Post on 25-Jun-2020
TDICs E MEDIAÇÃO NO PROCESSO EDUCATIVO
Maria Ângela Lima Assunção
1. profangelaassuncao@gmail.com
Resumo
O uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) com suas inúmeras
possibilidades também pode contribuir para um ensino contextualizado e dinâmico, além de
aproximar o aprendiz da sua realidade, minimizando a divergência entre a escola e a sociedade
da informação. Diante dessa constatação questiona-se: como a escola pode auxiliar o educando
a utilizar melhor os recursos tecnológicos? Como essas ferramentas podem constituir
instrumentos de inclusão social? Este estudo propõe uma discussão sobre as tecnologias digitais
no contexto educacional vigente no XXI. Diante da relevância da integração das TDICs como
elementos mediadores no processo de ensino e aprendizagem torna-se necessário difundir esse
debate no meio acadêmico uma vez que tais discussões são bastante pertinentes no espaço
educativo. As reflexões aqui apresentadas embasam-se nos postulados dos seguintes teóricos e
pesquisadores: Lévy (1999), Castells (1999), Moran (2008), Kenski (2007), Moreira et al
(2012), Grané (2011), Martín (2012), Moreira (2012), Burbules (2011), Prensky (2001),
Coscarelli (2009) dentre outros. Por se tratar de um artigo de revisão utiliza-se como
metodologia a pesquisa bibliográfica dentro da abordagem qualitativa. Considerando-se as
orientações dos autores elencados assegura-se que é de fundamental importância oferecer aos
estudantes uma formação adequada para o uso crítico das tecnologias digitais, de forma que
estas possam facilitar-lhes as muitas atividades que exercem nos diferentes domínios sociais
(escola, trabalho, igreja, associações) e a interação entre os grupos.
Palavras-chave: Tecnologias digitais. Educação. Letramento digital.
Abstract
The use of Information and Communication Digital Technologies (TDICs) with its many
possibilities can also contribute to a dynamic and contextualized teaching, and approach the
apprentice of your reality, reducing the gap between the school and the information society.
Based on this observation wonders how schools can assist the student make better use of the
technological resources? As these tools can be social inclusion tools for students of popular
education? This study proposes a discussion of digital technologies in the current educational
context in XXI. Given the importance of integrating TDICs as mediators elements in the process
of teaching and learning it is necessary to spread this debate in academia since such discussions
are quite relevant in the education space. The reflections presented here underlie us postulates
of the following theorists and researchers: Lévy (1999), Castells (1999), Moran (2008), Kenski
(2007), Moreira et al (2012), Grané (2011), Martin (2012 ), Moreira (2012), Burbules (2011),
Prensky (2001), Coscarelli (2009) among others. Since this is a review article is used as
methodology the bibliographical research into the qualitative approach. Considering the
guidelines of the listed authors ensures that it is fundamentally important to offer students
adequate training for the critical use of digital technologies so that they can facilitate their
performance of activities engaged in different social domains (school, work, church,
associations) and the interaction between the groups.
Keywords: Digital technologies. Education. Digital literacy
Introdução
A utilização de recursos tecnológicos nos diferentes setores da sociedade, seja na esfera pública
ou privada auxilia no desempenho de muitas atividades, além de facilitar a interação entre as
pessoas, independente da distância em que se encontrem. As Tecnologias Digitais de
Informação e Comunicação (TDICs) também estão presentes na maioria das instituições de
ensino do país, podendo contribuir para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem, se
utilizadas de maneira adequada.
Esse termo, segundo Carlos Alberto Afonso, representa melhor a realidade de uso das
ferramentas tecnológicas no século atual. O autor esclarece que a sigla “TICs, ou Tecnologias
de Informação e Comunicação [...] deveria ser TDICs, porque tecnologias de informação e
comunicação existem desde tempos imemoriais, mas suas formas digitais são um fenômeno
que se consolidou na última década do século XX.” (AFONSO, 2002, p. 169). (grifos do autor).
A inserção desses recursos nas diversas modalidades de ensino tem constituído um desafio para
a escola do século XXI. Torna-se necessário que esta se adapte às necessidades educacionais
de uma nova geração de estudantes ‘nativos e imigrantes digitais’ (PRENKY, 2001)
oferecendo-lhes um ensino significativo que vá ao encontro de seus interesses. A aquisição de
conhecimentos mediada pelas TDICs possibilita um ensino contextualizado e dinâmico, além
de aproximar o aprendiz da sua realidade, atenuando o fosso existente entre a escola e a
sociedade da informação.
Fazer uso das TDICs nas escolas não se trata de uma opção: é uma necessidade urgente visto
que fazem parte das ações cotidianas realizadas pelos estudantes que facilmente percebem as
diferentes formas de aprender na escola e na sociedade. Diante dessa constatação questiona-se:
como a escola pode auxiliar o educando a utilizar melhor os recursos tecnológicos? Como essas
ferramentas podem constituir instrumentos de inclusão social para os estudantes da educação
popular?
Na literatura nacional e estrangeira encontram-se vários trabalhos que destacam a utilidade dos
recursos tecnológicos para auxiliar a prática pedagógica do professor, porém seus autores
reiteram que não houve mudanças significativas em muitas escolas, mesmo tendo
computadores com acesso à internet e outros meios. Em muitos casos apenas reproduzem
modelos tradicionais, como destaca Grané (2011, p. 67): “En muchos casos las tecnologías en
la escuela tivieran un papel curricularizador de reprodución de modelos tradicionales de la
enseñanza, cuando en la realidade, podrían haber sido un elemento revolucionário”.
Assim é necessário investigar as causas do insucesso na aprendizagem que se evidencia em
muitas escolas que, apesar de possuírem os mais diferentes aparatos tecnológicos, não
apresentam resultados satisfatórios no processo de ensino-aprendizagem. Nessa perspectiva
este trabalho tem como objetivo apresentar algumas considerações no âmbito dessa temática,
tomando por base os postulados de Lévy (1999), Castells (1999), Moran (2008), Kenski (2007),
Moreira et al (2012), Grané (2011), Martín (2012), Moreira (2012), Burbules (2011), Prensky
(2001), Coscarelli (2009) dentre outros. Seus conceitos, teorias e pesquisas, além do enfoque
político-pedagógico, esclarecem o que são as TDICs, destacam a sua utilidade no processo
ensino-aprendizagem, evidenciando a necessidade de se transformar a realidade educativa das
escolas do século XXI com o uso didático desses recursos. Como metodologia optou-se pela
pesquisa bibliográfica dentro da abordagem qualitativa (SEVERINO, 2010), utilizando-se de
material impresso e digital.
Os resultados apontam para a relevância dos aspectos teóricos apresentados em cada obra
consultada que, aliados à experiência dos autores, servem como ponto de partida para a reflexão
dos educadores que sentem a necessidade de mudar a sua prática pedagógica, porém hesitam
diante das dificuldades que se lhes apresentam em forma de discursos carregados de
negatividade. Para que essa mudança se concretize deve haver determinação e ousadia por parte
dos professores e, para estes, Freire (2000, p. 37) assegura que “mudar é difícil mas é possível”.
(grifo do autor)
Tecnologias da Informação e Comunicação: definições e importância
Para compreender melhor o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no
contexto educacional é necessário ter clara a ideia expressa por esse termo, embora não haja
unanimidade quanto ao seu conceito, visto que é “variável e contextual” conforme esclarece
(KENSKI, 2007, p. 25).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) definem as TICs como “recursos tecnológicos
que permitem o trânsito de informações, que podem ser os diferentes meios de comunicação
(jornalismo impresso, rádio e televisão), os livros, os computadores, etc.” (BRASIL, 1998, p.
135).
A partir da sua funcionalidade são descritas como ferramentas tecnológicas que servem para
elaborar, armazenar e disseminar informações por intermédio das redes telemáticas. Assim,
Area Moreira (2012, p. 11) as define como
hierramentas tecnológias para la elaboración, almacenamiento y
difusión digitalizada de información basadas en la utilización de redes
de telecomunicación multimídia. [...] podríamos entenderlas como la
fusión de tres tecnologias que ya existían separadas (las audiovisuales,
las de telecomunicaciónes y las informáticas) pero que ahora convergen
en la produción, almacenamiento y difusión digitalizada de cualquier
tipo de dato.
Sob essa perspectiva este estudo contempla o uso das TICs enquanto ferramentas que podem
ser integradas ao processo de ensino e aprendizagem a fim de ampliar as possibilidades
pedagógicas, minimizando a distância que existe entre a escola e sociedade. Seu uso na
educação justifica-se pela necessidade de adaptação da escola ao contexto social em que os
alunos estão inseridos, além de proporcionar novos modos de ensinar e aprender.
A relevância das TICs no contexto educacional também se explica em virtude de oferecerem
possibilidades de aprendizagem compatíveis com as que acontecem fora do ambiente escolar,
cujo valor para a vida social dos aprendizes é incontestável. Esse fato coage a escola a adaptar-
se ao novo paradigma. A esse respeito Martín (2012) evidencia que a sociedade atual implica
novos modelos de ensino, visto que a escola está inserida nesse ambiente em que as tecnologias
têm grande influência no processo de aprendizagem.
Outro aspecto importante com relação ao uso das TICs refere-se à interação (aluno x professor,
aluno x aluno) que as diferentes ferramentas tecnológicas possibilitam. Independente do espaço
em que se encontrem, fora do horário de aula presencial, os discentes podem interagir com os
colegas e professores para tirar dúvidas, enviar tarefas utilizando ferramentas como chats,
fóruns, e-mails, etc. dando continuidade ao diálogo iniciado na sala de aula sempre que houver
necessidade, mesmo em espaços diferentes. Além disso, os pais podem acompanhar a vida
escolar de seus filhos (via internet) no horário mais conveniente, em suas próprias casas, visto
que a rede pública estadual de ensino já trabalha com o Sistema Integrado de Gestão da
Educação (SIGedu). Isso, porém, não anula a importância e a necessidade das visitas presenciais
à escola; apenas aponta uma das vantagens de uso das tecnologias para facilitar o dia a dia dos
trabalhadores.
As TDICs na Educação: desafio para o professor do Século XXI
O uso das TDICs com fins educativos não é uma tarefa simples, pois requer conhecimento
teórico que permita ao professor planejar práticas de ensino e aprendizagem significativas para
o estudante. A presença desses recursos nas escolas também causa grande impacto nas formas
de disseminação de informações e aquisição de conhecimentos tendo em vista a mudança que
proporciona no paradigma de ensino. A escola e o professor deixam de ser os únicos detentores
de conhecimentos e passam a ser mediadores da ação educativa nesse processo, como destaca
Burbules (2011, p. 21-22)
El impacto de las nuevas tecnologias no se produce sólo en la escuela
sino tembién en los diversos ambientes donde el aprendizaje tiene lugar.
A esto me refiero com ‘aprendizaje ubicuo’. [...] La combinación de la
portabilidad de los dispositivos y la expansión de la conexión
inalámbrica permite que el aprendizaje suceda en cualquier lugar y
momento: en la casa, en el trabajo, en el bar, en la biblioteca. [...] la
tecnologia funciona como un ponte que conecta a las escuelas con estos
ambientes.
Possuir computadores com acesso à internet e outros equipamentos tecnológicos não garante
que as instituições educacionais ofereçam uma educação de qualidade, em especial quando se
trata da geração dos “nativos digitais” termo utilizado por Prensky (2001) para designar a
geração que já nasceu e cresceu em contato direto com as tecnologias digitais. Essa
terminologia também é empregada por Palfrey; Gasser (2011) para se referir a crianças,
adolescentes e jovens que nasceram a partir da década de 1980 e estão em contato permanente
com o mundo informatizado.
Daí surge o desafio para os educadores que, assim como muitos alunos adultos, também se
enquadram na categoria de “imigrantes digitais” ou pessoas que apesar de estarem inseridas no
contexto informatizado, ainda não se sentem aptas para manuseá-las, conforme destacam
(PALFREY; GASSER, 2011). O professor deste século tem a responsabilidade de mediar o
processo de ensino e aprendizagem proporcionando aos estudantes novas formas de aquisição
de conhecimento. Lévy (1999) já dizia que nesse contexto cabe ao professor acompanhar a
gestão das aprendizagens, incentivar a troca de saberes, mediar o processo de aprendizagem.
A escola, enquanto agência de letramento é um ambiente propício para se estabelecer a parceria
entre professor e aluno, o que produz um aprendizado mútuo entre essas gerações cujos saberes
se complementam. A experiência e maturidade dos professores aliadas às habilidades dos
alunos no manuseio das TDICs podem gerar resultados positivos para o ensino, desde que as
ações sejam bem planejadas e haja compromisso dos sujeitos nelas envolvidos. Para tanto o
professor precisa desconstruir os seus velhos conceitos de ‘ensinar e aprender’ e reconstruí-los
com base no contexto educacional vigente em que o professor não é mais aquele que sabe e
ensina e o aluno alguém que não sabe e aprende. Existem muitas formas de aprender e nesse
processo o docente é apenas um mediador, orientador. Esse pensamento está expresso nas
palavras de Coscarelli (2009, p. 16) quando afirma que
precisamos rever os objetos de ensino e as formas de fazer isso.
Precisamos urgentemente admitir nossas muitas falhas nos cursos de
formação de professores, já que ainda nos pautamos em práticas
tradicionais de ensino, [...] ainda temos muito medo do novo e temos
dificuldade de desenvolver a autonomia da aprendizagem nos nossos
alunos e de promover a aprendizagem colaborativa, porque ainda não
conseguimos nos livrar das aulas expositivas centradas no professor em
ambientes presenciais.
As TDICs permitem o acesso a informações atualizadas e significativas, porém o estudante
precisa ser orientado quanto ao uso adequado dessas ferramentas, tanto para realização ações
rotineiras (uso de caixas eletrônicos; digitação de senhas nas transações bancárias ou
pagamentos em lojas; o voto eletrônico; simuladores de provas de habilitação; uso dos
diferentes recursos que o celular oferece, entre outras) quanto para realização de tarefas
escolares (uso do computador e/ou similares para realização de pesquisas na internet; uso das
diferentes ferramentas do Office como world, powerpoint, excel, prezzi, etc. para a elaboração
de textos e apresentações; utilização do e-mail, e tantos outros recursos.)
A escola do presente século precisa proporcionar o letramento digital ao educando (e também
aos educadores!) garantindo-lhes o desenvolvimento das habilidades necessárias para o
manuseio das máquinas modernas.
Contribuições das TDICs para a Educação
A maioria das escolas públicas possuem equipamentos tecnológicos (computadores, notebooks,
impressoras, fax, lousa digital, etc.), acesso à internet, sem contar com os dispositivos móveis
(desde os celulares mais simples até os smartphones mais modernos, tablets, e outros) que já
fazem parte da realidade dos estudantes que frequentam as diferentes modalidades de ensino
ofertadas na escola. Algumas instituições de ensino até possuem laboratórios de informática.
No entanto esse fato não garante a melhoria do ensino, visto que “difundir a Internet ou colocar
mais computadores nas escolas, por si só, não constituem necessariamente grandes mudanças
sociais. Isso depende de onde, por quem e para quê são usadas as tecnologias de comunicação
e informação.” (CASTELLS, 1999, p. 19).
A finalidade educativa das TDICs na escola não deve se restringir a um ensino técnico, mas,
promover “um ato de conhecimento (...) entre educadores e educandos, uma relação de
autêntico diálogo.” (FREIRE, 1983, p. 40) e isso depende da ‘finalidade’, ‘como’ e ‘quem’ as
utiliza de acordo com a posição defendida por Mercado (2002, p. 12 -13) no excerto a seguir:
Na chamada Sociedade da Informação, processos de aquisição do
conhecimento assumem um papel de destaque e passam a exigir um
profissional crítico, criativo, com capacidade de pensar, de aprender a
aprender, de trabalhar em grupo e de se conhecer como indivíduo. (...).
É função da escola hoje, preparar o aluno para pensar, resolver
problemas e responder rapidamente às mudanças contínuas.
Essa capacidade de aprender a aprender ainda enfrenta certa resistência por parte de alguns
professores que ainda mantêm aquela visão de professor como detentor do conhecimento e não
admitem que seus alunos lhes ensinem a manusear as ferramentas tecnológicas. Se não sabem
utilizá-las, preferem excluí-las de sua prática pedagógica, mantendo-se presos a metodologias
tradicionais (não que estas devam ser eliminadas, visto que se bem utilizadas trazem excelentes
resultados).
Essa realidade confirma as palavras de Medina Rodríguez; Robles Carrascosa (2011, p.12) ao
destacarem a importância da integração das TICs no trabalho docente e as dificuldades que
surgem para o seu uso eficaz diante da resistência de alguns professores: “Este nuevo panorama,
en el cual las tecnologías de la información y la comunicación ocupan um lugar destacado,
propicia el desarrollo de esfuerzos combinados para vencer la resistencia que tienen aún algunos
docentes a incorporarlas en sus aulas”.
Muitas vezes o professor precisa aprender junto com o aluno e, em vez de excluir o uso das
TDICs de suas aulas por não ter o conhecimento suficiente para usá-las, deve admitir suas
limitações, sabendo que “ninguém sabe tudo, assim como ninguém ignora tudo. (...) sabendo
que sabe pouco é que uma pessoa se prepara para saber mais” (FREIRE, 1983, p. 30-31). Dessa
forma, juntos – educador e educandos – podem construir o conhecimento necessário para
explorar esses recursos que, queiramos ou não, fazem parte de boa parte das ações
desenvolvidas pelo homem no seu dia a dia.
Sendo assim, a presença das TDICs na escola deve proporcionar a aprendizagem significativa
a que se refere Moran (2008, p. 32) ao dizer: “uma parte importante da aprendizagem acontece
quando conseguimos integrar todas as tecnologias, as telemáticas, as audiovisuais, as textuais,
as orais, musicais, lúdicas, corporais”. Nesse contexto o papel do professor é fundamental como
orientador do aluno na seleção de informações importantes.
Como adverte Kenski (2007), para que as TIC provoquem alterações no processo educativo,
elas devem fazer a diferença e isso só será possível quando forem incorporadas
pedagogicamente, observando-se e respeitando-se as especificidades do ensino e das próprias
tecnologias. Não basta usar o computador, o datashow, filmadora etc., se esses recursos não
levam a uma reflexão e não contribuem para tornar o aprendizado mais eficiente.
Considerações Finais
O estudo realizado a partir da bibliografia elencada aponta para necessidade de se desenvolver,
na escola, um trabalho que proporcione aos educandos e educadores a utilização pedagógica
dos recursos tecnológicos, sobretudo no que se refere ao desenvolvimento do letramento digital.
A escola ainda não consegue integrar as tecnologias às atividades didáticas, causando muitas
vezes a desmotivação dos estudantes em vista da descontextualização do ensino que lhes é
oferecido, o que exige uma mudança no modelo atual de ensino a fim de haja coerência entre
os conhecimentos disseminados na escola e aqueles que são construídos nas interações sociais.
Portanto cabe à escola proporcionar aos professores a formação necessária para o uso das
TDICs e incentivá-los a se apropriarem dos benefícios que estas oferecem, além de
proporcionar aos educandos oportunidades de utilizá-las de maneira adequada, de forma que
possam atender as suas necessidades diárias. Assim o perfil do educador e do educando do
século XXI encontra-se no expresso no seguinte trecho contido nos Parâmetros Curriculares
Nacionais:
Não basta visar à capacitação dos estudantes para futuras habilitações
em termos das especializações tradicionais, mas antes trata-se de ter em
vista a formação dos estudantes em termos de sua capacitação para a
aquisição e o desenvolvimento de novas competências, em função de
novos saberes que se produzem e demandam um novo tipo de
profissional, preparado para poder lidar com novas tecnologias e
linguagens, capaz de responder a novos ritmos e processos. Essas novas
relações entre conhecimento e trabalho exigem capacidade de iniciativa
e inovação e, mais do que nunca, “aprender a aprender”. (BRASIL,
1997, p. 28).
Dada a importância da utilização eficaz das TDICs no contexto educacional faz-se necessário
que haja um investimento que contemple não só a aquisição de recursos tecnológicos para as
escolas. É indispensável que se invista na capacitação dos professores para que possam utilizá-
los como aliados no trabalho docente e orientar adequadamente os estudantes, que estão fazendo
uso da tecnologia de forma desvinculada das atividades escolares. Além disso, é importante que
haja um monitoramento nas escolas contempladas com esses equipamentos, oriundos do
Governo Federal ou de outras fontes, a fim de que não se tornem obsoletos pela falta de uso, ou
sejam utilizados com finalidades não pedagógicas. A escola do século XXI não pode continuar
com práticas de ensino ultrapassadas, enquanto a sociedade moderna oferece aos aprendizes
novas e variadas formas de aprender com as TDICs.
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