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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ
FACULDADE DE ARQUITETURA E BELAS ARTES
INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS II
ILUMINAÇÃO DE MUSEUS
ANA CAROLINA CARDOSO
Cuiabá
04/2015
ANA CAROLINA CARDOSO LINHARES
ILUMINAÇÃO DE MUSEUS
Trabalho apresentado à Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo, para obtenção de
nota parcial na disciplina de Instalações e
Equipamentos II.
Profª Michelle Costa
Cuiabá
04/2015
ILUMINAÇÃO DE MUSEUS
Para que um museu tenha um projeto de iluminação completo é necessário que tenha níveis
mínimos de iluminância (lux); uniformidade; controle de ofuscamento; versatilidade da luz;
boa reprodução de cor; boa aparência de cor; valorização da arquitetura e dos espaços; relação
entre luz natural e artificial; economia de energia; conservação das obras de arte;
Nas normas técnicas internacionais, os objetos de arte estão divididos em três categorias de
acordo com suas características compositivas, porém usou-se aqui uma outra mais simples:
Pouco sensíveis: metal, pedra, vidro, cerâmica, jóias e peças esmaltadas.
Nesses materiais não se aplica uma quantidade máxima de lux/ano, porém deve-se levar em
consideração o calor radiante.
Moderadamente sensíveis: pinturas (óleo, tempera), couros naturais, tecidos com tinturas
estáveis, chifre, osso, marfim, madeiras finas e lacas.
Para esses materiais já temos de observar que durante o ano todo as peças podem receber no
máximo 150 lux (360.000 lux/hora/ano) e o calor radiado não deve atingir as peças.
Extremamente sensíveis: pinturas (guache, aquarela e similares), desenhos, manuscritos e
impressos, selos, papéis em geral, fibras naturais, algodão, seda, rendas, lã, tapeçarias, couro
tingido e peles e peças da história natural.
Para esse grupo, temos de usar no máximo 50 lux (120.000 lux/hora/ano) e também evitar o
calor radiante.
Níveis mínimos de iluminância
Segundo a norma 5413 da ABNT que trata das Iluminâncias de Interiores, os níveis de
iluminância para os diversos ambientes de um museu podem ser verificados por suas
diferentes tipologias: lojas, restaurantes e bares, circulações, sanitários, repouso/espera,
bilheteria, administração, etc. Como categoria geral "Museus", no item 5.3.61 a norma
estabelece:
Y Geral 75 - 100 – 150 lux
Y Quadro (iluminação suplementar) 150 - 200 – 300 lux
Y Esculturas e outros objetos 300 - 500 – 750 lux
Uniformidade
A uniformidade pode ser definida pela relação do nível mínimo de iluminância pelo nível
médio (Emin/Emed). Recomenda-se que a relação seja no mínimo 0,5. No caso de espaços de
exposição, não existe recomendação explícita a este respeito e essa decisão fica a cargo do
partido luminotécnico proposto por cada arquiteto. Neste sentido encontramos ambientes com
iluminação uniforme e outros com altos graus de desuniformidade, que destacam as obras
expostas.
Controle de ofuscamento
O controle de perturbações visuais causadas, principalmente, pela visão direta das lâmpadas,
por grandes áreas de aberturas de luz natural e reflexos indesejáveis, é um dos principais
requisitos do ponto de vista do conforto visual. Algumas estratégias para resolver isso são:
Y no caso na iluminação natural: preferir o sistema zenital ao invés do lateral, e sempre com
o controle das superfícies iluminantes por meio de rebatedores e ou difusores/sistema
indireto;
Y no caso de iluminação artificial: adotar luminárias que atendam ao critério de controle de
ofuscamento; trabalhar com a estratégia de luz indireta e, quando optar pela iluminação
direta ou semidireta, posicionar as fontes de luz corretamente em relação à superfície a
ser iluminada.
Versatilidade da luz
A necessidade de flexibilidade do sistema de iluminação se mede pelas características do
local a ser iluminado, se ele requer a criação de diferentes atmosferas de luz, o que é condição
sine qua non para museus naquelas áreas que abrigam as exposições temporárias. Isso hoje é
facilmente conseguido com os sistemas de controle e dimerização do tipo DALI ou DMX, por
exemplo.
Boa reprodução de cor
A boa reprodução de cor é um requisito necessário na grande maioria dos espaços interiores.
Hoje, a tecnologia das lâmpadas, independentemente de sua tipologia, já resolveu o problema
da boa ou excelente reprodução de cor aliada à economia de energia: tanto as halógenas
quanto as de vapor metálico e fluorescentes propiciam elevada reprodução de cor. Já os LEDS
oferecem ainda certa limitação nesse sentido, o que não significa que eles não possam ser
utilizados em várias aplicações em um museu.
Boa aparência de cor
Não existe recomendação específica sobre isso, e tudo vai depender do que será exposto, da
forma como isso é feito, das características das cores do ambiente e objetos, além de ter ou
não a presença da luz natural. Neste sentido, vale a recomendação clássica sobre conforto
visual, ou seja, quanto menor o nível de iluminância menor a temperatura de cor desejada e
vice-versa.
Valorização da arquitetura e dos espaços
A luz é um dos principais fatores de valorização dos espaços e da arquitetura, já que é
responsável por cerca de 80% de nossa percepção ambiental.
É importante que o projeto luminotécnico seja integrado ao arquitetônico, tanto para realçar
determinadas características do espaço de exposição quanto para orientar os usuários nos seus
diferentes percursos, ou valorizar o que está exposto.
Relação entre luz natural e artificial
Frank Lloyd Wright já havia pensado nisso para o Guggenheim de Nova York, quando
propôs um sistema de gradação dos níveis de iluminâncias da luz natural em conformidade
com a natureza das obras. Quando a luz natural não fosse suficiente, seria complementada
pela artificial. E quando aquela fosse maior que o necessário, seria regulada por dispositivos
de controle, tendo sempre a luz natural como fonte principal de iluminação.
Economia de energia
Um projeto luminotécnico, sem dúvida, tem de ter critérios muito rígidos em relação à
economia de energia. E, para contemplar essa necessidade, deve fazer uso da melhor
tecnologia hoje disponível no mercado, tanto do ponto de vista da escolha das lâmpadas
quanto das luminárias e de seus equipamentos complementares e de gerenciamento. Esta
tecnologia aparentemente mais cara é indubitavelmente a mais econômica, pois gera, em curto
espaço de tempo, a amortização do investimento realizado, com a redução dos gastos com
energia.
Conservação das obras de arte
A conservação das obras de arte - item fundamental para a correta iluminação desses objetos
- depende, também, de outras variáveis, tais como: temperatura do ar, a umidade relativa e a
poluição atmosférica. O efeito do calor radiante é um processo que consiste na absorção de
alguma proporção da radiação incidente, pelos objetos causando a elevação da sua
temperatura superficial, a qual permite acelerar as reações químicas acionadas pelos processos
fotoquímicos. Tem como efeitos visíveis o endurecimento, descoloração e quebra das
superfícies, danos que ocorrem de forma mais significativa em materiais higroscópicos ( pela
perda de umidade ) ou em superfícies dotadas de diferentes camadas de materiais.
O papel da conservação é fazer com que a faixa de dano seja a menor possível. Para o
controle do ultravioleta proveniente da radiação solar temos alguns tipos de vidro e películas
assim como tintas especiais para as superfícies internas e, principalmente, a estratégia de
projeto, por meio de iluminação indireta (difusa).
Para o controle do ultravioleta, proveniente das fontes artificiais, temos como opções fontes
de luz como LED e fibra ótica, que não emitem UV, além de:
- Filmes e películas (lâminas flexíveis de poliéster ou plástico acetato com absorvedores UV),
colocados como envidraçados sobre trabalhos emoldurados ou como materiais para
construção de vitrines;
- Estojos (acrílico rígido ou policarbonato fazendo parte da própria luminária);
- Filtros aplicados diretamente sobre as lâmpadas (para tubular,coberta com plástico
absorvedor de UV); para halógenas com vidro dicróico e filtros gelatinosos.
Quanto à radiação infravermelha oriunda da radiação solar: o controle pode ser associado ao
desenho térmico do edifício, aos estudos de insolação, à adoção de elementos de controle de
radiação solar (brises, pérgulas, beirais, toldos, prateleiras de luz, dutos de luz,etc.), vidros
com baixo fator solar, películas de controle ou filtros nos vidros das aberturas.
Para o controle do infravermelho emitido pelas fontes artificiais temos: a escolha da fonte
de luz, como LEDS e fibra ótica que não emitem IV, e, principalmente, o correto projeto de
iluminação artificial com posições e distâncias corretas das fontes em relação aos objetos
expostos.
Projeto de Iluminação: Museu Mapuche de Cañete / LLD – Limarí Lighting Design
(FIG. 01 – Sala de Exposição)
Os conceitos do projeto de iluminação foram baseados na abordagem museológica, a qual
foi desenvolvida com base numa pesquisa e elaboração participativa com as comunidades de
Mapuche. Uma concepção única que mostra a percepção desta cultura desde sua própria visão
de mundo.
O projeto foi solicitado em busca de criar um marco da reinterpretação global da mostra
museológica e a remodelação-ampliação completa do edifício do museu, existente desde
1977. O trabalho constava em projetar uma iluminação de acordo com as necessidades tanto
da nova mostra permanente, como da iluminação arquitetônica do edifício remodelado.
(FIG. 02 – Planta Geral)
Esta importante renovação do Museu contemplou tecnologia avançada e variada para a
iluminação em função dos distintos requerimentos técnicos e estéticos. Foram utilizadas
diversas fontes, como halógenas, fluorescentes, LED ou iodetos metálicos para os geradores
de fibra óptica, todas elas incorporadas em diversas luminárias de ópticas variadas, todas com
sistemas antideslumbrantes.
(FIG. 03 – Fontes luminosas)
Por outra parte, foi implementado um sistema de controle centralizado, o qual controla tanto
a iluminação arquitetônica como a iluminação do museu. Este sistema permite controlar os
níveis de iluminação de todo o edifício através de um teclado, que ativa as cenas iluminação
pré-gravadas, para espaços do museu, de manutenção, banheiro e outros, e permite simplificar
consideravelmente a operação do museu.
(FIG. 04 – Exemplo de cenas de iluminação )
(FIG. 05 – Esquema iluminação de fibra ótica ) (FIG. 06 –iluminação de fibra ótica )
Para as vitrines, foi programado um sistema de iluminação de fibra óptica que permite
diminuir os equipamentos (maior versatilidade), ausência de radiação ultravioleta e
infravermelha, e menor consumo de energia, sendo possível obter resultado com padrões
exigentes, desde o ponto de vista da conversação, a percepção visual das peças e a eficiência
energética.
(FIG. 07 e 08 – Iluminação de Vitrine )
A iluminação dos planos verticais compostos principalmente de gráficos foi resolvida com
luminárias tipo banhadores de paredes assimétricas com fontes halógenas, quais são atenuadas
a partir do sistema de controle para conformar uma imagem harmônica das salas em conjunto
com as vitrines, estas luminárias são equipadas com barbatanas corta fluxo que permitem
delimitar as áreas iluminadas.
(FIG. 09 e 10 – Iluminação com fonte halógena no forro )
Para a retroiluminação da “Linha do Tempo” foi utilizada a tecnologia LED, com luminárias
lineares flexíveis controladas por protocolo dmx e Ethernet, fato que permitiu ajustar as cores
e o tom desejado e regular o fluxo lumínico dos LEDs até o nível apropriado.
(FIG. 11 e 12 – Retroiluminação com LED )
(FIG.– Iluminação do Wampo )
Para a iluminação do “Wampo” (canoa utilizada pelos Mapuches) na sala central de grande
altura, foram utilizados projetores orientáveis de fonte halógena sobrepostos no trilho
energizado suspendido. Este sistema permite grande flexibilidade na quantidade e distribuição
de luminárias. No fundo da sala uma gráfica retroiluminada com luminárias fluorescentes
proporciona uma atmosfera à sala simulando um lago onde o Wampo navega em direção à
uma ilha.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Luís Antônio Greno. Iluminação de museus, galerias e objetos de arte.
Unicamp, 2004.
https://paulooliveira.wordpress.com/2008/06/28/iluminacao-e-arte/
http://angelaabdalla.blogspot.com.br/2010/07/iluminacao-de-museus.html
http://pt.slideshare.net/sheyqueiroz/nbr-541392-iluminacao-de-interiores
http://www.archdaily.com.br/br/01-72689/projeto-de-iluminacao-museu-mapuche-de-
canete-lld-limari-lighting-design