Técnicas de Pesquisa em Economia - FEA/UFJF 1 O método científico Considerações adicionais aos...

Post on 17-Apr-2015

111 views 1 download

Transcript of Técnicas de Pesquisa em Economia - FEA/UFJF 1 O método científico Considerações adicionais aos...

Técnicas de Pesquisa em Economia - FEA/UFJF 1

O método científico

Considerações adicionais aos conceitos vistos em Chalmers

2

RESUMO DA AULA

CIÊNCIA

NÍVEIS DE CONHECIMENTO

TRINÔMIOVERDADE-

EVIDÊNCIA-CERTEZA

NATUREZA DOESPÍRITO

CIENTÍFICO

3

Ciência: níveis de conhecimento

Não é possível fazer trabalho científico sem conhecer os seguintes instrumentos:

a. Atividades cognoscitivas (como saber)

b. Termos e conceitos (fundamentos)

c. Processos metodológicos (como fazer)

4

Espécies de considerações sobre a mesma realidade (níveis de conhecimento)

a. Conhecimento empírico

b. Conhecimento científico

c. Conhecimento filosófico

d. Conhecimento teológico

Ciência: níveis de conhecimento

5

a. Conhecimento empírico (popular)

É o conhecimento obtido sem método ou sistema, por experiências ao acaso

A pessoa conhece o fato e sua ordem aparente, podendo ter sido influenciada por tradições coletivas, religiosas, etc.

Exemplo: Plantas e água; manga e leite

Ciência: níveis de conhecimento

6

b. Conhecimento científico

Procura conhecer, além do fenômeno, suas causas e leis

Concepção atual • Ciência não é algo pronto nem definitivo• Não é posse de verdades imutáveis• É um processo em construção/dinâmico

Ciência: níveis de conhecimento

7

c. Conhecimento filosófico

Distingue-se do científico pelo objeto de investigação e método

Objeto é de ordem supra sensível (ultrapassa a experiência)

É um interrogar contínuo a si mesmo e à realidade

Ciência: níveis de conhecimento

8

d. Conhecimento teológico

Para o estudo e entendimento de um mistério, pode-se fazê-lo via inteligência (reflexão e auxílio de instrumentos: procedimento científico ou filosófico) ou pela aceitação de explicações de alguém que o desvendou (em atitude de fé diante de um conhecimento revelado)

Ciência: níveis de conhecimento

9

Como o ser humano pode conhecer a verdade?

O que é a verdade? Quais evidências reveladas são

realmente a verdade?

Ciência: verdade-evidência-certeza

10

a. A verdade É quando a essência das coisas se

manifesta, torna-se visível ao olhar, à inteligência e compreensão humana

Todos querem estar com a verdade, mas o problema da verdade está: na finitude do ser humano frente a uma complexidade da realidade

Ciência: verdade-evidência-certeza

11

a. A verdade A realidade jamais será captada por

um investigador Pode-se contribuir para o

desvelamento das coisas, pela capacidade de perceber informações e bons instrumentos de pesquisa

Ciência: verdade-evidência-certeza

12

b. Evidências

Manifestação clara, transparente e desvelamento da essência das coisas

Ciência: verdade-evidência-certeza

13

c. A certeza

É o estado de espírito que consiste na adesão firme a uma verdade, sem temor de engano. A partir do momento em que a evidência se manifesta de forma clara, pode-se afirmar com certeza, a verdade. De outra forma, tem-se a ignorância (estado intelectual negativo)

Ciência: verdade-evidência-certeza

14

A ignorância (a ausência de conhecimento das coisas por falta de desvelamento) pode ser:

Vencível (superada) ou invencível Culpável (há obrigação de fazê-la

desaparecer) ou desculpável

Ciência: verdade-evidência-certeza

15

A dúvida

Estado de equilíbrio entre afirmação e negação

É espontânea quando o equilíbrio entre a afirmação e a negação resulta da falta do exame dos prós e contra

Ciência: verdade-evidência-certeza

16

Tipos de dúvida

Dúvida refletida: estado de equilíbrio que permanece após o exame dos prós e contra

Dúvida metódica: suposição (suspende uma asserção para lhe controlar o valor)

Dúvida universal: considera toda asserção como incerta (é a dúvida dos céticos)

Ciência: verdade-evidência-certeza

17

Processo de busca de soluções sérias com métodos adequados de problema proposto previamente

Precisa de mente crítica, objetiva e racional

Ciência: o espírito científico

18

Ciência: o espírito científico

Espírito científico

Tomada de posiçãoque não aceite o

que é fácil esuperficial

Trabalho impessoal(desaparece a

pessoa do Pesquisador)

19

Pesquisa: motivações e qualidades do pesquisador

20

RESUMO

PESQUISA

CONCEITO MOTIVAÇÕESQUALIDADES

DO PESQUISADOR

21

Conceito de pesquisa

Procedimento racional e sistemático para proporcionar respostas a problemas propostos

Feita quando falta informação para responder a um problema ou quando a informação está desordenada de forma que não esteja relacionada adequadamente com o problema

22

Motivações para fazer pesquisa

Razões de ordem intelectual (pesquisa pura), que é o conhecer pelo conhecer

Razões de ordem prática (pesquisa aplicada), que é o conhecer para tornar algo mais eficiente

Estas razões não são mutuamente exclusivas (problemas práticos podem implicar descobertas de princípios científicos e vice-versa)

23

Requerimentos para boa pesquisa: qualidades mínimas do pesquisador

Conhecimento do assunto a ser pesquisado Curiosidade Criatividade Integridade intelectual (imparcialidade) Atitude auto-corretiva (senso crítico) Sensibilidade social Imaginação disciplinada Perseverança e paciência Confiança na experiência

24

Outros requerimentos para pesquisa

Recursos humanos, materiais e financeiros

25

Analisando mais de perto o senso crítico

Capacidade de analisar e discutir problemas inteligente e racionalmente, sem aceitar, automaticamente, suas próprias opiniões (afirmações sem certeza) ou as das outros

Caracteriza-se pelo pensar, pelo espírito indagador e pela autonomia (combate ao dogmatismo e à manipulação intelectual)

26

Envolve também a recusa em aceitar nossas próprias opiniões de forma automática

Este processo requer tolerância e gosto por conflitos no conhecimento (a ansiedade por resposta correta pode impedir a exploração mais completa do problema)

Analisando mais de perto o senso crítico

27

A vantagem do exercício sistemático da dúvida

Encarar os problemas de vários ângulos (amadurecimento de trabalho intelectual e descoberta de múltiplas perspectivas)

Gera o pensar de ordem superior para: Julgar os diferentes aspectos do problema; Julgar o problema em termos de maior ou

menor generalidade; Julgar os critérios que usamos para fazer os

julgamentos anteriores.

28

Efeito do pensar crítico

Incerteza, pois não se conhece tudo relativo à tarefa em questão

“If we knew what it was were doing, it would be not be called research, would it?”

- A. Einstein

29

Regras de redação

BÊRNI ( 2002)

30

1. Preferência por tratamento narrativo impessoal

Quando se diz: “chegamos a quatro conclusões”, parece que o autor e o leitor chegaram à quatro conclusões”, o que viola a objetividade da narrativa

31

2. Tempo verbal da narração

Redação ocorre no presente, mas cuidado com fenômenos ocorridos no passado.

Ex.: “Lênin faz a Revolução Russa em 1917.”

O projeto deve ser escrito considerando tarefas a serem realizadas no futuro. Quando da conclusão da pesquisa, a monografia fica adaptada para o tempo verbal passado

32

3. Uso de construção negativa

Evite frases como: “Não era insuficiente” “Não se deve dizer o que não dizer”

33

4. Use entradas paralelas

“Por um lado, (...). Por outro lado, (...)” Primeiramente, (...). Em segundo

lugar, (...). Finalmente, (...)”

34

5. Tamanho de frases/parágrafos

Frases: menor do que quatro linhas Parágrafos: no máximo 1/3 ou ¼ da

página

35

6. Narração: sugestões

Que seja conduzida do geral para o particular

Que use o critério cronológico crescente

36

7. Números

De zero a nove (por extenso) De 10 em diante (numericamente)

37

Outras dicas para escrever bem

1. Vc. deve evitar abrev., etc.2. Desnecessário faz-se empregar estilo de

escrita demasiadamente rebuscado, segundo deve ser do conhecimento inexorável dos copidesques. Tal prática advém de esmero excessivo que beira o exibicionismo narcisístico. 

3. Anule aliterações altamente abusivas (repetição de fonemas: perfume que perpassa, ave leve, rápida e lépida).

38

4. "não esqueça das maiúsculas", como já dizia dona loreta, minha professora lá no colégio alexandre de  gusmão, no ipiranga.

5. Evite lugares-comuns assim como o diabo foge da cruz.

6. Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.

Outras dicas para escrever bem

39

7. Chute o balde no emprego de gíria, mesmo que sejam maneiras, tá ligado? 

8. Nunca generalize: generalizar, em todas as situações, sempre é um erro.

9. Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontra repetida.

Outras dicas para escrever bem

40

10. Não abuse das citações. Como costuma dizer meu amigo: "Quem cita demais os outros não tem idéias próprias".

11. Frases incompletas podem causar

Outras dicas para escrever bem

41

12. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez. Em outras palavras, não fique repetindo a mesma idéia.

13. Seja mais ou menos específico.

14. Frases com apenas uma palavra? Jamais!

Outras dicas para escrever bem

42

15. Em escrevendo, não se esqueça de estar evitando o gerúndio.

16. Use a pontuação corretamente o ponto e a vírgula especialmente será que ninguém sabe mais usar o sinal de interrogação

Outras dicas para escrever bem

43

17. Conforme recomenda a A.G.O.P., nunca use siglas desconhecidas.

18. Exagerar é cem bilhões de vezes pior do que a moderação.

Outras dicas para escrever bem

44

19. Evite frases exageradamente longas, pois estas dificultam a compreensão da idéia contida nelas, e, concomitantemente, por conterem mais de uma idéia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçando, desta forma, o pobre leitor a separá-la em seus componentes diversos, de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.

Outras dicas para escrever bem

45

8. A regra dos “sete Cs”

a. Começar

b. Conceituar

c. Classificar

d. Contrastar

e. Comentar

f. Concluir

g. Continuar

46

a. Começar

Enuncie um tópico da frase (idéia básica a ser desenvolvida no restante do parágrafo). Ex.:

“As autoridades antitruste objetivam regular a economia por meio da legislação de defesa da concorrência e investigação de acordos que afetam o bem-estar da economia, como o cartel.”

47

b. Conceituar

Retire o conceito de dentro do tópico frasal.Ex.:

“Os cartéis podem ser definidos em termos de um acordo horizontal, formal ou não, entre concorrentes que atuam no mesmo mercado que tenha por objetivo uniformizar as variáveis econômicas inerentes às suas atividades, de maneira a regular ou neutralizar a concorrência”.

48

c. Classificar

Ex.:

“Este acordo pode ser tácito (comportamento paralelo e interdependente adotado pelos concorrentes); ou explícito (contato efetivo, por meio de reuniões, meios eletrônicos ou qualquer outra forma, visando combinar aquela variável relativa às suas atividades).”

49

d.Contrastar (a classificação)

Ex.:

“Dada a proibição atual dos cartéis, acordos explícitos não são observados hoje como no passado, o que implica a maior importância dos acordos tácitos, teórica e empiricamente.”

50

e. Comentar

Advindo dos resultados do contraste. Ex.:

“Esta maior importância relativa tem como conseqüência um desafio metodológico para os analistas em organização industrial no campo de detecção dos cartéis.”

51

f. Concluir

Em torno do que se aprendeu, discutir. Ex.:

“Por esta razão, é válido tentar compreender o papel da transmissão da informação entre firmas como elemento de constituição de provas em processos antitruste.”

52

Projeto e Monografia

Esclarecimentos iniciais

53

Monografia

É a construção de um relatório formal e final de uma investigação técnica, científica ou acadêmica (Bêrni, 2002)

Formalmente, mónos significa um só e grafhein, escrever.

Assim, ela pressupõe a realização de um trabalho intelectual orientado pelas idéias de especificação e delimitação do campo de investigação a um só tema e uma só problemática

54

Projeto

A pesquisa exige que as ações desenvolvidas ao longo de seu processo sejam planejadas

O projeto é redação deste planejamento, e envolve formular o problema, especificar os objetivos, operacionalizar conceitos, indicar o método escolhido, os prazos de execução e a bibliografia já revisada.

55

Elementos de um projeto de pesquisa

56

1. INTRODUÇÃO

1.1. O problema e sua importância

1.2. Objetivos

1.2.1. Geral

1.2.2. Específicos

57

O que consta na Introdução

Conteúdo: considerações mais amplas que

levaram o autor a escolher o tema atual ou a problemática mais geral que circunscreve o tema;

apresentação resumida do estado da arte sobre o problema;

58

O que consta na Introdução

Objetivos do trabalho Esclarecimento dos pontos em que o

presente trabalho se assemelha ou diverge dos demais já escritos na área

Justificativa da importância econômica do trabalho

Indicação de como o trabalho se organiza

59

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Resumo do estado atual do conhecimento

2.2. Trabalhos empíricos no Brasil e no exterior

2.3. Contribuições a serem dadas pelo estudo e linha a ser seguida em relação à revisão

60

O que consta na RL

Também chamada de Fundamentação Teórica ou Marco Teórico e Conceitual

É quando se apresenta o resumo da teoria e os conceitos utilizados para a elaboração das análises desenvolvidas nos capítulos subseqüentes

61

3. METODOLOGIA (OU MÉTODO)

3.1. Modelo teórico utilizado

3.2. Modelo proposto e especificação das variáveis

3.3. Fonte e natureza dos dados

62

4. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

Etapas relacionadas às atividades demarcadas no tempo, incluindo a defesa do projeto

Varia de projeto para projeto

63

Exemplo de cronograma de pesquisa

Meses Atividades

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

a) Revisão de literatura

b) Coleta dos dados

c) Estimação e tabulação

d) Análise dos resultados

e) Redação final

f) Relatório final

64

5. BIBLIOGRAFIA

Referências bibliográficas citadas

65

6. ANEXOS/APÊNDICES

Caso haja, vem por último

66

A ESCOLHA DO TEMA

67

1. Considerações iniciais

É o primeiro passo no planejamento da pesquisa Selecionar um tema é eliminar outros Delimite primeiro a área geral, como por exemplo,

Economia Brasileira, Economia Regional e Urbana, Economia Internacional, Economia Agrícola, etc.

Depois escolha o assunto, que é um capítulo ou item particular da área geral definida

O tema é uma proposição que vai ser tratada: Ex.: Estudo da carga tributária no Brasil

68

1. Considerações iniciais

A escolha depende, no mínimo:a) Sua capacidade, formação, interesse e facilidade

na área (predisposição de cálculo, por ex.)b) Se material bibliográfico é suficiente e disponívelc) Sua familiaridade e experiência com o temad) Atualidade e importância do temae) Utilidade profissional dos resultados que obtiver

na pesquisaf) Conversas com pessoas da área

69

2. Delimitação do tema

Envolve selecionar o tópico ou parte focalizada

Para tanto, é preciso conhecer sua divisão interna ou suas partes constitutivas

Pode-se também delimitá-lo por circunstâncias (tempo e espaço: limitação do tema em termos histórico e geográfico)

70

O PROBLEMA DE PESQUISA

71

Considerações iniciais

Conceito: “questão não solvida que é objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento.”

A escolha é facilitada pela imersão no objeto de estudo e pela discussão com pesquisadores da área

72

Requisições

Em forma de pergunta Claro, objetivo Sem juízo de valor Solvível (base teórica indica isso) Dimensão viável

73

Sugestão: relacione variáveis

a. Um fator que influencia outro Ex.: Consumo = f (renda)

b. As variáveis interajam e se reforcem.Ex.: Estrutura ► conduta ou

Conduta ► estruturac. As variáveis não tenham relação entre si

Ex.: Consumo de livros didáticos e preço de passagens aéreas