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JEAN JACQUES ROUSSEAU
Orientador: Prof. Dr. Erikson Falabretti.
VIDA E OBRAVIDA E OBRA
• Jean-Jacques Rousseau nasceu em 28 de Junho de 1712, em Genebra, falecendo em 1778.
Em 1749, despontou como filósofo ao escrever sua
primeira obra, “Discurso sobre as ciências e as artes”.
Com essa obra deu início a um pensamento polêmico
dentro da corrente do Iluminismo: o de crítica ao
progresso e a civilização.
PRINCIPAIS OBRAS DE JEAN JACQUES ROUSSEAU
1749 – redige o Discurso sobre as Ciências e as Artes.
1755 – publica os discursos: Sobre a origem da Desigualdade – Sobre a
Economia Política.
1757 – escreve O Emílio e o Contrato Social.
1761 – Nova Heloísa.
1771 – Considerações sobre o Governo da
Polônia.
A “RAZÃO” na cultura iluminista
O Iluminismo é a filosofia hegemônica da
Europa no séc. XVIII.
Característica fundamental do
movimento iluminista: Confiança na
razão humana
CONTEXTO HISTÓRICO
- libertação em relação aos dogmas
metafísicos, aos preconceitos morais,
- à defesa do conhecimento científico e
técnico
CONTEXTO HISTÓRICO
ROUSSEAU – TEMAS PREDOMINANTES
Relação entre natureza e sociedade.Liberdade como princípio básico do
homem natural e para as relações sociais e políticas.
Primazia do sentimento sobre a razão.Teoria da bondade natural do homem.
Doutrina do contrato social.
A EDUCAÇÃO DA VIRTUDE COMO PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO SEGUNDO
ROUSSEAU
INTRODUÇÃO
Para o desenvolvimento desta pesquisa, algumas obras foram importantes e significativas ao longo do processo de desenvolvimento. Destacam-se as seguintes obras: A obra “Emílio ou Da Educação”, como também referência ao “Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os homens”.
O trabalho está centrado num exercício de leitura bibliográfica, uma vez que os elementos de análise estão localizados especialmente nas obras do autor citadas anteriormente.
INTRODUÇÃO
A pesquisa teve como objetivo geral a compreensão da educação da virtude como processo de desenvolvimento segundo Rousseau. Como objetivos específicos temos:
•Analisar como Rousseau entende o homem no estado de natureza,
•Compreender a passagem do homem no estado natural para o estado civil,
INTRODUÇÃO
A pesquisa teórica está dividida em três capítulos. Tanto no primeiro como no segundo capítulo, fora utilizado como fundamentação teórica a obra: “Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os homens”. No terceiro capítulo especificamente a pesquisa se debruçou sobre a obra: “Emílio ou Da Educação”.
INTRODUÇÃO
O primeiro capítulo apresenta o conceito de homem no estado de natureza. O homem no estado de natureza teria primeiro vivido livre, feliz, solitário, sem precisar dos outros, era orientado apenas por seus instintos de autopreservação.
INTRODUÇÃO
O segundo capítulo, faz-se uma reflexão sobre a influência da sociedade no indivíduo, sua passagem do estado natural para o estado civil. “O primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer, Isto é meu, e encontrou pessoas simples o suficiente para acreditar nele, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil”. (ROUSSEAU,1993, p.181). No estado civil o homem depara-se com a preocupação de como se tornar notável perante os outros.
INTRODUÇÃO
O terceiro capítulo trabalhar-se-á o sentido de Educação para Rousseau, observando como Emílio é educado a viver em sociedade e de modo especial a educação da virtude como processo de desenvolvimento.
INTRODUÇÃO
I Capítulo
O HOMEM NATURAL SEGUNDO
ROUSSEAU
ObservaçãoÉ importante ressaltar que a hipótese
do homem natural não se trata de um período histórico ou de uma particular experiência histórica, é uma hipótese de trabalho, uma categoria de pensamento que facilita a compreensão do homem presente e suas opressões.
É essa hipótese que leva Rousseau a propor uma espécie de retorno à natureza que, um arquétipo de toda bondade e felicidade.
Percebe-se um contexto de
desigualdade social, gerada
primordialmente pela diferenciação
econômica entre pessoas e pessoas,
classes e classes, sociedades e
sociedades, etc.
CONTEXTO HISTÓRICO
O Discurso – 1a parte:
Rousseau inicia o discurso fazendo uma distinção
das duas desigualdades existentes: a desigualdade
natural ou física e a desigualdade moral ou política. A
desigualdade natural (sexo, idade, força, etc.) não é o
objetivo dos estudos de Rousseau, pois como o próprio
nome já afirma, esta desigualdade tem uma origem natural
e não foi ela que submeteu um homem a outro. A origem
da desigualdade moral ou política é o que interessa para
Rousseau.
O Discurso – 2a parte:
Após descrever o homem natural, Rousseau
utiliza uma história hipotética para descrever como se
deu à passagem do estado natural para o estado social,
mostrando desta forma como surgiu a desigualdade
entre os homens.
Discurso sobre as ciências e as artes: afirma que a corrupção do homem natural ocorre por causa do surgimento das ciências e das artes [primárias], geradoras do progresso.
Discurso sobre a Origem e os fundamentos da Desigualdade entre os homens.
Problema central dessa obra:
Qual é a origem da desigualdade entre os homens?
“Concebo, na espécie humana, dois tipos de desigualdade: uma que chamo de natural ou física, por ser estabelecida pela natureza e que consiste na diferença de idades, da saúde, das forças do corpo e das qualidades do espírito e da alma; a
outra, que se pode chamar de desigualdade moral ou política, porque depende de uma espécie de convenção e que é estabelecida ou, pelo menos
autorizada
DISCURSO SOBRE A ORIGEM E OS FUNDAMENTOS DA DESIGUALDADE ENTRE
OS HOMENS
pelo consentimento dos homens. Esta consiste nos vários privilégios de que gozam alguns em prejuízo dos outros, como o serem mais ricos, mais poderosos e homenageados do que estes, ou ainda por fazerem-se obedecer por eles.”
• É a hipótese de um homem originalmente íntegro, biologicamente sadio e moralmente reto, portanto, justo, não mau e opressor;
Para Rousseau, originalmente o ser humano era um “bom
selvagem”, mas um conjunto de circunstâncias “aperfeiçoaram a
razão humana, deteriorando a espécie, tornando o homem mau
ao fazê-lo sociável”.
O homem no estado de natureza
O homem no estado de natureza
um ser sensível que leva uma existência isolada e solitária (desprovido de sociabilidade e de linguagem)
ocupado apenas consigo mesmo (amour-de-soi-même), na busca de sua auto preservação.
obedece à natureza por impulso natural (não necessita de mediações racionais para viver).
a lei natural não é racional, mas uma inclinação
instintiva.
O homem no estado de natureza
“O homem é o bom selvagem inocente”Neste estado o homem nasce livre, pois ainda não houve corrupção.
Como o homem perde a sua liberdade natural?As ciências e as artes primárias causam o progresso, fazendo surgir à propriedade privada e com ela o acúmulo de capital e, logo em seguida, a consolidação do poder criador da desigualdade política e econômica. Como existe o medo ou o temor comum entre os proprietários de perderem os seus bens, é instituído à força o Estado (ilegítimo).
O “estado de natureza”, é uma categoria
teórica que serve para compreender
melhor o homem presente e os
aspectos corrompidos que se
insinuaram na natureza humana ao
longo do processo de civilização.
RESUMINDO :
É precisamente um estado aquém do
bem e do mal: deixada a seu livre
desenvolvimento, a natureza humana
leva ao triunfo dos sentimentos, e não
da razão, ao triunfo dos instintos, e não
da reflexão, da autoconservação, e não
da aniquilação.
RESUMINDO :
Capítulo II
DO HOMEM PRIMITIVO AO HOMEM CIVIL
O Homem no estado socialÉ o próprio progresso, o desenvolvimento da naturalidade que impõe uma transformação, uma progressiva “des-naturação” (dépravation) do estado originário. A sociabilidade faz nascer um outro sentimento, o amour-propre que envolve os homens no egoísmo e na cobiça. Dotado de razão e linguagem, o homem social desenvolve, para além da medida estrita das suas carências vitais, necessidades baseadas na vaidade e na ostentação.
• A prática social comum é a subordinação da vontade ao domínio de outrem, sendo o poder econômico aquele que acaba sujeitando os mais fracos.
• O sentimento imediato de piedade e bondade natural dá lugar à justiça calculista e egoísta.
O Homem no estado social
• É com a introdução da propriedade que começa a ser elaborada a ideia de diferença social e econômica, de que algo me pertence com exclusividade, e posso dispor de algo em condições absolutas e excluir os demais.
O Homem no estado social
A partir da necessidade social se instaura uma relação de desigualdade, onde alguém é submetido ao poder do outro.
“Cada um começou a olhar os outros e a desejar ser ele próprio olhado, passando assim a estima pública ter um preço. Aquele que cantava ou dançava melhor, o mais belo, o mais forte, o mais astuto ou o mais eloqüente, passou a ser o mais considerado, e foi esse o primeiro passo tanto para a desigualdade quanto para o convívio; dessas primeiras preferências nasceram, de um lado, a vaidade e o desprezo e, de outro, a vergonha e a inveja”
O Homem no estado social
• “Eis, pois, todas as nossas faculdades desenvolvidas, a memória e a linguagem em ação, o amor-próprio interessado, a razão em atividade, alcançando o espírito quase que o termo da perfectibilidade de que é suscetível.”
• “Para proveito próprio, foi preciso mostrar-se diferente do que na realidade se era. Ser e parecer tornaram-se duas coisas totalmente diferentes.”
O Homem no estado social
• Passa a estar sujeito a uma série de necessidades artificiais.
• Perde a liberdade e submete-se à vontade de outrem (homem e sociedade).
• “O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é meu e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo.”
O Homem no estado social
• O mais poderoso faz da sua condição “uma espécie de direito ao bem alheio”, e a sociedade coloca-se no mais “tremendo estado de guerra”, de usurpação e de servidão (despotismo).
• Com a desigualdade se instaura um estado de guerra, de servidão e de miséria.
O Homem no estado social
Processo que causa o Estado ilegítimo
Ciências e artesprimárias
Progresso Propriedade privada
Capital financeiroPoderDesigualdade política e econômica
Estado ilegítimo
• Rousseau conclui mostrando como os acontecimentos citados deram origem as desigualdades entre os homens. O surgimento da propriedade divide os homens entre ricos e pobres, o surgimento de governos divide entre governantes (poderosos) e governados (fracos) e o surgimento de estados divide os homens entre senhores e escravos.
Capítulo III
A EDUCAÇÃO DA VIRTUDE COMO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
Configura-se dessa forma, um homem de relações que, passa do homem original para o homem civil, possui assim além das necessidades físicas, necessidades morais e culturais que ampliam seu mundo e fomenta a sociabilidade. Essa nova condição permite ao homem uma convivência comunitária sendo possível a realização humana, no entanto, o abuso que se faz dessa condição permite o homem também vivenciar as paixões e os vícios como o orgulho, a inveja, o ódio degradando assim, sua condição original.
• Rousseau supõe uma alternativa para o problema da liberdade e da
desigualdade: a alternativa pedagógica.
A proposta contida no livro “Emílio, ou Da Educação”, é a de formar o homem racional e social sem que ele perca a bondade natural, que esteja preparado para viver em sociedade sem afetar-se pela mesma, e tornar-se um homem livre por meio da educação da virtude.
O processo educativo, que deve ser permanente, deve variar conforme os estágios e preparar para a vida social. E isso comporta a educação de todo o homem: sentimentos e razão.
Rousseau não tinha a intenção de apresentar “Emílio” como modelo educativo, não se pretendia demonstrar como bem educar uma criança, mas sobretudo, um educar para a liberdade.
“Emílio” pode nunca ter existido, o que Rousseau pretendia era refletir sobre educação e sobre as orientações do ensino oferecidas em sua época, era uma análise sobre o ato de educar.
Rousseau apresenta na obra “Emílio ou Da Educação”, aspectos relevantes sobre a formação integral da pessoa. Propõe educar uma pessoa virtuosa capaz de resistir a constrangimentos, adversidades, vícios presentes na sociedade e atuar como pessoa virtuosa, apresentando o homem como um ser bom.
Para Rousseau, a educação vem-nos de três possibilidades: a primeira é a da natureza onde acontece o desenvolvimento interno de nossas faculdades e órgãos.
A segunda é a educação dos homens consiste no uso que nos ensinam a fazer desse desenvolvimento interno, e a terceira é a educação que adquirimos pela experiência individual que fazemos com os objetos que nos afetam.
• Portanto, há três educações diferentes: a da natureza não depende de nós, a das coisas em algumas circunstâncias e a que somos realmente responsáveis é a educação do homem.
• Diante dos desafios da vida em sociedade, como formar o homem que conserve a sua autonomia, liberdade, as suas virtudes e a compaixão diante das desigualdades sociais criadas pelo próprio homem?
• Fortalecendo de tal maneira a sua formação na infância e na adolescência que a medida que vai crescendo se consolide nele um homem total, incorruptível, forte no físico, forte no espírito, no intelecto, na razão e no sentimento. Assim, Rousseau pretendia ensinar o aluno muito mais do que uma profissão, e sim a vida humana.
• A educação significativa para Rousseau é aquela que forma a criança para o exercício de sentir as dificuldades e assim saber suportá-las. O ato de educar requer que a criança aprenda a desenvolver suas capacidades cognitivas, afetivas, psíquicas e sociais.
• Exige um constante exercício de expressar seus pensamentos, sentimentos para que assim esteja apta para enfrentar as situações da vida. “Não se trata de ensiná-las a suportar as dificuldades, mas de exercitá-la para sentí-las”. (ROUSSEAU, 2004, p.16).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verifica-se que a educação segundo Rousseau é o exercício do aperfeiçoamento da natureza originária, que o homem a perdeu no processo de socialização. Rousseau busca fortalecer na criança a sua natureza para efetivar no homem um ser autônomo e senhor de si mesmo.
• REFERENCIA
ROUSSEAU, Jean - Jacques. Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
• ROUSSEAU, Jean - Jacques. Emílio ou da Educação. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
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