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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
EDINEIA JULIANI BESTER
RESPONSABILIDADE SOCIAL NA COOPERATIVA SICREDI LITORAL SC
Balneário Camboriú
2010
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EDINEIA JULIANI BESTER
RESPONSABILIDADE SOCIAL NA COOPERATIVA SICREDI LITORAL SC
Trabalho de Iniciação Científica apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú. Orientador: Prof. Alexandre de Sá Oliveira MSc.
Balneário Camboriú 2010
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EDINEIA JULIANI BESTER
RESPONSABILIDADE SOCIAL NA COOPERATIVA SICREDI LITORAL SC
Este Trabalho de Iniciação Científica foi julgado adequado para a obtenção do
título de Bacharel em Administração e aprovada pelo Curso de Administração da
Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Balneário Camboriú.
Área de Concentração: Responsabilidade Social
Balneário Camboriú, 10 de julho de 2010.
_________________________________
Prof. Alexandre de Sá Oliveira M.Sc.
Orientador
_________________ _________________
Prof. Manuel Gama MSc.
Avaliador
___________________________________
Profª. Lorena Schroder MSc.
Avaliadora
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EQUIPE TÉCNICA
Estagiária: Edineia Juliani Bester
Área de Estágio: Administração
Professor Responsável pelos Estágios: Lorena Schröder
Supervisor da Empresa: José Domingos de Andrade
Professor orientador: Alexandre de Sá Oliveira M.Sc.
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DADOS DA EMPRESA
Razão Social: Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Associados do
Litoral Catarinense – SICREDI Litoral SC.
Endereço: Avenida Terceira nº 533
Setor de Desenvolvimento do Estágio: Administrativo / Estratégico
Duração do Estágio: 240 horas
Nome e Cargo do Supervisor da Empresa: José Domingos de Andrade
/PRESIDENTE.
Carimbo do CNPJ da Empresa:
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AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA
Itapema, 10 de Julho de 2010.
A Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Associados do Litoral
Catarinense – SICREDI Litoral SC, pelo presente instrumento, autoriza a
Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a divulgar os dados do Relatório de
Conclusão de Estágio executado durante o Estágio Curricular Obrigatório, pela
acadêmica Edineia Juliani Bester.
___________________________________
Responsável pela Empresa
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Dedico esta pesquisa a Cooperativa SICREDI Litoral SC a qual deu-me a
oportunidade de vivenciar esta pesquisa.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, por todos os momentos;
Aos meus pais que me deram a vida e me ensinaram a viver com dignidade;
A minha irmã Elisiane Fabiana Bester de Oliveira e meu cunhado Juliano de Oliveira;
Ao meu namorado Rafael Ferques, pelo seu carinho e atenção;
Ao meu Orientador Alexandre Oliveira de Sá, por sua dedicação e conduta nesta orientação.
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RESUMO
O presente trabalho expôs o embasamento teórico referente aos Princípios Cooperativistas, bem como conceitos relacionados à Responsabilidade Social Empresarial. A RSE é a postura administrativa organizacional em que a empresa, consciente de seu papel na sociedade, age envolvendo todas as partes interessadas ou stakeholders. A partir das experiências observadas no SICREDI (Sistema de Crédito Cooperativo), propõe-se então a adoção de um dos programas implantados pelo sistema, o “A União Faz a Vida”, na Cooperativa de Credito de Livre Admissão de Associados do Litoral Catarinense – SICREDI Litoral SC, com sede na cidade de Itapema. Uma organização cooperativa, dentro dos seus princípios ideológicos e de gestão, deve posicionar-se de forma a cumprir seu papel, assumindo o compromisso de atender as expectativas de seus membros, assim como da sociedade, sendo o programa “A União Faz a Vida” considerado a proposta mais adequada para a gestão socialmente responsável praticada por uma cooperativa de crédito. Palavras-Chave: Responsabilidade Social, Cooperativismo, Educação Cooperativa.
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ABSTRACT
This paper set out the theoretical foundation relating to the cooperative principles and concepts related to Corporate Social Responsibility. CSR is the administrative organizational posture in which the company is aware of their role in society, acts involving all interested parties or stakeholders. Based on the experiences observed in SICREDI (Cooperative Credit System), it is proposed to adopt one of the programs implemented by the system, "The Union Makes Life" to the Cooperative Credit Free Admission of Members of the Santa Catarina Coast - SICREDI Coastal SC, with headquarters in Itapema. A cooperative organization within its ideological principles and management, should position itself in order to fulfill its role, pledging to meet the expectations of its members and society, the program "The Union Makes Life" was considered the most appropriate proposal for the socially responsible management committed by a credit union.
Keywords: Social Responsibility, Cooperative, Cooperative Education.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Variáveis ambientais e a organização............................................... 20
Figura 2: Distribuição de Cooperativas por região (Brasil)............................... 35
Figura 3: Padre Theodor Amstad..................................................................... 43
Figura 4: Cooperativas de Crédito SICREDI.................................................... 47
Figura 5: confederação SICREDI..................................................................... 47
Figura 6: Desenho Pedagógico........................................................................ 54
Figura 7: Logomarca do Programa Pertencer.................................................. 57
Figura 8: Mascote............................................................................................. 59
Figura 9: Mascote na comunidade................................................................... 59
Figura 10: Agentes do Programa........................................................................ 60
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Diferenças entre cooperativa de crédito e bancos comerciais.......... 31
Tabela 2: Cooperativismo de crédito no Mundo................................................ 33
Tabela 3: Cooperativismo de crédito no Brasil.................................................. 35
Tabela 4: Distribuição por sistema.................................................................... 36
Tabela 5: Linha do tempo.................................................................................. 44
Tabela 6: Principais ações................................................................................. 61
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................... 14
1.1 TEMA......................................................................................................
15 1.2 PROBLEMA..........................................................................................
. 15
1.3 OBJETIVOS...........................................................................................
15 1.3.1 Objetivo Geral....................................................................................... 15 1.3.2 Objetivos Específicos............................................................................ 15 1.4 JUSTIFICATIVA....................................................................................
................. 16 1.5 CONTEXTO DO AMBIENTE DE ESTÁGIO......................................... 16 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................... 18
2.1 ORGANIZAÇÕES................................................................................. 18 2.1.1 Organizações e Sustentabilidade......................................................... 21 2.1.2 Desenvolvimento Sustentável.............................................................. 22 2.2 RESPONSABILIDADE SOCIAL........................................................... 25 2.2.1 Ética e Responsabilidade Social.......................................................... 26 2.2.2 Responsabilidade Social no Brasil....................................................... 28 2.3 O COOPERATIVISMO E A RESPONSABILIDADE SOCIAL............... 30 2.3.1 O Cooperativismo................................................................................ 30 2.3.2 O Surgimento das Cooperativas......................................................... 32 2.3.3 As Cooperativas de Credito no Brasil.................................................. 34 2.3.4 Responsabilidade Social nas Cooperativas......................................... 36 2.3.5 Educação Cooperativa......................................................................... 38 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................ 41 3.1 TIPOLOGIA DE PESQUISA................................................................. 41 3.2 SUJEITO DO ESTUDO........................................................................ 42 3.3 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS PARA A COLETA DE DADOS......... 42 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS..................................... 43
4.1 DESCRIÇÃO DA COOPERATIVA – SICREDI..................................... 43 4.1.1 Histórico............................................................................................... 43 4.1.2 Perfil.................................................................................................... 46 4.1.2.1 Cooperativas de Crédito SICREDI....................................................... 46
4.1.3 Confederação SICREDI........................................................................ 47
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4.1.3.1 Empresas Ligadas............................................................................... 48
4.1.3.2 Gestão de Recursos............................................................................ 48
4.1.3.3 Estruturação de Políticas de Investimentos......................................... 48
4.1.3.4 Convênios........................................................................................... 49
4.1.3.5 Gerenciamento de Riscos.................................................................... 49
4.1.3.6 Fundação SICREDI.............................................................................. 50
4.2 PROGRAMAS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS
COOPERATIVAS INTEGRANTES DO SICREDI.................................
50
4.2.1 Programa Crescer................................................................................ 51
4.2.1.1 Objetivos do Programa.......................................................................... 52
4.2.1.2 Aprendizagem de adultos...................................................................... 53
4.2.1.3 Desenho pedagógico............................................................................ 54
4.2.1.4 Linguagens de apresentação................................................................ 55
4.2.1.5 Encontros de coletivização.................................................................... 56
4.2.2 Programa Pertencer.............................................................................. 56
4.2.2.1 Objetivos específicos............................................................................ 57
4.2.2.2 Públicos................................................................................................. 57
4.2.2.3 Identidade Visual................................................................................... 57
4.2.2.4 Como o Programa chega até o associado............................................ 58
4.2.3 Programa A União Faz a Vida.............................................................. 58
4.2.3.1 Mascote................................................................................................ 59
4.2.3.2 Agentes................................................................................................ 60
4.2.3.3 Projetos Desenvolvidos........................................................................ 61
4.2.4 Educação Corporativa.......................................................................... 62
4.2.4.1 Objetivos.............................................................................................. 62
4.3 PROPOSTA DE ADOÇÃO DO PROGRAMA “A UNIÃO FAZ A
VIDA”...................................................................................................
63
4.3.1 Fases de Implantação.......................................................................... 64
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................ 69
REFERÊNCIAS................................................................................... 71
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1 INTRODUÇÃO
Nas décadas de 1960 e 1970 as empresas preocupavam-se principalmente
em encontrar uma posição atrativa no mercado com preços baixos ou com melhor
qualidade. Como os termos de competitividade mudaram do baixo custo para a alta
qualidade, flexibilidade e para a capacidade de inovar, as empresas perceberam a
necessidade de implantar mudanças (DRUCKER apud KARKOTLI, 2006 p. 41). A
partir daí, passaram então a buscar alternativas para garantir o crescimento e
sobrevivência no mercado.
É crescente a utilização de estratégias e processos que melhor traduzam,
junto com o lucro, a sensibilidade e sintonia das organizações para com as
necessidades de seus clientes internos e externos, no que diz respeito à qualidade
dos produtos e serviços oferecidos, na proteção e uso adequados de recursos do
meio ambiente natural, as relações éticas e justas para com trabalhadores,
fornecedores e governos.
Estes indicadores retratam a responsabilidade social da organização para
com a comunidade da qual sofre e exerce influências (ASHLEY apud KARKOTLI,
2006 p. 41).
De acordo com pesquisa realizada em 2005 pelo SEBRAE, as ações sociais
das empresas são motivadas, principalmente pelo desejo de colaborar com a
sociedade e pela solicitação direta de entidades. Segundo esta mesma pesquisa os
beneficiários mais comuns são as instituições de caridade e as comunidades
(vizinhas ou distantes). Porém muitas empresas ainda confundem o conceito de
responsabilidade social com filantropia e as razões por trás destas ações não
interessam somente ao bem estar social, mas também envolvem melhor
desempenho nos negócios e, conseqüentemente, maior lucratividade.
As cooperativas de crédito consistem numa das principais responsáveis pelo
crescimento sustentável da sociedade. Através das cooperativas os associados
investem em sua cidade proporcionando um crescimento conjunto com os demais
associados, agregando com isso renda, aos mesmos e, indiretamente, à
comunidade em seu entorno.
Neste sentido, a proposta do presente trabalho foi buscar aprofundar-se
acerca do tema Responsabilidade Social Empresarial, identificando-se programas
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existentes no SICREDI (Sistema de Crédito Cooperativo) para, a partir de
experiências já existentes, propor a adoção de um programa de RSE na Cooperativa
de Credito de Livre Admissão de Associados do Litoral Catarinense – SICREDI
Litoral SC com sede na cidade de Itapema.
1.1 TEMA
Esta pesquisa tem como tema a proposta de adoção de um dos programas de
Responsabilidade Social Empresarial, desenvolvidos nas cooperativas integrantes
do Sistema de Credito Cooperativo – SICREDI, para a Cooperativa de Credito de
Livre Admissão de Associados do Litoral Catarinense – SICREDI Litoral.
1.2 PROBLEMA
Qual dos Programas de Responsabilidade Social desenvolvidos nas
cooperativas integrantes do Sistema de Credito Cooperativo – SICREDI, podem ser
adotados na Cooperativa de Credito de Livre Admissão de Associados do Litoral
Catarinense – SICREDI Litoral SC?
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
Propor a adoção de um programa de responsabilidade social na Cooperativa
de Credito de Livre Admissão de Associados do Litoral Catarinense – SICREDI
Litoral SC.
1.3.2 Objetivos Específicos
a) Descrever os programas de Responsabilidade Social implantados nas
cooperativas do SICREDI;
b) Propor a adoção de um dos programas de responsabilidade social
desenvolvidos nas cooperativas integrantes do Sistema de Credito
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Cooperativo – SICREDI, para a Cooperativa de Credito de Livre Admissão de
Associados do Litoral Catarinense - SICREDI Litoral SC.
1.4 JUSTIFICATIVA
Esta pesquisa foi realizada tendo em vista que a Cooperativa SICREDI Litoral
SC, com sede na cidade de Itapema, não possui nenhum programa de
responsabilidade social em andamento nesta cidade. Sendo assim, pelo fato de a
mesma fazer parte do sistema de cooperativas de crédito, o SICREDI, foi possível
identificar programas já existentes no sistema e, a partir destes, propor a adoção de
um Programa para esta cooperativa.
Porém esta não será a única cooperativa beneficiada, pois esta pesquisa
poderá servir de instrumento para a adoção de programas futuros não somente para
a Unidade de Atendimento de Itapema, mas também para todas as cooperativas
integrantes do sistema.
O presente trabalho justifica-se ainda pelo fato de que será de extrema
importância para a acadêmica na medida em que ira enriquecer o conhecimento
adquirido durante o curso de graduação, aplicando-os neste projeto. Será importante
também para a universidade, pois poderá servir como referência para trabalhos
acadêmicos posteriores.
1.5 CONTEXTO DO AMBIENTE DE ESTÁGIO
A Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Associados do Litoral
Catarinense, SICREDI Litoral SC, localizada no município de Itapema, litoral Norte
de Santa Catarina, fundada no mês de outubro de 2008, conta hoje com
aproximadamente 2.000 associados, e 15 colaboradores. No mês de abril de 2010
foi inaugurada uma Unidade de Atendimento na cidade de Balneário Camboriú. O
próximo passo é inaugurar Unidades de Atendimento em todas as cidades do vale
do Rio Tijucas.
O principal diferencial da Unidade de Atendimento de Itapema com relação a
outras instituições financeiras é o atendimento ao associado, esta cooperativa
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atende seus cooperados com muita dedicação e profissionalismo, buscando sempre
a excelência no atendimento.
Seus valores são:
Preservação irrestrita da natureza cooperativa do negócio;
Respeito à individualidade do associado;
Valorização e desenvolvimento das pessoas;
Preservação da instituição como sistema;
Respeito às normas oficiais e internas;
Eficácia e transparência na gestão.
Como sistema cooperativo, tem como missão, valorizar o relacionamento,
oferecer soluções financeiras para agregar renda e contribuir para a melhoria da
qualidade de vida dos associados e da sociedade.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo serão abordados estudos teóricos sobre organizações,
Cooperativismo, responsabilidade social, características e sua influencia nas
empresas, buscando a compreensão e aprofundamento do assunto através de
citações feitas por autores que abordam o tema pesquisado.
2.1 ORGANIZAÇÕES
De acordo com Davel & Vergara (2001 p. 31) pessoas não fazem parte
somente da vida produtiva das organizações, elas constituem o principio essencial
de sua dinâmica. Acrescentam vida às atividades e processos, inovam criam,
recriam contextos e situações que podem levar a organização a se posicionar de
maneira competitiva, cooperativa e diferenciada com clientes, outras organizações e
no ambiente de negócios em geral. Sendo assim combinam emoção com razão e
são fundamentais para a sobrevivência e futuro de uma organização. Estes
conceituam assim as organizações: São criações ou ferramentas sociais, produtos de ações individuais e coletivas; sua dinâmica e seus processos entrelaçam-se com processos e dinâmicas de indivíduos e de grupos em um espaço e tempo que delimitam e circunscrevem suas interações. (DAVEL ; VERGARA, 2001 p. 31)
No início do século passado Fayol, apoiado em idéias de divisão do trabalho,
estabeleceu a teoria Clássica da Administração desenvolvendo 14 princípios
básicos. Com isso, nasce a organização burocrática funcional, departamentalizada
cuja influência permanece até hoje. Para Sertek (2000 p.103) os princípios
fundamentais são: I. Responsabilidade – autoridades: onde toda responsabilidade há de ser acompanhada da necessária autoridade; II. Unidade de mando: todo subordinado deve depender de um único chefe; III. Span de controle: existem limitações no número de subordinados que um chefe pode supervisionar; IV. Unidade de direção: cada objetivo deve ter um único responsável.
A organização deve ser visualizada segundo Tachizawa (2004 p. 84) como
sendo: Um conjunto de partes em constante interação, constituindo-se um todo orientado para determinados fins, em permanente relação de
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interdependência com o ambiente externo. A adoção do enfoque sistêmico encarando a organização como um macro-sistema aberto, interagindo com o meio ambiente, pode ser entendida como um processo que procura converter recursos em produtos – bens e serviços -, em consonância com seu modelo de gestão de negócios e objetivos corporativos.
Segundo este mesmo autor, a visão de sistemas de uma organização permite
visualizar:
a) O cliente, o produto e o fluxo de atividades empresariais;
b) Como o trabalho é realmente feito por processos que atravessam as
fronteiras funcionais;
c) Os relacionamentos internos entre cliente-fornecedor;
d) Os possíveis impactos ambientais provocados por seus processos;
e) Oportunidades de reciclagem de resíduos gerados pelos processos
industriais e administrativos;
f) Formas de atuação em projetos sociais de integração com a comunidade.
Diante disso, o cenário empresarial ocorre no ambiente social, econômico,
tecnológico e político. Dentro das organizações é possível identificar funções que
existem para converter as entradas, em produtos ou serviços e seus potenciais
efeitos ao meio ambiente. Sendo assim, a organização age como um mecanismo de
controle que interpreta e reage aos fatores internos e externos, de modo que a
organização fique equilibrada quanto ao ambiente externo.
Porém as empresas, desde meados da década de 80, vêem sofrendo sérios
desafios, tanto de natureza ambiental quanto organizacional, ou seja, nem todas
elas conseguiram se adaptar a globalização da economia, a evolução das
comunicações, ao desenvolvimento tecnológico, a competitividade, enfim, às várias
mudanças que ocorreram nos últimos anos Chiavenato (1995 apud GIL 2001 p. 22).
Muitas inclusive precisaram passar por reengenharia e outros processos que
desencadearam sérias conseqüências para os colaboradores. A partir disto alguns
críticos propõem que estas pessoas sejam tratadas como parceiros da organização
Chiavenato (1995 apud GIL 2001 p. 23) nos diz que: Como tais, passariam a ser reconhecidas como fornecedores de conhecimentos, habilidades, capacidades e, sobretudo, o mais importante aporte para a organização: a inteligência. Entendidas desse modo, as pessoas constituiriam o capital intelectual da organização, devendo, portanto, tratar seus empregados como parceiros do negócio e não mais como simples empregados contratados.
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Assim, verifica-se em algumas organizações a tendência para reconhecer o
empregado como parceiro, já que todo processo produtivo realiza-se com a
participação conjunta de diversos parceiros, como fornecedores, acionistas e
clientes. Com isto, podem ver que cada parceiro investe recursos em uma
organização, à medida que o retorno é positivo, torna-se necessário a valorização do
colaborador, já que ele é o parceiro mais íntimo da organização. GIL (2001 p. 23)
Já para Tachizawa (2004 p. 86) “a atual tendência nas organizações é
concentrar-se na produtividade, onde a mesma une a visão mercadológica de
eficácia com a preocupação de rendimento operacional que é a ênfase do fator
eficiência. Para tanto, o aumento da produtividade está relacionado à obtenção de
melhores resultados econômicos, que, por sua vez, dependem da inteligência, da
sinergia das pessoas e da qualidade dos processos”.
Ainda segundo Tachizawa (2004 p. 87) “uma forma para entender as
organizações e os diferentes negócios empresariais é analisar uma organização
desde sua concepção até sua fase madura. É o que pode ser verificado quando se
desenvolve uma análise de finalidades e missão, da identificação dos produtos e
mercados, fornecedores, concorrentes e órgãos normativos oficiais”. Além disso, em
uma organização deve-se observar o macroambiente e suas variáveis que são
consideradas incontroláveis, conforme mostra a figura abaixo:
Figura 1 Variáveis ambientais e a organização. Fonte: TACHIZAWA (2004 p. 89)
Conforme pode-se observar na figura acima, há uma grande ampliação de
variáveis que afetam os agentes da organização, que são: as variáveis econômicas,
demográficas, físicas/ecológicas, tecnológicas, político/legais e socioculturais. Estas
variáveis externas atuam no macroambiente com forças e megatendências que
Macroambiente (variáveis econômicas, legais, demográficas etc.)
Macroambiente
Organização Fornecedores Clientes
Concorrentes
Órgãos normatizadores
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criam oportunidades e ameaças à organização e são consideradas incontroláveis, as
quais a organização deve monitorar e interagir em seu processo de gestão
ambiental e social.
2.1.1 Organizações e Sustentabilidade
Nos primórdios da história humana, o homem encontrava-se em uma posição
inferior à natureza, sendo a ela submetido. “A partir das Revoluções Cientificas e
Industriais, este, se julga superior a ela, procura domá-la e explorá-la. Porém,
recentemente há uma orientação que interliga a vida humana à natureza, onde o
Homem deve adaptar-se ao mundo natural e viver dentro de seus limites, é neste
ponto que surge o contato com a sustentabilidade” (CAMARGO, 2005, p. 17).
Para Tachizawa (2004 p. 90) “o fator utilizado para diagnosticar uma
organização em termos de sustentabilidade, considera a existência de estratégias
genéricas e específicas, cujo agregado conforma as estratégias próprias de cada
organização. A essas estratégias próprias de cada organização agregam-se as
estratégias ambientais e sociais, tornando cada organização singular quando
comparada às demais organizações”.
Segundo Prahalad (apud MENDONÇA et al, 2007, p. 32) a base da
sustentabilidade é composta pelos seguintes itens: ser “economicamente viável,
socialmente justa, ambientalmente correta, respeitada a diversidade cultural”.
De acordo com esse pensamento, Sachs (1993) nos apresenta as cinco
dimensões da sustentabilidade como sendo:
Sustentabilidade social – refere-se ao desenvolvimento e tem por objetivo a
melhoria da qualidade de vida da população. Para o caso de países com problemas
de desigualdade e de exclusão social, implica a adoção de políticas distributivas e a
universalização de atendimento a questões como saúde, educação, habitação e
seguridade social;
Sustentabilidade econômica – refere-se a uma gestão eficiente dos recursos
em geral e se caracteriza pela regularidade de fluxos dos investimentos públicos e
privados. Implica a avaliação da eficiência através de processos macro sociais;
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Sustentabilidade ecológica – refere-se à base física do processo de
crescimento e tem como objetivo a manutenção de estoques de capital natural,
incorporados às atividades produtivas;
Sustentabilidade política - refere-se ao processo de construção da cidadania
para garantir a incorporação plena dos indivíduos ao processo de desenvolvimento;
Sustentabilidade ambiental – refere-se à manutenção da capacidade de
sustentação dos ecossistemas, o que implica a capacidade de absorção e
recomposição dos ecossistemas em face das agressões antrópicas.
A sociedade sustentável é aquela em que o desenvolvimento esta integrado
ao exercício responsável e conseqüente da cidadania, distribuição eqüitativa das
riquezas e condições dignas de desenvolvimento.
2.1.2 Desenvolvimento Sustentável
O grande desafio das sociedades contemporâneas, segundo Goldestein
(2007 p. 49) é “buscar um modelo de equilíbrio durável entre os pólos econômicos,
sociais e ambientais, em refletir sobre as melhores estratégias de utilização dos
recursos naturais de forma consciente”.
Ainda de acordo com Goldestein (2007) algumas práticas já estão sendo
adotadas para minimizar a degradação ambiental, como o reaproveitamento de
materiais recicláveis e do lixo orgânico, o incentivo à comercialização de produtos
feitos com madeiras de reflorestamento e com a redução no consumo de energia
elétrica, utilizando assim a energia solar e a eólica, ou seja, fontes naturais de
energia que não dependem de combustíveis esgotáveis e poluentes, criando assim
o chamado “desenvolvimento sustentável”.
Historicamente a idéia de desenvolvimento tem estado incorporada aos
anseios da maioria dos povos, encontrando-se hoje, inclusive, inscrita na Agenda
Social Global. Um grande passo neste sentido foi dado pela Resolução 41/128, de 4
de dezembro de 1986, instituída pela Assembléia Geral da ONU, onde se declara
que: Art. 1º. O direito ao desenvolvimento é um direito inalienável do homem em virtude do qual toda pessoa e todos os povos têm o direito de participar e contribuir para o desenvolvimento econômico, social, cultural e político de modo que todos os direitos e liberdades fundamentais do homem possam ser realizados plenamente, e de beneficiar-se desse desenvolvimento (UNESCO apud BARBIERI, 2000).
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Segundo Caccia Bava (2002), foi a partir desta Resolução que o
desenvolvimento passou a ser reconhecido como uma condição prévia para que os
direitos e liberdades humanas fundamentais possam ser realizados.
Na opinião de vários analistas, essa iniciativa decorre da emergência da crise
do padrão economicista, que colocou na ordem do dia a necessidade da busca de
alternativas para um mito, que ao invés de trazer desenvolvimento, revelou-se
promotor de pobreza e de exclusão social.
Para Camargo (2005), o Desenvolvimento tradicional tem o compromisso com
a idéia de que o lucro gera progresso, sendo, no entanto, duvidoso pelo fato de
atender as necessidades humanas apenas parcialmente, destruindo ou diminuindo
sua base de recursos.
A autora questiona ainda, se o processo produtivo estaria primordialmente e
realmente interessado no bem estar coletivo, pois nosso modelo econômico de
desenvolvimento provocou transformações dramáticas no ambiente natural de
diferentes características e magnitudes, tais como: poluição das águas, poluição de
atmosfera, degradação de florestas, danos a camada de ozônio, aquecimento
global, erosão dos solos, desertificação, deterioração dos habitats das espécies,
perda da biodiversidade, acumulo de lixo tóxico, entre outros problemas.
De acordo com PNDR – Programa Nacional de Desenvolvimento Regional –
do Ministério da Integração Nacional:
No atual mundo globalizado, as áreas que apresentam melhores condições de atração locacional são as que possuem atributos vantajosos de infra-estrutura, recursos humanos, tecnologia e qualidade de vida. As áreas excluídas da dinâmica de mercado tendem a permanecer à margem dos fluxos econômicos principais e a apresentar menores níveis de renda e bem-estar. A configuração territorial resultante desse mosaico de situações díspares quanto à inserção produtiva reafirma situações de desigualdade entre indivíduos, empresas e regiões, tanto no Brasil, como em outros países. Não por outra razão, políticas de desenvolvimento regional ressurgiram em todo lugar, para mitigarem os efeitos negativos da globalização.
Para Camargo (2002 p.15) “o conceito de desenvolvimento sustentável tem
se modificado de modo a compreender os assuntos relacionados tanto ao meio
ambiente quanto ao desenvolvimento humano, pois possui a dimensão crítica da
necessidade de coexistência e coevolução dos seres humanos entre si e com as
demais formas de vida do planeta, sendo concebido como modelo que estabelece o
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desejo coletivo de paz, liberdade, melhores condições de vida e de um meio
ambiente saudável”.
Já para Silva (2006 p. 89), o termo desenvolvimento sustentável pode ser
definido como:
O processo político, participativo que integra a sustentabilidade econômica, ambiental, espacial, social e cultural, sejam elas coletivas ou individuais, tendo em vista o alcance e a manutenção da qualidade de vida, seja nos momentos de disponibilização de recursos, seja nos períodos de escassez, tendo como perspectivas a cooperação e a solidariedade entre os povos e as gerações.
Hediger (apud CAMARGO 2002, pg. 72) apresenta o desenvolvimento
sustentável como um conceito normativo que envolve perspectivas e compromissos
entre objetivos sociais, ecológicos e econômicos. Holthausen (apud CAMARGO
2005, pg. 72) acrescenta que trata-se de um processo de desenvolvimento
econômico em que se busca a preservação do meio ambiente levando em
consideração os interesses das proximas gerações, promovendo desenvolvimento
sem prejudicar a base de recursos que lhe dá sustentação.
Haque (apud Camargo 2002, pg. 73) ressalta que o verdadeiro modelo de
desenvolvimento sustentável deve olhar além do crescimento econômico,
reconhecendo as tradições culturais, transcender o consumismo e oferecer uma
estrutura de vida mais desejável, enfatizar reformas estruturais para a equidade
interna e global e esboçar planos para a preservação ambiental.
Segundo Camargo (2002, pg. 75), a concepção de desenvolvimento
sustentável visa promover a harmonia entre os seres humanos e a natureza, com
o objetivo de integrar os interesses sociais, econômicos e as possibilidades e
limites que a natureza define, sem subjugar a natureza.
Para Melo Neto e Froes (2001 p. 90), como parte integrante do conceito de
desenvolvimento sustentável, a responsabilidade social está inserida na dimensão
social, que juntamente com as dimensões econômica e ambiental constituem os três
pilares deste conceito.
Portanto, ao participar de ações sociais em beneficio da comunidade, a
empresa atua na dimensão social do desenvolvimento sustentável e exerce sua
responsabilidade social. Diante disto, a seguir será apresentada a definição de
responsabilidade social com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre o tema.
25
2.2 RESPONSABILIDADE SOCIAL
Referente à expressão “Responsabilidade Social”, Ashley (2003) nos diz que
as interpretações são as mais variadas, pois para alguns representa uma idéia de
responsabilidade ou obrigação legal; mas para outros, é obrigação imposta às
empresas com padrões mais altos de comportamento que o cidadão médio.
Referente ainda a mesma expressão, Zenisek (1984, p.33) nos diz que: Para uns é tomada como uma responsabilidade legal ou obrigação social; para outros é o comportamento socialmente responsável em que se observa a ética, e para outros, ainda, não passa de contribuições de caridade que a empresa deve fazer. Há também, os que admitam que a responsabilidade social seja, exclusivamente, a responsabilidade de pagar bem aos empregados e dar-lhes bom tratamento. Logicamente, responsabilidade social das empresas é tudo isto, muito embora não sejam, somente, estes itens isoladamente.
Para os autores Melo Neto & Froes (2001), o exercício da cidadania
empresarial está relacionado a uma atuação eficaz da empresa em duas dimensões:
a gestão da responsabilidade social interna e a gestão da responsabilidade social
externa. Segundo eles, responsabilidade social interna está focada nos
colaboradores e seus dependentes, com o objetivo de motivá-los para um
desempenho melhor, criando um ambiente agradável de trabalho, e com isso
melhorando o bem estar social de todos. A responsabilidade externa tem como foco
a comunidade mais próxima da empresa ou o local onde está situada.
Diversos autores definem o termo Responsabilidade Social. Para Karkotli &
Aragão, (2004): Responsabilidade Social Corporativa é o comportamento ético e responsável na busca de qualidade nas relações que a organização estabelece com todas as partes interessadas, associada direta e indiretamente ao negócio da empresa, incorporando à orientação estratégica da empresa, e refletindo em desafios éticos para as dimensões econômicas, ambiental e social.
Para D’Ambrosio e Mello (apud MELO NETO e FROES, 2001 p. 78) a
responsabilidade social de uma organização consiste na sua “decisão de participar
mais diretamente das ações comunitárias na região em que está presente e minorar
possíveis danos ambientais decorrentes do tipo de atividade que exerce”. Portanto
as empresas devem praticar atos que tragam benefícios para as comunidades em
que estão inseridas.
26
Já para o Diretor-Presidente do instituto Ethos, Oded Grajew (apud MELO
NETO e FROES, 2001 p. 79) O conceito de responsabilidade social está se ampliando, passando de filantropia, que é a relação socialmente compromissada da empresa com a comunidade, para abranger todas as relações da empresa: com seus funcionários, clientes, fornecedores, acionistas, concorrentes, meio ambiente e organizações públicas e estatais.
Sendo assim o que antigamente era simplesmente assistencialismo, hoje
passa a ter mais compromissos não somente com a comunidade, mas também com
o meio ambiente e com todos os envolvidos das ações da empresa.
Para Gil (2001 p. 37) há quem admita que a responsabilidade de uma
empresa consista exclusivamente em maximizar o lucro de seus acionistas. Verifica-
se, no entanto, forte tendência para admitir que as empresas devam assumir valores
éticos, respeitar seus funcionários, proteger o ambiente e comprometer-se com as
comunidades.
Funcionários, comunidades e clientes estão sendo vistos como uma nova
espécie de sócios do negócio, prontos para compartilhar resultados. A
responsabilidade social passa a fazer parte da agenda das empresas que desejam
sobreviver.
Como podemos observar algumas pessoas entendem a responsabilidade
social como uma simples obrigação, já para muitas empresas estas ações estão
ligadas a ética e ao relacionamento transparente com todos. A seguir poderemos
observar melhor como a ética está relacionada com a responsabilidade social.
2.2.1 Ética e Responsabilidade Social
Quando se fala em falta de ética na responsabilidade social, estamos falando
de algumas empresas que usam o termo “responsabilidade social” para beneficiar
somente a si mesma.
A ética está relacionada à responsabilidade social quando uma organização
apresenta, com transparência, para seus parceiros, os projetos de responsabilidade
social juntamente com objetivos e metas a serem alcançadas.
A Social Accountability 8000 (SA8000) é uma norma internacional que atesta
a qualidade ética das relações humanas envolvidas no processo produtivo e, para
27
recebê-la, a empresa precisa demonstrar dentre outras ações de responsabilidade
social que: não emprega trabalho infantil ou trabalho forçado e não admite
fornecedores que os empregue, garante a igualdade de salários para homens e
mulheres e não mantém nenhuma discriminação de raça, sexo, religião, orientação
política e opção sexual nas contratações, promoções e acesso a treinamento.(Gil,
2001 p. 37).
Segundo Ashley (2003), um comportamento ético pressupõe que a relação da
empresa seja transparente com todas as partes interessadas, cabendo assim à
mesma, manter uma atuação política coerente com seus princípios éticos,
evidenciando um alinhamento com os interesses da sociedade, como também
buscar participações em associações, sindicatos e fóruns empresariais,
impulsionando a elaboração conjunta de propostas de interesse de caráter social.
Karkotli & Aragão (2004, p.47) afirmam: Para uma organização que cumpre todos os parâmetros mencionados, demonstra que atingiu um grau de amadurecimento, da verdadeira cidadania empresarial, no qual direitos e obrigações encontram-se implícito no ordenamento do próprio mercado e da sociedade.
Para a Fundação do Prêmio Nacional da Qualidade 2002 (apud TACHIZAWA,
2004 p. 62), as organizações socialmente responsáveis devem abordar suas
responsabilidades perante a sociedade e o exercício da cidadania, por meio de
estágios que vão desde uma fase embrionária até sua fase mais avançada:
Estágio 1: a organização não assume responsabilidades perante a
sociedade e não toma ações em relação ao exercício da cidadania. Não há
promoção do comportamento ético.
Estágio 2: a organização reconhece os impactos causados por seus
produtos, processos e instalações, apresentando algumas ações isoladas no sentido
de minimizá-los. Eventualmente busca promover o comportamento ético.
Estágio 3: a organização está iniciando a sistematização de um
processo de avaliação dos impactos de seus produtos, processos e instalações,
exerce alguma liderança em questões de interesse da comunidade. Existe
envolvimento das pessoas em esforços de desenvolvimento social.
Estágio 4: o processo de avaliação dos impactos dos produtos,
processos e instalações está em fase de sistematização. A organização exerce
28
liderança em questões de interesse da comunidade de diversas formas. O
envolvimento das pessoas em esforços de desenvolvimento social é freqüente. A
organização promove o comportamento ético.
Estágio 5: é o mais avançado e deve ser considerado como meta da
organização. A exemplo do que ocorreu com a ISO 9000, da qualidade e a ISO
14000, para o meio ambiente, as certificações sociais surgiram como objetivo de
atestar que a organização , além de ter procedimentos internos corretos, participa de
ações não lucrativas em áreas como cultura, assistência social, educação, saúde,
ambientalismo e defesa de direitos.
Conforme Ashley (2003) a organização socialmente responsável deve utilizar
critérios de comprometimento social e ambiental com seus fornecedores e parceiros,
cumprindo os contratos estabelecidos e trabalhando para aprimorar suas relações de
parceria, devendo incentivar seus fornecedores a aderir aos compromissos que ela
adota perante a sociedade.
É muito importante estabelecer critérios na escolha dos fornecedores, exigindo
certos padrões de conduta nas relações com os trabalhadores, e com a sociedade.
Os valores do código de conduta da organização devem ser difundidos por toda a sua
cadeia de fornecedores, empresas parceiras e terceirizadas, buscando disseminar
valores e contratar ou interagir com empregados terceirizados que valorizem os
mesmos conceitos sociais que os seus funcionários.
2.2.2. Responsabilidade Social no Brasil
Segundo Toldo (2002) o conceito de responsabilidade social no Brasil começa
a ser discutido nos anos 1970 com a criação da Associação dos Dirigentes Cristãos
de Empresas (ADCE). Esta associação tem uma função social, beneficiando seus
funcionários e visando a melhoria do bem-estar da sociedade.
Já para Goldestein (2007 p. 33) existem vários fatos importantes na trajetória
da responsabilidade social empresarial em solo brasileiro. Segundo a autora, o fato
mais antigo pode ser a criação do conjunto de entidades conhecidas como “Sistema
S” que abrange serviços sociais autônomos e serviços nacionais de aprendizagem,
cujo objetivo é atender aos trabalhadores de diversos ramos da economia.
29
Ainda de acordo com Goldestein (2007 p. 33) no ano de 1946, após a queda
do presidente Getúlio Vargas, foi promulgada no Brasil uma constituição que
garantia e ampliava os direitos trabalhistas. Neste período a nação passava por um
grande aumento na industrialização e desenvolvimento econômico. Neste mesmo
ano foi publicado o decreto-lei 9.853, assinado pelo presidente Gaspar Dutra, que
atribuía à Confederação Nacional do Comércio a ordem de criar o Serviço Social do
Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac) que
têm até hoje como objetivo principal promover o bem estar e melhorar o padrão de
vida dos trabalhadores e seus dependentes.
Porém é a partir da década de 1980 que cresce no Brasil a conscientização
da necessidade de encontrar formas de parcerias entre o estado e as organizações
da sociedade civil, buscando encontrar soluções para as desigualdades sociais no
país. Modenesi (2002).
Diante dos problemas sociais existentes em nosso país, Srour (2000 p. 9) nos
diz que por mais que estes problemas incomodem e sensibilizem parcelas
significativas da nossa sociedade, não se conseguiu transformar esse sentimento
numa participação efetiva que conseguisse modificar esse quadro. Segundo o autor,
a própria teoria econômica nos fornece algumas pistas para explicar a situação, ao
revelar que os agentes econômicos, quando tomam decisões relativas a poder e
riqueza, o fazem não considerando o bem estar social mais amplo, mas procurando
maximizar o beneficio próprio.
Hoje, apesar das várias ações sociais do governo brasileiro e das empresas
socialmente responsáveis para beneficiar a classe menos favorecida, o país
encontra-se com um índice muito alto de desigualdade social. Conforme Relatório de
Desenvolvimento Humano (2008/2009 p. 213) os dados do IDH – Índice de
Desenvolvimento Humano identifica que o Brasil encontra-se na 75ª colocação entre
182 países. Portanto, está faltando ainda muito solo para melhorarmos em alguns
quesitos como: educação, distribuição de renda e qualidade de vida.
Porém, segundo Sverberi (2009) entre fevereiro de 1989 e fevereiro de 1990,
a inflação acumulada superou 2 700%. Ao fim daquele ano, o PIB diminuiu 4,35%. O
ocorrido castigava, sobretudo os mais pobres e aprofundava a concentração de
renda. Agora, com a inflação sob controle, os mais pobres têm sido justamente os
menos atingidos.
30
Segundo Tachizawa (2004 p. 52) as organizações governamentais, que fazem
parte de um conjunto de agentes de transformação, foram criadas para ocupar
lacunas estratégicas no meio econômico e para compensar as deficiências da
administração direta, evidenciando seu fenomenal crescimento e diversificação.
Dentre estes agentes de transformação, podemos encontrar as cooperativas,
que atuam de forma responsável nas comunidades onde estão inseridas, com o
objetivo de transformar e melhorar a vida de muitas pessoas, dentre elas:
associados, parceiros e a comunidade em geral. A seguir iremos conhecer melhor
este agente transformador.
2.3 O Cooperativismo e a Responsabilidade Social
O cooperativismo é um agente transformador muito importante para a
economia brasileira, pois apóia o desenvolvimento econômico e social. Diante deste
contexto, nesse capítulo será feita uma retrospectiva histórica do surgimento do
cooperativismo de crédito e sua presença no Brasil. As cooperativas de crédito vivem em tensão permanente, entre seus ideais doutrinários e as necessidades impostas pelo mercado, cada vez mais exigente e competitivo. Para suplantar essa pressão, a cooperativa deve estar organizada economicamente, a fim de possuir agilidade e propiciar segurança aos associados (GIMENES & GIMENES, 2005).
2.3.1 O cooperativismo
Vários conceitos são utilizados para definir o termo “cooperativa”. O artigo 3º
da Lei 5.764/71 reza que: “celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas
que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício
de uma atividade econômica de proveito comum, sem objetivo de lucro”.
O cooperativismo é um sistema que possibilita o desenvolvimento integral do
indivíduo através da coletividade. Tendo em vista que a cooperação econômica do
sistema cooperativista envolve várias formas de produção e trabalho, adequado,
participativo, justo, democrático e indicado para atender as necessidades e os
interesses específicos dos trabalhadores (VEIGA & FONSECA, 2001).
Segundo Pinho (2004 p. 123): A cooperativa pode ser entendida como “uma empresa de serviço” cujo fim imediato é o atendimento das necessidades econômicas de seus usuários,
31
que criam com seu próprio esforço e risco. Distingue-se da “empresa capitalista”, porque nesta a satisfação das necessidades dos usuários não representa seu fim imediato, mas sim a multiplicação ou rendimento do capital investido.
De acordo com Franke (1973, p. 11), a cooperativa deve promover a defesa e
a melhoria da situação econômica dos cooperados, obtendo os menores custos nos
bens e serviços demandados, ou dispondo no mercado, a preços justos, os bens e
serviços que produzem.
Contudo, Pinho (2004 p. 137) nos diz que o cooperativismo surgiu em
oposição às consequências do liberalismo econômico, sobretudo na Inglaterra e na
França. Mais tarde, reagiu a outros sistemas econômicos que se instalaram em
diversos países embasados em crescente intervenção estatal. Seu objetivo principal
é prestar serviços, não somente corrigir o meio econômico-social.
No caso específico das cooperativas de crédito, vários são os diferenciais
competitivos entre os bancos comerciais e as cooperativas, conforme apresenta a
tabela a seguir:
Diferenças entre Cooperativas de Crédito e Bancos Comerciais:
COOPERATIVAS DE CRÉDITO BANCO COMERCIAL
Instituição financeira não-bancária Instituição financeira bancária
É uma sociedade de pessoas É uma sociedade de capital
Objetivo principal é a prestação de serviços aos seus associados Objetivo principal é o lucro
Número ilimitado de cooperados Número limitado de acionistas
Controle democrático - um associado - um voto Cada ação - um voto
Assembléias: "quorum" é baseado no número de cooperados Assembléias: "quorum" é baseado no capital
Não é permitida a transferência das quotas-partes a terceiros, estranhos à sociedade. Transferência das ações a terceiros
Retorno proporcional ao valor das operações Dividendo proporcional ao valor das ações
As atividades são restritas aos associados As atividades são livres
Não oferecem perigo ao SFN, seus riscos são auto sustentados (os prejuízos são suportados pelos associados)
Oferecem riscos ao SFN
Não é subsidiada por fundos do governo É subsidiada por fundos do governo
Tabela 01: Diferenças entre cooperativa de crédito e bancos comerciais. Fonte: BACEN, 2003. Nota: Extraído do livro MEINEN, E.; DOMINGUES, J. N.; DOMINGUES, J. A. S. (Org.). Cooperativas de Crédito no Direito Brasileiro. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2002.
32
Portanto, a organização das pessoas em sociedades cooperativas tem
extrema importância na organização socioeconômica da comunidade como um todo,
pois diferentemente da empresa privada, o cooperativismo não tem a necessidade
latente de maximização do lucro, mas relevantemente decisão sobre interesses
econômicos e valores sociais de seus associados.
2.3.2 O surgimento das cooperativas
Em 1844, vinte e oito tecelões de Rochdale (Inglaterra) fundaram a Sociedade
dos Probos Pioneiros de Rochdale. A união destes tecelões foi uma alternativa para
crescimento da atividade exercida, eliminando os intermediários, além da
expectativa de melhorias nas condições de vida. Denominados equivocadamente
como princípios, são realmente as normas para o funcionamento da cooperativa.
Segundo Polônio (1999 p. 20) são sete os princípios de Rochdale a que se
refere a definição apresentada:
1. Adesão livre – possibilita o ingresso ou retirada do cooperado,
voluntariamente;
2. Administração democrática – dos próprios cooperados através de
delegados eleitos, por tempo determinado, em assembléias gerais,
nas quais todos os associados têm direito a um voto;
3. Retorno na proporção das compras;
4. Juro limitado ao capital – ou pagamento de juros módicos ao
capital, considerando este apenas como fator de produção;
5. Neutralidade política e religiosa;
6. Pagamento em dinheiro a vista; e
7. Fomento de educação cooperativa.
Referente aos tipos de cooperativas, Pinho (2004 p. 128) nos apresenta as
seguintes divisões:
Cooperativas de crédito – Representam importante forma de acesso
ao crédito, por pessoas físicas de pequena e média renda;
Cooperativas de pequenos e microempresários – tem foco no
fortalecimento do setor cooperativo e de democratização do crédito e
serviços financeiros;
33
Cooperativa de trabalhadores – representam um tipo de empresa
alternativa, criada voluntariamente por trabalhadores;
Cooperativas econômicas e cooperativas sociais – estão voltadas
para a competição do mercado e funcionam como empresas
empenhadas na profissionalização da gestão, administração racional,
aumento do capital e crescimento econômico.
Cooperativas e sociedades não-cooperativas – está vinculada à
necessidade de complementação de atividades. Como por exemplo
cooperativa para transformar matéria prima em produtos acabados;
Cooperativas Haas – destinavam – se inicialmente a consolidar a
independência dos agricultores;
Cooperativas Integrais – no Brasil temos o exemplo do MST
(Movimento Social Trabalhista) onde é priorizada a coletivização da
produção em grandes grupos em detrimento das demais formas de
cooperação agrícola;
Cooperativas Singulares – constituídas comum número mínimo de
pessoas físicas determinado pela legislação cooperativa;
Cooperativas Sociais – Cooperativas de serviços Sociais de saúde,
cuidado com idosos, educação, treinamento;
Cooperativas Wollemborg – Organizadas na Itália, a partir de 1883,
admitem a responsabilidade solidária e ilimitada dos associados, não
remuneram os dirigentes e não distribuem retorno;
Conforme mostra a tabela a seguir, as cooperativas estão por todo o mundo,
em mais de 97 países e contam com mais de 185 milhões de associados.
Cooperativismo de Crédito no Mundo
Países Cooperativas Associados 97 53.689 185.800.237
Tabela 2: Cooperativismo de crédito no Mundo Fonte: WOCCU. Statistical Report, 2008.
34
2.3.3 As cooperativas de credito no Brasil
Em 28 de dezembro de 1902, por iniciativa do Padre Theodor Amstad em
Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul foi fundada a primeira cooperativa de crédito
em território nacional, batizada pelos fundadores de “Caixa de Economia e
Empréstimos Amstad”, hoje denominada SICREDI, pioneira, constituindo-se em fato
de expressiva relevância ao Cooperativismo de Crédito brasileiro (SETTI, 2005).
Porém segundo Pinho (2004 p. 13) a história do cooperativismo formal no
Brasil começa com a fundação da Sociedade Cooperativa Econômica dos
Funcionários Públicos de Ouro Preto, em 27 de outubro de 1889. Esta cooperativa,
segundo o autor, foi a primeira iniciativa de trabalhadores livres para criar uma
espécie de banco sob forma de sociedade anônima, onde previa uma expansão em
caixa de auxílio e socorro, na construção de casas para alugar e vender aos sócios,
além de outras atividades.
No Brasil, durante o período de regime militar, onde as cooperativas de
crédito foram forçadamente afastadas devido à centralidade que o regime político
adotou para o fomento dos setores produtivos e desenvolvimentistas do país, o
sistema perdeu sua representatividade (SETTI, 2006).
A retomada de seu desenvolvimento deu-se a partir da década de 1980,
quando o Estado brasileiro, estava incapacitado e retirou-se em parte, do
financiamento direto das atividades econômicas, especialmente no setor rural.
A cerca das dificuldades, em 1980, no Estado do Rio Grande do Sul, nove
Cooperativas de Crédito remanescentes se reuniram para criar um sistema
cooperativo de crédito rural, fundando assim a Cooperativa Central de Crédito do
Rio Grande do Sul Ltda. (COCECRER), com o objetivo principal de evitar o processo
de liquidação de suas filiadas, bem como de captar recursos para financiar a
atividade produtiva rural.
Logo depois, em 1981, em Toledo/PR foi criada a primeira cooperativa de
crédito rural do estado e, diante do surgimento de outras cooperativas no estado nos
anos seguintes, chegou-se em 1985, à constituição de uma Cooperativa Central de
Crédito do Paraná, reunindo as cooperativas rurais existentes (PINHO &
PALHARES, 2004, p. 67).
35
Segundo Meinen (2002 et al, p. 16):
A partir de 1992, sob os efeitos benéficos da Resolução nº 1.914, do Conselho Monetário Nacional, o âmbito geral das cooperativas, tanto do setor rural como urbano passaram a ter grande representatividade. Diante desse cenário, ocorre o surgimento do primeiro banco cooperativo do país (o Banco Cooperativo SICREDI S/A – BANSICREDI, constituído no dia 16 de outubro de 1995, em Porto Alegre/RS), júbilo histórico, espécie de marco da independência do cooperativismo de crédito nacional. O segundo banco do setor foi fundado em 04 de novembro de 1996, Brasília/DF, sob a designação de Banco Cooperativo do Brasil S/A (BANCOOB).
Atualmente, funcionam nos Estados brasileiros, cooperativas de crédito que
beneficiam mais de quatro milhões de associados, conforme mostra a tabela a
seguir:
Cooperativismo de Crédito no Brasil
Cooperativas Associados % Participação (SFN) 1.453 4.200.000 2,1
Tabela 3: Cooperativismo de crédito no Brasil. Fonte: www.sicredi.com.br acesso em 07 de dezembro de 2009.
Estas cooperativas estão distribuídas por região desta forma:
Sudeste37%
Nordeste25%
Sul19%
Norte10%
C. Oeste9%
Figura 2: Distribuição de Cooperativas por região (Brasil) – dez. 2008 Fonte: 0CB (2008)
Segundo dados da OBC (2008), os sistemas cooperativos SICREDI, SICOOB,
Unicred e Ancosol estão distribuídos da seguinte forma:
36
Distribuição por Sistema
Sistemas Cooperativas % Cooperativas Associados % Associados SICREDI 130 8,95 1.444.832 34,40 SICOOB 638 43,91 1.670.000 39,76 Unicred 124 8,53 157.263 3,74 Ancosol 198 13,63 206.006 4,91
Independentes 363 24,98 721.899 17,19
Total 1.453 100 4.200.000 100 Tabela 4: Distribuição por sistema. Fonte: SICREDI, SICOOB, Unicred, Ancosol, OCB, 2008.
Segundo Pinho (2004 p. 249) uma importante aliada às Cooperativas no
Brasil é a OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras – criada em 1971, pela
lei 5.764, é sociedade civil, de natureza privada, sem fins lucrativos, de duração
indeterminada, com sede no foro da Capital Federal. Segundo o art. 105, cabe-lhe:
Fixar as diretrizes políticas do Sistema Cooperativo;
Contribuir para o aperfeiçoamento da legislação cooperativista;
Subsidiar o Governo na tomada de decisões e medidas referentes ao
Sistema Cooperativo;
Estabelecer parâmetros e arrecadar a contribuição cooperativista;
Manter relações de integração e intercâmbio entre os Ramos e
Órgãos Cooperativistas do País e do Exterior;
Exercer a representação sindical patronal das cooperativas,
assumindo todas as prerrogativas de Confederação Patronal;
Cabe-lhe o registro e cadastramento das cooperativas brasileiras.
2.3.4 Responsabilidade Social nas cooperativas
Diferentemente dos bancos de varejo, as cooperativas de crédito reaplicam a
poupança dos associados na própria região, contribuindo para estimular seu
desenvolvimento e, ao mesmo tempo, corrigir desequilíbrios regionais. (PINHO 2004
p. 128). A empresa socialmente responsável é aquela que consegue incorporar os interesses das diferentes partes no planejamento de suas atividades, buscando atender as demandas de todos e não apenas dos acionistas e proprietários. (PINHO 2004 p. 275)
37
O artigo 4º da Lei 5.764/71 dispõe que: “as cooperativas são sociedades de
pessoas com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a
falência, constituídas para prestar serviços aos associados”. Esta mesma Lei
enumera as características que distinguem as cooperativas das demais sociedades:
Empresa sem fim lucrativo;
Cooperado com a dupla qualidade de usuário e de empresário da
cooperativa;
Igualdade de direitos e de obrigações dos cooperados, onde cada
associado tem direito a um voto;
Indivisibilidade do fundo de reserva;
Tratamento do capital como fator de produção a favor das cooperativas.
Segundo PINHO (2004 p. 174) as cooperativas contam com a economia
solidária ou socioeconômica que tem se tornado uma alternativa ao capitalismo e a
globalização. Sua origem está ligada à entre ajuda de pessoas carentes e
excluídas do mercado, sem acesso aos bens produtivos, aos serviços, à tecnologia
e ao crédito. Trazendo assim uma nova forma de organização socioeconômica e
cultural.
Em 1995, durante o Congresso do Centenário da Aliança Cooperativa
Internacional – ACI, ocorrido em Manchester, na Inglaterra, os sete princípios
cooperativos foram reafirmados e ganharam a seguinte redação: “Os princípios
cooperativos são as linhas orientadoras através das quais as cooperativas levam os
seus valores à prática”. São eles:
Adesão livre e voluntária: cooperativas são organizações voluntárias
abertas a todas as pessoas aptas a usarem seus serviços e dispostas
a aceitarem suas responsabilidades de sócios, sem discriminação de
gênero social, racial, política ou religiosa;
Gestão democrática pelos membros: as cooperativas são associações
democráticas controladas por seus sócios, os quais participam
ativamente no estabelecimento de suas políticas e nas tomadas de
decisões. Homens e mulheres, eleitos como representantes, são
responsáveis para com os sócios;
Participação econômica dos membros: Os sócios contribuem
eqüitativamente e controlam democraticamente o capital de sua
38
cooperativa. Parte deste capital é propriedade comum da cooperativa.
Eles recebem uma compensação limitada sobre o capital subscrito e
decidem à alocação das sobras ou perdas da cooperativa;
Autonomia e independência: As cooperativas são organizações
autônomas, de ajuda mútua, controladas por seus membros. Se elas
associam-se com outras organizações, incluindo governamentais, ou
recebem capital de origens externas, elas devem fazê-lo em termos
que assegurem o controle democrático de seus sócios e mantenham
sua autonomia;
Educação, formação e informação: As sociedades cooperativas
oferecem educação e treinamento para seus sócios, representantes
eleitos, administradores e funcionários, para que eles possam
contribuir efetivamente para seu desenvolvimento. Estas pessoas
informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes
formadores de opinião, sobre a natureza e os benefícios da
cooperação;
Intercooperação: As cooperativas atendem seus sócios mais
efetivamente e fortalecem o movimento cooperativo, trabalhando juntas
a partir de estruturas locais, nacionais, regionais e internacionais;
Interesse pela comunidade: As cooperativas trabalham pelo
desenvolvimento social e econômico sustentável de suas comunidades
mediante políticas aprovadas por seus membros.
Seguindo um dos princípios cooperativos que é a educação, formação e
informação dos associados, serão apresentados a seguir alguns benefícios que os
programas de educação cooperativa trazem para as comunidades onde são
desenvolvidos.
2.3.5 Educação cooperativa
O modelo cooperativista está sendo frequentemente revigorado por vários
tipos de iniciativas e experiências. Para Frantz (2003, p.61), “está em afirmação uma
nova consciência a respeito dos fatos e dos fenômenos sociais da atualidade, das
39
instituições e organizações humanas, da natureza, tais como: ecologia, meio
ambiente, políticas públicas, economia de mercado, papel do Estado, cooperação”.
Com esta retomada importância do cooperativismo há uma atenção maior na
educação em organizações cooperativas. O novo contexto de mudanças,
internacionalização dos mercados, através da globalização, torna-se necessário a
construção de espaços de educação, de aprendizagem e de redistribuição de poder,
os quais são necessários para que os cooperativados estejam preparados para os
processos de transformação (FRANTZ, 2003).
Neste sentido, as cooperativas, têm extrema importância nos aspectos
educativos, morais e sociais, elas são um meio para um fim maior que é o bem-estar
e a felicidade das pessoas (SCHNEIDER, 2003).
Nascimento (2000 p. 112) afirma que na grande maioria dos casos, o
problema das cooperativas não é de origem administrativa nem gerencial, mas sim
de falta de doutrina e educação cooperativa, cuja carência promove os problemas
como falta de capitalização, endividamento, não participação, falta de identidade,
integração e solidarismo.
Para Silva (2003), a família pode ser considerada como o elo inicial e que dará
a educação básica de cooperação para o indivíduo, no entanto, no decorrer do
desenvolvimento da vida, organizações econômicas, sociais, religiosas, culturais,
dentre outras, terão feito parte de seus dias, exercendo influência decisiva na
formação do indivíduo.
A educação cooperativa foi ampliada para além dos associados, os
representantes eleitos, administradores, executivos e colaboradores,
recomendando-se também que os benefícios do cooperativismo sejam estendidos
ao público, em especial aos jovens e líderes da comunidade (PINHO, 2003).
Para Frantz (2003), a educação é um dos fenômenos mais complexos da
humanidade e por isso caracteriza-se por uma diversidade de formas de definir,
compreender e explicar, além das formas com que ela ocorre.
José Carlos Libâneo (1998, p.22 apud Frantz 2003 p. 68) define a educação
como: O conjunto das ações, processos, influências, estruturas, que intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais.
40
Segundo Schneider (2003, p.14) A educação e a capacitação são
indispensáveis em qualquer instituição, porém, em se tratando de cooperativas elas
são questões de sobrevivência no contexto atual, pois:
Educar para a cooperação é uma tarefa difícil, pois as pessoas nascem e vivem num contexto de concorrência, de individualismo, do crescimento deixando os outros para trás. Não se consegue mudar uma situação de concorrência para uma situação de ajuda mútua de uma hora para outra. Desencadeia-se um processo, cujo resultado geralmente só se obtém alongo prazo. Por isso, também, deve enfatizar-se na educação cooperativa seu caráter de educação permanente.
A educação cooperativa envolve além do conhecimento teórico, algumas
ações para promover o crescimento moral e mental dos cooperadores, e assim o
conhecimento e as capacidades para trabalhar de forma coletiva dentro dos
princípios cooperativistas (SCHNEIDER, 2003).
Além disso, para Bemvenuti (2002), dentre os objetivos de uma educação
cooperativa algumas idéias são fundamentais, como: socialização, criatividade,
espontaneidade, solidariedade, liberdade e espírito crítico, as quais precisam ser
estimuladas e desenvolvidas nos processos de educação cooperativa.
Neste sentido o SICREDI, ambiente do presente estágio, nos apresenta o
Programa “A União Faz a Vida”, que é um programa de responsabilidade social que
o SICREDI desenvolve com parceiros (empresas, organizações e universidades),
nas escolas envolvidas com foco no desenvolvimento dos conceitos de cidadania,
busca a educação infantil e o ensino fundamental, contribuindo para as relações
sociais de acordo com os princípios cooperativistas (PANOZZO, 2004 p.19).
41
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Segundo Richardson (1999 p. 43) “a metodologia não só completa a fase de
exploração de campo como a definição de instrumento e procedimentos para análise
de dados”. Gil (1999), completa que, “o relatório deve informar a natureza da
pesquisa. A pesquisa é exploratória, descritiva ou explicativa? Que delineamento foi
adotado? Se foram experimentais quais foram os controles?”.
3.1 TIPOLOGIA DE PESQUISA
Visando atender ao objetivo geral da presente pesquisa, a mesma
caracterizou-se como exploratória e descritiva. Segundo Gil (2001) a pesquisa
exploratória tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar
conceitos e idéias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou
hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores.
De acordo com Cervo e Bervian (1996) a pesquisa descritiva observa,
registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos sem manipulá-los. Busca
conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na vida social, política
econômica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do indivíduo
tomado isoladamente como de grupos e comunidades mais complexas.
A abordagem da pesquisa foi essencialmente qualitativa, a qual, de acordo
com Richardson (1999, p.90), “pode ser caracterizada como tentativa de uma
compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas
pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas quantitativas de
características ou comportamentos”.
Assim, o método qualitativo envolve examinar e refletir as percepções para
obter um entendimento de atividades sociais e humanas COLLIS e HUSSEY (2006
p. 26).
A estratégia de pesquisa foi o estudo de caso o qual, segundo Yin (2005), é
utilizado para contribuir com o conhecimento que temos de fenômenos individuais,
organizacionais, sociais, políticos e de grupo, além de outros fenômenos
relacionados. Sendo assim, permite uma investigação para se preservar as
características holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real.
42
Este trabalho pode ser definido como um estudo de caso descritivo, na
concepção de YIN (2005) o estudo de caso investiga um fenômeno contemporâneo,
dentro de um contexto da vida real.
3.2 SUJEITO DO ESTUDO
O sujeito de estudo é o SICREDI – Sistema de Crédito Cooperativo na Região
Sul do Brasil.
3.3 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS PARA A COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi feita através de pesquisa documental que segundo
Forster (apud ROESCH, 2007 p.166), permite o entendimento de situações,
conceituar a organização com base em uma visão de fora, distanciando-se o
pesquisador da realidade pesquisada.
Foi também utilizada a pesquisa bibliográfica cujos principais objetivos são:
“proporcionar melhor visão do problema, obter informações acerca de técnicas de
coleta de dados, obtenção de dados em resposta ao problema formulado e
interpretação de resultados mediante a consulta de trabalhos de natureza teórica”
(GIL, 1999, p. 64).
43
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Atendendo ao primeiro objetivo específico da presente pesquisa, foram
apresentados os dados referentes ao SICREDI e suas ações de Responsabilidade
Social.
4.1 DESCRIÇÃO DA COOPERATIVA – SICREDI
4.1.1 Histórico
No final do século XIX na colônia de Nova Petrópolis o principal problema dos
agricultores era a falta de instituições financeiras com linhas de crédito especiais
para a aquisição de ferramentas, sementes e o pagamento dos lotes. Com a
chegada do Padre Theodor Amstad, começaram a surgir os primeiros indícios de
que os colonos teriam um parceiro que os ajudaria a impulsionar o seu crescimento.
Figura 3: Padre Theodor Amstad Fonte: http://www.sicredipioneira.com.br/arquivos/padre.htm Conhecido como o “Pai dos Colonos", nasceu em Beckenried, a beira do Lago
dos Quatro Cantões, na Suíça, em 9 de novembro de 1851. Era filho de um modesto
comerciante. Descendia diretamente, em 13º grau, de São Nicolau de Fue, padroeiro
da Suíça. Iniciou seus estudos na própria terra natal e os concluiu, ordenou-se
Padre Jesuíta, em 8 de setembro de 1883, na Inglaterra. Dois anos, após veio ao
Brasil, sendo logo destacado para servir nas colônias de descendência alemã do Rio
Grande do Sul.
O Padre Theodor Amstad era profundo conhecedor do sistema cooperativo
de crédito europeu. O Sistema Raiffeisen era o seu principal exemplo. A semente do
cooperativismo foi lançada na conferência na fundação da Associação dos
Agricultores - "Bauerverein" na Feliz em fevereiro de 1900.
44
Linha do Tempo
1964 Sob a denominação de Caixas Populares Raiffeisen, surgem 66 cooperativas de crédito com papel expressivo no sistema financeiro do Rio Grande do Sul.
1964 a 1980
Com a aprovação da reforma bancária - Lei 4595/64 - e a institucionalização do crédito rural - Lei 4829/65, as restrições normativas e a perda de competitividade fazem desaparecer mais de 50 cooperativas de crédito no Rio Grande do Sul, mais precisamente no período compreendido entre 1970 e 1980.
1980
Em 27 de outubro, é constituída a Cooperativa Central de Crédito Rural do Rio Grande do Sul Ltda. - COCECRER-RS, patrocinada pelas 9 cooperativas de crédito remanescentes, com o objetivo de reorganizar o Sistema e assumir parte das funções do Estado no financiamento rural.
1981
A partir do segundo semestre, são constituídas as 3 primeiras cooperativas de crédito rural do Paraná, após a reforma bancária de 1964. As primeiras operações são realizadas pela Cooperativa de Crédito Agropecuária do Oeste Ltda., hoje SICREDI Toledo PR.
1982
Em 30 de agosto, realiza-se o seminário que aprova as diretrizes para a constituição e o funcionamento das cooperativas de crédito no Paraná. Uma iniciativa da OCEPAR, Cooperativas Centrais, BNCC e EMATER-PR.
1985 Em 20 de janeiro, as 10 cooperativas de crédito singulares em atividade no Paraná constituem a Cooperativa Central de Crédito Rural do Paraná - COCECRER-PR, hoje Central SICREDI PR.
1987 Em novembro e dezembro, mais 7 cooperativas de crédito e 5 cooperativas agropecuárias de 2º grau filiam-se à COCECRER-PR.
1989 Em julho, são constituídas 9 cooperativas de crédito rural no Mato Grosso do Sul.
1990
As 9 cooperativas constituem a Cooperativa Central de Crédito Rural do Mato Grosso do Sul - COCECRER-MS, com sede em Campo Grande. No Mato Grosso, começam a ser organizadas cooperativas de crédito mútuo.
1992
Em 10 de julho, por decisão de todas as cooperativas, a COCECRER-RS e suas filiadas unificam-se sob a denominação de SICREDI, em representação ao Sistema de Crédito Cooperativo.
1995
Em 16 de outubro, autorizadas pelo Conselho Monetário Nacional, as cooperativas filiadas à Central do SICREDI-RS constituem o Banco Cooperativo SICREDI S.A, primeiro banco cooperativo privado brasileiro, para ter acesso a produtos e serviços bancários vedados às cooperativas pela legislação vigente e administrar, em maior escala, os seus recursos financeiros.
1996
Em 03 de junho é inaugurada, em Porto Alegre - Rio Grande do Sul, a agência matriz do Banco Cooperativo SICREDI. Em 13 de dezembro, as cooperativas dos estados do Paraná e Rio Grande do Sul decidem unir-se para fortalecer o Banco Cooperativo SICREDI, tornando-o, assim, um banco interestadual.
1997
Em 19 de agosto, iniciam-se as atividades do Banco Cooperativo SICREDI em Curitiba - Paraná. Em 22 de dezembro é inaugurada a sede própria do SICREDI-RS e Banco Cooperativo SICREDI, em Porto Alegre. No mesmo ano, iniciam-se as negociações com as Centrais das Cooperativas de Crédito do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para expansão do Sistema.
45
1998
Em 08 e 09 de dezembro são inauguradas, respectivamente, as unidades de atendimento do Banco Cooperativo SICREDI em Campo Grande-MS e Cuiabá-MT.
1999
Em iniciativa inédita no sistema financeiro privado do país, as cooperativas de crédito do Sistema, através do Banco Cooperativo SICREDI, são autorizadas a realizar operações de crédito rural com encargos equalizados pelo Tesouro Nacional.
2000
Em 31 de março é constituída a Confederação Interestadual das Cooperativas Ligadas ao SICREDI - Confederação SICREDI, com o objetivo de prestar serviços ao Sistema e entidades conveniadas. Em 30 de novembro, o Conselho Monetário Nacional aprova a resolução nº 2788/00, facultando aos bancos cooperativos a sua transformação em bancos múltiplos.
2001
Em 02 de janeiro, iniciam-se as atividades da Corretora de Seguros. Em 31 de janeiro, o Banco Cooperativo SICREDI concretiza sua participação na BC CARD - Administradora de Cartões dos Bancos Cooperativos Ltda.
2002
A Cooperativa Central de Economia e Crédito Mútuo dos Médicos da Aliança Cooperativista do Estado de São Paulo - ALCRED Central-SP (hoje Central SICREDI SP) e suas filiadas passam a integrar o SICREDI. Assim, inicia a operação do SICREDI no estado de São Paulo.
2002
Em 28 de dezembro, o cooperativismo de crédito comemora 100 anos na América Latina e o SICREDI inaugura o monumento "A Força do Cooperativismo", em Nova Petrópolis-RS.
2003
Em 26 de junho, o SICREDI inicia suas atividades em Santa Catarina, com a inauguração da SICREDI Serra-Mar. Em 25 de junho, o Conselho Monetário Nacional aprova a Resolução n° 3106/03, que permite a livre admissão de associados às cooperativas de crédito. A resolução torna o cooperativismo de crédito ainda mais acessível à comunidade, dispensando a exigência de vínculo profissional ou de ramo de atividade econômica.
2005
O SICREDI dá mais um importante passo para consolidar a sua política de expansão no País. Iniciam-se as atividades das primeiras cooperativas de crédito do Sistema nos estados de Goiás e Tocantins. Além disso, o SICREDI recebeu a autorização do Banco Central para operar no Pará e em Rondônia e constituir a sua Administradora de Consórcios.
2006
O SICREDI, através do Banco Cooperativo SICREDI S.A., adquire as quotas de participação do Bancoob na BC Card Ltda., empresa que até então era de propriedade conjunta destes Bancos Cooperativos. Com esta transação, a empresa passa a ter a seguinte razão social: Administradora de Cartões SICREDI Ltda. Inicia a operação da primeira Administradora de Consórcios de cooperativas de crédito no Brasil, a Administradora de Consórcios SICREDI, empresa controlada pelo Banco Cooperativo SICREDI S.A.
2007
Em março, o SICREDI firma convênio com a Firjan e o Sebrae/RJ para constituir em um ano e meio as primeiras cooperativas de crédito do SICREDI no estado do Rio de Janeiro.
Tabela 5: Linha do tempo. Fonte: www.sicredi.com.br disponível em 20/02/2010.
46
4.1.2 Perfil
O Sistema de Crédito Cooperativo - SICREDI opera com 131 cooperativas de
crédito e mais de 1.000 pontos de atendimento em doze estados brasileiros (Bahia,
Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Tocantins, Pará, Rondônia, Goiás e São Paulo).
A organização em sistema, com cinco Cooperativas Centrais, Confederação,
Banco Cooperativo e empresas controladas (Administradora de Cartões,
Administradora de Consórcios e Corretora de Seguros), além da SICREDI
Participações S.A., com atuação de forma integrada, proporciona ganhos de escala,
fortalecimento da marca e maior competitividade. Hoje, o SICREDI possui no Brasil
mais de um milhão e quinhentos mil associados.
Com origem essencialmente no setor primário, o SICREDI atua nos centros
urbanos, por intermédio das cooperativas de livre admissão e/ou por meio de
cooperativas de crédito segmentadas, que são aquelas ligadas a categorias
profissionais ou segmentos econômicos específicos. Com o fortalecimento
institucional do SICREDI e de outras instituições de mesma natureza, foi crescendo
a abrangência de atuação do cooperativismo de crédito, com a significativa
ampliação do volume de recursos administrados, o aumento do contingente de
associados e a disponibilização de uma maior gama de produtos e serviços.
4.1.2.1 Cooperativas de crédito SICREDI
As cooperativas de crédito integrantes do SICREDI são organizadas em
sistema, o que lhes assegura uma marca corporativa forte e ganhos de escala em
todos os níveis, que determinam crescimento sustentado e a sua perpetuação.
Para atender às necessidades dos associados, as cooperativas de crédito do
SICREDI contam com empresas corporativas que atuam com a função principal de
oferecer apoio técnico e maior especialização ao negócio. São empresas que
garantem produtos e serviços com especialidade, qualidade e ganhos de escala às
cooperativas de crédito.
Com a visão de "ser reconhecido pela sociedade como instituição financeira
cooperativa, com excelência operacional e de gestão, voltada para o
desenvolvimento econômico e social", as cooperativas de crédito do SICREDI atuam
47
na captação, administração e empréstimo de recursos financeiros e prestação de
serviços, agregando renda aos seus associados.
Figura 4: Cooperativas de Crédito SICREDI. Fonte: www.sicredi.com.br disponível em 20/02/2010.
4.1.3 Confederação SICREDI
A Confederação tem por objetivo prover serviços às suas associadas e às
demais empresas e entidades integrantes do SICREDI, nos segmentos de
informática e administrativo, especialmente nas áreas tributária, contábil e de folha
de pagamento.
Figura 5: confederação SICREDI. Fonte: www.sicredi.com.br disponível em 20/02/2010.
O Banco Cooperativo SICREDI S.A é o primeiro banco cooperativo privado
do Brasil. Constituído em 1995, o Banco Cooperativo SICREDI atua como
instrumento das cooperativas de crédito para acessar o mercado financeiro e
programas especiais de financiamento, administrar em escala os recursos do
Sistema, desenvolver produtos corporativos e políticas de comunicação e marketing.
Neste sentido, sua atuação é voltada ao atendimento das demandas do quadro
social das cooperativas de crédito do SICREDI e também daquelas com as quais
mantém convênios específicos de prestação de serviços.
48
4.1.3.1 Empresas Ligadas
A Corretora de Seguros é responsável por oferecer, através das cooperativas
de crédito, soluções em produtos de seguros aos associados.
A Administradora de Cartões oferece, por meio das cooperativas de crédito,
soluções em meios eletrônicos de pagamento aos associados.
A Administradora de Consórcios é responsável por oferecer, por meio das
cooperativas de crédito, soluções em consórcios aos associados.
4.1.3.2 Gestão de Recursos
O Banco Cooperativo SICREDI S.A. vem apresentando substancial
crescimento nos volumes de recursos sob sua administração, através de uma
atuação com qualificada estrutura técnica, rígido controle dos riscos,
responsabilidade e agilidade. Atualmente, administra volume de recursos superior a
R$ 3,5 bilhões, divididos em 12 carteiras administradas, sete fundos de investimento
financeiro exclusivos, quatro fundos de investimento financeiro abertos, um FAPI e
três clubes de investimento.
O objetivo da Gestão de Recursos é identificar as melhores opções de
investimento, visando gerar retornos acima da média do mercado no longo prazo, a
partir da avaliação do perfil do investidor, de um constante e minucioso processo de
análise do cenário econômico, das alternativas de investimento e dos riscos
existentes.
4.1.3.3 Estruturação de Políticas de Investimentos
Visando a atingir seus objetivos, o Banco Cooperativo SICREDI S.A. estrutura
a política de investimentos dos produtos que administra considerando os seguintes
fatores:
Limites legais, contratuais e operacionais;
Cenário macroeconômico e político;
Fontes de recursos;
49
Avaliação das alternativas de investimento, considerando o retorno potencial
e os custos de transação;
Análise dos riscos existentes: risco de crédito; risco de mercado; risco de
liquidez.
4.1.3.4 Convênios
O Banco Cooperativo SICREDI S.A. presta serviços, através de convênio, às
UNICREDs Norte/Nordeste, Brasil Central, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Através
deste convênio, as UNICREDs têm acesso ao serviço de compensação de cheques
e outros papéis, utilizam a Conta Reservas Bancárias e podem acessar todo o
portfólio de produtos e serviços.
4.1.3.5 Gerenciamento de Riscos
O Sistema SICREDI considera o gerenciamento de riscos prioritário na
condução de suas atividades e negócios, adotando práticas em absoluta
consonância com os preceitos do Acordo de Basiléia II. Entre os principais riscos
gerenciados pela instituição, destacam-se o operacional e o de mercado, cujas
estruturas são apresentadas a seguir.
Com o objetivo de divulgar a Estrutura de Gerenciamento do Risco
Operacional do Sistema SICREDI, alocada no Banco Cooperativo SICREDI S.A. e
responsável pela atividade no Banco, nas empresas ligadas, na Confederação
SICREDI, nas Centrais e nas Cooperativas, nos termos da Resolução CMN nº
3.380, de 29 de junho de 2006, disponibilizamos o relatório abaixo, que define a
política institucional, processos, procedimentos e sistemas necessários à efetiva
implantação do gerenciamento do risco operacional e continuidade do negócio nas
instituições. Formaliza também, a organização, papéis, responsabilidades, diretrizes
e normas inerentes.
A gestão do risco de mercado consiste no processo de identificação,
avaliação, monitoramento e controle, conduzidos através da adoção de limites
consistentes com as estratégias de negócios, de políticas e processos de gestão e
50
de metodologias voltadas à sua administração e à alocação de capital econômico
compatível.
A atividade de gerenciamento do risco de mercado é regulamentada pela
Resolução CMN 3.464/2007. A estrutura sistêmica voltada à sua condução está
alocada no Banco Cooperativo SICREDI, sendo ela responsável pela elaboração de
políticas e diretrizes aplicadas a todas as entidades filiadas ao Sistema SICREDI -
Centrais, Cooperativas Singulares, Empresas Ligadas e Banco.
4.1.3.6 Fundação SICREDI
A Fundação SICREDI tem como objetivo estruturar, desenvolver e coordenar
programas de educação que promovam o cooperativismo de crédito e a formação de
associados.
4.2 PROGRAMAS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS COOPERATIVAS
INTEGRANTES DO SICREDI
De acordo com o Guia do Programa a União Faz a Vida (p. 06), em 1992, em
uma visita às cooperativas de crédito da Argentina e do Uruguai, dirigentes do
SICREDI entraram em contato com uma Cooperativa Habitacional em Montevidéu,
onde funcionava, também, uma Cooperativa Escola. Impressionados, foram
recebidos por um garoto de 11 nos, presidente da cooperativa, simpático,
entusiasmado e demonstrando muito conhecimento sobre cooperativismo.
Este episódio aumentou a idéia de que era essencial buscar a construção de
uma nova cultura sobre cooperação e empreendedorismo. Assim, em 1993, o
SICREDI se aproxima do Centro de Desenvolvimento e Pesquisa sobre
Cooperativismo da Universidade do Vale do Rio do Sinos – São Leopoldo/RS, com o
apoio do Padre Roque Lauchner.
Hoje, as cooperativas de crédito integrantes do SICREDI participam da
construção da qualidade de vida das comunidades e das categorias profissionais em
que estão inseridas. Suas ações acontecem em diversas frentes, possibilitando a
realização de projetos e eventos em benefício da sociedade e a valorização da
cidadania.
51
Estas cooperativas buscam difundir a cultura da cooperação, seja por meio de
iniciativas nascidas no próprio Sistema ou no apoio a programas sociais
desenvolvidos em parceria com outras entidades, acreditando que, mais do que
doar, é essencial criar condições para que os cidadãos possam capacitar-se e
crescer.
A partir desta perspectiva, desenvolve mais de 300 iniciativas em prol do
bem-estar das comunidades nos cinco estados onde estão localizadas as Centrais
SICREDI: Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São
Paulo. Deste total, cerca de 100 são projetos de destaque focados em setores
primordiais para o equilíbrio social do País, como desenvolvimento do agronegócio,
educação, esporte, mobilização solidária, meio ambiente, empreendedorismo e
saúde.
Os resultados positivos destas ações vão além da mensuração em números,
contribuem de forma real para a formação de pessoas conscientes de seu papel
social e comprometidas com a construção de um Brasil cada vez melhor.
A Fundação SICREDI apresenta dois programas: o Crescer, para informar o
associado sobre as características deste empreendimento, e o Pertencer, que visa
ter uma participação mais efetiva dos associados na gestão das cooperativas,
tornando-os líderes cooperativistas. Além destes dois programas, o SICREDI possui
o Programa A União Faz a Vida, que consiste em construir e vivenciar atitudes e
valores de cooperação entre crianças e adolescentes. Para seu público interno, o
SICREDI possui uma ferramenta utilizada por todos os colaboradores que é o
SICREDIAPRENDE, onde os profissionais são capacitados através de aulas online.
4.2.1 Programa Crescer
O Programa Crescer é o Programa de Formação Cooperativa do Sistema de
Crédito Cooperativo - SICREDI. Com milhares de associados e mais de mil pontos
de atendimento, o SICREDI busca difundir a cultura da cooperação, acreditando que
é essencial criar condições para que os cidadãos possam capacitar-se e crescer.
O Programa Crescer visa promover a compreensão sobre o funcionamento
das sociedades cooperativas, especialmente as cooperativas de crédito integrantes
do SICREDI.
52
Para difundir esses conhecimentos, foram planejados dois percursos de
aprendizagem, com conteúdos organizados por rotas temáticas: Percurso 1 -
Contribuindo para o crescimento coletivo; Percurso 2 - Compartilhando decisões e
resultados.
A metodologia do Programa Crescer fundamenta-se em:
Metas de Aprendizagem: referem-se ao conhecimento de cada associado
para que possa participar ativamente da cooperativa, sempre em sintonia
com os princípios do cooperativismo;
Rotas: são articulações temáticas dos conteúdos e das práticas, que
enfatizam as decisões dos associados na participação da cooperativa.
Funcionam como caminhos, organizando os saberes e as práticas
necessárias para atingir as metas de aprendizagem;
Avaliação: tem caráter formativo e procura contribuir com o processo de
aprendizagem (autoavaliação) e com o reconhecimento coletivo dos
saberes (avaliação final).
O associado pode escolher a ordem em que percorrerá as rotas, de acordo
com seus interesses. No entanto, para efeitos de avaliação e habilitação, todas as
rotas devem ser percorridas e o Percurso 1 precede o Percurso 2.
Todas as rotas propõem conteúdos e atividades temáticas, combinando:
Textos informativos e definição de termos;
Orientações didáticas;
Histórias e diálogos de personagens fictícios que ilustram a realidade dos
associados das cooperativas de crédito SICREDI e dos interessados em
participar;
Coleção em vídeo - episódios que retratam histórias e depoimentos de
associados do SICREDI;
Exercícios de autoavaliação;
Exercícios de avaliação ao final de cada percurso.
4.2.1.1 Objetivos do programa
Qualificar a participação dos associados na gestão e no desenvolvimento da
cooperativa.
53
a) Objetivos específicos:
Contribuir para que os associados e os coordenadores de núcleo participem
efetivamente da gestão da cooperativa de crédito;
Propiciar o desenvolvimento pessoal para o exercício das atividades na
cooperativa e na sua atividade profissional;
Formar novas lideranças no processo de difusão das sociedades
cooperativas;
Propiciar que um maior número de pessoas participe da construção de novas
formas de empreender.
4.2.1.2 Aprendizagem de adultos
Aprender é uma possibilidade sempre presente na vida. Pensando dessa
forma, a vida inteira pode ser considerada como uma sucessão de momentos de
aprendizagem. À medida que se experimentam novas situações é possível ampliar
conhecimentos, modificar a visão de mundo, alterar hábitos e mudar
comportamentos.
Essa concepção de aprendizagem considera as seguintes acepções:
A formação de adultos se sustenta em concepções de comunicação,
respeito e ética e exige consciência e compromisso social;
O facilitador e os participantes de uma situação estruturada de
aprendizagem têm diferentes funções, mas não há superioridade ou
inferioridade. Em ambas as funções se aprende e se ensina;
O que dá sentido à formação é a experiência, e não a verdade. Uma ação
de formação permite transformar o que os envolvidos sabem. Não é
transmissão, não é transferência de conhecimento, mas criação de
possibilidades para produção de conhecimento;
Adultos se motivam a aprender à medida que sentem que suas
necessidades e interesses serão satisfeitos. Por isso, a partir dos
interesses e necessidades se organizam as situações de aprendizagem
mais efetivas;
54
A experiência é a mais rica fonte para o adulto aprender. Por isso, o centro
da metodologia da educação do adulto são a vivência e a análise das
experiências. O aprendizado por meio da experiência faz com que a
vivência estimule e transforme o conteúdo, potencializando a produção de
conhecimento;
A orientação de aprendizagem do adulto está centrada na vida. Por isso, a
referência apropriada para se organizar seu programa de aprendizagem
são as situações de vida, e não as disciplinas;
Adultos têm uma profunda necessidade de serem autodirigidos. Por isso,
o papel de qualquer contribuição ou facilitação da aprendizagem precisa
engajar-se numa relação de mútua investigação e avaliação;
As diferenças de estilo, tempo, lugar e ritmo de aprendizagem devem ser
consideradas como características que não definem a qualidade da
aprendizagem, apenas refletem a multiplicidade humana. 4.2.1.3 Desenho Pedagógico
A formulação do desenho pedagógico do Programa Crescer parte da
definição de metas de aprendizagem, formalizando-as em dois percursos compostos
por rotas de aprendizagem.
O Percurso 1 - Contribuindo para o crescimento coletivo, é composto por
quatro rotas: Associar-se, Planejar, Acompanhar e Deliberar. O Percurso 2 -
Compartilhando decisões e resultados, é composto por três rotas: Coordenar,
Mobilizar e Representar. O material informativo A união de forças para Crescer
complementa a coleção.
Figura 6: Desenho Pedagógico. Fonte: www.sicredi.com.br disponível em 20/02/2010.
55
Os percursos do Programa definem metas de aprendizagem que permitem ao
associado ampliar e intensificar suas capacidades em relação aos seguintes
aspectos:
Percurso 1 - Contribuindo para o crescimento coletivo
Caracterizar o cooperativismo e as sociedades cooperativas;
Diferenciar cooperativa de crédito e banco;
Conhecer as principais características do SICREDI;
Conhecer os diferenciais competitivos das cooperativas de crédito que
integram o SICREDI;
Justificar suas próprias decisões nos foros de discussão e deliberação
coletiva;
Dimensionar a responsabilidade do associado na cooperativa;
Estabelecer, com a cooperativa, relações compatíveis com a natureza
societária do empreendimento (ato cooperativo);
Projetar o futuro do empreendimento cooperativo, atendendo ao objetivo da
cooperativa de crédito.
Percurso 2 - Compartilhando decisões e resultados
Conhecer a condição de associado e de coordenador de núcleo;
Diferenciar os órgãos e instâncias de administração da cooperativa;
Acompanhar e publicizar o processo de planejamento estratégico das
cooperativas de crédito;
Analisar, publicizar, mediar e sustentar decisões coletivas para a avaliação de
desempenho da Unidade de Atendimento e da cooperativa de crédito.
4.2.1.4 Linguagens de Apresentação
As rotas de aprendizagem foram desenvolvidas por meio de três tipos de
linguagem. Os participantes podem optar entre duas combinações para compor seu
processo de aprendizagem: cadernos impressos e materiais eletrônicos. A
configuração em rotas permite participar do processo de acordo com os interesses
de cada associado, com a linguagem mais adequada ao modo de aprender de cada
um.
56
Os textos, apresentados na forma de cadernos, privilegiam a forma
estruturada em diálogo entre dois associados, ou um associado e um membro da
comunidade, em torno de um dilema real. São diálogos fictícios baseados em dados
do cotidiano das cooperativas, aproximando a atividade do cotidiano dos
associados.
4.2.1.5 Encontros de Coletivização
Um aspecto fundamental para apoiar o aprendizado dos participantes é a
coletivização, um encontro para compartilhar sentidos relacionados às ações,
conferindo estabilidade ao processo de aprendizagem. A coletivização não se
restringe aos processos de comunicação verbal, mas considera também a troca de
experiências.
Os encontros de coletivização foram idealizados para contribuir com o
crescimento dos associados que cursam as rotas de aprendizagem do Programa
Crescer. Ao final de cada percurso, os participantes são convidados para os
encontros presenciais.
A proposta é criar espaços para a coletivização de experiências e saberes
relacionados ao cooperativismo de crédito e as sociedades cooperativas, reunindo
grupos de 20 a 30 participantes, para realização de atividades didáticas e vivenciais
coordenadas pelos reeditores do Programa.
4.2.2 Programa Pertencer
No SICREDI, os associados são os donos do negócio. Mas não basta ser
dono, é preciso agir como tal, participando de forma efetiva. Uma cooperativa forte
se faz com a participação dos seus associados. E para promover a participação, o
SICREDI desenvolveu o Programa Pertencer.
Com este Programa, os associados estarão cada vez mais próximos da sua
cooperativa, decidindo e acompanhando a implantação do que foi planejado.
57
Este programa tem como objetivo aprimorar o processo de participação dos
associados na gestão e desenvolvimento das cooperativas de crédito integrantes do
SICREDI.
4.2.2.1 Objetivos específicos
Facilita a participação dos associados no processo de gestão e
desenvolvimento da cooperativa.
Proporciona a participação dos associados no planejamento e
acompanhamento das atividades da cooperativa.
Amplia o relacionamento dos associados com a instituição.
Desenvolve líderes responsáveis por continuar este empreendimento.
4.2.2.2 Públicos
O público-alvo do Programa são os associados e coordenadores de núcleo.
Os associados na qualidade de donos do negócio, e os coordenadores de núcleo,
como futuras lideranças cooperativistas.
Todas as entidades do Sistema SICREDI, de primeiro, segundo e terceiro
grau, participam efetivamente no Programa sendo que em cada uma delas
colaboradores e dirigentes e conselheiros desempenham atribuições específicas.
4.2.2.3 Identidade Visual
A logomarca do Programa Pertencer reforça a participação do associado na
gestão e desenvolvimento da cooperativa, enquanto dono do negócio. Indica o
sentimento de PERTENCIMENTO a uma instituição cuja existência e perpetuação
depende que seus donos, os associados, sintam-se incluídos no processo de
decisão.
Figura 7: Logomarca do Programa Pertencer. Fonte: www.sicredi.com.br disponível em 20/02/2010.
58
4.2.2.4 Como o programa chega até o associado?
O Programa chega até o associado através de reuniões, assembléias de
núcleo, assembléia geral e em outros eventos promovidos e organizados pela
cooperativa, além do relacionamento diário na unidade de atendimento.
Orientados pela lei do cooperativismo, 5,764/71 no artigo 42, no Programa
Pertencer os associados se organizam e participam em núcleos. Os debates e as
deliberações sobre os assuntos de interesse coletivo da cooperativa passam a
acontecer dentro dos núcleos. Juntos elegem seu representante.
Estes representantes são chamados de coordenadores de núcleo.
Cada coordenador de núcleo tem voto representativo e é responsável por
levar as decisões dos associados do seu núcleo, relativas à gestão e
desenvolvimento da cooperativa, para a assembléia geral.
4.2.3 Programa A União faz a Vida
Este programa tem como principal objetivo construir e vivenciar atitudes e
valores de cooperação e cidadania, por meio de práticas de educação cooperativa,
contribuindo para a educação integral de crianças e adolescentes, em âmbito
nacional.
O Programa A União faz a Vida é um programa de responsabilidade social
que o SICREDI desenvolve com parceiros (empresas, organizações e
universidades), nas escolas envolvidas com foco no desenvolvimento dos conceitos
de cidadania, busca a educação infantil e o ensino fundamental, contribuindo para
as relações sociais de acordo com os princípios cooperativistas (PANOZZO, 2004
p.19).
Os princípios orientam o Programa, projetam sua visão de mundo e a
compreensão sobre o modo de organização econômica e social que deseja
reafirmar:
Cooperação
Cidadania
59
4.2.3.1 Mascote
As abelhas habitam praticamente todos os lugares do mundo, desde regiões
muito frias, atingindo latitudes de até 65º ao norte, até desertos secos e quentes,
matas tropicais úmidas e ilhas oceânicas. Assim como as abelhas, o Programa A
União Faz a Vida se estabelece na dimensão nacional, de forma flexível e adaptável
às diferentes realidades educacionais e, através dos Projetos desenvolvidos pelas
Crianças e Adolescentes, transforma o mundo.
Figura 8: Mascote. Fonte: www.sicredi.com.br disponível em 20/02/2010.
As abelhas apresentam diferentes padrões de comportamento social,
envolvendo diferentes combinações de características: castas, divisão de tarefas,
superposição de gerações e trabalho cooperativo. As abelhas cooperadas
desempenham diferentes atividades dentro de seu grupo, especialmente as ligadas
à construção das células e aos mecanismos de defesa da colméia. Os Agentes, nas
suas diferentes responsabilidades no Programa, devem, sem exceção, adotar
atitudes e valores de cooperação e cidadania no seu dia-a-dia e, assim como as
abelhas nas suas colméias, garantir a construção de uma sociedade mais
cooperativa e empreendedora no futuro.
Símbolo de cooperação e trabalho, a abelha é a legítima mascote para o
Programa a União Faz a Vida, fortalecendo ainda, com o símbolo do cooperativismo
no peito, a sua identidade com a Educação Cooperativa.
Figura 9: Mascote na comunidade. Fonte: www.sicredi.com.br disponível em 20/02/2010.
60
4.2.3.2 Agentes
O programa A União Faz a Vida depende da rede de cooperação para o seu
desenvolvimento. O símbolo da rede é a flor, assim como suas pétalas unidas são
fundamentais para formarem a flor, no programa, o conjunto dos agentes são
necessários para o desenvolvimento do programa. Conforme podemos verificar na
figura abaixo:
Figura 10: Agentes do Programa. Fonte: www.sicredi.com.br disponível em 20/02/2010.
Os gestores agem de forma estratégica, planejam e articulam em prol do
programa, buscam os parceiros, assessores pedagógicos e apoiadores necessários
para seu desenvolvimento.
Os parceiros são responsáveis por implementar as práticas educativas para a
construção e vivência de atitudes e valores de cooperação e cidadania.
O papel de promover a formação continuada dos educadores fica a cargo das
assessorias pedagógicas. São pessoas comprometidas e reconhecidamente
envolvidas com a formação de educadores.
A necessária adesão de apoiadores tem por finalidade envolver
representantes da comunidade na busca das melhores condições para o
desenvolvimento do programa. Podem atuar em duas dimensões: apoiar o programa
em nível nacional, regional ou local com recursos financeiros, materiais e ou
humanos para viabilização das ações do programa; ou apoiar os projetos
61
idealizados pelas escolas e organizações parcerias no nível local, disponibilizando
recursos e materiais específicos para o desenvolvimento das ações do projeto.
Os Públicos são formados por educadores, que são os profissionais
envolvidos como processo educativo. São responsáveis péla adoção de práticas de
cooperação e cidadania no ambiente educacional, e por crianças e adolescentes,
foco principal do programa.
4.2.3.3 Projetos desenvolvidos
Os projetos desenvolvidos pelas crianças e adolescentes, em conjunto com
os demais agentes do Programa, têm na sua essência a construção e vivências de
atitudes e valores de cooperação e cidadania.
As escolas e outras organizações educacionais utilizam a metodologia de
projetos para elaborar o plano que será realizado durante o ano. A avaliação
constante orienta a tomada de decisão para a melhoria e continuidade dos projetos.
Em 2008 o Programa “A União Faz a Vida” segue em desenvolvimento nos
estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso, onde os educadores
participam das oficinas de formação continuada promovidas pelas Assessorias
Pedagógicas contratadas pelas cooperativas do SICREDI.
Em agosto, ocorre a primeira reunião do Comitê Gestor Nacional do
Programa e, em 20 de novembro, o Paraná realiza o primeiro Encontro Estadual do
Programa. Vários projetos são desenvolvidos nas escolas, tendo as crianças e
adolescentes como protagonistas e com o apoio de educadores, pais e comunidade.
Em 2009 a formação continuada dos educadores faz parte da metodologia do
Programa, tendo como desafio a construção de práticas que possibilitem a vivência
de atitudes e dos valores de cooperação e cidadania. O Rio Grande do Sul, o
Paraná e o Mato Grosso ampliam o Programa para novos municípios e consolidam
seu desenvolvimento nos demais.
ANO PRINCIPAIS AÇÕES
1992 Grupo de Dirigentes do SICREDI visita países para conhecer propostas de educação cooperativa para crianças e jovens.
1993 SICREDI contrata instituição de ensino superior para formatar a metodologia educativa a ser aplicada no Programa.
1995 Inicia o piloto no município de Santo Cristo/RS expandindo-se para vários outros municípios do estado.
62
2005 Em dezembro, o Programa chega ao estado do Mato Grosso.
2006 O Programa chega ao Paraná em março.
2007 SICREDI amplia a proposta do Programa tornando-o nacional e lança o site www.sicredi.com.br/auniaofazavida
Tabela 6: Principais ações. Fonte: www.sicredi.com.br/auniaofazavida disponível em 15/06/2010.
4.2.4 Educação Corporativa
Além dos projetos de Responsabilidade Social para com a sociedade, o
SICREDI possui também o Programa de Educação Corporativa, onde os
colaboradores possuem cursos online gratuitos e disponíveis para todas as áreas
financeiras. Este processo teve início em setembro de 2004 e, na medida em que
vão sendo finalizados, os cursos vão sendo disponibilizados no Portal SICREDI.
4.2.4.1 Objetivos
Disponibilizar treinamentos (informação) gerados a partir dos especialistas no
tema, o que contribui para a disseminação homogênea e simultânea do
conhecimento;
Concentrar o esforço de produção de treinamentos nos especialistas,
entregando-os para o uso imediato das entidades que podem concentrar sua
atenção na atividade fim;
A assessora de gestão de pessoas Denise Ribeiro recorda que as equipes
rodavam o País, aplicando os cursos junto às unidades, o que demandava muito
tempo para atender a todas as cooperativas. "Hoje tudo se constrói de forma
unificada", ressalta.
Denise fala sobre uma peculiaridade do EAD: "O Sicredi tem muitos manuais,
que em anos anteriores eram disponibilizados apenas em formatos estáticos. Com a
aquisição de ferramentas específicas de gestão de cursos, os manuais deixaram de
ser apenas documentais e passaram a ser instrumentais, uma vez que temos como
verificar quando o usuário acessa seu material e de que maneira está sendo
aproveitado". Porém, o SICREDI não pretende promover treinamentos somente
neste novo formato, pondera Denise: "Quere-mos manter os nossos valores e primar
pelo relacionamento, sempre avaliando se o conteúdo é passível de trans-missão a
distância".
63
4.3 PROPOSTA DE ADOÇÃO DO PROGRAMA “A UNIÃO FAZ A VIDA”
Atendendo ao segundo objetivo específico da presente pesquisa, apresenta-
se a seguir a proposta de adoção do Programa de Responsabilidade Social a ser
adotado pela SICREDI Litoral SC.
Uma organização cooperativa, dentro dos seus princípios ideológicos, deve
posicionar-se de forma a cumprir seu papel na sociedade, assumindo as obrigações
de atender às expectativas de seus associados. Diante disto, o Programa “A União
Faz a Vida”, torna-se, dentre outros, o mais apropriado para a gestão socialmente
responsável praticada pela Cooperativa de crédito SICREDI, o qual desenvolve a
cidadania por meio de valores e práticas cooperativas.
Este é um programa de Responsabilidade Social que o SICREDI desenvolve
com parceiros, nas escolas envolvidas, com foco no desenvolvimento dos conceitos
de cidadania na educação infantil e no ensino fundamental, contribuindo para as
relações sociais (PANOZZO, 2004 p.19).
O Programa A União Faz a Vida está condizente com o conceito de
Responsabilidade Social que consiste na “decisão de participar mais diretamente
das ações comunitárias na região em que está presente” (D’AMBROSIO E MELLO
apud MELO NETO e FROES, 2001 p. 78).
Além de estar de acordo com um dos princípios cooperativistas que é a
Educação, formação e informação para com os associados, o Programa “A União
Faz a Vida” busca a ampliação da cultura cooperativista com a possibilidade de ser
conduzido em diversas comunidades e localidades com a mesma característica,
adaptando-se assim, às diferentes realidades de cada região (SICREDI, 2006 p.6).
Portanto, este Programa torna-se a proposta mais adequada a ser adotada
na cidade de Itapema, tornando-se o segundo município catarinense a implantá-lo.
Itapema é considerada uma grande potência econômica no mercado imobiliário e
turístico, além de ser o terceiro destino mais visitado em Santa Catarina, segundo
dados do CRECI (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de Santa Catarina)
2009.
Com tamanho crescimento do município, há a necessidade de desenvolver
uma consciência de colaboração mútua, de trabalho conjunto nos residentes deste
município. Com a implantação do Programa “A União Faz a Vida”, as escolas irão
64
moldar cidadãos cooperantes e o princípio do cooperativismo crescerá juntamente
com a formação cultural dos alunos.
O primeiro município catarinense a adotar o Programa “A União Faz a Vida”
foi a cidade de São Carlos no dia 5 de novembro de 2009. Na oportunidade, o vice-
presidente da Cooperativa, Nadir José Buzatto, enfatizou que o Programa acontece
quando a Cooperativa e a comunidade escolar se unem pelo interesse em
desenvolvê-lo. "Sua continuidade ocorre com a realização de projetos coletivos
demandados pela comunidade escolar, através da aplicação das metodologias
propostas", afirmou. SICREDI (2009).
Onde é implantado, o Programa “A União Faz a Vida” os seguintes resultados
são apresentados. SICREDI (2006):
Maior integração entre escola e comunidade.
Valorização e aperfeiçoamento do processo educativo.
Mudança de mentalidade e fator motivacional para professores e
alunos.
Melhoria nas condições físicas das escolas em ações cooperativas
conjuntas com a comunidade.
Para Frantz (2003): A educação em organizações cooperativas está passando por um novo contexto de mudanças, internacionalização dos mercados. Através da globalização, torna-se necessário a construção de espaços de educação, de aprendizagem e de redistribuição de poder, os quais são necessários para que os cooperativados estejam preparados para os processos de transformação.
A seguir serão apresentadas as fases de implantação do programa “A União
Faz a Vida”, de acordo com as orientações do “Guia para Gestores” (SICREDI
2006).
4.3.1 Fases de implantação
Este programa obedece à cinco fases até a sua completa implantação:
a) A primeira é a fase da articulação a qual ocorre no primeiro ano;
b) A segunda e a terceira fases correspondem à realização, que acontece
no segundo ano;
65
c) A quarta fase refere-se à primeira etapa do desenvolvimento, que se
aplica no primeiro semestre do terceiro ano;
d) A última fase, segunda etapa do desenvolvimento, ocorre no segundo
semestre no terceiro ano.
a) Articulação
Nesta fase o grande desafio é sensibilizar os gestores da educação local,
educadores, pais e comunidade para o desenvolvimento do programa. Nesta etapa,
é feito o estudo da viabilidade do programa, articular parceiros, apresentar o
Programa para Educadores, pais e apoiadores, concretizar parcerias e planejar as
ações para o ano seguinte.
Realizar o estudo de viabilidade
O presidente juntamente com o Superintendente / Gerente da Unidade do
município que irá articular o Programa, fará o estudo da viabilidade financeira, uma
vez que o programa demanda investimentos anuais e acompanhamentos
constantes. Recomenda-se que os investimentos sejam suportados pelas
respectivas Unidades de Atendimento.
Encaminhar e obter aprovação no conselho de administração da cooperativa
de Crédito Singular.
O estudo de viabilidade do programa é encaminhado para aprovação do
conselho de administração.
Articular parceria com o Poder Público ( e/ou iniciativa privada).
O Gestor (Presidente, Gerente da Unidade, Assessor de Programas Sociais),
promove reunião com o Poder Público (futuros parceiros) onde apresenta o
Programa. Após, o Assessor de Programas Sociais passa a ser o contato para
eventuais dúvidas.
66
Firmar a carta de intenções com os parceiros.
A Cooperativa SICREDI (Assessor de Programas Sociais) articula para que o
Poder Público e/ou privado (futuro parceiro) manifeste seu interesse através da
assinatura da Carta de Intenções (disponível no CD de implantação do Programa
União Faz a Vida) na presença do Presidente da Cooperativa ou Gerente da
Unidade de Atendimento. A assinatura da Carta de intenções é indicativa de
envolvimento e comprometimento pela realização do evento de apresentação do
programa para a comunidade, sendo condição básica para a continuidade do
processo.
Apresentar o programa para a comunidade.
O objetivo deste encontro é o de apresentá-lo aos agentes. O poder público
(e/ou privado) irá coordenar o evento e conta com o suporte do SICREDI. Ao final do
encontro é aplicada uma pesquisa para mensurar a receptividade do Programa junto
ao público presente, com questionários específicos para os diferentes públicos.
Firmar a parceria.
As pesquisas são compiladas pela Cooperativa de Crédito Singular
verificando se o município atingiu o mínimo de aceitação para desenvolvimento do
Programa.
Organizar a estrutura da Cooperativa de Crédito Singular do SICREDI para
atender o programa. Realizar nova reunião com os futuros parceiros para
expor os resultados da pesquisa e dar início ao planejamento do ano
seguinte.
Verificar a estruturação do parceiro para atender o Programa.
Contratar Assessores de Programas Sociais, para os casos em que não tiver
estrutura constituída.
Realizar o evento para Assinatura do Termo de Cooperação e Lançamento do
Calendário de Desenvolvimento do Programa. Agendar e organizar o
programa
67
Recomendações gerais
O tempo de realização do Ano um (Fase de Articulação) foi sugerido, levando-
se em conta o tempo necessário para a efetiva mobilização dos Parceiros,
Educadores, Pais e Apoiadores, além das demandas das cooperativas em seus
compromissos anuais (em 12 meses – processo assemblear, planejamento, entre
outros). Seu tempo é flexível, contanto que:
1. Realize as nove etapas específicas nesta fase;
2. Concluídas as etapas até o mês de outubro/ novembro do ano corrente,
período em que as Secretarias de Educação e SICREDI estarão tratando do
planejamento do ano seguinte, no qual o Programa deverá constar.
b) Realização I
O desafio desta fase é inserir no universo educacional do município as
práticas de educação cooperativa através da formação dos educadores.
Educadores aprofundam as práticas de educação cooperativa através de
oficinas de formação. Para tanto o assessor de Programas Sociais articula com a
Coordenadora Local e a Assessoria Pedagógica data/local/horário para realização
das oficinas.
Realização II
Aplicar o Programa nas escolas e organizações e realizar a avaliação. Os
educadores praticam a educação cooperativa nas escolas e organizações. Ao final
deste semestre é realizada a avaliação (disponível no CD de implantação do
Programa União Faz a Vida) da aderência da Coleção de Educação Cooperativa e
do processo formativo. Na mesma ocasião as escolas e organizações apresentam o
projeto para o ano seguinte.
c) Desenvolvimento I
Nesta fase o desafio é expandir as práticas de cooperação e cidadania
promovendo a realização do projeto com apoiadores. Os Educadores e Agentes
68
colocam em prática o Projeto Planejado no ano anterior e utilizam os materiais
pedagógicos (disponível no CD de implantação do Programa União Faz a Vida).
d) Desenvolvimento II
Serão Incorporadas na prática das escolas e das organizações educativas a
construção e vivência de atitudes e valores de cooperação e cidadania, por meio do
desenvolvimento de projetos e avaliação do processo e resultado.
Tem como objetivo a prática da Educação Cooperativa com Crianças e
Adolescentes e o desenvolvimento dos Projetos.
Ao final deste semestre realiza-se a avaliação do processo formativo, das
atitudes e valores de cooperação e cidadania em crianças e adolescentes e dos
resultados do Projeto.
O resultado desta avaliação será norteador do planejamento e definirá a
continuidade ou desenvolvimento de novo Projeto bem como, orientações para o
Programa. Esta fase repetir-se-á sucessivamente.
69
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, pode-se afirmar que as cooperativas de crédito podem
contribuir com o crescimento sustentável da sociedade.
Investindo em cotas de capital, os associados investem em sua cidade,
proporcionando assim um crescimento conjunto com os demais associados,
agregando com isso renda, aos mesmos e, indiretamente, à comunidade em seu
entorno.
Além de serem responsáveis diretos pela cooperativa, cada associado têm
igual direito à participação na gestão independente do capital investido no
empreendimento, diferentemente do que ocorre no caso das sociedades por ações.
No que tange a Responsabilidade Social Cooperativa, objeto de estudo do
presente Trabalho de Iniciação Científica, pôde-se identificar programas de
Responsabilidade Social onde a cooperativa SICREDI está inserida, aprovados
pelos próprios membros desta.
Visto que a organização socialmente responsável deve utilizar critérios de
comprometimento social e ambiental junto às partes interessadas, os programas de
Responsabilidade Social das cooperativas integrantes do SICREDI demonstram
atender a todos os seus stakeholders. Capacitam os colaboradores com
treinamentos e cursos, incentivam o estudo do cooperativismo para os associados e
estão preparando uma nova geração para as práticas cooperativas com o Programa
“A União Faz a Vida”.
Ao conhecer melhor o programa “A União Faz a Vida” pôde-se identificar uma
iniciativa com bases sólidas de educação para a cooperação caracterizada pela sua
natureza sistêmica. Este programa é desenvolvido com parceiros, nas escolas
envolvidas com foco no desenvolvimento dos conceitos de cidadania. Busca a
educação infantil e o ensino fundamental, contribuindo para as relações sociais de
acordo com os princípios cooperativistas. A educação cooperativa, como ação continuada por parte das cooperativas, é
de grande valia, pois este programa constrói e vivencia atitudes e valores de
cooperação e cidadania, por meio de práticas de educação cooperativa, contribuindo
para a educação integral de crianças e adolescentes.
70
Dentre os diversos prêmios conquistados com o programa, no ano de 2006 a
OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), e a Revista Globo Rural
organizaram o prêmio “Cooperativa do ano”, em que premiaram as cooperativas de
diversas categorias, entre elas, a de crédito, sendo que através do Programa “A
união faz a vida”, conquistou o prêmio para a Central SICREDI – Rio Grande do Sul
(SICREDI, 2006).
O modelo de gestão adotado por esta cooperativa, a postura que ela assume
e os diversos projetos que desenvolve, podem causar um impacto social positivo na
comunidade na qual está inserida.
71
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