Post on 17-Apr-2015
TUTORIA: O QUE TRAZ E
AFASTA O ALUNO DA ATIVIDADE?
Patrícia Lacerda BellodiRachel Chebabo
Milton de Arruda Martins
CEDEM – Centro de Desenvolvimento de Educação
Médica da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP)
Programas de Tutoria (Mentoring)
Definição: um profissional experiente (tutor) acompanhando um jovem iniciante (tutorando) no seu percurso profissional
Formação médica: crises previsíveis (vicissitudes)
Adesão: um problema! Por quê?
No Brasil e em outros contextos
EUA e Reino Unido
50 a 95% de adesão!
Brasil (FMUSP)
• 2001 = 50%• 2002 = 43%• 2003 = 35%• 2004 = 30%
Programa Presença Conseq. Adesão
The Regent Scheme
obrigatória
nenhuma sanção formalPresidente Graduação e Coordenador do Programa
Comitê "Fitness to Practice"Possibilidade não progredir curso
95%
Master Scholars Program
voluntário
nenhuma consequência formalmenos 1 vez: notificação Presidente da Graduação
90%
Mentorship through Advisory Colleges
obrigatóriograde horária
nenhuma consequência previstaTutor escreve a carta final de recomendação do
aluno"Deans' letter"
?
Student Support Scheme
sem referência sem referência 50 a 60%
Faculty Mentoring
Programme
voluntário(inscrições)
sem referência ?
The Personal Tutor
Systemobrigatório
reposição do encontro 3 tutores-senior Presidente da Graduação
?
Programa Tutores (2001 – 2003)
Programa Tutores 2001-2003 (% Presenças)
35
50
4339
0
10
20
30
40
50
60
2001 1o sem 2002 2o sem 2002 1o sem 2003
Objetivos e Metodologia
Objetivos:
Identificar, do ponto de vista dos tutores, as razões que favorecem ou não a participação do aluno na atividade. Metodologia:
Em 2003, depois de 3 anos de atividade, a Coordenação do Programa Tutores FMUSP avaliou cada um dos grupos de tutoria através de uma entrevista abordando diferentes aspectos do programa.
Dos atuais 90 tutores, 80 tutores compareceram e foram entrevistados durante uma hora e meia.
Seus depoimentos foram avaliados de forma quantitativa e qualitativa.
Resultados
O que traz?
1. características da dinâmica da relação (empatia e curiosidade = 19%)
2. características do grupo (clima e ambiente agradável = 18%)3. características do tutor (abertura e personalidade = 17%)4. características do aluno (maturidade e personalidade = 15%)5. a estrutura do programa (14%)6. os resultados da atividade (9%).
O que afasta?
1. características institucionais (distância, horário e outras atividades = 38%) 2. características do tutor (prepotência e rigidez = 14%)3. estrutura do programa (ser ou não obrigatório = 12%).
4. características do aluno, do grupo e resultados da atividade foram pouco citados como fatores de rejeição pela atividade.
5. 10% dos tutores não conseguem ainda identificar os fatores que determinam a adesão à atividade.
Adesão
“O primeiro e segundo anos vêm sempre; no terceiro ano ficam mais "malandros". O meu quinto compareceu. Uma vez tive encontro com apenas dois alunos. Outra vez, não compareceu ninguém. Fiquei muito descontente. Agora não me importo mais com o número e as discussões são sempre interessantes. Pediram até para mudar o horário para o final da tarde, para poder prolongar a discussão”.(Tutora)
“Apenas 30% de adesão para um projeto tão organizado é pouco! Sinto que estou pregando para os convertidos”. (Tutora)
“Acho que agora está engatando de primeira: a Tutoria não é o número, é a qualidade. A gente tem que parar de se torturar quando um não vem!” (Tutora)
O que será que será
“Ainda não está ideal, o grau de comparecimento é pequeno. Será que sou eu, o grupo, o lugar? Não tenho claro como fazer para mudar isso ou se é assim mesmo. O programa depende do tempo, de realizações que possam realimentar o sistema”. (Tutor)
“Não respondem aos e-mails, só falam quando você pega no celular, não respondem se deixar recado na secretária eletrônica. No começo a gente se pergunta "será que sou eu?" É preocupante...” (Tutor)
“Eu queria me mostrar por inteiro, abri minha casa, fora do hospital. Será o tipo de aluno? Ou todo médico é assim?”(Tutor)
“Ficava encucado, preocupado com meu desempenho... Agora estou desencucado. Fiz várias mudanças: de enfoque, dias e horários, convidei para ir em casa (fiz uma festa de despedida para os formandos: não foram!) Ou tá errado o programa ou estão os alunos! Não tem relação ser ou não calouro, ser ou não veterano. Independe do ano, apesar do internato participar menos e ser uma experiência mais próxima do que a minha.” (Tutor)
Vida nova com os calouros
“Agora que eu vi os dois calouros estou feliz! Eu ia jogar a toalha, mas depois deles não! Os moleques me pegaram! Já entendi o segredo: são os calouros! O programa só vai poder ser avaliado daqui a seis anos...”(Tutora)
“No final do ano passado desanimei, agora com os calouros melhorou bastante, quatro calouros: me animou muito!!” (Tutor)
As mulheres fazem a diferença
“Uma questão de gênero, as mulheres vêm sempre, participam, são animadíssimas! Mulher é mais interessada na relação interpessoal...”(Tutor)
“Descobri a pólvora! Enquanto o grupo era formado só de alunos, ninguém aparecia. Foi só entrar uma mulher e todos vieram!!! As mulheres movem o mundo!” (Tutor, e-mail)
“Conforme eu já havia comentado anteriormente, eu acredito que um dos fatores determinantes da baixa freqüência no meu grupo deve-se ao fato de ser um grupo exclusivamente masculino. Não têm nenhuma moça. Agora vocês me mandam mais três rapazes. E um deles têm um endereço eletrônico bem sugestivo: "gaviãotimão", o que faz supor que seguramente não falaremos sobre Sartre ou Goethe”. (Tutor, e-mail)
Conclusões
A maior adesão à tutoria mostra ser determinada principalmente por fatores pessoais da personalidade e da dinâmica entre tutor e alunos.
Entretanto, fatores institucionais parecem impedir o acontecer desse encontro e devem ser repensados para estimular e facilitar a presença do aluno.
SupervisãoGrade Horária
Rodízio
É possível!