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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA
SARA APARECIDA MACHADO
Produção de biodiesel a partir de óleo de macaúba com alta acidez empregando processo
de hidroesterificação
Lorena– SP
2017
SARA APARECIDA MACHADO
Produção de biodiesel a partir de óleo de macaúba com alta acidez empregando processo
de hidroesterificação
Tese apresentada à Escola de Engenharia de
Lorena da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Doutor em Ciências do
Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia
Industrial na área de Microbiologia Aplicada.
Orientador: Prof. Dr. Domingos Sávio Giordani
Versão original
Lorena– SP
2017
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIOCONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE
Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizadoda Escola de Engenharia de Lorena,
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
Machado, Sara Aparecida Produção de biodiesel a partir de óleo de macaúbacom alta acidez empregando processo dehidroesterificação / Sara Aparecida Machado;orientador Domingos Sávio Giordani - VersãoOriginal. - Lorena, 2017. 133 p.
Tese (Doutorado em Ciências - Programa de PósGraduação em Biotecnologia Industrial na Área deConversão de Biomassa) - Escola de Engenharia deLorena da Universidade de São Paulo. 2017Orientador: Domingos Sávio Giordani
1. Biodiesel. 2. Hidroesterificação. 3. Hidrólise .4. Esterificação. 5. óleo de macaúba. I. Título. II.Giordani, Domingos Sávio, orient.
Este trabalho é dedicado aos meus pais, Benedito Luiz Machado e Maria Aparecida Domingues Machado, A minha irmã Cárita Aparecida Machado E ao meu amor Rodrigo Adriano Felizardo de Oliveira.
AGRADECIMENTOS
A Deus fonte de sabedoria e tranquilidade.
Ao Prof. Dr. Domingos Sávio Giordani e À Prof.ª Dr.ª Heizir Ferreira de Castro, pela
amizade, dedicação e principalmente paciência dispensadas no desenvolvimento deste
trabalho.
À Prof.ª Dr.ª Patrícia Calorine Molgero Da Rós e ao Prof. Dr. Leyvison Rafael Vieira da
Conceição pela disposição em ajudar sempre.
Aos meus pais, que apesar das dificuldades sempre priorizaram os meus estudos e
acreditaram no meu potencial.
À minha irmã, uma companheira de vida.
À minha família, que é fonte de segurança, alegria e amor.
Ao meu amor e melhor amigo Rodrigo
Aos meus amigos.
Aos meus queridos companheiros de laboratório com quem dividi dias inesquecíveis.
A todos do Laboratório de Biocatálise que sempre me acolheram com carinho
Aos técnicos e estagiários do DEQUI e DEBIQ.
Agradeço à CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pela
concessão da bolsa durante todo o período de realização deste doutorado.
A todos que contribuíram para realização deste trabalho, meus sinceros agradecimentos.
RESUMO
MACHADO, S. A. Produção de biodiesel a partir de óleo de macaúba com alta acidez empregando processo de hidroesterificação. 2017. 133p. Escola de Engenharia de Lorena,
Universidade de São Paulo, Lorena/SP, 2017.
O processo de transesterificação alcalina para produção de biodiesel não é indicado para
óleos de alta acidez, para esta condição, o processo de hidroesterificação atualmente tem
sido investigado como alternativa. Este processo consiste em duas etapas associadas, a
hidrólise na qual as moléculas de triacilgliceróis são hidrolisadas aos respectivos ácidos
graxos, tendo como subproduto o glicerol e, em seguida, a etapa de esterificação na qual os
ácidos graxos obtidos e previamente purificados são esterificados com o álcool desejado.
Este processo favorece à utilização de matérias-primas com qualquer teor de ácidos graxos
livres e umidade, o que pode representar redução do custo de produção. A macaúba
(Acronomia aculeata) é uma palmeira de elevada produtividade em óleo (4 mil litros de óleo
por hectare por ano) e dos seus frutos são extraídos os óleos da amêndoa (rico em ácido
láurico) e da polpa, rico em ácido oleico e palmítico. Devido sua composição, o óleo da
polpa se destaca como matéria-prima promissora para a produção de biodiesel. Entretanto,
possui uma alta acidez, dificultando seu processamento pela rota convencional de
transesterificação. Neste contexto, este trabalho tem como principal objetivo estabelecer o
processo de hidroesterificação enzimático/químico para viabilizar a utilização desta matéria-
prima. Na primeira etapa do processo, a hidrólise, as lipases microbianas provenientes de
Rhizophus oryzae e Candida rugosa e o extrato enzimático proveniente de semente de
mamona foram testados como catalisadores. Os resultados mostraram bom desempenho das
lipases microbianas destacando a lipase proveniente de Candida rugosa que apresentou
conversões de 77% resultando em um hidrolisado com 93% ácidos graxos livres (AGL) em
8h de reação utilizando o óleo de amêndoa de macaúba com acidez de 37mgKOH/g nas
seguintes condições reacionais: 40ºC, pH 7,0, agitação de 1000rpm e concentração de
biocatalisador de 2908 U/g de substrato. O extrato enzimático proveniente de mamona
também apresentou bom desempenho fornecendo conversões de 56% na hidrólise de óleo
de polpa de macaúba (63 mgKOH/g) resultando em um hidrolisado com 83% de (AGL) em
4h, nas seguintes condições reacionais: temperatura de 35 ºC, pH 4,5, agitação de 1000rpm
e concentração de catalisador de 23U/g de substrato. Nesta etapa do trabalho também foi
investigado o emprego do ultrassom como potencializador. Os resultados mostraram que o
uso do ultrassom proporcionou um aumento na conversão de hidrólise possibilitando o uso
de óleo de polpa com acidez mais elevada (72 mgKOH/g). Para a etapa de esterificação o
ácido fosfotungístico (HPW) impregnado em óxido de nióbio (Nb2O5) foi utilizado como
catalisador. De acordo com as condições de esterificação estabelecidas por planejamento
fatorial (250ºC, agitação de 700 rpm, razão molar hidrolisado etanol de 1:40 e 15% de
catalisador) conversões médias da ordem de 97% foram obtidas. A caracterização do produto
final atendeu às especificações da ANP (Resolução 14/2015) com relação ao teor de ésteres
e viscosidade, confirmando o potencial deste processo na produção de biodiesel.
Palavras chave: Biodiesel, hidroesterificação, hidrólise, esterificação, óleo de macaúba
ABSTRACT
MACHADO, S. A. Production of biodiesel from macaw palm oil with high acidity employing hydroesterification process. 2017. 133p. Thesis (Doctoral of Science) - Escola
de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena/SP, 2017.
The hydroesterification process has been investigated as an alternative to alkaline
transesterification. This process consists of two associated steps, the hydrolysis step in which
the triacylglycerol molecules are hydrolyzed to the respective acids, resulting in glycerol as
a by-product and then the esterification step in which the fatty acids obtained in the first step
are esterified with the desired alcohol. This process favors the use of raw materials with any
content of free fatty acids and moisture, which may represent the reduction of production
cost. The macaw palm(Acronomia aculeata) has a high yield in oil (4000L/ of oil per hectare
per year) and from its fruits are extracted oils rich in oleic acid and palmitic . Due to its
composition, macaw oil stands out as a promising raw material for biodiesel production. However, its oil presents high acidity and cannot be used feedstock for biodiesel
production by a conventional alkaline route In this context, this work has as main objective
to establish the hydroesterification process to enable the use of this raw material. In the first
step of the hydrolysis process, the microbial lipases from Rhizophus oryzae, Candida rugosa
and vegetable lipase extract from castor bean has been studied as catalysts. The results
showed good performance of the microbial lipases, highlighting the lipase from Candida
rugosa that presented conversions of 77% resulting in a hydrolyzate with 93% free fatty
acids (FFA) in 8 hours of reaction using the macaw oil with acidity of 37mgKOH/g under
the following reaction conditions: 40°C, pH 7.0, stirring at 1000 rpm and biocatalyst
concentration of 2908U/ g of substrate. The enzyme extract from castor seed also showed
good results with 56% conversions in the hydrolysis of macaw pulp oil (63mgKOH/g)
resulting in a hydrolyzate with 83% (FFA) in 4h, under the following reaction conditions:
temperature of 35ºC, pH 4.5, stirring at 1000 rpm and catalyst concentration of 23U/g of
substrate. In this stage of the study, the use of ultrasound also was investigated. The results
showed that the use of ultrasound provided an increase in hydrolysis conversion, allowing
the use of pulp oil with higher acidity (72mgKOH/g). For the esterification step,
phosphotungstic acid (HPW) impregnated with niobium oxide (Nb2O5) was studied as the
catalyst. The esterification step employing HPW/Nb2O5 showed conversions of 97% under
the reaction conditions of 250°C, stirring of 700 rpm, hydrolysed ethanol ratio of 1:40 and
15% of the catalyst. The characterization of the final product was in accordance with the
ANP regarding the content of esters and viscosity, confirming the potential of this process
in the production of biodiesel.
Keywords: Biodiesel, hydroesterifacion, hydrolysis, esterification, macaw oil
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Etapas da transterificação de triacilglicerois ................................................. 31
Figura 2.2 - Fluxograma simplificado do processo de hidroesterificação.......................... 35
Figura 2.3 - Reação de Hidrólise e Esterificação .............................................................. 42
Figura 2.4 - Reações catalisadas por lipases ..................................................................... 47
Figura 2.5 - Aplicações de lipase nos diversos setores ..................................................... 49
Figura 2.6 - Esquema representativo da hidrólise enzimática ........................................... 50
Figura 2.7 - Mecanismo da reação de hidrólise enzimática............................................... 51
Figura 2.8- Mecanismo reacional da esterificação ............................................................ 57
Figura 3.1 - Fluxograma de preparo do extrato enzimático proveniente de semente de
mamona .......................................................................................................................... 66
Figura 3.2 - Sistema reacional para reações de hidrólise: (a) sistema reacional para reações
conduzidas com agitação magnética; (b) sistema reacional para reações conduzidas com
agitação mecânica ........................................................................................................... 70
Figura 3.3 - Sistema reacional das reações de hidrólise em banho ultrassônico ................ 71
Figura 3.4 - Sistema reacional para as reações de esterificação ........................................ 76
Figura 4.1 - Perfil reacional da hidrólise enzimática empregando diferentes concentrações
de lipase: (a) óleo de soja; (b) óleo de amêndoa de macaúba (9,17mgKOH/g); (c) óleo de
amêndoa de macaúba (37 mgKOH/g) .............................................................................. 84
Figura 4.2 - Perfil reacional da hidrólise enzimática do óleo de soja e do óleo de amêndoa
de macaúba empregando a lipase L036P .......................................................................... 85
Figura 4.3 - Perfil reacional da hidrólise enzimática dos óleos de amêndoa de macaúba
empregando a lipase L036P ............................................................................................. 86
Figura 4.4 - Perfil reacional da reação de hidrólise enzimática empregando L036P e Candida
rugosa; (a) reações empregando o mesmo percentual de massa do biocatalisador; (b) reações
empregando a mesma quantidade de Unidades de atividade(U) ....................................... 88
Figura 4.5 - Perfil reacional da reação de hidrolise empregando Candida rugosa com
agitação magnética e agitação mecânica .......................................................................... 89
Figura 4.6 - Perfil reacional da reação de hidrólise empregando Candida rugosa e extrato
enzimático proveniente de mamona ................................................................................. 93
Figura 4.7 - Grafico de Pareto para a Atividade hidrolítica do extrato enzimático proveniente
de mamona ...................................................................................................................... 95
Figura 4.8 - Superfície de resposta para a Atividade enzimática do extrato enzimático
proveniente de mamona ................................................................................................... 96
Figura 4.9 - Valores observados versus valores preditos para a atividade enzimática do
extrato proveniente de mamona ....................................................................................... 98
Figura 4.10 - Perfil reacional da Atividade hidrólitica do extrato enzimático proveniente de
mamona em relação a concentração de substrato ............................................................. 99
Figura 4.11 - Perfil reacional da hidrólise enzimática empregando extrato enzimático
proveniente de mamona com diferentes fontes lipídicas ................................................. 101
Figura 4.12- Perfil reacional da reação de hidrólise enzimática do óleo de polpa de macaúba
com diferentes razões mássicas de óleo ......................................................................... 102
Figura 4.13 - Perfil reacional da hidrólise enzimática do óleo de polpa de macaúba com
diferentes índices de acidez ........................................................................................... 103
Figura 4.14 - Perfil reacional da hidrólise enzimática empregando extrato enzimático
proveniente de mamona sob agitação mecânica e agitação mecânica e ultrassom; (a) sistema
com 23 Ug-1de substrato; (b) Sistema com 48 Ug-1de substrato. .................................. 105
Figura 4.15 - Imagens MEV (a) Nb2O5; (b) Nb2O5 calcinado a 300ºC; (c) HPW/Nb2O5
...................................................................................................................................... 111
Figura 4.16 - difratograma de raio-X ;(a) Nb2O5; (b) Nb2O5 calcinado a 300ºC; (c)
HPW/Nb2O5 ................................................................................................................. 112
Figura 4.17 - Isotermas de adsorção e dessorção de Nitrogênio para (a) Nb2O5 calcinado a
300ºC; (b) HPW/Nb2O5 Isotermas de adsorção e dessorção de Nitrogênio para (a) Nb2O5
calcinado a 300ºC; (b) HPW/Nb2O5 ............................................................................... 113
Figura 5.18 - Distribuição de poros para (a) Nb2O5 calc 300ºC; (b) HPW/Nb2O5 .......... 114
Figura 4.19 - Gráfico de Pareto para conversões de ésteres etílicos ................................ 117
Figura 4.20 - (a) Superfície de resposta e (b) Curva de contorno da variável resposta %CEE
para os fatores Temperatura e Razão molar ................................................................... 119
Figura 4.21 - (a) Superfície de resposta e (b) Curva de contorno da variável resposta %CEE
para os fatores Temperatura e Concentração de catalisador ............................................ 120
Figura 4.22 - Gráfico dos valores observados versus os valores preditos pelo modelo .... 121
LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1 - Vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de catalisadores empregados na
transesterificação ............................................................................................................. 34
Quadro 2.2 - Condições reacionais para processo de hidroesterificação ........................... 37
Quadro 2.3 - Exemplos de hidrólise de óleos e gorduras .................................................. 44
Quadro 2.4 - Exemplos de hidrólise enzimática ............................................................... 53
Quadro 2.5 - Exemplos de catalisadores heterogêneos usados na conversão de óleos e modo
de preparo ....................................................................................................................... 60
Quadro 3.1 - Lipases avaliadas quanto a atividade hidrolítica .......................................... 63
Quadro 3.2 - Equipamentos utilizados no desenvolvimento do trabalho ........................... 64
Quadro 3.3 - Sequência de experimentos das reações de hidrólise empregando as Lipases
comerciais ....................................................................................................................... 69
Quadro 3.4 - Sequência de experimentos das reações de hidrólise empregando o extrato
enzimático proveniente de semente de mamona ............................................................... 69
Quadro 3.5- Sequência de experimentos das reações de hidrólise realizada em banho
ultrassônico ..................................................................................................................... 71
Quadro 4.1 - Atividade hidrolítica das lipases comerciais estudadas ................................ 81
Quadro 4.2- Principais resultados obtidos na etapa de hidrólise empregando as lipases
comerciais ....................................................................................................................... 90
Quadro 4.3 - Condições reacionais e resultados dos ensaios empregando Candida rugosa e
extrato enzimático proveniente de mamona ..................................................................... 92
Quadro 4.4 - Principais resultados obtidos na hidrólise enzimática empregando extrato
enzimático proveniente de mamona em banho ultrassônico ........................................... 107
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 - Níveis reais e codificados para as variáveis pH e temperatura avaliados
utilizando planejamento experimental. ............................................................................. 67
Tabela 3.2 - Matriz de planejamento experimental utilizada para avaliar a influência do pH
e da temperatura. ............................................................................................................. 67
Tabela 3.3 - Concentração de substrato utilizado nos ensaios para determinação dos
parâmetros cinéticos.............................................................................................................68
Tabela 3.4 - Fatores e níveis adotados na reação esterificação empregando HPW/Nb2O5 . 75
Tabela.3.5 - Matriz de planejamento das reações de esterificação empregando HPW/Nb2O5
........................................................................................................................................ 75
Tabela 4.1 - Caracterização da matéria-prima segundo índice de acidez e peróxido ......... 79
Tabela 4.2- Atividade hidrolítica e % umidade para o extrato enzimático proveniente de
mamona .......................................................................................................................... 82
Tabela 4.3 - Índice de acidez e percentual de ácidos graxos do óleo de amêndoa de macaúba
....................................................................................................................................... 86
Tabela 4.4 - Respostas obtidas no planejamento experimental para analisar a influência dos
fatores pH (A) e temperatura (B) na atividade hidrolítica (U g-1) do extrato enzimático
proveniente de mamona ................................................................................................... 94
Tabela 4.5 - Análise de Variância para a atividade hidrolítica do extrato enzimático
proveniente de mamona ................................................................................................... 97
Tabela 4.6 - Composição em ácidos graxos dos óleos de amêndoa e polpa de macaúba . 100
Tabela 4.7 - Valores de acidez, %AGLinicial, % Hidrólise, % AGLfinal para óleos de polpa de
macaúba ........................................................................................................................ 103
Tabela 4.8 - Comparação dos biocatalisadores empregados na hidrólise enzimática dos óleos
de macaúba. .................................................................................................................. 110
Tabela 4.9 - Caracterização do hidrolisado de óleo de polpa de macaúba ....................... 110
Tabela 4.10 - Características do suporte (Nb2O5 calcinado 300ºC) e do catalisador
(HPW/Nb2O5) ............................................................................................................... 115
Tabela 4.11 - Matriz de planejamento para esterificação do hidrolisado de óleo de polpa de
macaúba ........................................................................................................................ 116
Tabela 4.12 - Análise de variância (ANOVA) para a resposta Conversão de ésteres etílicos
(%CEE)............................................................................................................................. 121
LISTA DE ABREVIAÇÕES
AGL – Ácidos graxos livres
ANP – Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis
ANOVA – Análise de variância (Analysis of variance)
AOCS – Sociedade Americana de Óleo e Química (American Oil Chemistry’s Society)
ASTM – Padrões Americanos de Teste para Materiais (American Standards Tests for
Material)
%CEE – Percentual de conversão em ésteres etílicos
CEE – Conversão em ésteres etílicos
DAG – Diacilglicerol ou diacilgliceróis
EN – Normalizações Europeias (European Normalizations)
HPW- ácido fosfotungstico
IA – Índice de Acidez
IP- Índice de Peróxido
% m/m – Percentual mássico de uma substância em relação a outra
MAG – Monoacilglicerol ou monoacilgliceróis
MME – Ministério das Minas e Energia
TAG – Triacilglicerol ou triacilgliceróis
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 23
1.1 Objetivos .................................................................................................................. 26
1.2 Objetivos específicos ................................................................................................ 26
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 27
2.1 Biodiesel .................................................................................................................. 27
2.2 Processos de obtenção de biodiesel.......................................................................... 29 2.2.1 Transesterificação de óleos e gorduras .................................................................. 30 2.2.2 Hidroesterificação ................................................................................................. 35
2.3 Hidrólise de óleos e gorduras .................................................................................. 42 2.3.1 Hidrólise química de óleos e gorduras ................................................................... 42 2.3.2 Lipases ................................................................................................................... 46 2.3.3 Hidrólise enzimática .............................................................................................. 50
2.4 Esterificação de ácidos graxos ................................................................................. 56 2.4.1 Esterificação por catalise heterogênea .................................................................. 58
2.5 A utilização da macaúba como matéria-prima para produção de biodiesel ......... 61
3. MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 63
3.1 Materiais utilizados na etapa de hidrólise .............................................................. 63 3.1.1 Enzimas ................................................................................................................. 63 3.1.2 Substratos .............................................................................................................. 63 3.1.3 Outros reagentes .................................................................................................... 63 3.1.4 Catalisador ............................................................................................................. 64 3.1.5 Outros reagentes .................................................................................................... 64
3.2 Equipamentos .......................................................................................................... 64
3.3 Procedimento experimental..................................................................................... 64 3.3.1Caracterização da matéria-prima ........................................................................... 64 3.3.2 Determinação da atividade hidrolítica das lipases ................................................. 65 3.3.3 Preparo do extrato da enzimático proveniente de sementes de mamona ............... 66 3.3.4 Caracterização das propriedades bioquímicas do extrato enzimático proveniente de
semente de mamona. ...................................................................................................... 67 3.3.5 Caracterização das propriedades cinéticas do extrato enzimático proveniente de
semente de mamona ....................................................................................................... 68 3.3.6 Determinação das condições reacionais para as reações de hidrólise empregando
lipases comerciais e extrato enzimático proveniente de mamona ................................... 68 3.3.7 Sistema reacional operado com agitação magnética.............................................. 69
3.3.8 Sistema reacional operado com agitação mecânica ............................................... 70 3.3.9 Reações de hidrólise conduzidas em banho ultrassônico ....................................... 70 3.3.10 Quantificação do teor de ácidos graxos ............................................................... 72 3.3.11 Purificação dos produtos de hidrólise empregando extrato enzimático proveniente
de semente de mamona ................................................................................................... 72 3.3.12 Esterificação do hidrolisado ................................................................................ 73
3.3.12.1 Preparo do catalisador HPW suportado em Nb2O5 ............................................ 73
3.3.12.2 Caracterização do catalisador ........................................................................... 73
3.3.12.3 Delineamento experimental da etapa de esterificação do hidrolisado ................ 75
3.3.12.4 Sistema reacional para as reações de esterificação. ........................................... 76
3.3.12.5 Purificação do meio reacional após reação de esterificação .............................. 76
3.3.12.6 Quantificação das reações de esterificação ........................................................ 76
3.3.12.7 Caracterização do produto de reação ................................................................ 77
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................. 79
4.1 Caracterização da matéria-prima ........................................................................... 79
4.2 Atividade enzimática ............................................................................................... 80
4.2.1 Atividade hidrolítica das lipases comerciais ........................................................... 80
4.2.2 Atividade hidrolítica do extrato enzimático proveniente de mamona ..................... 81
4.3 Avaliação dos fatores que influenciam a hidrólise enzimática empregando lipases comerciais ...................................................................................................................... 82
4.3.1 Estudo da reação de hidrólise empregando como biocatalisador a lipase Candida
rugosa e o extrato enzimático proveniente de semente de mamona ................................ 92
4.4 Caracterização das propriedades bioquímicas do extrato enzimático proveniente de mamona ......................................................................................................................... 93
4.4.1 Análise de significância dos fatores na atividade hidrolítica do extrato enzimático
proveniente de mamona .................................................................................................. 94
4.4.2 Análise de significância do Modelo matemático para a atividade hidrolítica do
extrato enzimático proveniente de mamona.................................................................... 96
4.5 Caracterização das propriedades cinéticas do extrato enzimático proveniente de mamona ......................................................................................................................... 98
4.6 Avaliação dos fatores que influenciam a hidrólise enzimática empregando extrato enzimático proveniente de semente de mamona ........................................................ 100
4.7 Reações utilizando extrato enzimático proveniente de mamona em banho ultrassônico .................................................................................................................. 104
4.8 Principais considerações da etapa de hidrólise enzimática .................................. 109
4.9 Caracterização do hidrolisado de óleo de polpa de macaúba .............................. 110
4.10 Esterificação do hidrolisado de óleo de polpa de macaúba ................................ 111
4.10.1 Caracterização de catalisador ............................................................................ 111
4.10.2 Planejamento experimental da reação de esterificação empregando HPW/Nb2O5
...................................................................................................................................... 115
4.10.3 Análise de significância dos fatores na reação de esterificação ......................... 116
4.10.4 Análise de significância do modelo matemático para a reação de esterificação 120
5. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 122
SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS ............................................................ 125
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 126
23
1. INTRODUÇÃO
O tema energia atualmente é considerado o principal vetor do desenvolvimento
socioeconômico. A crescente necessidade de utilização de fontes energéticas pode ser
considerada a grande responsável pelo aumento de preços e esgotamento das fontes de
energia não renováveis como petróleo e carvão. Paralelo a isso, a crescente preocupação com
questões ambientais tem impulsionado novas pesquisas por combustíveis derivados de
fontes de energia renováveis e limpas, como o biodiesel, possibilitando assim, aumento da
capacidade energética em conjunto com um desenvolvimento econômico sustentável
(STAMENKOVIC; VELICKOVIC; VELJKOVIC, 2011).
O biodiesel é um combustível alternativo constituído de ésteres de alquila, não fóssil,
renovável, atóxico e com excelentes propriedades lubrificantes, o qual pode substituir total
ou parcialmente o diesel de petróleo em motores de ciclo diesel, com pequenas ou até
nenhuma adaptação (KNOTHE, 2010; SANTACESARIA et al., 2012). Este biocombustível
pode ser produzido a partir de processamentos de óleos e gorduras por reações de
transesterificação ou pela esterificação de materiais graxos. A transesterificação utilizando
catalisadores alcalinos é o processo de produção de biodiesel mais usado no mundo, e
consiste na reação de triacilgliceróis com um álcool de cadeia carbônica curta, na presença
de um catalisador homogêneo, como hidróxido de sódio (NaOH) ou hidróxido de potássio
(KOH), formando monoésteres alquílicos e como coproduto a glicerina.
Apesar do rápido crescimento de seu uso no mercado, este processo ainda apresenta
altos custos de produção. Problemas associados principalmente à etapa de purificação geram
perdas de rendimento e uma maior produção de resíduos. Outro problema associado ao
processo de transesterificação é a exigência de matérias-primas de alta qualidade, ou seja,
baixa acidez e baixo teor de umidade. A presença de altos teores de ácidos graxos livres leva
à formação de produtos saponificados que diminuem o rendimento do éster e dificultam
consideravelmente a recuperação do glicerol (ISSARIYAKUL; DALAI, 2014).
A hidroesterificação, em contrapartida, tem sido estudada como alternativa
tecnológica para produção de biodiesel por ter a possibilidade de se trabalhar com matérias-
primas de alta acidez e umidade. Consiste em um processo em duas etapas sendo a primeira
delas a hidrólise e a segunda a esterificação dos ácidos graxos livres produzidos na primeira
etapa e previamente purificados (RAMOS et al., 2011).
24
A hidrólise é uma operação industrial importante, uma vez que, os ácidos graxos e o
glicerol produzidos na reação são matérias-primas para uma ampla gama de aplicações
industriais (WANG et al., 2012). Os processos tradicionalmente utilizados pela indústria
utilizam catalisadores químicos e costuma empregar altas temperaturas e pressões e, em
consequência destas condições de processamento, os produtos obtidos apresentam bastante
variedade na natureza e pureza, adquirindo odor e coloração indesejáveis. Além disso, a
utilização de condições drásticas de temperatura e pressão acarreta a polimerização dos
ácidos graxos e a formação de subprodutos (KANSEDO; LEE, 2014). A hidrólise
empregando catálise enzimática, por sua vez, utiliza condições de temperatura e pressão
amenas e produz produtos com maior pureza, assim, torna-se uma alternativa promissora
para a primeira etapa do processo de hidroesterificação (LI et al.,2015; POURZOLFAGHAR
et al., 2016).
A segunda etapa do processo, a esterificação, também é uma reação muito empregada
em processos industriais. Os ésteres produzidos são usados com frequência como solventes,
plastificantes, aromatizantes, perfumes e como precursores para uma série de produtos
(LAM; LEE; MOHAMED, 2010). As reações de esterificação podem ser conduzidas sem a
presença de um catalisador, contudo a reação é extremamente lenta, o emprego de
catalisadores é necessário para tornar a reação mais rápida. Usualmente, são empregados
como catalisadores o ácido sulfúrico e clorídrico. Entretanto o uso desses catalisadores
apresenta como desvantagem problemas relacionados à produção de resíduos de difícil trato
e problemas relacionados à corrosão de equipamentos (LAM; LEE; MOHAMED, 2010). Os
catalisadores heterogêneos solucionam diversos problemas existentes na catálise em meio
homogêneo e adicionam ao processo vantagens como menor toxicidade, reciclagem do
catalisador, não corrosividade, além de apresentar facilidade de manuseio e de separação do
meio reacional (LIU et al., 2014).
O estudo da produção de biodiesel a partir da macaúba é interessante, pois o custo do
óleo da polpa é baixo, sua extração é fácil e seu cultivo, como de outras plantas usadas para
produção de óleos, atua como apoio à agricultura familiar criando melhores condições de
vida em regiões carentes e oferecendo alternativas a problemas econômicos e
socioambientais (RAMOS, 2003).
Desta forma, considera-se que a hidroesterificação do óleo de macaúba utilizando
catálise enzimática na etapa de hidrólise, conjugada com a catálise heterogênea na etapa de
25
esterificação um campo de pesquisa importante que pode facilitar a utilização desta
oleaginosa, além de colaborar para o desenvolvimento da matriz energética brasileira.
Na bibliografia disponível, muitos trabalhos apresentam bons resultados na hidrólise
enzimática empregando lipases microbianas. No entanto, o uso dessas lipases acarreta custo
adicional para a produção do biodiesel, este custo está relacionado principalmente ao custo
do biocatalisador (BARROS; FLEURI; MACEDO, 2010). Uma característica das lipases é
atuar na interface água e óleo, para melhorar esta interface são utilizados agentes
emulsificantes, o que implica etapas adicionais de purificação. Neste sentido, torna-se
importante estudar biocatalisadores de baixo custo para viabilizar esta etapa, tais como as
lipases vegetais e também estudar estratégias para melhorar a área interfacial do sistema
reacional sem a adição de emulsificantes, como por exemplo o emprego de ondas
ultrassônicas. A aplicação de ondas ultrassônicas intensifica a transferência de massa e calor
nas reações, melhora o contato entre reagentes, intermediários e produtos em sistemas
heterogêneos e acelera as taxas de reação (LUO; FANG; SMITH, 2014). Alguns trabalhos
apontam o uso de ondas ultrassônicas como um potencializador na etapa de hidrólise, seja
pelo efeito do ultrassom na emulsificação do meio, na taxa de conversão ou até mesmo no
aumento da estabilidade e atividade catalítica da enzima (BASTITELLA et al., 2012; LERIN
et al., 2014; MULINARI et al., 2017).
Este trabalho relata um estudo desenvolvido sobre a obtenção de ésteres etílicos a
partir do processo de hidroesterificação. A matéria-prima utilizada foi o óleo de macaúba
com alta acidez, como catalisadores foram utilizados o extrato enzimático proveniente de
mamona na etapa de hidrólise e o ácido fosfotungístico (HPW) suportado em óxido de nióbio
(Nb2O5) na etapa de esterificação. O caráter inovador do trabalho vem do emprego da técnica
da hidroesterificação para uma matéria-prima importante, cujo óleo apresenta
frequentemente características limitantes para a produção de biodiesel pela técnica
convencional, ou seja, a transesterificação alcalina. Além disso, foi estudada a influência da
sonoquímica na etapa de hidrólise, o que também representa uma contribuição inovadora ao
processo.
26
1.1 Objetivos
O objetivo deste projeto foi o estudo da produção de biodiesel utilizando como
matéria-prima os óleos de amêndoa e polpa de macaúba por meio do processo de
hidroesterificação. Na etapa de hidrólise enzimática o principal objetivo foi utilizar um
biocatalisador com baixo custo e avaliar a influência do ultrassom na conversão de ácidos
graxos livres. Para a etapa de esterificação o objetivo foi utilizar um catalisador heterogêneo
e determinar as condições operacionais para esta etapa, favorecendo a utilização da matéria-
prima escolhida contribuindo para o desenvolvimento da matriz energética brasileira.
1.2 Objetivos específicos Caracterizar a matéria-prima;
Selecionar o biocatalisador para efetuar a etapa de hidrólise;
Avaliar o desempenho de diferentes fontes de lipase (microbiana, células
animais e vegetais)
Determinar as propriedades bioquímicas e cinéticas do biocatalisador
selecionado
Determinar as condições ideais para a hidrólise enzimática;
Estudar os fatores que influenciam na etapa de hidrólise enzimática como:
razão mássica, agitação, concentração de biocatalisador, temperatura.
Estudar o efeito das ondas ultrassônicas na hidrólise enzimática;
Determinar as propriedades do catalisador heterogêneo (HPW/Nb2O5);
Estudar os parâmetros reacionais que exercem maior influência na etapa de
esterificação;
Determinar as condições ótimas para a etapa de esterificação;
Caracterizar os ésteres etílicos obtidos.
27
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Biodiesel
O crescente desenvolvimento social e tecnológico, acompanhado pelo aumento da
população mundial, têm resultado em uma grande demanda de energia. A comunidade
científica, órgãos governamentais e sociedade de forma cada vez mais intensa, têm discutido
o uso de combustíveis fósseis para a geração de energia e a consequente geração de gases
poluentes causada por eles durante a combustão nos motores (ARANSIOLA et al., 2014).
Neste contexto, o biodiesel aparece como uma alternativa para substituir o diesel
mineral. O biodiesel é uma fonte de energia renovável e ecologicamente favorável obtida a
partir de óleos e gorduras. Quimicamente, é definido como éster monoalquílico de ácidos
graxos derivados de lipídeos de ocorrência natural e pode ser produzido através da reação
de transesterificação de triacilgliceróis com álcoois, geralmente de cadeia carbônica curta,
tais como metanol ou etanol, na presença de um catalisador ácido, básico ou enzimático
(LAM; LEE; MOHAMED, 2010).
Apesar de apresentar algumas desvantagens relacionadas ao seu uso (maior
instabilidade oxidativa, maior ponto de névoa, menor poder calorífico e aumento das
emissões de NOx), o biodiesel apresenta outras características que justificam a sua
utilização, uma vez que as desvantagens podem ser superadas pela adição de aditivos e
otimização de processos desenvolvidos a partir do conhecimento aprofundado de suas
propriedades (YAAKOB et al., 2014).
As principais vantagens apresentadas pelo uso do biodiesel como substituto parcial
ou integral do diesel são: a biodegradabilidade e baixa toxicidade. Além disso, o biodiesel
apresenta vantagens técnicas tais como: isenção de enxofre e compostos aromáticos em sua
composição, proporcionando uma combustão mais limpa e sem a formação de SO2 (gás que
provoca a formação de chuva ácida) e de compostos cancerígenos (hidrocarbonetos
policíclicos aromáticos); um maior ponto de fulgor que o diesel mineral, o que significa que
o biodiesel não é inflamável nas condições normais de transporte, manuseio e
armazenamento, proporcionando mais segurança em sua utilização (ARANSIOLA et al.,
2014, SANTACESARIA et al., 2012).
Segundo Lima et al. (2007), o uso de biodiesel como combustível vem crescendo
aceleradamente no mundo inteiro, pois a cadeia de produção deste combustível tem um
potencial promissor em vários setores, tais como, social, ambiental e tecnológico. O
28
biodiesel abre oportunidades de geração de empregos no campo, valorizando a mão de obra
rural, bem como no setor industrial valorizando a mão de obra especializada na produção do
combustível.
Cabe ressaltar que, além dos aspectos técnico, ambiental e social, a produção de
biodiesel desempenha um papel importante no reforço da segurança energética de uma
nação. Uma vez que todos os países possuem condições de prover parte de suas necessidades
energéticas a partir de biocombustíveis, mesmo aqueles que não possuem campos de
exploração de petróleo. Desta maneira, apesar do custo elevado, muitos países apoiam a
produção deste combustível (LIN et al., 2011; SANTACESARIA et al., 2012).
Outra questão importante a ser discutida é com relação à escolha de insumos para
obtenção de biodiesel já que a principal barreira à utilização do biodiesel em grande escala
é o alto custo de produção ocasionado em grande parte pelo custo da matéria-prima. Para
isso, três critérios devem ser levados em consideração: viabilidade técnica e econômica para
obtenção do óleo e gordura em escala suficiente para atender a demanda pelo biodiesel;
viabilidade técnica e econômica na transformação do óleo em biocombustível e garantias
que o produto final atenda às especificações do combustível obtido (SUAREZ et al., 2009).
Três oleaginosas são cultivadas em larga escala e têm importância diferenciada no
mercado internacional de óleos vegetais destinados à produção de biodiesel: a palma
utilizada em países tropicais como Indonésia e Malásia; a soja, principal matéria-prima
empregada nos Estados Unidos; e a colza, principal oleaginosa produzida na Europa e
Canadá (KNOTHE, 2010; SANTACESARIA et al., 2012).
No Brasil a principal matéria-prima para a produção de biodiesel é a soja, responsável
por 77% da produção nacional, seguido da gordura animal que representa 19% da produção.
O país está entre os maiores produtores e consumidores de biodiesel do mundo, com uma
produção anual, em 2015, de 7.310 mil m³. Desde 1º de novembro de 2014, o óleo diesel
comercializado em todo o Brasil contém 7% de biodiesel. Esta regra foi estabelecida pelo
Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que aumentou de 5% para 7% o
percentual obrigatório de mistura. Em 2015, o CNPE autorizou a comercialização e o uso
voluntário de misturas com biodiesel, em quantidade superior ao percentual de sua adição
obrigatória ao óleo diesel, observando os seguintes limites máximos de adição de biodiesel
ao óleo diesel, em volume (Resolução CNPE nº 3/2015): a) 20% em frotas cativas ou
consumidores rodoviários atendidos por ponto de abastecimento; b) 30% no transporte
ferroviário; c) 30% no uso agrícola e industrial; d) 100% no uso experimental, específico ou
29
em demais aplicações. A Portaria MME nº 516/2015, posteriormente, fixou os limites dos
três primeiros itens, significando que quaisquer misturas superiores ao limite obrigatório e
distintas de 20% e de 30% seriam enquadrados no quarto caso (ANUÁRIO, 2016).
2.2 Processos de obtenção de biodiesel
Apesar de energeticamente favorável, o uso direto de óleos vegetais como
combustível para motores é problemático, devido à sua alta viscosidade, o que ocasiona uma
baixa atomização do combustível e consequentemente formação de depósitos de carbono
nos sistemas de injeção, diminuição da eficiência de lubrificação, obstrução nos filtros de
óleo e sistemas de injeção entre outros. Além disso, a utilização de óleos e gorduras
diretamente nos motores leva à formação da acroleína, um componente tóxico produzido a
partir da queima do glicerol (KNOTHE; GERPEN; RAMOS, 2006).
Para tornar os óleos apropriados para o uso como combustível em motores do ciclo
diesel, consideráveis esforços foram conduzidos com o objetivo de promover algumas
modificações nas suas propriedades para aproximá-las às do diesel mineral. Dentre as
alternativas estudadas destacam-se o craqueamento, também conhecido como pirólise, a
microemulsão e a utilização de blendas de óleo e diesel. Entretanto, a utilização destes
processos na transformação de óleos produz um combustível que ainda apresenta problemas
relacionados à formação de depósitos de carbono (LIN et al., 2011).
Além disso, apesar da Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, definir o biodiesel como
qualquer combustível alternativo de natureza renovável que possa ser empregado na
substituição do diesel de petróleo em motores do ciclo Diesel, o único biodiesel já
regulamentado no território brasileiro corresponde aos ésteres alquílicos de óleos ou
gorduras que são obtidos a partir de uma reação de transesterificação e esterificação
(RESOLUÇÃO ANP nº 45/2014).
O processo de transesterificação converte triacilgliceróis em ésteres com propriedades
similares às do diesel mineral. Atualmente a transesterificação é o processo amplamente
utilizado na indústria para a conversão de óleos e gorduras em biodiesel por apresentar-se
como um processo relativamente simples e viável.
30
2.2.1 Transesterificação de óleos e gorduras
A transesterificação também chamada alcoólise é o termo geral usado para descrever
uma importante classe de reações orgânicas na qual um éster é transformado em outro por
meio da troca dos grupos alcóxidos. Na transesterificação de óleos e gorduras,
especificamente, um triacilglicerol reage com um álcool na presença de um catalisador
produzindo uma mistura de ésteres monoalquílicos de ácidos graxos e glicerol. Do ponto de
vista estequiométrico, a reação se processaria na razão de três mols de álcool para um mol
de triacilglicerol. No entanto, altas conversões somente são alcançadas com o emprego de
razões molares que podem variar de duas até dez vezes a razão estequiométrica
(ARANSIOLA et al., 2012).
Outros fatores também podem influenciar de maneira relevante este processo, como
por exemplo o tempo de reação, o tipo e quantidade utilizada de catalisador, a temperatura
reacional, a pureza dos reagentes e a quantidade de ácidos graxos livres presentes nas
matérias-primas; já que a reação de transesterificação de triacilgliceróis não ocorre em uma
única etapa, mas numa sequência de reações reversíveis consecutivas, com a formação de
diacilgliceróis (DAG) e monoacilgliceróis (MAG) (Figura 2.1). A conversão do
monoacilgliceróis em éster metílico ou etílico constitui a etapa mais lenta da reação
(TALEBIAN-KIAKALAIEH et al., 2013).
Os álcoois, que são os agentes de transesterificação, podem ser o metílico (metanol),
o etílico (etanol), o propílico, o butílico ou o amílico. O metanol e o etanol são
frequentemente empregados, sendo o metanol o mais utilizado devido ao seu baixo custo e
suas propriedades físico-químicas, principalmente a maior polaridade devido à menor cadeia
carbônica (STAMENKOVIC; VELICKOVIC; VELJKOVIC, 2011). Em nosso país, o
etanol apresenta grande potencial devido à sua baixa toxicidade e fácil disponibilidade.
31
Figura 2.1-Etapas da transesterificação de triacilgliceróis
Fonte: (RAMOS et al., 2011)
No processo de transesterificação, pode ser empregada uma grande variedade de
catalisadores como: bases inorgânicas como hidróxido de sódio e potássio; ácidos minerais
como o ácido sulfúrico; enzimas (lipases); resinas de troca iônica (resinas de troca catiônica
ou aniônica) e zeólitas, dentre muitos outros (ISSARIYAKUL; DALAI, 2014).
Dentre as rotas tecnológicas, a transesterificação utilizando catalisadores
homogêneos é comumente aplicada na indústria. As reações de transesterificação
homogênea podem ocorrer via catálise básica, ou via catálise ácida. A reação de
transesterificação alcalina é a mais conhecida atualmente por apresentar um curto tempo de
R C
O
O CH2
R C
O
O CH
R C
O
O CH2
H3CCH2
OH R C
O
OH2C CH3+ +
R C
O
O CH2
R C
O
O CH
HO CH2
R C
O
O CH2
HO CH
HO CH2
R C
O
O CH2
R C
O
O CH
HO CH2
H3CCH2
OH R C
O
OH2C CH3
HO CH2
HO CH
HO CH2
R C
O
O CH2
HO CH
HO CH2
H3CCH2
OH R C
O
OH2C CH3
Triglicerídeo Etanol Éster etílico Diglicerídeo
+ +
++
Diglicerídeo Etanol Éster etílico Monoglicerídeo
GlicerolÉster etílicoEtanolMonoglicerídeo
32
reação e condições amenas de temperatura. Os catalisadores mais utilizados no processo são
os hidróxidos de metais alcalinos (RAMOS et al., 2011). Embora a transesterificação de
óleos vegetais na presença de catalisadores alcalinos homogêneos seja uma reação
relativamente simples, para que a reação tenha valores satisfatórios de conversão é
necessário que sejam utilizadas matérias-primas de boa qualidade, principalmente com
relação à acidez, tais como óleos refinados, o que acarreta um custo elevado para produção
e comercialização do biodiesel (ANWAR; GARFORTH, 2016).
A presença de água e ácidos graxos livres, além de diminuir a eficiência da
conversão, torna difíceis as etapas de separação do glicerol e purificação do biodiesel
formado (HAMA; KONDO, 2013). Nesta condição, metodologias baseadas em reações
catalisadas por ácidos respondem bem a essas dificuldades, uma vez que não são
prejudicadas pela presença de ácidos graxos livres. Os processos de transesterificação via
catálise ácida homogênea (líquida) ainda não têm a mesma popularidade para aplicações
industriais como o processo via catálise básica. A razão principal para isso é o fato da
catálise ácida homogênea ser muito mais lenta quando comparada à básica
(SANTACESARIA et al., 2012).
O processo homogêneo depende do emprego de catalisadores solúveis como
hidróxidos metálicos, metóxidos e ácidos minerais. A etapa de remoção destes catalisadores
residuais implica aumento de custos de purificação. Nesse sentido os catalisadores
heterogêneos apresentam-se como substitutos promissores. A utilização de catalisadores
heterogêneos apresenta vantagens como reduzir significativamente o número de etapas de
purificação dos produtos, bem como a possibilidade de serem reutilizados e desta maneira
viabilizar a produção do biocombustível por processo contínuo com reatores de leito fixo.
Dentre os catalisadores mais utilizados, podem-se destacar o óxido de cálcio, óxido de
magnésio, óxido de zinco suportado em alumínio, óxido de zircônia, óxido de estanho,
acetato de sódio e de bário, hidrocalcita, rochas de carbonato de cálcio, zeólitas como bases
sólidas, faujasita, etc. (LAM; LEE; MOHAMED, 2010).
Outra alternativa à catálise homogênea é a transesterificação por catálise enzimática.
As enzimas são catalisadores biológicos de altíssima eficiência, em geral muito maior que a
dos catalisadores sintéticos, pois têm alto grau de especificidade por seus substratos. A
utilização de lipases isoladas e lipases imobilizadas como catalisadores enzimáticos é uma
das alternativas propostas na literatura para a obtenção de ésteres com altas conversões. As
lipases são enzimas presentes em diversos organismos, que incluem animais, plantas, fungos
33
e bactérias e possuem a função biológica de catalisar a hidrólise de gorduras e óleos vegetais,
com a posterior liberação de ácidos graxos livres, diacilgliceróis, monoacilgliceróis e
glicerol (ANTCZAK et al., 2009; YUNUS et al., 2014).
Comparando-se os processos de produção de biodiesel por catálise enzimática e
química, o processo biocatalítico apresenta algumas vantagens: a reação ocorre em
temperaturas mais brandas e o glicerol formado é facilmente recuperado. Além disso, a
reação não é prejudicada pela presença de ácidos graxos livres, uma vez que estes são
totalmente convertidos em ésteres etílicos por este processo (ANTCZAK et al., 2009).
Porém, o alto custo destes catalisadores aliado à sua rápida inativação na presença de álcool
ainda tem inviabilizado o seu uso comercial, além de serem necessários tempos bastante
elevados para se obter altas conversões (CHRISTOPHER; KUMAR; ZAMBARE, 2014;
STAMENKOVIC; VELICKOVIC; VELJKOVIC, 2011).
O Quadro 2.1 apresenta a reação de transesterificação e os diferentes tipos de
catalisadores empregados, bem como as vantagens e desvantagens apresentadas em cada
processo.
34
Quadro 2.1 - Vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de catalisadores empregados na transesterificação Tipo de catalisador
Vantagens Desvantagens
Catálise básica
homogênea
Tempo de reação baixo; A reação ocorre em condições brandas de
temperatura e pressão; Os catalisadores empregados (NaOH, KOH) são
relativamente baratos e disponíveis.
Sensível à presença de AGL; Formação de sabão quando os teores de AGL são
superiores a 2%(m/m), diminuindo o rendimento de reação e dificultando as etapas de purificação.
Catálise básica heterogênea
Relativamente mais rápida do que a transesterificação ácida;
A reação ocorre em condições brandas;
Separação entre catalisador e produto é fácil, Possibilidade de regeneração e reuso do
catalisador.
Sensível à presença de AGL devido ao seu caráter básico;
Formação de sabão quando os teores de AGL são superiores a 2%(m/m), diminuindo o rendimento de reação;
A lixiviação dos sítios do catalisador pode resultar na contaminação do produto.
Catálise ácida
heterogênea
Não é sensível à presença de AGL; Método preferencial quando utilizado óleo de má
qualidade; Esterificação e transesterificação ocorrem
simultaneamente;
Separação entre catalisador e produto é fácil,
Alta possibilidade de regeneração e reuso do catalisador.
A síntese do catalisador é complicada, acarretando um maior custo;
A temperatura de reação e a razão molar óleo e etanol são elevadas;
O tempo de reação é elevado; A lixiviação dos sítios do catalisador pode resultar na
contaminação do produto.
Catálise enzimática
Não é sensível à presença de AGL; Método preferencial quando utilizado óleo de má
qualidade; A transesterificação enzimática pode ser
realizada em temperaturas brandas
Purificação é simples
Alto custo;
Sensível ao álcool, normalmente o metanol pode inativar a atividade enzimática;
A velocidade de reação é lenta
Fonte: (LAM; LEE; MOHAMED, 2010)
35
2.2.2 Hidroesterificação
O processo de transesterificação alcalina de óleos e gorduras, apesar de bem
consolidado, apresenta dois problemas críticos: o uso de matéria-prima que compete com o setor
de alimentos, no caso da soja, e o custo de produção de biodiesel, uma vez que esse processo
requer matérias-primas de baixa acidez, encarecendo o produto final (ARANSIOLA et al., 2013;
RAMOS et al., 2011). Atualmente tem sido investigado como alternativa à transesterificação
alcalina o processo de hidroesterificação. Este processo consiste em duas etapas associadas, a
etapa de hidrólise na qual as moléculas de triacilgliceróis são hidrolisadas aos respectivos
ácidos, tendo como subproduto o glicerol e, a etapa seguinte de esterificação na qual os ácidos
graxos obtidos na primeira etapa são esterificados com o álcool desejado (Figura 2.2).
Figura 2.2 - Fluxograma simplificado do processo de hidroesterificação
Fonte: Própria
Biodiesel
Reação de hidrólise Reação de Esterificação Purificação
Óleo ou Gordura Água Glicerina Álcool
36
Este processo apresenta como principal vantagem a utilização de matérias-primas (óleos
de plantas oleaginosas, resíduos gordurosos industriais, e óleos de frituras) com qualquer teor
de ácidos graxos e umidade. Como cerca de 80% do custo de produção do biodiesel é
proveniente do custo da matéria-prima, a hidroesterificação permite um significativo salto na
viabilidade da produção de biodiesel (ARANDA et al., 2008). Além disso, promove
considerável melhora na pureza da glicerina, com teor mínimo de 98%, visto que pode ser obtida
isenta de qualquer contaminação com sal.
Foi desenvolvido em 2008 na Universidade Federal do Rio de Janeiro um trabalho em
que foi feito um comparativo de viabilidade econômica das rotas de transesterificação e
hidroesterificação. Neste trabalho, foram simulados cenários cujas plantas produziam 100 mil
toneladas por ano de biodiesel e utilizavam matéria-prima composta de 50% óleo vegetal e 50%
de gordura animal. Segundo este trabalho, o processo de hidroesterificação, por utilizar como
insumo apenas o catalisador heterogêneo e dispensar pré-tratamentos da matéria-prima ou refino
dos produtos, possui vantagens de custos operacionais, além de possibilitar a utilização de
matérias-primas de baixo preço, como óleo de fritura. Segundo o levantamento feito neste
trabalho, a planta de biodiesel utilizando o processo de transesterificação, apresentou custos
operacionais 4% maiores quando comparados com os custos do processo de hidroesterificação
(ENCARNAÇÃO, 2008).
O processo de hidroesterificação permite várias combinações, sendo que a mais
vantajosa seria a utilização da catálise heterogênea ou enzimática na etapa de hidrólise, pois
desta maneira obtém-se uma glicerina muito mais pura quando comparada com a glicerina
advinda da transesterificação.
Os principais trabalhos abordando este processo estão sumarizados no Quadro 2.2.
37
Quadro 2.2 - Condições reacionais para processo de hidroesterificação Hidrólise Esterificação Referência
Catalisador: Extrato enzimático de semente de mamona Matéria-prima: óleo de polpa de macaúba (9,3±1,9 mgKOH/g de óleo) Condições reacionais: 6% (m/m) de catalisador; Temperatura 35°C, 35% (m/m) óleo/tampão acetato de sódio pH (4,5) Tempo 110 min; Conversão total
Catalisador: Thermomyces lanuginosus imobilizada em Poli-hidroxibutirato (220U/mg) Condições reacionais: 16% (m/v) de catalisador; Temperatura 32,5°C, Razão molar 1:1 (álcool: AGL) 750mM de reagentes em heptano; Agitação de 250 rpm em shaker Conversão de 92%
BRESSAMI et al., 2014
Catalisador: Enzimas vegetais (VE) obtidas a partir de semente de mamona Matéria-prima: óleo de polpa de macaúba Condições reacionais: 2,5% (m/v) de catalisador (7,8U por grama de óleo); Temperatura 30°C, 50% (v/v)(tampão-óleo); pH (4,0) Tempo 6h; Conversão de 99,6%
Catalisador: Fermentado sólido seco com lipase proveniente de Rhizomucor miehei Condições reacionais: 15,1U de fermentado sólido seco por grama de AGL; Temperatura 40°C, Razão molar 2:1 (etanol:AGL) Tempo 8h; Conversão de 91%
AGUIEIRAS et al., 2014
Continua
38
Continuação
Quadro 2.2 - Condições reacionais para processo de hidroesterificação
Hidrólise Esterificação Referência C. rugosa e C. antarctica Matéria-prima: óleo de Nagchampa Condições reacionais: Razão mássica 1:1 para C. rugosa e 1:3 C. antarctica. 400 U para C. rugosa e 800mg para C. antarctica Temperatura de 30°C Tempo de 6h
C. antarctica imobilizada Condições reacionais: Razão molar metanol: AGL 2:1 1000 mg de lipase, Temperatura de 45°C Tempo de 20h Conversão de 75%
JADHAVA; GOGATE, 2014
Catalisador: Nióbia fosfatada (H3PO4/Nb2O5) Matéria-prima: óleo de polpa de macaúba Condições reacionais: 24% de catalisador; Temperatura 300°C, Agitação de 700 rpm, Razão molar 9:1 (água-óleo); Tempo 1h; Conversão de 84%
Catalisador: Zeólita H-USY (CVB760) Condições reacionais: 19% de catalisador; Temperatura 150°C, Agitação de 500 rpm, Razão molar 3:1 (metanol-AGL); Tempo 1h; Conversão de 80%
CÁRDENAS, 2013
Continua
39
Continuação
Quadro 2.2 - Condições reacionais para processo de hidroesterificação
Hidrólise Esterificação Referência
Catalisador: óxido de nióbio Matéria-prima: óleo proveniente de biomassa microbiana (Scenesmus dimorphus) Condições reacionais: 20% de catalisador; Temperatura 300°C, Agitação de 400 rpm, Razão molar 5:1 (água-óleo);
Catalisador: óxido de nióbio Condições Reacionais: 20% de catalisador; Temperatura 200°C, Agitação de 500 rpm, Razão molar 5:1 (etanol:AGL); 1h de reação. Conversão de 80%.
DÍAZ et al., 2013
Hidrólise contínua em meio aquoso em condições subcríticas (60 atm, 250°C) e sem catalisador. Matéria-prima: borra ácida de óleo de soja.
Reator de leito fixo empacotado com sólido fermentado (Burkholderia cepacia LTEB11) Tempo 72h, Temperatura 50°C. Conversão foi de 92% em 31h.
SOARES et al.,
2013
Catalisador:Termomyces lanuginosus (TL 100L) Matéria-prima: óleo de soja; Condições reacionais: A melhor condição reacional foi 50% (v/v) de óleo e água destilada; 60ºC; 2,3% (v/v) de lipase (53U/mL); 48h. Conversão de 89%.
Catalisador ácido nióbico Condições reacionais: Reator tipo autoclave, temperatura 200ºC e 350psi; Agitação de 500 rpm; Razão molar de metanol/AG de 3:1; Razão molar de etanol/AG de 4:1; 20% de catalisador; 60 min de reação. Conversão de 97,1%.
CAVALCANTI et al., 2011
Continua
40
Continuação
Quadro 2.2 - Condições reacionais para processo de hidroesterificação Hidrólise Esterificação Referência
Catalisador Candida rugosa Matéria-prima: óleo residual (OR); Condições reacionais: Razão água: OR 1:1 (5g de OR, 5mL de lipase 0,5g/L); Temperatura de 30ºC; Agitação 250 rpm; Tempo de 10h. Conversão de 93%
Catalisador Amberlyst 15 Condições Reacionais: 10 mL de solução AG/isooctano; Razão molar de metanol/AG de 4:1; Temperatura de 60ºC 1g de catalisador; 120 min de reação. Conversão de 99%.
TALUKDER et al., 2010
Catalisador Candida rugosa Matéria-prima: óleo de palma bruto (OPB); Condições reacionais: Razão de água: OPB 1:1; Concentração de lipase 0,1% m de OPB; Tampão pH 7,0, 30ºC, 250 rpm, 4h. Conversão de 93%
Catalisador Novozym 435®. Condições reacionais: 10 mL de AGL em isooctano (0,35-0,36M) Razão Metanol/AGL 1,2:1; Concentração de lipase 0,04g, Temperatura de 40ºC, Agitação de 250 rpm, Tempo 2h. Conversão de 98%
TALUKDER et al., 2010
Continua
41
Conclusão Quadro 2.2 - Condições reacionais para processo de hidroesterificação
Hidrólise Esterificação Referência Catalisador: Extrato enzimático proveniente de pinhão manso (Jatropha curcas L.) Matéria-prima: óleo de pinhão manso; Condições reacionais: Agitação de 450 rpm; 50%(m/v) de substrato em tampão pH 8,0; 10% (m/m) de lipase; tempo de 2h. Conversão de 98%
Catalisador ácido de nióbio Condições Reacionais: Reator tipo autoclave, temperatura 200ºC e 500psi; Agitação de 500rpm; Razão molar de metanol/AG de 3; 20% de catalisador; 120 min de reação. Conversão de 97,1%.
SOUSA et al., 2010
Catalisador ácido acético. Matéria-prima: óleo de Jatropha curcas Condições reacionais: 100mL de água deionizada;10mL de óleo; 0,25mL de ácido acético; Temperatura de 523K, 543K e 563K; A pressão de 11 MPa é mantida com um cilindro de N2.
Conversão foi de 94% na temperatura de 563K (290°C) Tempo de 1h
Processo de Esterificação Supercrítica Condições Reacionais: Razão Molar 3:1 (Metanol: Hidrolisado); Temperatura de 543K e 563K; Pressão de 11 Mpa.
Conversão de 98,3% na temperatura de 563K.
CHEN et al., 2010
Fonte: Própria
42
2.3 Hidrólise de óleos e gorduras
2.3.1 Hidrólise química de óleos e gorduras
Triacilgliceróis, em presença de água e catalisador, sofrem hidrólise liberando
glicerol e ácidos graxos livres (Figura 2.3). Os catalisadores podem ser ácidos, bases
(PETER; VOLLHARDT; SCHORE, 2004) ou enzimas lipolíticas, a esterificação, no caso,
é a reação inversa à hidrólise.
Figura 2.3 - Reação de Hidrólise e Esterificação
R2
OO
O O
O
O
R3
R1
OH2 R1
O
OH
R2
O
OH
R3
O
OH
OH
OH
OH
+ +
Triacilglicerol Ácidos graxos Glicerol
Hidrólise
Esterificação3
Fonte: (PETER; VOLLHARDT; SCHORE, 2004)
A hidrólise de óleos e gorduras é uma reação de equilíbrio e caracteriza-se por um
aumento gradual na velocidade de reação, devido ao aumento da solubilidade dos glicerídeos
(mono e di) em meio aquoso. Os principais fatores que afetam a hidrólise são: temperatura,
tipo de catalisador, teor de água no meio reacional e a concentração de glicerol liberado na
fase aquosa (SATYARTHI et al, 2011; DIECKELMANN; HEINZ, 1988).
A reação acontece em estágios, que ocorrem simultaneamente em velocidades
diferentes. Nas reações de hidrólise, os triacilgliceróis são convertidos para di e
monoacilgliceróis e estes, por sua vez, são convertidos em glicerol e ácidos graxos livres.
Todas essas reações são reversíveis, o processo é endotérmico, portanto a reação é favorecida
pelo aumento da temperatura. O aumento de temperatura e pressão favorece também a
miscibilidade entre água e os triacilgliceróis e, consequentemente, aumenta a taxa de
conversão de ácidos graxos livres (SATYARTHI et al., 2011).
43
O processo amplamente usado é o chamado Colgate-Emery, em que a reação é
conduzida em sistema continuo e contracorrente, utilizando 40-50% em massa de óleo, sem
catalisador, em temperaturas de 250-330ºC e pressões de 50-60 bar. Esse processo é eficiente
e o rendimento é de 95%. Entretanto devido à utilização de condições extremas os
triacilgliceróis e os ácidos graxos podem sofrer decomposição térmica levando a uma
diminuição do rendimento (GOSWANI et al., 2013). A utilização de catalisador pode
favorecer as reações em temperaturas menores. Na indústria oleoquímica, geralmente são
utilizados catalisadores químicos inorgânicos, temperaturas (100 a 280 °C) e pressões
elevadas (48 bar). O catalisador promove maior interação entre os triacilgliceróis e a água
em decurso da formação de emulsões (SATYARTHI et al., 2011).
No processo de hidrólise catalisada por base, o óleo ou gordura é hidrolisado na
presença de NaOH aquecido em temperaturas de 70 a 100ºC. Sequencialmente é adicionado
HCl vagarosamente ao meio reacional para a acidificação e obtenção dos ácidos graxos
livres. O produto formado apresenta odor e coloração indesejáveis. Esse processo apresenta
como desvantagem a grande quantidade de sal formada na neutralização (GOSWAMI et al.,
2013). Além do alto consumo energético, na catálise química os produtos resultantes são
ácidos graxos extremamente escuros e uma solução aquosa rica em glicerol, que necessitam
ser redestilados para remoção da cor e de subprodutos.
Apesar da hidrólise química ser bem consolidada e apresentar rendimentos superiores
a 90%, as pesquisas avançam na busca por catalisadores que minimizem o consumo de
energia e mantenha as taxas de conversão. Alguns desses estudos estão demonstrados no
Quadro 2.3.
44
Quadro 2.3 - Exemplos de hidrólise de óleos e gorduras Tipo de óleo ou
gordura Catalisador Condições reacionais Observações Referência
Óleo de Cerbera odollan
Reação sem catalisador
Temperatura 170-200°C; Razão volumétrica óleo: água 80:20 a 20:80; Pressão 0,1-3,0 MPa; Tempo 2,5 -12h.
As melhores condições foram 200°C e razão volumétrica óleo:água de 20:80 e pressão de 0,1MPa; A presença de AGL facilita a reação de hidrólise “autocatálise”
KANSEDO; LEE, 2014.
Óleo de soja Ácido sulfúrico (1%
m/m em relação a massa de óleo
A reação foi conduzida em reator pressurizado de aço inox com controle de temperatura e agitação Temperatura 250°C; Razão volumétrica água: óleo 1:1 Tempo de 2h.
A pressão autógena (resultante apenas da pressão de vapor dos reagentes)
SILVA et al., 2011.
Óleo de canola; Óleo de camelina;
Óleo de alga.
Reação sem catalisador
Processo de hidrólise contínuo Temperatura de 260°C, 20mL/min de água e 10mL/min de óleo. Tempo de 3h
------------ WANG et al.,
2012.
Continua
45
Conclusão
Quadro 2.3 - Exemplos de hidrólise química
Tipo de óleo ou gordura
Catalisador Condições reacionais Observações Referência
Óleo de soja Reação sem catalisador
Processo em batelada com controle de temperatura e agitação. Temperatura de 250-300°C Tempo de reação 2h
Predição do modelo cinético de reação levando em consideração o processo de autocatálise
MILLIREN et al., 2013.
Óleos e gorduras Complexo Fe –Zn
DMC (Double metal cyanide)
Processo em batelada 5-20g de óleo; Razão molar óleo:água 1:5-1:40; Catalisador 1-10%m de óleo; Temperatura de 433-483K Pressão autógena, Tempo 1-12h
Conversão de 73% a temperatura de 463K com 5%m de catalisador
SATYARTHI et al., 2011
Fonte: Própria
46
2.3.2 Lipases
Os biocatalisadores são utilizados em química orgânica como uma alternativa aos
processos químicos clássicos por apresentarem vantagens, tais como: elevada velocidade de
reação; utilização de condições brandas; compatibilidade com substratos sintéticos; em alguns
casos podem catalisar as reações nos dois sentidos. Contudo apresentam seletividade quanto ao
tipo de reação que catalisam (PAQUES; MACEDO, 2006).
Dentre os biocatalisadores a lipase ocupa um lugar de destaque devido às suas
singularidades e múltiplas aplicações na indústria oleoquímica, na síntese química, formulação
de detergente e na indústria alimentícia. As lipases são enzimas classificadas como hidrolase
(glicerol éster hidrolases, EC 3.1.1.3) e atuam sobre a ligação éster de vários compostos, sendo
os acilgliceróis seus melhores substratos. São encontradas na natureza podendo ser obtidas a
partir de fontes animais, vegetais e microbianas (ANTCZAK et al., 2009).
Possuem a característica de catalisar a reação de hidrólise de óleos e gorduras em ácidos
graxos e glicerol na interface água-lipídeo podendo, em alguns casos, impedir que as cinéticas
das reações sejam descritas pelas equações de Michaelis-Menten (DE CASTRO et al., 2004). A
reação inversa, de esterificação, ocorre em meio não aquoso. Uma mudança na conformação
desta enzima ocorre quando há contato com um substrato insolúvel em água. Este fenômeno
chamado de ativação interfacial é caracterizado pela abertura da tampa “lid” que cobre o sítio
ativo desta enzima (SAXENA et al., 2003).
Além da hidrólise e da esterificação, as lipases também são capazes de catalisar reações
de transesterificação (interesterificação, alcóolises e acidólises), aminólise (síntese de amidas)
e lactonização, sendo que a atividade de água do meio reacional é um dos fatores determinantes
para cada classe de reação (Figura 2.4) (PAQUES; MACEDO, 2006).
47
Fonte: (CORTEZ; DE CASTRO; ANDRADE, 2017)
Dependendo da fonte, as lipases podem ter massa molar entre 20 a 75 kDa, atividade em
pH na faixa entre 4 e 9 e em temperaturas variando desde a ambiente até 70ºC. Lipases são
usualmente estáveis em soluções aquosas neutras à temperatura ambiente apresentando, em sua
maioria, uma atividade ótima na faixa de temperatura de 30 a 40ºC. Contudo sua
Figura 2.4 - Reações catalisadas por lipases
48
termoestabilidade varia consideravelmente em função da origem, sendo as lipases microbianas
as que possuem maior estabilidade térmica (CHRISTOPHER; KUMAR; ZAMBARE, 2014).
Conforme a classificação das enzimas, as lipases são divididas em:
Lipases não especificas (produzidas por Candida rugosa, Staphylococcus
aureuns, Chromobacterium viscosum e Pseudomonas sp.) clivam moléculas de
acilgliceróis na posição randômica, produzindo ácidos graxos livres, glicerol,
monoacilgliceróis e diacilgliceróis como intermediários.
Lipases 1,3 específicas (Aspergillus niger, Mucor javanicus, Thermomyces
lanuginosus, Rhizopus delemar, Rhizopus oryzae, Candida lipolytica, Rhizopus
niveus e Penicillium roquefortii) liberam ácidos graxos das posições sn 1 e sn 3
e formam por esta razão, produtos com composições diferentes daquelas obtidas
pelas lipases não regiosseletivas, ou mesmo pelo catalisador químico. Entretanto,
a hidrólise total pode ocorrer se a reação for por tempo prolongado,
considerando-se que os 2 MAG ou 1,2 (2,3) DAG formados, podem ser
isomerizados espontaneamente para as posições 1 ou 3 (CARVALHO et al.,
2003).
Lipases ácido graxo específicas com relação ao tamanho de cadeia ou ao número
de insaturações. Essas lipases catalisam a hidrólise de tipos específicos de grupo
acilas nas moléculas TAG, como exemplo típico deste grupo podemos citar a
lipase Geotrichum candidum que hidrolisa preferencialmente grupos acila de
cadeia longa, que contenham dupla ligação cis na posição 9 (CARVALHO et al.,
2003).
Suas aplicações são inúmeras, sendo que normalmente em escala industrial são
empregadas as lipases de origem microbiana. Segundo Cortez, De Castro, Andrade (2017), dois
terços das pesquisas em síntese orgânica por biotransformação envolvem a ação de enzimas
hidrolíticas como as lipases proteases e esterases. Dentro deste contexto, as lipases apresentam
destaque no cenário mundial e com base em indicadores, científico e tecnológico as lipases ainda
mantem elevado grau de interesse para aplicação em diversos segmentos industriais, com
49
projeção de crescimento na demanda mundial estimada em 6,2% anualmente, atingindo US$
345 milhões em 2017 e a medida que os estudos avançam, novas aplicações são estabelecidas
nas mais diversas áreas (Figura 2.5).
Figura 2.5 - Aplicações de lipase nos diversos setores
Fonte: (CORTEZ; DE CASTRO; ANDRADE, 2017)
50
2.3.3 Hidrólise enzimática A reação típica catalisada pelas lipases em meio aquoso é a hidrólise de éster. A hidrólise
de óleos e gorduras pela rota enzimática é vantajosa porque além de requerer condições brandas
de pressão e temperatura os produtos formados têm uma maior especificidade por não sofrerem
oxidação durante o processo de hidrólise (GOSWANI et al., 2013)
A hidrólise enzimática é uma reação em que ocorre a clivagem sequencial dos grupos
acila no glicerídeo, de tal forma que, num dado momento, a mistura reacional contém não
somente triacilgliceróis, água, glicerol e ácidos graxos, como também diacilgliceróis e
monoacilgliceróis (Figura 2.6) (TAN et al., 2010; DE CASTRO et al., 2004).
R2
OO
O O
O
O
R3
R1
OH2
R1
O
OH
R2
O
OH
R3
O
OH
OH
OH
OH
+
+
R2
OO
OH
O
O
R3
O
OH
O
OH
R3 +
+
R2
OO
OH
O
O
R3
O
OH
O
OH
R3
OH2
OH2
+
+
Lipase
Lipase
Lipase
Fonte: (DE CASTRO et al., 2004)
Figura 2.6 - Esquema representativo da hidrólise enzimática
51
A hidrólise do substrato inicia-se com o ataque nucleofílico pelo oxigênio da serina no
átomo de carbono carbonílico na ligação éster, levando a formação de um intermediário
tetraédrico estabilizado pelas ligações do hidrogênio a átomos de nitrogênio de resíduos da
cadeia principal pertencente à cavidade de oxiânion. Um álcool é liberado após a formação do
complexo acil-lipase, o qual é finalmente hidrolisado com a liberação dos ácidos graxos e
regeneração da enzima (Figura 2.7) (SHARMA et al., 2013).
ADAPTADO: (SHARMA et al., 2013)
O procedimento usual é realizado em reatores agitados, contendo gordura na fase líquida
e solução aquosa de enzima e são alcançadas taxas de conversão variando de 90-95% (DE
CASTRO et al., 2004). A produção de ácidos graxos, por cisão enzimática compreende três
etapas: preparo da enzima, formação da emulsão e separação do ácido graxo livre da água. A
produção de ácidos graxos inicialmente é muito rápida e diminui com a mudança cinética da
Figura 2.7 - Mecanismo da reação de hidrólise enzimática
52
reação. Os ácidos graxos obtidos apresentam cor clara e podem ser separados da fase aquosa
com uma solução ácida (TAN et al., 2010).
Do ponto de vista econômico, a reação de hidrólise enzimática de óleos e gorduras é
aparentemente mais cara que a técnica convencional. No entanto, a possibilidade de produtos
específicos com alto valor agregado, como por exemplo, a astaxantina (corante de alimentos),
ácido 4-hidroxidecanoico usado como precursor de aromas, ácidos dicarboxílicos para a
indústria de pré-polímeros e ácidos graxos poli-insaturados do tipo ômega 3 e ômega 6, podem
tornar este processo economicamente viável (DE CASTRO et al., 2004).
Apesar do mecanismo de reação de hidrólise estar bem estabelecido, muitos trabalhos
estão sendo desenvolvidos no intuito de reduzir o tempo de reação e com isto diminuir o custo.
No Quadro 2.4 estão sumarizadas algumas pesquisas efetuadas nos últimos anos utilizando as
lipases como catalisadores na reação de hidrólise.
53
Quadro 2.4 - Exemplos de hidrólise enzimática Tipo de óleo ou gordura
Lipase Condições reacionais Observações Referência
Óleo residual e óleo de soja
Lipozyme TL IM
Temperatura de 40°C; pH 7,0 Concentração de lipase 10% m/m; Agitação de 300rpm (banho ultrassônico 132W)
Foram alcançadas conversões de 60 e 61%, respectivamente, para os óleos de soja e residual.
ZENEVICZ et al., 2016
Óleo de Jatropha curcas
Candida cylindracea imobilizada em carvão ativado
Temperatura 40°C; Agitação 200 rpm; Concentração de lipase 8%(m/m).
Foram alcançadas conversões de 78% em 24h de reação. O catalisador pode ser reutilizado por 4 ciclos
KABBASHI et al., 2015
Óleo de amêndoa de macaúba
Lipozyme RM IM; Lipozyme TL IM; Novozym 435
Temperatura 55°C; pH 8,0; Agitação de 400rpm; 5% de catalisador (com relação a massa de substrato); Razão mássica água óleo de 1:2
A lipase Lipozyme RM IM apresentou os melhores resultados com conversões em torno de 67%. A adição de surfactantes (Triton X e Tween 80) e sais (NaCl, CaCl2, KCl) não aumentaram a taxa de conversão. O uso de hexano e heptano aumentaram a taxa de conversão.
RASPE et al., 2013
Óleo de palma refinado
Candida rugosa Mucor miehei
Temperatura 40°C; Agitação magnética; Concentração de lipase 533U/mL.
O preparo da emulsão foi feito em ultrassom usando tampão de acetato e goma arábica
RAMACHANDRAN et al., 2006
Continua
54
Fonte: Própria
Conclusão
Quadro 2.4 - Exemplos de hidrólise enzimática
Tipo de óleo ou gordura
Lipase Condições reacionais Observações Referência
Óleo de fígado de bacalhau
Candida cylindracea (CCL); Candida rugosa (CRL). (Sigma Aldrich)
Foram estudadas as reações de hidrólise enzimática em vários pHs, temperaturas e razões molares óleo:água e óleo:solvente; As reações foram realizadas em shaker (350 rpm); Concentração de lipase de 20mg/g de óleo, isooctano foi usado como solvente; Tempo de reação 4h.
As melhores condições para a reação de hidrólise para o óleo de fígado de bacalhau foram: 35°C, 1:10 (m/m) óleo:água, 1:1 (m/m) óleo: solvente para ambas as lipases e pH 6,5 para CCL e pH 7,0 para CRL
SHARMA, CHAURASIA, DALAI, 2013
Óleo de soja; Óleo de canola; azeite
Lipase proveniente de mamona
Temperatura 25°C; pH 4,5 Agitação 1000 rpm; 2g de lipase; Razão mássica óleo: tampão 30% Tempo de reação 3h.
A atividade enzimática foi de 86,1U/g para óleo de soja, 81,3 U/g para óleo de canola e 61,1 U/g para azeite.
AVELAR et al., 2013
Óleo de soja Candida lipolytica
Temperatura de 45°C; pH 7,7; Concentração de lipase 3mg/mL; Shaker (200 rpm) ou banho ultrassônico
Foram avaliadas a razão volumétrica óleo em água no aumento da interface no processo de hidrólise.
HUANG et al., 2010
55
2.3.3.1 Fatores que Interferem no Processo de Hidrólise Enzimática
A hidrólise enzimática depende de vários parâmetros tais como: tempo, quantidade
de enzima, área interfacial, quantidade de produto, ácidos graxos formados na reação, a razão
entre a fase não aquosa e a fase aquosa (PUTHLI et al., 2006).
Puthli et al. (2006) relataram que o problema relacionado com a reação de hidrólise
é a rápida diminuição na velocidade de reação com o aumento da concentração de AGL.
Segundo Goswani et al. (2013) os ácidos graxos livres e monoacilgliceróis formados no
decorrer da reação são acumulados na superfície da lipase ocasionando perda da atividade e
consequentemente diminuição na taxa de conversão.
As lipases requerem uma ativação interfacial para sua total atividade catalítica. A
existência de uma interface (independentemente de sua natureza) é crítica, mesmo em
presença de solventes hidrofóbicos existe uma pequena quantidade de água ao redor da
estrutura da enzima e essa camada de hidratação no sítio ativo fornece a interface necessária
para a ativação da lipase (SHARMA et al., 2013). Desta forma, o processo de hidrólise
enzimática necessita de dois requisitos para a operação: a formação de uma interface
lipídeo/água e a adsorção da enzima nesta interface. Assim, quanto maior a interface, maior
será a quantidade de enzima adsorvida, acarretando velocidades de hidrólise mais elevadas
(REIS et al., 2009; DE CASTRO et al., 2004).
Diferentes parâmetros podem influenciar o desempenho da hidrólise de óleos e
gorduras e, consequentemente diversas técnicas têm sido utilizadas para aumentar a taxa de
hidrólise de óleos e gorduras usando lipases como catalisadores. Dentre os fatores que
influenciam a hidrólise enzimática podem ser citados:
Relação fase aquosa / fase oleosa;
Eventual ação inibitória dos produtos formados;
Efeito dos íons cálcio e sódio na velocidade de reação;
Influência do tipo de agente emulsificante na cinética do processo e
Efeito da agitação na velocidade de reação.
O uso de solventes no meio reacional também tem sido descrito como um fator
responsável do aumento das velocidades de hidrólise dos triacilgliceróis. Estudos mostram
que a atividade catalítica de lipases melhoram na presença de diferentes solventes orgânicos.
Solventes como isooctano e hexano foram usados com sucesso em reações enzimáticas para
obter altos rendimentos (RASPE; SILVA, 2013). Estes solventes melhoram a velocidade de
56
reação por dissolverem o óleo e reduzir a viscosidade, desta maneira melhoram a área
interfacial e a emulsificação da reação. Entretanto, a prolongada exposição a solventes pode
desativar as enzimas, desta maneira é necessário encontrar a concentração ótima de solvente
para conseguir o máximo benefício (RASPE; SILVA, 2013; GOSWANI et al., 2013).
A agitação também melhora a velocidade de reação porque dispersa as duas fases na
forma de emulsão, aumentado assim a área interfacial. Entretanto, um aumento na
velocidade pode ter um efeito negativo porque pode ocasionar a desativação da enzima
(NOOR et al., 2003).
Quanto ao efeito dos emulsificantes nas lipases, deve se ter em conta que a atividade
da lipase varia tanto em função do tipo de tensoativo como da sua concentração. Entre os
tensoativos, a goma arábica e o Triton X-100 são os mais usados nas análises da ação
lipolítica sobre triacilgliceróis. Os tensoativos iônicos não são convenientes porque podem
deslocar o equilíbrio iônico. Entre os tensoativos não iônicos, alguns deles como é o caso do
"Tween" e do "Span", também não são adequados à determinação de atividade lipolítica
porque, em virtude de possuírem ligações éster nas suas moléculas, podem sofrer ataque por
parte da lipase (RAMANI et al., 2010; SATYARTI, 2011).
O tipo de triacilglierol também pode interferir na atividade de uma preparação de
lipase, de acordo com sua especificidade. Por exemplo, se um substrato contém três
diferentes ácidos graxos na composição, eles podem ser hidrolisados em três diferentes
velocidades. O monitoramento da velocidade de aparecimento destes ácidos graxos, permite
determinar a velocidade aparente de cada um, tendo como vantagem verificar a habilidade
da enzima em discriminar entre os diferentes ácidos graxos (BUENO, 2005; REIS et al.,
2009).
2.4 Esterificação de ácidos graxos
A reação de esterificação de ácidos carboxílicos com álcoois representa uma
categoria bem conhecida de reações de considerável interesse industrial, devido à grande
importância dos ésteres orgânicos. Os ésteres monoalquílicos podem ser utilizados na
produção de lubrificantes, polímeros, plastificantes, produtos de higiene pessoal, papéis,
tecidos e alimentos. Recentemente, a esterificação por catálise ácida de ácidos graxos tem
despertado grande interesse, porque ésteres de cadeia carbônica longa também podem ser
usados como biocombustíveis.
57
Geralmente, a esterificação de ácidos graxos com álcoois é obtida comercialmente
usando-se catalisadores ácidos líquidos, como ácido sulfúrico, ácido clorídrico, ácido
fosfórico, ácido sulfônico ou ácido p-toluenossulfônico (ASAKUMA et al., 2009). O
mecanismo de reação está descrito na Figura 2.8, na primeira etapa de reação, o ácido
carboxílico é protonado por um ácido de Brönsted, facilitando o ataque nucleofílico do
álcool à carbonila, formando um intermediário tetraédrico que posteriormente sofre um
rearranjo, seguido da perda de uma molécula de água e formando uma molécula de éster
(RAMUS, 2011).
Fonte: (ALLINGER et al., 1976)
R C
O
OH
H R C
O H
OH
+
ácido carboxílico
O
H
R'
R C
O H
OH
R
CO
H
OO
H
R'
H
+
álcool
R
CO
H
OO
H
R'
H
R
CO
H
OO
R'
H
H
R
CO
HO
R'
R
CO
HO
R' O H
H
O H
H
RC
O
OR'
+
O H
H
H
+
éster (H3O+)
Figura 2.8- Mecanismo reacional da esterificação
58
O processo de esterificação visando a obtenção de biodiesel ocorre com diferentes
álcoois, sendo o metanol e o etanol os mais utilizados. A reação é reversível e o ácido catalisa
tanto a reação direta (a esterificação) como a reação inversa (hidrólise do éster), assim, para
deslocar o equilíbrio em favor dos produtos podem-se utilizar dois métodos: remoção de um
dos produtos, preferencialmente a água; ou utilizar excesso de um dos reagentes, como o
álcool (BOOCOCK; ZHOU; KONAR, 2003).
A taxa de conversão do ácido graxo em ésteres depende diretamente da maneira com
que a reação será conduzida, bem como das condições do processo. Assim, o curso da
esterificação será influenciado por vários fatores que incluem a qualidade da matéria-prima
(teor de ácidos graxos livres e presença de água), temperatura reacional, razão molar
álcool/ácido graxo, tipo e concentração de catalisador (AVHAD; MARCHETTI, 2015).
A utilização de catalisadores homogêneos no processo de esterificação apresenta
desvantagens, como toxicidade, corrosão dos equipamentos, dificuldade na purificação do
produto e a não reutilização do catalisador. Além disso, o processo homogêneo leva à
formação de efluentes de difícil tratabilidade (RAMU et al., 2004, ISLAM et al., 2014). Por
outro lado, os catalisadores heterogêneos podem ser removidos facilmente por filtração,
evitando os problemas causados pelos catalisadores homogêneos, além disso, proporcionam
conversão significativa, o que facilita o uso de reatores em operação contínua (AVHAD;
MARCHETTI, 2015; BALA; MISRA; CHIDAMBARAM, 2017).
2.4.1 Esterificação por catalise heterogênea
Para a catálise heterogênea os catalisadores podem ser mássicos ou suportados. No
caso dos catalisadores mássicos, toda a sua massa é constituída por substâncias ativas
(TEIXEIRA et al., 2001). Como exemplo, tem-se o óxido de ferro, usado na reação de
deslocamento de monóxido de carbono com vapor de água. Em contrapartida, os
catalisadores suportados apresentam a fase ativa dispersa em um suporte de elevada
porosidade e resistência mecânica, podendo ser ativo e inativo do ponto de vista catalítico.
Na prática, os catalisadores suportados são os mais utilizados (BALA; MISRA;
CHIDAMBARAM, 2017; ZABETI et al., 2009).
Isto porque a utilização de suportes é uma das formas de minimizar a limitação de
transferência de massa para catalisadores heterogêneos em reações em fase líquida. O
suporte pode proporcionar maior área superficial através da existência de poros, onde as
59
partículas metálicas podem ser ancoradas. Suportes tais como: alumina, sílica, óxido de
zinco e óxido de zircônio têm sido utilizados na produção de biodiesel (ZABETI et al., 2009).
Os sólidos ácidos mais populares utilizados têm sido as resinas orgânicas de troca iônica
como a Amberlyst -15, zeólitas, óxidos mistos, aluminossilicatos de origem natural
(argilominerais) e heteropoliácidos suportados em sílica (HPA/silica). Em geral a atuação
destes catalisadores se deve a sítios ácidos de Brönsted-Lowry e/ou a sítios ácidos e básicos
de Lewis (CORDEIRO et al., 2011; ZATTA et al., 2013).
Dentre as vantagens do processo catalítico heterogêneo para a produção de ésteres,
podem ser citadas: a ausência de etapas de lavagem para a purificação do biodiesel além de
dispensar a remoção e neutralização do catalisador em excesso no final do processo.
Contudo, a principal e melhor vantagem do processo de esterificação via catálise
heterogênea sobre o homogêneo é o prolongado tempo de vida do catalisador, possibilitando
sua reutilização por vários ciclos de produção. Sendo assim, as características dos
catalisadores heterogêneos como atividade catalítica, tempo de vida e flexibilidade para
utilização de diferentes tipos de matérias-primas, resulta em grande impacto no custo de
produção (MITRAN et al., 2015; YIN et al., 2012; ZABETI et al., 2009).
No caso da produção de biodiesel por esterificação utilizando catalisadores
heterogêneos, com uma redução nas etapas de purificação do biodiesel há a diminuição da
quantidade de efluentes e consequentemente a diminuição do custo do processo. Portanto, o
uso de catalisadores heterogêneos torna a produção de biodiesel um processo mais
simplificado e com rendimentos de reação próximos aos valores teóricos (LAM; LEE;
MOHAMED, 2010).
Os principais catalisadores utilizados na reação de esterificação para a produção de
biodiesel, bem como seu preparo estão listados no Quadro 2.5.
60
Quadro 2.5 - Exemplos de catalisadores heterogêneos usados na conversão de óleos e modo de preparo Catalisador heterogêneo
Preparação do catalisador
VOPO4 2H2O Vanádio fosfatado ZnO sólido Metal usado sem tratamento
ZnO/I2 O metal foi preparado com um tratamento com água destilada e HCl diluído. O iodo foi tratado por sublimação.
ZrO2/WO32-
Preparado a partir de uma suspensão de óxido de zircônia em pó em uma solução aquosa de metatungstato de amônia.
ZrO2/SO42-
Zircônia em pó foi imersa em solução de ácido sulfúrico, filtrado, seco e calcinado a 500°C durante 2 h.
TiO2-SO42-
TiO2 nH2O foi preparado a partir da precipitação de TiCl4 usando solução aquosa de amônia. O precipitado foi imerso em ácido sulfúrico e finalmente calcinado a 550°C durante 3 h.
Al2O3/PO43-
Nitrato de alumínio hidratado Al(NO3)3.9H2O foi dissolvido em água em seguida foi adicionado ácido ortofosfórico. O pH foi mantido em 7 por uma solução aquosa de amônia. O precipitado foi filtrado, lavado e seco a 110°C durante 12 h, e finalmente calcinado a 400 °C durante 3 h.
Al2O3/TiO2/ZnO O catalisador foi preparado pela mistura de boemita, óxido de titânio e óxido de zinco na presença de ácido nítrico e água. Calcinado a 600°C durante 3 h.
Al2O3/ZrO2/WO3 O catalisador foi preparado a partir de mistura de dióxido de zircônio hidratado, alumina hidratada e metatungstato amônio e água deionizada. Calcinado a 900°C durante 1 h.
Sulfato de Ferro III Anidro (Fe2(SO4)3)
Fe2(SO4)3 foi seco em forno para remover qualquer traço de umidade a 110°C durante 3 h antes de ser utilizado como um catalisador.
Nióbia fosfatada (H3PO4/Nb2O5)
Preparou-se uma suspensão adicionando 15 mL de solução aquosa 1M de ácido fosfórico (H3PO4) para cada grama de ácido nióbico (óxido de nióbio na forma Nb2O5.nH2O). A suspensão permaneceu sob agitação por 48 h, em seguida foi centrifugada e levada a secagem a 100 ºC por 12 h. Em seguida, o catalisador foi calcinado por 3 h a 300 °C, utilizando uma rampa de aquecimento de 10 °C min-1.
Zeólita H-USY (CBV760)
A zeólita H-USY (CBV760) na forma H+ foi apenas calcinada a 450 °C por 5 h utilizando uma rampa de aquecimento de 5 °C min-1
Óxido de nióbio em pó (HY-340)
O catalisador foi calcinado (200°C por 1 hora)
Fonte: (ARANSIOLA et al., 2014)
61
A principal restrição do emprego de catalisadores heterogêneos para a produção de biodiesel,
é que este tipo de catalisador não se apresenta tão ativo quanto os catalisadores homogêneos
e geralmente necessitam de condições experimentais mais severas e maior tempo de reação
para alcançar valores de conversão similares aos obtidos no processo homogêneo
(ZANETTE, 2010). Ademais, estes têm apresentado algumas limitações na aplicação para
esterificação devido à baixa estabilidade térmica (Amberlyst-15, <140°C), resistência à
transferência de massa (zeólitas), ou perda de sítio ativo em presença de um mediador polar
(HPA/sílica) (REIS, 2008).
A maioria dos catalisadores heterogêneos não mantém a sua atividade por períodos
de tempo indefinidos. Estes catalisadores estão sujeitos à desativação, que é a perda da
atividade catalítica com o passar do tempo. Este efeito ocorre frequentemente por fenômenos
de envelhecimento, decorrente de uma gradual mudança da estrutura da superfície cristalina
do catalisador, ou por depósitos de materiais estranhos dentro das porções ativas do
catalisador (envenenamento). Este efeito pode ser observado em diversas situações, em
reações por exemplo, em que o subproduto da reação se deposita no catalisador à medida
que vai sendo formado, diminuindo os sítios de ação do catalisador (FOGLER, 2002).
Apesar disto, muitos estudos têm apresentado resultados promissores na utilização de
catalisadores heterogêneos na reação de esterificação.
2.5 A utilização da macaúba como matéria-prima para produção de biodiesel A espécie Acrocomia aculeata, conhecida popularmente por macaúba, é uma
palmeira nativa das savanas, cerrados e florestas abertas. Distribui-se ao longo da América
tropical e subtropical, desde o sul do México e Antilhas, até o sul do Brasil, chegando ao
Paraguai e Argentina, estando ausente no Equador e Peru. Grupamentos importantes
ocorrem em Minas Gerais, Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em algumas localidades ocorre em populações densas,
o que caracteriza a espécie como oligárquica (CLEMENT et al., 2005).
O fruto possui aproximadamente 35% de umidade, pesando em média 18 g quando
seco e é composto de quatro partes distintas: 19,77% de casca externa (epicarpo), 41,17%
de massa oleosa (mesocarpo), 28,97% de casca lenhosa (endocarpo) e 10,09% de amêndoa
oleosa. Deste fruto pode-se aproveitar todas as partes: a casca e o endocarpo como
62
combustível de queima de biomassa (BHERING, 2009); a polpa para produção de alimentos,
além do aproveitamento de seu óleo para a indústria cosmética e alimentícia.
Com a atual busca por fontes alternativas de energia, a macaúba é uma das principais
espécies nativas com alta potencialidade de fornecimento de óleo para a produção de
biodiesel, pois ela produz até 4 mil litros de óleo por hectare por ano, aproximando-se do
rendimento do dendê (HOLANDA, 2004). Enquanto a soja, que é uma cultura anual, produz
420 litros por hectare por ano.
São extraídos dois tipos de óleo do fruto da macaúba. Da amêndoa, é retirado um
óleo fino e transparente que representa em torno de 15% do total de óleo da planta, rico em
ácido láurico e oleico. O óleo extraído da polpa é de cor vermelho-amarelado e rico em ácido
oleico e palmítico e tem boas características para o processamento industrial, mas apresenta
sérios problemas de perda de qualidade com o armazenamento. Assim como ocorre com o
dendê, os frutos devem ser processados logo após a colheita, pois se degradam rapidamente,
aumentando a acidez (CESAR et al., 2015; BORA; ROCHA, 2004; HIANE et al., 2005).
No estado de Minas Gerais algumas lavouras comerciais estão sendo implementadas,
para atender à demanda por óleos vegetais para obtenção de biocombustíveis (SILVA et al.,
2008). De acordo com Duarte e colaboradores (2010), estas lavouras poderão alcançar um
rendimento de até 6200 kg/ha, superando o rendimento obtido com a palma. Além da alta
produtividade, a macaúba apresenta outras vantagens como: a facilidade de extração e o
baixo custo da produção de óleos (CESAR et al., 2015).
63
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Materiais utilizados na etapa de hidrólise
3.1.1 Enzimas
Os experimentos de hidrólise foram realizados empregando lipases de diferentes
fontes como descrito no Quadro 3.1.
Quadro 3.1 - Lipases avaliadas quanto a atividade hidrolítica Lipase Fonte Fornecedor
Lipase L036P Células microbianas
Rhizopus oryzae Biocatalysts (Biocatalysts,
Cardiff, Inglaterra)
Lipomod TM 34P Células microbianas
Candida rugosa Biocatalysts (Biocatalysts,
Cardiff, Inglaterra)
Lipase pancreática
Células animais Pâncreas de porco
Sigma-Aldrich
Extrato enzimático
Células vegetais Semente de mamona
BR SEEDS
Fonte: Própria
3.1.2 Substratos
Para as reações de hidrólise foram utilizados o óleo de soja comercial (Liza®) e os
óleos de amêndoa e polpa de macaúba. O óleo de macaúba foi adquirido por intermédio da
Cooperativa Grande Sertão, sendo produzido na Unidade de Beneficiamento de Coco de
Macaúba (UBCC) em Riacho Dantas no município de Montes Claros – MG. O óleo de
macaúba, nas formas de óleo de amêndoa e óleo de polpa, foi produzido através de
prensagem mecânica sem posterior tratamento.
3.1.3 Outros reagentes
Os demais reagentes foram adquiridos em grau analítico (P.A.) e foram utilizados
como recebidos: Hidróxido de potássio, Acetona, Etanol anidro, Etanol 95%, Ácido acético
glacial, Sulfato de Magnésio anidro, Tiossulfato de sódio, Clorofórmio, Fenolftaleína, Iodeto
de potássio, Amido para iodometria, Goma arábica e Fitas colorimétricas de pH, Hexano,
Fosfato de Potássio monobásico anidro, Fosfato de sódio bibásico anidro, Acetato de sódio
anidro, Ácido cítrico anidro.
64
3.1 Materiais utilizados na etapa de esterificação
3.1.4 Catalisador
Na etapa de esterificação o catalisador escolhido foi o ácido fosfotungstico (HPW)
adquirido da empresa Sigma-Aldrich suportado em óxido de nióbio (Nb2O5) HY340
adquirido da empresa CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração)
3.1.5 Outros reagentes Os demais reagentes foram adquiridos em grau analítico (P.A.) e foram utilizados
como recebidos: Etanol absoluto, Hexano, Sulfato de sódio anidro.
3.2 Equipamentos
O Quadro 3.2 apresenta os principais equipamentos utilizados no desenvolvimento
do trabalho.
Quadro 3.2 - Equipamentos utilizados no desenvolvimento do trabalho Tipo de análise e/ou ensaio Equipamentos Modelo
Medidas de pH Potenciômetro TEC2,
Tecnal (TECNAL)
Teor de umidade Balança Analítica ID 50, Marte (Marte Balanças e
Aparelhos de Precisão Ltda)
Agitação Agitador Mecânico RW20-Digital,
IKA (IKA Laboratory Equipaments)
Reação de hidrólise Banho termostático Banho ultrassônico UNIQUE USC 1800A
Reação de esterificação Reator
pressurizado (aço inoxidável)
Parr Series 5000
Viscosidade Viscosímetro LVDVII (Brokfield Viscometers
Ltd, Inglaterra Densidade Densímetro DMA 35N EX (Anton Paar)
Quantificação de ésteres Cromatógrafo a gás Clarus580 PerkinElmer Fonte: Própria
3.3 Procedimento experimental 3.3.1 Caracterização da matéria-prima
A caracterização da matéria-prima foi realizada em termos das seguintes propriedades
físico-químicas: índice de acidez e índice de peróxido.
O Índice de Acidez (I.A.) foi determinado com base no método da AOAC- 940-28, em
que 2,0 g da amostra foram diluídos em 25 mL de solução 2:1 de éter etílico e álcool etílico
65
(95%) e titulados com solução de hidróxido de potássio (0,1 mol.L-1) previamente
padronizada. O índice de peróxido (I.P.) foi determinado com base no procedimento AOAC-
965.33, em que 5g de amostra são diluidos em 30 mL de solução 3:2 de ácido acético e
clorofórmio e titulados com solução de tiossulfato de sódio (0,01 mol.L-1) previamente
padronizada. Ambas as análises foram feitas em triplicata.
3.3.2 Determinação da atividade hidrolítica das lipases
Para o desenvolvimento desta etapa do trabalho foram selecionadas três lipases
comerciais (Lipase L036P, Candida rugosa e Lipase pancreática) e o extrato enzimático
proveniente de semente de mamona. A atividade hidrolítica das lipases comerciais foi
determinada pelo método descrito por Soares et al. (1999), com algumas modificações. O
substrato foi preparado pela emulsão de 20 g de azeite de oliva, 20 g de tampão fosfato pH
7,0 (0,01 mol.L-1) e goma arábica a 7% (m/v). Em Erlenmeyers de 125 mL foram
adicionados: 9 mL de substrato e 1 mL da solução de lipase (0,5 mg.mL-1). Os frascos foram
incubados a 37 ºC por 5 minutos em banho termostatizado com agitação constante de 150
rpm.
Para o extrato enzimático proveniente da semente de mamona a emulsão foi preparada
com 15 g de azeite de oliva e 45 g de solução de goma arábica 30 g.L-1. Para o preparo do
meio reacional foram adicionados 0,1 g de enzima vegetal em Erlenmeyers de 125 mL, 5
mL de substrato, 5 mL de tampão fosfato pH 7,0 (0,01 mol.L-1). Os frascos foram incubados
a 37 ºC por 5 minutos em banho termostatizado com agitação constante de 150 rpm
(AVELAR et al., 2013).
Após o período de incubação, as reações foram paralisadas com a adição de 10 mL de
uma solução de etanol e acetona na proporção de 1:1. Os ácidos graxos liberados durante a
reação foram titulados com solução padrão de KOH 0,025 mol.L-1, utilizando-se
fenolftaleína como indicador. Os cálculos foram realizados pela Equação 3.1 e uma unidade
de atividade foi definida como a quantidade de enzima que libera 1 µmol de ácido graxo por
minuto de reação, nas condições do ensaio (37 ºC, 5 min). As atividades foram expressas em
unidades de atividade por grama de lipase. (U.g-1)
66
𝑖𝑣𝑖 𝑎 U. g− = 𝑉 − 𝑉 . ..
Em que: VA = volume de KOH gasto na titulação da amostra (mL), VB=volume do KOH gasto na titulação do branco (mL), M = Concentração da solução de KOH (mol.L-1), t= tempo de reação em minutos, m = massa de lipase (g).
3.3.3 Preparo do extrato da enzimático proveniente de sementes de mamona Inicialmente foram retiradas as cascas da semente (endospermas) de mamona
cuidadosamente. Os endospermas foram então triturados em mixer com acetona fria (4 ºC)
na proporção de 5 mL para cada 20 g de endospermas. Após a trituração, acetona fria na
proporção de 1:5 m/v foi adicionada ao recipiente.
O sistema foi mantido sob agitação de 150 rpm em banho de gelo por aproximadamente
15 min de acordo com metodologia descrita por Avelar et al. (2013).
A suspensão formada foi então filtrada a vácuo em funil de Buchner e lavada com
excesso de acetona fria. O extrato enzimático foi peneirado, sendo que para os ensaios foram
utilizadas as partículas de 90 µm. O fluxograma do processo de preparo do extrato
enzimático proveniente de semente de mamona está representado na Figura 3.1
Fonte: Própria
(3.1)
5mL de acetona gelada para cada 20g de semente sem casca Acetona(4°C) na proporção 1:5 m/v Agitação de 150 rpm por 15min Sistema foi peneirado Para os ensaios foram utilizadas as partículas de ≤ 90µm
Figura 3-1 - Fluxograma de preparo do extrato enzimático proveniente de semente de mamona
67
3.3.4 Caracterização das propriedades bioquímicas do extrato enzimático proveniente de
semente de mamona. A influência do pH e da temperatura na atividade hidrolítica foi avaliada segundo um
planejamento experimental 2² estrela rotacional com 4 pontos axiais e 4 replicatas no ponto
central. Os níveis reais e codificados das variáveis estudadas estão apresentados na Tabela
3.1. A Matriz de planejamento (Tabela 3.2) mostra os experimentos realizados, ressaltando-
se que estes foram efetuados de maneira aleatória.
Tabela 3.1 - Níveis reais e codificados para as variáveis pH e temperatura avaliados utilizando planejamento experimental.
Variáveis Níveis Reais Codificadas -α -1 0 1 +α pH A 2,4 3,0 4,5 6 6,6
Temperatura (ºC) B 26 30 40 50 54 Fonte: Própria
Tabela 3.1 -Matriz de planejamento experimental utilizada para avaliar a influência do pH eda temperatura na atividade hidrolítica
Fonte: Própria
Os ensaios foram realizados em Erlenmeyer de 125 mL, sendo adicionados
aproximadamente 0,1 g de extrato enzimático proveniente de mamona, 5 mL de solução
tampão de citrato fosfato de sódio (0,01 mol.L-1), com pH variável (2,4; 3,0; 4,5; 6 e 6,6) e
5 mL de substrato (preparado pela emulsão de azeite de oliva com solução de goma arábica
30 g.L-1). O tampão citrato fosfato de sódio foi preparado de acordo com Gomori (2004).
Os frascos foram incubados em temperaturas variadas (26, 30, 40, 50 e 54 ºC) por 5 min, em
shaker termostatizado. Após o período de incubação, a reação foi paralisada pela adição de
10 mL de uma mistura de acetona e etanol (1:1). Os dados obtidos foram analisados com
Ensaio pH (A)
Temperatura (B)
1 3 -1 30 -1 2 6 +1 30 -1 3 3 -1 50 +1 4 6 +1 50 +1 5 2,4 -α 40 0 6 6,6 +α 40 0 7 4,5 0 26 -α 8 4,5 0 54 +α 9 4,5 0 40 0
10 4,5 0 40 0 11 4,5 0 40 0 12 4,5 0 40 0
68
auxílio dos softwares Statistica versão 12 (StatSoft Inc., USA) e Design-Expert 9.0 (Stat-
Ease Corporation, USA).
3.3.5 Caracterização das propriedades cinéticas do extrato enzimático proveniente de semente de mamona
Os parâmetros cinéticos do extrato enzimático proveniente de semente de mamona
foram determinados tomando por base o modelo cinético de Michaelis-Menten, utilizando o
método de Lineweaver-Burke, em relação à reação de hidrólise do azeite de oliva. Os
cálculos foram realizados utilizando o software Origin. Foram preparadas emulsões com
diferentes proporções de azeite de oliva (10 – 60%) e solução aquosa de goma arábica (30
g.L-1). No meio reacional a concentração de ácidos graxos totais variou entre 0–2240
mmol.L-1, como indicado na Tabela 3.3.
Tabela 3.3 -Concentração de substrato utilizado nos ensaios para determinação dos parâmetros cinéticos
Concentração de Substrato (%)
Concentração do substrato (mmol L-1)
0 0 10 372 20 744 30 1116 40 1488 50 1830 60 2232
Fonte: Própria
3.3.6 Determinação das condições reacionais para as reações de hidrólise empregando lipases comerciais e extrato enzimático proveniente de mamona
Com o objetivo de determinar as condições reacionais que favorecem a maior
conversão em ácidos graxos na hidrólise enzimática foram avaliados a quantidade adequada
de biocatalisador, bem como, o biocatalisador mais adequado a hidrólise da matéria-prima
escolhida, a influência do tipo de óleo e de sua acidez, a influência do tipo de agitação. A
sequência de experimentos para essa etapa do trabalho está demonstrada no Quadro 3.3.
69
Quadro 3.3 - Sequência de experimentos das reações de hidrólise empregando as Lipases comerciais
Condição reacional empregada
Condição reacional avaliada
Quantidade de
biocatalisador(%m/m)
Tipo de óleo Tipo de lipase
Agitação (rpm)
I Quantidade de biocatalisador
(%m/m)
2 10
Soja Amêndoa (A) Amêndoa (B)
L036P 170
II Tipo de óleo Selecionado
em I
Soja Amêndoa (A) Amêndoa (B)
L036P 170
III Tipo de lipase Selecionado
em I Selecionado
em II
L036P Candida rugosa
170
IV Agitação Selecionado
em I Selecionado
em II Selecionado
em III 170 1000
Fonte: Própria
Após os ensaios empregando as lipases comerciais foram realizados os ensaios
empregando o extrato enzimático proveniente de semente de mamona. A sequência de
ensaios está descrita no Quadro 3.4
Quadro 3.4 - Sequência de experimentos das reações de hidrólise empregando o extrato enzimático proveniente de semente de mamona
Condição reacional empregada
Condição reacional avaliada
Tipo de óleo
Concentração mássica de
óleo (%m/m)
Acidez (mgKOH/g)
Temperatura (ºC)
I Tipo de óleo Amêndoa
Polpa 35
37 63
35
II Concentração
mássica de óleo (%m/m)
Selecionado em I
25 35 50
63 35
III Acidez Selecionado
em I Selecionado
em II
63 72 98 118
35
IV Temperatura Selecionado
em I Selecionado
em II Selecionado
em III
35
Fonte: Própria
3.3.7 Sistema reacional operado com agitação magnética
As reações utilizando as lipases comerciais foram efetuadas em balões de fundo
redondo com capacidade de 125 mL, contendo 50 g de meio reacional. As condições
70
reacionais escolhidas para os ensaios foram: razão mássica óleo/água 1:3, o agente
emulsificante utilizado foi a goma arábica na concentração de 7% m/v (em relação à
quantidade de tampão fosfato pH 7,0. A homogeneização do sistema foi realizada por
agitação magnética (170 rpm) e a temperatura controlada e mantida constante a 40oC (Figura
3.2 a). 3.3.8 Sistema reacional operado com agitação mecânica
As reações empregando o extrato enzimático proveniente de semente de mamona foram
conduzidas em reatores de vidro cilíndrico encamisado, com capacidade para 100 mL,
contendo 50 g de meio reacional sob agitação mecânica (1000 rpm) por um período de 6h
(Figura 3.2 b). A temperatura foi controlada por intermédio de banho termostático.
Fonte: Própria
3.3.9 Reações de hidrólise conduzidas em banho ultrassônico
Os ensaios de hidrólise para avaliar o efeito das ondas ultrassônicas foram realizados
em banho ultrassônico (40kHz). O óleo empregado para esses experimentos foi o óleo de
polpa de macaúba com índice de acidez 72 mgKOH/g que corresponde a aproximadamente
35% de ácidos graxos livres (AGL). Nesses experimentos foram avaliadas a carga
enzimática, a influência do tipo de agitação, bem como a velocidade de agitação, a
temperatura e a frequência de pulsos utilizadas no banho ultrassônico. No Quadro 3.5 está
demonstrada a sequência reacional do conjunto de experimentos realizados no banho
ultrassônico.
(a) (b)
Figura 3.2 - Sistema reacional para reações de hidrólise: (a) sistema reacional para reações conduzidas com agitação magnética; (b) sistema
reacional para reações conduzidas com agitação mecânica
71
Quadro 3.5- Sequência de experimentos das reações de hidrólise realizada em banho ultrassônico
Condição reacional empregada
Condição reacional avaliada
Concentração de lipase (U/g de
substrato)
Tipo de agitação
Velocidade de agitação
T (ºC)
Frequência de pulsos
I Concentração de lipase
23 48
Ultrassom e agitação
1000 35 Contínuo
II Tipo de
Agitação Selecionado
em I
Somente Agitação
Ultrasom e
agitação
1000 35 Contínuo
III Velocidade de
Agitação Selecionado
em I Selecionado
em II
500 750 1000
35 Contínuo
IV Temperatura Selecionado
em I Selecionado
em II Seleciona- do em III
30 35 40
Contínuo
V Frequência de
pulsos Selecionado
em I Selecionado
em II Seleciona- do em III
SelecionadoIV
40 60 80
Contínuo Fonte: Própria
O banho ultrassônico utilizado para esses experimentos é equipado com
temporizador e controle de temperatura e pulsos. As reações foram conduzidas em
Elenmeyer de 125 mL contendo 50 g de meio reacional por um período de 6h conforme
mostrado na Figura 3.3
Fonte:Própria
Figura 3.3 - Sistema reacional das reações de hidrólise em banho ultrassônico
72
3.3.10 Quantificação do teor de ácidos graxos
O progresso da hidrólise foi acompanhado pela retirada de alíquotas ao longo da reação
e as concentrações de ácidos graxos foram quantificadas por titulação com solução padrão
de KOH de concentração 0,025 mol.L-1 e indicador fenolftaleína de acordo com a Equação
3.2.
𝑖 % = 𝑉 × − × ×× ×
Em que: V = o volume de solução de KOH consumido na titulação; M = a concentração
molar da solução de KOH (mol.L-1); MM = a massa molar média dos ácidos graxos do óleo
de macaúba (g mol-1); m = a massa da amostra retirada (g); e f = a fração de óleo na solução
de substrato.
Para determinação do percentual de conversão de hidrólise foi utilizada a Equação 3.3.
% 𝑖 ó 𝑖 = % 𝑖 − % 𝑖 𝑖 𝑖 (3.3)
Em que: O percentual de Conversão de Hidrólise (% 𝑖 ó 𝑖 ) foi determinado pela
diferença entre o percentual de ácidos graxos ao final da reação % 𝑖 e o percentual
de ácidos graxos livres contido na matéria-prima utilizada % 𝑖 𝑖 𝑖 ).
3.3.11 Purificação dos produtos de hidrólise empregando extrato enzimático proveniente
de semente de mamona
As reações foram finalizadas adicionando-se 25 mL de uma solução 1:1 acetona
etanol 95%, posteriormente foram adicionados 50 mL de hexano. O meio foi então
centrifugado por 15 min a 1570 rpm. Foram separadas duas fases, a primeira contendo o
extrato enzimático proveniente de semente de mamona, a água e o glicerol foi descartada.
A segunda fase, contendo o hidrolisado, foi levada ao funil de decantação, lavado com
alíquotas de 50 mL de água e posteriormente concentrada em rotaevaporador a 60ºC por 30
min.
(3.2)
73
3.3.12 Esterificação do hidrolisado
3.3.12.1 Preparo do catalisador HPW suportado em Nb2O5 O suporte (Nb2O5) foi calcinado a 300°C por 3 h antes de ser utilizado no preparo do
catalisador. O catalisador (HPW/Nb2O5) foi preparado pelo método de impregnação
incipient-wetness. Neste método, utiliza-se um volume de água menor ou igual à quantidade
necessária para preencher os poros do material usado como suporte.
Para determinação do volume de poros (Vp) foi usado o método wetpoint em que se
pesou aproximadamente 2 g de suporte. Foram adicionadas gotas de água deionizada
vagarosamente até que houvesse a formação de “aglomerados”. O volume de poros foi então
determinado pela Equação 3.4.
𝑉 − = 𝑉
Em que: Vp = o volume de poros do suporte; VH2O = ao volume de água adicionada ao suporte
(mL); e msuporte = a massa de suporte pesada (g)
Para a impregnação, a massa do ácido fosfotúngstico (HPW) foi dissolvida em
solução alcoólica 70% m/m à temperatura ambiente, transferida para um cadinho contendo
o suporte (Nb2O5) e misturada com o auxílio de espátula. O sólido foi então seco em estufa
a 100 °C por 30 min e, em seguida, calcinado a 300°C por 1 h. Esta etapa foi realizada por
mais duas vezes a fim de se obter a concentração de 30% de impregnação do ácido ao
suporte. Ao final da terceira impregnação, o sólido catalítico foi seco a 100 °C por 1 h,
seguida de calcinação a 300°C por 4 h. O catalisador foi ativado termicamente a 110°C por
2 h antes de ser empregado nas reações de esterificação.
3.3.12.2 Caracterização do catalisador Índice de Acidez do Catalisador
Os catalisadores preparados foram avaliados quanto à acidez de acordo com a
seguinte metodologia: Pesou-se aproximadamente 0,1 g do catalisador previamente seco a
120oC por 1h. Adicionou-se 25 mL de solução aquosa de NaOH 0,1 mol.L-1 e deixou-se essa
mistura sob agitação por 3h. Após esse período, a mistura foi titulada com uma solução
(3.4)
74
padrão 0,1 mol.L.-1 de HCl. O índice de acidez do catalisador em mmolH+/g foi determinado
segundo a Equação 3.5.
Í 𝑖 𝑖 𝑧 𝑎 𝑎 𝑖 𝑎 = × 𝑉 − á 𝑖 × 𝑉á 𝑖 𝑖
Em que: Cbase(mol L-1) = Concentração real da solução de NaOH; Vbase(mL) = Volume
adicionado da solução de NaOH; Cácido(mol L-1) = Concentração real da solução de HCl
utilizada na titulação; Vácido(mL) = Volume gasto da solução de HCl na titulação;
mcatalisador(g) = massa pesada de catalisador.
Difratometria de Raios-X (RDX)
Os difratogramas foram coletados em difratômetro de Raio–X PANalytical model
Empyrean. As condições estabelecidas para a obtenção dos difratogramas foram: radiação
CuKα obtida em 40 kV com corrente de filamento em 25A, varredura com passo angular de
0,05° no intervalo de medição de 5°< 2θ < 80°.
Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
O equipamento utilizado foi um microscópio eletrônico de varredura da marca JEOL
modelo JMS 5310.
Análise da área específica
As áreas específicas dos catalisadores heteropoliácidos foram determinadas pelo
método Brunauer, Emmett e Teller (BET) baseado nas isotermas de adsorção e dessorção
das moléculas de nitrogênio em função de sua pressão relativa, a partir da formação de uma
monocamada do gás adsorvido na superfície externa e nos poros das partículas. A pressão
de nitrogênio é variada e o volume fisicamente adsorvido do gás é acompanhado, obtendo-
se assim as isotermas de adsorção e dessorção deste gás. Para se determinar a distribuição
porosa utilizou-se o método Barret, Joyner e Halenda (BJH). Neste caso, o processo de
adsorção de nitrogênio prossegue até a formação de multicamadas moleculares de
nitrogênio, sendo primeiramente preenchidos os poros de tamanhos menores até o
preenchimento total dos poros, variando-se a pressão do gás. Todos os cálculos foram
realizados pelo software do equipamento da marca Quantachrome Instruments, modelo
Nova 1000 (CARVALHO, 2011).
(3.5)
75
3.3.12.3 Delineamento experimental da etapa de esterificação do hidrolisado As variáveis estudadas bem como os níveis adotados na etapa de esterificação estão
apresentados na Tabela 3.4. Para determinação das condições reacionais que maximizam a
conversão em ésteres etílicos foi realizado um planejamento fatorial 23 face centrada. As
variáveis estudadas foram: concentração de catalisador (%m/m com relação a massa de
hidrolisado), Razão molar hidrolisado: etanol e temperatura. Os experimentos foram
realizados aleatoriamente de acordo com a matriz de planejamento (Tabela 3.5).
Tabela 3.4 - Fatores e níveis adotados na reação esterificação empregando HPW/Nb2O5
Variáveis Níveis Reais Codificadas -1 0 1
Temperatura (ºC) A 150 200 250 Razão Molar hidrolisado:etanol
B 1:20 1:40 1:60
Concentração de catalisador (%m/m)
C 10 15 20
Fonte: Própria
Tabela 3.5 - Matriz de planejamento das reações de esterificação empregando HPW/Nb2O5
Fonte: Própria
Ensaio Temperatura (ºC)
(A) Razão molar
(B)
Concentração catalisador (%m/m)
(C) 1 150 -1 20 -1 10 -1 2 150 -1 20 -1 20 +1 3 150 -1 60 +1 10 -1 4 150 -1 60 +1 20 +1 5 250 +1 20 -1 10 -1 6 250 +1 20 -1 20 +1 7 250 +1 60 +1 10 -1 8 250 +1 60 +1 20 +1 9 150 -1 40 0 15 0
10 250 1 40 0 15 0 11 200 0 20 -1 15 0 12 200 0 60 +1 15 0 13 200 0 40 0 10 -1 14 200 0 40 0 20 +1 15 200 0 40 0 15 0 16 200 0 40 0 15 0 17 200 0 40 0 15 0 18 200 0 40 0 15 0
76
3.3.12.4 Sistema reacional para as reações de esterificação. As reações de esterificação foram conduzidas em reator de aço inoxidável Parr Series
5000 equipado com aquecimento elétrico, controle de temperatura e indicação de pressão.
As reações foram conduzidas por 2 h sob agitação de 700 rpm, o volume de reação foi fixado
em 50 mL. O sistema reacional está demonstrado na Figura 3.4.
Fonte:Própria
3.3.12.5 Purificação do meio reacional após reação de esterificação Após reação de esterificação o meio reacional foi centrifugado por 15min a 1570 rpm
e o sobrenadante foi lavado com uma alíquota de 100mL de água morna e levado a funil de
separação por 24 h. Após esse período o procedimento foi repetido por mais 3 vezes. A
mistura reacional foi então levada a rotaevaporador a 70ºC para remoção do etanol residual. 3.3.12.6 Quantificação das reações de esterificação As reações de esterificação foram quantificadas por titulação empregando KOH (0,1
mol.L-1) e a conversão em ésteres etílicos foi calculada por meio da Equação 3.6. % 𝐸𝐸 = − 𝑓𝑖 𝑎ℎ𝑖𝑑 𝑖𝑧𝑎𝑑 × (3.6) Em que: %CEE= percentual de conversão de ésteres etílicos IA final=índice de acidez do
meio reacional após purificação, IAhidrolisado = índice de acidez do hidrolisado
Figura 3.4 - Sistema reacional para as reações de esterificação
77
3.3.12.7 Caracterização do produto de reação Densidade
Os valores de densidade foram determinados utilizando densímetro digital Modelo
DMA 35N EX (Anton Paar). As medidas foram feitas à temperatura de 15ºC, empregando
2,0 mL de amostra.
Viscosidade absoluta e cinemática
Os valores da viscosidade absoluta foram medidos em viscosímetro Brookfield
Modelo LVDII (Brookfield Viscometers Ltd, Inglaterra) empregando o cone CP42. As
medidas foram feitas a 40 ºC empregando aproximadamente 0,5 mL de amostra.
A viscosidade cinemática foi determinada por meio da Equação 3.7. 𝑣 = 𝜇𝜌
Em que: 𝑣 = viscosidade cinemática a 40ºC; µ= viscosidade absoluta a 40ºC; ρ =densidade
Cromatografia gasosa
O teor de ésteres etílicos foi determinado por cromatografia gasosa de acordo com
Silva et al. (2007). As amostras foram analisadas em Cromatógrafo à Gás Clarus 580
PerkinElmer com detector FID, utilizando a Coluna Elite 5 PerkinElmer (5% difenil-95%
dimetilpolisiloxano) com as seguintes características: 30 m de comprimento; 0,25 mm de
diâmetro interno. O gás de arraste utilizado foi o nitrogênio com fluxo de 1,00 mL.min-1. O
percentual em massa de ésteres etílicos foi calculado conforme a Equação 3.8.
%É 𝐸 í 𝑖 = ∑ − 𝑃𝐼𝑃𝐼 − 𝑃𝐼𝐴 𝑎 × (3.8)
Em que: ∑ = Área total correspondente aos picos de ésteres etílicos; = área
correspondente ao pico de heptadecanoato de metila = Concentração do padrão interno
(PI) heptadecanoato de metila; e concentração da amostra.
(3.7)
79
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 Caracterização da matéria-prima
A determinação das características físico-químicas de um óleo vegetal para a
produção de biodiesel é importante para a escolha de métodos catalíticos a serem utilizados
nos processos reacionais. No processo de hidroesterificação, a etapa de hidrólise é crucial
porque precede à etapa de esterificação. Neste sentido é importante investigar se as
características do óleo utilizado no processo influenciarão na etapa de hidrólise.
Para os ensaios foram utilizados os óleos de amêndoa e polpa de macaúba com
diferentes graus de acidez. Analisando a Tabela 4.1 observa-se que todas as amostras
apresentam acidez elevada. Segundo Pourzolfaghar et al. (2016), valores de acidez
superiores a 2,5% não são adequados a reação de transesterificação alcalina, pois a presença
de ácidos graxos livres (AGL) na transesterificação alcalina resulta na formação de sabão,
reduzindo o rendimento da reação e dificultando a separação do produto. Portanto, a alta
acidez dos óleos analisados limita a sua utilização no processo de transesterificação alcalina
e os tornam matérias-primas atrativas para o processo de hidroesterificação.
Apesar da elevada acidez, todas as amostras apresentaram índice de peróxido
inferiores a 10 meq/kg o que indica que os óleos estão em bom estado de conservação, não
apresentando indícios de degradação. Segundo a ANVISA o índice de peróxido adequado a
óleos e gorduras refinados deve ser inferior a 10 meq/kg.
Tabela 4.1 - Caracterização da matéria-prima segundo índice de acidez e peróxido
Tipo de óleo Índice de
acidez mgKOH/g
%AGL Índice de peróxido (meq/kg)
Amêndoa de macaúba (A) 9,17±0,50 4 4,47±1,30 Amêndoa de macaúba (B) 37,00±1,22 16 6,22±1,18 Polpa de macaúba (C) 63,19±3,12 25 0,62±0,05 Polpa de macaúba (D) 72,05±1,87 36 0,77±0,50 Polpa de macaúba (E) 98,72±1,12 47 0,50±0,09 Polpa de macaúba (F) 118,56±0,92 56 0,56±0,10
Fonte: Própria
80
4.2 Atividade enzimática 4.2.1 Atividade hidrolítica das lipases comerciais
O Quadro 4.1 apresenta os valores de atividade hidrolítica em azeite de oliva para as
lipases comerciais. A lipase que apresentou o maior valor foi a Lipase L036P proveniente
de Rhizopus oryzae (36358 U g-1). Esta lipase é classificada como 1,3 específica e apresenta
faixa de pH ótimo entre 6,5 e 7,5 e temperatura ótima de 40ºC (LI et al., 2015).
Muitos trabalhos utilizaram esta lipase para obtenção de DAG’s e na
interesterificação da gordura de leite (LI et al., 2015; PAULA et al., 2011, 2015).
Recentemente, Khaskheli et al. (2015) estudaram a hidrólise enzimática do óleo de mamona
empregando a lipase proveniente de Rhizopus oryzae. Estes autores obtiveram conversões
de 90% de AGL em 12 h de reação empregando as condições reacionais de 1:4 (m/m) de
óleo: água, temperatura de 37ºC, pH de 7,0.
A lipase proveniente de Candida rugosa Lipomod TM 34P apresentou atividade de
8644 U g-1. Esta enzima é apropriada para a hidrólise de lipídeos devido a sua disponibilidade
e baixo custo, além disso, não apresenta especificidade com relação à posição de cadeia e
uma especificidade muito pequena com relação ao tamanho das cadeias. Esta lipase possui
massa molar em torno de 65 kDa, pH ótimo de 7,5 e temperatura ótima em 40 ºC
(ABDELMOEZ; MOSTAFA; MUSTAFA, 2013; PRONK; BOSWINKEL; RIET, 1992).
As lipases pancreáticas têm massa molecular de 50 kDa e são normalmente isoladas
dos pâncreas ou biles de animais, por isso não são lipases puras, apresentam pH ótimo entre
7,0 e 8 e temperatura ótima de 45 ºC; é uma lipase 1,3 específica. Dentre as preparações
enzimáticas selecionadas para esta etapa do trabalho, a lipase pancreática foi a que
apresentou a menor atividade hidrolítica U.g-1 nos ensaios realizados.
Após os ensaios de atividade hidrolítica, foram realizados ensaios de hidrólise em
óleo de soja. As reações foram conduzidas por 24h em condições reacionais de razão mássica
óleo: água de 1:3 pH,7,0 (tampão fosfato 0,01molL-1) 10% m/m com relação a massa do
meio reacional. Nestes ensaios a lipase L036P proveniente de Rhizopus oryzae apresentou
um percentual de hidrólise de 70%, a lipase Lipomod TM 34P proveniente de Candida rugosa
apresentou percentual de hidrólise de 62% enquanto que a lipase pancreática atingiu um
percentual de hidrólise de apenas 47%. Tendo em vista o baixo desempenho da lipase
pancreática no ensaio de hidrólise optou-se por não utilizá-la no decorrer deste trabalho.
81
Quadro 4.1 - Atividade hidrolítica das lipases comerciais estudadas
Lipase Fonte Atividade hidrolítica
U.g-1 Informações*
Lipase L036P
Rhizopus
oryzae 36358
Lipase 1-3 específica; pH ótimo entre 6,5-7,5; Temperatura ótima 40ºC
Lipomod TM
34P Candida
rugosa 8644
Lipase não específica; pH ótimo entre 6,5-7,0; Temperatura ótima 40ºC
Lipase pancreática
Células
animais 1782
Lipase 1,3 específica; pH ótimo 7,0-8,0; Temperatura ótima 45ºC
(*BUENO 2005; KHASKHELI et al., 2015)
4.2.2 Atividade hidrolítica do extrato enzimático proveniente de mamona O extrato enzimático preparado conforme descrito anteriormente (item 3.3.3) foi
conservado em geladeira e utilizado em até uma semana após o procedimento de extração.
Para garantir a integridade do processo de extração, todas as etapas foram padronizadas.
Os resultados da atividade hidrolítica e umidade do extrato enzimático proveniente
de semente de mamona estão apresentados na Tabela 4.2 e, como pode ser observado,
apresentaram atividades hidrolíticas diferentes por lote de semente adquirido. Essa diferença
nas atividades pode ter sido ocasionada pela diferente maturação das sementes. Segundo
Eastmond (2004), na maioria das sementes, a atividade das lipases é detectável na
germinação e aumenta concomitantemente com o desaparecimento dos triacilgliceróis.
Entretanto, as sementes de mamona possuem uma característica incomum, a enzima é
extremamente ativa em sementes maduras (antes da germinação). As lipases de sementes de
mamona são encontradas em associação com pequenas organelas intracelulares que
armazenam o óleo. A lipase representa 5% das proteínas totais nos corpos lipídicos e o seu
peso molar foi estimado em cerca de 60 kDa (CAVALCANTI et al., 2007; EASTMOND,
2004).
Os valores de atividade variaram de 76±12 a 144±15 (U/g seca) dependendo também
da eficiência da extração. A atividade hidrolítica da semente de mamona pode variar de
acordo com o processo de extração, purificação do extrato, pH e substrato utilizados para os
82
ensaios (CAVALCANTI et al., 2007). Apesar disso, os valores encontrados estão dentro da
faixa descrita na literatura. Vescovi (2012) determinou a atividade hidrolítica da lipase de
semente de mamona em 237 U/g seca em azeite de oliva. Avelar e colaboradores (2013)
encontraram valores de atividade para o extrato bruto de semente de mamona (lipase de
semente de mamona) de 86 µmol.g-1.min1 para óleo de soja, 82 µmol.g-1.min-1 para óleo de
canola e de 61 µmol.g-1.min-1 para o azeite de oliva. Coelho et al. (2013) determinaram a
máxima atividade hidrolítica do extrato enzimático bruto para óleo do óleo de milho (156,2
± 9,4 UI/g), seguido de óleo de girassol (126,1 ± 7,6 UI/g) e oliva (61,1 ± 4,5 UI/g).
Tabela 4.2 - Atividade hidrolítica e % umidade para o extrato enzimático proveniente de mamona
Lote Média de Atividade
(Ug-1) em massa úmida
Média de Atividade (Ug-1.) em massa
seca % Umidade
1 67±12 76±12 12±2
2 120±15 144±15 15±2
3 85±17 97±17 13±2
Fonte: Própria
4.3 Avaliação dos fatores que influenciam a hidrólise enzimática empregando lipases
comerciais
Inicialmente foi necessário determinar a quantidade de catalisador adequado ao
processo de hidrólise. Para tanto, foi selecionado inicialmente como biocatalisador a lipase
L036P proveniente dos microrganismos Rhizopus oryzae, em função da elevada atividade
hidrolítica desta preparação e do bom resultado apresentado no ensaio de hidrólise em óleo
de soja, conforme demonstrado no item 4.2 (36358 U g1).
Nesta primeira etapa, foram utilizados os óleos de soja comercial, amêndoa de
macaúba com acidez de 9,17 mg KOH/g e amêndoa de macaúba com acidez de 37 mg
KOH/g. A proporção de óleo utilizado para os ensaios foi de 1:3 m/m (óleo:água). As reações
foram conduzidas por 24 h sob agitação magnética (170 rpm).
Conforme pode-se observar na Figura 4.1, nas primeiras 8h houve a formação de um
patamar indicando que a reações alcançaram o equilíbrio (Figura 4.1). Segundo Noor et al.
(2003) há uma relação direta entre o grau de hidrólise e o tempo de reação; a taxa de hidrólise
é inicialmente alta, mas decai com o tempo devido à diminuição da concentração do
83
substrato. Para uma mesma concentração de enzima, um aumento do tempo leva ao aumento
do grau de hidrólise, até um patamar máximo.
Ainda de acordo com a Figura 4.1, observa-se também, que com o aumento da
quantidade de biocatalisador, houve um aumento na conversão de ácidos graxos. Isso porque
com o aumento da concentração de lipase no meio reacional, há um aumento dos sítios ativos
de reação aumentando a taxa de reação e a conversão. Esse comportamento foi similar para
as três amostras de óleos. Na Figura 4.1 (a), a reação de hidrólise de óleo de soja utilizando
2% m/m de lipase L036P alcançou conversão de 52%, quando a concentração de
biocatalisador foi aumentada para 10% a conversão alcançou valores superiores a 70% a
partir de 8h de reação.
Os ensaios conduzidos com óleo de amêndoa de macaúba com acidez de
9,17mgKOH/g de óleo (Figura 4.1 b) também obtiveram resposta similar ao aumento da
concentração de biocatalisador. Pode-se observar que com 10% de biocatalisador as
conversões alcançaram 80% de conversão em ácidos graxos, enquanto que, com 2% de
biocatalisador a conversão máxima foi de apenas 60% no mesmo período.
Para o óleo de amêndoa de macaúba com acidez 37 mgKOH/g (Figura 4.1 c) ao
empregar 2% de biocatalisador a conversão foi de 53%, enquanto que uma conversão
superior a 67% foi alcançada, quando se aumentou a proporção do biocatalisador. A partir
desses resultados, a concentração de 10% da lipase L036P foi escolhida para ser utilizada
nas próximas etapas do trabalho.
84
Fonte: Própria
As lipases são seletivas com relação ao comprimento de cadeia, à presença de
insaturações e à posição dos ácidos graxos. Desta maneira, é esperado que a conversão da
hidrólise seja influenciada pela matéria-prima usada. Observando o perfil das reações
empregando óleo de soja e óleo de amêndoa de macaúba (Figura 4.2), pode ser constatado
que a conversão na hidrólise de óleo de amêndoa de macaúba com acidez de 9,17 mgKOH/g
atingiu valores de 80% em 8h de reação, enquanto que o óleo de soja alcançou uma
conversão de a 70% no mesmo período. Isso indica que a lipase L036P apresenta
0102030405060708090100
0 6 12 18 24
% Hidrólise
Tempo (h)
(a)
2% de L036P 10% de L036P0102030405060708090100
0 6 12 18 24% Hidrólise
Tempo
(b)
2% de L036P 10% de L036P
0102030405060708090100
0 6 12 18 24
% Hidrólise
Tempo(h)
(c)
2% de L036P 10% de L036P
Figura 4.1 - Perfil reacional da hidrólise enzimática empregando diferentes concentrações de lipase: (a) óleo de soja; (b) óleo de amêndoa de macaúba (9,17mgKOH/g); (c) óleo de amêndoa
de macaúba (37 mgKOH/g)
85
especificidade com relação ao tipo de cadeia dos ácidos graxos que constituem o óleo de
amêndoa de macaúba.
As duas fontes lipídicas usadas nas reações, óleos de soja e óleo de amêndoa de
macaúba, apresentam composição em ácidos graxos completamente distintas, o óleo de soja
apresenta em sua composição de 19 a 30% de ácido oleico (C18:1) e 44 a 62% de ácido
linoleico (C18:2) (ANVISA). O óleo de amêndoa utilizado apresenta como componentes
principais o ácido láurico (C12:0) cerca de 36%, 27% de ácido oleico (C18:1) e 10% ácido
mirístico (C14:0). Sendo assim, a sua composição majoritária é de ácidos graxos de cadeia
curta (46%). De acordo com a literatura, a lipase proveniente de R.oryzae distingue entre
diferentes tamanhos de cadeia e hidrolisa, preferencialmente, ácidos graxos de cadeia curta
(PAULA et al., 2010).
Fonte: Própria
Para verificar a influência da acidez na hidrólise, foram utilizados os óleos de
amêndoa de macaúba com diferentes percentuais de AGL (Tabela 4.3). Analisando a Figura
4.3 observa-se que nos instantes iniciais de reação o óleo de amêndoa de macaúba com
acidez de 9,17 mgKOH/g apresenta velocidade de reação superior à taxa de reação
apresentada pelo óleo de amêndoa com a acidez de 37 mgKOH/g. A presença de AGL pode
ter sido um fator de inibição diminuindo a velocidade de reação. Segundo Ruthli, Rathod,
0102030405060708090
0 1 2 3 4 5 6 7 8
% Hidrólise
Tempo (h)óleo de soja óleo de amêndoa (9,17mgKOH/g)
Figura 4.2 - Perfil reacional da hidrólise enzimática do óleo de soja e do óleo de amêndoa de macaúba empregando a lipase L036P
86
Pandit (2006), a atividade interfacial de ácidos graxos é maior que a da enzima, indicando
maior afinidade deste pela interface aquoso-orgânico em comparação à enzima, o que
diminui a taxa de conversão, uma vez que há uma redução do contato entre a lipase e o
substrato.
Fonte: Própria
Apesar do percentual de hidrólise do óleo de amêndoa de macaúba com índice de
acidez de 37 mgKOH/g ter sido cerca de 13% inferior ao óleo de amêndoa com índice de
acidez de 9,17mgKOH/g, este foi o óleo escolhido para a continuação do trabalho, visto que
a concentração de ácidos graxos livres final (%AGL final) foi em torno de 83% para ambas
as matérias-primas (Tabela 4.3). Lembrando que o objetivo do trabalho é viabilizar a
utilização de matérias-primas com altos teores de AGL.
Tabela 4.3 - Índice de acidez e percentual de ácidos graxos do óleo de amêndoa de macaúba
Óleo Índice de acidez
mgKOH/g %AGL % Hidrólise %AGL final
Amêndoa de macaúba (A)
9,17 3,8 80 84
Amêndoa de macaúba (B)
37,00 16 67 83
Fonte: Própria
0102030405060708090
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8
% Hidrólise
Tempo (h)Óleo de amêndoa (9,17mgKOH/g) Óleo de amêndoa (37,00mgKOH/g)
Figura 4.3 - Perfil reacional da hidrólise enzimática dos óleos de amêndoa de macaúba empregando a lipase L036P
87
Nesta etapa do trabalho, também foi estudada a lipase proveniente de Candida rugosa
como catalisador na etapa de hidrólise do óleo de amêndoa de macaúba (37 mgKOH/g),
como ilustrado na Figura 4.4.
Observando a Figura 4.4(a), em que foram utilizados 10% m/m dos dois
biocatalisadores, pode-se constatar que a atuação da lipase de R. oryzae foi superior a da
lipase de Candida rugosa, fornecendo um grau de hidrólise da ordem de 67% em 8h de
reação. O menor grau de hidrólise (60%) alcançado pela Candida rugosa pode ser explicado
pela diferença de unidades de atividade (U) fornecida aos sistemas. O sistema reacional
conduzido com a lipase Candida rugosa utilizou 43220 U o que equivale a 3457U/g de substrato,
enquanto o sistema conduzido com a L036P utilizou 175000 U (14000 U/g de substrato).
Entretanto, quando as unidades de atividade fornecidas ao sistema reacional foram
iguais 36358U, que corresponde a 2908U/g de substrato (Figura 4.4b) verifica-se que o grau de
hidrólise obtido pela atuação da R.oryzae foi reduzido para 55 % em 8h. Com esses dados
verifica-se que alta porcentual de hidrólise atribuído a lipase de R.oryzae foi devido ao
elevado carregamento enzimático, sugerindo que a utilização desta enzima resultará em
custo mais elevado do processo. Na Figura 4.4 (b) pode ser observado também que nos
instantes iniciais a velocidade de reação foi maior quando se empregou a lipase de Candida
rugosa.
Esse comportamento pode ser explicado pela especificidade de cada uma das lipases.
As lipases provenientes de Candida rugosa são classificadas como lipases não específicas,
ou seja, clivam as moléculas de acilgliceróis em posições aleatórias (CARVALHO et al.,
2003). Em contrapartida, as lipases provenientes de Rhizopus oryzae são lipases classificadas
como 1,3 específicas. Esses biocatalisadores liberam ácidos graxos na posição sn1 e sn3.
Entretanto, quando as reações de hidrólise são conduzidas por tempo prolongado, pode haver
a hidrólise total (CARVALHO et al., 2003). Com base nos experimentos e no exposto na
literatura constatou-se que a utilização da lipase Candida rugosa, que é uma lipase não
específica, é mais adequada para a condução das reações de hidrólise propostas neste
trabalho.
88
(a) (b)
Fonte: Própria
Para avaliar o comportamento reacional com a mudança do tipo de agitação foi
utilizada a lipase proveniente de Candida rugosa. A agitação magnética foi de
aproximadamente 170 rpm enquanto que a agitação mecânica foi ajustada para 1000 rpm.
Foi possível observar (Figura 4.5) que a reação empregando agitação magnética alcançou
conversão de 60%, enquanto que a reação empregando agitação mecânica alcançou
conversão de 77%. Isso pode ser explicado pelo aumento da área interfacial ocasionado pelo
aumento da velocidade de agitação.
O tipo de agitação do sistema pode influenciar na taxa de conversão, uma vez que a
reação de hidrólise ocorre na interface entre a fase aquosa, contendo a lipase, e a fase oleosa
(ZENEVICZ et al., 2016). Como o óleo é imiscível na fase aquosa é necessária uma agitação
vigorosa para distribuir as gotículas de óleo na forma de uma dispersão e facilitar o contato
entre substrato e lipase e, em consequência disto, há um aumento na taxa de conversão
(NOOR et al., 2003).
020406080100
0 4 8 12 16 20 24% Hidrólise
Tempo (h)Candida rugosa(36358U)Lipase L036P (36358U)020406080100
0 4 8 12 16 20 24
% Hidrólise
Tempo(h)Lipase L036P (175000U)Candida rugosa (43220U)
(a) (b) Figura 4.4 - Perfil reacional da reação de hidrólise enzimática empregando L036P e
Candida rugosa; (a) reações empregando o mesmo percentual de massa do biocatalisador; (b) reações empregando a mesma quantidade em Unidades de atividade(U)
89
Fonte: Própria
Os principais resultados da etapa de hidrólise enzimática empregando as lipases
comerciais estão sumarizados no Quadro 4.2.
0102030405060708090
0 2 4 6 8 10
% Hidrólise
Tempo (h)Agitação magnética (170rpm) Agitação mecânica (1000rpm)
Figura 4.5 - Perfil reacional da reação de hidrolise empregando Candida
rugosa com agitação magnética e agitação mecânica
90
Quadro 4.2- Principais resultados obtidos na etapa de hidrólise empregando as lipases comerciais
Óleo Acidez (mgKOH/g
Relação mássica
óleo/água Agitação Condições
reacionais
Lipase (atividade
U/g)
Massa de catalisador
Concentração enzimática
(U/g de substrato)
Resultados/ Grau de hidrólise
(%), tempo (h)
%AGL
Soja 0,11 1:3 170 rpm (magnética)
50g de meio, T=40°C,
3%de goma arábica,
tampão pH 7,0
L036P (36358U/g)
2%
2908 52% em 8h 53%
10% 14000 71% em 8h 73%
Amêndoa de
macaúba 9,17 1:3
170 rpm (magnética)
50g de meio, T=40°C,
3%de goma arábica,
tampão pH 7,0
L036P (36358U/g)
2%
2908 60% em 8h 64%
10% 14000 80% em 8h 84%
Amêndoa de
macaúba 37,00 1:3
170 rpm (magnética)
50g de meio, T=40°C,
3%de goma arábica,
tampão pH 7,0
L036P (36358U/g)
2% 2908 53% em 8h 68%
10% 14000 67% em 8h 83%
Soja 0,11
1:3 170 rpm
(magnética)
50g de meio, T=40°C,
3%de goma arábica,
tampão pH 7,0
L036P (36358U/g) 2%
2908 52% em 8h 53%
Amêndoa de
macaúba 9,17 2908 60% em 8h 64%
Continua
91
Conclusão
Quadro 4.2 - Principais resultados obtidos na etapa de hidrólise empregando as lipases comerciais
Óleo Acidez
(mgKOH/g)
Relação mássica
óleo/água Agitação
Condições reacionais
Lipase (atividade)
Massa de catalisador
Concentração enzimática
(U/g de substrato)
Resultados /Grau de
hidrólise (%), tempo (h)
AGL
Soja 0,11
1:3 170 rpm magnética
50g de meio, T=40°C,
3%de goma arábica,
tampão pH 7,0
L036P (36358U/g)
10%
14000 71% em 8h 73%
Amêndoa de
macaúba 9,17 14000 80% em 8h 84%
Amêndoa de
macaúba 9,17
1:3 170 rpm
magnética
50g de meio, T=40°C,
3%de goma arábica,
tampão pH 7,0
L036P (36358U/g) 10%
14000 80% em 8h 84%
Amêndoa de
macaúba 37,00 14000 67% em 8h 83%
Amêndoa de
macaúba 37,00 1:3
170 rpm magnética
50g de meio, T=40°C,
3%de goma arábica,
tampão pH 7,0
L036P (36358U/g)
2% 2908 53% em 8h 68%
Candida
rugosa
(8644U/g) 8,5% 2908 60% em 8h 77%
Amêndoa de
macaúba 37,00 1:3
170rpm 50g de meio,
T=40°C, 3%de goma
arábica, tampão pH
7,0
Candida
rugosa
(8644U/g) 8.5%
2908 60%em 8h 78%
1000rpm 2908 77% em 8h 93%
Fonte: Própria
92
4.3.1 Estudo da reação de hidrólise empregando como biocatalisador a lipase Candida
rugosa e o extrato enzimático proveniente de semente de mamona As lipases microbianas são as mais utilizadas industrialmente devido à alta
produtividade. Entretanto, o uso dessas lipases acarreta em alto custo para a produção de
biodiesel. Neste sentido, as lipases vegetais têm surgido como uma alternativa, pois
apresentam baixo custo e alta especificidade (PAQUES; MACEDO, 2006).
No Quadro 4.3 estão apresentadas as condições reacionais para os ensaios
empregando a lipase Candida rugosa e o extrato proveniente de semente de mamona, bem
como o percentual de hidrólise e o percentual de ácidos graxos livres no final da reação (%
AGL).
Quadro 4.3 - Condições reacionais e resultados dos ensaios empregando Candida rugosa e extrato enzimático proveniente de mamona
Lipase Condições reacionais
Atividade U/g
Concentração U/gsubstrato
% Hidrolise
% AGL
Candida
rugosa
Razão mássica 25%
Temperatura de 40ºC
pH 7,0 Agitação1000rpm
8649 2908 70 93
Extrato enzimático proveniente de mamona
Razão mássica 35%
Temperatura de 35ºC
pH 4,5 Agitação1000rpm
97 23 40 56
Fonte: Própria
Na Figura 4.6 estão expostos os perfis da reação de hidrólise do óleo de amêndoa de
macaúba (37 mgKOH/g) utilizando a lipase Candida rugosa e o extrato enzimático vegetal
proveniente da semente de mamona. Analisando as informações apresentadas no Quadro
4.3 e a Figura 4.6 observa-se que a lipase vegetal teve um desempenho inferior em relação
a lipase de Candida rugosa. Enquanto as reações empregando o extrato enzimático
proveniente de mamona como biocatalisador forneceram conversões em torno de 40% em
6h, as reações empregando a lipase Candida rugosa alcançaram conversões de 70% no
mesmo período.
93
Apesar disto, o resultado exposto pelo extrato enzimático foi satisfatório levando em
consideração a baixa atividade hidrolítica (97U/g). Essa atividade corresponde cerca de 0,1%
da atividade da lipase Candida rugosa (8649U/g). Além disso, alguns trabalhos apontam
conversões totais atribuídas às lipases vegetais provenientes de semente mamona (AVELAR
et al., 2013; BRESSANI et al., 2014).
Com base nas informações encontradas na literatura, o extrato enzimático
proveniente de mamona foi investigado como um possível biocatalisador na hidrólise nas
etapas seguintes deste trabalho.
Fonte: Própria
4.4 Caracterização das propriedades bioquímicas do extrato enzimático proveniente de mamona
Para analisar a influência da temperatura e do pH na atividade hidrolítica do extrato
enzimático proveniente de semente de mamona, foi realizado um planejamento experimental
2² estrela rotacional com 4 pontos axiais e 4 replicatas no ponto central. Os resultados
obtidos, em função das atividades hidrolíticas determinadas pelo método da hidrólise do
01020304050607080
0 1 2 3 4 5 6
%H
idró
lise
Tempo(h)
Extrato enzimático Candida rugosa
Figura 4.6 - Perfil reacional da reação de hidrólise empregando Candida rugosa e extrato enzimático proveniente de mamona
94
azeite de oliva (SOARES et al., 1999), foram analisados com auxílio dos softwares Design-
Expert 9.0 (Stat-Ease Corporation, USA) e Statistica versão 12 (StatSoft Inc., USA).
As reações foram realizadas utilizando Erlenmeyers em shaker, durante 5 minutos.
As atividades obtidas estão apresentadas na Tabela 4.4, em que é possível perceber que os
valores mais elevados de atividade foram os obtidos no ponto central (temperatura 40ºC e
pH 4,5).
Tabela 4.4 - Respostas obtidas no planejamento experimental para analisar a influência dos fatores pH (A) e temperatura (B) na atividade hidrolítica (U g-1) do extrato enzimático proveniente de mamona
Fatores Resposta
Exp pH A
Temperatura B
Atividade (Ug-1)
1 3 30 87,89
2 6 30 60,48
3 3 50 87,82
4 6 50 65,1
5 2,4 40 96,37
6 6,6 40 65,54
7 4,5 25,85 60,19
8 4,5 54,14 85,12
9 4,5 40 164,12
10 4,5 40 150,24
11 4,5 40 160,73
12 4,5 40 155,07
Fonte: Própria
4.4.1 Análise de significância dos fatores na atividade hidrolítica do extrato enzimático
proveniente de mamona De acordo com o Gráfico de Pareto (Figura 4.7) foi possível observar que tanto o
efeito linear quanto quadrático do fator pH foram significativos na atividade hidrolítica. O
fator temperatura somente foi significativo na atividade hidrolítica do extrato enzimático
com o efeito quadrático.
O pH é um fator importante em reações empregando lipases como catalisadores. Há
um pH - ou uma faixa de pH - para lipase na qual a conformação da enzima como
95
biocatalisador é ótima. No pH ótimo os resíduos de aminoácidos presentes no sítio ativo
terão a máxima afinidade de ligação pelo substrato (SHARMA et al., 2013). Figura 4.7 - Gráfico de Pareto para a Atividade hidrolítica do extrato enzimático proveniente
de mamona
Ativ idade (U/g)
,3823199
2,284849
-5,40463
-15,9514
-17,596
p=,05
Estimativ a do Ef eito padrão
AB
(B)Temperatura(L)
(A)pH(L)
pH(Q)
Temperatura(Q)
,3823199
2,284849
-5,40463
Fonte: Própria
De acordo com a superfície de resposta e curva de contorno para a resposta
“Atividade hidrolítica” (Figura 4.8), é possível perceber que na região de pH e temperatura
escolhidos para o planejamento está o ponto de máxima atividade hidrolítica, sendo assim,
é possível afirmar que para maximizar a atividade hidrolítica do extrato enzimático
proveniente de mamona as condições reacionais adequadas são faixa de pH 3,5 a 4,5 e faixa
de temperatura de 35 a 45ºC.
Este resultado também é similar ao descrito na literatura. Segundo Avelar et al.
(2013), as lipases provenientes de mamona apresentam atividade ótima em pH de 4,5 a 5.
Segundo o mesmo grupo de pesquisa, a temperatura ótima para a hidrólise está entre 37,5 e
50 ºC.
96
Coelho et al. (2013) também estudaram o efeito da temperatura na hidrólise do óleo
de milho utilizando o extrato vegetal proveniente de semente de mamona. Estes autores
observaram que, com o aumento da temperatura, houve um aumento no percentual de
hidrólise. Em temperaturas superiores a 45°C foi observada uma drástica redução da
porcentagem de hidrólise, devido à inativação da enzima em elevadas temperaturas. A faixa
ótima da temperatura de hidrólise foi observada no intervalo de 33-45 °C. Os ensaios
conduzidos em temperaturas inferiores a 30°C também reduziram a porcentagem de
hidrólise do óleo de milho devido ao aumento da viscosidade da emulsão pela aglomeração
das gotas de óleo, favorecida com a redução da temperatura (COELHO et al., 2013).
Fonte: Própria 4.4.2 Análise de significância do Modelo matemático para a atividade hidrolítica do
extrato enzimático proveniente de mamona
A análise de variância (ANOVA) ao nível de confiança de 95%, que se encontra
discriminado na Tabela 4.5, mostra que o efeito da variável pH (A) foi significativo, tanto
para o termo linear quanto para o quadrático, indicando que ele influencia fortemente a
variável resposta estudada. A variável temperatura, com sua componente quadrática,
Atividade (U/g)
> 150
< 150
< 100
< 50
< 0
< -50
< -100
< -150
2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0
pH
20
25
30
35
40
45
50
55
60
Tem
pera
tura
Figura 4.8 - Superfície de resposta para a Atividade enzimática do extrato enzimático proveniente de mamona
97
também foi influente na atividade enzimática. A falta de ajuste do modelo não foi
significativa, indicando que o modelo matemático está adequado.
Tabela 4.5 - Análise de Variância para a atividade hidrolítica do extrato enzimático proveniente de mamona
Fonte de Variação
Soma quadrática
Grau de liberdade
Média quadrática
F p<0.05
pH (A) 1098,91 1 1098,91 29,2100 0,012419
A2 9572,56 1 9572,56 254,4464 0,000536
Temperatura (B)
196,40 1 196,40 5,2205 0,106459
B2 11648,29 1 11648,29 309,6208 0,000400
A.B 5,50 1 5,50 0,1462 0,727701
Falta de ajuste
122,13 3 40,71 1,0821 0,474892
Erro Puro 112,86 3 37,62
Total 19313,42 11
Fonte: Própria
Os dados obtidos para a atividade hidrolítica do extrato enzimático se ajustaram ao
modelo quadrático (p < 0,05), com coeficiente de correlação de R adj 0,97769, indicando que
o modelo matemático explica 97,78% das variações em torno da média. Desta forma, foi
possível obter um modelo estatístico de acordo com a Equação 4.1.
Y=-847,92+146,07*A-17,45*A2+34,23*B-0,43*B2+,078*A*B
Em que Y = Atividade hidrolítica; A = Valor codificado de pH; B = Valor codificado de
Temperatura.
A Figura 4.9 mostra os gráficos dos valores observados versus os valores preditos
pelo modelo matemático.
(4.1)
98
Figura 4.9 - Valores observados versus valores preditos para a atividade enzimática do extrato proveniente de mamona
40 60 80 100 120 140 160 180
Valores Observados
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
150
160
170
Va
lore
s p
red
ito
s
Fonte: Própria
4.5 Caracterização das propriedades cinéticas do extrato enzimático proveniente de mamona
Foi analisada a influência da concentração do substrato na velocidade da reação de
hidrólise do azeite de oliva, possibilitando a determinação dos parâmetros cinéticos Km e
Vmax. As atividades hidrolíticas obtidas em função da concentração do substrato estão
demonstradas na Figura 4.10, na qual o gráfico de concentração do substrato (mmol.L-1)
versus velocidade de reação (U.g-1) está relacionado com o modelo cinético de Michaelis-
Menten demonstrado pela Equação 4.2.
Os parâmetros cinéticos foram calculados utilizando o método de Lineweaver-Burke,
no qual é feita a linearização do modelo de Michaelis-Menten de cinética enzimática, como
mostra a Equação 4.3, em que a velocidade corresponde os valores de atividade hidrolítica
(U g-1) obtidos. Os valores de Km e Vmax aparentes foram calculados com o auxílio do
programa Origin 8.
𝑣 = 𝑉 á𝑥 . [𝑆]+ [𝑆] 4.2
99
𝑣 = 𝑉 á𝑥 . [𝑆] + 𝑉 á𝑥
O gráfico da Figura 4.10 (concentração de substrato versus atividade hidrolítica)
mostra que a velocidade da reação de hidrólise aumenta significativamente nos 3 primeiros
pontos até atingir a concentração de substrato de 1488 mmol.L-1 (40%). Após esse valor a
atividade enzimática tornou-se essencialmente independente da concentração, como prevê a
cinética de Michaelis Menten, indicando também que não houve inibição pelo produto
dentro dos parâmetros estudados.
Figura 4.10 - Perfil reacional da atividade hidrolítica do extrato enzimático proveniente de mamona em relação a concentração do substrato
0 372 744 1116 1488 1860 2232
0
50
100
150
200
Ativid
ad
e (
U/g
)
Concentração de substrato (mmol/L)
Valores experimentais Modelo ajustado Fonte: Própria
Os valores obtidos para Vmax e Km a partir do ajuste do modelo de Michaelis Menten
foram, respectivamente, 181,82 U.g-1 e 215,15 mmolL-1. O R2 foi de 0,9928.
4.3
100
4.6 Avaliação dos fatores que influenciam a hidrólise enzimática empregando extrato enzimático proveniente de semente de mamona
As reações de hidrólise enzimática utilizando a lipase vegetal proveniente da semente
de mamona foram conduzidas em tampão de ácido acético/acetato de sódio pH 4,5. De
acordo com a literatura e com os resultados da caracterização bioquímicas do extrato
enzimático proveniente de mamona (item 4.4) este é o pH ótimo de atuação do extrato
enzimático proveniente de semente de mamona. Para iniciar os estudos de hidrólise
utilizando o extrato enzimático, foram utilizadas as condições reacionais determinadas como
ótimas por Bressani et al. (2014). As reações foram conduzidas sem agente emulsificante,
utilizando razão mássica de óleo/água de 35% (m/m) e temperatura de 35ºC.
Para manter a uniformidade das reações, foram fornecidos ao sistema 23 U.g-1de
substrato (óleo) para cada reação. As reações foram conduzidas com óleo de amêndoa de
macaúba (37 mgKOH/g 16% AGL) e óleo de polpa de macaúba (63 mgKOH/g 25%AGL).
A Figura 4.11 ilustra o perfil reacional dos óleos de amêndoa e polpa de macaúba.
Analisando o gráfico, observa-se que enquanto o óleo de amêndoa proporcionou uma
conversão máxima de 35%, o óleo de polpa alcançou conversão de 45%. Este fato pode estar
relacionado com a diferente composição em ácidos graxos dos óleos de amêndoa de macaúba
e polpa, conforme apresentado na Tabela 4.6.
Como pode ser verificado o óleo de polpa apresenta majoritariamente ácidos graxos
de cadeia longa 92% (números de carbonos maior que C16:0) enquanto o óleo de amêndoa
apresenta majoritariamente 55% de ácidos graxos de cadeia media (menor que C16:0).
Tabela 4.6 - Composição em ácidos graxos dos óleos de amêndoa e polpa de macaúba
* CONCEIÇÃO et al., 2016
Ácido graxo Valores (m/m%) Óleo de amêndoa
*Valores (m/m%) Óleo de polpa
C 8:0 - caprílico 5,4 -- C10:0 - cáprico 4,0 -- C12:0 – láurico 36,1 2,9 C14:0 – mirístico 10,2 2,0 C16:0 – palmítico 8,7 22,0 C16:1 – palmitoleico 0,1 5,0 C17:0- margárico 0,1 4,5 C18:0 – esteárico 3,6 6,0 C18:1 – oleico 27,7 53,0 C18:2- linoleico 3,4 5,5
101
Segundo Avelar et al. (2013), a lipase extraída de sementes de mamona apresenta
especificidade para hidrolisar óleos com cadeias longas e poli-insaturadas, confirmando
desta forma a maior formação de ácidos graxos na hidrólise do óleo de polpa da macaúba,
encontrada nos experimentos descritos na Figura 4.11
Fonte: Própria
Para avaliar a influência da razão mássica de óleo na reação de hidrólise foram
escolhidas as razões mássicas de 25, 35 e 50% e fornecida ao sistema uma concentração de
extrato enzimático de 23 U.g-1de substrato.
De acordo com a Figura 4.12, com 25% (m/m) de óleo no meio reacional, foi alcançada
um percentual de hidrólise de 56%. Com 35% (m/m) de óleo, a hidrólise foi de 45% e com
50% (m/m) de óleo a hidrólise caiu para 20%. A partir desses resultados pode-se concluir
que a razão mássica apresentou um efeito significativo no percentual de hidrólise, sendo que,
com o aumento da razão, houve uma diminuição na conversão de ácidos graxos.
Resultados semelhantes foram encontrados na literatura. Avelar et al., (2013)
avaliaram a influência da razão mássica na hidrólise do óleo de canola. As condições
reacionais de seus ensaios foram pH 4,5 (tampão de acetato), agitação de 1000 rpm,
temperatura de 25ºC. As razões mássicas variaram de 22,1 a 50% (m/m) (óleo:água). Os
resultados encontrados demonstraram que um aumento na razão mássica de até 30%
proporcionou aumentos na conversão de ácidos graxos livres. Entretanto, com razões
05101520253035404550
0 1 2 3 4 5 6
%Hidrolise
Tempo (h)óleo de amêndoa 16% AGL óleo de polpa 25% AGL
Figura 4.11 - Perfil reacional da hidrólise enzimática empregando extrato enzimático proveniente de mamona com diferentes fontes lipídicas
102
mássicas superiores a 30% (m/m) houve uma diminuição na conversão. Segundo os autores,
concentrações elevadas de óleo levam à formação de gotas de óleo, o que dificulta o contato
da lipase com o substrato.
Fonte: Própria
Para avaliar a influência da acidez do óleo de polpa na hidrólise foram utilizados
óleos de polpa de macaúba com diferentes graus de acidez. De acordo com a Figura 4.13
observa-se que a acidez influenciou negativamente na hidrólise de ácidos graxos. É possível
perceber que à medida que a acidez do óleo de polpa de macaúba aumentou, o percentual de
hidrólise diminui.
Resultados similares foram encontrados na hidrólise enzimática empregando a lipase
comercial L036P (item 4.3 deste trabalho). Entretanto, como a atividade da lipase era muito
superior à atividade do extrato enzimático proveniente de mamona, não houve
comprometimento no percentual de ácidos graxos finais. Segundo Saktaweewong et al.,
(2011), a concentração de ácidos graxos na interface óleo/água promove mudanças do estado
de ionização da enzima, o que afeta a sua atividade catalítica e seletividade.
010203040506070
0 1 2 3 4 5 6
%Hidrólise
Tempo (h)25% 35% 50%
Figura 4.12- Perfil reacional da reação de hidrólise enzimática do óleo de polpa de macaúba com diferentes razões mássicas de óleo
103
Fonte: Própria
Na Tabela 4.7 estão apresentados o %AGLinicial, % Conversão, % AGLfinal do
hidrolisado, é possível perceber que com o aumento da acidez, além da queda na taxa de
conversão, houve uma diminuição %AGLfinal. Esse comportamento reacional também foi
observado quando foi utilizada a lipase comercial L036P (item 4.3).
Bressani et al. (2014) alcançaram percentuais de hidrólise de 100% em 110 min de
reação, porém o óleo de polpa de macaúba utilizado apresentava acidez de 9,3 mgKOH/g. O
que corrobora com a hipótese de que a presença de ácidos graxos livres no óleo é um agente
limitante da etapa de hidrólise empregando o extrato enzimático proveniente de mamona.
Tabela 4.7 - Valores de acidez, %AGLinicial, % Hidrólise, % AGLfinal para óleos de polpa de macaúba
Índice de acidez (mgKOH/g) %AGLinicial %Hidrólise %AGL final
63 25 56 83 72 36 40 76 98 47 25 72
118 56 11 67 Fonte: Própria
010203040506070
0 1 2 3 4 5 6
%Hidrólise
Tempo (h)26%AGL 36%AGL 47%AGL 56%AGL
Figura 4.13 - Perfil reacional da hidrólise enzimática do óleo de polpa de macaúba com diferentes índices de acidez
104
4.7 Reações utilizando extrato enzimático proveniente de mamona em banho ultrassônico
As condições reacionais utilizadas nestes ensaios foram: 25% (m/m) óleo: tampão
ácido acético/acetato de sódio (pH 4,5; 0,01 mol.L-1), temperatura de 35ºC. Foram testados
os sistemas empregando somente agitação mecânica (1000 rpm) e sistemas com agitação
mecânica e ultrassom. O óleo utilizado para estes experimentos foi o de polpa de macaúba
com acidez de 72 mgKOH/g de óleo (36% AGLinicial). O extrato enzimático empregado para
esses ensaios foi o lote 2, em que a atividade hidrolítica do extrato foi 144 U.g-1 (massa seca)
(Tabela 4.2, item 4.2.2). Para verificar a reprodutibilidade do sistema os ensaios foram feitos
em duplicata.
Inicialmente, a concentração de extrato (23 U.g-1de substrato) testada foi a mesma
utilizada nos ensaios empregando somente agitação mecânica (Figura 4.14 a). Foi observado
que a aplicação de ondas ultrassônicas não proporcionou aumento na hidrólise do óleo de
macaúba. Enquanto os ensaios utilizando agitação mecânica apresentaram percentual de
hidrólise de aproximadamente 39%, os ensaios em que foram utilizados agitação mecânica
e ultrassom apresentaram conversões de aproximadamente 33%. Entretanto, quando se
aumentou a concentração de extrato enzimático para 48 U.g1de substrato (Figura 4. 14b), foi
percebido que o sistema reacional empregando agitação mecânica e ultrassom alcançou
conversões de aproximadamente 58%, sendo mais eficiente que o sistema utilizando
somente agitação mecânica que obteve conversões em torno de 45%.
O aumento na porcentagem de hidrólise pode ter sido ocasionado pelo aumento da
área interfacial e/ou uma maior dispersão dos aglomerados de lipase no meio reacional
ocasionado pela agitação promovida pelo ultrassom. A lipase é uma enzima que age na
interface água/óleo, sendo assim, para uma boa conversão é necessário que haja uma boa
interface de contato entre ela e o substrato. O uso de ultrassom facilita a formação de
emulsões mesmo na ausência de surfactantes devido à ocorrência de uma agitação vigorosa
no meio promovendo uma efetiva dispersão em sistemas heterogêneos (ZENEVICZ et al.,
2016). Ramachandran et al. (2006) estudaram o efeito das ondas ultrassônicas no preparo da
emulsão. Estes pesquisadores identificaram uma maior conversão de hidrólise nas emulsões
preparadas por ultrassom e concluíram que o aumento na conversão foi proporcional ao
aumento da área interfacial devido ao ultrassom.
105
Analisando simultaneamente as Figuras 4.14 (a) e (b) pode ser observado que nos
sistemas empregando somente agitação mecânica, um aumento da atividade de 23 U.g-1de
substrato para 48 U.g-1de substrato proporcionou um aumento na conversão de ácidos graxos livres
de apenas 5%. No entanto, nos sistemas reacionais empregando agitação mecânica e
ultrassom, quando se aumentou a concentração de extrato para 48,00 U.g-1de substrato foi
possível perceber que o percentual de hidrólise aumentou em 12% em 5h de reação.
Fonte: Própria
Sendo assim, com o intuito de melhorar a conversão de ácidos graxos foram
realizados ensaios em banho ultrassônico. Os ensaios foram conduzidos em meio tamponado
(pH 4,5; 0,01 mol.L-1) e utilizando 48 U g-1 de substrato. Foram testados os fatores agitação
mecânica e ultrassom (500, 750 e 1000 rpm), razão mássica, temperatura e frequência de
pulsos de aplicação das ondas ultrassônicas. O ultrassom utilizado possui frequência de
40kHz. Os principais resultados estão apresentados no Quadro 4.4.
Em um biorreator agitado, a área interfacial livre total é limitada. No entanto,
aumentar a velocidade de agitação pode aumentar a área interfacial, porém, altas velocidades
010203040506070
0 1 2 3 4 5
% Hidrólise
Tempo (h)Agitação convencionalAgitação Convencional e ultrassom010203040506070
0 1 2 3 4 5
%Hidrólise
Tempo (h)agitação convencionalAgitação convencional e ultrassom
Figura 4.14 - Perfil reacional da hidrólise enzimática empregando extrato enzimático proveniente de mamona sob agitação mecânica e agitação mecânica e ultrassom; (a) sistema
com 23 Ug-1de substrato; (b) Sistema com 48 Ug-1de substrato.
(a) (b)
106
também podem resultar na desnaturação da enzima e, consequentemente, em uma
diminuição na atividade catalítica (RAMACHADRAN et al., 2006). Apesar disso, foi
possível verificar que mesmo utilizando o ultrassom, a conversão máxima 57,28±1,34% foi
atingida somente quando agitação mecânica foi de 1000 rpm. Para os sistemas de 500 e 750
rpm as conversões foram de 44,82±0,60 e 41,45±1,2%, respectivamente.
A razão mássica também influenciou na conversão de ácidos graxos, sendo que um
aumento do percentual de massa de óleo no meio reacional proporcionou uma diminuição
na conversão. Resultados similares também foram observados nos ensaios empregando
somente agitação mecânica (item 4.8). Na literatura, Zenevicz et al. (2016) demostraram eu
seu trabalho o efeito da razão molar (óleo: água) na hidrólise enzimática empregando
agitação mecânica de 300 rpm e ultrassom (40kHz) e chegaram à conclusão que razões
molares muito altas podem ocasionar problemas de transferência de massa devido à baixa
miscibilidade do sistema. Outros trabalhos relatam ainda, que um aumento na quantidade de
água na reação aumenta a atividade enzimática devido a melhor conformação enzimática e
maior área de interface, após um certo valor esse aumento pode ocasionar inibição
enzimática com perdas de atividade devido à formação de uma camada de água ao redor da
enzima, de modo que os reagentes orgânicos e produtos com pouca solubilidade em água
terão dificuldade para acessar os sítios ativos da enzima (REIS et al., 2009).
Nos ensaios em que foram avaliados o fator temperatura na reação, pode ser
verificado que as temperaturas de 30ºC e 35ºC levaram a percentuais de hidrólise de
aproximadamente 58%. Entretanto, com a temperatura de 40ºC houve uma queda de 27%
no percentual de hidrólise (31,67±0,85%). Essa redução no percentual de hidrólise pode ter
sido ocasionada pelo aumento da temperatura, a potência de ultrassom, e o tempo de
exposição resultando em diminuições da atividade hidrolítica, ou possivelmente numa
inativação parcial ou total do extrato.
O equipamento de banho ultrassônico utilizado para o desenvolvimento desse
trabalho possui controle de temperatura e controle de emissão de pulsos (pulsos/min). Para
verificar se essa configuração do equipamento influenciaria no processo, foram testadas as
configurações de 40, 60, 80 pulsos/min e o sistema de emissão contínuo. Com relação a essa
configuração, designada neste trabalho como frequência de pulsos, foi possível observar que
o banho ultrassônico não precisa usar o sistema contínuo de emissão de ondas ultrassônicas
para obter a máxima conversão. Isso significa uma redução de energia gasta.
Quadro 4.4 - Principais resultados obtidos na hidrólise enzimática empregando extrato enzimático proveniente de mamona em banho ultrassônico Condição reacional
empregada Condição reacional avaliada
Concentração de extrato
(U/g de substrato)
Tipo de agitação
Velocidade de agitação
Razão Mássica
%
T (ºC)
Frequência de pulsos
(pulsos/min) Resultados/Observações
I Concentração
de extrato 16,45 48,00
Ultrassom e agitação
1000 25 35 Contínuo Sistema com 23U/g de substrato somente
agitação mecânica (1000 rpm) conversão de 39,63±0,6%
Sistema com 23U/g de substrato agitação mecânica (1000 rpm) e ultrassom conversão de 33,15±1,5%
Sistema com 48U/g de substrato somente agitação mecânica (1000 rpm) conversão de 45,11±0,11%
Sistema com 48U/g de substrato agitação mecânica (1000 rpm) e ultrassom conversão de 57,28±1,34%
II Tipo de
Agitação 48,00
Somente Agitação
Ultrasom e agitação
1000 25 35 Contínuo
III Velocidade de Agitação
48,00 Ultrasom e agitação
500 750
1000 25 35 Contínuo
Para se obter conversões de 57,28±1,34% foram utilizados o sistema ultrassom e agitação mecânica 1000 rpm.
Para o sistema empregando 750 rpm a conversão foi de 41,45±1,2%.
Para o sistema empregando 500rpm a conversão foi 44,82±0,60%.
Continua
Conclusão
Quadro 4.4 - Principais resultados encontrados na hidrólise enzimática empregando extrato enzimático proveniente de mamona em banho ultrassônico
Condição reacional
empregada Condição reacional avaliada
Concentração de extrato
(Ug-1de substrato)
Tipo de agitação
Velocidade de agitação
Razão Mássica
(%)
T (ºC)
Frequência de pulsos
(pulsos/min) Resultados/Observações
IV Temperatura 48,00 Ultrasom e agitação
1000 25 35
35 Contínuo
A maior conversão foi utilizando 25% de óleo em relação a massa de água 57,28±1,34%
Para o sistema empregando 35% de óleo a conversão foi 30,81±1,72%
V Razão
mássica 48,00
Ultrasom e agitação
1000 25 30 35 40
Contínuo
As reações conduzidas a 30 e 35ºC obtiveram conversões de 58,15±1,23 e 57,28±1,34% respectivamente.
Para o sistema a 40ºC a conversão foi 31,67±0,85%
VI Frequência de
pulsos 48,00
Ultrasom e agitação
1000 25 30
40 60 80
Contínuo
A partir da configuração 60 (pulsos/min)1 foram obtidas as conversões máximas.
40 (pulsos/min) 31,15±2,20% 60(pulsos/min) 59,95±0,60% 80(pulsos/min) 55,11±1,32% Contínuo 57,28±1,34%
Fonte: Própria 1 Observação: Essa configuração é do Equipamento Banho ultrassom UNIQUE MODELO USC 1800A
109
4.8 Principais considerações da etapa de hidrólise enzimática Na primeira etapa do processo foram estudadas as reações de hidrólise enzimática
com o objetivo de selecionar um biocatalisador adequado, bem como determinar as
condições reacionais para obtenção de um hidrolisado para a etapa subsequente, a
esterificação. Neste sentido, no item 4.3 foram descritos os experimentos efetuados com as
duas lipases de fonte microbiana adquiridas comercialmente.
A lipase Lipomod TM 34P proveniente de Candida rugosa foi a que obteve maior
porcentagem de hidrólise (77%) originando um hidrolisado com 93% AGL em 8h de reação.
As condições reacionais utilizadas foram razão mássica 1:3, agitação mecânica de 1000 rpm,
temperatura de 40 ºC. Os experimentos foram realizados em meio tamponado (pH 7,0;
tampão fosfato de sódio 0,01 mol.L-1) e com agente emulsificante goma arábica. A matéria-
prima utilizada foi o óleo de amêndoa de macaúba com 16% de ácidos graxos livres.
O extrato enzimático proveniente de mamona também apresentou bom desempenho
para os sistemas reacionais em que foi utilizado como biocatalisador principalmente
naqueles em que foi aplicado o ultrassom. Comparando os sistemas reacionais: agitação
convencional e agitação convencional acoplada ao ultrassom, nas condições estabelecidas é
possível afirmar que mesmo utilizando o óleo contendo maior porcentagem de AGL (36 %),
o emprego do ultrassom proporcionou um incremento na hidrólise enzimática de
aproximadamente 12% em apenas 2 horas de reação, resultando em um hidrolisado com
94% de ácidos graxos livres finais (%AGL final).
A principal vantagem do uso do extrato enzimático como catalisador frente à lipase
comercial está na redução dos custos relacionados ao biocatalisador e aos insumos, tendo
em vista que esse sistema reacional dispensa o uso de emulsificantes, o que facilita a
purificação do meio reacional. Além disso, a estabilidade do extrato em meios ácidos (pH
4,5) favorece a utilização de matéria-prima com teores mais elevados de ácidos graxos livres.
Na Tabela 4.8 estão sumarizadas as principais características dos sistemas reacionais
estudados.
110
Tabela 4.8 - Comparação dos biocatalisadores empregados na hidrólise enzimática dos óleos de macaúba.
Biocatalisador e Carga enzimática
(U/g de substrato)
Sistema reacional
Matéria-prima
%AGL inicial
Matéria-prima
% Conversão
%AGLfinal
Hidrolisado
Candida rugosa
2909U/g Agitação Mecânica
Amêndoa de
macaúba 16% 77% 93
Extrato enzimático proveniente de
mamona 23U/g
Agitação Mecânica
Polpa de macaúba
25% 58% 83
Extrato enzimático proveniente de
mamona 48U/g
Agitação mecânica e ultrassom
Polpa de macaúba
35% 58% 94
Fonte: Própria 4.9 Caracterização do hidrolisado de óleo de polpa de macaúba
Para a reação de esterificação foram feitas reações de hidrólise consecutivas com o
intuito de preparar uma matéria-prima uniforme para o estudo da esterificação. As reações
de hidrólise foram feitas em ultrassom com as condições estabelecidas anteriormente: razão
molar 1:3 (óleo:água), temperatura 30ºC, agitação de 1000 rpm com a frequência de pulsos
de 60 (Pulsos/min). Na Tabela 4.9 estão apresentados os resultados da caracterização feita
no hidrolisado após sua purificação.
Tabela 4.9 - Caracterização do hidrolisado de óleo de polpa de macaúba Característica Unidade Resultados Índice de acidez mgKOH/g 189,00±5,22
%AGL % 92±5 Umidade % 0,07
Densidade g/cm3 0,910 Fonte: Própria
O índice de acidez foi 189,00±5,22 mgKOH/g, o que corresponde a um percentual
de ácidos graxos (%AGL) de 92±5%. O percentual de umidade foi de 0,07%, essa medida é
importante uma vez que a reação de esterificação é reversível e quantidades significativas
de água podem comprometer a taxa de conversão de ésteres etílicos na etapa seguinte. A
densidade encontrada foi de 0,910 g/cm3, bem próxima da densidade atribuída na literatura
para o ácido oleico (0,890 g/cm3) que é o ácido graxo predominante do óleo de polpa de
macaúba.
111
4.10 Esterificação do hidrolisado de óleo de polpa de macaúba
4.10.1 Caracterização de catalisador Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
A Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) é uma técnica importante para
analisar as características morfológicas dos materiais. A Figura 4.15 apresenta as imagens
das microscopias do suporte (Nb2O5 hidratado) (Figura 4.15a), do suporte após tratamento
térmico (Nb2O5 calcinado a 300ºC) (Figura 4.15b) e do catalisador HPW/Nb2O5 (Figura
4.15c).
Figura 4.15 - Imagens MEV (a) Nb2O5; (b) Nb2O5 calcinado a 300ºC; (c) HPW/Nb2O5
Fonte: Própria
(a) (b) (c)
112
As imagens de micrografias mostraram que os três materiais analisados não são
uniformes e apresentam partículas de tamanho irregular. Analisando as figuras pode-se
concluir que nem o tratamento térmico do óxido de nióbio, nem a impregnação alteraram o
aspecto deste material. Resultados semelhantes estão demonstrados na literatura para Nb2O5
calcinado a 500 ºC e para Nb2O5/SO4 (CONCEIÇÃO et al., 2016). Difratometria de Raios-X (RDX)
O difratograma de raio-X do Nb2O5 hidratado mostrou um perfil característico de um
material amorfo (Figura 4.16) observam-se apenas duas bandas intensas na faixa de 2θ= 15-
40º e 2θ= 40-60º. Analisando os difratogramas b e c (Figura 4.16) é possível perceber que,
mesmo após o tratamento térmico e a impregnação, essa característica do material não foi
alterada. Isso se deve principalmente à temperatura de calcinação do suporte Nb2O5.
Figura 4.16 - Difratograma de raio-X ;(a) Nb2O5; (b) Nb2O5 calcinado a 300ºC; (c) HPW/Nb2O5
10 20 30 40 50 60 70 80 90
(a)Nb2O
5 sem tratamento térmico
(b)Nb2
O5
Calcinado 300ºC
Inte
nsitd
ad
e (
un
ida
de
s a
rbitrá
ria
s)
2(angulo)
(c)30% H3PW
12O
40 / Nb
2O
5
Fonte: Própria
Segundo Nowak e Ziolek (1999) o Nb2O5 nH2O possui característica amorfa em que
há locais NbO6, NbO7 e NbO8 ligeiramente distorcidos. O óxido de nióbio amorfo começa a
cristalizar em uma forma de "baixa temperatura" chamada T (do "tief" alemão para
113
profundo) a partir de 500 ºC. A formação de cristais neste óxido começa em 500ºC,
promovendo estruturas monoclínicas, hexagonais e ortorrômbicas dependendo da
temperatura e da presença de oxigênio (MELO et al., 2012).
Análise da área específica e distribuição de poros
A área específica e a porosidade são duas propriedades importantes na catálise
heterogênea, pois, enquanto a área específica influência na quantidade dos sítios ativos em
um catalisador sólido, a geometria e o volume de poros controlam os fenômenos de
transporte, podendo determinar a seletividade nas reações catalíticas (ZABETI et al., 2009).
As isotermas de adsorção e dessorção de Nitrogênio para Nb2O5 e HPW/Nb2O5 são
mostradas na Figura 4.17.
Fonte: Própria
As isotermas mostraram características pronunciadas de tipo IV com histerese do tipo
loop H2, de acordo com a classificação IUPAC (SING et al., 1985). O ciclo de histerese está
102030405060708090100
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Volume Adsorvido cm3 /g
Pressão relativa (P/P0)Dessorção Adsorção
(a) Nb2O5 Calc 300°C(b) HPW/Nb2O5
Figura 4. 17 - Isotermas de adsorção e dessorção de Nitrogênio para (a) Nb2O5 calcinado a 300ºC; (b) HPW/Nb2O5 Isotermas de adsorção e dessorção de
Nitrogênio para (a) Nb2O5 calcinado a 300ºC; (b) HPW/Nb2O5
114
associado com a condensação capilar que ocorre nos mesoporos, o que indica a existência
de uma estrutura mesoporosa no catalisador HPW/Nb2O5. O ciclo de histerese do tipo H2 é
atribuído aos poros com gargalos estreitos e corpos largos (DESHMANE; ADEWUYI,
2013).
A Figura 4.18 mostra a distribuição de poros para o suporte e para o catalisador.
Observa-se que houve uma modificação significativa na distribuição após a impregnação.
Enquanto no Nb2O5 calcinado a 300ºC os poros estão mais concentrados na região entre 15
e 35 Å, no HPW/Nb2O5 essa região está entre 15 e 20 Å.
Fonte: Própria
O valor da área específica foi calculado pela equação de BET, cujo modelo é o mais
aceito para interpretar as isotermas de adsorção e de dessorção, a partir da formação de uma
monocamada do gás adsorvido na superfície externa e nos poros das partículas. Para a
determinação da distribuição de tamanhos de poros foi utilizado o método proposto por
Barret, Joyner e Halenda (BJH), cujos cálculos envolvidos baseiam-se na equação de Kelvin
e são válidos para diferentes formatos de poros (CARVALHO, 2011).
00,10,20,30,40,50,60,7
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Volume de poros cm3 /g
Diâmetro de poros(Å)HPW/Nb2O5 Nb2O5 calc.300ºC
(a) (b)
Figura 4.18 - Distribuição de poros para (a) Nb2O5 calcinado 300ºC; (b) HPW/Nb2O5
115
A Tabela 4.10 apresenta os valores de área de superfície, volume de poro e acidez do
catalisador e do suporte após tratamento térmico (Nb2O5calc 300ºC) e do catalisador
(HPW/Nb2O5). É possível perceber que após a impregnação há uma queda tanto na área de
superfície quanto no volume de poro. Entretanto, a acidez do catalisador foi maior que do
suporte, indicando que houve a impregnação. Segundo Nowak e Ziolek (1999) o óxido de
nióbio calcinado a temperaturas moderadas de 373-573 K (100ºC a 300ºC) apresenta um
caráter ácido e se torna quase neutro quando calcinado a 873 K. Isto sugere que o óxido de
nióbio ativado a temperaturas relativamente baixas, seria eficaz como catalisador para
reações que libertam uma molécula de água como as reações de esterificação ou
policondensação. Tabela 4.10 - Características do suporte (Nb2O5 calcinado 300ºC) e do catalisador (HPW/Nb2O5)
Amostra
Área da
superfície
(m2/g)
Volume de
poro (cm3/g)
Diâmetro de
poro
(Å)
Acidez
(mmol H+/g)
Nb2O5calc 300ºC 137,61 0,151 26,10 2,89
HPW/Nb2O5 39,63 0,042 19,58 6,72
Fonte: Própria
4.10.2 Planejamento experimental da reação de esterificação empregando HPW/Nb2O5 A Tabela 4.11 apresenta a matriz de planejamento 23 face centrada. Pode-se observar
que os experimentos 7, 8 e 10 apresentaram conversões superiores a 96,5% e viscosidade
cinemática em torno de 5,30 mm2.s-1. Segundo as normas regulamentadoras da ANP
14/2015, para um biodiesel de qualidade a concentração de ésteres etílicos deve ser superior
ou igual a 96,5 % e a viscosidade cinemática deve estar entre 3,0 e 6,0 mm2.s-1.
Foi possível perceber também que os experimentos efetuados na temperatura de
250ºC (nível +1) apresentaram conversões acima de 95% indicando a forte influência da
temperatura na reação de esterificação. Apesar desta influência ser notória, para entender
melhor a influência do fator temperatura e dos demais fatores recorreu-se à análise estatística
do processo de esterificação. Para tanto, foram utilizados os softwares Design-Expert 9.0
(Stat-Ease Corporation, USA) e Statistica versão 12 (StatSoft Inc., USA).
116
Tabela 4.11 - Matriz de planejamento para esterificação do hidrolisado de óleo de polpa de macaúba Fatores Resposta
Exp
Temperatura (ºC)
(A)
Razão molar
(B)
Concentração Catalisador
(%m/m) (C)
Conversão de ésteres
etílicos (%) (%CEE)
Viscosidade (mm2s-1)
1 150 -1 20 -1 10 -1 44,38 18,80 2 150 -1 20 -1 20 +1 48,39 15,88 3 150 -1 60 +1 10 -1 35,55 24,81 4 150 -1 60 +1 20 +1 44,40 18,43 5 250 +1 20 -1 10 -1 95,56 5,93 6 250 +1 20 -1 20 +1 95,19 5,54 7 250 +1 60 +1 10 -1 97,70 5,20 8 250 +1 60 +1 20 +1 97,23 5,33 9 150 -1 40 0 15 0 39,96 19,56
10 250 1 40 0 15 0 96,94 5,36 11 200 0 20 -1 15 0 79,28 8,02 12 200 0 60 +1 15 0 69,97 8,72 13 200 0 40 0 10 -1 67,00 10,01 14 200 0 40 0 20 +1 77,43 7,86 15 200 0 40 0 15 0 74,10 8,30 16 200 0 40 0 15 0 76,07 8,35 17 200 0 40 0 15 0 75,20 8,54 18 200 0 40 0 15 0 73,90 8,71
Fonte: Própria 4.10.3 Análise de significância dos fatores na reação de esterificação
A análise da influência dos efeitos dos fatores em função da variável resposta
conversão de ésteres etílicos (CEE) foi realizada por meio do Gráfico de Pareto (Figura
4.19).
Analisando a Figura 4.19 pode-se concluir que a variável temperatura foi influente
no processo tanto em sua componente linear quanto com sua componente quadrática sendo
que a componente linear foi muito significativa. A concentração de catalisador e a razão
molar também se mostraram significativas em sua componente linear. As interações
temperatura razão molar (AB) e temperatura concentração de catalisador (AC) também
foram significativas no processo.
117
Figura 4.19 - Gráfico de Pareto para conversões de ésteres etílicos
1,081551
-1,21122
1,349073
-3,126
-3,66335
3,878981
4,581736
-5,21101
55,09104
p=,05
Estimativa do efeito padrão
BC
Concentração(Q)
Razão molar(Q)
AC
(B)Razão molar(L)
AB
(C)Concentração(L)
Temperatura(Q)
(A)Temperatura(L)
1,081551
-1,21122
1,349073
-3,126
-3,66335
3,878981
4,581736
-5,21101
Fonte: Própria
A Figura 4.20 representa a superfície de resposta dos fatores temperatura versus razão
molar (Figura 4.20a) bem como as curvas de contorno para estas mesmas variáveis (Figura
4.20b). Pode ser observado na Figura 4.20b que para temperaturas até 220ºC um aumento
na razão molar proporciona uma diminuição na conversão de ésteres etílicos. Entretanto, em
temperaturas a partir de 230ºC, há uma mudança no comportamento da variável reposta
(%CEE) frente a variação de nível do fator razão molar. Percebe-se que para obter amostras
com elevado teor de éster (superior a 95%) em temperaturas de 250°C é necessário uma
razão molar de 1:60.
A esterificação é uma reação reversível, sendo assim, conversões elevadas são
obtidas se a taxa de reação reversa for minimizada. Para solucionar esse problema duas
medidas podem ser tomadas: (1) remover simultaneamente a água do meio reacional ou (2)
usar o excesso de um dos reagentes (etanol). Neste caso, não foi possível remover a água,
uma vez que o sistema reacional é fechado. Assim, a segunda opção foi aplicada.
Resultados similares são encontrados na literatura. Torpecêlo et al. (2010) avaliaram
o efeito da razão molar na esterificação do ácido palmítico com metanol empregando como
catalisador o ácido fosfotungstico imobilizado em SBA-15. Estes pesquisadores utilizaram
118
em seus estudos as razões molares 1:6, 1:31, 1:63 e 1:95. Foi constatado que um aumento da
razão molar de 1:6 para 1:95 resultou em aumento de conversão de 88 para 96%. Entretanto
comparando as razões intermediárias foi possível perceber que com razões 1:31 e 1:63 as
conversões foram de 92 e 94%, respectivamente, não resultando em aumento significativo
na conversão de ésteres.
De acordo com a análise estatística, a temperatura que proporciona maior conversão
em ésteres etílicos corresponde a 250 ºC (nível +1). Este resultado também está em
concordância com a literatura. Amarales et al. (2012), estudaram a influência da temperatura,
razão molar e catalisador (Nb2O5, Nb2O5/Al2O3) na esterificação do hidrolisado do óleo
microbiano obtido do cultivo de Nannochloropsis oculata. Os resultados mostraram que na
temperatura de 200ºC e razão molar 1:3(metanol), as reações alcançaram conversões de
92,24 e 87,43% empregando 20%(m/m) de Nb2O5/Al2O3 e Nb2O5 respectivamente.
Conceição et al. (2016) também estudaram o efeito da temperatura nas reações
simultâneas de esterificação e transesterificação do óleo de macaúba utilizando como
catalisador o óxido de nióbio sulfatado. Neste trabalho, os autores relatam a forte
significância da temperatura no processo de esterificação e transesterificação simultâneas.
Conversões de 99% foram alcançadas quando a temperatura de reação foi de 250 ºC em 4h
de reação. O efeito da temperatura na esterificação de ésteres é relatado por muitos
pesquisadores como importante principalmente quando se trata de catálise heterogênea.
Temperaturas elevadas podem aumentar a velocidade de reação e melhorar a limitação de
transferência de massa entre o reagente e o catalisador. Além disso, pode ajudar a reduzir a
possibilidade de que moléculas de água formadas durante a reação permaneçam na superfície
do catalisador e, eventualmente, se liguem aos sítios ativos, que são difíceis de remover
mesmo quando o catalisador é lavado e regenerado (LIU et al., 2014).
119
Fonte: Própria
De acordo com a superfície de resposta dos fatores temperatura versus concentração
de catalisador (Figura 4.21), em temperaturas de até 200ºC, um aumento na concentração de
catalisador proporciona um aumento na variável resposta %CEE. Para temperaturas mais
elevadas a variável resposta não sofre alterações significativas para a variação de
concentração de catalisador.
Comportamentos similares estão descritos na literatura. Conceição et al. (2016)
avaliaram o efeito da concentração de catalisador (óxido de nióbio sulfatado) na esterificação
e transesterificação simultânea do óleo de polpa de macaúba, foi percebido que com 5% de
catalisador no meio reacional a conversão de ésteres etílicos foi de 92%, com um aumento
de concentração de 5% para 10% a conversão foi de 98%. Quando utilizadas concentrações
de 30% a conversão foi superior a 99%.
> 100
< 92
< 82
< 72
< 62
< 52
< 42
< 32
140 160 180 200 220 240 260
Temperatura
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
Ra
zão
mo
lar
140
160
180
200
220
240
260
Temperatura
1520
2530
3540
4550
5560
65
Razão molar
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
%C
EE
(a) (b)
Figura 4.20 - (a) Superfície de resposta e (b) Curva de contorno da variável resposta %CEE para os fatores Temperatura e Razão molar
120
Fonte: Própria
4.10.4 Análise de significância do modelo matemático para a reação de esterificação
O método mais usado para avaliar numericamente a qualidade do ajuste do modelo
matemático é a análise de variância (ANOVA).
A Tabela 4.12 apresenta a análise de variância dos coeficientes das variáveis
Temperatura (A), Razão molar (B) e Concentração de catalisador (C). O teste p-valor com
α=0,05 correspondendo a um intervalo de confiança de 95%, corrobora com as informações
fornecidas no Gráfico de Pareto (Figura 4.19) e confirma a significância dos coeficientes dos
fatores temperatura, razão molar e concentração de catalisador, bem como das interações
temperatura-concentração de catalisador (AB) e temperatura-razão molar (AC).
Outro dado importante observado na ANOVA (Tabela 4.12) foi que a falta de ajuste
do modelo não foi significativa com relação ao erro puro, portanto pode-se concluir que o
modelo é adequado ao processo de esterificação. Os valores de coeficiente de correlação R2
foram de 0,9901. Segundo Myers; Montgomery (2008) R2 é uma medida da variabilidade da
resposta obtida usando os coeficientes de regressão do modelo, este valor deve estar entre 0
e 1. Entretanto, altos valores de R2 não necessariamente significam que a regressão do
> 90
< 88
< 78
< 68
< 58
< 48
< 38
< 28
140 160 180 200 220 240 260
Temperatura
8
10
12
14
16
18
20
22
Co
nce
ntr
açã
o
140
160
180
200
220
240
260
Temperatura
8
10
12
14
16
18
20
22
Concentração
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
%C
EE
(b)
(a) Figura 4.21 - (a) Superfície de resposta e (b) Curva de contorno da variável resposta
%CEE para os fatores Temperatura e Concentração de catalisador
121
modelo é adequada, uma vez que R2 aumenta à medida que são adicionados coeficientes ao
modelo, sendo estes significantes ou não. Desta maneira, para avaliar a variabilidade da
resposta em torno da média, é apropriado que se use R2adj. Com base nestas informações
pode-se afirmar que modelo matemático quadrático apresentou um bom ajuste com R2adj de
0,9809. O que significa que o modelo matemático explica 98,09% das variações em torno
da média.
Tabela 4.12 - Análise de variância (ANOVA) para a resposta Conversão de ésteres etílicos (%CEE)
Fonte de variação Soma Quadrática
Grau de liberdade
Média quadrática F p<0,05
Temperatura (A) 7286,760 1 7286,760 3035,023 0,000013 Temperatura (A2) 65,195 1 65,195 27,155 0,013738 Razão molar Hidrolisado:etanol (B)
32,220 1 32,220 13,420 0,035163
Razão molar Hidrolisado:etanol (B2)
4,370 1 4,370 1,820 0,270103
Conc Catalisador (C) 50,400 1 50,400 20,992 0,019521 Conc Catalisador (C2) 3,522 1 3,522 1,467 0,312520 AB 36,125 1 36,125 15,046 0,030344 AC 23,461 1 23,461 9,772 0,050027 BC 2,808 1 2,808 1,170 0,358636 Falta de ajuste 61,153 5 12,231 5,094 0,105331 Erro Puro 7,203 3 2,401 Total SS 7609,819 17
Fonte: Própria
A Figura 4.22 mostra os valores observados versus os valores preditos pelo modelo
matemático.
Figura 4.22 - Gráfico dos valores observados versus os valores preditos pelo modelo
Figura 4.23 - Gráfico dos
valores observados
versus os valores preditos pelo
modelo
Fonte: Própria
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Valores Observados
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
Va
lore
s p
red
itos
122
O modelo matemático para a conversão de ésteres etílicos (CEE) para variáveis
codificadas está descrito pela Equação 4.4. A equação em termos de fatores codificados pode
ser usada para fazer previsões sobre a resposta para determinados níveis de cada fator. Por
padrão, os altos níveis dos fatores são codificados como +1 e os baixos níveis dos fatores
são codificados como -1. A equação codificada é útil para identificar o impacto relativo dos
fatores através da comparação dos coeficientes fatoriais.
A Equação 4.5 mostra a equação do modelo utilizando os valores reais das variáveis.
A equação em termos de fatores reais pode ser usada para fazer previsões sobre a resposta
para níveis dados de cada fator. Nesta equação, os níveis devem ser especificados nas
unidades originais para cada fator. Esta equação não deve ser usada para determinar o
impacto relativo de cada fator, porque os coeficientes são dimensionados para acomodar as
unidades de cada fator. = + . + . − . + . + . + . − .
Em que: Y = Conversão de ésteres etílicos; X1 = Valor codificado de Temperatura; X2 = Valor codificado de Razão molar e X3 valor codificado para Concentração de catalisador
𝐸𝐸 = − . + . − . + . − , + , . − ,
Em que: CEE = Conversão de ésteres etílicos; A = Valor codificado de Temperatura; B = Valor codificado de Razão molar e C valor codificado para Concentração de catalisador
As análises feitas no produto de esterificação após a purificação indicam que o
produto final atende as especificações da ANP (Resolução 14/2015) com relação ao teor de
ésteres, viscosidade cinemática e densidade. A análise do cromatograma indicou 100% de
teor de ésteres indicando que a esterificação foi completa, não havendo indícios da presença
de ácidos graxos livres. De acordo com as especificações da ANP o teor de ésteres da mistura
deve ser igual ou superior a 96,5%. A viscosidade é a medida da resistência ao fluxo, é
importante devido ao seu efeito no sistema de injeção de combustível. As características de
atomização mais baixas no injetor de combustível são o resultado de uma viscosidade mais
elevada e criam muitos efeitos graves no funcionamento do motor. A viscosidade dos ésteres
obtidos foi de 5,37 mm2/s e a densidade foi de 878kg/m3 ambas as medidas também estão
dentro do estabelecido pelas normas regulamentadoras.
(4.4)
(4.5)
123
5. CONCLUSÃO
O processo de hidroesterificação empregado neste trabalho associou a catálise
enzimática (etapa de hidrólise) com a catálise heterogênea (etapa de esterificação) para a
produção de biodiesel a partir do óleo de polpa de macaúba. O extrato enzimático utilizado
na primeira etapa apresenta como principal vantagem o menor custo de produção quando
comparado as lipases microbianas. Outra vantagem apresentada foi a não utilização de
agentes emulsificantes no meio reacional, neste sentido o ultrassom empregado nesta etapa
melhorou a área interfacial proporcionando um maior percentual de hidrólise. Na etapa de
esterificação o emprego do catalisador heterogêneo HPW/Nb2O5 facilitou as etapas de
purificação do produto final o que significa uma redução em custos operacionais de
purificação. A caracterização dos ésteres etílicos estão de acordo com as especificações da
ANP (Resolução 14/2015) com relação as propriedades teor de ésteres, viscosidade
cinemática e densidade comprovando o potencial da matéria prima utilizada neste trabalho
para a produção de biodiesel.
Além disso, foi possível concluir a partir da caracterização bioquímica do extrato
enzimático proveniente de mamona que este catalisador apresenta faixa de temperatura
ótima entre 35 e 45ºC e pH ótimo entre 3,5 e 4,5, esta característica confere a este
biocatalisador vantagens operacionais uma vez que por apresentar pH ótimo em meio ácido
significa que este catalisador é menos sensível a presença de ácidos graxos livres no meio
reacional. Por meio da caracterização das propriedades cinéticas do extrato enzimático é
possível afirmar que este segue a cinética de Michaelis Menten e os valores obtidos para
Vmax e Km a foram, respectivamente, 181,82 U.g-1 e 215,15 mmolL-1.
Outra característica apresentada por este catalisador foi a especificidade por ácidos
graxos de cadeia longa, como os presentes no óleo de polpa de macaúba. O percentual de
hidrólise alcançado nestes sistemas foi de 56% resultando em um hidrolisado com 83% de
AGL. As condições reacionais utilizadas foram temperatura de 35ºC, razão mássica 1:3
(25%), agitação mecânica de 1000rpm e concentração de 23U.g-1 de substrato. O óleo
utilizado nesses sistemas apresentavam acidez de 63mgKOH/g de óleo.
A utilização do ultrassom foi benéfica a reação de hidrólise empregando extrato
enzimático proveniente de mamona. O aumento da área interfacial do meio reacional
ocasionado pela aplicação da sonoquímica no sistema proporcionou um aumento no
percentual de hidrólise de 12%, resultando em um hidrolisado com 94% de AGL. Além
124
disso, foi possível utilizar o óleo de polpa de macaúba com uma acidez mais elevada (72
mgKOH/g de óleo). A utilização de uma matéria-prima com alta acidez implica em uma
redução no custo da produção de biodiesel. As condições reacionais que proporcionaram
maior percentual de hidrólise em banho ultrassônico foram: temperatura de 30ºC, razão
mássica 1:3 (25%), agitação mecânica de 1000rpm e concentração de 48U.g-1 de substrato
em 2h de reação.
A impregnação do óxido de nióbio com HPW proporcionou um aumento no caráter
ácido do suporte resultando em um catalisador apropriado para a esterificação. De acordo
com a análise estatística, o fator mais influente na esterificação do hidrolisado empregando
HPW/Nb2O5 foi a temperatura. A condição operacional que proporcionou conversões em
ésteres etílicos superiores a 96,5% foi temperatura de 250ºC, razão molar
(hidrolisado:etanol) 1:60 e concentração de catalisador de 10%.
Desta maneira é possível concluir que o processo de hidroesterificação é eficaz na
conversão do óleo de polpa de macaúba em ésteres etílicos se mostrando uma alternativa
promissora frente ao desafio de viabilizar a utilização desta matéria –prima na produção de
biodiesel.
125
SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS Estudar a aplicação do extrato enzimático de mamona na hidrólise de outras
matérias-primas com elevados teores de AGL como óleos residuais,
Avaliar a estabilidade térmica e estabilidade de estocagem do extrato enzimático de
mamona;
Investigar técnicas de purificação do extrato enzimático proveniente de mamona;
Estudar outras fontes de lipases vegetais como possíveis catalisadores para a etapa
de hidrólise;
Na etapa de esterificação estudar outras condições de preparo do catalisador, tais
como: temperatura e tempo de calcinação;
Estudar a reutilização do catalisador.
126
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