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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA.
ÍTALO ANTONIOLLI SOARES
JULIANDRO CASANOVA PAULO ROBERTO NACKE
ESTUDO E ANÁLISE ESTATÍSTICA ELABORADA COM TRABALHADORES QUE ATUAM COM SOLDA NA REGIÃO OESTE DE SANTA CATARINA
PONTA GROSSA 2005
ÍTALO ANTONIOLLI SOARES JULIANDRO CASANOVA PAULO ROBERTO NACKE
ESTUDO E ANÁLISE ESTATÍSTICA ELABORADA COM TRABALHADORES QUE ATUAM COM SOLDA NA REGIÃO OESTE DE SANTA CATARINA
Monografia apresentada como pré-requisito para obtenção do titulo de pós-graduado da Universidade Estadual de Ponta Grossa na área de especialização em Engenharia e Segurança do Trabalho. Orientadora: Profª. Izabel Cristina de Souza Honesko
PONTA GROSSA 2005
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO
ESTUDO E ANÁLISE ESTATÍSTICA ELABORADA COM TRABALHADORES QUE
ATUAM COM SOLDA NA REGIÃO OESTE DE SANTA CATARINA
Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Universidade Estadual de Ponta Grossa para obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do
Trabalho Departamento de Engenharia Civil
ÍTALO ANTONIOLLI SOARES
JULIANDRO CASANOVA
PAULO ROBERTO NACKE
Prof. Carlos Luciano Sant’Ana Vargas, Dr. Eng.
Coordenador do EngSeg2004
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Izabel Cristina de Souza Honesko, Esp.
Orientadora
Prof. José Adelino Krüger, Dr.
Prof. Gilberto Wiecheteck, Esp.
Membros
Ponta Grossa, dezembro de 2005
Dedicamos essa monografia a nossas famílias,
especialmente às nossas esposas e filhos, que nos
deram a sustentação necessária para superarmos
mais esta etapa de nossa pequena passagem aqui
neste Universo.
AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS
A Deus, por nos ter dado o dom do conhecimento e a sabedoria para diferenciar o que certo e
o que é errado.
À Profª. Orientadora Especialista Isabel , pela orientação no decorrer desta monografia.
À Profª. Mestre Flavia, pela disponibilidade e colaboração sempre que foi solicitada.
A todos aqueles que, de uma forma direta ou indireta, colaboraram para a realização desta
monografia.
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo principal a análise estatística de um grupo de trabalhadores de diversas empresas que atuam na função específica de soldador, na região oeste de Santa Catarina. O trabalho de pesquisa baseia-se em um questionário aplicado a esses trabalhadores, no qual são elaboradas diversas questões sobre a profissão destes. O foco principal do questionário é abordar as dificuldades encontradas no dia - a - dia do trabalhador no chão de fábrica. Após esta primeira etapa foi feito um levantamento estatístico dos dados obtidos pelos questionários, para relatar uma avaliação sistemática das condições de trabalho dos trabalhadores da região. Com este trabalho pretende-se, de alguma forma ajudar o aperfeiçoamento dos trabalhadores, contribuindo no que é um dos pontos fundamentais para garantir que o trabalhador tenha sua saúde respeitada.
Palavras chaves: Análise estatística; trabalhadores; solda.
LISTA DE ANEXOS
ANEXO 1 – TABELA DE SELEÇÃO DE LENTES EM FUNÇÃO DA
AMPERAGEM E MATERIAL A SER SOLDADO .................................................
ANEXO 2 – ENTREVISTA ...................................................................................
ANEXO 3 – FIGURAS .........................................................................................
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LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – HÁ QUANTO TEMPO EXERCE A PROFISSÃO DE
SOLDADOR? ........................................................................................................
GRÁFICO 2 – RECEBEU TREINAMENTO PROFISSIONALIZANTE?.................
GRÁFICO 3 – TEM FEITO PERIODICAMENTE CURSOS DE RECICLAGEM?
...............................................................................................................................
GRÁFICO 4 – NO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO TEM RECEBIDO EPI
ADEQUADO? .......................................................................................................
GRÁFICO 5 – QUAL O PROCESSO DE SOLDAGEM UTILIZADO ? .................
GRÁFICO 6 – QUAL A FAIXA DE AMPERAGEM UTILIZADA NO PROCESSO
DE SOLDAGEM? .................................................................................................
GRÁFICO 7 – QUAL A LENTE COM FILTRO DE PROTEÇÃO QUE TEM
USADO NO PROCESSO CITADO? ....................................................................
GRÁFICO 8 – NO PROCESSO DE PONTEAR (OU PEQUENOS CORDÕES
DE SOLDA). QUAL O MÉTODO EMPREGADO PARA PROTEGER OS
OLHOS? ...............................................................................................................
GRÁFICO 9 – NO PROCESSO DE PONTEAR (OU PEQUENOS CORDÕES
DE SOLDA). QUAL O MÉTODO EMPREGADO PARA PROTEGER OS
OLHOS? 5 A 10 ANOS ........................................................................................
GRÁFICO 10 – NO PROCESSO DE PONTEAR (OU PEQUENOS CORDÕES
DE SOLDA). QUAL O MÉTODO EMPREGADO PARA PROTEGER OS
OLHOS? 10 A 15 ANOS ......................................................................................
GRÁFICO 11 – NO PROCESSO DE PONTEAR (OU PEQUENOS CORDÕES
DE SOLDA). QUAL O MÉTODO EMPREGADO PARA PROTEGER OS
OLHOS? 15 A 25 ANOS ......................................................................................
GRÁFICO 12 - NO PROCESSO DE PONTEAR (OU PEQUENOS CORDÕES
DE SOLDA). QUAL O MÉTODO EMPREGADO PARA PROTEGER OS
OLHOS? TOTAL ...................................................................................................
GRÁFICO 13 – QUE LENTE FILTRO USA PARA PROTEÇÃO DOS OLHOS?
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LENTES ESCURAS OU FOTOCROMÁTICAS? ...................................................
GRÁFICO 14 – JÁ SOFREU ALGUM DESCONFORTO NOS OLHOS DEVIDO
AO TRABALHO COM SOLDA? ...........................................................................
GRÁFICO 15 – HOUVE ALGUM AFASTAMENTO DO SERVIÇO DEVIDO A
DOENÇAS OU ACIDENTES COM OLHOS OU PELE? .....................................
GRÁFICO 16 – QUANDO SENTE DESCONFORTO NOS OLHOS USA
AUTOMEDICAÇÃO? ...........................................................................................
GRÁFICO 17 – QUANTO A DESCONFORTO MUSCULAR NA NUCA E
PESCOÇO, JÁ TEVE CASOS? ..........................................................................
GRÁFICO 18 – QUANTO A DESCONFORTO MUSCULAR NA NUCA E
PESCOÇO, JÁ TEVE AFASTAMENTO DEVIDO A ESSE PROBLEMA? ............
GRÁFICO 19 – TEM ALGUMA DEFICIÊNCIA VISUAL? ....................................
GRÁFICO 20 – POSIÇÃO DE SOLDA? 1 A 5 ANOS ..........................................
GRÁFICO 21 – POSIÇÃO DE SOLDA? 5 A 10 ANOS..........................................
GRÁFICO 22 – POSIÇÃO DE SOLDA? 10 A 15 ANOS........................................
GRÁFICO 23 – POSIÇÃO DE SOLDA? 15 A 25 ANOS .......................................
GRÁFICO 24 – POSIÇÃO DE SOLDA? TOTAL ...................................................
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LISTA DE ILUSTRAÇÔES
FIGURA 1 – POSIÇÕES DE SOLDA..............................................................
FIGURA 2 – VIRADA DE ROSTO ................................................................
FIGURA 3 – FECHANDO OS OLHOS ..........................................................
FIGURA 4– USANDO A MÃO COMO PROTEÇÃO ....................................
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SUMÁRIO CAPÍTULO - INTRODUÇÃO ............................................................................. 1.1 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E O PREVENCIONISMO .......................... 1.2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 1.3 OBJETIVO GERAL ..................................................................................... 1.4 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 1.5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................... 1.6 RISCOS FÍSICOS ....................................................................................... 1.6.1 Radiação ................................................................................................. 1.6.2 Tipos de Radiação .................................................................................. 1.7 RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES E IONIZANTES ....................................... 1.8 FUMOS METÁLICOS ................................................................................. 1.9 GASES E VAPORES .................................................................................. 1.10 RISCO QUÍMICO .................................................................................... 1.11 AGENTES DO RISCO QUÍMICO ............................................................ 1.12 RISCOS BIOLÓGICOS ........................................................................... 1.13 RISCOS ERGONÔMICOS ...................................................................... 1.14 SOLDAGEM A ARCO SOB GÁS COM ELETRODO DE TUNGSTÊNIO
GTA) ........................................................................................................... 1.15 SOLDAGEM A ARCO GÁS-METAL ........................................................ 1.16 EPI PARA A FACE .................................................................................. 1.17 TIPOS DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO DA FACE ....................... 1.18 POSIÇÕES DE SOLDAGEM .................................................................. 1.19 CONJUNTIVA .......................................................................................... 1.20 CONJUNTIVITE ....................................................................................... 1.21 QUERATITE ............................................................................................ CAPÍTULO II - DESENVOLVIMENTO................................................................. 2.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2.2 METODOLOGIA........................................................................................... 2.3 ANÁLISE DA ENTREVISTA ....................................................................... CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. REFERÊNCIAS ................................................................................................. ANEXOS ............................................................................................................
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CAPÍTULO I
"As conseqüências de uma decisão errada podem ser pouco palpáveis e não há garantia de que o erro será descoberto antes de ocorrerem danos consideráveis." [JAME[JAME[JAME[JAMES L. KUETHE]S L. KUETHE]S L. KUETHE]S L. KUETHE]
1 INTRODUÇÃO
1.1 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E O PREVENCIONISMO
Para o entendimento, de forma consistente, das bases que sustentam a
Gerência de Riscos, é de grande importância que se estabeleça um histórico sobre a
evolução da política e da filosofia prevencionista no mundo. Os primeiros indícios de
ações prevencionista remontam da Europa no século passado, mais
especificamente da Inglaterra, com o surgimento da Revolução Industrial. As
profundas alterações tecnológicas provocadas pela revolução industrial, que iniciou
em 1760, lançada com o aparecimento da primeira máquina de tear e marcada pela
invenção da máquina a vapor (em 1781, por James Watt), deram início aos grandes
processos de industrialização, que prosseguiram até nossos dias, substituindo o
trabalho humano pela máquina. Essa revolução técnica surgiu no país que era, na
época, o principal país do mundo e líder do progresso material, a Inglaterra.
A existência de duas novas classes sociais caracterizou as sociedades pós-
Revolução Industrial, como: a classe dos patrões (empregadores) e a classe dos
trabalhadores, que se enfrentavam direta e individualmente, não existindo qualquer
organização por parte dos trabalhadores para proteger os seus interesses. Portanto,
as massas trabalhadoras foram impiedosamente exploradas durante o início da
Revolução Industrial, pagando o custo social desta mudança.
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Foram necessárias gerações para que esses homens começassem a se
organizar. Porém, em meados do século XIX, quase meio século após o início da
Revolução Industrial, ainda na Inglaterra, a preocupação com a prevenção de
acidentes do trabalho e de outros fatores de risco, que eram freqüentes no ambiente
das primeiras fábricas, gerou a união de trabalhadores e homens públicos para a
concretização das bases da política prevencionista. Através das campanhas de
melhoramento social, que surgiram com as leis de segurança social, foram
introduzidos o trabalho sistemático e a legislação fabril. Karl Marx, apud Sternberg,
1962, afirma em seu livro “Das Kapital”, que "[...] essa legislação foi a primeira
tentativa deliberada e sistemática por parte da sociedade, para controlar o
movimento básico de seu próprio evolucionismo" (STERNBERG). Segundo Cardoso
1995, essa legislação não resolvia, senão uma parcela mínima dos problemas e,
portanto, foi seguida por leis complementares, em geral pouco eficientes devido à
pressão dos empregadores.
Após seu surgimento na Inglaterra, a Revolução Industrial espalhou-se pela
Europa Ocidental e, atravessando o Atlântico, desembarcou nos Estados Unidos da
América, país este onde o movimento prevencionista se radicou e se desenvolveu
devido às ações conjuntas entre governo, empresários e especialistas.
Em 1928, o American Engineering Councill já fazia referência à relação
existente entre os custos indiretos (não segurados) e os custos diretos (segurados)
dos acidentes, e atribuía aos custos indiretos o pagamento de salários improdutivos,
perdas financeiras, redução de rendimento da produção, falhas no cumprimento de
prazos de entrega de produtos, entre outros.
Segundo Tavares 2004, em 1931, H. W. Heinrich, que pertencia a uma
companhia de seguros dos Estados Unidos, publicou um estudo no qual afirmava
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existir uma relação de 4:1 entre os custos indiretos e os custos diretos dos
acidentes, sendo sua pesquisa fundamentada em dados médios da indústria
americana da década de 20. No mesmo estudo, Heinrich lançou a idéia de acidentes
com danos à propriedade, ou melhor, acidentes sem lesão. Heinrich definiu acidente
como todo evento não planejado, não controlado e não desejado que interrompa
uma atividade ou função.
1.2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A segurança e a qualidade do empregado no seu âmbito de trabalho vêm
sendo discutidas desde o fim do século XIX, quando na Europa começou a se
verificar que eram grandes as quantidades de pessoas incapacitadas para o
trabalho. Engels, ao visitar em 1844 a cidade industrial de Manchester na Inglaterra,
constatou que “[...] eram tantos aleijados perambulando pelas ruas desempregados
e desesperados, que mais pareciam um exército acabado de regressar de uma
guerra sangrenta.” (apud SHERIQUE, 2004, p. 7). Desde aqueles primórdios, até a
data de hoje, foram inúmeros profissionais que dedicaram boa parte de sua vida
profissional a estudos sobre as doenças relacionadas ao trabalho. No Brasil,
começou-se a falar no assunto no final dos anos setenta, quando surgiram as
primeiras leis referentes ao assunto.
A Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer classificou os gases de
soldagem no grupo 2, ou seja, provável carcinogênico para o ser humano (IARC,
1990). Estudos têm mostrado a presença de doenças pulmonares em soldadores,
além de doenças leves das vias aéreas, bronquite crônica e anormalidades
radiográficas. Entre as doenças agudas mais comumente encontradas em
soldadores estão o edema, pulmonar causado por gás de solda em ambientes
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confinados, fotoceratite grave, devida à exposição aos raios ultravioletas, causada
pela visão do arco de solda sem a adequada proteção para os olhos, e febre do
fumo metálico proveniente da soldagem do corte de metais revestidos por cobre e
zinco.
A Lei n. 6.514, de 22/12/1977, que alterou o Capítulo V do Título II da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) relativo à Segurança e Medicina do
Trabalho, na sua Seção XIII, que trata das atividades insalubres e perigosas, cita no
artigo 189 que:
[...] serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que por sua natureza, condição ou método de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza, da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos (CLT, 1977).
No artigo 191, essa mesma Lei expõe que
[...] a eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerão com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância estabelecidos com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância.
O artigo 192 cita que:
[...] o exercício de trabalho insalubre acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo.
A Portaria n.º 3.214, de 08/06/1978, que cria as Normas Regulamentadoras
– NR – do Capitulo V, Titulo II, das Consolidações das Leis do Trabalho, relativas à
Segurança e Medicina do Trabalho.
A Constituição Federal da República Federativa do Brasil, promulgada em
05/10/1988 no seu Título II, que trata dos Direitos e Garantias Fundamentais,
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Capitulo II dos Direitos Sociais, prevê no seu artigo 7º que “[...] são direitos dos
trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem a melhoria de sua
condição social (inciso XXIII), adicional de remuneração para as atividades penosas,
insalubres ou perigosas, na forma da lei”.
Na NR-6- Equipamentos de Proteção Individual, considera-se equipamento
de proteção individual – EPI- “[...] todo dispositivo ou produto de uso individual
utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a
segurança e saúde no trabalho”.
1.3 OBJETIVO GERAL
O objetivo da pesquisa é de alguma forma contribuir para divulgação de
material com informações que auxiliem profissionais da área quanto à escolha do
referido EPI. Ajudar no contexto de medidas de prevenção coletiva dos
trabalhadores, igualmente buscando informações com questionário sobre a profissão
de soldador, e com isso pode-se somar esforços na diminuição de danos à saúde
dos trabalhadores envolvidos nessa atividade de trabalho.
1.4 JUSTIFICATIVA
Considerando o elevado número de acidentes com origem em radiações nos
processos de soldagem, devidos a deficiências nos protetores faciais normalmente
utilizados, considera-se importante o aprofundamento de pesquisas relativas à
utilização de protetores faciais com lentes eletrônicas fotocromáticas automáticas
nos processos de soldagem, diminuindo a incidência do número de trabalhadores
atingidos pela radiação no momento da abertura do arco, e conseqüentemente
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aumentando o seu rendimento e a sua produção. A presente pesquisa vai ao
encontro de objetivos coletivos dos trabalhadores e empresas, pois poderá contribuir
na busca contínua da diminuição de danos e acidentes de trabalho. Considerando
também que é grande o numero de empresas que atuam no setor metal mecânico, e
que praticamente todas estas empresas utilizam processo de soldagem em seus
processos de fabricação. Sendo destes processos o mais utilizado, em função do
custo / benefício, o processo MIG MAG, o mesmo será o processo base para o
desenvolvimento da pesquisa dos equipamentos de proteção individual (protetores
faciais) utilizados.
1.5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Ao longo destes anos muito se tem debatido sobre até que ponto o
trabalhador pode ser submetido aos vários tipos de esforços que a jornada de
trabalho lhe proporciona. Estes esforços vão desde o seu trabalho rotineiro, ate
outros fatores causais. Para se ter uma clara acidente de trabalho é aquele que se
dá pelo exercício de trabalho a serviço da empresa provocando lesão corporal ou
alguma perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da capacidade
para o trabalho permanente ou temporária, nos termos dos artigos 138 a 177 do
Regulamento dos Benefícios da Previdência Social. Equiparam-se também ao
acidente de trabalho, para efeitos previdenciários, a doença profissional, a doença
do trabalho e o acidente de trajeto. A doença profissional é aquela produzida ou
desencadeada pelo exercício de trabalho peculiar a determinada atividade enquanto
a doença do trabalho é aquela adquirida ou desencadeada em função de condições
especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relaciona diretamente.
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O acidente de trajeto é aquele sofrido no percurso da residência para o local de
trabalho ou, deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção. Em nosso
país, a primeira Lei de Acidente do Trabalho surgiu em 1919, e baseava-se no
conceito de risco profissional, considerando esse risco como sendo natural à
atividade profissional. Essa legislação não estabelecia um seguro obrigatório, mas
previa pagamento de indenização ao trabalhador ou à sua família, calculada de
acordo com a gravidade das seqüelas do acidente, sendo que a prestação do
socorro médico-hospitalar e farmacêutico era obrigação do empregador.
A comunicação do acidente de trabalho tinha que ser feita à autoridade
policial do lugar, pelo empregador, pelo próprio trabalhador acidentado, ou ainda por
terceiros. Desde então, a legislação brasileira sobre acidentes de trabalho sofreu
importantes modificações em 1934, 1944, 1967, 1976, 1984, 1991, 1992 e
finalmente, em 1995. A legislação atualmente em vigor é a Lei Nº 8.213, de 24 de
Julho de 1991, posteriormente regulamentada pelo Decreto Nº 611, de 21 de julho
de 1992 (Plano de Benefícios da Previdência Social). De acordo com essa
legislação, além de ser responsável pela adoção e pelo uso de medidas coletivas e
individuais de proteção e segurança á saúde do trabalhador, a empresa deve
contribuir com o financiamento da complementação das prestações por acidente de
trabalho proporcionalmente ao grau de risco de acidentes de trabalho
correspondente à sua atividade econômica.
Os percentuais incidentes sobre o total das remunerações pagas no decorrer
do mês equivalem a 1% (um por cento) para o grau de risco leve, a 2% (dois por
cento) para o grau médio e a 3% (três por cento) para o grau de risco grave. A
empresa deverá comunicar o acidente de trabalho à Previdência Social, através da
emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho - CAT, até o primeiro dia útil
18
seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato à autoridade policial
competente.
O acidentado ou seus dependentes, bem como o Sindicato a que
corresponda a sua categoria, deverão receber cópia fiel da CAT. Na falta de
comunicação por parte da empresa, poderão emitir a CAT o próprio acidentado,
seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou
qualquer autoridade pública.
1.6 RISCOS FÍSICOS
São considerados riscos físicos as diversas formas de energia, tais
como ruídos, temperaturas excessivas, vibrações, pressões anormais e radiações.
1.6.1 Radiação
Radiação é um fenômeno natural que pode ocorrer de muitas formas.
Radiação é definida como uma energia que é irradiada. No convívio diário tanto os
trabalhadores quanto as pessoas comum estão expostos a radiações como a luz
visível, as ondas de rádio, o radar e o calor. Radiação é também emitida por
aparelhos de soldar, fornos de microondas, aparelhos de TV, rochas, solo,
alimentos, ar, raios cósmicos de estrelas distantes, máquinas de raios-x dentários e
combustível usado em usinas nucleares.
1.6.2 Tipos de Radiação
Dependendo da quantidade de energia, uma radiação pode ser descrita
como não ionizante ou ionizante. Radiações não ionizantes possuem relativamente
baixa energia. De fato, radiações não ionizantes estão sempre á volta. Ondas
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eletromagnéticas como a luz, o calor e as ondas de rádio são formas comuns de
radiações não ionizantes. Sem radiações não ionizantes não poderíamos apreciar
um programa de TV em nossos lares ou cozinhar em um forno de microondas. Altos
níveis de energia, radiações ionizantes vêm de dentro do núcleo de átomos.
Radiações ionizantes podem alterar o estado físico de um átomo e causar a perda
de elétrons, tornando-os eletricamente carregados. Este processo chama-se
ionização. Muitas dúvidas têm sido apresentadas a respeito dos riscos
provenientes das radiações para os seres humanos. Na verdade, há um certo
desconhecimento a respeito do assunto, o que provoca, em alguns casos, um temor
exagerado, alimentado pelos paradigmas incorporados na nossa cultura ou por
informações tecnicamente infundadas, ou sem comprovações científicas. Para
entender melhor este assunto é necessário que se esclareça alguns pontos relativos
as energias classificadas como Radiações não Ionizantes.
1.7 RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES E IONIZANTES
As radiações não ionizantes são de origem eletromagnética e diferenciam-se
das ionizantes por não possuírem energia suficiente para dividir os átomos, mas
apenas excitá-los, fazendo com que a energia interna aumente. O espectro
eletromagnético estende-se, na parte não ionizante, numa ampla faixa de
comprimentos de onda que vai desde 100 km até 10 nm. São radiações não
ionizantes as radiações infravermelha, proveniente de operação em fornos ou de
solda oxiacetilênica, radiação ultravioleta como a gerada por operações em solda
elétrica( arco voltaico), ou ainda raios laser e microondas entre outros.
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Por outro lado a Radiação Ionizante, em que os operadores de raios-X e
radioterapia estão freqüentemente expostos a esse tipo de radiação, que pode afetar
o organismo ou se manifestar nos descendentes das pessoas expostas.
1.8 FUMOS METÁLICOS
Os possíveis riscos à saúde causados por exposições a fumos metálicos
durante a soldagem a arco com eletrodo metálico coberto dependem, obviamente do
metal que está sendo soldado e da composição do eletrodo. O componente principal
do fumo gerado por aço doce é oxido de ferro. Os danos causados pela exposição
ao fumo de óxido de ferro parecem ser limitados. A deposição de partícula de óxido
de ferro no pulmão causa realmente uma pneumoconiose benigna conhecida como
siderose. Não há enfraquecimento funcional do pulmão, nem proliferação de tecido
fibroso. Em um estudo abrangente sobre dados conflitantes Stokinger (1984)
concluiu que o óxido de ferro não é carcinogênico para o ser humano.
1.9 GASES E VAPORES
A soldagem a arco com eletrodo metálico coberto tem o potencial de fixar o
nitrogênio atmosférico na forma de óxido de nitrogênio em temperaturas acima de
600ºC. Concentrações não são um problema em oficinas abertas. Não foi
identificado em mais de 100 amostras de soldagem a arco com eletrodos metálicos
cobertos, uma exposição ao dióxido de nitrogênio maior de que 0,5 ppm em uma
larga variedade de condições de operações. O oxigênio é fixado também na forma
de ozônio pelo arco, mas ainda assim não é um agente contaminante significativo
nas operações de soldagem a arco com eletrodo metálico coberto.
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1.10 RISCO QUÍMICO
É o perigo a que determinado indivíduo está exposto ao manipular produtos
químicos que podem causar-lhe danos físicos ou prejudicar-lhe a saúde. Os danos
físicos relacionados à exposição química incluem desde irritação na pele e olhos,
passando por queimaduras leves, indo até aqueles de maior severidade, causados
por incêndio ou explosão. Os danos à saúde podem advir de exposição de curta e
ou longa duração, relacionadas ao contato de produtos químicos tóxicos com a pele
e como olhos, bem como a inalação de seus vapores, resultando em doenças
respiratórias crônicas, doenças do sistema nervoso, doenças nos rins e fígado, e até
mesmo alguns tipos de câncer.
1.11 AGENTES DO RISCO QUÍMICO
Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostos ou
produtos que possam penetrar no organismo do trabalhador pela via respiratória,
nas formas de poeiras, fumos gases, neblinas, névoas ou vapores, ou que pela
natureza da atividade e pela exposição, possam ter contato ou serem absorvidos
pelo organismo através da pele ou por ingestão.
1.12 RISCOS BIOLÓGICOS
São considerados riscos biológicos: vírus, bactérias, parasitas, protozoários,
fungos e bacilos. Os riscos biológicos ocorrem por meio de microorganismos que,
em contato com o homem, podem provocar inúmeras doenças. Muitas atividades
profissionais favorecem o contato com tais riscos. É o caso das indústrias de
alimentação, hospitais, limpeza pública (coleta de lixo), laboratórios, entre outros.
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Entre as inúmeras doenças profissionais provocadas por microorganismos incluem-
se: tuberculose, brucelose, malária e febre amarela.
1.13 RISCOS ERGONÔMICOS
A Ergonomia, ou engenharia humana, é uma ciência relativamente recente
que estuda as relações entre o homem e seu ambiente de trabalho sendo definida
pela Organização Internacional do Trabalho - OIT como:
“a aplicação das ciências biológicas humanas, em conjunto com os recursos e técnicas da Engenharia, para alcançar o ajustamento mútuo, ideal entre o homem e o seu trabalho, e cujos resultados se medem em termos de eficiência humana e bem-estar no trabalho. “
Riscos ergonômicos são os fatores que podem afetar a integridade física ou
mental do trabalhador, proporcionando-lhe desconforto ou doença. São
considerados riscos ergonômicos: esforços físicos, levantamento de pesos, posturas
inadequadas, controle rígido de produtividade, situações de estresse, trabalhos em
período noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia, trabalho repetitivo e
imposição de rotina intensa.
1.14 SOLDAGEM A ARCO SOB GÁS COM ELETRODO DE TUNGSTÊNIO (GTA)
As concentrações de fumo de solda a arco sob gás com eletrodo de
tungstênio são mais baixas do que na soldagem com vareta manual e do que na
soldagem com eletrodo metálico. A soldagem a arco sob gás com eletrodo de
tungstênio de alta energia produz concentrações de dióxido de nitrogênio na posição
do soldador.
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1.15 SOLDAGEM A ARCO GÁS–METAL
A soldagem a arco gás-metal (GAs Metal Are Welding - GMAW) é um
processo de soldagem a arco que produz a união dos metais pelo seu aquecimento
com um arco elétrico estabelecido entre o eletrodo metálico contÍnuo (consumível) e
a peça. A proteção do arco e poça de fusão é obtida por um gás ou mistura de
gases. Se este gás é inerte (Ar, He), o processo é também chamado MIG (Metal
Inert Gás). Por outro lado, se o gás for ativo (CO2 ou misturas), o processo é
chamado MAG (Metal Active Gas).
1.16 EPI PARA A FACE
Esses equipamentos têm como finalidade dar proteção à face e ao pescoço
contra o impacto de partículas colantes e respingos de líquidos, bem como contra o
ofuscamento e calor radiante. São constituídos, essencialmente, por um anteparo
específico, articulado a uma suspensão ajustável.
Os protetores faciais são usados, principalmente, nas seguintes operações e com
as seguintes finalidades:
• operações em madeira que saltam lascas e partículas;
• operações de usinagem, que geram partículas volantes;
• operações de brunimento, polimento, limpeza com escova de arame e
esmerilhamento;
• solda a ponto;
• manuseio de materiais quentes ou corrosivos;
• proteger a face contra impactos de partículas volantes;
• proteger a face contra respingos de produtos químicos;
24
• proteger a face contra a radiação infra-vermelha;
• proteger a face contra o excesso de calor e luminosidade
1.17 TIPOS DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO DA FACE
• Visor plástico incolor ou com tonalidade:
- protege o rosto contra impactos de corpos sólidos volantes e respingos de
produtos químicos e de metais fundentes. Na proteção contra radiações
luminosas, são utilizados visores com tonalidades. A viseira deve ser ajustada
firmemente na testa, mas sem apertar a cabeça do trabalhador, mas também
deve ficar um pouco afastada do rosto para não embaçar;
• visor com tela: usado na proteção contra impactos e calor radiante.
- evita o inconveniente dos embaçamentos provocados pela ação do calor e
da transpiração do usuário. Em operações em elevadas temperaturas que
exijam maior visão e ventilação, no anteparo de tela poderá existir uma janela
de plástico transparente ou vidro;
Máscara para soldador:
- para as operações de soldagem são utilizadas máscaras de soldador, que
proporcionam proteção, como:
- proteção ocular, da face, das orelhas e do pescoço contra a energia
radiante intensa proveniente da soldagem a arco e a gás;
- proteção de segurança contra impactos de partículas volantes:
- proteção contra radiação ultra-violeta e infra-vermelha;
- proteção contra luminosidade intensa.
25
Esse tipo de EPI é fabricado em diversos materiais: fibra de vidro, celeron
ou materiais similares, que vedem totalmente a passagem da luz, com visor fixo ou
articulado. As máscaras para soldador são dos tipos com suspensão ou manual, e
devem atender aos seguintes requisitos:
- Possuírem um visor fixo ou articulado, comportando filtro de luz e seu protetor,
permitindo a visão do objeto a ser soldado e simultaneamente impedindo que a
radiação atinja os olhos;
- máscara de suspensão deve ser equipada com suspensão ajustável, constituída
de coroa e carneira, em material plástico ou similar, indeformável, atóxico, não
irritante, de fácil substituição e perfeitamente higienizável;
- corpo da máscara deve ser de fibra vulcanizada ou material similar, resistente ao
calor, as chamas, impermeável às radiações invisíveis (ultra violeta e infravermelho)
e higienizável. Todas as partes metálicas devem ser devidamente isoladas da
superfície interna;
O peso da máscara, excluídos o filtro de luz e o vidro ou plástico protetor, não
deve ultrapassar 680 g;
- armação deve permitir a substituição do filtro de luz e seu protetor, com facilidade
e sem danificar as lentes. O visor deve ser projetado de modo que o filtro de luz não
fique a menos de 50,8 mm dos olhos do usuário;
- O filtro de luz não deve ter menos que 2 mm e nem mais de 3,8 mm de
espessura;
As máscaras para soldadores requerem filtros escuros especiais numerados
conforme Tabela 1 da Escala DIN, de acordo com o tipo de trabalho a que se
destinam.
26
Os novos equipamentos de soldagem utilizam filtros de escurecimento
automático, de tonalidade fixa ou variável São máscaras sem articulação, cujas
lentes mudam automaticamente do estado claro para o escuro numa fração de
segundo. Podem possuir sistemas de ventilação e de proteção respiratória, tornando
os trabalhos de solda mais seguros e confortáveis.
1.18 POSIÇÕES DE SOLDAGEM
• Plana: a soldagem é feita no lado superior de uma junta e a face da solda é
aproximadamente horizontal.
• Horizontal: O eixo da solda é aproximadamente horizontal, mas a sua face é
inclinada.
• Sobre-cabeça: A soldagem é feita do lado inferior de uma solda de eixo
aproximadamente horizontal.
• Vertical: O eixo da solda é aproximadamente vertical. A soldagem pode ser
para cima ou para baixo.
Plana Horizontal Vertical Sobre-cabeça
Figura 1 – Posições de Soldagem
27
1.19 CONJUNTIVA
Conjuntiva é o revestimento delgado e resistente que reveste a parte
posterior da pálpebra, e que se prolonga para trás para recobrir a esclera (o branco
do olho). A conjuntiva ajuda a proteger o olho contra corpos estranhos e infecções,
mas ela pode ser irritada por substâncias químicas ou por reações alérgicas
podendo ainda ser infectada por vírus ou bactérias. Esses problemas geralmente
produzem dor, prurido e hiperemia sobre a superfície do olho.
1.20 CONJUNTIVITE
A conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva, normalmente causada por
vírus, bactérias ou por uma alergia. A conjuntiva pode inflamar em decorrência de
uma reação alérgica à poeira, ao mofo, a pelos e descamações de animais ou ao
pólen e pode ser irritada pelo vento, pela poeira, por fumaças e outros tipos de
poluição do ar. Ela também pode ser irritada por um resfriado comum ou por um
episódio de sarampo. A luz ultravioleta de uma solda elétrica de arco, de uma
lâmpada de bronzeamento ou mesmo da luz solar intensa refletida pela neve pode
irritar a conjuntiva. Algumas vezes, a conjuntivite pode durar meses ou anos. Este
tipo de conjuntivite pode ser causado por doenças nas quais uma pálpebra está
virada para fora (ectrópio) ou para dentro (entrópio), por distúrbios dos canais
lacrimais, por uma sensibilidade a substâncias químicas, pela exposição a
substâncias irritantes e por determinadas infecções bacterianas, sobretudo por
clamídias.
28
1.21 QUERATITE
A queratite pontuada superficial é uma doença em que as células da
superfície da córnea morrem. A causa pode ser uma infecção viral, uma infecção
bacteriana, a secura dos olhos, a exposição aos raios ultravioletas (luz solar,
lâmpadas solares ou arcos de soldadura), a irritação devida ao uso prolongado de
lentes de contacto ou aquela que é provocada pelas gotas oftálmicas ou então uma
reação alérgica às mesmas. Esta doença pode ser também o efeito secundário da
administração de certos medicamentos, como a vidarabina.
29
CAPITULO II - DESENVOLVIMENTO
“[...] Seja qual for a natureza da tarefa, sempre haverá uma forma racional de executá-la e para a qual o funcionário poderá ser treinado." [LÊDA MASSARI MACIAN]
2.1 INTRODUÇÃO
O presente estudo foi desenvolvido com trabalhadores que possuem registro
na carteira de trabalho como soldadores, e desenvolvem suas funções na região
Oeste de Santa Catarina, nas cidades de Chapecó, Xaxim, Xanxarê, São Miguel do
Oeste, Quilombo e Cordilheira Alta.
Foram realizadas 50 entrevistas, com soldadores de várias empresas das
cidades mencionadas, com uma série de questionamentos sobre a vida laboral
destes trabalhadores, envolvendo várias questões de problemas que a profissão
pode causar.
2.2 METODOLOGIA
A metodologia aplicada foi a de uma entrevista com 19 questões, referentes
á prática usual do processo de solda, como forma de levantar os dados para
avaliação e levantamento de problemas. A aplicação do questionário foi feita pelo
entrevistador diretamente com a pessoa envolvida na atividade de solda.
As empresas foram selecionadas por serem de pequeno porte, com um
número de funcionários não superior a 12, visto que essas empresas não possuem,
em sua grande maioria, um responsável técnico, e com isso tendo mais dificuldades
para agregar tecnologia e métodos de soldagem mais eficientes no quesito
segurança.
30
2.3 ANÁLISE DA ENTREVISTA
A primeira pergunta feita ao trabalhador foi sobre quanto tempo ele exercia a
profissão de soldador (Gráfico 1). Pelo resultado obtido pôde-se obter parâmetros
para saber por quanto tempo o soldador permanece na função. No Gráfico abaixo 1,
pode-se ver que em um período de 25 anos de trabalho o trabalhador fica em média,
na sua grande maioria entre a faixa dos 5 e 10 anos no exercício da profissão. A
partir daí, começa uma tendência do profissional trocar de atividade.
Gráf ico 1 - Quant o t empo exerce a prof issão de soldador ?
15 a 20Anos
10%
20 a 25Anos
2% 1 a 5 Anos
23%
5 a 10Anos
36%
10 a 15Anos
29%
1 a 5 Anos
5 a 10Anos
10 a 15Anos
15 a 20Anos
20 a 25Anos
Posterior a isto, a intenção foi saber se estes profissionais receberam algum
tipo de treinamento profissional (Gráfico 2 adiante ), o que foi detectado é que a
grande maioria dos trabalhadores não recebeu nenhum tipo de treinamento,
notadamente os trabalhadores com mais tempo de serviço, na faixa entre 15 e 25
anos .
31
Gráfico 2 - Recebeu Treinamento Profissionalizante?
18%
29% 29%
23%82%
7171%
100%
100%
77%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1 a 5Anos
5 a10Anos
10 a15Anos
15 a20Anos
20 a25Anos
Total
Sim
Não
Em uma nova questão foi abordado se estes profissionais realizam cursos
de reciclagem para aumentar sua segurança ( Gráfico 3 a seguir ), foi visto que os
trabalhadores entre 10 e 15 anos são os que mais procuram se reciclar na sua
profissão.
Gráfico 3 -Tem feito Periodicamente Cursos de Reciclagem?
18%
35%
14%
21%82%65% 86%
100% 100%
79%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1 a 5 Anos 5 a 10Anos 10 a 15Anos 15 a 20Anos 20 a 25Anos Total
Sim
Não
32
Seguindo a pesquisa foi perguntado ao trabalhador se ele recebe
Equipamentos de Proteção Individual adequado (Gráfico 4 a seguir). Na sua grande
maioria responderam que sim, atendendo ás expectativas esperadas.
Gráfico 4 - No exercício da Profissão tem recebido EPI adequado?
91%
88%
79%
100%
100%
87%
9%12%
21%
13%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1 a 5 Anos 5 a 10Anos 10 a 15Anos 15 a 20Anos 20 a 25Anos Total
Sim
Não
Perguntamos ao trabalhador qual o processo de soldagem que ele mais
utilizava dentro da empresa (Gráfico 5 adiante).
33
Gráfico 5 - Qual o Processo de Soldagem Utilizado?
50% 40%61%
83%34%
53%
20%
53%
31%17% 33%
34%
30% 7% 8% 33%
13%
0
5
10
15
20
25
30
1 a 5 Anos 5 a 10Anos 10 a 15Anos 15 a 20Anos 20 a 25Anos Total
MAG
MIG
TIG
Pode-se observar no Gráfico anterior que existe uma predominância no uso
do processo tipo MAG, que é quando a proteção gasosa é feita com um gás dito
ativo, ou seja, um gás que interage com a poça de fusão, normalmente CO2 - dióxido
de Carbono ou mistura dos dois tipos de gás. Como por exemplo, pode-se citar o
Argônio (inerte) com Oxigênio (ativo) e Argônio com CO2e outros tipos de misturas.
Outro fato importante em se tratando de segurança do trabalhador, pois é
através deste parâmetro do tipo de material a ser soldado e processo de soldagem
que é utilizado para a seleção do filtro para a operação realizada, é a faixa de
Amperagem que esta sendo utilizada no processo de soldagem (Gráfico 6 adiante).
Quase dois terços dos entrevistados declararam que trabalhavam na faixa entre 200
a 250 A, o que já era esperado, pois esta é normalmente a amperagem mais usada
na região em processos de solda devido ao tipo de material usado (chapas e perfis
leves). Deve-se ressaltar, também, que nesta pergunta não foi feita uma avaliação
por tempo de serviço, e sim de um modo geral.
34
Gráfico 6 - Qual a Faixa de Amperagem Utilizada no Processo de Soldagem?
250 a 350A27% 200 a 250A
64%
350 a 450A0%
450 a 600A9%
0 a 100A0%
100 a 200A0%
Foi perguntado também ao trabalhador qual é o tipo de lente que ele utiliza
para realizar suas tarefas. Para a maioria destes trabalhadores, (71% para filtro 12 e
29 % para filtro 13) estes percentuais se mantêm praticamente semelhantes para as
faixas de tempo de serviço pesquisadas, sendo que na faixa dos 15 aos 25 anos de
serviços a totalidade dos entrevistados usa o filtro 13. Isto se deve que estes
trabalhadores com mais experiência começam a efetuar soldas mais pesadas,
devido à sua experiência com amperagens mais altas. Como pode-se ver as
amperagens indicadas para os processos citados ficam para o filtro 12 na faixa de
175 a 249 A, para peças de aço e ligas metal leve no processo MIG e 100 a 174 A
para o processo TIG e 125 a 174 A para o processo MAG, já o filtro 13 cobre as
seguintes faixas de amperagem de 300 a 499 A para o processo MIG em peças de
aço e 250 a 349 A para peças de ligas de metal leve, 100 a 174 A para o processo
TIG de 175 a 249 A, já para o processo MAG a faixa fica entre 175 a 299 A,
conforme a Tabela 01 em Anexo, nota-se que não se tem uma proteção eficiente
para todas a faixas de amperagens, pois os soldadores optam por um tipo ou outro
35
de filtro, conforme a sua experiência, e não em função da amperagem de operação
e material a ser soldado.
Gráfico 7- Qual a Lente Filtro Proteção que Tem Usado no Processo Citado?
29%
43%29%27%
71%
100%
100%57%
71%
73%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1 a 5 Anos 5 a 10Anos 10 a 15Anos 15 a 20Anos 20 a 25Anos Total
Filtro 9
Filtro 10
Filtro 11
Filtro 12
Filtro 13
Filtro 14
Filtro 15
Filtro 16
Na questão seguinte é questionado algo bem interessante em nível de
segurança com proteção adequada para os trabalhadores, principalmente quando
eles vão fazer o ponteamento, ou seja, vão primeiro fixar a peça para depois realizar
a solda final. Como é um processo muito rápido, as máscaras mais tradicionais ou
antigas atrasam e dificultam o soldador no seu trabalho, por isso é normal entre os
profissionais da solda usarem de artifícios para realizar o ponteamento. Dentre estes
artifícios foi selecionado os mais usados em geral, para perguntar ao trabalhador,
qual destes mais utilizava. Para se ter uma visão melhor da questão, foi feita a
separação em cinco gráficos, divididos por faixa de tempo de serviço.
A pergunta feita foi a seguinte: No processo pontear ou pequenos cordões de
solda, qual método era empregado para proteger os olhos? No Gráfico 8 a seguir,
pode ser observado que para a faixa de serviço entre 1 a 5 anos, mais da metade
36
dos entrevistados simplesmente vira o rosto, sem o conhecimento que esse gesto o
esta prejudicando.
Gráfico 8 - No Processo de Pontear ou Pequenos Cordões de Solda Qual o Método Empregado para Proteger os Olhos?
1 a 5 Anos
Vira o Rosto55%
Usa a Mão como Proteção
9%
Outro27%
Fecha os olhos 9%
Na faixa de tempo de serviço entre 5 e 10 anos (Gráfico 9 a seguir), há uma
mudança de comportamento na forma do trabalhador se proteger ao fazer o ato de
pontear. Há um decréscimo no percentual de trabalhadores que viram o rosto,
aumentando consideravelmente os trabalhadores que disseram que fecham os olhos
para se proteger. Nota-se também que o número de trabalhadores que colocaram
como alternativa a mão como objeto de defesa começa a aumentar, chegando a
dobrar a porcentagem em relação ao Gráfico 8.
37
Gráfico 9 - No Processo de Pontear ou Pequenos Cordões de Solda Qual o Método Empregado para Proteger os Olhos?
5 a 10Anos
Usa a Mão como Proteção
18%
Vira o Rosto29%Fecha os olhos
35%
Outro18%
Na faixa de tempo de serviço de 10 a 15 anos ( Gráfico 10, as seguir),
confirma-se o que foi comentado acima: o aumento menor, mas relevante, porque o
trabalhador, já mais experiente, sente que a mão protege melhor do que
simplesmente virar o rosto. Nota-se também que a alternativa fechar os olhos
também vem crescendo desde a primeira faixa de tempo de serviço.
Gráfico 10 - No Processo de Pontear ou Pequenos Cordões de Solda Qual o Método Empregado para Proteger os Olhos?
10 a 15 Anos
Vira o Rosto21%
Usa a Mão como Proteção21%
Outro14%
Fecha os olhos 44%
38
No Gráfico 11, foi feita a análise dos trabalhadores na faixa de tempo de
serviço de duas faixas juntas, dos trabalhadores entre 15 e 20 anos e 20 a 25 anos,
visto que os trabalhadores entrevistados nesta ultima categoria são poucos. Metade
dos trabalhadores desta faixa de tempo disseram que viram o rosto para se
proteger, enquanto que um terço usa a mão como escudo. Nota-se que depois de
tanto tempo de serviço os trabalhadores já não utilizam outros meios para se
proteger.
Gráfico 11 - No Processo de Pontear ou Pequenos Cordões de Solda Qual o Método Empregado para Proteger os Olhos?
15 a 25 Anos
Vira o Rosto50%
Fecha os olhos 17%
Usa a Mão como Proteção33%
Outro0%
A seguir foi realizado a estimativa total de todos os trabalhadores (Gráfico
12, adiante), para se ter uma idéia geral de como os trabalhadores se auto
protegem quando o equipamento de proteção individual não lhe permite um conforto
e a presteza necessária para realizar sua tarefa, levando-o a procurar outros meios
nada eficazes de proteção. Vê-se que no geral que um pouco mais de um terço dos
entrevistados viram o rosto para o lado, enquanto que uma proporção menor em
porcentagem fecha os olhos para não ser atingido. Em torno de vinte por cento dos
39
trabalhadores colocam a mão na frente do rosto, enquanto que dezessete por cento
buscam outras formas de proteção.
Gráfico 12 - No Processo de Pontear ou Pequenos Cordões de Solda Qual o Método Empregado para Proteger os Olhos?
Total
Usa a Mão como Proteção19%
Vira o Rosto35%
Outro17%
Fecha os olhos 29%
Na questão nove se pretende constatar o uso e a eficiência de outro tipo de
filtro de proteção. Para tal foram propostos dois tipos de filtros que se encontram
atualmente no mercado: o filtro escuro e o fotocromático (de escurecimento
automático). Constatou-se que 100% dos entrevistados utilizam os filtros escuros, e
quanto aos filtros de escurecimento automático o percentual de utilização foi nulo.
A principal causa deste percentual de utilização de lentes escuras é o
desconhecimento da existência dos filtros de escurecimento automático para
proteção nos processos de soldagem. Este filtro é relativamente novo no mercado,
pouco testado e divulgado no Brasil. Verifica-se também que um segundo motivo
para a não utilização de filtros de escurecimento automático é o custo de aquisição
em relação ao filtro usado tradicionalmente.
40
Gráfico 13 - Que Lente Filtro Usa para Proteção dos Olhos?Lentes Escuras ou Fotocromaticas
Lentes Fotocromáticas?
0%
Lentes Escuras100%
Foi perguntado também ao trabalhador se ele já sentiu ou sofreu algum
desconforto nos olhos devido ao trabalho com solda (Gráfico 14 a seguir). A
resposta obtida não deixa dúvida nenhuma quanto á necessidade de se buscarem
soluções para o problema, pois cem por cento dos trabalhadores na faixa de tempo
de serviço até 10 anos, afirmaram que tiveram algum tipo de desconforto. Do total de
trabalhadores, oitenta e sete por cento disseram que sofreram algum tipo de
desconforto.
41
Gráfico 14 - Já Sofreu Algum Desconforto nos Olhos Devido ao Trabalho com Solda?
100%
100%
71%
80%
87%
29%
20% 100%
13%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1 a 5 Anos 5 a 10Anos 10 a 15Anos 15 a 20Anos 20 a 25Anos Total
Sim
Não
Neste próximo Gráfico foi feita uma estatística com os trabalhadores em
relação à seguinte pergunta: Houve algum afastamento do serviço devido a doenças
ou acidentes com os olhos ou com a pele (Gráfico 15 a seguir). Novamente a
resposta obtida foi bastante significativa, pois a grande maioria, principalmente nos
primeiros anos de trabalho, já tiveram algum tempo de afastamento. Na soma total
de trabalhadores obteve-se um índice de sessenta e nove por cento de
afastamentos devido a doenças ou acidentes envolvendo solda. Pode-se afirmar
42
com certeza que são índices bem altos, e é importante a autoridade competente
ficar atenta a estes índices.
Gráfico 15 - Houve Algum Afastamento do Serviço Devido a Doenças ou Acidentes com os Olhos ou Pele?
82%
88%
64%
69%
18% 12%36% 100%
100%
21%
0
5
10
15
20
25
30
35
1 a 5 Anos 5 a 10Anos 10 a 15Anos 15 a 20Anos 20 a 25Anos Total
Sim
Não
Seguindo a linha de perguntas indagamos ao trabalhador, se quando ele
sente algum tipo de desconforto ele tem o costume de se auto medicar (Gráfico 16 a
seguir), a resposta é interessante, pois nota-se que os trabalhadores até a faixa de
tempo de serviço de quinze anos têm o costume da automedicação, enquanto que
aqueles que têm mais tempo de serviço buscam auxílio. Porém deve-se notar que
em uma soma total de trabalhadores, setenta e um por cento não buscam auxílio de
profissionais para terem um acompanhamento mais eficiente.
43
Gráfico 16 - Quando sente desconforto nos Olhos Usa Autometicação?
82%
76%79%
20%
71%
18%24% 21%
100%
80%
29%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1 a 5 Anos 5 a 10Anos 10 a 15Anos 15 a 20Anos 20 a 25Anos Total
Sim
Não
O próximo ponto se refere a uma questão bem peculiar (Gráfico 17 a
seguir), pois ela não é muito comentado devido ao fato de este tipo de problema não
ser considerado uma situação de risco, e nem uma doença ocupacional, já que a
atitude do soldador é um artifício para realizar sua tarefa. A pergunta feita foi a
seguinte: Quanto ao desconforto muscular na nuca e no pescoço já teve casos?
Inclui-se esta pergunta tendo em vista que o soldador tem o costume de abaixar a
máscara de soldar para ela cobrir o rosto, fazendo um movimento brusco com o
pescoço, acarretando uma lesão no local (esforço repetitivo). Um dos motivos que
faz com que o trabalhador faça este movimento brusco com o pescoço é o fato de
que quando ele está soldando, a máscara está fechada. Ao concluir a tarefa, para
iniciar novamente, ele levanta a máscara e pega a outra peça para soldar. Neste
momento ele está com as duas mãos ocupadas, uma segurando a tocha de
soldagem e a outra segurando a peça. Se ele desocupar uma das mãos e abaixar a
máscara, ele não vai ter visão para apanhar a peça que soltou, então é mais fácil
para ele, a realização de um movimento brusco no pescoço para posicionar a
44
máscara. Como este movimento é repetitivo, no final da jornada de trabalho o
operador sentirá um desconforto muscular na região da nuca.
Nota-se que (Gráfico 17 a seguir), que sessenta e cinco por cento dos
trabalhadores no total já sentiram algum tipo de desconforto devido a este fato.
Gráfico 17 - Quanto a Desconforto Muscular na Nuca e Pescoço. Já Teve Casos?
73%
71%64%
33%
65%
100%27%
29% 36%67%
35%
0
5
10
15
20
25
30
35
1 a 5 Anos 5 a 10Anos 10 a 15Anos 15 a 20Anos 20 a 25Anos Total
Sim
Não
Analisando separadamente por faixa de tempo de serviço, nota-se que o
desconforto é maior nos primeiros anos, e a reclamação vai ficando menor com o
passar dos anos. Os trabalhadores na faixa de 20 a 25 anos disseram que não
sentem este desconforto.
Aproveitando o assunto da pergunta anterior foi perguntado ao trabalhador o
seguinte: Quanto ao desconforto muscular na nuca e no pescoço, Já teve
afastamento devido a este problema (Gráfico 18 a seguir). Nota-se que nos
primeiros anos menos de um quinto dos entrevistados sofreram afastamento,
enquanto que no geral somente oito por cento dos entrevistados admitiram que
tivessem afastamento por problemas relacionados a este item.
45
Gráfico 18 - Quanto a Desconforto Muscular na Nuca e Pescoço. Já Teve Afastamento Devido a Este Problema?
18% 14%8%
82%
100%
86%
100%
100%
92%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1 a 5 Anos 5 a 10Anos 10 a15Anos
15 a20Anos
20 a25Anos
Total
Sim
Não
Em uma abordagem mais direta, foi perguntado para os trabalhadores se
eles sentem algum problema de visão (Gráfico 19 a seguir).
46
Gráfico 19 -Tem Alguma Deficiencia Visual?
33%21%12%
15%
67%
79%
88%
100%
100%
85%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1 a 5 Anos 5 a 10Anos 10 a 15Anos 15 a 20Anos 20 a 25Anos Total
Sim
Não
Considerando os dados gerais pode-se observar que quinze por cento dos
trabalhadores entrevistados admitiram ter algum problema de visão. É interessante
notar que há um aumento progressivo a partir da faixa de tempo de serviço de 5 a
10 anos até a faixa de 15 a 20 anos. É importante, salientar também, que muitos
trabalhadores não admitem que possam ter problemas de visão, mesmo os tendo.
Nesta próxima abordagem tinha-se a intenção de ter uma idéia de como era
a posição de soldagem dos trabalhadores. Foi definido como quatro o número de
posições de soldagem, posição de solda sobre a cabeça, posição de solda vertical,
posição de solda horizontal e posição de solda plana. Para melhor analise dividimos
em cinco gráficos por faixa de tempo de serviço. O Gráfico 20, mostra os
trabalhadores da faixa de tempo de serviço de 5 a 10 anos. A maior parte deles, que
estão inseridos nesta faixa, trabalham com soldagem na posição horizontal.
47
Gráfico 20 - Posição de Solda? 1 a 5 Anos
Plana36%
Sobre-Cabeça0%Vertical
18%
Horizontal46%
No próximo Gráfico 2i, a seguir, serão apresentados os trabalhadores na faixa de 10 a 15 anos.
Gráfico 21 - Posição de Solda?5 a 10Anos
Plana29%
Horizontal47%
Vertical 12%
Sobre-Cabeça12%
O Gráfico 22, a seguir mostra os trabalhadores da faixa de tempo de serviço de 10 a 15 anos.
48
Gráfico 22 - Posição de Solda?10 a 15Anos
Plana50%
Sobre-Cabeça0%
Vertical 29%
Horizontal21%
Os trabalhadores entre 15 e 20 anos e 20 a 25 anos (Gráfico 23 a seguir),
mostra que a metade dos trabalhadores destas faixas soldam na posição plana.
Gráfico 23 - Posição de Solda?15 a 25Anos
Vertical 17%
Sobre-Cabeça0%
Plana50%
Horizontal33%
Considerando o percentual total (Gráfico 24 a seguir), tem-se que a maioria
dos trabalhadores solda na posição plana.
50
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A conclusão a que se obteve ao analisar os dados obtidos com as
ferramentas aplicadas, ( pesquisa de campo e entrevista), é que o percentual de
trabalhadores que operam o processo de solda com desconforto é elevado. Tanto
desconforto ocular como muscular. Esses desconfortos, em um primeiro momento,
se devem à utilização dos EPI’s específicos para a atividade de forma irregular. Ao
analisar mais profundamente, pode-se verificar que os procedimentos operacionais
empregados, tais como virar o rosto e usar a mão como proteção, são ainda mais
comprometedores. Os métodos citados não oferecem segurança e nenhuma
proteção ao trabalhador. Esses artifícios, ou seja, maus hábitos ou vícios adquiridos
ao longo de sua carreira, são decorrentes do percentual baixo de treinamentos
recebidos pelos trabalhadores. A grande maioria aprendeu o ofício orientado por um
trabalhador mais experiente. O desconforto muscular na nuca se deve ao golpe de
abaixar a máscara de solda, com o balanço da cabeça, artifício que é usado quando
o trabalhador está com as duas mãos ocupadas no início da solda. A auto
medicação é outro aspecto abordado na pesquisa, e se mostrou um problema no
meio dos trabalhadores da área de solda. Tal procedimento pode mascarar ou
deturpar os números relativos a desconfortos, danos e acidentes em trabalhadores.
Quanto a afastamentos, apesar de ser significativo, poderiam ser maiores não fosse
a auto medicação e a tendência de normalmente o trabalhador se julgar culpado
quando se trata de acidentes deste tipo. Para cada processo, material e amperagem
utilizados na soldagem existe um nível de proteção adequado. Como foi verificado
na pesquisa, na utilização de filtros tradicionais é normal usar só um tipo de filtro,
um grau de proteção. Tal atitude faz com que o trabalhador acabe utilizando uma
51
proteção muitas vezes inadequada, muito escura ou muito clara, o que acaba
produzindo, no caso de um filtro muito claro, desconfortos, danos e acidentes e no
caso de filtro muito escuro, dificuldades no procedimento, baixa qualidade e menor
produtividade.
De acordo com as verificações citadas após a análise dos dados coletados
pode-se sugerir algumas mudanças de procedimentos e atitudes a serem
observados:
• a necessidade de um maior acompanhamento médico para os soldadores,
com exames periódicos que permitam a análise da saúde e a evolução de
danos no que tange aos olhos, a pele, aos músculos e ao sistema
respiratório;
• a auto medicação é uma pratica que não deveria ser adotada;
• a CAT deveria ser mais utilizada, e de modo mais detalhado, no que diz
respeito a desconfortos, danos e acidentes nesta área (solda), para
obtenção de dados a serem usados na prevenção de acidentes;
• a necessidade de cursos de treinamento de formação e reciclagem
periódica, para que o trabalhador tenha condições de avaliar os riscos e usar
o EPI adequado e de modo correto;
No caso da operação específica de pontear, o operador precisa levantar
continuamente a viseira para orientar-se, e também, para verificar onde será
efetuada a solda recomenda-se a máscara com filtro eletrônico automático
(fotocromático) pois conforme orientação do fabricante a lente permanece clara até
o momento de abertura do arco, para somente depois escurecer, fazendo com que o
operador tenha uma visão clara de onde será efetuada a solda. Não pode-se provar
que o uso deste EPI resolva todos os problemas, no entanto, são bastante evidentes
52
as deficiências do sistema tradicional nesta operação e em aplicações com
processos, amperagens e materiais variáveis. Com base nas características técnicas
do EPI, pode-se afirmar que existem fortes indicativos para uma maior eficiência
deste, visto que a abertura do arco de soldagem é muito rápida e a resposta de
escurecimento e clareamento é instantâneo, evitando a exposição às radiações
nocivas. O nível de proteção do filtro, quando regulado, é constante e igual a um
filtro tradicional de solda (sem escurecimento automático) , oferecendo proteção no
momento da abertura do arco. Nos processos de solda por arco este tipo de filtro é
utilizado desde a TIG de baixa intensidade até o corte por plasma. O filtro com
escurecimento automático é mais seguro para o sistema ocular e pele, porque não
submete o soldador à abertura do arco e a faíscas, bem como permite que o
soldador use o capacete ou máscara sempre na posição baixa, o que mantém
sempre protegidos os olhos e o rosto (o problema muscular da dor na nuca é
também evitado). Além disso, com o seu uso as mãos ficam com mais liberdade, já
que não precisam ser usadas para ajustar o visor, o que acaba influindo na
produtividade. As faíscas e mudanças no arco voltaico não são percebidas pelos
olhos. O nível de proteção do filtro pode ser ajustado ao processo, ao material e à
amperagem, o que permite que o trabalhador possa estar sempre protegido em
condições ideais.
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REFERÊNCIAS
BURGESS, William A. Identificação de possíveis riscos à saúde do trabalhador nos diversos processos industriais. (Trad. Ricardo Baptista). Belo Horizonte: Ergo Editora, 1997. CARDOSO, Olga R. Treinamento para Engenharia de Segurança do Trabalho. Apostila de aula do curso de Engenharia de Segurança do Trabalho. Florianópolis: FEESC, 1995. CLT- Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília: Ministério do Trabalho. DE CICCO, Francesco M.G.A.F. Custo de acidentes. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 12, n. 45, janeiro-março, 1984. INÁCIO FILHO, Geraldo. A Monografia na Universidade. Campinas - : Papiros, 1995. MAGRINI, Rui de Oliveira. Segurança do trabalho na soldagem oxiacetilênica. 2. ed. São Paulo: FUNDACENTRO, 1994. MARANO, Vicente Pedro. Doenças ocupacionais. São Paulo: LTr , 2003. MODENESI, Paulo. Introdução aos processos de soldagem. Belo Horizonte: UFMG, 2000. SHERIQUE, Jaques. Aprenda como Fazer. 4. ed. São Paulo: LTr, 2004. TAVARES, José da Cunha. Noções de prevenção e controle de perdas em segurança do trabalho. São Paulo: SENAC, 2004. _______. Segurança e Medicina do Trabalho. 54 ed. São Paulo: Atlas, 2004.
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ANEXOS
Anexo 01 – Tabela de seleção de lentes em função da amperagem e do material a ser soldado.
Processos de Soldagem: Grau de proteção conforme DIN
Corte por fusão em plasma
Eletrodo revestido
MIG
em peças de aço
MIG
em ligas de metal leve
TIG MAG Eletrodos tubulares
Solda-gem em plasma
Corte de carvão
9 gg 20 - 39A gg gg 5 - 19A gg gg 10 - 15A gg
10 gg 40 - 79A 80 - 99A 80 - 99A 20 - 39A 40 - 79A 125 -17A 16 - 30A 125 - 174
11 50 -149A
80 -174A 100 -174A
100-174A
40 - 99A 80 -124A
175 -224A gg 175 - 224
12 150-249A
175-249A 175-249A
175-249A
100-174A
125-174A
225-274A gg 225 - 274
13 250-400A
300-499A 300-499A
250-349A
175-249A
175-299A
275-349A gg 275 - 349
14 gg 500-560A 500-550A
350-499A
250-400A
300-449A
350-449A gg gg
15 gg gg gg 500-549A
gg 450-699A
450-549A gg 450 - 550
16 gg gg gg Desde 550A
gg desde 700A
desde 550A
gg desde550A
Nota: Na soldagem prolongada ao arco elétrico deverá ser utilizado o grau de proteção imediatamente subsequente.
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Anexo 2 - Entrevista
ENTREVISTA COM SOLDADORES Empresa:_____________________________________ Cidade:_______________________________________ Estado:_______ 1 Há quanto tempo exerce a profissão de soldador? 0 a 1 ano ( ) 1 a 5 ( ) 5 a 10 ( ) 10 a 15 ( ) 15 a 20 ( ) 20 a 25 ( ) mais de 25 ( ) 2 Recebeu treinamento profissionalizante? sim ( ) não ( ) 3 Tem feito periodicamente cursos de recliclagem? sim ( ) não ( ) 4 No exercício da profissão tem recebido EPI adequado ao exercício da profissão? sim ( ) não ( ) 5 Qual o processo de soldagem utilizado? MIG ( ) MAG ( ) TIG ( ) ELETRODOS TUBULARES ( ) SOLDA EM PLASMA ( ) 6 Qual a faixa de Amperes utilizada no processo de soldagem? 5 a 50 ( ) 50 a 100 ( ) 100 a 150 ( ) 150 a 200 ( ) 200 a 250 ( ) 250 a 300 ( ) 30 a 350 ( ) 350 a 400 ( ) 400 a 450 ( ) 450 a 500 ( ) 500 a 550 ( ) 550 a 600 ( ) 600 a 650 ( ) 650 a 700 ( ) 7 Qual a lente filtro de proteção que tem usado normalmente no processo citado? 9 ( ) 10 ( ) 11 ( ) 12 ( ) 13 ( ) 14 ( ) 14 ( ) 15 ( ) 16 ( ) 8 No processo de pontear (ou pequenos cordões de solda) qual o método empregado para
proteger os olhos? usa mão como proteção ( ) vira o rosto ( ) fecha os olhos ( ) Outro ( ) 9 Que tipo de lente filtro usa para proteção dos olhos? Lentes escuras ( ) Lentes fotocromáticas ( ) 10 Já sofreu algum desconforto nos olhos devido ao trabalho com solda? sim ( ) não ( ) 11 Houve algum afastamento do serviço devido a doenças ou acidentes com os olhos ou pele? sim ( ) não ( ) 12 Quando sente desconforto nos olhos, usa automedicação? sim ( ) não ( ) 13 Quanto a desconforto muscular na nuca e pescoço já teve casos? sim ( ) não ( ) 14 Quanto a desconforto muscular já teve algum afastamento devido a esse problema ?
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sim ( ) não ( ) 15 Tem alguma deficiência visual ? sim ( ) não ( ) 16 Com o passar do tempo tem utilizados lentes menos escuras no processo de soldagem? sim ( ) não ( ) 17 Já utilizou os dois tipos de lentes de proteção escuras e fotocromáticas? sim ( ) não ( ) 18 Qual a mais eficiente na proteção dos olhos? escuras ( ) fotocromáticas ( ) 19 Posição de Solda? plana ( ) horizontal ( ) vertical ( ) sobre-cabeça ( )