Post on 20-Jun-2015
Membros do Grupo:
Chimica Francisco; Dinis Wilson; Lurdes Zilhao;
Maria Fernanda, Ricardo Nicoro &
Zainabo Viage
Vol. 2, Cap. 10Erisíchton e Macunaíma: Algumas Pistas para a
Compreensão das Relações entre Mídia e Educação
Autora: Joana Peixoto / Universidade Católica de Goiás – Brasil
Bibliografia: PARASKEVA e OLIVEIRA (Orgs.), Curriculo e Tecnologia Educativa, Edições Pedago, Vol. 2, 2008
Tópicos A Sociedade de Consumo de Si e a Dissolução do
indivíduo; O Poder da Publicidade; A Mercadoria como Signo; A Massificação do Sujeito e o Capital como Imagem; As mediações como Leitura Crítica dos Meios; Educação para a Midia;
Conclusão; Questões de reflexão.
1. A Sociedade de Consumo de Si e a Dissolução do indivíduo
• Segundo Adorno e Horkheimer ( 1983), em torno da mitologia grego – romana (Mitologia, 1973):
• Esta envolve como protagonista Erisíchton e faz referência ao desaparecimento da subjectividade individual e integração dos indivíduos no contexto social;
• Erisichton era um homem rico que profanou algo sagrado da deusa Ceres em consequência foi amaldiçoado a fome eterna, o que o levou a autodestruição: consumo de toda a riqueza, venda da filha para saciar sua fome e até comeu seus próprios membros.
• A produção de bens culturais comporta a importante função de integração dos indivíduos no contexto social;
• Para Arendt (1987):• A preocupação com a liquidação do indivíduo;• A negação do indivíduo no mundo moderno;• A sociedade individual marca a vitória do trabalhador sobre o fabricante;
• O trabalho é uma actividade quase biológica, cujo produto é imediatamente consumido.
A Sociedade de Consumo de Si e a Dissolução do indivíduo (2)
• O homo faber (artesão) produtor e construtor de objectos de consumo duráveis e permanentes;
• “Animal laborans” (trabalhador) produtor de objectos de consumo não duráveis, de consumo imediato.
Quessada (1999), apresenta importantes reflexões: • Chama atenção para o facto de nas sociedades modernas o
homem se transformar em consumidor de si mesmo (risco). • Publicidade:
- Modo de organização e de regulação de uma sociedade;- Criação e definição de territórios aos quais as pessoas aderem
2. O Poder da Publicidade
– Funções da Publicidade:• Estimula a aquisição de mercadorias pelo consumidor;
• Facilita a realização da mais-valia num contexto de super produção e de concorrência exacerbada;
• Informa um certo estilo de vida;• Tem uma função cuja natureza é ideológica;• Contribui de maneira marcante para a interiorização de uma representação da realidade social.
• Na sociedade de consumo ela transforma os objectos em signos.
Efeitos e acções da Publicidade sobre os objectos:
• Cria em torno do objecto um universo simbólico forte reconhecível com o qual o consumidor se deve identificar;
• O produto torna-se atraente ao consumidor;• Segundo Lipovetsky (2006) na sociedade de
hiperconsumo estabelece-se um processo competitivo consigo próprio, a busca incessante e crescente do prazer e do bem-estar.
– Efeitos e acções da Publicidade sobre os objectos:
• A publicidade e consumo são os principais instrumentos ideológicos de condicionamento social.
• A publicidade controla a fabricação, a reprodução, a diversificação e a segmentação das necessidades dos consumidores.
3. A mercadoria como signo
– Conceito:
• Para Marx (2002) a mercadoria é um objecto:• Que se pode tocar;• Objecto externo;• Uma coisa que satisfaz as necessidades humanas sem ter em conta a sua origem.
– O valor da mercadoria
• De acordo com Marx a mercadoria tem dois valores:• O valor do uso - está nas suas qualidades materiais
específicas;
• O valor da troca – no que possui de essencialmente comum, o trabalho socialmente necessário para a sua produção. É o que permite a sua circulação.
• As mercadorias circulam como signos, símbolos, marcas e imagens. Actualmente estes passam a ser fabricados economicamente.
- O consumo da mercadoria • Segundo Baudrillard (1995), não se consome o objecto em si mas
os seus signos;• O imaginário superindustrial: fabrico da marca antes do objecto.
4. A Massificacão do Sujeito e o Capital como Imagem– A massificacao do Sujeito
Na sociedade de consumo (capitalista): • O desejo de reconhecimento e de distinção produz seres
estandardizados;• Não o individualismo;• O comportamento gregário.
– O capital como imagem
A reprodução do capital acontece: • Em função da indústria das coisas;• Como evento na superindustria do imaginário;• Entidade visível;• Fala a linguagem da publicidade.
5. As Mediações como Leitura Crítica dos Meios
• A comunicação/práticas sociais:
• Não determinada pela tecnologia; ex: foi o sistema informático que errou na folha de pagamento da empresa.
• Processo e produto.
• Crítica de Martín-Barbero (2003) “Os processos de comunicação deveriam ser abordados a partir das práticas sociais e não sobre o poder da mídia”.
As Mediações como Leitura Crítica dos Meios (2)
Segundo Martín-Barbero:• A comunicação é um processo social e um campo de batalha
cultural e o receptor produtor de sentidos;
• As mediações produzem e reproduzem significados sociais e são consideradas uma crítica a razão dualista; estruturam, organizam e reorganizam a percepção e apropriação da realidade pelo receptor;
• O papel dos meios de comunicação nos processos e fenómenos sociais:– Vigilantes públicos;– Representantes dos cidadãos.
6. Educação para a Mídia
• Conceito - segundo Joana Peixoto, educação para a mídia é uma educação crítica para a leitura dos meios de comunicação de massa.
• Meios de Comunicação • Funções: Saber e Cultura, pois influenciam os valores e a visão do mundo e das pessoas.
Objectivos
• favorecer o desenvolvimento do espírito critico em relação a midia;
• Reflectir acerca da influência da midia sobre a sociedade e sobre si mesmo – sobre as próprias modalidades de consumo de bens e de mensagens mediáticas;
• Dar ocasião aos jovens e crianças, de produzir documentos mediáticos respeitando os valores éticos e democráticos;
Objectivos
• Facilitar um distanciamento através da tomada de consciência do funcionamento da midia, de seus conteúdos e da maneira pela qual ela evolui;
• desenvolver habilidades e competências para identificar, descrever, compreender e avaliar as mensagens quotidianas do universo mediático.
Eixos
• A educação para a mídia segundo Gonet (2001) organiza-se em dois eixos:
• Adaptação da escola a sociedade moderna: descodificação e aprendizagem da mídia;
• Utilização da mídia para o fortalecimento de ideias e de relações antidemocráticas.
Características
• No seu funcionamento (na sua utilização), a mídia toma as seguintes características:
• Incitadora para o questionamento da escola;• Estimuladora de uma cultura com base em rigor argumentativo e na aceitação das diferenças.
Conclusão
• Nem tudo o que a publicidade diz deve ser consumido, é necessário um espírito crítico;
• A mitologia brasileira mostra-nos o exemplo de Macunaíma ao consumir a perna de Curupira e depois vomitar;
• A capacidade de vomitar significa rejeitar os modelos impostos pela sociedade de consumo.
Conclusão (2)
• A necessidade de educação das gerações a ter uma análise crítica sobre o material publicitado e as mensagens mediáticas;
• Valorização da tecnologia sim, mas em primeiro plano, o capital humano.
Questões de reflexão
• Que implicações o hiperconsumo traz para uma sociedade como a nossa?
• Como educar os cidadãos a terem competências habilidades para criticarem as mensagens mediáticas?
• Como saber seleccionar aspectos construtivos e não construtivos tendo em conta a nossa cultura?
Obrigado!