Post on 25-Dec-2015
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE-UFAC
PROGRAMA DE APOIO A CAPACITAÇÃO DE FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORES E GESTORES DA EDUCAÇÃO BASICA
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E CULTURA
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM HISTÓRIA E CULTURA AFRO-
BRASIELIRA E AFRICANA
CAPOEIRA NA ESCOLA, O ENCONTRO DA IDENTIDADE CULTURAL
AFRICANA.
DIVANILDA S. COSTA
RIO BRANCO – ACRE
2015
DIVANILDA S. COSTA
CAPOEIRA NA ESCOLA, O ENCONTRO DA IDENTIDADE CULTURAL
AFRICANA.
Trabalho de Conclusão de Curso como projeto de
intervenção pedagógica apresentado à
Universidade Federal do Acre, como parte das
exigências do Curso de Pós-Graduação Lato
Sensu em História e Cultura Afro-brasileira e
Africana para obtenção do título de Especialista
em História e Cultura Afro-brasileira e Africana.
Orientador: Prof. Especialista Eudmar Nunes
Bastos
.
RIO BRANCO – ACRE
2014
DIVANILDA DA SILVA COSTA
CAPOEIRA NA ESCOLA, O ENCONTRO DA IDENTIDADE CULTURAL
AFRICANA.
Este Trabalho de Conclusão de Curso como Projeto de Intervenção
Pedagógica foi julgado adequado para obtenção do Título de “Especialista em
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”, e aprovado em sua forma final
pelo Curso de Especialização em História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
Rio Branco Acre.....
________________________
Prof.ª. Dra. Teresa Almeida Cruz
Coordenadora do Curso
Banca Examinadora:
_____________________
Prof.ª xxxx, Dr.ª
Orientadora
Universidade xxxx
________________________
Prof.ª xxxx, Dr.ª
Universidade xxxx
________________________
Prof. xxxx, Dr.
Universidade xxxxxx
RIO BRANCO – ACRE
2015
AGRADECIMENTOS
A Deus, que me fez superar as dificuldades encontradas no caminho. E
consegui mais uma conquista ao concluir este trabalho. Pelos novos olhares e
valores, expressos meu real agradecimento aos professores de cada modulo, a
professora Tereza Cruz, que com sua capacidade e empenho de coordenar
curso de pós-graduação em história e cultura africana e afro-brasileira, sempre
esteve disposto à melhor atender, me proporcionou chegar até aqui.
Ao Prof. Orientador Especialista Eudmar Nunes Bastos, pela sua
gentileza, paciência e inteligência, que soube orientar e valorizar este projeto.
Aos meus colegas de curso que compartilharam comigo seus conhecimentos.
A minha família, que compreendeu minha ausência e me incentivou. Aos meus
alunos com suas conversas paralelas me espiraram a escrever e desenvolver
meu projeto. E a todos aqueles que de alguma forma contribuíram ou torceram
pela concretização deste curso.
“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor
sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para
odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas
podem aprender odiar, podem ser ensinadas a
amar, pois o amor chega mais naturalmente ao
coração humano do que o oposto. A bondade
humana é uma chama que pode ser oculta, jamais
extinta ”.
Nelson Mandela
RESUMO
A diversidade étnica e cultural anseia pela construção de novos
paradigmas civilizatórios. Nesse sentido, o ambiente escolar é considerado um
espaço de socialização para identificar os diversos contextos socioculturais que
compõem a sociedade brasileira.
Este Trabalho de Conclusão de Curso baseia-se na maneira como se pode
trabalhar a Lei 10.639/03, que trata da obrigatoriedade do Ensino da História e
Cultura da África e dos Afro-brasileiros no ambiente escolar na escola. Através
do projeto de intervenção pedagógica aplicado para alunos do 4 ano do Ensino
Fundamental I, com o tema: capoeira na escola, o encontro da identidade
cultural africana. A proposta foi desenvolver estratégias a serem adotadas junto
à instituição escolar no sentido de promover a cultura resgatando um bem
específico de origem africana: a capoeira.
Para atingir os objetivos do projeto foi abordado uma metodológica que
envolveu entrevista, Filmes documentários e Estudo sobre história da capoeira;
Origem da capoeira: Como surgiu a capoeira? Técnicas de ginga, defesa e
ataque seus significados pesquisa e o estudo sobre o tema. O resultado do
mesmo visa contribuir na construção de uma educação mais igualitária,
proporcionando reflexões voltadas ao pluralismo e a diversidade étnica e
cultural.
Palavras chaves: capoeira, diversidade étnica e cultural, pluralidade cultural.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
1.1.2 Objetivos Específicos
2. EXPOSIÇÃO DO TEMA
2.1 TEMA GERAL
2.1.1 Tema específico
2.1.1.1 Aprofundamentos do tema específico
2.1.1.1.1 Conclusões do detalhamento do tema específico
3. REFERÊNCIAS
4. APÊNDICES A – Descrição
5. ANEXOS A – Descrição
1. INTRODUÇÃO
De acordo com Oliveira (2000, p.141), “a cultura é um sistema,
um conjunto de elementos ligados estreitamente uns aos outros”. Nesse
sentido e necessário repensar que os indivíduos são constituídos por
classe, raça, etnia, gênero e os mesmos se inter-relacionam nos
diversos contextos socioculturais. Dessa forma a escola não deve ser
vista como um lugar onde ocorre somente a transmissão de
conhecimento e sim um grande espaço de socialização, e
conhecimentos de outras culturas. Assim os educadores são o caminho
para modificar o ambiente escolar a fim de torná-lo menos opressor e
mais democrático sem esquecer que o próprio educador faz parte desse
processo. Trabalhar para Combater o racismo e o fim da desigualdade
social e racial, e uma das tarefas da escola.
De acordo com a Lei Federal nº 10.639/2003, que instituiu o
ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nos currículos escolares,
torna se a obrigatoriedade do Ensino da História e Cultura da África e
dos Afro-brasileiros. No campo educacional, presenciamos as
dificuldades que as instituições escolares convivem ao promover uma
educação ética, voltada para o respeito e convívio harmônico com a
diversidade étnica e cultural. Sabe-se das dificuldades enfrentadas ao
propor a erradicação das práticas escolares e dos rituais pedagógicos
impregnados de racismo que dificultam a construção positiva da
autoestima e comprometem o sucesso escolar do aluno negro.
Com a Lei Federal nº 10.639/2003 surge um novo
posicionamento pedagógico que vem valorizar a raça negra,
considerando que as relações sociais culturais entre negros e brancos
em nosso país não são harmoniosas.
No campo educacional, presenciamos as dificuldades que as
instituições escolares convivem ao promover uma educação ética,
voltada para o respeito e convívio harmônico com a diversidade étnica e
cultural. Sabe-se das dificuldades enfrentadas ao propor a erradicação
das práticas escolares e dos rituais pedagógicos impregnados de
racismo que dificultam a construção positiva da autoestima e
comprometem o sucesso escolar do aluno negro.
Sabemos que o patrimônio cultural herdado da
cultura afro-brasileira é diverso e com a diversificação dos grupos que
integram a sociedade, podemos ver que os patrimônios também
incentivam o diálogo entre diferentes culturas.
O projeto desenvolvido teve o objetivo de contribuir para a
disseminação e reflexão da cultura afro-brasileira abordando a
CAPOEIRA, como um importante instrumento de educação no âmbito
escolar.
É nesse sentido que se constitui esse Trabalho de
Conclusão de Curso. A proposta é, através do ambiente escolar, promover a
diversidade étnica e cultural resgatando um bem específico da cultura afro-
brasileira: a capoeira. Para isso atendemos os alunos do Ensino fundamental I
da Escola Estadual de Ensino Fundamental Joao Paulo I, com o objetivo de
começar a implementar a lei no ambiente dessa instituição de ensino e
sensibilizar educandos do 4 ano do ensino Fundamental sobre a importância
da valorização da diversidade étnica e cultural e as contribuições do povo
negro à nação brasileira, estimulando-os a fazer pesquisa e outros sobre a
origem da capoeira.
Nesse contexto, foram aplicados questionários, com o mestre de
capoeira Arrepiado. Na escola com os coordenadores, pedagógico e de
ensino, para desenvolve o Projeto Político Pedagógico aos alunos. Usei
uma mitodologia com aulas teóricas. A escola sensibilizada com o projeto
como um grito de alerta para começar a inseri no plano de curso, faz um
encontro pedagógico com os professores voltado a trabalhar a Lei Federal
nº 10.639/2003 e com palestra sobre o tema…levando a todos a proposta
de se trabalhar durante todo o ano, revendo a Proposta pedagógico e
inserindo nos conteúdo a ser trabalho em 2015 em todas as séries do
ensino fundamental I.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
Destacar o valor e a importância da CAPOEIRA, na construção da
identidade do povo brasileiro e a sua importância na educação.
1.1.2 Objetivo Específicos
Problematizar a produção e transmissão de saberes, conhecimentos e
práticas da capoeira relacionadas à educação,
Analisar a capoeira como à arte, luta, dança brincadeira, e sua importância
para a auxiliar na implementação da lei 10.639.
2. EXPOSICAO DO TEMA (capitulo I Capoeira e sua essência)
2.1. TEMA GERAL
Para alguns autores na história da escravidão no Brasil, os brancos
dominadores se valeram de inúmeras estratégias objetivando a divisão e o
enfraquecimento por parte daqueles que chegavam da África, procurando
evitar que esses negros, pertencentes a uma mesma cultura ou que
falassem a mesma língua, se aglutinassem num mesmo local.
[...] a política de evitar a concentração de
escravos oriundos de uma mesma etnia, nas
mesmas propriedades, e até nos mesmos
navios negreiros, impediu a formação de
núcleos solidários que retivessem o
patrimônio cultural africano. (Ribeiro 1995,
pg.115)
Tudo isso fez com que famílias e grupos sociais inteiros fossem
esfacelados, fazendo com que esses sujeitos perdessem,
momentaneamente, seus referenciais, impossibilitando com isso que os
mesmos se organizassem, tramando possíveis revoltas ou insurreições que
pudessem desestabilizar o regime escravocrata. No entanto, o negro na
condição de escravo nunca se submeteu totalmente à violência do branco,
seja ela como for, criando suas próprias estratégias de resistência, tanto no
âmbito de sua cultura original, religiosidade, música, medicina, culinária,
língua e outros, e também no âmbito da própria luta pela libertação, onde a
Capoeira exerceu papel fundamental.
Tendo a sua origem num contexto extremamente violento pela
libertação, onde a luta pela liberdade e pela vida se fazia necessária, a
Capoeira traz na sua essência esse caráter de revolta contra todo um
sistema desumano e opressor. Surge um grito por libertação que vem da
alma de um povo subjugado, que se apega às suas raízes para
encontrar forças e continuar lutando pela liberdade.
Quando falamos em origem da Capoeira, muitas são as controvérsias.
Alguns estudiosos defendem a sua origem como sendo na África; pois,
existem danças semelhantes à capoeira como a Baçula, Camangula, N´golo
(danças da zebras) entre outras. Mas esta simples afirmação não se torna
um embasamento completo para se determinar que a capoeira seja de
origem africana.
A história da capoeira no Brasil começa no século XVI, na época em que o
Brasil era colônia de Portugal. A mão-de-obra escrava africana foi muito
utilizada no Brasil, principalmente nos engenhos do nordeste brasileiro. Muitos
destes escravos vinham da região de Angola, também colônia.
Ao chegarem ao Brasil, os africanos perceberam a necessidade de
desenvolver formas de proteção contra a violência e repressão dos
colonizadores brasileiros. Eram constantemente alvos de práticas violentas e
castigos dos senhores de engenho. Quando fugiam das fazendas, eram
perseguidos pelos capitães-do-mato, que tinham uma maneira de captura
muito violenta.
Os senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de
luta. Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danças
africanas, adaptando a um tipo de luta. Surgia assim a capoeira, uma arte
marcial disfarçada de dança. Foi um instrumento importante da resistência
cultural e física dos escravos brasileiros.
A prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas
(galpões que serviam de dormitório para os escravos) e tinha como funções
principais à manutenção da cultura, o alívio do estresse do trabalho e a
manutenção da saúde física. Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com
pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Do nome
deste lugar surgiu o nome desta luta.
Esses negros até chegarem ao Brasil sofriam muito, e vários morreram
antes mesmo de chegar aqui. Separados de suas famílias, eram colocados
todos juntos, africanos de tribos, cultura e costumes diferentes. Eles vinham
amontoado, jogados nos porões dos navios até desembarcarem nos portos
brasileiros.
Nos portos eles eram vendidos e assim distribuídos por várias regiões
do país. Trabalhavam muito, comiam pouco e muitos se revoltavam. E se
conseguissem fugir, iriam para o mato onde sua liberdade o esperava; se
não desse certo a fuga seriam massacrados na frente dos outros escravos
até a morte. Essas fugas foram favorecendo cada vez mais a organização
dos negros, que foram formando os quilombos, as cidades dos escravos.
Se conseguissem chegar até lá seriam guerreiros e estariam com sua
liberdade assegurada.
Nesses Quilombos o negro podia cantar, dançar e continuar com seus
costumes, o que antes não lhe era permitido por seus senhores. Também
tinham que saber de suas tarefas, pois os caçadores de escravos sempre
os atacavam, e para eles as armadilhas estavam sempre prontas. Assim os
negros garantiam sua liberdade por muitos anos, chegando até a estarem
em 50.000 escravos fugitivos com um terreno que abrangia três estados,
Sergipe, Pernambuco e Alagoas, isso no seu maior quilombo, o de
Palmares, onde o governo realizava as mais temíveis investidas.
Muitos anos se passavam e muitas investidas foram feitas até que o
governo conseguiu separar o povo, pois garantiu a liberdade para quem
fosse ao mar. A outra parte do povo, que não seguiu com Ganga Zumba ao
vale, não acreditando nas promessas do governo, resistiram com Zumbi até
a destruição de Palmares. Sua cultura vive até hoje com os costumes
deixados.
A capoeira entra aí, é a luta que os escravos praticavam para se
defender. Nas suas brincadeiras, diversões, alegrias, risadas e nas suas
buscas pela paz, estavam sempre treinando a capoeira. Com ela
conseguiam relembrar do seu passado, de sua terra natal e de sua
liberdade. Treinavam para ter os braços, as pernas e todo o corpo a
disposição de sua mente, podendo lutar de qualquer esconderijo contra o
capitão do mato, que de mato conhecia menos que os escravos que lá
moravam.
Porém, a capoeira não era bem vista pelas autoridades da época. Em 11
de outubro de 1890, o Decreto no. 847 do Código Penal Brasileiro tratou
especificamente, de vadios e capoeiras, com rígidas medidas punitivas,
sendo visados não só seus praticantes, mas, principalmente os cabeças de
grupos ou maltas, cujas penas podiam ir de prisão celular de dois a seis
meses ou, mesmo até, ao degredo para a distante ilha de Fernando de
Noronha.
Portanto, mesma com tanta perseguição a capoeira resistiu até hoje. De
luta proibida antigamente, a capoeira passou a ser um esporte, ou melhor, o
esporte nacional. Genuinamente brasileira, a capoeira hoje é uma
“potência” que dá aos seus praticantes mais fiéis um meio de vida e
sustento, sem luxo, mas com dignidade e respeito. Hoje, a esporte capoeira
é praticada no Brasil de norte a sul e, mundo afora, a capoeira já conquistou
países como Uruguai, Argentina, Estados Unidos, Alemanha, Canadá,
Suíça, Inglaterra, Japão, Portugal, Espanha, Israel, Itália, França, Suécia,
Austrália, dentre outros. Do crime reprimido à dura pena ao esporte
praticado pelo mundo afora, esta é a capoeira, uma herança negra que todo
mundo guarda em si como um grande tesouro.
Nesse sentido é que a Capoeira assume um caráter universalizante e
educativo, narrador de um contexto histórico social, que conta um
fragmento da trajetória de um povo, caracterizada enquanto símbolo de luta
pela libertação, o próprio sentido de "liberdade" deve ser ampliado podendo,
desse modo, ser estendido a todo aquele que, de uma forma ou de outra,
se encontra numa situação de restrição aos seus direitos fundamentais
enquanto cidadão.
A propalada resistência cultural vinculada à Capoeira precisa se adequar
aos momentos atuais. A principal luta do capoeirista, nos dias de hoje, não
deve ser contra um determinado feitor, individualmente, como acontecia
antigamente, nem tampouco, contra outros praticantes de Capoeira. A luta
da Capoeira, nos dias de hoje, deve ser contra qualquer tipo de opressão,
discriminação e pela construção de uma sociedade mais justa, livre e
democrática. VIEIRA e FALCÃO (1997) (pg.2).
2.1.1. Tema especifico
De acordo com a Lei Federal nº 10.639/2003, que instituiu o ensino de
História e Cultura Afro-Brasileira nos currículos escolares como sendo
obrigatório.
Tratar desse tema na escola e de fundamental importância para
começar a implementar o que a lei determina e desconstruir a ideia
preconceituosa sobre a cultura afro-brasileira, sendo que após a aprovação da
lei o processo nas salas de aula ainda não chegou.
Um processo pedagógico que se utiliza da capoeira como tema, tem
condições de reunir todos os elementos indispensáveis à formação de uma
consciência crítica e reflexiva sobre a realidade que cerca o aluno que, por sua
vez, tem a possibilidade de se reconhecer como sujeito de uma práxis política
pedagógicas, dentro dos princípios de uma educação libertadora.
Concordamos com VIEIRA e FALCÃO (1997) quando afiram que o feitor de
hoje se transfigurou e tem muito mais poder.
Na maioria das vezes, ele está vinculado às estruturas responsáveis
pela consolidação de um sistema perverso e também muito poderoso, que sob
o discurso da modernidade, vem provocando a maior barbárie de todos os
tempos em nosso país. E nesse aspecto, não podemos ficar indiferentes a
essa situação, principalmente na condição de educadores, pois temos o dever
de posicionarmo-nos criticamente, propondo uma intervenção pedagógica que
seja capaz de criar alternativas a esse modelo de sociedade vigente.
A Capoeira representa uma possibilidade concreta na construção de
soluções críticas e criativas como alternativas pedagógicas de intervenção,
principalmente no que diz respeito ao trabalho voltado para as camadas mais
carentes de nossa população. Isso fica bem claro conforme o relato do mestre
de capoeira Arrepiado que trabalha em programas estaduais e municipais nas
escolas de Rio Branco: ” A capoeira tem um potencial gigantesco enquanto
instrumento educacional, serve como um instrumento aglutinador para chama a
atenção dos jovens e adolescente, sendo um instrumento de formação e
informação. ”
Através do ambiente escolar a capoeira promover a diversidade étnica e
cultural resgatando um bem específico da cultura afro-brasileira. A capoeira
envolve várias disciplinas que possam possibilitar uma abordagem mais ampla.
Para tanto se faz necessário considerá-la como conhecimento
historicamente produzido, como fenômeno que estabelece relações como
movimento de complexidade e como manifestação da cultura corporal,
reconstruída e resinificada a partir da oralidade cultural.
2.1.1.1 Aprofundamentos do tema específico
O Projeto de Intervenção Pedagógica sobre a capoeira, surgi com o
objetivo de começar a implementar a lei na instituição de ensino e sensibilizar
educandos do 4 ano do ensino Fundamental sobre a importância da
valorização da diversidade étnica e cultural e as contribuições do povo negro à
nação brasileira, estimulando-os a fazer pesquisa e outros sobre a origem da
capoeira.
Primeiro passo do projeto foi fazer uma entrevista com um mestre de
capoeira, para saber como vem sendo dissolvida a capoeira nas escolas. A
entrevista foi realizada com o mestre Arrepiado, que vem fazendo alguns
trabalhos em programas estaduais e municipais do município. Infelizmente
capoeira e vista somente como um esporte, que ajudar a manter a manter e
corpo equilíbrio dos praticantes e não como um assunto a ser trabalhando
na História e Cultura Afro-Brasileira. Isso fica bem claro conforme o relato
do mestre Arrepiado: “ A capoeira tem contribuído e buscado parceria com
as escolas, no que se trata em relação aos órgãos gestores secretarias de
educação, ainda se tem um atraso quando se para, para ver toda política
pública que hoje a capoeira tem ao se trabalha a História e Cultura Afro-
Brasileira, a capoeira poderia ser o cargo chefe de desenvolver um trabalho,
porem os mestre de capoeira tem dificuldade de ser reconhecido com um
profissional pelos órgãos gestores”. Neste sentido percebe que a Lei
Federal nº 10.639, não está sendo implementada nas escolas.
Segundo passo foi aplicar um teste aos gestores da escola para saber
se a escola combate a descriminação, foi realizado com os coordenadores
pedagógico, e de ensino, o resultado da entrevista mostrou que a escola
está na fase de negação. O assunto está começando a ser discutido. E
preciso que todos admitam a existência do racismo na sociedade e no
ambiente escolar. E que a verdadeira história do povo negro sirva de
exemplo de luta pela cidadania a todos os alunos.
Depois do teste e da roda de conversa como estava sendo o trabalho
em relação a Lei Federal nº 10.639, a escola sensibilizada com o projeto,
“como um grito de alerta” para começar a inserir no currículo escolar o
ensino de História e Cultura Afro-Brasileira, realiza um encontro pedagógico
com os professores voltado a estudar a Lei Federal nº 10.639/2003 com
sugestões de como começar inseri no currículo escolar da escola, revendo
a Proposta pedagógico e inserindo como conteúdo a ser trabalho a parti de
2015 em todas as séries do ensino fundamental I. Sendo que na escola a lei
não e aplicada, somente se comemora o dia 20 de novembro, com uma
abordagem sem fundamentos teóricos.
O projeto começou a ser desenvolvido no mês de outubro e finalizou no
mês de novembro de 2014, com a duração de 15 horas, as disciplinas
envolvidas foram história, geografia, português.
A primeira aula foi de história, com uma roda de conversa sobre a
origem da capoeira, já que alguns alunos da sala já praticaram esse esporte
depois da roda de conversa os alunos assistiram o documentário, Origem da
capoeira no Brasil parti 1, TVcapoeira. O documentário conta a história da
Capoeira no Brasil, com uma linguagem simples e clara. Despertando nos
alunos um interesse e curiosidade sobre o surgimento da capoeira nas
senzalas e sua evolução até hoje.
A segunda aula envolveu geografia, onde os alunos observaram no
mapa do livro no livro didático a região que os africanos escravizando pelos
portugueses saíram e a onde eles chegaram.
A terceira aula foi de português, onde os alunos produziram um texto
sofre a origem da capoeira usado os seus conhecimentos das aulas anteriores.
O resultado do projeto mostrou que se pode inseri a História e Cultura
Afro-Brasileira nos currículos escolar e que o professor pode trabalhar e de
forma prazerosa e educativa a Origem da capoeira envolvendo todas as
disciplinas. Isso fica bem claro quando o mestre Arrepiado diz: “A capoeira visa
a formação de cidadãos com consciência da sua cultura, origem e costumes e
de onde viemos, e isso se dá principalmente no âmbito escolar”.
2.1.1.1.1 Conclusões do detalhamento do tema específico
A Capoeira é potencialmente alegre e provedora de uma história de luta
pela liberdade de um povo que nos deixou uma como herança cultural que se
fIrmou como esporte mundialmente conhecido.
A começar ela apresenta sua multiplicidade de facetas que ela
apresenta. Dança, jogo, luta, esporte, cultura, folclore, história, filosofia de vida;
ela é capaz de comportar em um mesmo ambiente os anseios mais diversos e
satisfazê-los de modos distintos.
Mas uma vez isso fica bem claro no relato do mestre Arrepiado quando
ele diz: “ A capoeira e diversidade e um esporte nacional reconhecido, cultura
reconhecida pela UNESCO, sua eficiência enquanto luta que veio da
resistência e do negro por não possui armas e viu um meio subsistência e
resistência a escravidão através do seu próprio corpo, ela e diversa”.
Nesse sentido, didaticamente a capoeira oferece condições para se
despertar a alegria e o interesse pelo saber de forma indisciplina.
O ensino da história e cultura afro-brasileira e africana no Brasil
sempre foi lembrado nas aulas de História com o tema da escravidão negra
africana. Neste sentido o presente trabalho esboçar uma reflexão acerca da
Lei 10.639, e como inseri conteúdos no currículo escolar e trabalhar de forma
interdisciplinar conteúdos da história e cultura afro-brasileira e africana. O
projeto aplicado mostra muita bem como se pode trabalhar, usando como
tema capoeira na escola, trabalhando sua origem, usando uma metodologia
teórica para chega até a pratica. Isso fica bem mais claro quando,
NATIVIDADE,2005, diz: “A capoeira pode ganhar maior força para ser
reconhecida como conteúdo riquíssimo para o acervo cultural do aluno,
desenvolvendo não somente os aspectos motor, mas também o cognitivo e
afetivo-social."
A temática Capoeira pode ser desenvolvida de modo integrado com
várias disciplinas como a de História, Geografia, Artes, português.
Em História pode-se trabalhar a história da escravidão no Brasil, dando
ênfase na origem da capoeira, também pode se trabalhar suas tradições e
costumes culturais dos povos africanos no contexto brasileiro e como se reflete
nos dias de hoje. Tudo isso usando uma metodologia através da oralidade,
documentários, pesquisas e outros que pode ser desenvolvida de modo
integrado com a disciplina de Geografia, no conteúdo de localização
geográfica, a localização do continente africano e o caminho do navio negreiro
até chegar ao Brasil, economia e desenvolvimento humano do povo africano e
do Brasil no início da escravidão em português usando a escrita através de
produção textual, origem das palavras de origem africanas e outros.
A Lei nº 10.639, no artigo 26-A, tornar-se obrigatório o ensino da história
e cultura afro-brasileira em todo o currículo escolar. Porem as escolas ainda
não conseguiram implementar nos currículos escolares, muitos nem tem ideia
de como trabalhar, para isso os coordenadores e Professores de Educação
tem que ter um conhecimento sobre história afro-brasileira, e da Capoeira
como parte importante dessa história, as secretarias tem que capacitar esses
profissionais que estão sem norte de como trabalhar a história e cultura afro-
brasileira e africana.
4. REFERÊNCIAS
AREIAS, Almir das. O que é capoeira. São Paulo: Brasiliense, 1983.
CAMPOS, Hélio José B. Carneiro. Capoeira na escola. Salvador: Presscolor,
1990.
RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro. Rio de Janeiro: Companhia das Le
tras, 1995.
FARINA, Sinval, Pedagogia da Mandinga: A Capoeira como expressão de
liberdade no currículo escolar e no mundo da rua. Revista Didática
Sistêmica, v. 13, nº 02, 2011 p.94.
Capoeira: história, mestres, golpe, instrumento música e prática. Disponível
em: http://360graus.terra.com.br/geral/default.asp?did=2046&action=news.
Acesso em:10 de outubro de 2014, 16:25.
História da capoeira.
Disponível:http://www.suapesquisa.com/educacaoesportes/
historia_da_capoeira.htm. Acesso em: 8 de outubro de 2014, 14:23
Disponivel: http://br.monografias.com/trabalhos3/capoeira-na-escola/capoeira-
na-escola2.shtml. Acesso em:8 de outubro de 2014, as 18:30
5. ANEXOS
Foto: Divanilda costa
Foto: Divanilda Costa
Foto: Divanilda Costa
CAPOEIRA NA ESCOLAPROJETO DE INTERVENCAO PEDAGOGICA
ENTREVISTADO: Mestre
ENTREVISTADORA: Divanilda Costa
DATA:
LOCAL:
HORÁRIO:
ROTEIRO:
1-Qual o significado da capoeira para você ?
2-Voce conhece a origem da capoeira ?
3-qual a abordagem que você faz, quando vai iniciar a capoeira com um grupo
novo?
4-como você trabalha a capoeira na escola?De que forma?
5-Qual o real sentido desta prática ?
6-Qual o objetivo?
7-Podemos considerar a capoeira uma dança ou um esporte?
8-A capoeira pode ser usada para educar?
9-Qual a relação da capoeira com educação ?
10 - Site alguns instrumentos?
REFLEXÃO
Sua escola combate à discriminação?
1. A trajetória histórica do negro é estudada...
a. nas efemérides: 13 de maio, no mês do folclore, 20 de novembro ( )
b. como conteúdo pedagógico amplamente explorado em sala de aula ( )
c. não é estudada ( )
2. Acredita-se que o racismo é para ser tratado...
a. como conteúdo nas várias áreas que possibilitem tratar o assunto ( )
b. pelos movimentos sociais ( )
c. quando acontece algum caso evidente na escola ( )
3. A cultura negra é...
a. estudada como rico folclore do Brasil ( )
b. um tema presente na proposta pedagógica da escola ( )
c. assunto de aula quando surge alguma notícia na imprensa ( )
4. O currículo...
a. baseia-se nas contribuições das culturas européias representadas nos livros
didáticos ( )
b. aborda positivamente a diversidade racial e as verdadeiras contribuições
de todos os povos ( )
c. procura apresentar aos alunos informação também sobre os indígenas
e negros brasileiros ( )
5. Você, professor...
a. é neutro quanto às questões sociais, pois seu trabalho se baseia apenas nos
conteúdos dos livros didáticos e manuais pedagógicos ( )
b. reavalia sua prática cotidiana e reflete sobre os valores e conceitos que traz
introjetados sobre o povo e a cultura negra ( )
c. tem investido em formação e buscado informações sobre as questões raciais
( )
6. A abordagem das questões raciais...
a. não é feita com profundidade, pois a escola prioriza outras temáticas mais
relevantes para nosso contexto ( )
b. é contextualizada na realidade dos alunos, promove uma análise crítica do
assunto e visa a transformação dos conceitos preconceituosos ( )
c. não acontece, pois não é considerada assunto para a escola ( )
7. As diferenças culturais entre os diversos povos...
a. não são tratadas, pois não temos informações suficientes e o assunto é
polêmico ( )
b. servem como reflexão para rever posturas preconceituosas e comparações
hierarquizadas ( )
c. são mostradas como diversidade cultural brasileira ( )
8. As situações de desigualdade e discriminação presentes na sociedade...
a. são temas de reflexão para todos os alunos ( )
b. são discutidas apenas com os alunos discriminados ( )
c. são discussões estratégicas para conscientização dos alunos quanto à luta
contra todas as formas de injustiça social ( )
9. Acredita-se que, para fortalecer o reconhecimento, a aceitação e o respeito à
diversidade racial, deve-se...
a. promover o orgulho racial de seus alunos ( )
b. procurar não chamar a atenção para as visões estereotipadas sobre os
negros em livros, produções e textos existentes no material didático ( )
c. promover maior conhecimento sobre as heranças culturais brasileiras ( )
10. A linguagem verbal utilizada no cotidiano escolar...
a. tem o poder de influenciar nas questões de racismo e discriminação ( )
b. se vale de expressões referentes à cor dos alunos, como neguinha , negão
ou preto ( )
c. não tem influência direta nas questões raciais ( )
11. Quanto ao trabalho escolar sobre a temática racismo...
a. alguns professores tratam o assunto em determinadas etapas do ano letivo
( )
b. existe um trabalho coletivo com a participação de todos, inclusive direção e
funcionários ( )
c. existe resistência de alguns colegas para tratar a questão racial ( )
12. Na biblioteca da escola...
a. existem muitos e variados livros sobre a questão racial para alunos e
professores ( )
b. existem poucos títulos sobre a questão racial ( )
c. não existe literatura que contemple a questão racial ( )
13. Quanto à capacitação sobre a questão racial, você...
a. ainda não teve oportunidade de estudar o assunto ( )
b. participou de cursos e grupos de estudos sobre a questão racial ( )
c. tem procurado incorporar o assunto nas reuniões pedagógicas, grupos de
estudos e momentos de formação ( )
Confira o resultado :
1- a. 1 b. 2 c. 0
2- a. 2 b. 0 c. 1
3- a. 0 b. 2 c. 1
4- a. 0 b. 2 c. 1
5- a. 0 b. 2 c. 1
6- a. 1 b. 2 c.0
7- a. 0 b. 2 c. 1
8- a. 1 b. 0 c. 2
9- a. 2 b. 0 c. 1
10- a. 2 b. 0 c. 0
11- a. 1 b. 2 c. 0
12- a. 2 b. 1 c. 0
13- a. 0 b. 1 c. 2
Até 6 pontos
Sua escola está na fase da invisibilidade .O tema ainda é tabu. Os alunos estão
perdendo a oportunidade de formação de valores essenciais para uma
convivência harmônica em sociedade. Que pena!
De 7 a 18 pontos
Sua escola está na fase da negação .O assunto racial está começando a ser
discutido. É preciso que a maioria dos professores admita a existência do
racismo na sociedade e no ambiente escolar. E que a verdadeira história de
resistência do povo negro sirva de exemplo de luta pela cidadania a todos os
alunos.
De 19 a 25 pontos
Sua escola está na fase de reconhecimento .Muito bem! Vocês estão no
caminho certo! Reconhecem a necessidade urgente de transformar a escola
em um espaço de combate ao racismo e a discriminação.
26 pontos
Sua escola está na fase do avanço.Parabéns! Vocês não temem o trabalho
sobre as diferenças raciais e apresentam uma postura ética e humanista. A
equipe está no caminho do aperfeiçoamento da prática pedagógica. E assim
busca não fomentar o preconceito e a discriminação.
(Este teste foi adaptado do Almanaque Pedagógico Afro Brasileiro de Rosa
Margarida de Carvalho Rocha- Ed. Mazza)