Post on 13-Aug-2015
UNIVERSIDADE POTIGUAR
CST – PETRÓLEO E GÁS
TURMA – 5MA
DISCIPLINA – PROCESSAMENTO DO GÁS NATURAL
PROFESSOR (a) – VIMARIA DA CRUZ VICTOR
PROCESSO TURBO-EXPANSÃO
ALUNO
Francisco Almir de Assis Cândido
MOSSORÓ, 28 DE OUTUBRO DE 2010
Aluno
Francisco Almir de Assis Cândido
Processo Turbo-expansão
Trabalho desenvolvido durante a disciplina de
processamento do gás natural, como parte da
primeira avaliação da segunda unidade.
Professor (a): Vimaria da Cruz Victor
Mossoró/2010
Introdução
O seguinte trabalho tem por objetivo mostrar a importância e eficiência do
processo de turbo-expansão utilizado nas unidades de processamento de gás natural.
Demonstrando a fundamentação termodinâmica, às principais características do
processo, assim como a descrição básica do procedimento, cada uma de suas etapas e os
principais problemas operacionais que podem acarretar falhas durante o processo.
Processo Turbo-Expansão
O processo turbo-expansão é o mais eficiente processo termodinâmico
atualmente utilizado em unidades de processamento de gás natural. Possui excelente
rendimento na recuperação do propano, sendo capaz de praticamente zerar o teor desse
componente no gás processado. Também é o único processo capaz de separar etano
petroquímico, tendo um alto rendimento na recuperação desse componente, de forma
que o gás processado gerado é constituído basicamente por metano.
Possui alto custo, necessitando, dessa forma, de uma vazão elevada que garanta
o retorno do investimento. Esse tipo de unidade necessita ter capacidade nominal igual
ou acima de 2.500,000 m³/d para que se tenha retorno adequado.
Fundamento Termodinâmico
A liquefação dos componentes mais pesados do gás natural neste processo é
garantida pela expansão do gás natural em uma turbina, a qual libera energia que é
utilizada para acionar um compressor auxiliar (booster) do sistema principal de
compressão de gás processado ou gás carga da unidade. Um conjunto turbo-expansor é
responsável por essa etapa de expansão isentrópica (expansão mantendo entropia
constante, com geração de trabalho).
Devido à redução de temperatura proporcionada pela expansão isentrópica com
a realização de trabalho, o processo consegue atingir temperaturas abaixo de -95°c. No
caso de processamento de gás com alto teor de pesados, a unidade recebe um ciclo de
refrigeração a propano para propiciar a liquefação das frações mais pesadas, sem
comprometer o desempenho da etapa de expansão do gás natural no turbo-expansor.
Principais Características
Expansão isentrópica (Δs = 0), com realização de trabalho;
Proporciona a temperatura mais baixa de todos os processos;
Maior eficiência (riqueza residual do gás processado tende a zero);
Único com possibilidade de gerar etano para petroquímica;
Total recuperação de propano;
Alta recuperação de etano;
Necessita de alto investimento.
Descrição básica do processo
O gás natural previamente separado da fase liquida (condensado de gás natural)
e da água livre presente na corrente de hidrocarbonetos é comprimido para fazer a carga
da unidade. Essa compressão inicial assegura a pressão necessária para a etapa de
expansão posterior. Após a compressão, o gás é tratado para retirada de compostos
sulfurados, normalmente em reatores com leitos de compostos à base de óxidos de ferro
ou zinco. O isento de componentes que geram corrosão passa, então, para a etapa de
desidratação, por meio da utilização de um sistema de peneiras moleculares.
O gás desidratado é refrigerado, primeiro pelas correntes de saída e, depois, pelo
sistema de refrigeração a propano, quando ocorre a condensação das frações mais
pesadas do gás. Após essa etapa de refrigeração, o gás sofre expansão isentrópica, com
geração de trabalho, por meio de uma turbina de expansão, quando, então, a temperatura
abaixa o suficiente para que ocorra a liquefação de todos os mais pesados que o
componente metano, gerando uma corrente bifásica.
Após a etapa de expansão, a mistura bifásica entra na torre desmetanizadora, que
dá o corte final entre o gás processado (basicamente metano puro que sai pelo topo da
torre pronto para venda após troca térmica) e o produto de fundo, composto pela fração
C2++,
que segue para fracionamento.
O produto de fundo da torre desmetanizadora, basicamente LGN etanizado de
alta pressão de vapor, é então, fracionado nos produtos de interesse nas torres
fracionadas subseqüentes. Os produtos gerados a partir do LGN etanizado dependem
sobretudo da demanda dos consumidores locais, sendo, inclusive, possível a geração de
uma corrente de etano pura, se houver demanda comercial para esse produto.
O trabalho gerado durante a etapa de expansão do gás é utilizado, normalmente,
por um compressor conjugado ao turbo-expansor, o qual tem a função de aumentar a
pressão do gás processado antes da compressão final para transporte, aproveitando a
energia gerada pela expansão do gás que está sendo resfriado. Essa energia também
pode ser aproveitada em um compressor booster do sistema de compressão do gás
carga da unidade, de acordo com a experiência do projetista.
As etapas do processo podem sofrer alguma alteração, em função de
especialidades de cada projeto, porém, de uma forma geral, atendem as seguintes
premissas:
Compressão inicial – aumento do nível de pressão para processamento;
Dessulfurização – remoção de compostos de enxofre do gás natural;
Desidratação – remoção de umidade do gás natural;
Regeneração – remoção de umidade das peneiras moleculares;
Pré-resfriamento – recuperação de energia por troca térmica em permutadores;
Ciclo de refrigeração a propano – utilizado para resfriamento do gás natural;
Expansão do gás natural – liquefação das frações pesadas do gás natural;
Desmetanização – separação das fases liquida e gasosa, com liberação do
metano;
Compressão do gás residual – aumento do nível de pressão para escoamento;
Fracionamento do LGN – separação do liquido de gás natural em correntes
puras de produtos especificados.
Existem várias configurações que podem ser utilizadas em um projeto de
processamento de gás por turbo-expansão. As etapas do processamento que mais
apresentam possibilidades de configurações diversas são a desmetanização e o pré-
resfriamento da carga de gás natural. Existem vários projetos operando com
configurações diferentes de troca térmica entre as correntes de carga da torre
desmetanizadora com o gás frio já processado. Cada qual procura ser o mais eficiente
possível, otimizando ao máximo o aproveitamento energético do processo. A
criatividade e experiência da equipe de projeto permitem a criação de várias soluções
para esses sistemas.
Esquema do processo turbo-expansão
Apresentamos esquematicamente uma possível solução para um projeto turbo-
expansão que visa a produção de etano petroquímico. Mesmo nesse projeto, várias
pequenas alterações podem ser desenvolvidas para atender melhor um ou outro
propósito específico de um empreendimento para aproveitamento de gás natural de uma
ou outra área produtora. Para melhor entendimento serão apresentadas apenas as
principais correntes do processo.
Etapa de compressão inicial
Para garantir a pressão mínima de operação da unidade, pode ser necessária a
compressão inicial do gás natural, que é a carga da unidade. O valor mínimo da pressão
de projeto deve ser atendido para que a expansão do gás no turbo-expansor consiga
gerar as temperaturas baixas previstas no projeto e, com isso, seja garantida a geração
dos produtos na quantidade e qualidade esperadas.
Principal malha de controle
Devido à necessidade de garantia de pressão mínima, esta é a variável mais
importante dessa etapa. O controle de pressão ocorre pela atuação na descarga do
compressor, permitindo uma estabilização do fluxo de carga e garantindo o grau de
expansão adequado para o processo. As outras malhas dessa etapa são as referentes ao
controle operacional do compressor de carga, visto que os valores das variáveis
dependem das pressões existentes e do grau de expansão necessário para a garantia da
qualidade dos produtos gerados. Os valores usuais de pressão de descarga do gás natural
proveniente da estação de compressão são da ordem de 6,9 MPa a 7,9 MPa (70,0
kgf/cm2
a 80,0 kgf/cm2).
Etapa de dessulfurização
O gás natural com alta pressão e saturado em água alimenta os vasos de remoção
de H2S, constituídos por um leito fixo de óxidos sintéticos metálicos (ferro ou zinco). O
teor de H2S na saída desse processo é de, no máximo, 0,10cm³/m³. Essa etapa é
necessária devido à ocorrência de concentração de H2S na corrente liquida formada pela
fração C2+ produzida pela unidade. De outra forma, a movimentação dessa corrente com
altos teores de H2S poderia gerar graves problemas. O gás necessariamente deve estar
saturado em água, para que as reações de neutralização ocorram com a eficiência
desejada.
Principais malhas de controle
As principais malhas de controle operacional do sistema de dessulfurização e os
valores usualmente praticados em sua operação são os seguintes:
Vazão de alimentação de cada vaso de sulfatreat – esta variável não é
controlada diretamente por ação de válvulas de controle;
Pressão diferencial dos leitos sulfatreat – monitora a perda de carga em cada
leito da unidade;
Nível de fundo do vaso separador de líquido – controla o nível do vaso
responsável por drenar o excesso de água (água livre) injetado no gás para a
garantia da saturação em água;
Teor de H2S no gás de entrada na unidade de tratamento – monitora o teor
de H2S no gás que será tratado;
Teor de H2S no gás tratado – monitora o teor de H2S no gás tratado.
Etapa de desidratação
O gás proveniente da unidade de tratamento de gás natural chega ao vaso
separador de líquido para separação de condensado e água livre arrastada. O gás livre de
líquido é enviado para os vasos secadores de gás natural. Cada secador contém um leito
fixo de peneira molecular para adsorção do vapor d’água em equilíbrio com o gás
natural (umidade do gás natural). A altura do leito é calculada para conferir a autonomia
de, no mínimo 15 horas de operação. Após um ciclo de operação de aproximadamente
15 horas, o leito da peneira fica saturado em água, sendo necessário, então iniciar a
etapa de regeneração da peneira, a qual dura aproximadamente 6 horas.
Após a regeneração, ainda é necessária a de resfriamento do leito, antes que este
entre em operação normal. O resfriamento se completa em quatro horas, no máximo,
podendo ser concluído assim que a temperatura do gás atingir 50°c. Enquanto um leito
esta sendo regenerado, outro está em operação normal, desidratando o gás natural carga
da unidade (pode também ser utilizado para controle do tempo de regeneração, um
limite de tempo para que o decréscimo de temperatura do leito seja inferior a 1°c).
As peneiras moleculares constituem-se de um complexo de compostos,
formados por alumínio, silício, oxigênio e sódio. Esses componentes são combinados a
fim de formar uma mistura de cerâmica estável. Durante o processo de fabricação são
formadas cavidades rígidas na estrutura, em que a molécula de água fica armazenada
após o processo de adsorção que ocorre durante a passagem do gás úmido pelo leito da
peneira. As moléculas de uma peneira molecular se unem naturalmente, formando uma
estrutura semelhante a um cristal, o qual contém uma rede de cavidades formadas pelas
“paredes” das moléculas da peneira. Podem ser fabricados vários tipos de cristais
diferentes, com grande variação de tamanho e configuração dos poros (cavidades),
conforme for o objetivo do processo (qual o tipo de molécula deverá ser retida pela
peneira).
Os cristais das peneiras utilizados nos sistemas de desidratação de gás natural
são normalmente ligados com um tipo de argila, para formar pequenas esferas de
tamanho controlado (pellets ou pelotas). O processo de fabricação da peneira é a
tecnologia que o fabricante guarda com cuidado, pois está aí o valor agregado
do processo. Exemplo de maquete do leito fixo das peneiras moleculares: --->
Características principais da peneira molecular
Diâmetro da partícula – 3,2mm;
Massa específica – 640 kg/m³ a 700 kg/m³;
Capacidade de retenção de água – 22,5 kg/100 kg;
Suporte – esfera cerâmica inerte;
Grades de retenção do leito – metálicas;
Mecanismo – adsorção de água;
Material das partículas – zeólitos sintéticos;
Alumino – silicatos metálicos.
Principais malhas de controle
Teor de água do gás desidratado – valor normal: ponto de orvalho do gás
abaixo de -100°c;
Controle de nível do vaso separador de líquido – separar líquidos
eventualmente arrastados da etapa de dessulfurização;
Controle de pressão do vaso separador de líquido – mantém sob controle a
pressão dos vasos das peneiras;
Pressão diferencial dos filtros das peneiras – garante a integridade dos
elementos filtrantes (cartuchos) da peneira.
Regeneração das peneiras moleculares
A regeneração é feita por uma corrente de gás seco a cerca de 250°c, que é
injetada no leito saturado da peneira. A alta temperatura do gás vaporiza e retira a água
do leito da peneira. É utilizado um forno para aquecimento do
gás utilizado na regeneração. Os equipamentos auxiliares – filtro
de poeira, compressor de gás regenerado, resfriador de gás de
regeneração e vaso separador – completam o sistema de
regeneração das peneiras. O gás utilizado na regeneração, após o
tratamento nesses equipamentos auxiliares, retorna à corrente
principal de carga da unidade.
Principais malhas de controle
Controle de temperatura do gás de regeneração – Controla a eficiência da
etapa de regeneração e a conclusão dessa etapa;
Controle de nível do vaso decantador de água – controla o descarte da água
separada do gás natural nas peneiras;
Controle de pressão do retorno de gás usado na regeneração – esta variável
controla a pressão de descarga do compressor que permite o retorno da corrente
de gás utilizada na regeneração à corrente principal;
Vazão de gás para o forno – controla a vazão do gás utilizado na regeneração.
Etapa de pré-resfriamento
Esta etapa permite economia do projeto, traduzida em menores equipamentos de
refrigeração e menor custo com eletricidade. As frações frias trocam calor com a carga
de gás natural mais quente em permutadores de alumínio tipo trocadores de placas (ou
originalmente chamados plate fin heat exchanger). Antes de sair da unidade para
destinação final.
Os permutadores tipo plate fin heat exchanger são constituídos por placas de
alumínio fundido, formadas por blocos de camadas alternadas entre passagens estreitas
e alertas corrugadas. As camadas são separadas umas das outras por chapas seladas ao
longo das extremidades por meio de barras laterais. Esse tipo de permutador possui uma
grande área de transferência térmica por volume, devido ás placas ser dispostas muito
próximas entre si e o alumínio permitir uma alta taxa de transferência de calor entre as
correntes.
O gás natural seco é submetido a cinco estágios de pré-resfriamento, por meio
do aproveitamento da corrente fria de gás residual proveniente da torre desmetanizadora
e de um ciclo de refrigeração a propano. A seqüência de passagem pelos permutadores é
a seguinte: Primeiro permutador gás-gás, primeiro resfriador de gás a propano, segundo
permutador gás-gás. Nota-se que os permutadores de aproveitamento de energia estão
misturados com os permutadores a propano, de forma a aperfeiçoar o resfriamento do
gás natural, com o menor gasto de energia.
Principal malha de controle
Para monitoração do estado dos filtros na entrada dos permutadores, são
instalados medidores de pressão diferencial a montante e a jusante do filtro.
Etapa de refrigeração a propano
As unidades de turbo-expansão podem utilizar resfriamento apenas a partir da
expansão do gás turbo-expansor ou ainda utilizar uma etapa de resfriamento da carga,
por meio de um ciclo de refrigeração a propano em regime fechado. O calor latente da
vaporização do propano é a fonte de refrigeração do gás natural.
Dentro dos resfriadores ocorre a etapa de vaporização do ciclo. O vapor de
propano oriundo do resfriador de gás natural do segundo estágio é encaminhado para o
vaso economizador de propano e daí para a sucção do segundo estágio do compressor.
O vapor oriundo do resfriador do primeiro estágio é encaminhado para o vaso separador
de gás do turbo-expansor (vaso de topo de torre desmetanizadora).
Principais malhas de controle
Controle de nível do vaso do segundo estágio do compressor;
Controle de nível do resfriador a propano do primeiro estágio – esta variável
controla a taxa de condensação de pesados do gás. Quanto mais alto for o nível
de propano, mais frações pesadas são condensadas;
Controle de nível do resfriador a propano do segundo estágio – esta variável
também controla a taxa de condensação de pesados do gás. A contrapartida é o
que o nível alto do resfriador tende a aumentar a pressão da descarga do
compressor de propano;
Controle de pressão do primeiro estágio do compressor – esta variável
controla a temperatura do primeiro estágio do compressor;
Controle de pressão do vaso do primeiro estágio do compressor – esta
variável controla a pressão de sucção do compressor;
Controle de pressão do vaso do segundo estágio do compressor – está
variável controla a pressão interestágio do compressor;
Controle de pressão do vaso acumulador – esta variável controla a pressão de
descarga do compressor.
Etapa de expansão isentrópica
É o sistema mais importante e mais complexo da unidade, sendo responsável
pelas baixas temperaturas necessárias à liquefação da fração C2+ do gás natural. A
correta operação do turbo-expansor, principal equipamento da unidade, define, em
ultima instância, se a unidade obterá os produtos desejados, na quantidade e qualidade
esperadas.
(Conjunto rotativo do turbo-expansor da URL Cabiúnas) (Turbo-expansor da URL de Cabiúnas)
A partir do vaso de sucção do turbo-expansor, o gás natural é dividido em duas
correntes, a primeira enviada para resfriamento no condensador de topo da torre
desmetanizadora, transformando-se no refluxo desta a partir da injeção na bandeja mais
alta da torre. A outra corrente é enviada para o turbo-expansor, no qual ocorre um forte
resfriamento do gás, com condensação das frações mais pesadas do que o metano. A
expansão do gás natural além de gerar o efeito do resfriamento, fornece energia para a
compressão do gás seco no compressor auxiliar (booster) do sistema de compressão de
gás residual. O líquido contido no fundo do vaso de sucção do turbo-expansor é
direcionado para a torre desmetanizadora, após resfriamento no permutador líquido-
líquido que utiliza a corrente fria desta.
Principais malhas de controle
Controle de rotação do turbo-expansor – esta variável é controlada pela vazão
de alimentação de gás do expansor;
Controle de pressão da sucção do expansor – esta variável é controlada
indiretamente pelo controle de pressão do vaso de entrada do turbo-expansor.
Etapa de desmetanização do LGN
A torre desmetanizadora é um dos principais equipamentos da unidade,
constituída por seção de topo e de fundo. Na seção de topo ocorre a formação do gás
seco basicamente composto de metano, e na seção de fundo verifica-se a formação
líquida de gás natural (LGN), constituído por componentes mais pesados do que o
metano, os quais são condensados durante o resfriamento do gás natural. A etapa de
fracionamento do LGN, com geração dos produtos finais líquidos da unidade (GLP,
etano petroquímico, C5+), pode ser realizada no mesmo local da etapa de recuperação de
líquido ou em local distinto, como é o caso do projeto Cabiúnas no estado do Rio de
Janeiro, e do projeto MEGA na Argentina. Nesses dois exemplos a unidade de
recuperação de líquidos é interligada por um duto transportador de LGN a unidade de
fracionamento de líquido. A torre desmetanizadora também pode ser utilizada para
operar como uma desetanizadora rejeitando etano para o gás disponibilizado para venda.
Com essa finalidade, as principais variáveis de controle de processo precisam ter seus
valores alterados.
Condições de operação da torre desmetanizadora
Primeira alternativa – operação com produção de etano petroquímico
A corrente de gás de saída do vaso de alimentação do turbo-expansor é dividida
em duas correntes. A primeira segue para o condensador, onde é resfriada e
parcialmente condensada para entrar na torre como o refluxo interno desta. A outra
corrente de gás vai para o turbo-expansor, onde o gás é expandido, resfriado e
parcialmente condensado, entrando na torre algumas bandejas abaixo da primeira
corrente.
Principais malhas de controle para produção de etano
Controle de nível do vaso de topo;
Controle de pressão da torre desmetanizadora;
Controle de vazão de refluxo da torre;
Controle de temperatura do fundo da torre;
Controle de vazão do refervedor da torre;
Controle da razão entre as vazões de alimentação intermediárias da torre.
Segunda alternativa – operação com rejeição de etano para o gás
Nesta alternativa, a corrente de gás de saída do vaso de alimentação do turbo-
expansor é dividida em três correntes: a primeira segue para o condensador, onde é
resfriada e parcialmente condensada para entrar na torre como refluxo interno desta,
nesse caso, opera como uma desetanizadora. A terceira corrente vai para o turbo-
expansor, onde o gás é expandido, resfriado e parcialmente condensado na torre,
compondo o refluxo interno desta.
Principais malhas de controle para rejeição de etano
Controle de temperatura do topo da torre (para rejeição de etano);
Controle de temperatura do fundo da torre (para rejeição de etano);
Controle de pressão para torre desmetanizadora.
Etapa de compressão de gás seco
O gás de saída da torre desmetanizadora troca calor nos permutadores plate fin
da unidade e flui para o vaso separador de gás seco, no qual ocorre a remoção eventual
de líquido. O gás seco segue para o compressor auxiliar (compressor acoplado ao turbo-
expansor) e, então, para o compressor principal de gás residual, sendo resfriado no
permutador de gás seco antes de ser, finalmente, encaminhado para o gasoduto de
transferência.
(Compressor de gás residual da URL de Cabiúnas)
Principais malhas de controle
Controle de pressão de descarga do compressor – esta variável controla a
pressão de entrada do gás na malha de transporte para entrega ao consumidor
final;
Controle anti-surge do compressor – feito por uma válvula de controle de
fluxo, o controle garante a vazão mínima necessária que impede a ocorrência do
fenômeno chamado surge no compressor.
Etapa de fracionamento do LGN
O LGN etanizado segue para a área de fracionamento para ser separado nas
frações de hidrocarbonetos de interesse comercial, por meio da passagem do LGN por
uma seqüência em série de torres destiladores. A seqüência de fracionamento de
fracionamento do LGN é:
Torre desetanizadora – separa a corrente de etano do LGN;
Torre despropanizadora – separa a corrente de propano do LGN;
Torre desbutanizadora – separa a corrente de butano do LGN;
Torre deisopentanizadora – separa a corrente de isopentano pelo topo e a
corrente C5+ pelo fundo.
Existe apenas uma bomba, chamada bomba de carga da área de fracionamento,
que alimenta a primeira torre da série, a desetanizadora. Para a alimentação das demais
torres da seqüência, as pressões de operação são definidas de forma a permitir o
escoamento seqüencial do LGN apenas por diferença de pressão, sem necessidade de
bombas intermediárias.
Principais malhas de controle
Controle de pressão das torres;
Controle de temperatura de topo das torres;
Controle de temperatura de fundo das torres;
Controle de nível dos vasos de topo;
Vazão de refluxo.
Processo turbo-expansão para produção de etano – Exemplos de aplicação
Projeto Cabiúnas
Os objetivos principais do projeto Cabiúnas são ampliar a capacidade de
transporte de gás natural produzido na Bacia de Campos e garantir o fornecimento de
insumos ao pólo Gás-Químico do Rio de Janeiro. O aumento da produção de gás natural
da Bacia de Campos exigiu um proporcional aumento da capacidade de escoamento
deste para possibilitar o seu aproveitamento nos grandes centros consumidores. O
projeto Cabiúnas, por meio de um complexo industrial de processamento de gás natural,
veio proporcionar as condições técnicas ideais para a movimentação de gás a partir dos
campos produtores até a entrega de produtos acabados aos consumidores finais de gás e
ao pólo Gás Químico.
Concepção básica do projeto
O projeto é constituído por um gasoduto que interliga barra do furado a
Cabiúnas, para escoamento do gás produzido pelas plataformas da bacia de campos
(Gascab II); um sistema de compressão de gás natural, localizado em Cabiúnas; dois
módulos da unidade de recuperação de líquido (URL), também localizados em
Cabiúnas; um duto de transferência de líquido de gás natural (Osduc II), interligando
Cabiúnas à Reduc; e uma unidade de fracionamento de líquido (UFL), localizada na
Reduc, Rio de Janeiro.
Principais problemas operacionais do processo turbo-expansão
Falha do sistema supervisório de controle
Devido ao alto nível de complexidade, a unidade possui um sistema de controle
bastante automatizado. Dessa forma, opera com baixo nível de intervenção manual, o
que facilita o controle, reduz a rotina operacional e minimiza riscos e erros, porém,
torna o sistema mais sensível, em caso de falha do sistema supervisório. Normalmente,
falhas na rede dos controladores lógicos programáveis (CLPs) ou na rede dos
computadores de controle significam parada total da unidade pelo tempo necessário à
correção do problema.
Formação de hidrato
Para uma unidade que chega a atingir -96°c, a formação de hidratos é um
problema bastante crítico, obrigando a parada geral dos sistemas a frio da unidade por
várias horas para desfazer o hidrato formado. A melhor e a única solução eficaz é a
prevenção, e esta tem como princípio básico a medição continua da unidade residual do
gás processado, por meio de medidores em linha para propiciar as correções necessárias
a tempo de evitar o processo de formação de hidrato. Os principais fatores que podem
ocasionar formação de hidrato nesse tipo de unidade são os seguintes:
Leito da peneira saturado (tempo de campanha esgotado);
Falha do compressor de gás quente;
Aumento do teor de água no gás natural;
Regeneração deficiente (temperatura baixa por falha do forno, baixa vazão
de gás quente ou falha no controlador da programação da regeneração).
Parada do turbo-expansor
Como principal equipamento da unidade, a falha do turbo-expansor causa perda
de eficiência na obtenção de baixas temperaturas, porém a unidade permanece operando
por meio da válvula de desvio do turbo-expansor, obtendo-se a expansão isentálpica por
efeito Joule-Thomson, o qual é menos eficiente do que a expansão isentrópica
promovida pelo turbo-expansor.
Parada dos compressores de propano
A parada do compressor de propano normalmente está relacionada à qualidade
do propano do ciclo. Altos teores de etano presentes no propano refrigerante acarretam
pressões altas na descarga da máquina, o que pode determinar a queda do compressor.
Falha do forno da desmetanizadora
Os principais problemas envolvendo a área quente dessa unidade estão
relacionados de alguma forma à falha do forno, sendo a mais comum causada por falha
da instrumentação de controle e segurança do equipamento. Problemas, como má
qualidade do combustível, queda de refratário, furo da serpentina e travamento do
abafador, também podem gerar paradas do equipamento.
Isolamento térmico frio danificado
Quando ocorre algum fato que impacta o nível de isolamento térmico dos
sistemas a frio da unidade, a perda de eficiência é imediata, implicando, muitas vezes, a
necessidade de paradas não programadas para recuperação do isolamento.
Conclusão
Concluiu-se que o processo de turbo-expansão é de grande importância e
apresenta-se bastante eficiente no procedimento de tratamento do gás natural utilizado
nos dia atuais pelas unidades de tratamento do gás. Para o bom desempenho deste
procedimento é necessário ainda que a equipe possua o bom entendimento do processo
termodinâmico apresentado durante a operação, e que conheça bem a cada uma das
etapas que envolvem o procedimento.
Referência
VAZ, Célio Eduardo Martins. Tecnologia da industria do gás natural / Célio
Eduardo Martins Vaz, João Luiz Ponce Maia, Walmir Gomes dos Santos. – 1ª ed. – São
Paulo: Blucher, 2008.