Post on 21-Jan-2019
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
RESPONSABILIDADE SOCIAL: ENTRE O COMPROMISSO
E A ESTRATÉGIA DE MERCADO.
Por: Thiago Nascimento da Silva
Orientador
Prof. Adélia Araújo
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
RESPONSABILIDADE SOCIAL: ENTRE O COMPROMISSO
E A ESTRATÉGIA DE MERCADO.
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão de
Recursos Humanos.
Por: Thiago Nascimento da Silva
3
AGRADECIMENTOS
....a Deus, amigos, familiares e colegas
de turma.
4
DEDICATÓRIA
Aos meus pais com amor e carinho.
5
RESUMO
A prática empresarial e a mídia vêm ressaltando exclusivamente a
instrumentalização da responsabilidade social corporativa como forma de
melhorar a reputação da empresa, identificar oportunidades de testar novas
tecnologias e produtos e, desta forma, adquirir vantagens competitivas no
mercado globalizado.
Assim, a Responsabilidade Social tem sido um tema de grande
relevância no mundo dos negócios, principalmente em duas frentes: como uma
estratégia competitiva diante de um mercado cada vez mais voraz; e como
elemento positivo na avaliação do desempenho das organizações
empresariais. Há no mercado uma grande pressão, principalmente sobre as
grandes companhias, no sentido de atentarem para as implicações de sua
atuação seja interna ou externamente.
6
METODOLOGIA
Para cumprir os objetivos da pesquisa ora apresentada, será utilizada
como metodologia uma investigação fundamentalmente bibliográfica e
descritiva, orientada para a análise e a categorização das características
organizacionais das empresas que incorporam a dimensão social na sua
gestão. Cabe ressaltar que a metodologia adotada tem como objetivo
comprovar as hipóteses aqui apresentadas, além de permitir maior
conhecimento das diferentes correntes de pensamento do tema da
responsabilidade social.
Desta forma, o trabalho foi organizado em diferentes capítulos cujo
objetivo relaciona-se à melhor compreensão do conteúdo abordado.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Capitalismo contemporâneo e Responsabilidade Social. 09
CAPÍTULO II - Responsabilidade Social na história e principais linhas teóricas. 15
CAPÍTULO III – Responsabilidade Social à moda brasileira. 23
CONCLUSÃO 40
BIBLIOGRAFIA 42
ÍNDICE 46
FOLHA DE AVALIAÇÃO 47
8
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo discutir o tema da responsabilidade
social empresarial, considerando as transformações ocorridas no âmbito
econômico, político e social, em especial no Brasil, a partir da década de 1980,
fruto da crise do sistema capitalista da década de 1970. Nesta tentativa, urge a
necessidade de resgatar alguns aspectos históricos, considerando o recorte
feito neste estudo.
A gama de inovações experimentadas nas organizações, a partir da
década de 1980, em conjunto com o rápido processo de inovação tecnológica
que estas passam a adotar criam novas requisições para o processo produtivo,
seja por parte do trabalhador, seja por parte das empresas.
Considerando este contexto pretende-se desenvolver neste trabalho a
maneira pela qual a responsabilidade social se apresenta no capitalismo
contemporâneo, resgatando os elementos fundamentais de sua história.
Pretende-se assim, abordar as principais linhas teóricas da responsabilidade
social, bem como esboçar seu estado na sociedade brasileira, enfatizando os
desafios colocados às organizações empresariais.
9
CAPÍTULO I
Capitalismo Contemporâneo e Responsabilidade
Social.
A chamada crise do petróleo iniciada em 1973 constituiu-se como um
marco da história recente do capitalismo. Isto porque tanto no que diz respeito
ao anúncio do fim de um período de 30 anos de grande expansão da economia
mundial - desde o fim da Segunda Guerra Mundial- cuja produção baseava-se
no fordismo e taylorismo como modelo de organização e gestão do processo
de trabalho, quanto do nascimento de uma nova fase do capitalismo. Assim, a
crise da década de 1970, gera além do fim da hegemonia norte-americana, a
emergência de novas potências econômicas mundiais como Japão e
Alemanha.
Concomitantemente, o Leste Europeu sofre um processo de desmonte,
o qual acarretará mudanças significativas nas relações de poder no mundo.
Uma profunda e intensa concorrência começa a ser estabelecida, contribuindo
para o acirramento da competitividade e exigindo inúmeras mudanças no
padrão de produção (IAMAMOTO, 2004).
Com isso, desde a década de 1980 vem ocorrendo uma série de
mudanças nas empresas capitalistas, as quais têm como determinantes a nova
dinâmica da acumulação capitalista, criando a necessidade de maior
competitividade e integração do mercado.
Dentre as transformações ocorridas podem ser citadas a alteração na
organização da produção nos processos de trabalho, bem como as novas
formas de gestão da força de trabalho. As alterações incluem também a
10
crescente informatização, a modernização das plantas industriais, implantação
de programas voltados para o controle da qualidade, da participação dos
trabalhadores, das responsabilidades das empresas perante a sociedade, etc.
A partir da década de 1980, um conjunto de transformações advindas do
processo de reestruturação produtiva leva as empresas a adotar novas
estratégias de atuação no mercado, destacando-se ainda o rápido processo de
inovação tecnológica e a criação novas requisições para a organização do
processo produtivo (ANTUNES, 2004).
Se, de um lado, as inovações provocaram mudanças nas estratégias
das organizações empresariais, tanto no âmbito da produção quanto no
relacionamento com os clientes, de outro lado, os trabalhadores foram exigidos
com maior nível de qualificação e domínio das novas tecnologias.
No que tange às implicações para o empresariado encontram-se as
fusões e privatizações de empresas, com conseqüências para a concorrência
de mercado que exige cada vez mais qualidade, custos mais baixos e maior
capacidade de responder às constantes mudanças e exigências da clientela.
Com isso, introduz-se uma série de mudanças no processo produtivo e as
organizações empresarias se esforçam para corresponder a essas
expectativas.
Já com relação aos trabalhadores, podem ser mencionados novos
requisitos como rápida adaptabilidade às mudanças – também chamada de
flexibilidade -, maior nível de envolvimento dos trabalhadores – agora
chamados de colaboradores – nos objetivos empresariais, o desenvolvimento
de múltiplas competências – configurando a polivalência.
Conforme afirma IAMAMOTO (2004):
“A indústria, os serviços bancários, a maior parte das
atividades econômicas de ponta vêm alterando suas formas de
11
organizar a produção (no sentido lato) o que alguns qualificam de
acumulação flexível, ou do modelo japonês ou toyotismo
enfeixadas no mote da flexibilização (IAMAMOTO, 2004:31).
Apoiado no conceito de acumulação flexível, HARVEY (1993) aponta
que não só os processos de trabalho flexibilizam-se, mas também o mercado
de trabalho, os produtos e os padrões de consumo.
É importante notar que as mudanças ocorridas no mundo do trabalho
têm como base de sustentação a exigência de maior produtividade e
rentabilidade que caracterizou aquele período da economia mundial, trazendo à
tona a estratégia de crescente rigidez no controle da força de trabalho. Além
disso, as organizações empresariais voltam-se para um discurso da
responsabilidade social corporativa, compromisso ético, desenvolvimento
sustentável, entre outros que serão diferenciais nas estratégias de
permanência no mercado.
A complexidade dos negócios vem sofrendo um aumento crescente,
resultado do processo de globalização e da rapidez das inovações tecnológicas
e da informação, impõe às empresas uma nova maneira de realizar suas
operações. (ASHLEY, 2002, p. 3).
A compreensão da relação complexa existente entre as empresas e a
sociedade, incluindo governos, comunidades, empregados, além de outras
empresas, diz respeito ao estudo da responsabilidade social de empresas.
(OLIVEIRA, 2008, p. 2). Paulatinamente se percebe empresas privadas
procurando atuar como agentes de desenvolvimento. Estas se preocupam não
só em vender bens e serviços, mas também mostrar responsabilidade pelo
contexto social e ambiental em que realizam suas atividades, mantendo um
bom relacionamento com os seus stakeholders. (GOLDSTEIN, 2007, p. 7).
O tema da responsabilidade social empresarial se constitui em questão
atual, polêmica e dinâmica, envolvendo desde a geração de lucros pelos
12
empresários, que exemplifica uma visão bastante simplificada, até a
implementação de ações sociais no plano de negócios das companhias, em
contexto abrangente e complexo. (TENÓRIO, 2006, p. 13).
A idéia da exposição de práticas de negócios a um número maior de
interessados vem ocorrendo desde a Grande Depressão Americana dos anos
30. Porém, foi em 1899 que a primeira abordagem referente à responsabilidade
social das grandes empresas surgiu.
O empresário A. Carnigie, como fundador do conglomerado U.S Stell
Corporation, aderiu às práticas de responsabilidade social através do princípio
da caridade e da custódia, de acordo com Stoner (1985 apud Karkotli; Aragão,
2004, p. 49).
Conforme o autor explica, o princípio da caridade instituía uma obrigação
aos mais abastados, no sentido de contribuir financeiramente com os menos
favorecidos da sociedade, como idosos, desempregados e inválidos, por
exemplo, enquanto o princípio da custódia instituía a idéia das empresas e
ricos multiplicarem a riqueza da sociedade. Tanto o princípio da caridade, como
o da custódia, eram considerados iniciativas assistencialistas e paternalistas,
pois a obrigação restringia-se apenas a proprietários e administradores, e não
propriamente as empresas. (KARKOTLI; ARAGÃO, 2004, p. 49).
Em 1919, a questão da ética, da responsabilidade e da
discricionariedade dos dirigentes de empresas abertas veio a público com o
julgamento do caso Dodge versus Ford, nos EUA, que tratava da competência
de Henry Forrd, presidente a acionista majoritário da empresa, para tomar
decisões que contrariavam interesses dos acionistas John e Horace Dodge. [...]
A Suprema Corte de Michigan foi favorável aos Dodges, justificando que a
corporação existe para o benefício de seus acionistas e que diretores
corporativos têm livre-arbítrio apenas quanto aos meios para alcançar tal fim,
não podendo usar os lucros para outros objetivos. (ASHLEY, 2002, p. 18 e 19).
13
Foi somente nos anos 50 e 60 que começou a se repensar a idéia da
responsabilidade social vigente e expandir seus horizontes nos Estados
Unidos, a partir da guerra do Vietnã. Nesta época, a sociedade repudiou a
utilização de armamentos bélicos produzidos por empresas norte-americanas,
prejudiciais ao meio ambiente e ao homem. (KARKOTLI; ARAGÃO, 2004, p.
50).
Desta forma, uma nova concepção de responsabilidade social emergiu e
pautou-se pelo reflexo dos objetivos e valores sociais. Houve o entendimento
de que as companhias estão inseridas em ambiente complexo, onde suas
atividades influenciam ou têm impacto sobre diversos agentes sociais,
comunidade e sociedade. (TENÓRIO, 2006, p. 20). A nova moral das
empresas passou por uma mudança, havendo um limite para o que produziam
e vendiam, criando um novo paradigma da responsabilidade social pós-guerra
do Vietnã. (KARKOTLI; ARAGÃO, 2004, p. 50).
No entanto, nesta época, a responsabilidade social encontrou muitos
obstáculos, através da figura dos fundamentalistas, que apoiavam a idéia de
que as empresas devem somente realizar atividades que visam ao lucro dos
acionistas. (KARKOTLI; ARAGÃO, 2004, p. 51).De acordo com o autor, os
fundamentalistas diziam que qualquer desvirtuamento desta finalidade acabaria
gerando impacto sobre os consumidores e, conseqüentemente, sobre a
sociedade.
Na sociedade pós-capitalista, o conceito de responsabilidade social
amplia-se, instituindo uma nova visão que vai além da obrigação com os
acionistas, e passa a incluir outros grupos constituídos na sociedade também.
Assim como considera Druker (1989 apud Karkotli; Aragão, 2004, p. 52), a
empresa deve assumir responsabilidade por eventuais impactos causados para
tudo e todos.
Riahi-Belkaqui; Pavlik (1992 apud Karkotli; Aragão, 2004, p. 55) vão
além ao afirmar que está implícita na razão de ser da empresa a maximização
do bem-estar social. A continuidade da empresa, no longo prazo, segundo
14
Tenório (2006, p. 21), passa a depender da capacidade da administração no
atendimento aos anseios da sociedade, incluindo as expectativas de outros
agentes, além de empregados, acionistas e governo, em seu plano de
negócios.
Oliveira (2008, p. 27 e 28) concorda ao afirmar que todas as tendências
provenientes de movimentos da sociedade civil, governos e empresas
aumentaram a responsabilidade social para as dimensões ética, social,
econômica, política, havendo uma gradual incorporação de outras nas suas
linhas de atuação.
Conforme Neto; Froes (2004, p. 39), as visões de responsabilidade
social corporativa são inúmeras e podem ser assim descritas: “Como um
conjunto de valores”; “Como atitude e comportamento empresarial ético e
responsável.”; “Como exercício da capacitação profissional.”; “Como estratégia
de integração social.”; “Como exercício da consciência ecológica.”; “Como
promotora da cidadania individual e coletiva.”; “Como estratégia social de
inserção na comunidade.”; “Como estratégia de valorização dos
produtos/serviços.”; “Como estratégia de recursos humanos.”; “Como estratégia
de valorização das ações da empresa(agregação de valor).”; “Com estratégia
de marketing institucional”; “Como estratégia de relacionamento.”; “Como
postura estratégica empresarial.”
A seguir será realizado um breve resgate das principais linhas teóricas
da Responsabilidade Social ao longo da história, objetivando tornar mais claro
o caminho percorrido neste estudo.
15
CAPÍTULO II
Responsabilidade Social na história e principais
linhas teóricas.
Data da década de 1950 a origem do conceito teórico de
Responsabilidade Social. É na Europa e nos EUA que tem início a literatura
formal sobre o tema. Nessa época, os pesquisadores estavam preocupados
com o que chamavam de “excessiva autonomia” dos negócios em detrimento
de suas responsabilidades pelos efeitos negativos de suas atividades perante
sociedade.
As primeiras definições tinham como característica a ambigüidade e o
primeiro autor de peso foi Howard Bowen, cujos estudos afirmavam que as
empresas eram centros de poder e decisão, onde suas ações interferiam de
maneira significativa na vida dos cidadãos (BORGER, 2001).
Sua principal preocupação girava em torno das responsabilidades das
organizações empresariais – “dos homens de negócios” – com a sociedade.
Retomando a idéia de que a empresas deveriam atentar para uma melhor
compreensão do impacto social de suas atividades, situa a discussão no
âmbito da gestão dos negócios, afirmando ainda, que o desempenho social e
ético deve ser medido a partir de auditorias (BORGER, 2001).
Na década seguinte, em 1960, os pesquisadores tinham como
preocupação a definição mais precisa do conceito de responsabilidade social.
A idéia predominante é de que as empresas devem entender suas
responsabilidade além do aumento das taxas de lucro, preocupando-se com a
16
utilização dos recursos econômicos e humanos da sociedade para fins de
benefício mais amplo, que extrapole a esfera privada.
É importante lembrar que nesta década tem início o reconhecimento das
relações empresariais com agentes externos. Assim como, passam a ser
considerados as conseqüências de sua ações na sociedade como um todo.
O debate público sobre temas como pobreza, desemprego, distribuição
de renda, crescimento econômico, entre outros, na década de 1970, irá abarcar
também a discussão da Responsabilidade Social Empresarial. Nesta década,
os estudos estavam voltados para a especificação do conceito e trazem uma
modificação da visão do contrato social entre a sociedade e os negócios, a
inserção de novas responsabilidades sociais como meio ambiente, segurança
do trabalho e regulamentação governamental (BORGER, 2001).
É possível observar na literatura sobre a temática, o destaque de três
linhas teóricas: o conceito de responsabilidade pública de Preston e Post
(1975), a visão estrutural de responsabilidade social de Carrol (1979) e o
conceito de Corporate Responsiveness de Ackerman (1975) Sethi (1979)
(BORGER, 2001).
De acordo com a linha da responsabilidade pública de Preston e Post a
sociedade e os negócios são sistemas transversais. Nesta linha de
argumentação o princípio da responsabilidade pública vai além do aspecto
legal, sem, contudo, compreender todas as expectativas da sociedade.
Neste sentido, são definidas duas áreas de gestão de responsabilidade
social, onde uma relaciona-se ao envolvimento primário da empresa
(compreende o comportamento e as operações diretamente ligadas às suas
características) e a segunda diz respeito ao envolvimento secundário (impactos
e efeitos das ações de envolvimento primário).
17
Portanto, a linha teórica da responsabilidade pública interpreta que os
gestores são responsáveis e/ou obrigados a resolver todos os problemas da
sociedade, porém estão dispostos a contribuir com as áreas de sua atuação ou
interesse.
Na visão estrutural de responsabilidade social de Carrol (1979),
encontram-se diversas responsabilidades dos negócios com a sociedade que
vão além dos aspectos econômico e legal. Carrol desenvolveu uma estrutura
chamada de pirâmide da responsabilidade social, a qual é composta por quatro
elementos: econômico, legal ético e filantrópico (BORGER, 2001).
A responsabilidade econômica diz respeito à produção de bens e
serviços desejados pela sociedade e vendidos com lucro. A responsabilidade
legal está ligada à obediência às leis, como está organizado o negócio
legalmente em determinada sociedade para que as empresas sigam as regras
estabelecidas para produção, comércio, etc.
A responsabilidade ética relaciona-se ao comportamento da
organização, significa considerar as conseqüências de suas ações, a reflexão
sobre o processo decisório, a busca do equilíbrio entre os diversos interesses
(trabalhadores, consumidores, fornecedores, moradores locais).
O último elemento – filantropia empresarial -, nem por isso menos
importante, diz respeito às ações empreendidas pelas empresas em resposta
às expectativas da sociedade, com maior flexibilidade e não obrigatoriedade
por parte dos gestores, porém cada vez mais estratégicas.
De acordo com o conceito de Corporate Responsiveness de Ackerman
(1975) e Sethi (1979), as empresas adaptam seu comportamento às
necessidades sociais. Diferentemente do conceito de Responsabilidade Social
que remete à questão da ética, o conceito de Corporate Responsiveness
explicita a necessidade das organizações empresariais darem respostas
18
responsáveis às demandas sociais. Pois, se trata de uma questão de
sobrevivência, cujo foco é a capacidade responsiva e não o conteúdo dessas
respostas (BORGER, 2001).
Dessa forma, a principal crítica feita a empresas que estão enquadradas
nos modelos responsivos é a preocupação apenas com a sobrevivência da
organização, quando trabalha para dar respostas ao ambiente de mudança. Na
verdade, este movimento mostra que as empresas são principalmente reativas
às pressões externas, e não preocupadas em trabalhar suas responsabilidades
corporativas. Neste contexto, normalmente acabam cedendo à pressão dos
agentes que têm maior poder de influência, a exemplo da mídia.
Partindo-se da conceituação do tema abordado - responsabilidade social
- pretende-se situar tal discussão na interpretação do empresariado, e em
contraposição, os argumentos que fundamentam a crítica feita à sua utilização
apenas como mais uma forma de obtenção de lucros.
Em primeiro lugar, a responsabilidade social deve ser situada no âmbito
da articulação das forças econômicas neoliberais que buscam amenizar os
flagelos que as organizações empresariais são responsáveis pela criação.
Desta forma, responsabilidade social é, portanto, para as empresas um
modo pelo qual tem sua consciência tornada leve, ou seja, servem para aliviar
o peso da consciência, uma vez que contribuem com a manutenção e
aprofundamento de um sistema de produção que produz e reproduz miséria.
Em segundo lugar, para o empresariado, porém, deve ser incorporada
às estratégias das empresas e aos seus valores organizacionais, pois é uma
das possibilidades de sobrevivência no capitalismo em sua versão
contemporânea (ROMAN, 2004).
19
Sabemos que, para a transformação das estruturas geradoras da
miséria são necessárias ações radicais que vão além das forças auto-
reguladoras do mercado. Contudo, não há qualquer garantia de que essas
mudanças aconteçam, pois modificar a base em que se assentam os
problemas provoca um questionamento da ordem econômica geradora de
demandas por práticas de responsabilidade social (ROMAN, 2004).
“Em um ponto todos concordamos: qualquer ação que
minimize a miséria é válida. Mas é ingenuidade crer que as
empresas, ao assumir algumas das funções do Estado, irão
resolver os graves problemas sociais gerados pelo capitalismo.
Ao tentar desempenhar esses papéis, fazem-no, certamente, sob
a lente da lucratividade, objetivo legítimo de qualquer organização
capitalista”. (ROMAN, 2004: 37)
Não resta dúvida de que apreender o limite entre a ênfase no cunho
mercadológico e o da responsabilidade e consciência social das empresas se
torna, por vezes, tarefa quase inatingível. Isto porque, inúmeras organizações
empresariais, mesmo reconhecendo que suas ações não surtem efeitos
razoáveis, investem em ações que lhes darão certa visibilidade positiva.
Devemos valorizá-las por isso. O desafio para essas empresas é diferenciar-se
de outras tantas que glamorizam esporádicas ações filantrópicas, abrigando-as
inconvenientemente sob o título de "marketing social".(ROMAN, 2004 pág. 38)
A prática empresarial e a mídia vêm ressaltando exclusivamente a
instrumentalização da responsabilidade social corporativa como forma de
melhorar a reputação da empresa, identificar oportunidades de testar novas
tecnologias e produtos e, desta forma, adquirir vantagens competitivas no
mercado globalizado.
São inúmeros os casos em que o conceito de responsabilidade social
corporativa é utilizado como instrumento de inovação social corporativa, onde
20
as empresas se envolvem em questões sociais de forma estratégica a fim de
inovar processos e produtos organizacionais. (ASHLEY et alli, 2000: 11)
A partir da análise da literatura, percebemos que o conceito de
responsabilidade social corporativa requer, como premissa para sua
aplicabilidade não reduzida à racionalidade instrumental, um novo conceito de
empresa e, assim, um novo modelo mental das relações sociais, econômicas e
políticas.
Por um lado, a literatura sobre cidadania empresarial, a qual só muito
recentemente tem recebido maior atenção, vem destacando a gestão das
relações da empresa com dois grupos de stakeholders: os empregados pela
empresa e a comunidade em que a empresa está inserida. Aqui a preocupação
é com a gestão dos recursos humanos e das relações comunitárias, gestão
essa que vem repercutir, respectivamente, nos resultados operacionais e
econômicos e na qualidade de inserção da empresa e sua imagem junto ao
público. (ASHLEY et alli, 2000: 12)
Contribuindo para essa incorporação de forma instrumental, está o
estímulo proporcionado pelo Prêmio Eco, da Câmara Americana de Comércio
de São Paulo, anualmente concedido a empresas brasileiras desde 1982.
Segundo as orientações para a premiação, o nome ECO representa a união
das iniciais de “empresa e comunidade” e são aceitas inscrições de projetos de
empresas privadas ou fundações e institutos de empresas privadas: cuja
finalidade seja o atendimento a necessidades de caráter público e que não se
confundam com interesses comerciais privados; cujo público beneficiado não
seja exclusivamente os funcionários da empresa e/ou seus familiares; que não
sejam resultantes de uma obrigação legal imposta à empresa, ou de uma
tentativa de minimizar ou anular os efeitos negativos que a atividade da
empresa gera na comunidade ou na sociedade como um todo; e com, no
mínimo, um ano de execução. (ASHLEY et alli, 2000: 13)
21
De acordo com a literatura investigada, percebe-se que o conceito de
responsabilidade social corporativa vem consolidando-se como um conceito
intrinsecamente interdisciplinar, multidimensional e associado à uma
abordagem sistêmica, focada nas relações entre stakeholders associados
direta e indiretamente ao negócio da empresa. Portanto, o conceito requer a
sua incorporação à orientação estratégica da empresa, refletida em desafios
éticos para as dimensões econômica, ambiental e social dos negócios (Enderle
e Davis, 1998).
Por outro lado, ambos os conceitos - responsabilidade social corporativa
e cidadania empresarial - apresentam-se em processo de maturação de
diversas tendências de abordagem, requerendo, para sua construção teórica e
aplicação prática, o desenvolvimento de seus respectivos constructos para a
sua definição, mensuração e validação. Nesse sentido, a abstração ainda
presente em ambos os conceitos deve dar lugar à construção de indicadores
associados às variáveis relacionadas às respectivas dimensões e relações da
empresa com seus diversos grupos de stakeholders (ASHLEY et alli, 2000:15).
Para Martinelli (1997), a atuação das empresas no ramo da
responsabilidade social pode ser compreendida através de estágios
alcançados pelas mesmas. Ao abordar o estágio em que a organização é
caracterizada como empresa-cidadã, o autor afirma que a empresa passa a
agir na transformação do ambiente social, sem se ater apenas aos resultados
financeiros do balanço econômico, buscando avaliar a sua contribuição à
sociedade e se posicionando de forma pró-ativa nas suas contribuições para os
problemas sociais.
A empresa classificável como empresa-cidadã possuiria objetivos sociais
e instrumentos sociais, os quais não deveriam ser confundidos com práticas
comerciais com objetivos econômicos. Desta forma, sua atuação agregaria
uma nova faceta ao seu papel de agente econômico: a de agente social. Ela
passaria a
22
disponibilizar, com as devidas adaptações, os mesmos recursos aplicados em
seu negócio, em prol da transformação da sociedade e do desenvolvimento do
bem comum.
Martinelli argumenta ainda que a prática da cidadania empresarial
poderia trazer, à empresa promotora, ganhos substanciais, tais como: valor
agregado à sua imagem; desenvolvimento de lideranças mais conscientes e
socialmente responsáveis; melhoria do clima organizacional e da satisfação e
motivação decorrentes de aumento de auto-estima; reconhecimento e orgulho
pela participação em projetos sociais, entre outras vantagens (1997: 9).
23
CAPÍTULO III
Responsabilidade Social à moda brasileira.
No Brasil, a institucionalização da Respnsabilidade Social Empresarial
situa-se na década de 1980 quando através de três iniciativas (Prêmio ECO,
PNBE – Pensamento Nacional das Bases Empresariais e GIFE – Grupo de
Institutos e Fundações Empresariais) a cidade de São Paulo torna-se a
pioneira deste tipo de ação. Estas atividades foram fundamentais tanto para
consolidação no mundo empresarial como para estudo, aprofundamento e
ampliação desta frente de trabalho (GARCIA, 2004).
Considerando que as empresas estão inseridas em um ambiente de
incertezas e de muitas pressões das partes interessadas, percebe-se o
crescimento das exigências para um desempenho global que promova a
eficiência, eficácia, efetividade e economicidade, que tenham suas operações
“limpas” e ações transparentes e sejam socialmente responsáveis.
Neste contexto, nos últimos 40 anos foram desenvolvidas inúmeras
técnicas gerenciais direcionadas às organizações a buscarem garantir sua
sobrevivência no mercado e maximizar os seus resultados financeiros. No
entanto, como gerar competitividade vem cotidianamente tornando-se um
desafio para as empresas (GARCIA, 2004).
Empresas consideradas “inteligentes” desenvolvem um novo
comportamento diante da competitividade do mercado: Responsabilidade
Social de Empresas (RSE), esta é a nova forma de “como fazer” adotada pelas
empresas modernas. Isto se dá pela busca da garantia de espaço no mercado
globalizado, na potencialização do seu desenvolvimento, na redefinição
24
constante de seus valores como forma de adequá-los às necessidades
mercadológicas vigentes.
Esse processo é impulsionado pela maior conscientização do
consumidor e conseqüente procura de produtos e práticas que gerem melhoria
para o meio ambiente ou comunidade, valorizando aspectos ligados à
cidadania. O movimento de mudança para o empresariado está associado ao
padrão de exigência do consumidor (GARCIA, 2004).
Além disso, essas profundas transformações mostram-nos que o
crescimento econômico só será possível se estiver alicerçado em bases
sólidas. Deve haver um desenvolvimento de estratégias empresariais
competitivas por meio de soluções socialmente corretas, ambientalmente
sustentáveis e economicamente viáveis.
Corrêa et al (2004) cita que o despertar da responsabilidade social das
empresas não tem um histórico cronologicamente definido. O que há na
verdade, é uma evolução da postura das organizações em face da questão
social, provocada por uma série de fatos sócio-políticos determinantes e,
também, por aqueles que foram conseqüência da inovação tecnológica.
Considerando que somente no final dos anos 60 e início da década de
70, tanto nos Estados Unidos da América (EUA), quanto em parte da Europa,
que uma atuação voltada para o social ganhou destaque, Torres (2003) afirma
que a realização de ações de caráter social não é uma prática tão recente no
meio empresarial. Estas se constituíam basicamente em respostas às novas
reivindicações de alguns setores da sociedade que levaram para o universo
das empresas diversas demandas por transformação na atuação corporativa
tradicional voltada estritamente para o econômico.
Desde meados da década de 60, que no Brasil são verificados os
indícios de que uma mudança de mentalidade empresarial estava
acontecendo. Isto ocorre quando novas idéias começam a serem discutidas e é
criada a Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), sendo
25
publicada a “Carta de Princípios do Dirigente Cristão de Empresas”, em 1965.
A difusão dessas idéias, no entanto, tomou impulso a partir da segunda metade
dos anos 70, quando mereceram destaque como ponto central do 2° Encontro
Nacional de Dirigentes de Empresas. Um dos princípios da ADCE Brasil
baseava-se na aceitação por seus membros de que as empresas além de
produzir bens e serviços, devem possuir função social que se realiza em nome
dos trabalhadores e do bem-estar da comunidade em geral.
No cenário brasileiro a consciência de responsabilidade social do
empresariado teve certas instituições como protagonistas desta história e como
catalisadores importantes e diretamente responsáveis pelo despertar desta
consciência. Surgido em 1989, o Grupo de Instituições, Fundações e Empresas
(GIFE), foi a instituição pioneira, mas somente institucionalizada e formalizada
em 1995. (CORRÊA et al, 2004).
O conceito de Responsabilidade Social Empresarial às vezes está
associado à prática filantrópica, pois é muito comum ver empresários e
empresas divulgando nos meios de comunicação a participação ou o apoio a
projetos sociais, através de doações. No entanto, a questão da
responsabilidade social abrange muito mais do que simples doações
financeiras ou materiais. De acordo com Silva (2001), “filantropia significa
amizade do homem para com o outro homem”. Significa ajuda e possui um
caráter assistencialista. Trata-se de uma ação externa à empresa, tendo como
benefício à comunidade, tornando-se um paliativo para uma grave conjuntura
social.
Para Grajew (1999), Responsabilidade Social Empresarial trata-se da
relação ética em todas suas ações, políticas, e práticas, sejam elas com o seu
público interno ou externo.
Para Oliveira (2005), não existe uma lista rígida de ações que uma
empresa deve fazer para ser socialmente responsável, ou seja, não existe uma
definição consensual. Responsabilidade social envolve uma gestão empresarial
26
mais transparente e ética e a inserção de preocupações sociais e ambientais
nas decisões e resultados das empresas.
Responsabilidade social - relacionamento ético e transparente da
organização com todas as partes interessadas, visando ao desenvolvimento
sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para
gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das
desigualdades sociais (FPNQ, 2005).
Cherques (2003) enfatiza que as empresas estão sendo chamadas à
responsabilidade porque, havendo se equivocado sistematicamente sobre o
futuro da economia e da sociedade, vêem-se na contingência de reavaliar o
peso dos efeitos das suas atividades e corrigir a sua conduta.
Dentre as atitudes possíveis para enfrentar esse desafio, a mais sábia
parece ser a de sacudir a letargia e tentar dar conta do que está evidentemente
errado. Trata-se de buscar uma nova identidade para as empresas. Uma
identidade que integre a responsabilidade social às áreas estratégica, logística,
operacional, financeira e comercial. (CHERQUES, 2003).
De acordo com Melo Neto e Froes (2001, p.78), a Responsabilidade
Social das Empresas consiste na sua “decisão de participar mais diretamente
das ações comunitárias na região em que está presente e minorar possíveis
danos ambientais decorrente do tipo de atividade que exerce”.
Para Ashley (2003, p.56) a responsabilidade social empresarial pode ser
definido como:
“O compromisso que uma organização deve ter para com a
sociedade, expresso por meio de atos e atitudes que afetem
positivamente, de modo amplo, ou a alguma comunidade, de
modo específico, agindo proativamente e coerentemente no que
tange a seu papel específico na sociedade e na prestação de
contas para com ela”.
27
O termo Responsabilidade Social implica em uma forma das empresas
conduzirem seus negócios “de tal maneira que as tornem parceiras e co-
responsáveis pelo desenvolvimento social” (Instituto Ethos, 2002). A empresa
socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os
interesses das diferentes partes envolvidas no negócio (stakeholders):
acionistas, funcionários, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e
meio ambiente, de forma a conseguir incorporá-los no planejamento de suas
atividades, buscando atender às demandas de todos.
De acordo com Silva (2001), responsabilidade social empresarial é o
comprometimento permanente dos empresários de adotar um comportamento
ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, melhorando
simultaneamente, a qualidade de vida de seus empregados e de suas famílias,
da comunidade local e da sociedade como um todo.
Para Cherques (2003), do ponto de vista ético, não há limite de
responsabilidade para os danos sociais que uma empresa possa causar. A
idéia de limite de responsabilidade vem do direito civil e do comercial. Os
proprietários de empresas de responsabilidade limitada só respondem pelo seu
patrimônio social. Mas esta é uma figura econômica e jurídica. Moralmente não
há limite para a nossa responsabilidade. O que existe é a não-
responsabilização sob determinadas condições.
A responsabilidade social das empresas compreende o conjunto de
deveres morais que as empresas, na pessoa dos que as dirigem, têm para com
a sociedade. Esses deveres são de caráter preventivo, por exemplo, quando a
empresa se esforça por não deteriorar o meio ambiente, e de caráter
reparador, quando, por exemplo, a empresa restaura o meio ambiente depois
de um vazamento de efluentes.
Garcia (2004) acredita que o investimento em ações de responsabilidade
social procura disseminar uma nova imagem do empresariado, mais
consciente, mais politizado. Em alguns países, sua emergência é reflexo de
mudanças sociais que exigem maior engajamento desse setor em ações “a
28
favor” da sociedade, que podem resultar em ações concretas ou mudanças de
posturas.
Exemplares dessas mudanças são encontrados na preocupação mais
intensa em relação à qualidade dos produtos, no maior nível de informação
sobre os componentes, fórmulas e possíveis impactos a partir do uso, na
adequação a consumidores com necessidade específicas, no zelo quanto às
relações trabalhistas e ambientais, entre outros (GARCIA, 2004).
Países como Itália, Suécia e Inglaterra figuram como contraponto ao
modelo norte-americano - cuja tradição cultural tem como base o individualismo
e a ênfase na iniciativa privada, combinada ao descrédito no poder
governamental. Naqueles países a Responsabilidade Social parece estar mais
estreitamente ligada às ações de reforço à cidadania, destacando-se, por
exemplo, a participação dos trabalhadores na gestão empresarial, a adesão às
campanhas de interesse social e impacto ambiental e a transparência dos
investimentos via balanço social. Em tais sociedades a idéia de cidadania
implica tomar os serviços sociais como direitos, a presença das empresas
nesse campo das responsabilidades assume uma conotação mais politizadora
e integrada aos acordos sociais mais amplos, não se restringindo ao aspecto
mercadológico.
No debate sobre responsabilidade social temos pelo menos dois grupos
com argumentos controversos: o primeiro valoriza a idéia como uma alternativa
para ‘os males da sociedade ocidental contemporânea, como os gastos sociais
altos e ineficientes’, descrédito nas instituições públicas, enfraquecimento da
solidariedade social, (re)definição da função social das empresas e do papel do
mercado. O segundo grupo argumenta que a Responsabilidade Social é
utilizada como estratégia para promover socialmente as empresas, atenuando
o interesse econômico.
29
Revela-se aqui elemento central desta discussão, qual seja, a
interpretação da incongruência entre interesses econômicos das organizações
empresariais e interesses coletivos que apontem para uma noção de
fortalecimento da cidadania e, conseqüentemente, para garantia de direitos.
Os defensores do marketing social, no entanto, alegam que a
associação entre mundo dos negócios e as ações no campo social é resultado
de exigência do mercado, e neste caso, a elevação do nível de exigências por
parte dos consumidores no que diz respeito aos produtos, entre outras.
Em outros países, a Responsabilidade Social consiste essencialmente
em estratégia de marketing que buscam associar o produto da empresa a um
conjunto de valores favoráveis. No entanto, os dois grupos apresentam em
comum a busca da relativização do aparente antagonismo entre interesses
privados e compromissos públicos (GARCIA, 2004 p.7-8).
A autora sublinha o negócio do social como uma ‘novidade’ oportuna
para orientar mudanças no sentido de uma modernização positiva, onde o
marketing ora aparece como recurso ora como finalidade.
Quando da utilização da Responsabilidade Social como uma estratégia
de marketing, ao tentar associar as ações daquela à marca, as empresas
fortalecem sua influência na escolha e fidelidade a um produto. Desta forma, o
produto passa a contar com um conteúdo valorativo que contribui para a boa
imagem da empresa (além daqueles ‘originários’ de mercado: preço,
originalidade, qualidade).
A Responsabilidade Social tem sido um tema de grande relevância no
mundo dos negócios, principalmente em duas frentes: como uma estratégia
competitiva diante de um mercado cada vez mais voraz; e como elemento
positivo na avaliação do desempenho das organizações empresariais. Há no
mercado uma grande pressão, principalmente sobre as grandes companhias,
30
no sentido de atentarem para as implicações de sua atuação seja interna ou
externamente.
No entanto, esse debate sofreu uma mudança decisiva. Hoje, para além
da necessidade ou conveniência das ações de responsabilidade social, o
contexto apresenta outras situações com as quais as organizações
empresariais relacionam-se, como por exemplo: a atuação de organismos
internacionais, novos métodos para o controle da poluição ambiental, bem
como a internacionalização das atividades e a universalização dos direitos
trabalhistas.
Além disso, é oportuno lembrar que as ações de responsabilidade social
envolvem variadas vertentes de trabalho, dentre os quais podem ser citadas as
parcerias estabelecidas entre cliente e fornecedores, a qualidade da produção
atendendo às exigências de satisfação do consumidor, as contribuições para a
promoção do desenvolvimento da comunidade, os investimentos em pesquisas
tecnológicas, o cuidado e conservação do meio ambiente através de
intervenções não predatórias, a participação dos trabalhadores tanto nos
resultados quanto nas decisões das empresas, respeito aos cidadãos e
investimento na qualificação e desenvolvimento profissional, bem como em
segurança do trabalho.
Colocar em discussão o tema da responsabilidade social empresarial
requer ter como pressuposto a idéia de que as decisões e resultados obtidos
por estas organizações envolvem agentes sociais para além do mundo do
negócio. Suas atividades geram conseqüências para a comunidade local, para
o meio ambiente, para a economia em geral, política, entre outros.
3.1 Os desafios para a Responsabilidade Social Empresarial.
31
O conceito de cultura abre caminho para a discussão mais aprofundada
do simbolismo e formas das ações de Responsabilidade Social. Quando se fala
em cultura organizacional, remete-se aos valores adotados pelos altos
escalões para a gestão da empresa. Ao contrário do que seria possível
abordar, de forma antropológica, os valores intrínsecos ao modo de atuação e
administração. Porém, é a partir desta última abordagem que pode ser possível
a visualização das diferenças entre países no que diz respeito à valorização da
Responsabilidade Social.
No mundo dos negócios há uma valorização tanto da dimensão cultural,
da vida em sociedade e das próprias organizações quanto de valores culturais
mais específicos como responsabilidade e moralidade. Estes são vistos como
valores éticos e culturais ao mesmo tempo, e são fundamentais para a noção
de responsabilidade corporativa.
Deste modo, compreender a dimensão cultural é de extrema relevância
para entender as diferentes formas de responsabilidade social adotadas e o
seu avanço no mundo corporativo.
A responsabilidade social empresarial deve ser pensada levando em
consideração os valores e norma culturais existentes em determinada
sociedade, pois aquela é apreendida como um valor cultural que vem tendo
cada vez mais aceitação em todo mundo, sobretudo, no que diz respeito às
formas de conceber o papel social da empresa perante a sociedade.
A empresa deve ser interpretada como inserida num complexo de redes
/ sistemas culturais mais amplos, onde mantém relações com estes ao mesmo
tempo em que se constitui um sistema cultural. De acordo com Ashley (2005),
no Brasil, as dificuldades para se criar uma cultura organizacional com
definições claras encontra obstáculos na hibridez da cultura do país.
32
Esta característica da cultura conjuga princípios éticos racionais
capitalistas (derivando profissionalismo, imparcialidade, credibilidade e
transparência) e valores fundamentados no oportunismo (defesa de interesses
particulares em detrimento dos interesses coletivo, inclusive, com
desobediência às leis).
Deste modo, encontra-se no Brasil um choque entre dois valores
culturais principais (integridade x oportunismo). De um lado valoriza-se a
idoneidade nas relações sociais em todas as instâncias, e do outro prevalece a
lógica do “jeitinho”, onde prevalece os interesses de quem ter maior poder de
influência.
Chega-se a afirmar que estes traços culturais são impeditivos da
introdução de práticas administrativas mais modernas no Brasil. No entanto, a
cultura não pode ser interpretada como algo linear ou estático, que não sofre
mudanças. Pelo contrário, o conjunto de princípios, valores, normas e condutas
são mutáveis; sofrem as transformações de acordo com as mudanças em
escala mundial, sem contudo, obedecer a um único ritmo.
Ferrel (2001) afirma que a cultura organizacional pode ser definida como
o conjunto de valores, objetivos, convicções, normas e rituais que seus
membros compartilham. Desta forma, apreende-se que a cultura é responsável
por dar sentido de integração entre os empregados, impondo-lhes regras de
conduta. Quando aqueles valores, objetivos e normas são aceitos forma-se a
cultura da empresa.
De acordo com Ashley (2005), a construção de uma sociedade
sustentável exige que todos os agentes sociais tenham uma nova perspectiva
sobre suas ações e decisões. No mundo empresarial, um primeiro desafio
consiste em realizar a avaliação de desempenho, o que também pode servir
como orientação para os stakeholders. Nesta avaliação pode ser incorporado o
33
chamado resultado final triplo, onde são avaliados os aspectos da
responsabilidade ambiental, econômica e social.
Outro desafio colocado pela autora é o de ultrapassar as fronteiras do
mundo empresarial, ou seja, propõe que o tema da responsabilidade social
seja discutido em outras instâncias para além do mundo dos negócios uma vez
que suas conseqüências podem beneficiar ou não o conjunto da sociedade.
É preciso superar a idéia de assistencialismo ou benevolência como
ações de responsabilidade social das empresas. As premissas que devem ser
assumidas são aquelas que se assentam em valores humanistas e solidários, a
proteção social da família e da comunidade local, a responsabilização de todos
os sujeitos sociais em decorrência de suas ações e decisões, a consideração
do poder de compra e consumo da clientela, criando uma lógica de mercado
que dê privilégios às empresas que concebem seus produtos de forma
responsável, o incentivo à formação técnico e superior com vistas a uma
sociedade sustentável.
Um terceiro desafio colocado pela autora refere-se à implementação da
transparência organizacional, construindo relações de confiança, incentivando
e adotando parcerias que agreguem valor mutuamente.
As últimas décadas têm demonstrado uma preocupação com a
voracidade dos fluxos de caixa, sendo tomadas algumas iniciativas neste
sentido. No entanto, observa-se que a preocupação deve se dar além do
quadro de funcionários, ou seja, também com os stakeholders. Nesta direção
encontram-se os balanços sociais, cujo objetivo expresso é a melhoria da
qualidade de vida e do bem-estar dos colaboradores, de suas famílias e da
população em seu raio de influência.
Pode, portanto, ser entendido como uma forma de catalisar e direcionar
ações para a participação social. Para deixar mais claro é preciso explicar o
34
que seria o balanço social: documento publicado anualmente pelas empresas a
fim de divulgar informações sobre o desenvolvimento de atividades de cunho
humano ou social direcionadas a seus empregados e comunidade. Serve na
prática para aferir o desempenho de ações de responsabilidade social, dando
transparência a estas atividades.
Para Neto e Froes (1999), o balanço social é composto por duas
vertentes: uma direcionada para seus empregados e familiares (áreas da
educação, saúde, remuneração e benefícios, segurança do trabalho) e outra
direcionada para a sociedade em geral (cultura, lazer, esporte, educação, meio
ambiente). Muitas vezes, o aspecto político pode prejudicar o profissionalismo
em algumas empresas, quando a influência política se sobrepõe ao talento e à
competência profissional. Mesmo assim quando a empresa ultrapassa os
limites de sua atuação e influência nos programas de participação social,
impulsiona projetos educacionais, ambientais e culturais. Esta postura vem
sendo chamada responsabilidade social, a qual conta com indicadores de
sustentabilidade, detectando a presença das empresas nessa área.
Quando uma organização empresarial se propõe – e hoje quase todas
são, praticamente, obrigadas – a adotar práticas de responsabilidade social,
existem objetivos claros (ao menos no discurso) e outros nem sempre tão
explícitos para a sociedade.
Dentre alguns dos objetivos podem ser encontrados, por exemplo, a
preservação dos recursos naturais e a contribuição para a sustentabilidade
ambiental, a colaboração para a redução das mazelas sociais, a melhoria nos
padrões de ética e convivência democrática na sociedade, a redução da
pobreza / melhoria da distribuição de renda, aumento do nível de
responsabilidade social na cadeia produtiva, ampliação e geração de emprego
e renda e promoção dos direitos das minorias. Nos objetivos listados até então
figura um certo caráter generalizante, amplo demais, de difícil mensuração.
35
Portanto, percebe-se que muitas empresas ao enunciar objetivos como
estes, não significa que há um processo de efetiva mudança trazida pelos
projetos / programas de responsabilidade social.
Contudo, há alguns objetivos que não são explicitados, como é o caso
por exemplo, do uso feito pelas empresas de algum tipo de cunho social para
promover sua marca / produto.
O problema reside, justamente, no tipo de ação e sua efetividade para
os stakeholders, que quase sempre não percebem diferenças significativas
seja no ambiente de trabalho ou fora dele. Deste objetivo podem resultar outros
como a busca por recursos de instituições financiadoras (públicas ou privadas)
através da imagem criada pela ação de responsabilidade social. Assim, os
objetivos expressos nestes projetos, nem sempre correspondem ao lugar
almejado pela empresa (BORGER, 2001).
Não obstante, esta gama de objetivos conta com o aumento da
motivação e envolvimento dos empregados e colaboradores, retenção e
atração de bons empregados e colaboradores, aumento da satisfação e
fidelidade do cliente/consumidor, vantagem competitiva e ampliação do
mercado, a dinamização do mercado e do consumo, maior facilidade no acesso
a capital e financiamento, bem como agregar valor à imagem da empresa.
De acordo com BORGER (2001), para que a Responsabilidade Social
Empresarial faça parte de forma integral dos negócios das empresas e de seu
processo de tomada de decisão, deve-se ter clara e explicitamente em seus
documentos que aquela está contida na missão, nos valores, nos princípios e
nos objetivos sociais da organização. Deve-se, portanto, incorporar a
Responsabilidade Social à cultura da empresa, bem como em sua visão,
afirmando seu compromisso com o público interno e externo. O que está se
afirmando é que não basta que uma organização empresarial seja premiada
com um ou dois programas, mas sim que os valores ali expressos e os
36
compromissos assumidos devem estar enraizados em todo o seu processo de
trabalho.
“As empresas precisam definir o que apóiam, o que
desejam das relações com as partes interessadas e o que
esperam em troca, precisam desenvolver uma série de valores e
princípios éticos que sustentam o crescimento das mútuas
relações. Desenvolver a missão social de uma empresa implica
compartilhar uma visão de que a empresa vai além da
maximização de lucros” (BORGER, 2001:72).
Nesse sentido o Instituto Ethos em sua publicação sobre
Responsabilidade Social direcionada às micro e pequenas empresas
estabelece um caminho para alcançar o sucesso na área. Estabelece 7 (sete)
diretrizes para se desenvolver o negócio com Responsabilidade Social: adotar
valores e trabalhar com transparência; valorizar empregados e colaboradores;
fazer sempre mais pelo meio ambiente; envolver parceiros e fornecedores;
proteger clientes e consumidores; promover sua comunidade; e comprometer-
se com o bem comum. (INSTITUTO ETHOS, 2003).
Os elementos que definem a maneira pela qual serão estabelecidas as
relações com os agentes interessados são os valores e princípios, os quais irão
indicar o contexto para o desenvolvimento do processo de trabalho e do
processo de tomada de decisões. Contudo, não há de se enganar pela
explicitação de valores e princípios organizacionais, uma vez que isto não
serve como garantia da incorporação da responsabilidade social na cultura da
empresa, por exemplo.
As mudanças nas empresas quando da incorporação da
responsabilidade social situam-se na estrutura organizacional, nos sistemas de
avaliação e no ambiente organizacional, além da imagem da empresa.
Portanto, incorporar a responsabilidade social pode ser interpretado como a
administração das relações contratuais e institucionais das corporações no
37
sentido de atender às demandas e expectativas dos agentes interessados.
Uma cultura organizacional orientada para a Responsabilidade Social
Empresarial exige mudanças tanto de valores, quanto de sistemas e padrões
de conduta, além de contar, quase sempre, com resistências externas.
Quanto à criação de instâncias –denominadas comitês- de ética e
responsabilidade social em seus conselhos, tem-se que muitas são as
empresas que adotam esta prática no intuito de rever as estratégias, monitorar
as atividades, dar orientação e tomar decisões sobre questões que emergem.
No entanto, outras deixam as questões relacionadas à responsabilidade
social para os conselhos de diretoria que estabelecem suas diretrizes, sem
criarem os comitês específicos. Isto pode dizer sobre a relevância do tema para
a organização empresarial, o processo de condução, seu sucesso ou fracasso.
O envolvimento das empresas e/ou seu alinhamento à Responsabilidade
Social Empresarial requer um processo de comunicação razoável, no que pese
sua importância para a implementação de programas e ações sociais, na
criação de um ambiente propício ao diálogo, a bom fluxo de informações, a
discussão dos problemas; e no processo de colaboração e incentivos dos
interessados.
Assim, internamente a empresa precisa se organizar, tratando as
questões sociais e ambientais de forma interdisciplinar, através de equipes
multidisciplinares, ou seja, é preciso que as relações internas estejam bem
resolvidas para que em seguida possa avançar para o ambiente das relações
externas.
Percebe-se, então, que a Responsabilidade Social Empresarial passa
pelo desenvolvimento de relações de cooperação, da superação de obstáculos,
do incremento de incentivos, da criação de mecanismos de suporte, bem como
da revisão das políticas, diretrizes e procedimentos da gestão empresarial. Em
38
suma, as organizações empresariais precisam se comprometer na oferta de um
ambiente de confiança e troca e a participação efetiva dos stakeholders,
considerando a transparência nestas relações (BORGER, 2001).
O início do alinhamento pode ser através da revisão dos sistemas
existentes, com o objetivo de reconhecer áreas em que as mudanças são
necessárias. Para isso, é preciso auto-avaliação das políticas, processos e
sistemas internos das empresas.
A capacitação dos empregados torna-se essencial no processo de
revisão dos sistemas e recursos internos. O engajamento na Responsabilidade
Social Empresarial abarca ainda, como já mencionado, a comunicação interna
e externa (compartilhamento de informações e recursos), bem como o
estabelecimento de relações baseadas na confiança, na integridade e na
credibilidade.
Por isso, neste trabalho, reafirma-se a necessidade da compreensão de
que o investimento em Responsabilidade Social Empresarial é essencial tanto
aos trabalhadores desta empresas como para as comunidades locais,
estendendo-se os benefícios para toda a sociedade.
Do mesmo modo, urge também a necessidade de colocar em prática o
que é anunciado pelas organizações ou, ao menos reduzir o hiato existente
entre o discurso e a prática empresarial no que diz respeito às suas ações e
impactos significativos para a população.
A percepção do cidadão, acerca da imagem da empresa e do produto,
tem reflexo direto na sua escolha sobre os produtos e empresas que irá
favorecer. O consumidor, mais crítico e consciente, evoluiu e deu um salto de
quantidade e qualidade dos requisitos para a compra. Fatores como qualidade,
favorecimento da saúde e responsabilidade social estão inseridos neste
contexto valorativo do consumidor (BORGER, 2001).
39
Desta forma, ser uma empresa socialmente responsável passou a ser
uma exigência do sistema capitalista da economia de mercado, podendo
inclusive ser fator determinante para o sucesso ou fracasso de um produto,
como bem expõe.
As empresas descobriram que uma das formas de se tornarem
competitivas está associado a fazer o bem, e aí devemos esquecer o conceito
ultrapassado de filantropia e passarmos a visualizar o bem desenvolvido pelas
empresas de forma abrangente, relacionado o compromisso com o ambiente
que está inserido e o desenvolvimento da satisfação das partes interessadas.
Podemos considerar que a Responsabilidade Social de Empresas é uma
forma de gestão estratégica e que pode ser algo que vá muito além da
obrigatoriedade legal e do marketing social, tornando-se na verdade o
comprometimento permanente da empresa, em adotar um comportamento
ético e contribuir para o desenvolvimento global da sociedade.
40
CONCLUSÃO
É incontestável a importância que o tema da Responsabilidade
assumiu nas últimas décadas. As transformações ocorridas no capitalismo
contemporâneo são a base de novas estratégias do empresariado que
passaram a adotar posturas até então pouco disseminadas como a
preocupação crescente com suas ações externas, por exemplo.
Afirmamos aqui que a Responsabilidade Social Empresarial passa pelo
desenvolvimento de relações de cooperação, da superação de obstáculos, do
incremento de incentivos, da criação de mecanismos de suporte, bem como da
revisão das políticas, diretrizes e procedimentos da gestão empresarial.
Nesta trilha, percebemos ainda que incorporar a Responsabilidade
Social à cultura da empresa, bem como em sua visão, afirmando seu
compromisso com o público interno e externo se torna essencial para a
manutenção no mercado altamente competitivo. Enfatiza-se que não basta que
uma organização empresarial seja premiada com um ou dois programas, mas
sim que os valores ali expressos e os compromissos assumidos devem estar
enraizados em todo o seu processo de trabalho.
O desafio encontrado é o de ultrapassar as fronteiras do mundo
empresarial, ou seja, é preciso que o tema da responsabilidade social seja
discutido em outras instâncias para além do mundo dos negócios uma vez que
suas conseqüências podem beneficiar ou não o conjunto da sociedade.
41
Nesse sentido, entendemos que é preciso superar a idéia de
assistencialismo ou benevolência como ações de responsabilidade social das
empresas. As premissas que devem ser assumidas são aquelas que se
assentam em valores humanistas e solidários, a proteção social da família e da
comunidade local, a responsabilização de todos os sujeitos sociais em
decorrência de suas ações e decisões, a consideração do poder de compra e
consumo da clientela, criando uma lógica de mercado que dê privilégios às
empresas que concebem seus produtos de forma responsável, o incentivo à
formação técnico e superior com vistas a uma sociedade sustentável.
A Responsabilidade Social de Empresas como uma forma de gestão
estratégica precisa ultrapassar a obrigatoriedade legal e o marketing social,
tornando-se possível no cotidiano através do comprometimento permanente da
empresas.
42
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANTUNES, Ricardo. Anotações sobre o capitalismo recente e a reestruturação
produtiva no Brasil. In: ANTUNES, Ricardo, SILVA, Maria A. Moraes (org.). O
avesso do trabalho. São Paulo : Expressão Popular, 2004. 13-27.
ASHLEY, Patrícia Almeida (coord.) Ética e responsabilidade social nos
negócios. São Paulo: Saraiva, 2002.
ASHLEY P. A.; COUTINHO R. B. G.; TOMEI P. A. Responsabilidade social
corporativa e cidadania empresarial: uma análise conceitual comparativa.
Artigo aprovado publicado no ENANPAD 2000 (Área: Organizações),
setembro/2000.
BELGIN, Nathalie. A filantropia empresarial. Questão da nossa época. nº12.
São Paulo: Cortez, 2005.
BORGER, Fernanda Gabriela. Responsabilidade social: efeitos da atuação
social na dinâmica empresarial. Tese de Doutorado. Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade (FEA), USP. 2001.
CHERQUES, Hermano Roberto Thiry; Responsabilidade moral e identidade
empresarial. Janeiro; Revista de Administração Contemporânea – RAC , vol. 7,
edição especial, 2003.
43
CORREA, Lindanalva da V. P, et al. Responsabilidade social: voluntariado na
Alumar – gestão da participação cidadã. Monografia de conclusão de curso
(graduação em administração, habilitação em análise de sistemas). São Luís:
FAMA, 2004.
FERREL, O.C. FERREL, Linda e FRANEDRICH, John. Ética Empresarial. Rio
de Janeiro: Rechamann e Affonso, 2001.
FUNDAÇÃO PRÊMIO NACIONAL DA QUALIDADE. Critérios de excelência.
São Paulo: FPNQ, 2005.
GALLO, Silvio. Ética e cidadania. Caminhos da filosofia. Campinas: papirus,
1997.
IAMAMOTO, M. V. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e
formação profissional. 7 ed. São Paulo. Cortez, 2004.
INSTITUTO ETHOS. Responsabilidade Social das Empresas. Primeiros
Passos. São Paulo. 1996.
GARCIA, Joana. O Negócio do Social. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,2004.
GOLDSTEIN, Ilana. Responsabilidade social: das grandes corporações ao
terceiro setor. São Paulo: Ática, 2007.
GRAJEW, O. O que é Responsabilidade Social? In: Simpósio Nacional De
Empresas E Responsabilidade Social, Ribeirão Preto, novembro/1999.
Disponível em: www.ethos.org.br>. Acesso em: 25 de abr. 2005.
INSTITUTO ETHOS. Responsabilidade social das empresas: contribuição das
universidades. Vol 1 São Paulo: Peiropólis, 2002.
44
KARKOTLI, Gilson; ARAGÃO, Sueli Duarte. Responsabilidade social: uma
contribuição à gestão transformadora das organizações. 1. ed. Petrópolis:
Vozes, 2004.
LESINGIER, Klaus e SCHMITT, Karin. Ética empresarial: responsabilidade
global e gerenciamento moderno. Rio de Janeiro: Vozes, 2001.
MARTINELLI, Antônio Carlos. Empresa-cidadã: uma visão inovadora para uma
ação transformadora. In: IOSCHPE, Evelyn B. Terceiro setor: desenvolvimento
social sustentado. São Paulo: Ed Paz e Terra, 1997.
MATTAR, Hélio. Reflexão: os novos desafios da responsabilidade social
empresarial. São Paulo, Instituto Ethos, 2001.
MELO, FROES. Responsabilidade social corporativa: o caso brasileiro. Rio de
Janeiro: qualitymark, 2001.
MELO NETO, Francisco Paulo de; FROES, César. Responsabilidade social e
cidadania empresarial: a administração do terceiro setor. 2. ed. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 2002.
MOREIRA, Joaquim. A Ética empresarial no Brasil. São Paulo: Thompson
Learning, 2002.
NETO, Francisco P. de Melo; FROES, César. Gestão da responsabilidade
social corporativa: o caso brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004.
OLIVEIRA, José Antônio Puppim de. Empresas na Sociedade. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2008.
_______. "Uma Avaliação dos Balanços Sociais das 500 Maiores", Revista de
Administração de Empresas - RAE – Eletrônica, v. 4, n. 1, Art. 2, jan./jul 2005.
45
PINTO, Luiz Fernandes da Silva. Gestão-Cidadã: ações estratégicas para o
Brasil. Ed. FGV, 2002.
QUEIROZ, Adele e BORGES, Alexandre. Ética e responsabilidade social nos
negócios. São Paulo: Saraiva, 2005.
ROMAN, Artur. Responsabilidade social das empresas: um pouco de história e
algumas reflexões. Revista FAE BUSINESS, número 9 setembro 2004.
SILVA, R. D. da O melhor caminho, para àquele que deseja trilhar o rumo da
responsabilidade social e do marketing social. Monografia de Conclusão de
Curso (Graduação em Administração de Empresas) – Departamento de
Administração, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2001.
SROUR, Roberto. Ética empresarial: a gestão da reputação. São Paulo:
Campus, 2003.
TENÓRIO, Fernando Guilherme. Responsabilidade social empresarial: teoria e
prática. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006.
TORRES, Ciro. Capítulo 2. Responsabilidade social das empresas. In: Fórum
Responsabilidade e balanço social: Coletânea de textos. SESI, 2003.
VASQUEZ, Adolfo Sanches. Ética. Rio de Janeiro: civilização brasileira, 1997.
VIEIRA, Listz. Cidadania e globalização. Rio de Janeiro: Record, 1999.
46
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
Capitalismo contemporâneo e Responsabilidade Social. 09
CAPÍTULO II
Responsabilidade Social na história e principais linhas teóricas. 15
CAPÍTULO III
Responsabilidade Social à moda brasileira. 23
3.1 Os desafios para a Responsabilidade Social Empresarial. 30
CONCLUSÃO 40
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42
ÍNDICE 46
FOLHA DE AVALIAÇÃO 47
47
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES - INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
Título da Monografia: RESPONSABILIDADE SOCIAL: ENTRE O
COMPROMISSO E A ESTRATÉGIA DE MERCADO.
Autor: THIAGO NASCIMENTO DA SILVA
Data da entrega: 24/02/2010
Avaliado por: Adélia Araújo Conceito: