Post on 07-Nov-2018
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Trabalho
Tema: Exclusão Digital X Exclusão Social
Projeto A Vez do Mestre
Aluno: Roberto Ferreira Emygdio Turma: 680
Prof:Orientador: Mário
Curso de Pós Graduação em Tecnologia Educacional
Universidade Candido Mendes - Pós-Graduação Lato Sensu
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Exclusão Digital X Exclusão Social
Exclusão Digital
Muitos discursos apontam que a Tecnologia da Informação pode combater a
pobreza, sem poucos resultados apresentados, sendo que algumas Organizações não
governamentais (Ongs), alguns governos e determinadas empresas têm sem empenhado
em promover o acesso dos segmentos mais pobres da população às tecnologias da
informação.
Ter acesso à tecnologia é abrir as portas do mundo da informação é o passo inicial.
Indispensável, mas pequeno. Ter contato coma informação pode não gerar conhecimento.
Para tal, será preciso uma boa orientação. O mundo produz tanto conhecimento que a figura
gênio solitário tem poucas chances em nossa sociedade.
Como romper ou minorar a pobreza a partir das novas tecnologias? Será
necessário identificar as causas da reprodução da miséria. Tudo indica que a falta de crédito,
a carência de tecnologia e a deficiência da educação são elementos essenciais do ciclo da
pobreza. Supera-los significa enfrentar essas carências.
A Exclusão Digital não se da somente por ausência de acesso físico a
computadores, acessórios e conexões, mas também a recursos adicionais que permitem um
uso adequado da tecnologia. Estes recursos são de outra ordem, passando pelo esforço da
comunidade em compreender as necessidades reais dos usuários, a existência de conteúdo
relevante em idioma do grupo, o grau de instrução da população usuária, sua capacidade de
leitura, entre outros.
Analisando os dados do IBGE divulgado recentemente a Síntese de Indicadores
Sociais 2003, que inclui as informações mais recentes da PNAD (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílio). A mostra que o computador estava presente em apenas 16,3 dos
domicílios brasileiros – mas os dados são referentes ao ano de 2002.
Do total de casas equipadas com computador, segue a pesquisa, 12% tinham
acesso à Internet. Por outro lado, os telefones fixos estavam presentes em 60.2% dos
domicílios do país. E quase 90% das casas brasileiras tinham televisão em cores. Por
regiões, a penetração do computador nas casas brasileiras é maior no Sudeste (estava em
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20,5% das resistências em 2002), seguindo pelo Sul (19%) e pelo Centro-Oeste (14,6%). No
Sudoeste, 15,6% dos computadores domésticos tinha, na época, conexão com a web.
UF População Total Amostra Total Educação Renda MA 103.569 10.891 7,56 R$ 1.417,40 PI 77.896 8.432 8,44 R$ 1.439,69 TO 31.130 3.603 8,18 R$ 1.718,28 AC 17.609 1.837 8,43 R$ 1.778,66 AL 97.853 10.012 8,75 R$ 1.630,75 Temas a ser discutidos:
Globalização
Acesso às Tecnologias da Informação
O Combate à exclusão digital em uma sociedade hipercapitalista e multiexcludente
O direito de acesso. A nova face da liberdade de expressão
As propostas de Inclusão Digital
Exclusão Social
Segundo o Grande Dr.Milton Santos
“As tentativas de construção de um mundo só sempre conduziram a conflitos
porque se tem buscado unificar e não unir”
Persegue-se o complexo conceito da exclusão social não como um fim em si
mesmo, encerrando uma simples dualidade entre incluir e excluir. Pelo contrário, adota-se a
concepção de que existem processos geradores de velhas e novas formas de exclusão
social, permitindo constatar distintas e simultâneas manifestações da pobreza, do
analfabetismo, da escolaridade, da desigualdade de renda, do desemprego aberto, da
participação da infância e da adolescência e ainda, da violência.
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Temas a ser discutidos
Globalização e exclusão social
Globalização em perspectiva histórica
O movimento recente da globalização
Novas e velhas formas de exclusão social
A pobreza no mundo
Desigualdade Norte-Sul
Quando falamos de Exclusão Digital não podemos deixar de falar sobre Exclusão
Social, pois uma depende da outra e vice-versa.
Algumas questões sobre o índice de exclusão social, por um lado, quando comparado
ao IDH (índice de Desenvolvimento Humano) o IES (Índice de Exclusão Social) traz consigo
uma maior número e uma enorme diversidade de sub-dimensões, de análise das condições
econômicas, sociais e políticas dos países.
Resumo
A exclusão digital, pelas características do contexto que envolve, sejam elas sociais,
culturais, tende a crescer numa especial virtualidade, sob uma muralha digital que deve
convencer os olhos menos críticos de que a inclusão está ali mesmo. Esta muralha nada
mais é do que a intensa carga de apelo consumista, em arranjos de notável inteligência
mercadológica, que exige como suporte a infra-estrutura de informática. Neste sentido, é de
se supor que o acesso a esses equipamentos e às ferramentas amigáveis de conexão com a
internet seja franqueado mais e mais a um número cada vez maior de pessoas. A exclusão
digital tem sido a apartheid da era da informação. Pesquisas de diversas fundações têm o
intuito de analisar quais os aspectos negativos da exclusão digital na sociedade e suas
causas.
Os dados sobre exclusão digital nas escolas do Brasil são mais ainda estarrecedores, já
que apenas 3,2% das escolas públicas de ensino fundamental e 10% de ensino médio
possuem acesso à Internet. Em contrapartida, 39,2% das escolas privadas de ensino
fundamental e 58,9% de ensino médio possuem acesso à Internet.
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Foi constatado pelo mapa da exclusão que a escolaridade média dos incluídos digitais é de
8,72 anos completos de estudo, praticamente o dobro daquela observada entre os excluídos
digitais. A renda dos incluídos é de 1677 reais contra 569 reais do total da população.
Aspectos Negativos da Exclusão Digital
No processo de educação o excluído digital terá mais dificuldade de adaptação no futuro
estudantil e até profissional. No ambiente empresarial falta de controle de processos e perda
de tempo, produção atrasa em relação ao mercado acarretando em perda de clientes. Em
algumas áreas se a empresa não tiver acesso ela não consegue nem desenvolver seus
produtos com a qualidade do mercado. A exclusão no marketing digital hoje é considerada
uma grande perda para a empresa.
Com o objetivo de traçar um panorama do 'apartheid digital' no Brasil e formular um
documento de referência na definição de estratégias para a solução deste problema, a
organização não-governamental Comitê para a Democratização da Informática (CDI) e a
Fundação Getúlio Vargas (FGV) realizaram a pesquisa Mapa da Exclusão Digital. Lançado
em abril, o estudo mostra que a exclusão digital acompanha o mapa da redistribuição de
renda no País. Enquanto no Distrito Federal 23,87% dos moradores têm acesso ao
computador, no Maranhão o grau de inclusão digital é de apenas 2,05%.
"O mapa serve para um planejamento estratégico sobre o assunto, para entendermos como
e porque está se dando a exclusão digital. Não há como planejar ações sem informações
focadas e organizadas. Este é o primeiro passo de um longo projeto da Fundação Getúlio
Vargas, que em breve também estará lançando o Índice de Inclusão Social", diz o presidente
da FGV, Carlos Ivan Simonsen Leal. O estudo mostra que a velocidade de ingresso de
brasileiros no mundo digital é enorme, segundo Leal, mas "é preciso acelerar ainda mais
esta inclusão e reduzir a distância que separa o Brasil dos outros países". De acordo com
uma projeção do estudo, que utiliza dados do Censo 2000 e da Pesquisa Nacional por
Amostragem de Domicílios (Pnad) 2001, cerca de um milhão de brasileiros passam a ter
acesso a um computador a cada três meses. Os números também revelaram que o País
possui atualmente em torno de 27,7 milhões de pessoas incluídas digitalmente e mais de
149,4 milhões excluídas.
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"Estas e outras informações vão nos ajudar a focar as ações de combate à exclusão digital".
"As ações voltadas para este tema, realizadas tanto pela sociedade civil, quanto pelo
governo e empresas, são descoordenadas. Com o Mapa poderemos nortear estas atividades
para que funcionem de forma sinérgica", explica. "O mapa não é somente um instrumento de
mobilização, mas uma ferramenta para promover soluções", diz o diretor da Agência dos
Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional (USAID Brasil) - apoiadora do projeto.
Números da Inclusão Digital.
O acesso ao mundo digital segue a desigualdade social do Brasil. Além do Distrito Federal,
fazem parte das cinco maiores taxas de inclusão digital os Estados de São Paulo (17,98%),
Rio de Janeiro (15,51%), Santa Catarina (12,30%) e Paraná (11,59%). Entre os mais
excluídos, além do Maranhão, estão o Tocantins (2,76%), Piauí (2,78%), Acre (3,42) e
Alagoas (3,60%). Segundo o coordenador do estudo e economista do Centro de Políticas
Sociais da FGV, Marcelo Neri, a inclusão digital é um tema importante das metas sociais. "As
ações de inclusão digital são uma prioridade dos centros urbanos, onde há luz elétrica. É
uma política urbana e voltada para jovens em situação de risco social, que são os mais
excluídos".
A exclusão também acompanha o preconceito racial. Índios, negros e pardos são os grupos
étnicos menos incluídos: 3,72%, 3,97% e 4,06%, respectivamente. Segundo o mapa, os
apartheids racial e digital caminham de mãos dadas no Brasil, mesmo quando se considera
branco e afro-brasileiro que obtiveram as mesmas condições de educação, emprego. "A
chance de o branco ter acesso à Internet, por exemplo, são 167% maior que o não branco
com o mesmo nível de educação e renda".
O estudo ainda avalia os índices de exclusão digital na escola e os índices de acordo com o
tempo de estudo. "A melhor forma de combater o apartheid social em longo prazo é investir
nas escolas, de modo que os alunos possam ter acesso desde cedo às novas tecnologias".
"Mas além de se ter computador nas escolas é preciso também capacitar os alunos. Não
adianta ter um laboratório de informática se os alunos não podem usá-lo".
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A inclusão digital no combate à pobreza
O estudo da FGV aponta o Amapá como o Estado brasileiro que teve a maior taxa de
crescimento no número de alunos do ensino fundamental com acesso a laboratórios de
informática entre 1997 e 2001 (43,67%) e Roraima como o que apresentou menor
crescimento no mesmo período (5,42%). "A melhor aplicação do dinheiro público é nos
estados que estão avançando, que possuem a capacidade de prosperar".
É com o objetivo de promover a inclusão social utilizando a tecnologia da informação
como instrumento para a construção e exercício da cidadania que o Comitê para a
Democratização da Informática (CDI) tem criado escolas de informática em comunidades
carentes desde 1995. Atualmente a instituição possui 770 Escolas de Informática e
Cidadania (EIC) em 19 Estados brasileiros e em 11 países de três continentes. "Concordo
com os estudiosos do Pnud (Projeto das Nações Unidas para o Desenvolvimento) quando
dizem que, sem desenvolvimento tecnológico, o desenvolvimento humano não é possível."
Palavras-chave: inclusão, exclusão, digital, apartheid, ciberespaço, analfabetismo, Internet,
informática, informação, negativo.
Introdução
A informação digital impulsionada pelo avanço tecnológico e pela globalização vem se
tornando um problema para aqueles que não tem acesso. Por isso cada vez mais a inclusão
digital vem sendo discutida para diminuição do analfabetismo digital que a exclusão digital
causa. Vários levantamentos vêm sendo feitos para descobrir os números desta exclusão e
qual o impacto, as raízes do problema.
Assim, ao invés de se limitar à esperança de vida, à alfabetização, à escolaridade e à
renda per capita, o IES incorpora em si dimensões sub-dimensões que permitem uma
verificação mais acurada das manifestações de exclusão presentes em várias nações.
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Objetivo
O Objetivo desse trabalho é mostrar que:
A Exclusão de parcelas da população do progresso das forças produtivas é
contemporânea das sociedades capitalistas mesmo nas economias avançadas. Apesar de
encontrar-se entre os principais produtores mundiais, com elevada exportação de alimentos
e extensa área agricultável sem atividade, o Brasil mantém um terço de sua população na
pobreza absoluta e esfomeada, quase 20% de sua força de trabalho sem ocupação, baixos
níveis de escolaridade e grau de violência aberta próximo de uma guerra civil e que quase
metade dos municípios do país encontra-se em situação de exclusão social e exclusão
digital. Por outro lado, apenas 200 municípios cercar de 3,6% do total apresentam padrão de
vida adequado.
Ao longo das quatro últimas décadas do século 20, o Brasil tornou-se menos excluído,
ou, pelo contrário, a exclusão social ganhou novos contornos, tornando-se mais complexa e
profunda.
Não é possível compreender a exclusão econômica, social, digital e política no Brasil
sem entender a extrema concentração da riqueza, que já se fazia notar a séculos entre nós,
mas que neste inicio de século XXI pode ser vista em todo o seu despropósito. Hoje, as 5 mil
famílias mais ricas têm como seu patrimônio um valor que corresponde a nada menos que
40% de toda riqueza gerada anualmente no país (o PIB) (Produto Interno Bruto). E essa
concentração é ainda mais acentuada do que parece à primeira vista, pois tais famílias (que
são numericamente apenas 0,001% das existentes) comandam boa parte da geração da
riqueza restante, por exemplo, a partir da contratação de serviços e da remuneração de
empregados de altos salários, além da influência exercida sobre uma parte expressiva do
gasto público e das informações veiculadas nos órgãos de imprensa. O verdadeiro disparate
desta situação, crucial para atender a exclusão econômica, social e política existente entre
nós brasileiros. Concluindo no grosso modo, nota-se que a heterogeneidade é uma das
maracás centrais destas grandes cidades, que apresentam uma distribuição extremamente
iníqua e injusta dos indicadores de exclusão pelos vários pedaços de seus territórios.
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O Brasil não conseguiu superar sua divisão regional nas últimas décadas. As regiões
norte e nordeste ainda têm o maior índice de exclusão social que o sul e o sudeste. Os
dados mostram que 42% das 5.507 cidades brasileiras, a maioria localizada no Norte e
Nordeste do país, estão associadas à exclusão social. Nessas localidades vivem 21% da
população. Por outro lado, apenas cidadãos de 200 municípios (3,6% do total),
representando 26% dos brasileiros, residem em áreas que apresentam padrão de vida
adequado.
O Nordeste é recordista: 72% dos seus 2.290 municípios apresentam problemas de
exclusão. Já a região Norte representa 13,9% desses municípios (318), seguida pelas
regiões Sudeste, com 10,4% (239), Centro Oeste, com 2% (45 cidades), e finalmente a
região Sul, com 1,6% (36) das localidades em situação de exclusão.
Entre os 5.507 municípios brasileiros, o estudo revelou que os piores indicadores são os
de Jordão, no Acre, Guarajá, no Amazonas, e Belágua, no Maranhão. Os de menor exclusão
social são os municípios de São Caetano do Sul, e Águas de São Pedro, em São Paulo, e
Florianópolis, em Santa Catarina.
"Nas regiões norte e nordeste está mais presente o indicador da exclusão, ou seja,
ausência de escolaridade e baixa possibilidade de ocupação, enquanto as regiões sul e
sudeste apresentam outro tipo de exclusão, que é a violência e a presença de maior
escolaridade não associada à possibilidade de emprego", afirma um dos pesquisadores que
elaboraram o atlas, o secretário de Trabalho do Município de São Paulo.
As cinco regiões metropolitanas que concentram os maiores índices de violência são as
de São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Distrito Federal e Recife.
O estudo ainda não é exato, segundo o Prof. Pochann, a exacerbada desigualdade
dentro dos próprios municípios acaba obscurecendo a exclusão nas capitais. Na capital
paulista, por exemplo, cidade que está em 30º no ranking daquelas com menor grau de
apartação, há bairros com mais exclusão do que em determinadas cidades que ficaram em
situação pior do que a de São Paulo no IES. O mesmo acontece no Rio de Janeiro, que
está em 17º entre as cidades com melhor IES, assim como em outros centros metropolitanos
do país.
Mesmo assim, ele considera que o trabalho é uma "fotografia" mais detalhada do que o
cenário traçado pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que considera apenas
alfabetização, renda e longevidade da população. Isso também qualifica o estudo, de acordo
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com o pesquisador, a ser um instrumento melhor para o monitoramento e a implantação de
políticas para o combate da exclusão social.
Quadro da Exclusão Social
Total de municípios 2.290 Região Norte - 13,9% - 318 Sul - 1,6% - 35 Nordeste - 72% - 1.648 Sudeste - 10,6% - 243 Centro-oeste - 2% - 46
Distribuição Exclusão Social - Brasil
13.9%1.6%
71.9%
10.6% 2.0%
Norte Sul Nordeste Sudeste Centr-Oeste
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Metodologia
Está sendo realizadas pesquisas na Internet, revistas e principalmente em cima
de um trabalho desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas que é o Mapa da Exclusão
Digital apresentado dados estatísticos em diferentes aspectos da sociedade brasileira. A
exclusão digital é representada pelo grande número de pessoas sem acesso às mais
diversas tecnologias de informação, à Internet e sem acesso aos serviços que ela
proporciona.
Uma outra linha de pesquisa está sendo feita através dos Atlas da coleção da
Fundação Getúlio Vargas que vem tratando o assunto sobre Exclusão Social, numa visão
matemática sobre a problemática da situação no Brasil e no Mundo sobre essa questão.
Discussão e Conclusões
O Brasil apesar do ter uma renda per capita relativamente alta e os gastos sociais
que chegam a 21% do PIB, a maior parte das políticas adotadas pelo governo acaba não
mirando os desvalidos, quando miram não chegam até eles e quando chegam não tem
efeitos duradouros. É um dos motivos porque muitos ainda continuam excluídos do universo
digital.
O que temos notado que a falta de clareza sobre o que é exclusão digital e quem
é o excluído pode causar distorções semelhantes ao que ocorreu no caso do analfabetismo.
Em princípio, a classificação genérica definia o analfabetismo simplesmente como aquele
que não aprendeu a decifrar os códigos da escrita. Diante do desafio de superar esta
situação, políticas públicas direcionaram grandes investimentos para que mais pessoas
simplesmente aprendessem a “formar palavras” ou ler isoladamente cada vocábulo. Mas
tarde, estudiosos da questão perceberam que este esforço pouco adiantou, pois gerou os
“analfabetos funcionais”, ou seja, pessoas que sabem ter, mas não são capazes de
interpretar as diversas mensagens. Portanto, o processo de comunicação pela escrita não
estava se efetivando nesses casos.
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É o que esta acontecendo com os excluídos digitalmente, pois a política praticada
é de dar acesso ao computador e a Internet. E só isso não basta, pois para que haja a
inclusão é preciso de uma distribuição adequada de recursos. Promover a habilidade das
pessoas de usarem a máquina e a linha para se engajar em práticas sociais significativas.
Ela deve forçar o engajamento de uma série de recursos, todos desenvolvidos e promovidos
com vistas à melhoria.
A Inclusão Digital tem sido pauta obrigatória no cenário político nacional e
internacional e motivação de várias ações, projetos e programas nas agendas sociais no
Brasil e em diversos países do mundo. Concebe-se, em geral que há uma exclusão digital
causada pela distribuição desigual do acesso às redes de comunicação interativa mediadas
por computadores conectados à internet e prescrevem-se como soluções democráticas a
universalização do acesso a tais redes, assim como a democratização da informação. Dessa
forma disseminam-se centros de acesso público à internet, cursos de “alfabetização
tecnológica” e outras iniciativas destinadas a minimizar a exclusão digital entre as
comunidades de baixa renda.
A realidade atual levanta algumas questões fundamentais que faz iniciar uma
discussão preliminar sobre o assunto. Como se trata de uma questão complexa e dispomos
de um tempo limitado para a sua abordagem, fazemos então uma análise em duas
dimensões básicas que se complementam: por um lado às concepções e por outro as ações
no campo da inclusão digital. No âmbito das concepções sobre o tema poderíamos
preliminarmente buscar a compreensão sobre os conceitos de inclusão/exclusão digital,
numa tentativa de identificar possíveis posições epistemológicas, ideológicas e sócio-
políticas, através das seguintes questão:
1. Considerando que a concepção de exclusão pressupõe uma subseqüente inclusão, que
relações poderiam ser identificadas a partir dos binômios: inclusão/exclusão (social / digital)?
Do ponto de vista prático podemos instigar algumas percepções, em geral consensuais, mas
que precisam precisa ser revisadas, diante da nossa proposta de problematizar a situação.
Assim temos a seguinte questão:
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2. Quem são os atuais excluídos digitais em nossa sociedade, por que, para que e qual o
significado de incluí-los digitalmente? E por fim, focalizemos as ações e intervenções, em
andamento na área de inclusão digital buscando identificar a influência que possam exercer
no contexto social contemporâneo, no que se refere a uma possível inclusão digital. Para
tanto, tem as seguintes questões:
3. A ações e métodos no campo da inclusão digital, têm cumprido seus propósitos de incluir
os indivíduos na sociedade da informação e do conhecimento?
4. Qual o papel do uso de software livre, das políticas públicas e da infra-estrutura nos
processos de inclusão digital?
5. Se há de fato, uma exclusão digital acontecendo que possibilidade terá de minimizá-la ou
superá-la, além das iniciativas em vigor, no contexto social, político e econômico da
sociedade contemporânea?
Frase para nós refletirmos todos os dias e tentarmos mudar essa situação, para que todos possam ter os mesmo Direitos e um Mundo igualitário para todos. “O Mundo” produz tanto conhecimento que a figura “Gênio Solitário” tem poucas chances em nossa Sociedade. As tentativas de construção de um Mundo só sempre conduziram a conflitos porque se tem buscado unificar e não unir
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Desigualdade
O índice de desigualdade considera a relação entre a massa de rendimentos dos
10% mais ricos e dos 10% mais pobres da população de cada país. Grosso modo, olhar a
distribuição desse índice possibilita a territorialização dos diferentes níveis de desigualdade
existentes no mundo.
A população tota residente nos 40 paíse com os piores valores no Índice de
Desigualdade soma 841 milhões de pessoas. Essa soma corresponde a quase 14% da
população do planeta. Ou seja , de cada 100 pessoas, 14 moram em algum dos 40 países
mais desiguais do mundo. Distribuição por quatro dos cinco continentes ( 24 na África, 2 na
Ásia, 1 na Oceania e 13 na América), tais países são liderados pela Namíbia ( está na
posição 175ª do ranking), seguida por Lesoto, Honduras, Paraguai, Serra Leoa, Botsuana,
Nicarágua, República Centro-Africana, Brasil, áfrica do Sul e Guiné-Equatorial,
respectivamente entre as 174ª e 165ª posições.
O Brasil, quinto país mais populoso do mundo, é um dos mais desiguais está na
167ª posição. Nele, em média, para cada 1 dólar recebido pelos 10% mais pobres, os 10%
mais ricos recebem 65,8. Ou seja, os mais ricos se apropriam de uma renda quase 66 vezes
maior que os mais pobres.
Todavia, é nos países do bloco intermediário que se concentra a maioria da
população mundial: 65% , ou seja, quase quatro bilhões de pessoas.Nesse bloco, por
exemplo, encontram-se todos os países da Oceania , 1/3 dos países da Europa, 2/3 dos
países da Ásia, quase ½ dos países africanos e ½ dos países americanos.
Desenvolve países da América encontram-se nesse bloco intermediário. Estados
Unidos é um deles. Terceiro país mais populoso do mundo, situa-se na posição 105ª . Nele
para 1 dólar recebido pelos mais pobres, os mais ricos ganham em média 16 dólares. China
e Índia primeiro e segundo países em população absoluta no mundo, também se localizam
na faixa intermediária de desigualdade. Estão situados na 81ª e 46ª posições
respectivamente.
Já os países com os melhores valores no Índice de Desigualdade estão
distribuídos da seguinte forma: 2 na América, 3 na África, 14 na Ásia e 21 na Europa. Japão,
Hungria e Finlândia lideram o ranking com as melhores posições, isto é, com os menores
índices de desigualdade. Nesses países, em média, para cada 1 dólar recebido pelos mais
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pobres, os mais ricos recebem somente 5. Nesse grupo, também se destacam muitos países
europeus ( inclusive diversos da Europa Oriental ); além deles Canadá e Argentina, na
América;Argélia e Egito, na África e alguns países asiáticos, como Casaquistão e Paquistão.
Alfabetização
Setecentos e trinta e seis milhões um valor ainda muito elevado é o número
aproximado de jovens e adultos analfabetos nos 175 países. É quase 20% da população
mundial. Isto quer dizer que, em média 20 em cada 100 pessoas com 15 anos de idade ou
mais é analfabeta.
É em cima do Tópico de Câncer que se situa a maioria dos países com maior
percentual de população de 15 anos ou mais alfabetizada. Dos 60 países dos países do
leste europeu, em particular, se destacam. Situados nas posições de 2ª ,3ª e 4ª posições
do ranking do Índice de Alfabetização,temos Eslováquia, Estônia, Letônia. Nesses países,
100 em cada 100 habitantes com mais de 15 anos são alfabetizados. Mas outros países do
oeste europeu ( Áustria, Bélgica, Dinamarca,Finlândia, França e Alemanha), bem como do
oeste e do leste asiático (Geórgia e Japão ) e do norte americano ( Canadá e Estados
Unidos ) também se destacam aí. Abaixo do Trópico de Câncer, há apenas alguns países
com elevada alfabetização, entre ele Austrália na posição de 16ª , Nova Zelândia na posição
de 31ª e Cuba na posição de 57ª .
Entre os países situados em posição intermediárias no ranking de Índice de
Alfabetização, encontram-se diversos latino-americanos. Paraguai, Venezuela , Panamá,
Colômbia, Equador, México e Peru estão entre eles.Em outras palavras, nesses países, de
cada 100 pessoas com mais de 15 anos , cerca de 90 são alfabetizadas. No Brasil na
posição de 93ª , de cada 100 pessoas maiores de 15 anos , 87 são alfabetizadas.São quase
cento e seis milhões de brasileiros.
Por último, dentre 40 países com piores valores no Índice de Alfabetização, 31
encontram-se na África, 6 na Ásia, 2 na Oceania e 1 na América. Eles representam cerca de
30% da população total da analfabeto.Ou seja, duas em cada três pessoas analfabetas com
mais de 15 anos e 66% do total de analfabetos. Ou seja, duas em cada três pessoas
analfabetas com mais de quinze anos do mundo mora em um desses 40 países. Niger,
16
Burkina Faso e Mali lideram o ranking , situado, respectivamente, nas 175ª , 174ª e 173ª
posições.Nesses países em média , a cada 100 pessoas, apenas 30 com mais de 15 anos
são alfabetizadas.
Evolucao das taxas de analfabetismo entre pessoas de 15 anos e mais no Brasil
1970 (31,8%)
1980 (24,5%)
1990 (19,1%)
1999 (15,1%)
2000 (13,6%)
2001 (11,4%)
2002 (10,9%)
2003 (16,0%)
2004 (17,0%)
O risco da exclusão digital
País chega a 11 milhões de micros e 35 milhões de telefones fixos, mas o fosso entre
ricos e pobres pode aumentar.
O Brasil escolheu um caminho errado para chegar à era digital, a reserva de
mercado para fabricantes de computadores. Quando de fato entrou no jogo, na década
passada, andou rápido. Mas é um país com desigualdades sociais tão fortes que hoje corre
o risco de novamente privilegiar as camadas sociais mais ricas e aumentar a distância entre
os que têm telefones e computadores e os que não têm, entre uma elite diminuta de
universitários e a massa de semi-analfabetos. A exclusão social é condenável de qualquer
ponto de vista. Hoje se compreende quanto ela é nefasta para os negócios. Assim, é preciso
evitar que a nova economia reproduza no Brasil mazelas centenárias, ou, pior, agrave-as.
Empresariado e governo mobilizam-se cada vez mais para compensar, no mundo digital, a
herança da desigualdade.
O número de microcomputadores instalados no País já superou a marca de 10
milhões, e deverá passar de 11 milhões até o final de 2000, segundo estimativa de Vanda
Scartezini, secretária de Política e Automação do Ministério da Ciência e Tecnologia, que
participou do Seminário Internacional de E-Commerce, realizado pela Amcham-SP no final
17
de junho. O Brasil já tem o 13º maior parque de PCs do mundo e o primeiro da América
Latina. São números que impressionam, ainda mais se for levado em conta que há cinco
anos o País tinha apenas 2,3 milhões de micros.
Na telefonia, o salto também foi assombroso. A previsão é fechar o ano com 35
milhões de linhas telefônicas fixas – um aumento de 94% em relação a julho de 1998, data
da privatização do sistema Telebrás. Na convergência da explosão da informática e das
telecomunicações, a Internet provoca uma revolução tão rápida quanto intensa.
Num curto período, 4,8 milhões de brasileiros passaram a navegar pelas ondas
da Web, número que pode chegar a 7,6 milhões se forem contadas as pessoas que utilizam
PCs de escolas, amigos e parentes. O País já conquistou a 13ª posição mundial em
registros de endereços, à frente de Coréia, Espanha e China – no total, são quase 450 mil
sites.
Os negócios gerados pela Internet no Brasil deverão movimentar US$ 1,7 bilhão
e poderão ultrapassar US$ 54 bilhões até este ano. Aqui, como praticamente no mundo
todo, nenhuma outra inovação tecnológica trouxe tantas mudanças e criou tantas promessas
quanto a Internet.
“A questão que se debate hoje é saber se a Internet vai reduzir ou acentuar o
desnível entre classes sociais”?
No Brasil de hoje, a Internet ainda é coisa para poucos. Menos da metade dos
brasileiros já utilizaram um telefone fixo. Não chegam a 5% os brasileiros internautas,
percentual mais baixo do que o registrado em países que também demoraram para aderir à
onda digital, como Portugal. E o número de pessoas com acesso à Internet já não cresce de
forma tão acelerada quanto nos dois últimos anos. Segundo pesquisa realizada pelo Ibope
de fevereiro a maio deste ano, o número de internautas cresceu apenas 1%. A estagnação é
ruim para a sociedade e, conseqüentemente, para as empresas. Significa que uma parcela
pequena da população consegue interagir com a chamada nova economia para adquirir
conhecimento ou produtos.
A maior barreira é a falta de poder aquisitivo. Mesmo com as vendas de
computadores crescendo 30% ao ano, a relação de máquinas por habitante ainda é baixa
quando comparada a outros países – apenas quatro para cada grupo de 100. Nos Estados
Unidos, 41 entre 100 pessoas têm um computador. No Japão, 29. Até a vizinha Argentina
18
leva vantagem, ainda que ligeira, em relação aos brasileiros, com cinco PCs por 100
habitantes.
Ter um computador em casa é praticamente um luxo. A maioria dos internautas
brasileiros está ligada ao cyberspace pelo micro que utiliza no trabalho, o que, pelo menos
em tese, significa menos tempo e liberdade para explorar as inesgotáveis possibilidades da
Internet. Mas ainda são raras as organizações em que o acesso à rede é permitido para
todos. Um estudo da FGV indica que nas médias e grandes empresas só 28% dos
funcionários estão conectados à Web. Não deixa de ser um avanço, já que esse percentual
era de 18% há um ano, mas insuficiente para tornar a Internet uma ferramenta popular.
“O acesso à Internet no Brasil ainda está restrito às faixas A e B”, constata Robert
Dannenberg, CEO da Via Net.Works Brasil. De acordo com o Ibope, 80% dos internautas
pertencem às classes A e B, 16% à classe C e apenas 4% às classes D e E.
A renda é um fator impeditivo, mas há outros. As cidades menores e mais
distantes também estão fora da Internet. A maioria dos provedores de acesso em operação
no País – cerca de 500, segundo estimativas oficiais – concentra-se nos grandes centros
urbanos. Para mais da metade dos brasileiros, que vivem em localidades com menos de 100
mil habitantes, o único caminho para entrar na Web é utilizar provedores instalados nas
capitais ou grandes cidades, por meio de ligações interurbanas, que são mais caras. O custo
das tarifas acaba tolhendo a expansão da rede.
A Internet deve desempenhar um papel crucial na melhoria do ensino, criando
novas fontes de conhecimento, viabilizando projetos de educação a distância ou oferecendo
suporte à escola tradicional. Na medida em que se limita à elite, ela tende a aprofundar
diferenças e a restringir ainda mais as oportunidades para as camadas de menor renda. Daí
o risco da exclusão social, do chamado “apartheid digital” – um gigantesco e dramático fosso
entre uma minoria plugada no mundo moderno e uma grande massa de sem-Internet, à
margem da principal mudança tecnológica das últimas décadas.
A situação se repete em toda a América Latina. “A imensa maioria da população
não está conectada à Internet e o Brasil até que tem uma situação privilegiada, com um
passo à frente em relação a seus vizinhos”, afirma o CEO e fundador do site Arremate.com,
Alec Oxenford.
Ninguém ganha com esse abismo entre um Brasil.com e um Brasil excluído do
mundo da tecnologia, que reproduz e alarga a distância entre ricos e pobres, os com
19
escolaridade e os sem instrução, centros urbanos e zona rural, micro e grandes empresas.
Enquanto a Internet não se abrir para o mercado, o comércio eletrônico não vai deslanchar e
a era da nova economia será apenas uma miragem. Essa convicção provoca uma reação
que ganha força a cada dia, com a mobilização de empresas, organizações não-
governamentais e governo.
“O apartheid digital é uma realidade no Brasil”segundo o CDI. Criado em 1995 no
Rio de Janeiro, o CDI mantém hoje 140 escolas de informática e cidadania em 14 estados e
é um dos exemplos da disposição de alguns setores de lutar contra a segregação digital
“Essas comunidades não querem só comida, mas diversão, arte e tecnologia”, diz Baggio.
Para apoiar o trabalho do CDI, a Amcham-SP acaba de lançar a campanha
Megajuda, que tem como objetivo arrecadar 500 microcomputadores até o dia 25 de agosto.
No dia do lançamento da campanha, em 30 de junho passado, chegou a 120 o número de
unidades obtidas. Os 100 primeiros foram doados pelas empresas EDS e Visanet. A EDS se
dispôs ainda a fazer a instalação e a configuração das máquinas com suporte do trabalho
voluntário de seus funcionários. Voluntários da Visanet, que mantém com a Xerox um
projeto semelhante ao do CDI, darão treinamento a professores e monitores. A Procter &
Gamble doou outras 20 máquinas.
“Além de ser uma maneira de expandir mais rapidamente a informática, a
campanha serve como benchmark para iniciativas similares em outros países”, diz Edward
Jardine, presidente para a América Latina da Procter & Gamble. Jardine vislumbra a
possibilidade de levar tanto o CDI quanto a campanha Megajuda para outros países onde a
Procter tem operações. “Infelizmente, o Brasil não é o único país onde há esse abismo
causado pela informática”.
Para o presidente da EDS do Brasil, Chu Tung, aumentar o acesso à informática
não é mais opção, é necessidade. “O que pudermos fazer para melhorar a educação e o
desenvolvimento no Brasil, ainda mais dentro da nossa atividade, faremos”, proclama.
O diretor de tecnologia da Visanet, Sylvio Simões, avalia que a Internet não terá
como se desenvolver se a distância social se impuser também na informática. “São
absolutamente incompatíveis”, sustenta. “Daqui a pouco tempo teremos estagnação no
número de usuários da Internet e do e-business se não trouxermos novas faixas da
população para esse convívio”, prevê.
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O Bradesco é uma das empresas que, sensíveis ao problema, investe na
propagação da Internet. Nas 37 escolas da Fundação Bradesco, onde estudam 100 mil
alunos, a informática faz parte do currículo há cinco anos. Mas ficou claro que ensinar a
utilizar hardware e software não era suficiente diante das possibilidades oferecidas pelas
novas tecnologias. A opção foi interligar todas as escolas por meio da rede. Assim, um aluno
de Bagé (RS) pode fazer um trabalho em conjunto com um de Manaus. “Os estudantes são
incentivados a pesquisar, aprender outros idiomas e manter contato com o mundo”, explica
Nivaldo Tadeu Marcusso, gerente de tecnologia educacional.
Em parceria com empresas de tecnologia, a Fundação Bradesco leva a Internet
para cidades que os provedores de acesso não têm interesse em cobrir. Um exemplo é a
distante Canuanã, em Tocantins, perto da Ilha do Bananal, onde vive uma tribo de índios
Javaés. Na escola de Canuanã, a Web já não é novidade para os curumins. A meta agora é
criar uma escola virtual, levando cursos a distância para instituições que trabalhem com
pessoas carentes.
O governo também partiu para a ofensiva no final do ano passado ao lançar o
programa Sociedade da Informação, com a participação de empresas e organizações não-
governamentais. Pretende-se criar condições para que o número de internautas no Brasil
chegue a 30 milhões em cinco anos. O investimento previsto é de R$ 3,4 bilhões até 2003 e
entre as medidas estudadas estão incentivos para a produção de equipamentos de
informática a preços mais baixos, disseminação de terminais para uso público e
modernização da rede de transmissão de dados. “É o que falta para fazer a Internet
decolar”, diz Tadao Takahashi, coordenador do programa.
Para Albertin, da FGV, o avanço tecnológico deve contribuir para derrubar as
barreiras que hoje separam a Internet da grande maioria dos brasileiros. Reduzir os preços
dos micros, que ainda custam de três a quatro vezes mais que para os norte-americanos,
pode demorar um pouco, mas é um processo irreversível a médio prazo. Uma das soluções
é o desenvolvimento de computadores com configurações mais simples, que cheguem ao
mercado a preços acessíveis. Equipamentos que permitem ter acesso à rede pela TV,
dispensando o micro, também abrem novas possibilidades. As primeiras máquinas, com
controle remoto, teclado sem fio e modem de 56 Kbps começam a chegar ao mercado por
cerca de R$ 400.
21
Para os especialistas, é cada vez mais evidente que será o telefone celular e não o
PC o responsável pela democratização da Internet. Com o número de assinantes –
especialmente do sistema pré-pago – crescendo mais do que os de telefonia fixa, e uma
tecnologia mais barata por dispensar recursos sofisticados, ficará mais fácil o acesso de
uma grande massa de usuários de baixa renda à Internet, num movimento que já é chamado
de “segunda onda”.
Uma das propostas do Sociedade da Informação para facilitar o acesso da
população ao mundo digital é a instalação de quiosques eletrônicos públicos em locais como
bancas de revistas, padarias, farmácias e agências dos Correios. Também faz parte do
programa a difusão de uma cultura da informação. O melhor caminho, na opinião de
Takahashi, é o próprio governo ampliar os serviços à disposição da população.
Duas iniciativas bem-sucedidas são a declaração de Imposto de Renda pela
Internet e o voto eletrônico, que nas próximas eleições municipais, em outubro, será
estendido a todo o país. São exemplos de que, com acesso a meios e informações, o
brasileiro tem tudo para fazer da tecnologia um atalho para o futuro e construir uma
sociedade mais justa, com oportunidades para todos. “Saímos praticamente do zero em
1995”, comenta Ivan Moura Campos, doutor em Ciência da Computação pela Universidade
da Califórnia, coordenador do Comitê Gestor da Internet, e um dos maiores entusiastas da
abertura da Internet. “Portanto, nada é impossível”.
Cento e treze milhões de crianças estão fora da escola no mundo. Mas há
exemplos viáveis de que é possível diminuir o problema — como na Índia, que se
comprometeu a ter 95% das crianças freqüentando a escola já em 2005. A partir da
matrícula dessas crianças ainda poderá levar algum tempo para aumentar o número de
alunos que completam o ciclo básico, mas o resultado serão adultos alfabetizados e capazes
de contribuir para a sociedade como cidadãos e profissionais.
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Exemplos de possíveis ações empresariais e associativas com o poder público,
ONGs, grupos representativos locais e fornecedores:
Apoio a programas de criação de oportunidades e estímulo no acesso ao ensino
fundamental, ou melhoria da qualidade; Envolvimento direto/indireto em ações de prevenção
e erradicação do trabalho infantil, tanto em regiões metropolitanas, como rurais; Contribuição
para a melhoria dos equipamentos das escolas básicas e fornecimento de material didático e
de leitura; Programas de reciclagem e capacitação de professores do ensino fundamental;
programas de implantação de projetos educacionais complementares, com envolvimento
familiar, visando a estimular a permanência do aluno na escola.
AS FACES DA EXCLUSÃO DIGITAL E O ESFORÇO DA INCLUSÃO
A exclusão digital, pelas características do contexto que envolve, tende a crescer
numa especial virtualidade, sob uma muralha digital que deve convencer os olhos menos
críticos de que a inclusão está ali mesmo. Esta muralha nada mais é do que a intensa carga
de apelo consumista, em arranjos de notável inteligência mercadológica, que exige como
suporte a infraestrutura de informática. Neste sentido, é de se supor que o acesso a esses
equipamentos e mesmo às ferramentas amigáveis de conexão com a Internet, sejam
franqueados mais e mais a um número cada vez maior de consumidores. Mas, para o
filósofo Pierre Lévy, “não basta estar na frente de uma tela, munido de todas as interfaces
amigáveis que se possa pensar, para superar uma situação de inferioridade. É preciso antes
de mais nada estar em condições de participar ativamente dos processos de inteligência
coletiva que representam o principal interesse do ciberespaço.”Cabe então, aos
interessados no autêntico processo de inclusão, reclassificar os personagens e paisagens
desta história. Há que se reconhecer cidadãos, além de consumidores e assim buscar a
superação da oclusão referida por Lévy em seu livro Cibercultura. Ou seja, transpor a
muralha digital mercadológica – e também o lixo digital gerado num submundo do
ciberespaço, com típicas características de patologia social – até chegar ao espaço da
inteligência coletiva gerado a toque de bits.
Esta é, portanto, a necessária diferença a ser estabelecida para referenciar a
natureza das ações que possam alcançar autêntica eficiência no esforço da inclusão digital.
23
Porque a exclusão vai estar crescendo ao lado de equipamentos e net-telinhas
encantadoras.
A identificação do processo de exclusão digital, para mim, remonta as raízes da
inserção, em larga escala, dos computadores no cotidiano da sociedade contemporânea. E
justamente o digitador, profissional símbolo deste momento de inserção, marcava o início da
trajetória do que se reconhece hoje como excluído digital. Na década de 70, em muito pouco
tempo o digitador se constituiu numa categoria profissional numerosa aqui no Brasil. A
profissão surgiu de forma atraente, com ares de modernidade, exigindo ambientes
climatizados, limpos, bem organizados, tudo atendendo exigências taxativas para o melhor
funcionamento das máquinas. Em vários estudos foram relatados diversos distúrbios
funcionais do digitador gerados pela forma de subjugação imposta pelos comandos
incessantes do computador. Foi também o momento em que se popularizou a L.E.R, a lesão
por esforço repetitivo, observada em grande número de digitadores.
Mas os relatos de problemas funcionais gerados pela forma de contato do
digitador com o computador iam bem além. Foi observado que muitos desses profissionais
não conseguiam se concentrar em leituras por causa da prática diária de ler mensagens
simplesmente para transmitir às pontas dos dedos os dígitos a serem inseridos na máquina.
A rapidez exigida para o processo colocava à parte o raciocínio, tornando a leitura uma
forma de mera transferência de dados, ao invés de um método de assimilação de uma
mensagem. Isso se refletia especialmente na vida dos digitadores que frequentavam a
escola depois do trabalho. Esta relação entre trabalhador e seu instrumento de trabalho
acabou gerando até momentos de agressividade extrema onde digitadores, tomados por
impulsos de irritação, destruíam os computadores, conforme relatos oficiais.
Em minha dissertação de mestrado, desenvolvida no Departamento de Multimeios
do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas, sob o título “Do gesto
mecânico ao pensamento criativo – uma proposta de inserção da computação gráfica no
cotidiano do digitador”, eu buscava alcançar uma relação inteligente do digitador com o
computador. A liberação da inteligência humana naquela relação era a saída que eu
propunha para o fim daquele autêntico conflito funcional. Entendo, hoje, que o digitador,
mesmo ali, diante dos primeiros computadores, era um excluído digital. Não bastou sua
simples proximidade com a máquina para que a inclusão ocorresse. É verdade que ainda
não se falava em Internet. Mas a questão é que poucas potencialidades do computador
24
estavam acessíveis à inteligência daquele profissional, processo que se tentava mitigar
através da proposta contida na dissertação que apresentei.
De lá para cá, as interfaces amigáveis e as grandes transformações no uso do
computador, que praticamente extinguiram a profissão de digitador, ainda não conseguiram
frear o processo de exclusão digital. Portanto, a partir deste exemplo, acho importante que o
excluído digital seja procurado entre os mais próximos do computador, ao contrário de supor
que o simples acesso à máquinas, pela multiplicação de estações conectadas à Internet vai,
por si só, frear o processo de exclusão digital.
Lévy ao referir-se às críticas atribuídas à exclusão promovida pela cibercultura,
relembra que todo avanço nos sistemas de comunicações, acaba fabricando os seus
excluídos. Foi assim desde a escrita, a impressão, o telefone e a televisão e o fato de
existirem pessoas analfabetas e sem telefone não nos leva a condenar a escrita e as
telecomunicações, mas sim a investirmos mais em educação e na ampliação das redes
telefônicas. Mas, no caso da informática, a preocupação em se promover uma integração
dos que ainda não fazem parte deste universo, assume proporções jamais vistas com os
outros meios, mesmo sabendo-se que a taxa de crescimento das conexões com o
ciberespaço, por exemplo, “demonstra uma velocidade de apropriação social superior à de
todos os sistemas anteriores de comunicação. Por que então esta crescente preocupação
de setores da sociedade e de órgãos públicos e institucionais em se promover o acesso aos
computadores? O principal motivo talvez seja o fato de a exclusão digital promover a
oclusão social como, por exemplo, reduzindo as chances de um desempregado ser galgado
a um posto de trabalho sem ter um e-mail para contatos, sem ter acesso aos sites de
empresas ou bureau. Porém, no pensamento de Pierre Lévy, um outro fator relevante
pertinente a esta questão merece um estudo mais aprofundado. Lévy considera que o que
está em jogo é a modificação das normas do saber, pois “os coletivos cosmopolitas
compostos de indivíduos, instituições e técnicas não são somente meios ou ambientes para
o pensamento, mas sim seus verdadeiros sujeitos. Dado isto, a história das tecnologias
intelectuais condiciona (sem no entanto determiná-la) a do pensamento. É então neste
processo histórico onde a oclusão se torna mais inaceitável. A história do pensamento
humano não pode estar com uma interface oculta a camadas da população que não utilizam
computadores ou que são meramente atingidas por estímulos digitais, ao invés de
integradas, como co-autoras do processo. Lévy conclui propondo que, paralelamente ao
25
acesso ao computador e a cibercultura, a participação nos processos de inteligência coletiva
precisa ser disponibilizada, sendo esta, ao meu ver, a autêntica ação de inclusão digital. Isso
passa por orientar os usuários de computadores, através de iniciativas específicas, sobre
como descortinar os espaços digitais da “inteligência coletiva”, apontando as ferramentas
que possibilitem pesquisas, que permitam selecionar e interagir com sites voltados a
produção de conteúdos inteligentes.
Podemos encontrar, também, no pensamento de estudiosos de outras áreas do
conhecimento, constatações que vão ao encontro das idéias de Lévy. A socióloga e
psicóloga clínica Sherry Turkle, por exemplo, afirma que “todas as grandes inovações
tecnológicas, além dos resultados práticos imediatos, trazem conseqüências profundas e
transcendentais que provocam mudanças, não apenas nas atividades que realizamos, mas
também em nosso modo de pensar”. Isso porque a tecnologia é catalisadora de mudanças e
“modifica a consciência que as pessoas têm de si mesmas, dos demais, e de suas relações
com o mundo”. Marshall McLuhan, em seus estudos sobre a comunicação de massa, lembra
que “as tecnologias são meios de traduzir uma espécie de conhecimento para outra,...”e “a
tradução é, pois, um desvendamento de formas de conhecimento”.
Quem é o excluído digital?
Diante da crescente demanda por ações governamentais para a inclusão digital
uma caracterização, para definir quem é realmente o excluído, deve contribuir para que as
políticas públicas de inclusão sejam direcionadas corretamente. Pois a inclusão não é um
mero provimento da infraestrutura de acesso mas todo um trabalho de orientação que
apenas começa quando as máquinas passam a estar disponíveis. Essa orientação deve
preparar e motivar os usuários para o uso das potencialidades das tecnologias de
comunicação pertinentes ao contexto da Internet.
A falta de clareza sobre o que é exclusão digital e quem é o excluído pode causar
distorções semelhantes ao que ocorreu no caso do analfabetismo. Em princípio, a
classificação genérica definia o analfabeto simplesmente como aquele que não aprendeu a
“decifrar” os códigos da escrita. Diante do desafio de superar esta situação, políticas
públicas direcionaram grandes investimentos para que mais e mais pessoas simplesmente
aprendessem a “formar palavras” ou ler isoladamente cada vocábulo. Mais tarde, estudiosos
26
da questão perceberam que este esforço pouco adiantou, pois gerou os “analfabetos
funcionais”, ou seja, pessoas que sabem ler mas não são capazes de interpretar as diversas
mensagens. Portanto, o processo de comunicação pela escrita não estava se efetivando
nesses casos.
O relógio da inclusão digital
O CDI – Comitê para a Democratização da Informática é uma organização não
governamental e sem fins lucrativos que tem como missão institucional “promover a inclusão
social utilizando a tecnologia da informação como um instrumento para a construção da
cidadania” e portanto, tenta suprir a carência de políticas públicas mais sérias para inclusão
digital. Ao justificar o por quê desse esforço em favor da informática a entidade cita que “a
tecnologia de informação é uma das principais forças motrizes da sociedade
contemporânea”. Trata-se, portanto, de um trabalho reconhecido publicamente pela
qualidade do serviço que presta.
Para mensurar a taxa de inclusão digital foi criado o “Relógio da Inclusão Digital”,
que é uma iniciativa do CDI - Comitê para Democratização da Informática, da FGV -
Fundação Getúlio Vargas, Sun Microsystems e USAID - United States Agency for
International Development, que juntos fundaram o GAID (Grupo de Ação para a Inclusão
Digital).
O relógio da inclusão digital marcará permanentemente a taxa de inclusão digital
de acordo com os dados fornecidos pela FGV e é o primeiro passo para a realização do
Mapa da Exclusão Digital. O GAID apresentou o Mapa da Exclusão Digital à sociedade
brasileira no início deste ano de 2003. “O objetivo é sugerir ações emergenciais que
diminuam o apartheid digital, envolvendo governo, empresas e terceiro setor. O documento
foi entregue ao Governo de Luís Inácio Lula da Silva como uma contribuição para a
elaboração de políticas sociais e para as áreas das Tecnologias da Informação e
Comunicação. O Relógio da Inclusão Digital marca o número de brasileiros com acesso a
computador em seus domicílios. Ele resume as interações entre a estimativa contida no
relógio populacional do IBGE com as projeções de crescimento da taxa de acesso a
computadores."
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Sem dúvida esta iniciativa é louvável, mas mede apenas o número de pessoas que
têm acesso a um computador e não a participação ativa destas pessoas nos processos de
inteligência coletiva e que consequentemente lhes dará o “ganho de autonomia” a que se
refere Lévy. Entendo que, o coroamento do esforço iniciado com a ampliação do número de
computadores disponívels à população, vai acontecer com uma iniciativa que só pode ser
consolidada no setor educacional. Porque me parece claro, que só a escola poderá
promover, em grande escala, a autêntica inclusão digital. A “medida” da exclusão digital
sempre vai ser muito difícil de ser estabelecida, mas a direção do esforço em favor da
inclusão, parece ter na escola o ponto de partida.
Na busca de alternativas para superação desse modelo excluidor vale lembrar
que toda manifestação de inteligência se revela na interatividade, o que exige dinamizar a
comunicação. A comunicação, por sua vez, numa perspectiva de grande escala, de massa,
precisa de um impulso exponencializador, uma vez que toda ferramenta de comunicação de
massa ganha mais interesse na medida em que mais pessoas interagem pelo uso de
ferramentas semelhantes. Assim sendo, no discurso que preconiza a criação de rádios e
TVs comunitárias, já contempladas com aparatos institucionais, propõe-se agora a criação
de portais ou sites comunitários. Com estes portais como instrumentos educativos sobre a
interação com o mundo digital, deve ser alcançado o propósito de “evitar o surgimento de
novas dependências provocadas pelo consumo de informações ou de serviços de
comunicação concebidos e produzidos em uma óptica puramente comercial ou imperial e
que têm como efeito, muitas vezes, desqualificar os saberes e as competências tradicionais
dos grupos sociais e das regiões desfavorecidas”. [14] Produzido a partir da orientação
planejada na escola, os diversos sites do portal comunitário iriam dinamizar “a cultura, as
competências, os recursos e os projetos locais, para ajudar as pessoas a participarem de
coletivos de ajuda mútua, de grupos de aprendizagem cooperativa, etc.”
Seriam as legítimas interfaces para que a inteligência local gerasse, no seu
ambiente e a partir dele, o conteúdo pertinente ao contexto da inteligência coletiva presente
da Grande Rede, valendo-se inclusive dos outros “axônios” que dinamizam o “pensar”
digital. É importante notar que, mesmo semelhante no apelo, o portal comunitário tem
peculiaridades a serem observadas para se alcançar sucesso. Conta com a facilidade de
uma tecnologia mais barata, exige menos especialização profissional para o
desenvolvimento de conteúdos e ainda dispensa normatização legal para se estabelecer.
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Porém, como meio cujo acesso é menos imediato do que no caso do rádio e da TV, exige
um conteúdo seguramente interessante, com força de motivar a “trabalhosa” visita. Entendo
que, a infraestrutura básica desses portais começa pela conexão através do provedor da
prefeitura da cidade, que disponibilizaria alguns pontos de acesso em ambientes
comunitários do bairro, com domínio do portal. Esses pontos iriam se somar a uma
infraestrutura de informática bem maior, situada nas escolas do bairro. É nas escolas, sob a
orientação programática para este fim, que o portal comunitário do bairro e os vários sites
iriam adquirir forma e dinâmica, pelo menos incialmente. Todas as iniciativas e atividades do
bairro seriam encaminhadas para as edições de sites do portal, valendo-se deles como
forma de integração ou expressão. Conteúdos como a campanha de vacinação, fotos da
quermesse da igreja, críticas e opiniões de moradores, trabalhos escolares de destaque,
encontrariam numa arquitetura padrão, inicialmente proposta como modelo, os espaços para
serviços, editoriais, curiosidades, cultura e outros. Tudo dimensionado dentro de parâmetros
universalmente aceitos, no que diz respeito a técnicas de comunicação, visando dar forma
atraente a estes conteúdos. Uma “cartilha” básica poderia ser elaborada e proposta aos
integrantes dos primeiros núcleos interessados e, destes, receber contribuições ao longo da
experiência.
Os portais comunitários serviriam ainda para hospedar sites de grupos do bairro
que se motivassem a marcar presença, tanto os ligados a agremiações, como os
espontâneos e ainda permitiria o cadastramento de endereços eletrônicos de moradores
para correspondência - os e-mails, que poderiam ser acessados de qualquer ponto. Dessa
forma, imagino que a interação com a inteligência coletiva partiria de uma identidade
estabelecida na essência da comunidade, nas suas fronteiras físicas, estendendo a
inteligência alí presente ao lugar desejável do ciberespaço.
Acesso à informação promove inclusão social
A possibilidade de uso de computadores, apesar de sua importância para o
acesso à informação e para a entrada no mercado de trabalho, continua restrita a poucos. A
chamada exclusão digital pode significar um aprofundamento ainda maior da divisão entre
as populações dos países ricos e dos países pobres, dificultando o processo de
desenvolvimento do Terceiro Mundo.
29
Entre outras iniciativas para combater o problema, distribuídas por todo o Brasil,
foram criados, na cidade de São Paulo, os Telecentros, que são espaços de contato das
populações pobres com microcomputadores e com as informações necessárias para o seu
uso. O diferencial dos Telecentros com outros projetos de inclusão digital é sua forte ênfase
no uso dos computadores para a inclusão social. O primeiro Telecentro inaugurado em São
Paulo completou dois anos recentemente, no momento em que é inaugurado o de número
60.
O acesso à informação, proporcionada pelo uso dos computadores conectados à
Internet, pode levar à inclusão social. "O que é inclusão digital? Quais são os seus
objetivos? Estamos atingindo estes objetivos?", estes são alguns questionamentos
necessários para se constituir a inclusão digital. Essa discussão ainda é incipiente no Brasil
e os agentes envolvidos (ONGs, estados, municípios) não estão organizados para debater o
assunto. "O grande equívoco é que tratamos inclusão digital como democratização apenas
da informática, e não da informação. O que tem potencial transformador não é a informática,
mas a informação. A inclusão digital não consiste apenas em trabalhar os dados, mas
também as informações", discute.
A inclusão digital e inclusão social são indissociáveis. Nesse sentido, alguns
projetos desenvolvidos nos Telecentros de São Paulo mostram que é possível alcançar
resultados positivos, por exemplo, em cursos de redação. "Quando uma pessoa passa a
discutir acesso às universidades públicas ou cotas para negros nas universidades, usando o
computador para fazer um texto, podemos dizer que isso é inclusão digital", afirma
Guimarães.
O projeto dos Telecentros de São Paulo nasceu em 2001. Logo ao assumir
cargo, a prefeita Marta Suplicy assinou um decreto criando a Coordenadoria do Governo
Eletrônico, órgão responsável pelas políticas públicas de inclusão digital. O primeiro
Telecentro foi aberto em junho de 2001, no bairro Cidade Tiradentes. Em março de 2002,
depois da estabilização do primeiro Telecentro, começaram a ocorrer, em fase de testes,
algumas oficinas para atrair um público mais heterogêneo. Após a avaliação inicial foi
constatada a viabilidade do trabalho das oficinas, que foram efetivadas.
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A oficina de jornalismo comunitário, por exemplo, realizada no Telecentro de
Guaianases, teve como um de seus frutos o fanzine .A iniciativa do fanzine surgiu de um
grupo de alunos da oficina, que perceberam a importância da comunicação e de tecnologias
como o computador para a socialização da informação.
A inclusão digital pode gerar renda de diversas formas. Para isso a prefeitura de
São Paulo está estudando a possibilidade de fomentar a formação de cooperativas de
desenvolvedores e fornecedores de serviços em software livre, para pequenas empresas
locais. Além dos empregos diretos gerados, o uso de software livre pode significar uma
economia considerável, uma vez que os recursos são utilizados para o pagamento de
pessoal e não para a licença do software. As empresas que utilizam esse tipo de software
têm gastos com a adaptação e a gestão dos programas mas não com a compra dos
mesmos.
Outro problema é a falta de indicadores de qualidade dos projetos de inclusão
digital, que seria importante para que se estabelecessem critérios de avaliação e
comparação com outros projetos. Na opinião dele "não adianta só instalar computadores na
periferia e falar em cidadania, precisamos saber, via indicadores, os resultados do projeto".
A demanda não seria só saber acessar mas saber o que acessar na Internet.
Parece ser consensual para os especialistas que a inclusão digital é algo que deve
ser feito via políticas públicas. Não há a devida coordenação nos níveis federal, estadual e
municipal. "As esferas de governo vão atuar com sua lógica, com a sua demanda, com as
suas pressões políticas, sem uma estruturação organizada e racional dessa rede de inclusão
digital", diz. Para contornar o problema, o primeiro passo seria uma ampla conscientização
do que é inclusão digital, caso contrário, poderão ocorrer sérios problemas com o
financiamento e a institucionalização do processo. "Justamente por não estar claro o
conceito de inclusão digital para os próprios promotores das políticas públicas e para a
sociedade, surge esse impasse que precisa ser resolvido", afirma ele.
Apesar de existirem vários espaços para a discussão da inclusão digital, não
existe um que reúna todos os envolvidos, o que prejudica o desenvolvimento do processo no
país. Segundo este tema deveria estar presente nas universidades, principalmente nas
31
áreas de ciências humanas, como jornalismo e sociologia, não deixando a discussão girar
em torno apenas das características técnicas dos computadores utilizados.
Recentemente foi inaugurado o sexagésimo Telecentro de São Paulo, que faz
parte de um projeto da Secretaria de Assistência Social da prefeitura de São Paulo,
chamado Oficina Boracea. O Telecentro fica em um espaço bem amplo, destinado a abrigar
moradores de rua do município, onde o atendimento é individualizado, ao contrário do que
acontece na maioria dos albergues, que têm, por exemplo, banheiros coletivos. É a primeira
vez que os Telecentros lidarão com grupos totalmente excluídos socialmente. "Na maioria
dos casos as pessoas se sentem privadas dos direitos de cidadão e têm baixa auto-estima;
esta vai ser uma experiência inovadora para os Telecentros". Toda a parte de treinamento
dos funcionários será centralizada no local, o que proporcionará o contato com os
moradores de rua.
A situação de exclusão social, em que vive considerável parcela da população
brasileira e os resultados positivos de projetos como os Telecentros mostram a importância
da socialização dos conhecimentos para minimizar os problemas sociais no Brasil. Porém,
essas iniciativas precisam ser disponibilizadas para um número maior de pessoas.
Nesse sentido, além dos projetos municipais, existem mais dois tipos de
Telecentros em âmbito nacional: os de negócios e os da região amazônica. A Rede Floresta
de Telecentros é uma iniciativa da Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte) em
parceria com o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, vinculado à Casa Civil da
Presidência da República. O objetivo é implantar uma rede de inclusão digital em 20 cidades
da Amazônia Legal, ainda este ano. Essa iniciativa é parte do programa de inclusão digital
do governo federal, que pretende levar os Telecentros para todas as regiões do país. O
primeiro deles será em Altamira (PA), em seguida estão previstos para os municípios de
Presidente Dutra (MA), Macapá (AP) e Tucuruí (PA).
O Telecentro de Informações e Negócios foi criado pelo Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Nos Telecentros vinculados a este projeto,
serão oferecidos cursos e treinamentos para pessoas de microempresas e empresas de
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pequeno porte. O objetivo é criar oportunidades de negócios e trabalho que promovam o
crescimento na produção e geração de emprego e renda.
Na opinião do professor Isaac Epstein, da Universidade Metodista de São Paulo,
"nas causas da exclusão tecnológica se misturam fatores culturais e econômicos". O Brasil é
um país onde as desigualdades sociais atingem níveis assustadores em relação ao restante
do mundo. "Não somos os mais pobres do mundo mas, ao que parece, somos os mais
injustos entre nós mesmos", desabafa o professor, e questiona: "não seria este o motivo
para todas as exclusões?"
Aparentemente, não existe discordância no fato de que uma das causas da
exclusão social está no não entendimento das possíveis aplicações das tecnologias. "Uma
causa genérica desse não entendimento é que nossa alfabetização em ciência é baixa".No
caso do Brasil, essa "exclusão tecnológica" é apenas uma entre várias, talvez mais graves
ainda. Segundo ele, os esforços para corrigir as desigualdades sociais esbarram na
resistência dos privilegiados, "sejam latifundiários, juizes, funcionários e outros".
Porém, pesquisas em educação científica de outros países podem trazer
alternativas a nossa realidade. Intrigados com dados que mostravam que, nos EUA, os
resultados no aprendizado de ciência eram inferiores ao de países que gastavam menos
com educação, como Coréia do Sul, China, República Checa e Hungria. "Um grupo de
pesquisadores norte-americanos foi investigar o problema e constatou que, nesses países
há uma forte tradição cultural valorizando a ciência e a cultura em geral". A conclusão do
trabalho foi que, com a participação construtiva dos pais nos estudos dos filhos, a
valorização social da competência intelectual e a organização do ensino, o desempenho dos
estudantes melhoraria.
Brasil tem 24 milhões de analfabetos
O número de não-alfabetizados brasileiros é quatro vezes maior que o de brasileiros
com curso superior completo. A conclusão é do Censo 2000 sobre educação, divulgado hoje
pelo IBGE, que aponta a existência de 24 milhões de analfabetos no País, ou 16% da
população acima dos 5 anos.
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Embora ainda seja alta, a proporção de analfabetos com 5 anos ou mais caiu
significativamente na última década: de 25,1% em 1991 para 16,7% no Censo de 2000. Em
número absolutos, isso mostra que são sete milhões de analfabetos a menos.
Entre o total de alfabetizados com 5 anos ou mais de idade (129,3 milhões), mais da
metade é formada por pessoas que se declararam brancas (56,8%), seguidas pelas pardas
(35,9%), pretas (5,8%), amarelas (0,5%) e indígenas (0,4%). Em relação à população não-
alfabetizada (24 milhões), 51,5% são pardos; 37,2%, brancos; 9,5%, pretos; 0,8%, indígenas
e 0,2%, amarelos.
No entanto, deve-se ressaltar que, a análise de informações de cada grupo de cor,
isoladamente, indica resultados bem diferentes. Por exemplo, na população total de
indígenas (652 mil pessoas), 30,2% não são alfabetizados, o maior percentual. Em seguida
estão os negros, cuja população é de 9,8 milhões e o percentual de não-alfabetizados é
23,2%. Em relação aos pardos, com população de 58,7 milhões, o percentual é de 21,1%;
entre os 82,4 milhões de brancos, 10,9% e dos 720 mil amarelos, 6,6% não são
alfabetizados.
Apesar da melhoria da situação educacional ao longo dos anos, principalmente na
faixa etária de 10 a 14 anos, cujo percentual de crianças freqüentando escola é quase
universal (94,6%), as informações sobre o acesso à escola mostram que apenas 1/3 da
população brasileira estuda. Em outras palavras, entre a população de quase 170 milhões,
pouco mais de 53 milhões (31,4%) freqüentam escola. E quanto menor o rendimento mensal
familiar, menores são as possibilidades de freqüência a um estabelecimento de ensino.
No grupo de 4 a 7 anos de idade, formado por um total de 13,3 milhões de crianças,
cerca de 31% (4,1 milhões) estão fora da escola no país. Nos municípios das capitais a
situação não é melhor: de um total de 2,8 milhões de crianças de 4 a 7 anos, quase 690 mil
não estudam (24,4%).
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A Formação da População Brasileira
A população brasileira formou-se a partir de três grupos étnicos básicos: o indígena, o
branco e o negro. A intensa miscigenação (cruzamentos) ocorrida entre esses grupos deu
origem aos numerosos mestiços ou pardos (como são chamados oficialmente), cujos tipos
fundamentais são os seguintes: mulato (branco + negro), o mais numeroso; caboclo ou
mameluco (branco + índio) e cafuzo (negro + índio), o menos numeroso.
Sobre essa base juntaram-se, além dos portugueses, que desde a colonização
continuaram entrando livre e regularmente no Brasil, vários outros povos (imigrantes),
ampliando e diversificando ainda mais a formação étnica da população brasileira. Os
principais grupos de imigrantes que entraram no Brasil após a independência (1822) foram
os seguintes: atlanto-mediterrâneos (italianos e espanhóis), germanos (alemães), eslavos
(poloneses e ucranianos) e asiáticos (japoneses).
A população brasileira é, assim, caracterizada por grande diversidade étnica e intensa
miscigenação.
A elevada miscigenação ocorrida no período colonial, principalmente entre brancos
(portugueses) e negros (africanos) , explica o rápido crescimento do contingente de mulatos
em relação ao contingente de negros.
Em 1800, os negros eram 47% da população, contra 30% de mulatos e 23% de
brancos. Fatores como, por exemplo, a proibição do tráfico de escravos (1850), a elevada
mortalidade da população negra, o forte estímulo à imigração européia (expansão cafeeira),
além da intensa miscigenação entre brancos e negros, alteraram profundamente a
composição étnica da população brasileira. Em 1880, os negros estavam reduzidos a 20%
da população, contra 42% de mulatos e 38% de brancos. Daí em diante, ocorreu a
diminuição constante da população negra e aumento progressivo da população branca
(intensificação da
Embora ainda seja alta, a proporção de analfabetos com 5 anos ou mais caiu
significativamente na última década: de 25,1% em 1991 para 16,7% no Censo de 2000. Em
número absolutos, isso mostra que são sete milhões de analfabetos a menos.
Entre o total de alfabetizados com 5 anos ou mais de idade (129,3 milhões), mais da
metade é formada por pessoas que se declararam brancas (56,8%), seguidas pelas pardas
(35,9%), pretas (5,8%), amarelas (0,5%) e indígenas (0,4%). Em relação à população não-
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alfabetizada (24 milhões), 51,5% são pardos; 37,2%, brancos; 9,5%, pretos; 0,8%,
indígenas e 0,2%, amarelos.
No entanto, deve-se ressaltar que, a análise de informações de cada grupo de cor,
isoladamente, indica resultados bem diferentes. Por exemplo, na população total de
indígenas (652 mil pessoas), 30,2% não são alfabetizados, o maior percentual. Em seguida
estão os negros, cuja população é de 9,8 milhões e o percentual de não-alfabetizados é
23,2%. Em relação aos pardos, com população de 58,7 milhões, o percentual é de 21,1%;
entre os 82,4 milhões de brancos, 10,9% e dos 720 mil amarelos, 6,6% não são
alfabetizados.
Apesar da melhoria da situação educacional ao longo dos anos, principalmente na
faixa etária de 10 a 14 anos, cujo percentual de crianças freqüentando escola é quase
universal (94,6%), as informações sobre o acesso à escola mostram que apenas 1/3 da
população brasileira estuda. Em outras palavras, entre a população de quase 170 milhões,
pouco mais de 53 milhões (31,4%) freqüentam escola. E quanto menor o rendimento mensal
familiar, menores são as possibilidades de freqüência a um estabelecimento de ensino.
No grupo de 4 a 7 anos de idade, formado por um total de 13,3 milhões de crianças,
cerca de 31% (4,1 milhões) estão fora da escola no país. Nos municípios das capitais a
situação não é melhor: de um total de 2,8 milhões de crianças de 4 a 7 anos, quase 690 mil
não estudam (24,4%).
principais grupos de imigrantes que entraram no Brasil após a independência (1822)
foram os seguintes: atlanto-mediterrâneos (italianos e espanhóis), germanos (alemães),
eslavos (poloneses e ucranianos) e asiáticos (japoneses).
A população brasileira é, assim, caracterizada por grande diversidade étnica e intensa
miscigenação.
A elevada miscigenação ocorrida no período colonial, principalmente entre brancos
(portugueses) e negros (africanos) , explica o rápido crescimento do contingente de mulatos
em relação ao contingente de negros.
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Em 1800, os negros eram 47% da população, contra 30% de mulatos e 23% de
brancos. Fatores como, por exemplo, a proibição do tráfico de escravos (1850), a elevada
mortalidade da população negra, o forte estímulo à imigração européia (expansão cafeeira),
além da intensa miscigenação entre brancos e negros, alteraram profundamente a
composição étnica da população brasileira. Em 1880, os negros estavam reduzidos a 20%
da população, contra 42% de mulatos e 38% de brancos. Daí em diante, ocorreu a
diminuição constante da população negra e aumento progressivo da população branca
(intensificação da
identidade e a consciência étnicas são penosamente escamoteadas pelos brasileiros.
Ao se auto-analisarem, procuram sempre elementos de identificação com os símbolos
étnicos da camada branca dominante.
No censo de 1980, por exemplo, os não-brancos brasileiros, ao serem inquiridos pelos
pesquisadores do IBGE sobre a sua cor, responderam que ela era acastanhada, agalegada,
alva, alva escura, alvarenta, alva rosada, alvinha, amarela, amarelada, amarela queimada,
amarelosa, amorenada, avermelhada, azul, azul marinho, baiano, bem branca, bem clara,
bem morena, branca, branca avermelhada, branca melada, branca morena, branca pálida,
branca queimada, branca sardenta, branca suja, branquiça, branquinha, loura, melada,
mestiça, miscigenação, mista, morena, morena bem chegada, morena bronzeada, morena
canelada, morena castanha, morena clara, morena cor de canela, morenada, morena
escura, morena fechada, morenão, morena prata, morena roxa, morena ruiva, morena
trigueira, moreninha, mulata, mulatinha, negra, negrota, pálida, paraíba, parda, parda clara,
polaca, pouco clara, pouco morena, preta, pretinha, puxa para branca, quase negra,
queimada, queimada de praia, queimada de sol, regular, retinha, rosa, rosada, rosa
queimada, roxa, ruiva, russo, sapecada, sarará, saraúba, tostada, trigo, trigueira, turva,
verde, vermelha, além de outros que não declararam a cor. O total de 136 cores bem
demonstra como o brasileiro foge da sua verdade étnica, procurando, através de
simbolismos de fuga, situar-se o mais possível próximo do modelo tido como superior.
O índio
Os 2 milhões de índios (aproximadamente) que habitavam o atual território brasileiro
no início do século XVI estão reduzidos hoje a apenas 250.000, ou seja, menos de 0,2% da
população total do país.
Qual a origem do índio americano?
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A questão da origem do índio americano (ameríndio) tem gerado muita polêmica,
sendo que diversas teorias a respeito já foram propostas.
Para o naturalista Florentino Ameghino, o indígena americano seria autóctone, isto é,
originário do próprio continente.
De modo geral, os antropólogos estão de acordo quanto à origem asiática do indígena
americano; porém, tem havido divergências num ponto: como chegaram à América? A esse
respeito existem vária teorias, das quais a mais aceita é a do antropólogo Paul Rivet, que
admite quatro hipóteses ou correntes de povoamento da América, a saber:
" Corrente esquimó: migração de povos oriundos da região dos Montes Urais
(URSS) para a América através do Ártico.
" Corrente australiana: migração de grupos oriundos da Austrália para o sul da
Argentina (Patagônia), através do pacífico, dando origem aos índios patagões.
" Corrente malaio-polinésia: migração de povos oriundos da Oceania (Melanésia
e Polinésia) para o litoral do Peru e para a América Central, através da navegação pelo
Pacífico.
" Corrente asiática: a mais aceita pelos antropólogos, admite que os grupos
mongóis, provenientes do nordeste da Ásia, chegaram à América, há cerca de 30.000 anos,
atravessando o estreito de Bering por ocasião dos períodos interglaciais (entre duas
glaciações).
Quantos índios vivem no Brasil?
Saber quantos índios vivem atualmente no Brasil é uma questão difícil e controvertida,
que decorre de vários problemas, tais como:
"a não referência da população indígena nos recenseamentos oficiais;
"a dificuldade de acesso aos locais onde vivem;
"a situação de marginalização étnico-social;
"a própria definição do que seja um índio.
Esses problemas estão vinculados ao grau de integração do índio à sociedade
brasileira ou neobrasileira.
As estimativas atuais, realizadas por órgãos como a Funai (Fundação Nacional do
Índio), o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e o Cedi (Centro Ecumênico de
Documentação Indígena), admitem a existência de aproximadamente 250.000 índios,
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concentrados quase totalmente na Amazônia. Façamos agora um breve retrospecto da
história do índio a partir da Descoberta do Brasil:
"1500: primeiro contato do índio brasileiro com o colonizador português.
O tráfico negreiro e as áreas de procedência
Capturados através de raptos, guerras ou simplesmente comprados ou trocados por
mercadorias. Os negros eram em seguida transportados da África para o Brasil nos porões
dos navios negreiros. Aí eram amontoados, mal-alimentados, sofriam castigos e eram
mantidos em completa promiscuidade. Muitos morriam na viagem.
Chegando ao Brasil eram vendidos a preços que variavam de acordo com o sexo, a
idade, a procedência etc.
Com relação à quantidade de escravos que entraram no Brasil, 3,5 a 4 milhões é a
cifra mais aceita pelos estudiosos. Quanto às áreas de origem, dois grupos se destacam : Os
sudaneses e os bantos.
Sudaneses. Provenientes de regiões próximas ao Golfo da Guiné (África ocidental),
que correspondem atualmente a países como Guiné, Costa do Marfim, Burkina, Gana, Togo,
Benin e Nigéria.
Os sudaneses são descritos como mais altos e corpulentos que os bantos e de nível
cultural mais elevado. Desembarcaram principalmente em Salvador, sendo que
posteriormente muitos foram levados para trabalhar na extração do ouro em Minas Gerais.
Os sudaneses são divididos em dois grupos:
" Haúças, mandingas e fulas (islamizados);
" Iorubas, nagôs, jejes e fanti-achantis (não islamizados).
Bantos. Provenientes de Angola, do Congo e de Moçambique, são descritos como
mais atrasados culturalmente e de feições mais rudes. Os principais portos de desembarque
foram Recife, São Luís e Rio de Janeiro.
Maioria da população até por volta do início do século XIX, em 1890, dois anos após a
Abolição da Escravidão, os negros estavam reduzidos a menos de 15% da população total
do país. Para isso contribuíram principalmente, a proibição do tráfico negreiro, a
miscigenação, a elevada mortalidade dos negros e a imigração européia. Em 1988, no
centenário da Abolição, os negros não ultrapassavam 5% da população do país.
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Se a proporção de negros na população total do país diminuiu de forma assustadora,
a discriminação contra os negros em nada se modificou.
A discriminação não é apenas uma questão de cor. É, também, uma questão de
qualidade de vida.
"O negro quando nasce tem 30% a mais de chances que o branco de morrer antes de
completar 5 anos de idade. Quando cresce, tem o dobro de chances (de um branco) de sair
da escola sem aprender a ler nem escrever. Quando morre, chegou ao fim uma vida cuja
expectativa, ao nascer, era de apenas 50 anos. Se fosse branco, a expectativa de vida seria
de 63 anos." (Revista Veja, 11-5-1988, p.22.).
Decorridos mais de cem anos desde a Abolição, e quase quinhentos anos desde a
chegada do negro, o que se verifica de fato, hoje, no Brasil é a existência de duas
cidadanias: a branca e a negra.
Essa é a dura realidade que nem mesma a tão propalada ideologia da "democracia
racial" conseguiu esconder. Essa ideologia admite existir convivência harmoniosa entre
brancos e não-brancos no Brasil.
O colonizador e o índio
O processo de colonização empreendido pelo europeu na América, movido pela
ganância de lucros e riquezas, foi altamente danoso e prejudicial ao índio, pois, em posição
desvantajosa sob vários aspectos em relação ao europeu, o nativo não pôde resistir à fúria
do colonizador.
Desde a extração do pau-brasil até os dias atuais, os índios foram explorados como
força de trabalho, adquiriram doenças para as quais eram indefesos, sofreram perseguições
e preconceitos, foram desalojados de suas terras, dizimados e até mesmo transformados em
"objeto" de interesse turístico.
Muitos "integraram-se" à sociedade branca, porém essa integração é apenas
aparente, pois, de um lado, o índio não consegue tornar-se um "civilizado" ou "branco" e, de
outro, acaba perdendo grande parte de sua própria identidade.
As palavras a seguir são do indigenista brasileiro Orlando Villas-Boas:
"Se fizermos uma comparação com os índios, poderemos dizer que os civilizados são
uma sociedade sofrida. O índio, por sua vez, estacionou no tempo e no espaço. O mesmo
arco que ele faz hoje, seus antepassados faziam há 1.000 anos. Se eles pararam nesse
sentido, evoluíram quanto ao comportamento do homem dentro de sua sociedade O índio
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em sua tribo tem um lugar estável e tranqüilo. É totalmente livre, sem precisar dar
satisfações de seus atos a quem quer que seja. Toda a estabilidade tribal, toda a coesão
está assentada num mundo mítico. Que diferença enorme entre as duas humanidades: uma
tranqüila, onde o homem é o dono de todos os seus atos; outra, uma sociedade em
explosão, onde é preciso um aparato, um sistema repressivo para poder manter a ordem e a
paz dentro da sociedade. Se um indivíduo der um grito no centro de São Paulo, uma
radiopatrulha poderá levá-lo preso. Se um índio der um tremendo berro no meio da aldeia,
ninguém olhará para ele, nem irá perguntar porque ele gritou. O índio é um homem livre."
(Citado por Melhem Adas, Panorama geográfico do Brasil.
Os grupos lingüístico-culturais, a política indigenista do governo brasileiro e a questão
das terras indígenas
A população indígena do Brasil, cerca de 250.000 pessoas em 1993, está dividida em
dez áreas culturais (veja a figura 15.5) e concentrada principalmente na Amazônia, o último
refúgio dos povos nativos.
Donos de todo o território quando os portugueses chegaram ao Brasil, os índios
ocupam, atualmente, cerca de 16% da área total do país, ou seja, 1.360.000 km2, de um
total de 8.547.403 km2. As terras indígenas efetivamente demarcadas só representam cerca
de 8% (680.000 km2) da área total do país.
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Bibliografia Afonso, Carlos A. Internet no Brasil: o acesso para todos é possível? SP; Castellis, Manuel A sociedade em rede (A era da informação: economia, sociedade e cultura). Lévy, Pierre. As tecnologias da Inteligência. RJ; A exclusão no Mundo, FGV; Exclusão Social no Brasil, FGV; Os Ricos no Brasil, FG
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