UNIDADE 6 História Trágico-Marítima. Publicação em formato avulso ou em livros de cordel Na...

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UNIDADE 6

História Trágico-Marítima

Publicação em formato avulso

ou em livros de cordel

Na «carreira da Índia»

ou nas travessias atlânticas

Naufrágios e desastres ocorridos

durante os séculos XVI e XVII

Frontispício da primeira edição da História Trágico-Marítima (vol. II,

1735).

1. História Trágico-Marítima

Coletânea de relatos de naufrágios

e desastres marítimos de naus portuguesas

Durante o reinado de D. João V

Em 1735 e 1736

Organizados em dois volumes

Publicou doze relatos

Bernardo Gomes de Brito compilou

uma antologia de naufrágios

Busto de D. João V por Alessandro Giusti, Palácio Nacional de Mafra.

Interesse histórico-literário

Popularidade Sucesso editorial

História Trágico-Marítima

Nau portuguesa da «carreira da Índia».

• Vivacidade nos diálogos

• Dramatismo na narração

• Realismo das descrições

• Reflexão sobre a fragilidade da vida

• Religiosidade

Cariz testemunhal

Características dos

relatos

Interesse histórico-literário

Popularidade Sucesso editorial

História Trágico-Marítima

Nau portuguesa da «carreira da Índia».

• Vivacidade nos diálogos

• Dramatismo na narração

• Realismo das descrições

• Reflexão sobre a fragilidade da vida

• Religiosidade

Cariz testemunhal

Características dos

relatos

Autor desconhecido, Naus Portuguesas do Século XVI, pintura exposta no Museu Marítimo de Greenwich, Londres (s. d.).

Interesse histórico-literário

Popularidade Sucesso editorial

História Trágico-Marítima

Nau portuguesa da «carreira da Índia».

• Vivacidade nos diálogos

• Dramatismo na narração

• Realismo das descrições

• Reflexão sobre a fragilidade da vida

• Religiosidade

Cariz testemunhal

Características dos

relatos

Autor desconhecido, Naus Portuguesas do Século XVI, pintura exposta no Museu Marítimo de Greenwich, Londres (s. d.).Embarcações Portuguesas Partem de

Lisboa, gravura a partir da obra Americae Tertia Pars, de Theodore de Bry, 1562.

Interesse histórico-literário

Popularidade Sucesso editorial

História Trágico-Marítima

Nau portuguesa da «carreira da Índia».

• Vivacidade nos diálogos

• Dramatismo na narração

• Realismo das descrições

• Reflexão sobre a fragilidade da vida

• Religiosidade

Cariz testemunhal

Características dos

relatos

Embarcações Portuguesas Partem de Lisboa, gravura a partir da obra Americae Tertia Pars, de Theodore de Bry, 1562.

William Turner,O Naufrágio (1805).

«[…] o espectáculo assustador da dor e da tragédia marítima […] só alcança sentido através

de uma visão escatológica e cristã. De acordo com o princípio da edificação moral, nos

relatos da História Trágico-Marítima […] reitera-se esta conceção teológico-moral da

existência: a perdição das naus em tremendos naufrágios representava o castigo divino, pois

essas embarcações “vão e vêm tão alastradas de pecados” (Diogo do Couto).»

José Cândido de Oliveira Martins

Topos do homo viator: o Homem enquanto ser que

se encontra numa

permanente viagem, ser que

peregrina pelo mundo

Topos do temor da morte:

o Homem como mortal

temente a Deus

e consciente da sua

fragilidade

Visão barroca da vida humana

Metáfora

Simbolismo do naufrágio

Da efemeridade da vida

humana

Das dificuldades da vida

humana

• Largada fora da época regulada pelas normas

• Excessivas dimensões e má construção das embarcações

• Cargas excessivas e má distribuição nas embarcações

• Tempestades

• Equipamentos deficientes (bombas de água ou velas)

• Inexperiência dos pilotos

• Falta de cooperação entre os navios

• Os ataques de piratas, corsários ou navios estrangeiros

Causas dos naufrágios apontadas nos relatos

• Largada fora da época regulada pelas normas

• Excessivas dimensões e má construção das embarcações

• Cargas excessivas e má distribuição nas embarcações

• Tempestades

• Equipamentos deficientes (bombas de água ou velas)

• Inexperiência dos pilotos

• Falta de cooperação entre os navios

• Os ataques de piratas, corsários ou navios estrangeiros

Causas dos naufrágios apontadas nos relatos

Imagem que ilustra o naufrágio de uma nau da armadade 1549 capitaneada por Diogo Botelho Pereira,

in Livro de Lisuarte de Abreu (1565).

• Largada fora da época regulada pelas normas

• Excessivas dimensões e má construção das embarcações

• Cargas excessivas e má distribuição nas embarcações

• Tempestades

• Equipamentos deficientes (bombas de água ou velas)

• Inexperiência dos pilotos

• Falta de cooperação entre os navios

• Os ataques de piratas, corsários ou navios estrangeiros

Causas dos naufrágios apontadas nos relatos

Imagem que ilustra o naufrágio de uma nau da armadade 1549 capitaneada por Diogo Botelho Pereira,

in Livro de Lisuarte de Abreu (1565).«Encalhe da nau São Paulo na ilha de Sumatra», in Livro de Lisuarte de Abreu (1565).

• Largada fora da época regulada pelas normas

• Excessivas dimensões e má construção das embarcações

• Cargas excessivas e má distribuição nas embarcações

• Tempestades

• Equipamentos deficientes (bombas de água ou velas)

• Inexperiência dos pilotos

• Falta de cooperação entre os navios

• Os ataques de piratas, corsários ou navios estrangeiros

Causas dos naufrágios apontadas nos relatos

Imagem que ilustra o naufrágio de uma nau da armadade 1549 capitaneada por Diogo Botelho Pereira,

in Livro de Lisuarte de Abreu (1565).«Encalhe da nau São Paulo na ilha de Sumatra», in Livro de Lisuarte de Abreu (1565).«Viagem e naufrágio da nau São Paulo, em 1560»,

in Bernardo Gomes de Brito, História Trágico-Marítima (1735).

• Largada fora da época regulada pelas normas

• Excessivas dimensões e má construção das embarcações

• Cargas excessivas e má distribuição nas embarcações

• Tempestades

• Equipamentos deficientes (bombas de água ou velas)

• Inexperiência dos pilotos

• Falta de cooperação entre os navios

• Os ataques de piratas, corsários ou navios estrangeiros

Causas dos naufrágios apontadas nos relatos

Imagem que ilustra o naufrágio de uma nau da armadade 1549 capitaneada por Diogo Botelho Pereira,

in Livro de Lisuarte de Abreu (1565).«Encalhe da nau São Paulo na ilha de Sumatra», in Livro de Lisuarte de Abreu (1565).«Viagem e naufrágio da nau São Paulo, em 1560»,

in Bernardo Gomes de Brito, História Trágico-Marítima (1735).Andries van Eertvelt, Mar de Tempestade (século XVII).

• Condição psicológica dos tripulantes e dos passageiros

• Desorientação e desespero na situação de naufrágio

• Momentos de agonia

• Reação à morte iminente (aspeto religioso)

• Apelos à divindade nos momentos-limite

• Atitudes individuais (os heróis dos relatos)

• Atitudes de grupos de personagens

Descrição das atitudes humanas nos relatos

2. «As terríveis aventuras de Jorge de Albuquerque Coelho (1565)»

Pormenor da capa do tomo segundo da História Trágico-Marítima, Naufrágio que passou Jorge de Albuquerque Coelho (1736).

Capa de uma edição avulsa (século XVII)do Naufrágio que passou

Jorge de Albuquerque Coelho.

Os temas e a ideologia

Ação

A partir de Giulia Lanciani, Maria Alzira Seixo e Alberto Carvalho.

Personagens

Espaço e tempo

Narrador

Linguagem e estilo

Jorge de Albuquerque Coelho como

modelo de dedicação à pátria,

de retidão de carácter, de bom português

Mentalidade barroca: imagem da vida como

uma passagem (a viagem da alma pelo

mundo, exposta às adversidades e

perigos)

Jorge de Albuquerque Coelho como modelo

de postura cristã perante a adversidade

(fé, esperança e

caridade — serviço aos outros)

Lado negro, desastroso

da expansão (a ganância)

Defesa dos valores da doutrina cristã

A fé e a mensagem

cristã

Os temas e a ideologia

Portugal e a decadência

do Império

Jorge de Albuquerque Coelho como

modelo de dedicação à pátria,

de retidão de carácter, de bom português

Mentalidade barroca: imagem da vida como

uma passagem (a viagem da alma pelo

mundo, exposta às adversidades e

perigos)

Jorge de Albuquerque Coelho como modelo

de postura cristã perante a adversidade

(fé, esperança e

caridade — serviço aos outros)

Lado negro, desastroso

da expansão (a ganância)

Defesa dos valores da doutrina cristã

A fé e a mensagem

cristã

Os temas e a ideologia

Portugal e a decadência

do Império

Pormenor da nau de Vasco de Ataíde, que naufragou devido a uma tempestade, em Memória das Armadas que de Portugal passaram

à Índia, Lisboa, Academia das Ciências, 1979.

Chegada de auxílio e desembarque

em Lisboa

Dificuldades da partida e impossibilidade de

aportar em outros territórios de domínio português (ilhas)

Tempestades e confrontos com um corsário francês

Pilhagens e abandono da nau Santo António

Os ascendentes de Jorge de Albuquerque

Coelho

Situação inicial Desenvolvimento

Ação

Desenlace

A excelência militar de Jorge de Albuquerque Coelho

Antecedentes da partida da nau Santo António

Duarte Coelho (pai) e Duarte de Albuquerque Coelho (irmão)• Fidalgos de carácter que se devotam à pátria

Jorge de Albuquerque Coelho

• Protagonista: herói religioso, militar e cívico

• Reúne qualidades de cristão virtuoso, de patriota honrado e de bom cidadão

• Encarado como um líder de princípios firmes

• Toda a sua vida está ao serviço da pátria, da salvação da nau que comanda

e dos seus companheiros

Personagens

Os corsários franceses• São os antagonistas da nau portuguesa (violência)• Assumem-se como inimigos dos portugueses em termos religiosos (luteranos)• O capitão do corsário francês mostra-se impressionado com a coragem

de Jorge de Albuquerque

Os tripulantes e passageiros da nau Santo António

• Contrastam com o seu líder

• Revelam-se desorganizados e indisciplinados

• Mostram o seu oscilante estado de espírito

• Centram-se no materialismo (criam discussões)

• Falham enquanto cristãos (perdem a fé)

Narrador subjetivo (há indícios de crítica à ganância dos responsáveis

pelos carregamentos)

Omnisciente (o leitor fica a conhecer a complexidade que se revela na situação trágica

do naufrágio)

Heterodiegético (não participante;

narração na 3.ª pessoa)

Quanto à

presença

Quanto à

focalização

Narrador

Quanto à

posição

Valoriza o protagonista de forma acentuada

Simbologia da travessia do Oceano

• Colónia do Brasil: Pernambuco, Olinda

• Territórios portugueses no oceano Atlântico:

ilhas de Cabo Verde e dos Açores

• Portugal Continental: Cascais e Lisboa

Espaço

A viagem é arriscada,

cheia de perigos naturais

(as tempestades) e

obstáculos causados pelo

Homem (saques)

A vida humana é arriscada

(uma provação a que Deus

submete os fiéis para testar

a sua fé)

A localização temporal dos eventos

tem a intenção de conferir

veracidade ao relato (semelhança

com a escrita dos diários de bordo)

A perigosa viagem entre Pernambuco

(Olinda) e Lisboa ocorre em 1565

e demora quatro meses e meio

(de 16 de maio a 3 de outubro)

Atribuição da capitania de

Pernambuco a Duarte Coelho

e pacificação da região

através da ação militar

Durante os reinados de D. João III e de D. Sebastião

(regência de D. Catarina, avó de D. Sebastião)

Tempo

1.º momento 2.º momento

Linguagem e estilo

• Tom arcaizante:

— Escolha de vocábulos caídos em desuso

— Aproximação ao relato original publicado em 1736

• Marcas de oralidade:

— Introdução de falas de personagens

— Recurso a interjeições

• Campos lexicais da área da ciência náutica:

— Cuidado em reportar os acontecimentos com precisão técnica, referindo os instrumentos utilizados

Bibliografia

História Trágico-Marítima: Narrativas de Naufrágios da Época das Conquistas (adaptação de António Sérgio) (1962). Lisboa: Livraria Sá da Costa. CARRIÇO, Lilaz (1990) – Literatura Prática. Porto: Porto Editora, pp. 336-340. LANCIANI, Giulia (1979) – Os relatos de naufrágios na literatura portuguesa dos séculos XVI e XVII. Instituto de Alta Cultura: Amadora, pp. 43-60.

― (1997) – Sucessos e Naufrágios das Naus Portuguesas. Caminho: Lisboa.

KOISO, Kioko – http://cvc.instituto-camoes.pt/navegaport/f04.html [último acesso: 2 de junho de 2015].

NUNES, Patrícia et alii (2008) – Enciclopédia do Estudante, vol. 10. Carnaxide: Santillana-Constância, pp. 86-87; 90-91.

SARAIVA, António José (1979) – História da Literatura Portuguesa — das origens a 1970. Amadora: Livraria Bertrand; pp. 69-73.

SARAIVA, António José; LOPES, Óscar (s. d.) – História da Literatura Portuguesa, 16.ª ed. Porto: Porto Editora.

SEIXO, Mariz Alzira; CARVALHO, Alberto (1996) – A História Trágico-Marítima: Análises e Perspectivas. Lisboa: Edições Cosmos.