia, a elite de experts determinar a ideologia
tecnocientificista para resolver problemas e satisfazer a necessidade coletiva que compõe
determinado sociosistema13
. Mitos sobre a autonomia, a universalidade e o determinismo
tecnológico fazem o resto do trabalho. Assim, a desestabilização se dá com a introdução de
qualuer novo elemento que não leve em consideração o equilíbrio prévio, ou seja, no momento
em que se buscam soluções reducionistas para dados tipos de problemas, sem considerar as
instabilidades que se podem produzir. Desta forma, uma tecnologia que surgiu em um
determinado sociosistema pode desestabilizá-lo, pois estes nem sempre dispõem de mecanismos
efetivos de controle de oscilações. Um exemplo seria a a capacidade de potencializar as
13
Sociosistema é um conceito estabelecido por GARCÍA et al (2000), que faz analogia com o ecossistema. Nesse
conceito, os autores apresentam a idéia de que uma nova tecnologia pode não só desestabilizar meios nas quais ela
não foi gerada (após transferência tecnológica), como, ao contrário do que ocorre no meio ambiente, pode também
desestabilizar o próprio meio onde foi gerada, se não for levado em conta os fatores de equilíbrio sócio-econômicos
existentes antes da introdução da inovação.
67
tecnologias concretas que vem contribuindo de forma positiva para determinado setor produtivo
mas que ao mesmo tempo podem trazer graves efeitos sobre outros setores do ambiente
(GARCÍA et al, 2000).
Essa visão é útil para uma compreensão da tecnologia, pois permite enfatizar seus
aspectos organizacionais, descrevendo criticamente processos como de transferência tecnológica
e entrincheiramento tecnológico. Se estabelecermos paralelismos, como propõem García et al
(2000), entre o ecossistema e o sociosistema, poder-se-ia tratar de forma unificada a gestão da
inovação tecnológica e a intervenção ambiental e suas respectivas políticas públicas.
3.10. CLASSIFICAÇÃO E CATEGORIZAÇÃO DAS CONCEPÇÕES
ACERCA DA TECNOLOGIA.
Para a estruturar as dimensões do instrumento de pesquisa que será feito no capítulo
6, partindo de todo o referencial teórico abordado até agora, onde diferentes formas de se
compreender a tecnologia foram apresentados, também foi feita uma análise do VOSTS
(AIKENHEAD & RYAN, 1992), do COCTS (VÁZQUEZ-ALONSO et al, 2006a), dos livros O
que se pensa sobre a ciencia (CANAVARRO, 2000) e Percepção Pública da Ciência (VOGT &
POLINO, 2003) além de pesquisa desenvolvida por Silva e Barros Filho (2001), da breve análise
de concepções de professores do ensino fundamental sobre tecnologia (VERASZTO, 2004), e
também de trabalhos sobre concepções acerca da tecnologia e da participação social no processo
de construção do conhecimento tecnológico (TEWDMAN & KEEVES, 2001; MIRANDA et al,
2005a, 2005b, 2005c, 2006; VERASZTO et al, 2004a, 2004b, 2005d, 2005e, 2007b, 2007f;
VAZQUEZ-ALONSO, 2007).
De forma a sintetizar as concepções apresentadas anteriormente, e como forma de
orientear na construção do questionário, é apresentado o Quadro 3.1 com a interpretação
resumida de cada concepção, juntamente com as respectivas referências.
68
CONCEPÇÃO DE
TECNOLOGIA FORMA DE COMPREENSÃO REFERÊNCIAS
INTELECTUALISTA
Compreende a tecnologia como um
conhecimento prático derivado diretamente
do desenvolvimento do conhecimento
científico através de processos progressivos
e acumulativos.
LAYTON, 1988; ACEVEDO, 1998; GARCÍA et
al, 2000; ACEVEDO DÍAZ, 2002a, 2002b;
(BERNAL, 1964; RENNIE, 1987 apud ACEVEDO
DÍAZ, 2002b; (STAUDENMAIER, 1985;
NIINILUOTO, 1997) apud OSORIO M., 2002.
UTILITARISTA
Considera a tecnologia como sendo
sinônimo de técnica. Ou seja, o processo
envolvido em sua elaboração não tem
relação com a tecnologia, apenas a sua
finalidade e utilização.
BUNGE, 1972 e 1986 apud OSORIO M, 2002;
(RENNIE, 1987; MITCHAM, 1989;
SANMARTÍN, 1987, 1990) apud ACEVEDO
DÍAZ, 2002b; AGAZZI, 2002; VERASZTO, 2004.
TECNOLOGIA COMO
SINÔNIMO DE
CIÊNCIA
Encara a tecnologia como sendo Ciência
Natural e Matemática, com as mesmas
lógicas e mesmas formas de produção e
concepção
SANCHO, 1998; JARVIS & RENNIE, 1998;
SILVA e BARROS FILHO, 2001; VALDÉS et al,
2002; HILST, 1994; GORDILLO, 2001;
ACEVEDO DÍAZ, 2002, 2003c, 2003d,
(CASALDERREY, 1986, 1987, 1989; GILBERT,
1992) apud ACEVEDO DÍAZ, 2002.
INSTRUMENTALISTA
(OU ARTEFATUAL)
Considera a tecnologia como sendo simples
ferramentas, artefatos ou produtos,
geralmente sofisticados.
SILVA et al, 1999; GARCÍA et al, 2000; SILVA et
al, 2001; (ELLUL, 1960; QUINTANILLA, 2001)
apud OSORIO M., 2002; LION, 1997; PACEY,
1983;
ACEVEDO DÍAZ, 2003a, 2003b; OSORIO M.,
2002; VERASZTO, 2004.
NEUTRALIDADE
TECNOLÓGICA
Compreende que a tecnologia não é boa
nem má. Seu uso é que pode ser
inadequado, não o artefato em si.
FOUCAULT, 1978 apud OSORIO M., 2002;
WINNER, 1985 e 1986 apud OSORIO M., 2002;
GARCÍA et al, 2000; CARRERA, 2001;
GÓMEZ, 2001; OSORIO M., 2002; DAGNINO,
2007.
DETERMINISMO
TECNOLÓGICO
(TECNOLOGIA
AUTÔNOMA)
Considera a tecnologia como sendo
autônoma, auto-evolutiva, seguindo
naturalmente sua própria inércia e lógica de
evolução, desprovida do controle dos seres
humanos.
(MUMFORD, 1952; GONZÁLEZ et al., 1996)
apud OSORIO M., 2002; (ELLUL, 1954;
TOFFLER 1980; SMITH & MARX, 1994) apud
GARCÍA et al, 2000; CARRERA, 2001;
GÓMEZ, 2001; DAGNINO, 2007.
UNIVERSALIDADE DA
TECNOLOGIA
Entende a tecnologia como sendo algo
universal; um mesmo produto, serviço ou
artefato poderia surgir em qualquer local e ,
consequentemente, ser útil em qualquer
contexto
GÓMEZ, 2001; GORDILLO & GALBARTE,
2002.
PESSIMISMO
TECNOLÓGICO
Considera a tecnologia com algo nocivo e
pernicioso para a sustentabilidade do
planeta, responsável pela degradação do
meio e do alargamento das desigualdades
sociais.
MEADOWS, 1972; BARRET & MORSE, 1977;
ZARTH et al, 1998 apud COLOMBO & BAZZO,
2002; CARRANZA, 2001; HEIDEGGER apud
AGAZZI, 2002; CORAZZA, 2005; CARSON,
apud CORAZZA, 1996, 2004, 2005.
OTIMISMO
TECNOLÓGICO
Compreende a tecnologia como portadora
de mecanismos capazes de assegurar o
desenvolvimento sustentável e sanar
problemas ambientais, sociais e materiais.
HERRERA, 1994; WCEAD, 1987; FORAY &
GRÜBLER, 1996; FREEMAN, 1996;
CARRANZA, 2001; AGAZZI, 2002; ANDRADE,
2004; BIN, 2004; MIRANDA et al 2006b, 2007a,
2007b; VERASZTO et al 2007a, 2007d, 2007e.
SOCIOSISTEMA
Considera que a tecnologia é determinada
pela interação de diferentes grupos através
de relações sociais, políticas, econômicas,
ambientais, culturais, entre outras.
PACEY, 1983; ECHEVERRIA, 1998; SANCHO,
1998; SILVA et al, 2000; BOSCH, 2002;
(HUGHES, 1983; WYNNE, 1983;
QUINTANILLA, 1988, 2001; SUTZ, 1998) apud
OSORIO M, 2002; WYNNE, 1983 e
SCHIENSTOCK, 1994 apud GARCÍA et al, 2000;
GRINSPUN, 2001; ACEVEDO DÍAZ, 2002b;
OSORIO M., 2002; BARROS FILHO et al, 2003;
SIMON et al, 2003; VERASZTO, 2003a, 2003b,
2003c, 2003d, 2004, 2005c.
Quadro 3.1: Resumo referenciado das diferentes concepções acerca da tecnologia. Fonte: elaborado pelo autor.
69
3.11. AFINAL, O QUE É TECNOLOGIA?
Diante da diversidade de opiniões, uma definição nesse momento seria demasiada
pretensão. O que se busca é apenas mostrar o norte que está sendo seguido dentre ricas e variadas
possibilidades para orientar todo o desenvolvimento do trabalho de pesquisa. Isso é de
fundamental importância para a síntese de idéias e a posterior criação do instrumento de pesquisa,
bem como para conduzir a linha de raciocínio a ser seguida em análises e interpretações futuras.
E ainda, tendo em vista que em nossa sociedade é comum a confusão quando se fala
em tecnologia e sabendo que diversas associações contraditórias são estabelecidas, fica evidente a
necessidade de se tentar buscar uma definição já que o objetivo final é educacional. Em virtude
do não conhecimento do tema ou pelo simples fato que crenças ou formas teóricas distintas de
análises e estudos, a confusão permeia toda a sociedade não se fazendo presente somente no
discurso do senso comum.
Em documentos atuais oficiais, como é o caso dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), criados para inspirar a prática das escolas de educação infantil e fundamental,
podemos constatar a tendência de introduzir conceitos e proposições ligados à tecnologia sem
deixar claro o que realmente o conceito significa. Isso foi constatado por Veraszto (2004) nos
PCNs destinados ao Ensino Fundamental. Ainda no âmbito dos documentos, temos o Plano
Nacional de Graduação (BRASIL, 1999), que busca basilar os cursos de graduação no território
nacional, que apresentam a necessidade de uma atenção à formação de novos profissionais frente
ao processo tecnológico, no sentido de capacitá-los para acompanhá-los a não ser apenas um
“pião no tabuleiro social”. Neste documento, em doze páginas, usa-se por dezessete vezes a
palavra tecnologia. Algumas vezes com sentidos equivocados ou incompletos, quando, por
exemplo, fala de educação à distância:
Implantar o acesso a modernas tecnologias criando programas que estimulem o
uso de vídeo-conferências e outras tecnologias, como um passo fundamental no
desenvolvimento do necessário conhecimento do processo pedagógico, essencial
para implantação de centros de ensino a distância (BRASIL, 2001).
Na citação acima fica nítida a confusão existente entre o artefato tecnológico e a
tecnologia. Uma concepção comum, conforme mostramos anteriormente. Aqui existe a idéia de
70
que, possuir ou simplesmente fazer uso de um novo equipamento, seja suficiente para fazer os
novos profissionais apoderarem-se do conhecimento que permite o desenvolvimento de novas
soluções. Por exemplo, se alguém procurasse um fabricante de veículos automotivos e propusesse
a compra de tecnologia de um automóvel popular, com toda a certeza não sairia dirigindo um
carro! E muito menos gastaria pouco mais de uma dezena de milhares de reais! Esta confusão,
presente no discurso de muitos, sobretudo na mídia jornalística, tem gerado um distanciamento de
uma discussão mais crítica (SILVA et al, 2000; SILVA & BARROS FILHO, 2001).
Ao invés de tentar obter representações fragmentadas devemos considerar a
tecnologia como um corpo sólido de conhecimentos que vai muito além de servir como uma
simples aplicação de conceitos e teorias científicas, ou do manejo e reconhecimento de modernos
artefatos. Precisamos deixar bem claro que o conhecimento tecnológico tem uma estrutura
bastante ampla e, apesar de formal, a tecnologia não é uma disciplina como qualquer outra que
conhecemos, nem tampouco pode ser estruturada da mesma forma. Como afirma Herschbach
(1995), o conhecimento tecnológico não é algo que pode ser facilmente compilado e categorizado
da mesma forma como o conhecimento científico. A tecnologia poderia ser apresentada como
uma disciplina, mas sabemos que é mais bem qualificada como uma forma de conhecimento, e
por isso adquire formas e elementos específicos da atividade humana. Dessa forma podemos
dizer que o caráter da tecnologia pode ser definido pelo seu uso.
Retomando a revisão já abordada em capítulo anterior, vimos que a tradição
americana buscou identificar e avaliar os efeitos sociais das tecnologias enquanto que a tradição
européia procurou estabelecer os estudos do caráter dos processos de mudanças científicas.
Ambas as tendências tinham ferramentas potenciais práticas que poderiam utilizar de forma
adequada, somente através da soma de esforços. A tradição americana denunciava os impactos da
tecnologia, mas não sabia explicar como poderiam ser evitados com a construção adequada dos
complexos científicos tecnológicos. A tradição européia, por sua vez, oferecia “reconstruções
sociológicas”, mas não sabiam avaliar e sugerir mudanças. A convergência de ambas as tradições
ao processo de desenvolvimento tecnológico, assim como a novas concepções de tecnologia que
levavam em conta as características de organização social, foram passos cruciais para que crítica
social promovida pela tradição americana pudesse ter conseqüências práticas na reorientação,
planejamento e avaliação dos paradigmas científico-tecnológicos.
71
Reflexões simples mostram a complementariedade da duas tradições assim como as
importantes conseqüências derivadas da mesma. Se as C&T se constituem como um podruto
social (segundo a tradição européia), de díficil análise como a ciência pura ou a técnica teorizada
e, se os complexos científicos tecnológicos implicam conseqüências sociais (segundo a tradição
norte americana), então deveríamos promover a avaliação e o controle social do desenvolvimento
científico tecnológico como um compromisso democrático básico.
A terceira tradição que mostramos anteriormente, nascida dos programas STPP
(Science, Technology and Public Policy) desempenha também um importante papel no processo
de convergência e na sua aplicação prática. Os programas STPP, que tinham interesse inicial na
formação de especialistas em economia e política científico-tecnológica com enfoques bem mais
tecnocráticos, viram suas propostas básicas sendo questionadas no que diz respeito às relações
entre tecnologia e economia graças ao surgimento de orientações evolucionistas. O
evolucionismo na economia da mudança tecnológica, mantém importantes pontos comuns com o
construtivismo da sociologia: ambos os enfoques descritivos consideram os fatores sociais
(aspectos econômicos, políticos, curriculares) como elementos decisivos no surgimento,
desenvolvimento e consolidação das tecnologias. Traz a morte do modelo linear de inovação e, a
complementariedade de ambas orientações influenciando na formulação e gestão de políticas
científico-tecnológicas.
O desenvolvimento convergente dos enfoques descritivos e valorativos
proporcionados pelas três tradiçôes conduzem, portanto, a uma nova forma de entender a
formulação de políticas de C&T. Recentemente, autores das diferentes tradições começaram a
reconhecer os resultados obtidos por outras tendências integrando-os aos seus discursos. Dessa
convergência nasceram novas orientações e perspectivas que tem contribuido para enriquecer os
estudos sociais das C&T, assim como suas implicações sociais e políticas. Assim, os estudos
sociais das C&T não se reduzem, então, a um mero exercício acadêmico ou a uma nova moda,
mas sim apresenta um interesse prático de criação e implementação de mecanismos democráticos
de participação pública em política de C&T e ambiental que se correspondam de maneira
adequada com o caráter social e político que existe na objetividade, neutralidade e linearidade das
C&T.
72
A avaliação de tecnologias e a ação política constituem, portanto, o espaço onde as
tradições podem convergir. É sabido que que muitos obstáculos derivados de certas concepções
limitadoras ou interesses particulares precisam ser superados, mas neste trabalho o que existe é o
interesse de mostrar como diferentes teorias podem auxiliar na construção de um modelo de
avaliação de concepções e na busca por relações de causa e efeito entre essas concepções e as
esperanças depositadas no futuro que de uma forma ou de outra depende das C&T.
Nesse sentido a tecnologia se distingue da ciência também nos seus modos de
avaliação (LACERDA NETO, 2002). O valor da pesquisa e da atividade tecnológica é o da
utilidade e eficácia dos inventos e da eficiência no processo de produção (RODRIGUES, 2001).
Portanto, não é também uma simples invenção. Enquanto um inventor trabalha no mundo de suas
idéias como um artista, o profissional de tecnologia trabalha geralmente em equipe com objetivos
determinados (HILST, 1994; MITCHAN apud RODRIGUES, 2001).
Temos que reconhecer que, atualmente, a tecnologia utiliza métodos sistemáticos de
investigação semelhantes aos da ciência, porém não se limita a tomar emprestadas as idéias para
dar resposta a determinadas necessidades humanas, vai, além disso, combinando teoria com
produção e eficácia, um saber fazer eficiente. Os conceitos das ciências são utilizados na
tecnologia, porém, depois que já se tenha reduzido o nível de abstração de conceitos individuais
(ACEVEDO DÍAZ, 1998). Os conceitos das distintas áreas da ciência se combinam entre si para
cobrir as necessidades dos problemas que solucionam a tecnologia, e redefinem os conceitos
individuais para tratar os contextos da mesma (LAYTON, 1988). Não obstante, da mesma
maneira em que a tecnologia utiliza elementos das ciências, as ciências também se beneficiam
das concepções e criações tecnológicas (VERASZTO, 2005c).
Temos ainda que considerar que a tecnologia é concebida em função de novas
demandas e exigências sociais e acaba modificando todo um conjunto de costumes e valores e
por fim, agrega-se à cultura. E, apesar de fazer parte dos artefatos e dos produtos que nos cercam,
a tecnologia é o conhecimento que está por trás desse artefato, não apenas o resultado e o
produto, mas a concepção e a criação (GRINSPUN, 2001; SILVA et al, 2000; BOSCH, 2002). E
isso envolve muito mais elementos sócio-culturais do que se possa imaginar. Uma forma de ver
isso é nos remetermos a colocações precedentes, onde foi citado que algo que diferencia
73
substancialmente a espécie humana do restante dos seres vivos é a sua capacidade para criar
esquemas de ação sistemáticos e representacionais, aperfeiçoá-los, ensiná-los, aprendê-los e
transferi-los para grupos distantes no espaço e no tempo, com o objetivo de avaliar os fatores prós
e os contra, para assim poder tomar decisões de conveniência que irão apontar qual direção se
deve seguir. E isso não se aplica somente à capacidade de desenvolver utensílios, aparelhos,
ferramentas, etc, mas também a capacidade de desenvolver as tecnologias simbólicas (ou
tecnologias da inteligência segundo Lévy, 1993) como a linguagem, a escrita e os mais diferentes
sistemas de representação e de pensamento; tudo isso fazendo parte da potencialidade criadora e
intelectual do homem. Neste sentido podemos dizer que a tecnologia é uma produção
basicamente humana (SANCHO, 1998; BOSCH, 2002).
Não se deve reduzir a tecnologia a nenhuma visão limitante visto que a mesma não é
um ator autônomo, separado da sociedade e da cultura, que seriam apenas entidades passivas
sendo afetadas por uma agente exterior. Muito pelo contrário. Tanto as técnicas como as
tecnologias abrangem de maneira indissolúvel, interações entre pessoas vivas e pensantes, entre
entidades materiais e artificiais e, ainda, entre idéias e representações (LÉVY, 1999). Cada
sociedade cria, recria, pensa, repensa, deseja e age sobre o mundo através da tecnologia e de
outros sistemas simbólicos. A tecnologia é impensável sem admitir a relação entre o homem e a
sociedade (LION, 1997). O desenvolvimento de novas tecnologias,sejam elas produtos, artefatos
ou sistemas de informação e comunicação, constitui um dos fatores-chave para compreender e
explicar todas as transformações que se processam em nossa sociedade (LIGUORI, 1997). E,
desta maneira, podemos dizer que a tecnologia está intrinsecamente associada aos valores
humanos (LAYTON, 1988; SIMON et al, 2003, BARROS FILHO et al, 2003).
Em sua totalidade, a tecnologia abrange não somente os produtos artificiais
fabricados pela humanidade, assim como os processos de produção, envolvendo máquinas e
recursos necessários em um sistema sócio-técnico de fabricação. Além disso, engloba também as
metodologias, as competências, as capacidades e os conhecimentos necessários para realizar
tarefas produtivas, além é claro, do próprio uso dos produtos colocados dentro do contexto sócio-
cultural (ACEVEDO DÍAZ, 1996a, 1996b). Sendo assim, não podemos dizer que a tecnologia
determina a sociedade ou a cultura dos homens. As verdadeiras relações, portanto, não são
criadas entre a tecnologia (que seria da ordem da causa) e a cultura (que sofreria os efeitos), mas
74
sim entre um grande número de atores humanos que inventam, produzem, utilizam e interpretam
de diferentes formas as técnicas, tecnologias e também, de ciência. A técnica produzida pelas
ciências transforma a sociedade, mas também, retroativamente, a sociedade tecnologizada
transforma a própria ciência (MORIN, 1996, p. 16). A tecnologia emerge do meio em que está
inserida, carregando consigo projetos, esquemas imaginários, implicações sociais e culturais
bastante variados, fazendo parte inerente da vida do ser humano. A tecnologia, uma vez colocada
à disposição da sociedade ou do mercado, passa a ter seu valor determinado pela forma como vai
ser adquirida e usada, e quem define esse valor (de bem ou de consumo) é a própria sociedade em
desenvolvimento. (MORIN, 1996; LÉVY, 1999; GRINSPUN, 2001; COLOMBO & BAZZO,
2002). Sendo o desenvolvimento um elemento dentro de uma cultura, a tecnologia se torna
produto da sociedade que a cria. Daí o fato de que, ao ser importada, ela pode levar a uma
dominação cultural, pois trás consigo valores de avaliação e eficiência criados em outra
sociedade (CUSTER apud LACERDA NETO, 2002).
Na medida em que muda padrões, a tecnologia também cria novas rotas de
desenvolvimento. Portanto, trabalhar com tecnologia é trabalhar com algo dinâmico. O que hoje é
ponta, amanhã é obsoleto, exigindo novos procedimentos, conceitos e atitudes para inovar. A
tecnologia faz parte do acervo cultural de um povo, por isso existe na forma de conhecimento
acumulado, e por essa mesma razão está em contínua produção. É devido à dinâmica das culturas
que estas se nutrem das contribuições permanentes da comunidade social em espaço, tempo e
condições econômicas, políticas e sociais (LION, 1997; LACERDA NETO, 2002). A tecnologia
em si constitui-se, portanto, como uma forma de conhecimento e todas as tecnologias são
produtos de todas as formas de conhecimento humano produzidas ao longo da história
(VERASZTO et al, 2003a, 2003b, 2003c, 2003d, 2004, 2005c).
Colocadas as diferentes idéias e concepções que se tem acerca da tecnologia ao
redor do mundo, nesta ordem de idéias e não como ponto final senão como ponto de partida na
posterior abordagem do tema educativo, neste trabalho assumimos também a idéia defendida por
Acevedo (1998) em seu artigo, onde este coloca que tecnologia como o conjunto de saberes
inerentes ao desenvolvimento e concepção dos instrumentos (artefatos, sistemas, processos e
ambientes) criados pelo homem através da história para satisfazer suas necessidades e
requerimentos pessoais e coletivos.
75
O conhecimento tecnológico é o conhecimento de como fazer, saber fazer e
improvisar soluções, e não apenas um conhecimento generalizado embasado cientificamente.
Para a tecnologia é preciso conhecer aquilo que é necessário para solucionar problemas práticos
(saber fazer para quê), e assim, desenvolver artefatos que serão usados, mas sem deixar de lado
todo o aspecto sócio-cultural em que o problema está inserido (LAYTON, 1988).
Diante de tudo o que abordamos até aqui, podemos concluir este capítulo dizendo
que a tecnologia tem tanto seu aspecto cultural, que inclui metas, valores e códigos éticos,
acredita no progresso e na criatividade humana, assim como possui um aspecto organizacional,
que abrange a economia e as atividades industriais, profissionais, além dos usuários e dos
consumidores (PACEY, 1983 apud LAYTON, 1988). A tecnologia não é uma mercadoria que se
compra e se vende, é um saber que se adquire pela educação teórica e prática, e, principalmente,
pela pesquisa tecnológica (VARGAS, 2001; VERASZTO, 2005c).
Em resumo, este breve panorama sobre as concepções da tecnologia permite
evidenciar alguns pontos recorrentes e talvez imprescindíveis em uma concepção ampla de
tecnologia. Homem, cultura, saberes e necessidades, trabalho e instrumentos, se encontram de
alguma maneira mencionados na concepção da tecnologia, onde a invenção é um fator chave e a
criatividade corresponde a uma atividade tanto individual com social (ACEVEDO, 1998).
Seria plausível afirmar, em um sentido mais amplo, que existem tantas tecnologias
específicas quantos são os tipos de problemas a serem resolvidos, ou mais, se considerarmos que
cada problema apresenta mais de uma solução possível. Como ressalta Grinspun (2001),
poderíamos dizer que a tecnologia abrange um conjunto organizado e sistematizado de diferentes
conhecimentos, científicos, empíricos e intuitivos. Sendo assim, possibilita a reconstrução
constante do espaço das relações humanas (ECHEVERRIA, 1998).
As considerações desse tópico podem ser resumidas apontando que uma ou outra
concepção que existe a respeito da tecnologia é aquela que prioriza o desenvolvimento
tecnológico como sendo fruto interdisciplinar, pois o processo de criação e desenvolvimento da
tecnologia deve ser encarado de maneira sistêmica (ACEVEDO DÍAZ, 2002b; VERASZTO,
2004). Segundo Osorio M. (2002), autores como Hughes (1983), Wynne (1983), Quintanilla
(1988, 2001), Pacey (1983) e Sutz (1998) são refências que seguem essa linha de pensamento.
77
4. OS DESAFIOS DA TECNOLOGIA NO CENÁRIO MUNDIAL
CONTEMPORÂNEO
Nesse capítulo a atenção será centrada em dois focos: um geral, abordando diversas
áreas de atuação da tecnologia e outra mais específica, relacionada com a questão ambiental. Essa
última justificada não somente pelo fato de que o as implicações ambientais do desenvolvimento
tecnológico tem sido muito discutidas em nossa atual sociedade, mas também, e principalmente,
pelo fato de que essas mesmas implicações devem ser encaradas de forma séria e colaborativa. A
garantia da sustentabilidade é dever de todos e descobrir como as pessoas pensam a respeito do
assunto, como agem e o que esperam, é fator crucial para o desenvolvimento de novas políticas
públicas de gestão tecnológica, gestão ambiental, gestão educacional e curricular.
A partir do momento que se pretende verificar quais as expectativas em relação aos
desafios que a tecnologia enfrentará nesse novo milênio, priorizando a questão ambiental, faz-se
necessário comentarmos um pouco mais a respeito dessas questões.
4.1. CARACTERIZANDO OS DESAFIOS DA TECNOLOGIA
Muitas vezes o discurso da busca pelo melhor desenvolvimento sócio-econômico e a
procura pelo bem estar da sociedade é deixado de lado e a tecnologia passa então a ser empregada
em detrimento de desejos particulares, seja do estado ou daqueles que dominam o poder. Essa
descaracterização do processo de produção científico-tecnológico acabou por desencadear um
mal estar social e uma reação por parte de diversos setores sociais ao longo da nossa história.
Como foi apontado anteriormente uma visão pessimista tomou conta de vários
setores sociais logo após a Segunda Grande Guerra Mundial. Crises econômicas, crises políticas
surgidas pelos efeitos colaterais da bomba nuclear e dos bactericidas lançados no Vietnam,
abalaram o mundo. Tendo o Clube de Roma14
como um representante importante, os
14
Organização internacional que busca agir como um catalisador de mudanças globais, analisando problemas-chave
da humanidade.
78
ambientalistas das décadas de 1960 e 1970 detinham o discurso de que o crescimento mundial
estava limitado devido ao acelerado aumento populacional, à deficiência da produção agrícola
(agravante para a fome), a exaustão dos recursos naturais, à destruição do meio ambiente e ao
aumento da produção industrial mundial. Meadows (1972) aponta que esta visão teve uma
notável adesão no período pós-guerra, com questionamentos acerca dos efeitos colaterais do
desenvolvimento tecnológico na sociedade e na economia. Os perigos trazidos pelo avanço
nuclear e pela degradação ambiental generalizada foram fatores chaves para uma retomada do
paradigma malthusiano, cuja idéia central frisava que a saturação do crescimento mundial se
daria em cem anos. (BARTNETT & MORSE, 1977; BORREGUERO & RIVAS, 1995;
CORAZZA, 1996, 2004). E isso ocorre de forma antagonica à sustentabilidade dos processos
planetários e à diversidade ecológica e cultural. A apropriação da natureza como matéria-prima,
coisificando seus recursos e desnaturalizando sua complexidade ecológica, é, segundo Castelnou
(2003), uma simples exploração do capital.
Esses pontos de vista devem ser respeitados e, logicamente, não podem ser
ignorados, pois é sabido que o planeta atravessou, e está atravessando, um período de
crescimento drástico com mudanças fundamentais sendo impostas nos mais variados setores da
sociedade (WCEAD, 1987). A atividade econômica multiplicou-se e a produção industrial
cresceu mais de cinqüenta vezes no último século, sendo o maior salto dado a partir de 1950.
Esse cenário com toda a certeza refletiu (e reflete) em profundos impactos sobre a biosfera, à
medida que o mundo investe em transporte, agricultura, habitação às custas de matérias-primas
de florestas, solos, mares e vias navegáveis. A tecnologia, uma das molas mestras do
crescimento, possibilita a aceleração do consumo dos recursos finitos, podendo engendrar sérios
riscos, como novos tipos de poluição que possam vir a contribuir para alterar os rumos da
evolução da vida no planeta (WCEAD, 1987).
Não bastasse as dificuldades impostas à sociedade, o processo de globalização
também trouxe desafios para a pós-modernidade. Com seus crescentes fluxos econômicos,
tencológicos, comerciais e de pessoas, o processo de globalização tem eliminado barreira espaço-
temporais, acelerando inclusive trocas culturais e genéticas. Esse é um fator que tem sido
determinado pela predominância da racionalidade econômica sobre os demais processos
universais. Desta forma, o conceido de desenvolvimento econômico, segundo Castelnou (2003)
79
sobrepõe e induz uma padronização e homogeneização de processos de produção, visando a
eficácia e o consumo, reafirmando o sentido unidimensional do mundo e da vida pelo aumento da
produção e do ganho (CASTELNOU, 2003).
A globalização têm direcionado a modificação e homogeneização de hábitos de
consumo, nivelando de certa forma a cultura em favor de um padrão norte-americano
estereotipado. Segundo Chesnais (1996) aquilo que Marx chamava de fetichismo da mercadoria
se dá agora de uma forma total, ou seja, o trabalho é, mais do que nunca foi em qualquer
momento do passado, uma mercadoria. Mercadoria essa que tem seu valor venal desvalorizado
em função de um progresso técnico (VERASZTO, 2007c).
Citando agora Hobsbawm (1995), algo ainda mais perturbador é a desintegração de
antigos padrões de relacionamento social humano, e com ela, a quebra dos elos entre as gerações.
Um certo individualismo exacerbado predomina em substituição a velhos hábitos e valores que
abre portas para certas inseguranças quanto a novas formas de configurações sociais. Como
aconteceu com a economia, os valores que norteiam o convívio social também adquiriram um
caráter efêmero, transitório e virtual. A revolução tecnológica em curso originou-se e difundiu-se,
não por acaso, em um período histórico da reestruturação global do capitalismo, e assim, a nova
sociedade emergente desse processo de transformação é capitalista e informacional (embora
tenha variações históricas consideráveis em diferentes países). (OCDE, 1992; CASTELLS, 1999;
DUPAS, 1999; POHJOLA, 2002).
Entretanto, nem tudo é tão ruim assim. Para não dizer não falamos das flores, em
hipótese alguma concordamos com uma produção tecnológica desprovida de uma análise ética e
moral que não leve em consideração as reais necessidades da sociedade. Apenas nos atentamos
que o avanço científico-tecnológico pode ser analisado por um ângulo diferente e por isso, porque
não dizer, motivador. Pensando por esse lado sabemos que existe potencial das C&T que podem
auxiliar a reverter certos quadros que atualmente predominam no cenário mundial. Indo um
pouco além é possível também pensar em como o processo de produção de C&T pode ser dado
de forma consciente e socialmente útil. Pois, como afirma um documento da WCEAD15
(1987)
15
World Commiss on Environment and Developement (Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento)
80
com a tecnologia existente nos dias atuais se tornou possível fazer bens e informações circularem
com uma rapidez incrível ao longo de todo o planeta; é possível produzir mais alimentos com
menos investimento de recursos; compreender melhor e mais a fundo os sistemas naturais;
estudar e ver a Terra do espaço; reconciliar as atividades humanas com as leis naturais e fazer
com que nossa herança cultural seja capaz de fortalecer nossos interesses econômicos e
imperativos de desenvolvimento (WCEAD, 1987) sem prejudicar o planeta.
Foray & Grübler (1996) mostraram que uma nova idéia frente surgiu para fazer
frente ao discurso dos anos 1960 e 1970. A partir dos anos 1970 iniciaram-se vários
investimentos em tecnologias limpas16
ou alternativas em diversos países em resposta às
demandas do movimento ambientalista. A crise ecológica e energética então vigente exigia
grandes investimentos na busca de alternativas econômicas e tecnológicas. Energia eólica, solar,
combustíveis alternativos ou fórmulas para minimizar emissão de poluentes foram desenvolvidos
com vistas a minorar níveis de degradação ou desperdício de recursos não renováveis
(ANDRADE, 2004).
Neste período surgem diversos autores que defendem que a causa dos problemas
sócio-ambientais repousam nas condições e relações de produção capitalista, que não incorporam
em seu discurso o custo ambiental. Desta forma apontam que o os efeitos danosos para o meio
ambiente provém da atividade industrial e tecnológica e que esses efeitos geram saturação
ecossistêmica, principalmente na forma de poluição atmosférica, hídrica ou resíduos sólidos,
apontando que o uso indiscriminado dos recursos energéticos e a emissão de poluente,
representariam o grande fator desestabilizador do meio ambiente (ANDRADE, 2004). Segundo
Andrade (2004) esses teóricos só são capazes de enxergar o fenômeno técnico a partir dos
resultados ou efeitos visíveis em termos de poluição, desmatamento, impactos, etc., o que não
significa que estejam atentos à realidade técnica em sua contingência e organização internas.
Assim, nas décadas de 1980 e 1990 o debate da questão ambiental se ampliou e as
relações com a tecnologia ganharam novos rumos. Surgiu o Grupo de Bariloche, juntamente com
outras referências mundiais, apontando que o sistema econômico tem mecanismos de auto-
16
Tecnologia limpa é a que resulta em novos produtos ou processos que previnem impactos ambientais, De forma
geral, envolvem produtos que apresentam baixos níveis de impacto ambiental e processos que consomem menos
recursos e emitem menos poluentes (ANDRADE, 2004).
81
regulação que permitem modificações ou reversão de padrões antes que o sistema atinja o ponto
de colapso (FREEMAN, 1996; ANDRADE, 2004). Na década de 1980, o desenvolvimento
sustentável17
foi definido e estudos visando diminuir a pobreza e amenizar problemas sociais
foram iniciados. (UNEP, 2002). Foi somente nesta década que se pôde perceber o potencial da
tecnologia para solucionar problemas ambientais. Nesse período a questão deixou de ser: crescer
ou não crescer, para ser: crescer como Se por um lado sabia-se que a tecnologia gerou impactos
sem precedentes sobre o meio ambiente, por outro havia o reconhecimento que a mudança
tecnológica poderia ser a chave para solucionar problemas ambientais (LUSTOSA, 1999).
Contudo, foi somente na década de 1990 que os conceitos surgidos nos anos
anteriores foram implementados. O desenvolvimento de um novo padrão tecnológico que fosse
capaz de contribuir para a conservação e recuperação ambiental sustentava-se em dois grandes
grupos de tecnologias: as limpas e as de end-of-pipe18
(EOP). Assim, modificou-se o conceito da
tecnologia viabilizando a crença de que com ela é possível recuperar áreas degradadas e aumentar
a eficiência dos recursos naturais paralelamente ao incremento da produtividade. A tecnologia
passou então a ser vista não como um fator externo, mas como elemento integrante dos processos
de tomada de decisão.
4.2. AS CONTRIBUIÇÕES DA C&T NO ATUAL CENÁRIO
GLOBALIZADO
É sabido que o desenvolvimento sustentável é volátil e requer uma série de políticas
complementares complexas, devido à incerteza da geração e distribuição do conhecimento de
C&T. (FORAY & GRÜBLER, 1996) Além disso, há a falta de instrumentos adequados ou a
inabilidade dos modelos científicos para medir os impactos ambientais. (BENEDICK, 1999).
Segundo LUSTOSA (1999) a relação tecnologia x meio ambiente se dá de forma incerta, sendo
muito difícil prever quais impactos atuais e futuros podem trazer uma inovação tecnológica. A
17
Segundo Corazza (2004) “o desenvolvimento é sustentável se existe a manutenção do bem-estar econômico das
gerações futuras.”
18 Tecnologia EOP (end-of-pipe, final de circuito) é aquela que remedia os impactos ambientais e são adicionadas a
um sistema de produção já existente para minimizar a emissão de poluentes e resíduos (Andrade, 2004).
82
geração de novas tecnologias limpas torna-se um desafio. Nesse ponto o fator político deve ser
relevado, pois os objetivos ambientais de curto e longo prazo podem não ser compatíveis, assim
como as políticas vigentes, com atitudes inovadoras.
Considerando esses pontos, Bin (2004) citando Foray & Grübler (1996), aponta
quatro dilemas das questões ambientais referentes ao desenvolvimento de C&T:
i. A distinção entre os objetivos de curto e longo prazo, entre a resolução da situação
atual de poluição e degradação bem como a prevenção de problemas futuros através
do desenvolvimento de tecnologias limpas com vantagens econômicas no uso de
insumos e tratamento dos resíduos;
ii. O dilema entre como ocorre a inovação tecnológica e a regulação ambiental, que
significa mais um risco no processo de inovação ao impor novos padrões.
(ROMEIRO e SALLES-FILHO, 1997, apud BIN, 2004);
iii. O dilema entre a busca por tecnologias alternativas para obter flexibilidade na
resolução de problemas e a tendência dos sistemas tecnológicos de padronização
para redução de custos;
iv. E por fim, a última questão se dá entre a necessidade de criar e difundir tecnologias
ambientalmente saudáveis e a necessidade de diminuir as irreversibilidades que
possam trazer prejuízos ao meio ambiente.
Assim, o desenvolvimento de C&T adaptado às questões ambientais deve saber lidar
com esses desafios e dilemas buscando eficiência e qualidade no desenvolvimento de novos
produtos, processos e/ou serviços, passando não apenas pela conscientização acerca da
problemática ambiental, mas também considerando aspectos legais e econômicos (BIN &
PAULINO, 2004).
A influência das trajetórias tecnológicas pode tanto incentivar quanto restringir as
inovações, graças às forças de estabilidade e inércia (path-dependence e efeitos de lock-in) e
ausência de conhecimento sobre os benefícios que uma trajetória alternativa pode oferecer. Há
todo um contexto institucional que dificulta a evolução e internalização da variável ambiental nas
83
trajetórias organizacionais. Assim, a geração e adoção de tecnologias limpas depende não só de
mecanismos coercitivos, mas também de outros fatores como preço e qualidade das inovações;
conhecimento e informação dos possíveis adotantes sobre a disponibilidade de tecnologias, seu
uso e efeitos; riscos incertezas (KEMP, 1997 apud BIN, 2004).
Depois do exposto torna-se possível estabelecer relações entre a citação de FORAY
& GRÜBLER (1996), de que precisamos de mais e não menos tecnologia [...] Precisamos,
acima de tudo, de novos modos de geração e distribuição de conhecimento, regulação flexível,
diversidade tecnológica, assim com aumento da capacidade de observação e aprendizado sobre
impactos ambientais das novas tecnologias (FORAY & GRÜBLER, 1996), com HERRERA
(1994) e com as colocações da WCEAD (1987) que ressaltam que tanto a tecnologia quanto a
organização social podem ser geridas e aprimoradas a fim de proporcionar uma nova era de
crescimento econômico, fazendo com que a humanidade seja capaz de tornar o desenvolvimento
sustentável viável.
A partir da literatura consultada, onde foram analisados artigos e documentos
nacionais e internacionais, foi elaborado um quadro de referências (Quadro 4.1), mostrando os
principais desafios apontados por teóricos, pesquisadores e técnico, como sendo problemas atuais
que o desenvolvimento tecnológico enfrenta a nível global. Pode-se notar também neste quadro
(Quadro 4.1) que a sustentabilidade e preservação do meio ambiente são questões priorizadas no
material analisado. Para complementar o que a literatura aponta como desafios, também foi
buscado estudos sobre as atitudes dos indivíduos perante o desenvolvimento tecnológico
(ACEVEDO DÍAZ et al, 2002d; MIRANDA, 2006; VERASZTO et al, 2007f).
84
PONTOS A
SEREM
CONSIDERADOS
PAPEL E DESAFIOS DA C&T REFERÊNCIAS
Desmatamento
(transforma (6 mi
hec/ano de florestas
em terra agrícola de
baixa qualidade)
Chuvas ácidas
(matam florestas e
lagos e danificam
patrimônios
artísticos e
arquitetônicos da
humanidade)
Queima de
combustíveis fósseis
e espalhamento de
CO2 na atmosfera
(aquecimento global)
Liberação de gases
industriais
(destruição da
camada de ozônio)
Poluição de terras
férteis com despejo
de substancias
tóxicas da industria e
agricultura
(compromete a
cadeia alimentar e
deteriora lençóis
freáticos)
Estudos dos ecossistemas naturais, incluindo respostas às
ações humanas e as perturbações naturais.
Estudo de ecossistemas degradados (assim como de neo-
ecossistemas estabilizados) pela ação humana, para
desenvolver técnicas de manutenção ou recuperação; estudo
de interação entre os grandes ecossistemas, seus impactos
regionais e as influencias no uso da terra e dos recursos
hídricos.
Reorientar a tecnologia para o desenvolvimento sustentável.
Ampliar uso de tecnologias anti-poluição.
A proteção e o aumento de sumidouros e reservatórios de
gases de efeito estufa não controlados pelo Protocolo de
Montreal, levando em conta seus compromissos assumidos em
acordos internacionaisrelevantes sobre o meio ambiente.
Promoção de práticas sustentáveis de manejo florestal,
florestamento e reflorestamento.
Especial atenção à questão da água doce […], das variações e
a mudanças do clima, dos oceanos […], da diversidade
biológica, da desertificação, do desmatamento, dos ciclos
biológicos, geológicos e químicos e dos riscos naturais.
Intensificar os nossos esforços coletivos em prol da
administração, conservação e desenvolvimento sustentável de
todos os tipos de florestas.
Intensificar a cooperação para reduzir o número e os efeitos
das catástrofes naturais e das catástrofes provocadas pelo
homem.
Integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas
políticas e programas dos países e inverter a perda de recursos
ambientais.
Rácio entre a área protegida para manter a diversidade
biológica e a superfície terrestre.
Redução dos impactos ambientais nos projetos de geração
termelétrica convencional, a partir de combustíveis fósseis,
melhorando a eficiência e incorporando tecnologias já
disponíveis.
Reduzir emissão de gases poluentes na atmosfera.
Desenvolver técnicas e tecnologias adequadas para redução
das mudanças climáticas e do aquecimento global.
HERRERA, 1994;
WCEAD, 1987;
ONU 1998;
UNESCO, 1999;
BRASIL, 2000;
CARRANZA, 2001;
PNUD, 2001; 2004;
GLENN & GORDON,
2004;
GIL PÉREZ et al, 2006;
OEI, 2005;
MIRANDA et al 2006b,
2007a, 2007b;
VERASZTO et al, 2006,
2007a, 2007d, 2007e;
VILCHES et al, 2006.
85
Fontes alternativas
de energia
Buscar via energética segura e duradoura.
Auto-suficiência de comunidades rurais; aproveitando
condições naturais locais; desenvolvimento de sistemas
energéticos de pequena escala.
Energia nuclear segura.
A limitação e/ou redução de emissões de metano por meio de
sua recuperação e utilização no tratamento de resíduos, bem
como na produção, no transporte e na distribuição de energia.
O aumento da eficiência energética em setores relevantes da
economia.
A pesquisa, a promoção, o desenvolvimento e o aumento do
uso de formas novas e renováveis de energia, de tecnologias
de seqüestro de dióxido de carbono e de tecnologias
ambientalmente seguras, que sejam avançadas e inovadoras.
Buscar reduzir custos com pesquisa de novos materiais para a
construção.
Priorizar P&D das áreas com maiores problemas econômicos,
sociais, administrativos e de crescimento urbano para baratear
sistemas de água e esgoto, transporte e moradia.
Estímulo do uso de tecnologias de conservação de energia e
redução da intensidade energética, proporcionando
modernização e maior competitividade na indústria,
contribuindo para a melhoria ambiental.
incorporação de novas tecnologias para produção de
eletricidade, a partir de fontes novas e renováveis (biomassa,
solar, eólica e outras), como também baseadas no uso do
carvão em usinas com leito fluidizado e instalações de
turbinas a gás com ciclo combinado, e acompanhar o seu
desenvolvimento.
apoio do desenvolvimento da tecnologia nuclear.
Estímulo à introdução permanente de tecnologias eficientes,
do lado da oferta e da demanda de energia, de forma a reduzir
a necessidade de investimentos e a maior alocação de recursos
para outros setores econômicos e sociais.
HERRERA, 1994;
WCEAD, 1987;
ONU, 1998;
BRASIL, 2000;
GIL PÉREZ et al, 2006;
MIRANDA et al 2006b,
2007a, 2007b;
VERASZTO et al, 2006
2007a, 2007d, 2007e.
Biotecnologia
Desenvolver e ampliar pesquisas de engenharia genética
acerca dos transgênicos.
Desenvolver sistemas sustentáveis de produção de alimentos e
no manejo de recursos naturais renováveis.
Garantir o livre acesso à informação sobre a seqüência do
genoma humano.
HERRERA, 1994;
WCEAD, 1987;
PNUD, 2001;
BERNE, 2003;
MIRANDA et al 2006b,
2007a, 2007b;
VERASZTO et al, 2006,
2007a, 2007d, 2007e.
Microeletrônica e
informática
Educação; sistemas experts para diagnóstico médico;
manipulação agrícola; planejamento e desenvolvimento de
recursos naturais, manejo e administração de sistemas
complexos e diversificados de produção; comercialização e
distribuição.
Pesquisa na área de inteligência artificial sobre controle
humano.
HERRERA, 1994;
WCEAD, 1987;
GLENN & GORDON,
2004;
MIRANDA et al 2006b,
2007a, 2007b;
VERASZTO et al, 2006,
2007a, 2007d, 2007e.
86
Telemetria
Detecção e avaliação de recursos naturais, monitoramento de
erosão, de plantio, de contaminação, de prognostico de tempo
e antecipação de desastres naturais.
HERRERA, 1994;
WCEAD, 1987;
MIRANDA et al 2006b,
2007a, 2007b;
VERASZTO et al, 2006,
2007a, 2007d, 2007e.
Novas tecnologias da
Informação e
comunicação e
Telecomunicações
Acesso a informação rápida (preços, produtos, meteorologia,
pragas, etc).
Contribuições para educação.
Interconexão descentralizada.
Telediagnóstico de problemas e enfermidades.
Planos de alerta diante de emergências, etc.
Promoção e melhoria do uso da Internet, tanto como
instrumento para a pesquisa quanto para a participação social.
HERRERA, 1994;
WCEAD, 1987;
BRASIL, 2000;
MIRANDA et al 2006b,
2007a, 2007b;
VERASZTO et al, 2006,
2007a, 2007d, 2007e.
Novos materiais e
nanotecnologia
Aproveitamento e melhora de materiais biológicos e minerais
disponíveis localmente para a construção de casas,
ferramentas, caminhos, represas, etc.
Pesquisa e produção em escala nano (escala atômica) de novos
materiais semicondutores, nanocompósitos, biomateriais,
chips, entre outros, utilizados nas mais diferentes áreas (como
a medicina, eletrônica, ciência da computação, física, química,
biologia e engenharia dos materiais).
Busca por materiais não poluentes para aplicações em
artefatos tecnológicos práticos eficientes e de baixo custo.
HERRERA, 1994;
WCEAD, 1987;
BERNE, 2003;
GLENN & GORDON,
2004;
MIRANDA et al 2006b,
2007a, 2007b;
VERASZTO et al, 2006,
2007a, 2007d, 2007e.
Crise mundial da
água
Garantir saneamento básico adequado.
Garantir abastecimento de água justo.
Pôr fim à exploração insustentável dos recursos hídricos,
formulando estratégias de gestão nos planos regional, nacional
e local, capazes de promover um acesso eqüitativo e um
abastecimento adequado.
Apoiar o desenvolvimento e a adoção de tecnologias de
irrigação favoráveis aos pobres.
Introduzir políticas públicas que aliem a sustentabilidade à
equidade no desenvolvimento de recursos hídricos para a
agricultura (PNUD,2006).
O acesso a água potável e saneamento pode reduzir o riscos de
mortalidade infantil e a incidência de doenças e enfermidades.
Tratar a água como um recurso natural precioso e não como
um produto básico que pode ser gasto ilimitadamente e
explorado sem qualquer preocupação pela sustentabilidade
ambiental.
A exploração insustentável de recursos hídricos representa
uma ameaça crescente para o desenvolvimento humano,
produzindo uma dívida ecológica insustentável que será
transferida às gerações futuras.
CORDEIRO NETTO &
TUCCI, 2003;
PNUD,2006.
87
Saúde
Melhorar a saúde materna.
Combater o HIV/SIDA, malária e outras doenças endêmicas e
epidêmicas.
Reduzir índices de mortalidade infantil.
Os principais protagonistas deste processo, compreendido pelo
setor privado, deveria desenvolver investigações
interdisciplinares capazes de associar as ciências naturais e as
ciências sociais, para prestar atenção à dimensão humana das
mudanças ambientais mundiais, levando em consideração as
conseqüências para a saúde, e para entender melhor as
condições primordiais para assegurar a sustentabilidade dos
sistemas naturais [...].
Pesquisa e aplicações com células tronco.
Aplicações da engenharia genética graças às pesquisas do
genoma humano para a cura de doenças.
UNESCO, 1999;
PNUD, 2001;
BERNE, 2003;
GLENN & GORDON,
2004.
Agricultura
A promoção de formas sustentáveis de agricultura à luz das
considerações sobre a mudança do clima.
Desenvolvimento de pesquisas em culturas perenes, visando a
estabelecer sistemas de consorciamento apropriados e mais
adequados ao manejo e ao controle de pragas e doenças que
afetam a quase totalidade das culturas perenes.
Identificação dos componentes-chave da diversidade biológica
nos sistemas de produção agrícola responsáveis pela
manutenção dos ciclos e dos processos naturais, com o
monitoramento e a avaliação dos efeitos das diferentes
práticas e tecnologias de produção agrícola naqueles
componentes.
Uso racional e adequado da água na agricultura.
ONU, 1998;
BRASIL, 2000;
GLENN & GORDON,
2004.
Educação
Organização do apoio à geração de conhecimentos de C&T,
na perspectiva da integração entre a pesquisa básica, a
pesquisa aplicada e o desenvolvimento tecnológico e
sustentável.
Adequação da pós-graduação à formação e à conscientização
para o desenvolvimento sustentável, sobretudo mediante a
criação de novos cursos integradores e interdisciplinares.
Melhoria do acesso às referências bibliográficas.
Divulgação de informações referentes aos agrotóxicos, para
fins educativos e de conscientização dos agricultores e da
sociedade.
Ampliação e desenvolvimento de pesquisa para a geração de
novos conhecimentos de manejo sustentável dos
agroecossistemas.
Discutir questões éticas relacionando-as com tecnologia,
questões ambientais, nucleares, armamentos, biotecnologia.
Tecnologia como condição básica para construção de artefatos
e estudos do seu conhecimento.
Enfocar conteúdos referentes ao contexto social no qual os
WCEAD, 1987;
BRASIL, 2000;
BASSANI &
CARVALHO, 2004.
BURSZTYN,
KNECHTEL, 2001,
2004;
AGAZZI, 2002;
COLOMBO & BAZZO,
2002;
ACEVEDO DÍAZ, 1996
apud VERASZTO, 2004;
COSTA FERREIRA,
2004;
GLENN & GORDON,
2004;
IGLESIA, 1997 apud
VERASZTO, 2004.
88
alunos estão inseridos.
Dar mais importância às questões práticas.
Considerar os impactos tecnológicos na sociedade.
Levar em conta não somente as possibilidades de resolução de
problemas sociotécnicos, mas também considerar as
limitações da Tecnologia.
Buscar a integração, desenvolvendo nos estudantes pontos de
vista cada vez mais abrangentes de questões éticas e de
valores, existentes nas relações CTS.
Inclusão de discussão ética no currículo de C&T
Tratamento do lixo
Desenvolvimento de metodologias de coleta, tratamento e
divulgação de indicadores de C&T e de P&D.
Reduzir, reutilizar e reciclar o lixo.
BRASIL, 2000;
GIL PÉREZ et al, 2006.
Transporte
Atualização da legislação ambiental, nos aspectos de
planejamento, projetos, manutenção e operação de hidrovias,
às práticas nocivas ao ambiente marítimo por parte das
empresas de navegação.
BRASIL, 2000.
Tecnologias Sociais Priorizar orientadas às necessidades básicas e que contribuam
para a redução das desigualdades sociais. VILCHES et al, 2006.
Robótica
Pesquisa e produção de sistemas compostos por máquinas e
partes mecânicas automáticas e controlados por circuitos
integrados com intenção geral de de redução de custos e
aumento de produtividade. Um dos desafios é integração da
automação com a não redução da oferta de empregos.
BERNE, 2003.
Quadro 4.1: Questões ambientais contemporâneas colocas à ciência e à tecnologia. Fonte: elaborado pelo autor.
Se parássemos para continuar listando, várias outras folhas dariam prosseguimento à
tabela acima. Contudo, a intenção aqui é a de mostrar as principais áreas de atuação que as C&T
devem encarar como desafiadoras para este novo milênio procurando abranger os mais variados
campos, mas priorizando as questões ambientais.
Assim, observando os dados do Quadro 4.1 fica evidente que meio ambiente e
desenvolvimento científico e tecnológico não constituem desafios separados. O progresso não se
mantém se a base de recursos materiais se deteriorar, assim como o meio ambiente só poderá ser
protegido se o crescimento considerar as conseqüências de destruição ambiental. Podemos ir
além afirmando que tanto as questões ambientais, como o desenvolvimento da C&T, junto com
fatores políticos, econômicos e sociais, caminham paralelamente de forma indissociável. Fazer
com que a questão ambiental conste nas agendas políticas é item da maior importância no tocante
89
à economia e recursos. Em todos os países as preocupações com os recursos ambientais deveriam
nortear os processo de invenção de tecnologias alternativas, de aperfeiçoamento das tradicionais,
e de escolha e/ou adaptação de tecnologias importadas, buscando criar tecnologias que capazes
de produzir bens sociais, como melhor qualidade do ar, produtos mais duráveis, diminuição com
custos externos para controle da poluição e de resíduos. (HERRERA, 1994; WCEAD, 1987;
HEALY, 1995).
Pensando agora um pouco não somente em países como o Brasil, mas também em
todos os países em desenvolvimento, fica necessário ressaltar que a capacidade de inovação
tecnológica precisa ser ampliada, a fim de que esses possam reagir de forma mais eficaz aos
desafios do desenvolvimento sustentável, pois as tecnologias dos países industrializados nem
sempre são adaptáveis aos países menos desenvolvidos. Assim, o desenvolvimento de C&T
frente às questões ambientais pode tornar-se mais eficiente se apoiado por uma política pública
que, dentre outros pontos, volte atenção ao desenvolvimento de mecanismos para articular a
capacidade de investigação básica com a inovação tecnológica, priorizando a investigação básica
dos problemas ambientais.
91
5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA
Neste capítulo será apresentada uma descrição da metodologia da pesquisa, da
elaboração do instrumento e dos procedimentos da coleta de dados, da técnica de amostragem
utilizada, assim como a caracterização da amostra. Também serão apresentadas as etapas de
preparação e tratamento dos dados, a caracterização dos indicadores (quanto à normalidade) e a
purificação do modelo de medida. Finalmente, será desenvolvido uma breve análise descritiva
dos fatores que serão utilizados nos modelos causais.
5.1. CARACTERIZANDO A PESQUISA
Esse trabalho caracteriza-se por ser pesquisa quantitativa. É importante salientar que
a vantagem desse método é o de levantar informações com confiabilidade estatística. De acordo
com Demo (2000), essa modalidade de pesquisa caracteriza-se pelo emprego da quantificação da
coleta de dados e o tratamento destes por meio de técnicas estatísticas simples ou complexas. É
freqüentemente aplicado nos estudos descritivos, naqueles que procuram descobrir e classificar a
relação entre variáveis, bem como naqueles que investigam a relação de causalidade entre
fenômenos.
Ao estabelecer como alternativa para análise a relação entre a sociedade e sua
influência nas concepões e atitudes de alunos de graduação frente ao desenvolvimento
tecnológico, a modelagem de equações estruturais, os procedimentos de análise descritiva e
multivariada denotam condição preliminar à aplicação da técnica.
A opção pela abordagem estatística apóia-se na afirmação de Hair Jr. et al. (2005)
que o modelo de equações estruturais provê um método direto para lidar simultaneamente com
múltiplos relacionamentos de dependência com eficiência estatística, explorando-os de maneira
aprofundada, gerando análise confirmatória, e permitindo a representação de conceitos não
observáveis nesses relacionamentos, verificando inclusive, possíveis erros de mensuração
ocorridos durante o processo estatístico.
92
Segundo Klem (1995), a Modelagem de Equações Estruturais (Structural Equation
Modeling - SEM), também conhecida por Análise de Estrutura de Covariância,
Modelagem de Variáveis Latentes, Modelagem Causal, e outras denominações que
espelham sua ação principal, pode ser vista como uma extensão da regressão múltipla, se for
considerado que na aplicação da regressão o pesquisador está interessado em prever uma única
variável dependente, enquanto na SEM há mais de uma variável dependente. Verifica-se que a
preocupação nesta técnica é com a ordem das variáveis. Desta forma, enquanto na regressão “X”
influencia “Y”, na SEM “X” influencia Y e Y influencia “Z”. Nota-se, portanto que uma das
características básicas da SEM é que se pode testar uma teoria de ordem causal entre um conjunto
de varáveis. Outra característica importante desta técnica e que se adequa aos propósitos deste
estudo é que oferece ao pesquisador a possibilidade de investigar quão bem as variáveis
preditoras (predictors) explicam a variável dependente (criterion), e também, qual das variáveis
preditoras é a mais importante. De acordo com Maruyama (1998), embora isso possa ocorrer com
o uso da regressão, com o modelo SEM pode ter mais de uma variável dependente em um único
modelo (HAYDUK, 1987; BOLLEN & LONG, 1993; BYRNE, 1998; MARUAYAMA, 1998;
JÖRESKOG & SÖBOM, 1993, 2003; GARSON, 2003; HANCOCK & MUELLER, 2006).
Crowley e Fan (1997) afirmam que o modelo SEM é amplamente usado em estudos
nas áreas de Ciências Sociais e Comportamentais, exatamente por permitir ao pesquisador a
possibilidade de testar hipóteses de relacionamento entre variáveis. Os autores afirmam que a
atratividade dessa técnica é devida em parte pela sua generalidade e flexibilidade.
Verificou-se, portanto que o modelo SEM tem vantagens quando for empregado
adequadamente, pois com o mesmo, é possível testar-se o ajuste dos dados a um determinado
modelo. Por outro lado, devem-se tomar alguns cuidados, tendo em vista que, segundo
MacCallum e Austin (2000), mesmo que o ajuste seja bem aceito, existe a possibilidade de que
outros modelos possam apresentar ajustes igualmente bons ou superiores, motivo pelo qual é
conveniente considerar modelos alternativos também conhecidos como modelos rivais nos
estudos, naturalmente sempre amparados por sólida base teórica no campo de conhecimento do
fenômeno focado (HAYDUK, 1987; BOLLEN & LONG, 1993; BYRNE, 1998;
MARUAYAMA, 1998; GARSON, 2003; HANCOCK & MUELLER, 2006).
93
5.2. MODELOS TEÓRICOS E HIPÓTESES DE PESQUISA
Levando-se em consideração as características da SEM apresentadas de forma
introdutória anteriormente os modelos de estudo foram construídos tendo como base toda a teoria
apresentada na revisão bibliográfica. A elaboração desse modelo (e de suas respectivas variações)
foi dada em três etapas:
i. Composição do modelo estrutural;
ii. Elaboração da hipótese de pesquisa;
iii. Classificação das variáveis do modelo.
Assim, neste capítulo, será toda a pesquisa teórica feita ao longo do trabalho será
brevemente sintetizada para a elaboração das hipóteses de pesquisa e dos respectivos modelos a
serem testados.
Antes da apresentação do modelo, o Diagrama 5.1 auxilia na apresentação do
referencial teórico e será feito referência ao mesmo ao longo da criação dos modelos.
94
Diagrama 5.1: Esquema de construção dos indicadores dos modelos. Fonte: elaboração do autor.
Diante de todo o referencial teórico apresentado nos capítulos precedentes, e
resumidos no diagrama 5.2, fica claro que a literatura, por inúmeras vezes proporciona vastas
considerações que indicam que a sociedade gera a demanda por novas tecnologias, e estas, por
sua vez, modificam hábitos, formas de relacionamento e de consumo dos indivíduos que dela
fazem parte (ver referências da Dimensão Social no Diagrama 5.1).
Além disso, toda a evolução histórica e tecnológica do homem, bem como a sua
preocupção em entender e se apropriar melhor das suas descobertas, apresentados de forma
extensa nos capítulos 1 e 2, não deixam margem pra dúvida que homem e tecnologia mutuamente
se modificam. De forma bilateral e constante as transformações processadas por esses dois entes
95
reflete na sociedade e nos modos de vida das pessoas.
Estas colocações aqui feitas de maneira tão breve, já seria suficiente para a
elaboração de muitas hipóteses de pesquisa. A robustez teórica que apresenta, é capaz de
justificar a existência dos três modelos que esta pesquisa elaborou. Contudo, ainda resta falar das
diferentes formas que a tecnologia é interpretada.
A longo da história a tecnologia foi entendida e estudada de maneira muito distintas.
Sua aceitação e o convite para que fizesse parte do currículo escolar e acadêmico ao redor do
mundo ganhou conotações distintas e muitas vezes conflitantes. Uma tese inteira poderia ser feita
consideração somente os mitos tecnológicos e suas contribuições para seu estudo e para o
desenvolvimento da sociedade, tendo em vista que sua interpretação provém ou de teorias bem
articuladas divulgadas cientificamente por experts em periódicos ou congressos científicos ou de
imagens populares arraigadas no público de uma maneira geral. E por ser tão rica e vasta seria
impossível de definir a contento de todos. Assim, diante de inúmeros maneiras de se entender a
tecnologia, a pretensão de conceituá-la foge das intenções deste trabalho, assim como já foi
apontado no final do capítulo três.
Todavia, é devido a riqueza de entendimento tão grande que a tecnologia
proporciona, conforme vários estudos demonstram (ver referências de Concepções de Tecnologia
no Diagrama 5.1) é possível afirmar que a sua compreensão é base fundamental para que os
indivíduos possam se posicionar diante dos avanços tecnológicos que a sociedade moderna
demanda e também, gerir e gerar novos artefatos ou serviços.
Ainda é importante considerar que durante o percurso da história foi empregado um
discurso aparentemente inofensico de melhorias sociais em detrimento do desenvolvimento
tecnológico e da apropriação dos recursos do planeta. Contudo, esse discuros não deixa
transparecer que o que de fato ocorre é uma agressão ao meio ambiente de uma maneira que pode
condenar a sobrevivencia das espécies e de globo. Contudo, ao longo do tempo essa visão foi
sendo alterada e alguas ramificações sociais começaram a se posicionar contra alguns usos
abusivos de produtos do desenvolvimento tecnológico. Com isso, passaram a surgir
questionamentos sobre os limites humanos e a real necessidade de destruir a natureza para que o
homem possa viver bem.
96
Com mudança de pensamento, manifestações sociais e posteriormente mudanças
políticas a nível planetário, o desenvolvimento sustentável passou a ser uma necessidade
obrigatória. Mudanças em atitudes das pessoas, seja em relação ao consumo, seja em relação à
preservação do meio, ainda estão muito além do necessário, mas já começaram a mudar e tomar
novos rumos.
O homem precisa viver bem, isto é verdade, mas pode viver bem de uma forma
sustentável e que não ultrapasse os limites dos outros seres vivos do planeta e da apropriação
descomunal dos seus recursos inanimados.
Assim, declarações e documentos, políticas e idéias começaram a deixar
transparecer esse necessidade de mudança, não em relação à poluição desenfreada dada pelas
grandes indústrias, como também mudanças pessoais e de valores (ver referência das Atitudes
frente ao desenvolvimento tecnológico no Diagrama 5.1).
Este breve resumo do referencial teórico adotado ao longo deste trabalho, nos
permite a seguir, definir nossos modelos e hipóteses de pesquisa.
5.3. COMPOSIÇÃO ESTRUTURAL
A construção dos modelos de análise parte do estabelecimento inicial dos construtos
que constituirão o modelo estrutural. Para tanto, baseou-se na definição proposta por Hair Jr et al.
(2005) que o entendem como uma abstração que o pesquisador pode definir em termos
conceituais, mas que não pode ser medida diretamente (por exemplo, através de uma única
resposta que represente o conceito por completo), ou ser medido sem erros. Diante disso, os
construtos são a base para formar o relacionamento causal, uma vez que são a mais pura
representação possível de um conceito, conforme pontua.
Antes de definirmos os constructos é importante frizar que estes são provenientes de
dois momentos distintos e que foram abordados extensamento dos dois capítulos precedentes:
1. Primeiro momento: Pesquisa realizada no capítulo 4 acerca das diferentes
97
formas que a tecnologia é estudada pela academia e compreendida pela
população de uma forma geral. Esse capítulo, com a síntese feita no quadro 3.1,
assim como na literatura abordada, fundamenta a criação das assertivas de dois
dos constructos de pesquisa: a Dimensão Social (DSO) e as concepções em
relação à tecnologia (CON);
2. Segundo momento: Pesquisa realizada no capítulo 5 acerca dos desafios da
tecnologia no cenário mundial contemporâneo, onde é apresentada uma série de
questões impostas ao desenvolvimento tecnológico nos dias atuais. Esse capítulo
e todo o seu referencial teórico, são fontes importantes para a construção das
assertivas da terceria dimensão da pesquisa: as atitudes e crenças dos indivíduos
frente ao desenvolvimento tecnológico (ATI).
5.4. APRESENTANDO O MODELO
Tomando como base a revisão feita acima, apresentaremos modelos que relacionam
as concepções (CON) que os indivídos tem acerca da tecnologia, suas atitudes e expectativas
frente ao desenvolvimento tecnológico (ATI) e as influências da dimensão social (DSO)19
. Em
função das recomendações teóricas do método adotado, apresentaremos a seguir quatro modelos
a serem testados nos estudos de modelagem de equações estruturais. Assim, buscaremos modelar
as relações entre os construtos com o menor número de caminhos causais, tomando-se como
variação fundamental o fator antecedente (tratado também como variável independente ou
exógena) nas relações de causalidade (MARUYAMA, 1998; HAIR JR. et al, 2005).
De acordo com especialistas no assunto, as variáveis independentes são também
chamadas de exógenas porque suas causas são externas ao modelo sob análise, e as variáveis
consideradas dependentes são denominadas endógenas, porque suas causas estão relacionadas às
variáveis exógenas ou a outras variáveis internas do sistema. Assim, elegemos alguns modelos e
temos a intenção de testar a aderência aos mesmos.
19
Para a Dimensão Social, estamos considerando a influência da sociedade como um todo e não de grupos
específicos.
98
De início escolhemos o modelo DSO1, que se caracteriza por apresentar a dimensão
social (DSO) como antecedente aos fatores concepção (CON) e atitude (ATI). Assim, a
representação gráfica das relações causais entre os construtos, conhecida como diagrama de
caminhos (path diagram) está indicada no Diagrama 5.2.
Diagrama 5.2: Relação Estrutural do Modelo DSO1: Influência da Sociedade. Fonte: Elaborado pelo autor.
De uma maneira geral, este modelo pode ser traduzido na seguinte hipótese:
H1: A dimensão social influencia as concepções de tecnologia dos indivíduos
nela inseridos, proporcionando atitudes favoráveis frente a um desenvolvimento tecnológico
sustentável.
Como segundo modelo a ser testado – denominado CON1 – estabeleceu-se que
crenças (concepções) dos indivíduos são fatores determinantes que regulam as atitudes e
influenciam a sociedade. O diagrama de caminhos para essa hipótese encontra-se representado no
diagrama 5.3 que segue.
DSO: variável independente (exógena).
CON e ATI: variáveis dependentes (endógenas).
DSO
ATI
CON
99
Diagrama 5.3: Relação Estrutural do Modelo CON1: Concepções. Fonte: Elaborado pelo autor.
De uma forma sintétida, esse modelo é traduzido pela seguinte hipótese:
H2: As concepções que os indivíduos tem acerca da tecnologia influenciam
suas atitudes frente à tecnologia assim como são bases para influencas nos mais diferentes
setores da sociedade.
No terceiro modelo – denominado ATI1 – estabeleceu-se que as atitudes dos
indivíduos modifica a sociedade e influenciam suas concepções acerca da tecnologia. O diagrama
de caminhos para essa hipótese encontra-se representado no diagrama 5.4.
Diagrama 5.4: Relação Estrutural do Modelo ATI1: Atitudes. Fonte: Elaborado pelo autor.
CON
DSO
ATI
CON: variável independente (exógena).
ATI e DSO: variáveis dependentes (endógenas).
ATI: variável independente (exógena).
CON e DSO: variáveis dependentes (endógenas).
ATI
DSO
CON
100
De maneira geral, este modelo é resumido pela hipótese que segue:
H3: As atitudes que os indivíduos tem em relação ao desenvolvimento
tecnológico influenciam suas concepções de tecnologia e diferentes segmentos da sociedade.
Foram construídas as relações inversas utilizando os mesmos modelos elaborados
anteriormente com alteração da ordem das variáveis independentes e dependentes. Assim, foram
elaborados outros três modelos que estão representados nos diagramas abaixo (Diagramas 5.5,
5.6 e 5.7).
Diagrama 5.5: Relação Estrutural do Modelo DSO2: Influência sobre a Sociedade. Fonte: Elaborado pelo autor.
Este modelo é traduzido pela seguinte hipótese:
H4: As concepções de tecnologia e as atitudes que os indivíduos tem em relação
ao desenvolvimento tecnológico influenciam a dimensão social.
CON e ATI: variáveis independentes (exógenas).
DSO: variável dependente (exógena).
101
Diagrama 5.6: Relação Estrutural do Modelo CON2: Influência nas Concepções. Fonte: Elaborado pelo autor.
Este modelo é representado pela hipótese que segue:
H5: As atitudes que os indivíduos tem em relação ao desenvolvimento
tecnológico e o meio social onde estão inseridos (dimensão social) influenciam suas
concepções de tecnologia.
Diagrama 5.7: Relação Estrutural do Modelo ATI2: Influência nas Atitudes. Fonte: Elaborado pelo autor.
Este modelo é traduzido pela seguinte hipótese:
H6: As concepções de tecnologia e o meio social onde estão inseridos
influenciam as atitudes dos indivíduos em relação ao desenvolvimento tecnológico.
5.5. MODELOS DE MEDIDAS
De acordo com Hair Jr. et al.(2005), não sendo possível a mensuração direta, os
CON e DSO: variáveis independentes (exógenas).
ATI: variável dependente (exógena).
ATI e DSO: variáveis independentes (exógenas).
CON: variável dependente (exógena).
102
construtos devem ser medidos através de indicadores – também denominados variáveis
manifestas ou valores observados. Neste caso em específico, presume-se que cada indicador
possa ser mensurado pela percepção que os sujeitos têm em relação à tecnologia, suas
percepções, tendo como antecedentes a dimensão social. A determinação desses indicadores foi
amparada em todo levantamento bibliográfico apresentado anteriormente, resumido no esquema
representado no Diagrama 5.1.
5.6. INSTRUMENTO DE PESQUISA
A construção do instrumento de pesquisa para levantamento de dados em pesquisa
quantitativa requer cuidado especial. Parte-se do pressuposto que não basta apenas coletar
respostas sobre questões de interesse, mas sim saber como analisá-las estatisticamente para
validação dos resultados. Portanto, o instrumento de pesquisa neste estudo é considerado como
recurso fundamental para a investigação que se propõe conduzir. Trata-se de veículo que busca
representar, na forma de questões, uma série de considerações teóricas levantadas, julgadas de
relevância, para se testar hipóteses com os dados empíricos. Portanto, ele é crucial, na medida
que as conclusões que serão obtidas estarão apoiadas nas informações resultantes de sua
aplicação. A sua representatividade e a sua validade proporcionarão consistência e credibilidade
para as conclusões da pesquisa.
Rutter (1994) afirma que um questionário deve obedecer a algumas regras básicas
onde sendo que, principalmente, possua uma lógica interna na representação exata dos objetivos e
na estrutura de aplicação, tabulação e interpretação. Estas recomendações são válidas como regra
geral e consistem no primeiro passo para estruturar um questionário de alto nível. No entanto,
para Santos (2007), cada pesquisa possui uma especifidade e uma dose de dificuldade, e por ter
propósitos diferenciados, apresentam expectativas de respostas próprias. Assim, a construção de
questionários, portanto, mais do que ciência é uma arte; depende desde a sua concepção da
habilidade e experiência do pesquisador (SANTOS, 2007).
Foi levando em consideração estes aspectos que o questionário (que será
apresentado no capítulo posterior e o instrumento completo no Apêndice 2) foi estruturado e
103
desenvolvido para a coleta de dados. Segundo Selltiz et al (1987), este tipo de questionário
(escala e Likert) apresenta uma série de vantagens, tais como: menor tempo para ser respondido,
questões de mais rápida compreensão e portanto, mais fáceis de se responder, tem caráter
anônimo e evitam viesses do entrevistador.
Além disso, a elaboração de um instrumento para tomada de dados em pesquisa de
natureza quantitativa requer cuidado especial. Isso porque parte do pressuposto que não basta
apenas coletar respostas sobre questões de interesse, mas sim, saber como analisá-las
estatisticamente para a validação dos resultados. É por isso que nesta pesquisa o instrumento de
investigação é considerado como recurso fundamental para a a busca por repostas do problema
proposto na introdução do trabalho.
5.7. METODOLOGIA DE ELABORAÇÃO DOS INDICADORES DO
INSTRUMENTO DE PESQUISA
Toda a revisão literária desenvolvida ao longo dos capítulos anteriores passou por
um processo sistemático de análise e classificação para a construção do instrumento de pesquisa.
As variáveis obtidas resultaram de um processo de análise de conteúdo cuja metodologia será
descrita a seguir.
A partir de artigos, livros, documentos nacionais e internacionais, este trabalho
buscou coletar informações fornecidas em cada texto classificando todas as concepções existentes
sobre tecnologia, bem como quais os desafios da tecnologia no atual cenário global. Também foi
priorizado o levantamento de informações que pudessem classificar os mais diferentes setores da
sociedade. Foi a partir dessas categorizações que os indicadores do trabalho foram desenvolvidos.
Ao optar por uma análise de conteúdo do material teórico, foi levado em
consideração que seria a melhor forma para entender a mensagem transmitida pelos autores, pois
essa abordagem, segundo Bardin (2004) nos permite ir além das aparências do texto, podendo
assim, além de levantar as concepções analisadas e/ou apresentadas pelos autores também obter
concepções ocultas presentes nos textos estudados. Desta forma, a análise de conteúdo enriquece
104
a tentativa exploratória, aumentando a propensão às descobertas.
A descrição analítica que a análise de conteúdo proporciona em primeira instância a
utilização de procedimentos sistemáticos de tratamento de informações contidas nas mensagens.
(BARDIN, 2004). Porém, para estruturar a análise de conteúdo em sua totalidade, extrapolando o
conteúdo explícito dos textos, foi necessário encontrar as mensagens implícitas através de
inferências deduzidas de forma lógica e apoiadas pela teoria.
Desta forma, para análise dos dados obtidos a partir dos textos, iremos buscar a
análise de conteúdo seguindo um referencial intrínseco a eles, segundo aspectos da formulação
teórica de Bardin (2004):
5.7.1. ORGANIZAÇÃO DA ANÁLISE
A organização da análise se deu em torno de três pólos distintos e foi apoiada pela
teoria de Bardin (2004):
i. Pré-análise: organização do material coletado e uma leitura flutuante, para obter
uma categorização dos dados obtidos, ou seja, a primeira atividade consiste em
estabelecer contato com os dados coletados permitindo comentar as primeiras
impressões. Pouco a pouco a análise vai tornando-se mais precisa, em função das
hipóteses emergentes e da projeção de teorias adaptadas sobre o material.
ii. A exploração do material (ou descrição analítica): Se as diferentes operações da
pré-análise foram convenientemente concluídas, a fase da análise propriamente dita
não é mais do que a administração sistemática das decisões tomadas. Assim, esta
etapa já começa na anterior e deve conter uma leitura mais cuidadosa para se iniciar
o processo de codificação, classificação, desconto ou enumeração em função de
regras previamente formuladas.
iii. Tratamento dos resultados e interpretação: Inicia-se também paralelamente às
anteriores, mas devem combinar a reflexão, intuição e o embasamento nos dados
empíricos, para estabelecer-se relações sobre o objeto estudado. Desta forma busca-
105
se resultados a partir de dados brutos, de maneira a se tornarem significativos e
válidos.
5.7.2. CODIFICAÇÃO
Tratar o material significa codificá-lo. Quando a intenção é analisar um conjunto de
dados, é preciso saber como enquadrá-los dentro de um quadro referencial teórico. Portanto, a
codificação corresponde a uma transformação – efetuada segundo regras precisas – dos dados
brutos dos textos por recorte (escolha das unidades), agregação (escolha das categorias) e
enumeração (escolha das regras de contagem) permitindo atingir uma representação do conteúdo,
ou de sua expressão, suscetível de esclarecer acerca das características dos dados coletados
(BARDIN, 2004). Assim, os textos escolhidos foram analisados e codificados a partir do que os
anglo-saxônicos chamam de fishing expeditions, que quer dizer análises exploratórias para ver o
que há. Neste caso, a análise de conteúdo inicia o trabalho a partir do levantamento simples e
bruto de dados contidos implícita ou explicitamente nos textos. E para que obter resultados
eficientes do processo foi necessário estabelecer regras de análise, que estão resumidas no quadro
5.1.
Referências Transcrição
de trechos
Classificação dos indicadores1
Assertivas2
Categorização
das variáveis3
Do autor Que o autor aponta
Explicitas Implícitas Explicitas Implícitas
Quadro 5.1: Processo de elaboração dos indicadores da pesquisa. Fonte: elaborado pelo autor.
1. Para classificar os indicadores foi levado em consideração os três constructos da pesquisa
i. DSO: classificação de diferentes setores sociais
ii. CON: levantamento das concepções de tecnologia
iii. ATI: busca por desafios tecnológicos que a sociedade tem no cenário global contemporâneo
2. Transformação dos indicadores em assertivas para aplicação futura em questionário do tipo Likert.
3. Esta coluna compreende a parte final da nossa análise, descrita no tópico seguinte.
5.7.3. CATEGORIZAÇÃO
Esta etapa do trabalho consiste na distribuição das componentes das mensagens
analisadas em rubricas ou categorias. Esta etapa é um processo de classificação dos dados por
diferenciação e, em seguida, por reagrupamentos em torno de critério previamente, ou não,
106
estabelecidos.
A categorização é um processo estruturalista e comporta duas etapas:
i. o inventário: isolar os elementos;
ii. a classificação: repartir os elementos, e portanto, procurar ou impor uma certa
organização às mensagens. (BARDIN, 2004)
O critério de categorização foi embasado nos referenciais teóricos e esta estratégia
de ordenação foi adotada para que uma representação simplificada dos dados brutos pudesse ser
catalogada para posteriormente passar por processo de análise.
Com estes elementos descritos acima foi possível sistematizar a classificação das
variáveis e dos indicadores.
No início do trabalho, cerca de 320 indicadores possíveis foram levantados. Em uma
primeira triagem, 244 permaneceram e foram levados para a análise de especialistas.
Participaram do processo de análise teórica e semântica dos indicadores oito
especialista, dentre os quais, quatro são doutores, três são doutorandos em educação e ciências
sociais e um outro, mestre em educação; dentre estes, sete com experiências em pesquisas
quantitativas e já trabalharam com escalas de Likert por inúmeras vezes. Estes especialistas, além
de verificar a teoria o e conteúdo do questionário, também auxiliaram na sua avaliação semântica
e estrutural.
Todas as variáveis foram agrupadas em categorias e transformadas em assertivas
(indicadores) e o resultado final, após um ano de refinamento, é apresentado no Quadro 5.2.
DIMENSÕES INDICADORES REFERÊNCIAS
CONCEPÇÕES DE
TECNOLOGIA
CON 01: Tecnologia é aplicação de leis, teorias e modelos
da Ciência.
LAYTON, 1988; ACEVEDO,
1998; GARCÍA et al, 2000,
ACEVEDO DÍAZ, 2002a,
2002b; (BERNAL, 1964;
RENNIE, 1987 apud ACEVEDO
DÍAZ, 2002b;
(STAUDENMAIER, 1985;
NIINILUOTO, 1997) apud
OSORIO M., 2002
107
CON 02: A tecnologia não precisa de teorias; precisa
apenas ser prática e eficiente.
BUNGE, 1972 e 1986 apud
OSORIO M, 2002; (RENNIE,
1987; MITCHAM, 1989;
SANMARTÍN, 1987, 1990) apud
ACEVEDO DÍAZ, 2002b;
AGAZZI, 2002; VERASZTO,
2004.
CON 03: A tecnologia explica o mundo à nossa volta.
SANCHO, 1998; JARVIS &
RENNIE, 1998; SILVA e
BARROS FILHO, 2001;
VALDÉS et al, 2002; HILST,
1994; GORDILLO, 2001;
CEVEDO DÍAZ, 2002, 2003c,
2003d, CASALDERREY, 1986,
1987, 1989; GILBERT, 1992)
apud ACEVEDO DÍAZ, 2002.
CON 04: Hoje há tecnologias que podem ser adquiridas
por um preço acessível para muitos, tais como celulares,
aparelhos de som, microcomputadores, etc.
SILVA et al, 1999; GARCÍA et
al, 2000; SILVA et al, 2001;
(ELLUL, 1960; QUINTANILLA,
2001) apud OSORIO M., 2002;
LION, 1997; PACEY, 1983;
ACEVEDO DÍAZ, 2003a,
2003b; OSORIO M., 2002;
VERASZTO, 2004.
CON 05: Tecnologias são ferramentas (ou artefatos)
construídas para auxiliar o homem na resolução de
diferentes tipos de tarefas.
CON 06: A tecnologia não sofre influências da sociedade. FOUCAULT, 1978 apud
OSORIO M., 2002; WINNER,
1985 e 1986 apud OSORIO M.,
2002; GARCÍA et al, 2000;
CARRERA, 2001; GÓMEZ,
2001; OSORIO M., 2002;
DAGNINO, 2007.
CON 07: O uso que fazemos da tecnologia é que
determina se ela é boa ou má.
CON 8: O inventor perde o controle sobre a invenção uma
vez que esta é disponibilizada para o público.
(MUMFORD, 1952;
GONZÁLEZ et al., 1996) apud
OSORIO M., 2002; (ELLUL,
1954; TOFFLER 1980; SMITH
& MARX, 1994) apud GARCÍA
et al, 2000; CARRERA, 2001;
GÓMEZ, 2001; DAGNINO,
2007.
CON 9: Uma nova descoberta tecnológica pode ser útil
em qualquer lugar do planeta. GÓMEZ, 2001; GORDILLO &
GALBARTE, 2002.
CON 10: A tecnologia pode acabar com o planeta. MEADOWS, 1972; BARRET &
MORSE, 1977; ZARTH et al,
1998 apud COLOMBO &
BAZZO, 2002; CARRANZA,
2001; HEIDEGGER apud
AGAZZI, 2002; CORAZZA,
2005; CARSON, apud
CORAZZA, 1996, 2004, 2005.
CON 11: A tecnologia aumenta as desigualdades sócio-
econômicas.
CON 12: A tecnologia ameaça a privacidade das pessoas.
CON 13: Os benefícios proporcionados pelo
desenvolvimento tecnológico são maiores que seus efeitos
negativos.
HERRERA, 1994; WCEAD,
1987; FORAY & GRÜBLER,
1996; FREEMAN, 1996;
CARRANZA, 2001; AGAZZI,
2002; ANDRADE, 2004; BIN,
2004; MIRANDA et al 2006b,
2007a, 2007b, VERASZTO et
al 2007a, 2007d, 2007e.
CON 14: A engenharia genética pode contribuir para a
cura de doenças.
108
CON 15: Diferentes grupos de interesses determinam a
produção tecnológica a partir de relações sociais, políticas,
econômicas, ambientais, culturais, etc.
PACEY, 1983; ECHEVERRIA,
1998; SANCHO, 1998; SILVA et
al, 2000; BOSCH, 2002;
(HUGHES, 1983; WYNNE,
1983; QUINTANILLA, 1988,
2001; SUTZ, 1998) apud
OSORIO M, 2002; WYNNE,
1983 e SCHIENSTOCK, 1994
apud GARCÍA et al, 2000
GRINSPUN, 2001; ACEVEDO
DÍAZ, 2002b; OSORIO M.,
2002; BARROS FILHO et al,
2003; SIMON et al, 2003,
VERASZTO, 2003a, 2003b,
2003c, 2003d, 2004, 2005c.
DIMENSÃO SOCIAL
DSO 01: O governo não deve influenciar nas decisões de
desenvolvimento tecnológico.
AIKENHEAD & RYAN,
1992; CANAVARRO, 2000;
VOGT & POLINO, 2003;
VÁZQUEZ-ALONSO et al,
2006a
DSO 02: A pesquisa tecnológica desenvolvida por
empresas é direcionada a interesses particulares
hegemônicos visando exclusivamente o lucro.
DSO 03: As decisões e escolhas tecnológicas em nada se
relacionam com códigos de ética e de condutas.
DSO 04: As instituições educacionais e de pesquisa, como
grandes universidades, devem orientar a pesquisa para o
desenvolvimento de novas tecnologias.
DSO 05: Entidades não governamentais (ONG’s) devem
ter voz ativa nas decisões tecnológicas.
DSO 06: Organizações ambientalistas podem impedir ou
interromper o desenvolvimento tecnológico.
DSO 07: Entidades religiosas podem impedir ou
interromper o desenvolvimento tecnológico.
DSO 08: É importante a participação efetiva dos cidadãos
em questões relacionadas a tomadas de decisão
tecnológicas.
DSO 09: Interesses pessoais não influenciam no processo
de criação de tecnologia.
DSO 10: As crenças religiosas não afetam o trabalho de
cientistas e especialistas envolvidos na produção de
tecnologia.
DSO 11: A mídia influencia a produção tecnológica.
DSO 12: As minorias étnicas não têm espaço garantido
para auxiliar na escolha de novas tecnologias.
ATITUDES FRENTE
AO
DESENVOLVIMENT
O TECNOLÓGICO
ATI 01: Utilizo tecnologia para socializar informações.
HERRERA, 1994; WCEAD,
1987; BRASIL, 2000;
MIRANDA et al 2006b,
2007a, 2007b; VERASZTO et
al, 2006, 2007a, 2007d,
2007e.
ATI 02: Não estou apto a opinar sobre tecnologia, pois
decisões desse porte devem ficar a cargo de especialistas. AIKENHEAD & RYAN,
1992; CANAVARRO,
2000; VOGT & POLINO,
2003; VÁZQUEZ-
ATI 03: Escolho uma tecnologia pela sua eficiência.
ATI 04: Escolho uma tecnologia pela sua praticidade.
109
ATI 05: No momento de compra de novo artefato
tecnológico o custo é o fator determinante para minha
escolha.
ALONSO et al, 2006a;
TEWDMAN & KEEVES,
2001; MIRANDA et al,
2005a, 2005b, 2005c, 2006;
VERASZTO et al, 2004a,
2004b, 2005d, 2005e,
2007b, 2007f; VAZQUEZ-
ALONSO, 2007; BERNE,
2003.
ATI 06: A tecnologia consolida a democratização das
relações entre os seres humanos.
AIKENHEAD & RYAN,
1992; CANAVARRO,
2000; VOGT & POLINO,
2003; VÁZQUEZ-
ALONSO et al, 2006a;
TEWDMAN & KEEVES,
2001; MIRANDA et al,
2005a, 2005b, 2005c, 2006;
VERASZTO et al, 2004a,
2004b, 2005d, 2005e, 2007b,
2007f; VAZQUEZ-ALONSO,
2007
ATI 07: Estou atento às questões relacionadas com
tecnologia que aparecem na mídia.
ATI 08: Sou favorável ao aumento do investimento em
tecnologia mesmo que isso signifique gastar menos em
programas sociais.
AIKENHEAD & RYAN,
1992; CANAVARRO, 2000;
VOGT & POLINO, 2003;
VÁZQUEZ-ALONSO et al,
2006a.
ATI 09: Utilizaria sem questionar a energia nuclear, pois é
uma saída plausível para resolver problemas futuros da
crise energética.
HERRERA, 1994;
WCEAD, 1987; ONU,
1998; BRASIL, 2000; GIL
PÉREZ et al, 2006;
MIRANDA et al 2006b,
2007a, 2007b; VERASZTO
et al, 2006 2007a, 2007d,
2007e.
110
ATI 10: A preocupação com as futuras gerações deve ser
ponto determinante para direcionar escolhas tecnológicas.
HERRERA, 1994;
WCEAD, 1987; ONU,
1998; UNESCO, 1999;
BRASIL, 2000;
CARRANZA, 2001;
KNECHTEL, 2001;
AGAZZI, 2002;
COLOMBO & BAZZO,
2002; GRÜBLER &
GRITSEVSKYI, 2002;
MEADOWS 2002; BERNE,
2003; CORDEIRO NETTO
& TUCCI, 2003; BASSANI
& CARVALHO, 2004;
BURSZTYN, 2004;
COSTA FERREIRA, 2004;
ACEVEDO DÍAZ, 1996;
GLENN & GORDON,
2004; IGLESIA, 1997 apud
VERASZTO, 2004; OEI,
2005; PNUD, 2001, 2004,
2006; GIL PÉREZ et al,
2006; MIRANDA et al
2006b, 2007a, 2007b;
VERASZTO et al, 2006,
2007a, 2007d, 2007e;
VILCHES et al, 2006
ATI 11: Estou ciente de que minhas escolhas tecnológicas
ajudarão a superar a crise da água no século XXI.
CORDEIRO NETTO &
TUCCI, 2003; PNUD,2006.
ATI 12: Tendo condições financeiras, ao comprar um
celular novo, escolho o que tem mais recursos e funções.
TEWDMAN & KEEVES,
2001; MIRANDA et al,
2005a, 2005b, 2005c, 2006;
VERASZTO et al, 2004a,
2004b, 2005d, 2005e,
2007b, 2007f; VAZQUEZ-
ALONSO, 2007
ATI 13: Com a utilização segura da tecnologia é possível
proteger a natureza da contaminação humana.
HERRERA, 1994; WCEAD,
1987; FORAY & GRÜBLER,
1996; FREEMAN, 1996;
CARRANZA, 2001; AGAZZI,
2002; ANDRADE, 2004; BIN,
2004; MIRANDA et al 2006b,
2007a, 2007b, VERASZTO et
al 2007a, 2007d, 2007e.
111
ATI 14: Evito utilizar artefatos tecnológicos que
provocam destruição do meio ambiente.
HERRERA, 1994;
WCEAD, 1987; ONU,
1998; UNESCO, 1999;
BRASIL, 2000;
CARRANZA, 2001;
KNECHTEL, 2001;
AGAZZI, 2002;
COLOMBO & BAZZO,
2002; GRÜBLER &
GRITSEVSKYI, 2002;
MEADOWS 2002; BERNE,
2003; CORDEIRO NETTO
& TUCCI, 2003; BASSANI
& CARVALHO, 2004;
BURSZTYN, 2004;
COSTA FERREIRA, 2004;
ACEVEDO DÍAZ, 1996;
GLENN & GORDON,
2004; IGLESIA, 1997 apud
VERASZTO, 2004; OEI,
2005; PNUD, 2001, 2004,
2006; GIL PÉREZ et al,
2006; MIRANDA et al
2006b, 2007a, 2007b;
VERASZTO et al, 2006,
2007a, 2007d, 2007e;
VILCHES et al, 2006
ATI 15: Sei que alimentos transgênicos podem ser a
solução para a fome do mundo.
ONU, 1998; BRASIL, 2000;
GLENN & GORDON,
2004; HERRERA, 1994;
WCEAD, 1987; PNUD,
2001; BERNE, 2003;
MIRANDA et al 2006b,
2007a, 2007b; VERASZTO
et al, 2006, 2007a, 2007d,
2007e.
ATI 16: Não compro móveis que não sejam feitos a partir
de madeira certificada.
112
ATI 17: Admito exploração da natureza em detrimento do
bem estar da humanidade.
HERRERA, 1994; WCEAD,
1987; ONU, 1998; UNESCO,
1999; BRASIL, 2000;
CARRANZA, 2001;
KNECHTEL, 2001;
AGAZZI, 2002; COLOMBO
& BAZZO, 2002; GRÜBLER
& GRITSEVSKYI, 2002;
MEADOWS 2002; BERNE,
2003; CORDEIRO NETTO &
TUCCI, 2003; BASSANI &
CARVALHO, 2004;
BURSZTYN, 2004; COSTA
FERREIRA, 2004;
ACEVEDO DÍAZ, 1996;
GLENN & GORDON, 2004;
IGLESIA, 1997 apud
VERASZTO, 2004; OEI,
2005; PNUD, 2001, 2004,
2006; GIL PÉREZ et al, 2006;
MIRANDA et al 2006b,
2007a, 2007b; VERASZTO et
al, 2006, 2007a, 2007d,
2007e; VILCHES et al, 2006
Quadro 5.2: Indicadores Propostos para cada Dimensão do Estudo. Fonte: Elaborado pelo autor.
Assim, para a elaboração do instrumento se buscou representar, na forma de
assertivas, uma série de considerações teóricas pesquisadas e julgadas de relevância, para se
testar hipóteses com os dados empíricos. Além do mais, foi o elemento que permitiu apurar o
valor das variáveis, através das constatações individuais sobre as relações entre a sociedade e sua
influência nas concepões e atitudes de alunos de graduação frente ao desenvolvimento
tecnológico. Portanto, ele foi crucial, na medida que as conclusões que foram obtidas estão
apoiadas nas informações resultantes de sua aplicação. Desta forma é possível assegurar que a
sua representatividade e a sua validade proporcionaram consistência e credibilidade para as
conclusões da pesquisa.
É preciso destacar ainda que para a concepção do questionário foram observadas as
recomendações sugeridas por Selltiz et al (1987) que sugerem que um instrumento de pesquisa
quantitativa deve ter as características apontadas abaixo.
i. Ter uma boa apresentação física, de forma a motivar o pesquisado e a mantê-lo
estimulado a responder todas as questões formuladas;
113
ii. Conter perguntas elaboradas com clareza e objetividade, a fim de se evitar vieses
de entendimento por parte do respondente;
iii. Abordar vários aspectos relacionados à área em investigação, sendo bem dosado
na quantidade e complexidade de questões;
iv. Utilizar linguagem adequada aos respondentes.
5.8. ESTRUTURA DO QUESTIONÁRIO
Abaixo (Quadro 5.3) é apresentando o questionário aplicado (Apêndice B) com
colunas adicionais para facilitar a análise, tendo em vista que as assertivas que representam as
variáveis foram reordenadas de forma aleatória para evitar vises nas respostas dos sujeitos.
Também apontamos as assertivas com sentido negativo que precisam ter sua escala invertida para
a inserção no modelo estatístico.
VARIÁVEIS N ASSERTIVAS OBSERVAÇÃO
ATI 02 1 Não estou apto a opinar sobre tecnologia, pois decisões desse porte devem
ficar a cargo de especialistas. NEGATIVA
CON 02 2 A tecnologia não precisa de teorias; precisa apenas ser prática e eficiente.
ATI 01 3 Utilizo tecnologia para socializar informações.
DSO 01 4 O governo não deve influenciar nas decisões de desenvolvimento
tecnológico. NEGATIVA
CON 03 5 A tecnologia explica o mundo à nossa volta.
CON 01 6 Tecnologia é aplicação de leis, teorias e modelos da Ciência.
ATI 03 7 Escolho uma tecnologia pela sua eficiência.
CON 04 8 Hoje há tecnologias que podem ser adquiridas por um preço acessível para
muitos, tais como celulares, aparelhos de som, microcomputadores, etc.
DSO 04 9 As instituições educacionais e de pesquisa, como grandes universidades,
devem orientar a pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias.
DSO 03 10 As decisões e escolhas tecnológicas em nada se relacionam com códigos
de ética e de condutas. NEGATIVA
DSO 02 11 A pesquisa tecnológica desenvolvida por empresas é direcionada a
interesses particulares hegemônicos visando exclusivamente o lucro.
ATI 04 12 Escolho uma tecnologia pela sua praticidade.
CON 05 13 Tecnologias são ferramentas (ou artefatos) construídas para auxiliar o
homem na resolução de diferentes tipos de tarefas.
DSO 05 14 Entidades não governamentais (ONG’s) devem ter voz ativa nas decisões
tecnológicas.
ATI 05 15 No momento de compra de novo artefato tecnológico o custo é o fator
determinante para minha escolha.
114
CON 06 16 A tecnologia não sofre influências da sociedade. NEGATIVA
DSO 06 17 Organizações ambientalistas podem impedir ou interromper o
desenvolvimento tecnológico.
ATI 06 18 A tecnologia consolida a democratização das relações entre os seres
humanos.
CON 07 19 O uso que fazemos da tecnologia é que determina se ela é boa ou má.
DSO 07 20 Entidades religiosas podem impedir ou interromper o desenvolvimento
tecnológico.
ATI 07 21 Estou atento às questões relacionadas com tecnologia que aparecem na
mídia.
CON 08 22 O inventor perde o controle sobre a invenção uma vez que esta é
disponibilizada para o público.
DSO 08 23 É importante a participação efetiva dos cidadãos em questões relacionadas
a tomadas de decisão tecnológicas.
ATI 08 24 Sou favorável ao aumento do investimento em tecnologia mesmo que isso
signifique gastar menos em programas sociais. NEGATIVA
CON 09 25 Uma nova descoberta tecnológica pode ser útil em qualquer lugar do
planeta.
DSO 09 26 Interesses pessoais não influenciam no processo de criação de tecnologia. NEGATIVA
ATI 09 27 Utilizaria sem questionar a energia nuclear, pois é uma saída plausível
para resolver problemas futuros da crise energética.
CON 10 28 A tecnologia pode acabar com o planeta.
ATI 17 29 Admito exploração da natureza em detrimento do bem estar da
humanidade. NEGATIVA
DSO 10 30 As crenças religiosas não afetam o trabalho de cientistas e especialistas
envolvidos na produção de tecnologia. NEGATIVA
ATI 10 31 A preocupação com as futuras gerações deve ser ponto determinante para
direcionar escolhas tecnológicas.
CON 11 32 A tecnologia aumenta as desigualdades sócio-econômicas.
ATI 16 33 Não compro móveis que não sejam feitos a partir de madeira certificada.
DSO 11 34 A mídia influencia a produção tecnológica.
ATI 11 35 Estou ciente de que minhas escolhas tecnológicas ajudarão a superar a
crise da água no século XXI.
CON 12 36 A tecnologia ameaça a privacidade das pessoas.
DSO 12 37 As minorias étnicas não têm espaço garantido para auxiliar na escolha de
novas tecnologias. NEGATIVA
ATI 12 38 Tendo condições financeiras, ao comprar um celular novo, escolho o que
tem mais recursos e funções.
CON 13 39 Os benefícios proporcionados pelo desenvolvimento tecnológico são
maiores que seus efeitos negativos.
ATI 13 40 Com a utilização segura da tecnologia é possível proteger a natureza da
contaminação humana.
CON 14 41 A engenharia genética pode contribuir para a cura de doenças.
ATI 14 42 Evito utilizar artefatos tecnológicos que provocam destruição do meio
ambiente.
CON 15 43 Diferentes grupos de interesses determinam a produção tecnológica a
partir de relações sociais, políticas, econômicas, ambientais, culturais, etc.
ATI 15 44 Sei que alimentos transgênicos podem ser a solução para a fome do
mundo.
Quadro 5.3: Questionário aplicado com relações entre variáreis e ordem das assertivas. Fonte: Elaborado pelo autor.
115
Frente ao exposto, o instrumento de levantamento de dados foi desenhado em três
partes (Apêndice B) sendo cada uma voltada a um objetivo específico da pesquisa, mas
complementares para a consecução do objetivo geral, e com níveis de complexidade crescentes:
i. Primeira etapa: fez-se uma apresentação sucinta do instrumento ao aluno,
esclarecendo os objetivos e a amplitude envolvidos na pesquisa. Procurou-se
estimulá-los ao preenchimento do instrumento com a menção da simplicidade das
perguntas e da curta duração para respondê-las. Exaltou-se a importância da
participação dos mesmos, além de tentar proporcionar-lhes liberdade de expressão
ao eximi-los de se identificarem.
ii. Segunda etapa: foram coletadas informações sobre o perfil dos respondentes:
gênero, idade, curso, ano de ingresso. Embora não se tenha indagado sobre o nome
da instituição, tomou-se o cuidado de separar os instrumentos respondidos com
vistas às análises comparativas.
iii. Terceira etapa: foi solicitado aos participantes que manifestassem seu grau de
concordância com assertivas. Quanto à seqüência das questões no instrumento,
optou-se por um sistema aleatório dos itens através do método randômico. Este
procedimento, segundo Zaragoza Raduá (2003), deve ser adotado em escalas de
atitudes para que estas possam gozar de maior validade. Contudo, tomou-se o
cuidado de construí-la de forma que não aumentasse o esforço mental dos
respondentes.
Escolheu-se a escala ordinal de Likert classificadas como Concordo Plenamente
(CP), ; Concordo (C), Indiferente (I), Discordo (D) e Discordo Plenamente (DP), transformadas
em escalas de 1 a 5 para mensuração futura.
A escala do tipo Likert é considerada uma escala ordinal, pois a origem dos números
que medem é arbitrária e a distância entre os números não são iguais (PASQUALI, 2003). Além
disso, conforme observado por Selltiz et al (1987), a escala mencionada permite a ordenação dos
116
participantes através da favorabilidade de sua atitude com relação ao item e não mede o quanto o
respondente é favorável ao item questionado. Trata-se de escala que tem sido amplamente
utilizada em pesquisas de natureza quantitativa. Pereira (2004, p.65) a exalta como paradigma da
mensuração qualitativa, sugerindo que seu intenso uso seja proveniente de suas características de
contemplar oposição entre contrários, de reconhecer gradiente, de incluir situação intermediária e
de ter uma relação adequada entre precisão e acurácia da mensuração.
Não obstante, Hair Jr. et al (2005) sugerem a obtenção da validade de conteúdos
que avalia subjetivamente a correspondência entre os itens individuais e o conceito por meio do
julgamento de especialistas, pré-testes com sub-populações ou outros meios.
Para permitir o tratamento estatístico através da Modelagem de Equações Estruturais
(SEM), a escala ordinal adotada foi transformada em escala métrica. Esta adoção encontra
respaldo em muitas pesquisas da área de ciências sociais, não obstante questionamentos de vários
autores (CESAR, 2004). Para a autora, o uso da escala ordinal poderá ser uma das causas de
violação, caso se constate que não está sendo atendida a premissa da técnica SEM de distribuição
normal multivariada dos indicadores. Essa situação poderá exigir ajustes e medidas corretivas
para a aplicação das técnicas planejadas, ou o uso de método alternativo de estimação.
No que se refere à análise ou validação teórica dos itens, Pasquali (2003) afirma que
deve ser de dois tipos: a análise do conteúdo e a análise semântica do teste. Sendo que a análise
do conteúdo do teste deve ser feita por peritos na área, pois o que se pretende é verificar se os
itens realmente descrevem o construto a ser medido.
5.9. MODELOS COMPLETOS
Com a formação dos modelos de medidas e modelos estruturais, componentes
básicos da modelagem de equações estruturais (SEM), foi possível formar os modelos completos
para análise. Pedhazur (1997, p.770) destaca que embora não essencial para a análise numérica,
é muito útil a representação gráfica das relações hipotéticas entre o conjunto de variáveis. Com
base nesta premissa, foram desenhados graficamente os modelos, conforme dispostos nos
117
diagramas 5.7 a 5.12. Para a elaboração dos mesmos, é importante considerar:
i. As variáveis exógenas (independentes) e exógenas (dependentes) são os construtos
ou variáveis latentes do estudo, e são representados geralmente por elipses
(PEDHAZUR, 1997; LOEHLIN, 1998).
ii. As variáveis manifestas ou indicadores são representadas por retângulos
(PEDHAZUR, 1997).
iii. Ei são os erros de mensuração a que as variáveis manifestas estão sujeitas, uma vez
que o respondente pode ficar incerto sobre como proceder, ou interpretar a questão
de maneira diferente daquela que o pesquisador entende (HAIR JR. et al, 2005).
iv. As setas indicam relações de causalidade entre as variáveis latentes ou efeito das
variáveis nos modelos de medidas (PEDHAZUR, 1997).
v. ρij são os coeficientes de caminho, que indicam quanto variará o fator i para cada
variação unitário do fator j na equação de regressão.
De acordo com Pedhazur (1997), os modelos prevêem, ainda, a existência de
resíduos para representar os efeitos de vaiáveis não incluídas na sua composição. Ainda segundo
o autor, alguns dos pressupostos registrados na literatura para uso da técnica SEM são atendidos
na própria estrutura dos modelos em análise, pois além das relações entre as variáveis serem
lineares, aditivas e causais, o número de indicadores por variável é superior a três, e o número de
parâmetros a serem estimados não é superior ao número de trajetórias ou caminhos (o que
poderia gerar problemas de identificação).
118
Diagrama 5.7: Modelo DSO1: Influência da Sociedade. Fonte: Elaborado pelo autor.
Diagrama 5.8: Modelo CON1: Concepções. Fonte: Elaborado pelo autor.
119
Diagrama 5.9: Modelo ATI1: Atitudes. Fonte: Elaborado pelo autor.
Diagrama 5.10: Modelo DSO2: Influência sobre a Sociedade. Fonte: Elaborado pelo autor.
120
Diagrama 5.11: Modelo CON2: Influências sobre as Concepções. Fonte: Elaborado pelo autor.
Diagrama 5.12: Modelo ATI1: Atitudes. Fonte: Elaborado pelo autor.
121
5.10. COLETA DE DADOS
Para a coleta de dados existem dois métodos principais aplicados às pesquisas
descritivas (MALHOTRA, 2001): survey e obsevação. Abaixo, segue uma melhor definição de
cada um deles:
i. Survey: método usado para se obter informações com base no questionamento aos
respondentes, geralmente de forma estruturada;
ii. Observação: envolve o registro de padrões de comportamento de pessoas, objetos
e eventos, de maneira sistemática, para se obter informação sobre o fenômeno de
interesse.
A escolha do método se deu em função dos objetivos desta pesquisa, que de maneira
resumida consiste em mensurar como estudantes de graduação entende a influencia da sociedade
em seus conceitos e atitudes frente à tecnologia.
Para essa finalidade o método de observação seria inviável nesse contexto devido a
questões de operacionalização, tempo e custo, uma vez que seria impossível acompanhar uma
amostra de estudantes similar à deste estudo durante todo o curso ou até mesmo um período
letivo para uma tentativa de inferir suas opiniões. Assim, a observação é inviável para a coleta
dos dados que esta pesquisa necessita e a escolha do método survey é a mais indicada.
Assim, as instituições que representaram a unidade amostral foram selecionadas
considerando-se os critérios de serem universidades de natureza pública e privada. A
universidade pública escolhida, localizada no município de Campinas/SP, tem alunos das mais
diferentes regiões do Estado de São Paulo, assim como, outras três outras instituições
particulares. Uma universidade e uma faculdade do município de São Paulo/SP e uma faculdade
do município de Campinas/SP. As outras duas faculdades selecionadas são do interior e recebem
alunos de diferentes regiões do interior do Estado e também foram escolhidas em função do
pesquisador já ter atuado por um grande período em uma delas e estar iniciando atividades em
outra. A diversidade de cursos que as quatro instituições apresentam, também foi fator decidivo
para suas escolhas.
122
A coleta de dado na instituição pública foi feita diretamente com os alunos de
diferentes cursos e os questionários foram em sua grande maioria passados antes de iniciarem as
aulas dos dia letivos eleitos para a coleta de dados. Foram selecionados alunos dos cursos:
Engenharia Ambiental, Ciência da Computação, Nutrição, Psicologia, Administração com ênfase
em Comércio Exterior, Engenharia Elétrica, Engenharia da Produção, Física, Matemática,
Tecnologia em Gestão Ambiental, Administração, Pedagogia.
Os dados coletados na universidade privada do município de São Paulo foram
coletados mediante autorização do coordenador do curso de Pedagogia e também professor de
turmas dos quatros anos de graduação. Este mesmo professor auxiliou na coleta de trezentos e
oitenta e um questionários. O restante dos dados (de um total de um mil e seiscentos) foram
coletados em duas instituções do interior do Estado de São Paulo, sendo uma delas privada e
outra municipal. Neses dois últimos casos, os dados foram coletados depois da autorização dado
pela coordenação e direção de cada instituição.
De cada instituição foram selecionados para composição da amostra alunos de
diferentes cursos de forma a refletir visões diferenciadas, construídas a partir de influências dos
cursos e da instituição ao longo do período de envolvimento do aluno a mesma.
5.11. PROCESSO DE AMOSTRAGEM
Nesta pesquisa foi adotada a técnica de corte transversal que é amplamente utilizada
e que tem como característica básica a coleta de informações de todas as variáveis de uma
maneira simultânea. Segundo Malhotra (2001) esse método traz como vantagem a de permitir a
obtenção de uma fotografia das variáveis de interesse do estudo em um dado momento no tempo
e a de enfatizar a seleção de uma amostra significativa e representativa da população-alvo.
Contrapõe-se ao método longitudinal, no qual as medidas são obtidas dos mesmos indivíduos em
ocasiões repetidas (MACCALLUM e AUSTIN, 2000).
A quantidade de participantes da pesquisa é um fator crucial nos métodos
estatísticos uma vez que, como observam Hair Jr. et al. (2005) desempenham um importante
123
papel na estimação e interpretação dos resultados da Modelagem de Equações Estruturais,
fornecendo uma base para a estimação do erro amostral. A questão crítica é determinar quão
grande uma amostra deve ser. MacCallum e Austin (2000) observaram uma ampla diversidade de
tamanhos amostrais nos estudos envolvendo aplicações de Modelagem de Equações Estruturais
(SEM), destacando que não foram incomuns pesquisas usando pequenas amostras (cerca de 18%
usaram menos de 100 indivíduos). Crowley e Fan (1997) indicam que, embora não haja uma
concordância geral quanto ao tamanho amostral, a quantidade de 200 tem sido sugerida em
alguns estudos. Há, naturalmente, que se considerar a complexidade do modelo e o número de
parâmetros a serem estimados.
Hair Jr.et al. apontam que se tratando de modelo SEM:
O tamanho absoluto mínimo da amostra deve ser pelo menos maior do que o
número de covariâncias ou correlações na matriz de dados de entrada. No
entanto, o mais típico é uma proporção mínima de pelo menos cinco
respondentes para cada parâmetro estimado, sendo considerada mais adequada
uma proporção de 10 respondentes por parâmetro. Logo, quando a complexidade
do modelo aumenta, o mesmo acontece com as exigências quanto ao tamanho
amostral (HAIR JR et al, 2005, p.484).
Todavia, os autores acrescentam ainda que quando os dados violam as suposições de
normalidade multivariada, a proporção de respondentes por parâmetros precisa aumentar para
uma razão geralmente aceita de 15. Além do mais, embora alguns procedimentos de estimação
sejam especificamente delineados para lidar com dados não normais, o pesquisador é sempre
encorajado a fornecer suficiente tamanho para permitir que o impacto do erro de amostragem seja
minimizado, especialmente para dados não normais (HAIR JR. et al. 2005).
Partindo-se do pressuposto que a amostra deste estudo é classificada como não
probabilística, visto que a probabilidade de um indivíduo pertencer à amostra não é conhecida
(CHURCHILL JR., 1999 e MALHOTRA, 2001), fundamentou-se nas indicações de Hair Jr. et al
(2005) que estabelecem regra empírica quanto ao tamanho da amostra uma proporção de 15
respondentes para cada assertiva.
Entretanto, nesta pesquesia, inicialmente foram tomados cerca de 1006 dados,
dando uma proporção de quase 23 respondentes por assertiva. Contudo, no software Lisrel foi
adotado procedimento para descarte de questionários que não tenham sido respondidos em sua
124
totalidade. Assim, o montante passou para 600 questionários válidos apresentando uma
proporção de quase 14 respondentes por assertiva, o que é um valor bastante considerável
tomando Hair Jr et al (2005) como fundamentação e consideração que o modelo não é completo e
que obteve um bom ajuste no software Lisrel, essa proporção foi mantida.
Os dados foram obtidos utilizando-se de instrumento de pesquisa na forma impressa
que foi distribuído aos sujeitos desta pesquisa para preenchimento cujo tempo aproximado para
obtenção de resposta foi de aproximadamente 15 minutos.
No que se tange à aplicação dos questionários, a mesma deu-se no mês de março de
2009 nos períodos matutino, vespertino e noturno no início ou no término das aulas dependendo
do caso e das orientações do professor da classe.
Da mesma forma como a escolha do universo da pesquisa, a amostragem dos
sujeitos também foi do tipo amostragem por conveniência. Assim, em cada instituição aplicou-se
o questionário nas classes dos cursos mencionados de acordo com a aula oferecida no momento.
Participaram da coleta quatro professores que em geral conversavam com o professor da classe
antes do início das aulas e era então definido o momento para a aplicação do questionário.
5.12. ETAPAS DA ANÁLISE DE DADOS
Seguindo orientações de Hair Jr. et al. (2005), ao findar a coleta, os dados
registrados no questionário impresso foram digitados em uma planilha Excel para, a posteriori,
serem processados por softwares estatísticos específicos para tratamento e auxílio na análise de
dados quantitativos. O SPSS
13.0 para verificação da unidimensionalidade e confiabilidade dos
construtos e o sistema LISREL
8.54, um dos mais tradicionais pacotes estatísticos destinados à
modelagem de equações estruturais, que se popularizou nas pesquisas em ciências sociais
(GARSON, 2004), e que dispõe de recursos adequados aos propósitos desta pesquisa (HAYDUK,
1987; BOLLEN & LONG, 1993; BYRNE, 1998; MARUAYAMA, 1998; JÖRESKOG &
SÖBOM, 1993, 2001, 2003, JÖRESKOG et al 1998; GARSON, 2003; HANCOCK &
MUELLER, 2006).
125
A codificação foi feita com a linguagem de comando SIMPLIS, disponível no
sistema, que viabilizou a estimação dos parâmetros do modelo através da análise fatorial
confirmatória, segundo diferentes métodos de estimação, e a apuração das respectivas medidas de
ajuste dos modelos.
5.12.1. ANÁLISE DESCRITIVA
Nesta etapa procurou-se explorar o conhecimento preliminar do perfil dos
respondentes. Em seguida procedeu-se a uma análise de freqüência de alternativa de respostas
considerando-se o instrumento validado. O conhecimento da concentração das respostas permitiu
também verificar a posição específica dos alunos respondentes frente a aspectos teóricos de
caráter generalizado e que fazem parte do referencial desta pesquisa e do seu instrumento.
Os resultados auferidos possibilitaram identificar as concepções dos alunos, para
cada um dos fatores como de maior relevância na relação sociedade e concepções e atitudes
frentes à tecnologia.
5.12.2. AVALIAÇÃO INDIVIDUAL DOS CONSTRUTOS
A partir da avaliação individual de cada constructo foi então possível realizar a
validação dos modelos de medidas de cada deles (DSO, CON e ATI) sendo que esta validação foi
feita aplicando-se a Análise Fatorial Confirmatória (Confirmatory Factor Analysis - CFA).
Essa técnica tem o propósito de testar a hipótese de ajuste dos dados empíricos a um
modelo teórico, onde uma estrutura de relação é imposta e confirmada pela análise. Não obstante,
as variáveis não precisam estar relacionadas a todos os fatores comuns. Em especial, como é o
caso desta investigação, cada variável relaciona-se a somente um fator.
Conforme sugerido por Pedhazur (1997), não houve indicadores considerados
referenciais como unidade de medida para seu respectivo construto. Em outras palavras se pode
dizer que não foi assumido previamente que quaisquer indicadores fossem uma medida
perfeitamente confiável e válida da variável que ele presumivelmente mede. Como conseqüência,
126
não houve a fixação unitária de nenhum coeficiente no modelo de medidas.
Além disso, a validação dos modelos de medidas de cada construto foi realizada
através de sucessivos ajustes. Desta forma, em cada processo foram verificados os índices de
ajustamento complementado por informações geradas pela opção Índices de Modificação
programada no LISREL®, que aponta quanto se espera que diminua o qui-quadrado se uma
determinada re-estimação acontecesse (JÖRESKOG e SÖRBOM, 1993, 2003).
5.12.3. UNIDIMENSIONALIDADE DOS CONSTRUTOS
De acordo com Hair Jr et al (2005), existem duas condições para garantir a
dimensionalidade. Uma medida deve satisfazer ambas as condições para ser considerada
unidimensional. Essas condições são:
i. Primeira condição: um indicador empírico deve ser significativamente associado
a uma variável subjacente.
ii. Segunda condição: o indicador empírico pode estar associado a apenas uma
variável latente.
Assim, este critério consistiu em verificar se os indicadores estabelecidos
representavam de fato um único construto, posto que a unidimensionalidade é uma premissa para
a confiabilidade do construto.
Para isso, a constatação da unidimensionalidade foi feita observando se cada valor
da matriz de resíduos normalizados do construto era pequeno menor que 2,58, em módulo, a um
nível de significância de 1%, sinalizando se o efeito sobre o ajuste geral do modelo era baixo.
5.12.4. CONFIABILIDADE DOS CONSTRUTOS (CC)
A confiabilidade é uma medida da consistência interna dos indicadores do construto
e da adequacidade das escalas para medi-lo. Neste caso, adotou-se para avaliação medida a
127
proposta de Hair Jr. et al. (2005):
Onde:
λj é a carga fatorial padronizada do indicador j,
εj é o erro de mensuração do indicador j, calculado como 1 – confiabilidade do indicador.
Segundo os autores, um valor comumente usado para aceitação da confiabilidade é
0,70, embora esse não seja um padrão absoluto, e valores abaixo de 0,70 têm sido aceitos se a
pesquisa é exploratória em sua natureza.
5.12.5. MEDIDAS DE AJUSTAMENTO DOS CONSTRUTOS
Como medidas de ajustamento foram utilizadas as medidas de adequação absoluto,
que determinam o grau em que o modelo (estrutural e de mensuração) prediz a matriz de
covariância, as medidas de ajuste incrementais, que comparam o modelo proposto ao modelo
nulo, e uma medida de ajustamento parcimonioso, que relaciona o ajuste do modelo ao número
de coeficientes estimados requeridos para atingir este nível de ajuste (HAIR, Jr. et al., 2005).
Abaixo, são expostos os índices de ajuste absoluto utilizados:
i. Qui-quadrado (2
): compara se a matriz verdadeira e a prevista são
estatisticamente diferentes. Valores menores do qui-quadrado resultam em maiores
níveis de significância, ou seja, indicam que a matriz verdadeira não é
estatisticamente diferente da prevista.
ii. Goodness-of-fit (GFI): varia de zero (ajuste nulo) a 1 (ajuste perfeito). Valores
superiores a 0,85 são considerados aceitáveis, mas segundo Hair, Jr. et al. (2005)
não existe um limiar bem definido para este índice.
iii. Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA): é uma medida utilizada
para corrigir a tendência de rejeição da estatística qui-quadrado. São aceitos valores
jj
jCC
2
2
128
inferiores a 0,08.
Foram utilizados os seguintes índices de ajustamento incremental, que buscam
comparar o modelo proposto ao nulo:
i. Normed Fit Index (NFI): esta medida varia de 0 a 1 (com valores de aceitação
iguais ou superiores a 0,90), sendo uma comparação entre o valor do qui-quadrado
do modelo proposto e o valor do qui-quadrado do modelo nulo (HAIR, Jr. et al.,
2005).
ii. Tucker-Lewis Index (TLI): também conhecido como nonnormed fit index (NNFI).
Considerado um índice bastante robusto, combina uma medida de parcimônia em
um índice comparativo entre os modelos proposto e nulo, com valores entre 0 e 1,
sendo aceitáveis valores iguais ou superiores a 0,90 (HAIR, Jr. et al., 2005).
iii. Ajusted Goodness-of-Fit Index (AGFI): é uma extensão do GFI ajustado pela
razão dos graus de liberdade do modelo proposto e os graus de liberdade do modelo
nulo. Os valores recomendados estão acima de 0,90.
iv. Comparative Fit Index (CFI): esta medida varia de 0 (ajuste nulo) a 1 (ajuste
perfeito) e deve ser utilizada para comparação de modelos (HAIR Jr. et al., 2005),
com valores de aceitação iguais ou superiores a 0,90.
Utilizou-se o seguinte índice de ajuste parcimonioso:
i. Qui-quadrado sobre graus de liberdade (2/GL): este valor demonstra a
diferença entre as matrizes observada e estimada. Quanto maior o valor do qui-
quadrado em relação aos graus de liberdade, maior será esta diferença, sendo
aceitáveis valores menores que 5, numa medida mais tolerante, mas
preferencialmente menores que 2, que é a medida mais robusta. Por ser sensível à
não-normalidade dos dados, ao número de parâmetros e ao tamanho da amostra,
recomenda-se que este índice seja analisado em conjunto com outros indicadores
(HAIR JR. et al 2005). O critério que o presente estudo adotou, no caso dessa
medida, foi aceitar valores abaixo de cinco (5,0), sendo que o ajuste ideal teria uma
129
razão unitária (MARUYAMA, 1998).
Estas medidas foram utilizadas como forma de avaliar cada construto e o modelo
integrado, pois um modelo ajustado funciona como referência para a confirmação da validade dos
constructos, em nível individual, e dos relacionamentos entre eles, no que diz respeito ao modelo
estrutural completo.
A partir da avaliação dos índices de ajustamento, o pesquisador deve considerar
potenciais modificações no modelo teórico que está sendo testado, procedendo a sua revisão até
que se alcance um bom ajustamento dos construtos (HAIR JR. et al 2005)..
Todavia, os autores acrescentam que a estimação dos índices de ajustamento
supracitados somente será possível se os constructos em análise apresentarem índices aceitáveis
de mensuração. Dentre os principais problemas, estão a existência de variâncias não-
significativas ou negativas das variáveis de erro o que impossibilitaria rodar o programa e
coeficientes que excedam o valor 1 (um), ou valores de erro muito altos, o que denotaria baixo
poder de explicação da variável indicadora.
Outra questão sugerida na literatura quanto à utilização da análise fatorial
confirmatória é o pressuposto de normalidade dos dados. Para tanto, procedeu-se à análise
univariada, por meio do cálculo dos valores de Kolmogorov-Smirnov (Apêndice 3). Esta análise
indicou que a significância era menor que 0,0001 o que levou à conclusão de que as distribuições
de todas as variáveis não eram normais ao nível de significância de 0,05.
5.12.6. AVALIAÇÃO DO MODELO INTEGRADO
Pretende-se avaliar cada modelo separadamente, ou seja, DSO, CON e ATI com a
intenção de compreender as relações estruturais hipotetizadas. Os ajustes dos modelos estruturais
usarão a análise de regressão múltipla para apurar os efeitos causais entre as variáveis, calculando
os coeficientes de caminho (path coefficients), conforme sugerem (HAIR JR. et al., 2005). Neste
caso, buscou-se avaliar todos os modelos na tentativa de compreender as relações estruturais
hipotetizadas. Os ajustes dos modelos estruturais usaram a análise de regressão múltipla para
130
apurar os efeitos causais entre as variáveis, calculando os path coefficients ou coeficientes de
caminho.
Para o ajuste optou-se pelo método da Máxima Verossimilhança (Maximum
Likelihood Estimation – MLE), segundo Hair Jr. et al (2005).
Para esses autores haverá comprovação empírica das relações entre os construtos
estabelecidos no modelo se os coeficientes de regressão forem significativos, sendo aceitos
aqueles que apresentarem t-values superiores a 1,96 (nível de significância de 0,05). A análise do
modelo integrado considerará os mesmos índices de ajustamento previstos na avaliação do
Modelo de Medidas.
A análise foi amparada complementarmente pelo gráfico Q-Plot fornecido pelo
LISREL® e que apresenta a distribuição dos resíduos padronizados relativamente a uma linha de
45º do eixo. A proximidade dos pontos a essa linha indica distribuição normal dos resíduos.
131
6. RESULTADOS E ANÁLISES
Neste capítulo, além da caracterização da amostra, são apresentados e discutidos os
resultados apurados a partir das técnicas previamente apresentadas, conforme segue.
6.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
Na tentativa de conhecer os participantes, o instrumento de pesquisa fez indagações
sobre gênero, idade, curso e ano de ingresso no curso. Todavia, considerando-se que a
amostragem foi previamente estabelecida por conveniência, conforme já explicado, tendo como
público alvo estudantes universitários de instituições públicas e privadas de diferentes cursos,
segue abaixo uma breve caracterização da amostra.
Dos 1006 questionário aplicados, 600 foram analisados devido ter sido usado a
opção de eliminar questionários com respostas faltantes no software Lisrel. Destes 600 alunos
analisados, 35,6% deles eram do sexo masculino e 64,4%, do sexo feminino.
Quanto à distribuição dos participantes por curso o gráfico 6.1 mostra a
caracterização geral.
Figura 6.1: Distribuição da amostra por curso. Fonte: elaborado pelo autor.
132
Um aspecto importante da amostra foi selecionar os participantes de acordo com o
ano de ingresso nos cursos. Com os resultados apresentados no Gráfico 6.2, podemos ver que
quase metade da amostra (47,7%) são calouros, ingressantes em 2009. A amostra conta também
com 32,1% de alunos ingressantes em 2008, 13% ingressantes em 2007, 7% ingressante em 2006
e um grupo não representativo 0,2% - em relação ao ano de ingresso - de alunos ingressantes em
2003. Alunos ingressantes nos anos de 2004 e 2005 não aparecem pois foram eliminados pelo
Lisrel devido ao não preenchimento integral do questionário.
Figura 6.2: Distribuição da amostra segundo ano de ingresso no curso. Fonte: elaborado pelo autor.
Por fim, buscou-se traçar um perfil dos participantes quanto à faixa etária e
encontrou-se que a maioria (cerca de 68,7%) está na faixa de 17 a 26 anos e o restante acima dos
27. Isso caracteriza uma amostra jovem. (Gráfico 6.3).
133
Figura 6.3: Distribuição da amostra segundo faixa etária. Fonte: elaborado pelo autor.
6.2. ANÁLISE DE FREQÜÊNCIA DE RESPOSTAS AOS INDICADORES
Na tentativa de compreender o posicionamento dos participantes acerca dos
indicadores, realizou-se a análise de freqüência dos dados. A Tabela 6.1 apresenta a quantidade
de respostas por quesito, bem como a média, a mediana e o respectivo desvio padrão, obtidos
após aplicação de valores para transformação métrica da escala Likert utilizada na pesquisa.
INDICADOR Ai ASSERTIVAS CP
(1)
C
(2)
I
(3)
D
(4)
DP
(5) Média Mediana
Desvio
Padrão
ATI 01 A3 Utilizo tecnologia para socializar
informações. 209 325 41 15 10 1.8200 2 0.79707
DSO 01 A4
O governo não deve influenciar
nas decisões de desenvolvimento
tecnológico.
39 95 87 255 124 2.4500 2 1.17038
CON 03 A5 A tecnologia explica o mundo à
nossa volta. 149 283 79 77 12 2.2000 2 1.01738
CON 01 A6 Tecnologia é aplicação de leis,
teorias e modelos da Ciência. 106 274 95 111 14 2.4217 2 1.05311
DSO 04 A9
As instituições educacionais e de
pesquisa, como grandes
universidades, devem orientar a
pesquisa para o desenvolvimento
de novas tecnologias.
365 212 16 5 2 1.4450 1 0.62527
DSO 02 A11
A pesquisa tecnológica
desenvolvida por empresas é
direcionada a interesses
91 213 101 167 28 2.7133 2 1.16049
134
particulares hegemônicos visando
exclusivamente o lucro.
CON 05 A13
Tecnologias são ferramentas (ou
artefatos) construídas para
auxiliar o homem na resolução de
diferentes tipos de tarefas.
255 306 24 14 1 1.6667 2 0.68044
ATI 05 A15
No momento de compra de novo
artefato tecnológico o custo é o
fator determinante para minha
escolha.
98 222 89 151 40 2.6883 2 1.20289
DSO 06 A17
Organizações ambientalistas
podem impedir ou interromper o
desenvolvimento tecnológico.
51 197 109 175 68 3.0200 3 1.18966
ATI 06 A18
A tecnologia consolida a
democratização das relações
entre os seres humanos.
53 263 165 96 23 2.6217 2 0.98156
CON 07 A19
O uso que fazemos da tecnologia
é que determina se ela é boa ou
má.
198 261 50 72 19 2.0883 2 1.08281
ATI 07 A21
Estou atento às questões
relacionadas com tecnologia que
aparecem na mídia.
119 333 105 35 8 2.1333 2 0.84266
DSO 08 A23
É importante a participação
efetiva dos cidadãos em questões
relacionadas a tomadas de
decisão tecnológicas.
138 295 112 49 6 2.1500 2 0.90121
ATI 10 A31
A preocupação com as futuras
gerações deve ser ponto
determinante para direcionar
escolhas tecnológicas.
178 329 62 23 8 1.9233 2 0.81766
ATI 16 A33
Não compro móveis que não
sejam feitos a partir de madeira
certificada.
75 120 217 144 44 2.9367 3 1.10967
ATI 11 A35
Estou ciente de que minhas
escolhas tecnológicas ajudarão a
superar a crise da água no século
XXI.
76 238 161 99 26 2.6017 2 1.04154
ATI 12 A38
Tendo condições financeiras, ao
comprar um celular novo,
escolho o que tem mais recursos
e funções.
191 181 94 105 29 2.3333 2 1.22531
ATI 13 A40
Com a utilização segura da
tecnologia é possível proteger a
natureza da contaminação
humana.
120 269 69 113 29 2.4367 2 1.14667
ATI 15 A44
Sei que alimentos transgênicos
podem ser a solução para a fome
do mundo.
65 140 177 175 43 2.9850 3 1.11663
Tabela 6.1: Freqüência de resposta dos estudantes aos indicadores propostos. Fonte: Pesquisa elaborada pelo autor.
Vamos agora a algumas considerações a partir da análise simples das medidas de
135
posição indicadas na Tabela 6.1.
ATI 01: A3: Utilizo tecnologia para socializar informações.
Os valores médio e mediano da assertiva A3 refletem o fundamento apresentado na
literatura do capítulo 4, que aponta que as tecnologias da informação e comunicação tem sido
empregada em escala cada vez maior na sociedade ao longo dos últimos anos (HERRERA,
1994; WCEAD, 1987; BRASIL, 2000; MIRANDA et al 2006b, 2007a, 2007b; VERASZTO et al,
2006, 2007a, 2007d, 2007e).
Tendo em vista que a pesquisa foi realizada com estudantes universitários, o uso das
referidas tecnologias é bastante amplo e difundido, podendo se dar não só em casa, com nas
instituições de estudo, ou por ventura, em locais de trabalho. Isso não pode ser constatado neste
trabalho, mas reflete estudos realizados pelo IBGE (2005) e PNAD (2006, 2007) onde o perfil da
utilização de tecnologias pelos brasileiros é realizado.
Assim, os resultados médio e mediano aparecido nesta assertiva corroboram para
verificar a ampla aceitação e utilização das tecnologias da comunicação e informação para
aprender conteúdos ou manter contato em tempo real ou remoto.
DSO 01: A4: O governo não deve influenciar nas decisões de desenvolvimento
tecnológico.
A assertiva A4 demonstra que os alunos pesquisados não concordam com a
afirmação. Portanto, acreditam que a participação do governo é bastante importante, tendo em
vista os valores médio e mediano apresentados na Tabela 6.1. Essa assertiva mostra uma
descrença dos alunos em relação ao governo. A participação do governo significa uma
participação social. E a participação social significa a existência de um Estado democrático.
Em uma sociedade democrática, o voto é uma das melhores formas de se participar
quando a população é extremamente grande. A eleição de representantes se torna uma saída
136
viável.
CON 03: A5: A tecnologia explica o mundo à nossa volta.
Esta reflete a perpetuação que um dos pontos de vista clássicos do senso comum, o
da tecnologia como sinônimo de ciência, ainda está presente em nossa sociedade. Conforma pode
ser verificado pela revisão bibliográfica feita no capítulo 3, e resumida no Quadro 3.1, não
conseguir estabelecer distinção entre tecnologia e ciência é opinião comum manifestada por
muitas pessoas. E os valores médio e mediano desta assertiva demonstram isso.
CON 01: A6: Tecnologia é aplicação de leis, teorias e modelos da Ciência.,
Da mesma maneira que na assertiva anterior, os valores das medidas de posição para
a assertiva A6 também mostram que os graduandos pesquisados apresentam outra visão clássica
do senso comum. O ponto de vista intelectualista da tecnologia, complementa a visão anterior
(assertiva A5). Entender que a tecnologia deriva única e exclusivamente da ciência, não
mostrando interesses que existem em sua concepção pode signficar que realmente os alunos não
distinguem a ciência da tecnologia. Essa visão também é tida como bastante comum e foi
apresentada no capítulo 3, e referenciada no Quadro 3.1.
DSO 04: A9: As instituições educacionais e de pesquisa, como grandes
universidades, devem orientar a pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias.
Ao mesmo tempo em que os graduandos mostram intenção de participar no processo
de tomada de decisão tecnológico, também fica caracterizado que acreditam em grandes centros
de desenvolvimento de ciência. GARCÍA et al (2000) aponta que a fé na ciência era uma das
características principais antes do início dos movimentos CTS. Essa visão ainda permanece
arraigada na população de uma forma mais amena e os valores encontrados para este indicador
demonstram isso.
137
DSO 02: A11: A pesquisa tecnológica desenvolvida por empresas é
direcionada a interesses particulares hegemônicos visando exclusivamente o lucro.
A produção de grandes empresas sempre visa a manutenção de lucros e a busca por
hegemonia de mercado (CASTELNOU, 2003). A predominância da racionalidade econômica
tem gerados diversos estudos como os que estão apontados no início do capítulo 4. Contudo,
além de ser essa a justificativa para que os valores desta assertiva sejam os apresentados, também
é preciso considerar que estes valores sejam reflexos da percepção que os graduandos têm de que
a maioria das multinacionais se fixa em países em desenvolvimento devido à presença de uma
mão de obra de qualidade e de baixo custo subsidiadas ainda por regalias tributárias, além de não
demonstrarem intenção alguma de contribuir para o desenvolvimento tecnológico local
investindo em pesquisas. O valores médio e mediano dessas assertivas dão bons indícios dessas
colocações.
CON 05: A13: Tecnologias são ferramentas (ou artefatos) construídas para
auxiliar o homem na resolução de diferentes tipos de tarefas.
Uma outra visão sempre presente no senso comum apareceu nesta pesquisa como
peça chave para o entendimento da concepção de tecnologia dos graduandos pesquisados. A
noção de tecnologia instrumentalista (ou artefactual) é bastante comum e conforme aponta a
literatura (Quadro 3.1). A própria própria assertiva reflete de forma direta a idéia de que a
tecnologia é vista como uma simples ferramenta. E os valores médio e mediano mostram que os
indivíduos pesquisados concordam com isso.
ATI 05: A15: No momento de compra de novo artefato tecnológico o custo é o
fator determinante para minha escolha.
Para os estudantes de graduação entrevistados, assim como para a maioria dos
138
consumidores, custo e aquisição têm relação direta. Mesmo podendo fazer inferência e estabeler
relações com outras assertivas, uma discussão mais aprofundada destas relações será dada
somente na avaliação do modelo ajustado em páginas adiantes.
ATI 06: A18: A tecnologia consolida a democratização das relações entre os
seres humanos.
É importante destacar que relacionando essas indicações a assertiva A18, existe uma
boa tendência para que os alunos se posicionassem favoravelmente em relação às tecnologias
como forma de democratizar relações.
CON 07: A19: O uso que fazemos da tecnologia é que determina se ela é boa ou
má.
Essa concepção aponta que os estudantes de graduação pesquisados consideram que
a tecnologia é neutra. Conforme aponta a literatura (Quadro 3.1) esse ponto de vista reflete que
não existe uma reflexão apropriada em relação as concepções tecnológicas e ao seu processo de
desenvolvimento, ou seja, a tecnologia não reflete as intenções nem tampouco os interesses dos
grupos desenvolvedores.
ATI 07: A21: Estou atento às questões relacionadas com tecnologia que
aparecem na mídia.
Esta assertiva complementa de forma indireta as colocações feita na assertiva A3.
Tendo em vista que os graduandos pesquisados ao mesmo tempo que utilizam as tecnologias para
socializar informações, também demonstram que as utilizam para acessar informações e
consequentemente, para estar atento às transformações sociais e novidades tecnológicas. Isso
denota a grande importância das TICs e também um bom nível de politização das pessoas
entrevistadas. E essa afirmação pode ser complementada com a análise das próximas assertivas.
139
DSO 08: A23: É importante a participação efetiva dos cidadãos em questões
relacionadas a tomadas de decisão tecnológicas.
Os valores médio e mediano calculados para a assertiva A23 dão indícios que os
entrevistados esperam uma participação mais direta em questões estratégicas de desenvolvimento
tecnológico. Um ponto de vista fundamental para refletir o desejo das pessoas pesquisadas em
poder tomar decisão na gênese de novas tecnologias. O plebiscito poderia ser uma saída, ou
ainda, a participação em pesquisas dentro de instituições acadêmicas. Esse ponto será melhor
discutido adianta.
ATI 12: A38: Tendo condições financeiras, ao comprar um celular novo,
escolho o que tem mais recursos e funções.
Esta assertiva é uma atitude que reflete a concepção apresentada na assertiva A13. O
modelo, de forma abrangente, ainda não está sendo analisado, mas os valores médio e mediano
deste indicador dá indícios disto.
Como aponta a assertiva A12, a aquisição de um produto tecnológico de ponta seria
feita, caso os estudantes tivesse recurso suficiente. Isso é óbvio, e mesmo não analisando o
modelo em sua totalidade, algumas inferências podem ser estabelecidas baseadas nas referências
teóricas dos capítulos iniciais que aponta que o cosumo de artefatos tecnológicos de última
geração muitas vezes é feito por pessoas que pensam ser possuidoras de tecnologia. A
diferenciação entre artefato e tecnologia de fato não existe e a sustentação de fetiches é
característica de muitos consumidores. Além disso, a satisfação de uma necessidade pessoal,
dentre inúmeros outros fatores, é ponto que deve ser levado em consideração. Contudo, a análise
do consumo não é objetivo deste trabalho e assim, os resultados desta pesquisa, mais
especificamente desta assertiva, pode ser base para estudos futuros.
140
ATI 10: A31: A preocupação com as futuras gerações deve ser ponto
determinante para direcionar escolhas tecnológicas.
ATI 11: A35: Estou ciente de que minhas escolhas tecnológicas ajudarão a
superar a crise da água no século XXI.
ATI 13: A40: Com a utilização segura da tecnologia é possível proteger a
natureza da contaminação humana.
Estas três assertivas, estão agrupadas, única e exclusivamente em função da revisão
bibliográfica do capítulo 4. A literatura apontou os principais desafios para a tecnologia no
cenário global contemporâneo e o resumo pôde ser visto na tabela 4.1. Seguindo as tendências
apontadas pelos trabalhos analisados, assim também foram as opiniões alunos pesquisados. As
médias e medianas dessas assertivas mostram que os graduandos entrevistados têm uma boa
postura ecológica e sustentável. Isso pode ser indício de uma boa politização em relação ao tema
ou de reflexos de uma conscientização global já iniciada há alguns anos e até mesmo da forma
massiva como a mídia vem tratando do assunto. Isso vem ao encontro da assertiva A21, onde os
alunos fazem boa referência da utilização da mídia pra conhecer novas tecnologias.
DSO 06: A17: Organizações ambientalistas podem impedir ou interromper o
desenvolvimento tecnológico.
ATI 16: A33: Não compro móveis que não sejam feitos a partir de madeira
certificada.
ATI 15: A44: Sei que alimentos transgênicos podem ser a solução para a fome
do mundo.
Em relação a essas assertivas os alunos se posicionaram indiferentemente. A média
e a mediana são os valores que comprovam isso. Esses resultados também podem refletir que os
alunos ainda não têm uma opinião formada sobre o assunto. Mesmo assim, foi uma das assertivas
141
que se ajustaram ao modelo. Isso pode ser indício da preocupação ambiental que os alunos de
graduação pesquisados demonstram em outras assertivas, que foram vistas anteriormente.
6.3. VALIDADE DOS CONSTRUTOS
A validade de construto necessita ser testada sob uma perspectiva estatística
(GARVER & MENTZER, 1999). Com isso, esta avaliação compreende uma série de
propriedades, as quais devem ser satisfeitas para que a validade de construto seja alcançada. Estas
propriedades referem-se a unidimensionalidade, confiabilidade, validade convergente dos
construtos do modelo de mensuração representado pela escala que está sendo analisada. Nestes
termos, a análise fatorial confirmatória foi a técnica empregada para tais análises.
6.3.1. UNIDIMENSIONALIDADE DOS CONSTRUTOS
De acordo com Hair Jr. et al (2005), a unidimensionalidade é demonstrada quando
os indicadores têm ajuste aceitável representando um só construto, além de ser uma suposição
para a confiabilidade do construto.
A unidimensionalidade é verificada após estabelecimento do modelo de mensuração
que, neste caso, consiste das 3 dimensões e seus respectivos indicadores. Por sua vez, é verificada
quando se tem apenas 5% dos resíduos normalizados, excedendo o valor absoluto de referência
de 2,58, ou seja, acima de 2,58 ou abaixo de -2,58. Para tanto, a análise de resíduos normalizados
é estimulada pelo LISREL. O processo de análise ora mencionado orienta sistematicamente
possíveis refinamentos e modificações, assegurando que o construto em questão possua
consistência interna e externa.
Desta forma, a validação dos modelos de medidas de cada construto foi realizada
através de sucessivos ajustes. Em cada processo foram verificados os índices de ajustamento,
complementado por informações geradas pela opção Índices de Modificação programadas no
LISREL®
, que aponta o quanto se espera que diminua o qui-quadrado se uma determinada re-
estimação acontecesse (JÖRESKOG; SÖRBOM, 1993a). Diante disso, foram obtidos os índices
142
residuais padronizados apontados na Tabela 6.2 e que podem ser observados nos Apêndices C, D,
E, F, G e H.
Construto Menor Resíduo Padronizado Maior Resíduo Padronizado
DSO1 -2.565 2.972
DSO2 -2.585 3.013
CON1 -2.573 3.014
CON2 -2.585 3.013
ATI1 -2.636 3.028
ATI2 -2.585 3.013
Tabela 6.2: Índices Residuais Padronizados dos Construtos. Fonte: Programa LISREL®.
Conforme se observa, a dimensão DSO1 apresenta resíduo próximo ao valor de
referência, verificando-se, assim, a unidimensionalidade. Por outro lado, as demais dimensões
apresentaram alguns resíduos padronizados pouco mais elevados mas não distantes da referência.
Isso poderia indicar uma pequena fragilidade da propriedade de
unidimensionalidade destas dimensões. Contudo, para tirar dúvidas, foi feita uma análise
minuciosa dos resíduos padronizados de todas as dimensões e verificou-se que a quantidade geral
de resíduos que ultrapassa o valor de 2,58 é muito baixa, conforme pode-se observar na tabela
abaixo (Tabela 6.3):
Construto Percentual de Resíduo Padronizado
DSO1 cerca de 2.4%
DSO2 cerca de 3,0%
CON1 cerca de 3,0%
CON2 Não tem valor de resíduo padronizado superior a 2,58
ATI1 cerca de 3,0% ATI2 cerca de 3,0%
Tabela 6.3: Índices Residuais Padronizados dos Construtos. Fonte: Programa LISREL®.
Esses valores indicam que a unidimensionalidade dos constructos está pouco
comprometida.
6.3.2 CONFIABILIDADE
Conforme apontado no capítulo precedente a confiabilidade do constructo, para cada
143
uma das três dimensões (DSO, CON, ATI), foi calculada, segundo Hair et al (1998), pelo método
da Confiabilidade composta.
Hair Jr. et al (2005) afirmam que a confiabilidade é uma medida da consistência
interna dos indicadores do construto descrevendo o grau em que eles indicam o construto latente.
Ademais, um valor comumente usado para aceitação da confiabilidade é 0,70, embora esse não
seja um padrão absoluto, e valores abaixo de 0,70 têm sido aceitos se a pesquisa é exploratória
em sua natureza. Não obstante, Pereira (2004, p.87) afirma que mais importante do que se possa
julgá-lo bom ou ruim é ter uma avaliação de quão bom ele seja [...] considerando-se o intervalo
de valores possíveis (0-1) e a complexidade do fenômeno que se busca medir.
Desta forma, utilizando-se o Lisrel os resultados de cada uma das dimenões estão
apontados na tabela que segue (Tabela 6.4):
Construto Confiabilidade Composta dos
Construtos
Modelos DSO 0,704161
Modelos CON 0,703772
Modelos ATI 0,716902
Tabela 6.4: Confiabilidade Composta dos Construtos. Fonte: Programa Lisrel®.
Conforme se observa, os valores obtidos estão acima do padrão comumente
estabelecido quando calculado para cada um dos construtos. Tal resultado mostra que a escala
validada apresentou valores sem vieses consideráveis e, portanto plenamente aceitáveis. Além do
mais, nota-se que as respostas obtidas pelo índice de Confiabilidade dos Construtos sinalizam que
as medidas realizadas se mostram muito adequadas.
6.3.3. MEDIDAS DE AJUSTAMENTO DOS MODELOS
Hair Jr. et al. (2005) afirmam que avaliar o ajuste geral dos modelos de equações
estruturais não é uma tarefa simples e direta como acontece em outras técnicas multivaridas, tais
como a Regressão Múltipla, a Análise Discriminante ou até mesmo a Análise Conjunta. Isso
acontece porque a Análise de Equações Estruturais não tem um teste estatístico único que melhor
144
descreve a força de previsão de um determinado modelo. Desta forma, pesquisadores diversos
desenvolveram algumas medidas que ao serem usadas conjuntamente, servem para avaliar os
resultados sob três perspectivas, ou seja, ajuste geral, ajuste comparativo ao modelo base e
parcimônia do modelo. Ademais, o uso de múltiplos índices é aconselhável, pois fornece
evidência convergente ao ajuste do modelo.
Nesta etapa foram avaliados todos os modelos buscando-se a compreensão das
relações estruturais hipotetizadas.
O procedimento mais comum para estimação desses parâmetros e que geralmente
apresenta maior eficiência seja, de acordo com Hair Jr. et al. (2005) é o método da Máxima
Verossimilhança (Maximum Likelihood Estimation – MLE).
Os resultados obtidos com o método MLE ficaram bem ajustados, considerando-se
os valores indicados na literatura. Neste caso, é até mesmo possível de se afirmar que o modelo
alternativo ATI1 tem melhor ajuste estatístico (Tabela 6.5). Por outro lado, do ponto de vista
teórico, pressupõe-se que o DSO seja mais viável e com isso, procedeu-se outra estimação na
tentativa de corroborar a hipótese. Embora o DSO1 tenha obtido o melhor ajuste, todos eles
foram ajustados, contudo, devido ao valor do teste t, somente o DSO1 atesta as hipóteses de
pesquisa (Tabela 6.6), conforme será apresentado adiante.
Na perspectiva estatística, o qui-quadrado, quando analisado sem relacioná-lo com
os graus de liberdade de cada melo, traz poucas informações. Sendo assim, optou-se pela análise
do qui-quadrado ponderado, cujos valores devem se situar entre 1 e 5 ou ainda entre 1 e 2
(dependendo do nível de exigência do pesquisador). Nestes termos, ao analisar o qui-quadrado
ajustado dos modelos, percebe-se que todos eles encontram-se entre 1 e 2 o que indica um ajuste.
No que se refere ao RMSEA, quanto mais baixos forem os valores obtidos, melhor o
ajuste. Considerando-se que os valores devem se situar abaixo de 0,08, nota-se que todos os
modelos apresentaram índices abaixo de 0,05 o que atende aos padrões mais rigorosos de alguns
autores, como por exemplo HAIR, Jr. et al. (2005) sobre essa medida.
Em relação ao índice absoluto GFI, verifica-se que em todos os modelos foram
145
encontrados valores elevados. Todavia, a literatura sinaliza que não existe um valor estabelecido
para aceitação desse índice, mas quanto mais próximo de um, melhor será o ajuste. Também é
importante apontar que os índices NFI, NNFI, CFI e AGFI, obtiveram valore muito próximos em
cada constructo e também apresentaram valores superiores aos de referência, o que da indícios de
um bom resultado.
Indicadores Principais do
Ajuste do Modelo
Valores Obtidos com o Método MLE VALORES DE
REFERÊNCIA DSO1 DSO2 CON1 CON2 ATI1 ATI2
Graus de liberdade 144 143 144 143 144 143 X
Qui-quadrado 218.865 218.131 218.865 218.131 218.16 218.131 X
Chi-quadrado Ponderado
(χ2/GL)
1,52 1,53 1,52 1,52 1,52 1,53 Abaixo de 5,00
Root Mean Square Error of
Approximation (RMSEA) 0.0308 0.0309 0.0308 0.0309 0.0306 0.0309 Entre 0,05 e 0,08
Normed Fit Index (NFI) 0.817 0.818 0.817 0.818 0.818 0.818 Acima de 0,90
Non-Normed Fit Index
(NNFI) 0.913 0.912 0.913 0.912 0.914 0.912 Acima de 0,90
Comparative Fit Index (CFI) 0.927 0.927 0.927 0.927 0.928 0.927 Acima de 0,90
Goodness of Fit Index (GFI) 0.962 0.962 0.962 0.962 0.962 0.962 Acima de 0,90
Adjusted Goodness of Fit
Index (AGFI) 0.95 0.949 0.95 0.949 0.95 0.949 Acima de 0,90
Tabela 6.5: Comparação das Medidas de Ajustamento do Modelo Original e os Rivais com o Método de Máxima
Verossimilhança (MLE). Valores de referência segundo Hair et al (2005). Fonte: elaborado pelo autor.
Foram testados também os modelos com o método de estimação ULS (mínimos
quadrados não-poderados), mas não se obteve ajustes convergentes, isto é, os modelos não
convergem para uma solução, mostrando que o método em questão não pode ser usado.
Para se chegar ao melhor modelo, sem descaracterizar o modelo teórico proposto,
deu-se continuidade ao processo de ajustamento seguindo as orientações do Programa Lisrel 8.51
de serem retirados do modelo, individualmente, os indicadores que apresentavam valores
residuais elevados.
Procedeu-se também à uma verificação dos resíduos. Diante disso, percebeu-se que,
analisando-se os gráficos Q-Plot (Gráficos 6.4, 6.5 e 6.6), nota-se que o modelo DSO1 apresenta
o melhor ajustes, pois possui maior aderência à linha de 45°.
146
Método de Estimação MLE
Modelo DSO1
Método de Estimação MLE
Modelo DSO2
Standardized Residuals
Menor resíduo padronizado: -2.585
Maior resíduo padronizado: 3.013
Standardized Residuals
Menor resíduo padronizado: -2.565
Maior resíduo padronizado: 2.972
Gráfico 6.4: Q-Plot dos Resíduos Padronizados para o Modelo DSO. Fonte: Programa LISREL®.
147
Método de Estimação MLE
Modelo CON1
Método de Estimação MLE
Modelo CON2
Standardized Residuals
Menor resíduo padronizado: -2.585
Maior resíduo padronizado: 3.013
Standardized Residuals
Menor resíduo padronizado: -2.573
Maior resíduo padronizado: 3.014
Gráfico 6.5: Q-Plot dos Resíduos Padronizados para o Modelo CON. Fonte: Programa LISREL®.
148
Método de Estimação MLE
Modelo ATI1
Método de Estimação MLE
Modelo ATI2
Standardized Residuals
Menor resíduo padronizado: -2.636
Maior resíduo padronizado: 3.028
Standardized Residuals
Menor resíduo padronizado: -2.585
Maior resíduo padronizado: 3.013
Gráfico 6.6: Q-Plot dos Resíduos Padronizados para o Modelo ATI. Fonte: Programa LISREL®.
149
6.3.4. AVALIAÇÃO DO MODELO INTEGRADO
Vários indicadores foram excluídos na tentativa de se obter o melhor modelo
ajustado resultando de um total de 44, 19 indicadores na escala validada seguindo as orientações
de Hair Jr. et al (2005).
Aplicando a técnica MLE para a estimação do modelo com antecedentes na
dimensão social obteve-se as equações estruturais, t-values dos parâmetros estimados e
respectivos R2, conforme dispostos na Tabela 6.6.
Para a primeira estimativa feita, o modelo DSO2 apresentou valores de t menores
que 1,96, implicando que não existe relação de causalidade.
Contudo, para a estimativa do DSO1, os t-values são superiores a 1,96 a um nível de
significância de 5%. Isso demonstra a contribuição significante dos construtos endógenos
(concepções e atitudes frente ao desenvolvimento tecnológico) para o construto preditor
Dimensão Social (DSO) e temos esse modelo com o mais adequado, satisfazendo a teoria e nossa
hipótese inicial. Isso significa que o modelo que anteve as outras variáveis é o DSO1.
Modelos MÉTODO DE ESTIMAÇÃO MLE
Equações estruturais t-values R2
DSO1 ATI = 1.096*DSO 7.708 1.202
CON = 1.016*DSO 6.220 1.033
DSO2 DSO = 0.116*ATI + 0.764*CON 0.188 e 0.906 0.795
CON1 ATI = 1.109*CON 7.896 1.231
DSO = 0.880*CON 1.288 0.774
CON2 CON = 4.408*ATI - 3.386*DSO 0.271 e -0.208 1.908
ATI1 DSO = 0.889*ATI 1.354 0.791
CON = 1.069*ATI 6.348 1.144
ATI2 ATI = - 0.145*DSO + 1.249*CON -0.151 e 1.327 1.257
Tabela 6.6: Modelo completo estimado segundo Método MLE. Fonte: Programa LISREL®
150
6.4. APRESENTAÇÃO DO MODELO AJUSTADO
A partir das constatações apresentadas nas seções anteriores, o melhor modelo
ajustado apresentou um número de construtos e indicadores inferiores ao inicial, conforme
demonstrado no Quadro 6.1 e representado graficamente e de forma no Diagrama 6.1.
VARIÁVEIS Variáveis Ai ASSERTIVAS
DIMENSÃO SOCIAL
DSO 01 4 O governo não deve influenciar nas decisões de desenvolvimento
tecnológico.
DSO 02 11 A pesquisa tecnológica desenvolvida por empresas é direcionada a interesses
particulares hegemônicos visando exclusivamente o lucro.
DSO 04 9 As instituições educacionais e de pesquisa, como grandes universidades,
devem orientar a pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias.
DSO 06 17 Organizações ambientalistas podem impedir ou interromper o
desenvolvimento tecnológico.
DSO 08 23 É importante a participação efetiva dos cidadãos em questões relacionadas a
tomadas de decisão tecnológicas.
CONCEPÇÕES DE
TECNOLOGIA
CON 01 6 Tecnologia é aplicação de leis, teorias e modelos da Ciência.
CON 03 5 A tecnologia explica o mundo à nossa volta.
CON 05 13 Tecnologias são ferramentas (ou artefatos) construídas para auxiliar o
homem na resolução de diferentes tipos de tarefas.
CON 07 19 O uso que fazemos da tecnologia é que determina se ela é boa ou má.
ATITUDES FRENTE AO
DESENVOLVI-MENTO
TECNOLÓGICO
ATI 01 3 Utilizo tecnologia para socializar informações.
ATI 05 15 No momento de compra de novo artefato tecnológico o custo é o fator
determinante para minha escolha.
ATI 06 18 A tecnologia consolida a democratização das relações entre os seres
humanos.
ATI07 21 Estou atento às questões relacionadas com tecnologia que aparecem na
mídia.
ATI010 31 A preocupação com as futuras gerações deve ser ponto determinante para
direcionar escolhas tecnológicas.
ATI 11 35 Estou ciente de que minhas escolhas tecnológicas ajudarão a superar a crise
da água no século XXI.
ATI 12 38 Tendo condições financeiras, ao comprar um celular novo, escolho o que tem
mais recursos e funções.
ATI 13 40 Com a utilização segura da tecnologia é possível proteger a natureza da
contaminação humana.
ATI 15 44 Sei que alimentos transgênicos podem ser a solução para a fome do mundo.
ATI 16 33 Não compro móveis que não sejam feitos a partir de madeira certificada.
Quadro 6.1: Construtos e respectivos indicadores do Modelo de Medida Ajustado. Fonte: Elaboração do autor.
A partir dessas constatações, o modelo que melhor ajusta os dados, dentre os
analisados, está sinteticamente representado no Diagrama 6.
151
Figura 6.1: Diagrama de Caminhos do Modelo Integrado. Fonte: Programa LISREL
®.
Resumindo, pode-se dizer que o modelo final proposto mostrou-se adequado e os
diversos fatores, por sua vez, significativos. Diante disso, constata-se que a dimensão social,
medida pelo construsto DSO, pode ser considerada preditora das atitudes (ATI) e concepções
(CON) relacionadas à tecnologia e que, pelos modelos não ajustados as relações inversas não são
verdadeiras para a amostra consultada.
153
7. TÉKHNÉ E POLITÉIA: CONSIDERAÇÕES FINAIS E
PROJEÇÕES FUTURAS
Buscando uma compreensão de como elementos da sociedade podem influenciar nas
concepções e atitudes dos indivíduos em relação ao desenvolvimento tecnológico, esta pesquisa
desenvolveu um modelo teórico a partir do qual um instrumento de pesquisa foi elaborado e
aplicado com estudantes de graduação.
De uma maneira mais específica, através de Modelagem de Equações Estruturais
(SEM), o trabalho relacionou três constructos: a dimensão social (DSO – constructo exógeno), as
concepções de tecnologia (CON) e as atitudes frente ao desenvolvimento tecnológico (ATI)
(ambos, constructos exógenos).
Para que o trabalho fosse realizado, uma série de objetivos foram traçados e
cumpridos, partindo de uma extensa revisão bibliográfica sobre como o conceito de tecnologia e
sua definição evoluíram de forma paralela à evolução humana, bem como suas diversas formas
de interpretação e estudos sociológicos. Com essa conceituação teórica e depois de apresentar
uma definição própria de tecnologia, o trabalho mostrou os principais desafios que sociedade
enfrenta no cenário contemporâneo, baseado em estudos e documentos nacionais e internacionais.
Com isso foi possível criar o modelo e testá-lo através de SEM (KLEM, 1995;
CROWLEY & FAN, 1997; MACCALLUM e AUSTIN, 2000; HAIR JR. et al. 2005)
confirmando a unidimensionalidade dos constructos e a confiabilidade das variáveis conforme foi
apresentado ao longo dos últimos dois capítulos. Todo o trabalho culminou na apresentação de
um modelo (DSO1) que teve um bom ajuste e foi capaz de satisfazer a hipótese da pesquisa.
Foi verificado que todos os modelos foram ajustados, mas somente o modelo DSO1
atestou as hipóteses de pesquisa. Isso foi confirma na aplicação do Teste t cujos resultados foram
apresentados na figura 7.1. Entretanto, é importante frisar que este ajuste se deu para a amostra
realizada e pretensões de generalizações maiores poderão ocorrer com uma expansão da amostra.
Para concluir o trabalho ainda resta um objetivo da lista inicial a ser cumprido. E
154
isto será brevemente desenvolvido neste último capítulo, onde a hipótese confirma será
reapresentada para auxiliar na interpretação do modelo. Desta forma, algumas considerações
serão feitas mostrando que o modelo tem propriedade para trazer subsídios futuros para
discussões de políticas públicas de ensino de tecnologia. E foi pensando nessa perspectiva de
trabalhos futuros que esta pesquisa focou sua amostragem em alunos de graduação, priorizando
futuros profissionais de educação. Desta forma, foi possível compreender melhor como
indivíduos, que nos próximos anos serão especialistas e estarão no mercado de trabalho,
entendem e se relacionam com questões tecnológicas.
7.1. A IMPORTÂNCIA DA DIMENSÃO SOCIAL COMO CAUSA DO
FENÔMENO
As análises apresentadas no capítulo precedente mostraram que a dimensão social
(DSO) foi confirmada como constructo predictor. Desta forma, foi possível verificar que esta
dimensão antecede os outros constructos e suas respectivas variáveis (concepções de tecnologia -
CON e atitudes frente ao desenvolvimento tecnológico - ATI).
A hipótese confirmada pela pesquisa, refletida pelo modelo DSO1, segue
reapresentada, para trazer base para as análises e inferências finais desta pesquisa.
H1: A dimensão social influencia as concepções de tecnologia dos indivíduos
nela inseridos, proporcionando atitudes favoráveis frente a um desenvolvimento tecnológico
sustentável.
A sociedade, no modelo criado, foi representada por distintas variáveis que
representaram setores específicos. Dentre todas as possibilidades, de uma forma abrangente, o
modelo ajustado mostrou que os alunos de graduação pesquisados deram indícios de que o
governo, as instituições educacionais e de pesquisa, e também os cidadãos de uma maneira geral,
são os componentes que melhor representam, ou poderiam representar, a sociedade em processos
de tomada de decisão tecnológica. Tanto para a escolha de novas tecnologias ou para o
desenvolvimento de outras, com esses pontos em comum é possível dizer que os alunos de
155
graduação esperam um posicionamento do governo ao mesmo tempo em que se sentem aptos a
participar de uma forma mais ativa.
Para esse modelo social, ainda corrobora o fato de não acreditarem nas empresas
privadas no que tange ao um desenvolvimento tecnológico voltado para o bem estar da sociedade.
Isso fica evidente porque acreditam que essas empresas visam somente lucros e manutenção de
hegemonia de mercado.
Complementando o cenário, a indiferença apresentada em relação às instituições
ambientais não governamentais pode não significar uma falta de opinião, mas sim a tendência de
mostrar que assuntos de sustentabilidade e preservação do planeta devem ser levados em
consideração. Isso fica evidente na análise das atitudes que será feita em parágrafos futuros.
Resumindo essas colocações é possível dizer que governo, população, setores
acadêmicos e educacionais devem reunir esforços para melhores escolhas e decisões
tecnológicas. Essa colocação mostra que todo o levantamento bibliográfico indicado no capítulo
4 está de acordo com o modelo ajustado.
Diante da breve e introdutória interpretação do modelo ajustado no final do capítulo
passado, fica evidente a necessidade de se aliar esforços de todos os setores da sociedade para a
busca de um mundo sustentável, amparado de forma segura por um desenvolvimento tecnológico
consciente.
A sociedade atingiu um grau de desenvolvimento tecnológico de maneira gradual
até um ponto que é capaz de suscitar em diversos segmentos da sociedade perguntas antigas que
intrigam o homem, relacionadas a poder autoridade, ordem, liberdade e justiça.
Na antiguidade, pensava-se que tecnologia e política não tinham relação nenhuma.
Ou de forma mais contundente, a política era nobre e a tecnologia relegada a segundo plano. Em
A República, As leis, Os Estado e outros diálogos, Platão sustenta a posição que a arte de
governar é tékhné. Desta forma, afirma que a política é uma arte, uma área prática com
conhecimento específico e habilidades especiais. Com isso Platão queria desacreditar que a
política pudesse ser deixada na mão de simples aficcionados, com as massas democráticas, mas
156
também, por outro lado, também afirmava que assim como qualquer outra tékhné, com a política
também era capaz de se produzir trabalhos sólidos e duradouros. Segundo Platão a analogia entre
tecnologia e política funciona em apenas uma direção: a tékhné serve de modelo para a politéia,
mas o inverso não é verdadeiro. Esse desconforto de Platão com a tecnologia se perdurou na
opinião de filósofos e políticos ao longo de muitos anos, ignorando a vida técnica e esperando
que ficasse segregada a algum canto da humanidade. Assim, muitos não perceberam que a
analogia de Platão pudesse se dar de fato em sentido inverso. Que a tékhné de fato pudesse vir a
se converter em política, que as formas de vidas técnicas podiam por si próprias exercer um
importante papel na configuração da sociedade (WINNER, 2008).
Em nossa época, conforma aponta Winner (2008), a tekhné finalmente se converteu
em politéia, pois nossos instrumentos tecnológicos são instituições em desenvolvimento. Existem
muitas características dos sistemas tecnológicos que se podem ver claramente como fenômenos
políticos. Contudo, é também verdade que existem outros fatores além da tecnologia que
influenciam o desenvolvimento.
O levantamento bibliográfico feito ao longo do trabalho caracterizou que a
sociedade tem adotado um sistema sociotécnico após o outro ao longo de sua evolução. Esse fato
responde várias indagações filosóficas e políticas como: O poder deve ser centralizado ou
disperso? Quando se justifica a autoridade nos relacionamentos humanos? Uma sociedade livre
depende da uniformidade ou da diversidade social? Questões como essas, apresentadas por
Winner (2008) mostram a sociedade no último século apresentou respostas expressadas em uma
linguagem instrumental de eficiência e produtividade.
Essas colocações mostram o reflexo da sociedade nas atitudes das pessoas em suas
escolhas tecnológicas e pode-se também dizer, que esse reflexo também está presente em na
maneira como entendem a tecnologia.
157
7.2. AS CONCEPÇÕES DE TECNOLOGIA: PONTOS DE VISTA
CLÁSSICOS DO SENSO COMUM
Em se tratando das concepções, um dos constructos dependentes, é possível inferir
que os graduandos pesquisados deixam transparecer três aspectos básicos que comumente
aparecem como sendo indicadores do senso comum da interpretação da tecnologia. De forma
mais geral, pode-se dizer que a pesquisa revelou que a tecnologia é entendida pela grande maioria
dos graduandos como sendo intelectualista e sinônimo de ciência bem como sendo
instrumentalista e neutra.
Assim, a pesquisa mostra que entender a tecnologia como um conhecimento prático
derivado do conhecimento teórico científico, ou até mesmo confundi-la com ciência é um forte
indicador.
Isso significa que uma reflexão mais profunda acerca do processo de produção
tecnológico e todos seus reais motivos de concepção não estão presentes na maioria dos
pesquisados. A concepção instrumentalista auxilia nessa conclusão de maneira significativa. Se o
processo não é considerado, resta somente o produto. E a utilização deste produto é de
responsabilidade única e exclusiva de que o adquire, não refletindo assim, os interesses de que o
desenvolve. Essa colocação é sustentada pela visão de tecnologia neutra também presente no
modelo.
De uma forma geral, esses quatro pontos de vista são influencia direta da dimensão
social e da maneira como os alunos de graduação (estudados nesta pesquisa) se posicionam em
relação a esta questão.
Com tudo, um ponto de vista mais sistêmico também pode ser inferido a partir do
momento que os graduandos sustentam a posição que governo, cientistas e especialistas e
população de uma maneira geral devem participar do processo de decisão tecnológico, conforme
foi visto na dimensão social. Contudo, a questão de hegemonia econômica, gera desconfiança em
relação às grandes empresas desenvolvedoras de tecnologia.
De uma forma geral, mesmo o conceito de tecnologia ser um tanto quanto limitado,
158
a sua dependência direta dos fatores sociais é um bom indicador levanta bons indícios de que os
graduandos esperam que setores influentes da sociedade atuem de forma conjunta no processo de
desenvolvimento tecnológico.
Conforme foi apresentado na revisão literária deste trabalho, durante muitos anos o
milagre tecnológico sustentou a crença de seus admiradores de que qualquer coisa que se criasse
na esfera cultural, material ou instrumental, certamente era compatível com a liberdade, a
democracia e a justiça social. Uma idéia de tecnologia neutra que ainda sobrevive e está presente
na concepção dos estudantes, conforme pôde ser constatado nesta pesquisa.
7.3. AS ATITUDES FRENTE AO DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO
Em relação às atitudes (ATI), o segundo constructo dependente dos antecedentes
sociais (DSO), três pontos são possíveis de identificar de forma mais abrangente: a consciência
da necessidade de assegurar a sustentabilidade do planeta, consumindo tecnologias apropriadas, a
utilização das tecnologias para socializar informações e manter-se informado, a manifestação
prática da concepção instrumentalista.
Tomando novamente como ponto de partida a dimensão social, é possível inferir
que os estudantes pesquisados acreditam que de forma conjunta, governo, instituições de ensino e
pesquisa e a população de uma maneira geral, podem aliar esforços para a busca de um
desenvolvimento sustentável.
Assim, o progresso é possível, se, e somente se, esforços políticos, sociais e
econômicos forem aliados em esforços na busca de um crescimento capaz de preservar os
recursos materiais naturais e assegurar a bem estar das pessoas.
Com uma educação diferenciada, novas políticas públicas educacionais poderão ser
elaboradas no sentido de orientar para um mundo sustentável e que cuja manutenção das formas
de vida e dos recursos inanimados só será possível através de ação conjunta de todos os setores
sociais. Com uma educação tecnológica eficiente se é possível educar para o consumo de uma
forma consciente e não tanto materialista, como apontam algumas atitudes do modelo. Com uma
159
educação tecnológica consciente e com a utilização de todo potencial educativo e socializante das
tecnologias é possível gerir e gerar de forma gradual um sistema de ensino diferenciado e
participativo.
Conforme se pode verificar, as respostas dos graduandos pesquisados coincidem
com a literatura, especialmente na obra de Winner (2008), e fica possível perceber que existe
disposição em considerar a possibilidade de limitar uma tecnologia se:
i. Sua aplicação ameaça a saúde ou a segurança pública;
ii. Sua utilização ameaça esgotar alguma fonte natural vital;
iii. Degrada a qualidade do meio (água, terra e ar);
iv. Ameaça espécies naturais e territórios virgens que deveriam ser preservados;
v. Sua aplicação causa tensões sociais e esforços exagerados.
Para finalizar é possível estabelecer um contraste com a idéia de consumo que
também apareceu, que reflete que o setor econômico da sociedade, que visa a manutenção de uma
estrutura de competitividade de mercado, também exerce influencia. Mesmo assim, é o modelo
ajustado mostrou que as atitudes (ou intenções) dos graduandos apontam indícios de mudança de
postura em estudantes universitários que mesmo de forma subjetiva, dão indícios que é preciso se
criar um mecanismo social onde os detentores do conhecimento técnico devem se encontrar com
representantes de todos os setores da sociedade, para decidir quais novos sistemas tecnológicos
devem ser adotados desde que não prejudique todo o meio ambiente.
7.4. PERSPECTIVAS FUTURAS
Para finalizar é possível afirmar que o trabalho cumpriu todos seus propósitos e
termina deixando em aberto possibilidades de futuras adequações do modelo, com a intenção de
encontrar escalas cada vez mais adequadas capazes de refletir a opinião pública de uma maneira
mais abrangente. A intenção de trabalhar com uma amostra maior e mais diversificada também é
160
oportuna e faz parte de perspectivas futuras de investigação que tomará como base todo o
trabalho desenvolvido nesta tese. Somente assim a compreensão de quais setores específicos da
sociedade moldam os conceitos dos indivíduos e influenciam suas atitudes frente ao
desenvolvimento tecnológico pode ser ampliada.
Ao findar o trabalho ficou constatado que os alunos de graduação pesquisados
apresentam uma concepção limitada de tecnologia, e isso, conforme mostrou a pesquisa, é reflexo
da sociedade na qual estão inseridos. Outro ponto a se considerar é o reflexo social nas atitudes
dos indivíduos frente ao desenvolvimento tecnológico. O trabalho mostrou que uma
conscientização sustentável existe, mas também mostrou que algumas variáveis fundamentais do
avanço tecnológico apresentadas no modelo de pesquisa, não aparecem de forma contundente na
forma como os alunos pesquisados se posicionam. Estas duas constatações abrem margem para
uma última colocação importante: a sociedade, de uma forma geral, precisa de uma reeducação
tecnológica, para que os cidadãos nela inseridos, passem a compreender o processo de tomada de
decisão tecnológico de uma forma mais abrangente e sejam capazes de refletir sobre os mais
diferentes aspectos relacionados com o entorno social do qual fazem parte.
A apresentação de uma proposta de educação tecnológica foge aos propósitos deste
trabalho. O último objetivo apresentado na introdução desta pesquisa era o de propor subsídios
para políticas públicas de educação pudessem ser repensadas. E esse objetivo, também foi
cumprido. Todas as avaliações do modelo, levam à constatação que o processo educacional
precisa ser revisto, para que exerça reflexo na sociedade, e por sua vez, na forma como os
indivíduos se relacionam com a tecnologia.
Como base para futuros trabalhos, é importante destacar que a proposta de novas
formas de gestionar a educação levando para o contexto educativo os recursos tecnológicos
considera que se faz necessário ir além da elaboração de novos conteúdos ou currículos escolares.
E também é preciso levar não somente os aparatos, mas também suas linguagens e a
compreensão de seu processo de gênese, desenvolvimento e aplicação para os bancos escolares.
Para isso é preciso buscar uma forma de usar todo o potencial tecnológico como forma de
integrar currículos já existentes e diminuir barreiras sociais, temporais e espaciais.
Em uma sociedade onde o consumo dita as regras, os alunos precisam ser
161
convencidos de que os conhecimentos que a escola pretende ensinar são importantes. E o
convencimento não é a melhor das estratégias nem um método eficiente de ensino. O aluno não
precisa ser convencido, precisa ser passar por um processo eficaz de aprendizagem que o permita
compreender e atuar em uma sociedade tecnologicamente avançada. O aluno precisa conhecer o
que é a tecnologia, reconhecer problemas reais e pensar em formas de resolvê-los ao mesmo
tempo em que possa compreender como se dá sociologicamente o processo de seu
desenvolvimento. Enfim, o aluno também precisa entender que toda tecnologia tem de forma
implícita uma política que reflete desejos, gostos, necessidades, de quem a idealizou, produziu,
ou do grupo social que a adotou.
Assim, falar em repensar as políticas públicas educacionais é propor a utilização de
conhecimentos tecnológicos na educação. E isso não significa simplesmente em realizar tarefas
para um treinamento ou especialização das novas tecnologias, mas sim em possibilitar aos alunos
bases sólidas que o auxiliem a gerir e gerar, futuramente, as demandas que estão colocadas na
sociedade. Significa a integração do indivíduo na sociedade, bem como na sua formação mais
crítica e mais humana.
Com isso posto, o trabalho atinge todos os seus objetivos e abre perspectivas de
estudos futuros. Assim, importante apontar que, diante da complexidade dos termos envolvidos,
foi possível mapear um recorte da visão de alunos de graduação e descobrir que mesmo tendo
concepções acerca da tecnologia provenientes de um antigo senso comum, também demonstram
evidências de amadurecimento político. E isso transparece no momento que manifestam a
vontade de participar diretamente dos processos de tomada de decisões tecnológicas da sociedade
na qual estão inseridos. Embasado nisso, futuros estudos e propostas de uma educação
tecnológica diferenciada poderão trazer contribuições sólidas para a formação dos indivíduos de
nossa sociedade.
163
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACEVEDO, G. D. R. Ciencia, Tecnología y Sociedad: una mirada desde la Educación en
Tecnología. Revista Iberoamericana de Educación, 1998, No. 18. p. 107-143. Biblioteca Digital
da OEI (Organização de Estados Iberoamericanos para a Educação, a Ciência e a Cultura, 1998.
Disponível em < http://www.campus-oei.org/ >. Acesso em 17 Ago 2002.
ACEVEDO DÍAZ, J. A. La Tecnología En Las Relaciones CTS. Una Aproximación Al Tema.
Enseñanza de las Ciencias, 1996. Vol. 14 (1). p. 35-44.
ACEVEDO DÍAZ, J. A. Análisis de algunos criterios para diferenciar entre ciencia y tecnología.
Una Aproximación Al Tema. Enseñanza de las Ciencias, 1998. Vol. 16 (3). p. 409-420.
ACEVEDO DÍAZ, J. A. Cambiando la práctica docente en la enseñanza de las ciencias a través
de CTS. Biblioteca Digital da OEI (Organização de Estados Iberoamericanos para a Educação, a
Ciência e a Cultura, 1996 (b). Disponível em < http://www.campus-oei.org/salactsi/acevedo2.htm
>. Acesso em 17 Ago 2002.
ACEVEDO DÍAZ, J. A.¿Qué puede aportar la Historia de la Tecnología a la Educación CTS?
Biblioteca Digital da OEI (Organização de Estados Iberoamericanos para a Educação, a Ciência
e a Cultura, 2002 (a). Disponível em < http://www.campus-oei.org >. Acesso em 8 Dez 2002.
ACEVEDO DÍAZ, J. A. Educación Tecnológica desde una perspectiva CTS. Una breve revisión
del tema. Biblioteca Digital da OEI. 2002 (b). Disponível em: <
http://www.oei.es/bibliotecadigital.htm > Acesso: 6 Fev 2007. pp. 1-8.
ACEVEDO DÍAZ, J. A. Tres criterios para diferenciar entre Ciencia y Tecnología. Biblioteca
Digital da OEI. 2002 (c). Disponível em: < http://www.oei.es/bibliotecadigital.htm > Acesso: 6
Fev 2007. pp. 1-17.
ACEVEDO DÍAZ, J. A. et al. Persistencia de las actitudes y creencias CTS en la profesión
docente. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias. Vol. 1 Nº 1. 2002d.
ACEVEDO DÍAZ, J. A. (a). Una breve revisión de las creencias CTS de los estudiantes.
Biblioteca Digital da OEI (Organização de Estados Iberoamericanos para a Educação, a Ciência
e a Cultura, 2003. Disponível em < http://www.campus-oei.org >. Acesso em 19 Jan 2003 (d).
ACEVEDO DÍAZ, J. A. et al. Persistencia de las actitudes y creencias CTS en la profesión
docente. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias. Vol. 1 Nº 1. 2002. pp. 1-28.
164
ACEVEDO DÍAS, J. A., ALONSO, A. V., MASSANERO MAS, M. A. El movimiento Ciencia-
Tencología-Sociedad y la enseñanza de las Ciencias. Biblioteca Digital da OEI (Organização de
Estados Iberoamericanos para a Educação, a Ciência e a Cultura, 2003. Disponível em <
http://www.campus-oei.org >. Acesso em 19 Jan 2003.
AGAZZI, E. El impacto epistemológico de la Tecnología. Argumentos de Razón Técnica.
Revista Española de Ciencia, Tecnología y Sociedad, y Filosofía de la Tecnología, No. 1,
1998. Disponível em < http://www.argumentos.us.es/numero1/agazzi.htm >. Acesso em 19 Jan
2003.
AGAZZI, E. El impacto de la tecnología. Biblioteca Digital da OEI. Disponível em: <
http://www.argumentos.us.es/numero1/agazzi.htm > 2002. Acesso em: 7 Jun 2007.
AIKENHEAD, Glen S. & RYAN, Alan G. The development of a new instrument: “views on
science-technology-society” (VOSTS). Science Education, v. 76, n. 5, 1992, p. 477-491.
Disponível em: < http://www.usask.ca/education/people/aikenhead/vosts_2.pdf >.Acesso em: 14
Abr 2007.
ALFONSO-GOLDFARB, Ana Maria; FERRAZ, Márcia Helena Mendes; BELTRAN, Maria
Helena Roxo. “A histografia contemporânea e as ciências da matéria: uma longa rota cheia de
percalços”. In: ALFONSO-GOLDFARB, Ana Maria & BELTRAN, Maria Helena Roxo (orgs.).
Escrevendo a história das ciências: tendências, propostas e discussões historiográficas. São
Paulo: EDUC/ Editora Livraria da Física/ Fapesp, 2004, p. 49-73.
ANDRADE, Thales de. Inovação tecnológica e meio ambiente: a construção de novos enfoques.
Ambiente & Sociedade - Vol. VII nº. 1 jan./jun. 2004 Disponível em <
www.anppas.org.br/encontro/segundo/Papers/GT/GT05/adriana_bin.pdf >. Acesso em 8 Jul 2005
ANGOTTI, J. A. P., BASTOS, F. P., MION, R. A. Educação em Física: Discutindo Ciência,
Tecnologia e Sociedade. Revista Ciência & Educação, 2001, v.7, n.2, p.: 183-197. Ed. Escrituras,
São Paulo (ISSN 1516-7313).
AULER, D. & BAZZO, W. Reflexões para a implementação do movimento CTS no contexto
educacional brasileiro. Ciência & Educação. Vol.7. n.1. p. 1-13. Disponível em <
http://www.nepet.ufsc.br/Artigos/Texto/CTS%20e%20EducTec.pdf >. Acesso em 10 Jan 2007.
ÁVILA, F. B. DE, PE. Pequena enciclopédia de moral e civismo. 3 ed., 1982. Rio de Janeiro,
FENAME/MEC.
BARNETT, Harold J. & MORSE, Chandler. Scarcity and Growth: the economics of natural
resources availability. John Hopkins Press, Baltimore. 1977.
165
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Trad.: RETO, L. A. e PINHEIRO, A. Primeira Edição.
Edições 70, 1991, Lisboa, Portugal: 71, 96-98, 101-103, 117-119.
BARROS FILHO, J., SILVA, D., VERASZTO, E. V., PEREIRA JUNIOR, A. A., ROESLER, P.
H. Projetos Tecnológicos no Ensino Fundamental como Alternativa para o Futuro do Ensino de
Física . In: Garcia, Nilson M. D. (org.). Atas do XV Simpósio Nacional de Ensino de Física.
Curitiba: CEFET-PR, 2003. p. 2065-2074. 1 CD-ROM.
BASSANI, P. & CARVALHO, M. A. V. Pensando a sustentabilidade: um olhar sobre a Agenda
21. Desenvolvimento e Meio Ambiente. N. 9. Ed. UFPR. Curitiba/PR. 2004. ISSN: 1518-952X.
p. 69-76. Disponível em <
http://calvados.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/made/article/view/3082/2463 > Acesso em 31 Mai
2007.
BAZZO, W. A. A Pertinência de Abordagens CTS na Educação Tecnológica. Revista
Iberoamericana de Educación, 2002 (a), No. 28: 83-99. Biblioteca Digital da OEI (Organização
de Estados Iberoamericanos para a Educação, a Ciência e A Cultura, Disponível em <
http://www.campus-oei.org/ >. Acesso em 1 Ago 2002.
BENEDICK, Richard Elliot. Tomorrow's is global. Futures, vol 31, pp. 937-947. 1999.
BERNE, R. W. Ethics, Technology, and the Future: Na Intergenerational Experience in
Engineering Education. Bulletin of Science, Technology & Society. Vol. 23. N. 2. April 2003.
pp. 88-94.
BIN, Adriana. Agricultura e meio ambiente: contexto e iniciativas da pesquisa pública.
Dissertação de Mestrado. Instituto de Geociências. Universidade Estadual de Campinas. 2004 (a).
BIN, Adriana & PAULINO, Sônia Regina. Inovação e meio ambiente na pesquisa agrícola.
ANNPAS. Indaiatuba/SP. 2004 (b).
BOLLEN, K. A. e LONG, J. S. (eds). Testing Structural Equation Models. Newbury Park:
Sage publications, 1993.
BORREGUERO, P. & RIVAS, F. Una Aproximación Empírica a través de las Relaciones
Ciencia-Tecnología-Sociedad (CTS) en Estudiantes de Secundaria y Universitarios Valencianos,
Enseñanza de las Ciencias, 1995, Vol. 3, N. 13: 363-370.
BOSCH, G. La peligrosa armonía de la tecnologia. Biblioteca Digital da OEI (Organização de
Estados Iberoamericanos para a Educação, a Ciência e a Cultura, 2002, Disponível em <
http://www.campus-oei.org >. Acesso em 8 Dez 2002.
166
BRASIL. Lei de Diretrizes e bases 9394/96. MEC (Ministério da Educação e do Desporto),
1996. Disponível em: < http://www.mec.gov.br/legis/default.shtm >. Acesso em: 23 Nov 2002.
BRASIL. MEC - Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais –
Educação Infantil (Geral), Educação Fundamental, 1999, Livros 1, 2, 3, 4, e 052 Disponível em:
< http://www.mec.gov.br >. Acesso em: 22 Mai 2002.
BRASIL, 2000. Ciência & Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável. Ministro do Meio
Ambiente. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.
Consórcio CDS/UnB – Abipti. Brasília. 2000. Disponível em <
http://www.seplan.go.gov.br/download/cienctecn.pdf >. Acesso em 25 Jun 2007.
BRASIL. Plano Nacional de Graduação. MEC (Ministério da Educação e do Desporto), 2001.
Disponível em: < http://www.mec.gov.br/Sesu/planograd.shtm >. Acesso em: 03 Mar 2003.
BRASIL. IBGE. Bens duráveis no Brasil. disponível em <
http://www.ibge.gov.br/brasil_em_sintese/graficos/habitacao/bens_duraveis.gif >. Acesso em 16
Abr 2008.
BUNGE, M., La Investigación Científica, Su estrategia y su Filosofía, Barcelona: Ediciones
Ariel, 1972.
BUNGE, M. Una caricatura de la ciência: la novissima sociologia de la ciência. Interciencia.
Vol. 16. n. 2. 1991. pp 69-77.
BURSZTYN, M. Meio ambiente e interdisciplinaridade: desafios ao mundo acadêmico.
Desenvolvimento e Meio Ambiente. N. 10. Ed. UFPR. Curitiba/PR. 2004. ISSN: 1518-952X. p.
67-76. Disponível em < http://calvados.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/made/article/view/3095/2476
> Acesso em 31 Mai 2007.
BYRNE, B. M. Structural Equation Modeling with Lisrel, Prelis and Simples: Basic
Concepts, Applications and Programming. New Jersey: Lawren ce Erlbaum Associates
Publishers, 1998.
CALATAYUD, M. C. M. Imágenes CTS, de la tradición al cambio en la educación ingeneril
universitaria. Biblioteca Digital da OEI (Organização de Estados Iberoamericanos para a
Educação, a Ciência e A Cultura, 2003. Disponível em < http://www.campus-oei.org/ >. Acessso
em 19 Jan 2003.
CALLEGARI-JACQUES, S. M. Testes não-paramétricos In: ALLEGARIJACQUES, S. M.
Bioestatística: princípios e aplicações. Porto Alegre: Artmed, 2003, p. 165-84.
167
CALLON, M. Society in the Making: the Study of Technology as a Tool for Sociological
Analysis. In: BIJKER, W. E. et al (eds). The Social Construction of Technological Systems.
Cambridge. The MIT Press. 1990. pp. 83-103.
CANAVARRO, José Manuel. O que se pensa sobre ciência. Coimbra: Quarteto, 2000.
CARDOSO, T. F. L. Sociedade e Desenvolvimento Tecnológico: Uma Abordagem Histórica. In:
Grinspun, M.P.S.Z. (org.). Educação Tecnológica: Desafios e Pespectivas. São Paulo. Cortez.
2001. p. 183-225.
CARRANZA, C. C. Nuevas tecnologías y sostenibilidad ambiental y humana. Ingenieria sin
fronteras - Revista de Cooperación. n. 14. 2001. I.S.S.N. 1139-5532. Disponível em: <
http://socios.ingenieriasinfronteras.org/revista/articulos/14/revista14.htm > Acesso em 6 Fev
2007.
CARRERA, A. D. Nuevas tecnologías y viejos debates: algunas ideas sobre la participación
social. Ingenieria sin fronteras - Revista de Cooperación. n. 14. 2001. I.S.S.N. 1139-5532.
Disponível em: < http://socios.ingenieriasinfronteras.org/revista/articulos/14/revista14.htm >
Acesso em 6 Fev 2007.
CARVALHO, M. G., Tecnologia, Desenvolvimente Social e Educação Tecnológica. Revista
Educação e Tecnologia. Vol. 1. Curitiba/PR. 1997. ISSN: 1516-280X. Disponível em: <
http://www.ppgte.cefetpr.br/revista/vol1/art4.htm > Acesso em 8 Jun 2007.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. Trad. Roneide Venâncio Majer. São Paulo: Paz e
Terra, 1999. Vol. 1.
CASTELNOU, A. M. N. et al. Sustentabilidade socioambiental e diálogo de saberes: o Pantanal
Mato-grossense e seu espaço vernáculo como referência. Desenvolvimento e Meio Ambiente.
N. 7. Ed. UFPR. Curitiba/PR. 2003. ISSN: 1518-952X. p. 41-67. Disponível em: <
http://calvados.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/made/article/view/3043/2434 >. Acesso em 31 Mai
2007
CEREZO, J. A. L. Los estudios de ciencia, tecnología y sociedad. Revista Iberoamericana de
Educación, 1999, No. 20, p. 217-225. Biblioteca Digital da OEI (Organização de Estados
Iberoamericanos para a Educação, a Ciência e a Cultura, Disponível em < http://www.campus-
oei.org/ >. Acesso em 19 Jan 2003.
CESAR, Ana Maria R. V. C. Falar da dor, esvaziar o peito, ancorar o coração: uma
metodologia para gestão de pessoas em situações de mudanças organizacionais. Tese
(Doutorado) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São
Paulo - USP, São Paulo, 2004.
168
CHESNAIS, François. A mundialização do capital. Xamã: São Paulo. 1996.
CHURCHIL, Jr. G.A. Marketing research: methodological foundations. 7 ed. New York:
Inter. Thomson Publishing, 1999.
COLOMBO, C. R. & BAZZO, W. A. Educação Tecnológica Contextualizada, ferramenta
essencial para o Desenvolvimento Social Brasileiro. Biblioteca Digital da OEI. 2002. Disponível
em: < http://www.oei.es/bibliotecadigital.htm > Acesso: 6 Fev 2007. pp. 1-10.
COMTE, A. Curso de Filosofia Positiva. Trad. Gianotti, J. A., Col. Os Pensadores, Abril
Cultural. São Paulo. 1978. p.3
CORAZZA, R.I. A questão ambiental e a direção do progresso de inovação tecnológica na
indústria de papel e celulose. Dissertação de Mestrado. Instituto de Geociências. Universidade
Estadual de Campinas. 1996
CORAZZA, Rosana Icassatti. Políticas públicas para tecnologias mais limpas: uma analise das
contribuições da economia do meio ambiente. Tese de doutorado. Instituto de Geociências.
Universidade Estadual de Campinas. 2004.
CORAZZA, R. I. Tecnologia e Meio Ambiente no Debate sobre os Limites do Crescimento:
Notas à Luz de Contribuições Selecionadas de Georgescu-Roegen. Revista Economia. 2005.
Disponível em < http://www.anpec.org.br/revista/vol6/vol6n2p435_461.pdf >. Acesso em 24
Mar 2007.
CORDEIRO NETTO, O. M. & TUCCI, C. E. M. Os desafios em ciência, tecnologia &
inovação: resultados alcançados com o fundo setorial de recursos hídricos. Cienc. Cult.,
Oct./Dec. 2003, vol.55, no.4, p.44-46. ISSN 0009-6725. Disponível em: <
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252003000400024&script=sci_arttext >.
Acesso em 31 Mai 2007.
COSTA FERREIRA, L. Idéias para uma sociologia da questão ambiental - teoria social,
sociologia ambiental e interdisciplinaridade. Desenvolvimento e Meio Ambiente. N. 10. Ed.
UFPR. Curitiba/PR. 2004. ISSN: 1518-952X. p. 77-89. Disponível em <
http://calvados.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/made/article/viewPDFInterstitial/3096/2477 >. Acesso
em 31 Mai 2005.
CROWLEY, Susan L; FAN, Xitao. Structural Equation Modeling: basic concepts and
applications in personality assessment research. Journal of Personality Assessment, v.3, n. 68,
p. 508-531. 1997.
DAGNINO, Renato. Um Debate sobre a Tecnociência: neutralidade da ciência e
169
determinismo tecnológico. 2007. Disponível em <
http://www.ige.unicamp.br/site/aulas/138/UM_DEBATE_SOBRE_A_TECNOCIENCIA_DAGN
INO.pdf >. Acesso em 8 Jan 2007.
DEMO, Pedro. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000.
DERRY, T. K. & WILLIAMS, T. I. Historia de la Tecnologia. Vol.1: Desde la Antigüedad
hasta 1750. México D.F.: Siglo Veintiuno Editores. 1996. 111-177.
DESCARTES, R. Discurso do Método. Coleção a Obra-prima de cada autor. Martin Claret,
2003. p. 20-70.
DÓCLUS, M. O mito de Prometeu e Epimeteu segundo Ésquilo, Hesíodo e Platão.
Disponível em < http://www.consciencia.org/antiga/plapro.shtml > Acesso em 22 Abr 2004.
DREYFUS, H. L. Further Reflections nos Heidegger, Tecnhology, and the Everyday. Bulletin of
Science, Technology & Society. Vol 23. N. 5. October 2003. pp. 339-349.
DUCASSÉ, P. História das Técnicas. (Trad: Macedo, J. B.). Coleção Saber. Europa-América
Publicações Ltda. 1987. p. 8-146.
DUPAS, Gilberto. Economia e exclusão social: pobreza, emprego, Estado e o futuro do
capitalismo. 2ª. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
EASLEA, B. La Liberación Social ylos Objectivos de la Ciencia. Madrid. Siglo Veintiuno
Editores. 1977. cap. 4. pp. 121-356.
ECHEVERRIA, J. Teletecnologías, espacios de interacción y valores. Teorema – Revista
Internacional de Filosofía, 1998, Vol.17/3 Disponível em < http://www.campus-oei.org/ >.
Acesso em 08 Ago 2002.
EINSTEIN, A. Escritos da maturidade: artigos sobre ciência, educação, religião, relações
sociais, racismo, ciências sociais e religião. (Trad.: Borges, Maria Luiza X. de A.). Rio de
Janeiro, Nova Fronteira. 1994. p 36-37, 40.
FORAY, Dominique & GRÜBLER, Arnulf. Technology and the environment: an overview.
Technological Forecasting and Social Change, v. 53, n. 1, p. 3-13, Sep 1996.
FOUREZ, Gérard. A Construção das Ciências. Tradução de Luiz Paulo Rouanet. São Paulo:
Editora da Universidade Estadual Paulista, 1995.
170
FREEMAN, Chris. The greening of technology and models of innovation. Technological
Forecasting and Social Change, 53 (1), Sep 1996.
GAMA, R. A Tecnologia e o Trabalho na História. São Paulo: Nobel Edusp (Livraria Nobel
S.A. e Edusp). 1987.
GARCÍA, M. I. G. et al. Ciencia, Tecnologia y Sociedad: una introducción al estudio social de
la ciencia y la tecnología. Tecnos. Madrid. 2000. p. 327.
GARCIA DE RÍCART, M. Orientación CTS como posible eje organizador de contenidos del
Área de Ciencias Naturales en los primeros ciclos de la escolaridad. Biblioteca Digital da OEI
(Organização dos Estados Iberoamericanos para a Educação, a Ciência e a Cultura).
Madrid.1999. Disponível em < http://www.campus-oei.org/salactsi/garcia/htm >. Acesso em 17
Jan 2007.
GARSON, G.D. PA 765 Statnotes: an Online Textbook. 2003. Disponível em <
http://www2.chass.ncsu.edu/garson/pa765/statnote.htm > Acesso em 21 Abr 2007.
GIL, Fernando. “História das ciências e epistemologia”. Tradução de Manuel Maria Carrilho e
Joana Morais Varela. In: CARRILHO, Manuel Maria. História e prática das ciências. Lisboa:
A Regra do Jogo, 1979, p. 163-182.
GIL PÉREZ, D. et al. Década de la Educación para un Futuro sostenible (2005-2014): Un punto
de inflexión necesario en la atención a la situación del planeta. Revista Iberoamericana de
Educación. N. 40. 2006. ISSN: 1681-5653. Disponível em: <
http://www.rieoei.org/rie40a06.htm >. Acesso em: 8 Ago 2006.
GILBERT, J. K. Educación Tecnológica: Una Nueva Asignatura En Todo El Mundo. Enseñanza
de las Ciencias, 1995, Vol. 13 (1): 15-24.
GLENN, J. C. & GORDON, T. J. Future issues of science and tecnhology. Technological
Forecasting and Social Change. N. 71. 2004. pp. 405-416.
GÓMEZ, S. C., Los estudios Ciencia, Tecnología y Sociedad y la Educación para el Desarrollo.
Ingenieria sin fronteras - Revista de Cooperación. n. 14. 2001. I.S.S.N. 1139-5532. Disponível
em: < http://socios.ingenieriasinfronteras.org/revista/articulos/14/revista14.htm > Acesso em 6
Fev 2007.
GONZÁLEZ GARCÍA, M. I. G. & SEDEÑO, E. P. Ciencia, Tecnología y Género. Revista
Iberoamericana de Ciencia, Tecnología, Sociedad e Innovación. N. 2. ISSN: 1681-5645.
2002. Biblioteca Digital da OEI. Disponível em: < http://www.campus-
oei.org/revistactsi/index.html > Acesso: 6 Fev 2007. pp. 1-17.
171
GORDILLO, M. M. Ciencia, Tecnología e Sociedad. Projeto Argo. Materiales para la educación
CTS, 2001. p. 7-12; 64-101. Grupo Norte. Biblioteca Digital da OEI (Organização de Estados
Iberoamericanos para a Educação, a Ciência e a Cultura, Disponível em < http://www.campus-
oei.org >. Acesso em 19 Jan 2003.
GORDILLO, M. M. & GALBARTE J. C. G. (2002). Reflexiones Sobre la Educación
Tecnológica desde el Enfoque CTS. Revista Iberoamericana de Educación, 2002, No. 28: 17-59.
Biblioteca Digital da OEI (Organização de Estados Iberoamericanos para a Educação, a Ciência
e A Cultura), Disponível em < http://www.campus-oei.org/ >. Acesso em 01 Ago 2002.
GRINSPUN, M. P. S. Z. (org.). Educação Tecnológica - Desafios e Pespectivas. São Paulo:
Cortez, 2001.
GRINSPUN, M. P. S. Z. Educação Tecnológica. In: Grinspun, M.P.S.Z. (org.). Educação
Tecnológica - Desafios e Pespectivas. São Paulo: Cortez. 2001. p. 25-73.
GRÜBLER, Arnulf & GRITSEVSKYI, Andrii. A Model of EndogenousTechnological Change
throughUncertain Returns on Innovation. In: Grübler, A; Nakicenovic, N & Nordhaus, W.D.
(eds) Technological Change and the Environment. Washington DC: IIASA. Oct 2002: 464p.
Disponível em <
http://www.iiasa.ac.at/Research/TNT/WEB/Publications/Technological_Change_and_the_Enviro
nment/itc-book-11.pdf > Acesso em 6 Fev 2007.
HAIR JR. Joseph F. et al. Análise multivariada de dados. Trad. Adonai Schlup Sant’Anna e
Anselmo Chaves Neto. 5 ed. Porto Alegre-RS: Bookman, 2005. Reimpressão 2006.
HANCOCK, G. R.; MUELLER (org). Structural Equation Modeling: a Segund Course.
Greenwich: Information Age Publishing, 2006.
HAYDUK, L. A. Structural Equation Modeling with Lisrel: Essentials and Advances.
Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 1987.
HEALY, S. A. Science, technology and future of sustainability. Futures. Vol. 27, No. 6, pp:
611-625.
HERRERA, Amílcar. et al. Las Nuevas Tecnologías y el Futuro de América Latina. Siglo
XXI. México. 1994.
HERSCHBACH, D. R. Technology as Knowledge: Implications for Instruction. Journal of
Technology Education, 1995, Vol. 7 (1): 31-42. Disponível em <
http://scholar.lib.vt.edu/ejournals/JTE >. Acesso em 20 Mai 2002.
172
HESSEN, Boris. Las Raíces Socioeconómicas de la Mecánica de Newton. PRUNA, P. M.
Habana (trad.). , 1985. p. 13-59.
HILST, V. L. S. A tecnologia necessária: uma nova pedagogia para os cursos de formação
de nível superior. Piracicaba/SP: Editora da UNIMEP. 1994. p. 15-41.
HOBSBAWN, E. Era dos Extremos. Ed. Companhia das Letras. São Paulo. 1995.
HUBERMANN, L. A História da Riqueza do Homem. 29a.Edição. São Paulo: Ed. Record.
1988.
IGLESIA, P. M. Una Revisión del Movimiento Educativo Ciencia–Tecnología–Sociedad.
Enseñanza de las Ciencias, 1997, Vol. 15, N. 1: 51-57.
JARVIS, T. & RENNIE, L. J. Factors that Influence Children’s Developing Perception of
Technology. Journal of Technology and Design Education, 1998, Vol. 8: 261-279.
Netherlands. Kluwer Academic Publishers.
JÖRESKOG, K. e SÖBOM, D. LISREL 8: User's Reference Guide. Lincolnwood: SSI, 2001.
_____________. Structural Equation Modeling with the SIMPLES Command Language.
Lincolnwood: SSI, 1993.
JÖRESKOG, Karl; SÖRBOM, Dag. LISREL 8.54 Student Edition. Lincolnwood: Scientific
Software International, 2003.
JÖRESKOG, K.; SÖBOM, D.; TOIT, M. e TOIT, S. LISREL 8: New Statistical Features.
Lincolnwood: SSI, 2000.KANASHIRO, M. Da antiga à nova Carta de Atenas - em busca de um
paradigma espacial de sustentabilidade. Desenvolvimento e Meio Ambiente. ISSN: 1518-952X.
Disponível em < http://calvados.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/made/article/view/3079/2460 >
Acesso em 8 Ago 2007.
KINDLER, H. e HILGEMANN, W. Atlas histórico Mundial. 2 volumes (trad.: C.M.Alvarez e
A.D.Arenas). Madrid: Ediciones Istmo. 1985.
KLEM, L. Path analysis. In.: Grimm, L.G.; Yarnold, P.R. Reading and understanding
statistics. Washington, DC: ed. American Psychological Association, 1995.
KNECHTEL, M. R. Educação Ambiental: uma prática interdisciplinar. Desenvolvimento e Meio
Ambiente. N. 3. Ed. UFPR. Curitiba/PR. 2001. ISSN: 1518-952X. p. 125-139. Disponível em <
http://calvados.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/made/article/view/3033/2424 >. Acesso em 24 Mar
173
2007.
KNELLER, G. F. A Ciência como Atividade Humana. São Paulo. ZAHAR/EDUSP. 1978.
KROLL, G. The “Silent Springs” of Rachel Carson: mass media and the origins of modern
environmentalism. Public Understanding of Science. Institute of Physics Publishing. Vol. 4.
Oct. 2001. pp. 403-420.
KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1982.
LACERDA NETO, J. C. M. Ensino de Tecnologia: uma Investigação em sala de aula.
Dissertação de Mestrado da Faculdade de Educação da UNICAMP. Campinas/SP. 2002.
LATOUR, B. y WOOLGAR, S. (1979). Laboratory Life: The Social Construction of Scientific
Facts. Londres: Sage. (2ª edición, 1986, Princenton, NJ: Princenton University Press).
Traducción de E. Pérez Sedeño (1995): La vida en el laboratorio. La construcción de los hechos
científicos. Madrid: Alianza.
LAYTON, D. Revaluing the T in STS. International Journal of Science Education, 1988,
10(4): 367-378.
LÉVY, P. As Tecnologias da Inteligência. O Futuro do Pensamento na Era da Informática.
(Trad. COSTA, C. I.). Editora 34. São Paulo. 1999. p. 7-19.
LIGUORI, L. M. As Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação no Campo dos Velhos
Problemas e Desafios Educacionais. In.: LITWIN, E. (org.). Tecnologia Educacional: política,
histórias e propostas. (Trad.: ROSA, E.). Artes Médicas, Porto Alegre, 1997: 78-97.
LIMA, Nísia Trindade. “Valores sociais e atividade científica: um retorno à agenda de Robert
Merton”. In: PORTOCARRERO, Vera (org.). Filosofia, história e sociologia das ciências I:
abordagens contemporâneas. Rio de Janeiro: Editora FOICRUZ, 2002, 2ª. Reimpressão, p.
151-173.
LION, C. G. Mitos e Realidades na Tecnologia Educacional. In.: LITWIN, E. (org.) (1997).
Tecnologia Educacional: política, histórias e propostas. (Trad.: ROSA, E.). Artes Médicas,
Porto Alegre. 1997. p. 23-36.
LOEHLIN, J.C. Latent variables models: an introduction to factor, path and structural
analysis. Mahwah. NJ: 3 ed. Lawrence Erlbaum, 1998.
LUSTOSA, Maria Cecíllia J., Evolução e Meio Ambiente no enfoque evolucionista: o caso das
174
empresas paulistas. XXVII Encontro Nacional da ANPEC - Belém, dez/1999. Disponível em <
http://www.ie.ufrj.br/gema/pdfs/inovacao_e_meio_ambiente.pdf > Acesso em 7 Jul 2005.
MACCALLUM, Robert C.; AUSTIN, James T. Applications of structural equation modeling in
psychological research. Annual Review of Psychology, n. 51, p. 201-226, 2000.
MAIZTEGUI, A. et al, C. Papel de la tecnología en la educación científica: una dimensión
olvidada.. Revista Iberoamericana de Educación, 2002, No. 28. Biblioteca Digital da OEI
(Organização de Estados Iberoamericanos para a Educação, a Ciência e a Cultura, Disponível em
< http://www.campus-oei.org/ >. Acesso em 10 Ago 2002.
MALHOTRA, N.K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3 ed. Porto
Alegre:Brookman, 2001.
MARUYAMA, G.M. Basics of structural equation modeling. Thousand Oaks, Ca: Sage
Publications, Inc., 1998.
MEADOWS, Donella H. et all. The limits to growth. Potomac, Washington D. C. 1972.
MEADOWS, Donella H. et all. Beyond the limits. Earthscan Publications Ltd. London. 1992.
MERTON, R. K. The sociology of science. Theoretical and empirical investigations. Chicago,
IL: University of Chicago Press. Traducción de N.A. Míguez (1977): La sociología de la ciencia.
Investigaciones teóricas y empíricas. Madrid: Alianza. 1973.
MERTON, Robert K. “Os imperativos institucionais da ciência”. In: DEUS, Jorge Dias de. A
crítica da ciência. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1974, p.37-52.
MERTON, Robert K. “El Efeito Mateo em la Ciência”. In: MERTON, Robert K. La sociología
de la ciencia. Madrid: Alianza Editorial, 1977, p.554-578 (capítulo 20).
MERTON, R. K. Os Imperativos Instituicionais da Ciência. In: J. D. Deus (org). A Crítica da
Ciencia. Rio de Janeiro. Zahar Editores. 1979. pp. 37-52.
MIRANDA, Nonato Assis de; VERASZTO, E. V.; BARROS FILHO, Jomar; SILVA, Dirceu da
; ALMEIDA, Norton de; YAMAMOTO, Alan César Ikuo . Análise de um pré-teste sobre
concepções de alunos acerca da tecnologia. In: GCETE´2005 - GLOBAL CONGRESS ON
ENGINEERING AND TECHNOLOGY EDUCATION, 2005, Santos/SP. Enginering and
Technology Education Trends, 2005 (a).
MIRANDA, Nonato Assis de; SILVA, Dirceu da; SIMON, Fernanda de Oliveira;
175
YAMAMOTO, Alan César Ikuo; VERASZTO, E. V.; CUNHA, Alexander Montero. Percepções
de Sociedade Diante do Desenvolvimento Científico-Tecnológico Brasileiro: Criação de Um
Modelo de Percepção Pública. In: V Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em
Ciências, 2005, Bauru/SP. In Press, 2005 (b)
MIRANDA, Nonato Assis de; SILVA, Dirceu da; SIMON, Fernanda Oliveira; VERASZTO, E.
V. Desenvolvimento Científico-Tecnológico e Sociedade: criação de um modelo de percepção
pública. In: XI Seminário Latino-Iberoamericano de Gestión Tecnológica, 2005, Salvador.
Anais, 2005 (c).
MIRANDA, Nonato Assis de; SILVA, Dirceu da; SIMON, Fernanda Oliveira; VERASZTO, E.
V. Educação ambiental na óptica discente: análise de um pré-teste. In: SEGET - III SIMPÓSIO
DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TECNOLOGIA, 2006, Resende/RJ. III Simpósio de
Excelência em Gestão e Tecnologia. 2006. v. 1. p. 1-10.
MIRANDA, N. A. et al. Educação ambiental na óptica discente: análise de um pré-teste In: 3º
SEMINÁRIO INTERNACIONAL CIÊNCIA E TECNOLOGIA NA AMÉRICA LATINA, 2006,
Campinas/SP. Anais do 3º Seminário Internacional Ciência e Tecnologia na América Latina.
2006 (b). v.1. p.1 – 10.
MIRANDA, N. A. et al. New Tchnologies of the Information and Communication in Education:
A pre-test analysis In: 4th International Conference on Information Systems and Technology
Management, 2007, São Paulo/SP. Anais do 4th CONTECSI. São Paulo/SP. 2007 (a). v.1.
p.1590-1602.
MIRANDA, N. A. et al. Tecnologias da Informação e Comunicação na escola pública: realidade
ou ilusão? In: II EIDE - Encontro Iberoamericano de Educação, 2007, Araraquara/SP. Anais do
II EIDE. 2007 (b).
MOULTON, F R. e SCHIFFERS, J. J. Autobiografia de la Ciencia. (Trad.: Delpiane, F. A). 2
Edición, Fondo de Cultura Económica. D.F., México. 1986.
MORIN, E. Ciência com Consciência. Publicações Europa-América. Portugal, 1996: 7-120.
OCDE. Technology/Economy Program. Technology and Economy: The Key Relationships.
OCDE. Paris. 1992: cap. 10-11.
OEI. Declaración de Colón : Conclusiones del V Foro Iberoamericano de Ministros de Medio
Ambiente. Revista iberoamericana de ciencia, tecnología, sociedad e innovación. n.7. 2006.
ISSN: 1681-5645. Disponível em < http://www.oei.es/revistactsi/numero7/articulo10.htm >.
Acesso em 20 Mai 2007.
176
ONU. Protocolo de Quioto. 1998. Disponível em <
http://www.mct.gov.br/upd_blob/0012/12425.pdf >. Acesso em 24 Mar 2007.
OSORIO M., C. Enfoques sobre la tecnología. Revista Iberoamericana de Ciencia,
Tecnología, Sociedad e Innovación. N. 2. ISSN: 1681-5645. 2002. Biblioteca Digital da OEI.
Disponível em: < http://www.campus-oei.org/revistactsi/index.html > Acesso: 6 Fev 2007. pp. 1-
14.
OSORIO M., C. La Educación científica y tecnológica desde el enfoque en ciencia, tecnología y
sociedad. Aproximaciones y experiencias para la educación secundaria. Revista Iberoamericana
de Educación. N.28. 2002. Biblioteca da OEI. Biblioteca Digital da OEI. Disponível em: <
http://www.campus-oei.org > Acesso: 6 Fev 2007. pp. 1-15.
NEEDHAM, J. La Gran Titulación - Ciencia y Sociedad en Oriente y Occidente. (Trad.: R. M.
Silvestre). Madrid: Alianza Editorial. 1977.
PACEY, A. The Culture of Technology. Cambridge, MA: MIT Press. 1983.
PAGANI, Sérgio M. & LUCIANI, Antônio (compiladores). Os documentos do processo de
Galileu Galilei. Tradução de Antônio Angonese. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.
PASQUALI, L. Psicometria: teoria dos testes na Psicologia e na Educação. Petrópolis: Vozes,
2003.
PEDHAZUR, E. J. Multiple Regression in Behaviorial Research: Explanation and Prediction.
Fort Worth: Harcourt Brace College Publishers, 1997.
PEREIRA, Júlio César R. Análise de Dados Qualitativos: Estratégias Metodológicas para as
Ciências da Saúde, Humanas e Sociais. 3 ed. São Paulo: EDUSP, 2004.
PEREIRA, P. C. X. A dimensão da história da técnica para o entendimento da Educação
Tecnológica. Revista Educação e Tecnologia. Vol. 1. Curitiba/PR. 1997. ISSN: 1516-280X.
Disponível em: < http://www.ppgte.cefetpr.br/revista/vol1/art2.htm > Acesso em 8 Jun 2007.
PESTRE, D. Por uma nova história social e cultural das ciencias: novas definições, novos
objetos, novoas abordagens. Cadernos IG/UNICAMP. Vol. 6. n. 1. 1996. pp. 3-56.
PINCH, T. & BIJKER, W. E. The Social Construction of Facts and Artifacts: Or How the
Sociology oh Science and the Sociology of Tecnhology Might Benedit Each Other. In: BIJKER,
W. E. et al (eds). The Social Construction of Tecnhological Systems. Cambridge. The MIT
Press. 1990. pp. 17-50.
177
PNAD, 2006. Dados estatísticos de 2005. Disponível em < www.ibge.gov.br/ > Acesso em 17
Jan 2008.
PNAD, 2007. Acesso à internet e posse de telefone móvel celular para uso pessoal.
Disponível em < www.ibge.gov.br/ > Acesso em 16 Jan 2008.
PNUD. Relatório do desenvolvimento humano 2001. Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento. New York. 2001. Disponível em < www.undp.org/hdr2001 >. Acesso em 25
Jun 2007.
PNUD. Relatório do desenvolvimento humano 2004. Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento. New York. 2004. Disponível em < http://www.undp.org/undp/hdro >. Acesso
em 25 Jun 2007.
PNUD. Relatório do desenvolvimento humano 2006 - A água para lá da escassez: poder,
pobreza e a crise mundial da água. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. New
York. 2006. Disponível em < http://hdr.undp.org >. Acesso em 25 Jun 2007.
POHJOLA, M. New Economy in growth and development. World Bank, WIDER, Working
paper n.2002/67, 2002, 17p.
POPPER, Karl; A lógica da pesquisa científica. Tradução de Leônidas Hegenberg e Octanny
Silveira da Mota. São Paulo, Cutrix, Ed. da Universidade de São Paulo, 1975.
PRICE, D. J. DE SOLLA (1972). Science and technology: Distinctions and interrelationships.
En R. Barnes (Ed.): Sociology of science. Harmondsworth: Penguin Books, 166-180. Traducción
de N.A. Míguez (1980): Estudios sobre sociología de la ciencia. Madrid: Alianza, 163-177.
RESTIVO, S. Commentary: Some Perspectivas in Contemporary Sociology of Science. Science,
Technology, & Human Values. Vol.6, N. 35. 1981. pp. 22-30.
REZAEI, A. & KATZ, L. Science, Technology and Society: Facts or Opinions. Alberta Science
Education Journal. Vol. 31, n. 1. Jul 1998. pp. 30-41.
ROCHA NETO, I. R. Inovação Tecnológica. Revista Educação e Tecnologia. Vol. 2.
Curitiba/PR. 1998. ISSN: 1516-280X. Disponível em: <
http://www.ppgte.cefetpr.br/revista/vol2/art1.htm > Acesso em 8 Jun 2007.
RODRIGUES, A. M. M. Por uma filosofia da tecnologia. In: Grinspun, M.P.S.Z.(org.).
Educação Tecnológica - Desafios e Pespectivas. São Paulo: Cortez, 2001: 75-129.
178
RONAN, C.A. História Ilustrada da Ciência. 4 volumes.(trad.: J.E. Fortes). Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor. 1987.
ROSE, E. The Erros os Thamus: An Analysis of Technology Critique. Bulletin of Science,
Technology & Society. Vol 23. N. 3. Jun 2003. pp. 147-156.
RUTTER, Marina e ABREU, S. Augusto. Pesquisa de mercado. 2. ed. São Paulo: Ática, 1994.
SALDAÑA, Juan José. “Epistemologia, história e sócio-política das ciências”. In: GAMA, Ruy
(org.). Ciência e técnica: antologia de textos históricos. São Paulo: T. A. Queiroz, 1992, p. 17-
29.
SANCHO, J. M. (org.). Para uma tecnologia educacional. (Trad.: Neves, B A.). Porto Alegre,
Artmed, 1998: 28-40.
SANTOS, Adriana Barbosa. Questões metodológicas que podem afetar a validade e a
confiabilidade da pesquisa de marketing. Disponível em: <
http://www.dcce.ibilce.unesp.br/~adriana/pesquisa/Marketing.doc >. Acesso em: 09/07/07.
SEBASTIÁN, J. Lãs lógicas de la ciencia e la tecnología en el contexto de la governabilidad
democrática. Biblioteca Digital da OEI (Organização de Estados Iberoamericanos para a
Educação, a Ciência e a Cultura, 2000: 8 - 23. Disponível em < http://www.campus-oei.org >.
Acesso em 8 Dez. 2002.
SELLTIZ, Claire et al. Métodos de pesquisa nas relações sociais. Tradução de Maria Martha
Hubner de Oliveira. 2
ed. São Paulo: EPU, 1987.
SILVA, C. A. D.; SANCHES, C.G.; SILVA, D. et al. O Movimento Ciência, Tecnologia e
Sociedade e o Ensino Tecnológico: Uma Revisão Bibliográfica. Atas do XV Congresso
Brasileiro de Engenharia Mecânica (COBEM). Águas de Lindóia - SP (22 a 26/11/99). ABCM
e UNICAMP [CD-ROM]: Acrobat Reader, 1999: 1 - 7. Disponível em <
http://www.fae.unicamp.br/dirceu/ >. Acesso em 7 Jul 2002.
SILVA, C. A. D. Estudo das tomadas de decisões de alunos universitários em questões que
envolvem a ciência, a tecnologia e a sociedade. Dissertação de Mestrado. Faculdade de
Educação da UNICAMP. Campinas/SP, 2002.
SILVA, D., BARROS FILHO, J e LACERDA NETO, J. C. N. Atividades de Ciência,
Tecnologia e Sociedade (CTS) para as disciplinas dos cursos de Administração de Empresas.
Revista Álvares Penteado, 2000, Junho, Nº 4: 47-67 (ISSN 1516-1994)
SILVA, D. e BARROS FILHO, J. Concepções de Alunos do Curso de Pedagogia sobre a
179
Tecnologia e suas Relações Sociais: Análise de um pré-teste. Revista Educação e Ensino da
Universidade São Francisco, 2001, Nº 6, Volume 2. (ISSN 1413-8962).
SILVA, D. SANCHES, C. G. et. al. Ensino de Engenharias e Ensino de Ciências das Disciplinas
Experimentais: Proposta de Ações Pedagógicas. Atas do XV Congresso Brasileiro de
Engenharia Mecânica (COBEM). Águas de Lindóia - SP (22 a 26/11/99). ABCM e UNICAMP
[CD-ROM]: Acrobat Reader, 1999. Disponível em < http://www.fae.unicamp.br/dirceu/ >.
Acesso em 07 Jul 2002.
SILVA, D., VERASZTO, E. V., SIMON, F. O., BARROS FILHO, J., BRENELLI, R. P.
Tecnologia no ensino fundamental: uma proposta metodológica. In: V SIMPÓSIO EM
FILOSOFIA E CIÊNCIA, 2003, Marília/SP. Trabalho e conhecimento: desafios e
responsabilidades das ciências: anais eletrônicos. Marília/SP: Unesp Marília Publicações: 1 - 5.
SILVA, D., VERASZTO, E. V., SIMON, F. O., BRENELLI, R. P., BARROS FILHO, J.
Alfabetização Tecnológica no Ensino Fundamental: Projeto Teckids. Resúmenes: VI Congresso
de Historia de las Ciencias y la Tecnología: "20 Años de Historiagrafia de la Ciencia y la
Tecnología en América Latina", Sociedad Latinoamericana de Historia de las Ciencias e la
Tecnología. CD-ROM. 2004, Buenos Aires, Argentina.
SILVA, E. B. Des-construindo gênero em ciência e tecnologia. Cadernos Pagu. Gênero,
tecnologia e Ciência (10). 1998. pp. 7-20.
SIMON, F. O., VERASZTO, E. V., SILVA, D., BARROS FILHO, J., BRENELLI, R. P.
Alfabetização tecnológica no Ensino Fundamental através do uso de situações-problema In: XX
Encontro Nacional de Professores do PROEPRE, 2003, Águas de Lindóia/SP. Anais do XX
Encontro Nacional de Professores do PROEPRE. Campinas/SP: Graf. FE, 2003, p.355-356.
SIMON, Fernanda de Oliveira; SILVA, Dirceu da; BARROS FILHO, Jomar; VERASZTO, E.
V.; LACERDA NETO, J C N . Habilidades e Competências de Engenheiros sob a ótica dos
Alunos dos Cursos de Engenharia.. In: XXXII Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia,
2004, Brasilia. XXXII Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia. Brasilia: Cobenge, 2004
(a). p. 1-7.
SIMON, F. O., VERASZTO, E. V., SILVA, D., BARROS FILHO, J, BRENELLI, R. P. Uma
Proposta de Alfabetização Tecnológica no Ensino Fundamental Usando Situações Práticas e
Contextualizadas. Resúmenes: VI Congresso de Historia de las Ciencias y la Tecnología: "20
Años de Historiagrafia de la Ciencia y la Tecnología en América Latina", Sociedad
Latinoamericana de Historia de las Ciencias e la Tecnología. CD-ROM. 2004 (b), Buenos Aires,
Argentina.
STIVERS, R. Techonology, Literature, and Art: An Introduction. Bulletin of Science,
Technology & Society. Vol. 21. N. 1. Feb. 2001. pp. 3-6.
180
SUTZ, J. Ciencia, Tecnología y Sociedad: argumentos y elementos para una innovación
curricular. Revista Iberoamericana de Educación. N.18. 1998. Biblioteca da OEI. Biblioteca
Digital da OEI. Disponível em: < http://www.campus-oei.org > Acesso: 6 Fev 2007. pp. 1-15.
TEDMAN, D. K. & KEEVES, J. P. The Development of Scales to Measure Students’. Teachers’
and Scientists’ Views on STS. International Education Journal. Vol 2, No 1, 2001. Disponível
em < http://iej.cjb.net >.
TOLMASQUIM, A. T. Instrumentalização e Simulação como Paradigmas da Ciência Moderna:
83-87. In: D’Ambrosio, U. (org.). Anais do 2º Congresso Latino-Americano de História da
Ciência e da Tecnologia. São Paulo: Nova Stella. 1989.
UNEP (United Nations of Environment Program. 2002. Global Environment Outlook 3,
UNEP, Earthscan Pun. Ltd. London Sterling VA. Disponível em <
www.unep.org/geo/geo3/english/pdfs/chap1.pdf. > Acesso em 5 Jul 2005.
UNESCO. The teaching of Science and Tecnology in na Interdisciplinary Contex. Science and
Technology Documents Series, 38. Paris: UNESCO, 1990.
UNESCO. Declaración de Budapest. Proyecto de programa en pro de la ciencia: Marco general
de acción Unesco - ICSU. Conferencia Mundial sobre la Ciencia para el Siglo XXI: Un nuevo
compromiso. Budapeste. 1999. Biblioteca da OEI. Biblioteca Digital da OEI. Disponível em: <
http://www.campus-oei.org > Acesso: 6 Fev 2007.
VALDÉS, P. Y VALDÉS R., GUISÁOSLA, J. SANTOS, T. Implicaciones de la Relaciones
Ciencia-Tecnología en la Educación Científica. Revista Iberoamericana de Educación, 2002, No.
28. p. 101-127. Biblioteca Digital da OEI (Organização de Estados Iberoamericanos para a
Educação, a Ciência e A Cultura, Disponível em < http://www.campus-oei.org/ >. Acesso em 1
Ago. 2002.
VARGAS, M. Um Método de Estudo das Ciências e Técnicas na América Pré-Colombiana: 410-
416. In: D’Ambrosio, U. (org.). Anais do 2º Congresso Latino-Americano de História da
Ciência e da Tecnologia. São Paulo: Nova Stella. 1989.
VARGAS, M. Para uma Filosofia da Tecnologia. São Paulo: Alfa Omega, 1994 (a).
VARGAS, M. Prefácio. In: Grinspun, M.P.S.Z.(org.). Educação Tecnológica - Desafios e
Perspectivas. São Paulo: Cortez. 2001. p. 7-23.
VARMA, R. Women in Information Technology: A Case Study of Undergraduate Students in a
Minority-Serving Institution. Bulletin of Scienci, Technology & Society. Vol. 22. N. 4. Aug.
2002. pp. 274-282.
181
VÁZQUEZ-ALONSO, A.; ACEVEDO-DÍAZ, J. A.; MANASSERO-MAS, M. A.; AVEVEDO-
ROMERO, P. Evaluación de los efectos de la materia CTS de bachillerato en las actitudes CTS
del alumnado con una metodología de respuesta múltiple. Revista Eureka sobre Enseñanza y
Divulgación de las Ciencias, v. 03, n. 03, 2006a, p. 317-348. Disponível
em:<http://www.apaceureka.org/revista/Volumen3/Numero_3_3/Vazquez_et_al_2006.pdf.>.
Acesso em: 4 Abr 2007.
VAZQUEZ-ALONSO, Angel, 'Response and scoring models for the 'Views on Science-
Technology-Society' instrument', International Journal of Science Education. 2007. 21:3, 231-
247.
VERASZTO, E. V. Projeto Teckids: Educação Tecnológica no Ensino Fundamental.
Dissertação de Mestrado. Campinas. Faculdade de Educação. UNICAMP. 2004.
VERASZTO, E. V., SILVA, D., BARROS FILHO, J., ROESLER, P. H., PEREIRA JUNIOR, A.
A. (a) Ensino de Física e Tecnologia: Desenvolvimento de Atividades de Educação Tecnológica
para Alunos do Ensino Fundamental. In: Garcia, Nilson M. D. (org.). Atas do XV Simpósio
Nacional de Ensino de Física. Curitiba: CEFET-PR, 2003 (a). p. 1974-1983. 1 CD-ROM.
VERASZTO, E. V., SILVA, D., SIMON, F. O., BARROS FILHO, J., BRENELLI, R. P. (b) O
caráter multidisciplinar da Educação Tecnológica: desenvolvendo atividades práticas
contextualizadas a partir de uma releitura dos Parâmetros Curriculares Nacionais In: Desafios da
Educação neste século: pesquisa e formação de professores.1 ed.Cruz Alta/RS : Centro Gráfico
UNICRUZ, 2003 (b), v.02: 109-120, ISBN 85-87661-09-4.
VERASZTO, E. V., SILVA, D., BARROS FILHO, J., SIMON, F. O., BRENELLI, R. P. (c)
Estruturando Atividades Tecnológicas Práticas no Ensino Fundamental In: Anais eletrônicos:
Educação Hoje... Seus desafios, Nossas Perspectivas. XIII ENEP (Encontro Nacional de
Educadores em Paulína), 2003 (c), Paulínia/SP.
VERASZTO, E. V., SILVA, D., SIMON, F. O., BARROS FILHO, J., BRENELLI, R. P. (d).
Capacitação em Educação Tecnológica para professores em exercício no Ensino Fundamental In:
XX Encontro Nacional de Professores do PROEPRE, 2003, Águas de Lindóia/SP. Anais do
XX Encontro Nacional de Professores do PROEPRE. Campinas/SP: Graf. FE, 2003 (d): 425-425.
VERASZTO, E. V., SIMON, F. O., SILVA, D., BARROS FILHO, J., ALMEIDA, N.,
SANCHEZ, C. G. A engenharia e os engenheiros ao longo da História In: XXXI COBENGE -
Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia: o ensino da graduação e suas interfaces com a
pós-graduação, a pesquisa e a extensão. Anais do Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia.
Rio de Janeiro/RJ: IME - Instituto Militar de Engenharia, 2003 (e).
VERASZTO, E. V., SILVA, D., SIMON, F. O., BARROS FILHO, J, BRENELLI, R. P. Uma
Proposta de Aperfeiçoamento de Professores do Ensino Fundamental em Educação Tecnológica.
182
Resúmenes: VI Congresso de Historia de las Ciencias y la Tecnología: "20 Años de
Historiagrafia de la Ciencia y la Tecnología en América Latina", Sociedad Latinoamericana de
Historia de las Ciencias e la Tecnología. CD-ROM. 2004 (a), Buenos Aires, Argentina.
VERASZTO, E. V. ; SILVA, Dirceu da ; CAMARGO, Eder Pires de . Curso de capacitação em
Educação Tecnológica para professores em exercício no Ensino Fundamental. In: I Congresso
Internacional de Educação e Desenvolvimento Humano, 2004, Maringá/PR. Anais. Maringá/PR :
Universidade Estadual de Maringá, 2004 (b). v. 1. p. 1-15.
VERASZTO, E. V. ; SILVA, Dirceu da ; SIMON, Fernanda de Oliveira ; YAMAMOTO, Alan
César Ikuo ; MIRANDA, Nonato Assis de ; CUNHA, Alexander Montero ; BARROS FILHO,
Jomar . Changes in the concept of technology of elementary school teachers after the Teckids
Project. In: 18TH INTERNATIONAL CONGRESS OF MECHANICAL ENGINEERING, 2005,
Ouro Preto/MG. Proceedings of the COBEM 2005 (18TH INTERNATIONAL CONGRESS
OF MECHANICAL ENGINEERING), 2005 (a).
VERASZTO, E. V. ; SILVA, Dirceu da ; SIMON, Fernanda de Oliveira ; YAMAMOTO, Alan
César Ikuo ; MIRANDA, Nonato Assis de ; CUNHA, Alexander Montero ; BARROS FILHO,
Jomar . Changes in the concept of technology of elementary school teachers after the Teckids
Project. In: 18TH INTERNATIONAL CONGRESS OF MECHANICAL ENGINEERING, 2005.
Proceedings of the COBEM 2005. Rio de Janeiro/RJ, 2005 (b). v. 1. p. 1-8.
VERASZTO, E. V. et al. Tecnologia no ensino fundamental: uma proposta metodológica. In:
FE/UNICAMP. (Org.). Estudo, pensamento e criação. 1 ed. Campinas: Ed. da UNICAMP,
2005 (c), v. 1, p. 311-324.
VERASZTO, E. V.; SILVA, Dirceu da. Tecnologia e Sociedade: Criação de um modelo de
percepção pública. In: VII ENCONTRO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DA REGIÃO
SUDESTE, 2005, Belo Horizonte, 2005 (d).
VERASZTO, E. V. et al. Tecnologia e Sociedade: Projeto Para Mapear Modelos de Percepção
Pública. In: V Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, 2005 (e).
VERASZTO, E. V. ; SILVA, Dirceu da ; MIRANDA, Nonato Assis de . O papel e os desafios da
Ciência e Tecnologia no cenário ambiental contemporâneo. In: III Simpósio de Excelência em
Gestão e Tecnologia, 2006, Resende/RJ. Anais do SEGeT 2006. Resende/RJ: Associação
Educacional Dom Bosco, 2006. v. 1. p. 1-11.
VERASZTO, E. V. et al. Science, Technology and Environment: limits and possibilities In: 4th
International Conference on Information Systems and Technology Management, 2007, São
Paulo/SP. Anais do 4th CONTECSI. São Paulo/SP: 2007 (a). v.1. p.3806-3820.
VERASZTO, E. V., SILVA, Dirceu da. Tecnologia e responsabilidade social: um modelo de
183
percepção pública In: ANPED - VIII Encontro de Pesquisa em Educação da Região Sudeste,
2007, Vitória/ES. Desafios da Educação Básica a Pesquisa em Educação. Vitória/ES:
Universidade Federal do Espírito Santo, 2007 (b). v.1. p.1-7.
VERASZTO, E. V. et al. As influências das Tecnologias da Informação e Comunicação no atual
processo de globalização: uma breve reflexão a partir de perspectivas históricas In: II EIDE -
Encontro Iberoamericano de Educação, 2007, Araraquara/SP. Anais do II EIDE. 2007 (c).
VERASZTO, E. V. et al. O atual processo de globalização e as Novas Tecnologias da Informação
e Comunicação. Santa Lúcia em Revista. , v.1, p.21-27, 2007 (d).
VERASZTO, E. V. et al. Contribuições da ciência & tecnologia no panorama ambiental
contemporâneo. Conexão IESF. , v.1, p.6-14, 2007 (e).
VERASZTO, E. V. et al. Tecnologia e Sociedade: uma busca por relações da influência social
nas concepções e atitudes frente ao desenvolvimento tecnológico In: VI Encontro Nacional de
Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC), 2007, Florianópolis/SC. VI Encontro Nacional
de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC). Florianópolis/SC. 2007 (f).
VERASZTO, E. V. et. al.Technology: looking for a definition for the concept In: 5th CONTECSI
International Conference on Information Systems and Technology Management., 2008, São
Paulo/SP. Anais do 5th CONTECSI. São Paulo: , 2008 (a). v.1. p.1567-1592
VERASZTO, E. V. et al. Tecnologia: buscando uma definição para o conceito. Prisma.com.
Revista de Ciências da Informação e da Comunicação do CETAC. 6 Ed. V. 1. p.60-85. Julho
2008 (b) . Disponível em <
http://prisma.cetac.up.pt/edicao_n7_dezembro_de_2008/tecnologia_buscando_uma_defini.html >
VESSURI, H. M. C. Perspectivas recientes em el estúdio social de la ciencia. Interciencia. Vol.
16. n. 2. 1991. pp. 60-68.
VILCHES, A. et al Tecnologías para la sostenibilidad. OEI. 2006. Biblioteca da OEI. Biblioteca
Digital da OEI. Disponível em: < http://www.oei.es/decada/accion003.htm >. Acesso em 6 Fev
2007.
VILCHES, A., & FURIÓ, C. Ciencia, Tecnología, Sociedad: Implicaciones en la Educación
Científica para el Siglo XXI. Biblioteca Digital da OEI (Organização de Estados
Iberoamericanos para a Educação, a Ciência e a Cultura, 1999. Disponível em <
http://www.campus-oei.org/salactsi/acevedo2.htm >. Acesso em 8 Dez 2002.
VOGT, Carlos & POLINO, Carmelo (orgs.). Percepção pública da ciência: resultados da
pesquisa na Argentina, Brasil, Espanha e Uruguai. Campinas, SP: Editora da UNICAMP; São
184
Paulo: FAPESP, 2003.
WCEAD – WORLF COMMISSION ON ENVIRONMENT AND DEVELOPMENT. Our
Common Future. Oxford University Press. Oxford and New York. Em português: Comissão
Mundial sobre meio ambiente e desenvolvimento. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: Ed. da
Fundação Getúlio Vargas. 1987. 430p.
WINNER, L. La Ballena y el Reactor: Una búsqueda de los límites en la era de la alta
tecnología. Gedisa Editorial. 2ª. ed. Barcelona. España. 2008. 290p.
ZARAGOZA RADUÁ, Josep Ma. (2003). Actitudes del profesorado de secundaria
obligatoria hacia la evaluación de los aprendizajes de los alumnos. Tesis doctoral.
Universidad Autónoma de Barcelona. Facultad de Ciencias de la Educación. <
http://www.tesisenxarxa.net/TESIS_UAB/AVAILABLE/TDX-0611104-160521//jmzr1de1.pdf >
(tese espanhola).
185
APÊNDICE A: UMA BREVE PERSPECTIVA DA HISTÓRIA DA
TECNOLOGIA
Complementando a introdução feita no Capítulo 1, neste apêndice seguem algumas
outras informações sobre a evolução da história tecnológica do homem e da sociedade a partir de
um ponto de vista ocidental.
O NEOLÍTICO E A AURORA DAS CIVILIZAÇÕES
Cerca de vinte mil anos antes de nossa era até um período até aproximadamente
4.000 a.C., depois que a última das grandes glaciações terminava com o estabelecimento de um
clima temperado, o homem começou a deixar as cavernas para começar a se estabelecer no
campo. Devido às novas necessidades surgidas, os homens do Neolítico precisavam conceber
artefatos capazes de melhorar a utilização de suas forças musculares e de repartir melhor os
esforços exercidos. As técnicas primitivas foram, então, estendidas e aperfeiçoadas para poderem
ser aplicadas aos novos padrões estabelecidos. Alavancas foram desenvolvidas para auxiliar o
domínio da terra através de técnicas de agricultura também recém concebidas. As antigas
modelagens de barro e de água abriram espaço para o surgimento da cerâmica, graças ao
aquecimento do material argiloso que garantia o seu endurecimento. Pequenas pancadas dadas
pelos nossos ancestrais em seus instrumentos de pedra lascada asseguraram-lhes uma superfície
mais polida, que com o auxílio do fogo para novamente aquecer o material, fizeram surgir os
primeiros fios de corte da história (DUCASSÉ, 1987).
Neste período o homem tornou-se agricultor e pastor, proporcionando assim uma
forma a mais de fonte de alimentação (DERRY & WILLIAMS, 1986). Isso permitiu ao homem
fixar-se em um local determinado, adotando assim o modo de vida sedentário, e com isso, as
primeiras técnicas de construção de casas e de irrigação puderam ser concebidas (GRINSPUN,
2001; VERASZTO, 2004).
A agricultura passou a ser o centro da atividade humana o que acabou
186
proporcionando progressos consideráveis das técnicas. No solo eram cultivadas plantas
comestíveis e têxteis. A domesticação de animais era essencial para auxiliar no arado e na
construção de sistemas de irrigação e barragens, assim como a cerâmica era importante para o
preparo e a cozedura de alimentos. Técnicas de fiação e princípios de tecelagem foram também
desenvolvidas garantindo uma vida material mais ampla e mais segura para o homem
(DUCASSÉ, 1987). Em decorrência da agricultura, o homem aprendeu a transportar (surgiram os
primeiros barcos feitos a partir de troncos de árvores), guardar e até mesmo preparar alimentos
sólidos como os grãos ou a farinha. Surgiram, também neste período, as primeiras balanças
(CARDOSO, 2001) e as técnicas de produção do vinho e da cerveja, introduzindo uma
significativa modificação no hábito alimentar humano (VARGAS, 1994a).
À medida que criava o homem mesmo se automodificava (LÉVY, 1993). As
descobertas de novos artefatos implicavam novas relações do homem com o meio. Essas novas
relações, de forma complementar, modificavam o comportamento dos homens em um processo
contínuo. De forma ininterrupta novas necessidades surgiam e cada vez mais a natureza passava
por transformações para se adequar às necessidades humanas.
Sempre em busca de melhores condições de vida, o homem descobriu o metal.
Encontrados, inicialmente em estado bruto na natureza, os metais chamaram a atenção pelo seu
brilho e sua capacidade de conservação e durabilidade. No princípio, utilizados para fins
decorativos, foram ao longo do tempo tendo sua utilização modificada. Através de técnicas de
fundição, era possível utilizar este material resistente na produção de novos artefatos de caça e de
guerra. O cobre foi o primeiro metal a ser empregado pelo homem. Depois o ouro. Os primeiros
luxos que se converteram em necessidade. Mais tarde surgia o bronze, com origem ainda um
pouco incerta, talvez graças à mistura de cobre e estanho. Com o aparecimento do bronze, novos
artefatos, como os punhais, foram produzidos, assim como ferramentas destinadas à carpintaria e
à técnica de cultivo do solo. A cerâmica, recém descoberta, deixava como herança seu molde
permanente para a produção dos artefatos que cada vez mais ganhavam lugar na vida do homem
(DERRY & WILLIAMS, 1986; VERASZTO, 2004).
A humanidade pouco a pouco se via mais apta para continuar demonstrando seu
potencial criador e experimentador. Misturava materiais concebendo novos produtos que eram
187
incorporados à sua cultura de maneira irreversível. Novas formas de comunicação e de linguagem
eram também estabelecidas. A escrita e a contagem regular do tempo, que dera início à
cronologia histórica (VARGAS, 1994a), surgiram entre os nossos antepassados como uma nova
forma de desenvolvimento intelectual humano, dando possibilidade ao surgimento de novas
civilizações, onde o conhecimento não mais seria transmitido apenas de forma oral. Agora era
possível deixar registrado em pedras, monumentos e artefatos, um conjunto de signos que
representavam mais um grande salto do desenvolvimento humano (LÉVY, 1993).
OS GRANDES IMPÉRIOS
Passados alguns milhares de anos, despontava o surgimento das grandes civilizações
como um processo estreitamente ligado ao progresso dos trabalhos agrícolas. Através da prática
do cultivo do solo, o homem aprofundou seus conhecimentos e finalmente impôs os princípios da
civilização: o trabalho, a submissão ao ritmo da natureza, a acumulação de riquezas em benefício
de gerações futuras, o desenvolvimento sistematizado das tradições intelectuais e religiosas.
Diante deste novo quadro, os que detinham estas novas tradições, unidos com os detentores do
poder e da riqueza agrupavam-se em cidades alimentadas pelo trabalho contínuo das aldeias.
Estas cidades dirigiriam o comércio, a indústria, a vida social ao longo de todo este período da
história (DUCASSÉ, 1987).
A história registra que no IV milênio a.C. apareceram as primeiras formas de
civilização em grandes vales do Oriente: sumérios, caldeus, babilônicos e assírios na
Mesopotâmia, egípcios no vale do Nilo; aramaicos, fenícios e hebreus ao longo das costas
orientais do Mediterrâneo (CARDOSO, 2001). Civilizações como a egípcia, a persa, a
mesopotâmica, destacaram-se pela construção de verdadeiros colossos arquitetônicos, enquanto,
que ao mesmo tempo aperfeiçoavam as técnicas de tecelagem, de metalurgia e de cerâmica.
Podemos destacar ainda a invenção da roda, como um dos maiores e mais antigos avanços
técnicos do homem, datada de cerca de 3500 a.C (VERASZTO, 2004).
A necessidade de se medir o tempo fez com que o calendário fosse desenvolvido de
forma sistemática, baseado inicialmente nas fases da Lua e depois vinculado às estações do ano,
188
como se observa no mais antigo de que se tem conhecimento, criado no Egito em 2800 a.C., com
365 dias. Os egípcios também foram os primeiros a dividir o dia em dois períodos de doze horas.
(CARDOSO, 2001).
Em especial, a metalurgia do ferro despontava como uma novidade extremamente
fértil. Enquanto o restante do mundo ainda lascava pedra, as civilizações do Mediterrâneo
Oriental e da Ásia Ocidental possuíam complicadas e poderosas técnicas da forja do metal, que
posteriormente (por volta de 1.400 a.C.) foram levadas até a Europa proporcionando aos gregos e
romanos uma adaptação e sofisticação de suas armas. Como o ferro requer uma temperatura de
cerca de 1575º C para ser fundido (algo que só aconteceria com as grandes fornalhas da Idade
Média), os povos europeus aprenderiam uma técnica especial para forjar o metal da mesma
maneira que os antigos egípcios: usando a têmpera, que permitia modelar o metal mais facilmente
através de duros golpes desferidos contra os instrumentos altamente aquecidos e, posteriormente
obter um endurecimento do material graças a aplicação da água fria (DERRY & WILLIAMS,
1986). A tapeçaria e o vestuário foram igualmente de calculada magnificência, permitindo aos
antigos povos orientais uma confecção têxtil sem igual até então. Devemos também destacar as
avançadas técnicas da medicina e da anatomia que permitiram com os povos do antigo Egito
conseguissem conservar seus mortos por milênios através dos minuciosos processos de
mumificação.
O desenvolvimento do Oriente refletiu de maneira significativa no modo de vida
ocidental, servindo de base para o aparecimento das grandes civilizações da Europa (DUCASSÉ,
1987). Técnicas chegaram até povoados gregos, modificando consideravelmente as suas relações
com o mundo.
Com o desenvolvimento do conhecimento, uma outra forma de saber surgiu na
civilização grega: a techné, que não se limitava à pura contemplação da realidade. Como já
mencionamos, a techné grega era uma atividade cujo interesse era a resolução de problemas
práticos, guiando os homens em questões vitais, auxiliando-os a curar doenças, construir
instrumentos e edifícios, elaborar máquinas para fins pacíficos ou bélicos, ou ainda, para a
criação de obras de artes, ou na elaboração de atividades exatas como a matemática e o comércio.
Era um conjunto de conhecimentos e habilidades profissionais transmitidos de geração a geração
189
sempre como saberes operativos-manuais. Platão ampliava este conceito para os ofícios políticos,
como um saber dirigido aos fins práticos do governo, baseado em virtudes cívicas para as quais,
não só o aprendizado, como também o exercício requeriam uma techné (VARGAS, 1994a). Para
Platão o conceito da techné era entendido de forma bastante ampla, no sentido de habilidade, ou
seja, ter uma matéria para fazer alguma coisa e mais uma razão para fazer (CARDOSO, 2001).
Segundo os gregos a techné tinha uma ampla extensão subordinada a uma série de
conhecimentos adquiridos através da educação. Não havia a necessidade de que esse saber fosse
teórico (embora possa a vir se apoiar em uma teoria), mas era essencial que fosse baseado na
observação direta dos fatos, consistindo assim em um corpo de conhecimentos empíricos de um
objeto ou ação que era útil ao homem. Assim, tal saber só se realizaria como aplicação prática e
não como contemplação.
Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.), que fora aprendiz de Platão, define a techné como
algo que precisa da lógica e do hábito. Entrava em cena o logos (raciocínio) que modificaria para
sempre as simples habilidades de transformar a natureza baseadas em métodos de tentativa e erro
(AGAZZI, 1998). Assim, a techné não dependia exclusivamente de um conhecimento
transmissível, por ser lógico, mas também de um hábito. Com esse conhecimento, a ferramenta se
tornava a extensão do próprio corpo no trabalho. Por exemplo, um carpinteiro adquire um
conhecimento habitual do uso do martelo até esse ser usado como extensão do próprio braço. A
técnica evoluía no sentido de se tornar mais repetitiva possível, podendo ser reproduzida por
quem quer que fosse dado o conhecimento das medidas e das regras de execução (RODRIGUES,
2001).
Aristóteles também distingue a techné da physys, a primeira como um conhecimento
adquirido pela repetição e para resolver problemas práticos, e a segunda feita pela contemplação
e buscando compreender o funcionamento do mundo. Para os gregos antigos, o conhecimento
técnico, apesar de seu constante progresso, ocupava um grau de importância menor. Os
detentores da técnica nunca ocuparam altos escalões na hierarquia social (RODRIGUES, 2001).
A ciência também teria surgido na Grécia antiga, supostamente com Tales de
Mileto, no século IV a.C. (RONAN, 1987). O que a diferencia de outras formas do saber é que se
estabelece como um corpo de conhecimentos estruturais e explicativos e não como uma coleção
190
de elementos e fenômenos (NEEDHAM, 1977).
A idéia da ciência pura fez de Atenas a grande escola da precisão e da perfeição,
tanto no domínio das formas como no domínio das idéias. O culto da beleza e da verdade estava
de tal forma atrelada a civilização grega, que inúmeras conquistas e realizações se deram em
virtude deste fato. Foi uma mistura confusa da busca pela resolução de problemas práticos aliada
ao ideal de verdade e beleza que fez a civilização grega buscar a contemplação e precisão dos
eventos naturais. O que os estimulou esta passagem do empirismo à ciência desinteressada foi um
agudo sentimento da dignidade e de valorização do pensamento puro e da importância da
contemplação. Graças a isso, a civilização grega pôde ultrapassar o nível intelectual dos povos
vizinhos e soube aplicar seus primeiros conhecimentos físicos e matemáticos às atividades
industriais. A produção do primeiro azeite que se tem notícia na história, bem como as técnicas
empregadas à arte militar, usando alguns elementos de mecânica, balística e ótica, e ainda, suas
conquistas na área de navegação, como a âncora, fizeram desta civilização a precursora de toda
nossa cultura ocidental. O gênio grego fez nascer o escultor, o oleiro e o artífice. A Grécia antiga
era constituída de uma sociedade de homens que trabalhavam sem cessar, porém cada um a sua
maneira. Isto fez com o trabalho se especializasse e que se os ofícios fossem pouco a pouco
ganhando espaço diferenciado dentro da sociedade (DUCASSÉ, 1987).
Um outro grande império que surgiu foi o império romano, onde podemos destacar,
além das grandiosas construções arquitetônicas, o surgimento das leis, dos princípios de
democracia e de código de honra da medicina, como significativas contribuições tecnológicas
intelectuais para o progresso da humanidade. Assim como os gregos, os romanos não
valorizavam o trabalho manual, separando a direção deste tipo de trabalho da sua execução.
Apesar de possuírem um espírito mais voltado para a prática, os romanos preservaram a herança
cultural grega, sobretudo em suas formulações teóricas (CARDOSO, 2001).
Devemos fazer justiça e estabelecer aqui uma nota citando a relevância das
inovações técnicas das culturas do extremo oriente que muito contribuíram para a formação
futura do povo europeu e, ainda, das civilizações pré-colombianas, que, de forma paralela,
estabeleciam técnicas desenvolvidas de agricultura, domesticação de animais, observações
astronômicas e feitos medicinais e deixaram marcas profundas em todo o mundo, chegando até
191
mesmo a modificar alguns hábitos ou a introduzir novos alimentos, como a técnica do cultivo da
batata peruana, transportada para a Europa depois dos grandes descobrimentos (VERASZTO,
2004). Os grandes impérios da América pré-colombiana detinham um saber astronômico e
matemático que chegavam a atingir um patamar de perfeição devido às adequações e
necessidades da vida cotidiana. Havia, também, sem dúvida alguma, uma enorme variedade
técnica no campo da arquitetura, da agricultura e da medicina, e ainda, técnicas apuradas da
metalurgia do ouro, da prata e do cobre (VARGAS, 1989), legados esses que ficaram marcados
em nossa sociedade latina.
AS TÉCNICAS MEDIEVAIS
Desde o fim do século IV até meados do século VI d.C. imensas migrações de povos
acabaram destruindo a homogeneidade do Império Romano. Essas infiltrações sucessivas, muitas
vezes violentas, desestruturaram o quadro administrativo e militar do velho mundo. A Europa
fragmentara-se em pequenas decomposições políticas, onde passou a reinar uma desorganização
administrativa. Durante vários séculos, os povos que Roma tinham conquistado, perderam todo o
brilho da cultura e da capacidade da Antigüidade. O desgaste foi tanto que o homem viu-se
obrigado a retomar o esforço técnico a partir de origens mais humildes e a elevá-lo a um nível
superior. Tal foi o sucesso desta retomada, que o fim deste empreendimento seria marcado pela
Revolução Industrial, um marco do triunfo e do progresso intelectual, técnico, científico e
industrial humano. Este período foi caracterizado pela presença forte e sempre decisiva da Igreja
Católica, onde o ideal místico acabou aliando-se a assuntos práticos, culminando assim em uma
nova colonização agrícola do continente europeu (DUCASSÉ, 1987).
As técnicas elementares foram assim retomadas. O saber consistia unicamente na
doutrina cristã e acabou originando a teologia. A filosofia preocupou-se, na busca do
conhecimento, com a verdade. E o melhor caminho para o homem alcançá-la seria acreditando na
revelação cristã, conforme pregava Santo Agostinho, cujo pensamento dominou até cerca do
192
século VII. Mas também a razão, como defendia, Santo Tomás de Aquino, seria um ponto
importante para alcançar a verdade (CARDOSO, 2001).
Diante da necessidade de resolver problemas ligados à sobrevivência das
comunidades feudais ou em conseqüência do aumento da atividade econômica, ocorreu o
desenvolvimento de novas técnicas agrícolas, como a rotação trienal de culturas e o
aperfeiçoamento do arado, proporcionando um aumento da produtividade e da qualidade dos
alimentos.
Entretanto, o grande avanço técnico viria com a emancipação das classes menos
afortunadas do antigo regime feudal. Sobreviveram nas cidades as antigas corporações artesanais,
que continuavam com a tarefa de aprendizagem regular das artes. O sistema educacional, por sua
vez, contemplava as elites hegemônicas e ao artesão incumbia, entre outras, a tarefa de ensinar o
ofício, provocando uma natural hierarquia entre este e seus aprendizes, que passavam quase que
uma vida inteira na ânsia de aprender o “saber fazer” e para aperfeiçoar suas habilidades
profissionais. Os grupos daqueles que exerciam um mesmo ofício se consolidaram e se
desenvolveram segundo novas qualificações profissionais, pois além de manterem em segredo
antigas tradições, começam a conceber novas formas de trabalho (CARDOSO, 2001; HILST,
1994). Corporação de ofício, grêmio e guilda, são palavras usadas para designar as associações
medievais de artesãos ou de comerciantes. Associações essas que eram voluntárias e visavam
garantir o monopólio ou o exercício da profissão ou do ramo do comércio dentro da vida na
cidade, controlando a qualidade e a quantidade de mercadorias produzidas, através de inspeção e
de limitações rigorosas quanto à duração da jornada de trabalho. A profissão e as técnicas eram
aprendidas através da passagem dos conhecimentos de mestres para aprendizes, através de regras
e formas disciplinares rigorosas. O aprendiz era submetido à vigilância, à disciplina e castigos
físicos duros. Toda uma nova classe de trabalhadores começava a se diferenciar e a ganhar
espaço dentro do absoluto regime feudal.
Porém, eram nos moinhos medievais – de origem grega – onde encontramos um
ramo de artesão especial, que conjugava os ofícios de carpinteiro, ferreiro, canteiro20
e pedreiro.
Era um oficial itinerante que projetava, construía, montava e fazia trabalhos de reparação e
20
Operário que lavra a pedra de cantaria (pedra lavrada para construções); escultor de pedra.
193
manutenção. Este artesão era o próprio construtor de moinhos: uma espécie de antecessor dos
nossos engenheiros. Um trabalhador de grande prestígio que podia manejar o machado, o martelo
e a plaina com igual habilidade e precisão, sabia tornear, furar ou forjar com a facilidade e
desembaraço de que havia sido educado para esses ofícios e tarefas. Era alguém capaz de traçar e
abrir sulcos com uma precisão sem igual. Além do manejo de ferramentas, o construtor de
moinhos conhecia aritmética e geometria, conhecia agrimensura e sabia calcular as velocidades
das máquinas e os mecanismos de redução necessários ao bom funcionamento dos moinhos.
Tinha ainda a habilidade de desenhar plantas e construir edifícios, dutos e barragens. Um
profissional que, graças a sua diversidade de tarefas, sua individualidade e seu caráter ambulante,
não daria para concebê-lo dentro de uma corporação tal como os carpinteiros, os seleiros e os
demais artesãos. A técnica, auxiliada por conceitos teóricos e formais começava a modificar. O
trabalho também passava por uma reformulação. Novas formas de divisão do trabalho deixavam
de lado os ofícios em que atividades distintas eram exercidas por diversos profissionais, para
agruparem-se em um único profissional, que aliados a vários outros com as mesmas habilidades,
eram capazes de executar as tarefas em um tempo muito mais reduzido. O projeto assumiu
importância cada vez maior e a execução do mesmo cada vez mais fornecia novos instrumentos
de determinação precisa dos esforços e das dimensões das estruturas (VARGAS, 1994a;
VERASZTO et al, 2003b).
Além desta reformulação na divisão do trabalho, o homem deste período conquistou
as forças motoras. A aplicabilidade dos moinhos fora um grande passo rumo à industrialização
que estaria por vir.
A civilização medieval conseguiu aperfeiçoar ao máximo os tratados gregos e
romanos, a princípio na construção dos grandes mosteiros e castelos, depois na estruturação das
cidades. Aliado a isso, o sucesso comercial que surgia graças a modificação de trabalho rural de
parte da população para a confecção de artesanato nas cidades, novamente modificaria a história
e introduziria outros elementos na construção do processo tecnológico. O comércio, que desde o
século VIII tinha sido comprometido pelas invasões dos normandos e dos húngaros, reemergiu
das cinzas. Os artesãos, agrupados em agremiações, começavam a ganhar destaque e influência, e
a rota com o Oriente fora então restabelecida. Começava a despontar na Europa uma grande
influência árabe (DUCASSÉ, 1987).
194
As grandes caldeiras, a concepção da bússola e do astrolábio, o leme vertical, as
cartas e as diversas técnicas empregadas na arte de velejar deram um novo rumo à geografia
política do mundo. Com as crises políticas e religiosas que instituiam-se na Europa, os
comerciantes ganhavam poder e riqueza e junto com essa nova distribuição hierárquica surgiam
as primeiras intervenções do capitalismo, ao mesmo tempo em que novas técnicas iam sendo
introduzidas na sociedade.
A invenção do relógio instituiu uma forma precisa e sistemática de controlar o
tempo. O homem nunca mais seria o mesmo. Outro fato também modificaria os rumos da
humanidade: pela primeira vez na história puderam ser impressas trezentas cópias de um mesmo
livro, a Bíblia (CARDOSO, 2001; VERASZTO, 2004). A prensa tipográfica de Gutemberg
permitiu uma disseminação do saber de forma antes impossibilitada devido aos grandes livros
manuscritos terem sido de posse exclusiva da Igreja (DUCASSÉ, 1987).
O terreno estava preparado para uma nova reformulação da vida do ser humano. As
primeiras aquisições mecânicas, o controle sistemático do tempo e surgimento da impressão,
abriam as portas para a modernidade.
TEMPOS MODERNOS
Durante a Renascença, uma efervescência no campo intelectual abalou seriamente, e
mesmo rejeitou, idéias até então vigentes, sejam as baseadas na filosofia antiga ou nos mais
recentes pensamentos medievais. Renascia na Europa a arte e a cultura das civilizações greco-
romanas e ocorria uma transição da economia a base de trocas para uma economia monetária,
acarretando assim, o aumento do comércio, a consolidação do sistema bancário e a expansão do
mundo burguês. O homem tinha adquirido uma nova imagem e uma nova concepção de vida que
modificaria para sempre as relações sócio-econômicas da humanidade (CARDOSO, 2001).
A ciência moderna apareceu por volta do século XVI como uma entidade muito
próxima daquilo que conhecemos hoje em dia. Um saber baseado em teoria e comprovado por
experimentação científica. Desde então, tanto o desenvolvimento quanto a aplicação e uso das
195
ciências fizeram-se por uma interação inseparável entre teoria e técnica. Iniciava-se uma
atividade de transformação e dominação do mundo, através da resolução de problemas práticos,
construção de grandes obras, fabricação de novos instrumentos, embasados teórica e
cientificamente, de forma controlada e rigidamente calculada. Instituía-se um saber científico dos
materiais e dos processos de planejamento e construção, manipulando na prática aquilo que o
homem encontrava na natureza. Uma forma de visão que via o mundo como um campo aberto e
pronto para ser amplamente explorado e transformado, um mundo que o homem era capaz de
submeter às suas próprias vontades.
Com isso, começava um processo de transformação cada vez mais acelerado onde
homens e produtos, natural e artificial, misturavam-se automodificando-se. Em pouco tempo, não
seria mais capaz de se perceber uma distinção nítida entre homem e natureza. À medida que o
homem atuava (e ainda atua) a natureza ia instrumentalizando-se e o homem, modificando a si
próprio (VERASZTO, 2004).
Paralelamente, ciência e técnica eram vivenciadas. A ciência com o propósito de
explicação do âmago da natureza, feita por filósofos naturias normalmente próximos das cortes e
do poder político, onde o trabalho físico era visto como inferior (SILVA, C. D. et al, 1999). Já as
técnicas, desenvolvidas de forma empírica pelos artesãos, transmitidas de forma oral e pelo
trabalho subordinado procurando dar conta dos problemas impostos pelo trabalho e pelas
demandas da sociedade (HUBERMANN, 1989).
Neste sentido, a obra do filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626) torna explícita
uma nova mentalidade: a de conhecer metodicamente a natureza para explorá-la em benefício do
próprio homem (RODRIGUES, 2001). A Bacon cabe a honra e a glória de fazer o primeiro e
decisivo auto de existência da filosofia experimental (DUCASSÉ, 1987). Para Bacon, o
conhecimento não se faz pela atividade contemplativa dos homens, mas pela intermediação dos
instrumentos, e os homens que se dedicam à atividade do "conhecer" não são filósofos ou sábios,
mas discípulos que realizam os diversos "encargos e ofícios" (TOLMASQUIM, 1989).
Já Renê Decartes (1596-1650) fundamentou filosoficamente o novo método
científico. Em sua obra O Discurso do Método descreveu que na natureza existem apenas duas
substâncias: o espírito e a matéria, sendo dessa última possível conhecer apenas aquilo que se
196
pudesse medir, calcular e passar para linguagem matemática (RODRIGUES, 2001; VERASZTO,
2004). A verdadeira filosofia, tal como ele a concebe, é uma imensa preparação do triunfo da
nossa potencialidade técnica. Uma filosofia prática
[...] pela qual, conhecendo a força e as conseqüências do fogo, da água, do ar,
dos astros, dos céus e de todos os outros corpos que nos cercam tão distintamente
como conhecemos os diversos misteres dos nossos artífices, poderíamos utilizar
de igual modo tudo aquilo para que servem e tornamo-nos assim como que
senhores e possuidores da Natureza (DESCARTES, 2003, p. 60).
Descartes não se contentava em estudar teórica e matematicamente as máquinas.
Sua visão foi generalizada para toda a ciência moderna (DUCASSÉ, 1987).
A experimentação era a palavra de ordem. Citar todos os nomes seria um trabalho
demorado, mas entre tantos, não podemos deixar de ressaltar a importância do gênio de Leonardo
da Vinci (1452-1519), ou mais tarde as visões revolucionárias de Copérnico (1473-1543), Galileu
(1564-1642) e Kepler (1571-1630), que culminaram em uma reformulação completa das Ciências
Naturais, graças ao intelecto incomparável de Sir. Isaac Newton (MOULTON & SCHIFFERS,
1986).
Foi sobretudo da observação das estrelas que vieram as ferramentas intelectuais
indispensáveis para o desenvolvimento da técnica moderna. Pelo abuso desta
última em nossa época, os intelectos criativos como o de Newton são tão poucos
culpados quanto as próprias estrelas em cuja contemplação seu pensamento
ganhou asas (EINSTEIN, 1994).
Copérnico deu o passo principal de substituir a representação do mundo, onde a
Terra e o homem ocupavam posições centrais no cosmo, formulando sua teoria heliocêntrica
(CARDOSO, 2001).
Com Galileu Galilei, partir do século XVII, a ciência tomou um rumo mais terreno
com uma atitude mais técnica e possibilitou-se a interação entre as duas. Galileu converteu um
instrumento de assombro – o telescópio – em um instrumento de navegação e, posteriormente,
em outro de investigação com o qual permitiu fazer os primeiros rascunhos e desenhos da Lua na
história da humanidade. O trabalho de Galileu permitiu associar estreitamente o aspecto teórico
com o pratico através de experimentação. Assim, um produto da tecnologia da época foi a base
para o desenvolvimento da ciência experimental; daqui em diante não haveria mais ciência sem
tecnologia, nem tampouco tecnologia sem ciência (EASLEA, 1977; RODRIGUES, 2001,
197
VALDÉS et al, 2002, ACEVEDO DÍAZ, 2002). A instrumentalização da ciência se fez a partir
de dois caminhos básicos: a observação e a comprovação de hipóteses. A partir de então as
verdades sobre o mundo objetivo passaram a ser definidas por instrumentos. As atividades do
"conhecer" e do "fazer" se uniram dando origem a uma forte interdependência (TOLMASQUIM,
1989; VERASZTO, 2004).
Esta modificação chegaria ao auge com um dos maiores nomes científicos de toda
nossa história: Isaac Newton. É sobre os ombros do gigante Newton que todos os avanços
conquistados pelo homem a partir de então se apoiam. Ao formular três leis naturais, o cientista
inglês revolucionou a visão de mundo e a forma de se fazer ciência. Com os poderosos
instrumentos de cálculo matemático desenvolvidos por Newton, a Revolução Científica chegou
ao seu ápice.
Por um longo período de tempo, desde a Antiguidade, a tecnologia, por estar
vinculada às atividades práticas ou de caráter artesanal, fora discriminada pela elite intelectual
como uma atividade inferior, pois era incapaz de teorizar e assim, ficava inabilitada para o busca
do real, do verdadeiro (GORDILLO & GALBARTE, 2002). Assim, na Europa medieval,
enquanto a Ciência era o produto da nobreza e das altas esferas de intelectuais, a tecnologia era
realizada e desenvolvida de forma prática por aqueles que não estavam ligados ao poder político.
Reis e Rainhas cercavam-se de cientistas e artistas, mas não de artesãos.
Sabemos, porém, que em alguns casos há uma “zona cinzenta” entre estes dois
campos do saber. (SILVA et al, 2000; LACERDA NETO, 2002). A exemplo, podemos lembrar
do já mencionado Galileu, que ao desenvolver a luneta, toma emprestado as técnicas dos artesãos
vidreiros, que há muito já produziam lentes na Holanda. Ou ainda, o próprio Tales de Mileto,
tempos antes, que descreve e busca explicações causais para os fenômenos elétricos básicos, mas
estes eram observados como prática quotidiana (KNELLER, 1978; VERASZTO, 2004).
Até as portas da Idade Moderna (século XV), quando as necessidades do capital
reúnem os até então grandes mercadores em companhias privadas, em corporações de capital e
bancos (KINDLER e HILGEMANN, 1985), o que distinguia a ciência da tecnologia era a
sistematização explicativa. Enquanto a primeira só existia devido a teorização, a segunda ficava
ao sabor do empirismo. Nesse período, as necessidades geradas pelas então empresas emergentes
198
de construção naval, de transporte terrestre, e do desenvolvimento de equipamentos como a
bomba e a prensa hidráulicas, o torno mecânico e diversos mecanismos para a produção,
começam a criar um conhecimento mais sistematizado, distinguindo-se daqueles dominados por
artesãos e, portanto, desenvolvidos no seio de corporações de ofício.
Temos assim o prelúdio de uma tendência, mesmo que ainda insipiente, quanto às
finalidades que já se delineavam dos dois campos de saber: a ciência tinha o propósito de
explicação do âmago da natureza e a tecnologia carregava em si as necessidades e as demandas
das sociedades, apesar da interdependência de ambas (ACEVEDO, 1998).
A ciência moderna surge para entender a natureza com fim de explorá-la em
benefício do homem, usando o cálculo matemático no objeto estudado e aplicando um método
sistemático e indutivista de pesquisa. O sucesso da ciência na explicação da natureza se repercute
na solução de problemas práticos. Começava-se, então, a perceber que aquilo que era ensinado
aos aprendizes por seus mestres, principalmente através do trabalho, poderia ser realizado pelo
conhecimento e estudo de teorias científicas. Mas a sua aplicação para resolver problemas
técnicos foi por muito tempo mal-sucedida. Cientistas como Leibniz, Huygens e Euler não foram
bem sucedidos em resolver problemas técnicos (VARGAS, 2001; SILVA et al, 2000; LACERDA
NETO, 2002).
Por volta do século XVIII a Ciência ainda não tinha condições de transformar por
completo, como fez mais tarde, as condições da atividade industrial, mas já representava um
papel prático bastante relevante. A técnica antecipou a ciência no ato da elaboração da máquina a
vapor, com uma clareza bastante eficiente, marcando esta realização como um dos mais vivos
exemplos do gênio experimental (DUCASSÉ, 1987).
Da união entre estas duas formas de conhecimento tem início o que se chamou de
técnica moderna. Esta buscou resolver problemas técnicos utilizando um conhecimento prático e,
apenas eventualmente, algum conhecimento científico. Tal união forneceu resultados positivos
como a máquina a vapor de Watt, este um prático de laboratório apenas levemente instruído em
conhecimentos científicos. Demoraria quase cinqüenta anos para Carnot explicar a máquina a
vapor por princípios da termodinâmica (VARGAS, 2001).
199
A invenção da máquina a vapor, fonte universal de energia motriz aplicável a todos
os trabalhos industriais, marca uma fase decisiva na história das técnicas. A facilidade de
adaptação deste novo produtor de forças, a sua regularidade, a sua independência de
circunstâncias naturais, tais como a correnteza de um rio ou a regularidade do vento, fizeram dela
um elemento essencial para o processo de industrialização que estava em vias de surgir
(DUCASSÉ, 1987).
A técnica noderna formou a base do conhecimento (técnico) necessário para a
Revolução Industrial. A partir de então começou a ocorrer uma separação dos interesses sociais
dos científicos, modificando assim o sistema de produção de bens materiais (VARGAS, 2001;
BOSCH, 2002). Na medida que a mera resolução de problemas práticos por princípios científicos
e matemáticos vai se sistematizando e originando campos de pesquisa, podemos perceber
contornos dessa nova disciplina chamada de Tecnologia.
Saídas das necessidades do trabalho das minas, aplicadas às diversas operações
mecânicas e metalúrgicas e aos transportes, as diversas formas de máquina a
vapor transformaram por completo as condições da indústria moderna. Resultou
daí uma verdadeira revolução industrial, cujas conseqüências se estenderam, no
século XIX, a toda a Europa e a todo o mundo civilizado, mas cuja primeira fase
se desenrolou na Inglaterra (DUCASSÉ, 1987, p. 112).
Com um império colonial recente nas Américas, mercado externo a conquistar, o
momento do espírito moderno se orientava de forma decisiva rumo ao aperfeiçoamento e
utilização completa das técnicas. O acúmulo de capital se deu de forma conseqüente às grandes
explorações impostas pelo novo sistema oriundo do processo de industrialização (DUCASSÉ,
1987).
Graças ao advento da Revolução Industrial nosso mundo iniciou um crescimento
exponencial rumo ao progresso tecnológico. Os séculos subseqüentes foram marcados por uma
série de inovações e conquistas sem precedentes na história da humanidade.
OS DOIS ÚLTIMOS SÉCULOS E OS NOSSOS DIAS
Até o Renascimento, o progresso da tecnologia foi, sobretudo guiado pelas
200
necessidades da prática, pela experiência do dia-a-dia, numa palavra: o empirismo. A partir do
século XIX, as ciências e as técnicas já não eram separáveis; agiam e reagiam sobre as outras,
indissociavelmente. Através de trocas comuns e recíprocas, o ideal buscado agora era uma
aceleração contínua das descobertas científicas e dos progressos industriais (DUCASSÉ, 1987).
O impacto marcante das idéias iluministas, que surgiram depois da Revolução
Científica inspiraram transformações econômicas, políticas e sociais em toda a Europa. Os
grandes avanços e sucessos obtidos nas áreas físicas, sociais e matemáticas provocaram uma
mudança radical na tecnologia até então empregada, fazendo com que esta época fosse
denominada século da razão ou século das luzes. O continente europeu, antes
predominantemente agrário viu o comércio se desenvolver, que junto, dava ascensão a uma nova
classe econômica (CARDOSO, 2001; HILST, 1994) que conseguiu construir um grande império
econômico e político: a burguesia chegava ao poder depois de um processo revolucionário
francês muito importante para uma nova orientação do mundo.
Novas máquinas surgidas na Inglaterra substituíam a energia do homem e do animal
pela energia despendida do fogo de maneira contínua. O início da utilização do carvão como
fonte de combustível foi decisivo para este novo processo que despontava no continente europeu.
Este grande fenômeno se deu, não somente em virtude do uso do carvão, mas principalmente
devido às mudanças de atitudes em relação às técnicas observadas na sociedade, implicando a
extensão gradual do uso de máquinas, do emprego de homens, mulheres e crianças em fábricas,
transformando a população rural em uma mão de obra especializada em fabricar produtos
industrializados que ganhariam o mercado para a obtenção de lucros.
Neste mesmo período, sob os ideais revolucionários, a França passava por uma
grande modificação. A total mobilização das forças ligava estritamente os sábios aos esforços
militares e políticos. A fabricação do aço, a fundição de canhões, a produção de salitre, o
tratamento do couro por processos novos, mais rápidos e eficientes que os antigos, podem nos dar
uma idéia desses esforços técnicos e tecnológicos. O químico buscava encontrar produtos
indispensáveis para suprir a falta de materiais que a guerra ocasionava. O bloqueio continental
privando a entrada de açúcar em terras francesas, fez a indústria da transformação encontrar um
equivalente poderoso na beterraba. Do mesmo modo, a técnica da indústria algodoeira, a técnica
201
da indústria da tecelagem, fizeram nessa época progressos consideráveis. Progressos só
alcançados graças a união dos detentores do saber e das forças industriais em busca de um
objetivo comum. (DUCASSÉ, 1987).
Parece que as demandas da sociedade industrializada propiciavam o
desenvolvimento da tecnologia como um conhecimento metódico e estruturado como a ciência. O
método de pesquisa do conhecimento tecnológico parece não ser tão diferente do científico,
sendo muitas vezes este último motivador do primeiro. Se for verdade que conhecimentos
científicos podem se transformar em desenvolvimentos tecnológicos, por vezes a ordem pode ser
invertida como no caso da concepção da máquina a vapor e do posterior desenvolvimento da
termodinâmica que nos referíamos anteriormente.
O produto industrial era baseado, então, cada vez mais em conhecimentos da
ciência, aplicados por intermédio da tecnologia, que por sua vez voltava seu campo de ação
também para o estudo de novos materiais, novos processos de construção e fabricação, em geral
utilizados na engenharia e na indústria, caracterizando a primeira fase da Revolução Industrial.
Uma segunda fase pode ser considerada como o impacto tecnológico que o progresso teve
diretamente na sociedade (CARDOSO, 2001).
A produção dos bens necessários à vida baseada na máquina mudaria muitos
costumes da sociedade. Eram necessários outros conhecimentos e novos saberes para poder
operar máquinas que cada vez mais ganhavam espaço no cenário mundial. A tecnologia, a partir
do começo do século XIX, foi sendo cada vez mais decisiva também em campos ligados à área
de saúde e biomédica, auxiliando em uma melhor compreensão do corpo humano, o que
possibilitou a produção de vacinas antes inexistentes. A ocupação do espaço foi acelerada e cada
vez mais o meio ambiente foi sendo transformado. O microscópio foi inventado e o mundo
invisível começava a chegar aos sentidos dos homens; uma diversidade abundante de seres nunca
antes vistos revelava para o homem a necessidade de conhecer melhor o planeta.
O desenvolvimento científico e tecnológico experimentado pela humanidade a partir
do século XX produziu conhecimentos a uma velocidade jamais experimentada antes na história.
A estreita união da ciência e da técnica permitiu ao homem, nos séculos XIX e XX, penetrar cada
vez mais intimamente no mecanismo dos fenômenos naturais, dominando fontes, cada vez mais
202
eficazes de energia, que para nossos antepassados eram invisíveis e inacessíveis. A era moderna
descobriu energias desconhecidas. Primeiro as fontes artificiais de energia motora substituíram as
naturais. Posteriormente, as turbinas foram construídas marcando de forma significativa o uso
dos recursos hidráulicos. O motor à explosão, que realmente nasceu em 1860, chegou de fato a
ser efetivado, mas com inúmeros aperfeiçoamentos consecutivos que antes não tinham sido
executados. Os dirigíveis popularizam um sonho milenar do homem: ganhar os céus, o que foi
um passo importante para a construção do primeiro avião pelo brasileiro Santos Dumont. Enfim,
o sonho de Ícaro fora concretizado. Além de ganhar os céus, o homem ganhava também as
profundezas dos grandes oceanos. A invenção do submarino permitiu ao homem explorar os
mistérios mais escondidos do mar (DUCASSÉ, 1987).
Foi uma época em o homem trocou o vapor pela eletricidade. Embora os fenômenos
eletrostáticos já tinham sido observados desde a Idade Média, foi preciso esperar a coragem
experimental de Benjamin Franklin, para que os pára-raios pudessem ser desenvolvidos. O
emprego da eletricidade na produção industrial só foi possível graças ao aparecimento de
geradores, fruto de um imprevisto experimental das investigações fisiológicas e elétricas de Luigi
Galvani (1737-1798) e Alessandro Volta (1745-1827). Em seu laboratório, a pilha elétrica ia
permitir o estudo das propriedades físicas e químicas da corrente, ao mesmo tempo em que
nomes ilustres como Ampère (1775-1836), Faraday (1791-1867), Laplace (1749-1827),
estudavam experimentalmente e coordenavam matematicamente as leis de corrente, as
propriedades do magnetismo e ação recíproca das correntes e dos magnetos (DUCASSÉ, 1987;
MOULTON & SCHIFFERS, 1986). Os esforços dos investigadores orientavam-se rumo à
descoberta de aparelhos geradores mais poderosos, que eles tentavam construir através do
aperfeiçoamento da pilha ou através das leis do novo eletromagnetismo sintetizadas e
reformuladas por James Clerk Maxwell (1831-1879) (VERASZTO, 2004).
A luta contra o isolamento e contra a ausência, redução ou supressão dos limites do
espaço e do tempo entre pensamento e vontade das pessoas tem sido desejada desde nossos
antepassados. Mais um sonho que esta época via ser realizado: a invenção do telégrafo e
posteriormente, do telefone, que romperam as barreiras continentais possibilitando o contato
imediato entre pessoas localizadas em distâncias longínquas (DUCASSÉ, 1987).
203
À medida que se acelerava o processo industrial, a conquista por novas fontes de
energias também crescia. As descobertas da radioatividade e dos Raios X, por nome como Marie
Curie (1867-1934), Roegten (1845-1923), mostraram ao mundo que o invisível escondia
surpresas. Fontes de energia antes inimagináveis agora revolucionavam o mundo, tanto dentro
das academias científicas, quanto no interior das sociedades. Aparelhos de exame radiográfico
contribuíam na medicina, ao mesmo tempo em que novas formas de se entender o mundo eram
teorizadas por grandes gênios como Einstein (1879-1955), Planck (1858-1947), Bohr (1885-
1960), de Broglie (1892-1987) e Schroedinger (1887-1961) entre muitos outros responsáveis pelo
surgimento da Física Moderna que acrescentaria elementos fundamentais às teorias até então
vigente. (MOULTON & SCHIFFERS, 1986; VERASZTO, 2004). A idéia de uma velocidade
limite para a luz que se propagava entre galáxias e as novas concepções atômicas tiveram um
impacto profundo na sociedade, culminando com a descoberta de que era possível controlar o
núcleo do átomo e aproveitar a sua energia. De forma trágica, o mundo assistiu a essa conquista
com a destruição de duas cidades japonesas, devido ao uso indevido do produto tecnológico-
científico por cabeças governantes durante a Segunda Grande Guerra.
Atualmente, em meio à industrialização intensa e à urbanização absurdamente
concentrada, também potenciadas pelos conhecimentos científicos e
tecnológicos, conta-se com a sofisticação da medicina científica das tomografias
computadorizadas e com a enorme difusão da teleinformática. Ao mesmo tempo,
convive-se com ameaças como o buraco na camada de ozônio, a bomba atômica,
a fome, as doenças endêmicas não-controladas e as decorrentes da poluição. A
associação entre Ciência e Tecnologia se amplia, tornando-se mais presente no
cotidiano e modificando, cada vez mais, o próprio mundo (BRASIL, 1999).
Assim, as idéias clássicas precisavam passar por uma reformulação, pois já não
eram mais suficientes para abranger sem conflitos o infinitésimo e o infinito.
Elétrons, por exemplo, consagrados como partículas, comportam-se como ondas
ao atravessarem um cristal. A luz, consagrada como onda, pode se comportar
como partícula. E essa dualidade onda-partícula é um traço universal do mundo
quântico de toda matéria, no âmago cristalino das grandes rochas, na delicada
estrutura da informação genética das células vivas.
No mundo quântico a lógica causal e a relação de identificação espaço/tempo são
outras, não alcançadas pela lógica do senso comum. O desenvolvimento da física
quântica mostrou uma realidade que demanda outras representações.
Essa nova lógica permitirá compreender, pela primeira vez, a enorme
regularidade das propriedades químicas, ópticas, magnéticas e elétricas dos
materiais e desvendar a estrutura microscópica da vida (BRASIL, 1999).
Sob este novo ponto de vista, cada vez ficava mais claro que a realidade observável
204
era apenas uma pequena parcela dentro de um contexto muito amplo e em sua quase que
esmagadora totalidade, muito aquém das capacidades sensitivas do ser humano.
A Biologia reflete e abriga os dilemas dessa nova lógica. Explica-se
quanticamente a estrutura infinitesimal, as microscópicas estruturas de
construção dos seres, sua reprodução e seu desenvolvimento. E se debate, com
questões existenciais de grande repercussão filosófica, se a origem da vida é um
acidente, uma casualidade que poderia não ter acontecido ou se, pelo contrário, é
a realização de uma ordem já inscrita na própria constituição da matéria primeva.
A lógica quântica mostra que a intervenção do observador modifica o objeto
observado. O observador interfere no fenômeno, pois a observação é uma
interação. Assim, seria vã a esperança de um conhecimento objetivo do mundo
desprendida de qualquer influência subjetiva. “O que nós chamamos de realidade
não é nada mais que uma síntese humana aproximativa, construída a partir de
observações diversas e de olhares descontínuos”. Essa continua sendo, no
entanto, uma polêmica deste século, pois há ainda quem advogue uma total
objetividade do conhecimento científico (Brasil, 1999).
Assim, os avanços espalharam-se por todos os campos do saber. A humanidade
ganhou o espaço e o conhecimento científico e tecnológico, mais uma vez juntos, permitiram que
foguetes pudessem ser lançados, que satélites fossem colocados em órbita, e que o homem fosse
capaz de pisar um solo fora do nosso planeta. O homem chegou até a Lua, e com ele o sonho de
explorar outros mundos, o que acabou culminando no envio de sondas para os mais longínquos
confins do nosso sistema solar, ou ainda, na construção de poderosos telescópios que
possibilitaram ver além da nossa galáxia.
Ainda não era o bastante. Mais inovações tecnológicas passariam a fazer parte do
espaço social. Os primeiros computadores e as primeiras redes de comunicação que foram
desenvolvidas inicialmente para uso exclusivo das forças armadas norte-americanas. Graças a
uma reação da contra-cultura do Vale do Silício, nos EUA, os computadores pessoais ganharam o
mercado e depois de um curto espaço de tempo, se comparado com todo nosso progresso
humano-tecnológico, popularizaram-se. O acesso ao conhecimento foi ficando cada vez mais
fácil e comunicação entre as pessoas, por mais remotas que sejam as distâncias, tornou-se
possível. A informática ganhava, e continua ganhando cada vez mais espaço. Diferentes ramos,
como a Medicina, a Arqueologia, a Biologia, entre tantas outras, são continuamente beneficiados
pelas novas inovações computacionais.
É assim que hoje vivemos. Cada dia novos produtos, novas descobertas e novas
conquistas. Atualmente, estamos presenciando uma revolução na tecnologia das comunicações
205
que torna esta tarefa muito simples, como nunca antes tinha acontecido, graças à Internet. A
informação, modificada constantemente e a todo instante, ganha caráter cada vez mais
entrelaçado onde todos os seres acabam sendo responsáveis por sua disseminação e
transformação, como que em um gigantesco hipertexto (LÉVY, 1993).
Terminamos este capítulo enfatizando aquilo que dissemos em seu início. O
conhecimento histórico do desenvolvimento das técnicas e das tecnologias produzidas pelo
homem desde o começo dos tempos contribui de maneira significativa para que possamos
entender o processo criador da humanidade e, essencialmente, compreendermos melhor a
tecnologia como uma fonte de conhecimentos próprios, em contínua transmutação e com novos
saberes sendo agregados a cada dia, de forma cada vez mais veloz e dinâmica.
Finalmente, é importante frisar, que muitas vezes ao falarmos em tecnologia
pensamos imediatamente dos produtos mais sofisticados que estão ganhando o mercado neste
exato momento. Porém, como pudemos perceber ao longo de todo este capítulo, a tecnologia não
consiste somente nisso. Precisamos lembrar que a nossa história tecnológica começou junto com
o primeiro homem quando ele descobriu que era possível modificar a natureza para melhorar as
condições de vida de seu grupo. O homem, ao descobrir que poderia modificar o osso,
estabelecendo um novo uso para o mesmo, dava o passo inicial para a conquista do átomo e do
espaço.
207
APÊNDICE B: INSTRUMENTO DE PESQUISA
Este questionário foi elaborado com a finalidade de levantar indicadores de Ciência e Tecnologia e analisar como estudantes de graduação compreendem e se relacionam com questões que envolvem tecnologia. Sua opinião é muito importante para o nosso estudo e você não precisára se identificar. Nas questões abaixo, assinale com um X a lacuna, que mais está em concordância com o que você pensa ou acredita. As lacunas correspondem a: CP: Concordo Plenamente; C: Concordo; I: Indiferente; D: Discordo; DP: Discordo Plenamente Obrigado pela atenção!
Sexo Fem. Masc. Idade: ________Curso: __________________________ Ano Ingresso no Curso: ____________
QUESTÕES CP C I D DP
Não estou apto a opinar sobre tecnologia, pois decisões desse porte devem ficar a cargo de especialistas.
xxx xxx xxx xxx xxx
A tecnologia não precisa de teorias; precisa apenas ser prática e eficiente.
Utilizo tecnologia para socializar informações.
O governo não deve influenciar nas decisões de desenvolvimento tecnológico.
A tecnologia explica o mundo à nossa volta.
Tecnologia é aplicação de leis, teorias e modelos da Ciência.
Escolho uma tecnologia pela sua eficiência.
Hoje há tecnologias que podem ser adquiridas por um preço acessível para muitos, tais como celulares, aparelhos de som, microcomputadores, etc.
As instituições educacionais e de pesquisa, como grandes universidades, devem orientar a pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias.
As decisões e escolhas tecnológicas em nada se relacionam com códigos de ética e de condutas.
A pesquisa tecnológica desenvolvida por empresas é direcionada a interesses particulares hegemônicos visando exclusivamente o lucro.
Escolho uma tecnologia pela sua praticidade.
Tecnologias são ferramentas (ou artefatos) construídas para auxiliar o homem na resolução de diferentes tipos de tarefas.
Entidades não governamentais (ONG’s) devem ter voz ativa nas decisões tecnológicas.
No momento de compra de novo artefato tecnológico o custo é o fator determinante para minha escolha.
A tecnologia não sofre influências da sociedade.
Organizações ambientalistas podem impedir ou interromper o desenvolvimento tecnológico.
A tecnologia consolida a democratização das relações entre os seres humanos.
O uso que fazemos da tecnologia é que determina se ela é boa ou má.
Entidades religiosas podem impedir ou interromper o desenvolvimento tecnológico.
Estou atento às questões relacionadas com tecnologia que aparecem na mídia.
O inventor perde o controle sobre a invenção uma vez que esta é disponibilizada para o público.
É importante a participação efetiva dos cidadãos em questões relacionadas a tomadas de decisão tecnológicas.
Sou favorável ao aumento do investimento em tecnologia mesmo que isso signifique gastar menos em programas sociais.
Uma nova descoberta tecnológica pode ser útil em qualquer lugar do planeta.
Interesses pessoais não influenciam no processo de criação de tecnologia.
Utilizaria sem questionar a energia nuclear, pois é uma saída plausível para resolver problemas futuros da crise energética.
208
A tecnologia pode acabar com o planeta.
Admito exploração da natureza em detrimento do bem estar da humanidade.
As crenças religiosas não afetam o trabalho de cientistas e especialistas envolvidos na produção de tecnologia.
A preocupação com as futuras gerações deve ser ponto determinante para direcionar escolhas tecnológicas.
A tecnologia aumenta as desigualdades sócio-econômicas.
Não compro móveis que não sejam feitos a partir de madeira certificada.
A mídia influencia a produção tecnológica.
Estou ciente de que minhas escolhas tecnológicas ajudarão a superar a crise da água no século XXI.
A tecnologia ameaça a privacidade das pessoas.
As minorias étnicas não têm espaço garantido para auxiliar na escolha de novas tecnologias.
Tendo condições financeiras, ao comprar um celular novo, escolho o que tem mais recursos e funções.
Os benefícios proporcionados pelo desenvolvimento tecnológico são maiores que seus efeitos negativos.
Com a utilização segura da tecnologia é possível proteger a natureza da contaminação humana.
A engenharia genética pode contribuir para a cura de doenças.
Evito utilizar artefatos tecnológicos que provocam destruição do meio ambiente.
Diferentes grupos de interesses determinam a produção tecnológica a partir de relações sociais, políticas, econômicas, ambientais, culturais, etc.
Sei que alimentos transgênicos podem ser a solução para a fome do mundo.
Você poderá utilizar o verso desta folha para fazer considerações acerca da pesquisa, caso julgue prudente.
209
APÊNDICE C: Teste de Kolmogorov-Smirnov Gerado pelo SPSS
One-Sample Kolmogorov-Smirnov Test
a Test distribution is Normal. b Calculated from data.
211
APÊNDICE D: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação
pelo método USL com antecedente DSO1 (Dimensão Social 1)
DATE: 3/26/2009 TIME: 16:15
L I S R E L 8.72
BY
Karl G. Jöreskog and Dag Sörbom
This program is published exclusively by Scientific Software International, Inc.
7383 N. Lincoln Avenue, Suite 100 Lincolnwood, IL 60712, U.S.A.
Phone: (800)247-6113, (847)675-0720, Fax: (847)675-2140 Copyright by Scientific Software International, Inc., 1981-2005 Use of this program is subject to the terms specified in the
Universal Copyright Convention. Website: www.ssicentral.com
The following lines were read from file C:\Documents and
Settings\DirceudS\Desktop\estefano LISREL\estefano simplis 1.spj:
Observed Variables a1 - a44 Correlation Matrix from file Mestefano Sample Size 600 Latent Variables: ATI DSO CON Relationships: a3 a15 a18 a21 a31 a33 a35 a38 a40 a44=ATI a4 a9 a11 a17 a23=DSO a5 a6 a13 a19=CON CON=DSO ATI=DSO
LET THE ERRORS BETWEEN a6 AND a5 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a44 AND a38 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a35 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a35 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a11 AND a9 CORRELATE Options: ND=3 RS ME=ML AD=OFF path diagram END OF PROBLEM
212
6.6in.02in Sample Size = 600
!ESTEFANO
Covariance Matrix
a3 a5 a6 a13 a15 a18
a3 0.383
a5 0.078 0.627
a6 0.076 0.142 0.621
a13 0.074 0.050 0.042 0.345
a15 0.029 0.037 0.040 0.049 0.882
a18 0.012 0.110 0.074 0.070 0.020 0.497 a19 0.066 0.064 0.081 0.118 0.075 0.100 a21 0.086 0.089 0.073 0.072 0.027 0.041 a31 0.037 0.021 0.076 0.044 0.026 0.026 a33 -0.013 -0.061 0.039 -0.023 0.100 0.046 a35 0.053 0.084 0.105 0.027 -0.012 0.083 a38 0.151 0.114 0.056 0.158 0.079 0.099 a40 0.037 0.035 0.095 0.045 0.007 0.038 a44 0.030 0.082 0.123 0.067 0.137 0.051 a4 0.008 0.018 -0.037 0.028 -0.001 0.010 a9 0.076 0.057 0.064 0.095 0.031 0.035 a11 0.037 -0.004 0.060 0.007 0.111 -0.023 a17 -0.008 0.089 0.070 -0.018 0.055 0.030 a23 0.064 0.046 0.051 0.049 0.080 0.072
Covariance Matrix (continued)
a19 a21 a31 a33 a35 a38
a19 0.740
a21 0.102 0.426
a31 0.050 0.035 0.417
a33 0.034 0.057 0.054 2.061
a35 0.078 0.083 0.080 0.162 0.694
a38 0.198 0.192 0.041 -0.063 0.074 1.653 a40 0.133 0.084 0.069 0.192 0.158 0.129 a44 0.108 0.101 0.039 0.072 0.120 0.313 a4 0.002 0.014 0.023 0.066 0.008 0.030 a9 0.075 0.083 0.070 -0.003 0.044 0.116 a11 0.068 0.055 0.035 0.007 0.048 0.115 a17 -0.012 -0.018 0.048 0.028 0.001 0.024 a23 0.055 0.072 0.076 0.119 0.089 0.057
213
Covariance Matrix (continued)
a40 a44 a4 a9 a11 a17
a40 0.669
a44 0.102 1.460
a4 -0.022 -0.084 0.750
a9 0.080 0.054 0.046 0.447
a11 0.032 0.114 -0.069 -0.020 0.914
a17 0.040 0.020 -0.048 0.006 0.042 0.752 a23 0.022 0.021 0.083 0.077 -0.007 -0.015
Covariance Matrix (continued)
a23
a23 0.568 !ESTEFANO Number of Iterations = 28
LISREL Estimates (Maximum Likelihood) Measurement Equations
a3 = 0.240*ATI, Errorvar.= 0.325 , R² = 0.150 (0.0204) 15.921
a5 = 0.244*CON, Errorvar.= 0.568 , R² = 0.0946 (0.0348) 16.343
a6 = 0.257*CON, Errorvar.= 0.555 , R² = 0.106 (0.0492) (0.0343) 5.228 16.184
a13 = 0.249*CON, Errorvar.= 0.283 , R² = 0.179 (0.0460) (0.0189) 5.405 14.961
a15 = 0.161*ATI, Errorvar.= 0.857 , R² = 0.0294 (0.0491) (0.0501) 3.280 17.084
a18 = 0.205*ATI, Errorvar.= 0.455 , R² = 0.0847
214
(0.0412) (0.0274) 4.983 16.609
a19 = 0.337*CON, Errorvar.= 0.627 , R² = 0.153 (0.0642) (0.0405) 5.240 15.487
a21 = 0.293*ATI, Errorvar.= 0.340 , R² = 0.201 (0.0455) (0.0223) 6.429 15.262
a31 = 0.180*ATI, Errorvar.= 0.384 , R² = 0.0781 (0.0372) (0.0230) 4.842 16.670
a33 = 0.0708*ATI, Errorvar.= 2.056 , R² = 0.00243 (0.0710) (0.119) 0.996 17.287 a35 = 0.238*ATI, Errorvar.= 0.637 , R² = 0.0816 (0.0485) (0.0383) 4.901 16.615
a38 = 0.476*ATI, Errorvar.= 1.427 , R² = 0.137 (0.0821) (0.0889) 5.796 16.052
a40 = 0.241*ATI, Errorvar.= 0.611 , R² = 0.0868 (0.0481) (0.0369) 5.009 16.566
a44 = 0.282*ATI, Errorvar.= 1.381 , R² = 0.0543 (0.0671) (0.0819) 4.198 16.852
a4 = 0.0416*DSO, Errorvar.= 0.749 , R² = 0.00230 (0.0420) (0.0433) 0.989 17.290
a9 = 0.262*DSO, Errorvar.= 0.378 , R² = 0.154 (0.0321) (0.0239) 8.175 15.831
a11 = 0.142*DSO, Errorvar.= 0.894 , R² = 0.0221 (0.0469) (0.0522) 3.032 17.128
a17 = 0.0466*DSO, Errorvar.= 0.750 , R² = 0.00289 (0.0421) (0.0434) 1.107 17.285
a23 = 0.218*DSO, Errorvar.= 0.520 , R² = 0.0839 (0.0362) (0.0313) 6.033 16.617
215
Error Covariance for a6 and a5 = 0.0797 (0.0252) 3.165
Error Covariance for a35 and a33 = 0.145 (0.0481) 3.008
Error Covariance for a40 and a33 = 0.175 (0.0474) 3.690
Error Covariance for a40 and a35 = 0.100 (0.0271) 3.694
Error Covariance for a44 and a38 = 0.179 (0.0612) 2.919
Error Covariance for a11 and a9 = -0.058 (0.0250) -2.313
Structural Equations
ATI = 1.096*DSO, Errorvar.= -0.202 , R² = 1.202 (0.142) (0.155) 7.708 -1.305
W_A_R_N_I_N_G : Error variance is negative.
CON = 1.016*DSO, Errorvar.= -0.0328, R² = 1.033 (0.163) (0.169) 6.220 -0.194
W_A_R_N_I_N_G : Error variance is negative.
Correlation Matrix of Independent Variables
DSO 1.000
Covariance Matrix of Latent Variables
ATI CON DSO
ATI 1.000
CON 1.114 1.000
DSO 1.096 1.016 1.000
216
Goodness of Fit Statistics Degrees of Freedom = 144 Minimum Fit Function Chi-Square = 218.865 (P = 0.000) Normal Theory Weighted Least Squares Chi-Square = 225.728 (P = 0.000) Estimated Non-centrality Parameter (NCP) = 81.728 90 Percent Confidence Interval for NCP = (44.860 ; 126.534)
Minimum Fit Function Value = 0.365 Population Discrepancy Function Value (F0) = 0.136 90 Percent Confidence Interval for F0 = (0.0749 ; 0.211) Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA) = 0.0308 90 Percent Confidence Interval for RMSEA = (0.0228 ; 0.0383) P-Value for Test of Close Fit (RMSEA < 0.05) = 1.00
Expected Cross-Validation Index (ECVI) = 0.530 90 Percent Confidence Interval for ECVI = (0.469 ; 0.605) ECVI for Saturated Model = 0.634 ECVI for Independence Model = 2.059
Chi-Square for Independence Model with 171 Degrees of Freedom = 1195.545 Independence AIC = 1233.545 Model AIC = 317.728 Saturated AIC = 380.000 Independence CAIC = 1336.086 Model CAIC = 565.987 Saturated CAIC = 1405.417
Normed Fit Index (NFI) = 0.817 Non-Normed Fit Index (NNFI) = 0.913 Parsimony Normed Fit Index (PNFI) = 0.688 Comparative Fit Index (CFI) = 0.927 Incremental Fit Index (IFI) = 0.929 Relative Fit Index (RFI) = 0.783
Critical N (CN) = 511.130
Root Mean Square Residual (RMR) = 0.0320 Standardized RMR = 0.0410 Goodness of Fit Index (GFI) = 0.962 Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI) = 0.950 Parsimony Goodness of Fit Index (PGFI) = 0.729
!ESTEFANO
217
Fitted Covariance Matrix
a3 a5 a6 a13 a15 a18
a3 0.383
a5 0.065 0.627
a6 0.069 0.142 0.621
a13 0.066 0.061 0.064 0.345
a15 0.039 0.044 0.046 0.045 0.882
a18 0.049 0.056 0.059 0.057 0.033 0.497 a19 0.090 0.082 0.086 0.084 0.060 0.077 a21 0.070 0.079 0.084 0.081 0.047 0.060 a31 0.043 0.049 0.052 0.050 0.029 0.037 a33 0.017 0.019 0.020 0.020 0.011 0.015 a35 0.057 0.065 0.068 0.066 0.038 0.049 a38 0.114 0.129 0.136 0.132 0.077 0.098 a40 0.058 0.065 0.069 0.067 0.039 0.049 a44 0.068 0.076 0.081 0.078 0.045 0.058 a4 0.011 0.010 0.011 0.011 0.007 0.009 a9 0.069 0.065 0.068 0.066 0.046 0.059 a11 0.037 0.035 0.037 0.036 0.025 0.032 a17 0.012 0.012 0.012 0.012 0.008 0.010 a23 0.057 0.054 0.057 0.055 0.039 0.049
Fitted Covariance Matrix (continued)
a19 a21 a31 a33 a35 a38
a19 0.740
a21 0.110 0.426
a31 0.068 0.053 0.417
a33 0.027 0.021 0.013 2.061
a35 0.089 0.070 0.043 0.162 0.694
a38 0.178 0.139 0.086 0.034 0.113 1.653 a40 0.090 0.071 0.043 0.192 0.158 0.115 a44 0.106 0.082 0.051 0.020 0.067 0.313 a4 0.014 0.013 0.008 0.003 0.011 0.022 a9 0.090 0.084 0.052 0.020 0.068 0.137 a11 0.049 0.046 0.028 0.011 0.037 0.074 a17 0.016 0.015 0.009 0.004 0.012 0.024 a23 0.075 0.070 0.043 0.017 0.057 0.114
Fitted Covariance Matrix (continued)
a40 a44 a4 a9 a11 a17
a40 0.669
a44 0.068 1.460
a4 0.011 0.013 0.750
a9 0.069 0.081 0.011 0.447
a11 0.038 0.044 0.006 -0.020 0.914
218
a17 0.012 0.014 0.002 0.012 0.007 0.752 a23 0.058 0.067 0.009 0.057 0.031 0.010
Fitted Covariance Matrix (continued)
a23
a23 0.568
Fitted Residuals
a3 a5 a6 a13 a15 a18
a3 0.000
a5 0.013 0.000
a6 0.007 0.000 0.000
a13 0.007 -0.011 -0.022 0.000
a15 -0.010 -0.006 -0.006 0.004 0.000
a18 -0.037 0.055 0.015 0.013 -0.013 0.000 a19 -0.023 -0.018 -0.006 0.035 0.014 0.023 a21 0.016 0.010 -0.011 -0.010 -0.020 -0.019 a31 -0.006 -0.028 0.025 -0.006 -0.003 -0.011 a33 -0.030 -0.080 0.018 -0.043 0.089 0.031 a35 -0.004 0.019 0.037 -0.039 -0.050 0.034 a38 0.037 -0.015 -0.080 0.026 0.002 0.002 a40 -0.021 -0.030 0.026 -0.022 -0.032 -0.011 a44 -0.038 0.006 0.043 -0.011 0.092 -0.007 a4 -0.003 0.008 -0.047 0.018 -0.009 0.001 a9 0.007 -0.008 -0.005 0.029 -0.015 -0.024 a11 -0.001 -0.039 0.022 -0.029 0.086 -0.055 a17 -0.020 0.077 0.058 -0.030 0.046 0.020 a23 0.006 -0.008 -0.006 -0.007 0.041 0.023
Fitted Residuals (continued)
a19 a21 a31 a33 a35 a38
a19 0.000
a21 -0.008 0.000
a31 -0.018 -0.017 0.000
a33 0.008 0.036 0.041 0.000
a35 -0.011 0.014 0.037 0.000 0.000
a38 0.020 0.053 -0.044 -0.096 -0.039 0.000 a40 0.043 0.014 0.025 0.000 0.000 0.015 a44 0.002 0.019 -0.012 0.052 0.053 0.000 a4 -0.012 0.001 0.015 0.063 -0.003 0.009 a9 -0.015 -0.001 0.018 -0.023 -0.025 -0.021 a11 0.020 0.009 0.007 -0.004 0.011 0.041 a17 -0.028 -0.033 0.039 0.025 -0.011 0.000 a23 -0.020 0.002 0.033 0.102 0.032 -0.057
219
Fitted Residuals (continued)
a40 a44 a4 a9 a11 a17
a40 0.000
a44 0.034 0.000
a4 -0.033 -0.097 0.000
a9 0.011 -0.027 0.035 0.000
a11 -0.005 0.070 -0.075 0.000 0.000
a17 0.027 0.005 -0.050 -0.006 0.035 0.000 a23 -0.036 -0.047 0.074 0.020 -0.038 -0.025
Fitted Residuals (continued)
a23
a23 0.000
Summary Statistics for Fitted Residuals Smallest Fitted Residual = -0.097 Median Fitted Residual = 0.000 Largest Fitted Residual = 0.102
Stemleaf Plot
- 9|76 - 8|00 - 7|5 - 6| - 5|7500 - 4|7743 - 3|9998876332000 - 2|9887554332211000 - 1|9887555322111111100 - 0|988877666666655443331100000000000000000000000000 0|112222456677778899 1|01133444555688899 2|00002335556679 3|1234455567779 4|111336 5|23358 6|3 7|047 8|69 9|2 10|2
220
Standardized Residuals
a3 a5 a6 a13 a15 a18
a3 - -
a5 0.858 - -
a6 0.470 - - - -
a13 0.692 -0.782 -1.608 - -
a15 -0.463 -0.236 -0.233 0.235 - -
a18 -2.553 2.853 0.798 1.013 -0.525 - - a19 -1.500 -0.843 -0.269 2.583 0.517 1.175 a21 1.365 0.656 -0.741 -0.948 -0.989 -1.330 a31 -0.443 -1.597 1.422 -0.490 -0.140 -0.695 a33 -0.934 -1.888 0.443 -1.516 1.654 0.812 a35 -0.219 0.859 1.671 -2.565 -1.718 1.631 a38 1.478 -0.464 -2.496 1.204 0.053 0.056 a40 -1.253 -1.365 1.177 -1.461 -1.117 -0.544 a44 -1.473 0.171 1.286 -0.477 2.103 -0.233 a4 -0.137 0.289 -1.853 1.005 -0.270 0.034 a9 0.542 -0.491 -0.285 2.573 -0.698 -1.604 a11 -0.026 -1.384 0.813 -1.538 2.465 -2.189 a17 -1.064 2.972 2.278 -1.672 1.431 0.866 a23 0.409 -0.402 -0.290 -0.469 1.586 1.251
Standardized Residuals (continued)
a19 a21 a31 a33 a35 a38
a19 - -
a21 -0.491 - -
a31 -1.009 -1.292 - -
a33 0.176 1.128 1.163 - -
a35 -0.477 0.789 1.899 - - - -
a38 0.593 2.123 -1.566 -1.428 -1.063 - - a40 1.899 0.807 1.328 - - - - 0.415 a44 0.064 0.721 -0.401 0.765 1.444 - - a4 -0.443 0.041 0.691 1.245 -0.110 0.220 a9 -0.863 -0.124 1.279 -0.701 -1.376 -0.810 a11 0.684 0.473 0.283 -0.073 0.366 0.963 a17 -1.059 -1.776 1.848 0.484 -0.396 -0.002 a23 -0.926 0.113 1.919 2.493 1.448 -1.803
Standardized Residuals (continued)
a40 a44 a4 a9 a11 a17
a40 - -
a44 0.950 - -
a4 -1.219 -2.392 - -
a9 0.622 -1.023 1.670 - -
221
a11 -0.177 1.591 -2.247 - - - -
a17 1.027 0.128 -1.641 -0.285 1.055 - - a23 -1.692 -1.426 2.970 1.188 -1.413 -1.000
Standardized Residuals (continued)
a23
a23 - -
Summary Statistics for Standardized Residuals Smallest Standardized Residual = -2.565 Median Standardized Residual = 0.000 Largest Standardized Residual = 2.972
Stemleaf Plot
- 2|665 - 2|422 - 1|99887776666655555 - 1|444444333211110000 - 0|999988877775555555555 - 0|4444433333222221111100000000000000000000000000000 0|111112222334444 0|555556677777888888999 1|0000011222222333344444 1|56667778999 2|113 2|55669 3|00
Largest Positive Standardized Residuals
Residual for a18 and a5 2.853 Residual for a19 and a13 2.583 Residual for a17 and a5 2.972 Residual for a23 and a4 2.970 !ESTEFANO
222
Qplot of Standardized Residuals 3.5.......................................................................... . ..
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
. . x .
. . x .
. . x .
. . x .
. . xx .
. . x x .
. . xxxx .
. . * * .
N . . xxx .
o . . *x* .
r . . ** .
m . . *xx .
a . . xx .
l . xxx* .
. xx** .
Q . *xx .
u . xxx .
a . *xx .
n . x* .
t . xx* * .
i . x*x . .
l . xxxx . .
e . *x . .
s . x* . .
. ** . .
. ** . .
. * . .
. xx . .
. x . .
. x . .
. x . .
. x. .
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
-3.5..........................................................................
-3.5 3.5
The Modification Indices Suggest to Add an Error Covariance
Between and Decrease in Chi-Square New Estimate a18 a5 8.2 0.06 a23 a4 8.8 0.08
Time used: 0.125 Seconds
223
APÊNDICE E: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação
pelo método USL com antecedente DSO2 (Dimensão Social 2)
DATE: 3/26/2009 TIME: 16:12
L I S R E L 8.72
BY
Karl G. Jöreskog and Dag Sörbom
This program is published exclusively by Scientific Software International, Inc.
7383 N. Lincoln Avenue, Suite 100 Lincolnwood, IL 60712, U.S.A.
Phone: (800)247-6113, (847)675-0720, Fax: (847)675-2140 Copyright by Scientific Software International, Inc., 1981-2005 Use of this program is subject to the terms specified in the
Universal Copyright Convention. Website: www.ssicentral.com
The following lines were read from file C:\Documents and
Settings\DirceudS\Desktop\estefano LISREL\estefano simplis 1.spj:
Observed Variables a1 - a44 Correlation Matrix from file Mestefano Sample Size 600 Latent Variables: ATI DSO CON Relationships: a3 a15 a18 a21 a31 a33 a35 a38 a40 a44=ATI a4 a9 a11 a17 a23=DSO a5 a6 a13 a19=CON DSO=CON DSO=ATI
LET THE ERRORS BETWEEN a6 AND a5 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a44 AND a38 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a35 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a35 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a11 AND a9 CORRELATE Options: ND=3 RS ME=ML AD=OFF path diagram END OF PROBLEM
224
6.6in.02in
Sample Size = 600
!ESTEFANO
Covariance Matrix
a4 a9 a11 a17 a23 a3
a4 0.750
a9 0.046 0.447
a11 -0.069 -0.020 0.914
a17 -0.048 0.006 0.042 0.752
a23 0.083 0.077 -0.007 -0.015 0.568
a3 0.008 0.076 0.037 -0.008 0.064 0.383 a5 0.018 0.057 -0.004 0.089 0.046 0.078 a6 -0.037 0.064 0.060 0.070 0.051 0.076 a13 0.028 0.095 0.007 -0.018 0.049 0.074 a15 -0.001 0.031 0.111 0.055 0.080 0.029 a18 0.010 0.035 -0.023 0.030 0.072 0.012 a19 0.002 0.075 0.068 -0.012 0.055 0.066 a21 0.014 0.083 0.055 -0.018 0.072 0.086 a31 0.023 0.070 0.035 0.048 0.076 0.037 a33 0.066 -0.003 0.007 0.028 0.119 -0.013 a35 0.008 0.044 0.048 0.001 0.089 0.053 a38 0.030 0.116 0.115 0.024 0.057 0.151 a40 -0.022 0.080 0.032 0.040 0.022 0.037 a44 -0.084 0.054 0.114 0.020 0.021 0.030
Covariance Matrix (continued)
a5 a6 a13 a15 a18 a19
a5 0.627
a6 0.142 0.621
a13 0.050 0.042 0.345
a15 0.037 0.040 0.049 0.882
a18 0.110 0.074 0.070 0.020 0.497
a19 0.064 0.081 0.118 0.075 0.100 0.740 a21 0.089 0.073 0.072 0.027 0.041 0.102 a31 0.021 0.076 0.044 0.026 0.026 0.050 a33 -0.061 0.039 -0.023 0.100 0.046 0.034 a35 0.084 0.105 0.027 -0.012 0.083 0.078 a38 0.114 0.056 0.158 0.079 0.099 0.198 a40 0.035 0.095 0.045 0.007 0.038 0.133 a44 0.082 0.123 0.067 0.137 0.051 0.108
225
Covariance Matrix (continued)
a21 a31 a33 a35 a38 a40
a21 0.426
a31 0.035 0.417
a33 0.057 0.054 2.061
a35 0.083 0.080 0.162 0.694
a38 0.192 0.041 -0.063 0.074 1.653
a40 0.084 0.069 0.192 0.158 0.129 0.669 a44 0.101 0.039 0.072 0.120 0.313 0.102
Covariance Matrix (continued)
a44
a44 1.460 !ESTEFANO Number of Iterations = 46
LISREL Estimates (Maximum Likelihood) Measurement Equations
a4 = 0.0589*DSO, Errorvar.= 0.747 , R² = 0.00463 (0.0433) 17.253
a9 = 0.295*DSO, Errorvar.= 0.360 , R² = 0.195 (0.230) (0.0308) 1.281 11.685
a11 = 0.149*DSO, Errorvar.= 0.892 , R² = 0.0243 (0.126) (0.0528) 1.180 16.902
a17 = 0.0452*DSO, Errorvar.= 0.750 , R² = 0.00272 (0.0573) (0.0434) 0.789 17.275
a23 = 0.241*DSO, Errorvar.= 0.510 , R² = 0.103 (0.190) (0.0331) 1.270 15.419
a3 = 0.240*ATI, Errorvar.= 0.325 , R² = 0.151
226
(0.0295) (0.0204) 8.134 15.914 a5 = 0.244*CON, Errorvar.= 0.568 , R² = 0.0949 (0.0393) (0.0347) 6.205 16.341
a6 = 0.256*CON, Errorvar.= 0.555 , R² = 0.106 (0.0392) (0.0343) 6.533 16.196
a13 = 0.249*CON, Errorvar.= 0.283 , R² = 0.179 (0.0298) (0.0189) 8.340 14.965
a15 = 0.159*ATI, Errorvar.= 0.857 , R² = 0.0287 (0.0455) (0.0502) 3.495 17.089
a18 = 0.206*ATI, Errorvar.= 0.455 , R² = 0.0854 (0.0339) (0.0274) 6.081 16.599
a19 = 0.337*CON, Errorvar.= 0.627 , R² = 0.153 (0.0431) (0.0405) 7.813 15.485
a21 = 0.293*ATI, Errorvar.= 0.340 , R² = 0.202 (0.0310) (0.0223) 9.449 15.250
a31 = 0.179*ATI, Errorvar.= 0.385 , R² = 0.0769 (0.0311) (0.0231) 5.765 16.678
a33 = 0.0686*ATI, Errorvar.= 2.056 , R² = 0.00228 (0.0706) (0.119) 0.971 17.288
a35 = 0.237*ATI, Errorvar.= 0.637 , R² = 0.0813 (0.0403) (0.0383) 5.897 16.615
a38 = 0.477*ATI, Errorvar.= 1.425 , R² = 0.138 (0.0616) (0.0889) 7.748 16.036
a40 = 0.241*ATI, Errorvar.= 0.611 , R² = 0.0871 (0.0395) (0.0369) 6.110 16.561
a44 = 0.282*ATI, Errorvar.= 1.381 , R² = 0.0543 (0.0589) (0.0820) 4.778 16.849
Error Covariance for a11 and a9 = -0.064
227
(0.0272) -2.370
Error Covariance for a6 and a5 = 0.0797 (0.0252) 3.168
Error Covariance for a35 and a33 = 0.145 (0.0481) 3.019
Error Covariance for a40 and a33 = 0.175 (0.0474) 3.700
Error Covariance for a40 and a35 = 0.100 (0.0271) 3.694
Error Covariance for a44 and a38 = 0.178 (0.0612) 2.911
Structural Equations
DSO = 0.116*ATI + 0.764*CON, Errorvar.= 0.205 , R² = 0.795 (0.616) (0.843) (0.410) 0.188 0.906 0.499
Correlation Matrix of Independent Variables
ATI CON
ATI 1.000
CON 1.119 1.000
(0.087)
12.885
Covariance Matrix of Latent Variables
DSO ATI CON
DSO 1.000
ATI 0.971 1.000
CON 0.894 1.119 1.000
228
Goodness of Fit Statistics Degrees of Freedom = 143 Minimum Fit Function Chi-Square = 218.131 (P = 0.000) Normal Theory Weighted Least Squares Chi-Square = 224.929 (P = 0.000) Estimated Non-centrality Parameter (NCP) = 81.929 90 Percent Confidence Interval for NCP = (45.099 ; 126.694)
Minimum Fit Function Value = 0.364 Population Discrepancy Function Value (F0) = 0.137 90 Percent Confidence Interval for F0 = (0.0753 ; 0.212) Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA) = 0.0309 90 Percent Confidence Interval for RMSEA = (0.0229 ; 0.0385) P-Value for Test of Close Fit (RMSEA < 0.05) = 1.00
Expected Cross-Validation Index (ECVI) = 0.532 90 Percent Confidence Interval for ECVI = (0.471 ; 0.607) ECVI for Saturated Model = 0.634 ECVI for Independence Model = 2.059
Chi-Square for Independence Model with 171 Degrees of Freedom = 1195.545 Independence AIC = 1233.545 Model AIC = 318.929 Saturated AIC = 380.000 Independence CAIC = 1336.086 Model CAIC = 572.585 Saturated CAIC = 1405.417
Normed Fit Index (NFI) = 0.818 Non-Normed Fit Index (NNFI) = 0.912 Parsimony Normed Fit Index (PNFI) = 0.684 Comparative Fit Index (CFI) = 0.927 Incremental Fit Index (IFI) = 0.929 Relative Fit Index (RFI) = 0.782
Critical N (CN) = 509.724
Root Mean Square Residual (RMR) = 0.0321 Standardized RMR = 0.0409 Goodness of Fit Index (GFI) = 0.962 Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI) = 0.949 Parsimony Goodness of Fit Index (PGFI) = 0.724
!ESTEFANO
229
Fitted Covariance Matrix
a4 a9 a11 a17 a23 a3
a4 0.751
a9 0.017 0.447
a11 0.009 -0.020 0.914
a17 0.003 0.013 0.007 0.752
a23 0.014 0.071 0.036 0.011 0.568
a3 0.014 0.069 0.035 0.011 0.056 0.383 a5 0.013 0.064 0.032 0.010 0.053 0.066 a6 0.013 0.068 0.034 0.010 0.055 0.069 a13 0.013 0.066 0.033 0.010 0.054 0.067 a15 0.009 0.046 0.023 0.007 0.037 0.038 a18 0.012 0.059 0.030 0.009 0.048 0.049 a19 0.018 0.089 0.045 0.014 0.073 0.091 a21 0.017 0.084 0.042 0.013 0.069 0.070 a31 0.010 0.051 0.026 0.008 0.042 0.043 a33 0.004 0.020 0.010 0.003 0.016 0.016 a35 0.014 0.068 0.034 0.010 0.056 0.057 a38 0.027 0.137 0.069 0.021 0.112 0.115 a40 0.014 0.069 0.035 0.011 0.057 0.058 a44 0.016 0.081 0.041 0.012 0.066 0.068
Fitted Covariance Matrix (continued)
a5 a6 a13 a15 a18 a19
a5 0.627
a6 0.142 0.621
a13 0.061 0.064 0.345
a15 0.043 0.046 0.044 0.882
a18 0.056 0.059 0.057 0.033 0.497
a19 0.082 0.086 0.084 0.060 0.078 0.740 a21 0.080 0.084 0.082 0.047 0.060 0.111 a31 0.049 0.051 0.050 0.028 0.037 0.068 a33 0.019 0.020 0.019 0.011 0.014 0.026 a35 0.065 0.068 0.066 0.038 0.049 0.090 a38 0.130 0.137 0.133 0.076 0.098 0.180 a40 0.066 0.069 0.067 0.038 0.050 0.091 a44 0.077 0.081 0.078 0.045 0.058 0.106
230
Fitted Covariance Matrix (continued)
a21 a31 a33 a35 a38 a40
a21 0.426
a31 0.052 0.417
a33 0.020 0.012 2.061
a35 0.070 0.043 0.162 0.694
a38 0.140 0.085 0.033 0.113 1.653
a40 0.071 0.043 0.192 0.158 0.115 0.669 a44 0.083 0.050 0.019 0.067 0.313 0.068
Fitted Covariance Matrix (continued)
a44
a44 1.460
Fitted Residuals
a4 a9 a11 a17 a23 a3
a4 0.000
a9 0.028 0.000
a11 -0.078 0.000 0.000
a17 -0.051 -0.007 0.035 0.000
a23 0.069 0.006 -0.043 -0.026 0.000
a3 -0.005 0.007 0.002 -0.018 0.007 0.000 a5 0.005 -0.008 -0.036 0.079 -0.007 0.013 a6 -0.050 -0.004 0.026 0.060 -0.004 0.007 a13 0.015 0.029 -0.027 -0.028 -0.005 0.007 a15 -0.010 -0.014 0.088 0.048 0.043 -0.009 a18 -0.002 -0.024 -0.052 0.021 0.024 -0.038 a19 -0.015 -0.014 0.024 -0.026 -0.018 -0.024 a21 -0.003 -0.001 0.013 -0.031 0.003 0.016 a31 0.013 0.018 0.009 0.041 0.034 -0.006 a33 0.062 -0.023 -0.003 0.025 0.102 -0.029 a35 -0.006 -0.024 0.014 -0.009 0.033 -0.004 a38 0.003 -0.021 0.046 0.003 -0.055 0.037 a40 -0.035 0.011 -0.002 0.029 -0.035 -0.021 a44 -0.101 -0.027 0.073 0.007 -0.045 -0.038
231
Fitted Residuals (continued)
a5 a6 a13 a15 a18 a19
a5 0.000
a6 0.000 0.000
a13 -0.011 -0.022 0.000
a15 -0.006 -0.006 0.005 0.000
a18 0.054 0.015 0.012 -0.013 0.000
a19 -0.018 -0.005 0.034 0.015 0.022 0.000 a21 0.009 -0.011 -0.010 -0.020 -0.020 -0.008 a31 -0.028 0.025 -0.006 -0.003 -0.011 -0.018 a33 -0.079 0.019 -0.042 0.089 0.032 0.008 a35 0.019 0.037 -0.039 -0.050 0.034 -0.011 a38 -0.016 -0.081 0.025 0.003 0.001 0.018 a40 -0.031 0.025 -0.022 -0.032 -0.011 0.042 a44 0.005 0.043 -0.011 0.092 -0.008 0.002
Fitted Residuals (continued)
a21 a31 a33 a35 a38 a40
a21 0.000
a31 -0.017 0.000
a33 0.037 0.042 0.000
a35 0.014 0.037 0.000 0.000
a38 0.052 -0.044 -0.095 -0.039 0.000
a40 0.013 0.025 0.000 0.000 0.014 0.000 a44 0.018 -0.011 0.053 0.053 0.000 0.034
Fitted Residuals (continued)
a44
a44 0.000
Summary Statistics for Fitted Residuals Smallest Fitted Residual = -0.101 Median Fitted Residual = 0.000 Largest Fitted Residual = 0.102
232
Stemleaf Plot
-10|1 - 9|5 - 8|1 - 7|98 - 6| - 5|52100 - 4|5432 - 3|9988655211 - 2|98877664443221100 - 1|8888765443111111100 - 0|9988877666665554443332210000000000000000000000000 0|1223333555677777899 1|123333444555688899 2|1244555556899 3|23444457777 4|1223368 5|2334 6|029 7|39 8|89 9|2 10|2
Standardized Residuals
a4 a9 a11 a17 a23 a3
a4 - -
a9 1.483 - -
a11 -2.353 - - - -
a17 -1.669 -0.367 1.057 - -
a23 2.864 0.770 -1.715 -1.063 - -
a3 -0.281 0.558 0.106 -0.959 0.489 - - a5 0.190 -0.460 -1.280 3.013 -0.334 0.832 a6 -1.942 -0.232 0.917 2.326 -0.204 0.462 a13 0.849 2.663 -1.377 -1.549 -0.361 0.662 a15 -0.324 -0.665 2.514 1.465 1.628 -0.442 a18 -0.071 -1.608 -2.092 0.922 1.296 -2.571 a19 -0.568 -0.822 0.810 -0.959 -0.834 -1.542 a21 -0.139 -0.109 0.630 -1.631 0.209 1.358 a31 0.593 1.316 0.378 1.897 1.985 -0.421 a33 1.232 -0.680 -0.052 0.496 2.505 -0.919 a35 -0.209 -1.356 0.457 -0.330 1.505 -0.214 a38 0.078 -0.812 1.076 0.081 -1.739 1.463 a40 -1.318 0.628 -0.083 1.083 -1.636 -1.260 a44 -2.466 -1.014 1.657 0.177 -1.379 -1.475
233
Standardized Residuals (continued)
a5 a6 a13 a15 a18 a19
a5 - -
a6 - - - -
a13 -0.790 -1.593 - -
a15 -0.228 -0.216 0.253 - -
a18 2.831 0.782 0.979 -0.515 - -
a19 -0.855 -0.262 2.577 0.531 1.141 - - a21 0.620 -0.759 -1.000 -0.965 -1.353 -0.543 a31 -1.596 1.439 -0.479 -0.116 -0.687 -1.005 a33 -1.880 0.457 -1.502 1.662 0.823 0.192 a35 0.847 1.673 -2.585 -1.699 1.626 -0.493 a38 -0.505 -2.525 1.162 0.068 0.032 0.547 a40 -1.392 1.169 -1.494 -1.103 -0.558 1.877 a44 0.156 1.283 -0.495 2.114 -0.241 0.046
Standardized Residuals (continued)
a21 a31 a33 a35 a38 a40
a21 - -
a31 -1.267 - -
a33 1.148 1.176 - -
a35 0.793 1.917 - - - -
a38 2.103 -1.554 -1.416 -1.068 - -
a40 0.797 1.341 - - - - 0.400 - - a44 0.718 -0.388 0.774 1.447 - - 0.948
Standardized Residuals (continued)
a44
a44 - -
Summary Statistics for Standardized Residuals Smallest Standardized Residual = -2.585 Median Standardized Residual = 0.000 Largest Standardized Residual = 3.013
234
Stemleaf Plot
- 2|6655 - 2|41 - 1|99777766666655555 - 1|4444443333111000000 - 0|9988888777665555555 - 0|44444333332222222111111000000000000000000000000000 0|111122222344 0|555555566666778888888888999 1|01111122223333444 1|555566777999 2|0113 2|556789 3|0
Largest Negative Standardized Residuals
Residual for a35 and a13 -2.585
Largest Positive Standardized Residuals Residual for a23 and a4 2.864 Residual for a5 and a17 3.013 Residual for a13 and a9 2.663 Residual for a18 and a5 2.831 Residual for a19 and a13 2.577 !ESTEFANO
235
Qplot of Standardized Residuals 3.5.......................................................................... . ..
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
. . x .
. . x .
. . x .
. . x .
. . * .
. . x x .
. . xxxx .
. . * * .
N . . **x .
o . . **x .
r . . *** .
m . .xxxx .
a . . xx .
l . .*x .
. **x*x .
Q . *xx .
u . xxx .
a . xx* .
n . *x .
t . *xx* .
i . *xx. .
l . x* x . .
e . *x . .
s . *x . .
. ** . .
. xx . .
. xx . .
. x x . .
. x . .
. x . .
. x . .
. x. .
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
-3.5..........................................................................
-3.5 3.5
The Modification Indices Suggest to Add an Error Covariance
Between and Decrease in Chi-Square New Estimate a23 a4 8.2 0.08 a18 a5 8.1 0.06
Time used: 0.156 Seconds
237
APÊNDICE F: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação
pelo método USL com antecedente CON1 (Concepções 1)
DATE: 3/26/2009 TIME: 14:24
L I S R E L 8.72
BY
Karl G. Jöreskog and Dag Sörbom
This program is published exclusively by Scientific Software International, Inc.
7383 N. Lincoln Avenue, Suite 100 Lincolnwood, IL 60712, U.S.A.
Phone: (800)247-6113, (847)675-0720, Fax: (847)675-2140 Copyright by Scientific Software International, Inc., 1981-2005 Use of this program is subject to the terms specified in the
Universal Copyright Convention. Website: www.ssicentral.com
The following lines were read from file C:\Documents and
Settings\DirceudS\Desktop\estefano LISREL\estefano simplis 1.spj:
Observed Variables a1 - a44 Correlation Matrix from file Mestefano Sample Size 600 Latent Variables: ATI DSO CON Relationships: a3 a15 a18 a21 a31 a33 a35 a38 a40 a44=ATI a4 a9 a11 a17 a23=DSO a5 a6 a13 a19=CON ATI=CON DSO=CON
LET THE ERRORS BETWEEN a6 AND a5 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a44 AND a38 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a35 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a35 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a11 AND a9 CORRELATE Options: ND=3 RS ME=ML AD=OFF path diagram END OF PROBLEM 6.6in.02in
238
Sample Size = 600
!ESTEFANO
Covariance Matrix
a3 a4 a9 a11 a15 a17
a3 0.383
a4 0.008 0.750
a9 0.076 0.046 0.447
a11 0.037 -0.069 -0.020 0.914
a15 0.029 -0.001 0.031 0.111 0.882
a17 -0.008 -0.048 0.006 0.042 0.055 0.752 a18 0.012 0.010 0.035 -0.023 0.020 0.030 a21 0.086 0.014 0.083 0.055 0.027 -0.018 a23 0.064 0.083 0.077 -0.007 0.080 -0.015 a31 0.037 0.023 0.070 0.035 0.026 0.048 a33 -0.013 0.066 -0.003 0.007 0.100 0.028 a35 0.053 0.008 0.044 0.048 -0.012 0.001 a38 0.151 0.030 0.116 0.115 0.079 0.024 a40 0.037 -0.022 0.080 0.032 0.007 0.040 a44 0.030 -0.084 0.054 0.114 0.137 0.020 a5 0.078 0.018 0.057 -0.004 0.037 0.089 a6 0.076 -0.037 0.064 0.060 0.040 0.070 a13 0.074 0.028 0.095 0.007 0.049 -0.018 a19 0.066 0.002 0.075 0.068 0.075 -0.012
Covariance Matrix (continued)
a18 a21 a23 a31 a33 a35
a18 0.497
a21 0.041 0.426
a23 0.072 0.072 0.568
a31 0.026 0.035 0.076 0.417
a33 0.046 0.057 0.119 0.054 2.061
a35 0.083 0.083 0.089 0.080 0.162 0.694 a38 0.099 0.192 0.057 0.041 -0.063 0.074 a40 0.038 0.084 0.022 0.069 0.192 0.158 a44 0.051 0.101 0.021 0.039 0.072 0.120 a5 0.110 0.089 0.046 0.021 -0.061 0.084 a6 0.074 0.073 0.051 0.076 0.039 0.105 a13 0.070 0.072 0.049 0.044 -0.023 0.027 a19 0.100 0.102 0.055 0.050 0.034 0.078
239
Covariance Matrix (continued)
a38 a40 a44 a5 a6 a13
a38 1.653
a40 0.129 0.669
a44 0.313 0.102 1.460
a5 0.114 0.035 0.082 0.627
a6 0.056 0.095 0.123 0.142 0.621
a13 0.158 0.045 0.067 0.050 0.042 0.345 a19 0.198 0.133 0.108 0.064 0.081 0.118
Covariance Matrix (continued)
a19
a19 0.740 !ESTEFANO Number of Iterations = 38
LISREL Estimates (Maximum Likelihood) Measurement Equations
a3 = 0.240*ATI, Errorvar.= 0.325 , R² = 0.151 (0.0204) 15.913
a4 = 0.0587*DSO, Errorvar.= 0.747 , R² = 0.00460 (0.0433) 17.253
a9 = 0.294*DSO, Errorvar.= 0.360 , R² = 0.194 (0.230) (0.0308) 1.278 11.718
a11 = 0.149*DSO, Errorvar.= 0.892 , R² = 0.0244 (0.127) (0.0528) 1.179 16.900
a15 = 0.159*ATI, Errorvar.= 0.857 , R² = 0.0288 (0.0490) (0.0502) 3.250 17.088
a17 = 0.0450*DSO, Errorvar.= 0.750 , R² = 0.00270 (0.0573) (0.0434)
240
0.786 17.275
a18 = 0.206*ATI, Errorvar.= 0.455 , R² = 0.0851 (0.0413) (0.0274) 4.987 16.602
a21 = 0.293*ATI, Errorvar.= 0.340 , R² = 0.202 (0.0456) (0.0223) 6.429 15.248
a23 = 0.242*DSO, Errorvar.= 0.510 , R² = 0.103 (0.191) (0.0331) 1.267 15.412
a31 = 0.179*ATI, Errorvar.= 0.384 , R² = 0.0772 (0.0372) (0.0231) 4.820 16.675
a33 = 0.0692*ATI, Errorvar.= 2.056 , R² = 0.00232 (0.0710) (0.119) 0.974 17.288
a35 = 0.237*ATI, Errorvar.= 0.637 , R² = 0.0813 (0.0485) (0.0383) 4.892 16.614
a38 = 0.477*ATI, Errorvar.= 1.425 , R² = 0.138 (0.0822) (0.0889) 5.803 16.037
a40 = 0.241*ATI, Errorvar.= 0.611 , R² = 0.0870 (0.0482) (0.0369) 5.010 16.561
a44 = 0.281*ATI, Errorvar.= 1.381 , R² = 0.0542 (0.0671) (0.0820) 4.192 16.850
a5 = 0.245*CON, Errorvar.= 0.567 , R² = 0.0959 (0.0382) (0.0344) 6.418 16.472
a6 = 0.257*CON, Errorvar.= 0.555 , R² = 0.107 (0.0380) (0.0339) 6.782 16.363
a13 = 0.250*CON, Errorvar.= 0.282 , R² = 0.182 (0.0280) (0.0182) 8.941 15.499
a19 = 0.340*CON, Errorvar.= 0.624 , R² = 0.156 (0.0410) (0.0394) 8.285 15.839
241
Error Covariance for a11 and a9 = -0.064 (0.0272) -2.373
Error Covariance for a35 and a33 = 0.145 (0.0481) 3.016
Error Covariance for a40 and a33 = 0.175 (0.0474) 3.697
Error Covariance for a40 and a35 = 0.100 (0.0271) 3.694
Error Covariance for a44 and a38 = 0.178 (0.0612) 2.914
Error Covariance for a6 and a5 = 0.0791 (0.0247) 3.209
Structural Equations
ATI = 1.109*CON, Errorvar.= -0.231 , R² = 1.231 (0.140) (0.145) 7.896 -1.595
W_A_R_N_I_N_G : Error variance is negative.
DSO = 0.880*CON, Errorvar.= 0.226 , R² = 0.774 (0.683) (0.420) 1.288 0.539
Correlation Matrix of Independent Variables
CON 1.000
Covariance Matrix of Latent Variables
ATI DSO CON
ATI 1.000
DSO 0.976 1.000
CON 1.109 0.880 1.000
242
Goodness of Fit Statistics Degrees of Freedom = 144 Minimum Fit Function Chi-Square = 218.160 (P = 0.000) Normal Theory Weighted Least Squares Chi-Square = 225.002 (P = 0.000) Estimated Non-centrality Parameter (NCP) = 81.002 90 Percent Confidence Interval for NCP = (44.232 ; 125.713)
Minimum Fit Function Value = 0.364 Population Discrepancy Function Value (F0) = 0.135 90 Percent Confidence Interval for F0 = (0.0738 ; 0.210) Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA) = 0.0306 90 Percent Confidence Interval for RMSEA = (0.0226 ; 0.0382) P-Value for Test of Close Fit (RMSEA < 0.05) = 1.00
Expected Cross-Validation Index (ECVI) = 0.529 90 Percent Confidence Interval for ECVI = (0.468 ; 0.604) ECVI for Saturated Model = 0.634 ECVI for Independence Model = 2.059
Chi-Square for Independence Model with 171 Degrees of Freedom = 1195.545 Independence AIC = 1233.545 Model AIC = 317.002 Saturated AIC = 380.000 Independence CAIC = 1336.086 Model CAIC = 565.261 Saturated CAIC = 1405.417 Normed Fit Index (NFI) = 0.818 Non-Normed Fit Index (NNFI) = 0.914 Parsimony Normed Fit Index (PNFI) = 0.688 Comparative Fit Index (CFI) = 0.928 Incremental Fit Index (IFI) = 0.929 Relative Fit Index (RFI) = 0.783
Critical N (CN) = 512.778
Root Mean Square Residual (RMR) = 0.0321 Standardized RMR = 0.0409 Goodness of Fit Index (GFI) = 0.962 Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI) = 0.950 Parsimony Goodness of Fit Index (PGFI) = 0.729
!ESTEFANO
243
Fitted Covariance Matrix
a3 a4 a9 a11 a15 a17
a3 0.383
a4 0.014 0.750
a9 0.069 0.017 0.447
a11 0.035 0.009 -0.020 0.914
a15 0.038 0.009 0.046 0.023 0.882
a17 0.011 0.003 0.013 0.007 0.007 0.752 a18 0.049 0.012 0.059 0.030 0.033 0.009 a21 0.070 0.017 0.084 0.043 0.047 0.013 a23 0.057 0.014 0.071 0.036 0.038 0.011 a31 0.043 0.010 0.052 0.026 0.029 0.008 a33 0.017 0.004 0.020 0.010 0.011 0.003 a35 0.057 0.014 0.068 0.035 0.038 0.010 a38 0.115 0.027 0.137 0.070 0.076 0.021 a40 0.058 0.014 0.069 0.035 0.038 0.011 a44 0.068 0.016 0.081 0.041 0.045 0.012 a5 0.065 0.013 0.064 0.032 0.043 0.010 a6 0.069 0.013 0.067 0.034 0.046 0.010 a13 0.067 0.013 0.065 0.033 0.044 0.010 a19 0.091 0.018 0.088 0.045 0.060 0.013
Fitted Covariance Matrix (continued)
a18 a21 a23 a31 a33 a35
a18 0.497
a21 0.060 0.426
a23 0.048 0.069 0.568
a31 0.037 0.053 0.042 0.417
a33 0.014 0.020 0.016 0.012 2.061
a35 0.049 0.070 0.056 0.043 0.162 0.694 a38 0.098 0.140 0.112 0.086 0.033 0.113 a40 0.050 0.071 0.057 0.043 0.192 0.158 a44 0.058 0.082 0.066 0.050 0.019 0.067 a5 0.056 0.080 0.052 0.049 0.019 0.065 a6 0.059 0.084 0.055 0.051 0.020 0.068 a13 0.057 0.081 0.053 0.050 0.019 0.066 a19 0.078 0.111 0.072 0.068 0.026 0.090
Fitted Covariance Matrix (continued)
a38 a40 a44 a5 a6 a13
a38 1.653
a40 0.115 0.669
a44 0.313 0.068 1.460
a5 0.130 0.066 0.077 0.627
244
a6 0.136 0.069 0.080 0.142 0.621
a13 0.133 0.067 0.078 0.061 0.064 0.345 a19 0.180 0.091 0.106 0.083 0.088 0.085
Fitted Covariance Matrix (continued)
a19
a19 0.740
Fitted Residuals
a3 a4 a9 a11 a15 a17
a3 0.000
a4 -0.005 0.000
a9 0.007 0.029 0.000
a11 0.002 -0.078 0.000 0.000
a15 -0.009 -0.011 -0.014 0.088 0.000
a17 -0.018 -0.051 -0.007 0.035 0.048 0.000 a18 -0.038 -0.002 -0.024 -0.053 -0.013 0.021 a21 0.016 -0.003 -0.002 0.012 -0.020 -0.031 a23 0.007 0.069 0.006 -0.043 0.042 -0.026 a31 -0.006 0.013 0.018 0.008 -0.003 0.041 a33 -0.030 0.062 -0.023 -0.003 0.089 0.025 a35 -0.004 -0.006 -0.024 0.013 -0.050 -0.009 a38 0.037 0.003 -0.021 0.046 0.003 0.003 a40 -0.021 -0.035 0.011 -0.003 -0.032 0.029 a44 -0.038 -0.101 -0.027 0.073 0.092 0.007 a5 0.013 0.005 -0.007 -0.036 -0.006 0.079 a6 0.007 -0.050 -0.003 0.026 -0.006 0.060 a13 0.007 0.015 0.030 -0.026 0.005 -0.028 a19 -0.024 -0.015 -0.013 0.024 0.014 -0.026
Fitted Residuals (continued)
a18 a21 a23 a31 a33 a35
a18 0.000
a21 -0.020 0.000
a23 0.024 0.003 0.000
a31 -0.011 -0.017 0.034 0.000
a33 0.032 0.037 0.102 0.042 0.000
a35 0.034 0.014 0.033 0.037 0.000 0.000 a38 0.001 0.052 -0.056 -0.044 -0.096 -0.039 a40 -0.011 0.013 -0.035 0.025 0.000 0.000 a44 -0.007 0.018 -0.045 -0.011 0.052 0.054 a5 0.054 0.010 -0.006 -0.028 -0.079 0.019 a6 0.015 -0.011 -0.004 0.025 0.019 0.037 a13 0.013 -0.010 -0.005 -0.006 -0.042 -0.039 a19 0.022 -0.008 -0.017 -0.018 0.008 -0.011
245
Fitted Residuals (continued)
a38 a40 a44 a5 a6 a13
a38 0.000
a40 0.014 0.000
a44 0.000 0.034 0.000
a5 -0.016 -0.030 0.006 0.000
a6 -0.080 0.026 0.043 0.000 0.000
a13 0.025 -0.022 -0.011 -0.012 -0.022 0.000 a19 0.018 0.042 0.002 -0.020 -0.007 0.033
Fitted Residuals (continued)
a19
a19 0.000
Summary Statistics for Fitted Residuals Smallest Fitted Residual = -0.101 Median Fitted Residual = 0.000 Largest Fitted Residual = 0.102
Stemleaf Plot
-10|1 - 9|6 - 8|0 - 7|98 - 6| - 5|63100 - 4|5432 - 3|99886552100 - 2|88766644432211000 - 1|887765433211111110 - 0|9987777666666554433333220000000000000000000000000 0|122333355667777788 1|0123333344455688899 2|124455556699 3|023344457777 4|1222368 5|2244 6|029 7|39 8|89 9|2 10|2
246
Standardized Residuals
a3 a4 a9 a11 a15 a17
a3 - -
a4 -0.283 - -
a9 0.539 1.485 - -
a11 0.092 -2.353 - - - -
a15 -0.445 -0.325 -0.674 2.509 - -
a17 -0.961 -1.668 -0.361 1.057 1.465 - - a18 -2.565 -0.072 -1.607 -2.100 -0.514 0.923 a21 1.355 -0.142 -0.129 0.613 -0.970 -1.634 a23 0.465 2.866 0.778 -1.723 1.619 -1.062 a31 -0.427 0.591 1.298 0.367 -0.120 1.898 a33 -0.923 1.231 -0.687 -0.056 1.660 0.495 a35 -0.215 -0.210 -1.364 0.447 -1.702 -0.331 a38 1.463 0.077 -0.820 1.064 0.065 0.081 a40 -1.260 -1.320 0.618 -0.093 -1.105 1.084 a44 -1.472 -2.467 -1.017 1.651 2.113 0.177 a5 0.846 0.196 -0.401 -1.267 -0.224 3.014 a6 0.479 -1.930 -0.174 0.922 -0.211 2.328 a13 0.671 0.854 2.584 -1.358 0.253 -1.537 a19 -1.541 -0.561 -0.742 0.810 0.526 -0.951
Standardized Residuals (continued)
a18 a21 a23 a31 a33 a35
a18 - -
a21 -1.347 - -
a23 1.285 0.180 - -
a31 -0.687 -1.275 1.967 - -
a33 0.820 1.142 2.502 1.172 - -
a35 1.630 0.791 1.489 1.913 - - - - a38 0.039 2.103 -1.758 -1.559 -1.420 -1.068 a40 -0.553 0.797 -1.651 1.338 - - - - a44 -0.236 0.720 -1.389 -0.390 0.771 1.449 a5 2.843 0.637 -0.307 -1.589 -1.880 0.857 a6 0.799 -0.735 -0.175 1.444 0.455 1.683 a13 0.993 -0.984 -0.324 -0.478 -1.505 -2.573 a19 1.146 -0.545 -0.799 -1.012 0.186 -0.494
Standardized Residuals (continued)
a38 a40 a44 a5 a6 a13
a38 - -
a40 0.402 - -
a44 - - 0.950 - -
a5 -0.487 -1.378 0.167 - -
a6 -2.500 1.181 1.293 - - - -
a13 1.172 -1.482 -0.484 -0.798 -1.545 - - a19 0.547 1.875 0.048 -0.874 -0.305 2.211
247
Standardized Residuals (continued)
a19
a19 - -
Summary Statistics for Standardized Residuals Smallest Standardized Residual = -2.573 Median Standardized Residual = 0.000 Largest Standardized Residual = 3.014
Stemleaf Plot
- 2|6655 - 2|41 - 1|99877776666555555 - 1|4444433333111000000 - 0|998887777766555555 - 0|444443333332222222111111000000000000000000000000000 0|1111222223444 0|5555555666677888888889999 1|001111122223333444 1|555566777999 2|01123 2|55689 3|0
Largest Positive Standardized Residuals
Residual for a23 and a4 2.866 Residual for a5 and a17 3.014 Residual for a5 and a18 2.843 Residual for a13 and a9 2.584 !ESTEFANO
248
Qplot of Standardized Residuals 3.5.......................................................................... . ..
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
. . x .
. . x .
. . x .
. . x .
. . * .
. . xx .
. . xxxx .
. . * * .
N . . **x .
o . . *x* .
r . . *** .
m . .xxxx .
a . . xx .
l . .*x .
. **xx .
Q . *** .
u . xxx .
a . x*x .
n . x* .
t . xx * .
i . xx . .
l . x* x . .
e . *x . .
s . *x . .
. ** . .
. xx . .
. xx . .
. x x . .
. x . .
. x . .
. x . .
. x. .
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
-3.5..........................................................................
-3.5 3.5
The Modification Indices Suggest to Add the
Path to from Decrease in Chi-Square New Estimate a18 DSO 11.0 -0.70
The Modification Indices Suggest to Add an Error Covariance
Between and Decrease in Chi-Square New Estimate a23 a4 8.2 0.08 a5 a18 8.1 0.06
Time used: 0.141 Seconds
249
APÊNDICE G: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação
pelo método USL com antecedente CON2 (Concepções 1)
DATE: 3/26/2009 TIME: 14:21
L I S R E L 8.72
BY
Karl G. Jöreskog and Dag Sörbom
This program is published exclusively by Scientific Software International, Inc.
7383 N. Lincoln Avenue, Suite 100 Lincolnwood, IL 60712, U.S.A.
Phone: (800)247-6113, (847)675-0720, Fax: (847)675-2140 Copyright by Scientific Software International, Inc., 1981-2005 Use of this program is subject to the terms specified in the
Universal Copyright Convention. Website: www.ssicentral.com
The following lines were read from file C:\Documents and
Settings\DirceudS\Desktop\estefano LISREL\estefano simplis 1.spj:
Observed Variables a1 - a44 Correlation Matrix from file Mestefano Sample Size 600 Latent Variables: ATI DSO CON Relationships: a3 a15 a18 a21 a31 a33 a35 a38 a40 a44=ATI a4 a9 a11 a17 a23=DSO a5 a6 a13 a19=CON CON=ATI CON=DSO
LET THE ERRORS BETWEEN a6 AND a5 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a44 AND a38 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a35 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a35 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a11 AND a9 CORRELATE Options: ND=3 RS ME=ML AD=OFF path diagram END OF PROBLEM 6.6in.02in
250
Sample Size = 600
!ESTEFANO
Covariance Matrix
a5 a6 a13 a19 a3 a4
a5 0.627
a6 0.142 0.621
a13 0.050 0.042 0.345
a19 0.064 0.081 0.118 0.740
a3 0.078 0.076 0.074 0.066 0.383
a4 0.018 -0.037 0.028 0.002 0.008 0.750 a9 0.057 0.064 0.095 0.075 0.076 0.046 a11 -0.004 0.060 0.007 0.068 0.037 -0.069 a15 0.037 0.040 0.049 0.075 0.029 -0.001 a17 0.089 0.070 -0.018 -0.012 -0.008 -0.048 a18 0.110 0.074 0.070 0.100 0.012 0.010 a21 0.089 0.073 0.072 0.102 0.086 0.014 a23 0.046 0.051 0.049 0.055 0.064 0.083 a31 0.021 0.076 0.044 0.050 0.037 0.023 a33 -0.061 0.039 -0.023 0.034 -0.013 0.066 a35 0.084 0.105 0.027 0.078 0.053 0.008 a38 0.114 0.056 0.158 0.198 0.151 0.030 a40 0.035 0.095 0.045 0.133 0.037 -0.022 a44 0.082 0.123 0.067 0.108 0.030 -0.084
Covariance Matrix (continued)
a9 a11 a15 a17 a18 a21
a9 0.447
a11 -0.020 0.914
a15 0.031 0.111 0.882
a17 0.006 0.042 0.055 0.752
a18 0.035 -0.023 0.020 0.030 0.497
a21 0.083 0.055 0.027 -0.018 0.041 0.426 a23 0.077 -0.007 0.080 -0.015 0.072 0.072 a31 0.070 0.035 0.026 0.048 0.026 0.035 a33 -0.003 0.007 0.100 0.028 0.046 0.057 a35 0.044 0.048 -0.012 0.001 0.083 0.083 a38 0.116 0.115 0.079 0.024 0.099 0.192 a40 0.080 0.032 0.007 0.040 0.038 0.084 a44 0.054 0.114 0.137 0.020 0.051 0.101
251
Covariance Matrix (continued)
a23 a31 a33 a35 a38 a40
a23 0.568
a31 0.076 0.417
a33 0.119 0.054 2.061
a35 0.089 0.080 0.162 0.694
a38 0.057 0.041 -0.063 0.074 1.653
a40 0.022 0.069 0.192 0.158 0.129 0.669 a44 0.021 0.039 0.072 0.120 0.313 0.102
Covariance Matrix (continued)
a44
a44 1.460 !ESTEFANO Number of Iterations = 52
LISREL Estimates (Maximum Likelihood) Measurement Equations
a5 = 0.244*CON, Errorvar.= 0.568 , R² = 0.0949 (0.0347) 16.341
a6 = 0.256*CON, Errorvar.= 0.555 , R² = 0.106 (0.0490) (0.0343) 5.229 16.196
a13 = 0.249*CON, Errorvar.= 0.283 , R² = 0.179 (0.0459) (0.0189) 5.416 14.965
a19 = 0.337*CON, Errorvar.= 0.627 , R² = 0.153 (0.0642) (0.0405) 5.252 15.485
a3 = 0.240*ATI, Errorvar.= 0.325 , R² = 0.151 (0.0295) (0.0204) 8.134 15.914
a4 = 0.0589*DSO, Errorvar.= 0.747 , R² = 0.00463
252
(0.0456) (0.0433) 1.292 17.253
a9 = 0.295*DSO, Errorvar.= 0.360 , R² = 0.195 (0.0464) (0.0308) 6.355 11.685
a11 = 0.149*DSO, Errorvar.= 0.892 , R² = 0.0243 (0.0544) (0.0528) 2.740 16.902
a15 = 0.159*ATI, Errorvar.= 0.857 , R² = 0.0287 (0.0455) (0.0502) 3.495 17.089
a17 = 0.0452*DSO, Errorvar.= 0.750 , R² = 0.00272 (0.0456) (0.0434) 0.992 17.275
a18 = 0.206*ATI, Errorvar.= 0.455 , R² = 0.0854 (0.0339) (0.0274) 6.081 16.599
a21 = 0.293*ATI, Errorvar.= 0.340 , R² = 0.202 (0.0310) (0.0223) 9.449 15.250
a23 = 0.241*DSO, Errorvar.= 0.510 , R² = 0.103 (0.0432) (0.0331) 5.584 15.419
a31 = 0.179*ATI, Errorvar.= 0.385 , R² = 0.0769 (0.0311) (0.0231) 5.765 16.678
a33 = 0.0686*ATI, Errorvar.= 2.056 , R² = 0.00228 (0.0706) (0.119) 0.971 17.288
a35 = 0.237*ATI, Errorvar.= 0.637 , R² = 0.0813 (0.0403) (0.0383) 5.897 16.615
a38 = 0.477*ATI, Errorvar.= 1.425 , R² = 0.138 (0.0616) (0.0889) 7.748 16.036
a40 = 0.241*ATI, Errorvar.= 0.611 , R² = 0.0871 (0.0395) (0.0369) 6.110 16.561
a44 = 0.282*ATI, Errorvar.= 1.381 , R² = 0.0543 (0.0589) (0.0820) 4.778 16.849
253
Error Covariance for a6 and a5 = 0.0797 (0.0252) 3.168
Error Covariance for a11 and a9 = -0.064 (0.0272) -2.370
Error Covariance for a35 and a33 = 0.145 (0.0481) 3.019
Error Covariance for a40 and a33 = 0.175 (0.0474) 3.700
Error Covariance for a40 and a35 = 0.100 (0.0271) 3.694
Error Covariance for a44 and a38 = 0.178 (0.0612) 2.911
Structural Equations
CON = 4.408*ATI - 3.386*DSO, Errorvar.= -0.908 , R² = 1.908 (16.288) (16.305) (3.476) 0.271 -0.208 -0.261
W_A_R_N_I_N_G : Error variance is negative.
Correlation Matrix of Independent Variables
ATI DSO
ATI 1.000
DSO 0.971 1.000
(0.131)
7.415
Covariance Matrix of Latent Variables
CON ATI DSO
CON 1.000
ATI 1.119 1.000
DSO 0.894 0.971 1.000
254
Goodness of Fit Statistics Degrees of Freedom = 143 Minimum Fit Function Chi-Square = 218.131 (P = 0.000) Normal Theory Weighted Least Squares Chi-Square = 224.929 (P = 0.000) Estimated Non-centrality Parameter (NCP) = 81.929 90 Percent Confidence Interval for NCP = (45.099 ; 126.694)
Minimum Fit Function Value = 0.364 Population Discrepancy Function Value (F0) = 0.137 90 Percent Confidence Interval for F0 = (0.0753 ; 0.212) Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA) = 0.0309 90 Percent Confidence Interval for RMSEA = (0.0229 ; 0.0385) P-Value for Test of Close Fit (RMSEA < 0.05) = 1.00
Expected Cross-Validation Index (ECVI) = 0.532 90 Percent Confidence Interval for ECVI = (0.471 ; 0.607) ECVI for Saturated Model = 0.634 ECVI for Independence Model = 2.059
Chi-Square for Independence Model with 171 Degrees of Freedom = 1195.545 Independence AIC = 1233.545 Model AIC = 318.929 Saturated AIC = 380.000 Independence CAIC = 1336.086 Model CAIC = 572.585 Saturated CAIC = 1405.417
Normed Fit Index (NFI) = 0.818 Non-Normed Fit Index (NNFI) = 0.912 Parsimony Normed Fit Index (PNFI) = 0.684 Comparative Fit Index (CFI) = 0.927 Incremental Fit Index (IFI) = 0.929 Relative Fit Index (RFI) = 0.782
Critical N (CN) = 509.724
Root Mean Square Residual (RMR) = 0.0321 Standardized RMR = 0.0409 Goodness of Fit Index (GFI) = 0.962 Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI) = 0.949 Parsimony Goodness of Fit Index (PGFI) = 0.724
!ESTEFANO
255
Fitted Covariance Matrix
a5 a6 a13 a19 a3 a4
a5 0.627
a6 0.142 0.621
a13 0.061 0.064 0.345
a19 0.082 0.086 0.084 0.740
a3 0.066 0.069 0.067 0.091 0.383
a4 0.013 0.013 0.013 0.018 0.014 0.751 a9 0.064 0.068 0.066 0.089 0.069 0.017 a11 0.032 0.034 0.033 0.045 0.035 0.009 a15 0.043 0.046 0.044 0.060 0.038 0.009 a17 0.010 0.010 0.010 0.014 0.011 0.003 a18 0.056 0.059 0.057 0.078 0.049 0.012 a21 0.080 0.084 0.082 0.111 0.070 0.017 a23 0.053 0.055 0.054 0.073 0.056 0.014 a31 0.049 0.051 0.050 0.068 0.043 0.010 a33 0.019 0.020 0.019 0.026 0.016 0.004 a35 0.065 0.068 0.066 0.090 0.057 0.014 a38 0.130 0.137 0.133 0.180 0.115 0.027 a40 0.066 0.069 0.067 0.091 0.058 0.014 a44 0.077 0.081 0.078 0.106 0.068 0.016
Fitted Covariance Matrix (continued)
a9 a11 a15 a17 a18 a21
a9 0.447
a11 -0.020 0.914
a15 0.046 0.023 0.882
a17 0.013 0.007 0.007 0.752
a18 0.059 0.030 0.033 0.009 0.497
a21 0.084 0.042 0.047 0.013 0.060 0.426 a23 0.071 0.036 0.037 0.011 0.048 0.069 a31 0.051 0.026 0.028 0.008 0.037 0.052 a33 0.020 0.010 0.011 0.003 0.014 0.020 a35 0.068 0.034 0.038 0.010 0.049 0.070 a38 0.137 0.069 0.076 0.021 0.098 0.140 a40 0.069 0.035 0.038 0.011 0.050 0.071 a44 0.081 0.041 0.045 0.012 0.058 0.083
Fitted Covariance Matrix (continued)
a23 a31 a33 a35 a38 a40
a23 0.568
a31 0.042 0.417
a33 0.016 0.012 2.061
a35 0.056 0.043 0.162 0.694
a38 0.112 0.085 0.033 0.113 1.653
a40 0.057 0.043 0.192 0.158 0.115 0.669 a44 0.066 0.050 0.019 0.067 0.313 0.068
256
Fitted Covariance Matrix (continued)
a44
a44 1.460
Fitted Residuals
a5 a6 a13 a19 a3 a4
a5 0.000
a6 0.000 0.000
a13 -0.011 -0.022 0.000
a19 -0.018 -0.005 0.034 0.000
a3 0.013 0.007 0.007 -0.024 0.000
a4 0.005 -0.050 0.015 -0.015 -0.005 0.000 a9 -0.008 -0.004 0.029 -0.014 0.007 0.028 a11 -0.036 0.026 -0.027 0.024 0.002 -0.078 a15 -0.006 -0.006 0.005 0.015 -0.009 -0.010 a17 0.079 0.060 -0.028 -0.026 -0.018 -0.051 a18 0.054 0.015 0.012 0.022 -0.038 -0.002 a21 0.009 -0.011 -0.010 -0.008 0.016 -0.003 a23 -0.007 -0.004 -0.005 -0.018 0.007 0.069 a31 -0.028 0.025 -0.006 -0.018 -0.006 0.013 a33 -0.079 0.019 -0.042 0.008 -0.029 0.062 a35 0.019 0.037 -0.039 -0.011 -0.004 -0.006 a38 -0.016 -0.081 0.025 0.018 0.037 0.003 a40 -0.031 0.025 -0.022 0.042 -0.021 -0.035 a44 0.005 0.043 -0.011 0.002 -0.038 -0.101
Fitted Residuals (continued)
a9 a11 a15 a17 a18 a21
a9 0.000
a11 0.000 0.000
a15 -0.014 0.088 0.000
a17 -0.007 0.035 0.048 0.000
a18 -0.024 -0.052 -0.013 0.021 0.000
a21 -0.001 0.013 -0.020 -0.031 -0.020 0.000 a23 0.006 -0.043 0.043 -0.026 0.024 0.003 a31 0.018 0.009 -0.003 0.041 -0.011 -0.017 a33 -0.023 -0.003 0.089 0.025 0.032 0.037 a35 -0.024 0.014 -0.050 -0.009 0.034 0.014 a38 -0.021 0.046 0.003 0.003 0.001 0.052 a40 0.011 -0.002 -0.032 0.029 -0.011 0.013 a44 -0.027 0.073 0.092 0.007 -0.008 0.018
257
Fitted Residuals (continued)
a23 a31 a33 a35 a38 a40
a23 0.000
a31 0.034 0.000
a33 0.102 0.042 0.000
a35 0.033 0.037 0.000 0.000
a38 -0.055 -0.044 -0.095 -0.039 0.000
a40 -0.035 0.025 0.000 0.000 0.014 0.000 a44 -0.045 -0.011 0.053 0.053 0.000 0.034
Fitted Residuals (continued)
a44
a44 0.000
Summary Statistics for Fitted Residuals Smallest Fitted Residual = -0.101 Median Fitted Residual = 0.000 Largest Fitted Residual = 0.102
Stemleaf Plot
-10|1 - 9|5 - 8|1 - 7|98 - 6| - 5|52100 - 4|5432 - 3|9988655211 - 2|98877664443221100 - 1|8888765443111111100 - 0|9988877666665554443332210000000000000000000000000 0|1223333555677777899 1|123333444555688899 2|1244555556899 3|23444457777 4|1223368 5|2334 6|029 7|39 8|89 9|2 10|2
258
Standardized Residuals
a5 a6 a13 a19 a3 a4
a5 - -
a6 - - - -
a13 -0.790 -1.593 - -
a19 -0.855 -0.262 2.577 - -
a3 0.832 0.462 0.662 -1.542 - -
a4 0.190 -1.942 0.849 -0.568 -0.281 - - a9 -0.460 -0.232 2.663 -0.822 0.558 1.483 a11 -1.280 0.917 -1.377 0.810 0.106 -2.353 a15 -0.228 -0.216 0.253 0.531 -0.442 -0.324 a17 3.013 2.326 -1.549 -0.959 -0.959 -1.669 a18 2.831 0.782 0.979 1.141 -2.571 -0.071 a21 0.620 -0.759 -1.000 -0.543 1.358 -0.139 a23 -0.334 -0.204 -0.361 -0.834 0.489 2.864 a31 -1.596 1.439 -0.479 -1.005 -0.421 0.593 a33 -1.880 0.457 -1.502 0.192 -0.919 1.232 a35 0.847 1.673 -2.585 -0.493 -0.214 -0.209 a38 -0.505 -2.525 1.162 0.547 1.463 0.078 a40 -1.392 1.169 -1.494 1.877 -1.260 -1.318 a44 0.156 1.283 -0.495 0.046 -1.475 -2.466
Standardized Residuals (continued)
a9 a11 a15 a17 a18 a21
a9 - -
a11 - - - -
a15 -0.665 2.514 - -
a17 -0.367 1.057 1.465 - -
a18 -1.608 -2.092 -0.515 0.922 - -
a21 -0.109 0.630 -0.965 -1.631 -1.353 - - a23 0.770 -1.715 1.628 -1.063 1.296 0.209 a31 1.316 0.378 -0.116 1.897 -0.687 -1.267 a33 -0.680 -0.052 1.662 0.496 0.823 1.148 a35 -1.356 0.457 -1.699 -0.330 1.626 0.793 a38 -0.812 1.076 0.068 0.081 0.032 2.103 a40 0.628 -0.083 -1.103 1.083 -0.558 0.797 a44 -1.014 1.657 2.114 0.177 -0.241 0.718
Standardized Residuals (continued)
a23 a31 a33 a35 a38 a40
a23 - -
a31 1.985 - -
a33 2.505 1.176 - -
a35 1.505 1.917 - - - -
a38 -1.739 -1.554 -1.416 -1.068 - -
a40 -1.636 1.341 - - - - 0.400 - - a44 -1.379 -0.388 0.774 1.447 - - 0.948
259
Standardized Residuals (continued)
a44
a44 - -
Summary Statistics for Standardized Residuals Smallest Standardized Residual = -2.585 Median Standardized Residual = 0.000 Largest Standardized Residual = 3.013
Stemleaf Plot
- 2|6655 - 2|41 - 1|99777766666655555 - 1|4444443333111000000 - 0|9988888777665555555 - 0|44444333332222222111111000000000000000000000000000 0|111122222344 0|555555566666778888888888999 1|01111122223333444 1|555566777999 2|0113 2|556789 3|0
Largest Negative Standardized Residuals
Residual for a35 and a13 -2.585
Largest Positive Standardized Residuals Residual for a19 and a13 2.577 Residual for a9 and a13 2.663 Residual for a17 and a5 3.013 Residual for a18 and a5 2.831 Residual for a23 and a4 2.864 !ESTEFANO
260
Qplot of Standardized Residuals 3.5.......................................................................... . ..
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
. . x .
. . x .
. . x .
. . x .
. . * .
. . x x .
. . xxxx .
. . * * .
N . . **x .
o . . **x .
r . . *** .
m . .xxxx .
a . . xx .
l . .*x .
. **x*x .
Q . *xx .
u . xxx .
a . xx* .
n . *x .
t . *xx* .
i . *xx. .
l . x* x . .
e . *x . .
s . *x . .
. ** . .
. xx . .
. xx . .
. x x . .
. x . .
. x . .
. x . .
. x. .
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
-3.5..........................................................................
-3.5 3.5
The Modification Indices Suggest to Add the
Path to from Decrease in Chi-Square New Estimate a18 DSO 11.0 -0.72
The Modification Indices Suggest to Add an Error Covariance
Between and Decrease in Chi-Square New Estimate a18 a5 8.1 0.06 a23 a4 8.2 0.08
Time used: 0.141 Seconds
261
APÊNDICE H: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação
pelo método USL com antecedente ATI1 (Atitudes frente ao
desenvolvimento tecnológico 1)
DATE: 3/26/2009 TIME: 14:26
L I S R E L 8.72
BY
Karl G. Jöreskog and Dag Sörbom
This program is published exclusively by Scientific Software International, Inc.
7383 N. Lincoln Avenue, Suite 100 Lincolnwood, IL 60712, U.S.A.
Phone: (800)247-6113, (847)675-0720, Fax: (847)675-2140 Copyright by Scientific Software International, Inc., 1981-2005 Use of this program is subject to the terms specified in the
Universal Copyright Convention. Website: www.ssicentral.com
The following lines were read from file C:\Documents and
Settings\DirceudS\Desktop\estefano LISREL\estefano simplis 1.spj:
Observed Variables a1 - a44 Correlation Matrix from file Mestefano Sample Size 600 Latent Variables: ATI DSO CON Relationships: a3 a15 a18 a21 a31 a33 a35 a38 a40 a44=ATI a4 a9 a11 a17 a23=DSO a5 a6 a13 a19=CON CON=ATI DSO=ATI
LET THE ERRORS BETWEEN a6 AND a5 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a44 AND a38 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a35 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a35 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a11 AND a9 CORRELATE Options: ND=3 RS ME=ML AD=OFF path diagram END OF PROBLEM 6.6in.02in
262
Sample Size = 600
!ESTEFANO
Covariance Matrix
a4 a5 a6 a9 a11 a13
a4 0.750
a5 0.018 0.627
a6 -0.037 0.142 0.621
a9 0.046 0.057 0.064 0.447
a11 -0.069 -0.004 0.060 -0.020 0.914
a13 0.028 0.050 0.042 0.095 0.007 0.345 a17 -0.048 0.089 0.070 0.006 0.042 -0.018 a19 0.002 0.064 0.081 0.075 0.068 0.118 a23 0.083 0.046 0.051 0.077 -0.007 0.049 a3 0.008 0.078 0.076 0.076 0.037 0.074 a15 -0.001 0.037 0.040 0.031 0.111 0.049 a18 0.010 0.110 0.074 0.035 -0.023 0.070 a21 0.014 0.089 0.073 0.083 0.055 0.072 a31 0.023 0.021 0.076 0.070 0.035 0.044 a33 0.066 -0.061 0.039 -0.003 0.007 -0.023 a35 0.008 0.084 0.105 0.044 0.048 0.027 a38 0.030 0.114 0.056 0.116 0.115 0.158 a40 -0.022 0.035 0.095 0.080 0.032 0.045 a44 -0.084 0.082 0.123 0.054 0.114 0.067
Covariance Matrix (continued)
a17 a19 a23 a3 a15 a18
a17 0.752
a19 -0.012 0.740
a23 -0.015 0.055 0.568
a3 -0.008 0.066 0.064 0.383
a15 0.055 0.075 0.080 0.029 0.882
a18 0.030 0.100 0.072 0.012 0.020 0.497 a21 -0.018 0.102 0.072 0.086 0.027 0.041 a31 0.048 0.050 0.076 0.037 0.026 0.026 a33 0.028 0.034 0.119 -0.013 0.100 0.046 a35 0.001 0.078 0.089 0.053 -0.012 0.083 a38 0.024 0.198 0.057 0.151 0.079 0.099 a40 0.040 0.133 0.022 0.037 0.007 0.038 a44 0.020 0.108 0.021 0.030 0.137 0.051
263
Covariance Matrix (continued)
a21 a31 a33 a35 a38 a40
a21 0.426
a31 0.035 0.417
a33 0.057 0.054 2.061
a35 0.083 0.080 0.162 0.694
a38 0.192 0.041 -0.063 0.074 1.653
a40 0.084 0.069 0.192 0.158 0.129 0.669 a44 0.101 0.039 0.072 0.120 0.313 0.102
Covariance Matrix (continued)
a44
a44 1.460 !ESTEFANO Number of Iterations = 47
LISREL Estimates (Maximum Likelihood) Measurement Equations
a4 = 0.0625*DSO, Errorvar.= 0.747 , R² = 0.00520 (0.0433) 17.243
a5 = 0.241*CON, Errorvar.= 0.569 , R² = 0.0929 (0.0348) 16.357
a6 = 0.254*CON, Errorvar.= 0.556 , R² = 0.104 (0.0493) (0.0343) 5.162 16.204
a9 = 0.303*DSO, Errorvar.= 0.355 , R² = 0.206 (0.226) (0.0316) 1.342 11.250
a11 = 0.143*DSO, Errorvar.= 0.893 , R² = 0.0225 (0.118) (0.0528) 1.214 16.911
a13 = 0.252*CON, Errorvar.= 0.281 , R² = 0.184 (0.0469) (0.0189)
264
5.375 14.838
a17 = 0.0446*DSO, Errorvar.= 0.750 , R² = 0.00265 (0.0565) (0.0434) 0.790 17.274
a19 = 0.336*CON, Errorvar.= 0.627 , R² = 0.152 (0.0648) (0.0405) 5.183 15.485
a23 = 0.239*DSO, Errorvar.= 0.511 , R² = 0.100 (0.180) (0.0330) 1.328 15.487
a3 = 0.244*ATI, Errorvar.= 0.323 , R² = 0.156 (0.0298) (0.0205) 8.178 15.764
a15 = 0.156*ATI, Errorvar.= 0.858 , R² = 0.0274 (0.0464) (0.0503) 3.356 17.073
a18 = 0.205*ATI, Errorvar.= 0.455 , R² = 0.0849 (0.0344) (0.0275) 5.968 16.536
a21 = 0.303*ATI, Errorvar.= 0.334 , R² = 0.215 (0.0312) (0.0223) 9.706 14.990
a31 = 0.178*ATI, Errorvar.= 0.385 , R² = 0.0763 (0.0316) (0.0232) 5.648 16.621
a33 = 0.0708*ATI, Errorvar.= 2.056 , R² = 0.00243 (0.0722) (0.119) 0.981 17.284
a35 = 0.244*ATI, Errorvar.= 0.634 , R² = 0.0860 (0.0409) (0.0384) 5.969 16.495
a38 = 0.496*ATI, Errorvar.= 1.407 , R² = 0.149 (0.0623) (0.0890) 7.960 15.815
a40 = 0.248*ATI, Errorvar.= 0.608 , R² = 0.0917 (0.0401) (0.0370) 6.173 16.438
a44 = 0.292*ATI, Errorvar.= 1.375 , R² = 0.0583 (0.0601) (0.0821) 4.854 16.753
265
Error Covariance for a6 and a5 = 0.0808 (0.0252) 3.210 Error Covariance for a11 and a9 = -0.064 (0.0273) -2.346
Error Covariance for a35 and a33 = 0.144 (0.0482) 2.993
Error Covariance for a40 and a33 = 0.174 (0.0475) 3.673
Error Covariance for a40 and a35 = 0.0970 (0.0272) 3.570
Error Covariance for a44 and a38 = 0.168 (0.0613) 2.741
Structural Equations
DSO = 0.889*ATI, Errorvar.= 0.209 , R² = 0.791 (0.657) (0.384) 1.354 0.544
CON = 1.069*ATI, Errorvar.= -0.144 , R² = 1.144 (0.168) (0.160) 6.348 -0.896
W_A_R_N_I_N_G : Error variance is negative.
Correlation Matrix of Independent Variables
ATI 1.000
Covariance Matrix of Latent Variables
DSO CON ATI
DSO 1.000
CON 0.951 1.000
ATI 0.889 1.069 1.000
266
Goodness of Fit Statistics Degrees of Freedom = 144 Minimum Fit Function Chi-Square = 220.043 (P = 0.000) Normal Theory Weighted Least Squares Chi-Square = 226.427 (P = 0.000) Estimated Non-centrality Parameter (NCP) = 82.427 90 Percent Confidence Interval for NCP = (45.466 ; 127.325)
Minimum Fit Function Value = 0.367 Population Discrepancy Function Value (F0) = 0.138 90 Percent Confidence Interval for F0 = (0.0759 ; 0.213) Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA) = 0.0309 90 Percent Confidence Interval for RMSEA = (0.0230 ; 0.0384) P-Value for Test of Close Fit (RMSEA < 0.05) = 1.00
Expected Cross-Validation Index (ECVI) = 0.532 90 Percent Confidence Interval for ECVI = (0.470 ; 0.607) ECVI for Saturated Model = 0.634 ECVI for Independence Model = 2.059
Chi-Square for Independence Model with 171 Degrees of Freedom = 1195.545 Independence AIC = 1233.545 Model AIC = 318.427 Saturated AIC = 380.000 Independence CAIC = 1336.086 Model CAIC = 566.686 Saturated CAIC = 1405.417 Normed Fit Index (NFI) = 0.816 Non-Normed Fit Index (NNFI) = 0.912 Parsimony Normed Fit Index (PNFI) = 0.687 Comparative Fit Index (CFI) = 0.926 Incremental Fit Index (IFI) = 0.928 Relative Fit Index (RFI) = 0.781
Critical N (CN) = 508.399
Root Mean Square Residual (RMR) = 0.0322 Standardized RMR = 0.0411 Goodness of Fit Index (GFI) = 0.962 Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI) = 0.950 Parsimony Goodness of Fit Index (PGFI) = 0.729
!ESTEFANO
267
Fitted Covariance Matrix
a4 a5 a6 a9 a11 a13
a4 0.750
a5 0.014 0.627
a6 0.015 0.142 0.621
a9 0.019 0.070 0.073 0.447
a11 0.009 0.033 0.035 -0.020 0.914
a13 0.015 0.061 0.064 0.073 0.034 0.345 a17 0.003 0.010 0.011 0.014 0.006 0.011 a19 0.020 0.081 0.085 0.097 0.046 0.085 a23 0.015 0.055 0.058 0.072 0.034 0.057 a3 0.014 0.063 0.066 0.066 0.031 0.066 a15 0.009 0.040 0.042 0.042 0.020 0.042 a18 0.011 0.053 0.056 0.055 0.026 0.055 a21 0.017 0.078 0.082 0.082 0.039 0.082 a31 0.010 0.046 0.049 0.048 0.023 0.048 a33 0.004 0.018 0.019 0.019 0.009 0.019 a35 0.014 0.063 0.066 0.066 0.031 0.066 a38 0.028 0.128 0.135 0.134 0.063 0.134 a40 0.014 0.064 0.067 0.067 0.032 0.067 a44 0.016 0.075 0.079 0.079 0.037 0.079
Fitted Covariance Matrix (continued)
a17 a19 a23 a3 a15 a18
a17 0.752
a19 0.014 0.740
a23 0.011 0.076 0.568
a3 0.010 0.088 0.052 0.383
a15 0.006 0.056 0.033 0.038 0.882
a18 0.008 0.074 0.044 0.050 0.032 0.497 a21 0.012 0.109 0.064 0.074 0.047 0.062 a31 0.007 0.064 0.038 0.043 0.028 0.037 a33 0.003 0.025 0.015 0.017 0.011 0.015 a35 0.010 0.088 0.052 0.060 0.038 0.050 a38 0.020 0.178 0.105 0.121 0.077 0.102 a40 0.010 0.089 0.053 0.060 0.039 0.051 a44 0.012 0.105 0.062 0.071 0.045 0.060
Fitted Covariance Matrix (continued)
a21 a31 a33 a35 a38 a40
a21 0.426
a31 0.054 0.417
a33 0.021 0.013 2.061
a35 0.074 0.044 0.162 0.694
a38 0.150 0.088 0.035 0.121 1.653
a40 0.075 0.044 0.192 0.158 0.123 0.669 a44 0.088 0.052 0.021 0.071 0.313 0.072
268
Fitted Covariance Matrix (continued)
a44
a44 1.460
Fitted Residuals
a4 a5 a6 a9 a11 a13
a4 0.000
a5 0.003 0.000
a6 -0.052 0.000 0.000
a9 0.027 -0.013 -0.010 0.000
a11 -0.078 -0.037 0.025 0.000 0.000
a13 0.013 -0.011 -0.022 0.022 -0.028 0.000 a17 -0.051 0.079 0.060 -0.007 0.035 -0.029 a19 -0.018 -0.017 -0.005 -0.022 0.023 0.033 a23 0.068 -0.009 -0.007 0.005 -0.041 -0.009 a3 -0.005 0.015 0.009 0.010 0.006 0.008 a15 -0.010 -0.003 -0.002 -0.011 0.092 0.007 a18 -0.001 0.057 0.018 -0.021 -0.049 0.014 a21 -0.003 0.011 -0.010 0.001 0.017 -0.010 a31 0.013 -0.025 0.028 0.022 0.012 -0.004 a33 0.062 -0.079 0.019 -0.022 -0.002 -0.042 a35 -0.006 0.021 0.039 -0.022 0.017 -0.039 a38 0.003 -0.014 -0.079 -0.018 0.052 0.024 a40 -0.035 -0.029 0.027 0.013 0.001 -0.022 a44 -0.101 0.007 0.044 -0.025 0.077 -0.011
Fitted Residuals (continued)
a17 a19 a23 a3 a15 a18
a17 0.000
a19 -0.027 0.000
a23 -0.026 -0.021 0.000
a3 -0.017 -0.021 0.012 0.000
a15 0.048 0.019 0.047 -0.009 0.000
a18 0.022 0.026 0.029 -0.038 -0.012 0.000 a21 -0.030 -0.006 0.008 0.013 -0.020 -0.022 a31 0.041 -0.014 0.038 -0.006 -0.002 -0.011 a33 0.025 0.009 0.104 -0.030 0.089 0.031 a35 -0.008 -0.009 0.037 -0.006 -0.050 0.033 a38 0.005 0.020 -0.049 0.030 0.002 -0.003 a40 0.030 0.044 -0.031 -0.024 -0.032 -0.013 a44 0.008 0.003 -0.041 -0.042 0.092 -0.009
269
Fitted Residuals (continued)
a21 a31 a33 a35 a38 a40
a21 0.000
a31 -0.019 0.000
a33 0.036 0.042 0.000
a35 0.009 0.036 0.000 0.000
a38 0.042 -0.047 -0.098 -0.047 0.000
a40 0.009 0.024 0.000 0.000 0.007 0.000 a44 0.013 -0.013 0.051 0.049 0.000 0.030
Fitted Residuals (continued)
a44
a44 0.000
Summary Statistics for Fitted Residuals Smallest Fitted Residual = -0.101 Median Fitted Residual = 0.000 Largest Fitted Residual = 0.104
Stemleaf Plot
-10|1 - 9|8 - 8| - 7|998 - 6| - 5|210 - 4|99772211 - 3|98752100 - 2|998765542222221110 - 1|9887744333211110000 - 0|99999877666655433322210000000000000000000000000 0|1123335567778889999 1|0122333334577899 2|012223445567789 3|000133566789 4|12244789 5|127 6|028 7|79 8|9 9|22 10|4
270
Standardized Residuals
a4 a5 a6 a9 a11 a13
a4 - -
a5 0.134 - -
a6 -2.029 - - - -
a9 1.432 -0.780 -0.589 - -
a11 -2.357 -1.309 0.905 - - - -
a13 0.767 -0.807 -1.636 1.996 -1.491 - - a17 -1.674 3.028 2.336 -0.384 1.066 -1.634 a19 -0.664 -0.799 -0.220 -1.294 0.790 2.537 a23 2.837 -0.441 -0.328 0.638 -1.640 -0.628 a3 -0.268 0.983 0.613 0.769 0.275 0.752 a15 -0.308 -0.105 -0.091 -0.487 2.584 0.379 a18 -0.055 2.957 0.938 -1.329 -1.919 1.119 a21 -0.140 0.737 -0.639 0.080 0.797 -0.997 a31 0.602 -1.412 1.580 1.502 0.507 -0.324 a33 1.231 -1.856 0.464 -0.655 -0.036 -1.495 a35 -0.207 0.919 1.731 -1.210 0.558 -2.554 a38 0.071 -0.429 -2.446 -0.679 1.194 1.119 a40 -1.307 -1.290 1.240 0.743 0.030 -1.457 a44 -2.459 0.203 1.315 -0.923 1.724 -0.504
Standardized Residuals (continued)
a17 a19 a23 a3 a15 a18
a17 - -
a19 -1.002 - -
a23 -1.052 -1.010 - -
a3 -0.898 -1.332 0.760 - -
a15 1.483 0.671 1.762 -0.434 - -
a18 0.949 1.319 1.511 -2.636 -0.482 - - a21 -1.555 -0.420 0.492 1.079 -1.008 -1.502 a31 1.914 -0.795 2.173 -0.463 -0.084 -0.673 a33 0.500 0.200 2.501 -0.955 1.660 0.815 a35 -0.302 -0.410 1.645 -0.370 -1.717 1.578 a38 0.111 0.598 -1.497 1.229 0.040 -0.084 a40 1.103 1.944 -1.421 -1.427 -1.115 -0.619 a44 0.195 0.087 -1.235 -1.636 2.110 -0.304
Standardized Residuals (continued)
a21 a31 a33 a35 a38 a40
a21 - -
a31 -1.403 - -
a33 1.134 1.169 - -
a35 0.553 1.876 - - - -
a38 1.737 -1.681 -1.475 -1.308 - -
a40 0.558 1.300 - - - - 0.188 - - a44 0.506 -0.446 0.758 1.343 - - 0.838
271
Standardized Residuals (continued)
a44
a44 - -
Summary Statistics for Standardized Residuals Smallest Standardized Residual = -2.636 Median Standardized Residual = 0.000 Largest Standardized Residual = 3.028
Stemleaf Plot
- 2|665 - 2|440 - 1|9977766666555555 - 1|44443333333221100000 - 0|998888777766665555 - 0|44444444333333221111110000000000000000000000000000 0|11111222234 0|5555566666667778888888889999 1|01111112222233334 1|55566677778999 2|0123 2|5568 3|00
Largest Negative Standardized Residuals
Residual for a18 and a3 -2.636
Largest Positive Standardized Residuals Residual for a17 and a5 3.028 Residual for a23 and a4 2.837 Residual for a15 and a11 2.584 Residual for a18 and a5 2.957 !ESTEFANO
272
Qplot of Standardized Residuals 3.5.......................................................................... . ..
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
. . x .
. . x .
. . x .
. . x .
. . * .
. . x x .
. . x*x .
. . xx .
N . . *x .
o . . xxx .
r . . *xx .
m . . xx* .
a . . *xx .
l . .*x* .
. xxxx .
Q . xxxx .
u . x** .
a . **. .
n . *x* .
t . ***. .
i . xx . .
l . x*x . .
e . x** . .
s . x . .
. xx . .
. * . .
. xx . .
. x x . .
. x . .
. x . .
. x . .
. x . .
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
-3.5..........................................................................
-3.5 3.5
The Modification Indices Suggest to Add an Error Covariance
Between and Decrease in Chi-Square New Estimate a23 a4 8.0 0.07 a18 a5 8.5 0.06
Time used: 0.125 Seconds
273
APÊNDICE I: Relatório gerado pelo sistema LISREL®: estimação
pelo método USL com antecedente ATI2 (Atitudes frente ao
desenvolvimento tecnológico 2)
DATE: 3/26/2009 TIME: 16:25
L I S R E L 8.72
BY
Karl G. Jöreskog and Dag Sörbom
This program is published exclusively by Scientific Software International, Inc.
7383 N. Lincoln Avenue, Suite 100 Lincolnwood, IL 60712, U.S.A.
Phone: (800)247-6113, (847)675-0720, Fax: (847)675-2140 Copyright by Scientific Software International, Inc., 1981-2005 Use of this program is subject to the terms specified in the
Universal Copyright Convention. Website: www.ssicentral.com
The following lines were read from file C:\Documents and
Settings\DirceudS\Desktop\estefano LISREL\estefano simplis 1.spj:
Observed Variables a1 - a44 Correlation Matrix from file Mestefano Sample Size 600 Latent Variables: ATI DSO CON Relationships: a3 a15 a18 a21 a31 a33 a35 a38 a40 a44=ATI a4 a9 a11 a17 a23=DSO a5 a6 a13 a19=CON ATI=CON ATI=DSO
LET THE ERRORS BETWEEN a6 AND a5 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a44 AND a38 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a40 AND a35 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a35 AND a33 CORRELATE LET THE ERRORS BETWEEN a11 AND a9 CORRELATE Options: ND=3 RS ME=ML AD=OFF path diagram END OF PROBLEM 6.6in.02in
274
Sample Size = 600
!ESTEFANO
Covariance Matrix
a3 a15 a18 a21 a31 a33
a3 0.383
a15 0.029 0.882
a18 0.012 0.020 0.497
a21 0.086 0.027 0.041 0.426
a31 0.037 0.026 0.026 0.035 0.417
a33 -0.013 0.100 0.046 0.057 0.054 2.061 a35 0.053 -0.012 0.083 0.083 0.080 0.162 a38 0.151 0.079 0.099 0.192 0.041 -0.063 a40 0.037 0.007 0.038 0.084 0.069 0.192 a44 0.030 0.137 0.051 0.101 0.039 0.072 a4 0.008 -0.001 0.010 0.014 0.023 0.066 a5 0.078 0.037 0.110 0.089 0.021 -0.061 a6 0.076 0.040 0.074 0.073 0.076 0.039 a9 0.076 0.031 0.035 0.083 0.070 -0.003 a11 0.037 0.111 -0.023 0.055 0.035 0.007 a13 0.074 0.049 0.070 0.072 0.044 -0.023 a17 -0.008 0.055 0.030 -0.018 0.048 0.028 a19 0.066 0.075 0.100 0.102 0.050 0.034 a23 0.064 0.080 0.072 0.072 0.076 0.119
Covariance Matrix (continued)
a35 a38 a40 a44 a4 a5
a35 0.694
a38 0.074 1.653
a40 0.158 0.129 0.669
a44 0.120 0.313 0.102 1.460
a4 0.008 0.030 -0.022 -0.084 0.750
a5 0.084 0.114 0.035 0.082 0.018 0.627 a6 0.105 0.056 0.095 0.123 -0.037 0.142 a9 0.044 0.116 0.080 0.054 0.046 0.057 a11 0.048 0.115 0.032 0.114 -0.069 -0.004 a13 0.027 0.158 0.045 0.067 0.028 0.050 a17 0.001 0.024 0.040 0.020 -0.048 0.089 a19 0.078 0.198 0.133 0.108 0.002 0.064 a23 0.089 0.057 0.022 0.021 0.083 0.046
275
Covariance Matrix (continued)
a6 a9 a11 a13 a17 a19
a6 0.621
a9 0.064 0.447
a11 0.060 -0.020 0.914
a13 0.042 0.095 0.007 0.345
a17 0.070 0.006 0.042 -0.018 0.752
a19 0.081 0.075 0.068 0.118 -0.012 0.740 a23 0.051 0.077 -0.007 0.049 -0.015 0.055
Covariance Matrix (continued)
a23
a23 0.568 !ESTEFANO Number of Iterations = 27
LISREL Estimates (Maximum Likelihood) Measurement Equations
a3 = 0.240*ATI, Errorvar.= 0.325 , R² = 0.151 (0.0204) 15.914
a15 = 0.159*ATI, Errorvar.= 0.857 , R² = 0.0287 (0.0490) (0.0502) 3.245 17.089
a18 = 0.206*ATI, Errorvar.= 0.455 , R² = 0.0854 (0.0413) (0.0274) 4.993 16.599
a21 = 0.293*ATI, Errorvar.= 0.340 , R² = 0.202 (0.0456) (0.0223) 6.427 15.250
a31 = 0.179*ATI, Errorvar.= 0.385 , R² = 0.0769 (0.0372) (0.0231) 4.813 16.678
a33 = 0.0686*ATI, Errorvar.= 2.056 , R² = 0.00228 (0.0710) (0.119) 0.965 17.288
276
a35 = 0.237*ATI, Errorvar.= 0.637 , R² = 0.0813 (0.0485) (0.0383) 4.891 16.615
a38 = 0.477*ATI, Errorvar.= 1.425 , R² = 0.138 (0.0822) (0.0889) 5.804 16.036
a40 = 0.241*ATI, Errorvar.= 0.611 , R² = 0.0871 (0.0482) (0.0369) 5.011 16.561
a44 = 0.282*ATI, Errorvar.= 1.381 , R² = 0.0543 (0.0671) (0.0820) 4.195 16.849 a4 = 0.0589*DSO, Errorvar.= 0.747 , R² = 0.00463 (0.0456) (0.0433) 1.292 17.253
a5 = 0.244*CON, Errorvar.= 0.568 , R² = 0.0949 (0.0393) (0.0347) 6.205 16.341
a6 = 0.256*CON, Errorvar.= 0.555 , R² = 0.106 (0.0392) (0.0343) 6.533 16.196
a9 = 0.295*DSO, Errorvar.= 0.360 , R² = 0.195 (0.0464) (0.0308) 6.355 11.685
a11 = 0.149*DSO, Errorvar.= 0.892 , R² = 0.0243 (0.0544) (0.0528) 2.740 16.902
a13 = 0.249*CON, Errorvar.= 0.283 , R² = 0.179 (0.0298) (0.0189) 8.340 14.965
a17 = 0.0452*DSO, Errorvar.= 0.750 , R² = 0.00272 (0.0456) (0.0434) 0.992 17.275
a19 = 0.337*CON, Errorvar.= 0.627 , R² = 0.153 (0.0431) (0.0405) 7.813 15.485
a23 = 0.241*DSO, Errorvar.= 0.510 , R² = 0.103 (0.0432) (0.0331) 5.584 15.419
Error Covariance for a35 and a33 = 0.145 (0.0481) 3.019
277
Error Covariance for a40 and a33 = 0.175 (0.0474) 3.700
Error Covariance for a40 and a35 = 0.100 (0.0271) 3.694
Error Covariance for a44 and a38 = 0.178 (0.0612) 2.911
Error Covariance for a6 and a5 = 0.0797 (0.0252) 3.168
Error Covariance for a11 and a9 = -0.064 (0.0272) -2.370
Structural Equations
ATI = - 0.145*DSO + 1.249*CON, Errorvar.= -0.257 , R² = 1.257 (0.961) (0.941) (0.234) -0.151 1.327 -1.101
W_A_R_N_I_N_G : Error variance is negative.
Correlation Matrix of Independent Variables
DSO CON
DSO 1.000
CON 0.894 1.000
(0.145)
6.157
Covariance Matrix of Latent Variables
ATI DSO CON
ATI 1.000
DSO 0.971 1.000
CON 1.119 0.894 1.000
278
Goodness of Fit Statistics Degrees of Freedom = 143 Minimum Fit Function Chi-Square = 218.131 (P = 0.000) Normal Theory Weighted Least Squares Chi-Square = 224.929 (P = 0.000) Estimated Non-centrality Parameter (NCP) = 81.929 90 Percent Confidence Interval for NCP = (45.099 ; 126.694)
Minimum Fit Function Value = 0.364 Population Discrepancy Function Value (F0) = 0.137 90 Percent Confidence Interval for F0 = (0.0753 ; 0.212) Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA) = 0.0309 90 Percent Confidence Interval for RMSEA = (0.0229 ; 0.0385) P-Value for Test of Close Fit (RMSEA < 0.05) = 1.00
Expected Cross-Validation Index (ECVI) = 0.532 90 Percent Confidence Interval for ECVI = (0.471 ; 0.607) ECVI for Saturated Model = 0.634 ECVI for Independence Model = 2.059
Chi-Square for Independence Model with 171 Degrees of Freedom = 1195.545 Independence AIC = 1233.545 Model AIC = 318.929 Saturated AIC = 380.000 Independence CAIC = 1336.086 Model CAIC = 572.585 Saturated CAIC = 1405.417
Normed Fit Index (NFI) = 0.818 Non-Normed Fit Index (NNFI) = 0.912 Parsimony Normed Fit Index (PNFI) = 0.684 Comparative Fit Index (CFI) = 0.927 Incremental Fit Index (IFI) = 0.929 Relative Fit Index (RFI) = 0.782
Critical N (CN) = 509.724
Root Mean Square Residual (RMR) = 0.0321 Standardized RMR = 0.0409 Goodness of Fit Index (GFI) = 0.962 Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI) = 0.949 Parsimony Goodness of Fit Index (PGFI) = 0.724
!ESTEFANO
279
Fitted Covariance Matrix
a3 a15 a18 a21 a31 a33
a3 0.383
a15 0.038 0.882
a18 0.049 0.033 0.497
a21 0.070 0.047 0.060 0.426
a31 0.043 0.028 0.037 0.052 0.417
a33 0.016 0.011 0.014 0.020 0.012 2.061 a35 0.057 0.038 0.049 0.070 0.043 0.162 a38 0.115 0.076 0.098 0.140 0.085 0.033 a40 0.058 0.038 0.050 0.071 0.043 0.192 a44 0.068 0.045 0.058 0.083 0.050 0.019 a4 0.014 0.009 0.012 0.017 0.010 0.004 a5 0.066 0.043 0.056 0.080 0.049 0.019 a6 0.069 0.046 0.059 0.084 0.051 0.020 a9 0.069 0.046 0.059 0.084 0.051 0.020 a11 0.035 0.023 0.030 0.042 0.026 0.010 a13 0.067 0.044 0.057 0.082 0.050 0.019 a17 0.011 0.007 0.009 0.013 0.008 0.003 a19 0.091 0.060 0.078 0.111 0.068 0.026 a23 0.056 0.037 0.048 0.069 0.042 0.016
Fitted Covariance Matrix (continued)
a35 a38 a40 a44 a4 a5
a35 0.694
a38 0.113 1.653
a40 0.158 0.115 0.669
a44 0.067 0.313 0.068 1.460
a4 0.014 0.027 0.014 0.016 0.750
a5 0.065 0.130 0.066 0.077 0.013 0.627 a6 0.068 0.137 0.069 0.081 0.013 0.142 a9 0.068 0.137 0.069 0.081 0.017 0.064 a11 0.034 0.069 0.035 0.041 0.009 0.032 a13 0.066 0.133 0.067 0.078 0.013 0.061 a17 0.010 0.021 0.011 0.012 0.003 0.010 a19 0.090 0.180 0.091 0.106 0.018 0.082 a23 0.056 0.112 0.057 0.066 0.014 0.053
Fitted Covariance Matrix (continued)
a6 a9 a11 a13 a17 a19
a6 0.621
a9 0.068 0.447
a11 0.034 -0.020 0.914
a13 0.064 0.066 0.033 0.345
a17 0.010 0.013 0.007 0.010 0.752
a19 0.086 0.089 0.045 0.084 0.014 0.740 a23 0.055 0.071 0.036 0.054 0.011 0.073
280
Fitted Covariance Matrix (continued)
a23
a23 0.568
Fitted Residuals
a3 a15 a18 a21 a31 a33
a3 0.000
a15 -0.009 0.000
a18 -0.038 -0.013 0.000
a21 0.016 -0.020 -0.020 0.000
a31 -0.006 -0.003 -0.011 -0.017 0.000
a33 -0.029 0.089 0.032 0.037 0.042 0.000 a35 -0.004 -0.050 0.034 0.014 0.037 0.000 a38 0.037 0.003 0.001 0.052 -0.044 -0.095 a40 -0.021 -0.032 -0.011 0.013 0.025 0.000 a44 -0.038 0.092 -0.008 0.018 -0.011 0.053 a4 -0.005 -0.010 -0.002 -0.003 0.013 0.062 a5 0.013 -0.006 0.054 0.009 -0.028 -0.079 a6 0.007 -0.006 0.015 -0.011 0.025 0.019 a9 0.007 -0.014 -0.024 -0.001 0.018 -0.023 a11 0.002 0.088 -0.052 0.013 0.009 -0.003 a13 0.007 0.005 0.012 -0.010 -0.006 -0.042 a17 -0.018 0.048 0.021 -0.031 0.041 0.025 a19 -0.024 0.015 0.022 -0.008 -0.018 0.008 a23 0.007 0.043 0.024 0.003 0.034 0.102
Fitted Residuals (continued)
a35 a38 a40 a44 a4 a5
a35 0.000
a38 -0.039 0.000
a40 0.000 0.014 0.000
a44 0.053 0.000 0.034 0.000
a4 -0.006 0.003 -0.035 -0.101 0.000
a5 0.019 -0.016 -0.031 0.005 0.005 0.000 a6 0.037 -0.081 0.025 0.043 -0.050 0.000 a9 -0.024 -0.021 0.011 -0.027 0.028 -0.008 a11 0.014 0.046 -0.002 0.073 -0.078 -0.036 a13 -0.039 0.025 -0.022 -0.011 0.015 -0.011 a17 -0.009 0.003 0.029 0.007 -0.051 0.079 a19 -0.011 0.018 0.042 0.002 -0.015 -0.018 a23 0.033 -0.055 -0.035 -0.045 0.069 -0.007
281
Fitted Residuals (continued)
a6 a9 a11 a13 a17 a19
a6 0.000
a9 -0.004 0.000
a11 0.026 0.000 0.000
a13 -0.022 0.029 -0.027 0.000
a17 0.060 -0.007 0.035 -0.028 0.000
a19 -0.005 -0.014 0.024 0.034 -0.026 0.000 a23 -0.004 0.006 -0.043 -0.005 -0.026 -0.018
Fitted Residuals (continued)
a23
a23 0.000
Summary Statistics for Fitted Residuals Smallest Fitted Residual = -0.101 Median Fitted Residual = 0.000 Largest Fitted Residual = 0.102
Stemleaf Plot
-10|1 - 9|5 - 8|1 - 7|98 - 6| - 5|52100 - 4|5432 - 3|9988655211 - 2|98877664443221100 - 1|8888765443111111100 - 0|9988877666665554443332210000000000000000000000000 0|1223333555677777899 1|123333444555688899 2|1244555556899 3|23444457777 4|1223368 5|2334 6|029 7|39 8|89 9|2 10|2
282
Standardized Residuals
a3 a15 a18 a21 a31 a33
a3 - -
a15 -0.442 - -
a18 -2.571 -0.515 - -
a21 1.358 -0.965 -1.353 - -
a31 -0.421 -0.116 -0.687 -1.267 - -
a33 -0.919 1.662 0.823 1.148 1.176 - - a35 -0.214 -1.699 1.626 0.793 1.917 - - a38 1.463 0.068 0.032 2.103 -1.554 -1.415 a40 -1.260 -1.103 -0.558 0.797 1.341 - - a44 -1.475 2.114 -0.241 0.718 -0.388 0.774 a4 -0.281 -0.324 -0.071 -0.139 0.593 1.232 a5 0.832 -0.228 2.831 0.620 -1.596 -1.880 a6 0.462 -0.216 0.782 -0.759 1.439 0.457 a9 0.558 -0.665 -1.608 -0.109 1.316 -0.680 a11 0.106 2.514 -2.092 0.630 0.378 -0.052 a13 0.662 0.253 0.979 -1.000 -0.479 -1.502 a17 -0.959 1.465 0.922 -1.631 1.897 0.496 a19 -1.542 0.531 1.141 -0.543 -1.005 0.192 a23 0.489 1.628 1.296 0.209 1.985 2.505
Standardized Residuals (continued)
a35 a38 a40 a44 a4 a5
a35 - -
a38 -1.068 - -
a40 - - 0.400 - -
a44 1.447 - - 0.948 - -
a4 -0.209 0.078 -1.318 -2.466 - -
a5 0.847 -0.505 -1.392 0.156 0.190 - - a6 1.673 -2.525 1.169 1.283 -1.942 - - a9 -1.356 -0.812 0.628 -1.014 1.483 -0.460 a11 0.457 1.076 -0.083 1.657 -2.353 -1.280 a13 -2.585 1.162 -1.494 -0.495 0.849 -0.790 a17 -0.330 0.081 1.083 0.177 -1.669 3.013 a19 -0.493 0.547 1.877 0.046 -0.568 -0.855 a23 1.505 -1.739 -1.636 -1.379 2.864 -0.334
Standardized Residuals (continued)
a6 a9 a11 a13 a17 a19
a6 - -
a9 -0.232 - -
a11 0.917 - - - -
a13 -1.593 2.663 -1.377 - -
a17 2.326 -0.367 1.057 -1.549 - -
a19 -0.262 -0.822 0.810 2.577 -0.959 - - a23 -0.204 0.770 -1.715 -0.361 -1.063 -0.834
283
Standardized Residuals (continued)
a23
a23 - -
Summary Statistics for Standardized Residuals Smallest Standardized Residual = -2.585 Median Standardized Residual = 0.000 Largest Standardized Residual = 3.013
Stemleaf Plot
- 2|6655 - 2|41 - 1|99777766666655555 - 1|4444443333111000000 - 0|9988888777665555555 - 0|44444333332222222111111000000000000000000000000000 0|111122222344 0|555555566666778888888888999 1|01111122223333444 1|555566777999 2|0113 2|556789 3|0
Largest Negative Standardized Residuals
Residual for a13 and a35 -2.585
Largest Positive Standardized Residuals Residual for a5 and a18 2.831 Residual for a13 and a9 2.663 Residual for a17 and a5 3.013 Residual for a19 and a13 2.577 Residual for a23 and a4 2.864 !ESTEFANO
284
Qplot of Standardized Residuals 3.5.......................................................................... . ..
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
. . x .
. . x .
. . x .
. . x .
. . * .
. . x x .
. . xxxx .
. . * * .
N . . **x .
o . . **x .
r . . *** .
m . .xxxx .
a . . xx .
l . .*x .
. **x*x .
Q . *xx .
u . xxx .
a . xx* .
n . *x .
t . *xx* .
i . *xx. .
l . x* x . .
e . *x . .
s . *x . .
. ** . .
. xx . .
. xx . .
. x x . .
. x . .
. x . .
. x . .
. x. .
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
-3.5..........................................................................
-3.5 3.5
The Modification Indices Suggest to Add an Error Covariance
Between and Decrease in Chi-Square New Estimate a5 a18 8.1 0.06
a23 a4 8.2 0.08 Time used: 0.125 Seconds