Post on 10-Nov-2018
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ
FLÁVIA REGINA MARTONI DE OLIVEIRA
AVALIAÇÃO DO VIÉS COGNITIVO EM CAITITUS (Pecari tajacu) MANTIDOS EM BAIAS E GAIOLAS METABÓLICAS PARA ESTUDOS
NUTRICIONAIS
ILHÉUS – BAHIA
2015
ii
FLÁVIA REGINA MARTONI DE OLIVEIRA
AVALIAÇÃO DO VIÉS COGNITIVO EM CAITITUS (Pecari tajacu) MANTIDOS EM BAIAS E GAIOLAS METABÓLICAS PARA ESTUDOS
NUTRICIONAIS
ILHÉUS - BAHIA
2015
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Ciência Animal da
Universidade Estadual de Santa Cruz,
como parte das exigências para obtenção
do título de Mestre em Ciência Animal.
Área de concentração: Ciência Animal
Orientadora: Profª Drª Selene Siqueira da
Cunha Nogueira
iii
O48 Oliveira, Flávia Regina Martoni de. Avaliação do viés cognitivo em caititus (Pecari tajacu) mantidos em baias e gaiolas metabólicas para estudos nutricionais / Flávia Regina Martoni de Oliveira . – Ilhéus, BA: UESC, 2015. x, 77f. : Il. Orientadora: Selene Siqueira da Cunha Nogueira. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal. Inclui referências.
1. Caititu – Alimentação e rações. 2. Animais- Comportamento. 3. Animais silvestres em cativeiro. I. Título. CDD 599.634
iv
FLÁVIA REGINA MARTONI DE OLIVEIRA
AVALIAÇÃO DO VIÉS COGNITIVO EM CAITITUS (Pecari tajacu) MANTIDOS EM BAIAS E GAIOLAS METABÓLICAS PARA ESTUDOS
NUTRICIONAIS
Ilhéus - BA, 27/02/2015
_______________________________________________ Drª Selene Siqueira da Cunha Nogueira
UESC/DCB (Orientadora)
______________________________________________ Prof. Dr. Eduardo Ary Villela Marinho
_______________________________________________ Profª Drª Maria José Hötzel
ILHÉUS – BAHIA
2015
v
DEDICATÓRIA
Ao meu querido Aloisio e meu pequeno Mateus, dedico.
vi
AGRADECIMENTOS
À professora Selene Siqueira da Cunha Nogueira por toda sabedoria, paciência e orientação deste trabalho.
Ao Aloisio por ser tão companheiro e me apoiar em todas minhas decisões e principalmente por cuidar tão bem do Mateus. “Você é meu sol...1,85 de sol”! Amo muito você!
Aos meus pais e sogros que me apoiaram e estiverem presentes principalmente cuidando do Mateus. Vocês são o meu alicerce! Mãe sem você eu não conseguiria!
À querida Christini Caselli pela grande amiga que se tornou e ajuda tanto profissional quanto psicológica, jamais me esquecerei de você!
Ao professor Sérgio Luiz Gama Nogueira Filho pela contribuição científica.
À Luciana Lacerda grande amiga desde o começo. Nossa amizade começou de forma tão inesperada... e cresceu tanto! Muito obrigada por me ouvir e me aconselhar. Pra você...“As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o meu negociante, eram ouro. Mas todas essas estrelas se calam. Tu porém, terás estrelas como ninguém... Quero dizer: quando olhares o céu de noite, (porque habitarei uma delas e estarei rindo), então será como se todas as estrelas te rissem! E tu terás estrelas que sabem sorrir! Assim, tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo (basta olhar para o céu e estarei lá). Terás vontade de rir comigo. E abrirá, às vezes, a janela à toa, por gosto... e teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir olhando o céu. Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir”Antoine de Saint-Exupéry
Aos amigos José, Iuri e Rafa de forma mais que especial minha eterna gratidão!!! Sei que nada teria acontecido se vocês não tivessem ajudado. Obrigada pelo compromisso, pontualidade, contribuição e principalmente profissionalismo que sempre tiveram, fazendo no meu estudo o estudo de vocês também.
Aos amigos do Labet (Thaise, Midi, Karen, Lorena, Vanessa, (Leticia - paulista parceira) Rogério e Danillo) por me ouvir e ajudar como possível, além de todos os momentos descontraídos de risadas, almoço no valão... nunca me esquecerei de vocês! Com certeza esses dois anos serviram para que várias amizades fossem consolidadas e isso não tem preço! Minha eterna gratidão!)
Ao professor Alcester Mendes por ter dado sempre uma força!
Ao sempre prestativo Deni, sem você seria tudo muito mais difícil!
vii
À amiga Taneha Sodré(minha irmã de alma) por estar sempre presente e por seus conselhos maravilhosos!
À amiga Kellen Verenna por estar sempre presente, me apoiar, aconselhar e “quebrar meus galhos” no trabalho. Jamais te esquecerei!
Aos meus irmãos Vini e Rica pelas palavras de apoio.
À Camila Santos Dias minha irmã que sempre me apóia mesmo longe. Amo você!
À Ana Carolina minha coach que me ensinou que a vida é feita de escolhas e que sempre conseguimos suportá-las e carregá-las com sabedoria e planejamento. Sem você também teria sido muito difícil.
À Sandra Bastos amiga sempre presente, me ouvindo e me apoiando sempre da melhor forma possível. Você é mais que uma amiga, amo você!!!
À Sandrinha por ser uma segunda mãe para o Mateus e cuidar da gente!
À Thatyanna Rodrigues por sempre me ajudar, me aconselhar e principalmente por sempre dizer: “Você vai conseguir... sei que vai!” Você é uma grande amiga!
À professora Maria Bernadete Cordeiro de Sousa e sua equipe pela contribuição científica e análise do material da pesquisa.
À professora Maria José Hötzel e ao professor Eduardo Marinho por aceitaremo convite para comporem minha banca.
Aos caititus que me fizeram enxergar que a inteligência vai muito além do que os olhos podem ver!
viii
AVALIAÇÃO DO VIÉS COGNITIVO EM CAITITUS (Pecari tajacu) MANTIDOS EM BAIAS E GAIOLAS METABÓLICAS PARA ESTUDOS
NUTRICIONAIS
RESUMO
A restrição de espaço em estudos de nutrição que usam gaiolas ou baias metabólicas podem gerar um estado emocional negativo nos animais e contribuir para um bem-estar empobrecido. Nosso objetivo foi utilizar o paradigma do viés cognitivo/julgamento para analisar o efeito da restrição de espaço sob o estado emocional de caititus submetidos a experimentos de nutrição que utilizam gaiolas e baias metabólicas. Seis animais foram submetidos a cinco testes de julgamento, dos quais três em que os animais utilizaram baias metabólicas, com menor restrição de espaço (T1, T3 e T5) e dois nos quais os animais estavam em gaiolas metabólicas com maior restrição de espaço (T2 e T4). Em T2 foi adicionado enriquecimento ambiental e em T4 não houve a inclusão de enriquecimento ambiental. Seis animais foram treinados através de condicionamento operante a realizar uma tarefa do tipo “ir/não ir” a alimentar-se após um estímulo sonoro. Ao atender ao comando “ir” (apito - E+) o animal recebia uma recompensa (alimento) e durante o comando “não ir” (som de um caxixi - E-) evitava a punição (jato d’água) e a ausência de recompensa. Durante os testes de viés de julgamento um terceiro sinal ambíguo (som de uma placa de alumínio- EA) era apresentado, no qual o animal deveria decidir-se pelo comando (“ir”, otimista) ou (“não ir”, pessimista). Adicionalmente, monitoramos os metabólitos de glicocorticóides fecais para avaliar o estresse dos indivíduos durante os tratamentos. O paradigma do viés cognitivo mostrou-se eficiente para analisar o efeito da redução de espaço sob o estado emocional dos caititus. Durante os três primeiros testes (T1, T2, e T3) os porcos apresentaram proporções semelhantes de 'ir' respostas a E + (0,3 ± 0,0), E- (0,3 ± 0,0) e EA (0,4 ± 0,1), mostrando, assim, sem viés pessimista ou otimista. Os animais alojados em gaiolas metabólicas sem enriquecimento ambiental (T4) apresentaram viés de julgamento pessimista, a proporção de respostas “ir” para o estímulo ambíguo (0,28±0,28) foi similar (P=0,18) à proporção verificada após a emissão do sinal negativo (0,14±0,21) e diferente (P=0,05) da proporção de respostas verificadas após o sinal positivo (0,48±0,39). No T4 os animais apresentaram uma elevação dos metabólitos de glicocorticóides fecais (219,6±49,69 ng.g-1) que foi carreado para o T5 (196,4±55,05 ng.g-1). No T5 proporção de respostas "ir" durante a apresentação do sinal ambíguo (0,34±0,29) não diferiu (P=0,70) da proporção registrada após a emissão do sinal negativo (0,26±0,42). Este efeito, no entanto, foi menor (P=0,048) do que o registrado após a emissão do sinal positivo (0,44±0,36.O enriquecimento ambiental mostrou-se positivo para minimizar o estresse dos animais em gaiolas metabólicas. Nosso estudo concluiu que a restrição de espaço causa um prejuízo ao estado afetivo dos animais e que pode haver um viés na interpretação dos resultados dos estudos nutricionais, oriundo deste estado emocional.
Palavras-chave: bem-estar; caititus; enriquecimento ambiental; estresse, espaço disponível, julgamento; viés cognitivo.
ix
EVALUATION OF COLLARED PECCARY (Pecari tajacu) EMOTIONAL STATES UNDER NUTRITIONAL STUDIES IN METABOLIC PENS AND CAGES BY USING COGNITIVE BIAS PARADIGM.
ABSTRACT
The maintenance of animals in restricted space, such as metabolism cages used in nutritional experiments, can negatively affect their emotional state, compromising the results. We tested this hypothesis using the judgment-bias paradigm to evaluate whether space restriction affects the emotional state of collared peccary (Pecari tajacu) during a nutritional experiment. We individually trained six adult male peccaries to ‘go’ when a positive auditory cue (whistle; CS+) was given, when they received cassava root pieces as a reward; and to ‘not-go’ when a negative cue (caxixi sound, a percussion instrument; CS-) was sounded to avoid punishment and no reward. An ‘ambiguous’ auditory cue (a drumstick hitting an aluminum plate; CSA) was presented to probe decision-making under ambiguity. Individuals were subjected to five tests following the order: T1 (control-no space restriction), T2 (space restriction with environmental enrichment), T3 (control-no space restriction), T4 (space restriction without environmental enrichment), T5 (control-no space restriction). Each animal was exposed to 10 judgment bias trials of each of the three cue types: CS+, CS-, and CSA. We recorded whether animals showed the ‘go’ and ‘not-go’ response after each kind of cue. We also determined the fecal glucocorticoid metabolite concentration during the tests. During the first three tests (T1, T2, and T3) the peccaries showed similar proportions of ‘go’ responses to CS+ (0.3±0.0), CS-(0.3±0.0), and CSA (0.4±0.1) cue types (Ps>0.07), thus showing no pessimistic or optimistic bias. During the final tests (T4 and T5), however, the animals showed higher proportions of ‘go’ responses (P<0.05) to CS+ (0.5±0.0) than to both CSA (0.3±0.0) and CS- (0.2±0.1), which occurred in similar proportions (P>0.54), treating the ambiguous cue similarly to the negative cue. Moreover, during T4 and T5, the fecal glucocorticoid metabolite concentrations were higher than during the other tests (208.0±16.4 vs. 141.6±25.9 ng.g-1 dry feces, Ps<0.03). Therefore, the space restriction causes pessimistic bias and distress to peccaries, which can be improved by the introduction of environmental enrichment.
Keywords: animal welfare; cognitive bias; environmental enrichment; judgment metabolic cage; peccaries; space available, stress
x
LISTA DE FIGURAS
REVISÃO DE LITERATURA
Figura 1: Mapa de distribuição do caititu (Pecari tajacu)................................... 24
Figura 2: Indivíduo representante da espécie Pecari tajacu.do Laboratório de etologia Aplicada, LABET.................................................................
25
ARTIGO CIENTÍFICO
Figura 1: Baias metabólicas para estudos nutricionais..................................... 33
Figura 2: Croqui da divisão do espaço disponível: A+B (baia metabólica) - B (gaiola metabólica)...........................................................................
34
Figura 3: Delineamento experimental.............................................................. 38
Figura 4: Médias da proporção de respostas “go” em cada teste (T1,T2, T3, T4 e T5) para cada sinal positivo(E+), negativo (E-) e ambíguo (EA). As barras representam o erro padrão; Letras diferentes representam diferença significativa (a≠b) e letras iguais quando não há diferença................................................................................
42
Figura 5: Médias da proporção da concentração de metabólitos de glicocorticóides em cada teste (T1, T2, T3, T4 e T5). As barras representam o erro padrão. Letras diferentes representam diferença significativa (a≠b) e letras iguais quando não há diferença.............
43
xi
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 12
2. OBJETIVO ................................................................................................... 15
2.1 Geral ........................................................................................................... 15
3. REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 16
3.1Bem estar animal e enriquecimento ambiental ......................................... 16
3.2 Estado emocional em animais ................................................................... 19
3.3 O paradigma do viés Cognitivo ................................................................ 21
3.4 O Caititu (Pecari tajacu) ............................................................................ 24
3.4.1 Criação em cativeiro 27
4. ARTIGO CIENTÍFICO .............................................................................. 29
Introdução ........................................................................................................ 31
Material e métodos ........................................................................................... 33
Resultados ........................................................................................................ 41
Discussão .......................................................................................................... 44
Implicações para o bem-estar animal e conclusões ....................................... 49
Referências ....................................................................................................... 49
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 55
6. REFERÊNCIAS ........................................................................................... 56
ANEXO ................................................................................................................ 67
12
1. INTRODUÇÃO
A preocupação com as questões sobre o bem-estar de animais que vivem
em ambientes de cativeiro ou de laboratório é crescente nos dias atuais
(DAWKINS, 2003; 2004, MASON, 2010). Estudos realizados com diversas
espécies indicam a importância da qualidade do ambiente e do alojamento em
que os animais estão acondicionados para o bom desenvolvimento do seu estado
físico e mental e consequente bem-estar (FREGONESI; LEAVER, 2002,
NAPOLITANO et al., 2004, KORHONEN, 2000, WENG; EDWARDS;
ENGLISH, 1998).
Experimentos que analisem o efeito do espaço restrito sob seu bem-estar
de animais de laboratório são de grande importância para validar tal
acondicionamento e promover melhorias na qualidade do ambiente desses
animais (NAPOLITANO et al., 2004, PETHERICK, 2007, VERMEER; GREEF;
HOUWERS, 2014). Inúmeros testes podem ser realizados com o objetivo de
avaliar a qualidade de alojamento e o bem-estar de animais. Testes de preferência
ou hormonais, além de medidas comportamentais são ferramentas importantes
para alcançar esse objetivo (ROSS et al., 2009). Esses testes, no entanto, não são
direcionados à compreensão do estado emocional dos animais. Já o paradigma de
viés de julgamento ou viés cognitivo busca analisar a interferência do estado
emocional dos animais nos processos de tomada de decisão e assim fornecer
informações sobre o bem-estar psicológico dos animais (MENDL et al., 2009).
Este paradigma, proposto pela primeira vez por Harding et al.(2004), tem
sido apresentado de forma satisfatória em muitas espécies tais como ratos (Rattus
norvegicus: BRYDGES et al., 2011; HARDING et al., 2004), pássaros (Sturnus
vulgaris: BATESON; MATHESON, 2007; BRILOT et al., 2009), galinhas
(Gallusgallus: HYMEL; SUFKA, 2012), ovelhas (Ovis Áries: DESTREZ et al.,
2013; DOYLE et al., 2011b), suínos (Sus scrofa:DOUGLAS et al., 2012;
MURPHY; NORDQUIST; VAN DER STAAY, 2013), cães (Canis lupus
13
familiaris: BURMAN et al., 2011; MÜLLER et al., 2012), primatas (Macaca
mulatta: BETHELL et al., 2012), abelhas (Apis mellifera carniça: BATESON et
al., 2011) e recentemente com pecaris (Tayassu pecari: FERNANDES, 2014).
Por meio desteparadigma o indivíduo deve julgar um estímulo ambíguo
desconhecido como positivo ou negativo (MENDL et al., 2009), sendo possível
analisar a valência emocional do comportamento (DOYLE et al., 2010; 2014;
MENDL et al., 2010). Estudos recentes evidenciaram que a memória de um
ambiente desfavorável em estímulos, provoca efeitos negativos nas tomadas de
decisão desses animais (BATESON; MATHESON, 2007; DOUGLAS et al.,
2012). Esses trabalhos reforçam a ideia de que possa haver a presença de um viés
de julgamento quando existe um prejuízo cognitivo causado por um abalo
emocional devido a não adequação das diferentes necessidades do animal
(BATESON; MATHESON, 2007; DOUGLAS et al., 2012).
O enriquecimento ambiental, por sua vez, é uma técnica vista como
alternativa para melhoria do bem estar de animais que vivem em condição de
cativeiro e/ou em laboratórios (WELLS, 2009). Esta técnica descreve como os
ambientes de cativeiro podem ser alterados de modo a estimular os animais e
beneficiá-lo sem detrimento de um estado emocional deletério como a presença
de estereotipias e depressão (YOUNG, 2003).O uso apropriado desta técnica
pode manter a motivação dos animais (WATTERS, 2009) e influenciar
positivamente na aprendizagem, no enfrentamento de dificuldades em relação à
adaptação ao ambiente e no comportamento social (VAN DE WEERD; DAY,
2009), tendo como consequência a melhoria do bem-estar dos animais em
questão (WATTERS, 2009).
O caititu (Pecari tajacu) é uma espécie silvestre neotropical com
distribuição geográfica do nordeste da Argentina ao sul dos Estados Unidos
(SOWLS, 1997). Desperta grande interesse zootécnico por apresentar carne com
características organolépticas de alto valor (GROVES; GRUBS, 1993), um couro
apreciado no mercado internacional (NOGUEIRA FILHO; NOGUEIRA, 2000) e
pelo fato de ser considerada como uma fonte de subsistência para populações
14
carentes, pois representam uma fonte alternativa de proteína animal
(NOGUEIRA FILHO; NOGUEIRA, 2004). No entanto, no que diz respeito a sua
manutenção em cativeiro e seu manejo, muitas questões ainda suscitam mais
investigação (NOGUEIRA; NOGUEIRA FILHO, 2011) e em especial sobre o
estado afetivo desses animais em condições de restrição de espaço em estudos de
nutrição que fazem uso de gaiolas ou baias metabólicas. Desta forma, o presente
estudo, será o primeiro a levantar tal questionamento sob o efeito da restrição de
espaço sob o estado emocional de caititu e seu efeito sob suas tomadas de
decisão.
15
2. OBJETIVO
2.1 Geral
Nosso objetivo foi utilizar o paradigma de viés cognitivo para analisar o efeito da
restrição de espaço sob o estado emocional de caititus (Pecari tajacu) mantidos
em gaiolas e baias metabólicas. Adicionalmente, pretendemos avaliar o efeito da
inclusão de enriquecimento ambiental nas gaiolas metabólicas e monitorar os
metabólitos de glicocorticóides fecais dos animais para monitorar seu estresse.
16
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1Bem estar animal e enriquecimento ambiental
São crescentes as preocupações com o bem-estar de animais que vivem
em cativeiro, e também com aqueles que passam por experimentos em
laboratórios (DAWKINS, 2003; 2004). Os motivos pelos quais há interesse em
se estudar o bem-estar de animais vão desde motivos éticos sobre a possibilidade
de diminuição de seu sofrimento (DAWKINS, 2000) até o impacto econômico
com qual um animal debilitado pode proporcionar para a produção animal
(BRYDGES; BRAITHWAITE, 2008). Para os estudiosos desse assunto, tem
sido dada a tarefa de definir os objetivos e os parâmetros quantificáveis do estado
de bem- estar animal, uma vez que, o consenso sobre o seu conceito e de como
medir o bem-estar animal são definidos de acordo com a moral e ética de uma
sociedade (OHL;STAAY, 2012). O bem-estar animal, já foi associado somente a
aspectos clínicos do animal, ou seja, sobre a ausência de doença (BROOM, 2011;
DAWKINS, 2003). Atualmente, este conceito é mais dinâmico (OHL; STAAY,
2012) e pode ser definido como o estado do indivíduo em relação as suas
tentativas de lidar com seu ambiente (BROOM, 1986) considerando também
aspectos de seu estado mental (BROOM, 2011; MENDL et al., 2010).
Atualmente há consenso na sociedade de que os animais em ambiente de
produção, zoológico ou de laboratório precisam de benefícios que atendam suas
necessidades e que garantam seu bem estar (DAWKINS, 2008). Métodos que
avaliema qualidade do bem-estar de animais são necessários (BATESON;
MATHESON, 2007), uma vez que que tal conceito engloba muito mais que
ausência de sofrimento (WEMELSFELDER, 2007).Os animais podem ter um
bem-estar considerado bom quando estão saudáveis e é dado aquilo que
necessitam tanto físico quanto mental, pertinenteà espécie (DAWKINS, 2008;
YOUNG, 2003).
17
Os animais mantidos em laboratório para estudos de nutrição, em geral,
estão alojados em espaços restritos,tais como gaiolas ou baias metabólicas. Este
tipo de ambiente restrito pode afetar seu estado físico e mental (HANSEN;
BERTHELSEN, 2000). Este efeito da restrição pode gerar um viés nos resultados
dos estudos aos quais estes animais são submetidos (BALCOMBE; BARNARD;
SANDUSKY, 2004), além de seremuma grande preocupação para os estudiosos
do bem-estaranimal os quais tem direcionado esforços para avaliar e melhorara
saúde física e mental desses animais (HURST et al., 1999; WELLS, 2009).
São muitos os estudos que já analisaram o efeito do espaço no
desenvolvimento e bem-estar do animal (suínos: AVERÓS et al., 2010;
VERMEER; GREEF; HOUWERS, 2014; canídeos: NORMANDO et al., 2014;
KORHONEN et al., 2000; bovídeos: FREGONESI; LEAVER, 2002; caprinos:
SIBBALD, SHELLARD, SMART, 2000; CAROPRESE, et al., 2009). Em um
experimento com búfalos, por exemplo, em que foi medida a influência do
espaço sobre o bem- estar, foi observado que quando o animal estava alojado
com restrição de espaço houve uma diminuição do comportamento de locomoção
equando colocado em um espaço maior houve aumentodesse
comportamento,bem como comportamentos de galopes, além de vocalizações
indicando um bem-estarmelhorado (NAPOLITANO et al., 2004). Com suínos,
também foi observado que há alteração de seus padrões comportamentais quando
estão sob restrição do espaço diminuindo o comportamento exploratório
(JENSEN; STUDNITZ; PEDERSEN, 2010). Tais estudos, portanto, validam a
preocupação com a restrição de espaço e nos remetem a questionamentos sobre a
interferência de um bem-estar empobrecido em função desta restrição em
resultados de pesquisa que são realizadas com animais nestas condições
restritivas.
O estresse é uma resposta biológica a um estímulo externo que perturba a
estabilidade do indivíduo (MOBERG, 2000). A análise de metabólitos de
glicocorticóides fecais é uma ferramenta capaz de avaliar a resposta fisiológica
do animal ao estresse (WASSER et al., 2000). Morrow et al. (2002) ressaltam
18
que o cortisol elevado em mamíferos pode ser um meio de adaptação do animal
ao estresse através da mobilização de mecanismos internos capazes de regular
uma resposta inflamatória ou uma lesão, por exemplo. Em geral animais de
laboratório também apresentam bem-estar empobrecido por estarem alojados em
um ambiente pobre em estímulos (WATTERS, 2009;VAN DE WEERD; DAY,
2009). Este efeito, no entanto, pode ser minimizado com a inserção de
enriquecimento ambiental. Animais alojados em gaiolas metabólicas, por
exemplo, apresentam diminuição dos metabólitos de glicocorticóides (BUIJS et
al., 2011).
O enriquecimento ambiental podemelhorar a qualidade de vida e bem-
estar dos animais, uma vez que é uma alternativa de adaptação do animal às
alterações do seu ambiente (NEWBERRY, 1995). O ambiente de cativeiro, em
geral, éprevisível econstante, diferente do encontrado em vida livre (WATTERS,
2009).Em ambiente de laboratório, o enriquecimento oferece ao animal um
padrão diferente do que vivencia no diaa dia (VAN PRAAG; KEMPERMANN;
CAGE, 2000) com mais imprevisibilidade (NOGUEIRA et al. 2011). O uso
apropriado do enriquecimento ambiental pode auxiliar na motivação animal
(WATTERS, 2009) e é uma possibilidade para a redução de comportamentos
anormais e aumento da frequência de comportamentos espécie-específicos (VAN
DE WEERD;DAY, 2009 ; YOUNG, 2003), além de manter ou melhorar a
sanidade animal, bem como promover melhorarias no sistema de produção (VAN
DE WEERD; DAY, 2009).
São vários os tipos de enriquecimento ambiental possíveis de serem
aplicados (YOUNG, 2003).Um programa de enriquecimento promove
consequências que em sua maioria são positivas ao animal que podem ser tantode
ordem neurofisiológica, quanto comportamental (VAN PRAAG;
KEMPERMANN; CAGE, 2000). Watters (2009), aponta que é importante
conhecer a espécie em que será proposto o enriquecimento para que este seja de
fato efetivo, para assim avaliar os efeitos de sua imprevisibilidade. Quanto mais
19
novidade e incerteza houver para o animal, no que se refere aos objetos inseridos,
bem como a hora e a distribuição espacial dos objetos, mais motivador será, pois
simulará as incertezas nas quais o animal enfrenta em um ambiente natural
(WATTERS, 2009; NOGUEIRA et al., 2011). Em um estudo com coelhos pode-
se observar que os animais que estiveram em gaiolas enriquecidas com um maior
controle e exploração ambiental, diminuíram os comportamentos anormais
(HANSEN; BERTHELSEN, 2000).Com ratos, também foi observado que
aqueles que se mantiveram em gaiolas enriquecidas tiveram um sono mais
duradouro e comportamentos agonísticos diminuídos (ABOU ISMAIL et al.,
2010). Alguns estudiosos da emoção em animais observaram que o
enriquecimento ambiental pode levar o animal a um estado emocional mais
positivo (BRYDGES et al., 2011; DOUGLAS et al., 2012; LINDSTRÖM, 2010).
3.2 Estado emocional em animais
Discutir a emoção em animais é um dos principais desafios da ciência do
bem-estar (DOYLE et al., 2014; MENDL et al., 2009). Pesquisadores dessa área
já enfrentaram dificuldades tanto de ordem metodológica como filosófica a
respeito do assunto. Primeiramente, por influência do Positivismo que não
considerava os aspectos emocionais do animal como ciência, e em segundo, pela
dificuldade de controlar os aspectos metodológicos da pesquisa, como a
quantificação e controle dos experimentos (FRASER, 2009). Com o aumento das
pesquisas sobre bem-estar e senciência, além do aumento da preocupação da
sociedade com o bem-estar dos animais (BROOM, 2011; DOYLE et al., 2010),
termos que só eram usados para registrar sentimentos em humanos tais como
medo, aflição e sofrimento começaram a ter destaque em estudos de emoção e
bem-estar animal (BROOM, 2011; FRASER, 2009; BOISSY et al., 2007).
A emoção é uma resposta afetiva, caracterizada como uma reação intensa
de curta duração diante de um evento ou estímulo (BRIEFER, 2012). Por muito
tempo a emoção foi considerada como uma capacidade exclusivamente humana
(LEDOUX, 2012), e como sinônimo de “sentimento” (BRIEFER, 2012;
20
LEDOUX, 2012) ou como um antropomorfismo (BOISSY et al., 2007). Para
Paul, Harding e Mendl (2005), no entanto, a emoção engloba quatro
componentes: neurofisiológicos, comportamentais, cognitivos e subjetivos. Os
dois primeiros indicadores são de ordem fisiológica e os dois últimos de ordem
mental. Para os pesquisadores acima citados, os termos referentes a respostas
comportamentais e fisiológicas podem variar de acordo com sua valência
(prazeroso/ não prazeroso) e também de acordo com sua intensidade (excitação
ou ativação qualitativa). Paul, Harding e Mendl (2005), também acreditam que a
valência e a intensidade ou excitação são características centrais dos processos de
afetividade e emoção. Assim, a classificação de um indivíduo calmo, relaxado ou
feliz seria apresentada com uma valência positiva e de forma contrária, um
indivíduo estressado, ansioso e medroso apresentaria uma valência negativa
(MENDL et al., 2010).
Alguns estudos tem mostrado que é possível avaliar o estado emocional de
animais (BRIEFER, 2012; PAUL; HARDING; MENDL, 2005) através de
indicadores neurofisiológicos, comportamentais e cognitivos (DOYLE et al.,
2010). Como simplifica Briefer (2012) em relação à emoção de medo: a reação
do animal pode ser observada através de “reações neurofisiológicas (mudanças
na frequência cardíaca, níveis de cortisol), comportamentais (expressões faciais,
vocalizações ou comportamento de fuga frente ao perigo) e cognitivas (atenção a
um estímulo de perigo)”. Os indicadores mais utilizados em pesquisa animal são
os físicos: neurofisiológicos e comportamentais (PAUL; HARDING; MENDL,
2005). Alguns pesquisadores, entretanto, enfatizam que a interpretação desses
indicadores pode ser difícil (BURMAN et al., 2008) pois fornecem importantes
informações quanto à intensidade (DAWKINS, 2003) mas apresentam limitações
quanto à valência emocional positiva ou negativa (DAWKINS, 2004; PAUL;
HARDING; MENDL, 2005). Em relação aos indicadores neurofisiológicos, por
exemplo, um animal pode apresentar um nível de cortisol ou adrenalina elevado
em uma situação de distresse e um nível semelhante quando está acasalando
(LINDSTRÖM, 2010). No que se refere aos indicadores comportamentais este
21
precisa da avaliação de um observador (PAUL; HARDING; MENDL, 2005), o
que pode dificultar também a interpretação da valência (BURMAN et al., 2008).
Os estudos que relacionam emoção-cognição representam uma
possibilidade de compreensão dos estados afetivos em animais (PAUL;
HARDING; MENDL, 2005), também são de grande relevância como uma forma
de apresentação da valência emocional (BRIEFER, 2012). A cognição é a
capacidade de internalizar e processar as informações de estímulos externos
(BRYDGES; BRAITHWAITE, 2008) e envolve os processos de percepção do
indivíduo sobre os estímulos, tais como este aprende, memoriza e avalia as
situações para a tomada de decisão (SHETTLEWORTH, 2001). Resumindo, as
experiências percebidas e as emoções dos animais podem afetar o seu estado
cognitivo (BRYDGES; BRAITHWAITE, 2008).
Como os processos cognitivos são aceitos em animais (BRYDGES;
BRAITHWAITE, 2008) sem ter que fazer referência ao subjetivo ou a
consciência (SHETTLEWORTH, 2001), os testes cognitivos que envolvem
aprendizado e os de preferência, em que o animal precisa fazer uma escolha
podem ser uma opção para se analisar os estados afetivos (BRYDGES;
BRAITHWAITE, 2008). O termo viés cognitivo tem sido usado para mostrar que
a emoção pode influenciar na função cognitiva de memória, atenção e
julgamento (BURMAN et al., 2011, MENDL et al., 2009). Essa ferramenta foi
proposta pela primeira vez em animais por Harding et al.(2004) e é possível
avaliar seus componentes cognitivos (MENDL; PAUL, 2008) e revelar mais
claramente a valência emocional (PAUL; HARDING; MENDL, 2005)sendo um
bom indicativo para o bem-estar animal.
3.3 O paradigma do viés Cognitivo
Em humanos sabe-se que o humor pode influenciar nos processos
cognitivos (DOYLE et al., 2010; LINDSTRÖM, 2010). O termo viés cognitivo
na Psicologia é empregado para se referir aos efeitos do estado emocional sobre
processos cognitivos como atenção, memória e julgamento (MENDL et al.,
22
2009), sendo possível também avaliar a valência emocional (DOYLE et al.,
2010; DOYLE et al., 2014). Esse efeito do humor sobre os processos cognitivos
pode levar um indivíduo com o humor deprimidoa julgar um evento futuro
desconhecido de forma pessimista, assim como, a pessoa em um estado positivo
pode julgar um evento futuro de forma mais otimista(MENDL et al., 2009;
PAUL; HARDING; MENDL, 2005). Lindström (2010) ressalta bem essa relação
exemplificando o julgamento de um copo de água pela metade: o indivíduo tem a
possibilidade de classificá-lo como meio cheio ou como meio vazio. Pessoas com
estado emocional positivo tendem a classificaro copo como meio cheio, diferente
se a pessoa está com um estado emocional negativo, poderá enxergar o copo
como meio vazio.
De forma semelhante aos humanos, a maioria das pesquisas com animais
não humanos estudam o viés de julgamento,em que o indivíduo apresenta uma
capacidade em julgar um estímulo ambíguo como positivo ou negativo (MENDL
et al., 2009). O primeiro estudo com animais sobre o uso de viés cognitivo,como
acima citado,foi escrito por Harding et al.(2004)e trouxe um grande avanço para
as pesquisas de bem-estar no que se refere a avaliação do estado emocional.
Nesse trabalho, ratos foram condicionados, a partir de um sinal sonoro, a realizar
uma tarefa do tipo “go/no go” para obter uma recompensa, e diante de outro sinal
abster-se de realizar essa tarefa para evitar uma punição, ou a ausência de
recompensa. Além dos sinais já treinados, um novo sinal ambíguo é apresentado
ao animal, um sinal em que não haverá recompensa ou punição, no qual o animal
julgará esse estímulo de forma positiva ou negativa (HARDING et al., 2004). As
respostas referentes a esse julgamento podem ser definidas operacionalmente
como ‘'otimismo’' (positiva) ou ‘'pessimismo’' (negativa). Para se evitar
discussões a respeito do antropomorfismo, o otimismo refere-se a classificação
do estímulo ambíguo como recompensa positiva e pessimismo quando o estímulo
é classificado como punição ou ausência de recompensa (BRILOT et al., 2009;
DOUGLAS et al., 2012).
23
O viés cognitivo pode ser estudado de forma ampla e permite que as
tarefas desenvolvidas sejam adequadas para diferentes espécies desde que
adaptadas à capacidade sensorial para que haja uma maior efetividade do
aprendizado (DOYLE et al., 2011b),assim como, a manipulação afetiva
envolvida (MENDL et al., 2009). Desde então, muitos estudiosos vem
desenvolvendo o paradigma de viés cognitivousando o “go/no go” demostrando a
importância e a validade desse tipo de pesquisa para a melhoria do conhecimento
dos processos emocionais e sua relação com o bem-estar de animais (HARDING
et al., 2004; BURMAN et al., 2008; BATESON; MATHESON, 2007;
BETHELL et al., 2012: BATESON et al., 2011: DOYLE et al., 2010:
DOUGLAS et al., 2012).
Para um melhor aproveitamento das pesquisas realizadas sobre esse
assunto alguns fatores são essenciais a serem seguidos: o sinal utilizado
(auditivo, visual e espacial), as tarefas desenvolvidas, a escolha dos reforçadores
positivos e negativos, o tipo de manipulação afetiva (ganho/perda de
enriquecimento ambiental, indução de estresse) e a quantidade de sinais
ambíguos são fatores importantíssimos que devem ser levados em consideração
(MENDL et al., 2009). Doyle et al. (2010) ressaltam que devido ao fato dos
sinais ambíguos não serem reforçados com punição nem recompensa, se forem
apresentados muitas vezes ao animal, ele poderá aprender o que pode dificultar a
tarefa “go/no go”.
O ambiente é uma variável importante para ser levado em consideração
em estudos de viés cognitivo, e exerce muita influência sobre os estados afetivos
(MENDL et al., 2010).Mudanças no ambiente poderão influenciar no
processamento de informações e respostas aos estímulos ambíguos (BETHELL
et al., 2012). Nesse sentido, os experimentos que manipulam o humor,como
introdução/e ou perda de enriquecimento ambiental (BETHELL et al., 2012;
DOUGLAS et al., 2012), indução de estresse (BATESON et al., 2011;
BETHELL et al., 2012; DESTREZ et al., 2013) a simulação de um predador
gerando ansiedade (BRILOT et al., 2009), assim como as experiências
24
recompensadoras (DOYLE et al., 2010; BURMAN et al., 2011) evidenciam mais
a relação emoção-cognição por serem mais passíveis de controle (PAUL;
HARDING; MENDL, 2005). Estudos evidenciam que a memória de um
ambiente desfavorável em estímulos, provoca efeitos negativos nas tomadas de
decisão. Esses trabalhos reforçam a ideia de que possa haver a presença de um
viés de julgamento quando existe um prejuízo cognitivo causado pelo não
reconhecimento das suas diferentes necessidades (BATESON; MATHESON,
2007; DOUGLAS et al., 2012).
É importante enfatizar que além dos manipuladores externos que
influenciam na emoção como no caso o ambiente, pode-se utilizar os fármacos
como manipuladores internos (MENDL et al., 2009). Estes podem ser
observados em vários trabalhos (DESTREZ et al., 2012; DOYLE et al., 2011a;
HYMEL; SUFKA, 2012; RYGULA; PAPCIAK; POPIK, 2014). Assim, o estado
afetivo de um animal e consequentemente, o viés cognitivo apresentado, podem
ser alterados por meio de substâncias reguladoras da emoção (RYGULA;
PAPCIAK; POPIK, 2014).Recentementeem um estudo sobre viés cognitivo com
queixadas (Tayassu pecari), mostrou-se que o manejo de captura, representou um
evento estressor para os animais, indicando um viés pessimista. Esses dados
mostraram que as práticas adotadas para o manejo desses animais pelo homem
no ambiente de cativeiro afetam o estado emocional desses animais
(FERNANDES, 2014). Esses estudos evidenciaram que os testes de viés
cognitivo podem ser usados em muitas espécies, inclusive com espécies não
domesticadas, e que com adaptações podem ser aplicadas de forma eficaz,
revelando um potencial para avaliar estados positivos e negativos e serem uma
medida efetiva para os estados emocionais e do bem-estar animal (MENDL et
al., 2009).
3.4 O Caititu (Pecari tajacu)
É um animal silvestre também chamado de porco do mato e juntamente
com os queixadas (Tayassu pecari), e o taguá ou gigante (Catagonus wagneri),
fazem parte da ordem dos Artiodactyla, subordem Suiformes, família
25
Tayassuidae (GROVES; GRUBS, 1993, SOWLS, 1997). Sua distribuição
geográfica é ampla (Figura 1) desde o sul dos Estados Unidos da América
passando por toda América Central até a América do Sul onde ocorre a leste dos
Andes até o norte da Argentina (GRUBS; GROVES, 1993).
Esses animais se adaptam a diversas formações florestais e climáticas,
sendo encontrados tanto em florestas tropicais úmidas quanto em regiões
semiáridas (GRUBS; GROVES, 1993; SOWLS, 1997).
Figura1 -Mapa de distribuição do caititu (Pecari tajacu) Fonte: www.continentcolored.com.br
Em relação às características morfológicas e gerais da espécie, o peso
varia entre22 – 30 kg e pode apresentar variações a depender do sexo (GRUBS;
GROVES, 1993). Em sistemas de produção, um caititu jovem pode ganhar em
média 60 gramas por dia (NOGUEIRA; NOGUEIRA FILHO, 2011). A cabeça é
desproporcional em relação ao corpo, suas pernas e pés são relativamente
pequenos e delgados, sendo que seus membros anteriores apresentam quatro
dígitos e os posteriores três dígitos e apenas os metacarpos e metatarsos são
funcionais (SOWLS, 1997). Em relação aos pelos, são longos, ásperos e
geralmente com tonalidade cinza mesclada com preto, dando uma aparência
acinzentada. Em volta do pescoço possuem um conjunto de pelos brancos que se
assemelha a um colar (Figura 2) (SOWLS, 1997). Esses animais possuem uma
26
glândula de cheiro na porção final da região lombar, diretamente associada ao
comportamento social, que produz um forte odor que tem como função a
marcação do território (GRUBS; GROVES, 1993; SOWLS, 1997). Esses animais
geralmente são confundidos com porcos domésticos (Sus sucrofa) por possuírem
características e hábitos semelhantes (SOWLS, 1997). Tanto os suínos quanto os
pecaris possuem o focinho achatado e apoiado por cartilagem (GRUBS;
GROVES, 1993) o que lhes permite apresentar um comportamento característico
da espécie que é fuçar o solo (HERRING, 1972).
Figura 2-Indivíduo representante da espécie Pecari tajacu.do Laboratório de Etologia Aplicada, LABET Fonte: Karen
Martins
Os caititus apresentam pouca orientação visual, com olfato e audição bem
apurados (SOWLS, 1997). Em relação à preferência alimentar são animais
onívoros comem frutos, folhas, raízes, sementes e podem se alimentar também de
pequenos vertebrados e invertebrados como fonte de proteína (SOWLS, 1997).
Em cativeiro a alimentação pode ser adaptada a ração e complementada por
outros alimentos como mandioca, abóbora e milho (NOGUEIRA FILHO;
NOGUEIRA, 2004).
Em relação ao comportamento, os caititus são animais que vivem em
sociedade (NEAL,1959), em grupos pequenos (DUBOST, 2001), compostos de 7
a 15 indivíduos (NEAL,1959). Estes grupos são mistos e estáveis, podendo
27
existir mecanismos que promovem a coesão dos indivíduos dentro de seus grupos
(SOWLS, 1997). A espécie não possui hierarquia de dominância e aceitam a
introdução de outros animais no grupo, porém é comum a formação de sub-
grupos nesta situação (NOGUEIRA FILHO, SATO; NOGUEIRA, 1999). O fato
desses animais viverem em bandos apresenta algumas inconveniências que é o
fato de atraírem mais predadores e disseminar doenças (SOWLS, 1997).
No que se refere ao padrão de atividade desses animais, são mais ativos no
início e meio da manhã, final da tarde e início da noite (BODMER; SOWLS,
1993; VENTURIERI; LE PENDU, 2006). Esse padrão pode ser diferenciado a
depender das atividades do cativeiro (VENTURIERI; LE PENDU, 2006).
3.4.1 Criação em cativeiro
O caititu é considerado uma espécie silvestre e são explorados pela caça
de subsistência (NOGUEIRA FILHO; SATO; NOGUEIRA, 1999). Por terem
uma carne muito palatável e couro de excelente qualidade, despertam grande
interesse zootécnico (GRUBS; GROVES 1993). Seu couro pode ter um elevado
rendimento econômico para os produtores rurais (NOGUEIRA FILHO;
NOGUEIRA, 2000) e países como Alemanha, Itália e Japão são os principais
compradores (SOWLS, 1997). Essa espécie é muito importante (GRUBS;
GROVES, 1993) por ser considerada como uma fonte de subsistência para
populações carentes, pois representam uma fonte alternativa de proteína animal
(GRUBS; GROVES 1993; SOWLS, 1997). Por onde passam destroem o solo e
plantas e por isso são considerados animais praga e podem ser um alvo fácil para
caçadores, pois são fáceis de serem encontrados na natureza (SOWLS, 1997).
As leis no Brasil não aceitam a caça de animais silvestres, mas as criações
em cativeiro podem ser legalizadas. Por mais que não sejam aceitas por
conservacionistas, ainda assim, podem trazer grandes benefícios para a fauna e
conservação de florestas, por serem um banco genético e um reservatório para
repovoamento de áreas onde não estão mais presentes, além de ser uma
alternativa proteica em detrimento do gado que exige desmatamento de grandes
áreas e consumo de soja em grandes quantidades (NOGUEIRA; NOGUEIRA
28
FILHO, 2011). A criação em cativeiro tem o potencial de diminuir a caça ilegal,
viabilizando a produção familiar e garantindo alternativas econômicas
(NOGUEIRA; NOGUEIRA FILHO, 2011).
A produção de caititus exige pesquisas para o desenvolvimento de dietas
que barateiem a produção e para isto há necessidade de manter estes animais,
ainda rústicos, em gaiolas metabólicas para avaliar sua manutenção e
desempenho com tais dietas, o que pode trazer um grande desconforto ao animal
pela restrição de espaço, sem contar com o isolamento social. As gaiolas
metabólicas são estruturas que permitem a separação da urina e fezes para coleta
e posterior análise dessas excretas (DEMIRKAN; MELLI, 2007). Além de
permitir o controle total da ingestão de alimentos e água (TARLAND, 2007).
Geralmente os animais inseridos nessa condição ficam isolados do grupo e em
contato um ambiente de piso artificial, diferente do local de seu habitat natural, o
que pode ser um causador de estresse para os animais, interferindo nos
parâmetros fisiológicos e consequentemente no seu bem-estar (HOPPE et al.,
2009, TARLAND, 2007). Os estudos sobre o efeito do uso de gaiolas
metabólicas sobre o bem-estar de animais ainda são poucos (TARLAND, 2007).
Sabe-se, entretanto, que animais nessa condição de confinamento podem
apresentar a função hormonal alterada (SIARD et al., 2003; HOPPE et al., 2009),
alterações no ganho de peso (ROYO et al., 2005).
Neste contexto, o Laboratório de Nutrição de Animais Neotropicais
idealizou baias metabólicas que conferem mais espaço aos animais. Os estudos
nutricionais tem se mostrado eficientes, no entanto, até o presente não havia uma
análise sobre a melhoria de bem-estar dos animais nesta nova condição. Assim, o
presente estudo fará tal análise usando o paradigma do viés- cognitivo.
29
4. ARTIGO CIENTÍFICO
(A ser submetido para a revista Animal Welfare)
30
Avaliação do viés cognitivo em caititus (Pecari tajacu) mantidos em baias e gaiolas
metabólicas para estudos nutricionais
F.R.M. Oliveira, S.S.C. Nogueira
Laboratório de Etologia Aplicada, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, Rod Ilhéus Itabuna km 16, Ilhéus, BA, Brazil 45662-000
Abstract
The maintenance of animals in restricted space, such as metabolism cages used in nutritional experiments, can negatively affect their emotional state, compromising the results. We tested this hypothesis using the judgment-bias paradigm to evaluate whether space restriction affects the emotional state of collared peccary (Pecari tajacu) during a nutritional experiment. We individually trained six adult male peccaries to ‘go’ when a positive auditory cue (whistle; CS+) was given, when they received cassava root pieces as a reward; and to ‘not-go’ when a negative cue (caxixi sound, a percussion instrument; CS-) was sounded to avoid punishment and no reward. An ‘ambiguous’ auditory cue (a drumstick hitting an aluminum plate; CSA) was presented to probe decision-making under ambiguity. Individuals were subjected to five tests following the order: T1 (control-no space restriction), T2 (space restriction with environmental enrichment), T3 (control-no space restriction), T4 (space restriction without environmental enrichment), T5 (control-no space restriction). Each animal was exposed to 10 judgment bias trials of each of the three cue types: CS+, CS-, and CSA. We recorded whether animals showed the ‘go’ and ‘not-go’ response after each kind of cue. We also determined the fecal glucocorticoid metabolite concentration during the tests. During the first three tests (T1, T2, and T3) the peccaries showed similar proportions of ‘go’ responses to CS+ (0.3±0.0), CS-(0.3±0.0), and CSA (0.4±0.1) cue types (Ps>0.07), thus showing no pessimistic or optimistic bias. During the final tests (T4 and T5), however, the animals showed higher proportions of ‘go’ responses (P<0.05) to CS+ (0.5±0.0) than to both CSA (0.3±0.0) and CS- (0.2±0.1), which occurred in similar proportions (P>0.54), treating the ambiguous cue similarly to the negative cue. Moreover, during T4 and T5, the fecal glucocorticoid metabolite concentrations were higher than during the other tests (208.0±16.4 vs. 141.6±25.9 ng.g-1 dry feces, Ps<0.03). Therefore, the space restriction causes pessimistic bias and distress to peccaries, which can be improved by the introduction of environmental enrichment.
Keywords: animal welfare; cognitive bias; environmental enrichment; judgment metabolic cage; peccaries; stress
31
Introdução
A preocupação com o bem-estar de animais que vivem em confinamento seja
para fins comerciais ou para uso em laboratório tem sido crescente nos últimos anos
(Dawkins 2003; 2004a; Mason 2010). Em geral, os animais submetidos a estudos de
nutrição animal são mantidos em espaços restritos, tais como gaiolas ou baias
metabólicas, o que pode afetar tanto seu estado físico, como psicológico (Hansen &
Berthelsen 2000; Lund et al 2012, Petherick 2007). Ao longo dos últimos anos tem sido
desenvolvidos inúmeros testes que tem norteado pesquisas sobre o estado físico de
animais e sua relação com o bem-estar (Ross et al 2009). Tais estudos utilizam testes de
preferência, indicadores hormonais, bem como medidas comportamentais (Ross et al
2009). A maioria destes testes, no entanto, não possibilitam uma avaliação sobre o
estado emocional dos animais.
Estudos recentes que relacionam emoção e cognição apontam uma possibilidade
de compreensão dos estados afetivos em animais (Paul et al 2005).O paradigma de viés
de julgamento ou viés cognitivo busca analisar a interferência do estado emocional dos
animais nos seus processos de tomada de decisão e assim pode fornecer informações
importantes sobre o bem-estar psicológico dos animais e da valência positiva ou
negativa deste estado (Mendl et al 2009; Paul et al 2005). Assim, a classificação de um
indivíduo calmo, relaxado ou feliz seria apresentada com uma valência positiva e de
forma contrária, um indivíduo estressado, ansioso e medroso apresentaria uma valência
negativa (Mendl et al 2010).
Em humanos o humor pode influenciar os processos cognitivos (Doyle et al
2010; Lindström 2010). Um indivíduo deprimido tende a julgar um evento futuro
desconhecido de forma pessimista, assim como a pessoa em um estado positivo, tende a
julgar um evento futuro de forma mais otimista (Mendl et al 2009; Paul et al 2005).
32
Estudos recentes sobre viés de julgamento em animais não humanos (Doyle et al 2010;
Douglas, et al 2012; Harding et al 2004) têm evidenciado que estes podem apresentar a
capacidade de julgar um estímulo ambíguo como positivo ou negativo dependendo de
seu estado emocional (Mendl et al 2009), podendo assim validar uma análise do bem-
estar mental do indivíduo.
Harding et al (2004), estudando primordialmente ratos (Rattus novergicos),
trouxeram um grande avanço para as pesquisas de bem-estar animal no que se refere à
avaliação do estado emocional com animais. As pesquisas neste campo têm sido
apresentadas de forma satisfatória em muitas espécies tais como pássaros (Sturnus
vulgaris: Bateson&Matheson, 2007; Brilot et al 2009), galinhas (Gallus gallus:
Hymel&Sufka, 2012), ovelhas (Ovis aries: Destrez et al 2013; Doyle et al 2011b),
suínos (Sus scrofa: Douglas, et al 2012, Murphy et al 2013), cães (Canis lupus
familiaris: Burman et al 2011; Müller et al 2012), primatas (Macaca mulatta: Bethell et
al 2012), abelhas (Apis mellifera carnica: Bateson et al 2011); pecaris (Tayassu pecari:
Fernandes 2014) em diversas situações que representaram eventos potencialmente
negativos.
O caititu (Pecari tajacu) é uma espécie silvestre neotropical que desperta grande
interesse zootécnico por apresentar carne com características organolépticas de alto
valor (Groves&Grubs 1993), um couro apreciado no mercado internacional (Nogueira
Filho & Nogueira 2000) e pelo fato de ser considerada como uma fonte de subsistência
para populações carentes, pois representam uma fonte alternativa de proteína animal
(Nogueira Filho & Nogueira 2004). No que diz respeito a sua manutenção em cativeiro
e seu manejo, há muitas questões que ainda suscitam mais investigação, como por
exemplo sobre sanidade, nutrição e em especial sobre o estado emocional desses
33
animais sob condições de experimentação em nutrição animal que submetem os animais
a espaços restritos, como as gaiolas metabólicas.
O uso de gaiolas metabólicas em estudos nutricionais é importante para o
controle total da ingestão de alimentos, água (Tarland 2007) e para a separação da urina
das fezes (Demirkan&Melli 2007). Os animais inseridos nessa condição, entretanto,
ficam isolados do grupo e em contato um ambiente artificial, diferente do seu habitat
natural, o que pode causar estresse nos animais e interfir nos parâmetros fisiológicos e
consequentemente no seu bem-estar (Hoppe et al 2009, Tarland 2007).
Desta forma, o objetivo deste estudo foi utilizar o paradigma de viés cognitivo
para analisar o efeito da restrição de espaço sob o estado emocional de caititus mantidos
em experimentos de nutrição que utilizam baias e gaiolas metabólicas. Adicionalmente,
pretendemos avaliar o efeito da inclusão de enriquecimento ambiental nas gaiolas
metabólicas para avaliar os efeitos positivos desta técnica sob os animais. Muitos
estudos mostram que o enriquecimento ambiental é uma técnica vista como alternativa
para melhoria do bem-estar de animais que vivem em condição de restrição (Watters
2009; Wells 2009). Assim, mudanças no ambiente poderão influenciar no
processamento de informações, ou seja, na tomada de decisão e influenciar de forma
positiva nas respostas aos estímulos ambíguos (Bethell et al 2012, Douglas et al 2012).
Pretendemos ainda monitorar o estresse dos animais pela análise da concentração de
metabólitos de glicocorticóides fecais. A análise da concentração de metabólitos de
glicocorticóides nas fezes é um método não invasivo que permite monitorar o estresse
dos animais (Coradello et al 2012; Nogueira et al 2011). Predizemos que, na fase de
restrição de espaço com enriquecimento, os animais apresentarão um viés mais otimista
do que quando inseridos na fase de restrição do espaço sem enriquecimento ambiental.
Material e métodos
34
Nota ética
Este estudo seguiu os Princípios de cuidados com animais de laboratório (NIH
publication N. 86-23, revisado 1985) e foi aprovado pelo Comitê de Ética de Uso de
Animais em Pesquisa (CEUA) da UESC (Protocolo Nº 021/13).
Animais experimentais e área de estudo
Foram utilizados seis machos adultos de caititu (Pecari tajacu), com idade
aproximada de seis anos, com peso (23,0 ± 2,0) nascidos e criados em cativeiro,
mantidos pelo Laboratório de Etologia Aplicada (LABET) na Universidade Estadual de
Santa Cruz-UESC, Ilhéus, Bahia, Brasil (14°47’39.8’’S, 39°10’27.7’’O). Os animais
foram mantidos individualmente em seis baias metabólicas durante todo o experimento
(Figura 1).
Figura 1-Baias metabólicas para estudos nutricionais. Fonte:Silva Neto
35
Os animais foram testados quanto ao efeito de disponibilidade de espaço para
estudos nutricionais em baias e gaiolas metabólicas. As baias possuíam área total de
11,3 m2 (7,5 m x 1,5 m) e as gaiolas metabólicas 4 m2 (2,0 m x 2,0 m), como na maior
parte dos estudos de nutrição para a espécie (Nogueira Filho et al 2014). Desta forma,
denominaremos aqui de baia metabólica a área com maior espaço disponível que
possuía área de descanso coberta com 5,0 m2 e mais um espaço de solário medindo 2,3
m2 (Figura 2), onde os animais podiam circular livremente. Na área com espaço mais
restrito (gaiolas) havia um piso de madeira suspenso e não foi permitido ao animal
circular na área de solário (Figura 2). As seis baias usadas no estudo eram dispostas de
forma contígua e foram separadas entre si por placas de madeira com o objetivo de
impedir a visualização entre os animais. A parte frontal das baias foi protegida com uma
lona plástica preta e opaca com o objetivo de minimizar o estresse dos animais devido a
movimentação do observador.
Figura 2 - Croqui da divisão do espaço disponível: A+B (baia metabólica) -B (gaiola metabólica)
36
Os animais do experimento já viviam nas baias há dois anos e foram alimentados
com 700g/animal de ração formulada com milho em grão, farelo de milho, farelo de
soja e sal mineralizado e não foi alterada durante o experimento, exceto durante o
treinamento de recompensa e de teste de julgamento (ver detalhes abaixo) quando os
animais foram recompensados com fatias de raízes de mandioca (Manihot sp.) por ser o
alimento de maior preferência destes animais (Nogueira Filho, com. pessoal). A água
foi disponibilizada ad libitum.
Procedimentos
Treinamento dos estímulos sonoros aos comandos ‘ir/não ir’
Como os caititus possuem uma audição acurada (Sowls 1997), optamos por
treiná-los a comandos sonoros de um apito (Freqmédia3,281 Hz; 110,08Db) e caxixi:
(Freqmédia9,173Hz; 80,42Db) para atender a dois comandos do tipo “ir” e “não ir” até o
alimento. Todas as frequências de som foram medidas usando um decibelímetro,
(Minipa Digital, MSL-1352C, São Paulo, Brasil).
O treinamento dos animais a tais estímulos foi realizado individualmente.
Assim, através de condicionamento operante (Bouton 2007) e do modelo proposto por
Harding et al (2004),os animais foram treinados a obedecer a um estímulo sonoro
(estímulo positivo, E+; apito Freqmédia3,281 Hz; 110,08 Db) de ‘ir’ até uma área da baia,
que era delimitada por uma linha no chão (Figura 2) para receber a recompensa (20g de
mandioca) e a não “ir” (“no go”) quando escutassem um estímulo condicionado sonoro
negativo (E-; caxixiFreqmédia9,173Hz; 80,42Db). No comando de ‘não ir’, caso o
animal não respondesse corretamente (ou seja, se ele fosse até a linha demarcada), ele
recebia uma punição com um jato d’água e não recebia a recompensa, a mandioca.
37
Começamos o treinamento com o comando 'ir' e após os animais aprenderem o
estímulo condicionado positivo (EC+), iniciamos o treinamento do estímulo
condicionado negativo (EC-) ao comando ‘não ir’. A resposta correta para o comando
EC+ foi definida como ‘ir’ até a área demarcada no chão da baia em um tempo de 30s.
De forma oposta, para o comando EC-, a resposta correta foi de não se aproximar da
área demarcada no chão da baia ou área de recompensa (‘não ir’) também em 30s.
Realizamos um treinamento por dia do sinal positivo (EC+) durante 12 dias
consecutivos. Em cada treinamento foram realizados 10 ensaios (cada ensaio consistiu
em o animal escutar o sinal sonoro por até 3s), totalizando120 ensaios para cada animal.
Foi realizado um teste binomial com a probabilidade de 50% de sucesso para detectar
quando a resposta correta dos animais foi maior que aquela esperada ao acaso e após o
6º dia de treinamento todos os animais respondiam mais do que 70% de acerto, p<0,05)
considerado uma porcentagem satisfatória, seguindo o proposto por Douglas et al
(2012).
No primeiro dia, o comando foi emitido de forma repetida até que os animais
aprendessem o local exato para receber a recompensa, isto é, chegar até a linha
demarcada no chão da baia metabólica (Figura 2). Cada resposta correta do animal, isto
é, aproximar-se do local de recompensa, foi recompensado com 20g de mandioca,
enquanto que as respostas incorretas (‘não ir’) para o EC+ não foram recompensadas ou
punidas. Para o treino do EC- (‘não ir’) foi utilizado o mesmo procedimento realizado
para o treino do EC+. O aprendizado do comando sonoro para este estímulo foi mais
rápido do que para o E+; apenas três dias de treinamento para EC- ser aprendido. Desta
forma, foi realizado um treino por dia do sinal EC-. Em cada treino também foram
realizados 10 ensaios (com um estímulo com duração de 3s cada ensaio), totalizando 30
38
ensaios para cada animal e já no 2º dia os animais responderam com mais de 70% de
acerto.
Após os animais terem aprendido a responder corretamente ao sinal positivo e
negativo, foram realizados 9 dias de treinos em que a sequência dos dois sinais (E+ e E-
) foi randomizada, com o objetivo de avaliar se os animais aprenderam os estímulos sem
influência de uma sequência de apresentação. Para cada sessão de treinamento portanto,
foram apresentados 5 ensaios para cada um dos estímulos (E+ e E-), totalizando 90
ensaios por animal, 45 para cada estímulo.
Para determinar se o animal estava testes apto a realizar os de viés cognitivo,
também foi realizado um teste binomial com a probabilidade de 50% de sucesso para
detectar quando a resposta correta dos animais foi maior que aquela esperada ao acaso.
A partir do quarto dia de treino os animais já apresentaram um número de acerto maior
do que seria esperado se eles tivessem respondido ao acaso (64% de acerto, p<0,05). Os
treinos continuaram por mais cinco dias até que os acertos dos animais atingissem 70%
de acertos. Um dos animais não atingiu esse critério e, portanto foi excluído das análises
posteriores.
Teste de viés de julgamento/viés cognitivo
Para o teste de viés de julgamento foi apresentado ao animal um estímulo sonoro
que fosse considerado ambíguo para o animal, de frequência intermediária entre os
estímulos positivo e negativo. Assim optamos pelo som de uma baqueta de madeira
batendo em uma placa de alumínio EA(Freqmédia6,040 Hz; 62,85Db). Esse sinal foi
apresentado somente no momento do teste de viés de julgamento, e não foi
recompensado e nem punido. Este estímulo teve o objetivo de avaliar o efeito do estado
emocional do animal após o período de restrição de espaço nas fases do estudo, e se
39
reconheceriam o estímulo como uma previsão de recompensa (resposta “otimista”) ou
punição (resposta “pessimista”).
Procedimento
O experimento seguiu o modelo proposto por Heffner (2004) no qual intercala-
se controle e tratamento de cada fase experimental (T1, T2, T3, T4 e T5). As fases
controle (T1, T3 e T5) corresponderam ao uso das baias sem restrição de espaço e as
fases de tratamento (T2 e T4) corresponderam à limitação do espaço (gaiola
metabólica), com e sem enriquecimento ambiental. Esse enriquecimento foi escolhido
com base no estudo de Nogueira et al (2011), em que foi observado que a
imprevisibilidade temporal aumenta os comportamentos exploratórios e diminui a
inatividade dos animais o que pode contribuir para a melhoria do bem-estar. Assim, o
enriquecimento ambiental introduzido correspondeu ao uso de cocos para manipulação
dos animais. É de nosso conhecimento que os caititus não conseguem abrir os cocos e,
portanto não houve consumo deste material. Os animais manipulavam os cocos os
deslocando de um lado para o outro. Os animais permaneceram sete dias em cada uma
das fases propostas (T1, T2, T3, T4, T5), totalizando 40 dias de experimento (Figura 3).
Figura 3- Delineamento experimental
Os testes de julgamento ocorreram entre 07:00 e 9:30 e entre15:30 e 18:00. Cada
indivíduo completou uma sequência total de 30 sinais de julgamento (10 repetições para
40
cada sinal - E+, E- e EA), divididos em dois blocos: 15 sinais pela manhã e 15 sinais
pela tarde (5 repetições para cada sinal).
Para iniciar o teste de julgamento, o animal e o sinal a ser utilizado foram
escolhidos de forma randômica. Registramos se o animal atendeu ao comando de
“ir/go” dentro de 30s ou se permaneceu na área de descanso, resposta “não ir/no go”.O
comportamento dos animais durante todo o procedimento experimental foi registrado
com auxílio de uma câmera filmadora digital JVC (GZ-HD500; Tóquio, Japão), alocada
na sala de observação.
Monitoramento do estresse
Em todas as fases do experimento (T1, T2, T3, T4 e T5) foram coletadas
amostras de fezes para análise de metabólitos de glicocorticóides. Todas as amostras
foram coletadas até 6 horas após a excreção dos animais e sempre após três dias do
início da fase correspondente, uma vez que as excretas contém metabólitos hormonais
de três dias atrás (Coradello et al 2012). Foram coletadas três amostras de cada fase, em
três dias consecutivos. As amostras de fezes foram acondicionadas em recipientes
plásticos identificadas com o número do animal e a fase correspondente, refrigerados a -
20 ◦C seguindo o método de Coradello et al (2012). As amostras fecais foram
homogeneizados e 1-2 g de cada animal foi sub-amostrado e armazenado a -20 ◦C em
preparação para liofilização (FreeZone® Plus 4.5 LiterCascade de bancada, Labconco).
A concentração (ng.g-1) do metabólito de glicocorticóide nestas amostras foram
analisadas no Laboratório de Fisiologia e Comportamento da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, Brasil e o procedimento usado para extrair as concentrações de
metabólitos de glicocorticóides foi através de ELISA seguindo Coradello et al (2012).
Foi utilizada a proporção de 01:10 de etanol para melhor recuperação de metabólitos de
glicocorticóides conforme determinado por Coradello et al (2012). A reatividade
41
cruzada para o anticorpo foi de 100% com o cortisol, 9,9% de prednisolona, 6,3% para
prednisona e 5% para o cortisona. Os coeficientes de variação (CV) intra e inter ensaio
foram de 2,8% e 11,8% respectivamente. A análise de sensibilidade foi de 29,88 ng.g-1.
Análise estatística
Para a comparação das médias das proporções “go” em todas as fases (T1, T2,
T3, T4 e T5) foi usado o modelo GLM (General Linear Model) de medidas repetidas
seguido do teste post hoc Duncan, quando apropriado. Neste modelo, as fases, os
diferentes sinais sonoros (E+, E- e EA) e suas interações foram considerados como
variáveis independentes. Para a comparação das médias de concentração e metabólitos
de glicocorticóides foi aplicada ANOVA de medidas repetidas seguidas pelo teste
Duncan, sendo considerada como variável independente a fase experimental (T1, T2,
T3, T4, T5) a que o animal estava submetido durante a coleta.
Todos os dados atenderam os requerimentos de testes paramétricos tais como
normalidade e homogeneidade de variância. As análises foram realizadas usando o
programa Statistica (7.0), com nível de significância P<0,05.
Resultados
Comparação de respostas “go” nos diferentes tratamentos
Os caititus aprenderam a diferir os sinais de reforços positivos e negativos
(F14,56=2,68, P= 0,005). O teste Duncan mostrou que em todas as fases experimentais,
os animais apresentaram maior proporção de respostas "go" (Ps<0,048) após a emissão
do sinal de reforço positivo (0,46±0,35)do que após o sinal de reforço negativo
(0,24±0,31; Figura 4).
42
Na primeira fase T1, a proporção de respostas "go" após a emissão do sinal
ambíguo (0,30±0,40) não diferiu (P=0,46) da proporção de respostas "go" após a
apresentação do sinal negativo (0,22 ± 0,33), como também não diferiu (P= 0,07) da
proporção de respostas "go" após o sinal positivo (0,50 ± 0,36) (Figura 4). O mesmo foi
verificado na fase T2 que se seguiu após a fase de restrição de espaço com
enriquecimento T3 (EA:0,24±0,36; E+=0,40±0,39; E-=0,28±0,36; Figura 4). Já na fase
T5, que seguiu após a fase de restrição de espaço sem enriquecimento T4, a proporção
de respostas "go" durante a apresentação do sinal ambíguo (0,34±0,29) não diferiu
(P=0,70) da proporção registrada após a emissão do sinal negativo (0,26±0,42). No
entanto, foi menor (P=0,048) do que a registrada após a emissão do sinal positivo
(0,44±0,36) .
Com relação às fases de tratamento T2 e T4 as respostas ao estímulo ambíguo
apresentaram-se de forma diferente de acordo com a presença ou não do
enriquecimento. Na fase de restrição do espaço com enriquecimento ambiental T2, a
proporção de respostas "go" após a emissão do sinal ambíguo (0,40±0,42) não diferiu
(P=0,34) da proporção registrada após a emissão do sinal negativo (0,30±0,29), bem
como não diferiu (P=0,54) da proporção registrada após a emissão do sinal positivo
(0,46±0,42), não revelando nem um viés otimista nem pessimista. Na fase de restrição
do espaço sem enriquecimento ambiental T4, por sua vez, a proporção de resposta "go"
após o estímulo ambíguo (0,28±0,28) foi similar (P=0,18) à proporção verificada após a
emissão do sinal negativo (0,14±0,21) e diferente (P=0,05) da proporção de respostas
verificadas após o sinal positivo (0,48±0,39), apresentando um viés mais pessimista.
43
44
Concentração de metabólitos de glicocorticóides fecais nos diferentes tratamentos
A concentração de metabólitos de glicocorticóides nas fezes dos caititus diferiu entre
as diferentes fases experimentais (F4,16=6,85; P=0,002). Essa concentração foi semelhante
(PS>0,15) entre as fases T1(122,55±13,14 ng.g-1de fezes secas), Restrição com
enriquecimento ambiental (T2:131,1±65,83 ng.g-1 de fezes secas) e T3 (171±41,42 ng.g-1 de
fezes secas). Por outro lado, houve aumento (PS<0,03) na concentração de metabólitos de
glicocorticóides nas fezes dos caititus durante as fases de Restrição sem enriquecimento
ambiental T4 219,6±49,69 ng.g-1 de fezes secas) e T5 (196,4±55,05 ng.g-1 de fezes secas).
Figura 5 - Médias da proporção da concentração de metabólitos de glicocorticóides em cada teste (T1, T2, T3, T4 e T5). As barras representam o erro padrão. Letras diferentes representam diferença significativa (a≠b) e letras iguais quando não há diferença.
Discussão
Nossos resultados indicam que os caititus são capazes de aprender a diferir os sinais de
reforços positivos e negativos seguindo o modelo “ir/não ir ou go /no go” proposto por
45
Harding et al (2004). O modelo proposto por Douglas et al (2012), com o uso de uma tarefa
de julgamento de viés cognitivo por meio de sinais auditivos também foi bem sucedido para
os caititus. Os animais não apresentaram nas fases T1 e T3 (em que estavam na baia) um viés
positivo tampouco negativo, porém, apresentaram um viés negativo no T5, após ficarem
restrito de espaço na gaiola metabólica sem enriquecimento ambiental, revelando que houve
um carreamento do estado emocional do T4 para esta última fase controle T5. Com relação
aos tratamentos T2 e T4, apenas no tratamento de restrição do espaço sem enriquecimento T4)
foi verificada a presença de viés cognitivo negativo, confirmando nossa predição.
Durante a fase de restrição do espaço com enriquecimento T2, os animais não
apresentaram um viés otimista tampouco pessimista, uma vez que não houve diferença nas
respostas “go” entre tratamento e controle. Esperava-se que, com o enriquecimento ambiental,
o estado emocional negativo causado pela restrição do espaço fosse minimizado, colaborando
para que o estado emocional dos animais não fosse prejudicado, sendo tal efeito observado
pelo julgamento mais positivo do estímulo ambíguo, como demonstrado nos estudos
anteriores (Brydges et al 2011; Douglas et al 2012), em que o enriquecimento ambiental
minimizou os efeitos estressores da manipulação ambiental. Neste trabalho, observamos que
aparentemente o enriquecimento ambiental contrabalanceou os efeitos negativos da restrição
do espaço, mantendo os animais com o mesmo estado emocional do T1 e T3. O efeito do
enriquecimento ambiental sob a manipulação ambiental aversiva (estresse de captura) pôde
ser observado recentemente, em um estudo com queixadas, em que o efeito do
enriquecimento ambiental superou os efeitos causados pelo estresse depois de uma captura,
tida como um estímulo aversivo (Fernandes 2014).
Na fase T4 os animais ficaram novamente em um espaço restrito (gaiola metabólica),
sem a inclusão do enriquecimento ambiental. Dessa vez, o sinal ambíguo foi julgado pelos
animais como um sinal negativo, apresentando um viés pessimista. Este resultado indica que a
46
restrição do espaço sem enriquecimento ambiental causou um estresse emocional negativo a
ponto dos animais associarem o sinal ambíguo como uma punição, ou pelo menos com o não
recebimento de uma recompensa. Esse resultado corrobora o estudo de Bateson e Matheson
(2007) e Douglas et al (2012) em que a ausência de enriquecimento causou um
empobrecimento do ambiente gerando um viés negativo nos animais. Em outro estudo com
pássaros (Sturnus vulgaris), os animais que estavam em gaiolas com mais espaço disponível e
com enriquecimento ambiental, apresentaram um viés mais otimista do que aqueles que
estavam em gaiolas menores e sem enriquecimento ambiental (Matheson et al 2008).
Scollo et al (2014) ao estudar o efeito da restrição do espaço sob o estado emocional
em suínos não encontrou dados conclusivos confirmando que o espaço reduzido causou
estresse a ponto de causar prejuízos na tomada de decisão do animal. Esses resultados diferem
do encontrado neste trabalho, em que a restrição do espaço sem o uso do enriquecimento
ambiental causou um viés pessimista. Mendl e Paul (2008) ressaltam que memórias de
experiências passadas podem ter um impacto sobre o estado emocional dos animais. O fato
dos animais ficarem em um ambiente restrito pode ter sido avaliado pelos animais como uma
ameaça a ponto de continuarem julgando o estímulo ambíguo como negativo, ocasionando um
carreamento do viés pessimista para o T5.
Um espaço restrito como gaiolas ou baias metabólicas pode ser um ambiente que gere
estresse (Lund et al 2012) e que comprometa o bem-estar do animal devido a prejuízos no seu
desenvolvimento físico e/ou psicológico. No entanto, estudos que avaliaram qualitativamente
o comportamento evidenciaram que as reações comportamentais dos animais frente a um
estímulo ou uma situação negativa pode variar de acordo com seu temperamento (Lansade et
al 2008; Réale et al 2007) e também devido à presença humana (Minero et al 2009). O
temperamento ou personalidade de um indivíduo pode ser evidenciado nas diferentes
respostas comportamentais apresentadas em diferentes situações de seu cotidiano, podendo
47
apresentarem-se mais ousados ou tímidos, por exemplo (Réale et al 2007).Caititus são
animais reativos ao homem e com uma grande variação no temperamento (Nogueira et al in
press). Nesse sentido, o temperamento individual pode ter influenciado e dificultado o
aprendizado de um dos animais no ambiente restrito como uma baia metabólica..
Com relação às fases experimentais observou-se que a concentração de metabólitos de
glicocorticóides fecais diferiu apenas nas fases de restrição sem enriquecimento T4 e T5. Este
resultado revela que apesar dos níveis mais elevados de glicocorticóides em todas as fases, a
introdução de enriquecimento ambiental pode ter tido um efeito positivo no estado emocional
dos animais. O enriquecimento ambiental é uma técnica que tem sido utilizada em várias
situações para auxiliar na diminuição do estresse crônico de animais em cativeiro
(Carlstead&Sliepherdson 1994) A interação com cocos durante a fase de restrição do espaço
com enriquecimento ambiental T2 pode ter gerado um estado emocional mais positivo do que
durante a restrição de espaço sem a presença de enriquecimento ambiental T4, o que manteve
o nível das concentrações de metabólitos de glicocorticóides próximas a do T1.
Os níveis de concentração de metabólitos de glicocorticóides fecais registrados em
nosso estudo estão bem acima da faixa de nível basal encontrada para a espécie (29,7±11,2
ng.g-1 de fezes secas, Coradello et al 2012). Geralmente a avaliação do hormônio
glicocorticóide é utilizado para verificar a presença de estresse no animal frente a um evento,
podendo ser associado a situações negativas que podem se tornar crônicas como o medo e
ameaça (Carlstead&Sliepherdson 1994) denominado distresse, ou associado situações
positivas, como por exemplo a motivação para fugir de um predador (Rushen 2000), sendo
denominado eustresse. Os altos níveis foram identificados em todas as fases, mostrando que
os animais, mesmo alojados em uma baia com espaço maior do que as gaiolas metabólicas,
onde normalmente são realizados estes estudos nutricionais, já se encontravam em uma
condição de distresse além do esperado. Uma explicação para os altos níveis de
48
glicocorticóides encontrados em nosso estudo pode ser devido ao isolamento social dos
animais. Caititus são animais que vivem em sociedade (Dubost 2001), e o fato de serem
privados do convívio social durante o experimento, uma vez que havia uma separação (placa
de madeira) entre os animais, este fato pode ter interferido na atividade adrenal desses
animais, a ponto de apresentarem altos níveis de glicocorticóides.
Estudos que utilizaram o paradigma de viés cognitivo têm revelado que a interação
com o enriquecimento ambiental gera um estado emocional mais otimista (Douglas et al
2012; Lindström 2010; Ritcher et al 2012). A inserção do enriquecimento ambiental
associado com imprevisibilidade temporal aumenta o bem - estar de animais em cativeiro
(Nogueira et al 2011; Watters 2009). Nogueira et al (2011) observaram que com a introdução
de um programa de enriquecimento alimentar para caititus, aumentando a imprevisibilidade
espacial e temporal, a concentração de metabólitos de glicocorticóides fecal se manteve
semelhante aos níveis basais encontrados por Coradello et al (2012), revelando o efeito
positivo do enriquecimento ambiental para os animais. Temos que considerar, no entanto, que
no estudo de Nogueira et al (2011) os animais estavam em condições de semi-confinamento,
diferente do presente estudo em que os animais estavam com restrição de espaço (baias
metabólicas).
Na fase de restrição do espaço sem enriquecimento ambiental T4 o nível adrenal foi
superior das demais fases (T1, T2 e T3) mantendo-se na fase T5. Aparentemente os efeitos da
restrição do espaço sem o enriquecimento ambiental foram negativos para os animais,
causando um distresse ainda maior, a ponto de apresentarem um viés pessimista evidenciado
pelo teste de viés cognitivo. Estudos que mediram os níveis de glicocorticóide em situações
de restrição de espaço não encontraram diferenças significativas que comprovassem que esta
restrição pode ser um indicativo de estresse (Anil et at 2007; Gupta et al 2007; Scollo et al
2014).
49
Bettie et al (1996) em um estudo sobre os efeitos da perda de enriquecimento
ambiental sobre os comportamentos de porcos, observaram que os animais que são alocados
de uma baia enriquecida para uma não enriquecida diminuíram as vocalizações e o
comportamento exploratório, considerados sinais de distresse. Mendes (2008) em um estudo
sobre digestibilidade observou que caititus não se adaptaram em gaiolas metabólicas, uma vez
que, houve tentativas de escape e recusa do alimento, sugerindo que o uso de espaços
maiores, como as baias metabólicas avaliadas no presente estudo trariam benefícios aos
animais e menor viés na interpretação de estudos nutricionais.
Experimentos utilizando gaiolas e baias metabólicas com objetivo de estudar a
nutrição animal podem conter um viés de ordem emocional, o que pode levar à inapetência
dos animais e incorrer na mal interpretação dos resultados do ponto de vista nutricional.
Assim, esse estudo pode ser um avanço importante para estudos nutricionais para a validação
tanto do paradigma de viés cognitivo, quanto do uso de baias metabólicas para caititus.
Implicações para o bem-estar animal e conclusões
O paradigma do viés cognitivo mostrou-se eficiente para analisar o efeito da redução
de espaço sob o estado emocional dos caititus em estudos nutricionais que usam gaiolas e
baias metabólicas. A análise dos metabólitos de glicocorticóides fecais confirma o estado de
estresse, indicando que os animais na condição de maior restrição de espaço (gaiolas) e sem o
enriquecimento ambiental apresentaram distresse que foi carreado para o T5. Este estudo
desperta uma discussão no que diz respeito ao bem-estar de animais que estão sob condição
experimental em estudos de nutrição, revelando a possibilidade de um viés emocional que
pode interferir nas conclusões de tais estudos.
Referências
Anil L, Anil SA e Deen J 2007 Effects of allometric space allowance and weight group composition on grower-finisher pigs.Canadian Journal of Animal Science, 87: 139-151
50
Averós X, Brossard L, Dourmad JY, Greef de KH, Edge HL, Edwards SA e Meunier-Salaün MC 2010Quantitative assessment of the effects of space allowance, group size and floor characteristics on the lying behaviour of growing-finishing pigs. Animal 4: 777–783 Bateson M, Desire S, Gartiside SE e Wright GA 2011 Agitated honeybees exhibit pessimistic cognitive biases. Current Biology 21: 1070-1073
Bateson M, Matheson S M 2007 Performance on a categorisation task suggests that removal of environmental enrichment induces “pessimism” in captive European starlings (Sturnus vulgaris). Animal Welfare16: 1–4
Bethell EJ, Holmes A, Maclarnon A e Semple S 2012 Cognitive bias in a non-human primate: husbandry procedures influence cognitive indicators of psychological well-being in captive rhesus macaques. Animal Welfare 21: 185-195 Beattie VE, Walker N, Sneddon IA 1996 An investigation of the effect of environmental enrichment and space allowance on the behaviour and production of growing pigs. Applied Animal Behaviour Science 48: 151-158
Bouton, ME 2007 Learning and behavior: A contemporary synthesis:Sinauer Associates
Brilot BO, Normandale CL, Parkin A e Bateson M 2009 Can we use starlings’ aversion to eyespots as the basis for a novel cognitive’ bias task? Applied Animal BehaviourScience118: 182–190
Broom DM, Fraser AF 2010 Comportamento e bem-estar de animais domésticos,Manole: Barueri.
Brydges NM, Leach M, Nicol K, Wright R e Bateson M 2011 Environmental enrichment induces optimistic cognitive bias in rats. Animal Behaviour 81: 169–175
Burman OH, McGowana R, Mendl M, Norlinga Y, Paul E, Rehna T e Keelinga L 2011 Using judgement bias to measure positive affective state in dogs.Applied Animal Behaviour Science132:160–168 Carlstead K, Sliepherdson D, 1994 Effects of Environmental Enrichment on Reproduction. Zoo Biology 13: 447-458 Caroprese M, Annicchiarico G, Schena L, Muscio A, Migliore R e SeviA 2008Influence of space allowance and housing conditions on the welfare, immune response and production performance of dairy ewes. Journal of Dairy Research 76: 66–73 Coradello MA, Morais RN, Roper J, Spercoski KM, Massuda T, Nogueira SSC e Nogueira-Filho SLG 2012 Validation os a fecal clucocorticoid metabolite assay for collared peccaris (Pecaritajacu). Journal of Zoo and Wildlife Medicine 43:69-76
51
Dawkins MS 2004 Using behavior to assess animal welfare.Animal welfare13: 3-7
Dawkins MS 2003 Behaviour as a tool in the assessment of animal welfare.Zoology106: 383–387
Demirkan A, Melli M 2007 A simple and inexpensive device for collecting urine samples from rats. Technique 36:1-3
Destrez A, Deiss V, Lévy F, Calandreau L, Lee C, Chaillou-Sagon E eBoissy A 2013. Chronic stress induces pessimistic-like judgment and learning deficits in sheep. Applied Animal Behaviour Science 148: 28-36
Douglas C, Bateson M, Walsha C, Bédué A e Edwards SA 2012 Environmental enrichment induces optimistic cognitive biases in pigs. Applied Animal Behaviour Science 139: 65–73
Doyle RE, Lee C, Deiss V, Fisher AD, Hinch GN, Boissy A 2011b Measuring judgement bias and emotional reactivity in sheep following long-term exposure to unpredictable and aversive events. Physiology & behavior 102: 503-510
Doyle RE, Fisher AD, Hinch GN, BoissyA e Lee C 2010. Release from restraint generates a positive judgement bias in sheep. Applied Animal Behaviour Science 122: 28-34 Dubost G 2001.Comparison of the social behaviour of captive sympatric peccary species (genus Tayassu); correlations with their ecological characteristics. MammalianBiology66: 65-83
Fernandes IKS 2014 Análise do viés cognitivo em queixadas (Tayassu pecari) após estresse de captura. Ano de Obtenção: 2014. Ilhéus/Ba. Dissertação (mestrado) - “UESC”, Universidade Estadual de Santa Cruz.
Groves CP, Grubb P 1993 The Suborder Suiformes. In: OLIVER, W. L. R. (Ed.) Pigs, Peccaries and Hippos, p. 10-14. Status Survey and Conservation, action plan,Suiça: IUCN. Gupta S, Earley E, Crowe M.A 2007 Pituitary, adrenal, immune and performance responses of mature Holstein · Friesian bulls housed on slatted floors at various space allowances The Veterinary Journal 173: 594–604 Hansen LT, Berthelsen H 2000 The effect of environmental enrichment on the behaviour of caged rabbits (Oryctolaguscuniculu)Applied Animal Behaviour Science68: 163–178
Harding E J, Paul ES, Mendl M 2004 Animal behaviour: cognitive bias and affective state. Nature427: 312. Heffner CL 2004 Research methods for education, psychology and the social sciences.http://www.allpsych.com/researchmethods.
52
Hoppe C C, Moritz KM, Fitzgerald SM, Bertram J F and Evans RG 2009 Transient Hypertension and Sustained Tachycardia in Mice Housed Individually in Metabolism Cages Physiol. Res. 58: 69-75
Hymel KA, Sufka KJ 2012 Neuropharmacology Pharmacological reversal of cognitive bias in the chick anxiety-depression model. Neuropharmacology 62:161–166. Lansade L,Bouissou MF e Erhard HW 2008Fearfulness in horses: A temperament trait stable across time and situations. Applied Animal Behaviour Science 115: 182–200 Lindström L 2010 Performance of laying hens in a cognitive bias task: the effect of time since change of environment. Faculdade de Medicina Veterinária e Departamento de Zootecnia da Divisão de Etologia e Bem-Estar Animal. Universidade de Agricultura da Suécia. Trabalho Independente de Biologia nº 189. Lund K E, Maloney S K, Milton JTB, and Dominique B 2012 Gradual Training of Alpacas to the Confinement of Metabolism Pens Reduces Stress When Normal Excretion Behavior Is Accommodated. The ILAR Journal. http://ilarjournal.oxfordjournals.org/content/53/1/E22.short
Mason GJ 2010 Species differences in responses to captivity: stress, welfare and the comparative method. Trends in Ecology and Evolution25:713-721
Matheson SM, Asher L e Bateson M 2008 Larger, enriched cages are associated with ‘optimistic’ response biases in captive European starlings (Sturnus vulgaris). Applied Animal Behaviour Science 109: 374–383
Mendes A 2008 Fornecimento de uréia na dieta de catetos (Pecari tajacu) e uso de isótopo estável 15N como marcador para estimativa da síntese de nitrogênio microbiano, Ano de Obtenção: 2008. Piracicaba/SP. Tese (doutorado) - Escola Superior de Agricultura "Luis de Queiroz", Universidade de São Paulo
Mendl M, Burman OHP, e Paul ES 2010 An integrative and functional framework for the study of animal emotion and mood. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences 277: 2895-2904
Mendl M, Burman OHP, e Paul ES 2009 Cognitive bias as an indicator of animal emotion and welfare: Emerging evidence and underlying mechanisms. Applied Animal Behaviour Science 118: 161–81
Mendl M, Paul ES 2008 Do animals live in the present? Current evidence and implications for welfare.Applied Animal Behaviour Science 113: 357-82
Minero M, Tosi MV,Canali EeWemelsfelder F 2009 Quantitative and qualitative assessment of the response of foals to the presence of an unfamiliar human.Applied Animal Behaviour Science 116, p. 74–81
53
Muller CA, Riemer S, Rosam CM, Schoßwender J, Range F e Huber L 2012 Brief owner absence does not induce negative judgement bias in pet dogs. Animal cognition 15:1031–1520
Murphy E, Norquist RE, Van der stay FJ 2013 Responses of conventional pigs and Göttingen miniature pigs in an active choice judgement bias task. Applied Animal Behaviour Science 148: 64-76 Nogueira-Filho SLG, Borges RM, Mendes A, Dias CTS 2014 Nitrogen Requirements of WhiteLipped Peccary (Mammalia, Tayassuidae) Zoo Biology 33: 320–326 Nogueira-Filho SLG and Nogueira SSC 2004 Captive breeding programmes as an alternative for wildlife conservation in Brazil. In: Silvius KM, Bodmer RE and Fragoso JMV (eds) People in Nature, Wildlife Conservation in South and Central America pp 171- 190,Columbia University Press: New York, USA. Nogueira-Filho SLG and Nogueira SSC2000Criação comercial de animais silvestres: produção e comercialização da carne e subprodutos na região sudeste do Brasil. RevistaEconômicadoNordeste 31: 188–195 Nogueira SSC, Calazans SG, Costa TSO, Peregrino H, Nogueira-Filho SLG 2011 Effects of varying feed provision on behavioral patterns of farmed collared peccary (Mammalia, Tayassuidae) Applied Animal Behaviour Science 132: 193–199 Nogueira SSC, Macêdo JF, Sant’Anna AC, Nogueira-Filho SLG e MJR Paranhos da Costa MJRAssessment of temperament traits of white-lipped (Tayassupecari) and collared peccaries (Pecaritajacu) (Mammalia, Tayassuidae) during handling in a farmed environment. Animal Welfare,in press.
Paul ES, Harding EJ, MendlM 2005 Measuring emotional processes in animals: the utility of a cognitive approach. Neuroscience and Biobehavioral Reviews 29: 469-492
Petherick JC 2007 Spatial requirements of animals: Allometry and beyond. Journal of Veterinary Behavior 2: 197-204 Ross SR, Schapiro SJ, Hau J, Lukas AE 2009 Space use as indicator of enclosure appropriateness: a novel measure of captive animal welfare. Applied Animal Behaviour Science 121: 42-50
Réale D, Reader SM,Sol D, Macdougall PT eDingemanseNJ 2007 Integrating animal temperament within ecology and evolution.Biological Reviews 82: 291–318 Richter SH, Schick A, Hoyer C, Lankisch K, Gass P e Vollmayr B 2012 A glass full of optimism: Enrichment effects on cognitive bias in a rat model of depression. Cognitive Affective Behavioral Neuroscience 12: 527–542
54
Rushen, J 2000 Some issues in the interpretation of behavioural responses to stress. In: Moberg, G.P., Mench, J.A. (Eds.), The Biology of Animal Stress. CABI Publishing, New York: New York, USA
Scollo A, Gottardo F, Contiero B e Edwards SA 2014 Does stocking density modify affective state in pigs as assessed by cognitive bias, behavioural and physiological parameters? Applied Animal Behaviour Science,153: 26–35
Sowls LK 1997 Javelinas and Other Peccaries, Their Biology, Management and Use, Second Edition.University of Arizona Press: Arizona, USA Tarland E 2007 Effect of metabolic cage housing on rodent welfare. SLU, Uppsala Vermeer HM, Greef KH, Houwers HWJ 2014 Space allowance and pen size affect welfare indicators and performance of growing pigs under comfort class conditions. Livestock science159: 79-86 Watters JV 2009 Toward a predictive theory for environmental enrichment Zoo Biology28: 609-622 Wells DL 2009 Sensory stimulation as environmental enrichment for captive animals: A review. Applied Animal Behaviour Science 118: 1–11
55
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Espaços restritos tais como gaiolas ou baias metabólicas, em geral são
considerados um ambiente estressante para os animais que passam por
experimentos de nutrição e podem comprometer seu bem-estar. O paradigma do
viés cognitivo mostrou-se eficiente para analisar o efeito da restrição de espaço sob
o estado emocional dos caititus. Desta forma, nossos resultados indicam que a
restrição do espaço da baia parece provocar consequências prejudiciais para o
estado emocional dos animais nessa condição, mas que podem ser amenizadas com
um programa de enriquecimento ambiental. Os caititus são animais muito reativos à
presença humana e a condição de restrição de espaço pode agravar esta resposta,
tornando-os mais arredios. Um estudo sobre temperamento (Nogueira et al. in
press) revelou uma grande variação no temperamento de um grupo de caititus, o
que nos leva a crer que para alguns animais a contenção pode ser vista mais
negativamente do que para outros indivíduos. Esta associação, no entanto, deve ser
investigada para melhor compreendermos a reação desses animais à restrição de
espaço. Este aspecto é muito importante para, inclusive, analisarmos possíveis
vieses na interpretação dos resultados de estudos de nutrição.
56
6. REFERÊNCIAS
ANIL et al. Effects of allometric space allowance and weight groupcomposition on grower-finisher pigs. Canadian Journal of Animal Science, v.87, p. 139-151, 2007. AVERÓS, X. et al. Quantitative assessment of the effects of space allowance, group size and floor characteristics on the lying behaviour of growing-finishing pigs. Animal, v. 4 p.777–783, 2010. ABOU- ISMAIL, U. A. et al. The effects of enhancing cage complexity on the behaviour and welfare of laboratory rats. Behavioural Processes, v. 85 p. 172–180, 2010. BALCOMBE, J.P; BARNARD, N.D; SANDUSKY, C. Laboratory routines cause animal stress. Contemporary topics, v. 43, p. 42-51, 2004. BATESON, M. et al. Report agitated honeybees exhibit pessimistic cognitive biases. Current Biology, v. 21p. 1070-1073, 2011. BATESON, M.; MATHESON, S. M. Performance on a categorisation task suggests that removal of environmental enrichment induces “pessimism” in captive European starlings (Sturnus vulgaris). Animal Welfare,v. 16,p. 1–4, 2007. BETHELL, E. J. et al. Cognitive bias in a non-human primate: husbandry procedures influence cognitive indicators of psychological well-being in captive rhesus macaques. Animal Welfare, v. 21, p. 185-195, 2012. BEATTIE, V.E; WALKER, N; SNEDDON, I.A.An investigation of the effect of environmental enrichment and space allowance on the behaviour and production of growing pigs. Applied Animal BehaviourSciencev.48, p. 151-158, 1996. BODMER, R. E.; SOWLS, L. K.The Collared Peccary (Tayassutajacu) In: OLIVER, W. L. R. (Ed.) Pigs, Peccaries and Hippos. Status Survey and Consertavation, action plan. Suiça: IUCN. 1993, p. 7-13.
57
BOISSY, A. et al. Assessment of positive emotions in animals to improve their welfare. Physiology & Behavior, v. 92, p. 375-397, 2007. BOUTON, M.E. Learning and behavior: A contemporary synthesis. Sinauer Associates, 2007. BRIEFER, E. F. Vocal expression of emotions in mammals: mechanisms of production and evidence. Journal of Zoology, v. 288, p. 1-20, 2012. BRILOT, B. O. et al. Can we use starlings’ aversion to eyespots as the basis for a novel cognitive’ bias task? Applied Animal Behaviour Science, v. 118, p. 182–190, 2009. BROOM, D. M.A history of animal welfare science. Acta Biotheoretica, v. 59, p. 121-137, 2011. BROOM, D.M; FRASER, A.F. Comportamento e bem-estar de animais domésticos, Manole: Barueri, 2010. BROOM D. M. Indicators of poor welfare. British Veterinary Journal, v.142, p. 524–526, 1986. BRYDGES, N. M. et al. Environmental enrichment induces optimistic cognitive bias in rats. Animal Behaviour, v. 81, p. 169–175, 2011. BRYDGES, N. M.;BRAITHWAITE, V.A. Measuring animal welfare: what can cognition contribute? ARBS Annual Review of Biomedical Sciences, v. 10, p.91–103, 2008. BUIJS, S et al.Glucocorticoid metabolites in rabbit faeces—Influence of environmental enrichment and cage size. Physiology & Behavior, v. 104, p. 469–473, 2011. BURMAN, O. H. P. et al. Using judgement bias to measure positive affective state in dogs.Applied Animal Behaviour Science, v.132, p. 160–168, 2011.
58
BURMAN, O. H. P. et al. A spatial judgement task to determine background emotional state in laboratory rats, Rattusnorvegicus.Animal Behaviour, v. 76, p. 801–809, 2008. CARSLSTEAD, K; SLIEPHERDSON, D. Effects of Environmental Enrichment on Reproduction.Zoo Biology, v. 13 p. 447-458, 1994. CAROPRESE, M. et al. Influence of space allowance and housing conditions on the welfare, immune response and production performance of dairy ewes. Journal of Dairy Research, v. 76, p. 66–73, 2009. CORADELLO, M.A et al. Validation os a fecal clucocorticoid metabolite assay for collared peccaris (Pecaritajacu). Journal of Zoo and Wildlife Medicine, v. 43, p. 69-76, 2012. DAWKINS, M.S. The Science of Animal Suffering.Ethology, v.114 p. 937–945, 2008. DAWKINS, M. S. Using behavior to assess animal welfare.Animal welfare, v. 13, p. 3-7, 2004. DAWKINS M.S. Behaviour as a tool in the assessment of animal welfare. Zoology,v.106 p. 383–387, 2003. DAWKINS, M. S. Animal minds and animal emotions. American Zoologist, v. 40, p. 883-888, 2000. DEMIRKAN, A; MELLI, M. A simple and inexpensive device for collecting urine samples from rats. Technique, v.36, p.1-3, 2007.
DESTREZ, A. et al. Chronic stress induces pessimistic-like judgment and learning deficits in sheep. Applied Animal Behaviour Science, v. 148, p. 28-36, 2013. DESTREZ, A. et al. Does reduction of fearfulness tend to reduce pessimistic-like judgment in lambs? Applied Animal Behaviour Science, v. 139, p. 233–241, 2012.
59
DOUGLAS, C. et al. Environmental enrichment induces optimistic cognitive biases in pigs. Applied Animal Behaviour Science, v. 139, p. 65–73, 2012. DOYLE, R. E. et al. Performance of sheep in a spatial maze is impeded by negative stimuli. Applied Animal Behaviour Science, v. 151, p. 36-42, 2014. DOYLE, R. E. et al. Administration of serotonin inhibitor p-Chlorophenylalanine induces pessimistic-like judgement bias in sheep. Psychoneuroendocrinology, v. 36, p. 279-288, 2011a. DOYLE, R. E. et al. Measuring judgement bias and emotional reactivity in sheep following long-term exposure to unpredictable and aversive events.Physiology & behavior, v. 102, p. 503-510, 2011b. DOYLE, R. E. et al. Release from restraint generates a positive judgement bias in sheep. Applied Animal Behaviour Science, v. 122, p. 28-34, 2010. DUBOST, G. Comparison of the social behaviour of captive sympatric peccary species (genus Tayassu); correlations with their ecological characteristics. MammalianBiology, v.66, p. 65-83, 2001. FERNANDES, I. K.S. Análise do viés cognitivo em queixadas (Tayassu pecari) após estresse de captura. Ano de Obtenção: 2014. Ilhéus/Ba. Dissertação (mestrado) - “UESC”, Universidade Estadual de Santa Cruz, 2014. FRASER, D. Animal behavior, animal welfare and the scientific study of affect. Applied Animal Behaviour Science,v.118, p. 108-117, 2009. FREGONESI, J. A. LEAVER, J. D. Influence of space allowance and milk yield level on behaviour, performance and health of dairy cows housed in strawyard and cubicle systems. Livestock Production Science, v. 78, p. 245–257, 2002. GROVES, C. P.; GRUBB, P.The Suborder Suiformes. In: OLIVER, W. L. R. (Ed.) Pigs, Peccaries and Hippos. Status Survey and Consertavation, action plan. Suiça: IUCN. 1993, p. 10-14.
60
GRUBB, P.; GROVES, C. P.The Neotropical Peccaries – Dicotylidae. In: OLIVER, W. L. R. Pigs. Peccaries and Hippos. Status Survey and Consertavation, action plan. Suiça: IUCN. 1993, p. 16-20. GUPTA, S; EARLEY E; CROWE M.A. Pituitary, adrenal, immune and performance responses of mature Holstein Friesian bulls housed on slatted floors at various space allowances.The Veterinary Journal, v. 173, p. 594–604, 2007. HANSEN, L.T. BERTHELSEN, H. The effect of environmental enrichment on the behaviour of caged rabbits (Oryctolaguscuniculu)Applied Animal Behaviour Science, v. 68, p. 163–178, 2000. HARDING, E. J.; PAUL, E. S.; MENDL, M. Animal behaviour: cognitive bias and affective state. Nature, v. 427, p. 312, 2004. HEFFNER, C.L. Research methods for education, psychology and the social sciences. 2004, http://www.allpsych.com/researchmethods. HERRING, S. W.The role of canine morphology in the evolutionary divergence of pigs and peccaries.Journal of Mammology, p. 500-512, 1972. HURST J. L. et al. Housing and welfare in laboratory rats: effects of cage stocking density and behavioural predictors of welfare. Animal Behaviour, v. 58, p. 563- 586, 1999. HOPPE et al. Transient Hypertension and Sustained Tachycardia in Mice Housed Individually in Metabolism Cages Physiol. Res. v. 58, p. 69-75, 2009.
HYMEL, K.A; SUFKA, K.J. Neuropharmacology Pharmacological reversal of cognitive bias in the chick anxiety-depression model. Neuropharmacology, v. 62, p.161–166, 2012. JENSEN, M.B.; STUDNITZ, M.; PEDERSEN. L. J. The effect of type of rooting material and space allowance on exploration and abnormal behaviour in growing pigs.Applied Animal Behaviour Science, v. 123, p. 87–92, 2010.
61
KORHONEN, H. et al. Effects of space allowance and earthen floor on welfare-related physiological and behavioural responses in male blue foxes. Physiology & Behavior, v. 69 p. 571–580, 2000. LANSADE, L; BOUISSOU M.F; ERHARD H.W.Fearfulness in horses: A temperament trait stable across time and situations. Applied Animal Behaviour Science,v. 115, p. 182–200, 2008. LEDOUX, J. E. Rethinking the emotional brain. Neuron, v. 73, p. 653–676, 2012. LINDSTRÖM, L. Performance of laying hens in a cognitive bias task: the effect of time since change of environment.Faculdade de Medicina Veterinária e Departamento de Zootecnia da Divisão de Etologia e Bem-Estar Animal. Universidade de Agricultura da Suécia. Trabalho Independente de Biologia nº 189. 2010. LUND et al. Gradual Training of Alpacas to the Confinement of Metabolism Pens Reduces Stress When Normal Excretion Behavior Is Accommodated. The ILAR Journal, 2012 http://ilarjournal.oxfordjournals.org/content/53/1/E22.short
MASON, G.J. Species differences in responses to captivity: stress, welfare and the comparative method. Trends in Ecology and Evolution, v.25, p.713-721, 2010.
MATHESON, S.M;ASHER, L; BATESON, M. Larger, enriched cages are associated with ‘optimistic’ response biases in captive European starlings (Sturnus vulgaris). Applied Animal Behaviour Science, v. 109, p. 374–383, 2008. MENDES, A.Fornecimento de uréia na dieta de catetos (Pecari tajacu) e uso de isótopo estável 15N como marcador para estimativa da síntese de nitrogênio microbiano, Ano de Obtenção: 2008. Piracicaba/SP. Tese (doutorado) - Escola Superior de Agricultura "Luis de Queiroz", Universidade de São Paulo, 2008. MENDL, M. et al.An integrative and functional framework for the study of animal emotion and mood.Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, v. 277, p. 2895-2904, 2010. MENDL, M. et al. Cognitive bias as an indicator of animal emotion and welfare: Emerging evidence and underlying mechanisms. Applied Animal Behaviour Science, v. 118, p. 161–81, 2009.
62
MENDL, M.; PAUL, E.S. Do animals live in the present?Current evidence and implications for welfare.Applied Animal Behaviour Science, v. 113, p. 357-82, 2008.
MINERO et al. Quantitative and qualitative assessment of the response of foals to the presence of an unfamiliar human.Applied Animal Behaviour Science, v. 116, p. 74–81,2009.
MOBERG, G.P. Biological response to stress: implication for animal welfare. In: Moberg, G.P., Mench, J.A. (Eds.), The Biology of Animal Stress. CABI Publishing, New York, New York, USA, 2000, pp. 1–21. MORROW et al. Fecal Glucocorticoid Metabolites as a Measure of Adrenal Activity in Dairy Cattle.General and Comparative Endocrinology, v. 126, p.229-241, 2002. MÜLLER, C.A. et al. Brief owner absence does not induce negative judgement bias in pet dogs. Animal cognition, v. 15, p.1031–1520, 2012. MURPHY, E.; NORDQUIST, R. E.; VAN DER STAAY, F. J. Responses of conventional pigs and Göttingen miniature pigs in an active choice judgement bias task. Applied Animal Behaviour Science, v. 148, p. 64-76, 2013. NAPOLITANO F. et al. Influence of space allowance on the welfare of weaned buffalo (Bubalusbubalis) calves. Livestock Production Science, v. 86 p.117-124, 2004. NEAL, B.J. A contribuition on the life history of the colared peccary in Arizona.The American midland naturalist, v. 61, p. 177-191, 1959. NEWBERRY, R. C. Environmental enrichment: Increasing the biological relevance of captive environments. Applied Animal Behaviour Science, v. 44, pp. 229-243, 1995. NOGUEIRA-FILHO et al. Nitrogen Requirements of WhiteLipped Peccary (Mammalia, Tayassuidae) Zoo Biology, v. 33, p. 320–326, 2014.
63
NOGUEIRA-FILHO, S.L.G., NOGUEIRA, S.S.C. Captive breeding programs as an alternative for wildlife conservation in Brazil. In: KIRSTEN, S.M., FRAGOSO, J.M.V. e BODMER, R. (Eds.) People in Nature:Wildlife Manegement and Conservation in Latin America.Columbia Univerty Press, New York, 2004. pp. 171–190.
NOGUEIRA FILHO, S.L.G., NOGUEIRA, S.S.C. Criação comercial de animais silvestres: produção e comercialização da carne e subprodutos na região sudeste do Brasil. Revista Econômica do Nordeste, v. 31, p. 188–195, 2000. NOGUEIRA FILHO, S.L.G.; SATO, T.; NOGUEIRA, S.S.C.N. A estrutura social dos pecaris (Mammalia, Tayassuidae) em cativeiro. Revista de Etologia, v.1, p. 89-98, 1999. NOGUEIRA, S.S.C.; NOGUEIRA-FILHO, S.L.G. Wildlife farming: an alternative to unsustainable hunting and deforestation in Neotropical Forest? Biodiversidade Conservação, v. 20, p. 1385–1397, 2011. NOGUEIRA et al.Effects of varying feed provision on behavioral patterns of farmed collared peccary (Mammalia, Tayassuidae).Applied Animal Behaviour Science, v. 132, p. 193–199, 2011. NOGUEIRA et al.Assessment of temperament traits of white-lipped (Tayassupecari) and collared peccaries (Pecaritajacu) (Mammalia, Tayassuidae) during handling in a farmed environment. Animal Welfare,in pres. NORMANDO, S. et al. Effects of space allowance on the behaviour of long-term housed shelter dogs. BehaviouralProcesses , v.103 p.306–314, 2014. OHL, FF. VAN DER STAAY, F.J. Animal welfare: At the interface between science and society. The Veterinary Journal, v. 192, p.13–19, 2012. PAUL, E. S.; HARDING, E.J.; MENDL, M. Measuring emotional processes in animals: the utility of a cognitive approach. Neuroscience and BiobehavioralReviews, v. 29, p. 469-492, 2005.
64
PETHERICK, J. C. Spatial requirements of animals: Allometry and beyond. Journal of Veterinary Behavior, v. 2, p. 197-204, 2007. RÉALE, D., READER, S.M., SOL, D. MCDOUGALL, P.T., DINGEMANSE, N.J. Integrating animal temperament within ecology and evolution. Biol. Rev, 2007. 82, p. 291–318. RICHTER et al. A glass full of optimism: Enrichment effects on cognitive bias in a rat model of depression. Cognitive Affective Behavioral Neuroscience, v. 12, p. 527–542, 2012. ROSS, S. R. et al. Space use as indicator of enclosure appropriateness: a novel measure of captive animal welfare. Applied Animal Behaviour Science, v. 121 p. 42-50, 2009. ROYO, F. et al. Effect of Repeated Confined Single Housing of Young Pigs on Faecal Excretion of Cortisol and IgA. Scand. J. Lab. Anim. Sci. v. 32, p. 33-37, 2005. RUSHEN, J. Some issues in the interpretation of behavioural responses to stress. In: Moberg, G.P., Mench, J.A. (Eds.), The Biology of Animal Stress. CABI Publishing, New York: New York, USA, 2000. RYGULA, R; PAPCIAK, J; POPIK, P.The effects of acute pharmacological stimulation of the 5-HT, NA and DA systems on the cognitive judgment bias of rats in the ambiguous-cue interpretation paradigm.European Neuropsychopharmacology http://dx.doi.org/10.1016/j.euroneuro.2014.01.012, 2014.
SIARD et al. Relationship between MHS status and plasma cortisol concentration in individually confined pigs. Czech J. Anim. Sci. v. 48, p. 265–270, 2003. SCOLLO, A et al.Does stocking density modify affective state in pigs as assessed by cognitive bias, behavioural and physiological parameters? Applied Animal Behaviour Science, v.153, p. 26–35, 2014. SIBBALD, A. M; SHELLARD, L.J.F; SMART. T.S. Effects of space allowance on the grazing behaviour and spacing of sheep. Applied Animal Behaviour Science, v. 70, p. 49-62, 2000.
65
SHETTLEWORTH, S.J. Animal cognition and animal behaviour. Animal Behaviour, v. 61, p. 277-286, 2001. SOWLS, L.K. Javelinas and Other Peccaries: their Biology, Management, and Use. 2. ed. Texas, Tx: Texas A&M University Press, 1997, p. 418. TARLAND, E. Effect of metabolic cage housing on rodent welfare. SLU, Uppsala 2007. VAN DE WEERD, H. A; DAY, J.E.L. a rewiew of environmental enrichment for pigs housed in intensive housing systems. Applied Animal Behaviour Science, v.116, p.1-20, 2009. VAN PRAAG, H.; KEMPERMANN, G.; GAGE, F. H. Neural consequences of environmental enrichment. Nature reviews/Neuroscience. v,1, p.191-198, 2000. VENTURIERI, B; LE PENDU,Y.Padrões de Atividades de Caititus (Tayassutajacu) em Cativeiro.Revista de Etologia,v.8, p. 35-43, 2006. VERMEER, H. M; GREEF, K.H.; HOUWERS, H. W. J. Space allowance and pen size affect welfare indicators and performance of growing pigs under comfort class conditions. Livestock science, v.159, p. 79-86, 2014. WASSER et al. A generalized fecal glucocorticoid assay for use in a diverse array of non domestic mammalian and avian species. General Comparative Endocrinology, v. 120, p. 260–275, 2000. WATTERS, J.V. Toward a predictive theory for environmental enrichment.Zoo Biology, v.28 p. 609-622, 2009. WELLS, D. L. Sensory stimulation as environmental enrichment for captive animals: A review. Applied Animal Behaviour Science, v. 118, p. 1–11, 2009. WEMELSFELDER, F. How animals communicate quality of life: the qualitative assessment of animal behavior. Animal Welfare Supplement, v.16, p. 25–31, 2007.
66
WENG, R.C; EDWARS,S.A; ENGLISH, P.R. Behaviour, social interactions and lesion scores of group-housed sows in relation to floor space allowance. Applied Animal Behaviour Science, v.59, p. 307–316, 1998.
YOUNG, R.J. Environmental Enrichment for Captive Animals. Blackwell Publishing, Oxford,2003, p. 240.
67
ANEXO
(Normas da revista Animal wefare)
68
ANIMAL WELFARE JOURNAL - Instructions for authors
Aim and scope of the journal
Animal Welfare is an international scientific and technical journal. It publishes the results of peer-reviewed scientific research, technical studies and reviews relating to the welfare of kept animals (eg on farms, in laboratories, zoos and as companions) and of those in the wild whose welfare is compromised by human activities. Papers on related ethical and legal issues are also considered for publication. The journal also includes letters to the editor, commentary on topical issues such as developments in legislation and codes of practice relating to animal welfare and book reviews.
Abstracting
The journal is covered by the Science Citation Index and is abstracted in: Biological Abstracts; CAB Abstracts; Current Contents/Agriculture, Biology and Environmental Sciences; Current Primate References; EMBASE; Focus on: Veterinary Science & Medicine; Humans & Other Species; Research Alert; SciSearch; Toxicology Abstracts; Veterinary Update; it is indexed in Zoological Record.
Refereed papers in Animal Welfare include:
Original articles
Invited essays
Review articles
Short communications of less than 2000 words. These may be original, interpretative or review papers; factual accounts of field workers' practical experiences in dealing with welfare problems; constructive critiques of other papers, etc
Technical contributions for example, on practical methods of improving animal welfare or on aspects of research methodology or technology
Access to papers published in Animal Welfare and open-access arrangements
Generally, papers published in Animal Welfare are not available as 'open access'. That is, they are not available free to all, but only through individual or institutional subscription to UFAW or 'pay per view' at Ingenta Connect (at http://www.ingentaconnect.com/content/ufaw/aw).
69
However, arrangements can be made for open access publication of papers where authors would prefer this, and providing the manuscripts are found satisfy the same rigorous peer-review scrutiny process as all other papers published in the journal.
Papers published on an open access basis will be available free to all at the IngentaConnect website and will also be included, in the usual way, in the paper copy of the Journal. The charge for open-access publication is £1,500 per manuscript. Please contact the UFAW office if you wish to arrange or discuss this.
Policy on studies involving live animals
Animal Welfare will not include papers based on work that involves unnecessary pain, distress, suffering or lasting harm. Manuscripts describing research involving live animals must include appropriate details, in the methods section, of animals used, housing and feeding, experimental design, experimental procedures, ethical considerations, and licences and approvals under which the work was carried out (see Materials and methods).
In preparation of manuscripts describing work on live animals, authors should use the ARRIVE guidelines as a checklist. These guidelines are available at:
http://www.nc3rs.org.uk/downloaddoc.asp?id=1206&page=1357&skin=0
Other restrictions
Material submitted must not have been published or submitted for publication elsewhere. Papers should not normally exceed 10 000 words (c20 pages of the journal including tables, diagrams and references).
Publication of additional/supporting material that is related to, but not part of, the paper
Additional supporting material such as data sets or appendices that are relevant to, but which do not form part of, the paper itself can be submitted for publication at the Animal Welfarewebsite. Such additional material (up to a maximum of 20 A4 pages) should be submitted at the same time as the manuscript and in PDF format. Where such additional material is available, reference should be made to this at an appropriate point or points in the text. When the paper is published, the website address of the additional material will be made clear at this point or points.
Submission of manuscripts
70
Papers should be submitted through our ScholarOne Manuscripts site:http://mc04.manuscriptcentral.com/ufaw-aw. The author should keep a copy of all submitted material. All manuscripts must be word processed in Microsoft Word.
The author will be required to confirm that:
legal and ethical requirements have been met, see Policy on studies involving live animalsand Other restrictions above;
written permission has been obtained to reproduce text, illustrations or data or to quote from published works, and that suitable acknowledgements of source have been made;
for multi-author papers, all authors have agreed the final text for publication.
articles will be scrutinised by a minimum of two referees before being accepted or rejected and authors are encouraged to suggest and provide the names and contact details of up to three referees suitable for peer reviewing of their manuscript (these may or may not be selected by Section Editors to undertake the peer review).
Style
Papers must be written in the English language. Articles should be written in a style that is readily comprehensible.
Preparation of manuscripts
Authors should consult a recent edition of the journal to familiarise themselves with the journal's conventions on format.
Manuscripts should be word processed in Microsoft Word using Times New Roman font, double-spaced with lines numbered. The pages should be numbered consecutively and securely fixed together. The contents will usually be organised into an Abstract (followed by keywords), Introduction, Materials and methods section (including statistical analyses), Results, Discussion, Conclusion and Animal welfare implications. A running title must be supplied (of no more than 7 words).
Title page
Give the full title and running title of the paper and the name(s) of the author(s). For multi-author papers the full e-mail, telephone, fax and postal addresses of the correspondent should be given, plus the addresses of the other authors. The correspondent must be clearly indicated.
Centre the title in bold letters. Name(s) and institutional address(es) of author(s) should be centred under the title in upper and lower case, eg
71
Advances in the assessment of animal welfare
AN Other
University of Wheathampstead
Abstract
To consist of not more than 250 words. It should outline clearly and concisely the main findings without reference to the text and end in a brief statement on the paper's conclusions and animal welfare implications. This should not contain details of statistical analyses or references (eg P > 0.01).
Keywords
Six keywords should be noted in alphabetical order below the abstract. These should include 'animal welfare' and the common name of the main species involved (where appropriate). The keywords will be used for abstracting and indexing the article.
Materials and methods
The description of the methods should be sufficiently detailed to allow replication of the work. In studies involving animals, provide details of numbers used and of species, strain, age, sex, source and other relevant characters.
In preparation of manuscripts describing work on live animals, authors should use the ARRIVE guidelines as a checklist. These guidelines are available at:
http://www.nc3rs.org.uk/downloaddoc.asp?id=1206&page=1357&skin=0
Full details should be given of experimental design, procedures and testing or observational regimes. Description of the statistical analyses should also be included as a subdivision of the methods section (see recent paper for format). If the animals were kept in captivity, provide relevant details of housing, feeding and management (eg type of housing and environment, diet and feeding regime, group size and composition, and acclimation and routine management procedures).
Where ethical considerations arise (eg if procedures compromise animal welfare or other ethical concerns), these should be addressed in the methods section. Any ethical implications and justifications of the experimental design or procedures should be described; details should be provided of licences or other permissions required for the work (eg from ethical review bodies). Measures undertaken to minimise the adverse welfare impact on animals involved, including choice of sample size, use of pilot tests and predetermined rules for intervention, should be described. The fate of all animals
72
used in the study should be detailed. Steps taken to enhance the welfare of animals involved (eg through environmental enrichment) should also be outlined.
Data should be subjected to appropriate statistical analyses, with the chosen methods clearly described. Relevant references or details of software packages should be cited.
When expressing statistical probabilities, follow the following style: n = 7; ns - not significant; P< 0.05, P = 0.1, one-tailed P < 0.01 (capital, italic P, single space either side of < or = sign);F5,25 = 2.61; where appropriate, indicate the number of degrees of freedom (as df = 3).
Follow the ARRIVE Guidelines concerning statistics and their presentation (see above).
Animal welfare implications
To be set out at the end of the text as a subdivision of the discussion or conclusion.
References
List at the end of the text in alphabetical and chronological order of authors with the minimum of punctuation. Book and journal titles should be quoted in full, with the original spelling and punctuation, and italicised. For example, American spellings of 'behavior' and 'color' are to be used if they have been published as such. Supply details of editor(s) and name and location of publisher for books and published conferences/symposia. For unpublished proceedings etc supply exact details of title, venue, date, location and sponsoring organisation.
The references must be listed in the following style:
Meyer-Holzapfel M 1968 Abnormal behavior in zoo animals. In: Fox MW (ed) Abnormal Behavior in Animals pp 24-38. WB Saunders: Philadelphia, USA
Benham PJF 1982 Social organization and leadership in a grazing herd of sucklercows.Applied Animal Ethology 9: 95 (Abstract)
Boudreau PL and Tsuchitani C 1973 Sensory Neurophysiology. Van Nostrand Reinhold: New York, USA
Dantzer R, Mormède P and Henry JP 1983 Physiological assessment of adaptation in farm animals. In: Baxter SH, Baxter MR and McCormack JAD (eds) Farm Animal Housing and Welfare pp 8-19. MartinusNijhoff: The Hague, The Netherlands
73
Duncan IJH 1985 How do fearful birds respond? In: Wegner RM (ed) Proceedings of the Second European Symposium on Poultry Welfare pp 96-106. World Poultry Science Association: Celle, Germany
Mitchell MA and Kettlewell PJ 1993 Catching and transport of broiler chickens. In: Savory CJ and Hughes BO (eds) Fourth European Symposium on Poultry Welfare, 18-21 September, Edinburgh, UK pp 219-229. Universities Federation for Animal Welfare: Hertfordshire, UK
Eaton P 1987 Hygiene in the animal house. In: Poole TB (ed) The UFAW Handbook on the Care and Management of Laboratory Animals, 6th Edition pp 144-158. Longman Scientific & Technical: Harlow, UK
Ross C 1988 The intrinsic rate of natural increase and reproductive effort in primates. Journal of Zoology 214: 199-219
Main headings
On a separate line, left-aligned in bold title case, eg
Animal health
Subheadings
On a separate line left-aligned in bold italics, eg
Respiratory disorders
Sub-subheadings
Avoid if possible; otherwise should be on a separate line left-aligned in italics.
Abbreviations
Acronyms should be in full the first time they appear, eg World Health Organisation (WHO). Full stops should not be used in contractions, for example ieetceg, nor within acronyms. Figure or Table should not be abbreviated.
Footnotes
Footnotes to tables are to be indicated using superscript numbers and placed below the table. Footnotes in the text are not permitted.
Foreign words and phrases
74
Should be in italics except for common phrases (eg 'post mortem'), amputated phrases (eg 'post hoc') and abbreviations. However, 'et al' should be in italics.
Locations
Give as latitude and longitude (specifying degrees, minutes and seconds).
Measurements
To comply with the abbreviations in the International System of Units (SI).
Numbers
One to nine should be written in words unless they precede units of measurement. Numbers 10 and above should be written as numerals except at the beginning of a sentence. The 24 hour clock should be used for times of day, eg 1400h and, if relevant, corrected to standard local time. Zero should be inserted before the decimal point for values less than one, eg P = 0.05. A space should separate groups of three digits in whole numbers exceeding four digits (100, 1000, 10 000 etc).
References within the text
Cite with minimum punctuation, eg:
'... carried out by Smith and Jones (1985) ...';
'... (Smith & Jones 1985)...' ie use an ampersand when reference is in parentheses;
'... (Smith 1985; Jones 1986; Smythe 1986), ...' ie put two or more references in chronological and then alphabetical order, and separate each author's references by a semi-colon;
'... (Smith et al 1985)...' ie use et al for three or more authors;
'... (Smith 1986a, b; 1988)...' ie by an author in the same and in a subsequent year;
'... (Smith in press)...' ie has been accepted for publication but is not yet published;
'... (Smith 1980, 1986, 1990; Jones 1981, 1982)...' ie group all references to one author's work together.
For detailing specific points within multi-chapter or lengthy volumes the reference may include the chapter or page numbers, eg (Smith 1987 Ch 7) or (Smith 1987 p 3-4). Citations of personal communications and unpublished data should be avoided if possible. When they have to be used they should include the named source of the personal communication and the date.
75
Check that spellings of authors' names and publication dates in the text and
references are consistent.
Ensure that all references in the text appear in the reference section.
Ensure that all references in the reference section are cited in the text.
Scientific and common names
When first mentioned in the paper, species should be described by the common English name and defined by the full scientific name, eg rabbit (Oryctolaguscuniculus). Thereafter either rabbit or O. cuniculus may be used, preferably the former. Names of genera and species or subspecies should be in italics. Nomenclature for outbred laboratory animals should conform to that recommended by the Committee on Nomenclature, Institute of Laboratory Animal Resources, Washington DC, USA.
Spelling
This should be English and - except for quotations and references - conform to the first entry in the Concise Oxford English Dictionary.
Trade products
Give the brief address from where the product may be obtained eg '...Kong Ball' (supplied by the Company of Animals, Chertsey, Surrey)...'. Denote any T or ® marks required.
Tables
Each table should be typed on a separate sheet and its place in the text indicated. Tables should be numbered with Arabic numerals (eg Table 1, Table 2 etc). Titles should be brief and placed above the table. Titles between tables should be as consistent as possible. Additional information, such as the key or acknowledgement, should be shown below. Wherever possible, tables should be created using the table feature. Tables must be portrait (not landscape) and designed to fit the journal page format.
Figures
Please note that figures must follow the format below.
Figures should not be larger than A4 size, and must be cited in the text at least once.
Figures should be as simple as possible; particularly avoid three-dimensional graphics. There should be no enclosing lines on graphs or keys. Arial font should be used throughout for all text. Axis labels should be in arial 8 point bold throughout and
76
tick labels should be in arial 7 point regular (ie not bold). Decimal points must be full stops and not commas.
Standard error bars should be shown where possible. For data points these extend below and above the point with short horizontal lines denoting the ends. For histograms these extend above each block with a short horizontal line denoting the end.
Figures should also be submitted in a format that allows them to be edited and formatted as per our in-house style. This requires them not to be submitted as TIF files or simply scanned in but to be in Word, Excel or Illustrator files.
Captions (Figure number plus title)
The figures should be numbered consecutively with Arabic numerals and 'Figure' written in full, (eg Figure 1, Figure 2 etc). This should be accompanied by a brief title and a caption that is self-explanatory, needing no reference to the text.
Similar figures should have the same format and similar titles/captions, so they can be easily compared (this also applies to Tables).
Figures that share captions should be marked (a), (b) etc in the top left-hand corner and if they have the same x-axis and/or y-axis measurement it may be possible to share axis labels.
Labels
All axis labels to be in arial 8 point bold. All tick labels to be in arial 7 point regular (ie not bold).
All letters in lower-case except the first letter of the first word.
No full stops after labels and no underlining.
Graph axis headings should include both parameter and unit.
All decimal points should be full stops and not commas.
Système International (SI) units should be used, noted in negative exponent form and in brackets at the end of the heading (as used in the Journal of Zoology; Applied Animal Behaviour Science; Nature), eg 'Corticosterone concentration (ng ml-1)'.
Keys
Keys should be included within the graph in a blank space, preferably at the top right-hand corner (not enclosed in lines).
77
Only use shadings which are sharp and are easily distinguished from each other. Black, white and greyscale are preferred.
Use large and preferably solid symbols (circles, triangles and squares) for data points.
Photographs
Photographs are welcomed, and should be submitted as either GIF, TIF, BMP or JPEG images along with the original submission. A bar scale with relevant units should be shown, or the magnification indicated where relevant. Any photographs that would be suitable for the cover should also be submitted.
Authors wishing to publish coloured prints should contact the editorial office to discuss charges.
Permissions
Any figures that have been taken directly from other manuscripts must have copyright permission from both the author and the publisher, or only the author if the material is unpublished. This permission must be submitted in writing with the necessary signatures when the manuscript is submitted.
Letters
Readers are invited to submit and respond to observations and opinions on topical animal welfare issues, as well as on material published in the journal. Publication will be subject to editorial discretion and the journal reserves the right to edit for clarity and style.
Proofs
These are supplied in advance of publication by e-mail and must be returned by the specified date; any delay in returning the proof may result in the paper being held over until a subsequent issue. Only essential corrections should be made. Charges may be levied for authors' errors.
Reprints
The corresponding author of a paper will be supplied with a complimentary copy of the relevant journal issue and 10 free reprints. Further copies may be ordered at extra cost at the proof stage.
Copyright
78
The copyright of each paper published becomes the property of UFAW and written permission must be sought to reproduce any part or whole of the paper. However, UFAW will not put undue limitations on the author to use the material in other works.