TEOSOFIA NA VIDA DIÁRIA 1 COMUNICAÇÃO DE JOSÉ JORGE MARQUES, COM BASE EM PESQUISA NAS REVISTAS THEOSOPHIA E TEOSOFISTA

Teosofia não pode ser definida com palavras, tem que ser compreendida e experienciada a nível individual. A intensidade e a medida com as quais o estudo, a meditação e um viver nobre aprofundam a compreensão das pessoas, dependerão do próprio esforço individual. No programa original da Sociedade Teosófica, H. P. B. escreveu: “A Teosofia deve ser colocada em prática e tem, por isso, de ser desatrelada de discussões inúteis. Tem que achar expressão objetiva em um código de vida todo abrangente, fortemente impregnado do espírito de tolerância, caridade e amor mútuo”. O conhecimento teosófico deveria fazer-nos compreender a verdade da vida profundamente em nossos corações e não meramente como uma teoria. A assimilação de qualquer verdade leva a uma mudança de relacionamento. Tomemos por exemplo as três grandes verdades básicas apresentadas em O Idílio do Lótus Branco:

1. A alma do homem é imortal, e o seu futuro é o futuro de algo cujo progresso e esplendor não têm limites.

2. O princípio que dá a vida está em nós e fora de nós, é imortal e eternamente benfazejo, não é ouvido, nem visto, nem sentido, mas é percebido por aquele que busca a percepção.

3. Cada homem é seu próprio legislador, o dispensador de glória ou de sombra a si mesmo - aquele que decreta sua vida, sua recompensa ou seu castigo.

Meramente aderir a estas palavras como a uma crença sentimental significa pouco; mas o homem que tem absoluta certeza delas; que sente profundamente dentro de si que elas são verdadeiras, ele tem, por meio delas, uma base absolutamente segura e através delas poderá obter todas as coisas boas, se trabalhar firmemente para consegui-Ias. A Teosofia não é apenas uma ideologia. Só quando um membro da Sociedade Teosófica capta a essência dos livros que lê ou das palestras a que assiste é que ele se torna "uma força benéfica na Natureza". Retidão de viver não é tanto uma questão de regras, disciplinas, mas sim de tornar-se alguém cônscio, em alguma medida pelo menos, da própria natureza da existência. A procura pelo sagrado, ou tornar a vida diária comum da pessoa em uma prática espiritual, não requer nada muito fantasioso. Não requer nenhuma postura particular, ou se ficar de cabeça para baixo, ou comer requeijão, ou qualquer outra coisa. Realmente se requer uma imparcial auto-observação momento a momento. E se você puder praticar isto mesmo que por alguns minutos será um começo correto. A proposta é uma prática que envolva o estudo, a meditação, a auto-observação e o serviço a cada dia. Se ficarmos apenas no aspecto do estudo, nos arriscamos a não ultrapassar o mero entendimento intelectual, e a não perceber as realidades superiores que a meditação pode proporcionar. Da mesma forma, se não colocarmos em prática o que aprendermos através da auto-observação, poderemos nos desinteressar, pois um estudo que não leva a resultados se torna estéril e sem sentido. A Sra. Blavatsky recomendava que cada dez minutos de estudos deveriam ser complementados com duas horas de meditação. Finalmente cabe ressaltar que crescimento espiritual por amor a si mesmo é egoísmo. Deve estar acompanhado pelo serviço à Humanidade Shirley Nicholson diz o seguinte: "Possuímos grandes idéias, mas até que elas tenham aplicação prática, não serão realmente úteis. O serviço é uma extensão natural das nossas idéias. Por exemplo, o conceito da unidade da vida implica não ferir a terra, os animais ou as outras pessoas, e também significa tentar ajudá-los e ser útil. Isso, para mim, é a essência do serviço".

1 Comunicação proferida por José Jorge Marques como contribuição da Loja Lúmen no Encontro das Lojas

Teosóficas da Cidade do Rio de Janeiro em 25/08/2004

“Aquele que é um Teosofista Prático, que tenta tornar a si próprio forte e de coração puro, é, mesmo que inconscientemente, uma poderosa influência no mundo e ele se torna um centro de energia potente...” (HPB). A Prática espiritual consiste de plena consciência, em oposto à inconsciência. Plena consciência não deve ser entendida de um modo limitado de forma que, por exemplo, se eu movo minha mão, eu estou atento a tal mudança. É ao invés disto viver em sociedade e estar atento às forças na sociedade. Se há manipulação, agir de modo coerente. O que acontece no mundo externo não é sempre determinado por ações externas. Pode ser provocado pela atmosfera psíquica que todos nós construímos em conjunto. A cada dia, algo se acrescenta atmosfera psíquica do mundo vindo da vida diária de cada pessoa, de seus motivos e pensamentos secretos. Como reagimos aos triunfos e fracassos dos outros? Somos os primeiros a apontar o cisco nos olhos dos outros, sem ver o que está no nosso próprio? É difícil ver a nós próprios como os outros nos vêem, em parte porque somos meio cegos a nossas falhas, mas principalmente porque colocamos a responsabilidade do que está errado nos outros. Formamos opiniões sobre os outros sem conhecê-los realmente, e ainda emitimos julgamentos, isto estraga o relacionamento harmonioso. Não devemos ser críticos com as pessoas. Devemos julgar apenas a nós mesmos. Sempre que há conflito, quase todos atribuem a causa a "outras pessoas". Mas um teósofo sabe que se alguém não gosta dele, não é tanto por responsabilidade da outra pessoa. Há algo nele, talvez trazido do passado, que produziu a antipatia no outro. Quem conhece alguma coisa sobre a lei do Karma e Reencarnação sabe que nada lhe acontece que não tenha sido colocado em movimento por ele mesmo. Mas normalmente as pessoas não pensam em sua própria responsabilidade. É mais fácil culpar os outros. Cada pessoa deve corrigir-se a si mesmo, e isto requer uma grande quantidade de auto-observação, honestidade e uma disposição para aprender tudo o que está implícito na palavra "Teosofia". Quando alguém demonstra respeito conosco, pensamos, que o mérito é nosso; mas se esta mesma pessoa nos critica, consideramos que ela está errada. Se ouvirmos palavras agradáveis, o sentimento é de que as merecemos; se as palavras são desagradáveis, o outro é que está errado. Fugimos da responsabilidade porque é cômodo. Mas isto não se ajusta à realidade; o fato é que cada pessoa é responsável pelo que acontece a ela e por sua própria vida e futuro. Bhagavad Gita: "Faze bem o que te compete fazer no mundo; cumpre bem as tuas tarefas; ocupa-te da obra que encontras, para fazê-la o melhor possível: assim será muito bom para ti. Atividade é melhor do que ociosidade. A atividade fortalece a mente e o corpo, e conduz a uma vida longa e normal; a ociosidade enfraquece tanto o corpo como a mente, e conduz a uma vida impotente e anormal, de duração incerta". Em suma, teosofia na vida diária significa altruísmo e fraternidade universal, exigindo:

Sabedoria com humildade, Autodisciplina com compaixão, Energia Incessante com paciência, Tolerância com inteligência e, Tudo suportar com coragem.

A sabedoria chega quando vivemos a vida e servimos à Humanidade de maneira altruísta. Como um Instrutor disse: "O dever do teósofo é como o do agricultor: lavrar seu campo e semear sua semente o melhor que puder, o resultado depende da Natureza, e esta é escrava da Lei”.