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médicorepórterJornalística na forma, científica no conteúdo. Informação exclusiva para médicos ano 11 | nº 106 | 2010
Diagnóstico ou burocracia?
Por dentroCirurgiões relatam o uso do sistema robótico em cirurgia geral e em outras especialidades As barreiras que interferem
no trabalho médico
N O V A
méd
icorepórter
ano 11 | nº 106 | 2010Burocracia ou diagnóstico?
Saúde públicaEm debateDescobertaAtualização
capa medico.indd 1 01/10/10 08:17
1816Invento do
estetoscópio porRené T.H. Laennec
(1781-1826)
1855Invento do
biauricular por Dr. George Cammann
(1804-1863)
2010Estetoscópioeletrônico
NÓS TAMBÉM EVOLUÍMOS
1998Lançamento da revistaMédico Repórter pelo Grupo Lopso. Primeira
revista jornalística científica exclusiva para médicos
2001Sempre na vanguarda, a
revista Médico Repórter inova em seu visual
2010Acompanhando um mercado em constante mudança, a revista Médico Repórter, em
seu nº 106, ganha uma nova roupagem, sempre com a proposta de ser a melhor
publicação para a classe médica
Fique por dentro das novidades que a Médico Repórter traz pra você! A revista que é
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Prezado médico e leitor, juntamente
com a Nova Médico Repórter,
encartamos algumas gravuras
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consultório.
médicorepórterJornalística na forma, científica no conteúdo. Informação exclusiva para médicos
N O V A
*A Revista Médico Repórter é distribuída gratuitamente, porém seu mailing flutuante não assegura o recebimento mensal de todas as edições
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4 | mr106
Diretora Geral
Ana Maria Sodréanasodre@lopso.com.br
Diretora Administrativa
Carolina dos Santoscarolina@lopso.com.br
Jornalista Responsável
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Jornalistas
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As matérias assinadas não refletem a
opinião da Médico repórter.
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a revista Médico repórter não se
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ou total da Médico repórter sem a
devida autorização do Grupo Lopso de
Comunicação.
Médico repórter é uma publicação do
Grupo Lopso de Comunicação.
INPI nº 819.589.888
Em constante transformação como qualquer ou-
tra instância da vida moderna, a medicina é um
universo que não apenas assiste às mudanças
que acontecem no setor como, em algum senti-
do, depende da evolução de suas técnicas para oferecer
diagnósticos cada vez mais precisos, tratamentos mais
eficientes e menos custosos, a fim de contribuir para
um ciclo de desenvolvimento contínuo, que implica na
otimização da prestação de serviços para a população e
na verticalização dos estudos em medicina no Brasil.
Estudos como o que foi desenvolvido pela CELLE, que
prevê a extração de células-tronco do fluido menstrual
e promete renovar as expectativas de pacientes com
casos de degeneração de determinados grupos do corpo
(em fase de pesquisa no Brasil pela Cryopraxis Criobiolo-
gia); ou mesmo a implantação do primeiro marca-passo diafragmático no País, que restaura
o uso do diafragma de pacientes tetraplégicos, trazendo mais conforto e qualidade de vida,
realizada pelo Hospital Sírio-Libanês, são bons exemplos de como a medicina brasileira está
disposta a dar grandes passos no sentido da evolução.
Entretanto, ao passo que transformações como essas delineiam um cenário positivo para a
medicina brasileira, impasses praticamente invisíveis para os olhos leigos começam a ganhar
cada vez mais forma e presença no exercício médico, enfraquecendo setores indispensáveis
para o bem-estar da sociedade, e a eterna luta pelo desenvolvimento médico no país.
Nesta edição, a revista Médico Repórter traz uma reportagem de capa que conta a história
de um dos maiores vilões do exercício médico no Brasil: a burocracia. Seja sob o signo da
omissão das agências reguladoras em orientar as relações entre o médico, os planos de saú-
de e seus prestadores de serviço, seja pela falta de incentivo governamental à continuidade
da educação médica no País, profissionais em todo o Brasil revelam insatisfação por serem
afetados pela ação da burocracia, o que representa um perigo iminente para a população que
necessita de assistência médica.
O lado positivo dessa história é que sociedades de especialidades das mais variadas, como
a ginecologia, obstetrícia e ortopedia, já começam a se movimentar no sentido de alertar
tanto a comunidade médica quanto a população geral dos males que esse vilão invisível pode
causar. Nesta edição, você confere dados sobre a relação delicada entre médicos e planos de
saúde, e conhece também as campanhas que começam a ganhar força no País para comba-
ter o estado de fragilidade em que os profissionais médicos se encontram atualmente.
A Médico Repórter deste mês traz ainda, em uma matéria especial, os principais pontos do
Novo Código de Ética Médica repercutidos por profissionais da área – em se tratando dos vi-
lões invisíveis e das delicadas questões de bioética, o Novo Código lança luz sobre o exercício
médico, e engata mais uma marcha em prol do desenvolvimento da medicina no Brasil.
E, por fim, você confere nesta que é a nossa 106º edição, a reconfiguração total da revista, que
adquiriu outra identidade visual e sai do forno este mês com cara nova, sempre trazendo conte-
údo de qualidade sobre as mais diversas especialidades da medicina para que você, médico, se
atualize com as últimas novidades do setor.
Boa leitura.
Ana Maria Sodré
editorialmédicorepórter
Jornalística na forma, científica no conteúdo.Informação exclusiva para médicos
N O V A
ano 11 | nº 106 | 2010
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índice
08 MATÉRIA DE CAPA: DIAGNÓSTICO OU BUROCRACIA?Especialistas discutem como a burocracia interfere no desenvolvimentoda medicina no Brasil
POR DENTRO14 Driblando a autoimunidade20 Paralisia: estudo e esperança
ENTREVISTA22 Medicina 5 estrelas
24 EM PAUTANova toxina botulínica chega ao mercado brasileiro
30 SAÚDE PÚBLICABrasil força-tarefa
SEÇÕES
DESTAQUES
32 COMPLIANCENovas perspectivas
34 EM DEBATEA polêmica do bronzeado
36 DESCOBERTAFonte da vida
ARTIGO42 Anafilaxia induzida por farinhas contaminadas por ácaros46 Miomas uterinos podem ser tratados sem necessidade de retirar o útero
48 ESPECIALOutros rumos para a medicina moderna
SEM FRONTEIRAS50 Exposição de médicos sem fronteiras 56 Medicina social
58 NA PRATELEIRALançamentos em literatura médica
60 PANORAMANotícias médicas
64 FITOMEDICINACaralluma fimbriata no controle do apetite
26 ATUALIZAÇÃO TERAPÊUTICAPrimeiro medicamento no País para tratamento das crises de angioedema hereditário
POR DENTRO16 A evolução da cirurgia robótica no Brasil
ARTIGO40 Envelhecimento masculino
colaboradores.indd 1 05/10/10 12:56
mr106 | 7
colaboradores
Dr. Marcello D. Brons-tein, chefe da Unidade de
Neuroendocrinologia da
Disciplina de Endocrino-
logia e Metabologia do
Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo
(FMUSP)
Dr. Carlos A. C. Pereira, ex-presidente da Sociedade
Brasileira de Pneumologia e
Tisiologia, doutor em Pneu-
mologia pela Universidade
Federal de São Paulo (UNI-
FESP), diretor do Serviço de
Doenças Respiratórias do
Hospital do Servidor Públi-
co Estadual de São Paulo
Dr. Eduardo de Oliveira Duque-Estrada, médico
do corpo de saúde da Ma-
rinha do Brasil e professor
universitário até 2007, MBA
em Estratégia Empresarial,
presta assessoria à indús-
tria farmacêutica
Dra. Denise Steiner, professora de Dermatologia
da Faculdade de Medicina
de Mogi das Cruzes, em
São Paulo
Dr. Marcelo Chiara Ber-tolami, diretor científico do
Instituto Dante Pazzanese
de Cardiologia da Secreta-
ria de Estado da Saúde de
São Paulo
Dr. Mario Peres, médico
neurologista, com dou-
torado pela Universidade
Federal de São Paulo
(UNIFESP), pós-doutorado
pela Thomas Jefferson
University, Philadelphia
Dr. Décio Chinzon, assistente doutor da Disci-
plina de Gastroenterologia
Clínica da Faculdade de
Medicina da Universidade
de São Paulo (FMUSP)
Dr. Manoel Jacobsen Teixeira, chefe da Liga
de Dor do Hospital das
Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade
de São Paulo (FMUSP)
Dra. Ceci Mendes Car-valho Lopes, presidente
da Associação Médica
Brasileira de Fitomedicina
(SOBRAFITO)
Dr. Eduardo B. Bertero, fellow pela Universidade de
Boston (EUA), mestre em
Ciências pela Faculdade de
Medicina da Universidade
de São Paulo (FMUSP),
médico assistente do
Departamento de Urologia
do Hospital do Servidor
Público Estadual de São
Paulo
Dr. Mário Santoro Junior, membro da Academia
Brasileira de Pediatria,
presidente da Sociedade
Brasileira de Pediatria (ges-
tão 94-96), vice-presidente
da Associação Latino-
Americana de Pediatria
(gestão 2003-2004)
Dr. Sérgio Timerman, diretor do Laboratório de
Treinamento, Simulação
e Pesquisa do Instituto
do Coração (InCor) do
Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo
(HC-FMUSP), diretor da
Fundação Interamericana
do Coração e presidente do
Comitê de Ressuscitação
da Associação de Medicina
Intensiva Brasileira (AMIB)
Dr. César Eduardo Fernandes, professor
livre-docente, chefe da
Clínica Ginecológica da
Disciplina de Ginecologia e
Obstetrícia da Faculdade de
Medicina do ABC (FMABC),
professor colaborador
da Pós-Graduação em
Ginecologia, Obstetrícia e
Mastologia da Faculdade
de Medicina de Botucatu
– Universidade Estadual
Paulista (UNESP)
Dr. Prof. Eliasz Enge-lhardt, professor titular
da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ),
coordenador do Setor de
Neurologia Cognitiva e
do Comportamento do
Instituto de Neurologia
Deolindo Couto da UFRJ,
coordenador de pesquisa
do Centro para Doença de
Alzheimer do Instituto de
Psiquiatria da UFRJ
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8 | mr106
mrmatéria de capa
Diagnóstico ou burocracia?por ANA CAROLINA ADDARIO
Cerceados pelos planos de saúde, pelo descaso das agências reguladoras, e pela falta de incentivo à verticalização dacarreira, especialistas discutem como a burocracia interfere no desenvolvimento da medicina no Brasil
As barreiras burocráticas que
interferem no trabalho médico podem estar
relacionadas com os planos de saúde,
os protocolos de atendimento ou a
ausência de regulação federal sobre os
procedimentos médicos.
A atribuição de salvar vidas
e designar soluções para
os males que acometem o
paciente não é uma tarefa
simples, uma vez que todo tratamento
envolve riscos e responsabilidades. A
maneira como o profissional conduz o
tratamento é o que determina sua re-
lação com o paciente e o sucesso das
operações. No entanto, quando fatores
externos começam a interferir no ofí-
cio, barreiras se constroem na relação
entre médico e paciente e a resolução
dos problemas pode levar ainda mais
tempo do que o previsto.
As barreiras burocráticas que inter-
ferem no trabalho médico podem estar
relacionadas com os planos de saúde,
os protocolos de atendimento ou a
ausência de regulação federal sobre
os procedimentos médicos. Qualquer
que seja a razão, profissionais em todo
o País sofrem com os trâmites buro-
cráticos que perpassam a medicina, e
correm cada vez mais riscos de perder
o tão precioso tempo de atenção a
seus pacientes.
Prova desse fenômeno pode ser
conferida em estudo lançado pelo
Instituto de Pesquisas Datafolha em
setembro deste ano, que avaliou a
atuação dos planos de saúde sob o
ponto de vista de quem mais tem a
reclamar deles: os médicos. De acordo
com o levantamento, em uma escala
de 0 a 10, o médico paulista atribui
nota de 4,7 para os planos ou segu-
ros de saúde no Brasil. Considerando
apenas os planos com os quais tem ou
teve algum relacionamento nos últimos
cinco anos, a avaliação é similar à mé-
Dr. César Eduardo
Fernandes é professor
livre-docente, chefe da
Clínica Ginecológica da
Disciplina de Ginecologia
e Obstetrícia da
Faculdade de Medicina
do ABC (FMABC),
professor colaborador
da Pós-Graduação em
Ginecologia, Obstetrícia e
Mastologia da Faculdade
de Medicina de Botucatu
– Universidade Estadual
Paulista (UNESP)
Dr. Cláudio Santili é
presidente da Sociedade
Brasileira de Ortopedia
e Traumatologia (SBOT),
e editor associado
da Acta Ortopédica
Brasileira, membro
do Corpo editorial da
Revista Brasileira de
Ortopedia, membro do
conselho consultivo da
Rev. Ciências Médicas da
Pontifícia Universidade
Católica de Campinas
(PUCCAMP)
Dr. Emílio César
Zilli é diretor e
responsável pela área
de ética médica da
Sociedade Brasileira de
Cardiologia (SBC)
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mr106 | 9
dia atribuída aos planos de modo geral:
nota média de 5,1 em escala de 0 a 10.
Foram realizadas 403 entrevistas finais
no Estado de São Paulo, sendo 200 na
capital e 203 no interior, para compor
o cenário da insatisfação dos médicos
em relação à interferência dos planos
ou seguros de saúde em seu trabalho.
Quando o assunto é a insatisfação
dos profissionais em relação a essas
empresas, 9 em cada 10 médicos de-
claram que há interferência dos planos
ou seguros de saúde na sua autonomia
técnica para o exercício da medicina.
Para cerca de 3 em cada 10 médicos,
glosar procedimentos ou medidas
terapêuticas é o tipo de interferência
que mais afeta a autonomia médica,
seguido pela restrição no número
de exames ou procedimentos, atos
diagnósticos e terapêuticos mediante
designação de auditores, restrições a
doenças preexistentes, tempo de inter-
nação de pacientes, prescrição de me-
dicamentos de alto custo e, por fim, no
período de internação pré-operatório.
Perguntados sobre qual plano ou
seguro de saúde mais apresenta pro-
cedimentos burocráticos, 3 em cada 10
médicos paulistas declaram que todos
são igualmente excessivos nesse que-
sito. E, por fim, perguntou-se aos 403
entrevistados qual era o pior plano de
saúde do Brasil, chegando a um empa-
te entre as marcas Medial, Intermédica,
Amil e Cassi, com cerca de 10% dos
votos para cada.
Esses dados, que refletem a insa-
tisfação em que vivem os médicos do
Estado de São Paulo que responderam
ao levantamento, são apenas uma
amostra do que milhares de profis-
sionais em todo o Brasil sofrem em
função das dificuldades geradas pela
ação burocrática dos planos de saúde,
que acabam cerceando seu trabalho e
coibindo a prestação de um serviço de
qualidade. Prova disso é o número de
campanhas e levantes realizados de
ponta a ponta do País.
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Pesquisa realizada pela ProTes-
te que avaliou as diferenças e se-
melhanças entre planos de saúde
particulares e coletivos constatou
que o consumidor que possui um
plano de saúde coletivo demora
50% mais do que um que tenha
plano individual para conseguir
agendar exames ou outro procedi-
mento, e 14,3% mais tempo para
marcar uma consulta médica. Nos
planos individuais o consumidor
leva, em média, 14 dias para
agendamento de consulta e 6 dias
para marcar um procedimento
ambulatorial ou exame. Já nos
planos coletivos, esse período
sobe para 16 dias para marcar
consulta e 9 dias para agenda-
mento de procedimentos.
passamos por dificuldades diversas
vezes tendo que provar a necessidade
de determinada operação
Pesquisa ProTeste
Conscientização médicaEm julho deste ano, o instituto de
pesquisa IBOPE realizou sob encomen-
da da Sociedade Brasileira de Ortopedia
e Traumatologia (SBOT) estudo que ava-
liou a interferência dos planos de saúde
no exercício médico, do ponto de vista
dos profissionais da especialidade. De
acordo com o estudo, que entrevistou
400 ortopedistas e traumatologistas de
todos os Estados brasileiros, dos 91%
dos médicos que atendem por meio de
planos de saúde, segundo o IBOPE, 55%
já tiveram cirurgias negadas.
Desse mesmo contingente, 37% já
tiveram pedidos de exames e proce-
dimentos ambulatoriais recusados,
25% receberam negativas de material
cirúrgico, 12% tiveram negativas para
solicitação de próteses, 9% afirmam
que tiveram implantes recusados e
8% registram negativas de tratamento
alternativo, além de 7% que revelam
negativas nos pedidos de internação
clínica.
“Os dados do estudo dizem respeito
a uma área da medicina bastante de-
pendente de equipamentos e próteses,
que é a ortopedia. Com base nisso,
passamos por dificuldades diversas
vezes tendo que provar a necessidade
de determinada operação, até porque
essa dificuldade às vezes é gerada por
desconfiança por parte dos planos
de saúde”, conta o Dr. Cláudio Santilli,
presidente da SBOT.
Outra área bastante prejudicada
pela negativa de procedimentos é a
cardiologia, principalmente quando
se trata de cirurgias dependentes de
equipamentos. “A área da cirurgia
cardíaca e da arritmia trabalham com
marca-passos de ponta, que podem
chegar a custar 50 mil reais. Algumas
empresas cedem o equipamento, mas
outras preferem decidir a concessão
na Justiça”, afirma o Dr. Emílio César
Zilli, diretor da Sociedade Brasileira de
Cardiologia (SBC).
Análises (nada) técnicasOutro dado importante revelado pelo
estudo é que 27% das respostas nega-
tivas foram dadas por funcionários dos
planos de saúde, e não pelos auditores
médicos. O que significa que mais de
¼ dos vetos sobre diagnósticos é feito
sem conhecimento técnico.
“Essas negativas se moralizariam se
fossem realizadas com a comprova-
ção do técnico, mas nem sempre isso
acontece. No fim, a atitude acaba por
quebrar a confiança do paciente no
médico”, revela o Dr. Santilli.
De acordo com o Dr. Zilli, a recor-
rência de casos de recusa dos pro-
cedimentos médicos por parte dos
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mr106 | 11
Não há políticas públicas que incentivem a
verticalização da carreira e, no entanto, a
cobrança sobre o profissional
tende a crescer com os anos de
profissão
planos de saúde acaba provocando um
movimento de judicialização da medi-
cina, em que o diagnóstico médico é
avaliado por instância judicial, ou seja,
sem instrução técnica sobre o que
será discutido. “Felizmente, em 99%
dos casos, o juiz decide em favor do
paciente”, completa.
Dentre as justificativas dos planos
para as rejeições de procedimentos
solicitados, segundo os entrevistados,
predominam a falta de vagas no hospi-
tal, falta de cobertura contratual, prazo
de carência e alto custo do procedi-
mento. “Se durante um período contra-
tual, a direção de um plano de saúde
é alterada ou mesmo se a empresa é
vendida para terceiros, nós, médicos
associados, corremos o risco de ver
nossa cobertura contratual transforma-
da”, revela o Dr. Santilli.
A sexta edição do novo Código de
Ética Médica, lançado em abril deste
ano, entra em vigor em um momento
em que o setor médico, coibido por
autoridades burocráticas, ganha mais
autonomia tanto em relação às institui-
ções, quanto na interação entre médico
e paciente. O documento, organizado
pelo Conselho Federal de Medicina com
a colaboração de diversos médicos e
entidades da sociedade civil, também
representa uma forma de burocracia no
exercício da medicina, mas pode ser o
primeiro sinal de uma solução para os
entraves burocráticos.
Impasses educacionaisA questão da educação foi levantada
pelos entrevistados da pesquisa como
outro aspecto que dificulta o desenvol-
vimento da medicina no Brasil e que
também está relacionado com a buro-
cracia, pois depende da administração
pública e de entidades da sociedade.
A falta de incentivos à continuidade
da educação especializada na área
de saúde no País é um dos aspectos
centrais da discussão. “Não há políticas
públicas que incentivem a verticaliza-
ção da carreira e, no entanto, a cobran-
ça sobre o profissional tende a crescer
com os anos de profissão”, conta o Dr.
Zilli, da SBC.
Para o Dr. César Eduardo Fernandes,
presidente da Associação de Obste-
trícia e Ginecologia do Estado de São
Paulo (SOGESP), a necessidade de
reciclagem do conhecimento médico
é uma urgência trabalhada atualmente
apenas através da iniciativa de institui-
ções e associações médicas em torno
de todo o País. “O que aprendi na déca-
da de 1970, na época, era para sempre,
e estava completamente equivocado.
Os médicos estão mais conscientes da
necessidade de continuar a educação,
e as associações médicas têm promo-
vido eventos de grande qualidade, mas
precisamos de mais”, conta.
Além da falta de incentivo à verticali-
zação da carreira, outro aspecto negati-
vo da medicina brasileira é a expansão
do número de escolas de graduação,
que nem sempre prezam o critério da
qualidade de ensino. “O Brasil só perde
para a Índia no número de escolas de
medicina”, afirma o Dr. Zilli. E a equação
de soma da falta de incentivo à conti-
nuidade da carreira, com a proliferação
de escolas de medicina sem critérios
de qualidade resulta em profissionais
despreparados, e sob a pressão das
empresas de saúde.
Campanha publicitária da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP)
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12 | mr106
O preço por salvar vidasA baixa remuneração paga aos médi-
cos também aparece como agravante
para o desenvolvimento da saúde bra-
sileira, que padece sem nenhuma re-
gulamentação relativa aos critérios de
pagamento aos profissionais de acordo
com sua formação, ou de acordo com
o tipo de serviço que eles oferecem
à sociedade. “É justo ver profissionais
gabaritados, especializados, receberem
os mesmos R$ 15 dos planos de saúde,
ou os R$ 7 do SUS que um jovem médi-
co recém-formado recebe?”, questiona
o Dr. Santilli.
com ambulatórios, recursos humanos,
materiais, impostos etc. O valor líquido
que chega às mãos do médico é de R$
4 a R$ 5. Gasta-se muito tempo para a
formação na especialidade, é necessá-
rio remunerar com justiça”, afirma o Dr.
César Eduardo Fernandes, presidente
da SOGESP.
De acordo com o Dr. César, reféns
dos planos de saúde, uma vez que 45%
dos pacientes do País utilizam saúde
suplementar, os profissionais se veem
na obrigação de agir diante dos valores
injustos destinados à especialidade.
Prova de que a insatisfação já atinge
mesmo os profissionais mais jovens é a
baixa incidência de estudantes procu-
rando a especialização em ginecologia
e obstetrícia.
É justo ver profissionais gabaritados,
especializados, receberem os mesmos
R$ 15,00 dos planos de saúde, ou os R$
7,00 do SUS que um jovem médico recém
formado recebe?
Indignados com os honorários pagos
para a especialidade, e as condições
delicadas em que os profissionais se
veem compelidos a trabalhar, a SOGESP
deu início a uma campanha de alcance
nacional a fim de mobilizar o maior
número de adeptos para a discussão
sobre o preço pago por salvar vidas.
“O planejamento começou com uma
campanha de mídia, levando essas
informações ao público, passando por
um momento de conscientização dos
colegas médicos e, por fim, a discussão
é levada para uma banca de negocia-
ção com profissionais legais, economis-
tas, técnicos em honorários médicos,
representantes da especialidade, e os
planos de saúde que quiserem compa-
recer”, revela o Dr. César.
Para ele, o papel de orientar esse tipo
de decisão deveria ser exercido pelas
agências reguladoras, criando critérios
mais diversos para a atribuição de pre-
ços dos serviços médicos. “O trabalho
médico não recebe aumento há mais
de 20 anos e, além disso, ainda temos
que ver todas essas instâncias cerce-
ando as decisões médicas”, completa.
Dentre os especialistas em ginecolo-
gia e obstetrícia, o embate por hono-
rários mais justos ganhou campanhas
que circulam em todo o País, dissemi-
nando as condições drásticas em que
vivem para não abandonar o ofício em
função da baixa remuneração. “Atu-
almente, os planos de saúde pagam
honorários de R$ 25 por consulta, valor
que deve ser dividido entre gastos
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mrpor dentro
Driblando aautoimunidadepor ANA CAROLINA ADDARIO
Alternativa aos tratamentos de combate aos abortos espontâneos, a imunologia da reprodução causa mais polêmica do que estudos
Ainda que seja uma técnica passível
de comprovação científica, como
estudos realizados em diversos países podem
atestar, a maioria dos profissionais prefere
seguir outras linhas de tratamento, é natural
Diversos fatores podem ser
responsáveis por dificultar
uma gestação, provocan-
do abortos espontâneos.
Complicações genéticas, endócrinas,
anatômicas, infecciosas, ou mesmo
o estilo de vida da futura mãe podem
comprometer definitivamente o feto
ainda em seus primeiros momentos de
vida. O que muitas pessoas desconhe-
cem é que, algumas vezes, a autopro-
teção criada por nosso corpo pode
acentuar a incompatibilidade genética
entre o casal, prejudicando a tentati-
va de quem pretende constituir uma
família. E o grande vilão da história é o
sistema imunológico feminino.
Em uma gravidez normal, o embrião
possui informações de origem paterna
(50%) e materna (50%), conhecidas
como antígenos de superfície (HLA).
Ao reconhecer as informações de
origem paterna, a gestante produz
anticorpos responsáveis por diminuir a
atividade do seu próprio sistema imu-
nológico da gestante, reduzindo assim
a ação das células assassinas natu-
rais, natural killer (NK), que destroem
qualquer possível “célula invasora” no
sistema reprodutor feminino. Essa res-
posta na gestação normal é conhecida
como resposta imune Th2.
No entando, em gestantes que apre-
sentam abortamento de repetição ou
infertilidade, ocorre a resposta imuno-
lógica conhecida como Th1, que con-
siste no aumento da ação das células
NK devido à ausência dos anticorpos
bloqueadores. Isso acontece porque
o organismo feminino não reconhece
as células paternas e, na ausência dos
bloqueadores do sistema imunológico,
as células assassinas atacam o código
genético paterno, considerado intruso.
Imunologia da reproduçãoEm 1987, um jovem doutor da Finch
University of Health Sciences/The Chi-
cago Medical School, chamado Alan
Beer, desenvolveu uma das teorias
que, poucos anos depois, passaria a
chamar atenção, tanto positiva quan-
to negativa, entre estudiosos interes-
sados na área de reprodução huma-
na. A imunoterapia com linfócitos,
baseada na produção de anticorpos
bloqueadores do sistema imunológi-
co, pretendia inserir o código gené-
tico presente no sangue do homem
no organismo feminino em doses
Dr. José Bento de
Souza é ginecologista e
obstetra nos Hospitais
Albert Einstein e São
Luis, especialista
em imunologia da
reprodução, e dono da
clínica Dr. José Bento de
Souza em São Paulo
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mr106 | 15
periódicas, a
fim de diminuir
a incompatibi-
lidade genética
entre os dois,
estimulando o
desenvolvimento
imunológico da
mulher, o que acarretaria na neu-
tralização da ação das células NK. O
resultado: um embrião protegido.
No Brasil, a técnica surgiu em 1993,
trazida pelo Prof. Dr. Ricardo Barini,
coordenador do Serviço de Medici-
na Fetal, Disciplina de Obstetrícia,
Departamento de Tocoginecologia da
Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP). Ele também coordena
o Ambulatório de Aborto Recorren-
te, Divisão de Reprodução Humana,
Departamento de Tocoginecologia,
Centro de Atenção Integral à Saúde da
Mulher (CAISM) da UNICAMP.
Quase 30 anos mais tarde, ainda com
algumas ressalvas em relação a sua
real viabilidade, a imunologia da repro-
dução ganha mais espaço no plano das
ideias do que no plano das aplicações.
“Ainda que seja uma técnica passí-
vel de comprovação científica, como
estudos realizados em diversos países
podem atestar, a maioria dos profis-
sionais prefere seguir outras linhas
de tratamento, é natural”, afirma o Dr.
José Bento de Souza, um dos menos
de 10 especialistas em imunologia da
reprodução em atividade atualmente
no Brasil.
Sistema de reconhecimentoO tratamento consiste na aplicação
das células de defesa do sangue pater-
no no corpo da mulher, a fim de que, na
próxima fecundação, seu corpo reco-
nheça as genes presentes no esper-
matozoide, reduzindo a ação agressora
das células NK. “Realizamos um cross-
match para avaliar o nível de interação
entre as células paternas e maternas, e
a capacidade destas de rejeitar 'corpos
estranhos' em seu sistema, como um
embrião”, relata o Dr. José Bento.
O plasma do
sangue do pai é
retirado, de forma
que permanecem
no composto
apenas as células
de estímulo ao
sistema imuno-
lógico da mãe. O soro resultante nesse
processo é dividido em três doses,
aplicadas em via subcutânea a cada 21
dias na paciente com quadro recorren-
te de aborto espontâneo. Três aplica-
ções garantem 85% de probabilidade
de uma gestação bem-sucedida, e
cada sessão custa em média 500 reais.
Clínicas especializadas oferecem
um tratamento ainda inacessível para
a maior parte da população, mas que
representa uma solução alternativa
e com resultados bastante estimu-
lantes para quem pretende driblar os
impasses da autoimunidade. “Algumas
mulheres não conseguem proteger o
embrião contra seu próprio sistema
imunológico. Com o método, tentamos
ensinar seu organismo a produzir essa
defesa, combatendo a ação agressora
a seu futuro bebê”, reforça o Dr. José
Bento.
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mrpor dentro
A evolução da cirurgia robótica no Brasilpor ALESSANDRA SOARES
Há apenas dois anos, os robôs chegaram aos centros cirúrgicos brasileiros. Apesar de pouco tempo de aplica-ção, os resultados positivos, notórios em outros países, já podem ser percebidos também por aqui
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Para o paciente, pequenas incisões significam menos
dor, menos sangramento, menor
trauma cirúrgico e recuperação mais
rápida. Já para o médico, diminui-se a
fadiga em cirurgias que podem durar
várias horas
O tema foi debatido em São
Paulo, no fim de agosto, no
3rd Annual World Robotic
Symposium Latin Ame-
rica. Durante o congresso, um dos
três maiores do segmento no mundo,
cirurgiões que usam o sistema robótico
em cirurgia geral e em outras especia-
lidades, como urologia e ginecologia,
relataram experiências obtidas em
centros de referência do exterior com
a tecnologia de ponta nas cirurgias
minimamente invasivas. Também foram
discutidos os benefícios da robótica,
os aspectos éticos do uso da tecnolo-
gia na medicina e o futuro da cirurgia
robótica no Brasil e no mundo.
Entre as sessões, foram apresen-
tados resultados de procedimentos
realizados no programa de Cirurgia
Geral Robótica do Hospital Israelita
Albert Einstein, um dos três centros do
País que já possuem robôs em seus
centros cirúrgicos – os outros dois são
os também paulistanos Hospital Sírio-
Libanês e Hospital Alemão Oswaldo
Cruz. O médico Dr. Vladimir Schraibman,
especialista em cirurgia geral, gastroci-
rurgia e o único orientador de cirurgias
robóticas da área de cirurgia geral e do
aparelho digestivo do Hospital Albert
Einstein, também proferiu palestra
sobre retossigmoidectomia robótica
e abordou as ressecções de intestino
grosso por meio da cirurgia robótica,
em casos de diverticulite e endometrio-
se, por exemplo.
Uma das constatações mais óbvias
quando se fala em cirurgias robóticas
é a de que a união da medicina com
os robôs contribui para a qualidade de
vida e para o bem-estar dos pacien-
tes, uma vez que as cirurgias menos
invasivas têm recuperação mais rápida
e menos complicações pós-operatórias
que as tradicionais. “A medicina no Bra-
sil tem mudado a sua face. Hoje, com o
avanço tecnológico, é possível realizar
Dr. Vladimir Schraibman
é graduado em medicina
pela Universidade Federal
de São Paulo, com
mestrado e doutorado
em ciências médicas pelo
Departamento de Cirurgia
da Universidade Federal
de São Paulo - Escola
Paulista de Medicina
Dr. Oskar Kaufmann é
graduado em medicina
pela Escola Paulista de
Medicina, tem doutorado
pela Divisão de Clínica
Urológica do Hospital das
Clínicas, pós-doutorado
em endourologia,
laparoscopia e
cirurgia robótica
pela Universidade da
Califórnia - Irvine
Dra. Rosa Maria Neme
é graduada em medicina
pela Faculdade de
Ciências Médicas da Santa
Casa de São Paulo, tem
doutorado em medicina
na área de ginecologia
pela Universidade de
São Paulo
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um diagnóstico preciso e mais precoce,
com evidente benefício para os pacien-
tes. Além disso, essas tecnologias dão
mais segurança e o apoio necessário
para a tomada de decisões importan-
tes do médico, no tocante à conduta
e ao tratamento, seja nos casos de
urgência, seja nos casos de doenças
crônicas”, pondera o especialista.
Desde 2008, houve algumas evoluções
nos procedimentos realizados por robôs
no Brasil. As incisões em cirurgias robó-
ticas diminuíram – hoje pode ser feita
uma intervenção por um único orifício,
com corte de apenas 2,5 cm. Além disso,
os instrumentos estão mais precisos e
estão disponíveis imagens Full HD em
três dimensões. “Hoje os robôs apresen-
tam uma imagem de altíssima resolução,
o que facilita o trabalho do cirurgião”,
afirma o urologista Dr. Oskar Kaufmann,
especialista em cirurgia robótica.
Atualmente podem ser realizadas
intervenções robóticas nas áreas de
cirurgia geral e do aparelho digestivo,
cirurgia urológica, cirurgia de cabeça e
pescoço, cirurgia ginecológica e cirurgia
cardíaca. Em breve, elas devem estar
disponíveis também para a ortopedia.
As cirurgias robóticas são indicadas
para casos complexos, como hérnia de
hiato volumosa, tumores do aparelho
digestivo, endometriose profunda com
acometimento do reto e tumores pan-
creáticos. Em ginecologia, a médica Dra.
Rosa Maria Neme realiza procedimentos
robóticos também para retirada do úte-
ro (histerectomia), retirada de miomas
uterinos (miomectomia), retirada de
cistos de ovário, retirada de trompas
ou plástica das trompas em casos de
obstrução, bem como em casos de neo-
plasias ginecológicas, como endométrio,
colo de útero e ovários. Em urologia, o
Dr. Oskar Kaufmann indica esse tipo de
intervenção principalmente no trata-
mento do câncer de próstata. “Entre-
tanto, diversos procedimentos podem
ser realizados com segurança e eficácia
por meio desse método, como cirurgias
para retiradas totais ou parciais dos
rins, assim como ressecções parciais ou
totais de bexiga, correções de estreita-
mentos nos ureteres na sua junção com
a pelve renal, conhecidas com estenose
de junção uretero-piélica.”
O Dr. Kaufmann enumera os bene-
fícios das cirurgias robóticas. “Para o
paciente, pequenas incisões significam
menos dor, menos sangramento, menor
trauma cirúrgico e recuperação mais
rápida. Já para o médico, diminui-se a
fadiga em cirurgias que podem durar
várias horas. Os cirurgiões podem ficar
exaustos durante essas longas cirur-
gias e, como resultado, sofrer tremores
nas mãos. Mesmo as mãos firmes do
médico mais experiente não podem se
igualar às do robô cirúrgico, que ignora
os tremores da mão do médico e man-
tém o braço mecânico estável.”
Nos procedimentos robóticos, que
chegam a ser 30% mais caros que os
convencionais, a alta costuma ser mais
rápida. “Muitas vezes o custo da cirurgia
robótica se aproxima do custo final de
uma internação com cirurgia convencio-
nal, por reduzir o tempo do paciente na
UTI e o tempo de internação hospitalar”,
observa o Dr. Schraibman. Apesar de
tantos benefícios, os robôs ainda não
estão disponíveis na rede pública de
saúde, devido ao alto custo dos equipa-
mentos. “Com o avanço da tecnologia e
a diminuição dos custos dessa técnica,
acredito que o procedimento robótico
estará disponível para a população
menos favorecida num prazo de dois a
cinco anos”, estima o especialista. Os
robôs usados atualmente no Brasil são
fabricados nos Estados Unidos, onde
são realizados procedimentos robóticos
há uma década. No Hospital Albert Eins-
tein é usado o sistema Da Vinci, que tem
três ou quatro braços, câmera contro-
lada por pedal e ótica com duas fontes
de imagem, o que permite ao cirurgião
a construção de uma imagem tridimen-
sional. Os médicos são treinados em
centros de referência no exterior.
Para o Dr. Schraibman, a cirurgia
robótica é uma grande tendência em
cirurgias minimamente invasivas. “A
robótica representa, atualmente, a
excelência das cirurgias minimamen-
te invasivas avançadas dos grandes
centros médicos por todo o mundo e o
Brasil está trilhando o mesmo caminho
e irá se destacar neste cenário.”
Médicos brasileiros realizam primeira cirurgia robótica para miasteniaMédicos do Hospital Sírio-Libanês são pioneiros na cirurgia robótica de miastenia, doença autoi-
mune que afeta uma em cada 10 mil pessoas e tem como principal sintoma a fraqueza muscular. A
cirurgia convencional é indicada para cerca de 80% dos pacientes, mas envolve a abertura do osso
esterno para a retirada da glândula timo, com grande exposição da cavidade, muitos pontos e longa
estada no hospital. Com a técnica da cirurgia robótica, menos invasiva e de recuperação mais rápi-
da, a equipe dos cirurgiões Rodrigo Sardenberg, Ricardo Abdalla e Riad Younes fez apenas três inci-
sões de cerca de um centímetro cada, pelas quais foi possível a retirada da glândula. O procedimen-
to traz menor sangramento, menos dor pós-operatória e internação de apenas 48 horas. A miastenia
afeta mais mulheres jovens, entre 20 e 35 anos. O paciente se trata com medicações até o momento
em que a cirurgia pode ser a única solução, já que a ausência de
contrações musculares pode levar o paciente até a parar de respirar
sozinho. A retirada do timo anula a progressão da doença, possibili-
tando que alguns pacientes fiquem totalmente livres de remédios.
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mrpor dentro
Paralisia:estudo e esperançapor DRA. ANA PAULA TEDESCO*
A Academia Americana de Paralisia Cerebral(AACPDM), reunida em Washington, teve mais uma versão de seu evento anual, com mais de 400participantes, incluindo ortopedistas de renomemundial no cuidado de pacientes com doenças como a paralisia cerebral.
O tema central deste ano foi
'Conhecimento compartilhado:
perspectiva global'
*Dra. Ana Paula
Tedesco
é especialista
em ortopedia e
traumatologia
pediátrica e do
adolescente
O programa foi compos-
to por várias palestras,
incluindo as que recebe-
ram prêmio de distinção,
41 cursos de instrução, 11 breakfasts
com experts, e centenas de temas
livres, apresentados oralmente ou sob
forma de pôsteres. O tema central
deste ano foi “Conhecimento com-
partilhado: perspectiva global”, tendo
como destaque a sessão “Perspectiva
global em crianças com deficiências
e o papel da academia”, que ocorreu
através da realização de um painel
internacional. Eu fui uma das paine-
listas e falei sobre a paralisia cerebral
no cenário brasileiro. Também foram
painelistas profissionais do Iraque,
Bangladesh e Vietnã.
Interessada em conhecer as carac-
terísticas de avaliação e tratamento
de pacientes com paralisia cerebral
no mundo, a academia planeja, no
futuro, tentar formatar uma estratégia
de colaboração com centros dedi-
cados a esses pacientes no mundo,
envolvendo seus membros. Já com
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essa meta, há alguns anos, a AA-
CPDM disponibiliza a apresentação
de algumas partes do programa de
seu evento anual, para ser transmi-
tido sob a forma de teleconferência,
para vários locais da América Latina,
incluindo o Brasil.
Tiveram destaque os estudos que
demonstram as alterações cerebrais
que ocorrem com as intervenções
terapêuticas. Os efeitos dos trata-
mentos, antes demonstrados prin-
cipalmente através dos resultados
clínicos, hoje são também embasa-
dos nas mudanças funcionais que
o cérebro mostra em exames como
a ressonância magnética funcional.
Alguns trabalhos apresentados fun-
damentaram os resultados positivos
alcançados com a terapia da con-
tenção, através da demonstração
da melhora funcional ocorrida em
âmbito cerebral. Essa terapia, chama-
da constrained induced therapy, vem
sendo utilizada há vários anos, com
sucesso, como adjuvante na reabilita-
ção do membro superior em pacien-
tes com paralisia cerebral espástica
hemiplégica e consiste na restrição
do uso do membro superior não
acometido, por horas durante o dia,
forçando a utilização do membro su-
perior acometido. Nesse mesmo ramo
da pesquisa, bons resultados fun-
cionais foram demonstrados com o
uso da estimulação elétrica funcional
do cérebro. Ambas as modalidades
terapêuticas e também o tipo de te-
rapia chamado bimanual em que o
uso congregado e simultâneo das
mãos (a acometida e a normal) é
incentivado, mostraram aumento
das áreas funcionais cerebrais,
o que pode ser explicado pela
capacidade de neuroplasticida-
de na criança.
Os resultados do uso da apli-
cação de toxina botulínica tipo A
no tratamento da espasticidade do
membro superior decorrente da
paralisia cerebral foi tema de um dos
cursos de instrução. Foram apresen-
tados estudos de meta-análise que
praticamente resumiram o estado
atual dessa modalidade de tratamen-
to. Em suma, foram corroboradas as
ideias prévias de que os melhores
resultados são obtidos quando o
tratamento é aplicado em crianças
menores de 5 anos, que tenham boa
capacidade de preensão, bom arco de
movimento articular passivo e bom
controle muscular seletivo.
Mereceu destaque ainda a palestra
da Dra. Joelle Mast, sobre os avanços
na neurorreabilitação, utilizando a
moderna tecnologia, incluindo a robó-
tica. Estudos apresentados versaram
também sobre as características de
equilíbrio e reações antecipatórias as-
sociadas ao movimento das crianças
com paralisia cerebral.
Dra. Ana Paula Tedesco examina paciente
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22 | mr106
mrentrevista
Medicina 5 estrelas por ANA CAROLINA ADDARIO
Em entrevista à Médico Repórter, o Dr. Serafim Borges, especialista em medicina e cardiologista titular da seleção brasileira na Copa 2010, conta detalhes de como é cuidar da saúde dos melhores jogadores de futebol do mundo
Por trás do senso comum
de que o único homem no
comando de uma seleção de
futebol é o técnico, reside
um especialista tão preparado quanto
toda a comissão, e tão treinado quan-
to qualquer jogador do time. E mais:
este homem é responsável pelo bem-
estar e boas condições de qualquer
membro de uma comissão de Copa
do Mundo, tanto dentro quanto fora
do campo.
Para entrar em campo, todos os jo-
gadores da seleção brasileira estiveram
com o Dr. Serafim Borges, especialista
em medicina do exercício e do esporte
e diretor da Sociedade Brasileira de Me-
dicina do Exercício e do Esporte (SBME)
– e ao sair também. Cardiologista titular
da seleção brasileira e com mais de
30 anos de experiência no ramo da
medicina do esporte, o Dr. Serafim
conta para a Médico Repórter sobre as
dificuldades de sua área de atuação, e
em que pé andam os tratamentos para
os melhores jogadores de futebol do
mundo
A evolução do médico tem que
acompanhar a da medicina, não tem por
que ser diferente
Dr. Serafim Borges é
especialista em medicina
do exercício e do esporte
e diretor da Sociedade
Brasileira de Medicina do
Exercício e do Esporte
(SBME)
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Trinta anos de atuação como
médico de futebol é um tempo de
experiência bastante vasto. Como
começa a trajetória de um jovem
médico que quer cuidar da saúde do
time do seu coração?
Diria que a trajetória foi muito dura,
pois à época de meu início, era difícil
a afirmação de um cardiologista num
meio onde se pensava que medicina
do esporte era apenas traumato-orto-
pedia. Praticamente sozinho no meio
por ver a área de modo diferente, tive
muitas dificuldades por ter que provar
a importância de minha especialidade,
cardiologia, e a seguir a da medicina do
esporte, que de imediato fui cursar e
me aprofundei nesta complexa área da
medicina.
No início de sua carreira, a me-
dicina já trabalhava com alguma
eficiência no tratamento de atletas
de futebol. Trinta anos depois, o que
mudou e como mudou?
Não era eficiente, pois como disse
na pergunta anterior, só se olhava para
o tratamento do trauma, deixando-se
de lado a complexidade do atleta, que
é estudada pela medicina do esporte,
havia grande resistência por parte dos
traumatologistas. Hoje muita coisa mu-
dou, pois o crescimento da nossa espe-
cialidade fez com que o atleta seja visto
de modo holístico, não só pelo médico,
mas por uma equipe interdisciplinar.
Como surgiu o convite para ser o
médico titular da seleção brasileira
na Copa da África do Sul?
Na realidade não foi um convite para
a África do Sul, já faço parte da Comis-
são Técnica da Seleção Brasileira desde
2001, tendo iniciado nas categorias de
base, no ano de 1984.
A passagem pela delegação na
África do Sul foi sua terceira Copa.
Em quais outros anos o senhor
atuou na equipe, e em que posição?
Estive sempre como médico do
esporte, em 2002 no Japão, 2006 na
Alemanha e 2010 na África do Sul.
Em termos de estrutura, a dele-
gação brasileira teve o apoio de
quantos médicos e especialistas
nesta Copa?
A equipe é enxuta: tivemos dois
médicos, um ortopedista e um cardiolo-
gista, além de dois fisioterapeutas e um
massagista.
A preparação física no futebol
exige muito do corpo do atleta, e
são recorrentes notícias de joga-
dores lesionados em função do
desgaste que o corpo sofre na
rotina exaustiva de treinos e jogos.
Como esse aspecto é previamen-
te trabalhado quando se trata de
uma Copa mundial? Que tipo de
acompanhamento médico é feito
junto com os preparadores físicos
para prevenir possíveis problemas
durante campeonatos com essa
dimensão?
O desgaste do atleta é medido no dia
a dia, fazemos uma hidratação adequa-
da e acompanhamento de sua fosfo-
creatinoquinase, enzima que revela a
dimensão de seu desgaste muscular.
Obviamente, também fazemos o mo-
nitoramento de seu estado emocional
evitando-se sempre o supertreinamen-
to ou o treino ineficiente.
Em um campeonato interno, a
pressão pelo desempenho dos
jogadores pode afetar diretamente o
sistema nervoso destes, bem como
desencadear uma série de proble-
mas à sua saúde. Em sua trajetória
no Flamengo e em outros times,
que tipo de problema foi recorrente
nessas situações?
A pressão sobre o atleta é muito
grande e o desgaste emocional o
atrapalha bastante, temos dado sempre
atenção a este fato.
E em uma Copa mundial, como se
desenvolve esse quadro?
Esse quadro desenvolve-se principal-
mente naqueles que sentem o peso da
grande responsabilidade e acabam por
ter uma péssima performance durante
a competição, fato que deve ser avalia-
do pelo treinador, com vistas a poupar
o atleta das críticas que surgem com
grande força, principalmente pela mídia
escrita e falada.
Em que sentido podemos apontar
avanços na atuação médica da dele-
gação brasileira na Copa? Evoluímos
em termos de equipamentos, pre-
paração e assistência? Se sim, quais
aspectos merecem destaque?
A evolução do médico tem que
acompanhar a da medicina, não tem
por que ser diferente.
Pensando no sentido oposto da
equação, ou seja, não apenas a
medicina melhorando a atuação do
futebol, como o esporte auxiliou no
desenvolvimento e descobertas para
melhor desempenho da medicina?
Que aspectos são esses?
A medicina do esporte e exercício
trouxe muitos benefícios ao atleta,
além de também funcionar como uma
bela ferramenta na promoção da saúde
da sociedade como um todo, com os
programas de treinamento e com orien-
tações àqueles que já são portadores
de doenças crônicas.
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mrem pauta
Nova toxina botulínicachega ao mercado brasileiro por ALESSANDRA SOARES
No último ano, o mercado brasileiro de procedimentos estéticos movimentou aproximadamente R$ 200 mi-lhões e foram importadas 270 mil unidades de toxina botulínica tipo A
Por não ter complexos proteicos,
os riscos de formação de anticorpos
neutralizantes são mínimos.
Daniel Vasconcelos
Regazzini é formado pela
Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP)
com residência em
cirurgia geral na mesma
instituição, cirurgião pelo
Ministério da Educação,
pós-graduação em
Cirurgia Plástica pela
Universidade Santa
Cecília (UNISANTA)
O Brasil está em segundo lu-
gar no número de cirurgias
e procedimentos estéticos,
atrás apenas dos Estados
Unidos, de acordo com a Socieda-
de Brasileira de Cirurgia Plástica. O
mercado de procedimentos estéticos
no mundo tem crescido de 8% a 10%
ao ano, nos três últimos anos. Entre
2008 e 2009, o mercado brasileiro teve
crescimento superior a essa média, de
15,5%.
Para entrar nesse cenário, acaba de
chegar ao Brasil a única toxina botulíni-
ca tipo A livre de complexos proteicos.
Xeomin, do laboratório Merz-Biolab,
não precisa de refrigeração para ser
transportado ou armazenado. Seu
efeito não diminui com o uso contínuo
e os riscos de formação de anticorpos
neutralizantes são mínimos. A toxina
pode ser usada com finalidade estética,
mas também terapêutica. Estão aptos
a trabalhar com ela em consultórios
dermatologistas, cirurgiões plásticos,
neurologistas e fisiatras.
Na estética, o medicamento pode
ser aplicado com bons resultados em
diversas áreas, segundo o Dr. Daniel
Vasconcelos Regazzini, cirurgião plásti-
co da Clínica Dra. Alessandra Haddad.
No terço superior da face (indicação
clássica de toxina), é eficaz em rugas
frontais (testa), glabelares (entre as
sobrancelhas), periorbitárias (pés de
galinha), infraorbitárias e elevação de
supercílios. No terço médio e inferior da
face, a toxina botulínica tipo A pode ser
utilizada em rugas nas regiões do nariz,
malar, periorais, mentonianas (queixo),
pescoço e colo, linhas de “marionete”,
para levantamento da ponta nasal e
para correção do sorriso gengival.
No uso terapêutico, a toxina botulí-
nica tipo A é destinada ao tratamento
sintomático do blefarospasmo (espas-
mo das pálpebras), torcicolo espasmó-
dico (pescoço torcido), hiper-hidrose
(suor excessivo) e espasticidade, uma
tensão muscular aumentada e rigidez
muscular incontrolável dos membros,
por exemplo, após derrame cerebral,
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trauma ou por paralisia cerebral. “A
toxina botulínica tipo A bloqueia a
liberação de acetilcolina nas junções
neuromusculares, causando efeito rela-
xante dos músculos, sendo particular-
mente interessante nos casos em que
há uma hiperatividade muscular focal”,
explica o médico.
A toxina botulínica é contraindicada
para quem tem hipersensibilidade ao
componente, distúrbio generalizado da
atividade muscular e infecção no local
da aplicação. É preciso, ainda, atentar
para a anatomia muscular do paciente,
individualizando caso a caso, e para
pacientes que tomem aminoglicosídeos
e anticoagulantes.
O produto Xeomin, desenvolvido e
fabricado na Alemanha pelo laboratório
Merz Pharmaceuticals, foi lançado na
Europa em 2005, onde corresponde
a 4% do mercado de toxina botulíni-
ca tipo A, e vem ao Brasil para ser o
concorrente direto de Botox. O tempo
de duração de uma aplicação varia de
três a seis meses, sendo que o efeito
não diminui com o uso contínuo, como
ocorre com outras toxinas botulínicas
presentes no mercado. Por não ter
complexos proteicos, os riscos de
formação de anticorpos neutralizantes
são mínimos.
O cirurgião plástico Dr. Daniel Vascon-
celos Regazzini afirma que toxinas de
menor carga proteica devem ser as es-
colhidas para os pacientes que desen-
volveram resistência à toxina, que pode
ser contra a própria toxina ou devida
aos complexos proteicos presentes em
algumas apresentações.
O medicamento foi testado em
mais de 70 mil pacientes, tendo sido
bem tolerado, com baixa incidência
de eventos adversos sérios e nenhum
caso de paciente que tenha desenvol-
vido anticorpos neutralizantes. Não é
necessário refrigeração para transporte
ou armazenamento. Após a reconsti-
tuição, deve ser mantido entre 2°C e
8°C por até 24 horas. Todas as outras
toxinas botulínicas tipo A existentes
no mercado possuem os complexos
proteicos e precisam ser transporta-
das e armazenadas entre 2°C e 8°C,
mesmo antes de serem reconstituídas.
Xeomin tem validade de 24 meses no
Brasil e 48 meses na Europa. Para o Dr.
Regazzini, ainda é preciso melhorar o
tempo de ação dos produtos existentes
no mercado hoje.
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26 | mr106
mratualização terapêutica
Primeiro medicamento no País para tratamento dascrises de angioedema hereditário por ALESSANDRA SOARES
Muito confundidas com manifestações de alergia, as crises de angioedema hereditário (AEH) acabam de ganhar uma solução que as atenua. O primeiro medicamento especí-fico para tratamento dos episódios agudos da doença aca-ba de ser aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para o mercado brasileiro. Trata-se do Firazyr (icatibanto), fabricado na Alemanha e distribuído no Brasil pela companhia biofarmacêutica Shire
As crises do AEH, que causa
inchaço em várias partes
do corpo, podem levar o
paciente à morte por asfixia
provocada por edema de glote. Pela
confusão com a alergia e por ser uma
doença rara, há dificuldades em se
fazer o diagnóstico e, por consequên-
cia, o tratamento corretos. A Dra. Anete
Grumach, imunologista da Faculdade
de Medicina do ABC, ressalta que algu-
mas características clínicas diferenciam
esse edema dos quadros alérgicos.
"Em primeiro lugar, o edema não é
acompanhado de quadro de urticá-
ria; os fatores desencadeantes são
diferentes. Em geral, as lesões não são
pruriginosas e não há resposta clínica
ao tratamento com anti-histamínicos.
A reação alérgica é decorrente de uma
reação de hipersensibilidade mediada
pela imunoglobulina E."
Já o angioedema hereditário, confor-
me explica a médica, é uma doença
geneticamente determinada com defei-
to quantitativo ou funcional – ausência
ou deficiência – de uma proteína, o
inibidor de C1-esterase. "Essa proteína
atua no controle do sistema comple-
mento, sistema calicreína-bradicinina,
coagulação e fibrinólise. Na deficiência
dessa proteína há ativação intensa
Dra. Anete Grumach
é imunologista da
Faculdade de Medicina
do ABC
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de dor abdominal são responsáveis
por cirurgias desnecessárias, pois pode
ocorrer um diagnóstico incorreto de
abdômen agudo", observa a imunolo-
gista. As crises são desencadeadas por
situações de estresse, infecções, trau-
mas, como tratamento dentário e, em
muitos casos, não têm causa conheci-
da. Em geral não são acompanhadas
de urticária, mas podem ocorrer lesões
serpiginosas na pele. Em média, duram
de três a cinco dias, são autolimitadas,
recorrentes, com frequência variável.
Como se trata de uma doença
genética e com herança autossômica
dominante, em geral, há membros da
mesma família acometidos – os pais
têm 50% de probabilidade de passar
para seus filhos os genes defeituosos
que causam o AEH. Por isso, a história
familiar é muito importante na hora de
se investigar a possibilidade de angioe-
dema hereditário. A maioria dos pacien-
tes manifesta a doença na infância, em
média aos 11 anos de idade, mas há
relatos de aparecimento mais tardio.
"Deve-se ter o cuidado de diferenciar
dos quadros adquiridos quando ocorrer
mais tarde, na vida adulta", alerta a Dra.
Anete. Na maioria dos casos, chega-se
ao diagnóstico correto com a dosagem
da proteína, inibidor de C1-esterase e,
em 15% dos casos, com a avaliação
funcional dessa proteína. Durante os
episódios de crise, frequentemente
o componente C4 do complemento
encontra-se reduzido.
Estima-se que a doença possa
ocorrer com uma frequência de 1 em
50.000 a 1 em 10.000, sem diferenças
relatadas entre gêneros ou grupos
étnicos. No Brasil, de 4.000 a 20.000
pessoas apresentam essa doença.
"Reconhecemos aproximadamente 8%
dos pacientes portadores consideran-
do-se 4.000 doentes, portanto, a grande
maioria dos pacientes não recebe tra-
tamento adequado", observa a médica.
O tempo médio para que um paciente
desses sistemas, mais evidente no
sistema calicreína-bradicinina, resultan-
do na liberação de cininas, causando
angioedema." Todos os profissionais
poderiam reconhecer o AEH, segundo
a Dra. Anete, mas os médicos alergistas
e imunologistas conhecem melhor a
doença.
Entre as características clínicas do
AEH, há edema de subcutânea (pele) –
que é desfigurante –, do trato gastroin-
testinal e do sistema respiratório, que
pode levar à asfixia. "Essa reação é a
mais temida, pois pode levar ao óbito
em 25% a 40% dos casos, se o trata-
mento não for estabelecido. As crises
Em geral, as lesões não são
pruriginosas e não há resposta clínica
ao tratamento com anti-histamínicos. A reação alérgica é decorrente de uma reação de
hipersensibilidade mediada pela
imunoglobulina E
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tenha o diagnóstico correto costu-
ma ser de dez a 22 anos.
A profilaxia das crises é feita com
hormônios masculinos atenuados
(andrógenos), dentre os quais o da-
nazol e oxandrolona, e com inibidores
da plasmina, como ácido tranexâmico
e ácido epsilon aminocaproico. Os
andrógenos, segundo explica a Dra.
Anete, aumentam a síntese da proteí-
na inibidora de C1-esterase, mas pode
haver efeitos colaterais, como aumento
do colesterol, ganho de peso e acne.
Os inibidores da plasmina têm eficácia
mais limitada.
"Já as crises têm sido tratadas com
plasma fresco que contém a proteína,
mas também contém a substância na
qual o inibidor de C1-esterase atua.
Portanto, a eficácia também é limita-
da", diz a imunologista. Já o Firazyr,
o icatibanto, que é uma proteína
sintética, bloqueia a atividade da
bradicinina – cujas concentrações
elevadas são o principal respon-
sável pela sintomatologia das
crises – e impede o agravamento
dos sintomas, como dor, inchaço,
náusea e diarreia. O medicamento
tem uso subcutâneo e adulto, não
sendo indicado para autoadmi-
nistração. "A sua utilização nas
crises reduz a sintomatologia
assim como o tempo de dura-
ção." Não devem ser administra-
das mais de oito injeções por
mês. Em outros países, além
do Firazyr, estão disponíveis também
produtos para a reposição de inibidor
de C1-esterase.
Por ser uma doença genética, não há
cura para o AEH. Por isso, a Dra. Anete
ressalta a importância do tratamen-
to. "Entretanto, há como controlar os
sintomas e evitar o curso fatal, utili-
zando-se medicamentos adequados
na profilaxia e nas crises. É importante
que o médico tenha conhecimento da
doença para que seja pesquisada e
diagnosticada. Esta orientação certa-
mente evitará tantas situações viven-
ciadas por muitas famílias: o óbito dos
familiares por asfixia."
Para trocar experiências sobre a
doença, um grupo de pacientes criou
a Associação Brasileira de Portadores
de Angioedema Hereditário (Abranghe),
em abril deste ano. Os objetivos são
identificar portadores de AEH e divulgar
a doença à classe médica e ao público
em geral. "Com a formação de um gru-
po de portadores podemos conhecer
suas dificuldades, trocar experiências,
difundir informações e esclarecimen-
tos. Junto à classe médica, além da
divulgação da trajetória do portador
e suas necessidades, é necessário
buscar especialistas no atendimento
médico em várias regiões do País",
afirma Raquel Martins, presidente da
associação, que já conta com um ca-
dastro de portadores, de médicos e de
centros de referência para atendimento
de pacientes.
Junto à classe médica, além da divulgação da trajetória do portador
e suas necessidades, é necessário buscar especialistas no atendimento
médico em várias regiões do País
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Na família de Raquel, a avó mater-
na, a mãe, que morreu aos 26 anos
com edema de glote, tios e primos
têm a doença. "A doença não tinha
diagnóstico, mas sabia que tinha a
mesma enfermidade que minha mãe.
Só tive o diagnóstico clínico em 1972,
o laboratorial em 1979 e comecei a
fazer controle em 1982." Antes de
saber o que tinha, Raquel passou por
muitas dificuldades. "Sofri muito com
dores abdominais incluindo náuseas e
vômitos que não tinham causa precisa
e me levaram a tratamentos diver-
sos." Ela chegou a passar por duas
cirurgias, para retirada do apêndice e
das amígdalas, com crises agudas de
AEH no pós-operatório. "Os inchaços
me obrigavam a ficar reclusa pelo
constrangimento, pelas dores e muitas
vezes pela impossibilidade de loco-
moção. Quando o AEH não era visível,
mas as dores intensas obrigavam a ida
a um pronto-socorro, era outro cons-
trangimento pela falta de crédito da
classe médica. O que dizer então da
chefia ou colegas de trabalho? O senti-
mento era de fuga para não sofrer os
preconceitos", conta.
A paciente passou por tratamentos
com anti-histamínicos, corticoides, an-
drógenos atenuados e plasma fresco.
"Como quase todos os medicamen-
tos, há os efeitos colaterais de todos
eles, que podem ser atenuados com
acompanhamento médico. Eu, particu-
larmente, prefiro os efeitos colaterais
às crises se eles puderem controlá-
las. Hoje faço uso dos medicamentos
de controle e os de atendimento em
crises, no caso andrógenos atenuados
e plasma fresco."
Hoje Raquel, que está na menopausa,
quando as crises são amenizadas, está
controlada e continua se cuidando.
"Minha vida toda foi sobressaltada por
várias crises que me excluíam das ativi-
dades físicas, de alguns eventos sociais
e da execução do meu trabalho, com
muitas faltas e afastamentos médicos.
A programação de uma viagem, por
exemplo, sempre é muito complicada
mesmo com acompanhamento médico
e medicada. Nunca se pode prever
quando acontecerá uma crise aguda.
Tomar um simples sorvete pode ser
muito arriscado, sofrer qualquer tipo de
trauma nem pensar e assim a vida diá-
ria é sempre acompanhada de muitos
cuidados.”
Diferentemente de Raquel, Liz Togni
descobriu que tinha AEH por acaso,
mais de 30 anos após as primeiras
manifestações da doença. “Depois de
passar vários anos consultando diver-
sas especialidades médicas, fazendo
diversos exames e tentando encontrar
leituras a respeito, minha filha, que é
estudante de Farmácia e Bioquímica,
ao fazer uma pesquisa pela internet,
para um trabalho de genética, apro-
veitou para buscar informações sobre
meus sintomas e comparou os resulta-
dos encontrados. Vimos que coincidiam
com as características de AEH, então
procurei um imunologista para confir-
mar com exames laboratoriais.”
Antes do diagnóstico correto, Liz
chegou a ficar várias vezes internada
por conta de crises abdominais. “Pas-
sava horas e às vezes dois, três dias
internada em hospitais, fazendo todo
tipo de exames, que não acusavam
problemas." Ela relata, ainda, crises no
rosto e na garganta. Além das dores,
houve também impacto em sua vida
social e profissional. "Houve momen-
tos em que fui obrigada a faltar ou me
retirar de aulas, reuniões em família,
eventos, compromissos profissionais.”
A paciente considera frustrantes os
casos em que médicos não conhecem
os sintomas e a própria doença. "Não
foram raras as situações em que o
inchaço da garganta foi diagnosticado
como amigdalite e as crises abdomi-
nais como pancreatite, apendicite e
até tumores malignos. Há médicos que
não consideram relatos de episódios
anteriores e o fator hereditário."
Para minimizar a possibilidade de
crises, Liz evita praticar atividades e
esportes de alto impacto, usar roupas
e acessórios com amarrações ou elás-
ticos apertados ou que provoquem
atrito sempre no mesmo local da pele
– como etiquetas de roupas e fivelas
de cintos –, calçar sapatos que não
fiquem extremamente confortáveis
e usar joias ou bijuterias que fiquem
“coladas” no corpo. “Meu diagnós-
tico é muito recente, apesar de ter
sintomas há tantos anos. A indicação
médica é para que eu faça uso dos
medicamentos disponíveis para man-
ter as crises sob controle, e no caso
de crises mais graves, use plasma
fresco. Mas em todas essas opções há
efeitos colaterais e riscos. Ainda estou
discutindo com meu médico os prós e
contras dessas opções.”
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mrsaúde pública
Brasilforça-tarefa
por ANA CAROLINA ADDARIO
Iniciativas espalhadas por todo o País mostram por que somos referência em combate ao tabagismo, com os melhores índices do mundo
Nos tratamentos de abordagem
comportamental, trabalhamos diversos
aspectos relacionados à disposição do indivíduo, com
acompanhamento psicológico, além de
trabalhar a interrupção de um hábito
Dr. Sérgio Ricardo dos
Santos é presidente da
Comissão de Tabagismo
da Sociedade Paulista de
Pneumologia e Tisiologia
(SPPT), e membro da
Equipe de Capacitadores
para Tratamento do
Tabagismo da American
College of Chest
Physicians (ACCP)
Enquanto a maior parte do glo-
bo terrestre sofre com o au-
mento, ainda que pequeno, do
consumo de tabaco em suas
populações, o Brasil goza do prestígio
de nação referência mundial quando o
quesito são campanhas e métodos de
tratamento de combate ao consumo de
cigarro. Nos Estados Unidos, por exem-
plo, 40% da população é dependente
da nicotina. Entre os argentinos, 35%
são fumantes.
De acordo com os dados da última
pesquisa de Vigilância de Fatores de
Risco e Proteção para Doenças Crô-
nicas por Inquérito Telefônico (Vigitel),
que entrevistou 54 mil adultos, a parce-
la de brasileiros adeptos ao consumo
de tabaco é de apenas 15,5%, com
queda de 0,7 ponto percentual de 2006
a 2009. E, se analisados a longo prazo,
os dados são ainda mais animadores:
em 1989, 33% da população fumava,
segundo a Pesquisa Nacional de Saúde
e Nutrição, realizada pelo IBGE, ou seja,
em 20 anos, reduzimos nosso hábito de
consumo pela metade.
A explicação para uma resposta tão
eficiente está diretamente relaciona-
da aos métodos de incentivo que a
própria sociedade (compreendendo
neste âmbito tanto a máquina gover-
namental quanto as iniciativas priva-
das) promove.
Frente de combateNo dia 31 de maio, mobilizações em
todo o mundo marcaram o Dia Mundial
Sem Tabaco, e o tom da campanha que
roda o planeta pela voz da Organiza-
ção Mundial da Saúde (OMS) tem um
apelo bastante específico: “Gênero e
tabaco com uma ênfase no marketing
para mulheres”. A campanha pretende
atingir um dos nichos mais resistentes
à desistência do vício, o das jovens
fumantes.
Em São Paulo, quem tomou a diantei-
ra das ações conscientizadoras no Dia
Mundial Sem Tabaco foi a Sociedade
Paulista de Pneumologia e Tisiologia
(SPPT). Mutirões espalhados pela cida-
de levaram conhecimento à população
sobre como funcionam seus sistemas
respiratórios, explorando os riscos por
que nosso corpo passa em consequên-
cia do tabagismo.
A Estação Sé do Metrô e o Vão Livre
do MASP (dois pontos estratégicos
da cidade) receberam especialistas
voluntários que realizaram avaliações
da capacidade pulmonar da população
transeunte, além de alertar para os
diversos níveis de agravamento que a
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convivência com fumantes e/ou consu-
mo de nicotina podem provocar.
No Dia Nacional de Combate ao
Fumo, a SPPT realizou mais um muti-
rão de conscientização e combate à
nicotina. O evento, que aconteceu no
dia 26 de agosto, reuniu voluntários no
Conjunto Nacional da Avenida Paulista,
para recolher bitucas de cigarro nas
ruas da cidade, e distribuiu kits para
fumantes com material de conscienti-
zação referente ao prejuízos do vício
para a saúde dos consumidores.
Uma equipe de médicos ficou dispo-
nível durante todo o dia para realizar
exames como espirometria, que avalia
a capacidade respiratória; e testes de
nível de dependência, podendo resultar
em leve, moderado e grave.
De acordo com o Dr. Sérgio Ricar-
do Santos, presidente da Comissão
de Tabagismo da SPPT, a orientação
diversificada é importante porque cada
pessoa está exposta a níveis distintos
de contaminação do tabaco, por isso a
necessidade de orientação e preven-
ção específica.
A raiz do problemaDa mesma maneira funcionam os
programas de tratamento ao tabagis-
mo, espalhados por todo o País. De
acordo com o Dr. Sérgio, existem duas
abordagens básicas de tratamento,
voltadas para a orientação comporta-
mental e medicamentosa, respectiva-
mente.
“Nos tratamentos de abordagem
comportamental, trabalhamos diversos
aspectos relacionados à disposição
do indivíduo, com acompanhamento
psicológico, além de trabalhar a inter-
rupção de um hábito”, conta. Práticas
como beber bastante líquido e mascar
balas podem substituir o ato de fumar.
“É necessário substituir a sensação
de prazer que o tabaco provoca no fu-
mante por outra sensação igualmente
prazerosa”, conta o especialista.
Já os tratamentos baseados em me-
dicação possuem três grupos de aplica-
ção. As técnicas de terapia de reposi-
ção de nicotina com gomas, adesivos
e pastilhas são velhas conhecidas do
mercado, reforçam a ação das orien-
tações comportamentais, reduzindo
gradativamente o nível de nicotina no
organismo, além de substituir o hábito
do fumo por outro similar. Entretan-
to, são métodos sem ação direta de
controle dos sintomas de uma possível
síndrome de abstinência.
A bupropiona é um antidepressivo
largamente utilizado no combate ao ta-
bagismo, com altos níveis de eficiência.
Agindo diretamente no sistema ner-
voso, o medicamento provoca ações
cerebrais no indivíduo que reduzem os
impactos sofridos na tentativa de parar
de fumar.
Bloqueio totalMas o tratamento com maiores
índices de eficiência entre os mé-
todos de combate ao tabagismo é
a vareniclina. O medicamento age
diretamente nos receptores coli-
nérgicos nicotínicos, eliminando a
necessidade do paciente de consumir
a substância. “A vareniclina controla a
síndrome de abstinência, reduzindo o
impacto da desintoxicação”, explica o
Dr. Sérgio.
Estudos revelam que 44% das pes-
soas que utilizaram vareniclina têm
sucesso no controle e tratamento do
tabagismo, resultado obtido por 30%
das que receberam tratamento à base
de bupropiona, e 18% das tratadas com
placebo.
Incentivos externosMesmo que indiretamente, o gover-
no vem desempenhando um papel
decisivo no combate ao tabagismo. Os
mecanismos regulatórios e as taxas
sobre a compra do cigarro são alguns
dos fatores de inibição do consumo,
uma vez que impactam o usuário não
mais pelo aspecto do cuidado à saúde,
mas pelo seu poder de compra.
A recente proibição do consumo de
cigarro em ambientes fechados tam-
bém contribuiu para a inibição do uso
da substância, embora a população te-
nha passado a sofrer mais com a maior
quantidade de bitucas de cigarros nas
ruas da cidade.
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mrcompliance
Novas perspectivas por ANA CAROLINA ADDARIO
Marca-passo implantado pela primeira vez no País devolve as funções do diafragma para pacientes tetraplégicos ou vítimas da doença de Ondine
Maurício, nosso primeiro paciente, já responde muito bem
ao tratamento. Quase 5 meses depois da
implantação do marca-passo, ele já consegue ficar 8h por dia sem o
uso da ventilação
Dr. Rodrigo Sardenberg é
doutor pela Faculdade de
Medicina da Universidade
de São Paulo (FMUSP),
especialista em Cirurgia
Torácica - Associação
Médica Brasileira,
cirurgião torácico do
Hospital Sírio-Libanês
Pacientes vítimas de tetraple-
gia e da doença de Ondine
finalmente têm uma nova
perspectiva de tratamento,
que promete devolver-lhes qualidade
de vida e maiores possibilidades de
interação social. O que oferece esses
e outros benefícios para o bem-estar
do paciente é uma tecnologia denomi-
nada marca-passo diafragmático, que
embora já exista no mercado interna-
cional há 30 anos, foi implantada pela
primeira vez no Brasil em março deste
ano pela equipe multidisciplinar do
Hospital Sírio-Libanês, composta pelo
Dr. Rodrigo Sardenberg (cirurgião torá-
cico), Dra. Liliana Secaf (neurologista),
Dr. Riad Younes (cirurgião torácico), Dr.
Mário Augusto Taricco (neurocirurgião)
e Dr. Roberto Kalil Filho (cardiologista
clínico).
Trata-se de um aparelho capaz de
estimular o nervo frênico, responsável
por motivar o diafragma humano a
realizar os movimentos de inspira-
ção e expiração, bombeando ar para
dentro e fora do pulmão. Como é do
conhecimento da comunidade médica,
pacientes vítimas de tetraplegia e da
doença de Ondine, por terem quadros
relacionados à fratura das vértebras c1
e c2, rompendo o elo entre a medula
e o cérebro, acabam por danificar seu
centro respiratório.
Sujeito ao tratamento respiratório
baseado na traqueostomia, o paciente
perde não apenas a capacidade de
respiração natural, como fica impos-
sibilitado de ações como comer por
boca, ou de comunicar-se verbalmente.
“O marca-passo devolve gradualmente
todos esses aspectos ao paciente”,
conta o Dr. Rodrigo Sardenberg, cirur-
gião torácico do Hospital Sírio-Libanês,
responsável por trazer a tecnologia do
marca-passo para o Brasil.
O marca-passo é constituído por
duas partes: a externa, com uma es-
pécie de rádio transmissor; e a interna,
com eletrodos conectados diretamente
ao nervo frênico. O transmissor envia
uma série de ondas de rádio para os
receptores implantados cirurgicamen-
te no tórax. Cada um dos eletrodos
é ligado a um receptor, fixado aos
nervos responsáveis pelo movimento
do diafragma. Com isso, o marca-paso
desencadeia um impulso nervoso, esti-
mulando o funcionamento do nervo.
Após a recuperação da cirurgia, a
respiração artificial é desligada durante
10 minutos por dia em um condicio-
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pagar 200 mil reais. Mas é um esforço
que, ainda que alto, vale pelo benefício.
“Estimamos trabalhar com 80% de pa-
cientes não pagadores, e 20% pagado-
res no início”, afirma.
Nesse contexto, o Dr. Sardenberg já
tem agenda marcada para mais quatro
possíveis pacientes, três dentro do País,
e um no Equador. O número é pequeno,
perto dos mais de 2 mil brasileiros com
possibilidades de tratamento. “A ideia
é conseguir trabalhar a visibilidade do
setor”, conta. Mesmo que a passos len-
tos, trabalhar a projeção de métodos
como o do marca-passo diafragmático
pode representar uma nova perspec-
tiva de bem-estar e qualidade de vida
para pacientes tetraplégicos.
namento gradativo, para que o marca-
passo comece a estimular o diafragma,
fazendo o paciente respirar normal-
mente, sem ajuda do aparelho de
respiração artificial de traqueostomia.
“Maurício, nosso primeiro paciente, já
responde muito bem ao tratamento.
Quase 5 meses depois da implantação
do marca-passo, ele já consegue ficar
8h por dia sem o uso da ventilação”,
conta o Dr. Sardenberg.
Prós e contras da novidadeAlém da vantagem central do tra-
tamento, que é reativar o movimento
do diafragma lesionado, possibilitando
que o paciente respire sem o uso de
ventilação, o marca-passo devolve ao
usuário a chance de comer por boca e
de conversar – atividades fora de fun-
cionamento por conta do uso dos apa-
relhos da traqueostomia. “O aparelho
socializa o paciente, que pode voltar
a falar, a comer, a se relacionar com o
mundo externo com mais facilidade.
Sem contar com o fim do risco de des-
ligamento da ventilação no caso de um
blecaute”, reforça o Dr. Sardenberg. “O
paciente adquire muito mais conforto e
segurança”, completa.
No entanto, por ser um tratamento
inédito no Brasil, ele ainda não possui
uma regulamentação de cobertura nem
pelos planos de saúde, nem pelo sis-
tema público. Ou seja, o paciente que
adquire o equipamento pode chegar a
Eletrodos colocados nas laterais do diafragma transmitem impulsos elétricos para o músculo, causando a contração e o natural movimento para cima e para baixo
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mrem debate
A polêmica dobronzeado por ANA CAROLINA ADDARIO
A batalha cada vez mais acirrada entre a ANVISA e as clínicas de bronzeamento artificial levantam a impor-tância de discutir a viabilidade de realizar tratamentos estéticos sem prejudicar a saúde de nossa pele
Em novembro de 2009, o Diário
Oficial da União publicou
restrição imposta pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) ao uso de câmaras de bron-
zeamento artificial em todo o território
nacional. O decreto vetava todos os
equipamentos emissores de radiação
ultravioleta (UV) para fins estéticos,
sob o argumento de que a exposição
ao nível de emissões proveniente das
câmaras em questão pode provocar
câncer de pele do tipo melanoma.
Com um documento repleto de
apelos preocupados em prevenir os
possíveis agravos à saúde do indivíduo
exposto à modalidade estética, a reso-
lução da Diretoria Colegiada da ANVISA
baseou-se em constatações levantadas
pela International Agency for Resear-
ch on Cancer (instituição vinculada à
Organização Mundial da Saúde – OMS)
de julho de 2009, que considerou haver
evidências suficientes para concluir
que a exposição aos raios ultravioleta é
carcinogênica para humanos.
Com o órgão público considerando
que não existem benefícios que com-
pensem os riscos decorrentes do uso
desses equipamentos, a guerra entre
ANVISA e diversas clínicas de estética
espalhadas pelo País marcava apenas
sua data de estreia – em junho deste
ano, audiência pública proposta pelo
deputado Vieira da Cunha (PDT-RS)
discutiu a legitimidade da proibição. O
resultado: veto mantido, as clínicas de
estética procuram novos subsídios para
defender sua área de atuação.
Segundo o Dr. Francisco Macedo
Paschoal, diretor de comunicação da
Sociedade Brasileira de Dermatologia
de São Paulo (SBD-SP), uma das prin-
cipais instituições do setor no País, a
SBD coloca-se favorável à resolução da
ANVISA, “uma vez que o procedimento
não proporciona nenhuma contribuição
para a saúde da pele, podendo pro-
vocar danos como o envelhecimento
precoce, o aparecimento de rugas e
manchas, ou mesmo contribuir para
o desenvolvimento de doenças mais
perigosas para a nossa pele como o
câncer de pele do tipo melanoma”,
conta.
Precaução compartilhadaEmbora o Brasil seja o único país a
instituir a proibição do uso de equipa-
mentos emissores de radiação ultravio-
leta (UV) para fins estéticos no mundo,
países com realidades e costumes
bastante diferentes dos nossos tam-
bém andam investindo energia na luta
“Os custos que um paciente de melanoma pode trazer ao sistema
de saúde podem ser exorbitantes”
Dr. Francisco Macedo
Paschoal é diretor
de comunicação da
Sociedade Brasileira de
Dermatologia de São
Paulo (SBD-SP) e professor
assistente da Faculdade
de Medicina do ABC
(FMABC)
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contra o envelhecimento precoce da
pele e as dermatoses.
Nos Estados Unidos, um estudo
lançado em junho deste ano pela
Universidade de Minnesota revela que
usuários dos métodos de bronzeamen-
to artificial quase duplicam o risco de
desenvolver câncer de pele. De acordo
com o levantamento, usuários frequen-
tes – expostos a mais de 100 sessões
ou 50 horas de bronzeamento artificial
durante 10 anos – têm 2,5 vezes mais
chances de adoecer da pele do que os
não usuários.
Outro fenômeno que vem preocu-
pando os norte-americanos é o grande
número de jovens menores de idade
nas clínicas de bronzeamento artificial.
De acordo com relatório realizado pela
Food and Drug Administration (FDA),
cerca de 35% das jovens de 17 anos do
país realizam “tratamentos” de bronze-
amento artificial.
Para frear esse interesse entre jovens
norte-americanas, uma taxa de 10% é
cobrada pelo uso de câmaras de emis-
são de radiação UV. Uma vez que os
adolescents possuem menos dinheiro
que os adultos, isso pode fazer com
que repensem sobre a procura pelo
“tratamento”.
Há controvérsiasManifestações contrárias à proibição
do uso dos equipamentos consideram
imponderados os temores de desen-
volvimento de melanoma em função
do uso do método de bronzeamento,
alegando que, ao caminhar diariamente
sob o sol, estamos expostos ao mesmo
nível de radiação UV presente nas
câmaras artificiais.
De acordo com o Dr. Francisco Ma-
cedo Paschoal, o método de bronze-
amento artificial não deve ser com-
parado a técnicas de fototerapia, que
utilizam lâmpadas de emissão contro-
lada para tratar doenças como vitiligo.
“No caso da fototerapia, as lâmpadas
que promovem o tratamento emitem
ondas de comprimentos bastante
estreitos, e direcionadas para as áreas
em questão. No bronzeamento artificial,
expomos até as áreas mais sensíveis
do nosso corpo, a uma distância alta-
mente prejudicial para nossa saúde”,
reforça.
Outro argumento levantado pela
oposição é de que a proibição do uso
dos equipamentos pode acarretar no
fechamento de inúmeras clínicas em
todo o País, prejudicando a criação de
postos de trabalho no setor.
Para o Dr. Francisco Macedo Pas-
choal, “os custos que um paciente de
melanoma pode trazer ao sistema de
saúde podem ser exorbitantes”, muitas
vezes até maiores do que o investi-
mento na criação de novos postos de
trabalho.
em_debate.indd 2 05/10/10 09:27
36 | mr106
mrdescoberta
Fonteda vida por ANA CAROLINA ADDARIO
Com método de extração de células-tronco do fluido menstrual pode-se vir a tratar doenças como diabetes, acidente vascular cerebral (AVC) e Alzheimer no futu-ro. A perspectiva de novos tratamentos em função da descoberta das células-tronco fez dela um dos aconteci-mentos mais significativos da medicina moderna
descoberta.indd 1 05/10/10 09:20
mr106 | 37
Em 12 anos de estudos sobre a
procedência e utilização das
células-tronco, a ciência já
descobriu no cordão umbi-
lical, na medula óssea, no fígado, na
placenta e no líquido amniótico, poten-
cial para extração de células propícias
para o desenvolvimento de terapias
celulares. E novos estudos continuam
a surgir a cada dia.
Nos Estados Unidos, a última novi-
dade em termos de pesquisa sobre o
assunto é a possibilidade de extração
de células-tronco do fluido menstrual,
substância geralmente descartada e
tratada como resíduo. A descoberta foi
feita pelo centro de coleta e tratamen-
to de células-tronco Cryo-Cell Interna-
tional. O instituto de pesquisa é não
apenas o criador do método, como
o responsável pelo primeiro e único
serviço de coleta do sangue menstrual
para extração de linhagens de células-
tronco no mundo, através da denomi-
nada tecnologia CÉLLE.
As células passíveis de utiliza-
ção são retiradas do endométrio, e
possuem propriedades e caracterís-
ticas semelhantes às das células da
medula óssea e das células-tronco
embrionárias, pois multiplicam-se
rapidamente.
“O método representa uma evo-
lução para as terapias relacionadas
ao ramo ginecológico e obstetrício,
uma vez que as células retiradas do
fluido menstrual identificam-se com
mais facilidade com tratamentos de
seu gênero”, conta Janaína Machado,
gerente de produção e farmacêutica
bioquímica da Cryopraxis Criobiologia,
centro latino-americano de coleta e
tecnologia de células-tronco, parceira
da Cryo-Cell.
Com isso, tratamentos com diag-
nóstico precoce de endometriose e
incontinência urinária feminina são
Nos Estados Unidos, este tratamento já é oferecido à
sociedade. No Brasil ainda aguardamos a
permissão da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) para realizar o
armazenamento
alguns dos aspectos com grandes pos-
sibilidades de avanço.
Novos horizontesOutra característica positiva das
células-tronco retiradas do fluido
menstrual é sua capacidade de
dar vida a outros grupos celulares,
podendo transformar-se em células
neurais, cardíacas, ósseas, gordura,
cartilagem e outras possibilidades, o
que representa uma grande promessa
para o uso clínico futuro em terapias
regenerativas.
Estima-se que essas células do san-
gue menstrual poderão ser utilizadas
no futuro para tratar uma série de
doenças como diabetes, acidente vas-
cular cerebral (AVC) e doenças cardía-
cas, bem como doenças neurológicas,
como Parkinson e Alzheimer, osteopo-
rose e lesões da medula espinhal.
Estudos preliminares sugerem que,
além de beneficiar o próprio doador,
essas células-tronco podem eventual-
mente ser usadas também para bene-
ficiar outros membros da família que
são geneticamente relacionados ao
doador, como um pai, irmão ou filho.
No método, a própria paciente cole-
ta seu fluido menstrual e o encaminha
para o laboratório, onde as células
passarão por processamento, isola-
mento e criopreservação. Após essa
etapa, é realizada uma expansão das
células, para que atinjam quantidade
relevante para iniciar a terapia celular
em questão. “Nos Estados Unidos, este
tratamento já é oferecido à sociedade.
No Brasil ainda aguardamos a permis-
são da Agência Nacional de Vigilân-
cia Sanitária (ANVISA) para realizar
o armazenamento. Enquanto isso, a
Cryopraxis trabalha nos estudos do
tratamento para transformar anos de
pesquisa em procedimento”, afirma
Janaína Machado.
Janaína Machado é
gerente de produção
da Cryopraxis
Criobiologia,
farmacêutica
bioquímica pela
Universidade Federal
do Rio de Janeiro
(UFRJ) e mestre em
Ciências Morfológicas
pela UFRJ
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Nosso sincero agradecimento por
toda dedicação, empenho e
generosidade
médicorepórterJornalística na forma, científica no conteúdo. Informação exclusiva para médicos
N O V A
Medicina e Poesia Desde tempos remotos, medicinaanda ao lado das letras, da cultura,e irradia saber nessa misturaintrigante e instigante, nessa sinaexemplar, salutar faina divinaem fazer da caneta o bisturie do choro do ofício fazer rirpra poder renovar o sentimento.A cultura é o melhor medicamentoespiritual, da vida o elixir. Desde tempos remotos o poetaé o maior vendedor de sentimentoao cantar sua dor, o seu lamento,ao fazer do prazer a sua meta.A ciência era, então, muito discretae buscava a verdade em qualquer ar;e nos seus desacertos foi buscarnos escritos um novo lenimento;o poeta curou o sofrimento,o doutor fez a dor cruel passar.
E não mais separou-se, desde então,o mister de curar do de escrever.O contista mostrou também sabere foi ter nos confins do coraçãoa cadência da sua inspiração.Descobriu na ciência a melodiae passou a viver seu dia a diaentre o som mavioso do sabere o gostoso prazer de escrever:Medicina juntou-se a Poesia. É preciso manter essa união,é preciso manter ativa a chama.O doutor que se fecha no seu dramaalimenta o sofrer do coração.Não retire o doutor (cirurgião,pediatra, obstetra ou analista)a caneta da mão. Escreva. Insistaem manter a cultura em sua mente.Alimente o saber e se alimente;abra os braços pra mais esta conquista. Paulo Camelo
18 de outubroDia do Médico
www.medicoreporter.com.br
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Nosso sincero agradecimento por
toda dedicação, empenho e
generosidade
médicorepórterJornalística na forma, científica no conteúdo. Informação exclusiva para médicos
N O V A
Medicina e Poesia Desde tempos remotos, medicinaanda ao lado das letras, da cultura,e irradia saber nessa misturaintrigante e instigante, nessa sinaexemplar, salutar faina divinaem fazer da caneta o bisturie do choro do ofício fazer rirpra poder renovar o sentimento.A cultura é o melhor medicamentoespiritual, da vida o elixir. Desde tempos remotos o poetaé o maior vendedor de sentimentoao cantar sua dor, o seu lamento,ao fazer do prazer a sua meta.A ciência era, então, muito discretae buscava a verdade em qualquer ar;e nos seus desacertos foi buscarnos escritos um novo lenimento;o poeta curou o sofrimento,o doutor fez a dor cruel passar.
E não mais separou-se, desde então,o mister de curar do de escrever.O contista mostrou também sabere foi ter nos confins do coraçãoa cadência da sua inspiração.Descobriu na ciência a melodiae passou a viver seu dia a diaentre o som mavioso do sabere o gostoso prazer de escrever:Medicina juntou-se a Poesia. É preciso manter essa união,é preciso manter ativa a chama.O doutor que se fecha no seu dramaalimenta o sofrer do coração.Não retire o doutor (cirurgião,pediatra, obstetra ou analista)a caneta da mão. Escreva. Insistaem manter a cultura em sua mente.Alimente o saber e se alimente;abra os braços pra mais esta conquista. Paulo Camelo
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40 | mr106
mrartigo
Envelhecimento masculino por Dr. EDUARDO B. BERTERO*
Na realidade o envelhecimento é um privilégio e um desafio para a sociedade moderna. Quando pensamos no envelhecer, a primeira ideia que vem à nossa men-te é ter uma vida saudável e com qualidade. Aí entra a questão da sexualidade: quando o assunto é quali-dade de vida é imperativo que o homem tenha uma vida sexual presente, ativa, prazerosa e que consiga preencher as suas expectativas assim como as de sua parceira
Com muita frequência,
recebo em minha clínica
homens que estão na ter-
ceira idade com queixa de
dificuldade em manter e ou obter uma
ereção adequada e muitas vezes com
uma diminuição da libido. Primeiro
vamos definir terceira idade. Pela
Organização Mundial da Saúde (OMS),
está nesse grupo qualquer homem ou
mulher acima de 60 anos. Vale a pena
pontuar alguns fatos interessantes
sobre essa faixa etária: 1) no ano 2000
tínhamos 600 milhões de pessoas
idosas; no ano 2025 será 1,2 bilhão de
pessoas, ou seja, exatamente o dobro;
2) no ano 2025 cerca de 75% dos
idosos estarão residindo em países
considerados em desenvolvimento
ou do terceiro mundo como o Brasil;
3) a mulher é mais resistente e entre
os muito idosos (acima de 80 anos) a
razão mulher/homem é de 2:1, em ou-
Organicamente, o homem mais velho tem vários fatores
de risco que ele não tinha quando estava nos seus 40 anos de
idade
*Fellow pela Universidade
de Boston, EUA;
Mestrado em Ciências
pela Faculdade de
Medicina da Universidade
de São Paulo;
Médico Assistente
do Departamento de
Urologia do Hospital do
Servidor Público Estadual
de São Paulo, SP;
e-mail: urologia-sp@uol.com.br
tras palavras, acima de 80 anos temos
o dobro de mulheres no planeta.
Óbvio que o homem sofre o impacto
do envelhecer, sobretudo na qualidade
de suas ereções e no desejo sexual.
Organicamente, o homem mais velho
tem vários fatores de risco que ele não
tinha quando estava nos seus 40 anos
de idade. Por exemplo, as chances
de ter pressão arterial elevada, diabe-
tes, aumento do colesterol ou de ser
submetido a alguma cirurgia pélvica
que comprometa a sua ereção são
muito maiores no idoso. Os trabalhos
mais recentes que falam de estatística
de disfunções sexuais em diferentes
faixas etárias mostram que problemas
de ereção avançam paralelamente
com a idade. Para exemplificar melhor:
de acordo com uma pesquisa recente
realizada no Brasil (2004), em homens
com idades variando de 41 a 50 anos
a dificuldade de ereção estava presen-
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mr106 | 41
te em cerca de 39%, enquanto que a
mesma queixa em homens acima de
70 anos foi de 66%.
Ainda com respeito às questões
físicas não poderia deixar de citar as
alterações que a diminuição do hormô-
nio sexual masculino, a testosterona,
causa nos idosos. É sabido que após os
40 anos de idade existe uma queda de
cerca de 1% ao ano desse hormônio
na corrente sanguínea. Essa diminui-
ção pode produzir em alguns homens
sintomas como: apatia, cansaço, mal
humor, irritabilidade, perda de massa
muscular, queda de pelos, obesidade, e
disfunção da ereção e perda da libido
ou desejo sexual. A esse quadro clíni-
co damos o nome de deficiência
androgênica do envelheci-
mento masculino ou DAEM.
Antigamente usava-se o
termo andropausa.
Outro aspecto relevante e que
no idoso pode estar mais presente é a
depressão. Hoje essa entidade é con-
siderada por especialistas como sendo
um fator de risco importante para que
um indivíduo desenvolva disfunção
erétil. Na realidade, o mecanismo é
considerado bidirecional, ou seja, um
homem depressivo pode ter dificuldade
de ereção e um homem com dificul-
dade de ereção pode se tornar um
depressivo por esse motivo.
Felizmente, após o advento de uma
família de medicamentos que atua no
corpo cavernoso do pênis e facilita a
ereção, milhões de homens e, por que
não dizer, mulheres e casais foram
beneficiados com essa modalidade
de tratamento. Vários trabalhos já
comprovaram a eficácia e a segurança
desses medicamentos em idosos e, es-
pecialmente, em populações portado-
ras de doenças típicas de pessoas que
estão nessa faixa etária, como hiper-
tensão arterial, diabetes e depressão.
Sem sombra de dúvida, essas pílulas
vieram trazer uma melhora na quali-
dade de vida desses casais, proporcio-
nando a eles uma vida sexual regular
e prazerosa. Para finalizar, costumo
dizer o seguinte aos casais que se tra-
tam com esses medicamentos: “Bom
para vocês que conseguem usufruir
das vantagens desses produtos. O seu
avô ou mesmo pai não tiveram essa
sorte.”
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42 | mr106
mrartigo
Miomas uterinos podem ser tratados sem necessidade de retirar o úteropor DR. NÉSTOR KISILEVZKY
O aparecimento de miomas é uma situação quase constante na vida de uma mulher adulta. No Brasil e no mundo, milhares de mulheres perdem o seu útero todo ano por causa desses tumores
É um procedimento realizado por
cateterismo que somente requer uma
pequena incisão na virilha realizada sob
anestesia local
Dr. Néstor Kisilevzky
é médico com título
de especialista
em radiologia
intervencionista
concedido pela
Associação Médica
Brasileira (AMB),
mestre em cirurgia pela
Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP),
fellow da Society of
Interventional Radiology
Perder o útero pode significar
para algumas mulheres per-
der um pouco da sua iden-
tidade feminina. O que dizer
então daquelas que desejam engravi-
dar e que ao perderem o útero tornam-
se definitivamente estéreis? Mas a
medicina evolui de forma permanente
e nos traz novas opções e alternati-
vas. Há mais de 10 anos, uma técnica
minimamente invasiva denominada
“embolização” vem sendo aplicada
para controlar a sintomatologia da
miomatose, sem necessidade de cirur-
gia convencional. Em 2008, o Colégio
Americano de Ginecologistas e Obste-
tras (ACOG) afirmou que a embolização
uterina tem embasamento em evidên-
cia científica nível A (boa e consistente).
Mesmo assim, há ainda uma enorme
resistência na comunidade ginecológi-
ca para indicar esta técnica inovadora.
Miomas, também conhecidos como
fibromas ou leiomiomas, são forma-
ções nodulares que se desenvolvem na
parede muscular do útero e constituem
os tumores benignos mais frequentes
da pelve feminina. Os miomas ocorrem
em 25% a 50% de todas as mulheres e
apresentam maior incidência entre os
30 e os 40 anos. A etiologia é desco-
nhecida, mas acredita-se que esteja as-
sociada a hormônios, como estrógeno
e progesterona, devido à coincidência
com a idade reprodutiva da mulher.
Embora muito comuns, na maioria
das vezes os miomas são absoluta-
mente assintomáticos. Mas depen-
dendo da sua localização, tamanho e
quantidade podem ocasionar proble-
mas, incluindo dor e sangramentos
intensos. O tamanho dos miomas pode
variar desde muito pequenos a grandes
formações que simulam uma gravidez
de 5 ou 6 meses. Os miomas se mani-
festam comumente com transtornos na
menstruação e/ou com dor e aumento
do volume abdominal. Em qualquer
circunstância, o mais importante é ve-
rificar como os sintomas influenciam o
dia a dia de cada mulher; em outras pa-
lavras, de que forma os miomas afetam
a qualidade de vida de quem os possui.
Mulheres com miomas queixam-se
por terem menstruações com fluxo
intenso, que exigem trocas de absor-
artigo2.indd 1 30/09/10 15:45
mr106 | 43
ventes muito frequente ou mancham
as roupas inadvertidamente, o que as
leva a passar por situações imprevistas
e/ou constrangedoras. Com isso, há
mulheres que até evitam sair de casa,
assumir compromissos profissionais
ou sociais e inclusive manter relações
sexuais. Dores na barriga, nas costas
ou nas pernas também são comuns,
além de dor durante a relação sexual,
que é um sintoma bastante recorrente
e que afeta diretamente a sexualidade
da mulher.
É muito simples diagnosticar a
presença de miomas. Geralmente
são descobertos durante um exame
ginecológico. A presença de miomas
se confirma realizando um exame de
ultrassonografia, um método de ima-
gem muito simples. Outro método utili-
zado para o diagnóstico de problemas
uterinos é a ressonância magnética,
que traz mais detalhes anatômicos e
permite um planejamento terapêutico
bem mais preciso.
A retirada cirúrgica do útero (histe-
rectomia) é o tratamento universal-
mente mais difundido para resolver os
problemas provocados pelos miomas.
Em mulheres que desejam preservar
o útero e que apresentam poucos
miomas pode-se tentar a retirada
cirúrgica exclusiva dos miomas (mio-
mectomia) com preservação do útero.
Histerectomia e miomectomia são
procedimentos cirúrgicos formais que
requerem anestesia geral, alguns dias
de hospitalização e um tempo variável
de recuperação pós-operatória.
Os sintomas desconfortáveis dos
miomas podem também ser controla-
dos com o uso de medicação hormo-
nal, como é o caso dos anticoncepcio-
nais ou dos análogos. Todavia, a terapia
hormonal costuma provocar alguns
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44 | mr106
efeitos indesejáveis e por isso muitas
pacientes não toleram a continuidade
do tratamento.
A embolização uterina é um método
que surgiu na França no começo dos
anos 90. O objetivo é cortar o supri-
mento de sangue para os miomas e
provocar isquemia e consequente
morte dos miomas. É um procedi-
mento realizado por cateterismo que
somente requer uma pequena incisão
na virilha realizada sob anestesia
local. Um equipamento de angiografia
permite visualizar as artérias uterinas
que levam sangue para o útero e os
miomas. Nesse local são injetadas mi-
croesferas que irão entupir
essas artérias e farão com
que os miomas não mais
recebam sangue. Quando
o procedimento termina,
simplesmente se retira o
cateter comprimindo-se
o orifício na virilha. Não é
necessário dar pontos e,
portanto, o procedimento
não deixa qualquer cicatriz.
Uma vez realizado o cura-
tivo na virilha, a paciente
permanece por aproxima-
damente duas horas na sala
de recuperação e posterior-
mente volta para o aparta-
mento, onde permanecerá
em repouso por 18 a 24
horas. Assim, a embolização
requer geralmente um único dia de
hospitalização ou, inclusive, pode até
ser realizada de forma ambulatorial. A
recuperação é muito rápida e possibi-
lita que as mulheres retornem para as
suas atividades apenas três ou quatro
dias após a cirurgia.
Os resultados clínicos da emboliza-
ção já foram amplamente descritos em
inúmeros artigos científicos publicados
na literatura médica ao longo dos últi-
mos dez anos e podem ser resumidos
da seguinte maneira:
A maioria das mulheres volta a ter
ciclos menstruais normais, não sente
mais dor ou sintomas de compres-
são. A barriga costuma se reduzir
rapidamente após o procedimento.
O tamanho do útero e dos miomas
regride em até 50% três meses após
a embolização e em até 90% um ano
após. Os efeitos provocados pela
embolização são permanentes, o que
raramente torna necessário algum
procedimento terapêutico adicional.
Tem sido cada vez mais frequentes os
casos de mulheres que conseguiram
engravidar e parir após realizarem
embolização uterina, o que demonstra
que o procedimento não causa impac-
to negativo na fertilidade.
Estudos com acompanhamento lon-
go (até 5 anos) revelam que os efeitos
da embolização mantêm-se ao longo
do tempo. A segurança do procedi-
mento também já foi atestada com a
reduzida incidência de complicações
pós-operatórias.
Há pelo menos cinco estudos rando-
mizados já publicados na literatura que
compararam a embolização uterina
com a histerectomia. Neles foi verifi-
cado que a embolização é um método
eficiente para controlar a sintomato-
logia decorrente de miomas e nesse
sentido é “não inferior” à histerectomia.
A embolização possibilita a recupera-
ção integral da qualidade de vida das
pacientes com miomatose sintomática.
Mas a embolização apresenta menor
taxa de complicações, requer menor
tempo de internação e possibilita uma
recuperação mais rápida quando com-
parada com a histerectomia. Estudos
econômicos conduzidos nos EUA,
Canadá e Europa demonstraram que a
embolização tem custo similar ou até
menor que a histerectomia em virtude
da redução da estadia hos-
pitalar e das complicações.
No Brasil essa tecnolo-
gia está disponível há pelo
menos 10 anos e forma
parte do rol de procedimen-
tos aprovados pela Agência
Nacional de Saúde Suple-
mentar (ANS) e de cobertura
obrigatória pelos planos de
saúde privados. Todavia, a
tecnologia ainda não está
disponível para o Sistema
Único de Saúde (SUS).
Recentemente foi conclu-
ído um estudo que teve por
objetivo investigar a apli-
cabilidade do método em
hospitais públicos. Para isso
foi idealizada uma unidade
de radiologia intervencionista móvel
que durante alguns meses percorreu
quatro hospitais públicos da área
metropolitana de São Paulo, realizando
procedimentos de embolização no
sistema de mutirão. Após cinco meses
do projeto foram realizados 100 pro-
cedimentos gratuitos e a análise dos
resultados demonstrou não somente a
viabilidade e benefícios da embolização
uterina no âmbito do SUS, mas também
do conceito de unidade de radiologia
intervencionista móvel.
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Calcijex (calcitriol). Apresentação: ampola de 1 mL contendo 1 mcg de calcitriol. Indicações: tratamento da hipocalcemia em pacientes submetidos a diálise renal crônica. Contra-indicações: Hipersensibilidade ao calcitriol ou a qualquer dos excipientes da fórmula; pacientes com hipercalcemia ou evidência de toxicidade por vitamina D. Precauções e Advertências: A vitamina D e seus metabólitos devem ser suspensos durante o tratamento. Um composto não alumínico deve ser usado para controlar os níveis séricos de fósforo em pacientes submetidos a diálise. Não permitir que o produto cálcio-fósforo exceda o valor de 70. No início do tratamento, os níveis de cálcio e fósforo devem ser obtidos pelo menos 2 vezes por semana. Em caso de hipercalcemia, a medicação deve ser descontinuada. Doença adinâmica óssea pode ocorrer se os níveis de PTH forem anormalmente suprimidos. Recomenda-se cautela em relação a pacientes digitalizados, pois, nestes pacientes, a hipercalcemia pode precipitar arritmias cardíacas. Gravidez e lactação: Não há experiência de uso de calcitriol em mulheres grávidas. Não há dados sobre a excreção do fármaco no leite materno. Uso pediátrico: Segurança e efi cácia do calcitriol em crianças não foram estabelecidas. Uso em Transplantes: Recomendações para tratamento da perda óssea pós-transplante com calcitriol não foram estabelecidas. Uso na Osteoporose pós-menopausa: A efi cácia não foi estabelecida nesta população de pacientes. Interações medicamentosas: Antiácidos contendo magnésio não devem ser usados concomitantemente com calcitriol. A administração concomitante de diuréticos tiazídicos e doses farmacológicas de análogos da vitamina D em pacientes com hipoparatireoidismo pode resultar em hipercalcemia, a qual pode ser transitória e auto-limitada, ou pode requerer a interrupção da administração dos análogos da vitamina D. O uso concomitante de análogos da vitamina D e glicosídeos cardíacos pode resultar em arritmias cardíacas. Os efeitos da vitamina D podem ser reduzidos em pacientes sob terapia com barbituratos ou anticonvulsivantes. Corticosteróides antagonizam os efeitos dos análogos da vitamina D. Reações adversas: Dor ou hipersensibilidade no local de injeção, reações similares a intoxicação por vitamina D (fraqueza, cefaléia, sonolência, náusea, vômitos, obstipação, boca seca, gosto metálico, dor muscular ou óssea; tardiamente, poliúria, polidipsia, anorexia, conjuntivite por cálcio, fotofobia, rinorréia, hipertermia, hipertensão, arritmias cardíacas, calcifi cações ectópicas, pancreatite, redução da libido, elevação de uréia, colesterol, enzimas hepáticas e albuminúria) Posologia: A dose inicial recomendada de Calcijex (calcitriol) é de 1,0 mcg (0,02 mcg/kg) a 2 mcg administrados três vezes por semana, aproximadamente em dias alternados, podendo ser administrada através de uma dose intravenosa em bolus. Se não for observada resposta satisfatória nos parâmetros bioquímicos e nas manifestações clínicas do estado da doença, a dose pode ser aumentada em 0,5 a 1,0 mcg, a intervalos de duas a quatro semanas. Redução de dose pode ser necessária à medida em que os níveis de PTH decresçam em resposta à terapêutica. Superdosagem: Pode causar hipercalcemia, hipercalciúria e hiperfosfatemia. Medidas de suporte, descontinuação de suplementos de cálcio e dieta pobre em cálcio geralmente são sufi cientes, mas medidas como diurese forçada, uso de corticóides e fosfatos podem ser necessárias. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. USO RESTRITO A ESTABELECIMENTOS HOSPITALARES E PARAHOSPITALARES. Registro no MS: nº : 1.0553.0116. Informações adicionais estão disponíveis aos profi ssionais de saúde: Abbott Laboratórios do Brasil Ltda – Diretoria Médica: Rua Michigan, 735 – Brooklin, São Paulo/SP 04566-905 ou fone 0800 703 1050.
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mrartigo
Anafilaxiainduzida por farinhas contaminadas por ácarospor DR. MARIO GELLER *
A anafilaxia é uma reação alérgica emergencial grave, de início rápido e potencialmente fatal. Acomete 1-2% da população e nem sempre uma etiologia pode ser estabelecida (idiopática)
* Membro Titular da Aca-
demia de Medicina do RJ
Master of the American
College of Physicians
Visiting Professor na Divisão
de Alergia e Imunologia da
Northwestern University,
Chicago, USA
Título de Especialista em
Alergia e Imunologia Clínica
pela ASBAI e AMB
Board Certified in Allergy-
Immunology and Internal
Medicine, USA
Fellow of the American
Academy of Allergy, Asthma
and Immunology
Fellow e Presidente da
Regional Brasil do American
College of Allergy, Asthma
and Immunology PR-
Network
gellerm@attglobal.net
A sua prevalência também
depende da localização
geográfica. As causas mais
frequentes das reações
anafiláticas incluem os alimentos,
medicamentos, venenos dos insetos
da ordem Himenóptera, látex, exercí-
cios físicos, urticárias físicas, sêmen,
contrastes radiológicos iodados,
agentes anestésicos e miorrelaxantes.
É também possível que a IgE antiga-
lactose-alfa-1,3-galactose presente na
carne vermelha (vaca, porco e carneiro)
seja responsável por alguns episó-
dios de anafilaxia idiopática tardia em
indivíduos atópicos. A exposição à luz
solar, através da síntese de vitamina D,
pode desempenhar um papel protetor
na prevalência da anafilaxia. Pacientes
com mastocitose sistêmica/urticária
pigmentosa e com a síndrome da ativa-
ção monoclonal mastocitária (mutação
no códon D816V do gene de c-KIT mas-
tocitário/receptor do fator de cresci-
mento das células-tronco) apresentam
maior predisposição à anafilaxia. Com o
passar do tempo os episódios anafilá-
ticos tendem a diminuir em termos de
frequência e gravidade. Infelizmente a
maioria dos pacientes com alta após
tratamento para a anafilaxia não recebe
prescrição de epinefrina autoinjetável
ou encaminhamento para um alergista.
Mastócitos hiper-responsivos (triptase
sérica elevada) e níveis muito elevados
de IL-33 podem estar associados a
quadros graves de anafilaxia (desgranu-
lação rápida mastocitária).
A “síndrome da panqueca” é uma
anafilaxia induzida pela ingestão de
ácaros em alimentos preparados com
farinhas contaminadas. Ela é IgE-media-
da, rápida, grave e potencialmente fatal.
Os ácaros assim ingeridos são domésti-
cos ou de estocagem. É mais frequente
em indivíduos com atopia respiratória
(asma e/ou rinite alérgicas), residentes
em climas quentes de regiões tropi-
cais e subtropicais. Apresentam com
frequência intolerância aos inibidores
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mr106 | 47
A síndrome da panqueca (anafilaxia
oral acarina) é provavelmente mais
comum do que se imagina, e portanto
não diagnosticada adequadamente
da ciclooxigenase: aspirina e anti-infla-
matórios não esteroidais. Há, portanto,
o potencial etiopatológico contributório
da síntese aumentada dos leucotrienos.
Além do calor, a umidade também fa-
vorece a proliferação acarina. Reações
antigênicas cruzadas entre os vários
ácaros domésticos estão muito bem
documentadas. Os alérgenos acari-
nos são termorresistentes e, portanto,
podem desencadear reações alérgicas
quando ingeridos por indivíduos atópi-
cos, mesmo após cocção.
Em 2001, foi relatado o primeiro caso
brasileiro de anafilaxia oral acarina com
a ingestão de farinha de milho (polenta)
contaminada com os ácaros Tyropha-
gus putrescentiae, Dermatophagoides
pteronyssinus e Dermatophagoides
farinae. Havia rinite alérgica acarina
e intolerância ao ácido acetilsalicílico
(urticária e angioedema). Descrevemos,
em 2009, o primeiro relato da síndrome
da panqueca em nosso meio envolven-
do a farinha de trigo, esta contaminada
com o ácaro de estocagem Aleuro-
glyphus ovatus (Fig. 1). Esta paciente
apresentava asma e rinite alérgicas aos
ácaros da poeira domiciliar, e também
possuía intolerância ao ácido acetilsali-
cílico, anti-inflamatórios não esteroidais
e pirazolonas (anafilaxia com edema de
glote). Mais casos provavelmente não
estão sendo diagnosticados.
Considerações finaisA síndrome da panqueca (anafilaxia
oral acarina) é provavelmente mais
comum do que se imagina, e portanto
não diagnosticada adequadamente.
Provavelmente vários casos de anafila-
xia idiopática estão na verdade relacio-
nados à ingestão de ácaros em por-
tadores de asma e/ou rinite alérgicas,
frequentemente intoleranttes ao ácido
acetilsalicílico e aos anti-inflamatórios
clássicos. Esta ingestão ocorre com
alimentos preparados com farinhas de
grãos (trigo, milho, linhaça, rosca, man-
dioca, etc.) contaminadas com ácaros
de estocagem ou domésticos. O arma-
zenamento destas farinhas nas des-
pensas, em ambiente quente e úmido,
favorece a proliferação dos ácaros. Mais
casos devem ser relatados e o público
informado. Todas as farinhas devem ser
mantidas congeladas por dois dias, e
depois armazenadas sob constante re-
frigeração para futura utilização. Assim
evita-se a proliferação acarina.
LEITURA RECOMENDADA:
1. Geller M. Fatores de risco para reação anafilática
atípica: bifásica, multifásica, protraída e fatal.
Einstein Educ Contin Saúde 2010;8(1Pt2):3-4.
2. Geller M, Hahnstadt RL, Rego RM, Fernández-
Caldas E. Anafilaxia induzida por farinha de
trigo contaminada por ácaros. Rev Bras Alerg
Imunopatol 2009; 32(5):199-201.
Ácaro aleuroglyphus ovatus contaminando farinha de trigo.
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48 | mr106
mrespecial
Outros rumos para amedicina moderna por ANA CAROLINA ADDARIO
Novo Código de Ética Médica lança luz a temas polêmicos e atribui autonomia tanto para os profissionais quanto para os pacientes
Depois de mais de dois anos
em consulta pública para
discutir as diretrizes do con-
junto de regras e princípios
que regem o exercício da medicina no
Brasil, entrou em vigor em abril deste
ano a sexta versão do Código de Ética
Médica. Coordenado pela Comissão
Nacional de Revisão do Código de Ética
Médica, com a participação de cerca
de 400 delegados, entre conselheiros
federais e regionais de medicina, além
de representantes de várias áreas
médicas, o novo documento lança luz a
temas polêmicos dentro da sociedade
acadêmica como bioética, manipulação
genética, proibição de escolha do sexo
do bebê na reprodução assistida, e
tratamentos de doentes terminais.
O novo código é muito mais abran-
gente, a começar pelo fato de con-
templar não apenas os profissionais
dedicados diretamente ao tratamen-
to de pacientes, como aqueles em
posição de gestão, pesquisa e ensino.
“Questões como a autonomia, conflito
de interesses, cuidados paliativos, e
responsabilidade de gestão também
ganham grande espaço para discussão
neste novo código”, conta o Dr. José
Fernando Maia Vinagre, corregedor do
Conselho Federal de Medicina (CFM).
Nesta nova etapa da medicina mo-
derna, os médicos se mostram mais
otimistas com o novo mercado que
começa a se delinear, baseado em
proposições mais contemporâneas e
mais preocupado em preservar seus
profissionais, como pode ser visto no
novo Código de Ética Médica.
Autonomia conjuntaDe acordo com o Dr. Emílio César Zilli,
diretor e responsável pela área de ética
médica da Sociedade Brasileira de Car-
diologia (SBC), "diferente do anterior, o
novo código moderniza a relação entre
médico e paciente, que era uma rela-
ção muito pouco normatizada. Agora, a
relação passa a ser individual, não mais
uma relação de consumo, onde a saú-
de é tratada como um produto. Neste
novo momento, o paciente deixa de ser
freguês para ter participação e voz de
decisão em seu tratamento”.
Nesse contexto, o tratamento pres-
crito pelo médico pode não apenas
ser contestado pelo paciente, bem
como ele passa a ter plenos direitos
de pedir uma segunda opinião sobre
Dr. Emílio César
Zilli é diretor e
responsável pela área
de ética médica da
Sociedade Brasileira de
Cardiologia (SBC)
Dr. José Fernando
Maia Vinagre é
corregedor do
Conselho Federal de
Medicina (CFM)
Se uma operação médica não dava
certo, atribuía-se a imprudência,
imperícia, ou negligência. Agora,
é necessário provar o mau resultado
antes de fazer uma acusação. Até porque
as decisões agora são tomadas em
conjunto
especial.indd 1 05/10/10 09:31
mr106 | 49
seu diagnósti-
co – as medidas
marcam uma abertura
no código de procedimen-
tos, dando espaço para uma
medicina menos centralizada em
um médico.
Por parte dos profissionais, a auto-
nomia fica a cargo da liberdade para
escolher se gostaria ou não de tratar
determinado paciente. “O médico
passa a poder decidir, numa relação
médico-paciente, se deseja ou não con-
tinuar a atender um paciente, desde
que ele não esteja em perigo de vida,
tendo o compromisso de indicar outro
profissional e passar todo o prontuário
do paciente para o colega”, conta o Dr.
Maia Vinagre.
Além disso, o médico pode recusar
atendimento, caso as condições de
trabalho não sejam dignas ou possam
prejudicar sua própria saúde ou a do
paciente.
Polêmicas contemporâneasNo caso de restrições relacionadas à
bioética, o novo código traz à tona uma
série de temas que integraram algumas
das discussões mais polêmicas pre-
sentes na comunidade médica, como
a proibição de o profissional decidir
ou permitir aos pais que decidam qual
será o sexo do bebê fruto de reprodu-
ção assistida.
No novo código, fica proibido ao
médico influir de qualquer forma sobre
o genoma humano
visando sua modificação,
exceto em terapia que
influa beneficamente sobre
os genes, excluindo-se qualquer
ação sobre os embriões que resulte na
mudança genética dos filhos. Conside-
rando a aplicação de novas tecnolo-
gias, o médico tem o compromisso de
zelar para que as pessoas não sejam
discriminadas por nenhuma razão
relacionada à herança genética.
Os experimentos com placebo
envolvendo seres humanos também
ficam vetados, quando houver trata-
mento eficaz e efetivo para a doença
pesquisada. A pacientes com doenças
terminais, o médico deve oferecer
cuidados paliativos, que reduzam o
seu sofrimento.
Direitos e deveresQuando o assunto é a preservação
do profissional da medicina, o novo
código fez avanços bastante significa-
tivos do ponto de vista do médico. “Se
uma operação médica não dava certo,
atribuía-se a imprudência, imperícia,
ou negligência. Agora, é necessário
provar o mau resultado antes de fazer
uma acusação. Até porque as decisões
agora são tomadas em conjunto”,
completa o Dr. Zilli.
Obrigações básicas também ganha-
ram normatização, como a proibição
de falta do médico em plantão, sair
antes do horário estabelecido sem
a presença de um profissional para
substituí-lo, ou prescrever remédios
sem examinar o paciente. Mesmo a es-
crita nas receitas médicas não passou
em branco neste novo documento: o
profissional fica proibido de receitar,
atestar ou emitir laudos com letra
ilegível, sem identificação do registro
no Conselho Regional de Medicina
(CRM), ou assinar receitas, atestados,
laudos ou documentos semelhantes
em branco.
Se, por um lado, o novo código é
liberal nas concessões realizadas, por
outro, ele é contundente no que diz
respeito às infrações das normas. “Se
o médico infringe o código em alguma
situação, quem apura são os Conselhos
Regionais de Medicina. O procedimen-
to é uma sindicância, em que uma
comissão avalia a denúncia feita. Se ela
passa pela avaliação prévia e transfor-
ma-se em processo ético profissional, o
caso passa a ser avaliado por instância
judicial, com o risco de suspensão de
licença”, afirma o Dr. Maia Vinagre.
Distanciamento necessárioA tão criticada relação médico-laboratório ganhou resoluções claras no que diz respeito a qualquer tipo de presente ou bonificação oferecidos por parte da empresa. “A influência dos la-boratórios ficou bem mais clara e regulamentada. Quando o médico é convidado a participar de algum evento, tendo recebido passagem ou hospedagem como cortesia do laboratório, ele é obrigado a escla-recer”, conta o Dr. Maia Vinagre.A indicação de procedimentos ou serviços oferecidos por determi-nado laboratório não pode ser rea-lizada pelo médico com o objetivo de obter vantagens de qualquer natureza.
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50 | mr106
Exposição de MédicosSem Fronteiras mostrabrasileirosna ajuda humanitáriapor ANA CAROLINA ADDARIO
Fotos e vídeos contam a história dos profissionais em paí-ses devastados por catástrofes, fome, conflitos e epidemias
mrsem fronteiras
Ao fim do dia, ao voltar pra
casa, cansados e enlameados, nos
sentíamos felizes por acreditar no impacto
do nosso esforço
A exposição Experiências
de Vida: Olhares sobre a
Atuação de Médicos Sem
Fronteiras já passou pelo
Rio de Janeiro, de 10 de setembro a
3 de outubro no Shopping Rio Sul, e
estará em Brasília de 13 de outubro a
12 de novembro no Shopping Con-
junto Nacional. É a primeira vez que
a organização conta as histórias dos
profissionais brasileiros que levam aju-
da humanitária a lugares remotos em
situações de catástrofe, fome, conflitos
e epidemias, como Camboja (Ásia) e
Suazilândia (África).
Fotos, depoimentos e vídeos mos-
tram como vivem e trabalham os 12
profissionais de Médicos Sem Fonteiras
Sérgio Cabral, pediatra mineiroProjeto de Atendimento em
Saúde, Afeganistão, Ásia, 2010
© B
arya
l Zia
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mr106 | 51
Wânia Cristina Correia, educadora brasilienseProjeto de HIV, Moçambique, África, 2010
© D
avid
Goe
tghe
buer
Kelly Cardoso, enfermeira paulista - Projeto de HIV, Camboja, Ásia, 2009
© A
ndré
Fra
nçoi
s
Ana Cecília Moraes, psicóloga paulistaProjeto de Emergência Pós-terremoto, Haiti, América Central, 2010
(MSF). As histórias são apresentadas em quatro totens, que
representam os eixos de atuação da organização (catás-
trofes, fome, conflitos e epidemias), equipados com quatro
aparelhos MP4 e quatro fones de ouvido, cada um.
A médica Dra. Cristiane Tsuboi é uma das profissionais que
narram a experiência de trabalhar com MSF. Em seu depoi-
mento ela fala das dificuldades de chegar aos vilarejos do
© André François
A exposição Experiências de Vida: Olhares sobre a Atuação de Médicos Sem Fronteiras estará em cartaz de 13 de outubro a 12 de novembro no Shopping Conjunto Nacional, em Brasília. Esta é a primeira vez que a organização in-ternacional MSF conta as histórias dos profissionais brasileiros que levam ajuda humanitária a lugares remotos em situações de catástro-fes, fome, conflitos e epidemias, como Paquistão (Ásia) e Suazilân-dia (África). Antes de Brasília, a mostra ficou um mês no Rio de Ja-neiro, e teve mais de 8 mil visitas.
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52 | mr106
distrito de Monte Elgon, no Quênia, onde atendeu vítimas de
conflitos tribais.
O acesso, conta a Dra. Cristiane, é tão difícil que trajetos
normalmente percorridos em 90 minutos, em dias de chuva,
demoram até seis horas. “Ao fim do dia, ao voltar pra casa,
cansados e enlameados, nos sentíamos felizes por acreditar
no impacto do nosso esforço”, revela.
Um dos objetivos da exposição é estimular os profissionais
brasileiros a continuar levando cuidados a populações que
não têm acesso à assistência médica. “Queremos mostrar a
importância da ajuda humanitária e sensibilizar as pessoas a
participarem do nosso trabalho. Seja fazendo parte do nosso
quadro de profissionais, formado por pessoas de várias
áreas, além da saúde. Seja contribuindo com doações”, diz o
diretor executivo de MSF, Tyler Fainstat.
InteratividadeA exposição vai muito além das tradicionais fotografias.
Um monitor touchscreen de 50 polegadas mostra um
mapa digital com as fotos dos mais de 40 brasileiros em
missão. Ao clicar no rosto do profissional, o visitante fica
sabendo onde ele nasceu, em quais países já trabalhou e
onde está atuando no momento. Também foi possível gra-
var em vídeo uma mensagem de incentivo para qualquer
um deles.
O monitor equipado com internet 3 G possibilita o upload
imediato das mensagens para o site da exposição, onde o
visitante pode compartilhar seus depoimentos em redes
sociais. Os dez vídeos mais acessados serão premiados com
brindes da organização.
SiteTodo o conteúdo da exposição está disponível no site
http://www.experienciasdevida.org.br.
Alexandre Jaccard, cirurgião ortopedista
paulistaProjeto de Emergência
Pós-terremoto, Haiti, América Central, 2010
© A
ndré
Fra
nçoi
s
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Contraindicação: CRESTOR™ é contraindicado a pacientes com hipersensibilidade à rosuvastatina cálcica ou aos outros componentes da fórmula. Interação medicamentosa: genfi brozila.
Referências Bibliográfi cas: 1. Jones PH et al. Comparison of the effi cacy and safety of rosuvastatin versus atorvastatin, simvastatin, and pravastatin across doses (STELLAR* Trial). Am J Cardiol 2003;92(2):152-60. 2. Cholesterol Treatment Trialists’ (CTT) Collaborators.Effi cacy and safety of cholesterol-lowering treatment: prospective meta-analysis of data from 90 056 participants in 14 randomized trials of statins. Lancet 2005; 366(9493):1267-78. 3. Olsson AG et al. Effects of rosuvastatin and atorvastatin compared over 52 weeks of treatment in patients with hypercholesterolemia. Am Heart J 2002;144(6):1044-51. 4. Brown WV et al. Effi cacy and safety of rosuvastatin compared with pravastatin and simvastatin in patients with hypercholestolemia : a randomized, double-blind, 52-week trial. Am Heart J 2002;144(6)1036-43. 5. Law MR et al. Quantifying effect of statins on low density lipoprotein cholesterol, ischaemic heart disease and stroke: systematic review and meta-analysis. BMJ 2003;326:1423-29. 6. Crouse III JR et al. Effect of rosuvastatin on progression of carotid intima-media thickness in low-risk individuals with subclinical atherosclerosis : the METEOR trial. JAMA 2007; 297: 1344-53. 7. Nissen SE et al. Effect of very high-intensity statin therapy on regression of coronary atherosclerosis: the ASTEROID trial. JAMA 2006;295:1556-65.
CRESTOR™ ROSUVASTATINA CÁLCICA. CRESTOR™ (ROSUVASTATINA CÁLCICA) É UM SELETIVO E POTENTE INIBIDOR COMPETITIVO DA HMG-COA REDUTASE. INDICAÇÕES: CRESTOR™ DEVE SER USADO COMO ADJUVANTE À DIETA QUANDO A RESPOSTA À DIETA E AOS EXERCÍCIOS É INADEQUADA. EM PACIENTES COM HIPERCOLESTEROLEMIA CRESTOR™ É INDICADO PARA: REDUÇÃO LDL-COLESTEROL, COLESTEROL TOTAL E TRIGLICÉRIDES ELEVADOS; AUMENTAR O HDL-COLESTEROL EM PACIENTES COM HIPERCOLESTEROLEMIA PRIMÁRIA E DISLIPIDEMIA COMBINADA (MISTA); CRESTOR™ TAMBÉM DIMINUI APOB, NÃO-HDL-C, VLDL-C, VLDL-TG, E AS RAZÕES LDL-C/HDL-C, C-TOTAL/HDL-C, NÃO-HDL-C/HDL-C, APOB/APOA-I E AUMENTA APOA-I NESTAS POPULAÇÕES; TRATAMENTO ISOLADO DE HIPERTRIGLICERIDEMIA, REDUÇÃO DO COLESTEROL TOTAL E LDL-C EM PACIENTES COM HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR HOMOZIGÓTICA, TANTO ISOLADAMENTE, QUANTO COMO UM ADJUVANTE À DIETA E A OUTROS TRATAMENTOS DE REDUÇÃO DE LIPÍDIOS, SE TAIS TRATAMENTOS NÃO FOREM SUFICIENTES, E RETARDAR OU REDUZIR A PROGRESSÃO DA ATEROSCLEROSE. CONTRA-INDICAÇÕES: CRESTOR™ É CONTRA-INDICADO A PACIENTES COM HIPERSENSIBILIDADE À ROSUVASTATINA CÁLCICA OU AOS OUTROS COMPONENTES DA FÓRMULA. CRESTOR™ É CONTRA-INDICADO A PACIENTES COM DOENÇA HEPÁTICA ATIVA. CRESTOR™ É CONTRA-INDICADO DURANTE A GRAVIDEZ E A LACTAÇÃO E A MULHERES COM POTENCIAL DE ENGRAVIDAR, QUE NÃO ESTÃO USANDO MÉTODOS CONTRACEPTIVOS APROPRIADOS. CUIDADOS E ADVERTÊNCIAS: ADVERTÊNCIAS: FÍGADO: DEVE SER USADO COM CAUTELA EM PACIENTES QUE CONSOMEM QUANTIDADES EXCESSIVAS DE ÁLCOOL E/OU QUE TENHAM UMA HISTÓRIA DE DOENÇA HEPÁTICA. SISTEMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO: O TRATAMENTO COM CRESTOR™ DEVE SER INTERROMPIDO SE OS NÍVEIS DE CK ESTIVEREM NOTADAMENTE ELEVADOS (>10 VEZES O LIMITE SUPERIOR DE NORMALIDADE, LSN) OU SE HOUVER DIAGNÓSTICO OU SUSPEITA DE MIOPATIA. CRESTOR™ DEVE SER PRESCRITO COM PRECAUÇÃO EM PACIENTES COM FATORES DE PRÉ-DISPOSIÇÃO PARA MIOPATIA, TAIS COMO, INSUFICIÊNCIA RENAL, IDADE AVANÇADA E HIPOTIREOIDISMO, OU SITUAÇÕES ONDE PODE OCORRER UM AUMENTO NOS NÍVEIS PLASMÁTICOS. O USO DE CRESTOR™ DEVE SER TEMPORARIAMENTE INTERROMPIDO EM QUALQUER PACIENTE COM UMA CONDIÇÃO AGUDA GRAVE SUGESTIVA DE MIOPATIA OU QUE PREDISPÕE AO DESENVOLVIMENTO DE INSUFICIÊNCIA RENAL SECUNDÁRIA À RABDOMIÓLISE (POR EXEMPLO: SÉPSIS; HIPOTENSÃO; CIRURGIA DE GRANDE PORTE; TRAUMA; ALTERAÇÕES METABÓLICAS, ENDÓCRINAS E ELETROLÍTICAS GRAVES; OU CONVULSÕES NÃO-CONTROLADAS). USO DURANTE A GRAVIDEZ E A LACTAÇÃO: CATEGORIA DE RISCO NA GRAVIDEZ: X. MULHERES COM POTENCIAL DE ENGRAVIDAR DEVEM USAR MÉTODOS CONTRACEPTIVOS APROPRIADOS (OUTRAS INFORMAÇÕES VIDE BULA COMPLETA DO PRODUTO). INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: PODE HAVER INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA DE CRESTOR™ COM OS SEGUINTES MEDICAMENTOS: VARFARINA, CICLOSPORINA, GENFIBROZILA, INIBIDORES DA PROTEASE E ANTIÁCIDOS. EM ESTUDOS CLÍNICOS, CRESTOR™ FOI CO-ADMINISTRADO COM AGENTES ANTI-HIPERTENSIVOS, ANTIDIABÉTICOS E TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL. ESSES ESTUDOS NÃO DEMONSTRARAM EVIDÊNCIA DE INTERAÇÕES ADVERSAS CLINICAMENTE SIGNIFICATIVAS (PARA MAIORES INFORMAÇÕES VIDE BULA COMPLETA DO PRODUTO). REAÇÕES ADVERSAS: CRESTOR™ É GERALMENTE BEM TOLERADO. OS EVENTOS ADVERSOS OBSERVADOS COM CRESTOR™ SÃO GERALMENTE LEVES E TRANSITÓRIOS, OS MAIS COMUNS SÃO: CEFALÉIA, MIALGIA, ASTENIA, CONSTIPAÇÃO, VERTIGEM, NÁUSEA E DOR ABDOMINAL (OUTRAS REAÇÕES ADVERSAS VIDE BULA COMPLETA DO PRODUTO). POSOLOGIA: A FAIXA DE DOSE RECOMENDADA É DE 10 MG A 40 MG, ADMINISTRADOS POR VIA ORAL EM DOSE ÚNICA DIÁRIA, COM ÁGUA, INDEPENDENTE DO HORÁRIO DAS REFEIÇÕES, DE PREFERÊNCIA NO MESMO HORÁRIO TODOS OS DIAS. A DOSE MÁXIMA DIÁRIA É DE 40 MG. HIPERCOLESTEROLEMIA PRIMÁRIA (INCLUINDO HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR HETEROZIGÓTICA), DISLIPIDEMIA COMBINADA, HIPERTRIGLICERIDEMIA ISOLADA E TRATAMENTO DA ATEROSCLEROSE: A DOSE INICIAL HABITUAL É DE 10 MG UMA VEZ AO DIA. PARA PACIENTES COM HIPERCOLESTEROLEMIA GRAVE (INCLUINDO HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR HETEROZIGÓTICA), PODE-SE CONSIDERAR UMA DOSE INICIAL DE 20 MG. HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR HOMOZIGÓTICA: RECOMENDA-SE UMA DOSE INICIAL DE 20 MG UMA VEZ AO DIA. SUPERDOSE: NÃO HÁ UM TRATAMENTO ESPECÍFICO PARA A SUPERDOSAGEM. NO CASO DE SUPERDOSAGEM, O PACIENTE DEVE SER TRATADO SINTOMATICAMENTE E DEVEM SER INSTITUÍDAS MEDIDAS DE SUPORTE CONFORME A NECESSIDADE. APRESENTAÇÕES: EMBALAGENS COM 10 OU 30 COMPRIMIDOS REVESTIDOS DE 10 MG E EMBALAGENS COM 30 COMPRIMIDOS REVESTIDOS DE 20 MG E 40 MG. USO ADULTO/USO ORAL. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. PARA MAIORES INFORMAÇÕES, CONSULTE A BULA COMPLETA DO PRODUTO (CRE002). ASTRAZENECA DO BRASIL LTDA., ROD. RAPOSO TAVARES, KM 26,9 - COTIA - SP - CEP 06707-000 TEL.: 0800-0145578. WWW.ASTRAZENECA.COM.BR. CRESTOR™. MS – 1.1618. 0200 / CDS 03/09 – MAIO/2009
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54 | mr106
Medicina social
por ANA CAROLINA ADDARIO
Equipe médica itinerante visita comunidades ribeiri-nhas no entorno dos Rios Amazonas e Araguaia, levan-do acesso à saúde e educação ambiental à população
mrsem fronteiras
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mr106 | 55
O sistema de saúde em geral
sempre sofreu críticas
de ineficiência em algum
aspecto. Na rede pública
de saúde, grande parte dos proble-
mas está relacionada à defasagem da
infraestrutura e à falta de mão de obra
para atender a demanda da popula-
ção. O resultado são filas intermináveis
e tratamentos feitos em prazos mais
longos do que o normal. Na rede parti-
cular, o valor das consultas e exames,
e a interferência dos planos de saúde,
gestores de clínicas e hospitais difi-
cultam o acesso das populações mais
carentes, que representam a maioria
esmagadora do País, ao auxílio médico
de ponta.
Independente do argumento, todas
as questões citadas acima têm relação,
seja direta ou indireta, com a dificulda-
de de acesso da sociedade à assistên-
cia médica. Se elevarmos a equação do
acesso à saúde a uma potência infinita,
teremos a realidade de centenas de
comunidades ribeirinhas nos confins
do Brasil. Levar assistência médica,
tecnologias de tratamento, e conheci-
mento em preservação ambiental para
essas comunidades pode significar
um grande desafio. Foi o que o Dr. Luiz
Sérgio Pacheco Santos fez.
Desde que começamos, a Amazonas
Visão já passou por cidades
como Aruanã, Bandeirantes,
Baliza, Luís Alves, Araguapaz, Cocalinho e Torixoréu. É
sempre uma experiência muito
emocionante
Dr. Mauro Gomes,
professor da Disciplina
de Pneumologia da
Faculdade de Ciências
Médicas da Santa Casa
de São Paulo e médico
responsável pelo Instituto
de Pneumologia Paulista
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56 | mr106
Em setembro de 2002, ele elabo-
rou um projeto e saiu pela cidade de
Goiás atrás de apoio, tanto em termos
de mão de obra preparada quanto de
capital. A ideia era formar uma equipe
itinerante de médicos das mais diver-
sas especialidades e fazer mutirões em
comunidades ribeirinhas do Rio Amazo-
nas e do Rio Araguaia, levando aten-
dimento de saúde e informação sobre
preservação ambiental para quem não
tem a possibilidade de se deslocar até
a cidade em busca de tratamento.
Ainda que incrivelmente humana e
solidária, a ideia levou cinco anos para
sair do papel. Os motivos: faltava verba,
mão de obra e até mesmo transporte,
já que para alcançar algumas comuni-
dades era necessário realizar um trajeto
de barco. Em julho de 2007, a iniciativa
denominada Amazonas Visão, que
gerou uma organização não governa-
mental, reuniu 15 profissionais convida-
dos pessoalmente pelo presidente da
instituição, Dr. Luiz Sérgio,, e aterrissou
na cidadezinha de Aruanã, à beira do rio
Araguaia.
Em quatro dias de trabalho, o primeiro
mutirão da Amazonas Visão atendeu
mais de mil pacientes, em especialida-
des como pneumologia, ginecologia,
urologia, oftalmologia, além de levar
equipamentos laboratoriais para realiza-
ção de exames.
Bom trabalho tem continuidadeO primeiro evento fez tanto sucesso
que as próprias prefeituras das cidades
beneficiadas passaram a colaborar
para sua realização. Hoje, o Estado ofe-
rece hospedagem e alimentação para
os médicos voluntários, a fim de esti-
mular o mutirão a voltar sempre com
o atendimento. “Desde que começa-
mos, a Amazonas Visão já passou por
cidades como Aruanã, Bandeirantes,
Baliza, Luís Alves, Araguapaz, Cocalinho
e Torixoréu. É sempre uma experiência
muito emocionante”, conta o Dr. Luiz,
presidente e fundador da ONG.
De 2007 a 2010, as equipes já visi-
taram sete comunidades ribeirinhas,
e contabilizam ao todo 9.784 atendi-
mentos, sendo 98 cirurgias de catarata,
15 pequenas cirurgias, 14 cirurgias
pediátricas e doação de 252 óculos. O
mutirão programa-se para retornar a
cada região depois de, no máximo, um
ano da última visita.
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Na área ambiental, a Amazonas
Visão realiza palestras e projeções de
filmes que incentivam a preservação da
natureza. Em regiões que já sofrem os
impactos da devastação, a ONG realiza
plantações de mudas junto da comuni-
dade, e tem iniciativas como o Projeto
Quelônios no distrito de Luiz Alves,
que faz um trabalho de recuperação
das tartarugas (répteis da ordem dos
quelônios) nas praias da bacia do Rio
Araguaia.
Exames e diagnósticosA rotina de atendimento é corrida,
mesmo com o número de médicos
tendo chegado aos quase 30 voluntários
de especialidades distintas; a média
diária de atendimentos por profissional
é de 70 pacientes, sem mencionar as
cirurgias, que contam com equipamen-
tos de última geração, fruto da parceria
da ONG com empresas de todo o Brasil,
como a Opto Eletrônica de São Paulo, o
Instituto Varilux, a Expresso São Luís, e a
Unimed Goiânia, entre outras. “Cirurgia
que a gente faz na beira do rio é feita
em qualquer lugar do mundo”, conta o
Dr. Luiz.
Nesse contexto, a Amazonas Visão já
realizou diversas cirurgias de catarata
nos mais velhos, e tratou fimose, hérnia
e outros males entre os mais jovens.
Todos os equipamentos utilizados nas
cirurgias são esterilizados e montados
pelos próprios médicos em uma força-
tarefa, e também são eles que reor-
ganizam tudo na hora de ir embora. O
serviço é completo.
Quando o mutirão encontra situações
graves com necessidade de assistência
médica de urgência, como em casos de
hemorragia, o transporte é realizado de
imediato da região em que estiver para
a cidade mais próxima. O atendimento
é feito sem qualquer custo, e o retor-
no do paciente para a comunidade é
garantido pela Amazonas Visão.
“A beira do rio guarda muito sofrimento”De acordo com o Dr. Luiz, uma das
especialidades que vem demonstran-
do muita necessidade de atenção nas
regiões visitadas é o acompanhamento
psicológico. “Existem histórias muito
complexas por trás das consultas,
como casos frequentes de violência
contra a mulher”, conta.
Por conta disso, psicólogos passa-
ram a integrar o mutirão itinerante, na
tentativa de neutralizar esses males
nessas comunidades tão carentes. Os
atendimentos são feitos tanto individu-
almente quanto em terapia de grupo. “A
beira do rio guarda muito sofrimento”,
afirma o Dr. Luiz. Felizmente iniciativas
como a Amazonas Visão trabalham
para diminuir seu impacto.
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mrna prateleira
A Vida por um Fioe por Inteiro
O cardiologista Elias Knobel lança o livro A Vida por um Fio e por
Inteiro. A obra traz fatos marcantes de seus 38 anos de luta diária
pela vida na UTI e suas reflexões de uma maneira leve, didática e
agradável sobre a verdadeira relação médico X paciente.
Entretanto, o leitor poderá também conhecer um pouco mais
sobre a história pessoal do autor, suas dificuldades, desafios, con-
quistas, atuação como gestor de uma UTI conhecida no Brasil e no
exterior e até mesmo sua visão sobre o sistema de saúde atual.
Em 47 capítulos é possível desvendar os medos, anseios e limita-
ções que muitos médicos passam durante sua trajetória. Ressaltan-
do que é fundamental ter vocação para seguir em frente, ser humilde
e enxergar o paciente como um ser único e não apenas um número.
O contato com mais de 70 mil vidas, durante o período em que
foi diretor da UTI do Hospital Israelita Albert Einstein, comprova que
acompanhar apenas a evolução técnica não é o bastante. A medici-
na precisa de pessoas que estejam aptas para enfrentar o dia a dia.
Elias Knobel organizou uma equipe de profissionais chamada por ele
de “um time de ouro".
Título: Atlas de Bolso de Anatomia Seccional Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética Volume II - Tórax, Coração, Abdome e Pelve 3ª Edição Revisada e AmpliadaAutor: Torsten B. MoellerEditora: RevinterPáginas: 252Especialidades: Imagem, Pneumologia, Cardiologia, Clínica MédicaPreço: R$ 139,00
Em sua terceira edição, e agora em três volumes, o Atlas de Bolso
de Anatomia Seccional reflete o que há de mais atual e prático na
tecnologia da imagem na área da saúde. Descreve precisa e didati-
camente os detalhes anatômicos vistos nas imagens, apresentando
o desenho esquemático correspondente em cores, para facilitar a
identificação das estruturas anatômicas.
Destaques na nova edição: imagens inéditas de tomografia com-
putadorizada e ressonância magnética com a mais alta qualidade e
desenhos esquemáticos correspondentes totalmente em cores; mais
de 480 ilustrações; cobertura abrangente e atual da coluna vertebral,
extremidades e articulações; abordagem didática com formato práti-
co em toda a obra: um corte por par de páginas; codificação padroni-
zada das cores, o que torna fácil identificar estruturas individuais por
meio de cortes contíguos.
Atlas de Bolso de Anatomia Seccional - Volume II
Título: A Vida por um Fio e por InteiroAutor: Elias KnobelEditora: AtheneuPáginas: 320Preço: R$ 33,30
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Anestesiologia ClínicaAnestesiologia Clínica, 4ª edição, fornece uma apresentação concisa
e consistente dos princípios básicos essenciais à prática moderna da
anestesia. Aborda temas atuais e relevantes como equipamentos, farmaco-
logia clínica, anestesia regional, tratamento da dor, fisiologia, fisiopatologia,
conduta anestésica e problemas especiais. Esta nova edição contém várias
melhorias e refinamentos importantes em relação às edições anteriores,
extremamente bem-sucedidas. Perfis na Prática Anestésica – introduzidos
na terceira edição, foram expandidos nesta edição. Conceitos-Chaves –
relacionados ao início de cada capítulo, identificam as seções correspon-
dentes dentro do capítulo através de ícones numerados. Discussões de
Casos – lidam com problemas atuais, fornecendo metodologia e estrutura
para provas orais e aplicação dos conceitos na prática. Termos-Chaves e
Tópicos – destacados em cores dentro do texto, significativamente amplia-
dos nesta edição. Leituras Sugeridas – em maior quantidade e atualizadas
com endereços pertinentes na web. Todos os capítulos foram atualizados e
várias ilustrações novas foram acrescentadas.
Título: Sujeito do Direito, Sujeito do Desejo Direito e Psicanálise, Terceira Edição RevisadaAutor: Sônia AltoéEditora: RevinterPáginas: 176Especialidades: Psicanálise, Psicologia, DireitoPreço: R$ 45,00
A terceira edição desta obra mostra a relevância dos temas
aqui tratados que interligam o campo do direito e da psicaná-
lise. Os diferentes artigos tratam de alguns entrelaçamentos
importantes para se pensar como se fabrica o ser humano,
o que permite a humanização e a transmissão da lei, e, mais
particularmente, como essas interligações possibilitam uma
rica reflexão sobre a criança brasileira no mundo atual, com
tantos desafios que o 3º milênio nos coloca.
Sujeito do Direito,Sujeito do Desejo
Título: Anestesiologia ClínicaAutores: G. Edward Morgan Jr. Maged S. Mikhail Michael J. MurrayEditora: RevinterPáginas: 989Preço: R$ 369,00
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mrpanorama
Novo antidepressivo de alto perfil ansiolítico
Novo Nordisk A/S é premiada como uma das empresas mais éticas do mundo
Ranking do Instituto Ethisphere reconhece 100
companhias de 36 setores industriais
A companhia farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk
A/S, empresa de cuidados com a saúde e líder mundial em
cuidados com o diabetes, foi reconhecida neste ano como
uma das empresas mais éticas do mundo pelo ranking do
Instituto de Pesquisa Ethisphere. A lista foi elaborada a partir
da avaliação dos programas de ética e compliance dessas
companhias, bem como das ações de governança e respon-
sabilidade corporativa.
Em 2010, o ranking listou 100 empresas que conseguem pôr
em prática os preceitos de como fazer negócios de forma ética,
demonstrando real e sustentável liderança em seu segmento
de atuação. A pesquisa durou um ano e avaliou milhares de
empresas de 36 setores industriais em mais de 100 países.
Conheça o ranking World’s Most Ethical Companies for 2010
no endereço: http://ethisphere.com/wme2010/
Novo projeto mapeará o cérebro em 3D
Você já imaginou se a neurologia conseguisse mapear o
nosso cérebro tão bem quanto o Google Maps o faz com a
sua cidade? Até hoje, nenhum modelo de estudos do cérebro
conseguiu ser tão detalhista, mas um projeto que pretende
fazer uma varredura em 3D do nosso cérebro promete que-
brar esse recorde.
A estrutura cerebral, em forma de labirinto, ainda tem al-
guns pontos obscuros na análise científica. Coordenado pela
Universidade da Califórnia (EUA), este novo projeto (chamado
de “O catálogo completo do cérebro”) está utilizando todos
os recursos já conhecidos da neurologia para criar um mapa
cerebral com precisão inédita. Os principais são a ressonân-
cia magnética avançada, fotos de neurônios com corantes e
esquemas teóricos feitos anteriormente. Juntos, tais recursos
vão contar com uma equipe igualmente variada de profis-
sionais (tais como médicos, pesquisadores e animadores de
computação 3D) para produzir o novo modelo.
A principal utilidade, de acordo com os envolvidos no pro-
jeto, é abolir experimentos onerosos, complicados, e que às
vezes acabam sendo até inúteis. Eles esperam que os neuro-
logistas possam tirar conclusões e fazer análises avançadas
baseadas apenas no modelo.
Ainda há muito que fazer para que o projeto seja concluído.
A principal dificuldade é devida ao histórico da neurologia:
ao longo dos anos, algumas áreas do cérebro foram intensa-
mente estudadas, enquanto outras foram deixadas de lado. O
desafio é “equalizar” os estudos nas diferentes áreas.
Pesquisas apontam que cerca de
60% dos casos de depressão estão
associados a algum tipo de transtorno
de ansiedade. Para tratar a doença, a
Medley Indústria Farmacêutica lança
o Moratus, antidepressivo com maior
potência serotoninérgica e com maior
efeito ansiolítico entre os inibidores
seletivos da recaptação de serotonina
(ISRS).
O produto age com extrema eficácia
nos casos de depressão associada a
ansiedade ou nos transtornos de ansie-
dade associados ou não a depressão.
“Este produto, na grande maioria dos
casos, dispensa a prescrição de um
ansiolítico associado ao tratamento”,
esclarece Vladimir Pereira Alves, geren-
te de produtos do laboratório.
Com dose única diária, o Moratus
atua no tratamento do pânico, transtor-
no obsessivo-compulsivo, transtorno de
estresse pós-traumático, transtorno de
ansiedade generalizada e fobia social.
O medicamento pode ser encontrado
em duas apresentações: caixas de 20
mg com 20 e 30 comprimidos.
“O baixo custo do produto garante
uma redução de até 74% no (gasto
com o) tratamento, frente às principais
marcas de paroxetina, princípio ativo
do medicamento”, destaca Alves.
Contraindicações: o medicamento
não deve ser usado concomitante-
mente com inibidores da MAO ou no
intervalo de até duas semanas após o
término do tratamento com este tipo de
substância. Também não deve ser usa-
do concomitantemente com tioridazina,
uma vez que, assim como com outras
drogas que inibem a enzima hepática
CYP450 2D6, a paroxetina pode elevar
os níveis plasmáticos da tioridazina.
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Bactéria mutante resistente a todos os antibióticos disponíveis deixa o mundo em alerta
Novo antiviral aprimora tratamento contra hepatite C, diz estudoDroga boceprevir aumentaria em até 75% taxa de cura.
Trabalho reuniu pacientes com o genótipo 1, versão
mais nociva do vírus
O antiviral boceprevir, quando adicionado ao tratamento
regular contra a hepatite C, aprimorou as taxas de cura nos
pacientes mais complicados para tratar, conforme estudo
divulgado na revista científica The Lancet.
A hepatite C afeta 170 milhões de pessoas, 3,2 milhões
só nos Estados Unidos, onde 70% estão infectados com o
genótipo 1 do vírus, considerado o mais difícil de tratar. A
doença pode se desenvolver no organismo durante anos sem
apresentar sintomas, mas pode acarretar tumores no fígado
e a necessidade de transplante do órgão.
Coordenado pelo médico Paul Kwo, da Escola de Medicina
da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, o trabalho
relata que a administração da droga quase dobra a eficiência
do tratamento convencional, composto por duas drogas:
ribavirin e peginterferon alfa-2b.
A experiência foi conduzida durante dois anos em 67 locais
dos Estados Unidos, Canadá e Europa, com 520 pacientes.
O medicamento foi aplicado em parte dos participantes da
pesquisa, durante 48 semanas, período pelo qual o tratamen-
to regular é mantido normalmente.
A taxa de cura aumentou para até 75% no grupo de pa-
cientes medicados com as três drogas. Já o grupo controle,
recebendo apenas os dois remédios tradicionais, apresentou
taxa de 38%, durante o mesmo período de 48 semanas.
O boceprevir é um inibidor de proteases, desenvolvido para
combater diretamente o vírus da hepatite C ao bloquear uma
função vital à reprodução do organismo nas células hepáti-
cas. Para Paul Kwo, ribavirin e peginterferon alfa-2b são mais
voltados ao estímulo do sistema imunológico, a defesa do
corpo contra ameaças e parasitas.
O médico Paul Kwo, coordenador do
estudo sobre a nova droga para com-
bate do vírus da hepatite C
Foto: Indiana University School of Medicine
Uma nova linhagem de bactérias que vem se espalhan-
do rapidamente e tem se mostrado resistente à maioria
dos antibióticos está deixando a comunidade médica do
mundo inteiro em alerta, anunciaram cientistas num artigo
publicado na revista The Lancet. A bactéria mutante, que
seria uma forma mais resistente da E.coli, pode levar à
morte por pneumonias e infecções urinárias e seria con-
traída pela água. Os primeiros casos surgiram na Índia e no
Paquistão e chegaram ao Reino Unido através de ingleses
que foram à Índia para se submeter a cirurgias estéticas e
tratamentos médicos. O temor é que agora ela se espalhe
pelo mundo.
A bactéria mutante tem uma enzima chamada de NDM-1,
produzida por um novo gene que confere altíssimo nível de
resistência aos antibióticos. Em três anos, explicou o profes-
sor Tim Walsh, da Universidade de Cardiff, o descobridor do
gene, a prevalência da bactéria era de apenas de 1% a 3 %
dos pacientes com infecções enterobacterianas na Índia.
"É incrível como a expansão da bactéria foi rápida, graças
à globalização e ao turismo médico", explica Walsh. O gene
agora pode chegar a qualquer lugar rapidamente.
Walsh disse que não é possível prever a prevalência da
bactéria no Reino Unido, mas a Agência de Proteção à Saúde
do país lançou um alerta aos médicos. O grande temor é a
falta de medicamentos que possam combatê-la. Segundo os
cientistas, mesmo que se comece a investir agora em novos
antiobióticos, eles não estarão disponíveis rapidamente.
"Temos um prazo de 10 anos para desenvolver um medi-
camento capaz de tratar esse tipo de infecção. É a primeira
vez que chegamos a um estágio tão ameaçador com este
tipo de bactéria."
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Indústria brasileira vai produzir vacina para a esquistossomose
ANVISA aprova dispositivo israelense contra úlceras crônicas
A Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) aprovou o disposi-
tivo BST (Bioelectrial Signal Therapy –
terapia de sinais bioelétricos), fabricado
pela empresa israelense Life Wave
Hi-Tech Medical Devices Ltd., para o
tratamento de úlceras crônicas. Trata-se
de um equipamento que interrompe os
sinais da dor antes que eles cheguem
ao sistema nervoso central do cérebro.
A empresa já iniciou negociações com
fornecedores brasileiros para realizar a
distribuição do produto no País.
Hospital São Luiz investe R$ 2,4 milhões e instala equipamento de ponta em endoscopia
O Brasil está pela primeira vez numa
posição inédita na área científica. A
vacina contra a esquistossomose –
primeira vacina brasileira da história e
também a primeira do mundo no com-
bate a vermes – será produzida pela
Ourofino, uma indústria 100% nacional.
A doença, também conhecida como
barriga d’ água, atinge 200 milhões de
pessoas em 74 países e causa 200 mil
mortes por ano.
A Ourofino formalizou a compra da
Alvos Consultoria, empresa de fomento
que detinha a licença da tecnologia da
Fiocruz desde 2005.
Foi no início dos anos 90 que um
grupo de pesquisadores da Fiocruz
descobriu a proteína SM 14, um antí-
geno contra o verme Schistossoma
Com investimento de R$ 2,4 milhões
na área de gastroenterologia, a Unida-
de Morumbi do Hospital e Maternidade
São Luiz adquiriu 16 novos equipa-
mentos destinados à realização de
exames endoscópicos. Com o uso dos
novos aparelhos será possível obter
o diagnóstico precoce de doenças do
aparelho digestivo, permitindo que os
tratamentos sejam feitos mais rapi-
damente, aumentando as chances de
cura do paciente. Por proporcionar
imagens de alta definição, os aparelhos
ampliam a possibilidade de diagnóstico
de diferentes doenças. “Trata-se de
tecnologia de ponta na área médico-
hospitalar de gastroendoscopia, o que
significa reduzir tanto o tempo da rea-
lização do exame como o desconforto
que ele pode causar ao paciente”.
O novo sistema é usado em exames
como endoscopia digestiva alta, colo-
noscopia, broncoscopia, duodenoscopia,
enteroscopia e cápsula endoscópica.
Para o coordenador do serviço de en-
doscopia do Centro de Diagnósticos da
Unidade Morumbi, Dr. Eduardo Guima-
rães Hourneaux de Moura, o diferencial
deste equipamento está na obtenção
de imagens de alta definição, associada
à perspectiva de ampliação e ao uso de
cromoscopia ótica, que muitas vezes
substitui os corantes de superfície, evi-
tando reações adversas.
mansoni, causador da esquistosso-
mose. A substância foi um dos seis
antígenos prioritários selecionados pela
Organização Mundial da Saúde (OMS).
Isso porque a proteína está em todos
os helmintos causadores da doença e
a técnica utilizada permite a produção
de uma vacina mais segura e com
maior qualidade. Apenas duas vacinas
se mostraram promissoras, sendo a
brasileira a mais abrangente e de maior
impacto.
Descobriu-se também que a mes-
ma proteína SM 14 serve na proteção
contra a fasciolose hepática, doença
que atinge 300 milhões de cabeças de
bovinos e ovinos no mundo e causa
prejuízos superiores a três bilhões de
dólares por ano.
Santa Isabel investe no conforto médico
O Hospital
Santa Isabel,
que acaba de
inaugurar a
sua segunda
unidade (HSI II) e que pertence ao
complexo da Irmandade da Santa Casa
de Misericórdia de São Paulo, inovou na
implantação de espaços destinados ex-
clusivamente ao bem-estar do médico.
A nova unidade tem academia, pisci-
na, serviço de buffet, geladeira, micro-
computadores com acesso à internet,
sala exclusiva com sofá e TV. “Parece
luxo, mas não é. Buscamos trazer mais
conforto para quem passa muitas
horas dentro de um centro hospitalar e
lida com vida e morte”, explica o diretor
do HSI, Carlos Adalberto Ferreira Pinto.
O diretor médico do HSI, Mauro Borghi,
lembra que os médicos cuidam da vida
dos pacientes mas, muitas vezes, esque-
cem de dar atenção à própria saúde.
Primeira vacina com tecnologia brasileira será
fabricada pela nacional Ourofino
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Viagra® (citrato de sildenafila) é uma terapêutica oral para a disfunção erétil. A sildenafila é um inibidor seletivo da fosfodiesterase-5 (PDE-5), específica do GMPc. O mecanismo fisiológico responsável pela ereção do pênis envolve a liberação de óxido nítrico nos corpos cavernosos durante a estimulação sexual. A sildenafila é rapidamente absorvida. Indicações: tratamento da disfunção erétil, que se entende como sendo a incapacidade de atingir ou manter uma ereção suficiente para um desempenho sexual satisfatório. Para que Viagra® seja eficaz, é necessário estímulo sexual. Contra-indicações: hipersensibilidade conhecida ao fármaco ou a qualquer componente da fórmula, ou ainda a pacientes usuários de qualquer forma doadora de óxido nítrico, nitratos orgânicos ou nitritos orgânicos. Advertências e Precauções: os agentes para tratamento da disfunção erétil devem ser utilizados com precaução em pacientes com deformações anatômicas do pênis (tais como angulação, fibrose cavernosa ou doença de Peyronie) ou em pacientes com condições que possam predispor ao priapismo (tais como anemia falciforme, mieloma múltiplo ou leucemia). Os agentes para o tratamento da disfunção erétil não devem ser utilizados em homens para os quais a atividade sexual esteja desaconselhada. O uso da associação de Viagra® com outros tratamentos para disfunção erétil não foi estudado e não é recomendado. Foram relatados eventos cardiovasculares graves pós-comercialização, incluindo infarto do miocárdio, morte cardíaca repentina, arritmia ventricular, hemorragia cerebrovascular e ataque isquêmico transitório em associação temporal com o uso de Viagra®. Com o uso de todos os inibidores da PDE5, incluindo a sildenafila, foi raramente relatada neuropatia óptica isquêmica anterior não-arterítica (NAION) (póscomercialização) e; também pequeno número de pacientes com diminuição ou perda repentina de audição (pós-comercialização e estudos clínicos). Não foi identificada relação causal entre o uso de inibidores de PDE5 e NAION ou; de inibidores de PDE5 e diminuição ou perda repentina da audição. Os pacientes devem ser advertidos a consultarem o médico imediatamente em caso de perda repentina da visão ou, diminuição ou perda repentina da audição. Recomenda-se cautela na administração concomitante de sildenafila em pacientes recebendo α-bloqueadores, pois a co-administração pode levar à hipotensão sintomática em alguns indivíduos suscetíveis. A fim de diminuir o potencial de desenvolver hipotensão postural, o paciente deve estar estável hemodinamicamente durante a terapia com α-bloqueadores principalmente no início do tratamento com sildenafila. Deve-se considerar a menor dose de sildenafila para iniciar a terapia. Não existem também informações relativas à segurança da administração de Viagra® a pacientes com distúrbios hemorrágicos ou com úlcera péptica ativa. Por esse motivo, Viagra® deve ser administrado com precaução a esses pacientes. Não existem informações relativas à segurança da administração de Viagra® a pacientes com retinite pigmentosa. Viagra® não é indicado para mulheres e crianças (< 18 anos). Interações medicamentosas: Viagra® potencializa o efeito hipotensor da terapêutica com nitratos, tanto de uso agudo como crônico; portanto, o uso concomitante com estes medicamentos é contra-indicado. Interações clinicamente significativas na farmacocinética do sildenafila foram observadas com saquinavir e ritonavir. Interações clinicamente nãosignificativas foram observadas com anti-hipertensivos. Os dados em estudos clínicos indicaram diminuição do clearance da sildenafila quando co-administrada com o cetoconazol, eritromicina ou cimetidina. Nenhuma interação significativa foi observada com tolbutamida, varfarina, inibidores seletivos da recaptação de serotonina, antidepressivos tricíclicos, tiazidas e diuréticos relacionados, inibidores da ECA, bloqueadores de canais de cálcio, ácido acetilsalicílico, álcool e antiácidos (vide bula completa do produto). Reações adversas: os eventos adversos foram em geral, transitórios e de natureza leve a moderada. As reações adversas mais comumente relatadas foram cefaléia e rubor. Outras reações incluíram tontura, alterações visuais (visão turva, sensibilidade aumentada à luz), cromatopsia (leve e transitória, predominantemente distorção de cores), palpitação, rinite (congestão nasal) e dispepsia. Os seguintes eventos adversos foram relatados durante o período pós-comercialização: reação de hipersensibilidade (incluindo rash cutâneo), convulsão, convulsão recorrente, taquicardia, hipotensão, síncope, epistaxe, vômito, dor ocular, olhos vermelhos, ereção prolongada e/ou priapismo (vide bula completa do produto). Posologia: Adultos: 50 mg em dose única, administrada quando necessário, aproximadamente uma hora antes da relação sexual. De acordo com a eficácia e a tolerabilidade, a dose pode ser aumentada para 100 mg ou diminuída para 25 mg. A dose máxima recomendada é de 100 mg. A freqüência máxima recomendada de Viagra® é de uma vez ao dia. Insuficiência hepática ou renal: uma dose de 25 mg deve ser considerada. Crianças: Viagra® não é indicado para crianças (< 18 anos). Idosos: o ajuste de dose não é recomendado para pacientes idosos. Superdosagem: medidas gerais de suporte deverão ser adotadas conforme a necessidade. Não se espera que a diálise renal possa acelerar o clearance da sildenafila. Apresentações: comprimidos revestidos de 50 mg em embalagem com 2, 4 ou 8 unidades e 25 mg e 100 mg em embalagens com 4 unidades. USO ADULTO. USO ORAL. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. A persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado. Para maiores informações, consulte a bula completa do produto. (vgr11) Documentação científica e informações adicionais estão à disposição da classe médica mediante solicitação. Laboratórios Pfizer Ltda., Rua Alexandre Dumas, 1860 – Chácara Santo Antônio, São Paulo, SP – CEP 04717-904. Tel.: 0800-16-7575. Internet: www.pfizer.com.br Viagra®. MS – 1.0216.0065.
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mrfitomedicina
Caralluma fimbriatano controle do apetite por DRA. CECI LOPES
Temos observado nas últimas décadas verdadeira epide-mia de obesidade no mundo, representando um pro-blema de saúde pública pelas comorbidades associadas. Diabetes, hipertensão, dislipidemias são exemplos des-sas alterações com significado relevante na qualidade de vida e risco de mortalidade. Estima-se que o Brasil em 2025 será o 5º país mais obeso do mundo1
Por outro lado, vivemos uma
época de grande valorização
da estética corporal, em que
há um verdadeiro bombardeio
de imagens pela mídia, incentivando as
pessoas à procura de forma física mais
admirada. Porém perder peso é um de-
safio, que, para muitos, parece intrans-
ponível. Sabemos que a mudança de
estilo de vida e a reeducação alimentar
representam a melhor forma de garantir
a manutenção do peso além de melhor
qualidade de vida. Muitas vezes essas
metas são difíceis de serem atingidas,
resultando, no afã de chegar ao ponto
desejado, em procura por substâncias
que favoreçam a perda de peso, mesmo
que impliquem efeitos colaterais.
Muitos medicamentos fazem parte
desse arsenal terapêutico. No entan-
to, muitos pacientes se queixam de
seus efeitos adversos, e acreditam
que fitoterápicos possam propiciar um
tratamento isento deles. A Caralluma
fimbriata é uma das plantas comu-
mente citadas como uma opção nesse
tratamento. Essas pessoas procuram
o médico querendo mais informação.
Portanto, é importante tomarmos co-
nhecimento do que existe, em termos
de dados científicos. Para tanto, procu-
ramos fazer extensa revisão de litera-
tura, em bases como PubMed, Scopus,
Google Scholar, Web of Science, e Iran-
Medex sobre a segurança e eficácia de
plantas medicinais no tratamento da
obesidade. Encontramos 915 estudos,
sendo selecionados 77 relacionados a
controle de peso, dentre eles 19 em
humanos e 58 em animais. Em todos
não foram mencionados efeitos colate-
rais, salvo com o uso de Ephedra, ca-
feína e Bofutsushosan2. Outras revisões
enfatizam o risco de efeitos colaterais
como distúrbios psiquiátricos, gastroin-
testinais, e palpitações com o uso das
plantas contendo Ephedra e efedrina3,4.
Neste texto, selecionamos o que existe
sobre a Caralluma fimbriata, uma das
plantas mais citadas.
Órgão oficial da:
Fitomedicina Consultoria Científica
Dr. Cezar Bazzani
Conselho Editorial
Dra. Ceci Lopes
Dr. Dagoberto Brandão
Dr. Eduardo Pagani
Dr. José Roberto Lazzarini
Dra. Mônica Menon
Prof. Dr. Paulo Chanel D. Freitas
fitomedicina.indd 1 05/10/10 09:35
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Estudo com 62 pacientes com IMC
acima de 26 e uso de Caralluma associado
a 30 minutos de exercício físico diário confirma maior perda
de peso no grupo ativo, sem efeitos
colaterais
Caralluma fimbriata - Família: Asclepiadaceae. Sinônimo: Caralluma adscendens. Nomes
populares: Kulle Mooliyan, Karallamu.
A Caralluma fimbriata é um cacto
suculento e comestível que pertence
à família Asclepiadaceae. Cresce de
forma selvagem por toda a Índia, sendo
também plantada como arbusto ao
longo das rodovias e como divisa para
jardins. Populações tribais fazem uso
para reduzir a fome e a sede. Os nati-
vos indianos têm incluído esse cacto
suculento e comestível em suas dietas
ao longo dos séculos com a alegação
folclórica a respeito da sua atividade
supressora do apetite. A Caralluma
fornece a sensação de estômago cheio,
mesmo sem consumo de alimentos5.
Na Índia é considerada como legume,
podendo ser ingerida de várias formas:
cozida como vegetal normal, com sal,
pimenta, pode ser preparada com mo-
lho chutney e picles ou mesmo comida
crua através da mastigação dos caules.
Existem relatos de que indivíduos das
tribos da Índia mastigavam os talos
de Caralluma fimbriata para suprir o
apetite em dias de caça6.
Dentre os seus componentes en-
contramos grande concentração de
glicosídeos pregnanos, glicosídeos fla-
vonoides e saponinas. Os glicosídeos
pregnanos são os mais numerosos
(mais de 27 foram isolados), represen-
tam o princípio ativo dessa planta7.
Acredita-se que esses glicosíde-
os exerçam ação inibitória sobre a
enzima citrato-liase que é necessá-
ria à formação da acetilcoenzima-A,
resultando em diminuição na formação
e acúmulo de gordura no adipócito.
Também bloqueiam outra enzima, a
malonilcoenzima-A, importante na
produção e acúmulo de gordura pelo
organismo, tornando-se necessário
queimar as reservas existentes. Esse
processo é responsável tanto pela inibi-
ção da formação como pela queima de
gordura corporal independentemente
de exercício físico8.
No controle do apetite age envian-
do ao hipotálamo sinais de sensação
de estômago cheio mesmo antes de
o indivíduo se alimentar, e, como já
dissemos, este mecanismo tem sido
atribuído à ação dos glicosídeos9.
Evidências observacionais já haviam
comprovado sua eficácia. Tornavam-
se necessárias evidências científicas
para que a prescrição em receituário
encontrasse respaldo. Assim, foram
realizados estudos em universida-
des da Índia, abordando a eficácia e
fitomedicina.indd 2 05/10/10 09:35
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Rafael Costa Hime é
médico formado pela
Faculdade de Ciências
Médicas de Santos
Stephanie Joly Chander
Martins é acadêmica do
4º ano da Universidade
Metropolitana de Santos
(UNIMES)
Ceci Mendes Carvalho
Lopes é professora
assistente-doutora da
Clínica Ginecológica do
Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo
(HCFMUSP) e presidente
da Associação Médica
Brasileira de Fitomedicina
(SOBRAFITO)
Priscila Costa Hime é
acadêmica do 3º ano do
Curso de Medicina da
Universidade de Santo
Amaro (UNISA)
Lúcia de Fátima Cahino
da Costa Hime é chefe
do Núcleo de Ginecologia
e Obstetrícia do Curso de
Medicina da Universidade
de Santo Amaro (UNISA)
toxicidade da Caralluma. Dentre eles
destacamos:
Estudo duplo-cego com 50 pacientes
obesos durante 8 semanas demonstra
diminuição de peso, índice de mas-
sa corpórea (IMC), e outras medidas
antropométricas nos pacientes que
utilizaram medicamento ativo, com boa
tolerabilidade e sem efeitos colaterais.
Estudo com 62 pacientes com IMC
acima de 26 e uso de Caralluma asso-
ciado a 30 minutos de exercício físico
diário confirma maior perda de peso no
grupo ativo, sem efeitos colaterais8.
Em estudo duplo-cego placebo-
controlado realizado na Índia com 62
voluntários (23 homens e 39 mulheres)
com idades entre 25 e 60 anos, índices
de massa corpórea acima de 25kg/ m2,
foi administrado tratamento constando
de 2 cápsulas de 500mg de extrato
seco da planta, ou placebo, ao dia, du-
rante 60 dias. Medidas antropométricas
como peso, altura, circunferência da
cintura e quadril foram anotadas. Não
foi demonstrada perda significativa de
peso corporal, porém houve diminui-
ção da circunferência da cintura. Foi
demonstrada diminuição do apetite e
ausência de efeitos colaterais9.
Outro estudo realizado na Califórnia,
com 26 pacientes com sobrepeso,
sendo 19 utilizando composto ativo e 7
utilizando placebo, durante 4 semanas,
demonstrou perda de 60% do peso
corporal sem a ocorrência de efeitos
colaterais 10.
Quanto à posologia, nem todos os
estudos são bem claros encontrando-
se nas referências consultadas doses
de 500mg a 1g sem efeitos colaterais.
Os resultados sugerem, em todos os
estudos, que a planta seja bem tolerada
e que tenha alguma efetividade, porém
mais estudos são necessários para uma
melhor comprovação da eficácia dessa
planta no controle do apetite, especial-
mente porque as populações estuda-
das são pequenas e o tempo de uso
muito curto. O não aparecimento de
efeitos colaterais nos encoraja não só à
prescrição, mas especialmente à elabo-
ração de estudos mais amplos, que nos
possam fornecer maiores evidências.
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CONTRAINDICAÇÃO: TODOS OS INIBIDORES DE PDE-5 SÃO CONTRAINDICADOS QUANDO ASSOCIADOS AO USO DE NITRATO.8 INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA: PODE HAVER DIMINUIÇÃO DO CLEARANCE DA SILDENAFILA QUANDO COADMINISTRADA COM INIBIDORES DO CITOCROMO CYP3A4 TAIS COMO: CETOCONAZOL, ERITROMICINA OU CIMETIDINA.8
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