Post on 03-Aug-2020
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UMA FERRAMENTA DE ACOMPANHAMENTO DAS MUTAÇÕES DO MERCADO DE TRABALHO EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
RICARDO JOSÉ DOS SANTOS BARCELOS
Orientadora: Profa. Clevi Elena Rapkiewicz
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ ABRIL - 2003
Tese apresentada ao Centro de Ciência eTecnologia da Universidade Estadual doNorte Fluminense, como parte dasexigências para obtenção de título demestre em Ciências de Engenharia na áreade Engenharia de Produção.
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UMA FERRAMENTA DE ACOMPANHAMENTO DAS MUTAÇÕES DO
MERCADO DE TRABALHO EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
RICARDO JOSÉ DOS SANTOS BARCELOS
Aprovada em 01 de abril de 2003.
Comissão examinadora:
Prof. José Ramón Arica Chavéz (Dsc, Engenharia de Sistemas e Computação) - UENF
Prof. José Antônio Moreira Xexéo (Dsc, Engenharia de Sistemas e Computação) - IME
Profa. Sandra Regina Holanda Mariano (Dsc, Engenharia de Sistemas e Computação) - UFF Profa. Clevi Elena Rapkiewicz (Dsc, Engenharia de Sistemas e Computação) - UENF
- Orientadora -
Tese apresentada ao Centro deCiências e Tecnologia da UniversidadeEstadual do Norte Fluminense, comoparte das exigências para obtenção detítulo de mestre em Ciências deEngenharia na área de Engenharia deProdução.
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Agradecimentos
A Deus.
A minha família.
Aos professores da UENF, em especial ao Prof. Arica pela compreensão e
incentivo.
Aos funcionários da UENF pela forma atenciosa.
Ao Marcelo Garnier pelo apoio na implementação da ferramenta.
Agradecimento especial para a Clevi pela forma correta, íntegra, sincera e
paciente não só como orientadora, mas como incentivadora e também pela sua
amizade.
Aos professores José Antônio Xexéo e Sandra Mariano pela participação na
banca.
À toda equipe de Informática e Sociedade da Coppe/UFRJ, particularmente
Prof. Lídia Segre, Jayme Marinho e Viviane Souza, sem os quais não teria sido possível
a coleta e alimentação dos dados.
E a todos que colaboraram com este trabalho de forma direta ou indireta.
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Sumário:
Capítulo I .................................................................................................... 1
1.1 Introdução ................................................................................................................. 1
1.2 Objetivos ................................................................................................................... 4
1.3 Metodologia............................................................................................................... 5
1.4 O setor de TI ............................................................................................................. 6
1.5 As categorias profissionais...................................................................................... 11
1.6 As competências ..................................................................................................... 12
1.7 A modelagem e desenvolvimento da ferramenta .................................................... 15
1.8 Tratamento estatístico dos dados ........................................................................... 16
Capítulo 2................................................................................................. 19
2.1 Processamento de dados a TI................................................................................. 19
2.1.1 Década de 50 ............................................................................................ 19
2.1.2 Década de 60 ............................................................................................ 21
2.1.3 Década de 70 ............................................................................................ 22
2.1.4 Década de 80 ............................................................................................ 24
2.1.5 Os anos 90.... ............................................................................................ 26
2.2 A evolução das categorias profissionais de TI ........................................................ 27
2.3 Mercado de trabalho de TI ..................................................................................... 34
Capítulo 3................................................................................................. 40
3.1 A Seleção da fonte de dados .................................................................................. 41
3.2 A identificação da fonte e a coleta de dados........................................................... 42
3.3 Definindo agrupamentos para os dados dos anúncios............................................ 47
3.4 A Seleção da abordagem no desenvolvimento do software.................................... 48
3.5 O Projeto de banco de dados.................................................................................. 50
3.6 O modelo conceitual................................................................................................ 52
3.7 Notações utilizadas ................................................................................................. 53
3.8 O modelo conceitual da base de dados de classificados ........................................ 56
3.9 O projeto lógico ....................................................................................................... 62
3. 10 O processo de transposição................................................................................. 62
vi
3.11 Modelo lógico de dados......................................................................................... 67
Capítulo 4................................................................................................. 69
4.1. Descrição dos objetivos.......................................................................................... 70
4.2 Projeto e implementação......................................................................................... 71
4.2.1 Arquiteturas de softwares .......................................................................... 71
4.2.2 Arquitetura do sistema de classificados..................................................... 73
4.2.3 Estrutura do sistema desenvolvido ............................................................ 78
4.2.4 Casos de uso e cenários ........................................................................... 82
4.2.5 As interfaces .............................................................................................. 90
4.3 Análise da arquitetura ............................................................................................. 92
Capítulo 5................................................................................................. 95
5.1 Cenário para a Modelagem Estatística ................................................................... 95
5.2 Casos de uso e cenários......................................................................................... 97
5.3 Descrição e Identificação do Módulo Estatístico ..................................................... 98
5.3.1 Descrição e Identificação do Módulo ......................................................... 98
5.4 Casos de uso e Cenários ........................................................................................ 99
5.5 A interface ............................................................................................................. 100
5.6 Análise dos dados ................................................................................................. 101
5.6.1 Quantidade de anúncios .......................................................................... 102
5.6.2 Características......................................................................................... 103
5.6.3 Nível de escolaridade .............................................................................. 104
5.6.4 Conhecimentos........................................................................................ 106
5.6.5 Hierarquia ................................................................................................ 109
5.6.6 Fases do trabalho .................................................................................... 110
5.6.7 Quantidade de categorias demandadas .................................................. 112
5.6.8 As categorias ........................................................................................... 112
5.7 Metodologia estatística – regressão linear ............................................................ 113
Capítulo 6............................................................................................... 119
6. Considerações Finais.............................................................................................. 119
6.1 Principais Resultados do Trabalho........................................................................ 119
vii
6.2 Contribuição .......................................................................................................... 119
6.3 Limitações e Dificuldades Encontradas................................................................. 120
6.4 Estudos Futuros .................................................................................................... 121
Referências Bibliográficas .................................................................................... 122
Anexo 1 – Classes de Conhecimentos........................................................................ 129
Anexo 2 – Agrupamento de escolaridade ................................................................... 140
Anexo 3 – Classes de Características......................................................................... 142
Anexo 4 - Fases do Trabalho ...................................................................................... 145
Anexo 5 - Tabelas ....................................................................................................... 155
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Tabelas: Tabela I.1 – Número de usuários de Internet por continente (2002) ............................... 2
Tabela I.2 – Número de usuários de Internet no Brasil (2002)........................................ 3
Tabela I.3 – Classificação das empresas segundo CNAE .............................................. 8
Tabela I.4 – Empresas de processamento de dados por nº de empregados (Brasil -
1988) ......................................................................................................................... 9
Tabela I.5 - Distribuição percentual de empresas de informática por nº de empregados
(Brasil - 1997).......................................................................................................... 10
Tabela II.6 - Caracterização dos profissionais de TI ..................................................... 33
Tabela II.7 – Total de desenvolvedores nas empresas em %....................................... 35
Tabela III.8 - Níveis de hierarquia ................................................................................. 61
Tabela IV.9 - Identificação dos casos de uso................................................................ 84
Tabela IV.10 - Divisão conceitual dos anúncios ............................................................ 86
Tabela V.11 – Classes linguagem de programação 1990-2002.................................. 108
Tabela V.12 – Classes mais demandadas 1990-2002 ................................................ 108
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Figuras: Figura I.1 - Convergência de conteúdo, computação e comunicação............................. 2
Figura II.2 - Estrutura de atividades na área de informática na fase sistêmica ............. 31
Figura II.3 – Classificação dos profissionais de TI nos EUA ......................................... 32
Figura II.4 – Evolução de desenvolvedores no país...................................................... 35
Figura III.5 – Formulário para coleta dos anúncios ....................................................... 46
Figura III.6 – Fases de um projeto de banco de dados ................................................. 52
Figura III.7 – Representação gráfica de entidade.......................................................... 53
Figura III.8 – Representação gráfica de relacionamento............................................... 53
Figura III.9 - Exemplo de agregação entre relacionamentos......................................... 55
Figura III.10 - Representação de atributos .................................................................... 55
Figura III.11 - Representação gráfica de um atributo chave.......................................... 56
Figura III.12 - Modelo conceitual de dados da aplicação classificados de jornal........... 57
Figura III.13 - Etapas do projeto de um banco de dados............................................... 65
Figura III.14 - Modelo lógico de dados .......................................................................... 68
Figura IV.15 – Modularização da aplicação................................................................... 75
Figura IV.16 – Representação da entidade................................................................... 81
Figura IV.17 – Objeto de controle.................................................................................. 82
Figura IV.18 - Diagrama de casos de uso ..................................................................... 83
Figura IV.19 – Diagrama de classes ............................................................................. 85
Figura IV.20 – Classe CadastrarAnúncio ...................................................................... 88
Figura IV.21 – Interface CadastrarAnúncio ................................................................... 88
Figura IV.22 – Módulo de consulta................................................................................ 89
Figura IV.23 - Tela de entrada do módulo de cadastramento ....................................... 91
Figura IV.24 - Tela para seleção dos parâmetros de consulta ...................................... 92
Figura V.25 – Representação da entidade.................................................................... 96
Figura V.26 – Objeto de controle................................................................................... 97
Figura V.27 – Módulo de consulta - Análise.................................................................. 98
Figura V.28 – Tabela gerada na ferramenta................................................................ 100
Figura V.29 - Tela dos cálculos de análise estatística................................................. 101
Figura V.30 – Tela de geração dos cálculos ............................................................... 116
Figura 31 – Desenvolvimento de Software.................................................................. 153
x
Gráficos:
Gráfico II.1 – Desenvolvedores no setor de informática................................................ 36
Gráfico V. 1 – Quantidade de anúncios por ano.......................................................... 102
Gráfico V. 2 – Quantidade de Anúncios em % ............................................................ 103
Gráfico V. 3 – Competências de negócios e sociais ................................................... 103
Gráfico V. 4 – Competência técnico-profissional......................................................... 104
Gráfico V. 5 – Competência - Outros .......................................................................... 104
Gráfico V. 6 – Demanda por nível de escolaridade ..................................................... 105
Gráfico V. 7 – Demanda segundo grau 1970-2002..................................................... 105
Gráfico V. 8 – Demanda Terceiro Grau 1970-2002..................................................... 106
Gráfico V. 9 – Escolaridade – Mestrado...................................................................... 106
Gráfico V. 10 – Classes de conhecimento .................................................................. 107
Gráfico V. 11 – Subclasses – linguagem de programação.......................................... 108
Gráfico V. 12 – Hierarquia 1970-1979......................................................................... 109
Gráfico V. 13 – Hierarquia de 1982-1988.................................................................... 109
Gráfico V. 14 – Hierarquia de 1990-2002.................................................................... 110
Gráfico V. 15 – Evolução das fases do trabalho (1970-2002) ..................................... 111
Gráfico V. 16 – Subfase de desenvolvimento.............................................................. 111
Gráfico V. 17 – Quantidade categorias por ano .......................................................... 112
Gráfico V. 18 - Categorias mais demandadas............................................................. 113
Gráfico V. 19 – Comportamento da categoria programador........................................ 114
Gráfico V. 20 – Comportamento da categoria programador........................................ 114
Gráfico V. 21 – Linha de tendência ............................................................................. 118
xi
Resumo:
Esta dissertação apresenta uma ferramenta para o acompanhamento do
mercado de trabalho em Tecnologia da Informação (TI). Como fonte de dados, foram
utilizados anúncios de emprego voltados para TI, veiculados em determinado dia da
semana em jornal de grande circulação no Rio de Janeiro. Para tanto foi modelado um
banco de dados e desenvolvida uma aplicação contendo diversos módulos:
cadastramento, consulta e estatística.
A ferramenta possibilita, a visão dos atributos que caracterizam e especificam
cada uma das categorias do ponto de vista de quem oferta o emprego. Ou seja, trata-se
de uma ferramenta cujo uso permite o acompanhamento e a análise do mercado de
trabalho em TI de forma a possibilitar, por exemplo, a comparação entre a formação
profissional e as necessidades do mercado de trabalho na área de TI. A aplicação foi
desenvolvida utilizando como plataforma: i) ambiente Borland Delphi 5.0 ii) ferramenta
CASE Vision para a modelagem dos dados.
O acesso e o tratamento estatístico da base de dados permitem análise das
categorias profissionais que são oferecidas pelo mercado, bem como, os
conhecimentos e as características, entre outros atributos que constam da base. A
ferramenta trata estatisticamente os dados de duas formas: i) analisa os gráficos
oriundos das diversas consultas mostrando o comportamento do mercado; ii) utilizando
correlação linear e regressão linear e mostra a tendência das variáveis consultadas.
Foram catalogados cerca de 8.845 anúncios abrangendo um período 1970-
2002, com intervalos de três anos de 1970 a 1988, e com intervalos de dois anos de
1990 até 2002. Devido ao grande número de denominações de categorias, de
conhecimentos e características, foram construídos agrupamentos sob algum aspecto
como forma de propiciar respostas mais específicas às demandas do mercado a
analisar.
xii
Abstract:
This dissertation presents a tool for the accompaniment of the working market in
Technology Information (IT). As source of data, employment advertisements for IT were
used, issued on a weekday in a newspaper of great circulation in Rio de Janeiro. For
this, a database was modeled and an application was developed with modules:
cadaster, consults, statistics.
The tool makes it possible the vision of the attributes that characterize and
specify each one of the categories from the point of view of whom offers the job. That is
to say, it is a tool whose use allows the accompaniment and the analysis of the working
market in IT to facilitate, for example, the comparison between the professional
formation and the needs of the working market in the area of IT. The application was
developed using as platform: i) environment ambient Borland Delphi 5.0; ii) Case Vision
for the modeling of data.
The access and the statistical treatment of the database allow the analysis of
the professional categories that are offered by the market. As well as the knowledge, the
professional categories and the characteristics among other attributes that make this
base. The tool treats the data statistically in two ways: i) analyzes the graphs from
several consultations by showing the behavior of the market; ii) uses linear correlation
and regression and shows the trend of the variables consulted.
About 8.845 advertisements were catalogued ranging from 1970-2002, within
intervals of three years from 1970 to 1988 and within intervals of two years from 1990 up
to 2002. Due to the great number of denominations of categories, knowledge and
characteristics, groupings were made up regarding some aspect as a way to respond to
most specific demands of the market to be analyzed.
1
CAPÍTULO I
1.1 Introdução
As chamadas Tecnologias de Informação (TI) têm proporcionado um impacto
significativo na economia e na organização do trabalho ao longo das últimas décadas,
seja pela sua aplicação em diversos setores produtivos, transformando o perfil dos
profissionais da área ao extinguir postos de trabalho e criar outros, com exigências
distintas, ou também pela absorção de mão-de-obra especializada para o seu próprio
desenvolvimento. Na chamada Sociedade da Informação, o processo de constante
transformação pode trazer novas oportunidades para a riqueza de uma nação ou
região, mas pode também trazer novos riscos, gerando novas formas de exclusão. É,
portanto, fundamental analisar a dinâmica das novas inclusões e das novas exclusões
propiciadas por estas tecnologias.
A literatura acadêmica e a própria mídia são ricas em apregoar que vivemos
atualmente na assim chamada Sociedade da Informação, cuja base tecnológica
fundamental são as chamadas tecnologias de informação e comunicação (TICs),
definidas por Castells (1999) como sendo “o conjunto convergente de tecnologias em
microeletrônica, computação (software e hardware), telecomunicações/radiofusão, e
optoeletrônica”. O Livro Verde da Sociedade da Informação Takashi (2000) também se
refere às TICs como base para esta sociedade apontando três vertentes inter-
relacionadas que estão na origem da mesma. A primeira convergência apontada é “a
convergência da base tecnológica”, podendo ser representada por qualquer tipo de
informação a ser transformada na forma digital, que é compreendida pela área da
computação, comunicações e os conteúdos como, por exemplo, livros, filmes, músicas,
entre outras, conforme ilustrado na Figura I.1.
2
Figura I.1 - Convergência de conteúdo, computação e comunicação
Fonte: Takashi (2000) O inter-relacionamento, que é denominado de “dinâmica da indústria”, está
diretamente ligado na questão da diminuição dos preços dos computadores, o que
permitiu uma maior densidade de usuários dos equipamentos de informática. Por
último, o Livro Verde aponta como conseqüência das anteriores, o crescimento
exponencial do aumento de usuários de internet. No ano de 2002, mais de 605 milhões
de pessoas acessavam a Internet mundial, conforme dados publicados no site1 do Nua
Internet Surveys2, apresentado na Tabela I.1. Desse total mais de 182 milhões (41%)
concentravam-se nos EUA e Canadá. A Tabela mostra os números de usuários de
Internet por continente até o mês de setembro de 2002. O Brasil é o país da América
Latina que faz os maiores esforços para acompanhar a corrida tecnológica neste setor.
Continente Em milhões
África 6,31
Ásia/Pacífico 187,24
Europa 190,91
Oriente 5,12
EUA/Canadá 182,67
América do Sul 33,35
Total no Mundo 605,60
Tabela I.1 – Número de usuários de Internet por continente (2002)
Fonte: http://www.nua.ie/surveys/how_many_online/index.html
1 Site – local onde se encontra determinada página na Internet. 2 http://nua.ie/surveys
3
Com o maior número de usuários da América do Sul conectados à Internet, o
Brasil é o 9º colocado no ranking mundial, ficando à frente de países como Rússia (10º)
e França (11º). Segundo esta mesma fonte o número de usuários de Internet no Brasil
aumenta exponencialmente desde 1996, assim como a porcentagem da população que
possui acesso à Internet, conforme Tabela 2.
Data Quantidade Porcentagem da População
Janeiro / 1996 170.429 mil 0,1
Dezembro 1996 740.458 mil 0,45
Dezembro 1997 1.3 milhões 0,67
Dezembro 1998 2.35 milhões 1,4
Dezembro 1999 6.79 milhões 3,95
Novembro 2000 9.84 milhões 5,7
Setembro 2002 13.98 milhões 7,77
Tabela I.2 – Número de usuários de Internet no Brasil (2002)
Fonte: http://www.nua.ie/surveys/how_many_online/index.html
A abordagem apresentada no Livro Verde torna-se mais consistente pela
abrangência, por estar relacionando as transformações que estão ocorrendo em todos
os segmentos da sociedade. Mostra, também, que as próximas mudanças serão em
tempo bem menor em comparação a outros avanços tecnológicos em outros tempos e
que a tecnologia da informação não é um modismo, é um fenômeno global que
compreende a interligação de lares, instituições de ensino, cidades, estados, países e
continentes.
A formação de um profissional assume um papel preponderante no segmento
de TI, já que diversas profissões estão desaparecendo, por serem desnecessárias, ao
passo que outras estão surgindo. Com relação ao segmento de Internet, diversas
categorias não existiam antes de 1994, por exemplo, “gerente de webmaster”, “diretor
de comércio eletrônico” e “webmaster” enquanto outras categorias desapareceram ao
longo dos anos, como perfuradores de cartão, entre outras.
4
Atualmente se tem claro que as TICs são a convergência de diferentes
tecnologias e que envolvem aspectos também não tecnológicos, conforme apontado
pelo Livro Verde. Há que se precisar, porém que nem sempre foi assim. No caso
específico do eixo fundamental no qual está inserido o presente estudo, as tecnologias
de computação e informática, diferentes nomes foram utilizados ao longo do tempo,
iniciando-se como o termo Processamento de Dados até culminar no termo atual mais
abrangente – tecnologia da informação. Longo caminho foi percorrido nessa trajetória
influenciando a conformação das categorias profissionais e as competências demandas
das mesmas. Como acompanhar, porém, tais trajetórias são uma questão complexa, na
qual está inserido o presente projeto.
1.2 Objetivos
No contexto já exposto, evidencia-se que a abrangência das mudanças
tecnológicas tem alterado profundamente o perfil dos profissionais e acelera a
necessidade de alterações substanciais no processo de formação de profissionais de
TI, não restritos aos setores de tecnologia, mas também nos setores considerados
usuários destas. Os novos processos de comunicação, a velocidade do avanço
tecnológico, a automatização dos meios de produção e a globalização, junto à formação
de novos blocos econômicos, promovem mudanças tão radicais que os conceitos de
habilidades e competências, para os profissionais, modificam-se ao longo do tempo em
espaços cada vez menores.
O mercado cada vez mais solicita um maior número de conhecimentos,
habilidades, características em qualquer que seja a profissão ou ocupação escolhida.
Há, porém, dificuldades de situar os próprios contornos das profissões e ocupações,
bem como identificar os conhecimentos e habilidades necessárias para o exercício de
cada uma delas. Esta dificuldade também ocorre na área de computação e informática,
objeto desta dissertação. Quais as profissões ou ocupações existentes no mercado?
Que conhecimentos e habilidades estas demandam? Que instrumentos podem ser
utilizados para acompanhamento de mudanças em tais demandas?
Um elemento fundamental desta análise é, ao nosso ver, a análise da
configuração do mercado de trabalho e emprego dos profissionais diretamente
5
envolvidos na prestação de serviços e desenvolvimento de produtos relacionados com
TI, buscando-se superar inclusive as dificuldades de identificar-se quem são tais
profissionais, dificuldade esta que será apontada no capítulo 2.
A necessidade de entendimento sobre o que é de fato o mercado de TI parece
ser fundamental, haja vista a ênfase dada a esta temática no Livro Verde do Programa
Brasileiro para a Sociedade da Informação3 e no workshop Formação de Recursos
Humanos em Tecnologia da Informação no Estado do Rio de Janeiro, promovido pela
FAPERJ, a RNP e o IMPA no Rio de Janeiro em setembro de 2000. Algumas tentativas
têm sido feitas nesse sentido, como o próprio position paper relativo a mercado de
trabalho em TI apresentado no citado workshop Marques et al., (2000) e estudos
referentes à análise da inserção de egressos de cursos universitários de informática no
mercado de trabalho (Rapkiewicz e Lacerda, 2001).
No entanto estes estudos estão longe de fornecer subsídios suficientes para a
compreensão do mercado e emprego em TI. Assim, o objetivo geral desta dissertação é
a modelagem e desenvolvimento de uma ferramenta visando preencher parte dessa
lacuna. Tal ferramenta consiste numa aplicação computacional. Para tanto, alguns
objetivos específicos foram identificados, conforme a seguir: i) Analisar o ciclo de vida
de produtos do tipo software; ii) Identificar e comparar abordagem de desenvolvimento
de software; iii) Criar um modelo de banco de dados para o acompanhamento do
mercado de trabalho de TI; iv) prover mecanismos de acesso (consulta) a essa base de
dados; v) prover mecanismos de análise para os dados extraídos da base.
1.3 Metodologia
A metodologia para o desenvolvimento da ferramenta proposta compreendeu
diferentes etapas, conforme segue:
i. Identificação de possíveis fontes de dados para alimentar a ferramenta que
propõe acompanhar o mercado de trabalho de TI. São exemplos de fontes de dados:
literatura existente, empresas, fontes de dados secundárias como bancos de dados
estatísticos (por exemplo, RAIS, CAGED e censo);
3 www.socinfo.org.br
6
ii. Contextualizar as categorias e empresas de TI para a construção de uma base
de dados;
iii. Modelagem da ferramenta de acordo com a fonte de dados selecionada visando
à sistematização dos dados;
iv. Desenvolvimento da ferramenta de acordo com a modelagem proposta;
v. Tratamento estatístico dos dados.
É objeto do estudo, portanto, a disponibilização de uma ferramenta que permita
identificar categorias profissionais relacionadas com TI e mapear as respectivas
qualificações de forma a subsidiar ações concretas como, por exemplo, programas de
formação profissional, sejam no sistema regular de ensino (através de cursos técnicos
em nível médio, cursos de graduação no ensino superior ou cursos de pós-graduação)
ou através de cursos de atualização ministrados por diferentes instituições.
Entendemos, porém, que algumas etapas anteriores devem ser cumpridas a partir da
revisão da literatura para situar tal ferramenta, particularmente:
i. Identificar o setor da economia ao qual o estudo se aplica;
ii. Identificar possíveis categorias profissionais;
iii. Caracterizar o escopo de qualificações demandadas;
Essas três etapas são a temática abordada neste capítulo, conforme segue.
1.4 O setor de TI
Acompanhando as transformações das tecnologias que dão suporte à
sociedade da informação, o próprio setor nos quais se inserem os profissionais foi
recebendo diferentes denominações: de processamento de dados à tecnologia de
informação, passando pela fase intermediária da computação e informática4. Assim é
que a classificação do ramo de atividade das empresas que prestam serviços na área
de informática até os anos 80, na classificação CNAE (Conselho Nacional da Atividade
Econômica) era de processamento de dados. A partir de meados dos anos 90, a
atividade passou a ser denominada de atividades de informática e conexas no que diz 4 Esse termo é utilizado pelo MEC ao referir-se a cursos superiores para formação de profissionais para esta área (MEC, 2000).
7
respeito à prestação de serviços e desenvolvimento de aplicações, e fabricação de
máquinas para escritório e equipamentos de informática no que diz respeito à indústria.
Note-se, no entanto, que apesar do termo amplo, é problemático caracterizar
alguns tipos de empresas nesta atividade. Cite-se o exemplo dos provedores de
Internet. É discutível se os mesmos oferecem serviços de telecomunicações (como
seria o caso de uma empresa que disponibilizasse o canal em si de comunicação) ou
de informática em si. Na verdade, o serviço utilizado é um híbrido dos dois. Alguns
provedores, por exemplo, que atuem em condomínios, incluem no serviço o
fornecimento do próprio canal de acesso, serviço ampliado ao serviço de conexão.
Esse canal poderia ser considerado de “comunicação”. Ou seja, no caso de provedores
que não incluem o canal em si, poderiam mais facilmente ser considerados de
“informática”. Porém, a conexão em si é um processo lógico de acesso a um canal
físico, o que permite caracterizar a própria conexão (mesmo que o cliente utilize como
canal a linha telefônica, fornecida por uma empresa de telecomunicações) como um
serviço de comunicação. Considerando-se, porém, que a conexão em si é feita pelo
cliente com o objetivo de utilização de serviços, como navegar na Internet ou
comunicar-se através de serviço de correio eletrônico, e que a utilização desses
serviços somente pode ser feita através da existência de uma conexão, a convergência
entre tecnologias de comunicação e informática fica evidente5.
A CNAE, por exemplo, possui uma classificação para empresas em segmentos
distintos de TI de acordo com seção, divisão, grupo e classe, a denominação e com a
atividade, conforme tabela a seguir. Esta classificação da CNAE tem como ano base
1998 e vem sendo atualizada constantemente na Internet.
5 Essa dificuldade de caracterizar as empresas tem inúmeras conseqüências e pode ser fonte de discussões e estudos em diferentes áreas. Cite-se o caso da discussão, no final dos anos 90, se os provedores de Internet deveriam pagar ICMS (caso das empresas de telecomunicações) ou ISS (caso das empresas de informática).
8
SEÇÃO DIVISÃO GRUPO CLASSE DENOMINAÇÃO
D
30.2 FABRICAÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS DE SISTEMAS ELETRÔNICOS PARA PROCESSAMENTO DE DADOS
30.21-0 Fabricação de computadores
30.22-8 Fabricação de equipamentos periféricos para máquinas
eletrônicas para tratamento de informações
K 72
ATIVIDADES DE INFORMÁTICA E SERVIÇOS
RELACIONADOS 72.1 CONSULTORIA EM HARDWARE 72.10-9 Consultoria em hardware 72.2 CONSULTORIA EM SOFTWARE
72.21-4 Desenvolvimento e edição de softwares prontos para
uso
72.29-0 Desenvolvimento de softwares sob encomenda e
outras consultorias em software 72.3 PROCESSAMENTO DE DADOS 72.30-3 Processamento de dados
72.4 ATIVIDADES DE BANCO DE DADOS E DISTRIBUIÇÃO ON-LINE DE CONTEÚDO ELETRÔNICO
72.40-0 Atividades de banco de dados e distribuição on-line de
conteúdo eletrônico
72.5 MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO DE MÁQUINAS DE
ESCRITÓRIO E DE INFORMÁTICA
72.50-8 Manutenção e reparação de máquinas de escritório e
de informática
72.9 OUTRAS ATIVIDADES DE INFORMÁTICA, NÃO
ESPECIFICADAS ANTERIORMENTE
72.90-7 Outras atividades de informática, não especificadas
anteriormente Tabela I.3 – Classificação das empresas segundo CNAE
Essas transformações da definição do setor ao longo do tempo dificultam, por
exemplo, a construção de séries históricas a partir de fontes secundárias de dados,
como a RAIS, por exemplo. Rapkiewicz (1999) apresenta, por exemplo, situações
pontuais dadas à falta de continuidade das classificações propostas, o que limita a
análise possível de ser feita. A título de exemplo, note-se os dados apresentados nas
tabelas a seguir. A Tabela 4 mostra que o termo utilizado pela RAIS nos anos 80 era o
de processamento de dados e que o setor caracteriza-se pela concentração de
pequenas empresas.
9
Qtd de empregadosProcessamento.de
Dados (%)
0 15.91
De 1 a 4 42.58
De 5 a 9 14.77
De 10 a 19 9.78
De 20 a 49 8.18
De 50 a 99 3.26
De 100 a 249 3.08
De 250 a 499 1.35
De 500 a 999 0.6
1000 ou + 0.5
Total 100
Tabela I.4 – Empresas de processamento de dados por nº de empregados (Brasil - 1988)
Fonte: RAIS Estabelecimento apud Rapkiewicz (1999)
Já a Tabela I.5 mostra, que, nos anos 90, passou a ser utilizado o termo
informática, sendo possível caracterizar subsetores. A possibilidade de comparação
restringe-se à verificação de que o setor continua caracterizado pela concentração de
pequenas empresas. Porém, dada à mudança na classificação, não é possível uma
série histórica mais longa, caracterizando-se, portanto, uma limitação da fonte de dados
secundária utilizada.
10
Qtd de
emprega-
dos
%
Consultori-
a em Sist.
de
Informática
%
Desenv.
de
Progra-
mas de
Inf. %
Proces-
samento
de
Dados %
Ativ. De
Banco
de
Dados
%
Manut.
De máq.
Escrit. e
inf.
%
Outras ativ.
de Inf.
%
Total
%
0 16.09 14.77 11.76 10.64 14.11 16.62 14.83
De 1 a 4 60.02 55.57 56.11 62.77 63.45 56.32 57.38
De 5 a 9 12.56 13.82 14.41 10.64 12.45 15.1 14.09
De 10 a 19 5.99 8.97 6.96 10.64 7.39 6.86 7.33
De 20 a 49 3.61 4.89 4.61 1.06 1.6 3.23 3.69
De 50 a 99 1.15 0.95 2.27 0 0.67 1.05 1.24
de 100 a 249 0.41 0.8 1.92 2.13 0.2 0.56 0.85
de 250 a 499 0.16 0.15 0.73 2.13 0.13 0.25 0.32
de 500 a 999 0 0.04 0.81 0 0 0.02 0.18
1000 ou + 0 0.04 0.42 0 0 0 0.1
Total 100 100 100 100 100 100 100
Tabela I.5 - Distribuição percentual de empresas de informática por nº de empregados (Brasil - 1997)
Fonte: RAIS Estabelecimento apud Rapkiewicz (1999)
Uma tentativa de classificação setorial mais macro é feita pelo MEC nas
diretrizes curriculares para Computação e Informática (MEC, 2000). O MEC pretende
separar os cursos de acordo com o perfil dos egressos em dois grandes blocos: cursos
de graduação plena que têm predominantemente a computação como atividade fim,
ou seja, pretende formar profissionais que atuem diretamente na produção de bens e
serviços relacionados com a TI e cursos de graduação que têm a computação como
atividade meio, isso é, pretendem formar profissionais que atuem na automação de
sistemas de informação nas organizações. Ou seja, um grupo atuaria em setores da
economia, caracterizados como propriamente de computação e informática, e o outro
utilizaria essas tecnologias como ferramenta em outros setores da economia. Apesar de
ser mais macro que a classificação proposta pelo CNAE, a classificação proposta pelo
MEC também apresenta algumas limitações. Particularmente, dificuldade de situar
11
alguns profissionais quando atuam de forma terceirizada. Por exemplo, se um analista
de sistemas trabalha numa empresa de desenvolvimento de software claramente
estaria na atividade fim. Já sendo empregado de um banco, estaria claramente na
atividade meio (dado que a atividade fim de um banco não é a informática, esta é um
vetor para o negócios no setor bancário). Porém, o que dizer de um analista de
sistemas que trabalhe no banco sem ser funcionário do mesmo, e sim empregado de
uma empresa (esta de atividade fim) mas que atua nas dependências do próprio banco
desempenhando praticamente as mesmas funções que o analista funcionário do
banco?
Estes dois exemplos de tentativas de classificação do setor da economia
relativo à área de TI (CNAE e MEC) explicitam a dificuldade de enquadramento da área.
Assim sendo, estudos setoriais estão desde o início limitados à identificação do que é o
setor em si. Conforme veremos na subseção que segue, esta dificuldade também está
presente no mapeamento das possíveis categorias profissionais, quer atuem na
atividade meio, quer atuem na atividade fim.
1.5 As categorias profissionais
Segundo Tierney (1992), a organização de uma atividade profissional consiste
em três componentes principais:
i. Uma estrutura de atividades relacionadas a categorias de empregos;
ii. Uma estrutura dessas categorias, relacionadas seqüencialmente entre si;
iii. A alocação de pessoas específicas aos empregos;
Ou seja, é necessário identificar quais são as categorias profissionais, como
elas se relacionam entre si (por exemplo, relacionando o trabalho de concepção com o
de execução) e que perfil devem ter as pessoas que de fato desempenharão as
atividades sob o rótulo de tal categoria profissional. Este último aspecto está
relacionado com as demandas de qualificação, tema abordado na próxima seção.
Já no que diz respeito à identificação da gama de categorias profissionais
envolvidas no contexto da assim chamada Sociedade da Informação, o mínimo que se
pode afirmar é que o escopo é bastante amplo. Segundo Rapkiewicz (1998), enumerar
12
quais são essas categorias não é tarefa simples. Segundo a autora, a Sociedade dos
Usuários de Computadores (SUCESU) identificava no Brasil, em 1987, 35 tipos
diferentes de ocupações. Na França, uma organização patronal da área, a Chambre
Syndicale des Sociétés de Services et d’Ingénierie Informatique (SYNTEC
Informatique), mencionava 21 ocupações diferentes no seu balanço de 1995. Nos EUA,
identificou-se mais de 300 títulos diferentes para profissionais de informática em
pesquisa junto a empregadores, feita no final dos anos 70 (Debons et al., 1981 apud
Rapkiewicz, 1998). Esta multiplicidade de denominações é uma das principais razões
para se tentar mapear quais são as categorias profissionais relacionadas a TI e,
conseqüentemente, identificar a estrutura ocupacional da área.
Assim como no que diz respeito à classificação das atividades econômicas
relacionadas à computação e informática, conforme citado na seção anterior, diferentes
tentativas de classificação têm sido feitas para as categorias, porém sem se chegar a
um lugar comum. Além de se tentar formas de classificar as categorias é necessário
identificar o escopo de qualificações, competências e habilidades necessárias para tais
categorias, o que é tratado na próxima seção.
1.6 As competências
A organização do trabalho sofre modificações ao longo do tempo, de forma
que, para acompanhar tais mudanças, as características demandadas para os
profissionais que exercem o trabalho em si também foram se modificando,
caracterizando diferentes modelos, identificados na literatura como Qualificação,
Competências e Empregabilidade. O modelo da qualificação foi construído sobre a
visão mecanicista de trabalho proposta por Taylor (tarefas) e Ford (linha de montagem).
Por isso, tende a não levar em consideração a subjetividade do trabalhador e sim a sua
adequação a um determinado trabalho, compreendido nesse contexto como um
conjunto de tarefas padronizadas. É, portanto, uma abordagem centrada em um
indivíduo visto apenas em seus atributos específicos para ocupar um determinado
posto. Qualquer outra característica que o trabalhador possua, além daquelas
estritamente necessárias à execução do trabalho, não é levada em consideração.
Outras abordagens são mais amplas, incluindo na qualificação do trabalhador
13
características muitas vezes desprezadas, mas que são fundamentais: as qualificações
tácitas, desenvolvidas através de experiências subjetivas.
O conceito de qualificação varia no tempo e está estreitamente relacionado
com o modelo de produção vigente. Conseqüentemente, o trabalhador deve procurar se
manter de acordo com a exigência local de emprego a fim de evitar a sua exclusão do
mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que se mantém atento aos aspectos globais
do contexto no qual seu trabalho está inserido.
O modelo das competências tem sua origem na transição de uma visão de
produção em massa para a produção flexível, na qual a forma de trabalhar sofre
modificações e tende a ser mais flexível. Note-se, porém, que o escopo da flexibilidade
neste modelo é delimitado, pois ainda há prazos, metas e tarefas a cumprir. O
trabalhador, mais do que atender a uma fórmula completa, rígida e fixa de passos a
serem executados, passa a ter que responder a demandas de vários tipos. Algumas
delas são meramente operacionais, mas outras são táticas ou estratégicas,
dependendo da função desempenhada pelo trabalhador na empresa. Esta visão a
respeito das mudanças no trabalho é referendada pelo pesquisador francês Yves Clot
(1995) que se refere ao ato de trabalhar, na atualidade, como sendo o “ato de arbitrar”.
Deluiz (1996) também observa que o trabalho deixou de ser prescrito e repetitivo para
tornar-se um trabalho de arbitragem, onde o profissional precisa fazer escolhas e
opções todo o tempo. Certamente que o escopo de arbitragens feitas pelos
trabalhadores encontra-se num âmbito mais ou menos restrito, o que motivou Appay
(1996) a utilizar a expressão “paradoxo da autonomia controlada”, isto é, ao mesmo
tempo em que se exige do trabalhador certa autonomia, tal autonomia é restrita na
medida em que o mesmo tem que responder, por exemplo, a exigências cada vez
maiores de produtividade.
Para Deluiz (1996), as competências individuais de um trabalhador não se
constituem em um “estoque de conhecimentos e habilidades fixo no tempo, mas como
fluxo, pois são mobilizadas e desmobilizadas em um processo seqüencial de ajuste no
mercado interno e externo de trabalho”. Sendo assim, deve-se verificar fatores técnicos,
sociais, organizacionais e cognitivos das atividades profissionais a serem exercidas
pelos egressos para se inferir sobre a formação a eles oferecida.
14
Na transição da produção em massa para a produção flexível, o grupo passa a
ser vital para a geração de lucros e é conceituado, pelo capital, na persona de
Recursos Humanos, como “equipe”. Além disso, a inteligência humana transferida para
os equipamentos torna o trabalho mais abstrato e com demandas não tão previsíveis
quanto as que se dão em uma linha de montagem. Com isso, a lógica de trabalho
desloca-se de uma pessoa em um posto de trabalho para uma “equipe”, atuando sobre
um sistema produtivo. Na informática, os "Ambientes de Desenvolvimento Rápido"
como o Delphi e o Visual Basic, são um exemplo disso. O ambiente em si responde por
uma grande parte da programação passível de padronização, como definições de
classes e objetos, automaticamente, e possui recursos para o gerenciamento de
projetos nos quais diversos profissionais trabalham em conjunto na elaboração de um
produto de software. Ou seja, pode haver trabalho cooperativo e a própria tecnologia
oferece recursos para isso através de ferramentas do tipo CSCW6.
Empregabilidade pode ser definida como a aptidão de um indivíduo para o
trabalho. Este termo provavelmente teve sua origem nos anos 50 e 60 nos Estados
Unidos, sendo usado para designar a aptidão de um indivíduo para o trabalho, medida
pelo resultado de testes funcionais. Criavam-se inclusive “escalas” de empregabilidade,
como por exemplo, cegos, cardíacos, delinqüentes, etc. Gazier (1990).
Segundo Hirata (1996), ainda que usado com maior freqüência em economia e
estatística nas análises da passagem da situação de desemprego para a de emprego,
em certa medida empregabilidade e competência no debate francês podem ser
considerados sinônimos. Fleury e Fleury (2000) definem competência como sendo “a
capacidade de combinar, misturar e integrar recursos em produtos e serviços”. Assim
sendo, o que procuramos estabelecer, na ferramenta proposta, é um mapeamento das
competências demandadas para os profissionais de TI. Para tanto, consideramos a
classificação das competências proposta por Fleury e Fleury (2000), conforme segue:
• Competência de negócio: são aquelas relacionadas à compreensão do
negócio e o meio onde ele se desenvolve, incluindo a política, o mercado, as relações
com os clientes assim como as relações com os concorrentes. Em resumo, o
conhecimento do negócio. 6 Computer Supported Cooperative Work
15
• Competências técnico-profissionais: correspondem àquelas
específicas para uma determinada ocupação, atividade ou operação.
• Competências sociais: correspondem àquelas necessárias para a
interação com as pessoas.
Utilizamos esta classificação para agrupar, na ferramenta proposta, as
características demandadas para os profissionais de TI, conforme explicado no Anexo
3. A partir da coleta de dados feita, foi necessária a ampliação dessa classificação,
adicionando-se a categoria “outros”, com as seguintes subdivisões:
• Aparência: são as “competências” ou “características” explicitadas
relativo à aparência do profissional, como por exemplo, ótima aparência, ótima
apresentação.
• Comportamental: são as competências comportamentais como:
disciplina, perseverança, talento.
• Disponibilidade: são as competências que solicitam do profissional
disponibilidade de qualquer aspecto, como: disponibilidade de 8:00 às 16:00, horário
integral, disponibilidade para viajar, disponibilidade integral.
• Vínculo: são as características que diz respeito ao tipo de vínculo como
por exemplo, “free lancer”, autônomo.
1.7 A modelagem e desenvolvimento da ferramenta
Pressman (1995) apresenta diversas possíveis abordagens que podem ser
utilizadas no desenvolvimento de uma aplicação de software. Uma parte delas voltada
para os processos, outra parte para os controles e por último aquelas voltadas para os
dados. No caso, a proposta é a de uma aplicação que utiliza intensamente dados.
Pressman (1995) menciona que para aplicações de software desta natureza a técnica
de análise denominada Modelagem de Dados vem sendo utilizada há muitos anos. A
fundamentação desta escolha encontra-se no Capítulo 3.
Uma das etapas para modelagem é a construção do modelo conceitual.
Existem diversas possibilidades de notações gráficas para o Modelo Conceitual de
Dados. A escolha recaiu sobre técnica de Modelagem de Entidades e Relacionamentos
16
(MER) utilizando a representação gráfica proposta em Chen (1990) acrescida das
extensões necessárias à representação da base de dados de classificados. A
fundamentação desta escolha também se encontra no Capítulo 3.
Outra questão é criar a base de dados de classificados de jornais, fonte de
dados selecionada, em meio magnético. Optou-se pela utilização de um produto de
banco de dados que permitisse a implementação de um modelo relacional, no caso,
tabelas Paradox. A fundamentação para seleção de um banco de dados relacional
encontra-se no Capítulo 3.
Em resumo, a construção da ferramenta de que trata esta dissertação utilizou
um método de análise orientado a dados (no caso, Modelagem de Dados) e a
implementação ocorreu utilizando um Banco de Dados Relacional. O ambiente de
programação utilizado foi o Borland Delphi 5.0. A arquitetura utilizada no projeto do
sistema está definida no Capítulo 4.
1.8 Tratamento estatístico dos dados
A análise da configuração do mercado de trabalho na área de TI tem por base
os dados históricos e a possibilidade de projetar os diversos componentes desta base.
A ferramenta inicialmente possibilita a construção gráfica do comportamento
dos diversos componentes que compõem um anúncio conforme a modelagem,
mostrando através destes gráficos a trajetória do mercado de trabalho de TI. O modelo
para o tratamento estatístico utilizado foi de regressão linear. A partir de uma consulta à
base de dados em determinado período e aplicando o modelo de regressão linear
possibilita mostrar uma tendência linear para os dados componentes do modelo. A
explicação detalhada da parte estatística consta do Capítulo 5.
Estruturação da dissertação
Além da presente introdução, esta dissertação está estruturada em cinco
capítulos e os anexos, organizados conforme segue:
O Capítulo 2 objetiva contextualizar o problema abordado neste projeto, qual
seja, a identificação de categorias profissionais na área de TI e as demandas de
qualificação para as mesmas. Para tanto, é apresentado um breve histórico sobre a
17
evolução da informática no cenário mundial e, especificamente, no Brasil. Essa visão
histórica situa a evolução tecnológica que fundamenta a evolução das categorias
profissionais associadas de forma a especificar um conjunto de indicadores que devem
estar presentes numa ferramenta que se proponha a viabilizar o acompanhamento das
mudanças no mercado de trabalho da área.
O Capítulo 3 mostra a fundamentação e a construção da base de dados nos
anúncios de oferta de empregos dos classificados de jornal, a representação das
entidades, atributos e relacionamentos do conteúdo do anúncio. A modelagem descrita
neste capítulo é a “ponte” entre o anúncio do jornal e a construção de um modelo que
possibilite a criação de uma base de dados que permita o acompanhamento do
mercado de trabalho. Também é mostrado, passo a passo, o projeto da base de dados
desde o modelo conceitual, a construção das tabelas e o projeto do aplicativo.
A arquitetura utilizada no projeto do sistema está definida no Capítulo 4.
O Capítulo 5 contém a especificação do módulo estatístico, o qual é
exemplificado a partir de alguns resultados oriundos da base de dados.
O Capítulo 6 contém as considerações finais decorrentes dos capítulos
anteriores, sendo apresentados destaques sobre pontos relevantes verificados no
estudo realizado. Também são apresentadas as dificuldades encontradas no
desenvolvimento desta dissertação e as possibilidades de continuidade do estudo
contido na mesma.
Os Anexos, a seguir relacionados, contêm todo o material de apoio utilizado
para a produção deste texto.
No Anexo 1 está descrita a construção dos agrupamentos dos conhecimentos
requeridos dos profissionais de TI. Este agrupamento é proposto dado que os anúncios
têm uma grande diversidade de conhecimentos e o não agrupamento dificulta a análise.
No Anexo 2 mostra-se o agrupamento das características solicitadas nas
categorias. As características foram agrupadas de acordo com as definições de Fleury e
Fleury (2000) em competências técnico-profissionais, sociais e de negócios. Para as
características que não puderam ser relacionadas a nenhumas destas competências se
fez necessária a criação de outros agrupamentos que as contemplassem.
18
No Anexo 3, mostram-se os agrupamentos das áreas de escolaridade de
acordo com as grandes áreas. Isto se faz necessário, pois os anúncios solicitam
diversas formações profissionais em diferentes áreas. O objetivo deste agrupamento é
conhecer quais as áreas de formação este mercado solicita dos profissionais, sejam em
nível do 2º ou do 3º grau.
O Anexo 4 apresenta todas as fases do trabalho com as respectivas subfases
que compõe a base de dados. Estas fases se fazem necessário para o conhecimento
de processo de construção de um produto de TI.
O Anexo 5 mostra todas as tabelas que compõem a base de dados, assim
como os campos e tipos necessários para a construção desta base de dados.
19
CAPÍTULO 2
A disponibilidade dos recursos de informática atualmente era inimaginável
quando surgiu o ENIAC em 1946, considerado o primeiro computador do mundo. A
denominação processamento de dados até os anos 80 definia todo o conjunto de
recursos necessários para o processamento de informações. Atualmente utilizamos a
denominação Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) ou apenas TI, conforme
definido no Capítulo 1, para englobar uma quantidade cada vez maior de
equipamentos, aplicações, serviços e tecnologias, tendo como base segmentos
interligados pela informação, isto é, a computação e a telecomunicação.
A sociedade está inserida na tecnologia, na disseminação dos computadores
pessoais, na Internet, na computação móvel, no relacionamento virtual, conectando
empresas e pessoas, para negócios ou entretenimento. Além das aplicações
convencionais da informática, que envolve hardware e software, o emprego de
tecnologias concomitantes para objetivos específicos na área empresarial como a
internet, interligando clientes, usuários, consumidores, entre outros.
Este capítulo descreve a evolução histórica dessa tecnologia com o objetivo de
situar as categorias profissionais de TI ao longo dos anos em concomitância com a
evolução de hardware e software.
2.1 Processamento de dados a TI
A evolução da tecnologia da informação é principalmente relacionada com a
indústria de equipamentos da área. Os períodos citados abaixo não possuem a
precisão cronológica conforme descrita, eles são apenas um referencial para o
acompanhamento da evolução.
2.1.1 Década de 50
A evolução das tecnologias de informática e computação resulta de dois
segmentos distintos que são o hardware e o software. Ambos foram sendo
desenvolvidos em paralelo ao longo do tempo. No caso do hardware, convencionou-se
identificar as transformações em torno do termo “geração”.
Até o inicio da década de 50, os computadores eram considerados de primeira
20
geração e eram à base de válvulas com programação externa ou mista de interna e
externa. Meirelles (1988) afirma que em 1951 surgem os primeiros computadores em
escala comercial, de 1º geração que permanecem até 1959. Os computadores desta
geração possuíam memória externa. Segundo Breton (1990), a construção dos
primeiros computadores está relacionada às pesquisas desenvolvidas pelas
universidades americanas e inglesas e pela convergência de interesses científicos e
militares.
No que diz respeito ao segmento de software, as primeiras linguagens de
programação dos computadores eram denominadas por linguagem de máquina, pois
este tipo de linguagem utilizava diretamente o sistema binário. A linguagem que logo
conseguiu notoriedade foi à linguagem Fortran7 criada em 1957. É considerada a
primeira linguagem de alto nível. Depois surgiram outras linguagens de alto nível como
Cobol8. Ainda na década de 50 surgiu o Algol9 que foi uma linguagem que obteve muito
êxito já que o Fortran era considerado uma linguagem científica.
No caso específico do Brasil, neste período ocorria uma forte influência
internacional na área de computação. Inicia a chegada no país de computadores como
o IBM-1401 como afirma Pacitti (2000), orientado para gestões administrativas. Pacitti
(2000) afirma que “a pesquisa não estava ligada ao ensino e pouco se fazia em ciência
aplicada... eram muito mais humanísticas e menos tecnológicas Os centros de
tecnologia, hoje essenciais na estrutura da universidade, eram praticamente
inexistentes”.
Ainda no final dos 50, Pacitti (2000) cita que “em 1958, foi instalado pela
primeira vez no ITA e em uma instituição de ensino, um computador de primeira
geração, o Univac-120”. Em 1959, foi instalado na PUC-RJ (Pontifícia Universidade
Católica) um computador Burroughs-205· (a válvula), que funcionava em Assembler10.
A característica desta linguagem para a época era extremamente trabalhosa para ser
manuseada pela maioria dos usuários não profissionais da área de informática. De fato,
nesta década não havia propriamente profissionais de informática, sendo estes 7 Linguagem de programação científica denominada Fórmula Translator. 8 Common Business Oriented Language. 9 Algorithm Language 10 Denominada de linguagem de máquina ou linguagem de baixo nível.
21
profissionais oriundos de outras áreas como matemática, física e engenharia.
2.1.2 Década de 60
Neste período os computadores possuíam dimensões gigantescas e exigências
técnicas de infra-estrutura, assim como corpo técnico especializado e os equipamentos
obviamente caros. Meirelles (1988) aponta para a chegada ao Brasil, em 1961, do
primeiro computador o UNIVAC 1105, a válvulas para o IBGE11. Segundo o autor, até
1965 o uso do computador era restrito a algumas áreas especificas predominantemente
universidades, órgãos governamentais e grandes empresas. A partir de
aproximadamente 1965, os circuitos integrados (CI) passaram a ser usados nos
computadores. Nesta época houve a expansão da capacidade de memória dos
equipamentos o que Pacitti (2000) afirma tornaram as máquinas mais amigáveis e de
melhor entendimento. As principais linguagens de programação deste período foram o
Cobol, PL-1, LISP e o Basic12. O Basic popularizou-se no final dos anos 60 e anos mais
tarde na microinformática.
O principal profissional de informática na década de 60 era o analista de
suporte que tinha a responsabilidade sobre o funcionamento de todo o sistema, assim
como ter sólidos conhecimentos do sistema operacional e da linguagem Assembler que
era específico de cada máquina ou processador. Este período foi considerado
centralizador, pois somente técnicos especializados, e em locais específicos, tinham
acesso a esta tecnologia.
A formação de profissionais e a capacitação nesta geração são exclusivamente
oferecidas pelos fabricantes de equipamentos. Também surgiram os primeiros cursos
com segmentos distintos como de processamento de dados para o segmento de
software e de tecnologia digitais para o segmento de hardware. Nota-se, que, durante
vários anos, as áreas de hardware e software eram considerados segmentos distintos.
Porém as tecnologias eram agregadas, isto é, o fabricante fornecia o equipamento e os
serviços de software e manutenção agregados.
Já no início dos anos 60, segundo Pacitti (2000), o Brasil recebe os primeiros
11 IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia Estatística - órgão governamental de pesquisa. 12 Beginners All Purpose Symbolic Instruction Code
22
computadores para fins comerciais acarretando os benefícios do processamento de
dados e acelerando as mudanças na área educacional, no mercado de trabalho e no
comportamento da indústria nacional. Neste período surgem as primeiras empresas
caracterizando assim uma “indústria do software”.
Na maioria das vezes, os equipamentos apresentavam características comuns
quanto a sua construção e funcionamento. Os componentes eram exclusivamente de
determinado fornecedor, inclusive os softwares para estes equipamentos eram de uma
única linha de produto assim como de fornecedores. Obviamente não existiam muitas
alternativas quanto a fornecedores de computadores no Brasil ou no mundo inteiro,
acarretando preços altos, para aquisição e manutenção de equipamentos e softwares
dependentes entre si e que, por conseqüência, a troca de fornecedor para outro
fornecedor acarretava altos investimentos, pois não existia compatibilidade nem de
equipamentos e de softwares.
2.1.3 Década de 70
No cenário da tecnologia da informação mundial acontece a evolução da parte
eletrônica dos computadores. Na plataforma mainframe, são amplamente usados os
terminais “burros” que são equipamentos sem processamento local e todo o
processamento era centralizado numa máquina central que podia ser usada por vários
usuários ao mesmo tempo. Castells (1999) afirma que os anos 70 foram ao mesmo
tempo à época provável do nascimento da revolução da TI e também uma linha
divisória na evolução do capitalismo.
Segundo Breton (1990), com a evolução da parte eletrônica dos computadores,
inicia-se um processo de renovação científica, iniciando o desenvolvimento da
cibernética, da inteligência artificial, da teoria de sistemas, da teoria da informação e a
tecnologia das comunicações de um modo geral.
Na área de software, a construção de diversos tipos de sistemas operacionais
multiusuários, multitarefa assim como sistemas operacionais dedicados exclusivamente
para o processamento de dados em tempo real. A evolução do hardware possibilitou o
início de projetos na área de banco de dados, programação estruturada, inteligência
23
artificial e a computação gráfica. Ainda no período da década de 70, é lançado o Unix,
sistema operacional aberto e não proprietário ainda não contextualizado até a época.
Com relação às linguagens de programação, surge a linguagem Pascal. Na
programação comercial, amplia-se a utilização do Cobol e, na área de projetos
científicos, a linguagem Fortran. Surgem os primeiros projetos de banco de dados e
assim como as linguagens específicas para esta finalidade. As linguagens de controle
se tornaram mais sofisticadas com o objetivo de atender às novas demandas dos novos
hardwares.
As metodologias passam a ser largamente utilizadas, sendo discutidos
amplamente o uso dos seus métodos e técnicas, caracterizando a Engenharia de
Software. Neste período, o hardware e o software ficaram um pouco melhores, os
profissionais dividiam-se basicamente em quatro categorias: digitadores, operadores,
programadores e analistas.
No Brasil, o desenvolvimento da informática é extremamente difícil. O país
inicia a consolidação da utilização da tecnologia de computadores. Neste período, os
computadores mais utilizados no país eram da empresa Digital para o processamento
científico e IBM 360/370 para o processamento comercial.
No inicio dos anos 70, conforme afirma Oliveira (1991), dá-se o inicio da
intervenção governamental no setor a partir da criação em 1972 da Capre13 com o
objetivo de propor uma política governamental de desenvolvimento do setor e o autor
afirma ainda que esta comissão também é “responsável pelo controle e produção e
mercado de computadores e periféricos no País”. Meirelles (1988) menciona o
estabelecimento da reserva de mercado para os minicomputadores. Em seguida é
fundada a empresa Cobra (1974). É criada a SEI14 que era ligada diretamente ao
Conselho de Segurança Nacional (CSN), órgão superior de orientação, planejamento,
supervisão e fiscalização do setor de informática no país. Ou seja, é nesta década que
ocorrem os primeiros passos para uma política publica de regulamentação do setor de
informática.
Diversos autores como Tierney (1991), afirmam que o desmembramento dos
13 Comissão Coordenação das Atividades de Processamento Eletrônico. 14 Secretaria Especial de Informática
24
serviços de hardware e software, que anteriormente eram agregados foi um marco para
o desenvolvimento do software que de modo independente do hardware.
Segundo Segre e Rapkiewicz (2002), não existia distinção entre usuários e
profissionais de informática e estes detinham o conhecimento de todo o processo de
trabalho. Porém, neste período, entre as categorias profissionais de informática há um
novo contexto na conformação destes profissionais, tendo uma escala hierárquica bem
definida pelos programadores, analistas de sistemas, operadores, conforme Segre e
Rapkiewicz (2002). Categorias estas que tem modificações não na denominação, mas
com a evolução da tecnologia os atributos necessários para a inserção destes
profissionais no mercado são alterados profundamente.
Algumas definições sobre estas categorias são pertinentes, conforme segue:
i. Analista de Sistemas, profissional com formação de nível superior ou ser
especialista em uma determinada atividade da empresa;
ii. Programador, profissional com habilidade em programação com uma ou mais
linguagens de programação podendo ter formação de nível superior ou técnico;
iii. Operador de Microcomputador, de Computador ou de Terminal, profissional com
a função de operar determinado equipamento de processamento de dados com
formação de 1º Grau;
iv. Digitador: profissional com a função de digitação de dados, num determinado
sistema, com rapidez em datilografia.
Esta é descrição destes profissionais neste período, pois as habilidades e
funções são bastante delineadas e definidas no contexto da época. Segundo Tierney
(1991), estes profissionais estavam muito mais associados à tecnologia que dominavam
do que propriamente à empresa em que trabalhavam.
2.1.4 Década de 80
Nesta década há o “boom” dos computadores de uso pessoal, os
microcomputadores. Os preços destes microcomputadores caem vertiginosamente.
Iniciam-se a tecnologia de redes locais e o processamento distribuído, assim como os
primeiros bancos de dados distribuídos. Os periféricos eram extremamente lentos,
25
frágeis e de alto custo. Amplia-se o desenvolvimento dos sistemas operacionais
particularmente os disponíveis para os computadores PC, plataforma que naquela
época se encontrava em pleno processo de expansão. Os aplicativos são direcionados
especificamente para PC’s, como por exemplo, Visicalc15, WordStar, Lotus 1-2-3.
Com a expansão dos microcomputadores, as linguagens baseadas no padrão
Xbase16 (dbase e Clipper) passam a ser amplamente utilizadas para o desenvolvimento
de sistemas. Na plataforma de mainframes, a linguagem de programação utilizada
centrava-se em Cobol com possibilidade de demanda de banco de dados. Busca-se a
substituição dos terminais “burros” por PC’s que tinham a vantagem de dupla função
ora como emuladores de terminais ora para processamento local. Neste período os
sistemas operacionais dos mainframes da IBM, Burroughs, Univac e Digital eram
largamente utilizados.
Em 1982 são lançados no mercado brasileiro o CP-50017 da empresa
Prólogica, da linha de PCs, a partir de 1985 o mercado é dominado pelo IBM-PC18 e
compatíveis: os primeiros modelos foram lançados pelas empresas Dismac, Cobra,
Prológica, SID, Digitus, Softec, Microtec e Scopus. Também são encontrados no
mercado nacional os sistemas operacionais da empresa Cobra (Computadores do
Brasil).
No Brasil, em 1984, entra em vigor a lei da reserva de mercado que proibia a
importação de equipamentos de médio porte e limitava a importação de equipamentos
de grande porte, exigindo justificativa de importação. Nesta época o país desenvolve
projetos de hardware e em diversos casos reproduzia os equipamentos já existentes no
mercado externo. Os profissionais começaram a ser conhecidos e mais organizados.
Neste período iniciou a desmistificação da informática; o mercado era carente de
profissionais devido ao crescimento desordenado do país e à falta de estruturação
educacional. Neste período o segmento de software consolida-se no mercado como um
artefato (produto) independente do hardware.
15 Visicalc – planilha eletrônica para máquinas Apple. 16 Programas de banco de dados simples. 17 CP-500 – tipo de computador lançado pela Prológica empresa montadora de computadores. 18 IBM-PC – surgem os microcomputadores e a empresa IBM traz para o país o PC (personal computer – computador pessoal).
26
Ainda neste período, com a disseminação dos microcomputadores (PCs,
devido ao baixo custo) das redes locais, que acarreta uma mudança substancial na
organização interna das empresas e também nos profissionais de TI, que é o desmonte
dos CPDs, gerando uma aproximação dos usuários com a tecnologia de informática.
No final dos anos 80, tem início o crescimento do mercado para os
profissionais de TI. Pode-se enfatizar o crescimento das categorias relacionadas ao
software como Analistas de Sistemas e Programadores. Com a demanda em ascensão
dos microcomputadores, surgem os profissionais para este segmento, como Operador
de Microcomputador, Analista de Microcomputador, assim como os profissionais ligados
à tecnologia de Banco de Dados como Administrador de Banco de Dados. Neste
período, diversos níveis hierárquicos são inseridos junto à categoria, como por
exemplo, chefes, gerentes e supervisores.
2.1.5 Os anos 90....
Os periféricos desenvolvidos para PC’s são consolidados num mercado em
expansão. A Microsoft lança os sistemas operacionais Windows 95, 98 e NT. O sistema
operacional Unix é largamente utilizado.
No Brasil há o fim da reserva de mercado em 1992. O sistema operacional de
rede local - Netware19 - teve uma enorme participação no mercado até meados desta
década. Em 1994 a internet inicia sua difusão no país, em larga escala. Surgem várias
linguagens de programação para aplicações na Internet.
Os aplicativos são desenvolvidos para plataforma Windows com a difusão de
linguagens “visuais”, como Delphi20 e Visual Basic21, entre outras, e a tecnologia de
banco de dados com produtos como Oracle e Ms-SqlServer. Amplia-se utilização de
linguagens de programação orientada a objetos.
As técnicas de modelagem de dados são bastante utilizadas na grande maioria
das aplicações em banco de dados relacionais. Também há a difusão da ferramenta de
metodologias para acompanhamento e monitoramento de projetos de construção de
softwares. O hardware e o software tiveram uma redução de custo, obteve maior 19 Sistema operacional de rede da empresa Novell. 20 Linguagem de Programação Visual da Empresa Borland 21 Linguagem de Programação Visual da Empresa Microsoft
27
confiança, tornaram-se mais amigáveis e efetivos; a informática começa a ser
efetivamente aplicável ao mercado e aos negócios das empresas.
Em infraestrutura, ocorre grande utilização de fibra ótica, recursos de
telecomunicações devido à larga utilização da internet. Em 1993 a Intel22 lança o seu
processador Pentium (80586)23 e em1997 são lançadas as primeiras máquinas
utilizando processadores com tecnologia MMX24 da Intel.
O mercado de TI tem uma forte demanda, devido à redução de custos dos
equipamentos que é uma das justificativas, assim como o mercado de trabalho também
está em ascensão. Surgem diversas denominações para profissionais na área de
informática dificultando a caracterização e a identificação destes profissionais.
Em 1994 a Internet comercial tem seu início no país, de forma não previsível
considerando a dimensão que tomou no mercado de TI, e uma série de mudanças de
paradigmas são introduzidas junto a esta tecnologia em todos os segmentos da
sociedade, tendo a área de TI também forte influência no mercado de trabalho de TI,
por exemplo, novas categorias profissionais, como webmaster, webdesigner.
Esta breve apresentação permite situar o leitor na dinâmica da evolução das
tecnologias de computação e informática e mostra, ao mesmo tempo, que há questões
relacionadas a hardware, software, metodologias de desenvolvimento, prestação de
serviços e inúmeras áreas a que hoje chamamos de TI.
2.2 A evolução das categorias profissionais de TI
O breve histórico da evolução da informática apresentada na seção anterior
mostra uma trajetória na qual as tecnologias de informática foram evoluindo desde o
processamento de dados até a tecnologia de informação, momento sobre o qual
Castells (1999) afirma que:
“um prognóstico importante da teoria original do pós-industrialismo refere-se a expansão das
profissões ricas em informação, como os cargos de administradores, profissionais especializados e
técnicos, representando o cerne da nova estrutura ocupacional”.
22 Empresa fabricante de microprocessadores e placas de computadores. 23 Pentium – modelos de microprocessadores da empresa Intel. 24 Modelos de microprocessadores da empresa Intel
28
O autor aponta para o surgimento de uma nova estrutura ocupacional,
destacando a expansão das profissões ricas em informação, as quais seriam
fundamentais na assim chamada Sociedade da Informação. Porém, o autor não
explicita quem seriam tais profissionais. Algumas tentativas nesse sentido têm sido
feitas.
A primeira delas, associando a evolução dos profissionais com a evolução das
tecnologias foi proposta por Breton (1990). O autor propõe um modelo que divide a
evolução das tecnologias de informática em três períodos, que o autor denominou de
“as três informáticas”, conforme segue:
i. Na primeira, centrada nas máquinas, não existia distinção entre cientistas,
matemáticos, engenheiros e os “profissionais dos computadores”, nem tampouco uma
organização formal do trabalho. Segundo Segre e Rapkiewicz (2002) não existiam
distinção entre usuários e profissionais de informática.
ii. Na segunda informática, o foco passou para os grandes sistemas centralizados
e na adoção de princípios tayloristas/fordistas representados pela fragmentação e
especialização do trabalho. Segre e Rapkiewicz (2002) ressaltam que o início desse
processo de estratificação do trabalho foi decorrente do desenvolvimento de atividades
como a programação e a entrada de dados, e o uso civil de computadores que criou um
mercado de maior abrangência. Castells (1999) também referencia o trabalho nos
CPDs através dos seus fluxos de informação rígidos e hierárquicos, pela padronização
e pelas rotinas de trabalho. Se, na primeira informática, as categorias profissionais se
confundiam com os cientistas, matemáticos e engenheiros, nesta “segunda informática”
é possível perceber a presença de “especialistas informaticisistas” Breton (1990),
representada pelos programadores, analistas de sistemas e operadores. Segre e
Rapkiewicz (2002) destacam que tais profissionais constituíam uma “casta a parte”
dentro das empresas. Tierney (1991) indicava que estes profissionais estavam muito
mais associados à tecnologia que dominavam do que propriamente à empresa em que
trabalhavam.
iii. A terceira informática é caracterizada, sobretudo pela revolução da
microeletrônica, pelo crescimento vertiginoso da comercialização dos computadores e
pela expansão do desenvolvimento de software. Nesta fase ocorre a descentralização
29
dos CPDs possibilitada pela adoção de microcomputadores e de redes que permitem
disseminar a informação por toda a estrutura das empresas. Destaca-se nesta fase o
aumento das categorias relacionadas ao software como analistas de sistemas e
programadores, aqueles associados à tecnologia dos microcomputadores (operador de
microcomputador, analista de microcomputador) e a inclusão dos termos indicativos de
hierarquia (chefe, supervisor, gerente) indicando possibilidade de encarreiramento para
os profissionais da área.
Como o modelo de Breton (1990) contempla somente até o final dos anos 80,
Albuquerque (2003) propôs uma continuidade do modelo através do desenvolvimento
da quarta informática. Este período é caracterizado pelo fortalecimento do software
como produto, pelas transformações possibilitadas pela TI em termos da utilização do
conceito de rede aplicado à organização das empresas e pelo aumento significativo do
uso de redes remotas conectadas através da internet. Nesta quarta informática as
trajetórias tecnológicas e organizacionais passam a estar imbricadas conforme indicado
por Castells (1999): “... mediante a interação entre crise organizacional e a
transformação das novas tecnologias de informação, surgiu uma nova forma
organizacional como característica da economia informacional/global: a empresa em
rede”.
Esta última colocação deixa clara a relação estreita entre a estrutura
tecnológica e a estrutura organizacional, fundamental para caracterização da estrutura
ocupacional do setor de TI. Seguindo esta tendência, ma das possibilidades de
categorização de quem são os profissionais de TI depende da fase da organização do
trabalho, conforme proposto inicialmente por Rapkiewicz (1998) e desenvolvidas em
Segre e Rapkiewicz (2001). As autoras propõem a análise da evolução dos
profissionais de informática em três fases:
i. fase artesanal consiste na época da primeira geração dos computadores em
que a absorção era nos computadores, em laboratórios de pesquisa, para fins
específicos ou órgãos governamentais; cabe ressaltar que nesta fase que os usuários
finais e os profissionais específicos de informática são os mesmos.
ii. fase sistêmica, centralizada na criação dos grandes CPDs (Centro de
Processamento de Dados), locais específicos com todos os equipamentos e
30
profissionais reunidos, os profissionais têm funções bastante distintas: analistas de
sistemas e programadores são responsáveis pelo desenvolvimento; os operadores pela
atividades de operações e os digitadores são contratados com características de tps
(toques por segundo).
iii. fase flexível, caracterizada pela disseminação das TICs em diversos setores da
sociedade; conseqüentemente novas formas de trabalho são criadas assim como o
desaparecimento de categorias ou a incorporação deste trabalho por outras categorias.
Marques et al. (2000) citam quatro importantes vertentes desta fase: a) a disseminação
da microinformática que tem como conseqüência uma maior aproximação entre a
informática e os usuários; b) as metodologias e as ferramentas de desenvolvimento; c)
integração da informática com o negócio; d) popularização das redes locais e
corporativas.
Rapkiewicz (1998) propõe uma estrutura ocupacional simplificada para a área
de informática relacionada com a fase sistêmica, a qual é apresentada na figura a
seguir. Note-se que são definidos três grandes escopos de atividade: desenvolvimento,
produção, manutenção e suporte25. O desenvolvimento refere-se à definição dos
requisitos do software, projeto e programação do mesmo. A produção diz respeito à
colocação em uso do software desenvolvido, envolvendo a entrada dos dados
necessários e os procedimentos de operação do equipamento para a execução do
software de forma a se obter o resultado pretendido a partir da entrada de dados. A
manutenção e suporte do ambiente (hardware e software) constituem um domínio à
parte na estrutura, o que não significa que ela não tenha importância, pois se encarrega
da manutenção e suporte das máquinas e software básico que os demais profissionais
da estrutura utilizam.
25 A modelagem da ferramenta proposta neste estudo (vide capítulo 3) mostrou a necessidade de ampliar o escopo de atividades e o agrupamento de categorias profissionais de acordo com grupos de atividades que foram chamadas de fases do trabalho (vide Anexo 1).
31
Análise de sistemas
Programação
Operação
Digitação
Des
envo
lvim
ento
Prod
ução
Man
uten
ção
e su
porte
Figura II.2 - Estrutura de atividades na área de informática na fase sistêmica
Fonte: Rapkiewicz (1998)
A esta estrutura de atividades parece corresponder a definição formal das
categorias profissionais de acordo com Classificação Brasileira de Ocupações (CBO),
do Ministério do Trabalho, que identifica as seguintes categorias:
i. analistas de sistemas;
ii. programadores de computador;
iii. operadores de máquinas de processamento automático de dados, que inclui a
categoria dos digitadores.
Note-se, porém, que tanto a estrutura de atividades quanto as correspondentes
categorias existentes na CBO não dão conta da amplitude de atividades e categorias
que podem atualmente ser encontradas no mercado de trabalho. Conforme apontado
por Rapkiewicz (1998), o mercado de trabalho encontra-se atualmente numa fase de
transição entre a fase sistêmica e a flexível, e a estrutura apresentada para a fase
sistêmica tornou-se obsoleta. Outra proposta de classificação é feita por Freeman e
Aspray (1999). Seguindo um pouco a tendência de separação entre atividade-meio e
atividade-fim, propõem a separação entre os profissionais em si da TI e aqueles para os
quais a TI é uma ferramenta, conforme mostrado na figura abaixo.
32
Con
heci
men
to d
e N
egóc
io
Conhecimento em TI
VP Marketing
Gerente de Desenvolvimento
de Software
Administrador de Sistemas
Gerente de Produto
Profissional de TI
Usuário de TI
Caixa de
Banco
Operadorde Call Center
Desenvolvedor de Sistema Operacional
Desenvolvedor de Aplicação
Gerente deSistemas
de Informação
Gerente Financeiro
Figura II.3 – Classificação dos profissionais de TI nos EUA
Fonte: Adaptado de Freeman e Aspray (1999)
Para o escopo deste estudo, interessam os profissionais considerados pelos
autores como sendo da área de TI, ou seja, aqueles do quadrante inferior. O grupo
compreende quatro grandes categorias:
i. Os que concebem e esboçam a natureza dos produtos de informática;
ii. Os que desenvolvem os produtos, isto é, especificam, projetam, constroem e
testam os artefatos de TI;
iii. Os que modificam ou agregam partes aos artefatos (hardware e software) de TI;
iv. Os que dão suporte e manutenção para a instalação, operação e reparação de
artefatos de TI.
Freeman e Aspray (1999) apresentam um quadro que procura distinguir os
diversos trabalhos na área de TI, assim como os profissionais de TI.
33
Categorização dos Trabalhos de TI Projetistas (são os profissionais que conce-bem e esboçam a natureza básica de um computador, isto é, o artefato (hardware e software) de sistema.
Desenhista de produto Engenheiro de pesquisa Analista de sistema Pesquisador de ciência da computação Analista de requisitos Arquitetura de sistema
Desenvolvedores (são os profissionais que trabalham especificando, projetando, cons-truindo e testando um artefato (hardware e software) de tecnologia de informação.
Desenhista de sistema Programador Engenheiro de software Profissional de Teste Engenheiro de computador Desenhista de microprocessador
Manutenção / Administração (são os profis-sionais que modificam um artefato (software) de tecnologia da informação.
Programador de manutenção Programador Engenheiro de software Engenheiro de computador Administrador de banco de dados
Tabela II.6 - Caracterização dos profissionais de TI
Fonte: Adaptado de Freeman e Aspray (1999)
Definindo ainda sobre os trabalhos executados pelo profissional de TI,
atualmente, segundo Gudivada (2003) há quatro áreas bem distintas de categorias de
emprego, conforme a seguir:
i. Projetar e fabricar de hardware de computador;
ii. Desenvolvimento de software de sistema, sistemas embutidos, e software de
objetivos gerais, como servidores de banco de dados, ferramentas de autoria, e
construção de aplicação;
iii. Desenvolvimento de aplicações com programação mínima, usando configuração
e operação componentes para fins comerciais;
iv. Aplicação e implementação que usam pacotes de software usando recursos de
planejamento de sistemas.
As definições, quanto aos tipos trabalho para as categorias de TI, são
importantes e não se esgotam somente com estas definições, pois somente com as
possíveis definições dos trabalhos dos profissionais de TI tem-se a possibilidade de
definir quem são os profissionais de TI.
Note-se que, na verdade, os autores não propõem a identificação em si das
categorias, mas sim um conjunto de atividades desempenhadas por eles. Seguem,
34
assim, num certo sentido, a forma de categorização proposta por Rapkiewicz (1998) ao
associar as categorias profissionais da fase sistêmica com as atividades
desempenhadas pelas respectivas categorias. Esse mesmo caminho foi percorrido na
modelagem da ferramenta especificada neste estudo, quando propusemos o
agrupamento das categorias profissionais de acordo com a fase do trabalho ao qual as
atividades de cada categoria estariam relacionadas (vide capítulos 3 e Anexo 1).
2.3 Mercado de trabalho de TI
A seção anterior mostrou a fundamentação para considerar como indicadores
das transformações no mercado de trabalho em TI a identificação de quantas e quais são as categorias profissionais bem como as fases do trabalho ao qual as mesmas
estão relacionadas.
Seguindo esta tendência, alguns trabalhos com fonte de dados baseada em
empresas têm procurado quantificar tais indicadores. Conforme já citado, a
identificação de quantas e quais são as categorias profissionais tem sido trabalho até o
momento infrutífero, haja vista, por exemplo, a identificação de mais de 300 categorias
já ao final dos anos 70 (Debons et al., 1981 apud Rapkiewicz, 1998), época na qual a
difusão das tecnologias de informática e computação podia ser ainda considerada
insipiente. É fundamental, pois, buscar-se formas de agrupamento para reduzir a
quantidade de itens a serem acompanhados ao longo do tempo.
Um estudo que pode ser citado, buscando quantificar o mercado de trabalho
em TI, é o de Mayer (2002). O autor apresenta uma pesquisa realizada em 750
empresas do mercado brasileiro de desenvolvimento de software e/ou sistemas e
apresenta dados extraídos das últimas 13 edições do relatório Brasil Software26,
publicado pela empresa Mayer e Bunge27 Informática, de 1995 até 2001, com
estatísticas das empresas em diversos ramos de atividade sobre desenvolvimento, que
para serem incluídas na pesquisa (deveriam ter pelo menos um profissional de
desenvolvimento). A Tabela detalha o percentual de desenvolvedores em cada setor de
atividade econômica.
26 Relatório citada na pesquisa sobre desenvolvedores de software. 27 Empresa que realizou a pesquisa
35
Tabela II.7 – Total de desenvolvedores nas empresas em %
Fonte: Mayer (2002)
A Figura II.3 mostra a evolução do percentual de desenvolvedores nas
empresas e apresenta um crescimento no percentual de desenvolvedores até 1998,
para logo em seguida, 1998-1999, haver uma queda na demanda destes profissionais.
Nota-se que no ano 1999-2000 há uma queda acentuada neste percentual.
Figura II.4 – Evolução de desenvolvedores no país
Fonte: Mayer (2002)
A amostra relativa às empresas de informática especificamente aponta para
uma forte diminuição no número de profissionais de desenvolvimento que atuam nas
empresas de informática. Mayer (2002) realiza uma análise como conseqüência desta
queda “resultado da opção de muitas destas empresas em comercializar, implantar e
suportar apenas software estrangeiro”.
36
Desenvolvedores em Informática em %
34
46
54
47525049
44455047
4545
20
40
60
nov/9
7fev
/98
mai/98
ago/9
8no
v/98
fev/99
mai/99
ago/9
9no
v/99
fev/00
mai/00
ago/0
0no
v/00
fev/01
mai/01
ago/0
1no
v/01
Período
%
Gráfico II.1 – Desenvolvedores no setor de informática
Fonte: Mayer (2002)
Nota-se que os desenvolvedores do setor de TI, de acordo com esta pesquisa,
tem uma linha de declínio a partir do ano de 2001. O módulo estatístico da ferramenta
proposta nesta dissertação permite, além de quantificar as categorias ao longo do
período avaliado (1970 a 2000), a projeção de tendências do mercado conforme será
mostrado no Capítulo 5, indicando, por exemplo, possível escassez em algum
segmento.
Cabe ressaltar que, no mercado de trabalho, quando há muitas empresas que
competem na mesma atividade, isto é, necessitam de categorias escassas no mercado
de trabalho, categorias profissionais de outras áreas outros campos são atraídos para a
área de escassez. A intervenção governamental em um mercado geralmente é
considerada aconselhável toda vez que este mercado não apresenta harmonia entre a
oferta e a procura, isto é, no caso acima é importante esta intervenção, pois poderia
haver incentivos na formação de determinadas categorias em que for detectada a
escassez.
Em quais áreas há escassez? Esta é a indagação mais importante pertinente a
este estudo. Portanto, é muito difícil a resposta ser de forma direta por causa das
definições imprecisas de previsão, assim como a complexidade do trabalho de TI,
conforme definido anteriormente, existem muitos tipos diferentes de trabalhos que
envolvem habilidade amplamente variada, e distribuída por muito setores diferentes da
economia, e a falta de dados sistemáticos.
37
A afirmativa sobre a escassez de profissionais em determinada categoria,
como por exemplo, administradores de rede, mas pode não ter a mesma escassez para
categoria digitador. Também temos a possibilidade do tempo em que estas conjunturas
se alteram rapidamente. O que é escassez pode ser verdadeiro na ocasião em que este
trabalho é escrito e pode não ser verdadeiro após um ano.
Segundo Dash e Johnston (2000) a Information Technology Association of
America (ITAA) apresenta um relatório afirmando que nos Estados Unidos, no ano de
2000, a demanda para profissionais de TI seria maior nas empresas possuindo entre 50
e 99 funcionários. Estas empresas, que não desenvolvem produtos para vender, mas
sim para uso próprio, necessitariam de aproximadamente um milhão de profissionais.
Uns terços das novas vagas abertas durante os próximos doze meses estariam na área
de suporte técnico, com empregadores interessados em profissionais que resolvam
problemas, especializados em serviços de atendimento, instalação de hardware e
software e operação e manutenção de sistemas.
No Brasil, algumas considerações refletem a tendência deste mercado. A
empresa de consultoria Andersen Consulting28 publica em relatório que, em menos de
dois anos, a economia da Internet abrigará mais de 10 milhões de empregos em várias
indústrias no mundo. Afirma ainda que mais de 300 mil empregos no Brasil serão
disponibilizados pela Internet para profissionais de TI para o ano de 2002. A Associação
Brasileira dos provedores de Acesso, Serviços e Informações da Internet (Abranet),
contestando esta afirmação, diz que esta previsão pode ser de 100 mil empregos.
Segundo Arica (2002), o Brasil é um dos dez maiores mercados de software do
mundo, de acordo com o Departamento de Comércio dos Estados Unidos. Segundo o
Ministério da Ciência e Tecnologia, o mercado de Tecnologia da Informação no Brasil
movimentou cerca de R$ 25 bilhões no ano 2000, dos quais aproximadamente R$ 6
bilhões correspondem à comercialização de software. Segundo dados da Associação
das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet (Assespro),
em 2001 o crescimento da indústria de software no Brasil caiu, ficando em apenas 15%.
O mercado de software nacional, que em 1998 era 36%, teve uma queda para pouco
mais de 18% no ano 2000.
28 Empresa de Consultoria Empresarial.
38
A revista IG Educação publica que em Seminário promovido pela Associação
Nacional da Educação Tecnológica (Anet) com diversos especialistas de instituições de
ensino e profissionais de recursos humanos, projetou que em 2005 o mercado de
trabalho terá um déficit de 250 mil técnicos na área de informática no Brasil. Há uma
estimativa de que, para cada 100 empregos disponíveis na área de TI, 28 não são
preenchidos por técnicos especializados.
Agora especificamente para a área de TI, no Rio de Janeiro, diversas
empresas de consultoria têm opinião divergente com relação ao mercado de trabalho
de TI no Rio de Janeiro: Lang (2003) apresenta relatos de especialistas do Grupo
Catho29 Rio afirmando que a área tem demanda por profissionais que tenham a
possibilidade de mapear informações e que atuam em áreas estratégicas da empresa,
especialistas do Grupo Foco30 afirmando que a demanda deste mercado para o Rio de
Janeiro não é por gerentes de informática e sim por profissionais de implantação de
sistemas de gestão empresariais e desenvolvedores para trabalhar com linguagens
atualizadas na medida da evolução destas linguagens, o profissional de
desenvolvimento. Outra característica importante citada por esta empresa é dos
profissionais optarem por trabalhar sem vínculo empregatício, conforme Lang (2003).
Note-se que são citados, nestas pesquisas, diferentes conhecimentos demandados
para os profissionais da área de TI.
Estes breves dados a respeito do mercado de trabalho e, especificamente do
mercado de TI, são apenas para mostrar que os números a respeito deste mercado não
contemplam, por exemplo, quais as categorias profissionais são demandadas por este
mercado, assim como algumas dessas pesquisas demonstram a evidência de que o
mercado de trabalho de TI, no Rio de Janeiro, tem forte segmentação na área de
desenvolvimento. No Capítulo 5 alguns destes dados poderão ser confrontados com os
resultados deste trabalho. O Capítulo 3 tem a possibilidade de justificar a criação da
base de dados para este mercado assim como agrupá-los da forma de obter
informações mais concisas a respeito deste mercado.
Em resumo, as pesquisas existentes com base em fontes de dados distintas
29 Empresa de Recursos Humanos 30 Empresa de Recursos Humanos
39
mostram a pertinência de considerar como indicadores para acompanhamento do mercado de trabalho: a quantidade e a diversidade das categorias profissionais, os
conhecimentos demandados e as fases do trabalho. Considerando-se, ainda, o uso
potencial deste tipo de ferramenta para o planejamento de cursos para formação de
profissionais da área de TI em diferentes níveis de escolaridade e a indicação feita por
Lacerda (2002) do aumento da importância de competências não-técnicas, incluímos
ainda outros dois indicadores: a escolaridade e as características, estas agrupadas de
acordo com o modelo proposto por Fleury e Fleury (2000), conforme apontado no
Capítulo 1.
40
CAPÍTULO 3
No Capítulo 2 foi apresentada uma visão panorâmica sobre a Sociedade da
Informação, mostrando-se que há dificuldades para identificar as categorias
profissionais e as competências demandadas para os profissionais que atuam naquela
sociedade. Neste capítulo o objetivo é a fundamentação para a construção de uma
base de dados para identificação das categorias profissionais e competências.
Ora, para que se possa estudar a demanda por profissionais de um dado
segmento do mercado de trabalho da formação (formal ou não) necessária aos
mesmos, é importante identificar o contexto e a natureza do ambiente no qual tal
trabalho ocorre, no caso o contexto da Sociedade da Informação.
Na medida em que o esteio desta sociedade é tecnológico, a mesma está
sujeita a constantes atualizações decorrentes das freqüentes inovações que ocorrem
no segmento de TI. Para responder à velocidade das modificações que ocorrem, faz-se
necessário o acompanhamento do mercado de trabalho, o que requer constante
atualização das informações sobre as demandas para cada uma das categorias
profissionais e das competências relacionadas.
O presente capítulo apresenta o projeto de uma ferramenta de software que
mantém uma base de dados sobre o mercado de trabalho de TI. Tal ferramenta viabiliza
o conhecimento e a observação das mutações ocorridas neste mercado como, por
exemplo, as atualizações nas categorias e competências demandadas para os
profissionais em TI.
A ferramenta proposta é relevante no sentido de preencher a lacuna existente
entre a literatura sobre a Sociedade da Informação, que trata de sua repercussão sobre
o mercado de trabalho em TI, e a efetiva mutação deste mercado. Tratando de tema
correlato, Gonzales e Prado (2001) apontam para o hiato existente entre as
representações teóricas do mercado e o funcionamento real do mesmo, advertindo: "...
afirmamos que há uma defasagem entre o funcionamento real do mercado de trabalho
e algumas das representações teóricas a seu respeito". Assim, a sistematização dos
dados referentes ao mercado de trabalho em TI permitirá a análise e o
acompanhamento efetivo do mesmo. Este acompanhamento deverá ser feito a partir
41
dos indicadores apontados no capítulo 2, quais sejam: a quantidade e a diversidade das
categorias profissionais, os conhecimentos demandados, as fases do trabalho, a
escolaridade as características. A primeira etapa, portanto, para a especificação da
ferramenta proposta nesta dissertação é a identificação de fonte de dados que possua
informações relativas a estes indicadores, o que é feito na próxima seção.
3.1 A Seleção da fonte de dados
Tendo estabelecido o interesse e relevância em se acompanhar as
transformações no mercado de trabalho em TI, através das informações obtidas de uma
base de dados sobre o mesmo, cabe esclarecer algumas questões de ordem mais
específicas no sentido de tornar concreta esta proposta. Nesse caso particular, o cerne
do problema reside em criar as condições para a existência, em meio magnético, da
base de dados sobre o mercado de trabalho em TI que esteja organizada de forma a
fornecer eficientemente as informações exemplificadas anteriormente. O primeiro passo
nessa tarefa é, pois, conhecer-se a natureza dos dados envolvidos no processo. Mas,
que dados são esses? Como acompanhar as transformações nas demandas por
profissionais de TI? Que fonte de dados pode ser utilizada para tal empreitada?
A resposta para as questões acima pode ser procurada em várias fontes como,
por exemplo, empresas, sindicatos, agências governamentais, agências de empregos,
Internet e jornais. Mas, que ponto específico procurar nessas fontes? Que tipos de
dados procurar e acompanhar? Deve-se utilizar fontes primárias ou secundárias?
Existem várias fontes de dados sobre o mercado de trabalho em diversos
órgãos governamentais como IBGE31, CAGED32, IPEA33, assim como o SENAC – tais
órgãos possuem dados para acompanhar o mercado de trabalho, mas não
especificamente em TI.
Entre as várias fontes citadas, parece-nos que a procura por profissionais para
o preenchimento de vagas seja um caminho adequado porque revela pontualmente
requisitos de contratação para as categorias profissionais. Esses requisitos pontuais,
31 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia Estatística. 32 CAGED - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados órgão ligado Ministério do Trabalho. 33 IPEA – Instituo de Pesquisa Econômicas Aplicadas.
42
observados sob um prisma histórico, podem indicar as transformações que o presente
estudo propõe evidenciar e disponibilizar para as instituições interessadas.
A procura de profissionais para o preenchimento de vagas de trabalho se dá
através de diversos veículos como, por exemplo, as agências de emprego, os contatos
pessoais, os classificados de jornais, páginas da Internet e head hunters 34. A nosso ver
o anúncio de emprego em páginas classificadas de um jornal de grande circulação é
uma fonte interessante porque agrega tanto a busca por profissionais feita diretamente
pelas empresas, como também uma parcela da busca indireta feita por agência de
emprego.
Todavia, tal fonte apresenta o benefício de ser de fácil acesso porque a coleta
de dados pode ser efetuada em biblioteca pública ou no acervo do próprio jornal. Além
disso, esta mesma fonte já foi utilizada em outros trabalhos de pesquisa sobre o
mercado de trabalho como é o caso de Gonzales e Prado (2001). Entendemos que
para comparações futuras é importante que as fontes de coleta dos dados sejam
homogêneas.
3.2 A identificação da fonte e a coleta de dados
A utilização da literatura como fonte de dados mostrou-se insuficiente,
conforme fica evidenciado nas explanações anteriores. A revisão da literatura apenas
dá mais consistência à noção prévia quanto à dificuldade de identificar as profissões e
ocupações relacionadas com TI e os respectivos conhecimentos e habilidades
necessários para as mesmas. Essa consistência dá, inclusive, maior sustentação ao
objetivo da presente dissertação na disponibilização de uma ferramenta com dados
sistematizados para análise do mercado de trabalho em TI.
Além da literatura, diferentes possibilidades podem ser apontadas para tal
análise:
i. Análise de dados históricos de tecnologia e conhecimentos;
ii. Projeção de dados a partir de informações históricas disponíveis;
34 Profissional ou empresa de consultoria em recursos humanos que localiza e convida um trabalhador que atenda a uma série de requisitos para ocupar um cargo específico. O que diferencia esse processo é que a iniciativa pelo preenchimento de uma vaga específica parte do empregador e não do trabalhador.
43
iii. Avaliação do comportamento de novas tecnologias;
iv. Estudo do comportamento do mercado de trabalho com a substituição de novas
tecnologias;
v. Avaliação do comportamento de novas tecnologias em mercados específicos.
Note-se, porém, que tais possibilidades são limitantes. A análise de dados
históricos e a projeção apontada em i e ii demandam consultas a fontes de dados
secundárias, particularmente quantitativas, como por exemplo, IBGE e a RAIS, que não
fornecem dados referentes aos diferentes tipos de conhecimentos demandados e sua
transformação ao longo do tempo Rapkiewicz (1998).
As demais possibilidades citadas implicam em revisão da literatura que trate da
problemática do emprego na área de TI ou levantamentos junto a grupos de empresas.
Ora, a revisão da literatura tem mostrado que poucos estudos sistemáticos existem
relativos a profissionais específicos do setor de TI. Alguns estudos tratam de visão
histórica do desenvolvimento da informática Breton (1990) ou das políticas dos países
com relação ao setor Tigre (1984). Outros são mais específicos em relação à
constituição das categorias profissionais do setor ao longo do tempo Tierney (1991) ou
da definição e qualificação da estrutura de emprego relacionada com TI (Denning,
1991; Freeman e Aspray, 1999). Conforme já citado, a revisão de tal literatura somente
aumenta a indefinição existente quanto à identificação das profissões e os respectivos
conhecimentos e habilidades necessários. Já o levantamento junto às empresas não
permite uma visão histórica dado que, na maioria das vezes, as empresas não mantêm
registro sistematizado quanto às ocupações e critérios de seleção em épocas
pregressas.
Assim sendo, a fonte de dados selecionada foi a de anúncios veiculados em
jornal. Esta fonte oferece diversas restrições, como segue:
i. Não necessariamente o jornal é o principal veículo de divulgação de ofertas de
emprego na área de TI, em particular após o surgimento da Internet;
ii. O jornal nem sempre precisa o número de vagas ofertadas.
Por outro lado, esta fonte oferece uma grande vantagem: a possibilidade de
recuperação de dados ao longo de um período determinado, dado o armazenamento de
44
edições através de microfilmagem nas sedes dos editores e também em bibliotecas.
Além disso, esta fonte de dados é utilizada por outros estudos, como por exemplo, o
SENAC – Departamento Nacional que realiza um acompanhamento das demandas
anunciadas nos classificados dos principais jornais de algumas capitais do Brasil
Gonzalez e Prado (2001). Também ABENGE35 possui trabalho de análise do mercado
de trabalho através de anúncios de jornal veiculados aos domingos no Estado de São
Paulo Fernandes e Pinto (1998).
Definida qual fonte de dados será utilizada, é preciso conhecer-se a natureza
dos dados contidos nesta fonte a fim de poder-se planejar a ferramenta que irá
transformar tais dados em informação. Os parágrafos seguintes descrevem a natureza
dos dados contidos em anúncios de emprego de jornal.
O levantamento da natureza dos dados contido especificamente nos anúncios
de jornal foi efetuado mediante as observações do conteúdo dos mesmos. Esta
observação mostrou que os anúncios são elaborados referenciando a demanda por
uma ou diversas categorias profissionais, podendo conter também requisitos
relacionados a: conhecimentos específicos, escolaridade, aspectos de aparência ou
comportamento, certificação em algum produto de software, sexo, local de atuação,
faixa etária, faixa salarial e idioma. Também há presença de outros tipos de
informações como documentos a serem apresentados em caso de contratação,
benefícios ofertados, entre outros, conforme apontado por Machado e Regis (2002).
Porém, nem todas informações possíveis de aparecerem nos anúncios de emprego são
necessárias para o tipo de acompanhamento do mercado do trabalho proposto nesta
dissertação, de forma que, conforme ficará evidenciado mais adiante, tais informações
não foram representadas no modelo conceitual para a ferramenta proposta.
O jornal selecionado para coleta de anúncios foi “O Globo”, por atender às
seguintes características:
i. Ser de grande circulação no estado do Rio de Janeiro;
ii. Forte utilização para as pessoas que buscam emprego;
iii. Forte utilização por empresas e instituições que ofertam emprego;
35 ABENGE – Associação Brasileira de Ensino de Engenharia.
45
iv. Disponibilidade no acervo armazenado na Biblioteca Nacional para que sejam
consultados;
v. Existência de acervo em microfilmagem na sede da empresa.
O período definido para a coleta foi de trinta anos, iniciando-se em 1970. Esta
data está relacionada, de acordo com diversos autores, como os primórdios da
utilização da informática no Brasil, conforme apontado por Pacitti (2000).
Após consulta a exemplares de diferentes datas e anos, verificou-se que a
maior concentração de anúncios ocorria num dia específico da semana, sendo o dia de
sábado, nos anos 70, e o domingo a partir dos anos 80. Assim, se definiu a coleta de
anúncios publicados somente nesses dias da semana.
Finalmente, considerando-se o volume de dados existente, também se definiu
o intervalo de três em três anos, no período de 1970 a 1988, e intervalo de dois anos,
no período a partir de 1990. A razão para o encurtamento do intervalo de coleta a partir
de 1990 é a intensificação das transformações tecnológicas na área de TI. Considerou-
se, pois, que o corte de três em três anos poderia representar perda de informação
quanto às transformações ocorridas no mercado de trabalho.
A coleta de dados foi feita na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, utilizando-
se para isso o formulário da Figura III.1. A coleta efetiva dos dados ficou sob a
responsabilidade da linha de pesquisa Informática e Sociedade da COPPE/UFRJ,
Programa de Engenharia de Sistemas e Computação. Foram responsáveis pela coleta,
o aluno de mestrado da UFRJ Jayme Liande Marinho e a secretária da linha de
pesquisa, Viviane Souza.
46
Figura III.5 – Formulário para coleta dos anúncios
Muitos exemplares do jornal não estavam armazenados na Biblioteca Nacional.
Assim, a complementação da coleta de dados foi feita na própria sede do jornal, no Rio
de Janeiro. A direção do jornal permitiu à equipe da UFRJ acesso aos exemplares
microfilmados e à impressão das páginas contendo anúncios de interesse para a base
de dados. Neste caso, para entrada de dados na ferramenta não foi utilizado o
formulário e sim o próprio anúncio impresso.
Tendo identificado a natureza dos dados dos anúncios de jornal, é necessário
verificar-se o emprego dos mesmos aos objetivos da ferramenta. Efetuando tal
verificação, observou-se que os dados desta forma gerariam informações pulverizadas,
o que dificultaria o acompanhamento efetivo do mercado de trabalho em TI. Evidenciou-
se, desta forma, a necessidade de se acoplar a esses dados, em particular a demanda
por uma determinada categoria profissional, a possibilidade de agrupamentos mais
genéricos que viabilizassem as consultas à base de dados, conforme o pretendido para
47
a ferramenta, descrito a seguir.
3.3 Definindo agrupamentos para os dados dos anúncios
Os agrupamentos propostos para serem associados à demanda com a
finalidade de atender aos requisitos planejados para a ferramenta foram: a fase do
trabalho em TI para a qual a demanda foi registrada; a existência de hierarquias dentro
de uma categoria profissional; a classe do conhecimento dentro da área de TI e, qual a
área de atuação do profissional em relação a sua formação acadêmica. A seguir cada
um desses agrupamentos é conceituado.
Fase do trabalho em TI: Contém a associação das categorias profissionais
demandadas com os ciclos de produção, quer de produtos em geral, quer de software.
(A tabela contendo as fases do trabalho e a respectiva base teórica para tal uso
encontra-se no descrito no Anexo 4);
Hierarquia entre categorias: Contém a associação da demanda com um
sistema hierárquico. Por exemplo, uma equipe de analistas de sistemas sendo
gerenciada por um líder de projeto ou um pool de digitação subordinado a um
supervisor. Ou seja, não se trata de hierarquizações dentro de uma categoria, como por
exemplo, um programador de computador que pode ser hierarquizado em júnior, pleno
e sênior, nem de hierarquias de qualificações, como por exemplo, a suposta hierarquia
entre analistas de sistemas e programadores (em que os primeiros definiriam o trabalho
que os segundos deveriam fazer);
Classe do conhecimento: Contém a associação da demanda com o
agrupamento por áreas de conhecimento em TI, como por exemplo, "Banco de Dados"
ou "Linguagens de Programação". Este agrupamento é aplicado tanto para categorias
profissionais quanto para os conhecimentos em si demandados para as categorias. (A
tabela contendo as classes do conhecimento e a respectiva base teórica para tal uso
encontra-se no Anexo 1);
Classe de características: Contém o agrupamento das diferentes
características solicitadas nos anúncios em grupos significativos de forma a facilitar o
tratamento da informação. A tabela contendo todas as classes propostas e a respectiva
base teórica para tal encontra-se no Anexo 2);
48
Grande área: Contém a associação da demanda com a área de formação
acadêmica requerida. Por exemplo, Engenharia, Ciências exatas ou Ciência da
Computação. (A tabela com as classes propostas encontra-se descritas no Anexo 3).
Após a identificação da natureza dos dados dos anúncios de jornal e dos
agrupamentos necessários à usabilidade36 da ferramenta, torna-se possível elaborar o
projeto da mesma.
3.4 A Seleção da abordagem no desenvolvimento do software
No desenvolvimento de uma ferramenta de software, é fundamental identificar-
se inicialmente qual tipo de aplicação será atendido pela ferramenta, visto que
diferentes abordagens devem ser utilizadas variando de acordo com a natureza da
aplicação. Pressman (1995) orienta: "O conteúdo de informação e a determinância [da
informação]37 são fatores importantes na natureza de um aplicativo". No caso em
questão a ferramenta proposta implica em uma aplicação que faz uso de dados de
entrada estruturados e tem como saídas informações formatadas sob a forma de
consultas a uma base de dados.
Diversas abordagens são apresentadas por Pressman (1995) para possíveis
abordagens que podem ser utilizadas no desenvolvimento de uma aplicação de
software. Uma parte delas voltada para os processos, outra parte para os controles e,
por último, aquelas voltadas para os dados. No caso, a proposta é a de uma aplicação
que utiliza intensamente dados. Pressman (1995) menciona que, para aplicações de
software desta natureza, a técnica de análise denominada Modelagem de Dados vem
sendo utilizada há muitos anos.
Outra questão é criar a base de dados de classificados de jornais, fonte de
dados selecionada, em meio magnético. Tecnologicamente há dois caminhos possíveis.
A implementação da base de dados através de sistema de arquivos ou através do uso
de um banco de dados. A seguir estas duas possibilidades são conceituadas e
36 A usabilidade, segundo a International Standards Organisation (ISO), pode ser definida como a efetividade, eficiência e satisfação com que determinados usuários conseguem atingir objetivos específicos em circunstâncias particulares. 37 "Determinância da Informação refere-se à previsibilidade da ordem e da oportunidade da informação” (PRESSMAN, 1995, p.19).
49
comparadas de acordo com Kroenke (1997).
Sistemas de arquivos: Foi a primeira tecnologia aplicada para o
armazenamento e recuperação dos dados relativos a uma aplicação de negócio. Os
dados eram armazenados em grupos de registros localizados em arquivos separados.
Essa tecnologia apresentava graves limitações como: dados separados e isolados;
redundância de dados, programas dependentes do formato dos dados,
incompatibilidade entre arquivos e dificuldade de representar os dados sob a
perspectiva do usuário.
Os sistemas gerenciadores de bancos de dados, ou simplesmente bancos de
dados, foram desenvolvidos com a finalidade de resolver os problemas decorrentes das
limitações dos sistemas de arquivos. Num sistema de arquivos, os dados armazenados
são acessados diretamente pelos programas enquanto que, num sistema de banco de
dados, os dados armazenados são acessados por um programa chamado de
gerenciador de banco de dados. Em função disso, um Sistema Gerenciador de Banco
de Dados (SGBD) possui as seguintes características: dados integrados, redundância
de dados reduzida e controlada, independência entre programas e dados e fácil
representação dos dados sob a perspectiva do usuário.
Do acima exposto, evidencia-se que a possibilidade tecnológica mais
adequada às necessidades da ferramenta proposta é a utilização de um banco de
dados visto que favorece tanto a organização, segurança e independência dos dados
quanto, ao desenvolvimento do software (aplicação) que irá operar sobre os mesmos.
Um banco de dados pode ser compreendido, sinteticamente como sendo um
conjunto de dados estruturados de maneira adequada de forma que pode ser utilizado
com eficiência por uma diversidade de aplicações dentro de uma organização e que
corresponde a uma coleção de arquivos inter-relacionados e um conjunto de programas
que permitem a manutenção destes dados.
Há cinco possibilidades tecnológicas para se implementar um banco de dados.
Tais possibilidades são chamadas de modelos de banco de dados e são as seguintes:
Hierárquico, Rede, Relacional, Orientado a Objetos e Relacional/Orientado a Objetos
Date (2000). Destas cinco, a mais amplamente utilizada é a correspondente ao Modelo
50
Relacional Silberschatz et al,. (1999).
A escolha pela construção do modelo relacional se deu por suas
características, conforme Machado e Abreu (1996):
i. Uma tabela é acessível por qualquer campo (atributo) independente se este é
declarado ou não, isto é, as entidades e os relacionamentos são representados através
de relações de uma definição simples para organizar os dados;
ii. O relacionamento entre conjunto de dados (tabelas) não existe fisicamente, pois
este relacionamento é apenas lógico e representado através de chaves estrangeiras;
iii. Utilização de linguagens autocontidas e não-procedurais, isto é, possuem
linguagens cujos comandos podem ser executados independentes da aplicação;
iv. Os ambientes relacionais possuem um otimizador estratégico para escolher o
melhor caminho para recuperação dos dados.
Furlan (1998) apresenta uma análise comparativa entre os modelos Orientado
a Objetos, Relacional/Orientado e Relacional que denota a robustez e segurança deste
último. Unindo-se as duas últimas referências bibliográficas à opção tecnológica para
implementação da base de dados, no tocante ao modelo do banco de dados a escolha
recai sobre o Modelo Relacional.
Em resumo, a construção da ferramenta de que trata este capítulo utilizou um
método de análise orientado a dados (no caso, Modelagem de Dados) e a
implementação ocorreu utilizando um Banco de Dados Relacional.
3.5 O Projeto de banco de dados
O projeto de um banco de dados atravessa três fases distintas e seqüenciais,
chamadas de modelos, até sua efetiva implementação. Essa estratégia vem sendo
utilizada desde os anos 70 e compreende três níveis de abstração, cada um
correspondente a uma das fases que são conforme Cougo (1997): o Modelo Conceitual
de Dados, o Modelo Lógico de Dados e o Modelo Físico de Dados.
O Modelo Conceitual de Dados corresponde à descrição, fiel ao ambiente
observado, dos objetos, suas características e relacionamentos entre os mesmos,
51
independentemente de quaisquer limitações ou imposições tecnológicas. Por
conseguinte, este modelo permanecerá inalterado qualquer que seja a opção
tecnológica38 eleita para a base de dados.
O Modelo Lógico de Dados corresponde à representação dos elementos do
Modelo Conceitual de Dados dentro das regras de implementação e limitações
associadas à tecnologia escolhida. No caso específico da ferramenta tratada neste
capítulo, tal modelo conterá a tradução do modelo conceitual de dados para o modelo
de banco de dados relacional. Este modelo é independente dos dispositivos ou meios
de armazenamento físicos.
O Modelo Físico de Dados corresponde às estruturas internas de dados
relacionadas às características e aos recursos necessários para armazenamento e
manipulação das mesmas como, por exemplo, ocorrências ou instâncias, seus
relacionamentos, disposição física de elementos, alocação de espaço físico nos
diversos níveis de agrupamento possíveis.
Este capítulo contempla os modelos Conceitual e Lógico (subseções a seguir)
por serem suficientes para que se faça a implementação da ferramenta em qualquer
sistema gerenciador de banco de dados relacional. O diagrama a seguir (Figura III.6)
ilustra as três fases de projeto de um banco de dados.
38 Escolha entre sistema de arquivos ou gerenciador de banco de dados e, no caso da opção por esse último, seu modelo (Relacional, Rede, Hierárquico, Orientado a Objetos).
52
MundoReal
ModeloConceitual
ModeloLógico
ModeloFísico
Banco deDados
Objetos
EntidadesRelacionamentosAtributos
Itens de dadosLógicos
ArquivosRegistrosÍndices
Modelo ER
ModeloRelacional
EstruturaInterna
Figura III.6 – Fases de um projeto de banco de dados
3.6 O modelo conceitual
Existem diversas possibilidades de notações gráficas para o Modelo Conceitual
de Dados. Cougo (1997) menciona, dentre as diversas existentes, as seguintes
propostas de notação: a de Peter Chen, a de James Martin, a IDEF1X, a de Bachman,
a notação de setas e a notação "pé-de-galinha".
Consultando diversos autores (Setzer, 1987; Cougo, 1997; Kroenke, 1997;
Silberschatz A, Korth H F e Sudarshans, 1999; Date, 2000) observamos que todos
fazem menção e utilizam a proposta de Chen (1990) em seus exemplos, com algumas
extensões. Em decorrência disso, adotaremos a representação gráfica proposta em
Chen (1990) acrescida das extensões necessárias à representação da base de dados
de classificados.
Há ainda um documento complementar ao diagrama que consiste em uma
descrição textual das características dos elementos identificados no ambiente que está
sendo modelado. Tal documento é chamado de "Dicionário de Dados".
53
3.7 Notações utilizadas
A seguir apresentamos a definição dos elementos utilizados na representação
adotada, que é denominado “Modelo E/R", isto é, modelo entidade/relacionamento,
aplicando tais definições na modelagem da base de dados de anúncios.
No Modelo E/R, três elementos são representados: Entidade, Relacionamentos
e Atributos, cujas definições e representações constam a seguir.
Uma entidade corresponde a um objeto concreto ou abstrato sobre o qual
serão armazenadas informações. Numa outra perspectiva pode-se entender Entidade
como um elemento sobre o qual se tem interesse em acompanhar ou monitorar e cuja
existência é independente das demais entidades identificadas. Cada entidade é
representada, no diagrama, como um retângulo no interior do qual consta o nome da
mesma.
Figura III.7 – Representação gráfica de entidade
As entidades identificadas na análise da base de dados de classificados e
explicadas mais adiante são: Anúncio, Categoria, Certificação, Escolaridade,
Característica, Conhecimento, Fases do Trabalho, Hierarquia, Fabricante, Nível, Área,
Instituição, Classe de Características, Classe do Conhecimento e Grande Área.
Um relacionamento corresponde à associação entre duas Entidades, ou seja, à
ligação de elementos de uma entidade a elementos de outra Entidade. Geralmente um
relacionamento é expresso por um verbo. Cada relacionamento, no diagrama, aparece
como um losango no interior do qual consta o nome do mesmo.
Figura III.8 – Representação gráfica de relacionamento
Os diferentes tipos de Relacionamentos que podem ocorrer entre Entidades
54
são catalogados sob o título Classe do relacionamento ou Conectividade. Tais tipos
são: i) "um para um" (1,1), quando ocorrem à razão de um elemento de cada Entidade;
ii) "um para muitos" (1,N), quando ocorrem à razão de um elemento de uma Entidade
se associando a diversos elementos da outra Entidade; iii) "muitos para muitos" (N,N)39,
quando ocorrem à razão de diversos elementos em ambas as Entidades.
Os relacionamentos podem ser totais ou parciais. Quando um relacionamento é
total, todos os elementos da entidade participam obrigatoriamente no relacionamento.
Quando o relacionamento é parcial, pode haver elementos que não participem do
mesmo. Esta informação é complementar à conectividade e corresponde às seguintes
possibilidades: i) (0,N), indica que não há restrição alguma; ii) (0,1) Indica que pode ou
não se relacionar uma vez; iii) (1,1) indica a existência obrigatória de um único
relacionamento; iv) (1,N) indica que deve haver no mínimo a existência de um
relacionamento.
Os Relacionamentos identificados na análise da base de dados de
classificados são: Demanda (entre Anúncio e Categoria), Deseja (entre Demanda e
Certificação), Pede (entre Demanda e Escolaridade), Elenca (entre Demanda e
Característica), Conhece (entre Demanda e Conhecimento), Atua em (entre Demanda e
Fase do Trabalho), Pertence a (entre Demanda e Hierarquia), Fornece (entre
Certificação e Fabricante), Corresponde a (entre Escolaridade e Nível), Referente a
(entre Escolaridade e Área), Feita em (entre Escolaridade e Instituição), Agrupada em
(entre Característica e Classe de Características), Trabalha em (entre Categoria e
Classe do Conhecimento), Pertence a (entre Área e Grande Área) e Classificado em
(entre Conhecimento e Classe do Conhecimento).
Existem tipos especiais de relacionamentos como: o auto relacionamento e a
agregação. Um auto relacionamento se dá quando elementos de uma entidade se
relacionam entre si. Como exemplo citamos uma entidade hipotética "Materiais" em um
contexto industrial onde há inventários de matéria prima, produtos em processo e
produtos acabados. Um determinado material pode compor outro material. Na base de
dados de classificados não ocorrem relacionamentos desta natureza.
39 Alguns autores adotam a notação (M:N) a fim de explicitar que a conectividade não possui necessariamente o mesmo valor para todas as Entidades envolvidas no Relacionamento.
55
A agregação é uma extensão ao modelo originalmente proposto em Chen
(1990), cuja definição proposta por Cougo (1997) é:
"uma estrutura que denota a existência de uma junção de elementos através de um
relacionamento, e que permite que essa junção seja percebida como um novo elemento a ser, por sua
vez, relacionado a outro elemento".
No caso da base de dados de classificados, há uma agregação das Entidades
"Anúncio" e "Categoria" através do relacionamento "Demanda". A representação gráfica
da agregação é a seguinte:
Anúncio Demanda Categoria(1,N)(1,N)
NúmeroData
Seção
EndereçoTipo de Anunciante
Nome do AnuncianteIdioma
NúmeroSetor
Local de atuaçãoSexo
Faixa EtáriaFaixa Salarial
Idioma1Idioma2
NúmeroCategoria
Figura III.9 - Exemplo de agregação entre relacionamentos
Há outras extensões ao modelo proposto em Chen (1990), mas que
representam situações que não ocorreram na base de dados de classificados. Por esse
motivo, optamos por omiti-las.
Um atributo corresponde às propriedades ou características de uma Entidade
ou Relacionamento. A fim de simplificar a leitura do diagrama, evitou-se a apresentação
de todos os atributos. A relação completa dos atributos, com suas respectivas
descrições, encontra-se no dicionário de dados da ferramenta.
Figura III.10 - Representação de atributos
Na Figura 6, quando a parte circular do atributo está fechada indica que aquele
atributo é uma chave. Elmasri e Navathe (1994) define chave como uma determinada
entidade que normalmente possui um atributo cujos valores são distintos para cada
entidade individual. Tal atributo é chamado um atributo chave, e seus valores podem
ser usados para identificar cada entidade exclusivamente.
Com relação à representação no diagrama “E/R”, Elmasri e Navathe (1994)
mostram que cada atributo chave tem seu nome sublinhado dentro de uma oval, nesta
dissertação adotou-se a representação do atributo chave com a bola preenchida,
56
conforme Figura 10.
O conceito de chave é fundamental para a construção do modelo relacional e
para a identificação dos dados que compõem a base de dados assim como os
relacionamentos entre estes dados. O modelo relacional define duas referências de
chave; Elmasri e Navathe (1994).
i. Chave primária (pk) como um atributo ou grupo de atributos que permite a
identificação unívoca de uma tupla em uma tabela;
ii. Chave estrangeira (ek): atributo ou grupo de atributos de uma determinada
tabela que estabelece um relacionamento de equivalência, por valor, com uma chave
primária (pk) de uma outra tabela. São os elos de ligação entre as tabelas.
Figura III.11 - Representação gráfica de um atributo chave
3.8 O modelo conceitual da base de dados de classificados
Com base nos elementos descritos, foi elaborado o seguinte modelo
conceitual para a base de dados de classificados:
57
Anúncio Demanda Categoria
Escolaridade
Certificação Características
Feita emFornece
Instituição
Fabricante
(1,N)(1,N)
(0,N)
(0,1)
(1,1)
Diagrama Entidade Relacionamento
Deseja Elenca
Pede
(1,N)
(0,N)(0,N)
NúmeroData
Seção
EndereçoTipo de Anunciante
Nome do AnuncianteIdioma
NúmeroSetor
Local de atuaçãoSexo
Faixa EtáriaFaixa Salarial
Idioma1Idioma2
Concluída
Grau deExigência
NomeTipo
(1,N) (1,N)
Grau deExigência
NúmeroCategoria
(1,N)
(1,N)Conhece
Conhecimento
(0,N)
Referente a
Área
(1,N)
Nível
(1,N)
Descrição
Tempo
Classe deCaracterísticas
Agrupadaem
Fases doTrabalho Hierarquia
Pertence aAtua em
(1,N)(1,N)
Classe doConhecimento
Classificadoem
(1,1)
(1,1)
Trabalhaem
(1,N)(0,N)
(0,1)
TipoProduto
Correspon-dente a
Pertence a
(1,1)
(1,N)
(1,1)
(1,N)
(1,N)Grau de
Exigência
Conhecimento
Grande Área
Figura III.12 - Modelo conceitual de dados da aplicação classificados de jornal
A seguir as Entidades, Relacionamentos e respectivos Atributos são descritos.
Optamos por apresentá-los em ordem lógica de leitura do DER de forma a facilitar a
compreensão em vez de agrupados por tipo de elemento (qual seja, primeiras
entidades depois o relacionamento, conforme muitas vezes encontra-se na descrição
de aplicações):
Anúncio – Entidade que representa a expressão da procura de um profissional
para ocupar uma determinada colocação de trabalho. Seus atributos são: a data da
publicação do anúncio; a seção dos classificados onde o anúncio foi publicado; nome
do anunciante; endereço do anunciante; tipo de anunciante (agência de emprego, o
próprio anunciante, por exemplo) idioma do anúncio. A cardinalidade do relacionamento
“anúncio demanda categoria” é (1,N) indicando que um anúncio, para existir, demanda
pelo menos uma categoria profissional. Um anúncio pode, porém, demandar várias
categorias profissionais.
Categoria – Entidade que representa a Categoria Profissional solicitada em um
58
determinado anúncio. A cardinalidade mínima do relacionamento da categoria para o
anúncio é 1 porque para um anúncio existir este tem que explicitar pelo menos uma
categoria profissional. A cardinalidade mínima zero poderia permitir maior flexibilidade
ao modelo de forma a contemplar instâncias que, apesar de não serem referenciadas
em nenhum anúncio real, mas citadas na literatura, estejam presentes na
implementação para acompanhamento das transformações do mercado, assim como
podem existir categorias que estão inseridas na CBO (Classificação Brasileira de
Ocupações) que não são referenciadas em anúncios de jornal. No entanto, como a
modelagem apresentada é específica para a fonte de dados anúncio de jornal, optamos
por indicar a cardinalidade mínima como sendo 1. Fica claro, portanto, que cada
categoria presente terá sido demandada por pelo menos um anúncio, podendo, no
entanto, ser demandada por vários.
A CBO-2002 define como ocupação: a agregação de empregos ou situações
de trabalho similares quanto às atividades realizadas. Também define emprego ou
situação de trabalho como: um conjunto de atividades desempenhadas por uma
pessoa, com ou sem vínculo empregatício. Profissão é definida como ocupação que
requer conhecimentos especiais e geralmente preparação longa e intensiva e também
um conjunto de pessoas que exercem a mesma ocupação especializada. Posto de
trabalho é definido como emprego, cargo ou local onde se exerce o cargo de acordo
com Larousse (1995).
Os conjuntos de empregos (campo profissional) são identificados por
processos, funções ou ramos de atividades. A CBO-2002 mostra, a respeito das
definições anteriores, que assim como a ocupação, o grupo de base ou família
ocupacional é uma categoria sintética, um construto, ou seja, ela é elaborada a partir de
informações reais, mas ela não existe objetivamente.
A observação a respeito das definições sobre os termos categoria, profissão e
ocupação é situar os diversos termos a realidade do mercado já que no mercado de
trabalho existe um número maior de ocupações do que profissões, por exemplo, um
indivíduo com determinada profissão pode exercer diferentes ocupações.
A opção deste trabalho pela denominação por categoria profissional se dá pelo
termo ser mais abrangente e contemplar os conhecimentos requeridos para o exercício
59
da profissão.
Demanda – Representa o relacionamento entre anúncio e categoria que possui
os seguintes atributos: setor e local de atuação, sexo, faixa etária, faixa salarial e
idiomas solicitados.
Conhecimento – Entidade que representa o tipo de conhecimento técnico
específico demandado para a categoria em um dado anúncio. A cardinalidade do
relacionamento “anúncio-categoria conhece conhecimento/experiência” é (0,N) já que o
anúncio pode solicitar uma determinada categoria e não explicitar nenhum
conhecimento ou experiência. Pode, porém, indicar a necessidade do candidato àquele
emprego conheça várias coisas. Existem dois atributos de relacionamento: o grau de
exigência e o tempo. No primeiro caso indica-se se o conhecimento em questão é
exigido, desejado ou não foi explicitado no anúncio. O tempo explicita que o anúncio
exigiu ou solicitou determinado tempo de experiência profissional relativa ao
conhecimento demandado.
Escolaridade – Entidade que representa a formação escolar requerida pelo
anúncio para uma dada categoria. A cardinalidade “anúncio-categoria pede
escolaridade” é (0,N) já que o anúncio pode solicitar uma determinada categoria e não
solicitar nenhuma escolaridade. No sentido contrário à cardinalidade mínima é 1 porque
nenhuma escolaridade é armazenada a não ser que tenha sido referenciada em pelo
menos um anúncio. A identificação precisa de uma escolaridade compreende relações
desta com as seguintes entidades: Nível, Área e Instituição. Por exemplo, superior
(nível) em Economia (área) e na UFRJ (instituição).
Característica – Entidade que representa os itens que não se enquadram nas
outras categorias, tais como características pessoais (boa aparência, empreendedor),
de relacionamento e outras habilidades. A cardinalidade “anúncio-categoria pede
característica” é (0,N). O anúncio pode explicitar determinada característica ou não
explicitar nenhuma característica. Visualizando em sentido contrário à cardinalidade
mínima é 1, pois, se e somente se, é cadastrada determinada característica se houver
referência em pelo menos um anúncio.
Certificação – Entidade que representa as Certificações obtidas junto a
60
fabricantes ou seus representantes. Por exemplo, certificação MCSE (Microsoft
Certified System Engineer). A cardinalidade “anúncio-categoria pede certificação” é
(0,N). O anúncio pode explicitar determinada característica ou não explicitar nenhuma
característica. Conforme item anterior à cardinalidade mínima para a entidade
certificação também é 1 e o cadastro de determinada certificação somente existe se
houver referência em pelo menos um anúncio. A identificação precisa de uma
certificação compreende a inclusão de uma entidade: Fabricante que tem como
atributos nome do fabricante e tipo, isto é, se é hardware ou software. Por exemplo, a
certificação MCSE tem fabricante: Microsoft e Tipo: Software.
As entidades e relacionamentos até aqui apresentados dizem respeito à
modelagem das informações contidas nos anúncios. A seguir descrevemos as
entidades e relacionamentos utilizados para os agrupamentos, conforme já citado no
início deste capítulo.
Fase do Trabalho – Entidade que representa as fases de trabalho durante as
quais uma determinada categoria atua. Como exemplo, citamos: entrada de dados,
operação, desenvolvimento, vendas e distribuição. A cardinalidade (1,N) é
representada, pois cada categoria só pode ser agrupada em uma fase do trabalho,
porém temos várias fases do trabalho. A relação completa das fases do trabalho e a
respectiva explicação do processo para identificação das mesmas constam no Anexo 4.
Hierarquia – Representa a hierarquização das categorias. A consulta aos
anúncios de jornal, durante o levantamento dos requisitos, mostrou que nos primeiros
anos da década de 80 termos como “gerente”, “chefe”, “supervisor”, “líder”,
“coordenador” entre outros começaram a ser acoplados às diferentes categorias
profissionais, mostrando uma hierarquização no setor. O nível Auxiliar é usado quando
a categoria é precedida de termos como “Auxiliar” ou em determinados “Assistente”. O
nível Básico se usa quando a categoria não explicita nenhuma posição na hierarquia. O
nível Intermediário se usa quando a categoria explicitar, por exemplo, “supervisor”,
“coordenador”, “líder de equipe”, “líder de projeto” pois mostra um nível intermediário
entre o nível superior e básico. O nível Superior se usa quando a categoria explicita
Gerentes e Diretores, mas esta classificação não é linear, pois as categorias
administradores de Redes e administradores de Banco de Dados possuem “hierarquia”
61
sobre o sistema técnico e não sobre pessoas (posição no organograma).
Nível Exemplos
Auxiliar Assistente de CPD, Assistente de Operação.
Básico Analista de Sistema, administrador de redes; digitador.
Intermediário Coordenado de CPD, Coordenador de Projetos.
Superior Gerente de Projetos, Gerentes de Redes. Tabela III.8 - Níveis de hierarquia
Classe de conhecimento – Entidade que representa o agrupamento dos
conhecimentos em classes. A entidade classe de conhecimento está relacionada a
duas outras entidades; i) a entidade “categoria” significa que, por exemplo:
“administrador de banco de dados” e “suporte de banco de dados” são categorias
diferentes que trabalham com a mesma classe de conhecimento, no caso, “banco de
dados”. A cardinalidade mínima para este relacionamento é (0,N), pois podemos ter
categorias que não são agrupadas em nenhuma classe de conhecimento; ii) a entidade
“conhecimento” significa que, por exemplo: o conhecimento em Access40 pertence à
classe de conhecimento “banco de dados/simples”. A cardinalidade mínima (1,1)
significa que o conhecimento só tem o agrupamento a uma única classe de
conhecimento. A relação completa das classes de conhecimento e a respectiva
explicação do processo para identificação das mesmas constam no Anexo 1.
Classe de característica – Entidade que representa o agrupamento das
características em classes. A cardinalidade mínima é (1,N), pois podemos agrupar as
características somente em uma classe correspondente. Os anúncios demandam
diversas características e são agrupadas em classes, por exemplo, temos a
característica boa caligrafia e é classificada na classe Competência Técnico-
Profissional assim como Boa comunicação é classificada na classe Competência
Social, boa visão de negócios Competência de Negócios e autônomo que se agrupa na
classe Vínculo. A relação completa das classes de características e a respectiva
explicação do processo para identificação das mesmas constam no Anexo 3.
Grande Área: Entidade que representa a correspondência entre as áreas de
40 Programa de banco de dados simples comercializado pela empresa Microsoft.
62
formação acadêmica constantes nos anúncios e as padronizadas pelos órgãos
governamentais de fomento à pesquisa. A cardinalidade mínima do relacionamento
“Área pertence Grande Área” é 1, pois determinada área obrigatoriamente pertence a
uma grande área de formação. A padronização adotada baseou-se na classificação das
áreas de conhecimento do CNPq41e Faperj42. Consideramos apenas as áreas de
conhecimento necessárias aos agrupamentos. A partir daí construíram-se os
agrupamentos das áreas explicitadas nos anúncios coletados. A relação completa das
grandes áreas e alguns exemplos da formação e o respectivo agrupamento estão
descrito no anexo 4.
3.9 O projeto lógico
Conforme mencionado anteriormente, o Modelo Lógico de Dados corresponde
à representação dos elementos do Modelo Conceitual em uma forma adequada à
tecnologia que será utilizada para a implementação da base de dados. No caso, para a
ferramenta proposta neste capítulo, conforme já exposto, é a tecnologia de banco de
dados relacional.
3. 10 O processo de transposição
A transposição dos elementos do modelo conceitual de dados para o modelo
relacional de banco de dados envolve principalmente as seguintes questões: chaves de
acesso, controles de chaves duplicadas, itens de repetição (arrays), normalização de
dados43 e integridade referencial Cougo (1997).
Este modelo essencialmente informa como serão as estruturas de dados que
darão suporte à base de dados. Na produção dessas informações, duas orientações
norteiam o trabalho técnico do projetista do banco de dados: i) a primeira, como
representar as entidades e os relacionamentos entre as mesmas e a ii) segunda, qual a
forma ideal de organizar os dados evitando anomalias no acesso aos mesmos.
Como modelo conceitual de dados será mapeado para o modelo relacional, é
importante que se destaquem as principais características do modelo de destino. Desta 41 CNPq – Conselho Nacional de Pesquisa. 42 Faperj – Fundação de apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. 43 O processo de normalização de dados é descrito em detalhes até a sua terceira forma em parágrafos subseqüentes.
63
forma, o referido modelo caracteriza-se, conforme Date (2000), pelo seguinte:
i. O banco de dados é visto como um conjunto de tabelas;
ii. Os relacionamentos não existem fisicamente, apenas logicamente e sua
existência é representada pelo programador através das chaves estrangeiras e tabelas
derivadas do processo de tradução do modelo conceitual para o banco de dados
relacional;
iii. As linguagens são autocontidas (funcionam completamente por si sós), mas
podem ser utilizadas de forma embutida em uma outra linguagem de programação;
Utiliza Chaves e Índices; Dicionário de dados ativo e interno; Baseia-se no princípio de
que os dados em um banco de dados podem ser considerados como relações
matemáticas.
O processo de mapeamento descrito a seguir corresponde à síntese do
conteúdo de Setzer (1986), Cougo (1997), Silberschatz et al, (1999) e Date (2000),
sobre este tema.
A transposição das entidades é simples e direta. Já os conjuntos de dados são
vistos como tabelas, e é natural que cada entidade do modelo conceitual de dados se
traduza em uma tabela no modelo lógico.
Após serem transpostas as entidades do modelo conceitual para as tabelas do
modelo relacional, o passo seguinte é explicitar a forma como as linhas dessas tabelas
podem ser identificadas univocamente. Esse processo se dá mediante a eleição de um
dos campos da tabela como identificador da mesma. O processo de eleição de um
identificador para a tabela é tratado em toda a bibliografia sobre banco de dados.
Citaremos apenas Setzer (1986); Date (2000), como referências a este procedimento.
Tal identificador é tratado na literatura de banco de dados pelo termo "chave".
Uma chave pode ser atômica ou composta. A regra para a eleição de qualquer coluna
da tabela como identificador é: os valores contidos no domínio da coluna são únicos em
toda a tabela e, em nenhuma linha da tabela, tal coluna possui valor nulo. Existe uma
extensa classificação de chaves na bibliografia de banco de dados, mas que
entendemos foge ao escopo deste trabalho.
Os relacionamentos são resolvidos conforme os seguintes princípios: para a
64
classe de relacionamento (1,N), o procedimento é: a entidade cuja conectividade é N
carrega o identificador da entidade cuja conectividade é 1. O atributo transposto é
denominado chave estrangeira Cougo (1997).
Para a classe de relacionamento M:N, o procedimento é o seguinte: é criada
uma nova tabela cujo identificador corresponde aos identificadores das duas entidades
envolvidas no relacionamento.
Uma agregação "é a abstração por meio da qual os relacionamentos são
tratados como entidades de nível superior" assim definida por Silberschatz et al.,
(1999). Em outras palavras, a agregação é o recurso conceitual que permite que se
ligue um relacionamento a outro. Isso significa que o mapeamento das agregações se
dá concatenando as chaves dos relacionamentos envolvidos nesta abstração.
Há regras de transposição para todos os elementos representáveis através do
modelo conceitual de dados. Entretanto, optamos por tratar apenas daquelas que se
referem a elementos presentes na modelagem conceitual de dados da ferramenta.
Recomendamos ao leitor interessado em um estudo completo deste processo de
mapeamento a leitura de Setzer (1986), Cougo (1997) e Silberschatz et al., (1999).
O passo seguinte à transposição dos relacionamentos para o modelo relacional
é a normalização das tabelas. O diagrama a seguir ilustra o processo de elaboração do
modelo lógico de dados até a efetiva implementação da base de dados em um banco
de dados.
65
MUNDO REAL
M ODELOCONCEITUAL
DEFINIRINTEGRIDADEREFERENCIAL
DEFINIR CHAVEPRIMÁRIA E
ESTRANGEIRA
ORGANIZAROS DADOS EM
TABELAS
NORM ALIZARTABELAS
MODELO
Lógico
M ODELOFÍSICO
BD
Figura III.13 - Etapas do projeto de um banco de dados
A normalização de dados é um processo que visa organizar os dados de forma
a evitar anomalia no acesso aos mesmos. Por anomalia de acesso entende-se evitar
problemas de inconsistência no banco de dados após operações de inclusão e
exclusão, assim como evitar a redundância de dados. Cougo (1997) destaca que "a
66
normalização não é um processo com finalidade restritiva, mas sim com caráter
organizativo".
Ainda segundo Cougo (1997) a normalização traz os seguintes benefícios ao
projeto do banco de dados: estabilidade do modelo lógico, impacto sobre a estabilidade
lógica das aplicações e impacto sobre a estabilidade lógica dos dados.
A estabilidade do modelo lógico diz respeito ao modelo permanecer inalterado,
em sua essência, no caso de serem percebidas ou introduzidas mudanças no ambiente
modelado. Ou seja, trata da independência dos dados.
O impacto sobre a estabilidade lógica das aplicações diz respeito a código
escrito para contornar problemas na modelagem lógica. Se um determinado campo em
uma tabela é repetido, como por exemplo, uma tabela que contém os campos mês 01,
mês 02 e mês 03, o tratamento desta repetição terá que ser feito no código da
aplicação, o que compromete a independência entre os dados e os programas.
O impacto sobre a estabilidade lógica dos dados diz respeito a ser necessário
alterarem-se as tabelas do banco de dados. Tomando como exemplo a situação
proposta no parágrafo anterior, vamos supor que seja necessário expandir-se mais um
mês (mês 04). Além da manutenção em todo o código fonte de todas as aplicações que
utilizam a tabela, a própria estrutura (esquema) do banco de dados terá que ser
alterada.
O processo de normalização é feito utilizando-se a técnica de decomporem-se
as relações anômalas em relações normalizadas. Tal processo tende a aumentar a
quantidade de tabelas a serem gerenciadas e conseqüentemente diminuir a
performance final da aplicação. Ora, sendo o processo de normalização benéfico e
existindo pelo menos seis formas normais Date (2000)44, como contemporizar o rigor do
processo de normalização com a necessidade de performance da aplicação que faz
uso de um banco de dados?
A resposta a esta questão é que, em geral, são utilizadas as três primeiras,
conforme Date (2000): "assim, o projetista de banco de dados deve em geral buscar a
44 Primeira forma normal, segunda forma normal, terceira forma normal, forma normal Boyce-Codd, quarta forma normal e quinta forma normal.
67
meta de fazer um projeto envolver variáveis de relações em 3FN45". O mesmo segundo
Cougo (1997): "o conhecimento das três formas normais46, vistas até aqui, com certeza,
será suficiente para que seus projetos atinjam o grau de normalização necessário à
implementação sem anomalias".
Sintetizando as definições de Setzer (1986), Cougo (1997), Silberschatz et
al. (1999) e Date (2000), sobre as três primeiras formas normais, desprende-se que: a
primeira forma normal visa aos atributos serem atômicos (ou seja, sem repetição), a
segunda forma normal, que se aplica apenas a tabelas com chave composta, visa a
que todos os atributos que não fizerem parte da chave devem estar relacionados à
mesma, integralmente. A terceira forma normal diz que todos os atributos não chave
estão relacionados apenas à mesma. As três formas foram aplicadas ao modelo.
3.11 Modelo lógico de dados
O diagrama a seguir apresenta o modelo lógico de dados para a
ferramenta que está sendo definida no presente capítulo. As representações do modelo
são a forma de conectividade entre as tabelas que compõem o sistema, da forma que
estão relacionadas. O modelo lógico planifica a construção das tabelas e os respectivos
relacionamentos e as chaves conforme definida neste capítulo que compõe a formação
das tabelas. As tabelas são descritas no Anexo 4.
45 Terceira Forma Normal 46 Em parte anterior à citação o autor trata da primeira, segunda e terceira formas normais.
68
AnúncioNumAnuncio
DataSeçãoEndereçoTipoAnuncianteNomeAnuncianteIdioma
CategoriaNumCategoria
Categoria
Anuncio_CategoriaNumCategoria (FK)NumAnuncio (FK)
SeçãoLocalAtuaçãoSalárioQtdSMFaixaEtáriaIdioma1Idioma2Sexo
HierarquiaNumHierarquiaNumCategoria (FK)
Hierarquia
ÁreaNumÁreaNumAnuncio (FK)NumCategoria (FK)NumEscolaridade (FK)
Área
NívelNumEscolaridade (FK)NumAnuncio (FK)NumCategoria (FK)NumNível
Nível
Anúncio_Categoria_EscolaridadeNumAnuncio (FK)NumCategoria (FK)NumEscolaridade
Concluído
InstituiçãoNumInstituiçãoNumAnuncio (FK)NumCategoria (FK)NumEscolaridade (FK)
Instituição
Anúncio_Categoria_ConhecimentoNumConhecimentoNumClasseConhecimentoNumCategoria (FK)NumAnuncio (FK)
GrauExigenciaTempo
ConhecimentoNumConhecimento (FK)NumClasseConhecimento (FK)NumCategoria (FK)NumAnuncio (FK)
Conhecimento
Anuncio_Categoria_CertificaçãoNumCertificacaoNumCategoria (FK)NumAnuncio (FK)
GrauExigencia
CertificacaoNumFabricanteNumCertificacao (FK)NumCategoria (FK)NumAnuncio (FK)
TipoProduto
CaracterísticaNumCaracteristicaNumClasseCaracteristicaNumCategoria (FK)NumAnuncio (FK)NumCaracterística (FK)
Descrição
Anúncio_Categoria_CaracterísticaNumCategoria (FK)NumAnuncio (FK)NumCaracterística
GrauExigencia
Grande ÁreaNumGrande AreaNumÁrea (FK)NumAnuncio (FK)NumCategoria (FK)NumEscolaridade (FK)
Área
FabricanteNumFabricante (FK)NumCertificacao (FK)NumCategoria (FK)NumAnuncio (FK)
Fabricante
ClasseCaracterísticaNumClasseCaracterísticaNumCaracteristica (FK)NumClasseCaracteristica (FK)NumCategoria (FK)NumAnuncio (FK)NumCaracterística (FK)
Característica
Fase do TrabalhoNumFaseTrabalhoNumCategoria (FK)
FaseTrabalho
ClasseConhecimentoNumClasseConhecimento (FK)NumConhecimento (FK)NumCategoria (FK)NumAnuncio (FK)
ClasseConhecimento
Figura III.14 - Modelo lógico de dados
O produto de banco de dados utilizado na implementação foi o Paradox. A
escolha da utilização do produto Paradox se deu por ser um sistema baseado em
arquivos, pois os arquivos de dados possuem uma ordem fixa, fácil navegação entre os
registros, é possível localizar determinado registro em uma tabela através de sua
posição, sem a necessidade de referenciar seu conteúdo. O Paradox possui uma
concepção de poder “navegar” através dos registros um de cada vez em ordem
previsível, os dados são manipulados por máquinas monousuárias e, no caso de leitura
e manipulação desses dados, os mesmos têm que ser transportados para uma
aplicação.
Uma vez identificada à fonte de dados que permite acompanhar o mercado
através dos indicadores já identificados e modelado o banco de dados para armazenar
tais informações é necessário definir a arquitetura do software que tornará possível a
manipulação de tais dados, o que é apresentado no Capítulo 4.
69
Capítulo 4
O objetivo deste capítulo é descrever os principais métodos, ferramentas e
procedimentos, destacando os seus principais aspectos, de forma a explicitar o
processo de desenvolvimento de um projeto de classificados de jornal efetivamente
utilizado para a criação de uma base de dados com objetivo de acompanhar o mercado
de trabalho.
O segmento que define as etapas para a construção de um sistema é a
Engenharia de Software que abrange um conjunto de três elementos fundamentais:
métodos, ferramentas e procedimentos. Os métodos detalham "como fazer" para se
construir o software as ferramentas proporcionam apoio automatizado ou semi-
automatizado aos métodos, e os procedimentos constituem o elo de ligação que
mantém juntos os métodos e suas ferramentas, e possibilita um processo de
desenvolvimento claro, eficiente, visando garantir ao desenvolvedor e aos usuários um
software de qualidade.
Independentemente do paradigma a ser utilizado, três fases genéricas dividem
o processo de desenvolvimento Pressman (1995):
i. Definição: esta fase focaliza o "o quê" (análise do sistema, planejamento do
projeto de software e análise de requisitos);
ii. Desenvolvimento: focaliza-se o "como" (projeto de software, codificação e
realização de testes do software);
iii. Manutenção: concentra-se nas "mudanças" (correção, adaptação e
melhoramento funcional).
Através da modelagem de dados, detalhada no Capítulo 3, o sistema foi
definido com bastante exatidão assim como os objetivos a serem alcançados com o
sistema. Caso o sistema fosse complexo seria recomendável a utilização de protótipos
e estes muitas vezes necessitam de um alto nível de colaboração do usuário no
processo de desenvolvimento do sistema. Esta colaboração foi importante nas
definições de armazenamento dos dados assim como nas possíveis consultas
realizadas pelo sistema.
70
O gerenciamento de projetos deve abranger todo o desenvolvimento, sendo
praticado em cada etapa do processo. Uma das primeiras atividades de gerenciamento
é a viabilidade do projeto. A proposta é justificar a necessidade para o desenvolvimento
do sistema do ponto de vista técnico.
O sistema é justificado sob o ponto de vista de acompanhar o mercado de
trabalho, e, do ponto de vista técnico, a implementação de uma ferramenta para criar
uma base de dados que armazene os atributos pertinentes aos anúncios de
classificados. A seguir especificamos, no âmbito da análise dos requisitos, os objetivos
do sistema:
4.1. Descrição dos objetivos
Objetivo Geral
O sistema de classificados de jornal tem por objetivo disponibilizar uma base
de dados para acompanhar o mercado de trabalho de tecnologia da informação.
Específicos
Os objetivos específicos da ferramenta são necessários, pois a união destes
objetivos contempla os objetivos gerais do sistema.
i. Construir uma ferramenta que oferecesse uma possibilidade de cadastrar os
atributos das categorias de TI;
ii. Fazer a interação entre as categorias e os diversos componentes demandados
pela categoria;
iii. Possibilitar que a consulta à base seja com objetivo de construir uma planilha ou
construir o gráfico no próprio sistema;
iv. Acompanhar a evolução dos atributos demandados nos anúncios;
v. Classificar os atributos pertinentes às categorias;
O planejamento, como atividade de gerenciamento, deve ocorrer baseado em
estimativas seguras que, em geral, possuem a experiência passada de outros sistemas
como base desta construção. Porém o sistema a ser construído não possui similar que
possa servir de base, pois os órgãos de pesquisa de mercado trabalho, sejam
governamentais ou não, somente utilizam como acompanhamento planilhas que muitas
vezes não contêm todos os atributos dos anúncios, assim como é especificamente no
mercado de TI.
71
4.2 Projeto e implementação
Enquanto as fases de requisito e análise se concentram no “o quê” o sistema
fará, o projeto descreve “como” o software será implementado A fase de projeto
também pode ser vista como um aprofundamento da análise caminhando em direção à
implementação do sistema. Nesta fase de projeto são definidos a estrutura geral e o
estilo do sistema, assim como a arquitetura de software.
4.2.1 Arquiteturas de softwares
A arquitetura de um software é definida por Mendes (2002) como a estrutura
global do sistema, absorvida através da organização do sistema, porém descrito no
nível de abstração, em termos dos elementos computacionais pertinentes e das
interações entre esses elementos. O projeto de arquitetura de software visa decompor o
sistema em componentes e identificar as interações existentes entre estes
componentes. Esta decomposição em componentes fornece uma visão global do
sistema permitindo a análise, as propriedades e restrições do sistema.
A arquitetura de software procura analisar as propriedades do software no nível
de subsistema ou módulo. O objetivo da arquitetura de software, num contexto mais
amplo de gerenciamento de processo de software, é ordenar as diversas técnicas que
têm surgido na atualidade.
O processo de desenvolvimento de um sistema tem um percurso que se inicia
na concepção do sistema, quando os requisitos do sistema são explicitados e
analisados e, por fim, a implementação do sistema. O nível de descrição do sistema
descrito por Mendes (2002) é descrito a seguir:
i. Requisitos ! Decomposição da funcionalidade;
ii. Possíveis soluções ! Arquiteturas (de referência);
iii. Implementação ! Arquitetura selecionada;
Os requisitos de funcionalidade do sistema são especificados através da
necessidade de construção de uma base de dados com o objetivo de armazenar os
atributos especificados no Capítulo 3. O sistema é composto de vários componentes
que possuem funções específicas. As possíveis soluções arquiteturais requerem
inicialmente uma breve descrição desses estilos, conforme a seguir:
72
A caracterização das arquiteturas de softwares, utilizadas nos sistemas
identificando componentes, mecanismos de interação e propriedades, permite a
classificação e daí a identificação das famílias de arquiteturas. Um estilo de arquitetura
permite determinar a classe a que pertence a organização de um sistema.
Característica dos componentes (subsistemas) e conectores dos sistemas, topologia da
arquitetura, restrições semânticas e mecanismos de interação entre os componentes
ajudam a identificar o que retrata a arquitetura de software do sistema. Existem diversos
estilos de arquitetura de software, dentre eles destacamos:
O estilo Pipes e Filtros, que segundo Mendes (2002), “prevê uma forma
unidirecional de fluxo de dados”, isto é, os dados são conectados numa extremidade,
isto é, na origem e a outra extremidade é o destino que recebe estes dados.
Uma das características principais desta arquitetura é o uso em projetos de
sistemas que requerem vários estágios de processamento. Cada estágio atua como
uma fonte de dados e o estágio seguinte como o receptor destes dados. Um
inconveniente é que a necessidade de uma mudança em um componente pode ter
impactos sobre os componentes posteriores.
O estilo de arquiteturas por Camadas estrutura os sistemas num conjunto de
camadas, onde cada uma delas é agrupada num conjunto de tarefas em determinado
nível de abstração. O exemplo mais freqüente para este estilo de arquitetura é o de
protocolos de redes de computadores.
O estilo de arquitetura de Camadas decompõe o sistema em um conjunto de
camadas, onde cada camada acrescenta um nível de abstração sobre a camada
anterior. Também usado em sistema bancário onde uma camada inferior emite os
dados para uma camada superior.
A concepção principal na arquitetura de objetos (Mendes, 2002) afirma que é a
“abordagem orientada a objetos é combinar em uma única entidade tanto os dados
quanto as funções que atuam sobre os dados”, isto é, organiza o sistema em termos de
uma comunicação entre objetos. Os objetos são entidades que possuem um estado e
operações para acessar e alterar este estado.
Neste estilo de arquitetura, para que um objeto possa se comunicar com outro
objeto é necessário que o segundo objeto seja reconhecido pelo primeiro. Mendes
(2002) afirma que este estilo de arquitetura constitui uma desvantagem para o reuso,
73
pois há a necessidade de alteração de classes no caso de mudanças. Alguns autores
como Larman (1998) questionam a orientação a objetos como sendo uma arquitetura,
considerando-a, sobretudo como uma técnica de modelagem.
O estilo de arquitetura Invocação Implícita é baseada no estilo de objetos,
porém no estilo de invocação Implícita a abordagem principal é o tratamento das
mudanças de modo que os componentes do sistema possam ser alterados
independentemente, assim como as inovações possam ocorrer de forma incremental.
Porém Mendes (2002) salienta que os componentes não podem fazer qualquer
suposição sobre o tipo de computação a ser realizada ou ordem de processamento.
Não conhecer a ordem de processamento de eventos ou de qual componente será
obtido a resposta, afirma Mendes (2002) “constitui uma desvantagem, pois, nesse caso,
os componentes não detêm mais controle sobre a computação realizada pelo sistema”.
O estilo de arquitetura Quadro-negro considera a existência de um repositório
central de dados circundado por um conjunto de componentes (células de
conhecimento). Este estilo arquitetural “prescreve a organização do conhecimento do
domínio, todas as entradas e soluções parciais para solucionar o problema” Mendes
(2002). O estilo de arquitetura quadro-negro consiste em três componentes: i) células
de conhecimento; ii) estrutura de dados quadro-negro; iii) controle. O estilo possui um
banco de dados compartilhado (quadro-negro) que possui uma organização
dependente da aplicação. Uma variação desta arquitetura é a do tipo repositório na
qual a diferença principal é que o elemento central é totalmente passivo, normalmente
um banco de dados.
O estilo de arquitetura cliente-servidor é um processo que permite que as
tarefas sejam divididas entre produtores e consumidores de dados. Mendes (2002)
aponta alguns cenários envolvendo este estilo de arquitetura, como o sistema
computacional tem um processo instalado no servidor, que é inicializado e logo após o
sistema se encontra em condições de prestar algum serviço, caso seja solicitado.
4.2.2 Arquitetura do sistema de classificados
O SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) do Rio de Janeiro,
com objetivo de ministrar cursos de atualização profissional para as categorias
profissionais do setor terciário, em concomitância com as transformações do mercado
74
de trabalho, utiliza como fonte de pesquisa anúncios de emprego veiculados em jornal.
Diversos resultados desta análise, feita a partir da coleta de dados, são apresentados
por Gonzalez e Prado (2001). Esta pesquisa é iniciada em janeiro de 2001, reunindo as
informações sobre os atributos requeridos das categorias profissionais pela oferta de
emprego através das empresas que oferecem estas vagas. Cabe ressaltar que esta
fonte de informação é utilizada com os anúncios de classificados dos jornais de
domingo de diversas capitais brasileiras. Os anúncios são relativos somente ao setor
terciário, perfazendo um total de trinta e cinco mil anúncios somente nos meses de
janeiro e fevereiro do ano da pesquisa. O armazenamento dos dados é realizado em
uma planilha eletrônica Excel. A digitação é feita através de consulta a tabelas de
códigos e valores, impressas em papel e mantidas pelos usuários da planilha. A partir
desta, os dados são exportados para um software estatístico, no qual são gerados
gráficos e tabelas que, por sua vez, podem ser utilizados em relatórios.
A Abenge de São Paulo também possui um sistema idêntico na forma de coleta
de dados para a categoria profissional de engenheiros. O armazenamento também é
numa planilha eletrônica que contém os atributos. A partir daí são gerados gráficos na
própria planilha.
Nota-se que os sistemas não tratam especificamente dos profissionais de TI,
são sistemas para acompanhar o mercado de trabalho num período específico, com isto
não possui dados históricos, entre outras.
Conforme já citado, a aplicação proposta nesta dissertação prevê o
armazenamento de dados de classificados de jornal voltados para a área de TI e o
tratamento dos mesmos. O capítulo 3 descreveu a modelagem e projeto para
armazenamento dos dados, bem como os agrupamentos necessários para o tratamento
adequado das informações. A figura a seguir mostra o projeto da aplicação em si, com
os quatro módulos que a compõem.
75
Módulo de cadastro
Módulo de cadastro de
agrupamento
Módulo de consulta
Módulo estatístico
REPOSITÓRIO DE CLASSIFICADOS
Figura IV.15 – Modularização da aplicação
No mundo real as arquiteturas dos sistemas não são tão puras quanto descrito
na seção anterior. Geralmente os sistemas reais utilizam arquiteturas híbridas de forma
a atender as especificidades de diferentes projetos. A opção deste projeto foi por uma
arquitetura clássica do tipo repositório dado que o elemento central é passivo (banco de
dados) organizando-se as diferentes funções em módulos, conforme apresentado na
figura anterior.
Conforme descrito no Capítulo 3, os sistema de classificados é orientado a
dados e pode ser caracterizado pela forma com qual o sistema manipula dados.
Dentre os atributos que caracterizam o sistema de informação de classificados
podemos destacar: o desempenho, a segurança, a integridade e a disponibilidade de
dados. No sistema de classificados, requisitos de usabilidade têm por finalidade a
possibilidade de ampliação do sistema de acompanhar todo o mercado de trabalho e
não somente área de TI.
A complexidade de um sistema de software é determinada tanto por seus
requisitos funcionais, isto é, quais as funções do sistema, quanto pelos requisitos não-
funcionais, isto é, como são realizadas estas funções. Os requisitos arquiteturais
compreendem os requisitos funcionais e não-funcionais e atributos de projeto
associados à arquitetura do sistema a ser desenvolvido.
Atributos do Projeto
Os atributos do projeto norteiam o processo de desenvolvimento de software,
visando obter um produto final que satisfaça aos requisitos identificados no início do
processo. Estes atributos foram definidos no Capítulo 3 e são pertinentes aos anúncios
76
e às categorias. Também são definidas as necessidades de hardware para a
implementação do sistema.
Separação de interesses
A separação de interesses permite identificar aspectos de um problema e
forma como são concentrados os esforços em cada um deles isoladamente. A
separação de interesse tem sido aplicada a sistemas que são decompostos em vários
módulos de modo que a arquitetura do sistema contenha mais de um componente.
Como podemos definir que parte do sistema deve constituir um módulo? O objetivo de
construir o isolamento de determinados componentes e as respectivas funcionalidades
vêm com o objetivo um conjunto de qualidades ou requisitos não-funcionais.
O sistema de acompanhamento do mercado de trabalho tem o objetivo de ser
construído modularizado, pois permite a uma série de requisitos não-funcionais, isto é,
requisitos da interface externa, requisitos de desempenho, entre outras.
Abstração
O objetivo do uso da abstração é lidar com a complexidade do sistema a ser
desenvolvido. No sistema de acompanhamento do mercado de trabalho, temos a
descrição de um anúncio nos termos dos seus elementos constituintes: data do
anúncio, nome do anunciante, endereço do anunciante, seção do jornal em que foi
publicado o anúncio. Os componentes são modelados em termos da modelagem
conforme descrita no Capítulo 3. Esta representação do anúncio é uma abstração de
determinado dispositivo, as tabelas que armazenam estes dados, neste caso o
dispositivo anúncio propriamente dito.
Modularidade
Um sistema composto por um conjunto de módulos é denominado de modular
e um benefício deste atributo de projeto é a possibilidade da separação de interesses. A
modularização é considerada em todo o processo de desenvolvimento de um sistema.
O objetivo de modularizar o sistema é que isto possibilita a decomposição de um
sistema complexo ou de grande porte, também possibilita a construção de um sistema a
partir de um conjunto de módulos e a compreensão da modularização do sistema. A
compreensão sobre a modularidade do sistema é definir cada parte do sistema
separadamente, assim como facilita as alterações que porventura se façam necessários
ao sistema.
77
Requisito funcional
Requisito de sistema que especifica uma função que o mesmo ou um de seus
componentes devem ser capaz de realizar. Estes são requisitos de software que
definem o comportamento do sistema, ou seja, é o processo ou as transformações que
componentes de software ou hardware efetuam sobre os atributos de entrada e com
isto gerar as saídas. O sistema de classificados possui um conjunto de tabelas
interligadas entre si por intermédio de chaves primárias e secundárias. O sistema foi
desenvolvido na plataforma Windows e utilizando a linguagem Delphi 6.
Requisitos não-funcionais
São os requisitos que não estão diretamente ligados a funcionalidade do
sistema. Os requisitos não-funcionais abordam os aspectos:
i. usabilidade, os requisitos de usabilidade especificam tanto o nível de
desempenho quanto a forma de uso do sistema. Mendes (2002) expressa a usabilidade
como facilidade de aprendizado e facilidade de uso. O projeto das interfaces tem como
objetivo a usabilidade da ferramenta;
ii. manutenibilidade, este geralmente é usado para a exigência de manutenção do
sistema, seja por reparo devido a determinado erro, alteração, evolução caso haja
adição de inovações ao projeto inicial;
iii. Confiabilidade é a probabilidade do software não causar falhas durante
determinado período de tempo sob condições específicas;
iv. Portabilidade, o sistema deve permitir “migrar” de um sistema computacional
para outro ambiente;
v. Reusabilidade é a possibilidade do sistema se constituir num módulo de outro
sistema, isto é, o sistema se torna um componente de outro sistema. Mendes (2002)
destaca os diversos tipos de reuso, como por exemplo, aplicação, subsistemas, objetos
ou módulos, funções;
vi. Segurança é caracterizada pelo acesso ao sistema. Portanto, a segurança
também corresponde à integridade do sistema quanto à manipulação ou a ataques de
usuários não autorizados.
Requisitos de Segurança
A utilização da base de dados tem como finalidade única o acompanhamento
das categorias de TI, não podendo sob hipótese alguma servir a fins comerciais ou
78
outros que venham ferir os direitos das empresas que porventura possam ser citadas
através de consultas à base de dados. Um usuário desta base só deve ter direito de
acesso aos dados na forma única e exclusiva necessária para os fins alegados,
justificados e autorizados.
O sistema de classificados foi concebido tendo em mente a importância da
segurança das informações. Para tanto, como parte da arquitetura do sistema, foi
proposta uma política de segurança abrangendo quatro requisitos básicos: privacidade,
autenticidade, integridade, controle de acesso. Os mecanismos de segurança adotados
pelo projeto incluem os seguintes aspectos:
No requisito de privacidade/confidencialidade, os dados são protegidos do
monitoramento, tanto na forma ativa, onde poderá ser feita uma alteração, quanto na
forma passiva, cujo objetivo é simplesmente o da obtenção da informação.
No requisito de autenticidade, toda e qualquer inclusão ou alteração de
informações no sistema deve estar vinculada a um operador devidamente cadastrado
que é um profissional orientado para executar tal tarefa. O sistema é operado por
profissionais previamente cadastrados no projeto de acompanhamento de mercado de
trabalho.
No requisito de integridade, ainda não implementados na ferramenta, devem
existir proteções contra a adulteração dos dados enquanto esses são transferidos ou
armazenados nos diversos níveis do sistema. Além disso, o sistema armazena os
dados coletados por tempo indeterminado e não registra todas as alterações neles
ocorridas, assim como apaga os registros anteriores.
No requisito de controle de acesso, o sistema ainda não possui qualquer
política de definição de privilégios de acessos, porém para trabalhos futuros deve
permitir a implementação de classes de operadores e normas de divulgação da
informação.
4.2.3 Estrutura do sistema desenvolvido
Diversos autores afirmam que quanto ao desenvolvimento de novos sistemas
utilizando a orientação a objetos nas fases de análise de requisitos, análise de sistemas
e design, não existe de uma notação padronizada que possa abranger de forma eficaz
qualquer tipo de aplicação que se modelar.
79
Cada simbologia existente possuía seus próprios conceitos, gráficos e
terminologias, resultando em diversos padrões e gerando uma grande desordem,
especialmente para os desenvolvedores que utilizam a orientação a objetos.
A UML (Unified Modeling Language) é de um conjunto de métodos de análise e
projeto orientados a objeto (OOAD), tendo diversos trabalhos apresentados através de
Rumbaugh et al., (1999) e Booch (2000).
Este método pressupõe um modelo de linguagem e um processo. O modelo de
linguagem é a notação na qual o método é usado para descrever o projeto. Os
processos são os passos que devem ser seguidos para se construir o projeto.O modelo
de linguagem é uma parte muito importante do método. Corresponde ao ponto principal
da comunicação.
A UML define uma notação e um meta-modelo. As notações são todos os
elementos de representação gráfica vistos no modelo (retângulo, setas, o texto, etc.), é
a sintaxe do modelo de linguagem. A notação do diagrama de classe define a
representação de itens e conceitos, tais como: classe, associação e multiplicidade. Um
meta-modelo é um diagrama de classe que define de maneira mais rigorosa a notação.
Nas próximas seções será apresentada a notação UML através de algumas definições
e a aplicação no sistema de classificados.
Após esta breve descrição das classes e as representações oriundas pela
UML, temos como descobrir as outras classes pertinentes ao sistema.
Como descobrir Classes de Objetos? Esta fase é de suma importância, pois
significa o início de um processo de avaliação do sistema.
Análise do caso de uso: É o processo de examinar o conjunto de “Use Cases”
para extrair os Objetos e Classes do sistema sob desenvolvimento. Os Objetos e
Classes podem ser obtidos do detalhamento dos Cenários (instâncias de caso de uso).
Cenário para criar Anúncio
O usuário inicia a aplicação e o sistema aguarda a inserção do anúncio. Em
seguida apresenta um formulário para o cadastro de Anúncio para que o usuário inicie o
cadastro do anúncio, isto é, os atributos da classe Anúncio. O usuário insere o nome do
anunciante e uma lista de anunciantes já cadastrados fica disponível. Caso o
anunciante não tenha sido cadastrado há a possibilidade de cadastrá-lo em
concomitância com a inserção do anúncio. Após a inserção do nome do anunciante, a
80
próxima inserção é o endereço que também tem a possibilidade de escolher endereços
já cadastrados. Após a inserção dos atributos do anúncio, o usuário tem a possibilidade
de cadastrar a categoria através de outro formulário.
Objetos pertencentes à Classe de Entidades: são identificados examinando-se
os substantivos e frases substantivadas no cenário. No cenário acima estão destacados
os substantivos candidatos a Objetos da Classe de Entidade. Os substantivos podem
ser: Objetos, descrição do Estado ou Atributos de um Objeto, entidade externa e/ou ator
ou ainda nenhuma das anteriores.
Exemplo de uma Lista de substantivos e sua classificação
Usuário – ator.
Data - Estado ou Atributos.
Seção do jornal - Estado ou Atributos (que é selecionado quando aplicável)
Nome do anunciante – Estado ou Atributos (que é selecionado quando
aplicável).
Endereço do anunciante – mesmo que nome do anunciante.
Idioma - Estado ou Atributos.
Lista de Objetos da Classe Anúncio
Data – data do anúncio.
Nome do anunciante – Lista todos os anunciantes já cadastrados.
Endereço do anunciante – Lista os endereços já cadastrados.
Seção do jornal - Lista de todas as seções do jornal.
Idioma – Lista todos os idiomas já cadastrados.
Lista de Classes de Entidades presentes no Cenário “Anúncio”
Data – data do anúncio.
Nome do anunciante – Lista todos os anunciantes já cadastrados.
Endereço do anunciante – Lista os endereços já cadastrados.
Seção do jornal - Lista de todas as seções do jornal.
Idioma – Lista todos os idiomas já cadastrados.
81
Figura IV.16 – Representação da entidade
Objetos pertencentes à Classe Interface são identificados examinando-se cada
par ator/cenário e criando-se as classes interfaces óbvias. Classes Interfaces também
são criadas para comunicação sistema/sistema e para descrever a escolha de
protocolos de comunicação.
Exemplos de classe interface
Deve ser apresentado ao usuário, quando a opção do caso de uso “Categoria”.
Para tanto, é criada a Classe “FormulárioDeCategoria” para permitir ao usuário
selecionar a opção desejada. O usuário deve inserir no sistema as informações
referentes aos atributos do anúncio.
Conexões de Controle
Objetos pertencentes à Classe de Controle: nas classes de controle estão
contidas as informações de seqüência. Cada caso de uso deve ter uma Classe de
Controle, responsável pelo fluxo de eventos.
Para tanto, é criada a Classe “NomeCategoria”. Esta classe está referenciada,
para cada anunciante selecionado na Classe Interface “FormulárioDeAnuncio” deve
executar as seguintes atividades:
i. Busca na Classe Anunciante os anunciantes já cadastrados;
ii. Caso o anunciante não esteja cadastrado não propicia ao usuário cadastrar o
anúncio;
<<Entidade>> Anúncio
82
Figura IV.17 – Objeto de controle
Diversos cenários assim como todas classes e interfaces do sistema podem
ser construídas. Através destes cenários também é possível a construção de uma série
de controle.
4.2.4 Casos de uso e cenários
O sistema permite que o usuário cadastre além do anúncio propriamente dito,
as categorias, os conhecimentos, escolaridade, certificação, características. Também
poderá fazer consultas, gerar gráficos relativos a estas consultas e aplicar uma
metodologia estatística.
Modularidade
Conforme a Figura IV.1 o sistema é composto por dois módulos distintos:
i. Módulo de Cadastro;
ii. Módulo de Consulta;
iii. Módulo de Cadastro de Agrupamento;
iv. Módulo Estatístico.
A adoção desta arquitetura tem como objetivo a possibilidade da separação de
interesses. A seguir teremos a descrição do módulo de cadastro.
Módulo de Cadastro
Diagrama de “Caso de Uso” para Sistema Classificados Módulo de
Cadastramento:
<<interface>> FORMULÁRIODEANÚNCIO
<<Controle>> NOMECATEGORIA
83
Figura IV.18 - Diagrama de casos de uso
Diagrama de caso de uso: Mostra um conjunto de casos de uso e atores e seus
relacionamentos Booch (2000) assim como organiza os componentes do sistema. O
diagrama é usado para identificar como o sistema se comporta em várias situações que
podem ocorrer durante sua operação. Descrevem o sistema, seu ambiente e a relação
entre os dois. Os componentes deste diagrama são os atores e os casos de uso. A
notação usada pelo Diagrama de caso de uso:
Ator: Representa um conjunto coerente de papéis que os usuários de casos de
uso desempenham quando interagem com esses casos de uso. Qualquer entidade que
interage com o sistema, corresponde aos papéis que o usuário do sistema pode
desempenhar. Pode ser uma pessoa, outro sistema, etc. Algumas de suas
características são: i) ator não é parte do sistema; ii) ator pode interagir ativamente com
o sistema; iii) ator pode ser um receptor passivo de informação; iv) ator pode
representar um ser humano, uma máquina ou outro sistema.
Casos de uso: Especifica o comportamento do sistema é uma descrição de um
conjunto de seqüências. Os casos de uso fornecem determinado comportamento ser a
necessidade de especificar como esse comportamento é implementado. Os casos de
Caso de uso
Ator
84
uso também tëm por objetivo validar a arquitetura do sistema e a verificação na medida
da evolução durante o desenvolvimento Booch (2000). É a descrição de um conjunto de
ações, que o sistema executa com um determinado objetivo observável pelo ator. Uma
de suas aplicações é confirmar aos usuários e clientes as suas funcionalidades e
comportamento. É uma seqüência de ações que o sistema executa, produzindo um
resultado de valor para o ator. Algumas de suas características são:
i. Modela o diálogo entre atores e o sistema;
ii. É iniciado por um ator para invocar uma certa funcionalidade do sistema;
iii. É fluxo de eventos completo e consistente;
iv. O conjunto dos casos de uso representa as situações possíveis de utilização do
sistema.
O diagrama de casos de uso da Figura IV.4 mostra o único ator e os onze
casos de uso identificados. A maioria dos cadastramentos é semelhante entre si, à
exceção de Cadastrar anúncios, a funcionalidade principal é a que recebe maior volume
de informações do usuário. A representação gráfica é baseada na UML.
Descrição e Identificação do Módulo
O módulo de cadastramento tem a função, essencialmente, de registrar no
banco de dados as informações sobre os anúncios digitados pelo usuário. Assim sendo,
seus casos de uso podem ser genericamente descritos como o cadastramento dos
anúncios propriamente ditos e das informações secundárias (informações dependentes
dos anúncios) que contam dos anúncios. A relação completa dos casos de uso e suas
respectivas descrições, conforme a seguir.
Caso de uso Descrição Registrar Anúncio Inclui um novo anúncio no sistema. Registrar Categoria Inclui uma nova categoria profissional no sistema. Registrar Seção Inclui uma nova seção associada a um jornal no sistema.Registrar Anunciante Inclui um novo anunciante no sistema. Registrar Setor Inclui um novo setor de atuação no sistema Registrar Local Inclui um novo local de atuação no sistema Registrar Conhecimento Inclui um novo conhecimento no sistema Registrar Idioma Inclui um novo idioma no sistema Registrar Nível Inclui um novo nível de escolaridade no sistema Registrar Área Inclui uma nova área de formação no sistema Registrar Instituição Inclui uma nova instituição no sistema Registrar Característica Inclui uma nova característica no sistema
Tabela IV.9 - Identificação dos casos de uso
85
Cadastrar anúncios
A descrição deste caso de uso permite abertura do sistema da janela de
cadastramento de anúncios. A entrada de dados do anúncio foi dividida em diversas
janelas: a de cadastramento de anúncios (permite a digitação de data, jornal, seção,
anunciante e a escolha das categorias mencionadas) e a de categoria que possibilita a
inclusão das categorias demandadas no anúncio e, a partir daí, é possível a inclusão de
conhecimentos, escolaridade, características e certificação. Nestas telas é possível
ainda realizar o cadastramento de dados que constituem o anúncio sem a necessidade
de retornar à tela inicial. Por exemplo, é possível incluir uma categoria ou uma
competência que ainda não esteja cadastrada no sistema durante a edição do mesmo,
sem, portanto, fechar as janelas de cadastramento de anúncio.
Diagrama de classes
Figura IV.19 – Diagrama de classes
As definições dos atributos e às classes são explicitadas nos Anexos. As
descrições posteriores estão organizadas de acordo com as definições e enfocam os
relacionamentos entre as classes e as demais particularidades do modelo.
CertificaçãoEscolaridade
Atributos
InserirEscola-ridade
ConhecimentoCaracterística
Atributos
InserirCarac-teristica
Atributos Atributos
InserirConheci-mento
InserirCertifi-cação
1
N N N N
Anúncio Atributos InserirAnúncios
Categoria Atributos InserirCategorias
N1
86
Contexto do Anúncio
Descrição
Dados do anúncio Contextualizam o anúncio indicando os atributos pertinentes. Categorias Indica que categorias profissionais estão sendo demandadas. Competências Diz respeito ao que se espera do profissional especificado em
termos de conhecimentos, escolaridades, características, etc. Tabela IV.10 - Divisão conceitual dos anúncios
Descrição do caso de uso “Cadastrar Anúncio”
O caso de uso apresentado no Diagrama será descrito apenas como o de
“Cadastro”. Este caso de uso é iniciado pelo usuário. Fornece os meios para o usuário
cadastrar os anúncios.
O caso de uso se inicia quando o usuário acessa o sistema. Ainda não está
implementada no sistema nenhuma restrição de acesso ao usuário. O usuário seleciona
Inserir Anúncio. O sistema aguarda a inserção do anúncio pelo usuário. Os atributos
dos anúncios propriamente ditos e também o acesso para cadastrar a categoria. A
seguir é apresentado o exemplo de caso de inserção de anúncio ativado pelo caso de
uso Cadastro (CadastarAnúncio).
Cadastrar Anúncio: O sistema apresenta numa interface formulário de
anúncios em branco. O usuário preenche todos os dados disponíveis nos anúncios. A
seguir, o usuário tem a possibilidade de cadastrar categorias. Nota-se que o anúncio só
vai ser cadastrado se houver uma categoria especificada, isto é, o sistema possibilita ir
para o cadastro de categoria, mas não inseriu na base o anúncio. Após a inserção da
categoria, o sistema permite a inserção do cadastro do anúncio propriamente dito.
Cenário
Cenário: É uma instância de um caso de uso. Os cenários são como os
usuários interagem como o sistema, cada cenário é uma noção de quais serviços e
facilidades oferecidas pelo sistema, conforme define Mendes (2000). O caso de uso
deve ser descrito através de vários cenários. Devem ser construídos tantos cenários
quantos forem necessários para se entender completamente todo o sistema. Podem ser
considerados como teste informal para validação dos requisitos do sistema.
Existem dois tipos de Cenários:
i. Primários;
ii. Secundários.
87
Os Cenários primários são aqueles nos quais o fluxo segue normalmente. Não
há quebra no fluxo por alguma espécie de erro. Os Cenários Secundários são os casos
em que o fluxo normal de operação é interrompido e, portanto formam, as exceções.
Um Cenário Primário
i. O usuário inicia o cadastro de anúncio. O sistema valida a data, e o usuário
inicia o cadastro da categoria inserindo os atributos pertinentes à categoria.
ii. O usuário não possui mais nenhum outro atributo a ser inserido, o usuário fecha
a inserção de categoria e volta à tela de cadastro com a possibilidade de cadastrar
outro anúncio ou encerrar o sistema;
iii. O sistema cadastrou o anúncio e está apto a inserir novo anúncio.
Cenário secundário
i. O usuário inicia a inserção de um anúncio com os atributos dos anúncios;
ii. O usuário verifica que a categoria não pertence à área de TI.
Classes de Objetos
Na orientação a objetos, temos diversos conceitos representativos como:
i. Objeto. Representa uma entidade que pode ser física, conceitual ou de
software;
ii. Identidade: É o que identifica unicamente um objeto, mesmo que ele possua
estados ou comportamento comuns a outros objetos;
iii. Estado ou atributo de um objeto: É cada condição na qual o objeto pode
existir;
iv. Comportamento de um objeto: Determina como um objeto age e reage a
estímulos de outros objetos.
v. Classe: É uma descrição de um grupo de objetos com atributos,
comportamentos, relacionamentos com outros objetos e semântica comum.
Na UML a classe de objeto é representada por um retângulo, subdividido em
três áreas. A primeira contém o nome da Classe. A segunda contém seus atributos. A
terceira contém suas operações. É definida como a representação gráfica em que os
atributos são listados imediatamente abaixo do nome das classes Booch (2000). A
representação abaixo corresponde às classes descritas acima.
88
Cadastro Categoria NumAnuncio Data SeçãoAnuncio NomeAnunciante Endereço TipoAnunciante Idioma
NumCategoria Categoria
Adicionar um Anúncio() Cadastrar Categoria () Figura IV.20 – Classe CadastrarAnúncio
Na metodologia UML podemos distinguir categorias de classes. Uma Classe de
Objetos pode ser de uma ou mais categorias. As categorias mais comuns são:
i. Classe interface;
ii. Classe de Entidade;
iii. Classe de Controle.
<<Entidade>> Anúncio
<<Entidade>> Categoria
NumAnuncio Data SeçãoAnuncio NomeAnunciante Endereço TipoAnunciante Idioma
NumCategoria Categoria
Cadastrar Anúncio() Cadastrar Categoria Figura IV.21 – Interface CadastrarAnúncio
A notação usada pela UML para categorias, dentro da representação gráfica da
Classe de Objeto, é colocá-la entre << >> na área reservada para o nome da classe e
acima deste.
Diagrama de Classes do Módulo Consulta
De forma análoga, o sistema possui um módulo de consulta que permite as
consultas simples, isto é com um único atributo ou a consulta cruzada através de dois
atributos da base de dados.
89
Figura IV.22 – Módulo de consult
Descrição do caso de uso “Consultar”
O caso de uso apresentado no Diagrama ser
“ConsultaSimples”. Este caso de uso é iniciado pelo usuário
usuário efetuar uma consulta.
O caso de uso se inicia quando o usuário acessa o
de consulta. Ainda não está implementada no sistema nenhu
usuário. O usuário seleciona o ano ou período de consulta e
O sistema tem como resposta uma tabela oriunda desta
construção do gráfico caso o usuário manifeste este desejo
exemplo de caso de consulta da categoria programador.
Consultar a categoria programador: O sistema
formulário de consultas em branco. O usuário preenche o
executar uma consulta da seguinte forma. O usuário tem a p
anos que deseja consultar. Logo após o usuário solicita a ca
através de um novo formulário “FiltrarConsulta” este form
escolher a categoria Programador. Após esta seleção o usu
consulta. O sistema emite como resposta uma tabela que po
exportada para o Excel ou gerar o gráfico na própria ferrame
Um Cenário Primário
i. O usuário inicia a consulta por categoria. O usuário
consultados;
ii. O sistema propicia ao usuário filtrar a consulta, isto é
deseja consultar;
iii. O sistema emite uma tabela como resultado da consul
Consulta
Consulta_Simples Consulta_Cruzad
11
a
á descrito apenas o de
. Fornece os meios para o
sistema através do módulo
ma restrição de acesso ao
o atributo a ser consultado.
consulta e possibilita a
. A seguir é apresentado o
apresenta numa interface
s dados disponíveis para
ossibilidade de escolher os
tegoria. O sistema propicia
ulário possibilita o usuário
ário solicita a execução da
ssui a possibilidade de ser
nta.
escolhe os anos a serem
, escolher a categoria que
ta.
a
Análise
90
Cenário secundário
i. O usuário inicia a consulta por categoria, mas não informa os anos a serem
consultados;
ii. O usuário verifica que após a seleção da categoria não escolheu os anos a
serem consultados.
4.2.5 As interfaces
As interfaces foram projetadas com objetivo de usabilidade e confiabilidade, por
exemplo, a facilidade de uso da ferramenta assim como o rápido aprendizado para usar
a ferramenta. O aspecto da confiabilidade, a inserção de um anúncio na base só é
realizada após a inserção de uma categoria. Isto implica que não é possível o
cadastramento de um anúncio na base sem que haja pelo menos uma categoria
relacionada a este anúncio.
A aplicação em si foi desenvolvida no ambiente Borland Delphi 5.0 como
projeto de iniciação científica de Marcelo Garnier Mota, MOTA (2001), constando
portanto naquele âmbito o projeto da interface e a descrição detalhada da aplicação.
Apresentamos a seguir apenas uma descrição sucinta com o objetivo de situar o leitor.
O módulo de cadastro permite a entrada de dados na base com uma interface
amigável. Na primeira tela deste módulo é feita a digitação de campos pertencentes à
tabela Anúncio.O menu é composto por dois principais itens:Anúncios e tabelas
secundárias, conforme mostrado na figura a seguir. As tabelas secundárias permitem a
digitação de categorias, características, certificações, conhecimento e escolaridade
antes que os mesmos sejam referenciados num anúncio específico. Somente é possível
salvar um anúncio quando houver a especificação de pelo menos uma categoria
associada ao mesmo. A partir da tela relativa a categoria é possível cadastrar todos os
outros elementos relacionados ao anúncio.
91
Figura IV.23 - Tela de entrada do módulo de cadastramento
O módulo de cadastramento de agrupamentos segue a mesma lógica do
módulo de cadastramento dos dados do anúncio, com o único diferencial de que
permite, além de cadastrar os agrupamentos em si (grande área, classe de
característica, classe de conhecimento, fase do trabalho e hierarquia) relacioná-los com
as respectivas instâncias.
O módulo de consulta destina-se a extrair informações da base de dados,
também fazendo uso de uma interface amigável, conforme apresentado na figura a
seguir. Permite várias possibilidades de cruzamento dos dados cadastrados contando
para isso com o uso do SQL (Structured Query Language – Linguagem de consulta
estruturada).
92
Figura IV.24 - Tela para seleção dos parâmetros de consulta
No lado esquerdo da tela existem campos que permitem a escolha do período
a ser consultado (os anos). No centro da tela estão os itens disponíveis (anúncio,
categoria e competências). O termo competências inclui idiomas, conhecimentos e
características. Nesses itens pode-se encontrar as informações procuradas, ou seja,
são nesses itens que estão todas as informações fornecidas pelo anúncio de jornal. No
lado direito da tela ficam os itens selecionados para o resultado. Após a seleção basta
clicar no botão que diz executar consulta para que a consulta seja executada. Há um
botão na parte superior da tela que permite voltar aos critérios da consulta caso se
esteja nos resultados e queira voltar. Existe ainda o botão nova consulta que serve
para limpar os campos preenchidos caso se queira fazer uma nova consulta. A interface
do módulo estatístico, cuja implementação foi feita no âmbito do presente projeto, é
apresentada no capítulo 5.
4.3 Análise da arquitetura
Mendes (2002) ilustra que após o conjunto de requisitos arquiteturais, sejam
funcionais ou não funcionais a atributos de projeto, esses requisitos são representados
93
através de três propriedades: eficiência, integridade e flexibilidade. O autor apresenta o
método de análise de arquitetura de software SAAM (Software Architecture Analysis
Method) que tem como objetivos comparar as soluções arquiteturais de software. Este
método de análise está baseado nos seguintes objetivos: i) definir um conjunto de
cenários para representar os casos de uso do sistema; ii) utilizar cenários para gerar as
diversas partes dos sistemas, assim como os acoplamentos dos cenários; iii) este
método de análise arquitetural tem como base o uso de cenários e este sistema
compreende um conjunto de cinco passos independentes, como descreve Mendes
(2002);
i. Desenvolvimentos de cenários para ilustrar todos os tipos de atividades do
sistema;
ii. Descrição da arquitetura: esta especificação deve informar os componentes
funcionais e de dados dos sistemas e as relações existentes entre estes componentes;
iii. Avaliação de cada cenário para cada cenário há a determinação de uma
arquitetura que possivelmente pode ser adotada;
iv. Determinação da interação entre cenários;
v. Avaliação dos cenários e a interação entre eles.
Estas análises permitem também definir a arquitetura de software que apresenta
melhor suporte para o sistema, assim como ao conjunto de requisitos não-funcionais
desejados para o sistema.
Outro método de análise arquitetural é ATAM (Architecture Analysis Method)
que tem como objetivo entendimento das implicações em decorrência das decisões
arquiteturais em relação aos requisitos de atributos.
Este método está baseado em análise de risco, ponto susceptibilidade e pontos
de compromisso, conforme aponta Mendes (2002).
i. Os riscos compreendem as decisões arquiteturais sem a compreensão completa
das conseqüências desta decisão;
ii. Ponto susceptibilidade é o conjunto de componentes na arquitetura que são de
suma importância para a obtenção de algum atributo;
iii. Ponto de compromisso é o ponto crítico para a obtenção de múltiplos atributos.
O sistema de avaliação adotado para o sistema de classificados é SAAM, pois
melhor define a avaliação dos cenários. No sistema de classificados foram
94
desenvolvidos diversos cenários onde foram definidas todas as situações, como por
exemplo, do cadastro de Anúncios.
Na descrição da arquitetura são informados os componentes funcionais e os
dados do sistema. Mendes (2002) afirma que a representação arquitetural faz uma
distinção entre componentes passivos, pois são os componentes que armazenam os
dados e os componentes ativos que efetuam a transformação dos dados. Outra
importante conexão, na descrição da arquitetura, é de controle, pois define quais os
componentes atuam sobre o outro. Além de uma definição das arquiteturas usadas no
sistema através de gráficos algumas dos cenários e conexões de controle foram
apresentadas de forma descritiva.
Avaliação do cenário neste trabalho é descrição do cenário de cadastro de
anúncio que foi construído como exemplo, pois o sistema não possui grande
complexidade para que se construam todas as possibilidades de cenários referentes ao
sistema, isto é, apenas um modelo de cenário com objetivo da avaliação.
Após a descrição da arquitetura do sistema, assim como, os métodos e os
processos utilizados na ferramenta, o Capítulo 5 contém a implementação estatística e
alguns resultados mostrando a funcionalidade da ferramenta. O módulo de cadastro de
agrupamento não foi descrito já que é idêntico ao módulo de cadastro de anúncio,
sendo que permite ainda relacionar os itens agrupados.
95
Capítulo 5
O objetivo deste capítulo é a descrição da arquitetura de software para o
módulo estatístico, assim como, analisar diversos resultados construídos através do
módulo de consulta estatístico. Primeiramente, definimos os objetivos do módulo.
Objetivo Geral
O módulo tem por objetivo tratar estatisticamente os dados a partir de
determinada consulta à base de dados.
Específicos
i. Conhecer a existência de correlação entre os atributos da base;
ii. Criar um modelo a partir dos dados usando a estatística de regressão linear;
Conforme descrito no Capítulo 4 a construção da modelagem estatística tem a
mesma metodologia usada no módulo cadastro e consulta. Inicialmente temos a análise
do caso de uso que é o processo de examinar o conjunto de “Use Cases” para extrair
os Objetos e Classes do sistema sob desenvolvimento. Os Objetos e Classes podem
ser obtidos do detalhamento dos Cenários (instâncias de caso de uso).
5.1 Cenário para a Modelagem Estatística
O usuário inicia a aplicação do módulo de consulta e o sistema aguarda a
seleção para as consultas através de um formulário que possui as seguintes seleções:
i. Os anos a serem consultados;
ii. Os atributos pertinentes as categorias.
Após selecionados para a consulta o sistema permite filtrar esses atributos,
isto é, o usuário pode selecionar o atributo a ser consultado. O usuário após selecionar
este atributo executa a consulta gerando uma tabela referente a consulta realizada.
Após a geração desta tabela o usuário tem a possibilidade de gerar os cálculos e o
gráfico referente a estatística utilizada.
Exemplo de uma Lista de substantivos e sua classificação
Usuário – ator.
Data – Estado ou Atributos.
Idioma – Estado ou Atributos (que é selecionado quando aplicável)
96
Categoria – Estado ou Atributos (que é selecionado quando aplicável).
Endereço do anunciante – mesmo que nome do anunciante.
Lista de Objetos da Classe Consulta
Data – data do anúncio.
Idioma – Lista todos os idiomas já cadastrados.
Categoria – Lista todas as categorias.
Classe de Conhecimento – Lista todas as classes de conhecimento.
Classe de Características – Lista todas as classes de características.
Classe de Escolaridade – Lista todas os níveis de escolaridade.
Lista de Classes de Entidades presentes no Cenário “Consulta”
Data – data do anúncio.
Idioma – Lista todos os idiomas já cadastrados.
Categoria – Lista todas as categorias.
Classe de Conhecimento – Lista todas as classes de conhecimento.
Figura V.25 – Representação da entidade
Objetos pertencentes à Classe Interface são identificados examinando-se cada
par ator/cenário e criando-se as classes interfaces óbvias. Classes Interfaces também
são criadas para comunicação sistema/sistema e para descrever a escolha de
protocolos de comunicação.
Exemplos de classe interface
Deve ser apresentado ao usuário, quando a opção do caso de uso “Consulta”.
Para tanto, é criada a Classe “FormulárioDeConsulta” para permitir ao usuário
<<Entidade>> Consulta
97
selecionar a opção desejada. O usuário deve inserir no sistema as informações
referentes aos atributos selecionadas para consulta.
Conexões de Controle
Objetos pertencentes à Classe de Controle: nas classes de controle estão
contidas as informações de seqüência. Cada caso de uso deve ter uma Classe de
Controle, responsável pelo fluxo de eventos.
Para tanto, é criada a Classe “NomeCategoria”. Esta classe está referenciada,
para cada anunciante selecionado na Classe Interface “FormulárioDeConsulta” deve
executar as seguintes atividades:
Buscar na Classe Anunciante as categorias já cadastradas.
Figura V.26 – Objeto de controle
Diversos cenários assim como todas classes e interfaces dos sistemas podem
ser construídas. Através destes cenários também é possível a construção de uma série
de controle.
5.2 Casos de uso e cenários
O sistema permite que o usuário consulte além do anúncio propriamente dito,
as categorias, os conhecimentos, escolaridade, certificação, características. Também
poderá fazer consultas, gerar gráficos relativos a estas consultas e aplicar uma
metodologia estatística.
<<interface>> FormulárioDeConsulta
<<Controle>> NomeCategoria
98
5.3 Descrição e Identificação do Módulo Estatístico
5.3.1 Descrição e Identificação do Módulo
O módulo estatístico tem a função, essencialmente, de tratar estatisticamente
os dados de determinada consulta. Assim sendo, seus casos de uso podem ser
genericamente descritos como uma consulta (informações dependentes dos anúncios)
que constam dos anúncios. As consultas possíveis são os atributos da base e os casos
de uso e as suas respectivas descrições, são conforme os atributos da base.
Consultar anúncios
A descrição deste caso de uso permite abertura pelo sistema da janela de
consulta de anúncios. A consulta à base de dados foi dividida em duas janelas: a de
seleção dos atributos propriamente dito, isto é, a seleção dos anos e dos itens da
serem consultados, e a janela seguinte na qual há a filtragem dos itens dos atributos
dos anúncios, isto é, onde se permite a seleção do item/atributo a ser(em)
consultado(s). Nestas telas é possível ainda realizar novas consultas sem a
necessidade de retornar a tela inicial desde que a consulta seja do mesmo atributo. Por
exemplo, é possível consultar uma determinada categoria ou uma determinada
competência no sistema, gerar o gráfico ou os cálculos estatístico para regressão linear
e tornar a fazer nova consulta com outra categoria sem retornar à tela inicial.
O diagrama de classe do módulo consulta foi descrito no Capítulo 4. A
descrição a seguir é para a análise estatística já que as consultas simples e cruzadas
foram definidas ainda no Capítulo 4. O Diagrama de Classes do Módulo Consulta é
apresentado com a finalidade de situar o leitor da localização da análise estatística.
Figura V.27 – Módulo de con
Consulta
Consulta_Simples Consul
11
sulta - Análise
ta_Cruzada
Análise
99
5.4 Casos de uso e Cenários
Descrição do caso de uso “Análise”
O caso de uso apresentado no Diagrama será a “Análise”. Este caso de uso é
iniciado pelo usuário. Fornece os meios para o usuário efetuar uma análise estatística.
O caso de uso se inicia quando o usuário acessa o sistema através do módulo
de consulta, conforme já descrito. Após a consulta o sistema permite a geração dos
cálculos necessários para a análise estatística e posteriormente a geração da linha de
tendência no gráfico resultante da consulta.
Cenário Primário
iv. O usuário inicia a consulta selecionando os anos e a categoria;
v. O sistema propicia ao usuário filtrar a consulta, isto é, escolher a categoria que
deseja consultar. Após a seleção da categoria a ser consultada;
vi. O sistema emite uma tabela como resultado da consulta;
vii. O sistema propicia ao usuário gerar os cálculos para a análise estatística;
viii. Após a geração dos cálculos o sistema gera o gráfico de regressão linear com a
linha de tendência;
Cenário secundário
iii. O usuário inicia a consulta por categoria e informa os anos a serem consultados;
iv. O usuário gera a tabela;
v. O usuário tenta gerar o gráfico de regressão sem construir a tabela de cálculos;
Primeiramente a arquitetura desenvolvida avalia que análise estatística pode
ser implementada na ferramenta. A escolha de uma análise estatística tem como
objetivo a possibilidade de acompanhar o mercado de trabalho assim como criar um
modelo estatístico que possibilite a predição de determinada variável, caso seja
possível à realização desta predição que possui determinadas condições,
primeiramente se há correlação linear entre as variáveis envolvidas. Somente a partir
desta de conhecer a correlação há a validade do modelo. Esta decisão inicial recai
sobre a regressão linear, pois é usada por diversos pesquisadores no caso de estudos
sociais.
100
Classes de Objetos
Conforme definido no Capítulo 4, temos a Classe de controle e a Classe
interface como objetos de análise, inicialmente definiremos a classe de controle.
Classe Controle a principal função desta classe diz respeito a análise
estatística, pois só é possível a construção do modelo após a realização dos cálculos.
Isto proporciona ao usuário visualizar os cálculos necessários para a construção do
modelo. O usuário pode executar uma consulta e não gerar o modelo estatístico
correspondente a esta consulta. As classes de interface são as classes que interagem
com o usuário e são definidas conforme a seguir.
5.5 A interface
A interface do módulo estatístico, cuja implementação foi feita no âmbito do
presente projeto, é descrito a seguir.
Figura V.28 – Tabela gerada na ferramenta
O usuário tem a possibilidade, após a construção da tabela, de gerar uma tela
contendo os cálculos referentes a análise estatística e, a partir daí gerar gráfico
contendo a linha de tendência.
101
Figura V.29 - Tela dos cálculos de análise estatística
Análise da arquitetura
Conforme descrito no Capítulo 4 a análise da arquitetura adotada foi a SAAM
(Software Architecture Analysis Method) que analisa a descrição dos possíveis cenários
do sistema para o módulo estatístico. Os cenários descritos são simples, pois o não
cumprimento do cenário primário gera o cenário secundário, isto é, cenário pelo qual o
sistema não contempla a necessidade do usuário e emite uma mensagem de erro. A
seguir diversos resultados são apresentados através da implementação dos módulos
de consulta e estatístico simultaneamente.
5.6 Análise dos dados
Este item tem como objetivo apresentar a análise de alguns resultados
oriundos de consultas à base de dados através da implementação do módulo de
consulta e estatístico. A ferramenta apresenta diversos resultados sobre as categorias
profissionais de TI. A base de dados possui um total de 8.845 anúncios compreendidos
entre os anos de 1970 a 2002, conforme especificado na metodologia da coleta de
dados. A primeira análise a ser realizada sobre o comportamento do mercado de
trabalho de TI, no período da pesquisa, baseada em anúncios de jornal, é a demanda
da quantidade de anúncios.
102
5.6.1 Quantidade de anúncios
Conforme descrição anterior, a ferramenta possibilita consultar e construir o
gráfico na própria ferramenta ou exportar a planilha para o Excel, para possíveis
melhorias de gráfico ou outras análises estatísticas. Neste caso, para a construção do
gráfico para quantidade de anúncios, foi realizada uma consulta à base de dados e a
partir daí os dados são exportados para o Excel para a construção do gráfico. Diversas
análises são pertinentes com base nos atributos contidos nesta base, mas através da
quantidade de anúncios pode se mensurar o comportamento do mercado de trabalho
no período da pesquisa.
No período de 1970 a 1976 há uma quantidade de anúncios bem próximos:
neste período a informática não é utilizada no nível comercial. No período de 1979-
1982, há uma queda acentuada pela quantidade de anúncios neste período que
literaturas econômicas apontam para um período de recessão das atividades
econômicas.
De 1985-1992, há um aumento na quantidade de anúncios em relação ao
período anterior: é o inicio da inserção dos microcomputadores em diversas atividades
econômicas. O período de 1992-2000 foi o de maior crescimento na quantidade de
anúncios correspondendo ao período que diversos autores afirmam ser de maior
crescimento da área de informática.
TOTAIS DE ANÚNCIOS
314 231 23970 77
288 174 299 162
596
1106
16531993
1643
0
1000
2000
3000
1970 1973 1976 1979 1982 1985 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002
Anos
Quant.
Gráfico V. 1 – Quantidade de anúncios por ano
103
O Gráfico V.2 apresenta a quantidade de anúncios em porcentagem por ano
desde 1970 a 2002. No período de 1990-2002, temos um percentual de 84,3% dos
anúncios demandados na pesquisa, conforme explanações anteriores, o que
corresponde ao período de maior crescimento de TI.
Quantidade de Anúncios em %
3,6 2,6 2,70,8 0,9
3,3 2,0 3,41,8
6,7
12,5
18,7
22,5
18,6
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
1970 1973 1976 1979 1982 1985 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002
Anos
%
Gráfico V. 2 – Quantidade de Anúncios em %
5.6.2 Características
O Gráfico V.3 ilustra a demanda pelas competências sociais e de negócios,
mostrando que as competências sociais estão sendo mais valorizadas do que as
competências de negócio.
Gráfico V. 3 – Competências de negócios e sociais
O Gráfico V.4 ilustra a demanda pelas competências técnico-profissionais que
em comparação com o gráfico V.3 mostra que a competência técnico-profissional está
104
sendo mais valorizada do que as outras competências.
Gráfico V. 4 – Competência técnico-profissional
A classe de características competência-Outros foi criada para as
características não definidas por Fleury e Fleury (2000). Nota-se, portanto, a
valorização pela disponibilidade do profissional, isto é, disponibilidade de viagem,
disponibilidade de horário, entre outras.
Gráfico V. 5 – Competência - Outros
5.6.3 Nível de escolaridade
O Gráfico V.6 aponta o nível de escolaridade mais demandada para as
categorias de TI. O nível de escolaridade terceiro grau é mais demandado.
105
Gráfico V. 6 – Demanda por nível de escolaridade
Nível de Escolaridade Segundo Grau
O nível de escolaridade segundo grau tem uma demanda de acordo com a
demanda de anúncios em todos os períodos. De 1996-2002, há uma demanda quase
que constante para este nível de escolaridade, indicando que, por exemplo, não há
necessidade de crescimento nesta formação.
Gráfico V. 7 – Demanda segundo grau 1970-2002
Nível de Escolaridade Terceiro Grau
O nível de escolaridade terceiro grau tem uma demanda de acordo com a
demanda de anúncios. Em todos os períodos em que houve crescimento da demanda
de anúncios também há um crescimento na demanda do nível de escolaridade terceiro
grau.
106
Gráfico V. 8 – Demanda Terceiro Grau 1970-2002
Nível de Escolaridade Mestrado
Também é importante ilustrar o crescimento de demanda por profissionais de
nível de escolaridade que possuam mestrado em 1990, em 1992 não há demanda para
esta escolaridade; já em 2002 há uma demanda de dezenove profissionais para esta
escolaridade.
Gráfico V. 9 – Escolaridade – Mestrado
5.6.4 Conhecimentos
Os conhecimentos demandados para os profissionais de TI têm grande
importância, por exemplo, através destes conhecimentos as instituições de ensino
podem construir seus currículos ou a avaliação dos mesmos. Este trabalho não propõe
que a lógica de mercado seja reguladora do sistema de ensino como apregoam muitos
na mídia, mas também mostra quais os conhecimentos estão sendo demandados e
107
que também é função da instituição de ensino estar em consonância com o mercado de
trabalho na qual a instituição está inserida. O Gráfico V.10 ilustra os conhecimentos
mais demandados desde de 1970. A classe de conhecimento Linguagem de
programação é a mais demandada para o Rio de Janeiro.
Classes de Conhecimento
321 3401.189 1.258 1.977 2.493
3.2944.235
7.5048.378
0
4000
8000
12000
Ferra
men
taC
AS
E
Met
odol
ogia
Pro
gram
asG
ráfic
os
Sof
twar
e de
Apl
icaç
ão
Red
es
Aut
omaç
ãoE
scrit
ório
Equ
ipam
ento
s
Sis
tem
asO
pera
cion
ais
Ban
co d
eD
ados
Ling
uage
m d
eP
rogr
amaç
ão
Demanda
Gráfico V. 10 – Classes de conhecimento
A Tabela V.2 ilustra as três subclasses do conhecimento mais demandadas no
período de 1990-2002, equivalendo a um total de 91% da demanda neste período.
Isto mostra que os conhecimentos baseados em Orientação a Objetos ou
Eventos, Procedural, Internet são as demandadas da classe Linguagem de
Programação, nesta base de dados.
108
Tabela V.11 – Classes linguagem de programação 1990-2002
Tabela V.12 – Classes mais demandadas 1990-2002
Gráfico V. 11 – Subclasses – linguagem de programação
109
5.6.5 Hierarquia
O Gráfico V.12 gerado na própria ferramenta, mostra a hierarquia das
categorias profissionais de TI. Baseados nos classificados de jornal, para as categorias
profissionais de TI, a hierarquia mais demandada é a Básica. Esta hierarquia se
mantém como a de maior demanda ao longo do período da pesquisa, conforme o
gráfico abaixo independente do período pesquisado, pois os resultados se mantêm da
mesma forma seja de 1970-1970 ou 1982-1985 ou de 1990-2002.
Gráfico V. 12 – Hierarquia 1970-1979
Gráfico V. 13 – Hierarquia de 1982-1988
110
Gráfico V. 14 – Hierarquia de 1990-2002
5.6.6 Fases do trabalho
O Gráfico V.15 ilustra a evolução das fases do trabalho, porém nesta consulta foi
usada a possibilidade de exportar a tabela para o Excel. O exemplo utilizado para este
gráfico contempla as seis fases do trabalho mais demandadas. A fase do trabalho mais
demandada no período de 1970-2002 para os profissionais de TI é de
Desenvolvimento, conforme também afirma pesquisa realizada pela empresa Mayer e
Bunge, descrita no Capítulo 2. A fase do trabalho que segue ao desenvolvimento é de
Produção. A terceira fase do trabalho mais demandada pertinente para a área de TI é
Suporte-Manutenção. Cabe ressaltar que a Fase Treinamento no período de 1990-2000
tem uma demanda expressiva, significando que este é um segmento promissor para
profissionais de TI.
111
Fases do Trabalho
101 121 532
2.013 2.213
5.310
0
2.000
4.000
6.000
Treina
mento
Desen
volvi
mento
Demanda
Gráfico V. 15 – Evolução das fases do trabalho (1970-2002)
As subclasses – desenvolvimento
Como a fase do trabalho desenvolvimento é a mais demandada, é importante
pesquisar quais as subfases são as mais exigidas pelas categorias de TI. Também é
objeto de análise a pesquisa realizada pela empresa Mayer e Bunge sobre os
desenvolvedores, confirmando que este segmento é o mais demandada de TI,
indicando para o Rio de Janeiro um mercado de maior demanda baseados em
classificados de anúncios de jornal.
Fase do Trabalho - Desenvolvimento
2 5 7 3 741 21 2514 19
4317 25
8138
66 47100
307
118
187
292
421
533
449
6628
179
319296
163 115
418
239
28 5222
50 4625
5690100
200
300
400
500
600
1970 1973 1976 1979 1982 1985 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002
Anos
Demanda
Desenvolvimento Desenvolvimento/Análise Desenvolvimento/Programação
Gráfico V. 16 – Subfase de desenvolvimento
112
5.6.7 Quantidade de categorias demandadas
O Gráfico V.17 ilustra a quantidade de categorias demandadas entre 1970-
2002, isto é, em 1970 foram demandadas nove categorias profissionais, em 1990 foram
demandadas quarenta e quatro categorias: em 2000 temos 241 categorias e em 2002
cento e oitenta e três categorias. Há uma diversidade de categorias, o que dificulta a
classificação destes profissionais e acarreta o não delineamento das necessidades,
como por exemplo, dos conhecimentos necessários para estes profissionais.
De 1970-1979 praticamente o mercado de trabalho não tem alterações com
relação à quantidade de categorias. Neste período as categorias se caracterizam pela
fase artesanal e a sistêmica Rapkiewicz (1998).
No período de 1985-1990, o número de categorias é praticamente estável,
porém, em relação ao período anterior este acréscimo não é devido ao aumento tão
expressivo do número de categorias e sim pelas transformações que as categorias
sofrem neste período, em relação às denominações que são alteradas para supervisor
de digitador, diferente de CPD, aumentando a hierarquização entre as categorias.
Quantidade de Categorias por Ano
9 7 13 12 1745 43 44 34
6091
157
241
183
0
50
100
150
200
250
300
1970 1973 1976 1979 1982 1985 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002Ano
Qtd de Categorias
Gráfico V. 17 – Quantidade categorias por ano
5.6.8 As categorias
A ferramenta possibilita consultar as categorias mais demandadas em qualquer
período, pois a base de dados possui um total de mais de trezentas categorias
cadastradas, porém, com o objetivo de melhor visualização do gráfico gerado na
ferramenta optou-se pela construção do gráfico com as cinco categorias mais
demandadas. O gráfico abaixo mostra as categorias mais demandas por ano no
113
período de 1990 e 2002.
Categorias mais Demandadas
A categoria Programador é mais demandada em todos os anos. A segunda
categoria mais demanda é de Operador e, em seguida, a categoria Analista-
Programador, que surge a partir de 1990 e é oriunda de mudanças no mercado de
trabalho que demanda profissionais que possuam conhecimentos de analista de
sistema e programação.
Gráfico V. 18 - Categorias mais demandadas
5.7 Metodologia estatística – regressão linear
Conforme descrito no Capítulo 4 a categoria Programador foi a mais demandada
na base de dados baseada em anúncios de jornal, como exemplo, foi usada para a
aplicação da metodologia estatística de regressão linear.
Categoria programador
O Gráfico V.19 ilustra o comportamento da Categoria Programador no período de
1970-2002. Conforme explicitada anteriormente, a ferramenta possibilita traçar o gráfico
de barras (V.19) e por pontos (V.20) de acordo com gráficos a seguir:
114
Gráfico V. 19 – Comportamento da categoria programador
Gráfico V. 20 – Comportamento da categoria programador
Regressão linear
O objetivo desta análise é construir um modelo de regressão linear que relacione
o ano (X) e a demanda da categoria Programador (Y). Observamos que a demanda
pela categoria não pode ser controlada, porém pode ser prevista. O procedimento
adotado consistiu em consultar através dos anos (X) e a demanda pela categoria
Programador (Y) através da interface de consulta do sistema.
115
Coeficiente de determinação
A grandeza r2 denominada coeficiente de determinação Freund (2000) define
como o percentual do modelo que pode ser representado por uma regressão linear. O
coeficiente de determinação pode ser interpretado como a proporção da variação total
na variável y que é explicada na reta de regressão.
Com o objetivo de quantificar o relacionamento linear entre X e Y, visualizado a
partir da análise do digrama de dispersão, o sistema calcula o coeficiente de correlação
amostral entre X e Y. O coeficiente de correlação foi de r= 0,97, conforme a Figura V.6,
que mostra que existe uma forte correlação positiva entre as variáveis.
O sistema calcula também o coeficiente de determinação que mede a
proporção da variável independente no modelo de regressão, o resultado foi de r2 =
0,94, que significa que 94% deste modelo pode ser representado pela regressão linear,
isto é, a demanda da categoria programador no período de 1990-2000 pode ser
explicado por este modelo.
Ajuste da equação de regressão e adequação do modelo
Construir um modelo de regressão linear, de Y sobre X, consiste em obter, a
partir dos valores consultados na base de dados, uma reta que melhor represente a
verdadeira relação entre essas variáveis. A determinação dos parâmetros desta reta é
determinada ajustamento. Estimando-se os valores dos parâmetros da equação de
regressão linear simples, pelo método de mínimos quadrados, o sistema obtém a
seguinte equação: Y = 96,94 x – 78,13.
116
Figura V.30 – Tela de geração dos cálculos
Gráfico da reta de regressão – linha de tendência
Quando o modelo de regressão é escolhido, em uma pesquisa, deve-se
verificar a que propósito se destina. Neste trabalho se tem o objetivo de conhecer a
tendência do mercado de trabalho nos vários atributos que compõem a base, assim
como o exemplo da metodologia é o comportamento do mercado de trabalho com a
categoria Programador. As características do modelo podem não se ajustar aos dados
da amostra, logo se torna necessário uma investigação da aptidão do modelo.
Para avaliar se a reta de regressão ajustada no Gráfico V.21 pode ser
empregada com base em futuras análises, é de grande valia a introdução na ferramenta
a possibilidade de avaliação, através da análise de resíduos. Neste gráfico os resíduos
devem estar situados aproximadamente em torno de uma faixa horizontal. A análise
destes gráficos, e dos testes realizados, não indicou a presença de quaisquer
inadequações do modelo de regressão, porém foram utilizados os recursos do Excel.
Diversos pressupostos do modelo de regressão devem ser considerados:
117
i. Analisando o Gráfico V.21, não são percebidas quaisquer indicações de que os
pressupostos de linearidade e homocedasticidade47 tenham sido violados pelo gráfico;
ii. Outro pressuposto a ser considerado na construção de um modelo de regressão
linear é a independência dos resíduos. Esse pressuposto é, geralmente, violado quando
os dados são de origem ao longo do período seqüencial de tempo, uma vez que o
resíduo, em qualquer tempo, pode tender a ser idêntico a resíduos em quaisquer
pontos adjacentes no tempo Netter, et al., (1996).
A análise de regressão baseia-se, também, em que erros seguem uma
distribuição normal. A condição de normalidade dos resíduos não é necessária para a
obtenção dos estimadores de mínimos quadrados, mas é fundamental para a definição
de intervalos de confiança e teste de significância. Ou seja, na falta de normalidade, os
estimadores são não-tendenciosos, mas os testes não têm validade, principalmente em
amostras pequenas. Entretanto, pequenas fugas da normalidade não causam grandes
problemas Neter, et al., (1996).
47 Homocedasticidade é a variância constante dos resíduos. Esta é uma propriedade fundamental, que deve ser garantida, sob pena de invalidar toda a análise estatística. Fonte: http://www.inf.unisinos.br/~gonzalez/valor/inferenc/pressup/homoceda.html
118
Gráfico V. 21 – Linha de tendência
Diversos estudos realizados sobre categorias profissionais de TI apontam para
um crescimento de demanda destes profissionais, porém não explicita em quais
segmentos de TI para o Rio de Janeiro, por exemplo, são mais promissores. A pesquisa
realizada através de anúncios de jornal aponta que o Rio de Janeiro tem a vocação na
área de TI para o segmento de Desenvolvimento e, principalmente, para Programação.
Diversas outras consultas, e a partir outras análises, poderão ser realizadas através
desta base. Outras categorias profissionais estão surgindo que têm uma trajetória que
está apenas iniciando.
119
Capítulo 6
6. Considerações Finais
Esta dissertação teve por objetivo a disponibilização de uma ferramenta para
acompanhamento do mercado de trabalho na área de tecnologia da informação a partir
da fonte de dados anúncios de oferta de emprego em um jornal de grande circulação.
Alguns resultados, contribuições, as limitações e sugestões de trabalhos futuros são
descritos a seguir.
6.1 Principais Resultados do Trabalho
A partir da construção da ferramenta, através dos módulos de cadastramento e
consulta, o cruzamento e análise dos dados coletados para validação do modelo
proposto, é possível acompanhar, diagnosticar, por exemplo quais as categorias
profissionais, conhecimentos, características, entre outros atributos mais demandados
no mercado de trabalho de TI, no Rio de Janeiro, ao longo de trinta anos.
As informações extraídas são um retrato da demanda por profissionais na área
de Tecnologia de Informação, no Estado do Rio de Janeiro. A partir das mesmas, pode-
se definir políticas de formação de recursos humanos com base em dados consistentes,
definindo assim a importância da existência deste tipo de ferramenta.
6.2 Contribuição
Este trabalho pretende contribuir com dados e subsídios para responder a
diversos questionamentos com relação ao acompanhamento do mercado de trabalho
de TI, no Estado do Rio de Janeiro. Questionamentos estes que podem ser realizados
da seguinte forma. Quais as categorias profissionais existentes no mercado? Que
conhecimentos e habilidades estas demandam? Este acompanhamento permite que
instituições de ensino tenham dados referentes ao mercado de trabalho de TI.
Tais levantamentos dariam subsídios ao Estado para definir um conjunto de
estratégias nas diferentes áreas de atuação, para obter seu desenvolvimento
econômico e social. Isto é particularmente importante dada a vocação do Estado do Rio
de Janeiro na formação de recursos humanos em tecnologia de informação
120
(concentração de cursos de nível superior e de níveis técnicos), e no desenvolvimento
de software em centros universitários e em empresas, sendo também um centro do
programa Softex. Pelas justificativas acima, a ferramenta se transforma num
instrumento que possibilita qualquer consulta e assim permite a tomada de decisões
baseadas em dados coletada de uma determinada fonte de informação.
A categoria mais demandada na área de TI no período da pesquisa é de
Programador, sendo, portanto, de grande valia para ilustrar a tendência do mercado do
Rio de Janeiro pela área de desenvolvimento de software, assim como a fase do
trabalho mais demandada também é a de Desenvolvimento.
A ferramenta possibilita analisar não somente o mercado de trabalho na sua
essência e sim os resultados e as análises posteriores que possibilitam que outros
setores da sociedade analisem os dados deste mercado e a possível influência, como
por exemplo, nas políticas econômicas, industriais, entre outras.
6.3 Limitações e Dificuldades Encontradas
A categorização dos profissionais de TI é bastante abrangente pois estes
profissionais permeiam todos os segmentos da sociedade e a definição dos trabalhos
destes profissionais também
O trabalho possui dificuldades em diversos aspectos:
i. Na coleta de dados à fonte nos anos de 1970 e parte dos anos 80 só são
encontrados estes exemplares na Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro) num único local
como fonte de consulta;
ii. Com relação aos anúncios propriamente ditos as informações contidas nem
sempre retratam a real necessidade;
iii. Ainda com relação aos anúncios, as especificidades de cada empresa;
iv. As diversas nomenclaturas usadas pelas empresas para os diversos
profissionais, conhecimentos entre outros, para mesmo significado.
121
6.4 Estudos Futuros
A proposta de continuidade de estudos neste trabalho tem segmentos bem
distintos, como a melhoria da ferramenta até a disponibilidade na Internet, como segue:
i. A ferramenta desenvolvida mostra a possibilidade de acompanhar apenas um
segmento do mercado de trabalho, isto é de TI, porém é possível a continuidade de se
desenvolver uma ferramenta mais genérica e flexível para acompanhamento do
mercado de trabalho de diversas categorias a partir de anúncios de jornal no Estado do
Rio de Janeiro;
ii. A disponibilidade desta ferramenta na Internet possibilitará que outros segmentos
da sociedade tenham acesso a estes dados;
iii. A continuidade com relação ao tratamento estatístico dos dados e da
possibilidade de outros tratamentos, como por exemplo, análise temporal, regressão
múltipla.
iv. A implementação na ferramenta do requisito de integridade, pois possibilitará a
proteção contra a adulteração dos dados quando esses são transferidos ou
armazenados nos diversos níveis do sistema.
v. O sistema ora implementado não possui qualquer política de definição de
privilégios de acessos, isto é, não há controle de acesso, porém para novas
implementações no sistema deverá permitir a implementação de classes de operadores
e normas de divulgação da informação.
vi. Considerando-se as limitações da fonte de dados utilizada, confrontar os
resultados obtidos na base de dados com as demandas dos empregadores utilizando-
se algum método de busca de consenso, como Delphi e relacionados.
122
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Mestrado, 2003, 173p.
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129
ANEXO 1 – CLASSES DE CONHECIMENTOS
A área de TI, conforme definido anteriormente, é oriunda de uma convergência
tecnológica, assim como ocorreu nas categorias de TI, o conhecimento requerido dos
profissionais de TI, através dos anúncios tem uma grande diversidade e como
conseqüência à construção de agrupamentos das classes de conhecimento,
possibilitando uma melhor definição dos tipos de conhecimento solicitados destes
profissionais. A classe de conhecimentos é referente aos tipos de tecnologia e/ou
produtos, como por exemplo, “Banco de dados” ou tipo de serviço relacionado com o
conhecimento, como por exemplo ”suporte a banco de dados”.
Os conhecimentos solicitados são os mais abrangentes possíveis dentro das
áreas de software, hardware e metodologias, sendo portanto necessária a construção
de classes e subclasses sob algum aspecto ou critérios. A construção das classes e
subclasses do conhecimento tem sido objeto de consideração. A questão do tempo em
que estes conhecimentos foram solicitados, pois determinados conhecimentos como
equipamentos, linguagens de programação assim como softwares têm um processo de
inovação, difusão e depois de determinado período são ultrapassados por outras
tecnologias.
A classe de conhecimento Automação de Escritório foi construída para
absorver os conhecimentos que estejam relacionados ao ambiente de escritório do
computador como afirma Pressman (1995) "Software de Computador Pessoal (...) “processamento de textos, planilhas eletrônicas, computação gráfica, diversões, gerenciamento
de dados, aplicações financeiras pessoais e comerciais, redes externas ou acesso a bancos de dados
são apenas algumas das centenas de aplicações”
De fato, o software de computador pessoal continua a representar os mais
inovadores projetos de interface com seres humanos de toda a indústria de software”.
Seguindo a definição do Pressman (1995) várias subclasses foram propostas
para a classe Automação de Escritório como seguem:
" Editor de Texto: foi construído para contemplar os conhecimentos para os
profissionais que executam trabalho com programas editores de texto, como por
exemplo, Carta Certa, WordStar, Microsoft Word.
130
" Internet: são os conhecimentos relativos aos usuários de escritório que usam a
Internet, como por exemplo, programas de e-mail48, chats49.
" Planilha Eletrônica: são softwares usados para a construção de planilhas de
cálculos e temos como exemplo Visicalc, Lotus 123, Quatro Pró, Excel, entre
outros.
" Software de Apresentação: os softwares de apresentação são utilizados pelas
empresas, instituições de ensino para como exemplo, citamos o software power
point.
" Workflow: são programas que permitem construir organogramas, fluxogramas e
fluxo de documentos tarefas como exemplo citamos o software Flow.
A classe de conhecimento Banco de Dados foi construída para abranger todos
os conhecimentos nesta área de TI. Elmasri e Navathe (1994) indicam as etapas para a
construção de um banco de dados que são: definição, construção e manipulação. Para
cada etapa são necessários conhecimentos específicos. As subclasses do banco de
dados dizem respeito a etapas do trabalho com os mesmos ou produtos:
" A subclasse Administração se refere conforme cita Date (2000), aos
conhecimentos necessários à administração dos bando de dados o autor afirma
ainda que “implica que haverá na empresa alguma pessoas identificável que
tenha responsabilidade central pelos dados” Este profissional é o
Administrador de Dados. (...) tendo em vista que os dados constituem um dos
bens mais valiosos da empresa, é imperativo que deva existir alguma pessoa
que entenda esses dados e as necessidades da empresa com relação a esses
dados, em um nível elevado de administração. (...) Observe que o administrador
de dados não é um técnico (...) o técnico responsável pela implementação das
decisões do administrador de dados é o administrador de banco de dados. (...)
O trabalho do DBA50 é criar o banco de dados propriamente dito e implementar
os controles técnicos necessários para pôr em prática as várias decisões sobre
normas tomadas pelo administrador de dados. O DBA também é responsável
por assegurar que o sistema operará com desempenho adequado e por
oferecer uma ampla variedade de outros serviços técnicos. 48 Email serviço de correio eletrônico para enviar mensagens, arquivos. 49 Programas de chats de conversação em texto, voz, vídeo. 50 Sigla para administrador do banco de dados, amplamente utilizada no linguajar do mercado (Date, 2000,p. 14)
131
" A subclasse Desenvolvimento tem como definição para Date (2000) “os
usuários do banco de dados são os programadores de aplicação, os
usuários finais, e os administradores de banco de dados e
administradores de dados”. O trabalho de desenvolvimento de um banco de
dados compreende, por conseguinte, a interação dos programadores de
aplicação e dos administradores de dados e do banco de dados. Tal trabalho é
distribuído nas fases de modelagem e implementação do banco, já
apresentadas anteriormente, assim como a implementação das aplicações. A
implementação do banco de dados é tarefa do Administrador do Banco de
Dados enquanto que a implementação das aplicações ocorre sob a
responsabilidade dos programadores de aplicação. Tais atividades podem ser
compreendidas como "desenvolvimento" do banco de dados.
" A subclasse Corporativos são classificadas conforme Kroenke (1997), de
acordo com o número de usuários, em: Pessoal (1 usuário), Grupo de Trabalho
(menos de 25 usuários), Corporativo (centenas de usuários) e Multimídia (talvez
centenas de usuários).
" A subclasse Linguagem Date (2000) Um Sistema Gerenciador de Banco de
Dados (SGBD) corresponde a um software. Desta forma é executado sob um
determinado Sistema Operacional. Assim, dependendo do sistema operacional,
há variantes relativas ao tipo de linguagem possíveis de serem utilizadas. Por
exemplo, se o SGBD é implementado sob a arquitetura "Cliente/Servidor", a
linguagem utilizada para acesso ao SGBD varia conforme a disponibilidade de
linguagens com possibilidade de conexão com o mesmo. Além disso, as
linguagens variam de acordo com o modelo no qual o SGBD foi implementado
(Hierárquico, Rede, Relacional etc.). Tomando como base um SGBD
Relacional, a linguagem padrão é a SQL. Via de regra, há três subsistemas que
integram um SGBD, o de definição de dados (DDL), o de manipulação de dados
(DML) e o de manutenção do banco de dados. As linguagens para banco de
dados devem contemplar as finalidades desses três subsistemas.
" A subclasse Simples são sistemas de fácil construção, execução e uso. É
definido por Date (2000) e Kroenke (1997) " (...) ao passo que os sistemas de
132
máquinas menores ('sistemas pequenos') , tendem a ser de usuário único" "
Pessoal (1 usuário)"
" A subclasse SQL Date (2000) está ligada especificamente à linguagem padrão
para bancos de dados relacionais e não para produtos, como por exemplo,
Microsoft SQL,.
" A subclasse Suporte Date (2000) Atividades atinentes ao DBA.
A classe de conhecimentos Equipamentos foi construída para contemplar as
diferentes plataformas da área de informática e inclui as seguintes subclasses.
" A subclasse Mainframe: os computadores mainframes são máquinas de
grande porte, com velocidades de processamento e capacidade de
armazenamento bastante elevadas. São utilizadas em grandes organizações
como bancos, companhias de seguros e centros de pesquisa.
" A subclasse Mecanografia: foi criada porque em determinado período da
pesquisa esses conhecimentos eram freqüentes em anúncios da área de
informática.
" A subclasse Periférico: são os equipamentos periféricos ao hardware> Temos,
como exemplo, impressoras, vídeos, teclados, mouse, scanner, entre outros.
" A subclasse Plataforma Baixa: refere-se aos microcomputadores.
" A subclasse Plataforma Média: se refere aos minicomputadores e estações de
trabalho. São computadores de médio porte adequados a tarefas, como por
exemplo, o controle de processos industriais. Com o aparecimento e posterior
desenvolvimento dos microcomputadores, a distinção entre estas duas
categorias é cada vez menos clara.
" A subclasse Portátil: inclui os “notebooks51”, ou laptops52.
" A subclasse Supercomputador: os supercomputadores são máquinas de
grande porte capazes de processar grandes quantidades de informação a uma
velocidade bastante elevada. Estes computadores são de âmbito específico,
realizando um grupo de tarefas reduzidas.
51 notebook - (caderno universitário em inglês) 52 laptop - (“lap em inglês, significa colo. Daí o nome, já que estes equipamentos podem ser facilmente colocados no colo de seus usuários” (Norton, 1996,p.32).
133
A classe de conhecimento Ferramenta CASE refere-se às ferramentas de
auxílio ao projeto de sistemas baseados em computador ou seja Pressman (1995)
refere-se a acompanhamento de projetos de software de forma automatizada.
A classe de conhecimento Linguagem de Programação, segundo Sebesta
(2000) as linguagens de programação são classificadas como: Imperativas, Funcionais,
Lógicas e Orientadas a Objetos. Uma outra distinção precisa ser elaborada no sentido
de analisar os ambientes de programação ou ambientes de desenvolvimento rápido,
visto que não podem ser considerados como simples linguagens de programação.
Sebesta (2000) conceitua tais ambientes como sendo “um conjunto de ferramentas
usadas no desenvolvimento de software”.
As linguagens Imperativas são aquelas cujo projeto se ajusta perfeitamente ao
modelo da máquina de Von Neuman, ou seja, programas e dados armazenados em
memória, canalização entre a memória e a unidade central de processamento,
comandos de atribuição e de interação. Exemplos dessas linguagens de programação
são Fortran, Cobol, Algol, Basic, C e Pascal.
As linguagens Funcionais são aquelas cujo principal meio de computar é
aplicando funções a determinados parâmetros. A programação pode ser feita em uma
linguagem funcional sem que o programador utilize dos recursos próprios das
linguagens imperativas. Um exemplo dessas linguagens é LISP.
As Linguagens Lógicas são aquelas nas quais os programas são escritos na
forma de lógica simbólica e se utilizam de processos de inferência lógica para produzir
resultados. Os programas de computador escritos em linguagens lógicas são
declarativos e não baseados em procedimentos, ou seja, a especificação do resultado
desejado é declarada ao invés de procedimentos detalhados para obtê-lo. As
linguagens lógicas também são referenciadas como linguagens de programação lógica
ou linguagens declarativas. Um exemplo desse tipo de linguagem é PROLOG.
As Linguagens Orientadas a Objetos são aquelas que oferecem três recursos
chave: tipos de dados abstratos, herança e vinculação dinâmica. Um exemplo desse
tipo de linguagem é o SMALLTALK.
" A subclasse Baixo Nível contempla os programas denominados de baixo pois
são definidos por diversas literaturas como uma linguagem mais próxima ao
hardware, isto é, a máquina por exemplo Assembly.
134
" A subclasse Internet inclui linguagens voltadas para desenvolvimento de
aplicações para Internet. Como exemplo citamos, HTML, ASP, PHP.
" A subclasse OO (Orientação a Objetos) ou Eventos, Vide definição geral de
Linguagens de Programação referente à linguagem OO.
" A subclasse Procedural Vide definição geral de Linguagens de Programação
referente a linguagens imperativas
A classe Metodologia foi criada com o objetivo de monitorar o desenvolvimento
e construção de determinado produto de TI e a metodologia constitui numa abordagem
organizada para atingir objetivos, através de passos preestabelecidos. Conforme
abordado anteriormente, através do ciclo de desenvolvimento do produto de TI a
metodologia é um roteiro para desenvolvimento o estruturado de projetos, sistemas ou
software.
No desenvolvimento de software, a metodologia não é uma técnica tão somente,
pois se utiliza qualquer técnica para o desenvolvimento de projeto, sistema ou software,
de acordo com a preferência e competência da equipe multidisciplinar envolvida. Como
exemplo de técnicas, podem ser utilizadas a Análise Estruturada, Análise Essencial,
Análise Orientada a Objetos entre outras técnicas e suas respectivas ferramentas.
Assim a classe de conhecimentos Metodologia tem como objetivo o
acompanhamento das metodologias empregadas ao longo do tempo pelas categorias
profissionais.
A classe Programas Gráficos são os softwares que são utilizados para os
segmentos de gráficos e tem diversas aplicações desde softwares de autoria até
Internet e possui as seguintes subclasses:
A subclasse Autoria: são definidos como um processo para integrar vários
elementos de mídia (nós de informação) para criar um programa interativo (aplicativo
hipermídia). Softwares classificados como “de autoria” (Paula, 2000) permitem, com
certa facilidade, a montagem de programas específicos para determinado conteúdo,
tanto aqueles destinados à utilização independente da rede quanto aqueles que
prescindem da Internet como ambiente de trabalho. Os softwares de autoria mais
comuns são o Toolbook da Asymetrix53, os da Macromedia54, o Director e o Authorware.
53 Empresa que comercializam softwares de autoria.
135
A subclasse CAD: os softwares de CAD (“Computer Aided Design” – Projeto
Auxiliado por Computador) são softwares identificados como uma sub-área da
computação gráfica dedicada à manipulação de desenho técnicos e projetos.
A subclasse Computação Gráfica: os softwares de computação gráfica são
originalmente não de cálculos de computação, mas sim de imagens como, por exemplo,
3D Studio, 3D Max. Esta subclasse contempla os softwares gráficos que não podem ser
classificados nas demais subclasses.
A subclasse Editoração Eletrônica: são softwares conforme define (Norton,
1996) usados para layout sofisticado, o software incorpora textos, gráficos, design. Os
softwares de editoração eletrônicos integram projetos, composição e arte final numa só
tarefa e controlada por um só usuário. São exemplos de softwares de editoração
eletrônica como Publisher, Ventura, QuarkXpress, Microsoft Publisher, Page Maker.
A subclasse Internet: são os softwares que são usados para a construção de
interfaces de home pages55. Esta subclasse refere-se a pacotes como Front Page
Linguagens de marcadores foram classificados na classe de linguagens de
programação sub classes Internet
A classe de conhecimentos Redes: definida com uma interligação de dois ou
mais computadores por si mesmos através de interfaces, compartilhamento de
recursos, dispositivos de hardware, software e cabos. A classe Redes, devido a esta
complexidade de interligação entre softwares, hardwares e periféricos acarretou numa
subdivisão destes conhecimentos como mostra a seguir:
A subclasse Administração: refere-se aos conhecimentos que Thomas (1997)
define como “ entender o sistema, manter backups, manter a segurança, gerenciar
impressão, avaliar e manter aplicativos, monitorar as funções da rede para a máxima
eficiência”.
" A subclasse Comercialização: refere-se aos profissionais que têm
conhecimento técnico de rede associados à comercialização de softwares e
equipamentos.
54 Empresa que comercializam softwares de autoria. 55 Home pages – páginas pessoais ou de empresas que estão disponíveis na internet.
136
" A subclasse Comunicação de Dados: transferência eletrônica de dados entre
computadores.
" A subclasse Desenvolvimento: Thomas (1997) apresenta diversas atividades
que concernem aos profissionais de desenvolvedores de redes com “análise
das instalações lista de configurações, análises das necessidades, estruturas
de diretórios do servidor”.
" A subclasse Infraestrutura: são conhecimentos necessários aos profissionais
de TI sobre os equipamentos e infraestrutura lógica e física necessários para o
funcionamento de uma rede.
" A subclasse Protocolo: é definido por Soares (1995) como um conjunto de
regras e formatos (semântica e sintaxe), através dos quais informações ou
dados do nível N são trocados entre as unidades do nível N localizados em
sistemas distintos Refere-se a conhecimentos da forma de comunicação entre
as máquinas de sistemas distintos Soares (1995) define como protocolo a ”
linguagem" usada pelos dispositivos de uma rede de modo que eles consigam
se entender, isto é, trocar informações entre si. Uma rede pode usar diversos
protocolos, como o TCP/IP, o NetBEUI e o IPX/SPX, entre outros.
" A subclasse Sistema Operacional: diz respeito aos sistemas operacionais de
rede. Soares (1995) define como os sistemas operacionais de rede que têm um
“conjunto de funções básicas e de uso geral necessárias à operação das
estações... o gerenciamento do acesso ao sistema de comunicação”, também
Thomas (1997) define que sistema operacional de rede “é um software que
proporciona uma plataforma de serviços de menor nível compartilhados por
vários aplicativos”.
" A subclasse Suporte: refere-se aos conhecimentos dos profissionais que
mantém a rede em funcionamento sob ponto de vista de hardware e software.
Conhecimentos para a manutenção de componentes de uma rede.
" A subclasse Telecomunicações: em determinados períodos da informática aos
profissionais de rede eram solicitados conhecimentos em telecomunicações.
" A subclasse Teleprocessamento: Silveira (1991) define teleprocessamanto “a
troca de informações em sistemas de computação utilizando as facilidades das
telecomunicações”. Na primeira fase da evolução do teleprocessamento, os
137
hardwares e os dispositivos de entrada e saída eram mantidos num mesmo
ambiente, com a evolução ocorrem à descentralização estando os
equipamentos em locais distintos. Os conhecimentos relativos a
teleprocessamento foram agrupados quando explicitado no anúncio.
" A subclasse Sistemas Operacionais: tem por objetivo contemplar estes
conhecimentos que é definido por Soares (1995) como “um software composto
de um conjunto de rotinas que fornecem serviços básicos de uso geral que
simplificam a utilização dos recursos de hardware de uma maquina”. As
subclasses de sistemas operacionais dizem respeito as plataformas de
hardwares nas quais funcionam os sistemas. Nesta classe os profissionais têm
os conhecimentos necessários para que os sistemas gerenciem o ambiente
informatizado.
" A subclasse Job: refere-se a um sistema interpretador usado em computadores
de grande porte.
" A subclasse Mainframe: são os sistemas operacionais relativos aos
mainframes.
" A subclasse Plataforma Média e Plataforma Baixa: são os sistemas
relacionados aos equipamentos citados na seção de equipamentos tanto de
plataforma média ou baixa.
" A subclasse Unix-like: abrange são os sistemas operacionais de plataformas
abertas.
A classe Softwares de aplicação são os softwares de aplicações específicas
para determinado segmento de mercado.e as subclasses referem-se às áreas de
aplicação como seguem: Automação Comercial ,Automação Industrial, Gestão, Internet, Serviços, Setor Financeiro.
Foi criada uma classe de conhecimentos denominada “Até duas referências”
como o objetivo de agrupar os conhecimentos pouco referenciados.
138
A seguir apresentamos a tabela completa com as classes e subclasses.
Classe Subclasses Exemplos
Até duas referências -
Conhecimentos que ao longo dos 32 anos de período da pesquisa foram referenciados menor ou igual a duas citações. Conhecimentos incluídos
nesta classe podem ser usados para análise específica visando identificar tendências futuras ou conhecimentos passados que não tiveram aceitação
ou "pegaram" no mercado. Editor de Texto Word, Carta Certa, Office Internet Adm. de correio eletrônico Planilha Eletrônica Visicalc, Quatro Pró, Excel. Software de Apresentação PowerPoint
Automação de Escritório
Workflow Flow, Lotus Notes
Administração Adm. de banco de dados, adm.servidor de BD
Corporativos APO, Adabas. Desenvolvimento Aplicativos de BD para Internet Linguagem BD Sistema Burroughs, Centura. Simples Access, Clipper. SQL SQL Suporte Suporte em BD, Servidor de BD.
Banco de Dados
Baixa PCs, 286, 386, 486. Mainframe B 6000 Mecanografia Audit Média Minicomputadores, Alpha 2100. Periférico Impressoras, vídeos, scanner. Portátil Notebooks, laptops. Supercomputador supercomputador
Equipamentos
Ferramenta Case Ferramentas Case.
Ambiente Mainframe Linguagens de Mainframe Baixo Nível assembler OO ou Eventos Active X, ADO, C++ Procedural Algol, Basic, C Web Java
Linguagem de Programação
Orientada a Objetos Delphi
Eventos Análise Essencial Estruturada Análise Estruturada Metodologia Orientada a Objetos Análise Orientada a Objetos
139
Classe Subclasses Exemplos
Autoria ToolBook, Director. CAD AutoCad. Computação Gráfica 3D Max, 3D Studio Editoração Eletrônica Page Maker
Programas Gráficos
Internet Front Page, Edit Plus
Administração Cadastro de usuários de redes Comunicação de Dados Comunicação de dados
Desenvolvimento Análise Desempenho de redes, Apache.
Infraestrutura Backbone, Cabeamento. Protocolo IPX Sistema Operacional NetWare Suporte Adm. Serviços diretórios Telecomunicações Telecomunicações Teleprocessamento. Teleprocessamento.
Redes
Job Job Mainframe VSAM Plataforma Baixa Dos Plataforma Média AIX Unix-Like Linux, Unix
Sistemas Operacionais
Administração Billing. Automação Comercial Automação de supermercados Automação Industrial Automação Industrial Automação Setor Financeiro Automação bancária Internet Aplicações Web. Gestão ABAP, SAP. Serviços Automação Predial
Software de Aplicação
140
ANEXO 2 – AGRUPAMENTO DE ESCOLARIDADE
A construção dos agrupamentos das áreas de formação explicitadas nos
anúncios de jornal para o mercado de trabalho de TI tem como parâmetros as grandes
áreas da Faperj56. As áreas também foram consideradas em relação ao nível de
escolaridade sejam de 2º grau ou 3º grau. Considerando as áreas de 3º grau, a classe
Ciências da computação contempla a formação relativa à informática, à computação e
sistemas.
A classe de Ciências Exatas engloba as formações que não explicitamente
são abrangidas pela computação, assim como não são contempladas pelas áreas de
engenharia.
A classe Engenharia é de anúncios que explicitam diretamente esta área de
formação, porém não diretamente explicitada como sendo de Sistemas ou Computação
que já seriam agrupadas na área de Ciências da Computação.
A classe Ciência Social Aplicada contempla a formação de escolaridade
relativa a esta área de conhecimento que é de aplicação em setores sociais.
No nível de 2º grau não há necessidade de contemplar as classes já que as
nomenclaturas usadas nos anúncios correspondem, na íntegra, a formação requerida.
Tanto para áreas de 2º e 3º foi criada uma classe denominada Outros,
conforme definido abaixo:
Outros: no caso de determinado anúncio explicitar uma formação não
contemplada no agrupamento.
A tabela, a seguir, apresenta as áreas de escolaridade com seus respectivos
agrupamentos.
56 Faperj – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - http://www.faperj.br/interna.phtml?obj_id=58.
141
Classe (Grande Área) Área de Escolaridade Ciências da Computação Análise de Sistemas
Engenharia de Sistemas Engenharia de Computação Computação Processamento de Dados Ciências da Computação Informática Tecnólogo em Processamento Dados Tecnólogo em Eletrônica Ciências Exatas
Tecnologia de Rede Ciências Exatas Matemática
Física Estatística
Engenharia Engenharia Química Engenharia de Produção Engenharia Mecânica Engenharia Elétrica Engenharia Civil
Engenharia Eletrônica Ciências Sociais Aplicadas Administração
Desenho Industrial Economia
Outros 2º grau Processamento de Dados Téc. Processamento de Dados Informática Téc. Informática Informática Industrial Téc. Informática Industrial Eletrônica Téc. Eletrônica Programação Téc. Programação Outros Outros
142
ANEXO 3 – CLASSES DE CARACTERÍSTICAS
O agrupamento das classes de características tem como objetivo analisar
o comportamento das competências profissionais requeridas dos profissionais ao longo
dos anos do período da pesquisa. Algumas definições de competências são
necessárias para caracterizar as informações extraídas dos anúncios.
McClelland (1973) define competências como características observáveis
do profissional como conhecimentos, habilidades, objetos e valores, Rodrigues y
Rodrigues (2001) diz que competência também pode ser demonstrada pelos
conhecimentos que os profissionais dispõem e que agregam valor às atividades
organizacionais.
Fleury e Fleury (2000) além das definições de competência apresentados
no corpo dessa dissertação aponta para a classificação do nível de formação das
competências dos profissionais em três segmentos distintos que procuram abranger
todas as características necessárias aos profissionais para o exercício do trabalho.
Competências de negócios são definidas como sendo relacionadas
diretamente à atividade fim da empresa, os objetivos do negócio da empresa com o
mercado. Os autores observam ainda que esta competência deve ser compreendida
pelos profissionais na relação entre “clientes e competidores, assim como com o
ambiente político social”. Estas competências são também caracterizadas por Cidral et
al. (2001a) i) compreender a dinâmica empresarial em função das mudanças sociais,
econômicas; ii) participar de desenvolvimento de novos produtos e processos de
mudanças da área de negócios da empresa; iii) implantar novos modelos
organizacionais.
Competências Técnico-profissionais: Fleury e Fleury (2000) define como as
competências para determinadas atividades técnicas. Afirmam ainda que “são
competências específicas para certa operação, ocupação ou atividade”. São os
profissionais que possuem os conhecimentos técnicos e o autor declara ainda que “são
capazes de utilizá-los e atualizá-los visando à resolução de problemas ou
desenvolvimento de produtos”. Estas competências são também caracterizadas por
Cidral et al. (2001b) os profissionais que possuem esta competência para participar de
143
inovações, planejamentos, gerenciamento de infraestrutura.
Competências sociais são competências definidas por Fleury e Fleury (2000)
como “competências necessárias para interagir com as pessoas”. Inseridas num
contexto social da TI no mundo contemporâneo, estas competências podem ser
entendidas como capacidade de negociação, comunicação e trabalho em equipe. Estas
competências são também caracterizadas por Cidral et al. (2001c) expressar de forma
clara e objetiva os trabalhos relativos área de atuação, criar grupos de trabalhos.
Nos anúncios foram explicitadas diversas características que não foram
classificadas junto às competências definidas por Fleury e Fleury (2000),
conseqüentemente foi criada uma classe denominada de Outros e com subclasses para
contemplar estas competências.
A classe de característica "Outros" abrange, portanto as características
não agrupadas em nenhuma das classes propostas por Fleury e Fleury (2000).
Incluídos na classe Outros são construídas as subclasses:
A subclasse Aparência significa em determinados anúncios explicitar a
aparência física, como por exemplo, boa aparência, ótima apresentação.
A subclasse Comportamental diz respeito aos comportamentos como:
comprometido, disciplina.
A subclasse Disponibilidade é a disponibilidade relacionada aos horários,
local de trabalho, viagens.
A subclasse Vínculo é a modalidade de contratação dos profissionais, como
por exemplo, free lancer.
144
A seguir apresenta a tabela completa com as classes e subclasses.
Classe Exemplos de competências Competência de Negócio Boa visão de negócios, capacidade de tomar
decisões.
Competências Técnico /
Profissionais
boa didática, boa digitação.
Competências Sociais Relacionamento, trabalhar sob pressão, facilidade
de comunicação.
Vínculo Free lancer, autônomo, CTPS
Outros Carteira de habilitação
Outros/Aparência Ótima aparência, ótima apresentação, simpatia.
Outros/Comportamental Comprometido, disciplina, perseverança, talentoso.
Outros/Disponibilidade Disponibilidade de 8:00 às 16:00, horário integral,
Viajar.
Tabela 13 – Agrupamento das Classes de Características e Exemplos
145
ANEXO 4 - FASES DO TRABALHO
As Tecnologias de Informação e Comunicação correspondem a convergência
tecnológica que ocorre na seguinte tríade: telecomunicações, computação e
informática. A gama de categorias profissionais envolvidas em tal contexto, por
conseguinte, é bastante ampla. Segundo Rapkiewicz (1998), enumerar quais são essas
categorias não é tarefa simples. Segundo a autora, a Sociedade dos Usuários de
Computadores (SUCESU) identificava no Brasil em 1987, 35 tipos diferentes de
ocupações. Na França, uma organização patronal da área, a Chambre Syndicale des
Sociétés de Services et d’Ingénierie Informatique (SYNTEC Informatique), mencionava
21 ocupações diferentes no seu balanço de 1995. Nos EUA, identificou-se mais de 300
títulos diferentes para profissionais de informática em pesquisa junto a empregadores,
feita no final dos anos 70 (Debons et al; 1981 apud Rapkiewicz, 1998). Esta
multiplicidade de denominações é uma das principais razões para tentar-se buscar o
agrupamento das diferentes categorias profissionais sob algum critério. Um desses
critérios é a fase do trabalho, isto é, o conjunto de atividades executadas por cada
categoria profissional no que seria o ciclo do produto da área de TI. Porém, como definir
este conjunto de fases do trabalho?
Os produtos ligados àquela tríade (telecomunicações, computação e
informática) são compostos por uma parte eletrônica e elétrica, e por isso, tangível em
seus volumes e conexões físicas e por uma parte imaterial que corresponde às
instruções previamente armazenadas que são executadas automaticamente pelos
componentes da porção anteriormente citada. À primeira parte convencionou-se
chamar hardware e a segunda software. Berlisnki (2002) aponta esta dicotomia nas
seguintes palavras:
"Todo computador se divide entre hardware e software, a máquina
hospedeira de seu algoritmo, o ser humano de sua mente. Não é de se
surpreender que homens e mulheres tenham feito o que os computadores
agora fazem muito antes que eles pudessem fazer qualquer coisa. A
dissociação entre a mente e a matéria nos homens e nas máquinas é
notável; sugere que quase toda a organização estável e confiável de
146
objetos pode executar um algoritmo e, portanto, ter uma forma de
inteligência."
Há portanto, duas categorias de produtos-componentes que atuam
simbioticamente no funcionamento dos produtos relacionados à TI. Cada uma dessas
categorias possui suas respectivas demandas por profissionais, além daqueles
profissionais que, cada vez mais, trabalham com as duas categorias de produto e na
fronteira de ambos. Dada a maior materialidade dos componentes do hardware
podemos dizer que, em certa medida, as atividades relacionadas ao mesmo seguem o
ciclo do produto conforme definido na Engenharia de Produção, qual seja,
planejamento, desenvolvimento, implementação, controle (aperfeiçoamentos),
avaliação, vendas, e este ciclo é aplicado ao desenvolvimento de qualquer produto.Já
no que tange ao software é fundamental relembrar uma das características do mesmo –
a imaterialidade, o que torna difícil a aplicação do ciclo do produto ao mesmo. Produtos
de software têm, portanto, particularidades. Pressman (1995) destaca esta diferença
nas seguintes palavras:
"Quando o hardware é construído, o processo criativo humano (análise,
projeto, construção e teste) é imediatamente traduzido numa forma física
... O software é um elemento de sistema lógico, e não físico. Portanto, o
software tem características que são consideravelmente diferentes das do
hardware"
Há que se buscar, portanto, para viabilizar o agrupamento das categorias
profissionais através do critério fases do trabalho um conjunto de fases que reflita tanto
o ciclo de produto definido na Engenharia de Produção quanto o ciclo de vida de
atividades de desenvolvimento de software. Além disso, estas fases do trabalho devem
contemplar atividades de prestação de serviços na área de TI (vendas e treinamento,
por exemplo) e não somente de desenvolvimento de produtos de hardware e software.
O conjunto de fases do trabalho utilizadas na base de dados dos classificados de jornal
encontra-se no final deste anexo e, no corpo deste, o referencial utilizado para a
definição de tais fases, conforme segue.
As etapas a serem seguidas na elaboração de um produto de software
corresponde aos passos genéricos da engenharia de software descritos em Pressman
147
(1995).
O primeiro passo implica na definição do software em si, passo este no qual se
produz o planejamento e verificação da viabilidade do projeto.
O passo subsequente é o de análise e definição dos requisitos de software,
onde é produzida uma definição detalhada que se traduzem na "especificação de
software". Em seguida, é mencionado o passo correspondente ao desenvolvimento,
que corresponde à tradução do conjunto de requisitos do passo anterior no software
propriamente dito. Esse passo se subdivide em diversas atividades sendo a primeira a
elaboração do projeto57 onde são descritos a arquitetura e os dados do produto a ser
construído. Os aspectos relativos aos procedimentos de cada um dos módulos
identificados na arquitetura são então detalhados na atividade seguinte, sendo a última
atividade desta etapa a codificação, que corresponde a geração dos programas de
computador.
O passo subseqüente à programação é o referente à verificação, liberação e
manutenção. Nesta etapa o software desenvolvido é testado e posteriormente liberado
para a utilização. A partir deste momento, toda alteração no software é considerada
manutenção. O diagrama a seguir ilustra esses passos.
57 Projeto no sentido da fase de análise do software. Vide ciclo de vida clássico em Pressman(1995, p. 33)
148
Definição
Requisitos
Projeto
Detalhamento
Codificação
VerificaçãoLiberação eManutenção
Desenvolvimento
Planejamento eVerificação da Viabilidade
Especificação de Software
Software
Tais etapas, correspondentes ao fluxo existente da concepção à produção, são
organizadas cronologicamente, embora nem sempre linearmente, em etapas. Esta
organização é chamada de "ciclo de vida". Há diversas propostas para a condução do
processo de desenvolvimento de software. Essas propostas podem ser encontradas em
obras como Pressman (1995), Peters (1988), Yourdon (1990) dentre outros. Da
verificação dos modelos propostos chegamos ao entendimento que o modelo que
melhor se ajusta a este estudo é o definido em Pressman (1995) sob o título "Ciclo de
149
Vida Clássico". Ainda segundo este autor, o mesmo foi elaborado em função do ciclo da
engenharia convencional pressupondo uma abordagem sistemática e seqüencial. As
etapas de tal ciclo são: Engenharia de Sistemas, Análise, Projeto, Codificação, Teste e
Manutenção. A seguir é apresentada a descrição sintética de tais etapas58, conforme
representado no diagrama que segue e descrito a seguir.
Engenharia de Sistemas
Análise
Projeto
Codificação
Teste
Manutenção
Engenharia de sistemas: Corresponde ao estabelecimento dos requisitos
para os elementos do sistema e da definição do subconjunto desses requisitos que será
atribuído ao software.
Análise: Corresponde à intensificação do processo de coleta dos requisitos
concentrada no software. A natureza dos programas a serem construídos e o domínio
da informação para o software, assim como a função, desempenho e interface exigidos
são especificados em nível conceitual.
Projeto: Corresponde ao detalhamento em nível lógico do software. Esta etapa
se concentra em quatro atributos do software: estrutura de dados, arquitetura de
software, detalhes procedimentais, e caracterização de interface. A finalidade desta
etapa é traduzir as exigências da especificação da análise em uma representação do
software que possa ser avaliada antes que a codificação se inicie.
58 Além disso, independente do ciclo ser o clássico ou em espiral, o conjunto de atividades tende a ser o mesmo, apenas em seqüências diferentes, uma vez que o ciclo chamado de “em espiral” compreende várias retomadas das várias fases do ciclo associada a prototipação do software o qual vai ganhando novas funcionalidades a cada novo subciclo.
150
Codificação: Corresponde a tradução do projeto em uma forma legível por
máquina. Esta etapa é também conhecida como "programação".
Testes: Corresponde à fase de aferição das fases anteriores. É quando se
verifica se a especificação de requisitos elaborada para o software corresponde à
implementação.
Manutenção: Corresponde às modificações efetuadas no software. O mesmo
sofre modificações depois de entregue. Essas modificações podem ser decorrentes de
equívocos em alguma das fases anteriores, alterações na plataforma do hardware ou
por alteração da especificação de requisitos original.
Numa outra perspectiva, Peters (1998) em sua orientação sobre a leitura e
aplicação, lembra que a percepção das fases do desenvolvimento de um projeto de
software deu-se através de uma perspectiva ligada diretamente ao trabalho de
desenvolvimento. Por isso, iniciaram-se pela fase de "codificação" em seguida, foi
constatada a necessidade do "design59". Depois, tal percepção, passou para a fase de
"análise" para em seguida tratar da "modelagem da informação". O autor adverte que,
embora as etapas de desenvolvimento de software tenham sido compreendidas nesta
ordem, o livro segue a ordem de desenvolvimento do software de acordo com o ciclo de
vida do mesmo.
Este autor propõe uma ordem objetiva de leitura de acordo com o trabalho do
profissional interessado no estudo de seu texto. Em nosso entendimento, ao proceder
desta forma, o autor apresenta uma visão tanto as fases de trabalho em
desenvolvimento de software como os profissionais relacionados às mesmas. Em seu
comentário final, este autor menciona que os recursos humanos ligados ao software
trabalham em diversas formas de organização que combinam, não completamente, os
perfis genéricos dos profissionais e as descrições propostas pelo mesmo. As duas
tabelas a seguir apresentam esses perfis que a partir de agora serão tratados como
"papéis" e a correlação dos conhecimentos para cada um dos destes.
59 As traduções desta palavra para português, em geral, são: ou "projeto" ou "desenho". Nenhuma das duas corresponde ao significado da mesma na esfera de sistemas de informação e, a utilização de qualquer dessas opções ou comprometeria a clareza do texto ou torná-lo-ia ambíguo. Em função disso optamos por manter o termo na grafia de sua língua original.
151
Papel Descrição Gerente de Desenvolvimentode Sistemas
Dirige os esforços dos profissionais de desenvolvimento e manutenção de sistemas de computador.
Usuário, Cliente ou Usuário Gestor
Responsável por iniciar e gerir o projeto de desenvolvimento ou modificação de um sistema de computador. Eventualmente o usuário gestor pode também ser usuário do sistema que corresponde ao projeto. Esse papel inclui em suas atribuições, todas as ações, pontos tanto de vista quanto comportamentais dos usuários do sistema correspondente ao projeto.
Analista de Sistemas Profissional capaz de atuar combinando os papéis ao longo do ciclo de vida. Tal profissional deve ser capaz de atuar em qualquer dos papéis propostos nesta lista.
Projetista de Sistema Responsável pela criação e detalhamento da arquitetura do sistema.
Programador-Analista Descrição idêntica ao papel de Analista de Sistemas.
Engenheiro de Software Responsável pela definição, especificação, projeto e detalhamento de um software entretanto, não necessariamente no nível de codificação.
152
Conhecimento GDS UCG ANS PRS PRA EGSCompreensão e Domínio da aplicação dos modelos do ciclo de vida
X X X X X X
Visão sistêmica do desenvolvimento de software
X X X X X X
Domínio da dicionarização do ciclo de vida X X X X X Domínio dos diagramas de modelagem conceitual de dados
X X X
Domínio dos diagramas de fluxo de dados X X X X X Domínio dos métodos para descrição de processos
X X X X
Domínio dos diagramas de representação dos eventos
X X X
Compreensão da análise estruturada como um processo
X X X X X
Domínio do design estruturado e do diagrama de estrutura modular
X X X X X
Domínio das técnicas de transição da análise para o design
X X X X X
Domínio das técnicas de design de banco de dados
X X X X
Capacidade de analisar a interação entre os módulos do projeto
X X X
Capacidade de avaliar e aprovar os módulos componentes do projeto
X X X
Compreender diversas heurísticas de projeto X X X Compreensão do design como um processo X X X Legenda: GDS: Gerente de Desenvolvimento de Sistemas.
UCG: Usuário, Cliente ou Usuário Gestor.
ANS: Analista de Sistemas.
PRS: Projetista de Sistema.
PRA: Programador-Analista.
EGS: Engenheiro de Software.
O diagrama a seguir foi proposto por Peters (1998) e apresenta a visão do
autor referente às interfaces entre as fases de Análise, Projeto e Codificação (chamada
no texto de "implementação"), indicando os conhecimentos necessários em cada uma
dessas conexões entre as fases. Note-se, portanto, a pertinência de utilizar como
critério para agrupamento de categorias profissionais a fase do trabalho no qual as
mesmas atuam.
153
ANÁLISEANÁLISE DEHARDWARE
PROJETO
(ENGENHARIA DE SOFTWARE) MÉTODOS, TÉCNICAS
PADRÕES E PROCEDI-MENTOS
(CLIENTE)PROJETO, ESCOPO,OBJETIVOS ECRITÉRIOS ESPECIFICAÇÃO
DO SISTEMA(DFD/DTE, DER, DD)
RESTRIÇÕES
REQUISITOS
SISTEMA COMPLETAMENTEDEDINIDO
(IMPLEMENTAÇÃO)
Figura 31 – Desenvolvimento de Software
A partir da visão desses diferentes autores aqui apresentados e buscando-se a
convergência das fases do ciclo clássico do produto, das fases do ciclo de vida do
software e, ainda, das atividades complementares na prestação de serviços de TI
estabelecemos o elenco de fases do trabalho para agrupamento das categorias
profissionais na base de dados proposta nesta dissertação, conforme segue. A subfase
“Internet” foi incluída visando diferenciar, nos resultados, aquelas categorias que
explicitamente atuam nesta nova plataforma.
A tabela, a seguir, apresenta as fases do trabalho com os respectivos
agrupamentos.
154
Elaboração do Produto Distribuição do Produto Utilização do ProdutoPlanejam ento-Estratégia Planejam ento-Estratégia ProduçãoDesenvolv im ento Com ercialização SuporteDocum entação Treinam ento Auditoria
Im plantação de Sistem as
Desenvolv im ento Produção SuporteAnálise Adm inistração MatuntençãoHardware Conferência Matuntenção/Adm inistraçãoProgram ação Editoração HardwareProjeto Entrada de Dados InfraestruturaTestes Operação Software AplicativoW eb Software Básico
155
ANEXO 5 - TABELAS
As tabelas que compõem a base de dados são descritas a seguir. Note-se que
os nomes dos campos não contêm caracteres acentuados nem cedilha para manter a
correspondência com o efetivo nome utilizado na implementação. Na fase de
implementação o nome atributo usado anteriormente durante a fase de projetos e
especificação da ferramenta nas tabelas foi substituído por campo por tratar-se de
melhor compreensão para a implementação da ferramenta.
As tabelas a seguir correspondem às tabelas implementadas. O símbolo “+”
significa que o campo é do tipo autoincrementável e o símbolo “*” significa que o campo
é uma chave.
Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumAnuncio + * Nº que identifica o anúncio Data D Data da publicação do anúncio Seção A 30 Seção em que o anúncio foi publicado Endereco A 50 Endereço para contato divulgado no anúncio TipoAnunciante A 30 A própria empresa ou agência de empregos NomeAnunciante A 30 Nome da empresa que publicou o anúncio Idioma A 15 Idioma em que o anúncio foi publicado
Tabela 14 – Tabela correspondente à entidade Anúncio
A tabela acima mostra os campos do anúncio propriamente dito. O tipo e os
números representam o tamanho reservado para cada campo. O nome Anúncio.DB é o
nome da tabela a ser implementada, o campo NumAnuncio é o número do anúncio
inserido na tabela e é do tipo auto incrementável. Os nomes dos campos a seguir
correspondem aos conteúdos dos anúncios e todos são do tipo Alfanumérico.
156
Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumCategoria + * Nº que identifica a categoria Categoria A 40 Nome da categoria NumFaseTrabalho I Nº da fase do trabalho correspondente NumHierarquia I Nº da hierarquia correspondente NumClasseConhecimento I Nº da classe de conhecimento correspondente
Tabela 15 - Tabela correspondente à entidade Categoria
A tabela acima mostra os campos da tabela categoria sendo que NumCategoria
corresponde ao número da categoria na medida em que estas são inseridas na tabela.
O nome do campo Categoria é do tipo alfanumérico e de tamanho 40. Os campos
NumFaseTrabalho, NumHierarquia, NumClasseConhecimento compõem a chave
estrangeira do relacionamentos com outras entidades.
Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumAnuncio I * Nº do anúncio ao qual o registro se refere NumCategoria I * Nº da categoria à qual o registro se refere Setor A 30 Setor ou área de atuação LocalAtuacao A 20 Cidade onde o profissional iria trabalhar Salario $ Salário oferecido QtdSM N Salário oferecido, medido em salários mínimos. FaixaEtaria A 16 Faixa etária desejada para aquela categoria Sexo A 25 Sexo do profissional Idioma1 A 15 Idioma cujo conhecimento é solicitado Idioma2 A 15 Idem acima Tabela 16 - Tabela Demanda oriunda do Relacionamento Anúncio-Categoria
A tabela acima é composta das chaves primárias de duas outras tabelas tabela
Anúncio e a tabela Categoria. Os atributos Setor, Atuação, FaixaEtaria, Sexo, Idioma1,
Idioma2 são do tipo alfanumérico e salário corresponde é do tipo Money QtdSM é
numérico e representa quantidade de salários mínimos ofertada para o salário.
Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumConhecimento + * Nº que identifica o conhecimento Conhecimento A 40 Nome do conhecimento NumClasseConhecimento I Nº da classe de conhecimento correspondente
Tabela 17 - Tabela correspondente a entidade Conhecimento
A tabela acima é composta dos seguintes campos: NumConhecimento é o
número do conhecimento inserido na tabela e nome do campo Conhecimento tipo
Alfanumérico é o conhecimento explicitado no anúncio que é de tamanho 40 e a chave
estrangeira da referida tabela NumClasseConhecimento.
157
Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumAnuncio I * Nº do anúncio ao qual o registro se refere NumCategoria I * Nº da categoria à qual o registro se refere NumConhecimento I * Nº do conhecimento ao qual o registro se refere GrauExigencia A 15 Se o conhecimento especificado é exigido ou desejado Tempo A 15 Tempo de experiência com esta competência
Tabela 18 - Tabela de relacionamento Anúncio-Categoria com Conhecimento
A tabela acima é composta dos seguintes campos: NumAnuncio, NumCategoria,
NumConhecimento, são as chaves estrangeiras que compõem o relacionamento com
as tabelas Anúncio e Categoria. Os atributos GrauExigencia e Tempo são do tipo
alfanumérico e tem 15 como tamanho de campo.
Nodo campo Tipo Taman Chave Descrição NumNivel + * Nº que identifica o nível de escolaridade Nivel A 20 Nome do nível de escolaridade (técnico, mestrado, etc.).
Tabela 19 - Tabela correspondente à entidade Nível
A chave primária da tabela acima é o atributo NumNivel e o atributo Nivel é do
tipo alfanumérico e tem 20 como tamanho de campo.
Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumArea + * Nº que identifica a área de formação Area A 40 Nome da área de formação NumGrandeArea I Nº da grande área correspondente
Tabela 20 - Tabela correspondente à entidade Área
A chave primária da tabela acima é NumArea que corresponde ao número da
área de formação e a identificação desta. O atributo Área é do tipo alfanumérico e de
tamanho 40 que é nome da área de formação NumGrandeArea é chave estrangeira
que identifica a correspondência com Grande Área.
158
Nome do campo Tipo Tan Chave De NumInstituicao + * Nº que identifica a instituição Instituição A 20 Nome da instituição onde a escolaridade foi obtida.
Tabela 21 - Tabela correspondente à entidade Instituição
A chave primária da tabela acima é NumInstituicao que corresponde ao número
da instituição. O atributo Instituição é do tipo alfanumérico e de tamanho 20 que
corresponde ao nome da Instituição.
Nome do ampo Tipo Taman Chav Descrição NumAnuncio I * Nº do anúncio ao qual o registro se refere NumCategoria I * Nº da categoria à qual o registro se refere NumNivel I * Nº do nível de escolaridade NumArea I * Nº da área de formação NumInstituicao I * Nº da instituição Concluído L Se o curso especificado foi concluído ou não
Tabela 22 - Tabela de relacionamento Anúncio-Categoria com Escolaridade
As chaves compõem a tabela acima são oriundas de tabelas anteriores
NumAnuncio, NumCategoria, NumNivel, NumArea e NumInstituicao que corresponde
as chaves primárias das tabelas correspondentes. O atributo Concluido é do tipo
Logical especificando a conclusão ou não da escolaridade.
Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumCaracteristica + * Nº que identifica a característica Descricao A 40 Descrição da característica NumClasseCaracteristica I Nº da classe de característica correspondente
Tabela 23 - Tabela correspondente à entidade Característica
A chave primária da tabela acima é NumCaracterisitica que corresponde ao
número da característica. O atributo Descrição é do tipo alfanumérico e de tamanho 40
e a chave estrangeira da referida tabela NumClasseCaracteristica.
159
Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumAnuncio I * Nº do anúncio ao qual o registro se refere NumCategoria I * Nº da categoria à qual o registro se refere NumCaracteristica I * Nº da característica à qual o registro se refere GrauExigencia A 15 Se a característica especificada é exigida ou desejada
Tabela 24 - Tabela de relacionamento Anúncio-Categoria com Característica
A chave estrangeira da tabela acima é composta de NumAnuncio,
NumCategoria, NumCaracterisitica. O atributo GrauExigencia é do tipo alfanumérico e
de tamanho 15.
NumFabricante + * Número que identifica o fabricante Nome A 20 Nome do fabricante Tipo A 20 Tipo do fabricante (hardware, software, etc.).
Tabela 25 - Tabela correspondente à entidade Fabricante
A chave primária da tabela acima é NumFabricante que corresponde ao número
do fabricante. Os atributos Nome e Tipo são do tipo alfanumérico e de tamanho 20.
NumCertificacao + * Número que identifica a instituição Tipo A 30 Tipo ou título da certificação Produto A 30 Produto ao qual a certificação se refere NumFabricante I Nº do fabricante outorgante da certificação
Tabela 26 - Tabela correspondente à entidade Certificação
A tabela acima é composta da chave primária NumCertificacao e chave
estrangeira da tabela Fabricante NumFabricante e os atributos Nome, Tipo do tipo
alfanumérico e 30 o tamanho do campo.
160
NumAnuncio I * Nº do anúncio ao Qual o registro se refere NumCategoria I * Nº da categoria à Qual o registro se refere NumCertificacao I * Nº da certificação especificada GrauExigencia A 15 Se a certificação é exigida ou desejada
Tabela 27 -Tabela relacionamento Anúncio-Categoria com Certificação
A chave estrangeira da tabela acima é composta de NumAnuncio,
NumCategoria, NumCertificacao. O atributo GrauExigencia é do tipo alfanumérico e de
tamanho 15.
Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumFaseTrabalho + * Nº que identifica a fase do trabalho FaseTrabalho A 30 Nome da fase do trabalho
Tabela 28 - Tabela correspondente à entidade Fase do Trabalho
A chave primária da tabela acima é NumFaseTrabalho que corresponde a fase
do trabalho de determinada categoria. O atributo FaseTrabalho é do tipo alfanumérico e
de tamanho 30 que é nome da fase do trabalho.
NumHierarquia + * Nº que identifica a hierarquia Hierarquia A 30 Nome da hierarquia
Tabela 29 - Tabela correspondente à entidade Hierarquia
A chave primária da tabela acima é NumHierarquia que corresponde ao número
da hierarquia de determinada categoria. O atributo Hierarquia é do tipo alfanumérico e
de tamanho 30 que é nome da hierarquia.
Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumClasseConhecimento + * Nº que identifica a classe do conhecimento ClasseConhecimento A 70 Nome da classe do conhecimento
Tabela 30 - Tabela correspondente à entidade Classe de Conhecimento
A tabela acima é composta da chave primária NumClasseConhecimento e o
atributo ClasseConhecimento do tipo alfanumérico e 70 o tamanho do campo.
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NumGrandeArea + * Nº que identifica a grande área GrandeArea A 30 Nome da grande área
Tabela 31 - Tabela correspondente à entidade Grande Área
A tabela acima é composta da chave primária NumGrandeArea e o atributo
GrandeArea do tipo alfanumérico e 30 o tamanho do campo.
Nome do campo Tipo Tamanho Chave Descrição NumClasseCaracteristica + * Nº que identifica a classe de característica ClasseCaracteristica A 50 Nome da classe de característica
Tabela 32 - Tabela correspondente à entidade Classe de Característica
A chave primária da tabela acima é NumClasseCaracteristica que corresponde
ao número da classe da característica. O atributo Classecaracteristica é do tipo
alfanumérico e de tamanho 50 que é nome classe de característIca.