SURDEZ E LIBRAS Tatiana Bolivar Lebedeff UFPEL – CEAD tblebedeff@gmail.com.

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SURDEZ E LIBRAS

Tatiana Bolivar LebedeffUFPEL – CEADtblebedeff@gmail.com

Experiência Bilíngue Equívocos no

Letramento/Alfabetização de Surdos

Sugestões para o Letramento/Alfabetização de Surdos

Preconiza que o surdo deve ser exposto o mais precocemente possível a uma língua de sinais, identificada como uma língua passível de ser adquirida por ele sem que sejam necessárias condições especiais de “aprendizagem”.

(Lacerda, 2000, p.53)

Estudos de Yoshinaga-Itano (1999) sugerem que expor crianças surdas a Língua de Sinais aos 8 meses de idade já é demasiadamente tarde.

Sistemas públicos de saúde e educação trabalham em conjunto nos EUA para reverter o acesso tardio à Língua de Sinais (Colorado e Pensilvânia).

Duas escolas estaduais do Município de Passo Fundo/RS

Uma escola estadual no Município de Erechim/RS

Uma escola municipal no Município de Pombal/PB

Escolas não possuíam professor surdo; Intérpretes contratadas pela APAS; Oficina de Libras uma vez por semana com

professor pago pela APAS para as classes especiais;

Português ensinado como língua materna; Nenhuma interlocução com a comunidade

surda; Ouvintes não aprendiam Libras (professores

ou colegas); Média de 3 trocas de escola por aluno; Entre outros dramas....

Placas nas portas das salas de aula com tradução em alfabeto datilológico;

Classes especiais; Intérprete paga pela APAS; Português ensinado como língua

materna; Poucos professores no curso de Libras.

Professor não sabe Libras; Presença de intérprete que traduz para

um surdo escolarizado que traduz para os alunos;

Ensino de Português como língua materna.

Alta discrepância na relação idade-série - alunos reclamam da infantilização das práticas pedagógicas.

1) são imensas as dificuldades de aquisição e desenvolvimento de língua de sinais pelos alunos surdos em virtude da falta de interação com modelos linguísticos adequados;

2) ainda não ocorrem concursos públicos para TILS; 3) em muitos municípios são as ONGs que contratam os TILs e

os disponibilizam para os alunos; 4) em muitas escolas os TILs são professores em desvio de

função, sem formação, perdendo vantagens no plano de carreira;

5) sabe-se que é praticamente inexistente o ensino de língua portuguesa na perspectiva de língua estrangeira

6) as professoras que recebem alunos surdos desconhecem as singularidades da surdez no que se refere à língua, cultura, identidade, experiência visual, o que fragiliza a proposta pedagógica;

7) não há formação continuada para os professores que recebem alunos surdos em inclusão;

8) as professoras que recebem alunos surdos não sabem se comunicar com os surdos;

9) não existe a estrutura de apoio pedagógico para professores e alunos previstas na legislação;

10) as escolas que incluem alunos surdos não possuem em sua grade curricular a Libras como disciplina.

Prática pedagógica baseada na literatura; Todos os professores devem se comunicar

em sinais, inclusive quando são dois ouvintes e estiverem no corredor;

Classes de surdos separados de ouvintes, entretanto, os ouvintes são bilíngues;

Inglês escrito ensinado como segunda língua;

Arquitetura da escola explora a experiência visual;

Realização de cursos de formação para toda a equipe das escolas – surdez/ ser surdo / reconhecimento da Libras como única língua que possibilitaria aprendizagem ao sujeito surdo;

Cursos sobre metodologia e estratégias de ensino para alunos surdos.

Contratação de intérpretes; Contratação de instrutores surdos para ensinar libras aos

profissionais da escola e responsáveis pelo desenvolvimento linguístico em Libras dos alunos surdos;

Contratação de auxiliares de pesquisa para atuarem na organização e implementação das propostas;

Salas de aula com 4 a 6 alunos surdos; Turmas com até 20 alunos, no máximo; Transporte escolar da Prefeitura para deslocamento. Oficinas de Libras para crianças surdas em turno inverso; Nos períodos de Português alunos surdos com oficinas de

Português como segunda língua (Pedagogo especializado + instrutor surdo);

O programa iniciou em 2004, após dois anos de acompanhamento as pesquisadoras sugeriram aos representantes do Setor de Educação Especial da Prefeitura a criação de salas “Libras língua de instrução”.

O que significa ser bilíngue; O que é necessário para que a escola seja

bilíngue; Os tensionamentos culturais de uma proposta

bilíngue; Os investimentos necessários para a proposta

bilíngue (contratação de recursos humanos, capacitação profissional, entre outros);

Inverter a lógica sobre quem “deve ser” bilíngue dentro das escolas – o ouvinte também deve ser bilíngue.

Equívocos no Letramento/Alfabetização

de Surdos

Reescrita de textos de forma simplificada, omitindo diversos elementos da língua portuguesa, tais como artigos, preposições, entre outros.

Outra maneira de simplificar é sublinhar as palavras “autorizadas” para serem lidas nos textos. Essa reescrita teria a finalidade de “facilitar” a leitura e compreensão.

Criação de textos irreais. O ideal é mostrar ao surdo que existem

diferenças entre as duas línguas.

A preocupação em traduzir fielmente cada palavra por um sinal, muitas vezes, prejudica a compreensão do texto.

Nem todas as palavras do português possuem tradução fiel para a Língua Brasileira de Sinais e vice-versa.

A palavra não existe isolada, mas em relação com outras dentro do texto.

O mais importante é tentar atribuir sentido ao material escrito.

Muitos dos professores de surdos iniciam suas atividades sem conhecer a surdez, então, utilizam seus conhecimentos de como ensinar língua escrita para ouvintes na tarefa de ensinar os surdos.

Esses conhecimentos, não raro, foram construídos na esteira do método fônico.

Infelizmente, muitas crianças surdas brasileiras ainda chegam às escolas com 7, 8 anos de idade sem terem contato, até então, com a Libras.

Muitas vezes, são ensinadas apenas poucas estruturas frasais, para que sejam possíveis muitas repetições e assim, o aluno possa “decorar” o seu uso.

Deve-se discutir o papel da comunidade surda e a importância do modelo surdo para o desenvolvimento linguístico, psíquico e identitário da pessoa surda.

www.literaturasurda.com.br

Sugestões para o Letramento/Alfabetização de

Surdos

Sabe-se que é inegável a importância de leitura de histórias para o desenvolvimento de crianças.

As crianças surdas precisam, além de muita leitura, da possibilidade de participação na produção de histórias.

Além disso, é muito importante que muitas dessas leituras e produções tenham a pessoa e a cultura surda como protagonistas.

Ensino do Português como segunda língua.

Realizar inferências em Língua de Sinais: um dos aspectos do uso da linguagem é a possibilidade de realização de inferências.

Fluência conversacional: no período em que a criança ouvinte começa a aprender a ler, ela já possui uma fluência conversacional em sua língua nativa e pode ser ensinada a transferir esse conhecimento para a leitura.

Muitas das crianças surdas nascidas em lares ouvintes desconhecem dados da cultura ou da história dos surdos e da própria comunidade a que pertencem.

Disponibilizar às crianças surdas e seus familiares livros, softwares, sites, entre outros artefatos, que permitam o contato e o conhecimento da história e da cultura surda, bem como colocar as crianças e as famílias em contato com a comunidade surda.

Leitura e escrita como prática discursiva e cultural: as práticas de leitura e escrita com surdos necessitam de contextualização, devem ser organizadas como práticas culturais, com atribuição de significado.

Registro sistemático de experiências, dos acontecimentos do contexto e das narrativas que são produzidas em Libras.