Post on 03-Apr-2018
Semana de Arte Moderna/ Primeira Fase do Modernismo
Centro de Ensino Médio 02 de Ceilândia
Professora Sônia A. Souza Cotrim
professorasonia.com.br
Língua Portuguesa – Literatura Brasileira
Índice
O Brasil de 1922 a 1930
A Semana - Documentação
O modernismo dos anos 1920
A geração dos anos 1920
Antecedentes da Semana
A Semana de Arte Moderna
Cole
ção M
ári
o d
e A
ndra
de d
o I
EB/U
SP
"O Homem Amarelo", de Anita Malfatti, 1915. Óleo sobre tela, 61 x 51 cm. Coleção Mário de Andrade do Instituto de Estudos Brasileiros – USP-SP.
A Semana de Arte Moderna
As manifestações modernistas ocorreram principalmente nas artes plásticas e na literatura, mas também houve presença da música e até mesmo da arquitetura.
A Semana de Arte Moderna é considerada o marco do modernismo no Brasil.
Os modernistas buscavam uma identidade nacional para as artes brasileiras,influenciados pelos movimentos de vanguarda europeia: expressionismo, cubismo,futurismo e surrealismo.
As manifestações se relacionavam com as transformações políticas, econômicas e sociais do período.
“O passado é lição para se meditar, não para reproduzir.”ANDRADE, Mário de. Prefácio interessantíssimo. Pauliceia desvairada.
Vejamos alguns dos principais artistas
da Semana de Arte Moderna:
Anita Malfatti
Di Cavalcanti
• Artes Plásticas:
Vicente do Rego Monteiro
Victor Brecheret
• Música:
O maestro Heitor Villa-Lobos
• Literatura:
Mário de Andrade
Oswald de Andrade
Manuel Bandeira
A Semana de Arte Moderna
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"Mulheres, Flores e Arara”, de Emiliano Di Cavalcanti, 1966. Óleo sobre tela de c.i.d. 140 x cm
A Semana de Arte Moderna
Não foi por acaso que a Semana de Arte Moderna aconteceu em São Paulo, no Teatro Municipal, em fevereiro de 1922.
1922Comemoração do primeiro centenário daIndependência do Brasil.
Teatro Municipal
Inaugurado em 1911, idealizado para as grandesapresentações de Ópera, era orgulho da elitepaulistana. Considerado pelos modernistas o melhorlocal dentro da cidade de São Paulo para realizaçãodo evento.
São Paulo
Para os modernistas, apenas São Paulo reunia ascondições para sediar a Semana. Pela diversidadede raças, crenças e classes sociais de suapopulação era o palco ideal para o evento quemostrava uma arte inovadora, que rompia com asestruturas do passado.
Segundo Mário de Andrade, “São Paulo estava, aomesmo tempo, pela sua atualidade comercial e suaindustrialização, em contato mais espiritual e maistécnico com a atualidade do mundo”.
No Brasil, em 1922, a Semana de Arte Moderna levou ao
Teatro Municipal de São Paulo artistas plásticos, arquitetos,
escritores, compositores e intérpretes para mostrar seus
trabalhos, os quais foram recebidos, ao mesmo tempo, debaixo
de palmas e vaias. A Semana de Arte Moderna foi o grande
acontecimento cultural do período, que lançou as bases para a
busca de uma forma de expressão tipicamente brasileira.
Semana de Arte Moderna
13, 15 e 17/ fevereiro/1922
Embora as primeiras manifestações modernistas já
viessem surgindo em São Paulo desde 1911, é somente
na década de 20, principalmente a partir da Semana de
Arte Moderna que o Modernismo se difunde e se
solidifica em nosso país.
Antecedentes da Semana de Arte Moderna 1
“Nós não sabíamos o que queríamos, mas
sabíamos o que não queríamos(...) o nosso
sentido era especificamente destruidor.”
1911- Oswald de Andrade funda o semanário
humorístico O Pirralho, que circulou até 1917,
contando entre seus colaboradores com um
excelente desenhista, Di Cavalcante.
Antecedentes da Semana de Arte Moderna 2
1912- Oswald de Andrade retorna de sua primeira viagem àEuropa trazendo em sua bagagem as ideias doFuturismo de Marinetti.
1913- Lasar Segall (pintor russo) realiza sua primeiramostra no Brasil, apresentando telas claramenteexpressionistas. Apesar de trazer para o país um dosimportantes movimentos da Vanguarda Europeia, LasarSegall não alcançou grande repercussão nos meiosartísticos.
Antecedentes da Semana de Arte Moderna 3
O bananal
Lasar Segall
A Família
Lasar Segall
Antecedentes da Semana de Arte
Moderna 4
1914- Primeira exposição de AnitaMalfatti.
1915- Ano considerado marco inicial doModernismo em Portugal, com apublicação da revista Orpheu.
- Juó Bananére publica paródia ao poema“Ouvir estrelas” de Olavo Bilac.
Uvi Strella
Che scuitá strella, né meia strella!
Vucê stá maluco! e io ti diró intanto,
Chi p'ra iscuitalas moltas veiz livanto,
I vô dá una spiada na gianella.
I passo as notte acunversáno c'oella,
Inguanto che as otra lá d'un canto
Stó mi spiano. I o sol come un briglianto
Nasce. Oglio p'ru çeu: — Cadê strella?!
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto
Direis intó: — Ó migno inlustre amigo!
O chi é chi as strellas ti dizia
Quano illas viéro acunversá contigo?
E io ti diró: — Studi p'ra intedela,
Pois só chi giá studô Astrolomia
É capaiz de intendê ista strella.
Paródia do soneto "XIII", da série Via-Láctea,
do livro POESIAS (1888), de Olavo Bilac
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizes, quando não estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
Soneto "XIII", da série Via-Láctea, do livro POESIAS (1888), de Olavo Bilac
Os Antecedentes da Semana
Mário de Andrade afirmava que a Semana de Arte Moderna abriu na verdade a
segunda fase do modernismo, que foi de 1922 a 1930. Para o autor, o Modernismono Brasil teve início em 1917 com a exposição da pintura de Anita Malfatti.
Para entender melhor o período que antecede a Semana, veremos a seguir uma
breve retrospectiva dos três anos anteriores:
1917:
• Oswald de Andrade conhece Mário de Andrade.
• Mário de Andrade, com o pseudônimo de Mário Sobral,
publica o poema regionalista Juca Mulato.
• O Pirralho, semanário humorístico dirigido por Oswald
de Andrade, publica a primeira versão de Memórias
sentimentais de João Miramar, com ilustrações de Di
Cavalcanti.
• Di Cavalcante realiza sua exposição de caricaturas.
Di
Cavalc
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tor,
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• É inaugurada em São Paulo a rumorosa exposição
de Anita Malfatti.
• O Jornal Estado de São Paulo publica o polêmico
artigo “Paranoia ou mistificação? A propósito da
Exposição Malfatti”, assinado por Monteiro Lobato.
• Os jovens artistas de São Paulo, liderados por Mário
de Andrade e Oswald de Andrade, unem-se em
defesa de Anita e da arte moderna.
Os Antecedentes da Semana
"A Boba", de Anita Malfatti, 1917. Óleo sobre tela, 61 x 50,6 cm. Museu de Arte
Contemporânea, São Paulo-SP. Museu de Arte Contemporânea da Universidade de
São Paulo (MAC-USP).
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Exposição de Anita Malfatti
Em 1917, depois de estudar na Europa e
nos Estados Unidos, Anita Malfatti retorna
ao Brasil e realiza uma mostra de seus
quadros em São Paulo. Com uma técnica de
vanguarda, a sua pintura surpreende o
público, acostumado com o realismo
acadêmico, trivial e sem ousadia.
Mas, em geral, as reações são favoráveis até
que Monteiro Lobato, crítico de artes de O
Estado de São Paulo, escreve um artigo feroz
intitulado Paranoia ou mistificação, no qual
acusa toda a Arte moderna.
A estudante
russa
O homem
amarelo
Paranoia ou Mistificação
“Há duas espécies de artistas. Uma compostados que veem normalmente as coisas(..) Aoutra espécie é formada pelos que veemanormalmente a natureza e interpretam-na àluz de teorias efêmeras, sob a sugestãoestrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lácomo furúnculos da cultura excessiva. (...)
Embora eles se deem como novos, precursores de umaarte a vir, nada é mais velho do que a arte anormal outeratológica: nasceu com a paranoia e com amistificação.(...) Estas considerações são provocadas pelaexposição da Sra. Malfatti onde se notamacentuadíssimas tendências para uma atitude estéticaforçada no sentido das extravagâncias de Picasso ecompanhia.”
Monteiro Lobato
A reação da elite paulistana, que confiava cegamente nas
opiniões e gostos pessoais do autor de Urupês, é imediata:
escândalo, quadros devolvidos, uma tentativa de agressão à
pintora, a mostra fechada antes do tempo.
Jovens "futuristas" brasileiros se unem em torno de um ideal
comum: destruir as manifestações artísticas que remontavam ao
século XIX, especificamente, no caso da literatura, o
Parnasianismo.
exposição de Anita Malfatti
+
“Paranoia ou Mistificação”
=
estopim
1919:
• Guilherme de Almeida publica Messidor.
• Manuel Bandeira publica Carnaval.
1921:
• Manifesto do Trianon: primeira manifestação artística do
grupo que no ano seguinte faria a Semana de Arte
Moderna.
• Mário de Andrade escreve os poemas de Pauliceia
Desvairada.
• Mário de Andrade publica uma série de artigos críticos
sobre os poetas parnasianos, que ainda dominavam o
ambiente literário, eram os chamados Mestres do passado.
Nesses artigos entre outras ironias afirma:
Os Antecedentes da Semana
BRITO, Mário da Silva. História do Modernismo Bras.: antecedentes da Semana de Arte Moderna. 4.ed. Rio de Janeiro: Civilização Bras., 1974.
Malditos para sempre os Mestres do
Passado! Que a simples recordação de um
de vós escravize os espíritos no amor
incondicional pela Forma! Que o Brasil seja
infeliz porque vos criou! Que o universo se
desmantele porque vos comportou!
E que não fique nada! nada! nada!
• Em novembro de 1921 acontece a exposição de Di Cavalcanti, Fantoches da meia-noite. O pintor conhece Graça Aranha, durante a mostra, e nessa mesma ocasião surge a ideia de realizar a Semana de Arte Moderna.
Os Antecedentes da Semana
A Semana - documentação
Capa do catálogo da exposição de artes plásticas da Semana, desenho assinado por Di Cavalcanti.
A Semana de Arte Moderna foi amplamente divulgada pela imprensa.
IEB/U
SP
Editora
34
Páginas internas do catálogo da exposição da Semana de Arte
Moderna de 1922, com a relação dos artistas e obras apresentadas,
realizada em São Paulo. fac-símile Brecheret, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Vicente do Rego
Monteiro, e outros mencionados
13/02/22- segunda-feira
Casa cheia, abertura oficial doevento.
Espalhadas pelo saguão doTeatro Municipal de São Paulo,várias pinturas e esculturasprovocam reações de espanto erepúdio por parte do público.
O espetáculo tem início com aconfusa conferência de GraçaAranha, intitulada "A emoçãoestética da Arte Moderna".
Tudo transcorreu em certacalma neste dia .
Imagem: Programa da semana de arte moderna de1922 / Autor Desconhecido / http://www.febf.uerj.br/pesquisa/semana_22.html
15/02/22 -quarta-feira
Guiomar Novais era para ser a grande atração danoite. Contra a vontade dos demais artistasmodernistas, aproveitou um intervalo do espetáculopara tocar alguns clássicos consagrados, iniciativaaplaudida pelo público. Mas a "atração" dessa noitefoi a palestra de Menotti del Picchia sobre a arteestética.
Menotti apresenta os novos escritores dos novostempos e surgem vaias e barulhos diversos (miados,latidos, grunhidos…) que se alternam e confundemcom aplausos. Quando Ronald de Carvalho lê opoema intitulado ”Os Sapos”, de Manuel Bandeira(poema criticando abertamente o parnasianismo eseus adeptos). O público faz coro atrapalhando aleitura do texto.
A noite acaba em algazarra.
Os sapos
Enfunando os papos,Saem da penumbra,Aos pulos, os sapos.A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,Berra o sapo-boi:- "Meu pai foi à guerra!"- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
O sapo-tanoeiro,Parnasiano aguado,Diz: - "Meu cancioneiroÉ bem martelado.
Vede como primoEm comer os hiatos!Que arte! E nunca rimoOs termos cognatos.
O meu verso é bomFrumento sem joio.Faço rimas comConsoantes de apoio.
Vai por cinquenta anosQue lhes dei a norma:Reduzi sem danosA fôrmas a forma.
Clame a sapariaEm críticas céticas:Não há mais poesia,Mas há artes poéticas..."
Urra o sapo-boi:- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
Brada em um assomoO sapo-tanoeiro:- A grande arte é comoLavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.Tudo quanto é belo,Tudo quanto é vário,Canta no martelo".
Outros, sapos-pipas(Um mal em si cabe),Falam pelas tripas,- "Sei!" - "Não sabe!" -"Sabe!".
Longe dessa grita,Lá onde mais densaA noite infinitaVeste a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,Sem glória, sem fé,No perau profundoE solitário, é
Que soluças tu,Transido de frio,Sapo-cururuDa beira do rio...
Manuel Bandeira
17/02/22 - sexta-feira
O dia mais tranquilo da semana,apresentações musicais de Villa-Lobos,com participação de vários músicos.
O público em número reduzido,portava-se com mais respeito, atéque Villa-Lobos entra de casaca, mascom um pé calçado com um sapato, eoutro com chinelo; o público interpretaa atitude como futurista e desrespeitosae vaia o artista impiedosamente. Maistarde, o maestro explicaria que não setratava de modismo e, sim, de um caloinflamado.
Imagem: Cartaz da Semana de Arte Moderna / Autor Desconhecido / http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Arte-moderna-8.jpg
1º - Representou a confluência das várias tendências de
renovação que vinham ocorrendo na arte e na cultura
brasileira antes de 22 e cujo objetivo era combater a arte
tradicional.
2º - Conseguiu chamar a atenção dos meios artísticos de todo
o país e, ao mesmo tempo, aproximar os artistas com
ideias modernistas que até então se encontravam
dispersos.
3º - Permitiu a troca de ideias e de técnicas, o que ampliaria
os diversos ramos artísticos e os atualizaria em relação ao
que se fazia na Europa.
Após a Semana de Arte Moderna, o Modernismo passa a
viver sua “fase heroica”, isto é a fase de divulgação das
ideias modernistas em todo o país e de aprofundamento das
questões estética.
Duas tendências
=
destruição e construção
O pescador
Tarsila do Amaral/ 1925
A tela mostra o
interesse da arte
brasileira dos anos
20 em captar os
temas e o colorido
da paisagem
brasileira.
Contexto Histórico
1922 – Fundação do Partido Comunista brasileiro.
Eleição presidencial
Artur Bernardes (São Paulo e Minas Gerais)
x Nilo Peçanha (Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul)
Revolta dos militares do Forte de Copacabana
Coluna Prestes
Getúlio Vargas
As revistas e os manifestos KLAXON
• Primeiro periódico modernista.
• Fruto das agitações de 1921 e da Semana de Arte Moderna de 1922.
• Circulou de maio de 1922 a janeiro de 1923.
• Anunciava a modernidade do século XX.
Klaxon cogita principalmente de arte. Mas quer
representar a época de 1920 em diante. Por isso épolimorfo, onipresente, inquieto, cômico, irritante,contraditório, invejado, insultado, feliz.
Revista Klaxon. Edição fac-similar. São Paulo: Livraria Martins/Secretaria daCultura, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, 1976.
O Modernismo dos anos 1920
Div
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ação
Manifesto da Poesia Pau-Brasil
• Escrito por Oswald de Andrade.
• Inicialmente publicado no jornal Correio da Manhã, em 18 de março de 1924.
• Em 1925, uma forma reduzida e alterada do texto, abriu o livro de poesias Pau-Brasil.
• Proposta de uma literatura vinculada à realidade brasileira, a partir da redescoberta do Brasil.
“A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos
verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos.
A Poesia para os poetas. Alegria dos que não sabem e descobrem.”
ANDRADE, Oswald de. A utopia antropofágica.São Paulo: Globo, Secretaria do Estado da Cultura,
1990.
O Modernismo dos anos 1920
As revistas e os manifestos
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"Pau Brasil", livro com ilustrações de Tarsila do Amaral para o marido, Oswald de Andrade, que faz
parte da exposição "Da Antropofagia a Brasília-Brasil, 1920 a 1950", na FAAP-SP.
Outras Revistas
• De setembro de 1927 a janeiro de 1928, Revista Verde de Cataguazes – Minas Gerais.
• Em 1924, Revista Estética – Rio de Janeiro.
• Em 1926, Revista Terra Roxa e Outras Terras – São Paulo.
• Em 1927, Revista Festa – Rio De Janeiro.
As revistas e os manifestos
O Modernismo dos anos 1920
Manifesto Regionalista de 1926
Através do Centro Regionalista do Nordeste, lança-se o Manifesto, que procura
desenvolver o sentimento de unidade do Nordeste dentro dos valores modernistas.
Tinha como proposta trabalhar em prol dos interesses da região nos seus aspectos
diversos: sociais, econômicos e culturais. Década de 30 - regionalismo nordestino resulta
em brilhantes obras literárias com nomes que vão de Graciliano Ramos, José
Lins do Rego, José Américo de Almeida, Raquel de Queiroz e Jorge Amado (romance) a
João Cabral de Melo Neto (poesia).
A orgia intelectual – revistas e manifestos
Verde-Amarelismo
• Grupo formado por Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida e Cassiano Ricardo, em 1926.
• Era contra o nacionalismo Pau-Brasil, de Oswald de Andrade.
• Apresentava a proposta de um nacionalismo primitivista, ufanista, identificado com o fascismo.
• Idolatra o Tupi.
• Elege a anta como símbolo nacional, por conta disso também fica conhecido como “Escola da Anta”.
• Oswald contra-ataca, primeiro em 1927 com o artigo Antologia, depois em 1928 com o Manifesto Antropófago.
• Em 1929, o grupo verde-amarelista também publica um manifesto, intitulado “Nhengaçu Verde-Amarelo - Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta”.
O Modernismo dos anos 1920
As revistas e os manifestos
Revista de Antropofagia
• Teve duas fases (ou “dentições”, segundo os antropófagos):
• Surgiu como uma nova etapa do nacionalismo Pau-Brasil.
• Resposta ao grupo verde-amarelista.
1ª: publicada entre maio de 1928 a fevereiro de 1929.
2ª: Apareceu semanalmente no jornal Diário de São Paulo, de março a agosto de 1929.
Principais representantes antropófagos:
Oswald de Andrade, Raul Bopp, Geraldo Ferraz, Oswald Costa, Tarsila do Amaral e a jovem Patrícia Galvão, a Pagu.
As revistas e os manifestos
O Modernismo dos anos 1920
Div
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ação
Capa da edição fac-similar reunindo os 16 números da Revista de Antropofagia, lançada em 1977 pela
Metal Leve, SP.
A antropofagia: a deglutição cultural
Movimento antropofágico que surgiu como uma nova etapa do
nacionalismo Pau-Brasil e como resposta ao grupo verde-amarelista,
que criara a Escola da Anta.
Lançado em 1928 é o mais radical de todos os movimentos de todo o
período.
Devoração simbólica da cultura estrangeira, aproveitando suas
inovações artísticas, porém sem a perda da nossa própria identidade
cultural.
Abaporu 1928
Tarsila do Amaral
Antropofagia
1929
Tarsila do Amaral
Características Gerais do Primeiro Momento Modernista
Rompimento com todas as estruturas do passado; caráter anárquico e forte sentidodestruidor.
No final da década de 1920, a postura nacionalista apresenta duas vertentes distintas: de umlado um nacionalismo crítico, consciente, de denúncia da realidade brasileira, politicamenteidentificado com as esquerdas; de outro, um nacionalismo ufanista, utópico, exagerado,identificado com as correntes políticas de extrema direita.
O nacionalismo se manifesta em suas múltiplas facetas: uma volta às origens, a pesquisa defontes quinhentistas, a procura de uma “língua brasileira” (a língua falada pelo povo nasruas), a valorização do índio verdadeiramente brasileiro.
Paródias: tentativa de repensar a história e a literatura brasileiras.
O Modernismo dos anos 1920
Características Gerais do Primeiro Momento Modernista
Rompimento com todas as estruturas do passado; caráter anárquico e forte sentidodestruidor.
No final da década de 1920, a postura nacionalista apresenta duas vertentes distintas: de umlado um nacionalismo crítico, consciente, de denúncia da realidade brasileira, politicamenteidentificado com as esquerdas; de outro, um nacionalismo ufanista, utópico, exagerado,identificado com as correntes políticas de extrema direita.
O nacionalismo se manifesta em suas múltiplas facetas: uma volta às origens, a pesquisa defontes quinhentistas, a procura de uma “língua brasileira” (a língua falada pelo povo nasruas), a valorização do índio verdadeiramente brasileiro.
Paródias: tentativa de repensar a história e a literatura brasileiras.
O Modernismo dos anos 1920
Características Gerais do Primeiro Momento Modernista
Rompimento com todas as estruturas do passado; caráter anárquico e forte sentidodestruidor.
No final da década de 1920, a postura nacionalista apresenta duas vertentes distintas: de umlado um nacionalismo crítico, consciente, de denúncia da realidade brasileira, politicamenteidentificado com as esquerdas; de outro, um nacionalismo ufanista, utópico, exagerado,identificado com as correntes políticas de extrema direita.
O nacionalismo se manifesta em suas múltiplas facetas: uma volta às origens, a pesquisa defontes quinhentistas, a procura de uma “língua brasileira” (a língua falada pelo povo nasruas), a valorização do índio verdadeiramente brasileiro.
Paródias: tentativa de repensar a história e a literatura brasileiras.
O Modernismo dos anos 1920
Características Gerais do Primeiro Momento Modernista
Rompimento com todas as estruturas do passado; caráter anárquico e forte sentidodestruidor.
No final da década de 1920, a postura nacionalista apresenta duas vertentes distintas: de umlado um nacionalismo crítico, consciente, de denúncia da realidade brasileira, politicamenteidentificado com as esquerdas; de outro, um nacionalismo ufanista, utópico, exagerado,identificado com as correntes políticas de extrema direita.
O nacionalismo se manifesta em suas múltiplas facetas: uma volta às origens, a pesquisa defontes quinhentistas, a procura de uma “língua brasileira” (a língua falada pelo povo nasruas), a valorização do índio verdadeiramente brasileiro.
Paródias: tentativa de repensar a história e a literatura brasileiras.
O Modernismo dos anos 1920
Representantes
Mário de Andrade
Oswald de Andrade
Manuel Bandeira
Antônio de Alcântara Machado
Guilherme de Almeida
Raul Bopp
Ronald de Carvalho
Menotti del Picchia
Oswald de Andrade
José Oswald de Sousa Andrade
1890 –1954
Figura fundamental dosprincipais acontecimentos davida cultural brasileira daprimeira metade do século XX.
Oswald de Andrade:
“Como poucos, eu amei a palavra liberdade e por ela briguei.”
José Oswald de Souza Andrade (1890-1954) Foi figura fundamental dos principais
acontecimentos da vida cultural brasileira na metade do século XX.
Polêmico, irônico, gozador. Foi idealizador dos principais manifestos
modernistas.
A geração dos anos 1920
Revis
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"Manifesto Antropófago" escrito por Oswald de Andrade, inspirado no quadro "Abaporu", de Tarsila do Amaral. Revista de
Antropofagia, ano I, n. 1, São Paulo, maio de 1928. In. Mestres do Modernismo/coord. Editorial e introdução de Maria Alice Milliet; textos de Marcelo Mattos Araújo, Paulina Nemirowsky, Fernando
Xavier Ferreira e outros. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Fundação José e Paulina Nemirowsky e Pinacoteca do
Estado, 2005. Pág. 226.
48
Oswald de Andrade:
A obra de Oswald apresenta um nacionalismo que buscaas origens sem perder a visão crítica da realidadebrasileira.
Utiliza a paródia como forma de repensar a literatura.
Valoriza o falar cotidiano, numa busca do que seria alíngua brasileira.
Critica a sociedade burguesa capitalista, notadamente nasobras produzidas após 1930, como o romance SerafimPonte Grande e a peça O rei da vela.
Características:
Inovou a poesia com seus pequenos poemas, em quesempre haviam um forte apelo visual, criando oschamados “poemas pílulas”.
Seus romances quebram com toda a estrutura dosromances tradicionais.
OfertaQuem sabeSe algum diaTrariaO elevadorAté aquiO teu amor
Osw
ald
de A
ndra
de
A geração dos anos 1920
Glo
bal Editora
Capa do livro "Serafim Ponte Grande", de Oswald de Andrade, publicado em 1933.
Poesia
Influência das Vanguardas Europeias
Exploração crítica e bem-humorada da história, da
cultura e da realidade brasileiras.
Antropofagia
Erro de Português
Quando o português chegouDebaixo de uma bruta chuvaVestiu o índioQue pena! Fosse uma manhã de solO índio tinha despidoO português.
Pronominais
Dê-me um cigarroDiz a gramáticaDo professor e do alunoE do mulato sabidoMas o bom negro e o bom brancoDa Nação BrasileiraDizem todos os diasDeixa disso camaradaMe dá um cigarro
brasil
O Zé Pereira chegou de caravelaE preguntou pro guarani da mata virgem— Sois cristão?— Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da MorteTeterê Tetê Quizá Quizá Quecê!Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!O negro zonzo saído da fornalhaTomou a palavra e respondeu— Sim pela graça de DeusCanhém Babá Canhém Babá Cum Cum!E fizeram o Carnaval
Prosa de ficção
Memórias Sentimentais de João Miramar
Serafim Ponte Grande
Texto experimental
Técnicas de composição cubista
Invenção verbal
Capítulos curtíssimos
Paródia
Linguagem telegráfica
Teatro
O rei da vela
Em 1937 publicou-se O rei da vela, peça que
focaliza a sociedade brasileira dos anos 30. Pelo seu
caráter pouco convencional, só foi levada a cena
trinta anos depois, integrando o movimento
tropicalista.
Mário de Andrade
Mário Raul de Morais Andrade
1893 –1945
Intensa atividade ligada à cultura
Mário de Andrade:“Minha obra badala assim: Brasileiros, chegou a hora de realizar o Brasil.”
Mário Raul de Morais Andrade (1893-1945).
Chamado “papa do modernismo”.
Estreia em 1917 com Há uma gota de sangue em cadapoema, sob o impacto da Primeira Guerra Mundial; sãopoemas que refletem influência parnasiana.
A adesão absoluta aos padrões modernos se manifesta emPauliceia Desvairada, com poemas inspirados na cidadede São Paulo.
Em 1928, lança a prosa antropofágica Macunaíma, emum estilo muito pessoal, que é um marco no modernismoe na literatura brasileira.
A geração dos anos 1920
Arq
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o M
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e A
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EB
Mário de Andrade
Características:
A poesia de Mário de Andrade temcaráter revolucionário, que rompecom todas as estruturas do passado.
Em toda a sua obra, o autor lutou poruma língua brasileira, que estivessemais próxima do falar do povo.
Valorizava os brasileirismos e o folclore,como bem atestam os livros Clã dojabuti e Remate de males.
Suas poesias, romances e contosrevestem-se de uma nítida críticasocial, tendo como alvo a altaburguesia e a aristocracia.
Poema de abertura do livro Pauliceia Desvairada:
Inspiração
São Paulo! comoção de minha vida...Os meus amores são flores feitas de original...Arlequinal!...Traje de losangos...Cinza e ouro...Luz e bruma...Forno e inverno morno...Elegâncias sutis sem escândalos, sem ciúmes...Perfumes de paris...Arys!Bofetadas líricas no Trianon... Algodoal!...
São Paulo! comoção de minha vida...Galicismo a berrar nos desertos da América!
ANDRADE, Mário de. Poesias completas. São Paulo: Círculo do livro, 1976.
A geração dos anos 1920
Moça linda bem tratada
Moça linda bem tratada,Três séculos de família,Burra como uma porta:Um amor.
Grã-fino do despudor,Esporte, ignorância e sexo,Burro como uma porta:Um coió.
Mulher gordaça, filóDe ouro por todos os porosBurra como uma porta:Paciência...
Plutocrata sem consciência,Nada porta, terremotoQue a porta do pobre arromba:Uma bomba.
ANDRADE, Mário de. Poesias completas.São Paulo: Círculo do Livro, 1976
O Modernismo dos anos 1920
Macunaíma
o herói sem nenhum caráter
Criação de uma língua literária nacional
Intensa investigação da realidade e da cultura nacional
Anti-herói
Síntese do povo brasileiro
“No fundo do mato-virgem nasceuMacunaíma, herói de nossa gente. Era pretoretinto e filho do medo da noite. Houve ummomento em que o silêncio foi tão grandeescutando o murmurejo do Uraricoera, quea índia tapanhumas pariu uma criança feia.Essa criança é que chamaram deMacunaíma.”
É assim que nosso herói nos é apresentado pelonarrador em terceira pessoa: uma criança feia, filhodo medo e da noite.
Observe a caracterização do "herói", tão diferente daquelapretendida, por exemplo, pelo romântico Alencar em O Guarani(Peri).
"Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiropassou mais de seis anos não falando. Si o incitavam afalar exclamava:
- Ai que preguiça!
Nada mais dizia; trepado num jirau de paxiúba,olhando o trabalho dos outros e dos irmãos ( Maanape,bem velhinho e Jiguê, na força de homem). Seu únicodivertimento era "decepar cabeça de saúva."
Observe aqui como o autor aproveita nanarrativa os ditos populares:
"Vivia deitado mas si punha os olhos emdinheiro, "Macunaíma dandava pra ganharvintém."
E ainda:
"As mulheres se riam muito simpatizadas,falando que "espinho que pinica, de pequenojá traz ponta."
Gostava de tomar banho no rio, com a família. e mergulhava dando
beliscões nas mulheres nuas; quando visitava a maloca,"Macunaíma
punha as mãos nas graças dela", se alguma cunhatã se aproximasse
dele para acarinhá-lo.
O caráter libidinoso do herói começa a se revelar aí. Mais uma vez você
pode compará-lo a Peri, de O Guarani: no livro de Alencar, o herói é
construído sob o signo da Beleza, Bondade, Justiça, Fidelidade; aqui, nosso
herói vai se revelando aos poucos: preguiçoso, mentiroso contumaz,
libidinoso. Enfim: "um herói sem nenhum caráter".
"Quando era pra dormir trepava no macuru
pequeninho sempre se esquecendo de mijar.
Como a rede da mãe estava por debaixo do
berço, o herói mijava quente na velha,
espantando os mosquitos bem. Então
adormecia sonhando palavras-feias,
imoralidades estrambólicas e dava patadas no
ar."
Outro aspecto que deve ser notado é sobre a linguagem. Verifique que
as palavras usadas pertencem ao uso cotidiano, à linguagem coloquial:
"E pediu pra mãe que largasse da mandioca ralando na
cevadeira e levasse ele passear no mato. A mãe não quis
porque não podia largar da mandioca não."
"Sofará aguentou a sova sem falar um isto. "
PERSONAGENS: Macunaíma - é a personagem central dolivro – "o herói sem nenhum caráter". Fugindo à etimologiado nome Macunaíma: " o grande mau“; podemos afirmar queo herói é múltiplo: "encarna uma enorme variedade depersonagens, ora boas, ora más, ora ingênuas; quase sempreingênuas." Isto porque o herói reúne em si várias figuras damitologia indígena que Mário de Andrade soube sintetizar emuma só personagem; Maanape; Jiguê; Sofará; Iriqui; Ci;Capei; Piaimã; Vei; Ceiuci.
ASPECTOS TEMÁTICOS MARCANTES:
COMPLEXO RACIAL: O herói índio, nasce preto retinto. Essecomplexo racial da nossa formação fica claro mesmo é napassagem do poço encantado em que Mário de Andrade reúneos três tipos fundamentais da formação da raça brasileira: oíndio, o negro e o branco.
APATIA – “- Ai! que preguiça!...”
LÍNGUA: O Modernismo fez uma verdadeira revolução nalíngua literária. Os modernistas aproximam-na do povo,incorporando a ela os modismos brasileiros e o português dojeito que o brasileiro fala.
MUIRAQUITÃ - A muiraquitã é um amuleto que se associa àvida primitiva de Macunaíma, antes do contato com acivilização. Pode-se dizer que a muiraquitã se associa à ideiade pureza e inocência. Com a perda do amuleto, Macunaímavai-se civilizando e “sifilizando": contrai as doenças dacivilização, conforme constata e registra na sua carta asicamiabas.
PIAIMÃ - O gigante Piaimã, por outro lado, representa bem oelemento estrangeiro, civilizado e superior, que vai dominandoa pobre nação, subdesenvolvida e fraca. Somente com muitaartimanha, o herói consegue enganá-lo e vencê-lo, na ficçãode Mário de Andrade.
Manuel Bandeira
Manuel Carneiro de Sousa
Bandeira Filho
1886 –1968
Tuberculoso
Autor de “Os sapos”
Manuel Bandeira:“Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.”
Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho (1886-1968).
Aos 18 anos contraiu tuberculose, doença que oacompanhou por toda a vida, afirmava que era “um tísicoprofissional”. Desenganado pelos médicos, viveu para asletras e preparando-se para a morte.
Sua obra inicialmente foi influenciada por parnasianos esimbolistas.
Bandeira inicia sua produção modernista com a publicação dos livros Carnaval, em 1919, O ritmo dissoluto, em 1924.
Em 1930 publicou Libertinagem, uma das obras maisimportantes da literatura brasileira, na qual estão algunsde seus mais famosos poemas, como Poética,Pneumotórax, Evocação do Recife e Irene no Céu.
A geração dos anos 1920
Poeta Manuel Bandeira tocando violão Fonte: Enciclopédia Ilustrada do Brasil –
Vol.5, p. 1452. Bloch Editores.
Repro
dução
Manuel Bandeira
Características de sua obra:
Liberdade de conteúdo e forma.
Buscou na própria vida inspiração para seus grandes temas:
De um lado Do outro
A família A rua por onde transitavam os mendigos
A morte As prostitutas
A infância no Recife Os meninos carvoeiros
O Rio Capibaribe Os carregadores de feira-livre
Valorização do português falado no Brasil.
A tristeza e a alegria dos homens.
Idealização de um mundo melhor.
Humor.
Ceticismo.
Ironia.
Irene no céuIrene pretaIrene boaIrene sempre de bom humorImagino Irene entrando no céu:-Licença, meu branco!E São Pedro, bonachão:-Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
Manuel Bandeira
A geração dos anos 1920
Poema Tirado de uma notícia de jornal
João Gostoso era carregador de feira-livre e morava no morro da
Babilônia num barracão sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
Características
Integração das formas da língua coloquial àlinguagem poética da primeira geração doModernismo brasileiro
Clássico entre os modernistas
Dizer coisas importantes de forma simples, clara,mas nunca banal
Não se subordinou a formas literárias fixas
Momento num café
Quando o enterro passou Os homens que se achavam no café Tiraram o chapéu maquinalmente Saudavam o morto distraídos Estavam todos voltados para a vida Absortos na vida.
Um no entanto se descobriu num gesto longo e demorado Olhando o esquife longamente Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade Que a vida é traição E saudava a matéria que passava Liberta para sempre da alma extinta.
Manuel Bandeira
O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Manuel Bandeira
Vou-me Embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Antônio de Alcântara Machado
Antônio de Alcântara Machado
1901 –1935
Não participou da SAM
Procurava renovar a literatura brasileira
Jornalismo
Prosa de ficção
Alcântara Machado: retratos da São Paulo Macarrônica
Antônio de Alcântara Machado (1901-1935).
Participou da primeira “dentição” da Revista de Antropofagia.
Teve seu nome consagrado com a publicação dos livros decontos Brás, Bexiga e Barra Funda (1927) e Laranjada China (1928).
Características:
A característica mais marcante de sua obra está no retrato,ao mesmo tempo crítico, anedótico, apaixonado, massobretudo humano, que faz da cidade de São Paulo e de seupovo, com particular atenção para os imigrantes italianos,quer os moradores de bairros mais pobres, quer os que sevão aburguesando.
Narrado no dialeto paulistano, ou “português-macarrônico”.
Delírio futebolístico no Parque Antártica
Camisas verdes e calções negros corriam pulavam, chocavam-se,embaralhavam-se, caíam, contorcionavam-se, esfalfavam-se, brigavam.Por causa da bola de couro amarelo que não parava, que não parava umminuto, um segundo. Não parava.
- Neco! Neco!Parecia um louco. Driblou. Escorregou. Driblou. Correu. Parou. Chutou.- Gooool! Gooool!
Alcântara Machado
A geração dos anos 1920
Liv
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pio
Editora
Capa do livro "Novelas Paulistanas" de Antônio de Alcântara Machado. Neste exemplar estão reunidos
os contos: “Brás, Bexiga e Barra Funda”, “Laranja da China” (1928), e alguns contos avulsos.
Características
Retrata a cidade de São Paulo e o seu povo
(imigração italiana), moradores de bairros mais
pobres e os que vão se aburguesando) com um ar
crítico, anedótico, apaixonado, mas sobretudo
humano, numa linguagem intitulada como
“português macarrônico”.
Apesar de escrever artigos sobre cultura para o Jornal do
Comércio, só tomou contato direto com os modernistas em
1925.
Participou ativamente da primeira “dentição” da Revista
Antropofagia.
Obras:
Pathê-Baby (crônicas - sua estreia literária)
Brás, Bexiga e Barra Funda
Laranja da China
Brás, Bexiga e Barra Funda
onze contos caracterizados como notícias
linguagem concisa
flashes cinematográficos
personagens ítalo-brasileiras
costumes de imigrantes italianos que influenciarão a cultura
paulistana
narrativa isenta de descrições