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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA
COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
VAGNER CARVALHO ALVES
ANÁLISE COMPARATIVA DOS CUSTOS UNITÁRIOS ENTRE ARGAMASSA
DE CIMENTO E GESSO EM REVESTIMENTO DE ALVENARIA DE BLOCO
CERÂMICO: ESTUDO DE CASO EM OBRA HABITACONAL NA CIDADE DE
FEIRA DE SANTANA
Feira de Santana
2010.
Vagner Carvalho Alves
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ANÁLISE COMPARATIVA DOS CUSTOS UNITÁRIOS ENTRE ARGAMASSA
DE CIMENTO E GESSO EM REVESTIMENTO DE ALVENARIA DE BLOCO
CERÂMICO: ESTUDO DE CASO EM OBRA HABITACONAL NA CIDADE DE
FEIRA DE SANTANA
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Departamento de
Tecnologia da Universidade Estadual de
Feira de Santana (UEFS), como parte dos
requisitos para obtenção do grau de
bacharel em Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Esp. Carlos Antônio Alves Queirós
Co-Orientador: Prof. Msc. Antonio Freitas da Silva Filho
Feira de Santana, Ba
2010
ANÁLISE COMPARATIVA DOS CUSTOS UNITÁRIOS ENTRE ARGAMASSA
DE CIMENTO E GESSO EM REVESTIMENTO DE ALVENARIA DE BLOCO
CERÂMICO: ESTUDO DE CASO EM OBRA HABITACONAL NA CIDADE DE
FEIRA DE SANTANA
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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência
para a aprovação na disciplina Projeto Final II do curso de Engenharia
Civil, da Universidade Estadual de Feira de Santana.
Feira de Santana, 2010.
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________
Prof. Esp. Carlos Antônio Alves Queirós
Orientador - Universidade Estadual de Feira de Santana
____________________________________________
Prof. Msc. Antonio Freitas da Silva Filho
Co–Orientador - Universidade Estadual de Feira de Santana
_______________________________________
Prof. Msc. Eduardo Antonio Lima Costa
Universidade Estadual de Feira de Santana
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Dedico este trabalho
A meus pais, pelo empenho que tiveram para que eu
continuasse no caminho certo, pelo seu espírito de luta e
amor.
Aos meus irmãos, que me incentivaram
bastante para que eu não desistisse e continuasse firme
nos estudos.
Aos meus amigos, pela amizade e pelo companheirismo
de todos os dias.
AGRADECIMENTOS
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Ao Universo e a Deus que é o regente deste e permite que tudo de bom
aconteça para quem faz o bem e por isso mostrou-me o caminho certo a
seguir.
Ao Professor Esp. Carlos Antônio Alves Queirós, por ter dedicado um
pouco do seu precioso tempo para me orientar, pela compreensão durante todo
o desenvolvimento do trabalho, pela amizade e credibilidade depositada em
mim e principalmente pelo respeito ao longo da concretização desse trabalho.
Ao professor MS. Antonio Freitas da Silva Filho, por ter me orientado
durante a matéria Projeto de engenharia, dedicando também seu tempo e sua
atenção ao meu trabalho.
À Universidade Estadual de Feira de Santana, por possibilitar a relação
de aprendizado com um dos melhores quadros acadêmicos do país.
Aos meus amigos que me incentivaram a seguir em frente e a nunca
desistir de obter o maior bem de qualquer ser humano, o conhecimento.
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“O pessimista se queixa do vento,
“O otimista espera que e le mude e o real ista ajusta as velas .”
(Will iam George Ward)
RESUMO
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O presente trabalho mostra um estudo realizado através de
fundamentação teórica e analise de campo em obra habitacional, na
cidade de Feira de Santana, onde são analisados e comparados dois tipos
de revestimento de alvenaria: o revestimento com argamassa de cimento
Portland e com gesso liso desempenado. Este ultimo revestimento citado
vem sendo aplicado recentemente na região, e sendo a desqualificação e
a falta de treinamento da mão-de-obra uma característica do setor da
Construção Civil, surge a necessidade de analisar em que condições o
revestimento com gesso liso esta sendo realizada e se é mais vantajoso
economicamente em relação ao revestimento de argamassa de cimento
Portland. A partir dos resultados obtidos, apresenta-se a alternativa mais
viável economicamente para revestimento de alvenaria.
Palavras - chave: argamassa de cimento Portland, gesso liso, revestimento de
alvenaria.
LISTA DE FIGURAS
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LISTA DE TABELAS
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LISTA DE SIGLAS
DIN: Instituto Alemão de Normalização
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas
NBR: Denominação de Norma da Associação Brasileira de Normas Tecnicas
RILEM: União dos Laboratórios e Consultores em Materiais, Sistemas e
Estruturas da Construção
ASTM: American Society for Testing and Materials
DTU: Delhi Technological University
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SUMÁRIO
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1 INTRODUÇÃO
Os revestimentos de alvenaria mais utilizados na região de Feira de
Santana são de argamassa de cimento Portland, constituídos de materiais
com propriedades de aderência e endurecimento obtidos através da
mistura de aglomerantes, agregado miúdo e água, podendo ser
empregados aditivos tipo pozolana, sílica e ate mesmo o próprio gesso. A
facilidade com que se encontra a mão de obra qualificada para execução
desse tipo de serviço utilizando argamassa facilita ainda mais a utilização
desta nas obras.
Dá-se o nome de pasta à mistura de um aglomerante mais água.
Quando se coloca água em excesso na pasta, temos um produto
denominado nata. Misturando–se agregado miúdo à pasta, obtemos uma
argamassa.
A argamassa é um material litóide, obtido após o endurecimento de
uma mistura em proporçoes adequadas de agregado miúdo, aglomerante
e água.
O gesso natural provindo de uma rocha sedimentar de estrutura
cristalina constituída principalmente por sulfato de cálcio bi-hidratado
(CaSo4 2H2O), vem ganhando mais espaço no mercado construtivo,
devido vastos experimentos em todos os ramos da engenharia, como
exemplo podemos citar os painéis de gesso acartonado, usado como
divisórias de ambientes, e atualmente vem crescendo o uso deste em
revestimento de alvenaria, ou seja argamassa de gesso, que é obtido por
cozedura que variam entre 130 e 170°C da pedra de gesso e é constituída,
fundamentalmente, por sulfato de cálcio hemi-hidratado, (SILVA, 1991).
A argamassa de gesso pode ser aplicada diretamente sobre a
alvenaria, substituindo o sistema tradicional de chapisco, emboço e
reboco, mas mesmo com toda essa redução de serviço, se comparar com
o método tradicional, ainda assim não se encontra mão de obra
qualificada para execução do serviço, assim, as construtoras ficam a
mercê das empresas terceirizadas que executam tal revestimento.
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Em ambos os métodos para revestir alvenaria, para que haja uma
boa aderência da argamassa de cimento ou do gesso, os substratos
devem ter superfícies sólidas, limpas e planas.
1.1 JUSTIFICATIVA
A opção pelo assunto em estudo se deu pela realização de estágio
em uma construtora de Feira de Santana na Bahia, onde o engenheiro
civil responsável pela obra e pelo estágio sugeriu o aprofundamento de
um estudo no que se refere ao uso de argamassa em cimento
confeccionada na própria obra e ao uso de revestimento em gesso sobre
alvenaria.
A quantidade de serviço em revestimento de alvenaria nas obras da
construtora incitou a necessidade de realizar um estudo mais
aprofundado dos custos, vantagens, desvantagens e metodologia
executiva de cada um dos revestimentos. O intuito deste trabalho é
comparar os dois métodos a fim de dizer qual o mais viável
economicamente para a obra em estudo.
Esta análise contribuirá para as construtoras da cidade que utilizam
estes tipos de serviço, pois um empreendimento precisa ter orçamentos
adequados com ações planejadas dentro das diretrizes que se almeja.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 OBJETIVO GERAL
O objetivo desse trabalho é fazer uma análise comparativa dos custos
unitários de serviço entre a argamassa de cimento Portland e gesso liso em
revestimento de alvenaria em obra habitacional na cidade de Feira de Santana.
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Elencar as vantagens e desvantagens de cada um dos revestimentos
adotados neste estudo
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• Identificar qual serviço é mais viável economicamente.
1.3 METODO DE PESQUISA
• Apresentação da fundamentação teórica de todo o assunto necessário
para apresentação deste trabalho;
• Acompanhamento dos serviços, tanto de revestimento de alvenaria com
argamassa quanto com gesso, neste acompanhamento será
quantificado o número de operários que realizam tais serviços e o tempo
que eles levam para executá-los.
• Levantamento fotográfico de todos os processos dos serviços, (início até
a conclusão do revestimento).
• Tabelas de custos unitários com dados dos revestimentos.
• Conclusão da viabilidade econômica dos serviços.
1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA
O primeiro capítulo é introdução sobre a argamassa de cimento e
revestimento em gesso, a justificativa pela qual o tema foi escolhido, os
objetivos geral e específicos que se pretendem atingir ao termino do trabalho.
No segundo capítulo, será feito uma fundamentação teórica com a
definição dos materiais envolvidos nos revestimentos.
O capítulo 3 apresenta um estudo de caso em uma obra habitacional na
cidade de Feira de Santana – Ba onde é empregado os dois tipos de
revestimento em alvenaria, de argamassa de cimento e de gesso liso
desempenado, analisando os materiais envolvidos nos revestimentos.
No quarto capítulo mostra a conclusão dos estudos, e através de tabelas
de custos unitários identificar qual método é mais viável economicamente.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 O GESSO
O gesso cuja formula quimica é CaSo4.1/2H2O, semi-hidratado de
calcio, é o produto resultante da calcinaçao parcial do mineral gipsita
(CaSo4.2H2O). No princípio do século XII o produto teve grande participação
na composição das argamassas de revestimento. Mas foi o cimento Portland,
com sua pega rapida e maior resistência, que nao so deslocou a cal da sua
posição do campo dominante do revestimento, como tambemocorreu com o
gesso. Na França, as regiões ricas em gipsita (particularmente da bacia
pariense) os revestimentos eram preferencialmente feitos com argamassa de
gesso e cal, pela vantagem de endureçer rapidamente e permitir espessura
maior nas aplicações. Naquela época, dois “plasters”, conhecidos como
“scrath” (argamassa de primeira camada ou grosseira) e “brown” (segunda
camada ou parda), tinham a preferência dos aplicadores de revestimentos
internos. Somente para poucos especialistas a argamassa à base de cal era
ainda preferida, pelo seu melhor desempenho acústico em auditórios e casas
de espetáculos. (A Cal – Fundamento e Aplicações na Engenharia Civil et al.,
1998)
O gesso é o mais antigo aglomerante de que se tem notícia. Foi
encontrado em construções no Antigo Egito como na pirâmide de Khufu, com
cerca de cinco mil anos. Suas técnicas de calcinação e suas propriedades
hidráulicas já eram amplamente conhecidas pelos egípcios desde 2800, o que
permite inferir que o material era utilizado por civilizações até anteriores a esta.
Seu emprego era variado, desde a confecção de objetos decorativos, como
estátuas, até revestimentos de paredes na forma de argamassas e pastas que
serviram de base para afrescos que decoram até hoje o interior de algumas
15
pirâmides. Também era comum a utilização de pigmentos para a produção de
revestimentos coloridos (TURCO, 1961; KARNI; KARNI, 1995).
2.2.1 NOMENCLATURA
Os termos “gipsita, gipso e gesso” são frequentemente usados como
sinônimos. Todavia, a denominação gipsita é reconhecida a mais adequada ao
mineral em estado natural, enquanto que o gesso é o termo mais apropriado
para designar o produto calcinado (LINHALES, 2003).
A denominação gesso provém do grego gypsos dado ao mineral
calcinado, já ao mineral em seu estado bruto é chamado de gipsita ou gipso
(DANA, 1969).
De acordo com a NBR 13207 (1994, p. 1), o gesso para construção civil
é um material moído em forma de pó, obtido da calcinação da gipsita,
constituído predominantemente de sulfato de cálcio, podendo conter aditivos
controladores do tempo de pega. Segundo Bauer (2001), o gesso pode ser
definido como sendo um aglomerante não hidráulico e aéreo, de origem
mineral, obtido da calcinação da gipsita em temperaturas em torno de 150ºC.
A NBR 13207 (ABNT, 1994) define gesso para construção como:
“Material moído em forma de pó, obtido da calcinação da gipsita, constituído
predominantemente de sulfato de cálcio, podendo conter aditivos controladores
de pega.”
A RILEM (1982a) define gesso de construção como:
“Material pulverulento, constituído predominantemente de hemidrato ou de uma
mistura de sulfatos (hemidrato, anidrita ou gipsita), um baixo valor percentual
de água livre e substâncias consideradas como impurezas: carbonato de cálcio
e de magnésio, argilominerais e de sais solúveis.”
Segue o comentário publicado pela revista Techne (julho/agosto – 1998)
“No Brasil é pouco o uso da argamassa com gesso (sulfato de cálcio
hemidratado, resultante da calcinação a baixa temperatura do mineral gipsita).
É permitida, porém, a utilização do gesso com a cal hidratada. As restrições
decorrem da presença do cimento Portland, pois este forma com o gesso a
etringita, que segundo alguns autores podem provocar expansão no
revestimento”.
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2.2.2 PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO GESSO
O processo de fabricaçao do gesso inicia-se com a extração da pedra de
gesso, logo após, vem o processo de britagem do material, ou seja, é
fragmentado mecânicamento formando pequenos pedaços de pedra. Em
seguida é feita a calcinação desses mesmos fragmentos num forno rotativo a
cerca de 160°C. Há uma perda de agua desse material durante esse processo,
formando assim sulfato de cálcio semi-hidratado (CaSO4 ½ H2O). Após a
calcinaçao, moi-se o material formando o característico pó branco que é
comercializado, (LINHALES, 2003).
a) Extração do gipso
O gipso é uma rocha sedimentar, particularmente denominada evaporito.
Essa rocha é composta basicamente de gipsita, anidrita e algumas
impurezas, geralmente argilo-minerais, calcita, dolomita e material
orgânico. O mineral que constitui a matéria prima do gesso é a gipsita,
cuja formula química é CaSO4 . 2H2O, não por acaso a qualidade do
gipso é avaliada pelo teor de gipsita. A matéria-prima nacional é bastante
pura, favorecendo a produção de gessos mais claros, (LINHALES,
2003). A Figura 1 ilustra como é feita a extração da pedra de gesso.
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Figura 1 – extração mecanizada da Gipsita.Fonte: RISCHBIETER,2010
b) Preparação para calcinação
Após o processo de extração do gipso, a rocha tem que ser fragmentada
para se adequar ao tipo de forno que será usado para fazer a
calcinação, então é necessário que se faça britagem; moagem grossa;
estocagem; secagem; moagem fina e ensilagem.
c) Calcinação
A calcinação é o processo térmico pelo qual a gipsita é desidratada. O
material é calcinado numa faixa de temperatura da ordem de 140ºC a
160ºC, quando se deseja obter hemidrato (CaSO4.1/2H2O). A anidrita III
(CaSO4.1,5H2O) é obtida entre 160ºC e 200ºC e pode conter água de
cristalização em baixo teor. Esta fase é solúvel, como o hemidrato,
porém instável, transformando-se em hemidrato com a umidade do ar.
Quando a calcinação acontece em temperaturas variando de 250ºC a
800ºC a anidrita III transforma-se em anidrita II (CaSO4) cuja velocidade
de hidratação é lenta. A anidrita I só é obtida em temperaturas acima de
800ºC (NOLHIER, 1986; CINCOTO, 1988a; SANTOS, 1998). A figura –
02 mostra um modelo se forno usado para calcinação do gesso.
Figura 02 – Forno para calcinação do gesso
Fonte: RISCHBIETER,2010
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d) Seleção do gesso
Após a calcinação o material é moído, selecionado em frações
granulométricas, classificado conforme o tempo de pega, ensacado e
comercializado, o processo de seleção deve obedecer a NBR 13207
(ABNT, 1994). A Figura 3 mostra o gesso já separado, ensacado e
designado para o devido fim.
Figura 3 – gesso ensacado para comercialização
2.2.3 UTILIZAÇÃO DO GESSO NA CONSTRUÇÃO CIVIL E SUAS
CARACTERISTICAS.
O gesso é um material muito utilizado em construção devido às suas
propriedades de aderência. A sua maleabilidade fazem da argamassa deste
ligante um bom material para a execução de pormenores decorativos em
paredes e tetos, assim como fazer o estuque que reveste as paredes.
O gesso possui caracteristicas como:
• É um bom isolante térmico e acústico devido ao fato de ter uma
baixa condutividade térmica e um elevado coeficiente de
absorção acústica.
• fraca resistência quando posto em contacto com água,
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• utilizado como barreira corta-fogo, pois como tem um baixo
coeficiente de conductibilidade térmica, impede que o fogo alastre
a outras zonas do local onde o gesso está aplicado, normalmente
em habitações;
• para além do baixo coeficiente de conductibilidade térmica
• liberta água quando exposto ao calor do fogo (calcinação a
160°C). (Acesso dia 17/05/2010. Website:www.wikipedia.org.br).
A aplicação rápida e excelente acabamento superficial do revestimento
em gesso permitem ganhos de produtividade quando comparado aos
revestimentos de argamassa. Tais revestimentos, compostos por 2 camadas,
(emboço e reboco) ou camada única, necessitam de pelo menos 30 dias de
espera entre sua aplicação e a aplicação do acabamento final, em geral a
pintura (CINCOTTO et al., 1995).
O gesso é utilizado em áreas bem distintas como: agricultura, indústria
cerâmica, saúde (especialmente na odontologia) e na construção civil. Para
diferenciar o gesso utilizado na construção civil dos demais na norma nacional
foi adotado o termo gesso de construção. Como este trabalho não abrange
nenhuma das demais áreas de aplicação do material o “Gesso de construção”
será chamado apenas de gesso. A seguir encontram-se transcritas as
definições de algumas normas para o material.
2.3 REVESTIMENTO EM GESSO LISO DESEMPENADO
Segundo Boynton, virtualmente toda a cal do revestimento plástico
interior era usada como uma ultima mão de acabamento (conhecida como
“finish coat”), que tem geralmente 1/8 de polegada de espessura. Isto porque o
gesso é incapaz de produzir um acabamento como a cal. Usava-se, então,
para aplicação mais veloz e pega mais rápida, o gesso padrão ou “keene’s
cement” (gesso anidro com acelerador de pega), com a seguinte proporção
(em volume): 4,25 parte de pasta de cal ou de cal hidratada de alta pureza, ou
4 partes de pasta de cal virgem pulverizada, para uma parte de gesso plástico
padrão de revestimento.
A norma DIN 18550 Part 2 (DIN, 1985) prevê a utilização de argamassas
de gesso nos traços entre 1:1 a 1:3, gesso:agregado, em volume, bem como
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argamassas de gesso e cal, com as proporções entre estes aglomerantes
variando de 1:20 e 1:0,5 e os teores de agregado entre 3 e 4. A antiga versão
da NBR 7200 (ABNT, 1982) especificava a utilização de argamassa de cal
hidratada e gesso com traços cal hidratada: gesso, em volume, entre 1:0,1 e
1:0,2 para 3 ou 4 partes de agregado.
As normas ASTM C 28-92 (ASTM, 1992) e ASTM C 842-85 (ASTM,
1990) estabelecem que as argamassas de gesso para aplicação em alvenaria
deverão apresentar um traço, em volume, de aproximadamente 1:1
(gesso:agregado), independentemente se o agregado utilizado for perlita,
vermiculita ou areia, ou, no caso da areia, 1:3 em massa. Estes traços são
recomendados especificamente para argamassa de base, a ser acabada com
argamassa de gesso e cal. Adicionalmente, esta norma especifica uma
resistência à compressão superior a 2,8 MPa (ASTM, 1992) e um tempo de
pega maior que 1,5h e menor que 4 para argamassa de gesso.
O DTU 25.1 (CSTB, 1975) recomenda argamassas de gesso para a
primeira camada, sendo o acabamento superficial efetuado em pasta de gesso.
Para este caso específico, o consumo de gesso especificado está entre 300 e
350 kg por metro cúbico de areia seca, equivalente a um traço em massa entre
1:4,3 e 1:5.
A norma DIN 18550 Part 2 (DIN, 1985) prevê a utilização de argamassas
de gesso nos traços entre 1:1 a 1:3, gesso:agregado, em volume, bem como
argamassas de gesso e cal, com as proporções entre estes aglomerantes
variando de 1:20 e 1:0,5 e os teores de agregado entre 3 e 4.
A antiga versão da NBR 7200 (ABNT, 1982) especificava a utilização de
argamassa de cal hidratada e gesso com traços cal hidratada:gesso, em
volume, entre 1:0,1 e 1:0,2 para 3 ou 4 partes de agregado.
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2.3.1 APLICAÇÃO DA ARGAMASSA DE GESSO EM ALVENARIA
2.3.1.1 Execução das mestras e taliscas.
Após a conclusão da alvenaria e a verificação das instalações elétricas
tais como eletrodutos e pontos de luz, pode-se inicializar a execução do
revestimento com argamassa de gesso.
Figura 4 – Alvenaria concluída para aplicar o revestimento.
Fonte: Melhores Práticas (Revista Téchne, 2010)
Para se obter uma melhor uniformidade no revestimento com argamassa
de gesso se faz necessário a execução das mestras; é preciso identificar os
pontos mais críticos do ambiente (de maior e menor espessura) utilizando
esquadro e prumo ou régua de alumínio com nível de bolha acoplada. Após a
identificação dos pontos críticos, deve-se assentar mestras nos pontos de
menor espessura, considerando um mínimo de 5,0mm (espessura geralmente
adotada nas construtoras). Transferir o plano definido por estas mestras para o
restante do ambiente e assentar as demais mestras.
22
Inicia-se o assentamento pelas mestras inferiores, com posterior
transferência da espessura para junto do piso por intermédio de um fio de
prumo de face e régua.
As mestras podem ser de diferentes materiais, desde cacos cerâmicos
até chapas finas de madeira, assentadas com a mesma argamassa de gesso
que será utilizada para execução do revestimento. Atentar para que sempre
sejam previstas mestras a 30 cm das bordas das paredes e/ou tetos, bem
como qualquer outro detalhe de acabamento (quinas, vãos de portas e janelas,
frisos ou molduras). O espaçamento entre as mestras não deve ultrapassar 1,8
metros em ambas as direções, mas quanto menor for a distancia entre estas
23
Figura 5 – Alvenaria com as mestras prontas para receber o revestimento em gesso.
2.3.1.2 Lançamento da argamassa de gesso com maquina de projetar.
As máquinas de projetar gesso existente no mercado são muito
parecidas entre si, e apresentam geralmente os mesmos equipamentos e
controle. São semelhantes à mostrada na figura 6.
Figura 6 – Maquina de projetar gesso em alvenaria
Fonte: WIKIMEDIA COMMONS,2010.
24
A projeção do gesso deve-se iniciar após 1 dia de executada as taliscas.
Começar a projeção sobre a superfície do teto. Recomenda-se acabar todos os
revestimentos de teto para em seguida iniciar o revestimento das paredes dos
ambientes. A argamassa de gesso deve ser projetada de modo que chegue até
a espessura das taliscas e preencha todos os espaços vazios. Logo após a
projeção, sarrafear a massa por meio da régua de alumínio H. Sarrafear a
massa no sentido vertical no caso de paredes, de baixo para cima, apoiando a
régua nas mestras e fazendo movimentos como se estivesse cortado à massa.
A massa que fica na régua deve ser retirada com uma espátula e chapar
novamente nos espaços vazios. Ao final passar régua levemente no sentido
horizontal fazendo movimentos para cima e para baixo. Essa operação deve
ser repetida até que toda a superfície fique preenchida e homogênea, sem
furos e imperfeições, com um mínimo de ondulações.
Figura 7 – Operário executando revestimento de gesso em alvenaria com auxilio de
maquina de projetar
Fonte: (Revista Téchne, 2010).
2.3.1.3 Pré-acabamento e acabamento.
O pré-acabamento deve ser iniciado aproximadamente 30 minutos após
ter sido feito o sarrafeamento da massa para dar inicio ao pré-acabamento do
revestimento. Para retirar as ondulações, o facão deve ser passado
horizontalmente ou contrário ao sentido do sarrafeamento. Simultaneamente
25
prepara-se uma quantidade de argamassa de gesso com o mesmo traço da
utilizada para o revestimento, para preencher os poros que não foram
preenchidos na projeção desta e que foram identificados no momento do
sarrafeamento como mostra na Figura 08. Por fim, executar o arremate dos
cantos com carrinho adequado. Para alguns cantos e rodapés pode-se utilizar
a desempenadeira.
Figura 08 – Regularização do revestimento em gesso liso
Fonte: (Revista Téchne, 2010).
Após ter sido findada a etapa citada acima é necessária fazer a queima,
esta só deve ser iniciada apos 30 minutos depois de feito o pré-acabamento.
Neste caso, deve-se providenciar uma mistura de argamassa de gesso do
mesmo traço utilizado no revestimento, porem com consistência mais líquida. A
mistura é espalhada na superfície do revestimento com ajuda de uma
desempenadeira de aço grande. Em uma única Todos os poros devem ser
preenchidos, e cuidar para que não fiquem rebarbas do material no momento
do espalhamento com a desempenadeira. Não se pode esquecer que
revestimentos cerâmicos serão aplicados em alguns cômodos da casa, como
na cozinha e nas áreas molhadas por exemplo. Nas demais áreas internas,
considerar acabamento com pintura.
O acabamento final deve-se iniciar após a queima inicial, é necessário
que se aguarde um período de secagem para a execução desta ultima etapa.
26
Esta fase também deve ser utilizada a mesma argamassa das anteriores, mas
com uma consistência bem líquida. As caixas de elétrica e pontos de luz devem
ser abertas. Com uma desempenadeira aplicar o material em movimentos
ondulados e com uma desempenadeira de aço pequena, retirar o excesso com
movimentos verticais. Esta operação deve-se repetir por duas vezes, até que a
superfície de gesso fique com um aspecto liso.
A limpeza do revestimento é a fase em que deve ser retirado todos os
caroços do piso com uma raspadeira, tendo cuidado com os pés das paredes
para que não danifique o revestimento.
2.4 ARGAMASSA DE CIMENTO
Chama-se argamassa à mistura feita com pelo menos um aglomerante,
agregados miúdos e água. O aglomerante pode ser a cal, cimento ou o gesso.
O agregado mais comum é a areia, embora possa ser utilizado o pó de pedra.
Normalmente, a argamassa é utilizada em alvenaria e em revestimento.
As argamassas mais comuns são constituídas por cimento, areia e água.
Em alguns casos, costuma-se adicionar outro material como cal, saibro, barro,
caulim, e outros para a obtenção de propriedades especiais. Chama-se traço a
proporção em volume ou em massa entre os componentes das argamassas
(cimento, cal e areia), que varia de acordo com a finalidade da argamassa.
(Website:www.wikipedia.org.br) acesso dia 14/06/2010. A figura 09 mostra uma
argamassa de cimento.
27
Figura 09 – Argamassa de cimento
Fonte: Melhores Práticas (Revista Téchne, 2007)
2.4.1 CARACTERISTICAS E USO DA ARGAMASSA NA CONSTRUÇÃO CIVIL
As argamassas podem ser usadas como revestimento de pisos, tetos e
paredes (emboço e reboco), ou no assentamento de tijolos, bloco, azuleijos e
ladrilhos, reparos de obras de concreto, injeçoes etc.
A adiçao de areia se faz por varios motivos, como a diminuiçao da
retração e o barateamento do produto.
No caso de argamassa de cal, a areia ainda tem a função de facilitar a
passagem do ar para a solidificação do material.
As propriedades da argamassa estão diretamente ligadas a diversos
fatores, tais como: qualidade e quantidade do aglomeranteda, qualidade e
quantidade de agua.
Variando estas condições, teremos a qualificação do produto final de
acordo com as condições de envolvimento dos grãos pela pasta, quantidade
de vazios e aderência os graos com a pasta.
Assim como o concreto, as argamassas também se apresentam em
estado plástico nas primeiras horas de confecção, e endurecem com o tempo,
ganhando resistência, resiliência e durabilidade. São empregadas com as
28
seguintes finalidades, (Silva, Moema Ribas, Materiais de construção – 2. Ed.
Rev. – São Paulo: Pini, 1991).
1) Quanto ao emprego:
•Comuns (para rejuntamentos, revestimentos, pisos, injeções)
•Refratária
2) Quanto ao tipo de aglomerantes:
• Aéreas (cal aérea, gesso);
• Hidráulicas (cal hidráulica, cimento)
• Mistas (cimento e cal aérea)
3) Quanto ao número de elementos ativos:
• Simples (um aglomerante);
• Composta (mais de um aglomerante).
4) Quanto à dosagem:
• Pobres ou magras (volume de pasta insuficiente para
preencher os vazios);
• Ricas ou gordas (excesso de pasta);
• Cheias (quantidade suficiente de pasta).
5) Quanto a consistência:
• Secas
• Plásticas
• Fluidas
2.4.2 TIPOS DE ARGAMASSAS DE CIMENTO
As argamassas são classificadas, segundo a sua finalidade, algumas
delas são:
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1. Argamassas para assentamento:
São argamassas utilizadas para assentamento e se diferenciam das
usadas para unir blocos ou tijolos das alvenarias. Servem também para a
colocação de azulejos, tacos, ladrilhos e cerâmica.
Argamassas para revestimento:
Constitui-se geralmente de três camadas de argamassa em uma parede
a ser revestida:
• Chapisco: primeira camada fina e rugosa de argamassa aplicada sobre
os blocos das paredes e nos tetos. Sem o chapisco, que é a base do
revestimento, as outras camadas podem descolar e até cair. Em alguns
casos, como em muros, esse pode ser o único revestimento. O
acabamento de paredes mais econômico é o cimentado liso, aplicado
diretamente sobre o chapisco.
Figura 7 – Alvenaria chapiscada, pronta para receber revestimentos posteriores
• Emboço: sobre o chapisco é aplicada uma camada de massa grossa ou
emboço, para regularizar a superfície. Revestimentos como azulejos,
ladrilhos e cerâmicas são aplicados sobre o emboço.
30
Figura 9 – Emboço aplicado sobre alvenaria externa.
• Reboco: é a massa fina ou o reboco, que dá o acabamento final. Em
alguns casos não é usado o reboco, por motivo de economia.
Geralmente tem em seu traço areias mais finas, pois servem para dar o
acabamento ao revestimento.
Figura 10 – Execução de massa única em alvenaria externa
Fonte: RISCHBIETER,2010Por sobre as argamassas de revestimentos podem ser aplicados outros
acabamentos como texturas, massas corridas, pintura, areias, quartzo, estuque
veneziano etc.
As três primeiras fiadas de uma parede de blocos ou tijolos devem ser
revestidas inicialmente com uma camada de argamassa de impermeabilização,
que protege a parede contra a penetração da umidade.
31
No piso, utiliza-se uma camada de contrapiso e pode-se dar o
acabamento por sobre esta camada. Este acabamento é conhecido como
cimentado. O contrapiso é uma camada de argamassa de regularização e de
nivelamento.
2. Argamassas industrializadas para revestimento:
Atualmente está sendo cada vez mais comum o uso de argamassas
industrializadas, ou seja, a mistrura dos componetes secos é realizada em uma
planta industrial. Assim, na obra, apenas deve ser acrescentada água à mistura
prévia. As argamassas industrializadas para aplicação de revestimentos
cerâmicos são conhecidas como argamassas colantes. Elas apresentam os
tipos AC-I, AC-II, AC III e ACIIIE, segundo a norma NBR 14081.
• A AC-I é recomendada para o revestimento interno com exceção
de saunas, churraqueiras e estufas.
• A AC-II é recomendada para pisos e paredes externos com
tensões normais de cisalhamento.
• A AC-III é recomendada para pisos e paredes externos com
elevadas tensões de cisalhamento.
• A AC-IIIE é recomendada para ambientes externos, muito
ventilados e com insolação intensa.
32
Figura 10 – Argamassa industrializada e ensacada AC-I
Fonte: Website - Wikipedia
2.4.3 PROPRIEDADES DA ARGAMASSA
A argamassa apresenta dois estados, fresco e endurecido, no estado
fresco suas propriedades são: trabalhabilidade, retenção de agua, aderência
inicial e retração na secagem.
A trabalhabilidade é uma qualidade da argamassa, e pode ser observada
quando: penetra facilmente a colher de pedreiro, mas sem apresentar muita
agua (fluidez), preenche as reentrancias quando lançada, nao adere a colher
quando lançada, nao tem endurecimento rapido.
A retenção de água permite que o endurecimento da argamassa seja
mais gradativo, promovendo o ganho de resistênçia. As fissuras na argamassa
pode ocorrer se a perda de agua for rápida, fator que compromete a resistência
e a estanqueidade do revestimento assim como a vedações tambem ficam
comprometidas. Caso a argamassa necessite de uma maior retenção de água
devido ao clima quente por exemplo, pode-se adicionar cal para melhorar essa
propriedade.
33
A aderencia inicial é uma caracteristica mecanica das argamassas e
acontecem quando esta em superficies porosas entra nas saliências e nos
poros, endurecendo progressivamente. Para que se tenha uma boa aderencia
é necessario que a superficies esteja porosa, rugosa e limpa; apos ser lançada,
a argamassa deve ser comprimida promovendo um maior contato com a base.
A falta de rugosidade, limpeza, e porosidade ou a presença de oleo na
base, promove a perda de aderencia, fazendo com que a camada de
argamassa descole facilmente.
A retração na secagem da argamassa nao ocorre apenas quando a agua
desta é retirada de forma rapida, mas tambem devido a uma espessura muito
fina, ao intervalo de aplicação entre as camadas, ao respeito ao tempo de
sarrafeamento e desempeno. Pode acontecer tambem pelas reaçoes de
hidratação e carbonatação dos aglomerantes. As fissuras em sua maioria sao
prejudiciais para a estrutura, pois permitem a entrada de agua e oxidos, os
quais danificam as ferragens gerando oxidação destas.
Figura 11 - Fissura no revestimento de argamassa da alvenaria
Fonte: Revista Téchne, 2010
No estado endurecido as propriedades da argamassa são: aderência,
durabilidade, capacidade de absorver deformações e durabilidade.
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A aderência, como foi visto anteriormente depende da preparaçao do
substrato, quanto mais limpo, rugoso e poroso melhor a aderencia.
A capacidade de absorver deformações aparece quando o revestimento é
submetido a tensões, os revestimentos sao pouco resistentes a deformações,
principalmente as causadas por recalques estruturais, ou seja, resiste melhor a
esforços de pequena amplitude que ocorrem devido a ação de fatores externos
como temperatura e umidade.
A durabilidade é resultante das propriedades do revestimento no estado
endurecido e que com o passar do tempo exposto a ação de fatores externos o
revestimento ira mostrar se tem uma boa durabilidade ou não. Esta
propriedade pode ser afetada por fatores como: rachadura, falta de
manutençao, espessura do revestimento e qualidade da argamassa.
Para a obtenção de uma argamassa de boa qualidade, deve-se levar em
conta: a qualidade do cimento, principalmente verificando se é de um fabricante
certificado e a quantidade de água;
• A qualidade da areia, que deve apresentar grãos duros e limpeza, livre
de torrões de barro, galhos, folhas e raízes antes de ser usada (areia
lavada).
• A água, que também deve ser limpa, livre de matéria orgânica, óleo,
galhos, folhas e raíz.
Outro ponto a ser observado é a forma como se faz a mistura, que deve
ser feita em betoneiras ou em centrais de mistura.
Uma característica importante da argamassa ainda fresca é a
trabalhabilidade, que é uma composição da plasticidade com o tipo de uso da
argamassa e com a sua capacidade de aderência inicial. Em alguns usos,
como no revestimento, é adicionado um quarto componente à mistura, que
pode ser cal, saibro, barro, caulim ou outros, dependendo da disponibilidade e
uso na região. De todos esses materiais, chamados de plastificantes, o mais
recomendado é a cal hidratada.
Quando endurecida, a argamassa dever apresentar resistência e
resiliência, de forma a suportar adequadamente os esfoços sem se romper.
Segundo as normas brasileiras e o setor da Construção Civil o
revestimento de argamassa tem várias funções, algumas delas são:
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• Vedação das estruturas contra ação dos agentes externos que
possam agredir a parte que será revestida.
• Proporcionar o isolamento termo-acúsico e a estanqueidade à
agua e aos gases.
• Regularizar superfícies de estruturas de concreto aparente que
não estejam de acordo com o projeto
• Contribui para a estética da fachada, sendo possivel fazer
detalhes.
A figura-12 mostra linhas horizontais feitas no próprio revestimento da
fachada.
Figura 12 – Unidade habitacional.
3. ESTUDO DE CASO
Este trabalho foi desenvolvido durante a construção de um
empreendimento imobiliário de uma construtora de Feira de Santana. Trata-se
de um condomínio com 197 casas cada uma com 1 quarto, 1 sala, 1 cozinha e
1 banheiro, com área construída de 43,2 m². O empreendimento teve inicio em
janeiro de 2009 e foi concluído em março de 2010.
36
Realizou-se o acompanhamento dos dois revestimentos em casas
distintas, esse acompanhamento foi necessário para anotar o tempo de
realização de cada serviço que compõem os dois métodos de revestimento.
Após todos os dados colhidos desde o início até o fim de cada processo
foram lançados em tabelas de custos unitários todos os custos envolvidos nos
revestimentos com argamassa de cimento Portland e Gesso.
Por fim, no item 4, os resultados são apresentados e comparados
segundo a sua viabilidade econômica.
3.1 MATERIAIS EMPREGADOS NA PRODUÇÃO DAS ARGAMASSAS
A seguir são apresentadas as características físicas e químicas dos
materiais que constituem a argamassa e o gesso que foram aplicados na
alvenaria em estudo.
3.1.1 Aglomerante da Argamassa
Foi empregado cimento Portland CPIII, da marca CAUÊ, segundo a
NBR-5737 (EB 208), este cimento é o aglomerante hidráulico obtido pela
mistura homogênea de clínquer Portland e escoria granulada de alto-forno,
moídos em conjunto ou separado. A Tabela 01 retrata os componentes deste
cimento e logo abaixo desta, observa-se na Tabela 02 os seus componentes
químicos.
Tabela 01 – Teores dos componentes do cimento Portland.
Sigla Classe de resistência
componentes (% em massa)
Clínquer + sulfatos de calcio Escoria granulada de alto-forno Material carbonatico
CPII
I
25
65-25 35-70 0-5
32
40 Fonte: NBR 5735
Tabela 02 – Análise química do cimento.
COMPONETES QUÍMICOS TEOR (%)
Perda ao fogo (PF) 4,5
Resíduo insolúvel (RI) 1,5
37
Trióxido de enxofre (SO3) 4
Anidrido carbônico (CO2) 3
Fonte: NBR 5735
3.1.2 Agregado Miúdo da Argamassa
O agregado miúdo empregado neste trabalho corresponde a uma areia
extraída de um areal da própria empresa, o areal localiza-se no distrito de São
Jose, de origem natural, quartzosa, de cor branca.
3.1.3 Gesso
O gesso empregado neste revestimento é designado pela NBR 13207 /
1994, como um material moído em forma de pó, obtido da calcinação da
gipsita, constituído predominantemente de sulfato de cálcio, podendo conter
aditivos controladores do tempo de pega. O gesso para revestimento usado
neste estudo é o Gesso fino e contém as características físicas da Tabela 03.
Tabela 03 – características físicas do gesso para Construção Civil.
Classificação do gesso Tempo de pega (min) Módulo de
NBR 12128 Finura
Inicio Fim NBR 12127
gesso fino para revestimento >10 >45 <1,10Fonte: NBR 13207
O gesso fino para revestimento apresenta as características químicas como
mostra a Tabela 04.
Tabela 04 - Analise química do gesso
Determinações químicas Limites %Água livre max. 1,3Água de cristalização 4,2 a 6,2Oxido de cálcio (CaO) min. 38,0
38
Anidrido Sulfirico (SO3) min. 53,0
Fonte: NBR 13207
3.2 METODOLOGIA (PESQUISA DE CAMPO)
Para realização da pesquisa de campo foi preciso acompanhar os dois
serviços em dias distintos.
3.2.1 Para o revestimento com gesso foi levado em consideração:
a) Valor do assentamento já incluindo o preço do material que é fornecido
pela empresa terceirizada
b) Valor da aplicação do selador e da tinta, (ambos também são fornecidos
pela empresa terceirizada).
c) Quantidade de pedreiros, serventes e o tempo que eles precisam para
executar as faixas mestras para executar o revestimento
d) Valor da quantidade da areia e do cimento que são usados para
confeccionar a argamassa para execução das faixas mestras.
Obs: O tempo de confecção da argamassa para execução das faixas já foi
levado em consideração no item c.
3.2.2 Para o revestimento com argamassa em cimento foi levado em
consideração
a) Valor e quantidade de cimento, massa PVA e areia.
b) Quantidade de pedreiros, serventes e o tempo que eles precisam para
revestir a alvenaria da casa com argamassa de cimento.
c) Quantidade de betoneiros, serventes e o tempo que estes utilizam para
confeccionar a argamassa.
d) Quantidade de operador de Dumper e o tempo que eles precisam para
levar a argamassa ate o local de utilização.
e) Valor da aplicação do selador e da tinta (ambos são fornecidos por
terceirizada).
O valor do salário-hora de cada funcionário envolvido no processo foi acrescido
dos encargos sociais pagos pela empresa, que é da ordem de 75%.
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4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Neste capitulo serão apresentados os resultados colhidos de cada tipo de
revestimento.
- Para a argamassa de cimento, apresentaremos as quantidades de materiais
que estão envolvidos no processo, seus preços unitários e os custos com
operários.
- No revestimento com gesso, serão apresentadas as quantidades de materiais
que estão envolvidos no processo, seus preços unitários, os custos com
operários e o valor do material e da aplicação deste pela empreiteira que
realiza o serviço.
4.1 VALORES QUE ENVOLVEM OS CUSTOS DA APLICAÇÃO DE
ARGAMASSA EM ALVENARIA
40
Nas tabelas, serão explicitados valores de materiais e serviços que
participam do revestimento com argamassa da área em estudo, porém a
Tabela - 05, por conter dados que são usados em ambos os processos, entra
como base de calculo para os dois tipos de revestimento, já a Tabela - 06,
contem dados que servem apenas para o revestimento com argamassa. Os
valores que serão apresentados na Tabela 05 abaixo são custos da empresa
com operários por hora, assim também, como o valor dos impostos pagos pela
empresa sobre eles.
Tabela 05 – Salário – hora dos operários envolvidos na execução dos serviços.
Dados Valor
hora do pedreiro R$ 3,72
hora do servente R$ 2,22
hora do betoneiro R$ 3,72
hora do operador de dumper R$ 2,22
A Tabela - 06 mostra os serviços com seus respectivos tempos, os
materiais, seus valores e o valor total deste revestimento com argamassa única
para cobrir a área de 96m² da casa em estudo.
Tabela - 06 – Custo unitário de revestimento com argamassa de cimento.
ARGAMASSA DE CIMENTO
MATERIAL E SERVIÇOUnid
. Quantidade Preço unitArea m²
Tempo h Encargos % Preço total por item R$
Cimento kg 200 R$ 0,29 - - - R$ 57,52 Areia m³ 0,3 R$ 19,00 - - - R$ 5,70 Massa PVA lt 12 R$ 15,00 - - - R$ 180,00 Servente para reboco h 1 R$ 2,22 - 21 0,75 R$ 81,59 Pedreiros h 2 R$ 3,72 - 21 0,75 R$ 273,42 Betoneiro h 1 R$ 3,72 - 0,534 0,75 R$ 3,48 Servente para betoneiro h 2 R$ 2,22 - 0,534 0,75 R$ 4,15 Operador de dumper h 2 R$ 2,22 - 0,084 0,75 R$ 0,65 Aluguel do dumper h 1 R$ 90,00 0,084 R$ 7,56 Aluguel da betoneira h 1 R$ 3,00 0,666 R$ 2,00 Aplicação de massa e tinta serv R$ 8,13 96 - - R$ 780,48 TOTAL R$ 1.396,54
41
* Obs: No revestimento da casa foi utilizado quatro traços, mas o numero de viagens que o dumper fez foi
igual a 2, pois leva dois traços a cada viagem.
4.2 VALORES QUE ENVOLVEM OS CUSTOS DA APLICAÇÃO DE GESSO
EM ALVENARIA
A Tabela - 07 mostra, os valores de todos os serviços e materiais que
envolvem o processo de revestimento com gesso; a área de cobertura é a
mesma para ambos os processos, 96m². É importante relatar que neste serviço
não se utiliza o dumper, porque o próprio servente transporta a argamassa em
carro de mão. Foi desconsiderado o custo com o betoneiro, pois, não é feito
uma argamassa apenas para a confecção das faixas como é feito no
revestimento com argamassa comum, assim que esta é feita para outro
serviço, o servente separa uma parte para a confecção das mestras da casa
Tabela - 07 – Custo unitário de revestimento com gesso liso.
GESSO LISO
MATERIAL E SERVIÇO Unid. QuantidadePreço unit R$
Area m²
Tempo h Encargos % Preço unitário R$
Valor do assentamento + material m² 8,00 96 - - R$ 768,00
42
Aplicação de selador e tinta serv 6,13 96 - - R$ 588,48
Pedreiro para confecção de faixas h 2 3,72 - 13,5 0,75 R$ 175,77
Servente para confecção de faixas h 1 2,22 - 13,5 0,75 R$ 52,45
Cimento kg 12,5 0,29 - - - R$ 3,60
Areia m³ 0,01875 19,00 - - - R$ 0,36
TOTAL R$ 1.588,65 Obs: Neste serviço não se utiliza betoneira nem dumper, por isso estes itens não aparecem na tabela
acima, a argamassa para confecção das faixas mestras são feitas dentro da própria casa pelo
pedreiro e servente que executam as mestras.
5. ANÀLISE E CONCLUSÃO DOS RESULTADOS
O objetivo deste trabalho foi alcançado com sucesso, pois foi possível se
fazer uma comparação entre os dois tipos de revestimento em alvenaria e
depois mostrar através das tabelas, qual o revestimento mais barato para essa
obra em estudo.
A argamassa de cimento Portland, incluindo todos os serviços que
envolvem o revestimento tem um custo total de R$ 1396,54 por casa.
O revestimento em gesso liso, já envolvendo todos os materiais e
serviços, tem um custo total de R$ 1588,65.
A diferença de preço entre o revestimento com argamassa de cimento, e
revestimento com gesso liso é de R$ 192,11, isso representa um custo a mais
de 13,75% a mais para a empresa se esta optar pelo revestimento com gesso
liso ao invés de argamassa de cimento. Sendo assim, o trabalho conclui que,
para a obra em estudo, é mais viável economicamente para a empresa utilizar
43
o revestimento com argamassa de cimento Portland e não em gesso liso
desempenado.
REFERÊNCIAS
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92: Standard specification for gypsum plasters. Pennsylvania, 1992.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS: Cimento Portland de
alto - forno: terminologia - NBR 5735 (EB 208), Rio de Janeiro, 1991.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS: Gesso para
construção civil: terminologia - NBR 13207. Rio de Janeiro, 1994.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS: - Argamassa colante
industrializada para assentamento de placas de cerâmica - NBR-14081.
Especificação;31/12/04
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS: Revestimentos de
paredes e tetos com argamassas materiais, preparo, aplicação e
manutenção - NBR 7200 . Rio de Janeiro, 1982, 16p.
Bauer. L. A. F. Materiais de Construção. 5ª Edição. Rio de Janeiro: LTC, 2000.
44
CINCOTTO, M. A.; AGOPYAN, V. e FLORINDO, M. C. O gesso como material de construção. Parte I. 7HFQRORJLD_GH_(GLILFDo}HV, São Paulo, IPT-PINI, 1988ª.
DANA, J.D. Manual de Mineralogia. v.1. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico,
1969. 642 p.
GUIMARÃES, J. E. P.; A cal – Fundamentos e aplicações na engenharia
civil. São Paulo: PINI. 1998.
LINHALES, F. Caracterização do Gesso. 2003. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Minas Gerais.NOLHIER, M. Paris, L'Harmattan, 1986.
SILVA, Moema Ribas.; Materiais de construção – 2. Ed. Rev. – São Paulo:
Pini, 1991).
TURCO, T. ,O_ JHVVR__lavorazuione transformazione, impieghi. Milão, Ulrico Hoepli,1961.