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SEMINÁRIOS DE ESTUDOSAVANÇADOS EM MUSEOLOGIA
Lisboa – ULHTAbril de 2011
Museus: Interseções e Caminhos
O que é Museu? (QUESTÃO CLÁSSICA)
Resposta em 4 níveis
interpenetrados e interconectados:
Instituição (OBVIEDADE)
Palavra
Conceito (CATEGORIA DE PENSAMENTO)
Fato ou fenômeno social (PROCESSO OU PRÁTICA SOCIAL)
Museus: Interseções e Caminhos
Do museu como instituição
A dimensão óbvia do museu
O caminho fácil
Há um outro caminho para a teoria e a prática dos museus
Museus: Interseções e Caminhos
Do museu como instituiçãoO esgotamento da classificação tipológica de museus baseada na tipologia dos acervos:
a. Museu de Arte;b. Museu de História;c. Museu de Ciência;d. Outros museus.
Todos os museus são (ou podem ser) de ciência! A ciência não está na coisa (positivismo), está na relação (dialética). A ciência não está no acervo; assim como a arte não está no acervo; assim como a história não está no acervo.
A "Enciclopédia Celestial dos Conhecimentos Benévolos", citada por Borges, provoca risos e inspira o pensamento. Por seu intermédio, sou levado à classificação tipológica de museus que se segue e que há de estar registrada em alguma web-enciclopédia:“a) museus pertencentes ao imperador,b) museus embalsamados, c) museus domesticados,d) museus leitões,e) museus sereias,f) museus fabulosos,g) museus cães em liberdade,h) museus incluídos na presente classificação,i) museus que se agitam como loucos,j) museus inumeráveis,k) museus desenhados com um pincel muito fino de pêlo de camelo,l) et cétera,m) museus que acabam de quebrar a bilha,n) museus que de longe parecem moscas.”
Museus: Interseções e Caminhos
Do museu como palavra
posso usá-la como nome:
exemplo 1: meu cachorro vira-lata
exemplo 2: Loja de Azulejos, Carrocinha de Sorvete, Loja de Queijos, Armazém de Secos e Molhados,
exemplo 3: Poeta Museu (filho de Orfeu e Selene)
Museus: Interseções e Caminhos
Do museu como palavra
Hélio Oiticica palavreou:
“Museu é o mundo”
Hoje palavreamos:
“Mundo é o museu”
Por analogia, podemos dizer:
O m u s e u é a p a l a v r aA p a la v r a é o m u s e u
Museus: Interseções e Caminhos
Do museu como palavra
Na palavra há um mundo
Na palavra há um museu
Na palavra museu há um museu
Museus: Interseções e Caminhos
Do museu como palavra
m umuseumuseumuseumuseu
museumu museumuseumuseu
museumuseumuseumus museu
museum umuseumuseumuseu
museumuseumuseumu museu
museumuseu museumuseu
Museus: Interseções e Caminhos
Do museu como palavra
m usmuseusmuseusmuseusmuseus
museusmu museusmuseusmuseus
museusmuseus museusmuseus
Penetra livrementeo reino dos museus.
(reino das cores, formas, imagens, números, sons,palavras, coisas e idéias)
Museus: Interseções e Caminhos
Do museu como conceito(categoria de pensamento)
a dimensão simbólica do museu
o universo é um museu
meu corpo é o museu da humanidade
Museus: Interseções e Caminhos
Do museu como conceito(categoria de pensamento)
o museu como enquadramento ou recorte conceitual
o museu e a dimensão temporal: passado, presente e futuro
o Museu Imaginário - Malraux
Museus: Interseções e Caminhos
Do museu como fato e fenômeno social(processos e práticas sociais)
o fato social segundo Émile Durkheim
os fatos sociais constituem o objeto de estudo da Sociologia;são estruturas sociais, normas culturais e valores externos aoindivíduo. Exemplos: regras morais, dogmas religiosos,costumes/maneiras de agir, sistemas financeiros. O fato socialatende a três características: generalidade, exterioridade ecoercitividade.
do fato social ao fato museal de Waldisa Russio
a Museologia estuda o fato museológico, ou seja, a relaçãoentre o homem e o bem cultural, num cenário institucionalizadoe denominado “museu”.
Museus: Interseções e Caminhos
Do museu como fato e fenômeno social(processos e práticas sociais)
para além do fato e do fenômeno: a dimensão processual dos museus
os museus como práticas sociais e culturais
Museus: Interseções e Caminhos
Do museu como fato e fenômeno social(processos e práticas sociais)
o fato social total – Marcel Mauss
partindo da concepção de fato social de Durkheim (fato social como “coisa”,objeto a ser estudado), Mauss introduz no conceito o aspecto simbólico,ultrapassando os limites do positivismo. Nos fatos sociais totais exprimem-se as instituições religiosas, jurídicas, morais, econômicas, bem como osfenômenos estéticos, entre outros. É um fenômeno social complexo, queabrange interpretações de várias áreas do conhecimento.
o fato museal total
nesse caso, o museu é considerado como um processo e prática socialcomplexa, onde estão incluídas as dimensões: espacial, temporal social ,poética, política, pedagógica e econômica.
Museus: Interseções e Caminhos
Do museu como fato e fenômeno social(processos e práticas sociais)
do museu como microcosmo social
do museu como sistema vivo
dois modelos:
arborescentes
rizomáticos
Museus Árvores
Museus Rizomas
Museus: Interseções e Caminhos
Do museu como fato e fenômeno social(processos e práticas sociais)
os museus
existem em sociedade
são construções sociais
e constroem novas possibilidades sociais
como sistemas vivos (rizomas ou árvores) estão em movimento e mudança
Museus: Interseções e Caminhos
Os museus são bons para:Pensar, sentir e agir
Dos museus como interseções:
Conectores espaciais e temporais (Manuel Castells)
Pontes, portas, janelas, portais e portões para ligar e desligar culturas, tempos, pessoas e grupos sociais diferentes.
Territórios propícios para a relação, para o encontro, para a convivência, para as trocas culturais e sociais.
Plataformas de comunicação
Museus: Interseções e Caminhos
Os museus são bons para:Pensar, sentir e agir
Dos museus como caminhos:
Caminhos de ir e vir, e de devir
Movimentos centrípetos e movimentos centrífugos
Caminhos convergentes e divergentes; caminhos tangentes; caminhos paralelos; caminhos secantes;
Dos museus que caminham
Museus: Interseções e Caminhos
Os museus são bons para:Pensar, sentir e agir
Dos museus como interseções e caminhos:
O trabalho com a memória e o esquecimento, a conservação e a criação, a produção e a reprodução; a tradição e a experimentação; o poder e a resistência; o individual e o coletivo permite operar com um conjunto extraordinário de linhas de articulação e linhas de fuga.
Museus: Interseções e Caminhos
Os museus são bons para:Pensar, sentir e agir
Dos museus como interseções e caminhos:
Tudo o que Gilles Deleuze e Félix Guattari dizem do livro, aplica-se ao museu: os museus podem fazer rizoma com o mundo.
O museu-rizoma, ou museu-conector de tempos e espaços guarda e amplifica as multiplicidades, e oferece “N” possibilidades de conexões: conexões que se faze, se rompem, se refazem e se oferecem para outras conexões.
Museus conectores e museus-rizomas no Brasil.
Museus: Interseções e Caminhos
Dos museus como interseções e caminhos: Novos caminhos e novas interseções
Conexões previstas e imprevistas
Nova postura museológica; nova ética (valorização das relações, das articulações, dos diferentes públicos, dos agenciamentos que produzem coleções e descoleções, musealização e desmusealização; territorialidade e desterritorialidade.
Nos museus encontram-se e desencontram-se: arte, ciência, técnica, poesia, filosofia, tecnologia, saberes e fazeres, múltiplos e diversos.
Museus: Interseções e Caminhos
Dos museus como interseções e caminhos:
Os museus, como dizia Walter Benjamin, são espaços que suscitam sonhos; nas palavras de André Malraux, nos proporcionam a mais elevada idéia do homem.
Os museus (interseções e caminhos) são, ou deveriam ser, casas da humanidade, onde a imaginação, a criatividade e o conhecimento operam contra a barbárie.
É isso o que o museu é, ou deveria ser.
Moradores do bairro Sítio Cercado, em Curitiba, ouvem histórias das comunidades da Maré e dos morros do
Pavão, Pavãozinho e Cantagalo, do Rio de Janeiro.A contadora de histórias Marilene Nunes e a cantora e
compositora Afrolady falam sobre os caminhos percorridos e os procedimentos que possibilitaram a
criação do Museu da Maré e do MUF (Museu de Favela), instituições pioneiras no Brasil na preservação
de memória das comunidades.
Muito obrigado!