Post on 11-Nov-2018
Se você disponibilizar, eles construirão?A educação capturada pelo ideário da cultura hacker e algumas reflexões sobre os modelos contemporâneos de EaD
Apresentação para o 11º Seminário Nacional ABED – 9 e 10.06.2015Alexandre Rosado (alexandre.rosado@globo.com), Doutor em EducaçãoProfessor Adjunto do Instituto Nacional de Educação de SurdosDepartamento de Ensino Superior (Núcleo de Educação Online)
Captura de tela do filme “Campo dos Sonhos”, EUA, 1989
Comunidades virtuais colaborativas
Autonomia e Autoinstrução
Materiais digitais para educação
Produção autoral “todos-todos”
Otimismo ou “as possibilidades e promessas infinitas de um futuro digital”
A literatura das décadas de 80 e 90 sobre as revoluções sucessivas das técnicas e a
mudança planetária via novas tecnologias.
A “cabana digital”, a “aldeia global”, a “sociedade da informação”, a “árvore de
conhecimentos”, as “psicotecnologias” e a “sociedade sem escolas”.
Análise de comunidades onlineVivências como participante de um projeto Wiki e o que aprendi com o
estudo da Wikipédia: “de perto ninguém é normal”.
Discussões duradouras sobre validades dos conteúdos
Hierarquia com base no número de colaborações
Brigas e disputas por territórios
Bloqueio de verbetes por vandalismo
Captura do site http://investugacion2014.blogspot.com.br/
A desconfiança empírica sobre as fachadas construídas ou “puxando a cortina dos bastidores”
(com a ajuda de Bruno Latour e Erving Goffman)
Captura do site http://whosnerd.com/wp-content/uploads/2015/05/star-wars-day-034-1024x674.jpg
É preciso desconfiar dos consensos sobre as tecnologias na educação: nativos digitais (?), ambientes
online abertos (?), computadores que mudam práticas (?).
Captura do site http://pavel-shipilin.livejournal.com/367894.html
Informações lucrativas sobre hábitos de estudantes
Práticas docentes que permanecem
Gastos excessivos com computadores
Instrução programada continuaUsando a metáfora de Bruno
Latour, é preciso “abrir a caixa preta” das tecnologias
na educação e entrar em seus bastidores.
Alguns autores tem nos auxiliado a pensar o “Lado B” das
tecnologias na Educação.
Em busca das origens:a cultura hacker e seu
ideário liberal.
Alguns princípios:Informação livre.
Entusiasmo com o trabalho.Comunitarismo.
Autonomia individual.Descentralização e anti-burocracia.
Transformação dos sujeitos (e da sociedade) via computadores.
Captura do site http://www.olivertacke.de/2010/12/11/information-wants-to-be-free/
Captura do site http://xe26505.com/
O ideário hacker nasce em laboratórios estadunidenses de alta tecnologia, com jovens engenheiros muito motivados, com uma ética de trabalho diferenciada.
Nos anos 90 e 2000 ela se populariza através da difusão em massa dos computadores.
A cultura hacker chega na educação:os ideais de abertura da informação, autonomia dos alunos e
democratização do ensino: MOOCs, REAs e PLEs
Captura do site https://edtechdirections.wordpress.com/ Captura do site http://cdn8.openculture.com/wp-content/uploads/2013/01/mooc-image.jpeg
Captura do site http://www.unesco.org/webworld/download/oer/EN/oer_logo_EN_2_RGB.jpg
Suspeitando das fachadas da tecnologia na educaçãoou
“Afinal, onde está aquele aluno autônomo, entusiasmado e criativo aqui no meu AVA?”
Captura do site http://www.bvl.org.br/criador-do-facebook-funda-clube-do-livro/
O que revela a empiria ou“Pequenos dados, grandes indagações.”
Somente 3% dos wikipedistassão altamente participativos
na escrita da Wikipédia
Em pesquisa recente (Rosado e Tomé), 72% dos alunos portugueses
entrevistados nunca haviam publicado vídeo de autoria própria
em redes sociais. 74,5% nunca publicaram áudio.
Em pesquisa com alunos EaDmilitares (Bianco e Rosado),
somente uma parte deles de fato criou um grupo cooperativo, autoral e com baixa intervenção de tutores.
O padrão que proponho aqui, já detectado por Clay Shirky, é:
pequeno percentual de produtores líderes, parte maior de produtores
eventuais e grande massa de consumidores de conteúdos.
Reflexões sobre o momento presente:Bastidores da produção do curso de Pedagogia Bilíngue EaD no
Instituto Nacional de Educação de Surdos
Captura do site http://biapo.com.br/site/portfolio/ines-instituto-nacional-de-educacao-de-surdos/Foto de Felipe Cohen
Modelo UAB
Plataforma AVA
Tutor bolsistaPolo
presencial
Pesquisa e planejamento (conteudista)
Aplicação do curso (tutores)
Gestão dos alunos (coord. e AVA)
Captura do site https://plus.google.com/+AnandBobadeCoach/posts
Pedagogia Bilíngue INES
Previsão de 11 polos e 360 alunos/ano
__________________
Necessidade, declarada nas políticas públicas, de formar professores e
democratizar o ensino(diretrizes internacionais e déficit
nacional de docentes)__________________
Que interesses essas demandas e esses modelos atendem?Atenção aos organismos
internacionais e suas diretrizes!
Imagem criada por Dirceu Esdras para o INES
Pontos de atenção!
1. O ideal de aluno produtor e autor. Afastar a generalização do ideário
hacker de colaboração e entusiasmo para detectar a diversidade de alunos
recebidos no curso e suas apropriações das tecnologias.
2. Os tutores continuam sendo vistos como auxiliares, não professores, com
baixa remuneração (bolsistas), alto número de alunos e desligamentos
constantes.
Captura do site http://en.modding-union.com/index.php?topic=18793.0
Pontos de atenção!
3. Alunos surdos, em geral, dominam pouco o português e precisam de
comunicação bilíngue (LP/Libras). A maioria nasce de pais ouvintes e
muitos são privados do contato com a Libras.
4. Como criar, no INES, modelos de EaD que se afastem do modelo-padrão da UAB? Ênfase, a princípio, em vídeos em Libras, links externos e em mapas
mentais como diferencial.Mas isso bastará? Que outros modelos
e práticas ainda precisam ser pensadas?
Captura do site http://en.modding-union.com/index.php?topic=18793.0
Modelo criado para construção das disciplinas
do curso de Pedagogia Bilíngue online do INES
7 semanas por disciplina.Progressão de competências.
Vídeos e textos próprios.Links e vídeos externos.
Glossário e Fórum.Grupos de atividades.
Modelo inicial produzido pelo Núcleo de Educação Online do INES a ser
implantado em 2015 e avaliado depois do primeiro semestre de 2016.
Imagem criada por Alexandre Rosado para o INES
DESLIGANDO...É preciso enxergar as “telas azuis” dos projetos
envolvendo tecnologias na educação.
Captura do site http://wallpaperswa.com/Colors/Blue/blue_screen_of_death_92874
Bibliografia consultada
BARBROOK, Richard. Futuros imaginários: das máquinas pensantes à aldeia global. São Paulo: Peirópolis, 2009.
BIANCO, Pedro Henrique; ROSADO, Luiz Alexandre da Silva. Autoria e autonomia em uma experiência de formação continuada online de docentes militares. In: ROSADO, Luiz Alexandre da Silva et al. Educação e tecnologia: parcerias 3.0. Riode Janeiro: Editora Universidade Estácio de Sá, 2014. p. 213-239.
BLIKSTEIN, Izidoro. Kaspar Hauser ou a Fabricação da Realidade. São Paulo: Cultrix, 2003.
BRETON, P. Le culte de l´Internet: uma menace pour le lien social? Paris: La Découverte, 2000.
CUBAN, Larry. Oversold and underused: computers in the classroom. Harvard University Press: Cambridge; Londres, 2001.
FERREIRA, Giselle Martins dos Santos. De conteúdo a recurso, prática e pedagogia: sobre o movimento REA e suas ramificações. Revista Educação e Cultura Contemporânea, v. 9, n. 18, p. 20-37, 2012.
FIGUEIREDO, Ana Valéria; MAMEDE-NEVES, Maria Apparecida Campos; PEDROSA, Stella Maria Peixoto de Aevedo. As múltiplas facetas da internet para jovens em rede. In: ETIC – Encontro de Educação e Tecnologias de informação e comunicação, 6, 2008, Rio de Janeiro. Anais..., Rio de Janeiro, UNESA, 2008, p. 1 a 16.
GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. Petrópolis, RJ: Vozes, 1985.
ILLICH, Ivan. Sociedade sem escolas. Vozes: Petrópolis, 1985.
LATOUR, Bruno. Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São Paulo: editor UNESP, 2000.
LATOUR, Bruno. A esperança de Pandora: ensaios sobre a realidade dos estudos científicos. Bauru, SP: EDUSC, 2001.
LEMGRUBER, Marcio Silveira. Educação a distância: expansão, regulamentação e mediação docente. Educação em foco, Juiz de Fora, v. 14, n. 1, p. 145-159, mar./ago. 2009.
LEMOS, André. Cibercultura, cultura e identidade. Em direção a uma “Cultura Copyleft”? Revista Contemporanea, v.2, n. 2, p 9-22, dez. 2004.
Bibliografia consultada
LÉVY, Pierre. A conexão planetária: o mercado, o ciberespaço, a consciência. Tradução Maria Lúcia Homem e Ronaldo Entler. São Paulo, SP: Editora 34, 2001. 192 p.
LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. Tradução Luiz Paulo Rouanet. 4. Ed. São Paulo, SP: Edições Loyola, 1998. 216 p.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Tradução: Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro, RJ: Editora 34, 1993. 208 p. 21 cm (Coleção TRANS).
LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro, RJ: Editora 34, 1999. 264 p. (Coleção TRANS).
LEVY, Steven. Hackers: heroes of the computer revolution. Dell Publishing: New York, 1984.
MACEK, Jakub. Defining cyberculture. Jul. 2005. Disponível em: <http://macek.czechian.net/defining_cyberculture.htm>. Acesso em: 07 abr. 2012.
MALANCHEN, Jülia. Uma análise crítica sobre as políticas para a formação de professores a distância no Brasil. Caderno de Pesquisa: Pensamento Educacional, v. 6, n. 13, p. 69-96, 2011.
MAMEDE-NEVES, Maria Apparecida Ccampos. Jovens em rede: representação e significação da internet pelo olhar de jovens universitários. Relatório de pesquisa CNPq. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2008. (mimeogr.).
MAMEDE-NEVES, Maria A. C; ROSADO, Luiz Alexandre da Silva; MARTINS, Tatiane M. de O. Mídias digitais na escola: a “eterna” fase de transição? Apropriações e perspectivas encontradas entre estudantes e professores. Revista e-Curriculum, São Paulo, v. 11, n.2, p. 515-536, ago.2013.
MOCELIN, Daniel Gustavo. A ética hacker do trabalho: rompendo com a jaula de ferro? Sociologias, Porto Alegre, v. 10, n. 19, p. 322-345, jan./jun. 2008.
NEGROPONTE, Nicholas. A vida digital. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Bibliografia consultada
ORWELL, George. 1984. Trad. Alexandre Hubner, Heloisa Jahn. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
PRENSKY, M. Digital Natives, Digital Immigrants. On the Horizon, v. 9, n. 5, p. 1-6, 2001. Disponível em: <http://www.marcprensky.com/writing/Prensky%20-%20Digital%20Natives,%20Digital%20 Immigrants%20-%20Part1.pdf>. Acesso em 09 março 2011.
PRETTO, Nelson; PINTO, Cláudio da Costa. Tecnologias e novas educações. Revista Brasileira de Educação, v. 11, n. 31, p. 19-30, jan./abr. 2006.
PRETTO, Nelson. Redes colaborativas, ética hacker e educação. Educação em Revista, Belo Horizonte, v.26, n.03, p.305-316, dez. 2010.
ROSADO, Luiz Alexandre da Silva; TOMÉ, Vitor Manuel Nabais. As redes sociais na internet e suas apropriações por jovens brasileiros e portugueses em idade escolar. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 96, n. 242, p. 11-25, jan./abr. 2015.
ROSADO, Luiz Alexandre da Silva. Autoria textual coletiva fora do âmbito acadêmico e institucional: análise da comunidade virtual Wikipédia e suas contribuições para a educação. 303 p. Dissertação (Mestrado em Educação) – Departamento de Educação, Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, 2008a.
ROSADO, Luiz Alexandre da Silva. Projetos de autoria coletiva em ambientes educacionais on-line: propondo alguns princípios norteadores. In: MAMEDE-NEVES, M. A.; CASTANHEIRA, M. As coisas são coisas: até que os jovens em rede provem o contrário. Rio de Janeiro: Arara Azul, 2008b. p. 307-344.
ROSADO, Luiz Alexandre da Silva. Quando os doutorandos visitam o ciberespaço: o uso de suportes digitais na produção acadêmica em um período de transições. 478p. Tese (Doutorado em Educação) –Departamento de Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2012.
Bibliografia consultada
SCHLESENER, Anita Helena; MATTEI, Adriana Rocio Nitsche. Intelectual e universidade: observações acerca da organização do trabalho docente na educação superior a distância. Caderno de Pesquisa: Pensamento Educacional, v. 6, n. 13, p. 131-144, 2011.
SECRETARIA Nacional de Promoção da Pessoa com Deficiência. Viver sem Limite – Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência. SDH-PR/SNPD, 2013.
SELWYN, Neil. Distrusting educational technology: critical questions for changing times. Routledge: New York, 2014.
SHIRKY, Clay. Lá vem todo mundo: o poder de organizar sem organizações. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.
SILVA, Marco. Sala de aula interativa. Rio de Janeiro: Quartet, 2006. 220 p.
TOFFLER, Alvin. A terceira onda. Tradução João Távora. 7 ed. Rio de Janeiro: Record, 1980. 492 p.
VALLE, Lílian e SOUZA, Sónia Ribeiro de. EAD: políticas públicas de qualidade? Caderno de Pesquisa: Pensamento Educacional, v. 6, n. 13, p. 27-42, 2011.
WATTERS, Audrey. The monsters of education technology. CreateSpace Independent Publishing Platform, 2014.