Post on 05-Feb-2018
1
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
2
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
3
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
4
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
SUMÁRIO:
I. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5
II. O que eles disseram . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
III. Afinando o instrumento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
IV. As urgências do cotidiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
V. Minhas vivências – nível micro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
VI. Transpondo para o âmbito macro . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
VII. Causando uma agitação interna . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
VIII. Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
IX. Anexos (partituras e figuras):
1 – A LUA AZUL . . . . . . . . . . . . . . . .24 2 – ÁGUA DE CHUVA . . . . . . . . . . . .25 3 – Fim de feira . . . . . . . . . . . . . . .31 4 – fim de feira com swing . . . . 32 5 – axé, eiwá . . . . . . . . . . . . . . . . .33 6 – as vogais . . . . . . . . . . . . . . . . .40 7 – lemniscata com vogais . . . 43 8 – as vogais nos modos . . . . . . 44
5
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
I. INTRODUÇÃO
“Compor é fazer escolhas”
(Marcelo Petraglia)
Sou economista de formação, bancária aposentada, cantora e autodidata no
violão. Comecei a estudar piano formalmente aos seis anos de idade e a tocar
violão aos dez, de ouvido e procurando repetir o que outros violonistas faziam.
Como qualquer aluno que opta por outra carreira, parei de tocar na época do
cursinho preparatório para a faculdade (até aqui, nenhuma novidade). Voltei a
tocar e a cantar pouco depois, participando de grupos na faculdade. Retomei os
estudos de música a pouco mais de três anos, de forma sistematizada.
Como eu poderia contribuir com esta turma constituída em sua maioria de
professores de música, profissão esta que não é a minha? O que eu poderia
acrescentar à história deles, alguns ainda em início de carreira e outros já
bastante experientes? Foi com estas perguntas que iniciei o Antropomúsica, no
módulo II (ainda por cima, entrei com o curso já andando...). E é a estas questões
que estou tentando responder nestas linhas.
Observando a eles, os meus colegas de turma, na sua maneira de agir, em cada
momento que estivemos juntos, em cada palavra que trocamos, foi com a
bagagem adquirida deles que pude formular este trabalho sobre o ato de compor.
Porque professores são compositores em inúmeras situações, não só quando
escrevem e reescrevem arranjos musicais para seus grupos executarem, mas
também quando planejam suas aulas.
Compõem, e muito, quando enfrentam suas dificuldades pessoais e entram em
uma sala recheada de rostos ansiosos por saber a que vem esse professor, se
ele será amigável ou exigente, manipulável ou rígido.
Compondo, dão o melhor de si para que aqueles indivíduos desenvolvam suas
potencialidades, descubram caminhos a percorrer e façam suas próprias
escolhas, conscientes do que isto implica.
São compositores ao perceberem a enorme responsabilidade que lhes é atribuída
quando escolheram formar o caráter de seres humanos, os seus alunos.
6
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
Assim me portei durante o curso: fazia anotações em sala e no período entre
módulos, registrando minhas impressões. Recopiava frases ouvidas dos mestres
nas aulas ou dos colegas durante o café. Refletia sobre tudo e tirava minhas
próprias conclusões. Procurei participar de todas as atividades propostas, mesmo
as que considerava difíceis, encarando qualquer desafio que me era solicitado.
Concordâncias e discordâncias à parte, optei por registrar, neste trabalho, minhas
experiências e conclusões próprias, por considerar importante dar um
depoimento pessoal no final do curso. Livros e pesquisas existem aos montes,
facultando a quem quiser ler e pesquisar sobre qualquer assunto. Mas a
experiência pessoal é única e está salvaguardada de críticas. Pode despertar
interesse e curiosidade em quem estiver aberto a ouvir.
São, portanto, impressões pessoais que passo a descrever. Pretendo contar ao
leitor algumas de minhas experiências no processo de compor música. Assunto
por demais polêmico, não tenho a pretensão de esgotá-lo. Quero traçar um
paralelo entre o processo interno, no nível individual, no ambiente micro, e
transpô-lo, na medida do possível, para o ambiente macro, onde vários indivíduos
fazem parte de um todo e interagem entre si. Em ambos os níveis, inúmeras são
as inspirações. Dúvidas surgem a todo momento. É fácil concluir, então, que as
possibilidades se tornam mais infinitas ainda, em cada caminho que escolhemos.
7
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
II. O que eles disseram
Definição de Compor, segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa1:
Verbo transitivo direto: 1. Formar ou construir de diferentes partes, ou de várias coisas. 2. Entrar na composição de, fazer parte de. 3. Produzir, inventar (escrevendo, pintando, esculpindo, etc.). 4. Colocar ou dispor com certa ordem ou arranjo. 5. Conformar, aparentar. 6. Melhorar, aliviar. 7. Reconciliar, harmonizar. 8. Por em ordem; arranjar, arrumar, ajeitar. 9. Representar, interpretar. 10. Escrever música. 11. Adornar. 12. Consertar. 13. Reunir no componedor os caracteres móveis para ir formando as palavras do original. Verbo pronominal: 1. Harmonizar-se, conciliar-se, recompor-se. 2. Resignar-se, conformar-se. 3. Amoldar-se, afeiçoar-se. 4. Ser composto, constituir-se, constar.
O ato de compor música se mostrou fascinante para mim justamente por
acontecer, no primeiro momento, a um nível inconsciente. Poderíamos dizer que
se inicia de forma imanifesta em uma região auditiva a que não tenho acesso, por
se situar fora das frequências audíveis que meu ouvido consegue captar. Essas
vibrações vão aumentando de frequência até que, no momento seguinte, o som
se dá a conhecer a mim, na forma de vibrações sonoras que, aos poucos, vou
escutando internamente. Até aqui, minha atitude motora é passiva. Apenas o
ouvido está ativo. Em seguida, transformo esse som que ouvi em notas musicais,
seja executando no piano ou no violão, e as transponho para a pauta, dando
forma, assim, ao que era imaterial.
Mas antes de explicar melhor como acontece comigo, quero recuperar e citar
aqui o que alguns compositores disseram sobre o processo deles.
JOSEF HAYDN (1732-1809)2
“ Não tive professores, propriamente dito. Meu começo foi sempre logo na prática
– primeiro no canto e na música instrumental, em seguida também na
composição. Nela escutei mais aos outros do que estudar, mas eu escutei o mais
belo e o melhor de todos os gêneros que existiam na época...
... eu prestei atenção e procurei aproveitar o que me impressionara e me parecia
excelente. Apenas que eu nunca imitava simplesmente. Assim, paulatinamente
crescia o que eu sabia e o que eu dominava...
... o talento, no entanto, estava dentro de mim, por meio dele e com muita
assiduidade eu progredia. Enquanto meus amigos estavam brincando, eu pegava
meu clavicórdio sob os braços e ia até o porão para poder treinar sossegado.
... os jovens podem ver no meu exemplo que pode surgir algo do nada, sim...
1 A. B. H. Ferreira, Dicionário Aurelio Básico da Língua Portuguesa.
2 M. Petraglia, História da Música, Antropomúsica Turma 3, Módulo III, apostila de aula expositiva.
8
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
... eu me sentava, começava a improvisar, de acordo com meu humor, triste ou
alegre, sério ou brincalhão. Quando apanhava uma idéia, me esforçava para
desenvolvê-la conforme as regras de composição. Assim procurava me virar, e é
isso que carecem os compositores modernos: eles adicionam uma peça à outra,
interrompem quando mal terem começado, porém nada permanece no coração
depois de ter escutado a música.
... eu nunca fui um compositor rápido, sempre escrevi com cuidado e
assiduidade.
... quando estava lutando com empecilhos de todos os tipos que estavam se
opondo aos meus trabalhos, quando minhas forças mentais e físicas estavam
definhando e eu tive dificuldade de permanecer dentro da minha carreira, então
um sentimento secreto sussurrou: existem aqui na terra tão poucas pessoas
piedosas e contentes, por toda parte os perseguem o sofrimento e a
preocupação, talvez seu trabalho possa ser às vezes uma fonte de sossego e de
recuperação para o homem carregado de negócios e de preocupações. Esta
então foi uma motivação poderosa para ir em frente, sendo também a razão para
uma retrospectiva serena e animada em relação aos meus trabalhos que eu
tenho desenvolvido durante tantos anos com esforço incansável e com muito
suor... ”
WOLFGANG AMADEUS MOZART (1756-1791)3
“... Quando estou sozinho, em paz e de bom humor, por exemplo, viajando numa
carruagem, passeando após uma boa refeição ou à noite quando não consigo
dormir, chegam a mim os pensamentos fluindo da melhor maneira. De onde e
como vem, isso eu não sei. E também não posso influenciá-los. Aqueles que me
agradam eu guardo na cabeça e parece que os cantarolo para mim, pelo menos
é o que as outras pessoas me dizem. Seguro-os firmemente e então logo vêm,
um depois do outro, como se fossem pedaços destinados a fazer um empadão:
contrapontos, os sons de diversos instrumentos, etc. Isso esquenta minha alma...
depois torna-se cada vez maior e eu o amplio e ilumino cada vez mais. A coisa
fica realmente quase pronta na cabeça, mesmo sendo longa... Assim na minha
imaginação eu não ouço uma coisa seguida da outra, da forma em que será
realizada depois, mas ouço tudo junto de uma vez...”
3 Idem.
9
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
LUDWIG VAN BEETHOVEN (1770-1827)4
“... Eu carrego minhas idéias comigo por muito tempo, às vezes por um tempo
prolongado, antes de anotá-las. Nisso minha memória permanece tão fiel que eu
posso ter certeza de que não esquecerei um tema que já concebi, mesmo depois
de anos. Modifico algumas coisas, abandono um bocado e tento de novo, até eu
ficar contente. Mas em seguida começa na minha cabeça o processamento para
o largo, para o estreito, para a altura e para as profundezas, e tendo consciência
daquilo que quero, a idéia musical básica nunca me abandona, ela sobe, ela
cresce para o alto, eu enxergo e escuto a imagem em toda sua extensão como
em uma totalidade diante do meu espírito, e apenas resta o trabalho de anotar, o
que se faz depressa, dependendo do tempo que eu arrumo pois às vezes estou
com vários trabalhos em andamento ao mesmo tempo, mas nunca confundo uma
composição com outra.
De onde tiro minhas idéias?- Não consigo dizer por certo; elas vêm sem serem
chamadas, espontaneamente ou por desvios, eu podia apanhá-las com minhas
mãos na natureza livre, na floresta, em caminhadas, no silêncio da noite, de
madrugada, estimuladas por humores que se traduzem no poeta em palavras, em
mim em música, soando, ventando, ressoando, até que elas estejam diante de
mim em partitura...”
ARNOLD SCHÖENBERG (1874-1951)5
“... Eu acho: Arte (“kuust”) não vem de saber fazer (“können”), mas precisar fazer
(“müssen”). O artesão sabe fazer. O que ele recebeu de herança ele
desenvolveu; e desde que ele queira, ele consegue. O que ele quer, ele
consegue, bem ou mal, raso ou profundo, progressista ou retrógrado, ele
consegue! Mas o artista precisa fazer. Ele não tem influência sobre aquilo, não
depende da sua vontade. Mas já que ele tem que fazer, ele consegue! Mesmo
aquilo que não recebeu de herança, ele adquire... Mas não aquilo dos outros, e
sim o que é dele próprio. O artesão sabe fazer aquilo que o artista precisava
criar...”
Observando atentamente os depoimentos citados, evidencia-se mais claramente
as semelhanças com o que quero expor.
4 Ibidem.
5 A. Schöenberg, Problemas da aula de arte, 1910/1911, citação.
10
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
III. Afinando o instrumento
Descrevendo de uma maneira genérica, meu processo de compor música inicia-
se com uma agitação, no nível físico. É intraduzível, porque ainda está emergindo
do nível sensorial e não posso afirmar, com segurança, de onde vem. Aos
poucos, conforme me deixo levar por esta sensação, essa agitação vai
aumentando até que uma enxurrada de sons e idéias me toma de sobressalto,
vindo de todas as direções até chegar aos meus poros. Esta correnteza entra,
então, em contato com o ser que sou, com meus pensamentos, valores, gostos e
costumes, moral e ética, enfim, com tudo o que abarca a mente. Algumas dessas
idéias sonoras se chocam com as minhas porque são antagônicas, provocando
conflitos e causando certo desconforto.
Neste estágio, posso escolher:
1) O caminho mais fácil, que seria desprezar o que causou choques em
minhas idéias e ficar com o que me é mais simpático. Neste sentido,
compor seria, então, agrupar segundo determinados critérios, quais
sejam, os meus, os que abraço, deixando de lado o que não se enquadra
nisso.
2) O caminho mais difícil demanda sair de uma zona de conforto e abrir a
mente ao novo, ao que é diferente. Esta atitude é mais exigente porque
leva a profundas reflexões. Pede que se escute o que este novo som
provoca internamente, deixando a curiosidade fluir livremente. Isto pode
acarretar mudanças profundas e um convite a trilhar caminhos ainda não
percorridos. Se escolho esta alternativa, a opção é mais consciente,
porque posso até desprezar o novo som depois, mas aí não teria
simplesmente aceito o que era mais fácil, sem conhecer outra alternativa.
Compor, então, significa fazer ajustes, fazer escolhas.
Voltando ao meu processo, qualquer que seja o caminho que siga, escrevo na
pauta as notas que ouvi e me distancio do trabalho por algum tempo, para que o
fruto amadureça. Vale acrescentar que às vezes os sons me chegam nos lugares
e momentos mais inusitados possíveis. Há ocasiões em que acordo de
madrugada ouvindo uma melodia. Por isso, tenho sempre lápis e papel em minha
cabeceira, para poder fazer anotações. Podem chegar quando estou dirigindo, no
11
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
trânsito ou mesmo nas ruas, quando estou caminhando. E nessas situações, nem
sempre tenho papel à mão. Então, após repetir algumas vezes as notas, gravo
em meu celular ou ligo para casa e canto a melodia para minha secretária
eletrônica. Feito o registro, recupero, depois, a melodia e anoto numa pauta.
Retomo, então, após alguns dias e, se necessário, faço algumas correções
chegando, às vezes, a modificar vários compassos. E uma pergunta sempre me
vem à mente: meu ouvido estava totalmente preparado para ouvir o som que
queria se materializar naquele momento?
Ao me afastar por alguns dias da minha composição, adquiro mais consciência e
posso refinar melhor as notas, escutando com mais cuidado e mais
pausadamente a harmonia que escrevi. Contudo, em relação a alguns trechos,
quando os repasso e percebo alguma diferença entre o que ouvi e o que escrevi,
tenho certa resistência em corrigir o que propus anteriormente. Isto se deve a
influências externas adquiridas de outros compositores? Ou ainda permanece
certa distorção em meu ouvir, proveniente de aspectos pessoais que preciso
trabalhar internamente e que, consequentemente, afetarão meu escutar? Sob
este aspecto, nosso corpo seria um instrumento que precisa ser afinado? Diante
destas reflexões, compor significa também conviver com perguntas sem
resposta momentânea.
12
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
iv. As urgências do cotidiano
Até aqui descrevi uma situação mais calma, quando posso dar vazão à minha
inspiração e escutar atentamente os sons que me chegam aos ouvidos. Contudo,
nem sempre as situações do dia a dia nos permitem seguir este caminho.
Inúmeras são as ocasiões de nosso cotidiano em que se faz necessário lançar
mão de outras ferramentas, dada a urgência do momento e os desafios a
cumprir. Às vezes compomos sob encomenda ou então precisamos preparar um
tema para o teatro da classe, por exemplo.
De minha prática como compositora de letra e música, quero citar três situações
possíveis que podem facilitar a criação. São situações bem práticas, que podem
ser feitas como exercício individual ou em grupo6:
1) Compor a partir de um mote – Em determinadas ocasiões necessitamos
compor uma canção a partir de um pensamento, uma idéia. Podemos
captar este mote em cartazes de rua, ou pequenas frases ouvidas ao
acaso de outras pessoas que passam por nós. Vamos, então, repetindo o
mote em voz alta, seguidas vezes, em vários ritmos, mais lento ou mais
rápido, procurando captar a sonoridade oculta de cada palavra. Assim,
vamos construindo uma pequena melodia para aquela frase. A partir dessa
frase, agora já musicada, continuamos acrescentando outras palavras e
novas frases, desenvolvendo aquela primeira idéia. Vamos, também,
encadeando notas musicais, que melhor se encaixem na primeira melodia
que compusemos. As anotações do que criamos podem ser feitas em
papel e depois passadas a limpo. E se a situação não nos permite ter
papel à mão, podemos registrar a melodia recém composta gravando no
celular, por exemplo. Uma vez recuperada, o próximo passo é passá-la
para a pauta musical e harmonizá-la ao violão ou ao piano. No ANEXO 1,
transcrevo a primeira anotação de uma canção, cuja idéia surgiu de uma
criação coletiva, composta a partir de um mote. A trajetória dessa
composição foi bastante interessante: estávamos na época da Lua Azul,
que é definida como a segunda lua cheia que acontece no mesmo mês.
Este fenômeno astronômico pode ocorrer, basicamente, de dois em dois
6 Resultado de minhas vivências a partir de oficina de composição O Compositor me falou, coordenada por
Lucina Carvalho (Canto do Brasil, São Paulo/ SP, setembro/2012).
13
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
anos, em determinados meses. Fiquei com essa idéia por alguns dias. Em
grupo, fomos acrescentando ao mote “Lua Azul” outras palavras e frases,
criando uma história para aquele pensamento inicial. Conforme descrevi
acima, o próximo passo foi compor uma pequena melodia, a partir da
sonoridade das palavras. Para não esquecer a idéia, gravamos em um
celular. Posteriormente, passei a canção para a pauta (ANEXO 1).
Retomei a composição alguns dias depois. Percebi que a melodia tinha um
balanço que não tinha ficado muito bem escrito da primeira vez. Refletindo
melhor, acrescentei notas e modifiquei o ritmo, refazendo o arranjo
musical, acrescentando inclusive alguns instrumentos. A partitura final está
no ANEXO 2.
2) Compor a partir de um poema – requer maior empenho e atenção. Lendo
várias vezes o poema, também podemos ir captando o ritmo que está por
trás dele, se é mais lento ou mais rápido. Seguimos improvisando notas
musicais e harmonizando palavra por palavra, criando frases musicais.
Podemos separar as frases em partes diferentes e decidir por repetir
algumas delas como num refrão. Podemos criar novas harmonias, que
estejam mais de acordo com o tema do poema, se é mais romântico ou
mais efusivo, encadeando tons maiores e menores. Lembremos que as
escolhas aqui são subjetivas e se norteiam pelo grau de dificuldade a
executar e pelos objetivos que queremos alcançar.
3) Compor a partir de um tema – neste caso, podemos utilizar a técnica da
tempestade cerebral para chegar à letra final da canção que queremos
compor. É bastante simples: Versão 1 - num papel, vamos escrevendo a
esmo palavras que tenham ligação com o tema que queremos desenvolver
ou quaisquer gêneros de palavras, sem nenhum tipo de censura de idéias.
Depois da relação completa, vamos agrupando as palavras, cortando
umas e outras, até que o conjunto faça sentido com o tema que temos em
mente. A partir deste ponto, podemos ir musicando as frases, conforme o
item anterior. Versão 2 – para ser feito em grupo: em uma roda, cada
pessoa vai falando uma palavra que lhe venha à mente, em voz alta. Em
seguida, individualmente, as pessoas anotam em um papel o máximo
possível das palavras que foram ditas que conseguirem lembrar. O
próximo passo é formarem pequenos grupos e cada um lê a sua relação
de palavras. Neste ponto, as pessoas vão, então, cortando e formando
14
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
frases, conforme o tema a ser musicado. Uma vez terminada a letra, pode-
se ir musicando frase por frase, até compor a melodia inteira. Como
ilustração, incluí no ANEXO 3 uma música que surgiu de uma explosão de
idéias em grupo, na versão mais simples, da primeira anotação. No
ANEXO 4, trago a versão já melhor trabalhada por mim, com arranjo para
2 vozes.
Esses exercícios descritos anteriormente podem ser feitos em grupo. O desafio
da composição passa a ser do grupo, que vivenciará, então, cada fase até chegar
à canção final. Podem trazer uma experiência bastante rica a todos, contribuindo
para criar uma ligação e harmonia entre os participantes. Podem auxiliar também
as pessoas a adquirirem confiança e cumplicidade umas com as outras, para o
trabalho de classe.
15
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
V. MINHAS VIVÊNCIAS – NÍVEL MICRO
Ao longo do curso Antropomúsica, tive oportunidade de passar por experiências
bastante ilustrativas do processo de compor, tanto no nível pessoal como no
grupal. Descrevo aqui três situações vivenciadas, que vão desde um nível mais
complexo – escrever, arranjar, montar e reger uma peça composta por mim – até
um nível mais simples, sendo apenas instrumentista num conjunto.
A primeira situação ocorreu entre os módulos II e III, quando compus uma peça
para coro e instrumentos de corda (partitura no ANEXO 5). No módulo IV, mostrei
essa composição aos mestres. Eles sugeriram, então, que a montasse e a
apresentasse, regida por mim, no concerto final daquele módulo. Superadas as
primeiras dificuldades, tais como: minha timidez, escolha dos participantes,
substituição de músicos e cantores, sendo que alguns eram mais experientes e
detinham maior conhecimento do que eu, a etapa seguinte foi ajustar a agenda
de todos para alguns encontros, ensaiar e lidar com os conflitos que o trabalho
em grupo geralmente traz. Eram pessoas de diferentes temperamentos, reunidas
sob minha batuta, para realizar um objetivo comum. Como minha peça não seria
a única a ser apresentada, meu trabalho concorria com outros e alguns dos
intérpretes estavam escalados para outras peças também, tendo que se dividir
em outros ensaios. Habilidades e capacidades pessoais à parte, ajustando isto ou
aquilo, ouvindo palpites de todos, ponderando e criando harmonia entre o grupo,
o objetivo foi alcançado: a peça foi montada e apresentada para o público.
A segunda situação ocorreu no módulo V, que foi a escolha, concepção,
interpretação e apresentação por mim de um solo de canto à capela. Na
interpretação vocal realizei alguns movimentos de Eurritmia. Escolhi uma canção
popular brasileira, escrita por um conhecido compositor7. Cantar me
acompanhando ao violão é uma constante em minha vida artística. E esta
música em especial esteve presente em diversas fases, indo e voltando, após
meus períodos de silêncio. Cantá-la para um público significava expor certos
aspectos pessoais a outros indivíduos, atitude que nem sempre estamos
preparados a fazer. Contudo, se esta questão estava emergindo, era necessário
encará-la, porque talvez estivesse madura para ser trabalhada. E havia outros
7 C. Veloso, O Ciúme, canção popular brasileira.
16
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
desafios: interpretar uma música sem o acompanhamento do instrumento que
domino, introduzindo movimentos de Eurritmia, que estava começando a
aprender. Aqui também foi preciso muita paciência e respeito comigo mesma,
para ir até aonde conseguia, sem ferir meus sentimentos. Na prática, aprendi que
os movimentos devem ser bastante contidos quando se canta, para não
comprometer nem um nem outro ato, porque o ar inspirado, o fôlego, será
compartilhado entre o mover-se e o cantar8. No âmbito pessoal, percebi depois
que se tratou de trabalhar uma questão íntima que precisava ser transformada. E
o fiz de uma maneira artística, com suavidade e beleza, clareando e superando
as dificuldades que elaborar este processo me trouxe internamente.
A terceira situação ocorreu no módulo VII e envolveu minha participação como
instrumentista em um grupo musical de alunos. No concerto final daquele módulo,
executamos uma peça também de compositor conhecido9, mas aqui sob a
regência de outra pessoa, escolhida dentre os alunos. No processo, me coloquei
de maneira proativa para executar o que me foi pedido. Procurei ensaiar com
meu naipe, tirando dúvidas de execução com os colegas que tinham maior
conhecimento do instrumento do que eu. Observei a maneira como a regente
conduziu o grupo, com firmeza, mas de maneira leve e elegante, deixando a
todos confortáveis em suas posições. Aceitou sugestões, mas colocou suas
idéias com calma, sem ferir as individualidades dos músicos mais experientes.
8 Orientação que recebi de Veronika Brunis, euritmista e uma das coordenadoras do Curso de
Antropomúsica.
9 Senhora Chichera, folclore chileno, arr. M. Petraglia
17
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
VI. TRANSPONDO PARA O ÂMBITO MACRO
Na trajetória de um trabalho solo para um grupal, observei que o grupo aciona
elementos internos que o solo demanda em menor escala, tais como paciência e
escuta. Emergem também, em ambos os casos, algumas dificuldades pessoais,
no processo como um todo.
Para nos auxiliar nessas exigências, a Antroposofia pode trazer os meios e as
ferramentas necessárias para conhecer o indivíduo em sua totalidade. O estudo
dos temperamentos pode clarear certas maneiras de lidar com as pessoas
envolvidas em determinado trabalho. A música provê técnicas e métodos para
compor, construir as notas ou desconstruir a harmonia para criar sons diversos. A
escola do Desvendar da Voz pode contribuir com exercícios corretos para
alcançar este ou aquele tom, mostrando como canalizar o ar, transportar a voz,
entoar, respirar, etc. A Eurritmia propõe os movimentos mais adequados para
transmitir determinado conceito ou objeto que se queira representar.
Mas como lidar com os conflitos que sempre ocorrem quando interagimos com
pessoas ou quando se lidera essas pessoas? Interesses diversos, pensamentos
e motivações adversas, motivos pessoais ou afetivos podem construir
relacionamentos ou provocar desafetos. E como superar esses conflitos, de modo
que a obra possa ser executada e o objetivo alcançado?
Para lançar luz a essas questões, peço licença aos Antropomúsicos para
descrever um exercício bastante simples, mas extremamente interessante, do
qual participei, em um dos Seminários de Pedagogia Social10, no tema da
administração de conflitos. Trata-se de um jogo composto de 6 peças que são
distribuídas a cada um dos participantes de um grupo, também em número de
seis. As peças, devidamente encaixadas, formam uma figura geométrica. O
objetivo do grupo é formar essa figura, sem que lhes seja dito nada. Apenas se
distribui as peças. Numa primeira etapa, não é possível os integrantes se
comunicarem entre si. Na segunda etapa sim, é permitido falarem e todos já
sabem que se trata de formar uma figura. Fácil? Nem tanto. Inúmeras situações
de dificuldades acontecem em cada uma das fases. Pode até ocorrer um
10 Seminário de Introdução à Pedagogia Social de Base Antroposófica, coordenação Herwig Haetinger,
exercício para trabalho em grupo, São Paulo, SP, 1990.
18
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
bloqueio nos participantes e não se chegar a resultado algum, levando o grupo a
se dissolver e não completar o objetivo. Como resolver esta situação, quando o
grupo não consegue chegar a um consenso e o conflito é evidente?
Simplesmente sugerimos desmanchar o que está feito, embaralhar e redistribuir
as peças novamente, recomeçando o exercício. Em princípio, pode parecer uma
atitude inconsequente, mas a mudança e a surpresa que o ato de dissolução
causa podem trazer a solução e dissolver o mal estar provocado pelos embates
que ocorreram.
É preciso experimentar uma dose de anarquismo, às vezes, ou sempre, para
darmos espaço ao novo. Através de tentativas e erros, começando e
recomeçando, vamos descobrindo outros caminhos e abrindo infinitos leques de
possibilidades.
Se não houvesse os transgressores, que não se sujeitaram às regras comuns
vigentes e aceitas por todos, que levaram o desconforto às últimas
consequências, sem esses “curiosos” teríamos deixado de conhecer a música
atonal, no início do século XX, com Arnold Schonberg. Não teria havido espaço
para a contemporaneidade trazer o dodecafonismo nem a nova estrutura rítmica
de Igor Stravinsky em contraposição à música erudita européia vigente.
Neste ponto, nos permitimos acrescentar que compor é lidar com o que é
diferente. E como tudo o que ainda não está estabelecido gera dissabores,
compor é administrar conflitos: que nos foram trazidos pelo que é inusitado,
pelo desconhecido, e nos fizeram produzir uma nova harmonia.
19
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
VII. CAUSANDO UMA AGITAÇÃO INTERNA
No intuito de compartilhar uma vivência que tive recentemente e que se aproxima
muito do que tratei neste trabalho, descrevo a seguir um exercício de vocalize
apresentado por Christiaan Boele, na Conferência Internacional “The World of
Singing”, no verão de 2012, em Dornach (Suíça), da qual tive a felicidade de
participar. Após os exercícios preliminares de vocalize (consoantes S, F, V, M
dois tons e outros), Christiaan introduziu o exercício das vogais, concebido pela
Escola do Desvendar da Voz11, executado em tons maiores, com o acréscimo de
consoantes a cada vogal. Lembro que as consoantes são instrumentos auxiliares
que apoiam e posicionam as vogais para que elas ressoem na direção correta,
daí a recomendação de que sua pronúncia seja exagerada:
TSU TO RA BÊ TCHÉ DÜ LI TSU
(e voltando na escala de tons:)
TSU LI DÜ TCHÉ BÊ RA TO TSU
Como este exercício foi elaborado no idioma alemão, não existe, em português, a
vogal correspondente ao som “Ü”, que deve ser executado com os lábios fazendo
um bico, um pouco mais aberto do que quando se executa o som “U”, e mais
fechado do que o “I”.
Repito, aqui, o exercício da forma como Christiaan nos apresentou, com
acompanhamento ao piano (a partitura se encontra no ANEXO 6). Sugiro, em
sua execução, que tenhamos uma atitude de surpresa e de admiração a cada
sílaba pronunciada. Com essa imagem em mente, o exercício é facilmente
cantado. Começamos em C Maior, seguindo os 7 tons da escala ascendente até
a oitava acima e voltando na escala descendente até a tônica. Subimos meio tom
e repetimos as notas nesta nova tonalidade, na escala ascendente e na
descendente. Assim vamos subindo de meio em meio tom, até Eb Maior e
retornamos, de meio em meio tom, até C Maior. Primeiramente, as notas devem
ser executadas lentamente, pronunciando bem as sílabas e exagerando bem as
consoantes. Passo a passo, conforme vamos adquirindo confiança na execução
e na pronúncia das sílabas, podemos ir acelerando o ritmo, mas não muito.
11 Escola de canto concebida por Valborg Werbeck-Svärdström, no início do século 20, a partir de sua
experiência pessoal, orientada por Rudolf Steiner.
20
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
À medida que vamos avançando nas tonalidades, observemos o que esta
harmonização nos provoca internamente e qual é nossa atitude em relação a isto.
Estamos diante de nossa zona de conforto? A execução dessas escalas maiores
produz uma sensação de bem estar interno? Este é um caminho conhecido e fácil
de seguir?
No ANEXO 7, desenhei o mesmo exercício para ser executado juntamente com
passos, unindo movimento e canto, formando uma lemniscata no chão. Podem
ser feitos os gestos das vogais da Eurritmia, conforme são entoadas.
Agora quero propor outro exercício vocal, para ser efetuado imediatamente após
o anterior12. Trata-se de transpor o exercício das vogais para os outros Modos,
quebrando a sensação de conforto que a harmonia anterior trouxe (partitura no
ANEXO 8). Começamos pelo Modo Jônio e seguimos: Dórico, Frígio, Lídio,
Mixolídio, Eólio e Lócrio e voltamos na ordem inversa para o Modo Jônio.
Lembremos que, a partir do Mixolídio, no tom G, devemos cantar na oitava
abaixo, para não forçar a voz. Não nos esqueçamos de manter a expressão de
admiração e surpresa ao entoar cada sílaba.
Observemos, agora, o que esta nova harmonia nos provocou internamente.
Como foi percorrer este caminho sonoro pelas notas musicais a partir dos
Modos? Quando finalmente voltamos para o Modo Jônio, após percorrer todos os
outros, podemos dizer que nosso espaço interno está com a mesma qualidade
que tínhamos quando começamos o exercício, também no Modo Jônio? Que
sensações pudemos experimentar? Estávamos em nossa zona de conforto? Foi
fácil seguir este caminho? Podemos transpor nossas observações para o grupo
e anotar as inúmeras possibilidades e comentários que surgiram.
Compartilhemos este resultado com o grupo, dando transparência às nossas
atitudes. Facilitando a comunicação entre as pessoas, contribuímos para
aperfeiçoar e harmonizar nossas relações, que é o que, no fundo, todos
queremos.
12 Adaptação feita por mim a partir de exercício vocal proposto por Christa Waltjen, no I International World
of Singing, Dornach, Suiça, julho/2012.
21
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
VIII. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quero destacar pérolas que colhi deste aprendizado:
Viver é fazer escolhas. A cada momento somos convidados a tomar decisões,
que podem nos levar a outros caminhos e seguir direções que sequer
supúnhamos.
O compositor da obra é apenas uma parte do processo, assim como cada
músico, cada cantor e o próprio regente. O resultado final, a execução da obra,
está num universo mais abrangente que apenas o do compositor.
Existe uma diferença entre o que escrevi e o que o músico executa, porque
ele também acrescenta algo de seu universo à obra, a sua interpretação, que
enriquece o resultado final.
É preciso uma dose de humildade para reconhecer que em nenhum processo
sou perfeita, mas posso me aperfeiçoar e me corrigir a todo instante,
transformando a mim e aos que interagem comigo em determinada situação.
Em um momento de extremo estresse, quando se quer tirar algo de dentro
para fora, a primeira coisa que sai é um som.
Tudo tem um tempo de maturação. Esperar por esse tempo para colher um
fruto melhor e mais saboroso. A Gestalt já diz: “Não apresse o rio. Ele corre
sozinho”13.
Olhar as questões pessoais com carinho e atenção. Não desprezar meus
sentimentos. Escutar o que eles querem me dizer. Respeitá-los e respeitar a mim
mesma.
Acreditar em meu trabalho. Fazer com que todos percebam que ele é tão ou
mais importante do que outros.
Valorizar sempre o esforço e a participação de quem interage comigo na
execução de uma peça. O reconhecimento é uma chave que abre portas e
caminhos.
Escutar e ponderar diferentes idéias e interpretações, abrindo a mente para
novas possibilidades, porque podem contribuir para o resultado final soar melhor.
Separar o aspecto pessoal do profissional. E se o conflito persistir, respirar
fundo e procurar ter uma postura aberta, sem cristalizar em minhas opiniões.
13 B. Stevens, Não apresse o rio: ele corre sozinho, trad. G. Schlesinger, São Paulo, Summus, 1978.
22
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
Refletir sobre minhas atitudes. Elas também contribuem para manter ou
dissolver a situação. Se nada disso adiantar, embaralhar e dar as cartas
novamente14.
Qualquer que seja a situação, sejamos autênticos. Temos os meios e o
conhecimento para fazer o que nos é pedido. Preparamo-nos para estar onde
estamos, dominando técnicas, conceitos e fórmulas. Temos a possibilidade de
trocar ideias e dirimir dúvidas com colegas. Deixemos a intuição fluir e recebamos
a ajuda Divina que vem em nossa direção quando nos abrimos para acolhê-la.
Façamos ajustes. Agrupemos. Façamos escolhas com discernimento e uma boa
dose de improviso, para criar novas possibilidades. Convivamos com nossas
questões momentaneamente insolúveis. Talvez nosso “instrumento” ainda não
esteja preparado para ouvir as respostas.
Bom canto e felizes inspirações!
Porque “quem canta, os males espanta”.
Maria Cecília Censoni
Micael, 2012
14 Alusão a um dos exercícios de dinâmica de grupo proposto no Seminário de Introdução à Pedagogia
Social de Base Antroposófica, coordenado por Herwig Haetinger, 1990.
23
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
IX. Anexos (partituras e figuras) ANEXO 1 – A LUA AZUL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 Anexo 2 – ÁGUA DE CHUVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Anexo 3 – Fim de feira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Anexo 4 – fim de feira com swing . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32 Anexo 5 – axé, eiwá . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33 Anexo 6 – as vogais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40 Anexo 7 – lemniscata com vogais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43 Anexo 8 – as vogais nos modos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .44
24
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
25
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
26
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
27
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
28
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
29
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
30
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
31
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
32
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
33
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
34
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
35
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
36
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
37
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
38
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
39
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
40
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
41
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
42
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
43
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
44
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
45
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br
46
Texto, partituras e pinturas elaborados por participante do Curso Antropomúsica – turma 3 Baixado do site www.ouvirativo.com.br