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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
SUPLEMENTAÇÃO DE FERRO PARA LEITÕES (REVISÃO)
MARIANA SOUZA DE MOURA
Revisão de literatura apresentada como parte das exigências da disciplina Seminário I do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal.
CAMPO GRANDE - MS MAIO - 2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
SUPLEMENTAÇÃO DE FERRO PARA LEITÕES (REVISÃO)
MARIANA SOUZA DE MOURA
Zootecnista
Orientador: Prof. Dr. CHARLES KIEFER
Revisão de literatura apresentada como parte das exigências da disciplina Seminário I do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal.
CAMPO GRANDE - MS MAIO - 2008
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Suplementação de ferro para leitões (Revisão)
Resumo: Após adoção do sistema confinado de criação, os suínos ficaram privados do
acesso ao solo de onde dispunha do elemento ferro necessário ao organismo, sendo a
categoria dos leitões a mais afetada com ocorrência de anemia e possível morte. Os
principais fatores para desencadear a anemia dos leitões estão à baixa transferência de ferro
da mãe através da placenta e do leite e a baixa reserva de ferro ao nascimento que podem
interferir no desempenho animal. Para tanto, existem várias alternativas que podem ser
adotadas com o objetivo de evitar essa deficiência, como a adoção de aplicação de ferro
dextrano ou a suplementação de diferentes fontes de ferro. Portanto, objetivou-se com esta
revisão analisar as diferentes formas de suplementação de ferro fornecida aos leitões, bem
como determinar os níveis ideais, forma de utilização e administração de ferro para suínos.
Palavras-chave: anemia ferropriva, ferro dextrano, suplementação alimentar
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Supplementation of iron for piglets (Review)
Abstract: After adoption of the system compound of creation, the pigs were deprived of
access to land from which possess the necessary element iron to the body, and the category
of piglets most affected by the occurrence of anemia and possible death. The main factors
to trigger the anemia of piglets are the low transfer of iron from the mother through the
placenta and milk and low reserves of iron at birth that can interfere with animal
performance. For both, there are several alternatives that may be adopted in order to avoid
this deficiency, as the adoption of application of iron dextran or the addition of different
sources of iron. So it was aimed to analyze the review with the various forms of iron
supplementation given to piglets, and determine the optimal levels, the use and
administration of iron for pigs.
Key Words: iron deficiency anemia, iron dextran, nutritional supplements
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Introdução
O sistema de produção de suínos no Brasil, a partir da década de 70, passou
gradualmente de criações pequenas e extensivas para criações confinadas e intensivas, com
maior concentração de suínos por área. Essas mudanças resultaram em uma preocupação
maior por parte dos produtores, com a necessidade de suplementação específica para os
leitões (Nunes et al., 1997).
A importância da suplementação mineral para suínos aumentou devido a uma série de
fatores como o melhoramento genético, resultando em animais com maior velocidade de
ganho de peso, leitegadas numerosas e de alta precocidade; o modelo de criação em
confinamento, retirando a possibilidade de contato direto com a terra, importante fonte
mineral; a retirada ou redução do uso de farinhas de origem animal nas rações devido a
problemas de doenças, sendo estas, fontes ricas em minerais; as rações a base de
ingredientes vegetais, pobres em minerais; o uso de rações com maior densidade de
nutrientes, implicando também em aumento da suplementação dos minerais e, aumento da
preocupação com a excreção mineral no ambiente. Assim, todos estes fatores influíram de
forma decisiva em aumentar os cuidados no fornecimento mineral para uma nutrição mais
adequada dos suínos modernos (Bertechini, 2006 b).
Os microminerais exercem grande importância para a nutrição animal, já que são
constituintes de células e tecidos, possuindo ainda função de regulação de diversos
processos biológicos vitais (Monteiro, 2006).
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Na suinocultura moderna, uma das maiores preocupações com mineral, refere-se ao
ferro. Este é o micromineral de maior exigência dietética e também, o que se têm maiores
estudos sobre a sua suplementação (Bertechini, 2006 a).
Nos últimos anos tem-se procurado determinar os níveis ideais de suplementação de
ferro para suínos, bem como a sua forma de utilização e administração, portanto, objetivou-
se através desta revisão analisar as diferentes formas de suplementação de ferro fornecida
aos leitões, bem como determinar os níveis ideais, forma de utilização e administração de
ferro para suínos.
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Histórico da Anemia Ferropriva
Embora o homem já soubesse dos benefícios da ingestão de alimentos ricos em ferro,
foi somente em 1872, que Boussingault, reconheceu este mineral como um nutriente vital
para os animais (Anderson & Easter, 1999).
Doyle et al. (1927) é tido como o primeiro pesquisador a descrever quadros de
anemia ferropriva em leitões criados em maternidades confinadas na Alemanha onde esses
animais não tinham acesso a terra e, portanto não dispunham desse mineral. Quando
confinados, a dieta era pobre em ferro e os animais começaram a ficar brancos e com pelos
ásperos e a morte súbita era comum. Em autópsia, observaram o sangue aquoso e os órgãos
pálidos. Assim, doses de óxido de ferro foram administradas e os animais tiveram uma
melhora visível tanto no aspecto quanto na melhora da alimentação.
Os primeiros pesquisadores que associaram anemia em leitões lactantes com
deficiência de ferro foram McGowan e Chrichton, em 1924. O primeiro pesquisador a
realizar este trabalho nos Estados Unidos da América foi Hart et al. (1929), demonstrando
que quadros de anemia poderiam ser prevenidos através da suplementação oral com sulfato
férrico ou ferroso.
Anemia Ferropriva
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Ao nascer os leitões possuem reserva principalmente hepática para o atendimento da
alta necessidade nutricional para biossíntese de hemoglobina, no início da vida extra-
uterina desses animais, sendo que esta reserva se esgota rapidamente, podendo durar não
mais do que 5 dias para os leitões maiores da leitegada (Bertechini, 2006 a). O leitão recém
nascido possui aproximadamente 50 mg de ferro ao nascimento, sendo que a maioria deste
está depositado na forma de hemoglobina (Munro, 1977). Na prática tem-se utilizado o
ferro dextrano com suplementação de 100 mg em duas aplicações ou 200 mg em uma dose
aos 3 dias de idade. Garantindo assim a suplementação de ferro para evitar a anemia
(Bertechini, 2006 a).
Ao menos que uma fonte suplementar de ferro seja disponível para os leitões a
anemia por deficiência de ferro (hipocrômica microcítica) não se desenvolverá. Essa
deficiência acomete os leitões por volta das primeiras semanas de vida (Viola, 2003).
Os níveis de hemoglobina no sangue decrescem de 10g/dL para 4g/dL. Um dos
primeiros sinais de anemia crônica é a aspereza do pelo. O pelo é áspero, grosseiro e ereto e
a pele fica enrugada. Os animais ficam apáticos, a cabeça e as pálpebras caídas, as orelhas e
a cauda ficam moles (Viola, 2003).
A não suplementação deste mineral causa anemia ferropriva e altas taxas de
mortalidade em leitões na maternidade. Para reposição e suplementação de ferro, a forma
mais prática de manejo até então existente eram as injeções subcutâneas ou
intramusculares, na região do pescoço dos leitões (Monteiro, 2006).
Funções do ferro
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Uma de suas funções é na formação direta da hemoglobina e no transporte de
oxigênio (Monteiro, 2006). O ferro está presente em muitas enzimas responsáveis pelo
transporte de elétrons (citocromos), pela ativação do oxigênio (oxidases e oxigenases) e
pelo transporte de oxigênio (hemoglobina e mioglobina). Também Underwood (1981),
refere-se à presença de ferro nas enzimas hemoprotéicas (citocromos) e a função destas
enzimas nos mecanismos oxidativos de todas as células.
Toxidez do ferro
Considerando que o excesso e a deficiência de ferro podem causar morte celular, os
níveis desse elemento devem ser controlados. O duplo desafio para evitar a deficiência e o
excesso de ferro requer distintos mecanismos homeostáticos nas células, nos tecidos e no
sistema orgânico (Hentze et al., 2004).
Puntarulo (2005) refere que além da sua essenciabilidade, o ferro pode apresentar
efeitos tóxicos quando em excesso, gerando um estresse oxidativo com danos irreparáveis à
membrana lipídica celular, através de um aumento de radicais intermediários ricos em
oxigênio. Este fato pode ocorrer no caso das aplicações injetáveis de ferro dextrano, quando
uma dose maciça deste mineral é fornecida ao leitão em uma única aplicação.
O excesso de ferro atinge a corrente sangüínea após ingestão ou injeção parenteral. O
ferro livre no soro, que excede a capacidade de transporte da transferrina, causa danos às
membranas celulares, resultando em lesão vascular, hepática, choque e morte (Sobestiansky
et al., 1999).
Suplementação de ferro em altas doses (5.102 mg kg-1 ferro) causa efeito adverso no
desempenho de leitões devido à deficiência de fósforo por interferência na sua absorção
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(Yu et al., 2000). O uso de fitase não desencadeia liberação excessiva de ferro para o
organismo do suíno. Esse fato é particularmente importante, pois o ferro em excesso
depositado nos tecidos pode causar lesões graves, particularmente no coração, no fígado e
nas glândulas (Hoffbrand et al., 2004).
Absorção do ferro
Há numerosos fatores que afetam a absorção de ferro e sua biodisponibilidade, tais
como idade (animais mais novos tem uma assimilação de ferro maior do que animais mais
velhos), forma ou estado do ferro (a forma ferrosa é mais absorvível que a forma férrica),
espécie (suínos jovens absorvem melhor o ferro e sofrem mais com problemas de anemia
do que outras espécies, onde a anemia só atinge em caso de perdas sangüínea ou infecções
hematológicas), dosagem (absorção de ferro da hemoglobina tem uma relação inversa ao
nível de dosagem), e presença de outros nutrientes dos componentes da dieta alimentar
tanto orgânico e inorgânico (Anderson & Easter, 1999).
O ferro é absorvido pelas células da mucosa epitelial duodenal em uma das três
seguintes formas: ferroso, férrico ou como parte de um componente orgânico (Monteiro,
2006). A forma ferrosa (Fe ++) é a mais solúvel e, portanto, a mais indicada como
suplemento alimentar (Bertechini, 2006 b).
A absorção de ferro já foi muito estudada e os relatos indicam que existe controle
absortivo ao nível de parede intestinal através da apoferritina. De maneira geral ocorre
maior absorção quando existe maior demanda do microelemento. Assim, animais em fase
pré-inicial/inicial demandam mais ferro e também conseguem maior taxa de absorção a
qual é naturalmente baixa nas fases posteriores (Bertechini, 2006 b). Sendo em leitões
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recém-nascidos uma assimilação de 99% do ferro da dieta e em animais adultos esta
assimilação está ao redor de 12% (Tabela 1).
Tabela 1 – Assimilação de ferro dietético por suínos de diferentes idades.
Idade Assimilação (%)
1 – 5 dias 95 - 99
8 – 9 semanas 12
Fonte: Adaptado de Bertechini (2006 b).
A transferência de ferro plasmático para o leite ocorre inicialmente pelos receptores
de transferrina (TfR) localizados nas células epiteliais secretoras da glândula mamária. A
transferrina se liga ao TfR e entra na célula onde se funde com os endossomos. O meio
ácido facilita a liberação do ferro do complexo transferrina-TfR e a saída do Fe é facilitada
pelo transportador de metal divaltente-1 (DMT1). Dentro da célula o ferro participa de
inúmeros processos ou é exportado para o leite. O transporte para o leite ocorre pela
ferroportina (FNP) localizada no retículo endoplasmático que facilita o transporte do ferro
intracelular dentro de uma vesícula (Bertechini, 2006 b).
O leite materno contém uma glicoproteína com capacidade de ligar-se ao ferro,
chamada lactoferrina. A lactoferrina possui uma importante atividade no mecanismo de
absorção de ferro em leitões em aleitamento (Gislason et al., 1995). A lactoferrina compete
com as bactérias existentes no lúmen intestinal por ferro, uma vez que este mineral é um
importante nutriente para bactérias entéricas. Além deste possível efeito protetor, a
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lactoferrina facilita a absorção de ferro através de um mecanismo de receptor mediado, e é
encontrada ao longo de toda membrana epitelial das células do intestino delgado destes
leitões neonatos (Gislason et al., 1993).
O ferro reduzido (Fe2+) é absorvido em sentido unidirecional, ou seja, da luz do
intestino ao líquido circulante e aos tecidos, com a participação da apoferritina que, ao
combinar-se com o metal, agora oxidado (Fe3+), forma a ferritina. Uma vez liberado da
ferritina e na forma reduzida (Fe2+), o ferro passa para a corrente circulatória. O ferro é
prontamente mobilizado quando necessário principalmente aquele ligado à ferritina,
enquanto a transferrina está relacionada como seu transporte. O ferro no organismo se
apresenta sob duas formas: ferrosa (Fe2 +) e férrica (Fe3 +). A forma ferrosa é encontrada na
hemoglobina, enquanto a férrica está armazenada na ferritina, além de estar combinada com
a transferrina, a principal proteína transportadora de ferro no plasma. Após absorção, o
ferro é oxidado e pode ser armazenado pela ferritina nas células da mucosa intestinal ou
captado pela transferrina e distribuído para outras células. A transferrina entrega o Fe3 + a
vários tecidos para a formação de citocromos, hemoglobina e mioglobina. O ferro não
utilizado é armazenado na ferritina (Monteiro, 2006).
Animais deficientes em ferro absorvem este elemento ingerido quase que diretamente
para o sangue, sendo que pouca quantidade permanece na mucosa intestinal, enquanto que
animais com adequado status deste mineral, transferem apenas uma pequena porção dele
através da mucosa epitelial intestinal para o sangue (Conrad & Crosby, 1963).
Deficiência do Ferro
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Para animais de criação, com exceção dos leitões, a deficiência de ferro é rara e de
difícil achado sob condições normais de criação, exceto em circunstâncias envolvendo
perda sanguínea ou distúrbios resultantes de infestações parasitárias ou doenças (Milman et
al., 2006).
A deficiência de ferro é basicamente associada a leitões lactantes criados em sistema
de confinamento ou animais dependentes de alimentação baseada exclusivamente em leite e
isto limita, portanto, por razões práticas, a importância da prevenção da anemia ferropriva
basicamente para com os leitões, sendo a exigência nutricional deste mineral para leitões no
período imediato pós desmame estimada em 80 mg/kg (NRC, 1998).
Vários fatores influenciam a manifestação deste quadro clínico de doença carêncial
de ferro (anemia ferropriva) como: baixa reserva de ferro ao nascimento; baixa
transferência de ferro da mãe aos leitões através da placenta; particularmente baixo nível de
ferro no leite materno das fêmeas suínas e rápida curva de crescimento após o nascimento,
quando comparado com outras espécies, uma vez que os leitões têm seu peso vivo
multiplicado por quatro ou cinco, desde o nascimento até o desmame aos 21 dias de idade
(Allen, 2005).
Métodos de análise de biodiagnóstico
Dois fatores tornam a hemoglobina um atraente parâmetro para medir a
biodisponibilidade de ferro, o primeiro pelo fato da hemoglobina ter em cerca de 60 – 80%
do ferro do corpo, tornando-se assim um sensível detector de absorção e em segundo lugar
a relativa facilidade de realizar determinações da hemoglobina.
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A concentração adequada de hemoglobina no sangue integral está em 100g/L,
enquanto que 80g/L sugere um valor limiar para manifestação de quadro anêmico
ferroprivo. Valores iguais ou abaixo de 70g/L indicam quadro anêmico (Zimmerman,
1980).
Níveis e formas de suplementação
A necessidade diária de ferro para leitões situa-se entre 5 e 10 mg/dia, principalmente
nas primeiras semanas. Através do leite materno apenas 1 mg de ferro é suprido, sendo
somente 10 a 20% das necessidades reais dos leitões, o que significa que os 80 a 90%
restantes devem ser mobilizados dos depósitos de ferro do organismo (Almeida et al.,
2007). O valor do mineral ferro obtido no colostro é de 1.8 x 10-3 mg/ml, enquanto que no
leite materno este valor é de 2.3 x 10-3 mg/ml (Monteiro, 2006). Ressalta-se ainda o fato de
que o leite da matriz suína é uma fonte pobre de ferro, contendo apenas 1 a 3 ppm deste
mineral (Venn, 1947).
Considerando que existe a necessidade de 21 mg de ferro para cada kg de ganho de
peso dos leitões na primeira semana de idade (Braude et al., 1962) e, um ganho de 1,5 kg
durante esta fase, tem-se uma demanda de 31,5 mg na semana, sendo 80% utilizada para
biossíntese de hemoglobina (Bertechini, 2006 b). Para uma taxa de crescimento normal, o
leitão recém nascido necessita de 7 a 16 mg de ferro por dia (Venn, 1947).
O colostro segundo Bertechini (2006 a) apresenta conteúdos de ferro, que podem
economizar uma parte da reserva orgânica no primeiro dia de vida do leitão. Os leitões de
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maiores pesos, concorrem pelos tetos de maior produção de leite, e desenvolvem-se mais
rapidamente, sendo que anão suplementação de ferro, prejudicaria esses leitões, sendo os
primeiros a apresentar sintomas de deficiência de ferro. Na prática existem várias maneiras
de suprir o ferro que o leitão necessita, como:
a) Injeção intramuscular de 100 mg de ferro (ferro dextrano, ferroglicina, ou
outras associações) no 3º e 11º dia de vida do leitão. O autor destaca esta a
maneira mais segura de garantir o suprimento de ferro aos leitões, existindo a
prática de aplicar 200 mg de uma só vez e isto implica em maior injúria no
tecido e também maior estresse aos animais devido à intensa dor dessa
aplicação, podendo-se verificar necrose do tecido ao abate.
b) Utilização de pasta antianêmica nas tetas das porcas. Este método é de difícil
implementação e não permite garantia do consumo adequado de ferro a todos
os animais da leitegada.
c) Utilização de terra vermelha (rica em ferro). Esta prática não é muito aceita
nas criações tecnificadas devido a problemas da qualidade do material usado
e, também, por apresentar ferro em sua maior parte na forma férrica, de baixa
solubilidade.
d) Suplementação das rações com sulfato ferroso. O uso do ferro nas rações é
meio adequado de suplementação, porem, os leitões começam a ingerir
alguma ração somente a partir de 7 dias de idade, sendo que o período mais
critico é a primeira semana de vida.
e) Suplementação das porcas durante a gestação com ferro na forma orgânica.
Esta medida pode elevar as reservas hepáticas ao nascer e também o conteúdo
no leite.
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O método mais antigo e empírico de suplementação de ferro para leitões é o de
fornecer terra rica em ferro, proveniente de locais não contaminados, durante as primeiras
semanas de vida dos leitões. Apesar dos resultados satisfatórios obtidos no desempenho dos
leitões, o método geralmente não tem sido bem aceito, uma vez que: a quantidade de ferro
na terra é variável; requer maior mão-de-obra; o manejo é aumentado devido à necessidade
de trocar frequentemente a terra e desconhecimento da percentagem do ferro presente na
terra, que é absorvível e metabolizável (Tomasi, s/d).
Lopes et al. (1982) comparando os efeitos da utilização de terra com o ferro dextrano,
concluíram que tanto o ferro dextrano quanto a terra foram eficientes quando se avalia o
desempenho e a não incidência de anemia nos leitões. Sendo os tratamentos constituídos
por: T1-200 mg de ferro dextrano em dosagem única, via intramuscular, no terceiro dia de
vida dos leitões; T2 - 1,0 kg de terra com 3,0 ppm de ferro; T3 - 1,0 Kg de terra com 11,0
ppm de ferro e T4 - 1,0 Kg de terra com 18,0 ppm de ferro. As terras nos tratamentos T2,
T3, e T4 foram administradas diariamente do 3º ao 21º dia de vida dos leitões. A
mortalidade de leitões durante o período de aleitamento (35 dias de idade) foi inferior nos
grupos que receberam terra (2,42 %) quando comparados com os que receberam ferro
dextrano (12,24 %), sendo esta diferença significativa ao teste de qui-quadrado. O emprego
de terra com diferentes níveis de ferro mostrou-se com opção econômica na prevenção da
anemia e no desempenho de leitões.
Em uma associação de terra com ferro dextrano no desempenho de leitões em
aleitamento, Nunes et al. (1981 b) fizeram uma analise de covariância para os pesos
médios, onde os tratamentos consistiam em: T1 – 100 mg de ferro dextrano ao 3º dia de
vida; T2 – 50 mg de ferro dextrano ao 3º dia de vida + 1 kg de terra/dia do 3º ao 35º dia de
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vida e T3 – 2 kg de terra/dia do 3º ao 35º dia de vida. A terra utilizada foi analisada e
apresentou 125,0 ppm de ferro.
Aos 21 dias os animais do T1 apresentaram desempenho semelhante ao T2, no
entanto não diferiu significativamente do T3 (Tabela 2). Portanto, Nunes et al. (1981 b)
concluíram que a substituição de 50 mg de ferro dextrano por 1 kg de terra, é tão eficiente
quanto 100 mg de ferro dextrano injetável.
Tabela 2 – Peso médio dos leitões ao nascer, aos 21 e aos 35 dias de idade em função dos
tratamentos.
Peso em Kg Tratamento
Ao nascer Aos 21 dias Aos 35 dias
T1 1,32 4,87 a 7,66 a
T2 1,10 4,41 ab 7,40 a
T3 1,42 4,62 b 6,91 b
CV (%) - 17,68 17,86
Médias com letras diferentes na mesma coluna diferem estatisticamente (p/0,05)
Fonte: Nunes et al. (1981 b).
Nunes et al. (1997) avaliando os efeitos do uso do ferro dextrano e do acesso a terra
no desempenho e na prevenção da anemia ferropriva em leitões não obteve diferença
significativa em relação aos pesos médios (Tabela 3) e sobre a concentração de
hemoglobina no sangue (Tabela 4). A terra utilizada no experimento foi analisada e
determinada seu teor (17,7 ppm)
Tabela 3– Efeito das fontes de ferro sobre o peso dos leitões (Kg)
Tratamento Peso vivo (Kg)
Ao nascer 7 dias 14 dias 21 dias
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Ferro Dextrano 1,4 a 2,3 a 3,4 a 4,5 a
Terra diária 1,4 a 2,4 a 3,6 a 4,9 a
Letras diferentes na mesma coluna diferem-se entre si (P>0,005).
Fonte: Nunes et al. (1997).
Tabela 4 – Efeito das fontes de ferro sobre a concentração de Hemoglobina no sangue
Tratamento Concentração de Hemoglobina (g/L)
Ao nascer 7 dias 14 dias 21 dias
Ferro Dextrano 8,55 9,43 10,75 11,19
Terra diária 8,87 8,72 10,46 11,28
CV (%) 11,46 9,13 14,02 13,15
Fonte: Nunes et al. (1997)
Nos últimos anos, o método de eleição para a prevenção da anemia dos leitões tem
sido a aplicação intramuscular ou subcutânea de um composto orgânico de ferro,
geralmente o ferro dextrano, entre o primeiro e o sétimo dia de idade. Esse método
apresenta as seguintes vantagens, quando comparado com os demais: é um método fácil,
seguro e higiênico; todos os leitões recebem quantidade suficiente e conhecida de ferro; a
queda eritrocitária pós-natal é superada com maior rapidez; a qualidade do quadro hemático
que existia por ocasião do parto é reconstituída, o mais tardar, até o 14° dia de idade; na
aplicação parenteral, o produto não produz efeito secundário no aparelho digestivo; menos
trabalhoso; possibilita o controle de medicação; inexistência da possibilidade de que o
produto seja vomitado ou eliminado sem aproveitamento como no caso do fornecimento
oral para os animais (Tomasi, s/d).
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Entre as desvantagens da administração por via oral, citam-se: a absorção de ferro
não é completa, ocorrendo principalmente no duodeno, e somente 10% - 30% são
absorvidos; a administração precisa ser diária, muitas vezes, individual, exigindo muita
mão-de-obra; a absorção do ferro diminui em casos de doenças do aparelho digestivo; a
administração por via oral pode provocar enterites e inclusive perdas de leitões por morte;
em casos de se deixar o suprimento de ferro à vontade dos leitões, não há garantia de uma
ótima hematopoese, resultando sintomas de anemia em 10% a 15% dos leitões; pelo fato de
alguns produtos comerciais à base de ferro possuírem antibióticos em sua composição, e
são passíveis de proporcionar o desenvolvimento de bactérias resistentes (Tomasi, s/d).
Avaliando a influência de diferentes níveis de ferro dextrano no desempenho dos
leitões, Nunes et al. (1981 a) avaliaram através dos tratamentos: T1– 100 mg de ferro
dextrano ao 3º dia de vida dos animais; T2– 50 mg de ferro dextrano ao 3º dia + 50 mg de
ferro dextrano ao 6º dia de vida; T3- 100 mg de ferro dextrano no 3º dia + 100 mg de ferro
dextrano ao 12º dia de vida e T4- 50 mg de ferro dextrano ao 3º dia + 50 mg de ferro
dextrano ao 6º dia + 50 mg de ferro dextrano ao 9º dia + 50 mg de ferro dextrano ao 12º dia
de vida aos animais.
Os pesos médios dos leitões em todos os tratamentos foram diferentes entre si, porem
o tratamento que melhor apresentou resultados conforme Nunes et al. (1981 a), aos 21 dias
de idade foi o tratamento T2, T4, T1 e T3, respectivamente (Tabela 5), isso indica que a
dosagem de 100 mg de ferro dextrano aplicado de uma só vez ou parcialmente, obtiveram
bons índices de peso.
Tabela 5 – Peso médio dos leitões em relação a diferentes níveis de ferro dextrano.
Tratamento Peso em Kg
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Ao nascer Aos 21 dias Aos 35 dias
T1 1,38 4,40 a 6,96 a
T2 1,13 5,09 b 7,00 a
T3 1,42 4,02 c 6,13 b
T4 1,17 4,69 d 6,78 c
Médias com letras distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de covariância (P/0,05)
Pesquisa recente de Oshtrakh et al. (2006) compararam o efeito de diferentes formas
de suplementos de ferro utilizando o fumarato férrico, sulfato ferroso e glicinato quelato
ferroso, e não constataram diferenças significativas entre as diferentes formas de
suplementação.
Calvo & Allue (1986), estudando o metabolismo do ferro em leitões, do nascimento
até 50 dias de idade e aplicando por injeção intramuscular de 100mg de ferro dextrano no
4º dia após o nascimento, verificaram, por meio do hematócrito, dosagem de hemoglobina,
ferro plasmático, ferritina plasmática e CTLF (capacidade total de ligação do ferro) que,
após a injeção, houve aumento do estoque de ferro até o 8º dia após nascimento. Houve
uma utilização significante de ferro de seus locais de armazenamento durante duas a três
semanas de vida do animal.
A administração de 100mg de ferro dextrano segundo Calvo & Allue (1986) não foi
suficiente para evitar o aparecimento de anemia ferropênica e também não foi suficiente
para manter as reservas desse elemento durante o período de amamentação. Os autores
também confirmaram a validade dos parâmetros de ferritina plasmática como indicador
confiável da quantidade de ferro estocado no organismo animal.
Em uma pesquisa com 4.691 leitões criados ao ar livre, na Hungria, Szabo & Bikei
(2002) suplementaram 2.347 suínos jovens com 1,5 mL (150 mg) de Ferriphor-10% (TAD
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Pharmaceutical GmbH, Bremerhaven, Alemanha) injetado intramuscularmente, no 3º dia
de idade. Os outros 2.344 leitões não foram suplementados. Os autores verificaram que os
suplementados apresentaram maior peso, maior concentração de hemoglobina, menores
taxas de morbidade e mortalidade.
Cocato et al. (2007) avaliaram a disponibilidade de um novo composto de ferro
revestido de uma camada de polissacarídeo natural, ou seja, microencapsulação de FeSO4
(sulfato ferroso), para a recuperação de hemoglobina em leitões anêmicos. Essa
microencapsulação teve como objetivo produzir um composto que não interagisse com o
meio ao qual foi adicionado, mas que fosse biodisponível ao animal. Portanto comparou-se
a microencapsulação do sulfato ferroso (disponibilizando 150,5 mg de ferro/kg) com o
sulfato ferroso heptahidratado não encapsulado (141,4 mg de ferro/kg) e com o Fe0 (143,5
mg de ferro/kg).
Para tanto a biodisponibilidade dos compostos de ferro em porcentagem de absorção
e de absorção relativa não foi diferente como demonstrado na Tabela 6. Para verificar a
existência de diferenças estatisticamente significantes entre os grupos utilizou-se a Análise
de Variância (ANOVA). O nível de significância estabelecido foi de 5%. O programa
utilizado foi SPSS for Windows version 11.5 (Cocato et al., 2007).
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Tabela 6 - Parâmetros de recuperação de hemoglobina em leitões anêmicos alimentados por
13 dias com rações com diferentes compostos de ferro.
1Não encapsulado 2Microencapsulação 3Fe 0 Param. biológicos Dia
Média DP Média DP Média DP
0 8,1 1,2 a 6,3 1,5 a 6,7 1,4 a
6 10,0 1,6 b 8,2 1,9 b 8,5 2,1 b Peso (kg)
13 11,6 1,7 c 10,7 2,3 c 10,9 3,3 c
0 60,3 10,7 a 72,5 12,8 a 69,0 13,5 a
6 81,1 12,2 b 82,4 13,6 b 81,6 12,0 b hemoglobina
(g/L) 13 100,9 10,0 c 96,8 8,2 c 93,9 13,8 c
0 99,1 23,3 a 91,2 22,7 a 91,7 23,4 a
6 165,2 44,3 b 137,1 43,0 b 139,4 44,5 b Fe pool (mg)
13 236,9 49,7 c 212,1 74,6 c 209,0 78,3 c
Fe ingerido (mg) 13 861,8 159,4 a 783,9 249,8 a 848,5 356,9 a
Absorção (%) 16,0 3,1 a 15,1 3,8 a 12,8 4,3 a
Abs. relativa (%) 94,2 23,8 a 79,7 26,6 a
DP – desvio padrão; a,b,c- Sobrescritos diferentes na mesma linha correspondem a resultados
significativamente diferentes (p<0,05; 1 Controle (não encapsulação: ração fortificada na
concentração de 141,4 mg de ferro/kg ração); 2 Encapsulação (ração fortificada na concentração de
150,5 mg fe/kg ração); 3 Ferro orgânico (ração fortificada com ferro eletrolítico na concentração de
143,5 mg fe/kg ração.
Fonte: Cocato et al. (2007).
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A microencapsulação de sulfato ferroso se mostrou uma boa alternativa para proteger
os alimentos de alterações organolépticas indesejáveis e proteção do sulfato ferroso a
oxidação (Cocato et al., 2007).
Anderson & Easter (1999) avaliou em estudo a biodisponibilidade de (SDBC- spray
dried blood cells) comparado ao sulfato ferroso em dietas de suínos na creche.
Determinando a biodisponibilidade de hemoglobina em suínos em 50% em relação ao
sulfato ferroso.
Em estudos realizados com a dose mais elevada indica a eficiência com menor
dosagem, ou seja, a eficiência de absorção de ferro da hemoglobina ou sulfato ferroso tem
uma relação inversa ao nível de dosagem. A absorção total aumenta com doses elevadas,
porem a eficiência diminui.
Os minerais têm sido tradicionalmente suplementados em dietas para animais com
sais inorgânicos. Nos últimos anos tem havido grande interesse no uso de quelatos ou
minerais orgânicos.
Monteiro (2006) com um fornecimento de um suplemento alimentar ultra precoce
rico em ferro quelatado em pó (SAUP) para leitões lactantes recém nascidos, durante o
período compreendido entre o segundo e o décimo segundo dia de vida destes animais,
comparou à prática muitas vezes anti-higiênica, insegura, contaminante e contra o bem
estar animal, de injeções subcutâneas ou intramusculares de ferro dextrano.
A expectativa para a efetiva manifestação do consumo de um suplemento alimentar
sólido por parte dos leitões em idade tão precoce (dois dias de vida) foi o desafio superado,
uma vez que historicamente os suplementos alimentares ou rações pré-iniciais existentes
não possuem características técnicas que estimulem os leitões a um consumo alimentar
precoce (Monteiro, 2006).
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Os tratamentos consistiam em T1 – aplicação de 200 mg de ferro dextrano
intramuscular cervical; T2 - SAUP (suplemento alimentar ultra precoce rico em ferro
quelatado em pó, sendo disposto 20 g SAUP/ leitão). Cada grama de SAUP forneceu
113,74 mg de ferro. A um consumo voluntário de 20 g de SAUP por leitão, calcula-se a
ingestão de 2,27 g de ferro por leitão durante o período total de fornecimento do SAUP
(Monteiro, 2006).
As variáveis dependentes: pesos dos leitões, taxas de hemoglobina e taxas de
glicemia adequaram-se, não apresentando diferença estatística significativa (P >0,05) pelo
Teste de Shapiro-Wilk, à Curva Normal de Gauss, permitindo avaliação paramétrica por
análise de variância.
Foram avaliados os pesos individuais dos leitões que compõem as leitegadas
envolvidas nos dois tratamentos nos dias 01, 12 e 21 de vida, totalizando três pesagens
individuais durante a fase de aleitamento, e não foram observadas diferenças estatísticas
significativas entre os pesos médios dos animais Os resultados estão demonstrados na
Figura 1.
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Figura 1 – Evolução dos pesos (g) ao longo do período de avaliação, em função da forma
de administração de ferro aos leitões.
Fonte: Monteiro (2006).
Em animais alimentados com SAUP, a concentração de hemoglobina sangüínea foi
significativamente superior, nas avaliações realizadas aos 12 e 21 dias de idade,
comparativamente ao grupo com administração de ferro dextrano (Figura 2), demonstrando
a efetividade da suplementação na prevenção de quadro anêmico em leitões lactantes.
Figura 2 – Evolução da concentração de hemoglobina sangüínea (g/l) ao longo do período
de avaliação, em função da forma de administração de ferro aos leitões.
Fonte: Monteiro (2006).
Em relação à taxa de glicemia dos animais quando comparado com recém nascidos
humanos ou borregos, o leitão recém nascido possui pouca reserva energética corporal,
geralmente menor que 2%. A inadequada ou insuficiente ingestão de fontes energética em
precoce estágio de vida, leva às conseqüências da exaustão das reservas energéticas,
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traduzidas por hipoglicemia, hipotermia e morte. Em relação a concentração de glicose
sangüínea, o tratamento com SAUP teve uma maior concentração aos 12 e 21 dias de vida
(Figura 3). Essa maior taxa de glicemia proporciona uma menor mortalidade dos leitões,
uma maior vitalidade, os animais ficam menos sonolentos e apáticos, e uma maior
viabilidade e ágeis frente ao esmagamento (Monteiro, 2006).
Figura 3 – Evolução da concentração de glicose sangüínea (mg/dl) ao longo do período de
avaliação, em função da forma de administração de ferro aos leitões.
Fonte: Monteiro (2006).
O armazenamento de ferro em recém nascidos é influenciado pela dieta materna
durante o período de gestação: a maior parte do armazenamento ocorre no final da
gestação. Se o número de recém nascidos é maior que o usual, por exemplo, em casos de
gêmeos em humanos ou leitegada supranumerária em suínos, o aporte individual tende a
ser menor (Maynard et al., 1979).
A concentração destes dois microminerais no leite não pode ser melhorada pelas suas
respectivas suplementações na dieta das mães (Hartmann e Holmes, 1989).
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Para tanto, Bertechini (2006 b) em uma pesquisa realizada recentemente na
Universidade Federal de Lavras, procurou-se avaliar a suplementação de microminerais
para porcas em gestação e lactação e os efeitos sobre os leitões ao nascer e até 21 dias de
idade. Neste trabalho os tratamentos foram a utilização de dois suplementos de
microminerais (formas orgânica e inorgânica) onde permitiu níveis de suplementação de
ferro de 40 e 80 ppm para porcas faltando um mês do parto, prosseguindo até 21 dias pós-
parto (Tabela 7).
TABELA 7 - Desempenho das porcas e leitões de acordo com os tratamentos
Ítens Inorgânica Inorgânica Orgânica Orgânica Prob.
(p <)
C.V.
%
Fontes 40 80 40 80
Peso ao nascer, g 1494 b 1506 b 1626 a 1667 a 0,05 7,9
Peso aos 21 dias, g 6178 c 6911 b 7638 a 7822 a 0,01 7,2
Leitões nascido vivos 10,6 10,7 11,3 11,78 (p>0,05) 12,5
Fe no fígado, mg 17,24 b 20,23 b 22,24 a 26,78 a 0,001 21,4
Sangue -ug/dL 147,7 b 173,7 b 211,2 a 227,8 a 0,0177 28,0
Fe no leite – ug/dl 664 b 773 b 818 b 1014 a 0,005 23,7
Hemoglobina, g % 8,89 b 9,16 b 9,44 b 11,16 a 0,001 9,6
Fonte: Adaptado de Bertechini (2006 b)
Verificou-se alteração da reserva de ferro hepático do leitão ao nascer e o teor de
ferro no leite de forma significativa, sendo que os dados indicam benefícios importantes no
desempenho da leitegada. Estas informações contradizem as pesquisas até então realizadas,
porém, sem o uso do ferro na forma orgânica.
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O peso ao nascimento e ao desmame também foi influenciado pela forma de
fornecimento. Maiores pesos ao nascer e ao desmame foram observados com a utilização
de ferro na forma orgânica. O aumento de teor de ferro encontrado no fígado e sangue dos
leitões oriundos de porcas tratadas com minerais orgânicos indica que houve uma maior
passagem de ferro transplacentário para os leitões. No entanto, os mecanismos de absorção
dos minerais orgânicos no intestino e a sua transferência placentária para os leitões ainda
precisam de estudos específicos (Bertechini, 2006 b).
Em relação aos teores de ferro contidos no leite, o tratamento com fonte orgânica
proporcionou os maiores valores (P<0,05). O conteúdo de ferro no leite somente se elevou
com a utilização de 80 ppm na forma orgânica.
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Considerações Finais
Os resultados atuais indicam que é preciso uma melhora na adequação do
fornecimento de ferro aos animais, para seu maior desempenho, sendo outras práticas de
suplementação além do ferro dextrano, viável para resultados similares.
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