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BARCELONA2014
UNIVERSIDAD POLITCNICA DE CATALUNYAESCUELA TCNICA SUPERIOR DE ARQUITECTURA DE BARCELONA
SAMUEL SILVA DE BRITO
LUCIO COSTAO PROCESSO DE UMA MODERNIDADEArquitetura e projetos na primeira metade do sc. XX
TOMO II de 2 Tomos
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Nos meus projetos houve uma fuso, uma superposio, que
simplificou os problemas. As casas que fao hoje guardam esses elementos. So casas brasileiras, feitas com esprito
atual, contemporneo, bem impregnadas das caractersticas
e sensibilidade da arquitetura colonial e imperial.1
[Lucio Costa 1987]
1 ! COSTA, Lucio; SABBAG, Haifa Y. A Beleza de um trabalho percursor, sntese da tradio e da modernidade. In: Arquitetura e Urbanismo, So Paulo, ano 1, n.1, jan. 1985, p. 17.
12. MODERNIDADE ADAPTADA
Deixando)para)trs)os)umbrais)da)iniciao)moderna,)e)da)conseguinte)fase))
procura)de) sntese)cria:va,)Lucio) Costa)chega) ao) nal) da) dcada)de)1930)
com) uma) viso) amadurecida)da)modernidade) ampliada) que) maneja. )Nos)
projetos) que) realizar) at) o) nal) da) dcada) de) 1940,) sua) po:ca) que)
usualmente) j) explorava) a) revoluo) pls:ca) con:da) na) tropicalidade) e)
mes:agem) local,) se) preocupar) ainda) mais) em) amplicar) solues)
vernaculares,)reexo)de)seu)crescente)vnculo)dentro)do)SPHAN.
Tamanha) ser)a)interferncia)do)repertrio) tradicionalista)nestes) anos)que))
at)parece)haver)uma)mudana)em)seu)ponto) de)par:da)conceitual:)o)que)
antes)era)a)a:vidade)de)um)arquiteto)que)busca)na)pesquisa)vernacular) um)
ponto)de)contato)po:co,)agora)parece)ser) a)a:vidade)de) um)pesquisador)
do)SPHAN)que)estende)seu)estudo))praxis)arquitetnica.)
J)em)1937)Lucio)anuncia)as)diretrizes)de)sua)pesquisa)arquitetnica)atravs)
do) ar:go) in:tulado) Documentao) Necessria,) publicado) no) primeiro)
nmero)da)Revista)do) Servio)do)Patrimnio)Histrico) e)Ar]s:co) Nacional,)
publicao) ocial) do) SPHAN.)Neste)texto) o) autor) declara)aberta)militancia)
por) uma) arquitetura) que) resgate) os) valores) da) tradio) luso^brasileira,) e)
conclama) os) arquitetos) modernos) para) realizarem) uma) con:nuidade)
arquitetnica)com)o)vernculo.
Lucio) inicia) armando) que) a) nossa) an:ga) arquitetura) ainda) no) foi)
convenientemente) estudada,)e) segue)dissertando) sobre)as) qualidades) da)
arquitetura) popular) portuguesa) que) se) desenvolveu) no) Brasil,) e) da)
importncia) de) arquitetos) estarem) sensveis) s) lies) que) elas) ainda)
ensinam.
Haveria, portanto, interesse em conhece-la melhor, no propriamente para evitar a repetio de semelhantes leviandades ou equvocos - que seria lhes atribuir demasiada importncia -, mas para dar aos que de tempos a esta parte se vm empenhando em estudar de mais perto tudo que nos diz respeito, encarando com simpatia coisas que sempre se desprezaram ou mesmo procuraram encobrir, a oportunidade de
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01 ) Capa) do) primeiro) nmero)da)Revista)do)SPHAN.
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servir-se dela como material de novas pesquisas, e tambm para que ns outros, arquitetos modernos, possamos aproveitar a lio de sua experincia de mais de trezentos anos, de outro modo que no esse de lhe estarmos a reproduzir o aspecto morto.2 [Lucio Costa 1937]
O) proslito) texto) de) Lucio) argumenta) que) a) arquitetura) desenvolvida) no)
Brasil)desde)seus)primrdios)colonial)at)o) incio)da)arquitetura)ecl:ca)no)
comeo) do) sculo) XX,) sempre) soube) ir) adaptando^se) s) novas) facilidade)
tecnolgicas.)Defende)que)a) tradicional) gura)do)mestre)de)obra,)o) velho)
portuga,) soube) guardar) a) tradio) ao) mesmo) tempo) que) adaptava) a)
arquitetura)popular)com)inovaes)tcnicas)e)de)conforto)que)gradualmente)
iam)surgindo,)sempre)atento)ao)bom)princpio)da)veracidade)arquitetnica.
Verifica-se, assim, portanto, que os mestres de obra estavam, ainda em 1910, no bom caminho. Fiis boa tradio portuguesa de no mentir, eles vinham aplicando, naturalmente, s suas construes meio feiosas todas as novas possibilidades da tcnica moderna [...].3 [Lucio Costa 1937]
Costa) con:nua) armando) que) essa) evoluo) da) boa) arquitetura)
vernacular) foi) rompida)pela) ao) imatura)de) arquitetos) ansiosos)em)exibir)
seu) domnio) da) paleta)da)arquitetura) acadmica,) es:mulados) ainda)mais)
pelos) clientes) desejosos) por) casas) vistas) na) novedosa) indstria)
cinematogrca) do) comeo) do) sculo) XX,) e)em) viagens)ao) exterior.) Lucio)
ainda) lamenta) que) o) movimento) neocolonial) no) soubera) retomar) esta)
evoluo)vernacular,)limitando^se))um)ar:cioso)processo)de)adaptao4.
Todo) esse) quadro) historiogrco) ) montado) com) o) tal) de) defender) a)
responsabilidade)que)a)arquitetura)moderna)brasileira):nha)de)reaver)essa)
linhagem)evolu:va,)um)necessrio)programa)cultural)que)a)nova)arquitetura)
:nha) de) assumir.) Para) Lucio, ) a) tradio) teria) que) estar) entre) as)
preocupaes)de)projeto,)e)retomar)uma)genealogia)perdida.
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2 ! COSTA, Lucio. Documentao Necessria. Revista do SPHAN, Rio de Janeiro, n.1, 1937, p. 32 e 33, grifo nosso.3 ! Ibid, p. 37.4 ! Ibid, p. 39.
Sendo)assim,)os)anos)subsequentes)ao)ar:go)so)chaves)para)a)consolidao)
de) um) postura) frente) ) uma)modernidade) contextual.) Sua)mo:vao) em)
dissertar) sobre) a) necessria) linhagem) vernacular) da) modernidade) logo)
transborda)o)campo)terico^textual, )e)pem^se)em)pr:ca)no)projeto)para)a)
Casa)Marinho)de)Azevedo,)construda)no)Rio)de)Janeiro)em)1938.)
Como) ) sabido,) certos) encargos) so) muito) propcios) para) se) explorar) a)
liberdade) composi:va)almejada,)e)consideramos)que)esta)casa)para)o)casal)
Helosa) e) Roberto) Marinho) de) Azevedo) serviu) apropriadamente) como)
desdobramento)projetual)de)sua)documentao)necessria.
Apesar)de)no)fazer)parte)stricto'sensu)dos)projetos)realizados)na)dcada)de)
1940,)depois)da)importante)experincia)em)Nova)York,)ainda)assim))vlido)
nos) determos) na) apreciao) desta) casa) de) 1938,) uma) vez) que) ) a)
primognita) de) um) conjunto) de) casas) realizadas) com) uma) operao)
projetual)muito)semelhante.
Construda)no)bairro)de)Botafogo,)na)rua)Professor) Alfredo) Gomes)n) 1,)a)
casa) se) des:nava) a) conhecidos) do) arquiteto. ) Helosa) era) lha) de) Bento)
Oswaldo)Cruz) (1895^1941),)um)amigo) de)Lucio)Costa)e)para)o)qual) j)havia)
auxiliado) em) uma) an:ga) propriedade) no) incio) da) dcada) de) 19205.) O)
marido) de) Helosa,)Roberto)Marinho) de)Azevedo) (1878^1962),) tambm) j)
era)conhecido) do)arquiteto,)pois)como) foi) professor) e)diretor) da)Escola) de)
Cincias) da) Universidade) do) Distrito) Federal)6 ,) coincidiu) com) Lucio) no)
perodo)em)que)o)arquiteto) criou)o)curso)de)especializao)no)Ins:tuto)de)
Artes)da)mesma)universidade.
A) casa) explora) as) possibilidades) de) evoluo) moderna) de) uma) casa)
tradicional) brasileira.) Solues) comuns) s) moradias) coloniais) se) incrustam)
dosadamente) ao) pequeno) volume) branco.) Com) naturalidade) a) fachada)
alterna)um)inicial) aspecto)moderno,)bem)denido)na)estrutura)de)garagem)
coberta) com) laje)plana) e)pequena) prgola) com)brises,) para) contrastantes)
solues) tradicionais) como) as) janelas) isoladas) que) exibem) suas) prprias)
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5 ! COSTA, 1997, p. 12.6 ! Roberto Marinho de Azevedo foi diretor de 1935-37.
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coberturas)de)telhas)de)barro) e)se)adiantam)do)corpo)principal) com)grades)
salientes.
A)impresso)dos)pequenos)beirais)das)janelas)recebem)seu)contraponto)logo)
acima,)com)a)branca)testada)que)a)cobertura)de)telhado)inver:do)conforma,)
mas)o)aparente)purismo)logo)se)dissolve)diante)de)detalhes)como)a)pequena)
moldura) de) azulejos) na) porta) junto) ) garagem,) luminria) pendente) :po)
lampio) logo) acima) da) porta,) estrutura) de) ven:lao) em) vazados)
triangulares)e)o)embasamento)em)pedra)aparente.
No) espao)interior)da)casa)Lucio)explorou)interessantes)releituras,)como)no)
p:o)con]guo)a)um)dos)cmodos, )que)para)manter)uma)atmosfera)n:ma)e)
impedir)a)vista)de)ediscios)vizinhos,)o)arquiteto)cobriu)com)a)peculiar)trelia)
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02 ) Fachada) Casa) Marinho) de)Azevedo.
03/05)Detalhes)da)fachada.
06)Sala)e)p:o)con]guo.
07/08) Vista) do) p:o,) com)detalhe) da) cobertura) de)trelia.
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dos)muxarabs,)recuperando)no)s)a)estrutura)tramada)dos)an:gos)balces)
de)inuncia)morabe,)mas)o)sen:do)pleno)do)seu)an:go)uso,)mostrando)o)
quo) ampla) e) enriquecedora) era) sua) compreenso) da) atualidade) das)
solues)vernculas.
O) arquiteto) tambm) se) mostra) atento) ) presena) da) natureza) como)
elemento)denidor) do) espao) projetado.)Alm) de)exibir) um)jardim) frontal)
com)pequeno)lago7, )a)laje)da)garagem))recortada)para)dar)passagem))uma)
rvore)que)provavelmente)j)exis:a)no)terreno,)o)que)congura)um)caricato)
retrato)de)disputa)com)a)arquitetura,)onde)a)natureza)sai)ganhando.)Soluo)
que,) no) por) casualidade, ) tambm) serve) de) demonstrao) das)
possibilidades)modernas, )exibindo)a)exibilidade)da)estrutura)independente)
adotada.)
Tudo)indica)que)esta)casa)foi)a)primeira)experimentao)da)linguagem)mixta)
realizada) nas) tautolgicas) casas) que) se) seguiram) ao) longo) da) dcada)de)
1940.)Sua)inicial) experimentao) com)o) sincre:smo) vernculo) em)projetos)
anteriores,) como) os) da) Chcara) Coelho) Duerte) e) Monlevade,) por) m) se)
armavam)como)a)grande)mo:vao)arquitetnico)de)Lucio)Costa.
Infelizmente)h)muito)pouca)informao) sobre)a)Casa)Marinho)de)Azevedo,)
da)qual) algumas)fotos)so)o)nico) registro)legado,)j)que)quando)a)casa)se)
viu)cercada)de) prdios)alto,)foi)demolida,)eliminando) a)possibilidade)de)se)
documentar)adequadamente8.
Quando) visto)em) comparao) com) a)produo) dos) demais)arquitetos)com)
quem)segue)associado)na)construo)do)MESP,)as)casas)realizadas)por) Lucio)
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7 ! Apesar de Silva (1991, p. 415) afirmar que o paisagismo fora projetado por Burle Marx, h dvidas quanto essa possvel colaborao, pois praticamente nenhum outro pesquisador ratifica. Burle Marx de fato realizou um jardim em 1938 para uma casa cujo proprietrio se chamava Roberto Marinho, mas o projeto se refere uma residncia de autoria do arquiteto Csar Melo Cunha.8 ! Alm das imagens apresentadas, h uma outra conhecida foto publicada por Bruand (2008, p. 125), que achamos melhor no exibir por no se tratar da mesma poca das imagens acima, nem da mesma fachada. Como a casa sofreu uma reforma vintes anos depois, no final da dcada de 1950, realizada por Lucio Costa, fica difcil distinguir quais eram os aspectos da obra original. Entre os critrios que nos sugerem que as fotos so de pocas diferentes, est a aparncia da vegetao da fachada aqui ilustrada, que exibe um porte pequeno, sugerindo haver sido recm plantada. J na foto publicada por Bruand, alm de ser uma casa de dois pavimentos, a vegetao do jardim apresenta grande porte, podendo se tratar de uma fachada que no corresponde ao aspecto original de 1938.
parecem) advogar) sozinhas) por) uma) nova) vanguarda) dentro) da)
modernidade.) Enquanto) a) maior) parte) dos) arquitetos) esto) voltados) ao)
aprofundando) das)posibilidades) da) tcnica)moderna,)Lucio) passa) cinco) ou)
seis) anos) experimentando) ousadamente) o) ressurgimento) de) diversas)
solues)]picamente)vernaculares.
Um)outro) importante)projeto)que)podemos)denir)como)alinhado)com)essa)
experincia) inicial) da) casa) para) Roberto) Marinho,) ) um) projeto) todavia)
indito) e) desconhecido)pelas)atuais)pesquisas)sobre) Lucio)Costa,)mas)que)
consideramos)oportuno)associar)com)esse)nal)da)dcada)de)1930.
Pesquisando)na)Biblioteca)Paulo) Santos, )localizada)no) Pao) Imperial)no) Rio)
de) Janeiro, ) encontramos) muitos) livros) confeccionados) com) recortes) de)
jornais)e)revistas,)que)foram)montados)por)Paulo)Santos, )que)os)colecionava)
com) o) m)de)documentar) os)acontecimentos)da)arquitetura)brasileira)nas)
primeiras)dcadas)do) sculo)XX.)Entre)as)dezenas)de)livros)de)recortes)nos)
foi)possvel)iden:car)um)livro)dedicado))matrias)sobre)Lucio)Costa,)e)que)
con:nha, )alm)do)mais,)um)projeto)original)desenhado)em)papel)manteiga.)
As) 4) longas) folhas) amareladas) e) mal) dobradas) que) algumas) pginas) em)
branco)do)livro) escondem,)na)verdade)se)trata)de)um)inusitado) projeto)de)
Lucio,)desenhado) dentro)do)mesmo)esprito) que) caracterizou)seus)projetos)
de)meados)da)dcada)de)1930)e)incio)dos)anos)1940.
Apesar) de) no) estar) indicado) o) nome) do) autor) do) projeto,) nem) do)
proprietrio)a)que)estava)des:nado,)a)autoria)de)Lucio) se)pode)facilmente)
deducir) pela) graa) das) letras) que) indicam) os) nomes) das) pranchas) e)
ambientes) internos,) assim) como) por) seu) peculiar) trao) de) desenho,) com)
inconfundveis) croquis) de) rvores) e) vasos) de) planta, ) ou) mesmo) dos)
desenhos)de)layout)de)mesas,)cadeiras)e)sofs.))incrvel)a)semelhana)deste)
desenho) tcnico) com) seus) projetos) esquecidos) realizados) no) incio) da)
dcada)de)1930,)ilustrados)em)captulos)anteriores)deste)trabalho.)
Dado) por) sentado) sua) autoria,) a) descoberta) enriquece) ainda) mais) este)
momento)da)nossa)pesquisa,)pelo)fato)de)se)tratar)de)um)projeto)com)uma)
aplicao)rela:vamente)]mida)do)vocabulrio)tradicional.)
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O)desenho)trata)de)uma)casa)com)grande)rea)interna)que)conjuga)a)diviso)
de) dois) apartamentos) independentes) no) pavimento) superior.) O) trreo,)
apesar) de)parecer) estar)des:nado) apenas)) cmodos)relacionados)com)as)
reas)de)servio,)tambm)possui)um)estudo)em)planta)para)ser)adaptado)e)
dividido)em)mais)dois)apartamentos)independentes.
O)aspecto)geral) do) projeto) est) feito) com) o)mesmo)rigor) pls:co) de) seus)
projetos)do) comeo)da)dcada)de) trinta:)cobertura)com)terrao) ladrilhado,)
parapeitos)metlico,)pergolado)nas)varandas, )estrutura)vazada)para)parede)
vegetal,)etc.)Observando)a)par:r)da)planta)de)implantao)vemos)que)estas)
caracters:cas) esto) todas) em) um) volume) principal) disposto) em) L) que,)
apesar) da) volumetria) compacta,) ) acrescido) de) trs) pequenos) elementos)
anexados) s) fachadas,) sul,)poente) e)nascente.)Volumes) salientes)cobertos)
com) telhas) tradicionais)que)servem)ora)como)balco)para)as)porta^janelas)
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09 10
12 11
09 ) Projeto) desconhecido) de)Lucio)Costa.
10/11) Livro) de) recortes) que)pertencia) a) Paulo) Santos,) e)que) atualmente) pertence) a)Biblioteca) Paulo) Santos) no)Pao)Imperial.
12 ) Projeto) desconhecido) de)Lucio)Costa.
13)Planta)de)situao.
14 )Perspec:va) e) planta) baixa)do)terrao)de)cobertura.
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dos) quartos, ) ora) como) entrada) aos) apartamentos) independentes, ) assim)
como)circulao)de)servio)para)a)cozinha)e)copa.)
A)par:r)destes)espaos)se)do)uma)contaminao)de)diversas)caracters:cas)
vernaculares,)como)as)aberturas)em)trelia)e)a)presena)de)azulejos)na)porta)
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15 ) Perspec:va) desde) a)fachada)do)sol)nascente.
16 )Planta) baixa)do)pavimento)superior.
de) entrada) e)nas) escadas.)As) janelas) j)no) so) em) ta,) seno) aberturas)
isoladas)com)folhas)de)venezianas)externas,)ao)invs)das)moderna)persianas)
embu:das)to)usadas)outrora.)O)p:o)de)servio)delimitado)por)um)rs:co)
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17 ) Perspec:va) desde) a)fachada)do)sol)poente.
18)Planta)baixa)do)trreo.
muro) de) pedra) e) pequena) porta) encravada) na) esquina,) lembra)muito) o)
tratamento)dado))casa)do)zelador)do)Museu)das)Misses)de)So)Miguel.
A) casa) se) mostra) um) pot' pourri) de) solues) j) u:lizadas) em) projetos)
anteriores,) o) que)enfraquece) a) plas:cidade)geral,) uma) vez) que) est)mais)
concentrado) em) administrar) os)diferentes) elementos) que)ar:cula.)Dilema)
entre)a)justa)medida)sobre)contar)o)novo)e)o)contar)da)tradio.)De)fato)
este)impasse)de)ajuste)da)retrica)moderna))tema)de)uma)reexo)feita)por)
Lucio) em) 1939,) por) ocasio) de) quando) asesora) o) diretor) do) SPHAN) na)
escolha) de) um) projeto) para) a) construo) de) um) novo) hotel) na) colonial)
cidade)de)Ouro)Preto.
Rodrigo)Melo)Franco)havia)indicado)Carlos)Leo,)an:go) scio)de)Lucio,)para)
realizar) o) projeto) solicitado) pelo) prefeito) de) Ouro) Preto.) Leo) julga)
conveniente) no) macular) o) aspecto) uniforme) da) cidade) setecen:sta,) e)
realiza)uma)proposta)nos)moldes)neocolonial. )Apesar)da)inicial)aprovao)de)
Rodrigo,) se) encomenda) ) Oscar) Niemeyer) uma) segunda) proposta, ) que)
apresentou) uma) moderna) verso) em) bloco) alongado.) O) dilema) estava)
lanado) e) ) a) que) se) dene) a) importante) intercesso) de) Lucio) por) uma)
linguagem) que) es:vesse) a)meio) caminho) entre) o) contraste) e) o) pas:che,)
estabelecendo)importante)base)para)o)que)mais)tarde)seria)a)posio)ocial)
da)ins:tuio.
Se) requisita) uma) segunda) variante) do) projeto) de) Oscar, ) que) acaba)
incorporando) telhado) tradicional) e) painel) em) trelia,) entre) alguns) dos)
repertrios)que)suavizaria)o)impacto)da)nova)construo.)Oscar)havia)levado)
em) conta) os) conselhos) de) Lucio) em) fazer) descrio) de) um) exagerado)
aspecto)contemporneo,)para)que:
acentuasse menos ao vivo o contraste entre passado e presente, procurando, apesar do tamanho, aparecer o menos possvel, no contar, melhor ainda, no dizer nada (assim como certas pessoas grandes e gordas mas de cuja presena a gente acaba esquecendo),
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para que Ouro Preto continue vontade, sozinho l no seu canto, a reviver a prpria histria.9 [Lucio Costa 1939]
Este) episdio) do) Hotel) de) Ouro) Preto) ilustra) perfeitamente) a) delicada)
posio)em)que)estava)Lucio)Costa)s)portas)do)anos)40,)simultaneamente))
frente)do) SPHAN) e)do) CIAM10,) tarefas) aparentemente) contraditrias) e) na)
qual) o) arquiteto) se) sen:a) ) vontade,) anal) seu) apreo) pela) pureza) da)
tradio) vinha) se) colocando) em) p) de) igualdade) com) sua) convico)
moderna.
12.1.Casa Saavedra
A) Casa) Saavedra) tem) um) valor) excepcional) dentro) do) conjunto) de) casas)
construdas)por) Lucio) Costa,) seja)pela) peculiar) beleza)de)que)est) dotada,)
como)pelo)fato)de)possivelmente)ter) sido)seu)primeiro)projeto)de)uma)fase)
de)maior)maturidade,)aps)o) reconhecimento) internacional)do)Pavilho)do)
Brasil)em)Nova)York.
Apesar) de) sua) construo) ter) se) dado) entre) 1942) e) 1944,) o) projeto) se)
remete))1941,)quando)por)ocasio)do)falecimento)de)um)dos)lhos)do)casal)
Saavedra,)o)cunhado) de)Carmen) Saavedra)e)amigo)de)Costa, )Bento)Cruz)11 ,)
prope))Toms)Saavedra)a)construo)de)uma)casa)de)campo)na)regio)de)
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9 ! COSTA, Lucio. Carta Rodrigo Melo Franco de Andrade. [1939?] In: MARTINS, Carlos Alberto F. Arquitetura e Estado no Brasil: elementos para uma investigao sobre a constituio do discurso moderno no Brasil; a obra de Lucio Costa 192471952. 1987, Dissertao (Mestrado em Histria) - Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas da Universidade de So Paulo, So Paulo, 1987, p. 198.10 !Ainda no est bem conhecida a relao de Lucio Costa como delegado do CIAM, mas se sabe que estava encarregado pelo CIAM de organizar o grupo moderno no Rio de Janeiro, conforme afirmou o prprio Lucio em carta endereada Rodrigo Melo Franco. COSTA, Lucio. VI A 01-02225 L. [Carta Rodrigo Melo Franco de Andrade]. [1939?]. Disponvel em: . Acesso em: 7 jun. 2013.11 !Bento Gonalves Cruz III (1895-1941), ou apenas Bento Oswaldo Cruz, filho do conhecido mdico Oswaldo Cruz (1872-1917), era casado com Maria Luisa Proena, irm de Carmen Saavedra.
Correias) para) consolar) a) dor) de) sua) mulher,) sugerindo) tambm) que) a)
residncia)fosse)projetada)por)Lucio)Costa.12
Toms)scar) Pinto) da)Cunha)Saavedra)(Lisboa,)1890)^)Rio)de)Janeiro,)1956),)
era) um) bem) sucedido) portugus) radicado) no) Brasil,) detentor) do) ]tulo)
nobilirquico)3)Baro)de)Saavedra.)Devido)suas)convices)pela)monarquia,)
esteve) implicado) em)desobedincias)contra)o) novo) regime)Republicano)de)
Portugal) em)1910,) ano) em)que)expatra^se) no) Brasil,)estabelecendo^se)no)
Rio) de) Janeiro.) Casando) com) Carmen) de) Proena) (1904^1959),)de) famlia)
tradicional)brasileira,)o)imigrante)Saavedra)mostrava^se)aclimatado))cultura)
da) an:ga) colnia) tropical,) sem,) porm,) deixar) de) estar) in:mamente)
envolvido) com)sua)cultura)de)origem.)Chegou)a) cumprir) papel)destacado))
frente)do) grupo)de)imigrantes)lusos)que)viviam) no) pas,)como) por) ocasio)
das)Comemoraes)Centenrias)de)Portugal)em)1939^1940,)quando)presidiu)
a)Comisso)Execu:va)do)Conselho)da)Colnia13,)que)tambm)contou)com)a)
estreita) par:cipao) de) Ricardo) Severo,) militante) do) revival) colonial) no)
Brasil.
Tais) fatos) contribuem) para) tornar) ainda) mais) curioso) o) projeto) a) ser)
desenvolvido)por)Lucio,)uma)vez)que)era)um)autn:co)portugus)quem) lhe)
encomendava)uma)casa)ao)arquiteto.)As)circunstncias)de)projeto)se)faziam)
mais) especiais) se)considerarmos) que) o) oramento) envolvido) pra:camente)
no)teria)limites,)j)que)o) Baro)alm)de)banqueiro,)diretor) chefe)do)Banco)
Boavista,)era) um)bem)sucedido) empresrio) com) par:cipao)em) negcios)
diversos,)entre)eles)o)famoso)Hotel)Copacabana)Palace.
Ainda)que)com)a)possibilidade)do) luxo,)o)aspecto)geral)proposto)por) Lucio)
recusou) excessos) e) requintes) pls:co,) solucionando) o) projeto) com) uma)
impressionante) austeridade.) A) casa) se) desenvolve) como) um) pavilho)
alongado) com) duas) alas) perpendiculares,) suspenso) por) pilo:s)de)concreto)
aparente) e) seo) quadrada.) As) paredes) do) pavimento) superior) so) de)
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12 !Como Bento Cruz faleceu em um trgico acidente de hidroavio em agosto de 1941, tendo sido o encargo por sua sugesto, logo a encomenda do projeto foi de fato no ano 1941, ou mesmo antes.13 !As commemoraes [sic] centenrias de Portugal. Correio da Manh, Rio de janeiro, p. 6, 24 ago. 1938.
19 /21) C roqu i s) d a) Ca sa)Saavedra) editados) sem) o)fundo.
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alvenaria) de) :jolos,) sem) rebocar) na) face) externa,) apenas) pintadas) de)
branco.)No)trreo)as)paredes)externas)so)feitas)com)a)mesma)alvenaria)de)
pedra)aparente)que)envolve)o)p:o)de)servio.)A)cobertura)de)apenas)meia)
gua))realizada)em)madeira)e)com)telha)tradicional.
Se)nos)atentamos)aos) trs) croquis)em) perspec:va)que) ilustram) o) projeto,)
vemos)uma) semelhana)em) alguns)pontos)do) par:do) proposto) no) projeto)
encontrado) no) livro)de)recortes)de)Paulo)Santos:)soluo)de)planta)em)L,)
com)varandas)nas)extremidades,)e)na)interseo)das)duas)alas)um)p:o)de)
servio)murado)de)pedras.
Em) uma)melhor) apreciao) do) projeto) veremos) que) ao) purismo) de) seu)
aspecto) geral) ) adicionado) diretrizes) do) repertrio) tradicionalista,)
mostrando) o) quo) focado) o) arquiteto) estava)em) sua) retrica)mixta.) Para)
Lucio,)esta)era)a)regra)do)jogo)de)seu)exerccio)arquitetnico.
La obra de arte es un juego. Cada uno se crea sus propias reglas de juego. Pero esas reglas deben poder aparecrseles a quienes tambin quieran jugar.14 [Le Corbusier 1965]
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14 !QUETGLAS, Josep. Les Heures claires: proyecto y arquitectura en la Villa Savoye de Le Corbusier y Pierre Jeanneret. Barcelona: Massilia, 2008. p. 19.
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22)Croquis)da)Casa)Saavedra.
Essa)operao) de)composio) )dois)tempos,)passado) e)presente,)torna^se)
es:mulante)ao)arquiteto)pela)prpria)sntese)cria:va,)que,)em)certa)medida,)
poderamos) dizer) que) era) um)mundo) inventado) dentro) da) modernidade.)
Associamos) essa)descoberta)de) Lucio) por)uma)modernidade) tradicionalista)
com) o) personagem) de) um) conhecido) conto) de) Jorge) Luis) Borges) que) )
tomado)pela)insacivel)pesquisa)ao)desvendar) a)enciclopdia)de)um)mundo)
inventado.
No) conto) in:tulado) Tln,)Uqbar,)Orbis) Ter:us15,) publicado) em) maio) de)
1940,) Borges) relata)o) descobrimento) de) dois) lugares) inventados:)um)pas)
supostamente) prximo) ao) Iraque) chamado) Uqbar, ) e) um) mundo) novo)
chamado)Tln.)O)assombro)de)tal)descoberta)o)faz)mergulhar)mais)fundo)na)
pesquisa)destes)lugares)novos,)se)entretendo)em)uma)apcrifa)enciclopdia)
que)descreve)minuciosamente)Tln.
Neste) relato) fants:co,) Borges) imagina) um) lugar) que) se) rege) por) uma)
estrutura) temporal) nica,) um)presente) indenido) sem) noo) de) pretrito)
nem) futuro.) Especial) tambm) ) a) geometria) de) Tln,) que) ) mutante,) se)
modicando) de) acordo) com) o) movimento) do) observador;) e) os) livros) de)
natureza)loscas)deste)novo)mundo) invariavelmente)abarcam) as) contra^
teses)de)suas)prprias)doutrinas.
A) pesquisa) arquitetnica) de) Lucio) maneja) estes) mesmo) paradigmas) do)
mundo) inventado) pelo) escritor) argen:no.) A) sensibilidade) cultural) do)
arquiteto) invalida)as)distncias)causadas)pelo)tempo)e)resignica)objetos)de)
acordo) com) a) experincia) individual,) entendendo) que) nenhuma) tese) est)
completa) se) no) leva) junto) de) si) sua)aparente)contradio,)fortalecendo) a)
essncia.
O)mundo)inventado)de)Lucio)Costa)est)bem)representado)na)casa)para)os)
Saavedra.)Em)uma)primeira)aproximao))residncia)de)campo)do)Baro,)o)
visitante)antes)ir)se)deparar)com)o)grande)terreno)situado))margem)do)Rio)
Piabanha, )a)700)metros)de)al:tude,)e))80)Km)da)cidade)do)Rio)de)Janeiro.)
Atravessado)pela)estrada)principal) da)regio)de)Correas,)zona)municipal) de)
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15 !BORGES, Jorge Luis. Ficciones. Barcelona: Planeta, 2003.
Petrpolis,) o) terreno) com) pouco) mais) de) 100.000) m2) se) divide) em) duas)
parcelas, )uma)na)ngreme)encosta)de)um)morro, )e)outra)mais)plana)entre)a)
estrada)e)o)rio,)onde)a)casa)se)implanta.
O) acesso) principal) ao) solar) se) d) por) um) porto) executado) com) muita)
simplicidade)e)rus:cidade,)mas)que)por) seu)desenho)logo)se)v)que)foi)alvo)
de)composio.)A)impresso))de)uma)comodulao)entre)cheios)e)vazados,)
em) que) um) portal) retangular) com) o) vazio) do) porto) predominante) )
contraposto) por) uma) parte) cheia,) construo) de) alvenaria) de) pedras)
des:nada))guarita)e)banheiro.)Ao) lado)deste)prisma)coberto)com)telhado,)
um)muro)curvo)imprime)o)contraponto)gestual.
Passada) a) entrada,) o) percurso) que) se) faz) at) a) casa) ) longo) e) sinuoso,)
permi:ndo)que)se)contemple)a)abundante)vegetao)fru]fera)que)possua)o)
terreno) ainda)antes)de)ser) comprado)pelo) casal) Saavedra.)O)terreno)estava)
dotado) de) aproximadamente) 80) jabu:cabeiras,) tendo) sido) este) um) dos)
mo:vos) pela) escolha) da) compra.) Talvez) essa) grande) sa:sfao) por) seu)
quintal)de)jabu:cabeiras)tenha)encorajado)o)Baro)a)no)acatar)a)sugesto)
de)Lucio) Costa)quando)recomendou)o)encargo))Burle)Marx)de)um)projeto)
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23 )Foto)area)com)desenho)de)situao.
paisags:co.16
Ao)aproximar^se)da)casa,)nota^se)que)no)h)favorecimento)nas)perspec:vas)
do) percurso, )e)a) casa)se)mostra) como) um)objeto) )mais)no) jardim.)J) de)
longe) se)pode)ver) que)a)vegetao)ao)redor) lhe)amontoa)em)cima,)e)como)
que)nascido)da)prpria)natureza,)apenas)partes)da)casa)se)deixa)entrever.)O)
que)) bem) diferente) da) relao) da) Villa) Savoye) com) seu) entorno) natural,)
onde)Le)Corbusier) dispem)a)casa)em)meio)a)um)plat)gramado,)quase)um)
altar) verde)para)o)objeto) moderno.)Aqui) Lucio) Costa)parece) haver) logrado)
suas) intenes) registradas) em) desenhos) anteriores,) onde) aparecem)
vegetao) subindo) pelos) pilo:s,) j) anunciando) que) o) seu) purismo) pelas)
linhas)modernas)cederia)ao)assdio)tropical.
Em)seu)caminho)de) aproximao,)o)visitante)para)poder)enxergar)melhor) a)
casa)tem)que)deixar) a)senda)de)terra)ba:da)e)adentrar)o) extenso) gramado)
que)margeia.) S) assim) poder) entrever) um) pouco) mais) a) obra) que)ainda)
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16 ![] os jardins de Burle Marx, item este que no ocorreu, porque o baro, sempre carinhosamente cordato comigo e obviamente sabedor do meu apreo pelo Roberto, no sei porque, - vetou. (COSTA, 1997, p. 220). Apesar desta declarao de Lucio, Dourado (2000, p.156) menciona que houve um projeto realizado por Burle Marx para a casa Saavedra. Como no obtivemos acesso ao arquivo de Burle Marx, imaginamos poder se tratar de algum estudo ou proposta inicial que no foi levada adiante. De haver feito, o jardim de Burle Marx poderia resultar semelhante aos clebres jardins que realizou nesta regio de Petrpolis na dcada de 1940, como os de Odette Monteiro (1948) e Fazenda Marambaia (1948).
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24) Projeto) do) porto) de)entrada.
assim) insiste)em) querer) se) ves:r) com) a) vegetao) que) literalmente) lhe)
toca.
O)nal) do) percurso) leva)o)visitante)a)entrar) por) uma) das)extremidades) da)
casa, )em)baixo) de)onde)se)localizava)a)varanda)da)maior) sute,)o)quarto)do)
casal)Saavedra,)que)atualmente)est)modicado)com)paredes)e)janelas.
A)casa)evidencia)uma)gen:leza)moderna:)se)sustm) sobre) pilo:s)deixando)
passagem)para)o)caminho)de)terra)ba:da,)que)agora)se)torna)um)p:o)de)
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25) Fotos ) do) percurso) de)aproximao)da)casa.
26 ) Vista) da) casa) desde) o)jardim.
27 ) Acesso) principal) da) casa)pelo)trreo)livre)com)pilo:s.
saibro,) um) espao) de) natureza) dupla.) Ao) mesmo) tempo) que) serve) de)
garagem,) seu) uso) denominado) em) planta) ) de) um) jardim) coberto,) e)
parece)estar) projetado)para)o)mesmo) nimo) buclico)dos)pilo:s)das)casas)
de) Monlevade) ou) de) suas) Casas) Sem)Dono, )onde) o) arquiteto) costumava)
ilustrar)com)redes,)cadeiras)e)vasos)de)planta.
Neste) espao) sob) pilo:s) tambm) est) o) ves]bulo) de) entrada,) composto)
como) um) pequeno) hall) envidrao,) e) que) desde) fora) contrasta) com) a)
alvenaria)de)pedra)aparente) com)que) faz)con:nuidade.)O)ves]bulo)passa)a)
impresso)de)ser)uma)caixa)de)cristal)exibindo)uma)das)jias)da)residncia,)
a)grande)escadaria)de)ascesso)ao)pavimento) que,)alm)de) suas)exageradas)
dimenses,)possui)reminiscncias)das)escadas)coloniais, )reves:da)de)tbuas)
de) madeira)nobre) e) com)um)pesado) corrimo) que) apesar) de) tambm) se)
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2 8) E s p a o) d o s) p i l o : s)des:nado) ) garagem) e) ao)jardim) coberto,) conforme)discriminado)em)planta.
29 ) Fotomontagem) dos) pilo:s)c om) d e s e n h a d o s) p a r a)Monlevade)e)Casa)Sem)Dono.
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apoiar) em) nas) barras)metlicas,) exibe) um) agigantado) balastre) de) tbua)
recortada,)alm)de)outros)caprichos)de)acabamento)como)o)arremate)curvo)
do)rodap)de)madeira.
O)ves]bulo)era)um)espao) importante)nas) casas) sobradadas) setecen:stas,)
marcando) a) separao) de) acesso) ) residncia) senhorial) do) rs^do^cho)
des:nado)aos)escravos)e)possvel)uso)comercial.)Quanto)maior)a)casa)e)mais)
rico)o)proprietrio,)mais)importncia)se)dava))diviso)espacial) e)social)que)
este)ves]bulo)desempenhava.
A)residncia)dos)Saavedra)parece)estar)pensada)dentro)desta)mesma)leitura)
tradicional,) estra:cando) os) espaos) ver:calmente.)Alm)da)escadaria) de)
ascesso) ) parte) residencial,) toda) concentrada) no) pavimento) superior,) o)
ves]bulo) tambm) possui) uma) entrada) s) zonas) de) servio,) todas)
concentradas) no) trreo.) Desde) o) cmodo) iden:cado) em) planta) como)
ves:rio, ) tem^se) passagem) para) as) demais) dependncias:) louaria,) copa,)
cozinha,)quartos)de) empregados) e) p:o) de) servio.) A)entrada) de) servio)
propriamente)dita)est)ao)outro)lado)do)complexo, )em)baixo)da)varanda)do)
quarto)situado)na)outra)extrema)da)casa.
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30 )(Pginas) anteriores))Planta)baixa)do)pavimento)trreo.
31 ) ( Pg inas) anter io res ))Fachada)sudeste.
32 )(Pginas) anteriores))Planta)baixa)do)pavimento)superior)e)da)cobertura.
33 ) ( Pg inas) anter io res ))Fachada)nordeste.
34)Fachada)noroeste.
35)Fachada)sudoeste.
Estas)reas)de)trabalho) alm)de)agrupadas) no) rs^do^cho,)tambm) esto)
envolvidas) por) uma) macia) alvenaria) de) pedra) aparente,) um) muro)
quadrangular) que) muito) lembra) a) clausura) da) casa) do) zelador) em) So)
Miguel)das)Misses.)Poucas)e)pequenas)so)as)aberturas)incrustadas)nestas)
paredes, )e)ainda)quando) feitas,)as) trs) janelas)que) do)para)o) jardim) so)
altas)e)gradeadas.
)inevitvel) associar) este)espao)amuralhado,)que)encerra)e)desqualica)as)
paisagens)externas,)como)uma)a:tude)senhorial) que) se)remete)ao) sistema)
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36)Ves]bulo)de)entrada.
37)Escada)do)ves]bulo.
patriarcal) de) colonizao) portuguesa.) Talvez) a) aristocr:ca) maneira) de)
habitar)dos)Saavedra)tenha)servido)de)mote)para)Lucio) connar) as)zona)de)
trabalho) em) um) espao) sem) possibilidade) de) contemplao) e) cio,)
resultando) numa)senzala) de) pedra)esmagada)por) sua) casa)grande,) a)qual)
sustm)e) serve.)Uma)primi:va)cabana)de)pedras)que)se)converte) em)cubo)
branco)a)medida)que)ascende)aos)cus.17
Por) outro) lado,)como)armou) Freyre18,)o) sistema)patriarcal) de) colonizao)
portuguesa) no) Brasil) est) bem) representado) por) esta) combinao) casa^
grande) e) senzala,) sendo) onde)melhor) se) exprimiu) o) carter) brasileiro.)As)
isoladas)fazendas)produtoras)davam)a)autn:ca)expresso)do)patriarcalismo)
portugus,)colonizador) polgamo)que)soube)conviver) com)a)diversidade)de)
costumes,)e) deu) origem) ) raas) mes:as) da) qual) se) formou) uma) noo)
prpria)de)nacionalismo.
Desta) forma,) ao) relacionarmos) a) Casa) Saavedra) com) o) modelo) patriarcal)
portugus,) queremos) evidenciar) que) Lucio) no) est) trabalhando) com)um)
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17 !De fato a baronesa chamava carinhosamente a casa de Correias como casa-grande, nome que tambm estampava a capa do livro de assinaturas dos visitantes da residncia, conforme nos foi dito em janeiro de 2013, em conversa telefnica com a simptica figura de Toms Pinto da Cunha Saavedra (1945-), neto do Baro e um dos herdeiros da casa.18 !FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formao da famlia brasileira sob o regime da economia patriarcal. 51. ed. So Paulo: Global, 2006, p. 35.
38
38 ) Esquema) de) adio) dos)dois)pavimentos.
modelo) de) Homem) moderno) standart,)mas) com) o) contexto) especco) de)
seu) cliente,) um) rico) e) imigrante)monarquista) portugus,) que) possibilitava)
ressonncia)com)valores)da)moradia)rural)vernacular.
Em)contrapar:da))severidade) dos) espaos)de)servio, )o) andar) residencial)
con:nha) requintes) est:cos) que) deixava) notrio) a) situao) abastada) da)
famlia.)Alm)do)arranjo) interior)realizado)pelo) decorador)Henrique)Liberal,)
quem)Costa)armou)ser)considerado)o)ento)entronizado)papa)cosmopolita)
da) decorao)19 ,) a) casa) contava) com) algumas) personalizaes) ar]s:cas,)
como) as)maanetas) de) desenho) exclusivo) com) o) braso) da) famlia;) forro)
abobadado):po)gamela)na)sute)do) casal) que)previa)uma)pintura)afresco)a)
ser) realizada)por)um)ar:sta)portugus,)que)anal) no) se) realizou;)e) o)belo)
mural)pintado)por)Por:nari)em)uma)das)paredes)da)sala)de)Jantar.
O)afresco)pintado)por)Candido)Por:nari)em)1944)se)in:tula)Divina)Pastora,)e)
sa:sfazia) s) profundas) convices) religiosas) do) casal,) comprome:dos)
membros)da)Igreja)Catlica,)reproduzindo)a)conhecida)apario)da)santa)em)
Sevilha,)em)1703.
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19 !COSTA, 1997, p. 220.
39
39 )Divina)Pastora,)1944.)Mural)afresco)de)Por:nari.
O) pintor) j) havia) colaborado) em) outras) oportunidades) com) Lucio) Costa,)
como) no) Salo) da) ENBA)de)1931) e)no) Pavilho)de)Nova)York,)assim)como)
ainda) estava) realizando) uma) srie) de) afrescos) e) mural) de) azulejos)
encomendados)para)o)MESP.)O)apreo)do)arquiteto)pelo) trabalho) do)pintor)
se)pode) notar) pelo) comentrio) que) fez)sobre)o) afresco) Jogos) Infan:s)20 )
realizado)na)sala)de)espera)do)gabinete)ministerial)de)Capanema,)pintado)no)
mesmo)ano) do)mural) da)Casa)Saavedra.)Sabendo)da)alta)es:ma)que) Lucio)
:nha) por) Por:nari,) e) da) proximidade) pelas) encomendas) do) ediscio)
ministerial, )no) seria)estranho)se):vesse)sido) o)prprio)arquiteto) quem) lhe)
sugeria)a)encomenda)aos)Saavedra.
Apesar)das)modicaes)que)a)casa)sofreu)com)o)passar)dos)anos21,)o)mural)
Divina)Pastora)con:nua)bem)conservado,)e)j)serviu)de)deleite)aos)diversos)
hspedes)ilustres)que)frequentavam)a)casa)do)Baro)nos)idos)dos)anos)1940)
e)1950.)Apesar)de)se)tratar) de)uma)residncia)de)campo,)os)Saavedra,)que)
moravam)em)Copacabana,)tambm)usavam)a)casa)de)Correias)para)receber)
personalidades) pertencentes) a) alta) sociedade) do) cenrio) pol:co) e)
empresarial,)por) citar)alguns, )os)presidentes)do) pas)Eurico) Gaspar) Dutra)e)
Jucelino) Kubicheck,)e) o) banquero) David) Rockefeller.)Carlos) Drummond) de)
Andrade, )em) ar:go) ao) jornal) expressou) sua) inveja) de) poder, )) simples)
vontade,)apreciar)este)afresco)de)Por:nari:
Nos dias de hoje, porm, se voc contar com a simpatia dos Bares de Saavedra, encontrar numa casa de Correias, Estado do Rio, a grande pintura afresco, cheia de graa, fantasia e sentimento ao mesmo tempo tradicional e moderno, que a Divina Pastora de Portinari. [] O cronista, que no costuma invejar aos ricos sua riqueza, gostaria de ter ao alcance dos olhos, [], esse quadro de ingenua poesia, que o sr.
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20 !Diante deste magnfico mural de Portinari, geralmente considerado um "subproduto" de Guernica, permito-me retificar: sim, surgiu, de fato, no rastro da sua trgica sombra, mas como o seu oposto. Num caso a demncia, o horror, a brutalidade, a mutilao, - a matana. A insopitvel veemncia plstica da denncia. No outro, o seu reverso, a graa dos Jogos Infantis, - belo e plstico embalo de puro amor. Trata-se, pois, de um deliberado e consciente confronto. Este mural o anti-Guernica, a resposta. (COSTA, 1997, p. 128).21 !Ainda que protegida legalmente desde 1991 na condio de monumento arquitetnico do estado do Rio de Janeiro, a casa foi modificada em partes significativas, como o fechamento das trs varandas e a construo de mais uma ala sob pilotis, alterando a planta inicialmente em L para o formato em U. A casa segue em posse da familia Saavedra, e Toms Saavedra nos informou que h planos de converter a casa em parte de um complexo hoteleiro.
Baro pode apreciar a qualquer momento.22 [Carlos Drummond de Andrade 1954]
Voltando)ao)ves]bulo,)o)visitante)que)sobe)pela)escadaria)que)d)acesso)ao)
pavimento)residencial)ver)que)a)disposio)espacial) interna))clara.)A)casa)
se)dispem) pela) interseo)de)dois) longos) corredores)que)do) acesso) aos)
quartos,)e) no) cruzamento) destes,)se) loca) a)parte)social) composta)de) uma)
ampla)sala)de)estar)com)a)sala)de)jantar)anexa.
Logo)se)percebe)o)protagonismo)material)dado))madeira,)que)est)presente)
nas)esquadrias,)no) piso)de) pinho)de)riga) e)no) forro) com)caibros) aparente,)
estando) assim) de) acordo) com) os) esplndidos) interiores) barrocos) luso^
brasileiros,)que):nham)a)madeira)como)matria^prima)de)interiorismo.
A)distribuio) espacial) tambm)conrma) a)inuncia)do) interior) das)casas)
coloniais,)conforme)o)dizer)do)prprio)arquiteto:
J no sculo XIX as casas de arrabalde se alongam em profundidade, e extensos corredores, para os quais abrem os quartos, ligam a sala da frente, de visitas, e seu terrao de chegada, sala de jantar e varanda caseira, aos fundos, com escada de acesso ao quintal. 23 [Lucio Costa 1986-1994]
Os)seis)quartos)e)a)biblioteca)esto)voltados)para)as)faces)externas)do)L,)ao)
terreno) ajardinado, )enquanto) a)circulao) dos) corredores)do)para)a) face)
interna,) para) o) p:o) de) servio.) A) excessiva) insolao) da) orientao) dos)
corredores) ) controlada) pela) soluo) de) janelas) em) trelia,) abrindo) )
maneira)das)an:gas)rtulas.)Dispostas)em)linha,)muito)mais)que)se)remeter)
) fentre' en' longueur) de) Corbusier,) esta) soluo) se) remonta)s) inmeras)
casas)coloniais)que)usavam)o)recurso)das)trelias)corridas)nas)aberturas)de)
p:os)e)quintal) de) fundos,)comum)aos)perodos) anteriores) s) fbricas) de)
vidro,)como)na)Casa)Chica)da)Silva)visitada)por)Lucio)em)Diaman:na.
Os)diferentes):pos)de) esquadrias) adotadas,)e) sua) qualidade) de) desenho,)
fazem) com)que) estas)sejam) os) elementos) de) maior) expresso) pls:ca) da)
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22 !ANDRADE, Carlos Drummond de. Divina Pastora. Correio da Manh, Rio de Janeiro, p. 4, 1 caderno, 4 maio 1954.23 !COSTA, Lucio; COSTA, Maria Elisa (Org.). Com a Palavra Lucio Costa. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2001. p. 77.
casa.) Apesar) de) Lucio) estar) consciente) de) as) aberturas) serem) uma)
possibilidade) de) reproduzir) a) tcnica) verncula,) o) arquiteto) tambm) opta)
por) adaptar) novos) formatos) para) as) an:gas) solues.) Este) ) o) caso) das)
janelas)dos)quartos,)tambm)presente)na)parte)social.
Isoladas)uma)das) outras,) estas) janelas) se) adiantam)da)fachada) fazendo^se)
caixas)de)vidro) anexadas)ao)corpo) da)casa.))uma)releitura)dos)muxarabs,)
que)ao)invs)de)fechar^se)com)o)tramado)tradicional,)controlando)a)luz)e)as)
vistas,)busca)a)transparncia)com)a)paisagem)e)com)a)boa)insolao.
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40) Cruzamento) dos) dois)corredores.
41)Chegada)desde)o)ves]bulo.
42/43)Vista)das)janelas)em)ta)executadas) com) rtulas ) de)trelia)corrida.
44 ) Detalhe) da) trelia) e) da)abertura):po)rtula.
Ainda) que) as) janelas) isoladas) costumem) limitar) o) enquadramento) das)
visuais,) como) bem) ilustra) o) esquema) de) paisagem) ) 2) dimenses)
desenhado)por)Le)Corbusier)em)uma)de)suas)conferncias)no)Rio)de)Janeiro)
em) 1936,) as) janelas)da)Casa) Saavedra) so) na)verdade) grandes) aberturas,)
baseada)nos)mdulos) do) pan) de) verre) que) estavam)sendo) executados)no)
MESP.) ) As) aberturas) possuem) dois)metros) de) altura,) e) estruturam) duas)
grandes) folhas) de) vidro) dispostas) em) guilho:nas)mveis) com) contrapeso)
embu:do)nas)arestas.)
INTERMEZZO
525
45 46
47
45 ) Janelas) dos) quartos) e) da)sala) de) jogos)executadas) com)grandes)guilho:nas)de)vidro.
46) Detalhe) do) resalto) da)janela) e) das) telhas )de) faiana)com)desenhos)esmaltados.
47)Fachada)nordeste.
Lucio) soube)aproveitar) estes) janeles)com)alma) de) fachada) de) vidro,)que)
foram)to)bem)executados)pela)empresa)Fichet)de)So)Paulo24.)Compostos)
com) estreitas) lminas) de) vidro) laterais, )estes)muxarabs) de) vidro) tambm)
esto) adoados) ao) paladar) tradicional) com)pequeno) beiral) de) telhas) de)
faiana,)com)seus)usuais)desenhos)orais)esmaltados)na)paleta)azul)e)branca)
em)sua)face)posterior.
Ornamentais, )as) telhas) tensionam) a) fachada)branca,) sem) cornijas)e) sobre)
pilo:s. )Bem)visveis)desde)dentro)da)casa,)a)constante)presena)destas)peas)
de) tradio) enquadrando) a) paisagem)do) jardim,)recordam) os) ornatos) das)
casas)burguesas)de)meados)do)sculo)XIX,)que)importavam)quase)todos)os)
azulejos,) estatuetas,) pinhas) e) telhes) cermicos) produzidas) pela) fbrica)
Santo)Antonio)de)Porto25.
LUCIO+COSTA+/+O+PROCESSO+DE+UMA+MODERNIDADE
526
24 !COSTA; NOBRE, 2010, p. 157.25 !COSTA; NOBRE, 2010, p. 127.
48
48 ) Detalhe) da) varanda) em)balano)e) da) escala) da) janela)da)sala)de)jantar.
No) pequeno)pavilho) que)mais)tarde) Lucio) projetou)para)dar) apoio)ao)uso)
da)piscina)que)se)construiu)junto)a)fachada)nordeste)da)casa,)tambm)foram)
usado) as)mesmas) telhas) de) faiana,)dando) um)arremate)ornamentado) ao)
beiral.
)curioso)ver)que)estas)decora:vas)telhas)de)loua)voltam)a)ser)usados)pelo)
arquiteto)nesta)sua)fase)madura,)sendo)que)se)havia)familiarizado) com)elas)
desde) sua)primeira)par:cipao) em)um)projeto) neocolonial,)o) Pavilho)das)
Grandes)Indstrias)na)Exposio)do)Centenrio)da)Independncia,)em)1922,)
quando)ainda)estagiava)no)escritrio)Tcnico)Heitor)de)Mello.
Se) por) uma) lado) as) cuidadas) esquadrias) desempenham) o) protagonismo)
pls:co) da) casa,) as) amplas) varandas) detm) o) protagonismo) espacial.)
Localizados) estrategicamente)nas) trs) esquinas)do) pavimento) superior,) os)
dois)alpendres)anexo)aos)quartos)e))varanda)social) conrmam)a)inclinao)
de) Lucio) Costa) em) desenhar) espaos) abertos) habitveis;) adems) de)
INTERMEZZO
527
51
49
50
49 ) Pav i l ho) da) p i s c i na)projetado) posteriormente,) e)construdo) um) pouco) menor)que)o)planejado.
50 ) Projeto) do) pavilho) da)piscina.
51) Detalhe) das) telhas) de))faiana)arrematando)o)beiral.
con:nuar) o) exerccio) mes:o) de) se) apoiar) na) experincia) verncula) na)
proposio)espacial.
Os) toit2terrasse) de) Le) Corbusier) se) convertem) nestas) generosas) reas)
abertas,) devidamente) protegidas)dos) excessos)do) clima)tropical.)A) grande)
varanda)anexa) ) sala) oferece)ao) luto) de) Carmen) Saavedra)uma) habitao)
para) a)contemplao) buclica,) e)talvez)proporcionar) o)mesmo)sen:mento)
que)Lucio) teve)em)sua)viagem)) Itlia)em)1926,)quando)desde)uma)grande)
varanda)em) uma) casa)de) ch)em) Fiesole,) Toscana, )costumava)contemplar)
idlicamente)a) luz)dourada)do)poente) [])hora)em)que)o) ar) se) desfaz) em)
sons,) lmpidos,) sonoros,) tristes) como) a) voz) do) silncio.) Sons) que) se)
desdobram)e)se)prolongan)no)alm....26
LUCIO+COSTA+/+O+PROCESSO+DE+UMA+MODERNIDADE
528
26! COSTA, L. [Carta famlia]. Florena, 22 dez. 1926 In: COSTA, 1997, p. 47.
5352
52 )Esquema)da)disposio)das)varandas)e)orientao)solar.
53 )Varanda)social.)Detalhe)dos)brises) ver:cais,) executados)como) simples) rguas) de)madeira)giradas)45.
Este) grande) hall) sem) paredes,) alm) do) mais,) recebe) uma) imponente)
escadaria)que)toca)o)cho)gramado,)um)gesto)enraizador)igual)que)os)pilo:s)
que)parecem)nascer) do) cho)empoeirado.)Com)esse) convite) de)descer) ao)
jardim,) se) fecha) um) ciclo) de) uxos) que) tem) o) amplo) terreno) ajardinado)
como)parte)fundamental)da)residncia.
O)conjunto) de) escadaria)e) varanda, )que) no) entender) de)Raul) Lino) e) Joo)
Barreira) ) a) principal) caracters:ca) da) casa) portuguesa27,) havia) sido)
recentemente)explorado)por)Lucio)e)Oscar) no)Pavilho)de)Nova)York)atravs)
do) amplo) terrao) e)escada) que) dava) ao) jardim.)Tambm) em)Nova)York)o)
arquiteto) adotou)a)soluo) dos)delgados)brises)ver:cais)para)o) controle)da)
insolao) do) auditrio,) que) tambm) se) v) nas) varandas) de) Correias.) O)
arquiteto) executou) esses) quebra^sis) ver:cais) com) rguas) de) madeira)
INTERMEZZO
529
27 !CARDOSO, Joaquim. Um tipo de casa rural do Distrito Federal e Estado do Rio. Revista do SPHAN, Rio de Janeiro, p. 226, n.7, 1943.
54
54)Varanda)social.
giradas)45,)soluo)familiar))icnica)capela)do)S:o)Santo)Antnio)em)So)
Roque28.
Alm)destes)brises)nas)faces)de)insolao)favorvel, )os)dois)alpendres)junto)
aos)quartos)tambm):nham)uma)proteo)na)fachada)dos)fundos,)que)dava)
para) o) poente. ) J) nos) croquis) iniciais) o) arquiteto) esboa) uma) estrutura)
tramada)com)o)m)de)servir)de)pergolado)e)formar)uma)parede)vegetal)que)
se)estenderia)at)o)telhado.
Contrariando)os)iniciais)desenhos)do)projeto,)a)construo)decidiu)eliminar)a)
parte)pergolada)do)telhado.)Foi) executado) conforme)se)percebe)na)foto) da)
varanda)da) sute) dos) Saavedra,)com)o) telhado)se) estendendo)at) o)beiral,)
deixando) apenas) a) parede) dos) fundos) com) a) re]cula.) Alm) da) proteo)
LUCIO+COSTA+/+O+PROCESSO+DE+UMA+MODERNIDADE
530
28 !Patrimnio bandeirante do sculo XVII, com importncia tal que fez com que o prprio Mario de Andrade o comprasse, doando em 1944 ao SPHAN.
55
5756
55)Corte)longitudinal.
56 )Varanda) caseira)con]gua) )sute) principal.) Detalhe) dos)brises) laterais) e) do) tramado)em)madeira.
57 ) Segunda) varanda) caseira,)c o m) a c e s s o) e x t e r n o)independente.
solar,)esta)estrutura)tramada)tambm)resguardava) a)privacidade)das)vistas)
desde) o) p:o) de) servio,) reavivando) outra) vez) a) aplicao) da) ancestral)
trelia)morabe.
Como) a) orientao) destas) varandas) junto) aos) quartos) eram)
extremadamente) desfavorveis,)Lucio) adaptou) brises) ver:cais)mveis) que)
no) estavam) inicialmente) no) projeto,) e) que) se) assentavam) diretamente)
sobre) o) parapeito) de) madeira) com) um) pino) de) encaixe) simples,) que) o)
possibilitava)pivotar.
O) conjunto) de) acabamentos) de) superscie) que) se) executou) sobre) as)
aberturas) e) varandas) fazem) notrio) a) preocupao) do) arquiteto) em)
controlar)o) indesejado)calor)excessivo)dos)trpicos.)E)tambm)o) apreo)de)
Lucio) s) lies) simples) da) arquitetura) tradicional,) que) soluciona) com)
engenho)atravs)de)trelias)e)ripados,)sem)abdicar) das)novas)possibilidades)
dos)modernos)brises)mveis.
Este) claro) alinhamento) entre)modernidade) e) tradicionalismo) operado) por)
Lucio)na)Casa)Saavedra)pode)ser)considerado)uma)aproximao)s)idias)da)
vanguarda)moderna)paulista)dos)anos) 1920,)quando)Oswald)de)Andrade) e)
INTERMEZZO
531
58 59
58 )Acesso)da)segunda)varanda)caseira.
59 )Projeto)dos )brises)ver:cais)de) madeira,) que) se) apiam)com) simples) pinos ) sob) o)parapeito.
Mrio) de) Andrade) advogavam) por) um) ponto) de) contato) entre) a) cultura)
popular) nacional) e)a) erudio)moderna,) seguindo) a)tendncia)do) culto) ao)
primi:vo)das)vanguardas)europias.
Tanto) era) o) esforo) de) aproximao)) tudo)que) era) local) que,)no) incio,)a)
vanguarda) ar]s:ca) paulistana) fez) eco) aos) interesses) dos) arquitetos)
envolvidos) com) o) neocolonial,) j) que) es:mulava) a) suplantao) do)
eurocentrismo)por)um)excentricismo)nacional.
Como indgenas, criollos y mestizos de varias razas, los artistas modernos brasileos asumieron definitivamente su condicin de hijos e hijas del trpico; de su mestizaje nacen poemas y melodas, de la selva los jardines. De su diversidad nace el arte plural y de su condicin de periferia cultural atacan con la antropofagia.29
Em) 1928,) Oswald) de) Andrade) e) Tarsila) do) Amaral) exploram) a) idia) da)
antropofagia) pra:cada) pelos) povos) aborgenes) da) etnia) Tupi) como)
contraponto)po:co,)e)Oswald)ento)escreve)a)declarao)literria)in:tulada)
Manifesto)Antropfago.
Tupy, or not tupy that is the question. [...]Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me respondeu que era a garantia do exerccio da possibilidade. Esse homem chamava-se Galli Mathias. Comi-o [...]Mas no foram cruzados que vieram. Foram fugitivos de uma civilizao que estamos comendo, porque somos fortes e vingativos como o Jaboty. [...]Antropofagia. Absoro do inimigo sacro. Para transform-lo em totem. A humana aventura. A terrena finalidade.30
Com)a)fundao)da)Revista)de)Antropofagia)a)vanguarda)paulistana)explora)
poe:camente) esta) estratgia) de) subverso) cultural,) canibalismo) como)
emancipao.)Mrio)de)Andrade)escreve)tambm)em)1928,)seu)clssico)livro)
Macunana, )explorando)hbitos)e)folclores)na:vos)atravs)das)vivncias)de)
LUCIO+COSTA+/+O+PROCESSO+DE+UMA+MODERNIDADE
532
29 !SANTOS, Cesar Floriano dos. Campo de produccin paisajstica de Roberto Burle Marx: El jardn como arte pblico. 1999. Tese (Doutorado em Arquitetura) - Escuela Tcnica de Arquitectura de la Universidad Politcnica de Madrid, Madrid, 1999, p. 108.30 !ANDRADE, Oswald. Manifesto Antropfago. Revista de Antropofagia, So Paulo, p. 3 e 7, v.1, n.1, maio 1928.
60
60) Manifesto) Antropfago)publicado) na) Revista) de)Antropofagia,)1928.
um)sui'generis)personagem)indgena.)A)pauta)moderna)tornara^se)a)busca)e)
signicao)no)nacional.
Le) Corbusier) quando) esteve) em) 1929) no) Brasil) tambm) se) inteirou) da)
postura) antropofgica) do) grupo) paulista,) e) o) entendeu) pelo) par:cular)
o:mismo) da) :ca) estrangeira,) j) que) eram) as) suas) idias) as) que) seriam)
devoradas.)Conforme)mencionado)em)seu)Prlogo)Americano)de)Precises,)
para)o)mestre)suo)o)canibalismo)era)um)rito)em)busca)de)melhores)foras:
Os jovens de So Paulo expuseram-me sua tese: Somos antropfagos. A antropofagia no era costume gluto. Tratava-se de um rito esotrico, de uma comunho com as melhores foras.31 [Le Corbusier 1929]
No) nal) da) dcada) de) 1930) apesar) de) j) no) se) falar) em) antropofagia)
cultural,)ela)permanece) no) imaginrio) da) vanguarda.)Por) isso) nos) parece)
es:mulante) associar) a) a:tude) de) Lucio) Costa) ao) violar) o) receiturio)
moderno) estrangeiro) com) o) repertrio) vernculo) local,) como) um) ritual)
antropofgico.)
Um) Lucio) Costa) antropfago!) Idia) que) parece) estar) nas) entrelinhas) da)
declarao)do)prprio) arquiteto) quando) foi)entrevistado) por) Hugo) Segawa)
em)1987:
O movimento paulista de 1922 at chegou antropofagia, que era uma forma mais dramtica de devorar o europeu, para assimilar o novo. Era um movimento cosmopolita e antropfago ao mesmo tempo. E logo em seguida, em 1930, eu, que era um arquiteto de formao acadmica e j tinha me dedicado a uma parte desse movimento de recuperao tradicional, fui o mesmo que participou no Rio de Janeiro [...] dessa assimilao.32 [Lucio Costa 1987]
A)antropofagia) foi) uma)pr:ca) real)entre) algumas)etnias)na:vas)do) Brasil.)
Com)o)processo)de)colonizao)europia) iniciada)nas)primeiras)dcadas)do)
sculo) XVI,) incrveis) relatos) de) rituais) antropofgicos) atravessaram) o)
INTERMEZZO
533
31 !LE CORBUSIER. Precises: sobre um estado presente da arquitetura e do urbanismo. So Paulo: Cosac & Naify, 2004, p. 29.32 !COSTA; NOBRE, 2010, p. 161, grifo nosso.
Atln:co,)enriquecendo)ainda)mais)a)impresso)de)barbrie)das)civilizaes)
americanas.
Um)dos)principais)relatos)da)pr:ca)antropofgica)no)Brasil) se)deu) atravs)
do) livro) impresso) em)1557) em)Marburgo,)que) conta)a)histria)verdica) de)
Hans)Staden)(1525^1579), )um)alemo)que)se)aventurou)servindo)em)navios)
espanhis)que)assediavam)a)costa)brasileira.)
Depois)que)o)navio)em)que)estava)naufragou)no)litoral)de)So)Paulo, )Staden)
acabou)sendo)capturado)por) ndios)tupinambs,)dando) incio)a)um)ca:veiro)
de)nove)meses,)em)que)todo)tempo)sofria)ameaas)de)ser)devorado.
O filho do chefe Cunhambebe me atou as pernas dando trs voltas em torno delas, e com os ps presos dessa forma tive de pular pela cabana. Eles riam e gritavam: L vem a nossa comida pulando!33 [Hans Staden 1557]
Antes)de)conseguir) se) libertar)atravs)de)uma)transao)de)escambo)entre)
indgenas) e) navegadores) franceses, ) Hans) Staden) testemunhou) diversas)
cenas) antropofgicas,) do) qual) seu) relato) se) vale) para) descrever) a) agonia)
vivida:
Ele cortou-lhe a cabea, pois o Carij s tinha um olho e, devido doena que o acometeu, tinha pssima aparncia. Jogou a cabea fora e fez chamuscar o corpo sobre a fogueira para que a pele se desprendesse. Depois retalhou-o e dividiu os pedaos em partes iguais com os outros, como costume entre eles. Eles o comeram com exceo da cabea e das tripas, de que tiveram nusea, pois estava enfermo.Depois andei pelas cabanas. Numa delas estavam assando os ps, numa outra as mos, na terceira, partes do tronco.34 [Hans Staden 1557]
Outros) escritores) e) ar:stas) tambm) deram) relatos) do) costume)
antropofgico) existente) no) pas.) Entre) estes) est)o) pintor) holands) Albert)
Eckhout) (1610^1666),) que) par:cipou) da) experincia) da) Nova) Holanda,)
colnia)holandesa) que) subsis:u) no) nordeste) do) Brasil) entre)1630)a) 1654.)
LUCIO+COSTA+/+O+PROCESSO+DE+UMA+MODERNIDADE
534
33 !STADEN, Hans. Duas viagens ao Brasil: Primeiros registros sobre o Brasil. Porto Alegre: L&PM, 2011, p. 79.34 !STADEN, 2011, p. 100.
Entre)as)pinturas)que)desenvolveu)com)o)m)de)documentar)as)paisagens)e)
costumes)da)poca,)pintou)o)quadro)ndia)Tarairiu,)em)1642.)Nesta)pintura)
est)representada)uma)ndia)antropfaga)que)carrega)partes)humanas)para)
sua)futura)deglu:o.
Es:mulados) em) sobrepor) este) conceito) de) antropofagia) com) o) na:vismo)
operado) por) Lucio) Costa) na) Casa) Saavedra,) onde) viola) o) purismo) da)
modernidade) internacional) com) valores) da) arquitetura) vernacular,)
realizamos)uma)collage)com)esta)pintura)de)Eckhout.
A) idia) ) es:mular) a)percepo) de) Lucio) como) o) bom) selvagem35,)que)
apesar) de) se) comunicar) com) o) mundo) civilizado) no) abre) mo) de) seus)
INTERMEZZO
535
35 !Termo do imaginrio europeu durante os sculos XVI e XVII.
61
61) Desenho) de) banquete)antropofgico) realizado) por)Theodore) De) Bry) em) 1592,)ilustrando) ) histria) de) Hans)Staden,) retratado) ao) fundo)com)barba.
hbitos)na:vos.)Fomos)ins:gados)a)incluir)Le)Corbusier) na)imagem,)que)se)
limita)ao)papel) da)refeio,)naturalmente.)O)resultado)da) imagem))de)um)
Lucio) meio) na:vo) e) meio) europeu,) ves:do) ) inglesa,) retratado) em) sua)
es:mada)paisagem)tropical.
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62 )ndia)Tarairiu,)1642.)Pintura)de)Albert)Eckhout.
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63 ) Lucio) Costa) Antropfago,)2013.) Colagem) realizado) pelo)autor.
12.2.Casas da dcada de 1940
No elevador penso na roa,na roa penso no elevador.Quem me fez assim foi minha gente e minha terrae eu gosto bem de ter nascido com essa tara.Para mim, de todas as burrices a maior suspirar pela Europa.36[Carlos Drummond de Andrade 1930]
)atravs)dos)encargos)bem)sucedidos)de)uma)srie)de)casas)que)realiza)ao)
longo) da) dcada) de) 1940,) incluindo) a) de) Saavedra,) que) o) arquiteto)
amadurece) a)modernidade) adaptada)que) buscava.) E) no) por) casualidade)
neste)mesmo)perodo)est)abalada)a)admirao) pela)Europa, )que)em)plena)
guerra)estava)cada)vez)mais)discil)de)se)comunicar.
Dentre)estas)antolgicas)residncias)est)a)casa)construda)no)Rio)de)Janeiro)
para) o) casal) Hungria) Machado,) projeto) realizado) por) Lucio) em) 1942.)
Argemiro) de) Hungria) da) Silva) Machado) (1897^1954),) paulista) que) havia)
estudado) na) Europa,) era) um) empresrio) bem) sucedido) envolvido) com) o)
lucra:vo) comrcio) do) caf) brasileiro37.)Mas) foi) sua) esposa) Clara) Hungria)
Machado) quem) um) dia) entrou) no) escritrio) onde) se) desenvolviam) os)
desenhos) execu:vos) do) MESP,) perguntando) por) Lucio,) pois) lhe) queria)
encarregar) o) projeto) de) sua) futura) residncia) no) Leblon,) esquina) da) rua)
Timteo)da)Costa)com)avenida)Visconde)de)Albuquerque38.
O) casal) Hungria) Machado) era) muito) sensvel) ) questo) da) arquitetura)
vernacular,)tanto)que,)na)dcada)de)1930,)compraram)o)casaro)setecen:sta)
da)Fazenda)Santo)Antnio)em)Itaipava,)regio)serrana)do)Rio,)com)o)m)de)
garan:r) sua)preservao) e)usufruir) da)manso)colonial)como)residncia)de)
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36 !ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma Poesia. Rio de Janeiro: Record, 2009.37 !Foi fundador e diretor da Cia. Nacional de Comrcio de Caf.38 !Hoje em dia a residncia serve como Consulado da Rssia. A casa e o jardim esto bastante desfigurados pelos ajustes realizados por ocasio da compra pela Unio Sovitica, no final da dcada de 1960, para servir como Representao Comercial. Em 1969 Lucio contratado pela URSS para projetar um prdio anexo casa, que ampliaria as instalaes de sua Representao Comercial.
descanso. )Provavelmente)a)escolha)por)Lucio)se)deu)em)funo)deste)gosto)
pela)imerso)tradicionalista)que)a)fazenda)do)sculo)XVIII)proporcionava39.
Antes) de)chegar) ) soluo) nal) do) projeto) no) Leblon,) Lucio) idealizou) uma)
proposta)de) casa)em)L)situada))frente)do)terreno,)prximo)ao) acesso) da)
avenida) principal.) A) residncia) estabelecia) uma) relao) franca) com) um)
jardim) aos) fundos) que) o) terreno) em) aclive) conformava.) Com) o)
INTERMEZZO
539
39 !Aps o projeto da nova casa, e com uma amizade consolidada, Lucio tambm auxiliaria os Hungria Machado orientando intervenes na Fazenda Santo Antnio.
64
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64 ) Estudo) de) implantao) da)Casa)Hungria)Machado.
65)Implantao)adotada.
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66)Planta)pavimento)trreo.
67)Fachada)para)o)jardim.
Legenda
1+/+Entrada
2+/+Ves]bulo
3+/+P:o
4+/+Sala
5+/+Varanda
6+/+Copa
7+/+Cozinha
8+/+Dormitrio
9+/+Despensa
10+/+Garagem
11+/+Lavanderia
12+/+Terrao
13+/+Jardim)de)inverno
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68)Planta)pavimento)superior.
69)Fachada)para)o)jardim.
amadurecimento) da) proposta,) se) opta) por) um) par:do) bem) diferente,)
deixando) a) implantao) de) forma) aberta) apenas) para) a) Casa) Saavedra,)
realizada)quase)simultaneamente.
A)residncias)dos)Hungria)Machado)ento)adota)uma)volumetria)compacta,)
e) apesar) de) receber) pequenos) acrscimos) laterais) e) da) cobertura) com)
telhado,) no) perde) sua) solidez) de) aspecto) quase) cubico,) ou) mesmo)
palladiano,)como) Lucio) gostava)de) se) referir.)Desde)a) planta)de) cobertura)
pode^se)vericar) um)vazio) central) que)organiza)o)espao)interior,)e)quando)
vemos)a)planta)trrea)se)nota)um)segundo)p:o)junto)s)reas)de)servio.
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70) Muxarab) da) varanda)superior) e) varanda) trrea) com)brises)ver:cais.
71 )Detalhe)dos)brises)que)do)para)o)jardim.
72 )Corte.) Detalhe) das)galerias)superiores)dando)para)o)p:o.
A)casa)parece)ento)fechar^se)em)torno)de)p:os)para)a)organizao)de)seus)
espaos) internos,)e)a)geometria)quadrada)se) replica. )O)trreo) est)tratado)
com)a)abstrao)de)dois)quadrantes)em)diagonais)sobrepostos)pela)esquina.)
Um) des:nado) ao) servio,) com) garagem,) cozinha,) copa) e) habitao) para)
empregados;)e)em)diagonal)o)quadrante)principal,)des:nado)s)reas)socias,)
e)que)recebe)sua)extruso)em)planta)como)pavimento)superior,)des:nado))
zona)n:ma)de)quartos.
A)distribuio)espacial)em)torno)de)p:os)propiciou)uma)melhor) iluminao)
e)ven:lao)dos)cmodos,)mas)no)subs:tuiu)o)peculiar) gosto)de)Lucio)por)
amplas)varandas)e)terraos)con:guos)aos)quartos)e)zonas)sociais. )De)fato)a)
idia) de) p:o) centrico) se) diluiu) no) trreo) pela) grande) varanda) con]gua.)
Varanda)que)no)estando)aberta)ao)jardim)frontal)da)casa,)do)qual)se)separa)
com)paredes,)brises)ver:cais)e)janelas,)encerra^se)junto)ao)claustro)do)p:o,)
congurando^se)como)um)espao)excntrico,)de)es:mulante)transio)entre)
zonas)abertas)e)fechadas.)Logo)acima)dessa)espcie)de)loggia,)no)pavimento)
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73
73 ) Vista) desde) a) varanda)trrea.
superior) des:nado) aos)quartos, )a)varanda) se) reproduz) como) uma) terrao)
fechado)com)venezianas)e)janelas.
Desta)forma,)a)simtrica) fachada)de)aspecto) robusto)que)se)avista)desde)o)
jardim,)apesar)de)sugerir)o)contrrio,)esconde)por)detrs)de)suas)janelas)em)
ta)e)brises)ver:cais, )varandas)pouco)convencionais,)e)vitais)na)relao)com)
os) demais) espaos) da) residncia. ) Este) fechamento) das) superscies) que)
davam)ao)jardim,)e)a)integrao)com)o)p:o, )em)parte)se)deve))cas:gada)
orientao)para)a)insolao)poente.
A) casa)posteriormente)esteve) ambientada) com)mveis) an:gos)e) relquias)
coloniais)colecionadas)pelos)proprietrios,)mas)o)es]mulo)de)sua)iden:dade)
colonial) provinha) essencialmente) do) prprio) vocabulrio) arquitetnico.) O)
p:o)junto)s)salas)trreas)imprimia)um)aspecto)quase)anacrnico)devido))
impresso) do) pequeno) tanque) de) gua) ao) centro, )rodeado) ao) alto) pelos)
corredores) externos) :po) claustro) religioso,) e) vigiado) por) dois) ) belos)
muxarabs)que)esconderiam)possveis)olhares)annimos.
Nesta) experincia) de) Lucio) na) Casa) Hungria) Machado,) a) retrica)
tradicionalista) volta)a)ree:r) aspectos)de)seu)primeiro) projeto)para)a)Casa)
Gomes,)mostrando)a)trajetria)ao)avesso)que)sua)modernidade)explorava.)A)
semelhana)com)a)casa)neocolonial)construda)por)Ernesto)Gomes, )alm)de)
estar) no) par:do) de) corpo) compacto,) quadrado,) coberto) com) telhado)
tradicional,)e) que) se)estrutura) internamente)ao) redor) de)um)grande)vazio)
central,) tambm) est) em) detalhes) soltos) como) as) delicadas) carpintarias,)
gelosas)em)rendilhados)e)janelas)com)grade)e)telhadinhos)que)se)adiantam)
ao)corpo)da)edicao.
O) projeto) do) jardim) foi) encomendado) ) Burle) Marx,) que) realiza) uma)
heterognea)composio)de)espcies)com)alturas)e)cores)dis:ntas,)tambm)
marcado) pelo) sempre)presente)espelho) dgua)com)plantas)aqu:cas.)Este)
projeto, ) que) ) contemporneo) ao) jardim) do) MESP,) tambm) est)
representado) com)a)inuncia)das) linhas)amebides)que)se)encarregam)de)
transformar) todo) o) terreno) em) manchas) curvas) de) cor) e) texturas,) com)
LUCIO+COSTA+/+O+PROCESSO+DE+UMA+MODERNIDADE
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exceo) da) projeo) da) casa, ) representada) em) azul) claro) no) desenho)
original.
Roberto) Burle) Marx) tambm) realizou) um) outro) jardim) que) muito) se)
assemelha) com) este) desenho,) mas) desta) vez) para) a) Casa) Candiota)40 ,)
residncia) que) Lucio) projetou) em) 1946) em) parceria) com) o) arquiteto) e)
proprietrio)Paulo) Candiota,)e) tambm)com)a)assistncia)do) arquiteto)Bela)
Trok41.
Construda)no)bairro) do)Leblon,)rua)Codajs)nmero)231,))poucas)quadras)
da)residncia)dos)Hungria)Machado,)a)residncia)de)Paulo)Candiota)tambm)
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40 !O projeto deste jardim est publicado em Silva (1991, p. 11).41 !Bela Trok tambm trabalhou como assistente de Lucio Costa nos projetos do Parque Guinle em 1943, e na Sede Social do Jockey Club do Brasil em 1954.
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75
74) Montagem) do) projeto)paisags:co) com) planta) do)pavimento)trreo.
75) Projeto) paisags:co) de)Burle)Marx.
76 )Lago)com)plantas)aqu:cas)do)jardim.
est)dotada) com)outras) notveis) semelhanas)com)a) sua)vizinha)de) 1942.)
Alm)do)aspecto)cbico)que)a)planta)de)variao)quadrada)em)dois)andares)
proporciona, )a)casa)tambm) possui) janelas)em) trelia,)venezianas)abrindo)
como) rtulas)e)cobertura)com) telhado) de)marcante) beiral,)que)ao) invs)de)
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77)Casa)Candiota.)
78) Detalhe) do) pergolado)frontal) com) fechamento) em)brises.
79) Planta) do) pavimento)superior.) Detalhe) da) vista) do)pergolado)sendo)representada)em)planta.
80) Planta) do) pavimento)trreo.) Detalhe) dos) dois)pequenos)jardins,) na) frente) e)nos) fundos,) desenhado) por)Burle)Marx.
laje,)como)em)Hungria)Machado,)est)feita)com) cachorros)aparente,)como)
em)Diaman:na.)
Mas)a)principal)semelhana))na)proposio)espacial) atravs)da)rea)que)se)
cria)entre)o) jardim)e)a)casa.)O)terreno))bem)menor)que)o)da)Casa)Hungria)
Machado,)mas)com)a)mesma)orientao)da)fachada)para)o)poente,)o)que)fez)
com) que) Lucio) optasse) por) uma)estrutura) em)pergolado) anexa)) fachada)
frontal,)que)alm)de)servir)como)quebra^sol)e)elemento)de)jardim,)faz)surgir)
uma) pequena)varanda)con]gua) )sala.)Como)esta)varanda)) fechada)com)
brises)ver:cais,)cria^se)um)interessante)ambiente)de)passagem)e)estar,)que)
abre)a)sala)ao)pequeno)jardim)frontal.
Outro) projeto) que) tambm) guarda) semelhanas) com) a) Casa) Hungria)
Machado) ) a) Casa) Paes) de) Carvalho,) de) 1944,) onde) a) semelhana)
fundamental) tambm) est) nos) espaos) semi^abertos) que) a) residncia)
ar:cula.)Nesta)casa)construda)em)Araruama,)litoral)do)estado)do)Rio,)para)o)
amigo) e)mdico) da) famlia,)Pedro) Paulo) Paes)de)Carvalho42 )e) sua) esposa)
Maria)Carlota,)Lucio)demonstra)um)apego)ainda)maior)pela)tradio.)
O)par:do)aparentemente)simples)de)um)pavilho)residencial)ao)rs^do^cho)
com)p:o)aos) fundos,)guarda)um)carregado) sen:do)de)tradio,)pois)junto)
ao) p:o) tambm) se) aloca) um) anexo) des:nado) ) capela) com) sacris:a) e)
quartos) de) hspedes.) A) presena) desta) construo) anexa) com) ascesso)
independente,) era) uma) pr:ca) comum) nas) an:gas) fazendas) e) engenhos)
que,) distante) das) cidades,)costumavam) dar) guarida) ) visitantes) e) ter) um)
servio)prprio)de)capelania.
Apesar) de) estar) em) um) amplo) terreno) ) beira) da) extensa) Lagoa) de)
Araruama,) com) belas) paisagens) naturais,) a) casa) busca) o) claustro) com) a)
presena) do) p:o) com) tanque) dgua) no) centro) e) galerias) cobertas) na)
lateral. )Outra)vez) o)arquiteto)usa)brises) ver:cais) como) fechamento) lateral,)
simples)ripados)que)muito)contribui)para)a)fruio)espacial)do)p:o.
Tambm)esto)presente)os)demais)elementos)que)se)xaram)no)repertrio)
de)sua)mes:agem)arquitetnica:)janelas)guilho:nas)em)ta,)venezianas)em)
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42 !Mdico cirurgio que realizou o parto de suas duas filhas.
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81 )Planta) baixa) da) Casa) Paes)de)Carvalho.)
82)Fachada)principal.
83)Fachada)posterior.
Legenda
1+/+Varanda
2+/+Sala)de)estar
3+/+Garagem
4+/+Sala)de)jantar
5+/+Dormitrio
6+/+Cozinha
7+/+rea)de)servio
8+/+P:o
9+/+Sacris:a
10+/+Capela
1
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5 5 55
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5 9
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84 )Vista) lateral) da)capela) e) do)acesso)ao)p:o.
85) Garagem) e) passadio)lateral)do)p:o.
86/87)Vistas)do)p:o.
88 ) Sala) de) estar) e) sala) de)jantar)elevada.
89 )Muxarab)com)vistas)para) o)p:o.
trelia,) aberturas) em) rtula,) janelas) com) telhadinhos) prprios, ) piso) de)
tbuas) de) madeira, )balastre) de) tbua) recortada,) cobertura) em) madeira)
com) telhado)tradicional,)varanda)social,)paredes) com)vazados)triangulares,)
etc.
Se)observarmos)os)primeiros)croquis)realizados)por) Lucio)ao) desenvolver) a)
Casa) Paes) de) Carvalho,) ainda) sem) o) anexo) da) capela,) veremos) uma)
simplicidade)quase)excessiva,)que) inevitavelmente) nos) remete))impresso)
de)uma)arquitetura)popular,)annima,)como)as)muitas)casas)ao) rs^do^cho)
que) reproduziam) a) austeridade) do) perodo) colonial.) E) talvez) essa) fosse)
mesmo) a) inteno) do) arquiteto, ) uma) arquitetura) annima,) que) reduz) a)
retrica)moderna)apenas))pureza)formal)do)volume)e)d)mxima)aplicao)
ao)receiturio)vernacular.
Considerando) que) esta) casa) de) 1944) ainda) ) anterior) ) inaugurao) do)
MESP,)) curioso)perceber) como)o) arquiteto)parece)j)estar) sa:sfeito)com)o)
papel) propagands:co) das) virtudes) da) modernidade) que) o) ediscio)
pra:camente)pronto)exibia, )e)do)talentoso)grupo)que)se)havia)formado)com)
a) experincia) de) atelier) com) Le) Corbusier,) ao) ponto) de) voltar^se) por)
completo) na) composio) de) projetos) que) mais) parecem) as) carruagens)
LUCIO+COSTA+/+O+PROCESSO+DE+UMA+MODERNIDADE
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90 ) Croquis) de) estudo) para) a)Casa)Paes)de)Carvalho.
an:gas)da)qual)dez)anos)antes, )no)perodo)de)chmage,)reclamava)que)a)
clientela)convencional)lhe)procurava)encomendar.
Parece) mesmo) haver) voltado) a) inspirar^se) no) discurso) dos) principais)
idelogos)do)neocolonial,)como)Ricardo)Severo)que)armou:
Tradicionalismo no quer dizer anacronismo, passadismo, ou mesmo necrofilismo. Quer dizer singelamente o ressurgimento da tradio que , no ntimo de cada famlia humana, o esprito de sua gnese, sua essncia vital, a alma das nacionalidades;43 [Ricardo Severo 1926]
Outro)projeto)residencial)que)realizou)dentro)deste)mesmo)rigor,))a)casa)de)
campo)para)a)an:ga)cliente)Helosa)Marinho.)Concebida)tambm)em)1942,)
e) construda)em) Correias,)prximo) )Saavedra,)a) casa) est)planejada) para)
servir) como)duas)residncias) que) compar:lham)reas) sociais) e)de) servio,)
uma) para) a) esposa) de) Roberto) Marinho) de) Azevedo) e) outra) para) Anna)
Maria,)conforme)anotao)em)planta.
Como)consequncia)do)terreno)em)aclive)e)da)criao)de)duas)reas)n:mas)
dis:ntas,)os)cmodos)da)casa)esto)dispostos) com)uma)maior) exibilidade)
que)o)usualmente)adotado)por)Lucio.)Nos)demais)aspectos)a)casa)exibe))as)
solues)de)suas)tautolgicas)casas)deste)perodo.
Est) mais) do) que) claro) que) o) paradigma) arquitetnico) ) a) procura) pelo)
conito) entre) vanguarda) e) tradio,)uma)necessria) tenso) entre) valores)
que)precisavam) se) vitalizar,) conforme) sua) citao) de)Riegl,) em) carta) para)
Rodrigo)Melo)Franco:
O valor-idade e o valor-novidade so complementares. A distino entre o novo e o velho responde tanto a uma exigncia de autenticidade histrica quanto necessidade de confrontar o novo e o velho para chegar ao sentimento pleno do ciclo vital.44 [Lucio Costa 1939]
Sua) citao) se) dava) no) contexto) do) Hotel) de)Ouro) Preto,)e) o) valor^idade)
referido)era)a)leg:ma)arquitetura)colonial)que)se)valorizaria)pela)presena)
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43 !SEVERO, Ricardo. Arquitetura colonial. [entrevista]. O Estado de S. Paulo, So Paulo, p. 3, 15 abr 1926 apud PINHEIRO, 2011, p. 73.44 !COMAS, Carlos Eduardo Dias. O passado mora ao lado: Lucio Costa e o projeto do grande hotel de Ouro Preto, 1938/40. Arqtexto, Porto Alegre, n.2, 2002, p. 10, grifo nosso.
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9391 ) Corte) e) planta) baixa) da)Casa)Helosa)Marinho.
92/93)Croquis)de)implantao.
da) arquitetura) nova.) Mas) em) seu) discurso) arquitetnico) das) casas)
realizadas)na)dcada)de)1940,)essa)fronteiras)parecem)no)estar) to)claras.)
Os)valores)idade)e)novidade)se)invertem, )a)novidade))a)recuperao)do)
repertrio)tradicional,)invertendo)o)sen:do)do)citado)ciclo)vital.
De) fato) poucos) anos) mais) tarde,) em) 1948,) por) ocasio) de) seu) texto)
Depoimento,) Lucio) arma) que) para) ele) os) monumentos) an:gos)
autn:cos)e)as)obras)novas)genunas)[])so)em)essncia)a)mesma)coisa45.)
As)fronteiras)de)sua)modernidade)esto)cada)vez)mais)permeveis,)e)se)por)
ocasio)do)Hotel)em)Ouro)Preto)Lucio)armou)que)a)boa)arquitetura)de)um)
determinado) perodo) vai) sempre) bem) com) a) de) qualquer) perodo)
anterior46,)valendo)para)uma)arquitetura)moderna)em)uma)cidade)colonial,)
supomos)que)pelos)projetos)destas)casas)realizada)nos)anos)40,)para)Lucio)o)
contrrio) tambm) se) fazia) verdadeiro:) reminiscncias) da) boa) arquitetura)
colonial)vai)sempre)bem)em)uma)cidade)contempornea.
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45 !COSTA, 1997, p. 199.46 !COSTA apud COMAS, op. cit., p. 9.
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94/95)Casa)Helosa)Marinho.
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