Post on 10-Jan-2017
revista do iPt 1
Nasceu!Bem-vindo às páginas do primeiro número da Revista do IPT - Pesquisa & Tecnologia. Nascida como veículo de comunicação do instituto de Pesquisas tecnológicas, a revista tem o objetivo de informar nossos clientes, fornecedores, funcionários e colegas de serviço público estadual sobre o que estamos produzindo.
Nesta primeira edição, uma reportagem especial retrata a trajetória do iPt em 110 anos, completados em 24 de junho. Mais do que uma história, é a confirmação de que o instituto tornou-se uma coluna de sustentação ao desenvolvimento tecnológico paulista e nacional.
Pela linha do tempo, o leitor pode conferir que o iPt foi essencial nos anos 20 para o avanço da indústria paulista, pesquisando materiais para a construção de estradas de ferro e usinas hidrelétricas. Já na década de 40, passou a estudar produtos de madeira para aviões e planadores. Nos anos 70, foi a vez do Metrô paulista. e nos 80, da rodovia dos imigrantes e das hidrelétricas sobradinho e itaipu. a Revista do IPT - Pesquisa & Tecnologia não para por aí. o projeto de modernização diz a que veio, os novos laboratórios são detalhados, e mostramos quem está participando do projeto que leva pesquisadores a capacitarem-se no exterior. da inglaterra, amarilis Gallardo conta sua experiência no pós-doutorado em avaliação ambiental estratégica. a revista traz ainda reportagens sobre o que há de novo nos centros técnicos e até a atriz vera Holtz, falando de sua passagem pelo iPt, no anos 70. você tem uma história boa para contar? Faça suas sugestões de reportagem, avalie o material, critique pelo e-mail imprensa@ipt.br.
Boa leitura.
Editorial
2 revista do iPt
José Serra Governador do estado de são Paulo
Alberto Goldman vice-Governador do estado de são Paulo
Geraldo Alckmin secretário de desenvolvimento do estado de são Paulo
João Fernando Gomes de Oliveira diretor Presidente
Altamiro Francisco da Silva diretor Financeiro e administrativo
Walter Furlan diretor de Processos e ti
Álvaro José Abackerli diretor de operações e Negócios
Fernando José Gomes Landgraf diretor de inovação
a Revista do IPT - Pesquisa & Tecnologia é uma publicação do instituto de Pesquisas tecnológicas - iPt, distribuída gratuitamente. seu conteúdo é informativo, e sua venda, proibida. www.ipt.br
Impressão e Acabamento
expediente
RevIsTa do IPT issN 2175-3245
Gerente de Relações CorporativasMariana N. Zanatta inglez
Gerente de MarketingGabriela Monteiro da silva Pereira
Produção Editorialatelier de imagem e Comunicação
Coordenação Editorialteresa Cristina Miranda Mtb 12.170
EditorLucia reggiani Mtb 11.479 Editor Assistentedanilo vicente
TextosFlavio Freitas Helder Lima João GarciaMariana Passos
Projeto Gráfico e Diagramaçãoanibal sá design
Produção Fotográficarita PariseGuilherme Mariotto Fotografiaacervo Comitêagência Luzarquivo iPtClovis deangeloCreative Commonsdivulgação/rede GloboLuiz antonio Pereira de souzaLuiz PradoLuludiMariana MarchesiMariana PassosMarcelo GramaniMarcelo soaresMateus iglesiasMilton MansilhaNasaraquel amaral sérgio Brazolin
revista do iPt 3
índice
6Modernização total
13Em construção, o LEL
16IPT de cara nova
19Sem fronteiras
23No rigor do método científico
30Em busca do melhor remédio
35Prumo e Progex ajudampequenas empresas a crescer
39Os salva-vidas na terra
77Em alto estilo
78Navegar com precisão
81Ao construir, recicle
87Com o vento a favor
89Pronto-socorro de árvores
92Um tesouro bem aqui
Nanotícias 4
Tecnologia em quadrinhos 4
Artigo 94
Você sabia? 96
seÇÕes
esPeCIaL
110 anos bem vividosas realizações do iPt em suas onze décadas de dedicação à pesquisa tecnológica
43
27
85
Vera Holtz: do IPT aos palcos
Um robô superprodutivo
Divisor de águas para o meio ambiente
4 revista do iPt
t e C N o L o G i a E M q u A D R I N h O S
N a N o T í C I A S
Dá PARA PLANTAREUCALIPTO NO NE?
o iPt iniciou em maio estudo para
o cultivo de eucalipto no Nordeste
brasileiro, em parceria com o Ban-
co do Nordeste Brasileiro (BNB). o
projeto irá orientar o investimen-
to em implantação de florestas
de usos múltiplos, reduzindo a
pressão de desmatamento da ca-
atinga na região, sem prejuízo à
dinâmica do crescimento das ati-
vidades econômicas. o escritório
técnico de estudos econômicos do
banco financia o projeto. os pes-
quisadores realizarão o zonea-
mento e a caracterização do setor
de produção florestal de eucalipto
no Nordeste, com levantamento
de dados, pesquisa com plantio,
tecnologias de produção, análise
das cadeias produtivas e mapea-
mento de cobertura vegetal.
Evolução da tEcnologia é tEma dE palEstras
Transformação foi o tema do ciclo
de palestras realizado em maio
no iPt. ronaldo Mota, assessor
especial do Ministério da Ciência
e tecnologia, abriu a programa-
ção, em 7 de maio, e abordou a
produção de conhecimento, fa-
zendo um resgate histórico dos
acontecimentos e pensadores que
tiveram mais destaque na evolu-
ção da Ciência. o professor titular
de Ética e Filosofia Política da UsP,
renato Janine ribeiro, na segun-
da palestra (em 19 de maio), fa-
lou sobre evoluções tecnológicas.
João Fernando Gomes de oliveira,
diretor presidente do iPt, fechou
o ciclo com palestra sobre o futuro
do instituto e as mudanças que já
estão em andamento.
WORkSHOP DISCUTEDIfRAçãO DE RAIO-X
as aplicações da difração de raios-
X na indústria mineral foram dis-
cutidas no workshop realizado
nos dias 11 e 12 de maio pelo iPt,
em parceria com a PaNanalyti-
cal, fornecedora de instrumentos
analíticos e software. a difrato-
metria é uma técnica utilizada
para determinar a estrutura físi-
ca de minerais, por exemplo. No Móveis de eucalipto ensaiados no CT-Floresta
revista do iPt 5
processo, as substâncias do com-
ponente analisado agem quando
expostas a um feixe de raios.
projEto prumovai à Brasilplast
o aniversário de 10 anos do Projeto
Prumo e a divulgação de casos de
sucesso marcaram a participação
do iPt na 12ª edição da Brasilplast,
feira internacional da indústria de
plástico, em maio. o iPt dividiu
estande com o instituto Nacio-
nal do Plástico (iNP), divulgando
duas experiências bem-sucedidas
do Prumo: a CartaPlast e a san-
daplast. Fabricante de sacolas, a
CartaPlast não reciclava as apa-
ras – a ação do iPt voltou-se ao
uso desse material em produtos
de segunda linha. Na sandaplast,
a questão era otimizar o processo
de produção por monofilamento,
multifilamento e chapas finas flat
die. “antes eles utilizavam so-
mente matéria-prima virgem, e
oferecemos a alternativa do uso
de material reciclado”, afirma
Brasil santiago, especialista em
processos plásticos do iPt.
MAIS RUíDOEM AEROPORTO
o iPt finalizou laudo sobre o ba-
rulho do aeroporto Leite Lopes,
em ribeirão Preto (sP). os técnicos
constataram que o nível de ruído
encontrado no entorno foi maior
que o apresentado em 2007, mas
menor que o limite legal. a exis-
tência de casas e escolas nas pro-
ximidades, por sua vez, mostrou
que não foi seguido um plano de
zoneamento, como manda a lei.
compEtitividadErEgistrada
o livro Competitividade da Indús-
tria Paulista: Propostas de Políti-
cas foi lançado pelo iPt. a obra,
encomendada pela secretaria de
desenvolvimento, traz uma sín-
tese dos resultados obtidos em
27 estudos setoriais e temáticos e
duas rodadas de seminários, reali-
zados em 2007 e 2008, em parceria
com a Federação das indústrias do
estado de são Paulo. os trabalhos
envolveram especialistas e exe-
cutivos com propostas para me-
lhorar a competitividade da eco-
nomia paulista. a publicação está
disponível para download no site
da secretaria de desenvolvimento:
www.desenvolvimento.sp.gov.br.
6 revista do iPt
o iPt investe 150 milhões de reais na ampliação de sua capacidade de desenvolvimento tecnológico
modernizaçãoM
odernização tornou-se a palavra-chave do IPT nos últimos dois anos. desde 2008,
o instituto traz na pauta diária de discussões
e ações a modernização de suas instalações.
infraestrutura, novos equipamentos e recursos humanos
receberão investimentos de cerca de 150 milhões reais
até 2010. o objetivo é fortalecer os projetos de maior va-
lor agregado em pesquisas avançadas, sem deixar de lado
o atendimento às demandas tecnológicas das empresas.
atualizado e equipado, o instituto poderá trabalhar com
maior capacidade no desenvolvimento tecnológico, bus-
cando antever as demandas industriais.
Microscópio eletrônico de varredura: um dos novos equipamentos do Laboratório de Corrosão Interna de Dutos
revista do iPt 7
ToTaL
Para atingir seu objetivo, o iPt
quer fortalecer os setores nos
quais atua, além de ingressar em
novas áreas, como a pesquisa em
materiais compósitos do Labora-
tório de estruturas Leves (leia mais na pág. 13), em implantação na
cidade de são José dos Campos,
e o Centro de Bionanotecnologia,
em são Paulo, que será especiali-
zado em pesquisas sobre nano e
biotecnologia de forma integrada.
a capacitação laboratorial, que
oferecerá respostas rápidas e pre-
cisas às demandas das empresas,
é um dos componentes importan-
tes do projeto de modernização,
que contempla também a gestão
dos recursos humanos – o pro-
jeto inclui a contratação de cerca
de 200 colaboradores por concur-
so público (realizado em 2008), o
envio de pesquisadores para trei-
namento no exterior e o estudo
de plano de cargos e salários.
o dEstino dos rEcursos
a maior parte dos 150 milhões de
reais destinados à modernização
do iPt vem do governo do estado
de são Paulo (80%), e, o restan-
te, de instituições como o Ban-
co Nacional de desenvolvimento
econômico e social (BNdes), a Fi-
nanciadora de estudos e Projetos
(Finep), a Fundação de amparo à
Pesquisa do estado de são Paulo
(Fapesp) e a Petrobras.
somente para 2009 estão previs-
tos investimentos do governo es-
tadual de 57 milhões de reais: 27
milhões de reais para a importa-
ção de equipamentos (12 milhões
de reais já estão cotados) e 30
milhões de reais para obras civis.
as obras incluem a construção dos
três novos laboratórios – ensaios
Pesados, Bionanotecnologia e
Compatibilidade eletromagnética
–, que consumirão 20 milhões de
reais. os 10 milhões de reais res-
tantes para obras serão repartidos
entre as melhorias dos acessos
das vias dentro da própria sede,
sanitários (juntos, eles ocupam
uma área de 3 mil metros quadra-
dos), escritórios dos centros técni-
cos, restaurante, área de recursos
humanos, entre outros locais.
No esforço de oferecer respostas
rápidas às demandas do mercado
e trabalhar com mais propriedade
na pesquisa avançada, o projeto
de modernização do iPt enfatiza
as novas capacitações laborato-
riais dos seguintes centros:
>> CETIM (Centro Tecnológico da Indústria da Moda) – a oferta de
serviços no âmbito do CetiM vem
crescendo nos últimos anos, re-
fletindo a variedade de serviços
e empresas envolvidas na cadeia
de produção de roupas e calçados
no Brasil. os ensaios com produ-
tos têxteis são tradicionais no iPt
– os primeiros testes remetem à
época da fundação do instituto,
quando chamava-se Laboratório
de resistência dos Materiais –,
mas a necessidade de atualização
é constante. o projeto ampliação
e Modernização da Capacitação
analítica Metrológica do Labora-
tório têxtil vem sendo realizado
com apoio da Fapesp, da Finep e
de recursos do próprio instituto.
a inauguração da reforma do la-
boratório de têxteis será realizada
no segundo semestre;
>> CINTEq (Centro de Integridade de Estruturas e Equipamentos) –
dois projetos estão em desenvol-
vimento no âmbito desse centro.
Um deles refere-se à instalação do
Laboratório de Corrosão interna
8 revista do iPt
de dutos (LaCid), com conclusão
prevista para novembro de 2010.
outro projeto trata da ampliação
da infraestrutura do Laborató-
rio de Corrosão e Proteção (LCP),
inaugurado em 8 de julho. assim,
a área de corrosão do CiNteQ terá
sua infraestrutura física dobrada,
com mais 1,5 mil metros quadra-
dos de instalações.
Com os novos equipamentos de
microscopia, a escala do trabalho
mudará, passando de micro para
nano. Haverá ainda equipamen-
tos para a análise da corrosão a
altas temperaturas, que permiti-
rão aplicações práticas na indús-
tria petroquímica, sobretudo na
pesquisa de revestimentos resis-
tentes a altas temperaturas.
outra linha de investigação que
se fortalece com o projeto é a de
corrosão em armaduras de con-
Teste de manchamento de tecido realizado no CETIM
Pesquisador trabalha no laboratório de
corrosão do CINTEQ
revista do iPt 9
creto. essa é uma área em que o
iPt tem competência estabeleci-
da, mas que passa a atuar com o
que há de mais moderno. os no-
vos equipamentos permitirão, por
exemplo, que o prazo dos ensaios
de corrosão sob tensão seja redu-
zido de um mês para dois dias.
Boa parte das novas capacitações
destina-se a atender às novas
demandas no setor de petróleo e
gás, com a exploração da camada
pré-sal, uma vez que o trabalho
com óleo bruto e derivados ocorre
a altas temperaturas.
os equipamentos de microscopia,
por sua vez, vão permitir estabe-
lecer novas fronteiras na pesquisa
de corrosão, pois os estudos do
Brasil nessa área ainda são pou-
cos em comparação às pesquisas
mais desenvolvidas.
>> CMF (Centro de Metrologia de Fluidos) – Na área de mecânica
dos fluidos, estão em desenvolvi-
mento cinco projetos importantes
de capacitação laboratorial:
1) Construção e montagem de la-
boratório de teste e ensaios de
sistemas de medição de óleo e
derivados líquidos de petróleo:
esse laboratório fará parte da
rede temática de metrologia da
Petrobras. o aporte de recursos é
da ordem de 7 milhões de reais,
proveniente de parceiros como a
Finep, o governo do estado de são
Paulo e a própria Petrobras;
2) Laboratório de sistemas de ar
Comprimido e Gases (LasaG): será
o primeiro laboratório do país para
equipamentos de compressão de
ar e gases, avaliando compresso-
res, filtros e secadores, entre ou-
tros equipamentos. Por meio do
desenvolvimento desse projeto,
será possível certificar a qualida-
de do ar comprimido em sistemas
hospitalares e industriais;
3) ampliação da capacidade do
Laboratório de Óleo, com o apoio
da Petrobras e da Finep, prevista
para o mês de novembro;
4) Modernização do Laboratório
de vazão de Gás: trata-se de um
projeto de fomento, que garanti-
rá a expansão e a atualização da
tecnologia desse laboratório, em
operação desde 1994;
5) implementação de melhorias
no túnel de vento: esse equipa-
mento do iPt foi construído há
cinco anos. o projeto de moder-
nização permitirá que o túnel
seja atualizado e instrumentado.
Nessa nova fase, serão realizadas
simulações com modelos de pla-
taformas de petróleo, sobretudo
para definir o estudo de layout de
plataformas. os recursos inves-
tidos são de 3 milhões de reais,
incluindo a instrumentação com
novos analisadores e obras civis.
tais melhorias farão a Petrobras
deixar de usar um túnel de ven-
to na dinamarca, atualmente o
único em condição de atender à
demanda. Com o processo de na-
cionalização, os ensaios ficarão
mais acurados, uma vez que ha-
10 revista do iPt
verá mais tempo disponível para
as investigações. o equipamento
também é usado nas simulações
dos esforços de vento sobre a es-
trutura de edificações.
>> CNAVAL (Centro de Engenha-ria Naval e Oceânica) – o plano
de capacitação desse centro, de-
nominado Projetos de Navios de
Grande Porte: incremento, Ca-
pacitação Laboratorial e implan-
tação de Centro Multiusuários,
conta com o apoio da Finep e da
Petrobras. o programa permitirá
uma maior eficiência e agilida-
de na construção de modelos de
navios, propulsores e apêndices
de cascos. o centro multiusuários
atuará nas áreas de hidrodinâmi-
ca de cascos, propulsão e mano-
bra de embarcações.
esse projeto terá impacto em di-
ferentes segmentos da indústria
naval, como a fabricação de má-
quinas e equipamentos de uso
específico; construção e repara-
ção de embarcações e estruturas
flutuantes; transporte marítimo
de cabotagem e de longo percur-
so, e pesquisa e desenvolvimento
das ciências físicas e naturais.
Haverá também benefícios sob a
perspectiva do impacto ambien-
tal, uma vez que o projeto irá co-
laborar para mitigar os acidentes
com embarcações. além disso,
facilitará o desenvolvimento de
estudos e de modelos hidrodinâ-
micos, de sistemas computacio-
nais e de métodos de medição de
parâmetros físicos, sem contar a
confecção com agilidade de mo-
delos de navios e de propulsores.
Um importante equipamento que
dá suporte a esses objetivos é um
robô aplicado na usinagem de
modelos (leia mais na pág. 85),
que reduz a produção de até 45
dias para até cinco dias. o siste-
ma usa blocos de poliuretano com
camadas de fibra de vidro para
dar resistência aos objetos de
ensaio. o robô, de origem sueca,
tem 3,2 metros de braço e alcança
essa distância na mesma circun-
ferência. as novas instalações de-
vem funcionar em setembro;
>> CTPP (Centro de Tecnologia de Processos e Produtos) – a mo-
dernização no centro começou
na metade de 2008, por meio do
planejamento de investimentos
de 9 milhões de reais, na primei-
ra fase. os recursos foram direcio-
nados para as áreas de nanotec-
nologia, compósitos, bioenergia
e microtecnologia. dos projetos
de capacitação, dois são desta-
que: o desenvolvimento do pro-
cesso tecnológico de laminação
automatizada (fiber placement) em estruturas aeronáuticas, e a
modernização da capacitação do
instituto em caracterização mi-
croestrutural de materiais.
os investimentos atualizarão o
CtPP, em especial o Laboratório de
Biotecnologia industrial (LBi) e o
Laboratório de Processos Químicos
e tecnologia de Partículas (LPP),
com equipamentos de ponta. eles
serão aplicados principalmente
no desenvolvimento de produtos
e materiais, empregando ou não
o conceito de intensificação de
Teste de avaliação de medidores de gás: informação garante a eficiência do parque de medidores da concessionária paulista
revista do iPt 11
processos (microtecnologia). está
em planejamento também um
edifício para abrigar o novo par-
que de equipamentos.
Para as pesquisas de bionano-
tecnologia e microtecnologia, por
exemplo, estão sendo adquiri-
dos cromatógrafos de fase líqui-
da e gasosa de alta performance;
microscópios eletrônicos de alto
desempenho; plantas piloto ins-
trumentadas; biorreatores e má-
quinas de microusinagem de pre-
cisão, entre outros.
>> CETAC (Centro Tecnológico do Ambiente Construído) – No âmbi-
to desse centro, estão em desen-
volvimento dois projetos de capa-
citação laboratorial:
1) Caracterização da reação ao fogo
de materiais: o projeto conta com
o apoio financeiro da Finep. o in-
Ensaio de modelo em escala reduzida de plataforma de petróleo no tanque de provas do CNaval
vestimento total previsto atinge
570 mil reais;
2) Laboratório de Chuveiros: rece-
be investimento de 700 mil reais
para ampliar sua capacidade me-
trológica, permitindo testes de
maior confiabilidade e rapidez.
a importância da pesquisa se dá
principalmente porque o chuveiro
é o equipamento de maior con-
sumo de energia elétrica nas resi-
dências dos brasileiros.
gEstão do projEto
Como parte do suporte à capaci-
tação laboratorial, o iPt criou, no
mês de julho de 2008, a Célula de
Gestão do Processo de Moderniza-
ção. Constituída por uma equipe
composta de colaboradores de
todas as diretorias do instituto,
a missão da célula é tornar mais
ágeis os processos de contratação
de bens, serviços e obras.
“a denominação ‘célula’ deve-se
ao fato de ela ser uma reunião de
colaboradores de diversos setores
que, juntos, conseguem tornar
os processos de construção e de
compras e importações mais rápi-
dos. Não deixamos de seguir a lei
8.666, que institui normas para
licitações e contratos da adminis-
tração pública, mas conseguimos
reduzir os processos internos”, diz
Wilson shoji iyomasa, responsável
pela Gerência de Modernização da
infraestrutura (GMi), criada no úl-
timo mês de abril para coordenar
os recursos e a execução das obras
de instalação dos novos equipa-
mentos laboratoriais.
“antes, o pesquisador elaborava
um pedido e entregava-o ao dire-
tor do centro, que o encaminha-
va à diretoria, ou seja, havia uma
longa circulação por vários depar-
tamentos. agora, as solicitações
saem da diretoria do centro para a
diretoria de operações e Negócios
e são encaminhadas para a Célula
de Gestão”, explica iyomasa.
a GMi tem ainda sob sua respon-
sabilidade a inserção dos dados
das obras civis nos laboratórios
em um cronograma unificado no
sistema de gestão de projetos Ms
Project, que cruza essas infor-
mações com as das chegadas de
equipamentos: “o objetivo é não
deixar equipamentos parados.
isso pode trazer problemas não só
de produtividade, mas também de
perda da garantia do fabricante”.
Para cumprir essa meta, reuniões
12 revista do iPt
são realizadas todas as semanas
para a programação de ações do
período, envolvendo profissionais
do iPt das áreas de projeto, in-
fraestrutura, célula do projeto de
modernização e diretoria.
o Ms Project recebe as solicitações
das áreas técnicas, que contêm as
requisições de compras de equi-
pamentos e detalhes sobre custo,
prazo, instituições para o finan-
ciamento etc. após a conclusão
da compilação dos dados, a etapa
seguinte é a definição de quais
equipamentos serão adquiridos
em 2009, para acelerar as obras
e evitar que as máquinas fiquem
paradas quando chegarem ao
instituto. “devemos combinar as
ações de compras e obras, pois as
primeiras são muito mais rápi-
das”, explica iyomasa.
a Gerência de Modernização da
infraestrutura realizou em seu
Boilers residenciais durante teste no laboratório de aquecimento de água do CETAC
primeiro mês de trabalho o le-
vantamento das necessidades de
reformas e construções dos cen-
tros técnicos. “em cada local, ve-
rificamos quais ações precisam ser
tomadas e listamos os materiais;
vamos aproveitar dados coletados
pelo departamento de infraestru-
tura do instituto com propostas
de projetos”, afirma iyomasa.
primEiro Balanço
a ideia do gestor é fazer uma ca-
racterização das necessidades dos
centros, das áreas administrativas
e das áreas de apoio, para então
discutir essas questões. as infor-
mações colhidas estão em pro-
cesso de inserção no Ms Project
e serão compiladas com os dados
(ainda em coleta) provenientes
das avaliações de outras áreas,
como o restaurante e a Coordena-
doria de recursos Humanos (CrH).
o levantamento das atuais condi-
ções dos centros técnicos mostrou
aos pesquisadores a necessidade
da execução de pequenas obras,
como troca de pisos e de posições
de tomadas, além de repensar a
destinação de áreas ocupadas por
móveis e caixas de documentos.
“Há muitos documentos em papel
que poderiam ser microfilmados
ou transformados em arquivo di-
gital. Não podemos esquecer que
muitos deles precisam ser guar-
dados, mas outros poderiam ser
armazenados de forma magné-
tica”, explica iyomasa. esse seria
um próximo passo do projeto, no
qual haveria a discussão sobre a
construção de um prédio para o
armazenamento dos documentos
ou a terceirização da guarda deles.
a destinação mais adequada dos
equipamentos em desuso ou de-
satualizados, encontrados pela
equipe do GMi em suas visitas aos
centros de pesquisa, seria, na opi-
nião de iyomasa, a doação para
institutos voltados ao ensino téc-
nico ou universidades.
a participação dos pesquisadores
passará agora a ser fundamental
para alterar o quadro encontrado.
“eles podem nos ajudar repensan-
do o uso dos espaços e otimizando
as áreas ocupadas com estações de
trabalho, por exemplo, para que
sobre mais espaço para os colabo-
radores”. Para essas ações, a ge-
rência de modernização está am-
pliando sua equipe. entre as novas
contratações estão um arquiteto
e um tecnólogo em edificações,
além de um estagiário.
revista do iPt 13
em construção,
o LEL
14 revista do iPt
A cidade de São José dos Campos pode se preparar. até o final de
2009, o primeiro labo-
ratório de materiais compósitos
(que mesclam dois ou mais tipos
de substâncias) do Brasil chegará
à cidade, coração do setor aero-
náutico nacional. será o Labo-
ratório de estruturas Leves (LeL),
nova unidade do instituto no in-
terior de são Paulo.
Com investimentos de 90,4 mi-
lhões de reais, provenientes do
governo do estado, da embraer
e do Banco Nacional de desen-
volvimento econômico e social
(BNdes), o LeL pretende ajudar o
Brasil a dominar tecnologias es-
senciais à competitividade inter-
nacional no setor aeroespacial,
desenvolvendo, principalmente,
novos materiais capazes de redu-
zir o peso de aeronaves.
o iPt, que possui uma unidade
em Franca, além da sede na ci-
dade de são Paulo, será respon-
sável pela operação, pelo plano
de negócios e pela manutenção
das instalações, no Parque tec-
nológico de são José dos Campos.
o BNdes já liberou o repasse de
27,6 milhões de reais ao iPt e à
Fapesp, para viabilizar a instala-
ção de equipamentos e o finan-
ciamento de pesquisas. a área do
laboratório foi cedida pela prefei-
tura de são José dos Campos. aos
recursos repassados pelo BNdes,
por meio do Fundo tecnológico
(Funtec) – destinado a financiar
projetos voltados para o desen-
volvimento tecnológico e a ino-
vação de interesse estratégico –,
somam-se 4,7 milhões de reais
da Fapesp, 7,3 milhões de reais do
iPt, 8,8 milhões de reais da Finep
e 42 milhões de reais da embraer
(calculados em homens/hora).
de acordo com o diretor do Cen-
tro de integridade de estruturas
e equipamentos - CiNteQ do iPt,
Luiz eduardo Lopes, o LeL deverá
ser concluído dentro de três anos,
mas já em 2010 haverá áreas em
condição de operação.
cOMO RedUZiR O peSO dA AeROnAVe?
“embora o laboratório nasça com foco na indústria aeronáutica, será capaz de desenvolver tec-nologias transversais com aplica-ção, por exemplo, nas indústrias automobilísticas e de autopeças, petróleo e gás, naval, bélica, de geração e transporte de energia elétrica, construção civil e bens de capital. além dos compósitos, o laboratório trabalhará com ma-
teriais metálicos”, afirma Lopes.
segundo o diretor do CiNteQ, o
laboratório terá importância vi-
tal para a indústria aeronáutica.
“a maior preocupação do setor
na atualidade é o peso das no-
vas aeronaves. Há uma tendência
mundial de aumento da utiliza-
ção de compósitos nas estruturas
que suportam a carga de vôo. o
Brasil está ligeiramente defasado
no desenvolvimento dessas tec-
nologias, mas o laboratório virá
em um bom momento para fe-
charmos essa lacuna”, diz.
o laboratório irá pesquisar, por
exemplo, aumento na resistência
dos materiais estruturais das ae-
ronaves. isso permite a amplia-
ção da pressão e da umidade re-
lativa do ar dentro da aeronave,
melhorando o conforto durante
a viagem. o desafio é conseguir
essa maior resistência sem au-
mentar o peso da estrutura.
“Para unir as placas de metal que
formam a estrutura são utilizados
rebites. isso exige a sobreposição
das placas, o que aumenta o peso
da aeronave. Para mudar esse
paradigma, é preciso incorporar o
desenvolvimento tecnológico em
um processo de fabricação dife-
renciado. o LeL terá equipamen-
tos para testar e construir esses
materiais e será capaz de fazer
modelagens e simulações para
que essas tecnologias possam ser
integradas em processos produti-
vos”, destaca Lopes.
outra novidade do LeL será o
assessoramento de um comitê
composto de pesquisadores bra-
sileiros e estrangeiros. “Criamos,
em acordo com a Fapesp, um
conselho consultivo encarregado
de manter a compatibilidade da
iPt instala o primeiro laboratório de estruturas leves do país em são José dos Campos ainda este ano
revista do iPt 15
agenda de desenvolvimento tec-
nológico do laboratório com o que
é feito nas principais instituições
do mundo nessa área”, diz o di-
retor do CiNteQ.
Luiz eduardo Lopes afirma que,
assim como os outros laborató-
rios do iPt, o LeL ficará disponível
para iniciativas de pesquisadores
de outras instituições e centros
industriais de pesquisa e desen-
volvimento. será instalado em
uma planta térrea de cerca de 4
mil metros quadrados. os equipa-
mentos, todos de alta tecnologia,
já estão encomendados.
a aplicação de fibra de carbono
na fabricação de uma peça para a
indústria aeronáutica, por exem-
Luiz Eduardo Lopes, diretor do CINTEQ, apresenta o modelode operação do LEL em palestra em São José dos Campos
plo, não pode ser feita a mão. Por
isso, o laboratório necessitará de
máquinas de comando numérico
que garantam a replicabilidade e
a qualidade dos produtos.
“o LeL terá ainda duas grandes
máquinas que permitirão a depo-
sição automática, robotizada, da
fibra de carbono para fabricação
de peças para diversos tipos de
aplicação”, diz Lopes.
QUAtRO pROjetOS
o LeL surge com quatro projetos.
o primeiro é desenvolver conheci-
mento e capacitação para o uso de
tecnologias de fabricação de es-
truturas de materiais compósitos
e dominar a concepção, o projeto
e o desenvolvimento de estruturas
para reduzir de 10% a 15% o peso
e em 10% o custo do material me-
tálico utilizado em aeronaves.
outros dois projetos estruturantes
do laboratório, encampados pela
embraer, irão investigar procedi-
mentos de fabricação e a aferi-
ção de desempenho de estruturas
metálicas produzidas a partir de
ligas e de processos de conforma-
ção avançados.
o quarto projeto terá foco em no-
vas tecnologias para a fabricação
de fuselagens com o equipamento
de fiber placement, que depõe au-
tomaticamente camadas de fibras
para composição do material.
16 revista do iPt
de c
ara
novaO
IPT está mudando. a cada dia fica mais moderno, an-tevê tendências, amplia sua área de atuação. Para tra-
duzir essa nova fase, no mês de ju-lho, o instituto ganhou novo portal na internet (www.ipt.br) e logomarca repaginada, totalmente alinhados às recentes transformações.
a ideia de uma nova marca para o iPt foi lançada em 2008, em estudo da M. stortti. Por meio de uma pesqui-sa qualitativa, a marca foi avaliada e reformulada. decidiu-se, então, por um novo posicionamento de ações de comunicação e marketing. Mis-são, visão e valores foram redefinidos (leia mais na pág. 17).
“diagnosticamos que a marca ante-rior já não representava seu potencial na criação de soluções tecnológicas nem era capaz de transmitir a nova imagem, que começa a surgir com esse processo de transformação”, afirma Gabriela Pereira, responsável pelo Marketing Corporativo.
Para comunicar ao público a mudan-ça, foi necessária uma nova identida-de que, além de fortalecer os atribu-tos positivos que a marca já possuía, transmitisse o novo posicionamento da instituição. a construção da nova marca do instituto passou pela defi-nição dos valores que deveriam ser
transmitidos: evolução, energia, arti-culação e Criatividade.
“o desafio foi criar uma imagem contemporânea, mas que guardas-se relação com a forte credibilida-de construída durante os 110 anos de existência do iPt”, diz Guilherme Mariotto, designer e criador da logo-marca. as mudanças são sutis, mas bastante importantes.
o site do iPt também passou por uma transformação. Para desenvolver um novo produto e desenhar a estrutura de conteúdo do portal, a empresa v6 trabalhou em conjunto com a equipe do Marketing Corporativo, o que faci-litou a organização, a hierarquização e a padronização das informações. a ideia foi, sempre, proporcionar um acesso mais estimulante, claro e agradável, com um layout atrativo, para potencializar a navegação.
o grande desafio do site é mostrar as competências do iPt. Por isso, a nova arquitetura tratou de proporcionar ao usuário a facilidade de encontrar conteúdos de acordo com seu inte-resse. a forma de apresentação das soluções tecnológicas transversais permite ao navegante conhecer a multidisciplinaridade do iPt.
assuntos relacionados são agora oferecidos em destaque, e as novas
Portal na internet e logomarca traduzem as transformações em curso no instituto
revista do iPt 17
funcionalidades agilizam o acesso a seções como: notícias, vídeos, galerias de imagens, casos de su-cesso, colunas e artigos técnicos, eventos e cursos relacionados. Na página principal, o site traz os cinco links mais procurados (top 5), acesso às áreas dos centros tecnológicos do iPt, dos segmen-tos de mercado nos quais o insti-tuto atua, do mestrado profissio-nal, além da opção de ver o site em inglês ou em espanhol.
“aproveitando os 110 anos de ani-versário, temos uma oportunida-de enorme de mostrar a cara do iPt: moderno e gerador de conhe-cimento”, afirma João Fernando Gomes de oliveira, diretor-presi-dente do instituto.
Tela da página de abertura do novo site do IPT, com notícias, busca interna e o ranking das cinco áreas mais acessadas
a equipe do Marketing Corporativo se reuniu com as áreas técnicas do iPt para discutir o melhor acesso ao conteúdo gerado pelos quatro laboratórios de cada um dos doze centros tecnológicos, que produ-zem 270 soluções para o mercado. esse trabalho durou sete meses, entre planejamento, execução, especificação, estruturação e cria-ção de conteúdo.
“Claro que deu trabalho, mas a colaboração dos membros técnicos do iPt e da equipe da Coordena-doria de ti foi fundamental para chegarmos ao resultado alcança-do. o instituto sai à frente com um portal e uma logomarca mo-dernos, condizentes com seu novo perfil”, diz Gabriela.
MISSãO
Criar e aplicar soluções
tecnológicas para au-
mentar a competitivi-
dade das empresas e
promover a qualidade
de vida.
VISãO
Ser instituição líder
nacional e atuar inter-
nacionalmente no de-
senvolvimento de tec-
nologias avançadas.
VALORES
1. Integridade: ética,
probidade, honesti-
dade, isenção.
2. Excelência: com-
petência técnica e
qualidade em proce-
dimentos com busca
contínua de melhoria.
Missão, visão e valores do iPt
18 revista do iPt
o significado do novo logotipo
da movimentação do pingo do “i” para o canto
superior direito nasce um grafismo que traduz o
pensamento, a criação e a ação transformadora.
o segundo quadrado ascendente representa a
solução tecnológica, resultado da atuação do iPt.
o elemento em azul mais claro traz força para o
movimento ascensional e marca a multidiscipli-
naridade do instituto. o grafismo guarda relação
com o “t” de tecnologia, que funciona como base
de lançamento para a atuação transformadora.
Na tipografia, a mistura de extremidades retas e
curvas representa a união da precisão e da técnica
com o pensamento criativo, necessários para a
superação dos desafios tecnológicos.
a evoLuÇão da maRCa IPT
2009
1994 - 1996
1996 – 2009
1999
Modernizado, o logotipo agrega um box
o box sai de cena, e a marca se mantém em preto
a cor das iniciais muda para azul
Marca comemorativa do centenário do iPt, usada
por um ano
a marca representada pelas iniciais iPt começa a
ser usada oficialmente
1980 - 1993
1979 - 1980
revista do iPt 19
Pesquisadores falam da experiência internacional proporcionada pelo programa de capacitação no exterior promovido pelo iPt
Sem fronteirasRichard Pahl e família em Portugal, no período em que se especializou em engenharia têxtil
A oportunidade de estudar no exterior levou tempo para aparecer, mas valeu
a pena esperar. richard Pahl, responsável
pelo Laboratório de têxteis e Confecções
do Centro tecnológico da indústria da Moda - Ce-
tiM, embarcou para Portugal no mês de outubro de
2008 e ficou por lá durante seis meses, especiali-
zando-se em engenharia têxtil. Pahl foi o primei-
ro pesquisador do iPt a participar do Programa de
desenvolvimento e Capacitação no exterior (PdCe).
trazer para o estado de são Paulo os mais avan-
çados conhecimentos tecnológicos do mundo é o
objetivo do PdCe, que desde o ano passado envia
pesquisadores e técnicos para aprimoramento téc-
nico no exterior. Quatro especialistas do iPt foram
estudar fora, em Portugal, estados Unidos, itália e
inglaterra e tiveram experiências únicas e mais co-
nhecimento. outros estão com viagens agendadas.
a meta é enviar cem pesquisadores para aperfei-
çoamento até o fim de 2010.
richard Pahl especializou-se em tecnologias em-
pregadas na avaliação de conforto sensorial e
termo-fisiológico dos materiais têxteis na Univer-
sidade do Minho, no campus da cidade de Gui-
marães. “No Brasil não existe pós-graduação em
engenharia têxtil. a única maneira que eu tinha de
me especializar era participando de um curso no
20 revista do iPt
exterior. sem a ajuda do institu-
to, eu não poderia ter alcançado
esse objetivo”, afirma o especia-
lista do CetiM.
Para participar do programa, Pahl
e seus colegas passaram por vá-
rias etapas. o profissional precisa
manifestar sua vontade e indicar
a pesquisa a ser produzida ao di-
retor responsável pelo centro de
pesquisa. Passada essa etapa, o
projeto aprovado segue ao diretor
de operações e negócios. se con-
firmada a viabilidade, a proposta
é enviada ao setor de relações in-
ternacionais para finalizar os trâ-
mites de viagem – vistos, parceria
com o centro de estudos, locais de
passagem, entre outros.
o iPt fornece ajuda de custo a
treinamentos, cursos e estágios,
baseada nas tabelas do Conse-
lho Nacional de desenvolvimen-
to Científico e tecnológico (CNPq)
e da Coordenação de aperfeiço-
amento de Pessoal de Nível su-
perior (Capes). também custeia
despesas de viagem para o pes-
quisador e seu cônjuge, auxílio
estadia, seguro-saúde e auxí-
lio instalação, o que proporcio-
na mais equilíbrio, qualidade de
vida, segurança e empenho para
o pesquisador fazer seus estudos.
Um ponto importante: sempre
as atividades desenvolvidas pelo
funcionário no exterior devem
estar alinhadas com as áreas de
atuação e interesse do instituto. o
vínculo empregatício do pesqui-
sador é mantido, garantindo seu
salário mensal e outras vantagens
estabelecidas em lei.
“a viagem foi ótima. o aprendi-
zado foi fundamental para mi-
nhas pesquisas. É uma forma
de ganharmos conhecimento e
contribuirmos para o avanço do
iPt”, afirma Pahl. além de desen-
volver pesquisa, ele contribuiu
para a assinatura de um contrato
entre a Universidade do Minho,
um centro de pesquisa em na-
notecnologia de Portugal, o iPt e
uma empresa brasileira que quer
contribuir com o desenvolvimen-
to de fibra têxtil produzida com
a utilização de bactérias a partir
da cana-de-açúcar. “o polímero
do futuro promete ser ecológico e
sustentável, favorecendo o Brasil
e são Paulo, dada a sua enorme
plantação de cana.”
Viagem de estudos dá frutos ao IPT: um contrato de pesquisa em fibra produzida com bactérias da cana
os pesquisadores antonio Luiz Pa-
cífico, do Centro de Metrologia de
Fluidos (CMF), e sandra Lúcia de
Moraes, do Centro de tecnologias
ambientais e energéticas (Cetae),
também participam do programa.
Pacífico embarcou para a itália
em abril deste ano para estagiar
no Centro di ricerca interuniver-sitario di aerodinamica delle Cos-truzioni in ingegneria del vento (Criaciv). sandra foi para os esta-
dos Unidos em janeiro fazer um
treinamento no Center for Funda-mental studies of advanced sus-tainable iron and steel Making. o
próximo pesquisador a deixar o
Brasil será ramon valls Martin, do
Centro de Metrologia Mecânica e
elétrica (CMe). em junho, ele fará
estágio na Physikalisch technis-che Bundesanstalt, da alemanha.
outros pesquisadores já manifes-
taram interesse em participar do
programa, como rachel arduin,
do CetiM, que pretende trabalhar
na Universidade stuttgart (alema-
nha) em análise do ciclo de vida
de produto aplicado à área têxtil,
avaliando impactos ambientais, e
Bruna Petreca, também do CetiM,
que quer desenvolver estudo de
percepção na avaliação sensorial
de têxteis voltado à indústria da
moda nos estados Unidos.
devido à importância do progra-
ma, o iPt continua em busca de
novas parcerias. Já foram assina-
dos dois convênios de cooperação
técnica com institutos alemães
de tecnologia em março passado,
com vigência de cinco anos. Com
diferentes formas de cooperação
e intercâmbio, os acordos podem
incluir a troca de informações
técnicas, científicas e de mer-
cado, além do desenvolvimento
conjunto de novos projetos.
Uma das parcerias foi assinada por
Hans-Jörg Bullinger, presidente
do FhG (Fraunhofer Gesellschaft), entidade que atua no desenvol-
vimento de pesquisa tecnológica
com uma comunidade de 13 mil
cientistas e engenheiros. Nes-
se acordo, serão contempladas
revista do iPt 21
áreas como a de materiais para
ferrovias de alta velocidade, bio-
nanotecnologia, realidade virtual,
gaseificação e energia solar.
outra parceria, assinada com o
instituto de pesquisa BaM (Bun-desanstalt Für Materialforschung und Prüfung), contemplará a troca
de informações em biodeteriora-
ção de madeira, instrumentação
de estruturas, resíduos de cons-
trução civil e embalagens de pro-
dutos perigosos.
Marcando a parceria, Maria He-
lena ambrosio Zanin, do Cen-
tro de tecnologia de Processos e
Produtos (CtPP), será a primeira
pesquisadora a fazer intercâmbio
para uma entidade alemã. Quan-
do viajar, em setembro, pretende
capacitar-se no desenvolvimen-
to de novos produtos, tais como
materiais autolimpantes, reves-
timentos antimicrobiais e tintas
anticorrosivas, com o grupo do
Fraunhofer institut für Chemische technologie, na cidade de Pfinzta,
que acumula experiência na área.
Com a parceria, o engenheiro Pe-
dro dolabella Portela, diretor e
professor da BaM, espera desen-
volver soluções para novas aplica-
ções, otimizando-as para a situa-
ção específica do Brasil.
Para Martin richter, do instituto
Fraunhofer, o iPt é “um parceiro
promissor num país como o Bra-
sil, com destaque no mercado de
energia. também em áreas como
microfluídica, bio e nanotecnolo-
gia poderemos gerar ideias e pro-
jetos importantes”, afirma.
doutorado à portuguesa
a adaptação à alimentação e à temperatura foi mais dura para richard Pahl do que a rotina da universidade
substituir o arroz pelas batatas
e trocar a carne bovina pelo
peixe foram algumas das mu-
danças que o pesquisador ri-
chard Pahl teve de fazer para
se adaptar aos costumes por-
tugueses, durante a especiali-
zação na Universidade do Mi-
nho. o trabalho diário envolvia
atividades laboratoriais, ini-
ciadas às 9 horas, a uma tem-
peratura média de três graus
Celsius. ironicamente, sentiu
falta do trânsito paulistano,
além dos panetones.
engenheiro têxtil com especia-
lização em segurança do tra-
balho, Pahl iniciou o doutora-
do no exterior no fim de 2008.
sua orientadora é ana Cristina
Broega, também engenheira
têxtil, com mestrado e douto-
rado em padrões de conforto
para tecidos de lã com foco na
indústria. ela fez trabalhos na
inglaterra, austrália e Portugal
e tem pedidos de registro de
patentes nessa área, em que o
CetiM pretende atuar.
Richard Pahl prevê terminar em 2011 o doutorado iniciado em Portugal no ano passado
a Universidade do Minho, em
que estudou, dispõe de equi-
pamentos de alto valor agre-
gado. seu departamento de
engenharia têxtil possui pro-
fessores doutores e três mes-
tres, além de um grupo eclé-
tico de engenheiros têxteis,
químicos, mecânicos e eletrô-
nicos que trabalham com mul-
tidisciplinaridades.
“a rotina dessa universidade
é muito semelhante à do tra-
balho no CetiM”, diz Pahl. seu
doutorado tem término previs-
to para 2011, pois foi dispensa-
do de cumprir os créditos das
disciplinas por ter ingressado
em um programa especial.
22 revista do iPt
vontade de conti-
nuar a pesquisa de
doutorado sobre
instrumentos de
gestão ambiental.
essa foi a princi-
pal motivação de
amarilis Gallardo,
pesquisadora do
Centro de tecno-
logias ambientais
e energéticas (Ce-
tae), para entrar
no programa de
capacitação no
exterior. escolheu
a inglaterra como
destino para os
estudo por ser um
país com grande
tradição na pes-
quisa em sua área
de interesse.
“a oportunidade de interagir e
aprender com pesquisadores de
renomadas instituições no exte-
rior é única e trará grandes be-
nefícios. o contato para futuras
parcerias, o aprendizado para
aplicação em trabalhos do insti-
tuto e o conhecimento de como
as questões relevantes vêm sen-
do abordadas pela comunidade
de outros países é um estímulo
à carreira do pesquisador”, diz a
treinanda do programa.
Para seu orientador, alan Bond,
diretor do Interdisciplinary Re-
search in Environmental Assess-
ment and Management, “novos
métodos que identificam, ava-
liam e administram impactos am-
bientais muitas vezes podem ser
transferidos de um ambiente ins-
titucional para outro”.
a pesquisadora do iPt está fazen-
do pós-doutorado em avaliação
ambiental estratégica e avaliação
de sustentabilidade (Strategic En-
vironmental Assessment e Sustai-
nability Assessment) na School of
Environmental Sciences (escola de
Ciências ambientais) da University
of East Anglia e es-
colheu como estudo
de caso a aplicação
desse instrumento
de gestão ambien-
tal na expansão do
setor sucro-alcoo-
leiro paulista para
produção de bio-
etanol. essa escola
possui centros téc-
nicos e grupos de
pesquisa em diver-
sas áreas.
alan Bond é total-
mente favorável à
iniciativa do iPt.
“Há sempre muito
a ser aprendido por
intermédio da ex-
periência de dife-
rentes culturas de investigação e
da exposição a outras literaturas.
É uma oportunidade de adqui-
rir conhecimento que beneficia
o pesquisador, a instituição que
o recebe, e a instituição de ori-
gem”, afirma o orientador.
Um pesquisador nunca pode pa-
rar de estudar, acredita amari-
lis. “somente a busca contínua
de aperfeiçoamento e a soma de
conhecimentos pode tornar um
profissional do meio técnico mais
apto a solucionar os diversos pro-
blemas que são apresentados ao
iPt diariamente pela sociedade,
pela indústria e pelo estado”,
ressalta a pesquisadora.
amarilis vai à InglaterraPesquisadora busca aperfeiçoamento na área de gestão ambiental
Amarilis Gallardo e seus filhos na escola inglesa em que a pesquisadora do CETAE faz pós-doutorado
revista do iPt 23
No rigor do método científico
dissertações de mestrandos abrem novas frentes de atuação
Douglas Barreto, coordenador do curso de mestrado profissional em Habitação
No acervo de conheci-mentos técnicos pro-duzidos pelo IPT, as
dissertações dos alunos
do mestrado profissional come-
çam a ganhar cada vez mais im-
portância. Criado em 1998, o mes-
trado já formou 549 estudantes,
que, com seus temas de pesquisa,
têm colaborado para expandir as
frentes de atuação do instituto.
“o mestrado profissional é um
canal para a sociedade se apro-
priar do conhecimento”, afirma
douglas Barreto, coordenador do
curso de Habitação e pesquisador
do CetaC. ele acredita que os alu-
nos têm papel de interlocutores
da sociedade e, por isso, devem
ser qualificados para diminuir o
hiato que ainda hoje existe entre
tecnologia e mercado. esse tema,
aliás, é recorrente no institu-
to, que o escolheu para uma das
palestras comemorativas dos 110
anos do iPt, em maio, com abor-
dagem do professor de filosofia da
UsP, renato Janine ribeiro.
No caso do estudante do mestrado
profissional, a apropriação do co-
nhecimento é realizada com base
na incorporação do método cien-
tífico. “esse é um diferencial do
mestrado profissional do iPt; nós
preparamos o aluno para a abor-
dagem científica e para que os
problemas sejam encarados com
visão crítica”, afirma Barreto.
o mestrado profissional é relati-
vamente recente na história da
educação no país. sua possibili-
dade foi dada por um decreto da
Coordenação de aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível superior (Ca-
pes), órgão do Ministério da edu-
24 revista do iPt
cação (MeC), em 1995. Foi então
criada uma modalidade stricto sensu, denominada mestrado
profissionalizante, atualmente
regulamentada pela portaria nº
80, de dezembro de 1998.
os cursos têm validade legal equi-
valente ao mestrado acadêmico.
a diferença reside nos programas
de conteúdo, que perseguem a
aplicação do conhecimento com
finalidade profissional e vocacio-
nal, considerando a fundamenta-
ção científica. a formalização do
mestrado no iPt é de 1998, mas,
na prática, foi criado cinco anos
antes, na vigência do convênio
com a Jaica (Japan international Cooperation agency – agência Japonesa de Cooperação interna-cional) para cursos sobre temas
profissionais em habitação.
Barreto explica que, de 1993 a
1995, foi mantido o curso em-
brionário, com características
internacionais, uma vez que era
destinado também a alunos de
língua espanhola e mantinha
professores da américa Latina e
de países africanos de língua por-
tuguesa. “No fim desse período,
montamos uma proposta de curso
que culminou com a portaria da
Capes”, diz o professor. ele conta
que a proposta inicial incorporou
também o curso de engenharia
de Computação, porque, na épo-
ca, havia uma forte demanda de
alunos para essa área.
o mestrado profissional do iPt foi
se consolidando e, atualmente,
conta com 485 alunos matricu-
lados nos quatro cursos stricto sensu (leia mais na página 25). Há
ainda o curso de especialização
em tecnologia de Fundição, com
uma nova turma que começou as
aulas em 8 de maio.
os dEsafiosdo curso
de acordo com Mario Myiake, co-
ordenador geral do mestrado pro-
fissional e do curso de engenharia
de Computação, um dos desafios
para dar maior visibilidade ao
trabalho do mestrado é abrir os
canais para publicações de traba-
lhos dos alunos em periódicos e
anais de congressos. “Falta ainda
uma cultura para que as publica-
ções não fiquem restritas às áreas
acadêmicas”, afirma. Myiake diz
que a divulgação dos cursos tam-
bém será reforçada pela internet.
“até o fim do ano, teremos um
site para cada curso. o de Habita-
ção já está no ar”, diz.
Uma das definições da Capes para
essa modalidade de mestrado é
que os cursos sejam autossusten-
táveis, o que, na prática, signi-
fica que não há possibilidade de
bolsa-auxílio. assim, os cursos do
instituto têm mensalidades que
variam de 875 reais a 1.150 reais
no período de dois anos.
durante esse tempo, o aluno as-
siste às aulas duas vezes por se-
mana no período noturno – esse
é um dos diferenciais do mes-
trado profissional, que permite
que ele continue trabalhando – e
também se dedica dois dias por
semana à sua pesquisa dentro
das dependências do iPt.
PErfiL do mEstrado ProfissionaL do iPt
CUrso aLUNos ForMados aLUNos MatriCULados
engenharia de Computação 210 200
tecnologia ambiental 122 141
Processos industriais 53 48
Habitação 164 96
Total 549 485
Fonte: coordenadoria de ensino tecnológico do ipt
Para obter mais informações
sobre os cursos de mestrado
profissional consulte:
www.ensino.ipt.br - página
da Coordenadoria de ensino
tecnológico (Cet) com
informações gerais
www.mestrado.habitacao.ipt.br - página do curso de
Habitação: Planejamento e
tecnologia
na internet
revista do iPt 25
AlUnO deSenVOlVeMAtéRiA-pRiMA pARA ciMentOProduto passa por estudo de viabilidade de produção industrial
de 2003 a 2006, Fabiano Ferreira Chotoli, pesquisador do Laboratório de Mate-
riais de Construção Civil, do Centro de tecnologia de obras de infraestrutura (Ct-
obras), foi aluno do curso de Habitação no mestrado profissional. Na pesquisa
para a dissertação, Chotoli desenvolveu tecnologia para a obtenção de clínquer
de cimento a partir de escória de aciaria a oxigênio modificada, num projeto de
pesquisa da equipe do Ct-obras em parceria com o Laboratório de Metalurgia e
Materiais Cerâmicos do Centro de tecnologia de Processos e Produtos (CtPP).
o trabalho foi feito com o apoio da Financiadora de estudos e Projetos, da side-
rúrgica arcelorMittal e do iPt, que participou com a infraestrutura laboratorial. “a
pesquisa já gerou um depósito de patente, e a siderúrgica estuda a viabilidade
de implementação do desenvolvimento em escala industrial”, afirma.
Na produção do aço, a escória é reaproveitada com limitações. toda a fração
metálica tem retorno imediato na própria aciaria, porém, somente parte do res-
tante do material é utilizada, por exemplo, como lastro de pavimentação.
a pesquisa de Chotoli consistiu em utilizar os subprodutos gerados a partir de es-
cória de aciaria, por meio da redução do teor de ferro em reações a temperaturas
elevadas (pirometalurgia), tornando-a compatível com o processo produtivo do
cimento. o clínquer é a principal matéria-prima que confere ao cimento a ca-
pacidade de endurecer com a presença de água. tradicionalmente, ele é obtido
com a fusão de argila e calcário em forno com temperatura em torno de 1.400
graus Celsius, o que gera emissão de gás carbônico.
Nas últimas décadas, o clínquer tem sido substituído parcialmente por adições
minerais, visando diminuir cada vez mais o uso de materiais não-renováveis e
reduzir o impacto ambiental pelo uso do calcário. desse modo, a pesquisa de
Chotoli cria mais uma possibilidade de obtenção do cimento. “e também confere
um destino diferenciado à escória de aciaria”, afirma.
Conheça os cursos do mestrado profissionalEngenharia de Computaçãooferece duas áreas de concentração – engenharia de software e redes de Computadores. o objetivo é preparar o aluno para lidar com questões te-óricas e práticas que envolvam pro-jeto, operação, implantação e manu-tenção de sistemas computacionais.
Processos Industriaisvisa à formação de profissionais ap-tos a elaborar novas técnicas e pro-cessos. o curso oferece 12 disciplinas, das quais três são obrigatórias. Para obter o diploma, o aluno deve cursar também três disciplinas eletivas. Na composição dos créditos-aula estão incluídas ainda visitas técnicas, estu-dos e trabalhos extraclasse.
Tecnologia Ambientalo aluno desenvolve habilidades para tratar questões ambientais relacio-nadas a empreendimentos e para lidar com a problemática territorial urbana e rural. o programa é apoiado na solução de problemas ambientais colocados pela demanda pública e privada e em pesquisas e serviços em dimensões de escala local e regional.
habitaçãotem como objetivo a promoção da pesquisa aplicada, integrando co-nhecimento tecnológico e ativida-de profissional na área. Compartilha com o aluno a cultura tecnológica e os conhecimentos técnicos na sua área específica de trabalho e enfati-za, no processo de aperfeiçoamento, o trato de suas questões práticas pro-fissionais.
Especialização em Tecnologia de Fundição (Lato Sensu)o aluno encontra qualificação e atu-alização na área de fundição de ligas metálicas, tornando-se apto a lidar com problemas que exijam relacio-nar variáveis de processo e proprie-dades de produto com influência no desempenho produtivo da empresa.
Fabiano Ferreira Chotoli, pesquisador do CT-Obras
EVOLUÇÃOENERGIA
CONEXÃOCRIAÇÃO
www.ipt.br
A nova marca do IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas foi
desenvolvida para expressar o papel do Instituto na criação de soluções tecnológicas e
marca um momento de grande transformação.
Consolida uma nova fase da vida do Instituto, mais moderno e integrado,
sintonizado com as oportunidades e demandas do desenvolvimento tecnológico.
anuncio1.pdf 1 17/06/09 15:09
26 revista do iPt
revista do iPt 27
vera Holtz: do ipt aos palcos
atriz global brilhou como desenhista do instituto, 34 anos atrás
As informações colhi-das em campo pelos geólogos chegavam à prancheta da dese-
nhista num rascunho de mapa.
sobre o mapa, ela colocava um
papel transparente, vegetal ou
de acetato, e, com a régua, usa-
va o normógrafo para desenhar
as letras e os símbolos, tudo em
preto-e-branco. Cópias heliográ-
ficas desse trabalho compunham
os relatórios da divisão de Minas e
Geologia aplicada (dMGa) do iPt.
em 1975, esse era o trabalho de
vera Lúcia Holtz.
aos 23 anos, a filha de José Carlos
Holtz e de terezinha Fraletti Holtz,
nascida em 7 de agosto de 1952 na
cidade de tatuí, interior de são
Paulo, nem sonhava que seria a
famosa atriz vera Holtz, com par-
ticipação em mais de 22 telenove-
las, 14 filmes, minisséries, além de
peças de teatro e direção.
vera, ex-rainha da Primavera de
tatuí, formou-se em desenho em
sua cidade e em artes plásticas
na escola de artes dramáticas da
Universidade de são Paulo. entre
os prêmios que ganhou em sua
carreira no teatro, destacam-se
o shell e o Mambembe, por sua
atuação na peça Pérola, de Mau-
ro rasi, e pelo espetáculo infantil
Astrofolias. Na tv, ganhou os ho-
lofotes na novela Que Rei Sou Eu?
Na sala de desenhos do prédio 59
da dMGa, vera trabalhou ao lado
de desenhistas como Luiz anto-
nio ribeiro (Luizinho H1), damaris
rodrigues Marins, Jaime virgílio,
Belmiro arias de Miranda, Mirna
Mangini, Juan antonio e arturo
enrique Piero (o Panhol), chefe da
equipe. todos estão aposentados.
28 revista do iPt
vera trabalhava em período inte-
gral e, à noite, fazia a faculdade
de teatro na UsP. “eu convivia
com um universo diferente do
meu. sinto saudades desse tempo
em que trabalhava diariamente
com heróis no momento histórico
que o Brasil vivia. Foi na sala de
desenhos que pude liberar o meu
processo criativo. Por isso, consi-
dero fundamental a criatividade
para se fazer tecnologia”, afirma
a desenhista e atriz.
a tinta utilizada para os mapas era
o nanquim, e vera assume que só
tinha familiaridade em desenhar
linhas retas. a atriz considera
seu trabalho no instituto “como
o primeiro olhar amoroso sobre
a evoLuÇão do deseNHo
assim como a carreira de vera
Holtz, o desenho também evoluiu
no iPt, passando de um processo
analógico para digital. No lugar
de prancheta, caneta nanquim,
normógrafos, réguas t e paralela,
entraram a mesa digitalizadora e
os softwares de Cad para a elabo-
ração dos produtos cartográficos
dos relatórios técnicos.
o primeiro projeto utilizando
geoprocessamento por meio da
tecnologia de sistemas de infor-
mações Geográficas (siG), do ins-
tituto, foi o diagnóstico de erosão
e assoreamento nas bacias dos
rios tietê e Pinheiros, em 1992.
Nele, utilizou-se o sGi/sitiM, sof-
tware de geoprocessamento de-
senvolvido pelo iNPe, que per-
mite o processamento de dados,
gerando novas informações que
resultam nos produtos cartográfi-
cos dos relatórios técnicos.
a metodologia foi aprimorada e,
atualmente, a entrada de dados
se dá por meio de um scanner e
softwares com módulo de vetori-
zação semiautomática, que pos-
teriormente serão manipulados
para a geração das novas infor-
mações necessárias para o desen-
volvimento dos projetos e produ-
tos cartográficos.
a informatização permitiu que
os mapas de edição demorada,
correção limitada, difícil atuali-
zação e quase sempre em preto-
e-branco, passassem a ser co-
loridos, com recursos de edição
e atualização infinitos. além de
melhorar a visualização dos pro-
dutos, a digitalização possibilitou
também a agilidade dos proces-
sos de confecção dos mapas e,
principalmente, a associação de
dados alfanuméricos.
atualmente a tecnologia é aplica-
da em todos os projetos por meio
dos softwares Mapinfo, arcGis,
arcinfo, autoCad, entre outros.
“o trabalho, que era artesanal,
hoje pode ser corrigido e edita-
do diversas vezes. além disso, os
softwares possibilitaram o pro-
cessamento de informações com
muita rapidez e precisão”, ressal-
tam ana Candida M. Cavani, Má-
rio otávio Costa e Nivaldo Paulon,
pesquisadores do iPt.
Ficha funcional de Vera Lúcia Holtz no instituto
revista do iPt 29
a seção de desenho, que fazia
parte da divisão de Minas e Geo-
logia aplicada do iPt, chegou a ter
17 desenhistas. em 1975, a divisão
contava com cerca de 140 técnicos
de nível superior, geólogos e en-
genheiros, refletindo a diversida-
de de atuação e a demanda pelos
serviços de geologia de engenha-
ria e mecânica das rochas.
em 1989, a área foi re-estruturada
em duas unidades: divisão de Ge-
ologia e Mecânica das rochas (di-
gem) e divisão de Geologia e re-
cursos Minerais (dGrM). três anos
depois, foi unificada como divisão
de Geologia (digeo), com atua-
ção em geologia aplicada a obras,
meio ambiente, recursos minerais
e em engenharia de rochas, di-
vidida em quatro agrupamentos,
que por sua vez eram compostos
de 16 seções e laboratórios.
Marcos significativos da atuação
do iPt em 1970 foram os estudos
gerais sobre a correlação entre
chuvas e escorregamentos no Bra-
sil, e a elaboração da Carta Geo-
técnica dos Morros de santos e são
vicente, executada em 1978 para
a defesa Civil do estado e dirigida
para o problema de escorrega-
mentos em encostas ocupadas por
habitações em áreas de risco.
em 2006, parte da digeo transfor-
mou-se no Centro de tecnologias
ambientais e energéticas (Cetae)
composto por quatro laboratórios,
que atuam com os setores públi-
co e privado na busca de soluções
tecnológicas para os grandes de-
safios ambientais e urbanos.
a seção de desenho não existe
mais, foi substituída pelo núcleo
de geoprocessamento.
o caminhodos mapas
Damaris, Edna e Vera Holtz em viagem ao Rio de Janeiro
a carreira” e sente saudades do
convívio com os colegas, que se
tornaram amigos e compareciam
aos seus espetáculos.
em 1996, vera Holtz voltou ao iPt
para reviver os velhos tempos,
numa matéria gravada pelo pro-
grama Vídeo Show, da tv Globo,
que destacava os momentos da
atriz antes da fama. Nessa visita,
foi caricaturizada por um dos co-
legas, o Luizinho.
damaris Marins, a dadá, acom-
panhou ativamente a carreira de
vera após terem trabalhado cer-
ca de um ano no iPt. ela, que se
aposentou no instituto em 2004,
conta que vera sempre foi muito
alegre e extrovertida, com um ta-
lento excepcional para a arte.
“a vera animava o ambiente; si-
tuações sérias eram impossíveis.
Graças a ela, deixei minha timidez
um pouco de lado. em nossa con-
vivência, percebi que eu deveria
me preocupar mais comigo do que
com o que os outros iriam pensar
de mim”, diz dadá. as duas não
levavam trabalho para casa, se-
gundo damaris, mas fizeram hora
extra em finais de semana para
não deixar nada atrasado.
Luizinho conta que vera era meio
caipira e tinha talento também
para o canto, principalmente nas
músicas de Noel rosa e Paulo van-
zolini. ele relembra as divertidas
idas ao refeitório, e vera elogiou o
cardápio da época.
a atriz, que sempre quis morar no
rio de Janeiro, saiu do iPt para
trabalhar numa empresa carioca
de engenharia consultiva, a enge-
vix, e lá ficou por quase dois anos
também na área de desenhos.
“depois, minha carreira no teatro
se consolidou, e nunca mais pa-
rei”, conclui vera.
30 revista do iPt
Em busca domelhor remédio
o iPt contribui para a melhoria de medicamentos comprojetos de caracterização de princípios ativos
Microcápsulapara fármacodesenvolvidapelo instituto
revista do iPt 31
Os escritores brasileiros Castro Alves, Álvares de Azevedo e José de Alencar são algumas ví-
timas famosas da tuberculose. No
romance A Dama das Camélias,
de alexandre dumas, a enfermi-
dade torna-se a doença do amor
– a personagem Marguerite Gau-
tier a contrai por ser obrigada a
desistir de seu amado. Felizmen-
te, os óbitos e o livro são do século
XiX. Mas infelizmente, apesar de o
controle da tuberculose no Brasil
ter melhorado nos últimos anos,
os números consolidados, divul-
gados em março, mostram que
ainda há muito a ser feito: em
2007, foram notificados 72 mil no-
vos casos, e 4,5 mil pessoas mor-
reram em decorrência da doença.
Para o tratamento da tuberculo-se, os medicamentos produzidos e distribuídos pelo governo federal nem sempre dão os resultados es-perados dada a baixa qualidade das matérias-primas utilizadas na fabricação. É aí que entra o iPt. oportunidade-chave para o ins-tituto legitimar o papel de apoio tecnológico ao governo no desen-volvimento de remédios de uso popular foi a realização do proje-to de caracterização dos princípios ativos – os chamados tuberculos-táticos –, utilizados nas fórmulas para o tratamento da doença.
o primeiro projeto sobre o tema do Laboratório de Processos Quí-micos e tecnologia de Partículas foi financiado pelo Conselho Na-cional de desenvolvimento Cientí-fico e tecnológico (CNPq) e contou
com a participação do instituto de tecnologia em Fármacos (Farman-
guinhos), unidade técnico-cien-tífica da Fundação oswaldo Cruz (Fiocruz). “a caracterização dos princípios ativos buscou a criação de especificações técnicas mais rí-gidas, de maneira que os órgãos públicos pudessem adquirir ma-térias-primas de qualidade ade-quada para os medicamentos”, explica Maria inês ré, coordena-dora do projeto e pesquisadora do Centro de tecnologia de Processos e Produtos (CtPP) do iPt.
o Farmanguinhos forneceu ao iPt amostras dos três principais tuberculostáticos utilizados no país para o tratamento da doen-ça (isoniazida, pirazinamida e, o mais comum e problemático, a rifampicina) e mapearam-se os problemas das matérias-primas – todas elas importadas, pois no Brasil não há produção destes
insumos. os pesquisadores cons-tataram uma grande variação em suas características físicas e físi-co-químicas, como o tamanho da partícula, a velocidade de disso-lução e a solubilidade.
Para a realização do projeto, o iPt desenvolveu internamente novas competências com a aquisição de um equipamento de medida de tensão interfacial e ângulo de contato, que permite mensurar a energia de superfície de um só-lido ou ângulo de contato – em outras palavras, a capacidade do líquido “molhar” o sólido. “Para resolver esse problema com base científica, todas as alterações que fizemos nos tuberculostáticos fo-ram medidas, e não interessava apenas saber se o princípio ativo ‘molhou’ mais ou menos, e sim o
quanto”, explica Maria inês.
Microencapsulação de princípios ativos: método aplicado pelo IPT protege o remédio, envolvendo-o numa membrana
32 revista do iPt
a capacidade do fármaco de ser “molhado” pelo fluido biológi-co é importante para acelerar a sua velocidade de dissolução, um dos parâmetros in vitro de previ-são da absorção do medicamen-to pelo organismo. os resultados trouxeram como principal be-nefício aos laboratórios públicos o conhecimento para exigirem especificações mais rígidas das matérias-primas nas licitações e a consequente produção de me-dicamentos de melhor qualidade.
sEgunda fasE
Concluída a primeira fase do pro-jeto, a segunda etapa contou com a inclusão da Fundação para o remédio Popular (FUrP), fábrica de medicamentos oficial do es-tado de são Paulo. ampliou-se a gama de matérias-primas a ana-lisar, com a inclusão do etambu-tol, e o escopo do programa de modificação da rifampicina.
a equipe de pesquisadores con-centrou o trabalho nesse tuber-culostático por ser um fármaco cuja forma de fabricação resulta em um produto de baixa solubili-dade e difícil absorção.
“No caso da rifampicina, o Bra-sil é obrigado a comprar a maté-ria-prima de países como Índia, China e Malásia, de diversos for-necedores. existe uma variação grande de oferta e um controle de qualidade duvidoso na ori-gem. No final, acabamos por ad-quirir com o insumo do remédio todo um problema tecnológico a ser resolvido”, afirma Maria inês.
Uma das alternativas tecnológicas propostas pelos pesquisadores para resolver a questão foi reves-tir o cristal da rifampicina com um material que absorvesse o líqui-do, ou seja, modificar o estado de superfície do sólido.
“Nunca havíamos falado sobre energia de superfície de sólidos, então desenvolvemos uma ferra-menta metodológica para resolver o problema por meio do equipa-mento de medida de tensão”, diz a coordenadora. “isso transfere conhecimento para as empre-sas. elas podem até não possuir o equipamento, mas sabem o que fazer. acredito que vamos precisar mais desse conhecimento, porque o problema da ‘molhabilidade’ tende a crescer, já que os novos fármacos têm, em geral, essa ca-racterística hidrofóbica, que difi-culta a dissolução no organismo.”
a segunda fase do projeto inclui estudo da recristalização da ri-fampicina, para alterar as pro-priedades do fármaco por meio da mudança do solvente. Quando o cristal é dissolvido em solvente e realiza-se uma recristalização, explica Maria inês, um sólido de tamanho e formato novos é cria-do. “isso afeta as características do fármaco. Nosso objetivo é tes-tar o efeito de diferentes solven-tes para checar a possibilidade de os laboratórios públicos con-seguirem um produto de maior qualidade a partir de outro barato e de qualidade inferior”, diz ela.
segundo a pesquisadora, a na-notecnologia é um caminho im-portante para a indústria farma-
cêutica em virtude de os novos fármacos serem drogas cada vez mais potentes. assim, a segun-da fase do projeto contempla a transformação do cristal em uma escala nanométrica para avaliar suas características de superfície, e dá continuidade aos bons resul-tados obtidos com a conversão do cristal em escala micrométrica.
revista do iPt 33
Biorreator de células: aplicado na produção de fatores de coagulação sanguínea para novos fármacos
a hemofilia é uma doença que
atinge, no mundo, uma criança
do sexo masculino em cada 10 mil
nascimentos, no caso do tipo a, e
uma em cada 50 mil nascimen-
tos, no caso do tipo B, segundo a
Federação Mundial de Hemofilia
(WFH). No Brasil, a estimativa é da
existência de sete mil pacientes.
Mas o suprimento dos medica-
mentos necessários ao tratamento
ainda não é suficiente, e os doen-
tes acabam recebendo quantida-
des inferiores às adequadas.
tal situação poderá mudar bre-
vemente com o projeto realizado
pelo Laboratório de Biotecnologia
industrial do iPt, em parceria com
o Hemocentro de ribeirão Preto
(sP), financiamento da Financia-
dora de estudos e Projetos (Finep)
e de empresa do setor farmacêu-
tico, para o desenvolvimento dos
processos de produção dos fatores
de coagulação sanguínea viii e iX,
em escalas de bancada e piloto.
Por meio de células recombinantes
(modificadas geneticamente) e de
testes pré-clínicos em animais, os
pesquisadores têm como meta o
estabelecimento de um protocolo
de produção, ou seja, a sequên-
cia das etapas desde o preparo
dos reagentes até a purificação do
produto. “a criação de um proto-
colo é a etapa inicial da transfe-
rência de tecnologia para o setor
privado, enquanto os testes em
camundongos hemofílicos com-
põem a primeira fase do processo
de aprovação de qualquer biofár-
maco”, explica elisabeth augusto,
coordenadora do projeto.
entre os 14 fatores que compõem
o sangue humano, a deficiência
do fator viii causa a hemofilia do
tipo a, ou clássica, que é a mais
comum, enquanto a deficiência
do fator iX causa a hemofilia do
tipo B, também conhecida como
doença de Christmas.
Na primeira fase do projeto, ini-
ciada em janeiro de 2008, os
pesquisadores dedicaram-se à
adaptação de uma linhagem ce-
lular construída geneticamen-
te pelo Hemocentro de ribeirão
Preto para a síntese do fator viii.
as atividades começaram com
esse produto por ele possuir mais
mercado, maior valor agregado e
complexidade na fabricação.
o Hemocentro de ribeirão é res-
ponsável não apenas pelo de-
senvolvimento das linhagens
celulares, todas elas células trans-
fectadas para produzir as chama-
das proteínas de interesse (fato-
res viii e iX), mas também pelos
testes em animais. “a célula não
produz originalmente o produ-
to que temos interesse, então foi
necessário ‘inserir’ uma codifica-
Projeto de biotecnologia industrial desenvolve processos de produção de fatores de coagulação
Biofármacos para hemofílicos
34 revista do iPt
ção genética dentro dela para que
fosse fabricado o que queríamos.
a partir da célula modificada, o
iPt começou a trabalhar a am-
pliação de escala para um proces-
so industrial”, diz elisabeth.
o uso de meios de cultura isen-
tos de proteína animal foi uma
condição especial do desenvol-
vimento, explica a pesquisadora,
pois os órgãos de regulação têm
exigido que os processos produ-
tivos ocorram preferencialmente
na ausência de materiais de ori-
gem animal para reduzir o risco
de contaminação por agentes pa-
togênicos. “existem duas fontes
para o medicamento, a purifica-
ção a partir de plasma humano
ou a síntese de produto recombi-
nante em sistemas de cultivo de
células”, explica elisabeth. “em-
bora o segundo apresente menor
risco de transmissão de doenças e
não esteja sujeito a questões de
sazonalidade, praticamente todo
medicamento empregado no país
pertence ao primeiro tipo e é to-
talmente importado.”
célula humana crEscE com soro
Para resolver a questão, uma das
grandes novidades do projeto é
justamente a utilização de uma
célula humana: células de fígado
foram individualizadas, e proce-
Combate à anemiaUm dos projetos do iPt de maior re-
percussão na área da saúde no iní-
cio da década foi o desenvolvimento
de micropartículas de sulfato ferro-
so modificadas para uso em estudo
clínico de combate à anemia ferro-
priva em pré-escolares. o sulfato é
um composto barato para combater
a desnutrição, mas que não pode ser
incorporado a diversos alimentos por
apresentar uma alta reatividade.
em um projeto desenvolvido em
parceria com a Faculdade de Ciên-
cias Farmacêuticas da UsP, os testes
foram realizados primeiramente in
vitro pela Unifesp, em seguida em
animais, e finalmente na alimen-
tação humana em um grupo de 90
crianças, na incorporação do com-
posto à farinha. o projeto de com-
bate à anemia recebeu o prêmio iPt
de inovação em Ciência e tecnologia.
outra pesquisa importante, ainda
em andamento, é o desenvolvimen-
to de partículas para a produção de
uma vacina contra a leishmanio-
se com administração via nasal. a
parceria do iPt com a Universidade
Federal do rio de Janeiro (UFrJ) faz
parte de um projeto sobre doenças
negligenciadas, que tem como desa-
fio a obtenção de partículas com ca-
racterísticas específicas de superfície
para fornecer uma alternativa não-
invasiva à administração de vacina e
otimizar os processos produtivos.
identificados os problemas e apre-
sentadas as soluções, o próximo
passo é a incorporação pelos labora-
tórios das novas técnicas.
dimentos específicos permitiram
adaptá-las para crescer fora do
organismo, em um meio de cultu-
ra com água e todos os nutrientes
necessários ao seu crescimento.
“isso chama a atenção porque a
maioria dos produtos similares a
este é fabricada a partir de células
animais, geralmente de hams-
ters – por exemplo, as células CHo
(Chinese Hamster ovary). o hams-
ter tem características diferentes
das de um ser humano, e a prote-
ína produzida nesse sistema pode
trazer diferenças identificadas
pelo sistema imunológico huma-
no, gerando reações adversas”,
afirma a pesquisadora.
o projeto deve ser concluído em
2010, mas alguns resultados já
foram alcançados. o primeiro foi
o sucesso no crescimento isolado
da célula, pois originalmente ela
se desenvolvia aderida a um su-
porte, como os frascos emprega-
dos no cultivo. Para que as células
conseguissem crescer livres, em
suspensão, a equipe testou vários
meios de cultura. Primeiramente,
testou-se o crescimento da célula
aderida, com soro; em seguida, a
célula em suspensão, ainda com
soro, e, por fim, a redução grada-
tiva do soro até total eliminação.
“escolhemos o meio de cultura
com os melhores resultados para a
produção da proteína; no entanto,
os testes ainda foram executados
em sistemas com pouco controle.
Partiremos agora para o sistema
de biorreatores, que deve ser uti-
lizado na escala de produção in-
dustrial”, conclui elisabeth.
revista do iPt 35
Como o IPT, os projetos Prumo e Progex fazem aniversário em junho. em seus dez anos de exis-
tência, os dois serviços coordena-
dos pelo Núcleo de atendimento
tecnológico à Micro e Pequena
empresa (NtMPe) demonstram ter
alcançado a maturidade: foram
responsáveis pelo bom atendi-
mento a 3 mil empresas e a mil
produtos, respectivamente.
tanto o Progex (Programa de
apoio tecnológico à exportação)
quanto o Prumo (Projeto Unidades
Móveis) auxiliam micro, pequenas
e médias empresas a crescer. os
dois programas oferecem recur-
sos tecnológicos para o aprimo-
ramento de processos e a melho-
ria dos produtos, obrigatórios na
busca pela competitividade in-
dustrial, aos quais essas empresas
dificilmente teriam acesso.
o iPt começou a operar em 1999
o Prumo, baseado no conceito
de unidades móveis. a atuação
do serviço está voltada para sete
setores (transformação de plás-
tico, transformação de borracha,
tratamento de superfícies, cou-
ro e calçados, madeira e móveis,
cerâmica e confecções). essa é
uma das principais diferenças em
comparação ao Progex, lembra
Mari Katayama, coordenadora dos
Projetos completam dez anos de melhoria de processos e produtos
Prumo e Progex ajudam pequenas empresas a crescer
Equipamentos hospitalares da Fanem, que procurou o Progex para ensaiar incubadora pediátrica
36 revista do iPt
Técnico do IPT opera uma das unidades móveis do Projeto Prumo
dois projetos: “o Prumo funciona como um pronto-socorro rápido e é setorial, enquanto o Progex atende a todos os segmentos em um trabalho de longa duração, que pode chegar a seis meses”.
as empresas que buscam o auxílio do Prumo são visitadas por equi-pes formadas por um engenheiro e um técnico, em veículos utilitá-rios montados com equipamen-tos laboratoriais portáteis. Cada atendimento realizado pelo Pru-mo tem a duração de dois dias, período em que a equipe procura resolver os principais problemas técnicos da empresa visitada.
o processo produtivo é verifica-do no atendimento in loco, ten-do como orientação os resultados dos ensaios e análises feitos para a identificação de eventuais defi-ciências na organização do fluxo de produção e de processos, como aconteceu em 2003 na retenrol.
tEmpo dE produção no prumoFabricante de peças como ve-dadores industriais, retentores, gaxetas e raspadores em diver-sos tipos de borracha, a retenrol enfrentava até aquele ano pro-blemas em seus processos fabris: o excesso de rebarbas e o desco-nhecimento das normas a serem seguidas na produção resultavam muitas vezes em falhas precoces dos produtos finais e em durabi-lidade menor do que a esperada.
segundo Milton rossi Júnior, só-cio-diretor da empresa, peças como vedadores seguem, em ge-ral, normas estabelecidas no ex-terior, uma vez que um número
significativo dos equipamentos nos quais serão instalados tem origem estrangeira. Falhas em sua composição, ocasionadas pela formulação incorreta, podem in-terromper o ciclo de produção da máquina. além disso, os vedado-res são considerados peças espe-ciais, em razão de sua fabricação seguir as necessidades específicas dos equipamentos nos quais se-rão instalados, nos segmentos de mineração, papel e celulose, ali-mentício, petrolífero etc.
“Não enviávamos as peças de-feituosas para os clientes: elas ficavam na fábrica e acabávamos
arcando com os prejuízos. Não conseguíamos atender a todas as demandas dos diferentes seg-mentos e chegou um momen-to em que precisávamos de um apoio técnico para suprir essas necessidades”, explica rossi, que em 2003 entrou em contato com o Prumo pela primeira vez para verificar a possibilidade de pres-tação de serviços.
a parceria iniciada em 2003 já completou seis anos, e os 15 aten-dimentos realizados pelos téc-nicos do instituto para a reten-rol desde então cobriram grande variedade de produtos. Um dos
revista do iPt 37
casos mais significativos dos ga-nhos alcançados pela empresa com o Prumo, lembra rossi, foi a diminuição do tempo gasto para a produção de um vedador. em função de a peça ter grandes di-mensões, um molde nas mesmas características é necessário para a sua fabricação, e a empresa não conseguia especificar o comporta-mento da massa de borracha du-rante o processo fabril.
a utilização pela equipe do Prumo de um reômetro (equipamento capaz de medir os níveis de tensão e de deformação de materiais uti-lizados na composição da massa) permitiu a determinação da curva de vulcanização da borracha e a especificação de um novo ciclo de produção da peça. “a fábrica le-vava 40 minutos para a conclusão de uma única peça. após os testes realizados pelo laboratório móvel do Prumo, conseguimos dimi-nuir esse tempo para dez minu-tos. ainda foi possível a redução dos custos de mão-de-obra e da energia elétrica necessários para o funcionamento das máquinas de vulcanização”, diz rossi.
“Nesses seis anos, com a ajuda das equipes do Prumo, consegui-mos não apenas reduzir as per-das em processos, mas aumentar o rendimento e o faturamento, melhorar o conhecimento técni-co-operacional dos funcionários e tornar mais seguro o processo produtivo”, completa rossi.
progEx Ensaia incuBadora
o Progex foi criado com a intenção de promover a adequação tec-nológica de produtos às normas, regulamentos técnicos e demais
aspectos legais de um determina-do país, além de outras exigên-cias do importador. sua atuação engloba desde a geração de novos exportadores até a ampliação da capacidade de exportação de mi-cro, pequenas e médias empresas já em atuação no mercado in-ternacional, em atividades como apoio à certificação de produtos e obtenção de marcações (como a marcação Ce), melhoria da quali-dade dos produtos e do processo produtivo, superação de barreiras técnicas, desenvolvimento de tra-balhos de design e adequação das embalagens dos produtos.
o apoio tecnológico é realizado em duas etapas: na primeira delas, o dtPex (diagnóstico técnico de Pro-duto para exportação), os profis-sionais das instituições executoras inicialmente visitam a empresa e fazem o diagnóstico dos proble-mas, enquanto a segunda etapa, a atPex (adequação técnica de Produto para exportação), é des-tinada à execução de ensaios e testes dos produtos. os resultados são analisados pelos profissionais em conjunto com a empresa, para então decidirem pelas soluções mais adequadas dos problemas diagnosticados.
Uma das primeiras empresas a buscar o auxílio do Progex, a Fa-nem, atua no ramo médico-hos-pitalar-laboratorial com produtos voltados às linhas neonatal (incu-badoras, unidades de cuidado in-tensivo e sistemas de fototerapia), laboratorial (estufas, centrífugas e câmaras de conservação de va-cinas), de biossegurança (auto-claves e aspiradores cirúrgicos) e diagnóstica. segundo djalma Luiz rodrigues, diretor industrial da Fanem, as exportações da empre-
sa começaram no início da déca-da de 1970, e a aproximação com o Progex aconteceu no momento em que a empresa necessitou da qualificação dos produtos, espe-cificamente da linha neonatal, que era uma exigência compulsó-ria para as vendas ao exterior.
“o primeiro produto de expor-tação ensaiado e avaliado pelo Progex, em 2001, foi a incuba-dora estacionária, submetida a ensaios referentes às normas de compatibilidade eletromagnética, a ieC60601-1-2, que possui como requisito a capacidade de blo-quear possíveis interferências que o equipamento pode sofrer ou emitir”, explica rodrigues.
Posteriormente, a mesma incuba-dora foi submetida aos ensaios da norma básica de segurança elé-trica para os equipamentos ele-tromédicos, a ieC60601-1, e à ieC 60601-2-19, que é específica para o desempenho e a segurança de incubadoras. todos os casos fo-ram de sucesso, conseguindo-se a certificação necessária.
outro produto que contou com a participação do Progex em seu desenvolvimento foi o Bilitron, um sistema de fototerapia que utiliza luz emitida por diodo (Led) em vez da lâmpada fluorescente para o tratamento de icterícia em recém-nascidos.
em um formato que cabe na pal-ma da mão, o equipamento teve os primeiros ensaios da fonte de Led realizados dentro do iPt em 2003 para verificar as emissões dos comprimentos de onda. os testes comprovaram que a fon-te de irradiação concentrava-se principalmente na emissão do
38 revista do iPt
mais atendimentos
o Prumo e o Progex registraram
um aumento de 6% no núme-
ro de atendimentos em 2008 em
comparação a 2007. Foram ade-
quados 135 produtos para expor-
tação e realizados 600 atendi-
mentos em unidades móveis no
ano passado. os projetos contam
com a colaboração de diferentes
centros técnicos do iPt, que pres-
tam principalmente serviços de
ensaios laboratoriais, atuando de
forma complementar às ativida-
des conduzidas pelo NtMPe.
Papéis importantes também são
desempenhados por parcerias
externas. além das agências de
fomento (sebrae-sP, secretaria
de desenvolvimento do estado
de são Paulo, Finep, Ministério
da Ciência e tecnologia, Ministé-
rio do desenvolvimento agrário),
há parcerias com institutos que
realizam ensaios laboratoriais e
atividades tecnológicas não de-
senvolvidas pelo instituto.
espectro azul, fundamental para o tratamento da doença, e não eram emitidos raios nos compri-mentos de onda do infravermelho e tampouco ultravioleta.
Lançado no mercado em 2004, o equipamento representou um avanço importante no portfólio da Fanem e já tem depositadas duas patentes nacionais e uma internacional. a obtenção dos certificados recebidos por meio dos ensaios e avaliações junto ao Progex colaborou para a Fanem abrir uma série de mercados no-vos. a prova dos bons resultados está no crescimento de 650% nos últimos seis anos em exportações, enquanto no mercado interno os negócios da empresa aumenta-ram 25% no mesmo período.
da américa do sul para a EuropaProdutora de sensores inteligen-tes (ieds) e sistemas para monito-ração online de transformadores, reatores, disjuntores e demais equipamentos de subestações de energia elétrica, a treetech ini-
ciou os trabalhos com o Progex em 2003 para ampliar as expor-tações, concentradas, até o início da década, na américa do sul.
“era uma empresa de pequeno porte naquela época, mas, devido aos ensaios realizados no Progex, garantimos que a linha de sen-sores atendesse aos padrões de mercados como américa do Norte e europa, onde as exigências téc-nicas diferiam das solicitadas nos mercados atendidos”, informa Gilberto amorim, gerente comer-cial da treetech.
o regulador de tensão, um dos primeiros produtos que passaram pelo Progex, recebeu um módu-lo com inteligência artificial para definir uma melhor parametriza-ção de regulagem da tensão de maneira autônoma, e a conse-quente melhoria da qualidade da energia entregue aos clientes. o resultado foi o início das expor-tações para países como estados Unidos, Portugal, Qatar e Ucrânia.
segundo amorim, a primeira eta-pa do apoio tecnológico (dtPex)
recebeu uma grande atenção por conta de os mercados-alvo para os produtos da treetech serem tradicionais fornecedores de tec-nologia para o sistema elétrico mundial: “Coube aos profissionais do Progex e da empresa determi-nar as necessidades relacionadas às exigências técnicas, como nor-mas de segurança, climáticas e de compatibilidade eletromagnética, além de design para a introdução nos novos mercados”.
atualmente, a empresa conta com mais de 30 mil equipamentos ins-talados em 30 países e, embora o objetivo do Progex seja auxiliar as empresas na adequação dos produtos às exigências do merca-do externo, os resultados alcan-çados com o programa também resultaram em novos negócios no Brasil. “o atendimento às normas internacionais propiciou equipa-mentos mais robustos ao mercado nacional, permitindo a aplicação da tecnologia em grandes empre-endimentos do setor elétrico na-cional, como as usinas de tucuruí e itaipu, e as subestações de Fur-nas”, completa amorim.
revista do iPt 39
Novembro de 2008, dias 22 e 23. O Bra-sil parou diante da tevê, comovido com
o que acontecia em Santa Ca-tarina. Cidades como Navegantes
e Blumenau sofreram com a ele-
vação do leito dos rios e os desli-
zamentos de terra, que romperam
estradas e dutos, provocando caos
na região. Cerca de 130 pessoas
morreram e 30 mil ficaram de-
sabrigadas. Cenas das enchentes
mobilizaram o país. Brasileiros
de todo canto mandaram para os
catarineneses alimentos, roupas,
calçados e remédios. o iPt, acio-
nado pela defesa Civil do estado
de são Paulo, enviou especialistas
em áreas de risco.
três pesquisadores do Centro de
tecnologias ambientais e energé-
ticas (Cetae) desembarcaram em
Florianópolis: os geólogos Marcelo
Gramani e Fabiana Checchinato e
o geotécnico Luiz antonio Gomes,
todos do Laboratório de riscos
os salva-vidas na terraespecialistas em áreas de risco evitam acidentes por avalanches de lama em santa Catarina
Marcelo Gramani, geólogo do IPT, entre os tenentes Betânia e Carvalho da Defesa Civil de SP
40 revista do iPt
ambientais. tinham a missão de
definir as áreas de risco e orien-
tar a remoção de pessoas desses
locais, na força-tarefa constituída
pelo governo catarinense.
os profissionais do iPt auxiliaram
a defesa Civil local e as prefei-
turas. Concentraram-se esforços
na região do Complexo do Baú,
nas cidades de ilhota, Gaspar,
Luis alves e Jaraguá do sul, áreas
muito castigadas pelas chuvas. o
problema principal foram os es-
corregamentos e as avalanches de
lama. Para os técnicos do iPt, não
havia tempo para relatórios; as
recomendações eram feitas ver-
balmente, para ação imediata.
as chuvas eram constantes em
santa Catarina desde o mês de
agosto, o que deixou o solo satu-
rado, favorecendo os deslizamen-
tos. a situação piorou no final de
novembro. em dois dias caíram
quase 500 milímetros de chuva
– mais da metade do acumula-
do no mês até então. de acordo
com Marcelo Gramani, a cidade
de Blumenau quase alcançou o
recorde de volume de chuvas no
país. “em 1967, Caraguatatuba,
no litoral de são Paulo, registrou
570 milímetros de água em dois
dias de precipitações. Blumenau
marcou cerca de 500 milímetros
em dois dias, conforme os dados
do instituto de Pesquisa ambien-
tal da Furb”, aponta.
dEsliZamEntosaos milharEs
segundo Gramani, o Morro do
Baú, na região da cidade de Luis
alves, foi o mais afetado pelo
deslocamento de terras. ele esti-
ma que houve 4 mil deslizamen-
tos naquele morro. as “escapa-
das” de terra foram responsáveis
por cerca de 90% das mortes na
região. Houve relatos impres-
sionantes de grandes ondas de
lama, de solos fragilizados que
se dissolviam, como na área do
Gasoduto Brasil-Bolívia, que se
rompeu em dois pontos.
a experiência e o conhecimento
acumulados pelos técnicos do iPt
foram decisivos em santa Catari-
na. eles liberavam a entrada de
bombeiros em locais com condi-
ções e coordenavam as escava-
ções onde havia corpos soterra-
dos. Uma equipe de reportagem
da tv Globo, alertada pelos técni-
cos do iPt, retirou-se de uma casa
em situação crítica onde gravava
imagens e a viu desabar cinco
minutos depois.
o trabalho foi marcante. “os dias
começavam às 6h e só termina-
vam à meia noite e meia. o que
Geóloga avalia deslizamento de terra em razão de chuvas constantes em Santa Catarina
revista do iPt 41
nos impressionou foi a dimen-
são dos escorregamentos. Muitos
atingiram centenas de metros de
largura por dezenas de metros de
profundidade”, relata Gramani.
Na noite de sábado, 29 de no-
vembro, quando o tempo acenava
com alguma melhora, Gramani,
Fabiana e Gomes participaram de
uma reunião no auditório do ae-
roporto de Navegantes, na qual
estavam pilotos, defesa Civil e o
governador de santa Catarina,
Luiz Henrique da silveira. “Um te-
nente-coronel comandou o início
da reunião e apresentou os pre-
sentes. o governador me abraçou
e agradeceu ao iPt”, diz Gramani.
ao todo, o instituto enviou seis
pesquisadores em três equipes,
incluindo Claudio Luiz ridente
Gomes, Fabricio araujo Mirando-
la e agostinho tadashi ogura. Na
avaliação dos técnicos, o trabalho
mais importante para enfrentar
riscos ambientais é o preventivo,
e deve ser realizado o ano inteiro.
Consideram fundamental o ma-
peamento de riscos, intervenções
pontuais e informação de alta
qualidade técnica.
ação prEvEntiva Em são paulo
decisiva para a redução de danos,
a ação do iPt em santa Catarina
não foi a primeira. em março de
2008, a cidade de Jales, no Noro-
este de são Paulo, recebeu uma
equipe do instituto, desta vez so-
licitada preventivamente.
Foi realizado o mapeamento das
áreas com risco de erosão no pe-
rímetro urbano do município,
que abriga cerca de 50 mil pes-
soas. Foram também estabeleci-
das diretrizes para a recuperação
do solo em processo erosivo no
bairro santo expedito. Com base
nos estudos realizados pela equi-
pe técnica do Cetae já em 2007, a
secretaria de obras do município
executou medidas de contenção
do processo erosivo. o relatório
transformou-se em instrumento
para o planejamento da expansão
da cidade e para fixar diretrizes
também para a área rural.
a cidade paulista de taboão da
serra é outra que utilizou o serviço
do iPt, também preventivamente.
Foi realizado no ano passado o
mapeamento de áreas de risco e
elaborado o plano de prevenção
para o município. os trabalhos
foram desenvolvidos com a parti-
cipação de técnicos da prefeitura.
Na conclusão do relatório estão
indicadas as áreas para aplicação
das medidas de intervenção. o iPt
pode atuar na continuidade dos
Técnico fotografa região catarinense com lamaçais provocados pelas chuvas de novembro
42 revista do iPt
trabalhos, que foram concluídos
em março de 2009, com a entrega
do relatório que contém os resul-
tados da audiência pública.
Na cidade paulista de itapevi, o
mapeamento ocorreu entre outu-
bro e novembro de 2008, com a
vistoria de áreas de risco acom-
panhada pela defesa Civil local.
o trabalho faz parte dos Planos
Municipais de redução de ris-
cos (PMrr), do Ministério das Ci-
dades. a prefeitura de itapevi
preparou uma lista de 58 áreas
públicas prioritárias para reava-
liação. “vistoriamos as áreas para
verificar a dimensão dos riscos e
orientar a remoção de pessoas.
ocorreram alguns escorregamen-
tos em áreas já mapeadas, com
indicação de muito alto risco”,
ressalta o geólogo Gramani, co-
ordenador dos trabalhos. equi-
pes do iPt também estiveram em
Águas de Lindóia e Cubatão.
apoio àdEfEsa civil
o iPt realiza atividades de apoio
à defesa Civil de são Paulo des-
de 1988. o principal projeto nes-
sa área é conhecido como Plano
Preventivo de defesa Civil (PPdC).
trata-se de um contrato de pres-
tação de serviços firmado entre a
Casa Militar do Gabinete do go-
vernador (defesa Civil estadual) e
o instituto. o trabalho de apoio à
defesa Civil baseia-se na possi-
bilidade de antecipar a ocorrên-
cia de deslizamentos em áreas
de risco, utilizando informações
de meteorologia, acumulados de
chuvas e vistorias de campo.
o sistema é referência para outros
implantados em grandes cidades
brasileiras, como Belo Horizonte,
rio de Janeiro e recife. No esta-
do de são Paulo, o sistema está
implantado em 66 cidades. o iPt
participa dos atendimentos e é
co-responsável pelo treinamento
das equipes técnicas. espera-se,
como resultado, a inexistência de
vítimas fatais em deslizamentos
nas áreas de risco.
os trabalhos de prevenção vêm
sendo replicados nas cidades
paulistas desde o começo do pro-
jeto, iniciado com oito cidades.
Hoje compreende as regiões do
litoral, vale do Paraíba, Campi-
nas, sorocaba e aBC. o projeto é
permanente, e suas metas de-
pendem de questões naturais,
principalmente chuvas, e políti-
cas, dado que as prefeituras mo-
dificam suas equipes, algumas
delas já estruturadas e treinadas.
esse programa é desenvolvido em
parceria com o instituto Geológico
da secretaria do Meio ambiente.
diagnóstico para cEntrais Elétricas
Nos últimos anos, em razão da de-
ficiência de oferta de energia elé-
trica no país, houve um aumen-
to de construções das chamadas
Pequenas Centrais elétricas no
estado de são Paulo, grande con-
sumidor de energia. Com isso, o
iPt vem sendo acionado, para que
averigúe processos de assorea-
mento de reservatórios de abas-
tecimento, hidrelétricas e hidro-
vias. Na Pequena Central elétrica
de anhanguera, no rio sapucaí,
noroeste do estado, o iPt já diag-
nosticou e monitora processos
erosivos da elevação induzida no
lençol freático no entorno.
Reunião de técnicos do IPT com a Defesa Civil e militares para a definição de ações preventivas
revista do ipt 43
110 anosConheça as realizações do iPt em suas onze décadas de dedicação à pesquisa tecnológica no Brasil
bem vividos
Quando começou a atuar, em 1899,
o Gabinete de resistência dos Ma-
teriais, embrião do iPt, buscava o
conhecimento das propriedades
mecânicas dos materiais ensaia-
dos. Com o tempo, a engenharia
passou a exigir a determinação de
mais e mais características, como
composição química, estrutura e
resistência à corrosão. o cresci-
mento da demanda por conhe-
cimento alimentou um processo
de busca de informações que não
para de crescer e já permitiu ao
instituto entrar na era da biona-
notecnologia. Nesses 110 anos, o
iPt enfrentou vários desafios e
foi capaz de grandes realizações,
destacados nas próximas páginas.
Edifício Martinelli: estudos do IPT, de 1925, orientaram a construção
44 revista do ipt
No fim do século XiX, o Brasil
toma o rumo da industrialização,
deixando para trás a agricultu-
ra escravista. são Paulo é a seara
que os novos caminhos aponta-
vam. Nesse contexto, é criada a
escola Politécnica, em 1893, para
atender às necessidades técnicas
da construção industrial.
o mesmo grupo de professores
que ajudou a fundar a Poli, lide-
rado pelo engenheiro e político
antônio Francisco de Paula sou-
za, passa também a se preocupar
com a pesquisa de resistência dos
materiais de construção. Nasce o
Gabinete de resistência dos Ma-
teriais, que se tornaria o iPt.
1899
O começo do século XX é marcado por grandes invenções tecnológicas. O telefone, o automóvel, o cinematógrafo e o rádio são novidades que adentram a nova época, alimentando o imaginário popular. No Brasil, no entanto, a distância dos eventos do Primeiro Mundo era grande, e a República, apesar de esboçar um novo tempo, desnudava uma situação de muitos desafios a encarar para desenvolver o país.
1900 – 1909
1901santos dumont voa ao redor da
torre eiffel, em Paris, com o balão
dirigível n° 6.
revista do ipt 45
os primeiros resultados das pes-
quisas realizadas no Gabinete são
divulgados no Manual de resis-
tência dos Materiais. o livro passa
a ser a bíblia dos construtores e
fabricantes de materiais de cons-
trução, garantindo a qualidade e
o uso correto de cimento, tijolos,
telhas e outros insumos. a pes-
quisa com materiais resulta na
produção do primeiro cimento
nacional, o rodovalho.
1904
1907o Gabinete introduz a
Metalografia Microscópica
no Brasil para a análise da
composição de ligas metálicas.
46 revista do ipt
1909estudos comparativos (ensaios de
flexão e elasticidade) de vários ti-
pos de trilhos para a estrada de
Ferro sorocabana. essa iniciativa
foi uma das que impulsionaram
o embrião do iPt a integrar o co-
nhecimento científico à constru-
ção nacional.
1910 – 1919São Paulo começa a manifestar sua vocação industrial. A infraestrutura urbana, aliada à instalação de grandes usinas de geração de energia elétrica, dá o aporte necessário para a industrialização. Paula Souza, à frente do Gabinete, antevendo a formação do Laboratório de Ensaios de Materiais, gera conhecimentos práticos para a evolução da indústria, ainda emergente.
revista do ipt 47
1911estudos metalográficos e
de tratamentos térmicos
relativos à fabricação in-
dustrial de tubos de fer-
ro fundido centrifugado.
1913 estudos dos elementos es-
truturais do prédio Guin-
le, primeiro grande edifício
de concreto armado de são
Paulo, na rua direita, região
central da cidade.
eclosão da Primeira Guerra
Mundial, que acabou em 1918.
1914estudo comparativo de tecidos de
pita e de juta.
1917
estudo experimental de um tipo
de galeria para águas pluviais a
ser construído na cidade de Jaú.
1910
48 revista do ipt
1920 – 1929
A crescente demanda por serviços tecnológicos obriga o Gabinete de Resistência de Materiais a promover reformas que ampliem sua capacidade de atuação. Ary Frederico Torres, na chefia da instituição, executa o projeto de remodelação, aplicando conceitos apreendidos em sua experiência em Zurique, a maior cidade da Suíça.
1925início do estudo dos materiais que
seriam empregados na construção
do edifício Martinelli, em são Pau-
lo, o primeiro arranha-céu do Brasil.
inaugurada em 1929 com 12 andares,
a construção seguiu até 1934, finali-
zando com 30 andares.
ensaio em trilho: as empresas ferro-
viárias em construção, como Paulis-
ta, Mogiana e sorocabana, utilizam-
se das pesquisas do IPT.
ensaio em cimento gera a primeira
fábrica de Cimento Portland do país.
revista do ipt 49
1926o engenheiro ary Frederico torres
transforma o Gabinete no Labora-
tório de ensaios de Materiais. suas
dimensões físicas triplicam para
atender à indústria e à engenharia
paulistas.
50 revista do ipt
1927o Laboratório testa as tubulações
da Usina Hidrelétrica de Cubatão,
construída pela Light na vertente
da serra do Mar para vencer um
desnível de 700 metros.
1929Crash da Bolsa de Nova
York, em outubro.
1930 – 1939
O Brasil é atingido pelo crash da Bolsa de Valores americana. A crise atravessa a década de 30, exigindo maior controle de qualidade nos processos produtivos. A queda no comércio exterior leva à substituição das importações, e a indústria diversifica produtos.
Um dos grandes desafios da engenharia era garantir a resistência dos condutores de aço que lançam, até hoje, as águas de dois rios na vertente da serra do Mar, alimentando a usina de Cubatão.
revista do ipt 51
1931inicia-se o estudo das madeiras
brasileiras para conhecer cada
espécie e a variedade botânica e
abrir campos de aplicação.
a revolução Constitucionalista, decorrente do levante do go-
verno paulista contra o governo federal, transforma o estado
num campo de batalha. as forças constitucionalistas recorrem
ao Laboratório para produzir suas armas. Projetam-se trens
blindados, carros de combate, morteiros, milhares de grana-
das, periscópios e mapas detalhados das frentes de combate.
1932
surgem as primeiras aplicações
dos estudos de madeiras: tacos
para assoalho, colas, vernizes, e
as primeiras soluções aeronáuti-
cas, em planadores.
1933
52 revista do ipt
1934Nasce o iPt. No dia 3 de abril, o governo do estado bai-
xa decreto, transformando o Laboratório no instituto de
Pesquisas tecnológicas, liderado pelos engenheiros ary
torres e adriano Marchini (foto), com apoio de professo-
res da escola Politécnica.
a nova instituição herda cinco laboratórios: • Laboratório de aglomerantes e Concreto• Laboratório de ensaios Mecânicos e Metais• Laboratório de Metalografia Microscópica• Laboratório de ensaios Mecânicos de Madeiras• Laboratório de identificação Micrográfica de
Madeiras
Foi criada a seção de Metrologia e, depois, a de Normas
técnicas, para dar apoio aos grandes compradores ins-
titucionais, produzindo textos de especificações de ma-
teriais e métodos de ensaio.
Novas unidades de pesquisa:
• Laboratório de análises
Correntes (química)
• Laboratório de análises
espectográficas
• Laboratório de Modelos e
de verificação de Grandes
estruturas
1935
1936É criada a seção de Geologia e Mi-
nas, que realiza um extenso es-
tudo sobre os granitos da serra da
Cantareira.
revista do ipt 53
entra em operação o Laboratório
de Cerâmica.
1937
1938são criadas mais unidades:
• Laboratório de Borracha
• Laboratório de solos
(rodovias e Fundações)
• Laboratório de Caracterização
de Óleos Combustíveis e de
Lubrificantes
inauguração do túnel 9 de Julho,
em são Paulo, construído com o
apoio do iPt na realização de en-
saios de controle de concreto.
Criação do Laboratório de tintas e
vernizes.
Começa a segunda Guerra Mun-
dial e a corrida de estados Unidos
e alemanha pela bomba nuclear.
1939
54 revista do ipt
1940 – 1949
No período de 1941 a 1945, o IPT desenvolve mais de 20 mil conversores de gás para veículos movidos a gasolina, racionada durante a Segunda Guerra Mundial. O instituto dá assistência à construção de armas para o conflito.
A necessidade de medidas de precisão para a produção industrial leva o IPT a liderar estudos dos primeiros padrões do metro e do quilograma importados pelo Brasil. O instituto elabora uma legislação metrológica, adotando o metro como medida padrão, e supervisiona sua aplicação.
O desenvolvimento de protótipos e de produção semi-industrial em madeira permite ao IPT projetar, construir e experimentar planadores e aviões desse material, como Bichinho, Planalto e Paulistinha. O instituto desenvolve hélices com freijó, por exemplo. Seu desempenho serve de apoio para a Companhia Aeronáutica Paulista, que construiu cerca de 800 aviões Paulistinha.
revista do ipt 55
1941entra em funcionamento a
Fundição experimental do
iPt, aprovada em 1937.
1942o instituto supervisiona os tra-
balhos geotécnicos e o controle
de concreto nas vias anhangue-
ra, anchieta e rio-santos.
1943apoio a empresas para o desen-
volvimento de eixos ferroviários
e aços para ferramentas.
assistência tecnológica à cons-
trução de aeroportos nas regiões
sul, sudeste e Nordeste.
Criação da associação Bra-
sileira de Metais (aBM),
com suporte do iPt.
1944
1940Fundação da associação Bra-
sileira de Normas técnicas
por iniciativa do iPt e do
instituto Nacional de tecno-
logia.
o instituto participa da cons-
trução da Companhia side-
rúrgica Nacional, em volta
redonda (rJ), onde realizou
estudos de solo para o pro-
jeto das fundações da usina.
56 revista do ipt
Prova de carga para a manutenção de ferrovias
1945o instituto presta 10 mil consultas
formais à indústria, triplicando o
volume de 1939 e evidenciando o
crescimento da demanda durante
a guerra. No dia 2 de setembro, a
vitória aliada põe fim ao conflito.
o iPt começa a dar apoio técnico
ao projeto e à construção de bar-
ragens de usinas hidrelétricas.
Usina de Paulo afonso: o iPt reali-
za medições das deformações das
paredes de túneis em rocha.
revista do ipt 57
1949o governador adhemar de Barros inaugura a usina de
preservação de madeira nas novas instalações do iPt
na Cidade Universitária, no Butantã, com uma área de
240 mil metros quadrados.
1950 – 1959
O IPT mantém participação ativa no desenvolvimento da indústria brasileira, cujo valor de sua produção supera pela primeira vez o da agricultura. Nessa década, o instituto analisa gás, para abastecimento e iluminação da cidade de São Paulo, e gasolina, para verificar a conformidade com as especificações do Conselho Nacional do Petróleo. Atua também na construção da primeira hidrelétrica subterrânea brasileira e da primeira hidrelétrica estatal do país, a Paulo Afonso. Participa de projeto fluvial em Goiás e atua em projeto de pesquisa de combustíveis nucleares.
58 revista do ipt
1956estudo de escorregamentos nos
morros de santos.
a Marinha Nacional faz convênio
com o iPt para o estabelecimento
do Laboratório de engenharia Naval,
incluindo um tanque de provas.
1955
1954o iPt faz ensaios comparativos
entre produtos nacionais e de
outros países para a definição de
restrições de importação.
Fundação da Petrobras, que deci-
de apoiar a indústria nacional de
equipamentos. desde então, o iPt
faz pesquisas na área de petróleo.
1953
1951Criado o primeiro computador
com semicondutores.
instituído o Conselho Nacional
de Pesquisa (CNPq).
o iPt publica o Boletim nº 40
(Metalografia Macrográfica e
Micrográfica dos Produtos si-
derúrgicos Comuns), de au-
toria de Hubertus Colpaert,
chefe do Laboratório de Me-
talografia. a obra é até hoje
considerada como referência.
revista do ipt 59
identificação de componentes
mineralógicos de argilas es-
trangeiras de interesse tecno-
lógico. realizadas suas deter-
minações físico-químicas para
servirem de referência na pes-
quisa de argilas brasileiras.
1958
1957o instituto firma convênio com a
Comissão Nacional de energia Nu-
clear para a instalação e a opera-
ção das centrífugas destinadas à
separação dos isótopos de urânio.
entra em órbita o primeiro satéli-
te, o soviético sputnik.
são criados os primeiros compu-
tadores com circuitos integrados.
aterrissa na Lua a primeira sonda
espacial, a soviética Lunik.
1959
60 revista do ipt
1960 – 1969
Em plena Guerra Fria (1947-1991), marcada por disputas estratégicas e confrontos indiretos entre Estados Unidos e União Soviética, ganha importância no mundo todo a relação custo/benefício nos projetos, e os economistas começam a participar das políticas de ciência e tecnologia, inspirando os modernos métodos de gestão.
No Brasil, a instabilidade política culmina no golpe militar em 1964. Apesar do modelo autoritário, o país vive uma expectativa de crescimento, marcada pelos avanços científicos e tecnológicos. Nesse período, a Divisão de Engenharia Civil do IPT presta assistência técnica a grandes empresas:
inauguração do túnel de Cavi-
tação do iPt.
descoberta do raio laser.
1960
Petrobras: estudos geológicos e geotécnicos na barragem de Saracuruna e da monoboia para descarga de petroleiros no mar. Esse estudo foi pioneiro na área de offshore no Brasil e um dos primeiros do mundo;CESP: apoio tecnológico na linha de transmissão de Jupiá a Cabreúva;DAEE: estudos em geologia aplicada e de solos nas obras da barragem de Ponte Nova e no Alto do Tietê;Metrô-SP: ensaios de resistência e adensamento da linha Norte-Sul.
O instituto realiza ainda estudos geológicos e geotécnico para a implantação da Rodovia dos Imigrantes e das hidrelétricas de Ilha Solteira, Jupiá e Itaipu.
revista do ipt 61
1961a União soviética coloca em órbi-
ta o astronauta Yuri Gagarin, pri-
meiro homem a deixar a terra.
É lançado o primeiro satélite de
televisão, inaugurando a era das
telecomunicações.
a Primavera silenciosa, livro da
escritora rachel Carson, denun-
cia o aspecto nocivo de pesticidas
agrícolas para a saúde e torna-se
um best seller mundial, marcando
as primeiras críticas ao desenvol-
vimento tecnológico e científico.
1962
1963o instituto presta assistência téc-
nica à Petrobras no projeto do
terminal oceânico flutuante da
refinaria alberto Pasqualini (rs).
iniciam-se no país os cursos de
pós-graduação em engenharia,
organizados pela Coppe, órgão
pertencente à Universidade Fe-
deral do rio de Janeiro.
Medição de deformação no Laboratório de Ensaios Mecânicos
62 revista do ipt
1969os astronautas americanos Neil
armstrong e edwin aldrin tornam-
se os primeiros homens a andar
na Lua. a apollo 11 pousou na su-
perfície lunar no dia 20 de julho.
1967início da parceria com o Me-
trô de são Paulo para a exe-
cução de ensaios especiais de
campo e de laboratório.
É fundado em são Paulo o
Conselho estadual de tecno-
logia, que mais tarde se tor-
nará o Conselho estadual de
Ciência e tecnologia.
Criada a Financiadora de estudos
e Projetos - Finep, o principal
agente financeiro do sistema de
Ciência e tecnologia Nacional.
descoberta a fibra óptica.
1965Criação do Laboratório de Máqui-
nas-Ferramenta no iPt.
1968
revista do ipt 63
1972a organização das Nações Unidas,
em estocolmo, apresenta as pri-
meiras medições científicas sobre
o efeito estufa e a destruição da
camada de ozônio.
início de parcerias no iPt, volta-
das às inovações tecnológicas nas
empresas. a primeira é feita com o
exército Nacional e a engesa, para
o desenvolvimento de chapa de
blindagem para carro de combate.
Projetos de gestão de recursos
hídricos em são Paulo para dar
apoio à preservação de bacias.
A década do “milagre brasileiro” é marcada pelo expansionismo, um objetivo do governo militar. Organiza-se uma infraestrutura tecnológica no país, com a criação de instituições como o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe).
1970 – 1979
1970Criado o Centro de Pesquisas
informáticas, que começa a in-
formatizar o instituto.
o governo americano institui a
agência de Proteção ambien-
tal (environment Protection agency – ePa).
1971Pioneirismo no controle de
qualidade de aparelhos de
apoio elastoméricos, utilizados
em defensas portuárias.
expansão da divisão de Meta-
lurgia do iPt, com o Laborató-
rio de Fundição de Precisão e o
Laboratório de Corrosão e trata-
mento superficial de Metais.
Nasce o instituto Nacional de
Propriedade industrial.
Kenbak-1, primeiro computador
pessoal, chega às lojas.
64 revista do ipt
1976Firmado convênio com estatais
para a construção de grandes
obras, tais como a rodovia dos
imigrantes e a ponte rio-Niterói.
em busca de opções energéticas
durante a crise do petróleo, o iPt
realiza pesquisas e ensaios em
motores de combustão interna,
chegando ao uso de óleos vegetais
em motores diesel. destaca-se o
desenvolvimento do metanol, do
biogás e do gás natural.
o iPt atua no planejamento de
trabalho das equipes técnicas de
quatro instituições norte-ameri-
canas, cumprindo acordo fecha-
do entre o governo dos estados
Unidos e o Conselho estadual de
tecnologia, de são Paulo.
Logo após o impacto do primei-
ro choque do petróleo, é criado o
Programa de energia.
Criado o sistema Nacional de Me-
trologia, Normas técnicas e Quali-
dade industrial (sinmetro).
1973
1974Convênio entre o Ministério do
Planejamento, o CNPq e o Bid,
destinado a modernizar as ins-
tituições de tecnologia, permi-
te que o iPt desenvolva vários
projetos, como a expansão do
Programa de Máquinas-Ferra-
menta e a ampliação dos labo-
ratórios de Papel e Celulose.
É desenvolvida a tecnologia de
dNa recombinante.
instalação da primeira filial na ci-
dade de Lorena.
a divisão de Química incorpora o
Centro de análises Químicas ins-
trumentais.
o governo do estado de são Pau-
lo cria a secretaria de estado de
Ciência, tecnologia e Cultura, à
qual o iPt passa a ser vinculado.
a assembleia Legislativa autoriza
o executivo a mudar o estatuto do
instituto, que passa de autarquia
a empresa pública.
apoio ao Pró-Álcool, com pesqui-
sas voltadas à melhoria da indús-
tria sucro-alcooleira e o uso do
álcool nos automóveis.
1975
revista do ipt 65
1977 estudos experimentais por meio
de modelo reduzido em micro-
concreto da estrutura de desvio
da barragem de itaipu.
Criação do Núcleo tecnológico de
Couros, Calçados e afins na cidade
de Franca.
segundo choque do petróleo. o
governo federal cria a Comissão
Nacional de energia, para a qual o
iPt passa a prestar assessoria.
Parceria com a Cosipa para o de-
senvolvimento de chapas de aço
com baixo teor de enxofre.
Levantamento das necessidades
de transportes fluviais na amazô-
nia e elaboração de plano de pre-
venção e monitoramento de riscos
geológicos no Brasil.
experiências para obter o biodie-
sel a partir do babaçu.
1979
66 revista do ipt
1980 – 1989
Delineia-se um novo padrão de industrialização, atendendo à necessidade dos setores público e privado, sem perder de vista as questões gerais da modernização industrial e da preservação do meio ambiente.
O IPT atua com a Petrobras na nacionalização da engenharia de obras na plataforma marítima. Em parceria com a Cosipa, desenvolve uma injetora de cálcio silício para a dessulfuração de aços para tubulações de petróleo e de gás natural.
Com o Departamento de Águas e Energia Elétrica, o Centro Tecnológico de Hidráulica e Recursos Hídricos, a Eletropaulo e o Instituto Agronômico foram realizadas pesquisas sobre os processos erosivos e formas de mitigar ou controlar seus impactos.
Outros projetos que o IPT desenvolve na década:• Segurança contra incêndio, apoiando os setores
público e privado • Energia solar • Embalagem de gelatina para sementes, destinadas
ao plantio na Serra do Mar• Galvanoplastia – plasma• Biodigestor• Assistência à indústria cerâmica no interior do
Estado
revista do ipt 67
1980Convênio com a organização Lati-
no-americana de energia, visan-
do desenvolver fontes alternati-
vas de energia e implantação de
pequenas centrais hidrelétricas.
acordo com o Project develop-ment institute da Nigéria para dar
treinamento e assessoria técnica
em projetos de energia, geologia
e metalurgia.
Laboratório de veículos e Compo-
nentes: é o primeiro do país cre-
denciado pelo inmetro para en-
saios de capacetes.
1982
68 revista do ipt
acidente ecológico de Chernobyl,
na Urss: defeito em usina nuclear
espalha poluição radioativa.
o iPt realiza o Primeiro simpósio
internacional sobre economia de
Água de abastecimento Público.
1986
1987Primeira fusão de aço reali-
zada na américa Latina, utili-
zando tocha de plasma e for-
no desenvolvidos pelo iPt.
Criação da Companhia de desenvolvimento Habi-
tacional e Urbano (CdHU). apoio do iPt se dá por
meio da avaliação do desempenho de elementos
construtivos.
Queda do muro de Berlim.
1989
revista do ipt 69
Na década da globalização, o IPT fortalece seu relacionamento com a indústria e desenvolve importantes projetos em parceria:
. Manual de gerenciamento integrado de lixo municipal, distribuído a todas as prefeituras de São Paulo;. Liga de titânio para implantes ortopédicos;. Válvula de tripa de porco para o coração;. Software para fila de espera de transplante;. Laser – Óptica;. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – Livro e Imobiliários.
1990 – 1999
1990Com a acesita, o iPt transfor-
ma um forno elétrico a arco
em um forno a arco enriqueci-
do por plasma térmico, visan-
do à economia de insumos.
É lançada a série iso 14000, de
normas industriais para o meio
ambiente, que passa a influenciar
o comércio internacional.
o iPt celebra com a Cia. siderúrgi-
ca Nacional o primeiro acordo de
parceria no âmbito do programa
para a inovação tecnológica, da
1994em parceria com a adiboard, o
iPt desenvolve um catalisador
para a fabricação de placas de
circuito impresso.
desenvolvimento de concreto
projetado para utilização em
túneis urbanos.
1995
Fapesp. o objetivo é o desenvol-
vimento de chapas de aço elétrico
de média eficiência para a fabri-
cação de motores elétricos com
menor consumo de energia.
Para a Companhia Brasileira de
Metalurgia e Mineração, o iPt de-
senvolve um processo alternativo
na fabricação do ferro-nióbio,
aplicado em aços especiais. a em-
presa investe 44 milhões de dóla-
res no novo sistema.
70 revista do ipt
1996Criado o Centro de informática e te-
lecomunicações.
Construção da primeira centrífuga
para ensaios em modelos reduzidos
no país, com a qual foram feitos es-
tudos dos taludes do reservatório de
Porto Primavera.
a trikem, empresa do pólo petro-
químico de Camaçari (Ba), fecha com
o iPt um contrato de apoio técnico,
cujos trabalhos resultam em um ga-
nho de produtividade de 78% em seu
reator utilizado na produção de PvC.
1997
o instituto desenvolve para o se-
tor de fundição da Ford um ca-
beçote com uma liga especial de
alumínio, tecnologia com a qual
a empresa vence concorrência da
Ford international para uma nova
série de motores. em consequên-
cia, a subsidiária brasileira inves-
te 4,5 milhões de dólares para re-
abrir a fundição em taubaté (sP).
1998
1999
revista do ipt 71
Parceria entre o iPt, o institu-
to de Ciências Biomédicas da
Universidade de são Paulo e a
Copersucar busca o desenvolvi-
mento do plástico biodegradá-
vel a partir da cana-de-açúcar.
Monitoramento da qualidade
dos combustíveis em cidades
paulistas com coleta das amos-
tras, análise e envio dos resul-
tados para verificação de não
conformidades pela aNP.
em parceria com a Japan in-ternational Cooperation agency
(Jica), atua no desenvolvimen-
to de superligas de níquel, que
viabilizam aços com resistência
à oxidação muito próxima de
seu ponto de fusão, o que per-
mite a aplicação em turbo jatos
e turbinas a gás para geração
de energia.
72 revista do ipt
2000 – 2009
O IPT ingressa no novo século mantendo seu apoio aos setores público e privado, tanto em questões relativas à tecnologia industrial básica quanto em geração de novas tecnologias. Uma das linhas estratégicas atuais é o desenvolvimento de projetos de maior valor agregado em pesquisas avançadas.
2000 apoio tecnológico à explo-
ração de petróleo e gás em
águas profundas, inclusive na
camada pré-sal, reservatório
de petróleo que está localiza-
do abaixo das rochas salinas.
desenvolvimento de bioinseti-
cida, um produto natural con-
tra larvas de insetos, dentre
eles o da dengue.
2002 software para o dispositivo do
sem-Parar, para rodovias com
sistema de pedágio.
revista do ipt 73
diagnóstico não invasivo da
ocorrência de cupins e fungos
que atacam o lenho da madei-
ra e análise de risco de queda
de árvores nas áreas urbanas.
2003
Microencapsulação de sulfato
ferroso – enriquecimento da fa-
rinha de trigo para uso no com-
bate à anemia ferropriva.
2004 Pesquisa de processos de cor-
rosão por corrente alternada
em dutos enterrados.
74 revista do ipt
2006 desenvolvimento de um siste-
ma web para o gerenciamento
e a logística de distribuição de
órgãos para transplante.
término da elaboração das
normas nacionais de avalia-
ção de desempenho das edi-
ficações habitacionais para
verificar se a forma como fo-
ram construídas e projetadas
atende às necessidades dos
usuários do ponto de vista
de segurança, habitabilidade
e sustentabilidade. os méto-
dos de trabalho desenvolvidos
desde a década de 80 serviram
de base para as primeiras nor-
mas da aBNt sobre o assunto.
Metrô-sP: investigação do aci-
dente na linha amarela.
2007
2005Programa de apoio ao de-
senvolvimento de medica-
mentos de uso popular para
o tratamento da tuberculose.
revista do ipt 75
Moderniza: projeto de capa-
citação laboratorial traz para
o instituto investimento de
150 milhões de reais até 2010
e criação de célula de gestão
para agilizar esses trabalhos.
2008 trecho sul do rodoanel: apoio
do iPt para a mitigação do im-
pacto ambiental.
76 revista do ipt
Laboratório de estruturas Le-
ves no Parque tecnológico de
são José dos Campos para o
desenvolvimento de materiais
compósitos que serão aplica-
dos na indústria aeronáutica e
em outras áreas produtivas.
Projeto de envio de pesquisa-
dores ao exterior para treina-
mento por meio de convênios
com institutos internacionais.
túnel de vento: projeto de ins-
trumentação amplia aplicações
desse equipamento.
Pesquisa na área siderúrgica
proporciona a obtenção de
cilindros de laminação mais
eficientes. o programa Centro
de desenvolvimento de Ci-
lindro (CdC) foi conduzido em
parceira com a escola Politéc-
nia da UsP e empresa do setor.
2008
inauguração de unidades de apoio à
indústria, como o laboratório de pro-
dução de protótipos navais, o centro
de microscopia de alto desempenho e
o laboratório de realidade virtual.
Novo prédio para o Laboratório de
Bionanotecnologia.
2009
revista do ipt 77
em alto estilo
Goldman, João Fernando, Alckmin e Serra cumprimentam o pequisador Marcio Nahuz
Sábado, 27 de junho, a Sala São Paulo recebeu uma plateia diferente. o mais moderno espaço de con-
certos da américa Latina acolheu cerca de 800 pessoas, entre cien-tistas, autoridades, clientes, for-necedores e funcionários do iPt, que compareceram à comemora-ção dos 110 anos do instituto.
o professor João Fernando Gomes de oliveira, diretor-presidente do iPt, abriu a solenidade com uma retrospectiva histórica, desde a fundação, em 1899. ressaltou a importância de ver a história pelo aspecto da tecnologia e contou fatos curiosos sobre a atuação do instituto, como o desenvolvimen-
to do concreto, a fabricação de armas e os primeiros passos da indústria aeronáutica no país.
três autoridades do governo pau-lista discursaram. o governador José serra destacou o papel nacio-nal do instituto e apoiou o projeto de construção de uma planta-pi-loto para a gaseificação de bagaço de cana em Piracicaba, que será articulada pelo iPt. “o que nós queremos é aumentar a produção de etanol, mas sem aumentar a área plantada”, disse.
o secretário de desenvolvimento, Geraldo alckmin, deu destaque às áreas estratégicas para o proje-to de modernização do instituto, como nanotecnologia e microsco-pia eletrônica. Já o vice-governa-dor, alberto Goldman, disse que a história do iPt se confunde com a história do desenvolvimento do país. “o iPt é um grande instru-mento do crescimento”, afirmou.representando toda a comuni-dade ipeteana, o pesquisador
Comemoração dos 110 anos reúne cientistas e autoridades em cerimônia solene na sala são Paulo
Cliff Korman, ao piano, e Paulo Moura encerram a comemoração do IPT com show de MPB
Marcio Nahuz, que atua no Ct-Floresta desde 1969, foi homena-geado pelo governador José serra com uma placa comemorativa. a solenidade foi encerrada com um show de música popular brasileira com Paulo Moura, no clarinete, e Cliff Korman, ao piano. ao final, Moura convidou o professor João, saxofonista diletante, para tocar com ele. o público aplaudiu de pé ao final da apresentação.
78 revista do ipt
Deslizar com segurança sobre a superfície de um grande rio é pos-sível e envolve tecnolo-
gia de ponta. Prova disso são os estudos realizados por uma das maiores autoridades brasileiras em investigações de ambientes
submersos, o geólogo Luiz anto-nio Pereira de souza, o Laps, pes-quisador do Centro de tecnologias ambientais e energéticas (Cetae) do iPt. No primeiro semestre deste ano, Laps fez levantamentos ex-perimentais no rio araguaia, nos trechos de aruanã (Go), Conceição
do araguaia (to) e Couto de Maga-lhães (Pa). Foram realizados cerca de 500 quilômetros de perfis eco-batimétricos e sonográficos, que determinam a profundidade entre a superfície da água e o leito do canal, além de medições de vazão e velocidade de corrente.
Navegar com precisãosonar de última geração ajuda a mapear o fundo dos rios, proporcionando uma navegação mais segura
revista do ipt 79
Nesses estudos foram utilizados equipamentos especiais, como um ecobatímetro digital de du-pla frequência, capaz de informar com precisão o perfil do fundo do rio, sistemas digitais de medição de vazão do rio e um sonar de varredura lateral digital de última geração, apelidado de Peixinho. Quando analisados em conjunto, os dados obtidos contribuem para a solução de questões relacionadas à investigação geológica e geotéc-nica em projetos hidroviários.
o sonar Peixinho possui alcance lateral de alta resolução, que pos-sibilita examinar, em tempo real, mais de uma centena de metros de cada lado da embarcação à medida que ela se desloca pelo rio, o que propicia uma ampla vi-sualização da área estudada. “É importante para a navegação co-nhecer o fundo do rio para evitar
Luiz Antonio Pereira de Souza (à esq.) prepara o sonar Peixinho para mapear o fundo do rio Araguaia
Em áreas submersas, o sonar Peixinho identifica trechos de risco, minas, pessoas afogadas e embarcações naufragadas
que barcaças com toneladas de cargas se choquem com aflora-mentos ou encalhem em bancos de areia, causando enormes pre-juízos”, afirma Laps.
em investigação de áreas submer-sas, o Peixinho possibilita o ma-peamento de recifes e afloramen-tos rochosos, a identificação de estruturas sedimentares, a deli-mitação de áreas de risco e a inte-gridade de estruturas. em aplica-ções militares, permite identificar em detalhes objetos como minas, que oferecem riscos à navegação costeira ou portuária. operações de busca e salvamento de afoga-dos, navios naufragados e arque-logia subaquática também fazem parte do escopo de aplicação des-sa ferramenta geofísica.
Mais de 100 gigabytes de dados de alta qualidade foram gerados
80 revista do ipt
nessa primeira pesquisa de campo e encontram-se agora em fase de processamento e interpretação. todos os obstáculos à navegação serão identificados, mapeados com precisão e sincronizados com um sistema de posicionamento global GPs. a sincronização viabi-lizará o posicionamento espacial de qualquer característica iden-tificada na superfície de fundo de rio, gerando informações que podem ser utilizadas no planeja-mento das rotas de navegação.
o rio araguaia cruza praticamen-te de ponta a ponta a região Centro-oeste do Brasil, correndo paralelamente ao rio tocantins. Por isso, explica Laps, apresenta forte potencial como alternati-va de baixo custo para o escoa-mento da produção agropecuária das regiões Centro-oeste e Nor-te. Países como estados Unidos e China utilizam hidrovias como modal principal para transporte de carga, em especial de grãos, o que resulta em preços compe-titivos no mercado internacional.
“o objetivo desse projeto é de-
monstrar a importância de estu-
dar hidrovias, utilizando ferra-
mentas com tecnologia de ponta,
como as que usamos, para viabi-
lizar a navegação no rio araguaia
com segurança e sustentabilida-
de ambiental. Planeja-se, numa
próxima etapa, viabilizar com os
órgãos competentes a ampliação
desse estudo para toda a exten-
são do rio araguaia e também
para o rio tocantins”, diz Laps.
parcErias E pEsquisas
o projeto tem o suporte operacio-
nal da administração das Hidro-
vias tocantins e araguaia – ahitar
e financiamento do Ministério da
Ciência e tecnologia, por meio do
programa Ct-aquaviário da Fi-
nanciadora de estudos e Projetos
(Finep). No iPt, o estudo envolveu
o Cetae e o Centro de engenharia
Naval e oceânica - CNaval, que
tem tradição em atuações técni-
cas na região Norte do país.
a equipe do iPt foi treinada para
usar em campo o Peixinho em
novembro de 2008. “treinamos
na represa Billings com Garry Ko-
zac, um dos maiores especialistas
do mundo nessa área”, diz Laps.
a experiência da equipe e a preci-
são dos equipamentos emprega-
dos poderão ser úteis para desen-
volver outras hidrovias de grande
potencial no país. “em são Paulo,
por exemplo, o rio tietê poderá
ser completamente navegável, e
o Peixinho será útil na investiga-
ção desse rio. Nesse sentido, te-
mos uma profícua interação téc-
nica com a diretoria de Hidrovias
da secretaria dos transportes, que
é o órgão que administra a hidro-
via tietê”, afirma o geólogo.
a área de investigação de am-
bientes submersos do iPt está
sendo reequipada por meio do
projeto Moderniza. a partir de
agosto de 2009, se tornará uma
das únicas entidades no país a
estar devidamente capacitada
para desenvolver projetos de in-
vestigação nesse campo.
além dos equipamentos para me-
dição de vazão (adP) e GPs de alta
precisão, o Laboratório de riscos
ambientais vai receber da Finlân-
dia um perfilador sísmico, siste-
ma com três fontes acústicas, no
valor de 600 mil reais. esse novo
equipamento permitirá a investi-
gação da espessura das camadas
de sedimentos em áreas submer-
sas, parâmetro fundamental para
a identificação de problemas re-
lacionados ao assoreamento de
reservatórios, de rios e de áreas
portuárias.
Equipamento de análise de fundo de rio em uso pelo IPT
revista do ipt 81
quando se fala em re-ciclagem, logo vem à mente aquela latinha de refrigerante, o pa-
pel amassado do escritório e a
garrafa de plástico. Mas reciclar é
muito mais. Na construção civil,
por exemplo, o aproveitamento
de resíduos vem se tornando uma
necessidade. e é exatamente nes-
se setor que o apoio do iPt pode
ser fundamental. sobras de maté-
rias-primas cada vez mais pesam
no bolso de gestores da constru-
ção civil em todo o mundo.
No Brasil, o consumo anual de
agregados, como britas e areias, é
de cerca de 300 milhões de tone-
ladas. em média, são produzidos
todos os anos no país em torno de
500 quilos de resíduos de cons-
trução por habitante. somente na
região metropolitana de são Paulo
são aproximadamente 9 milhões
de toneladas anuais de sobras e
rejeitos. É muita coisa. e se as em-
presas não tiverem formas de rea-
proveitamento, é dinheiro jogado
no lixo. ou é iPt pesquisando.
Com a equipe do Laboratório de
Materiais de Construção Civil no
Centro de tecnologia de obras de
infraestrutura (Ct-obras), o insti-
tuto define procedimentos mais
adequados para a separação de
resíduos na demolição ou no can-
teiro de obras, procurando favo-
recer a reciclagem, descontaminar
o material e minimizar o impacto
ambiental da atividade.
ao construir,
recicleLaboratório define procedimentos para a separação e a descontaminação de resíduos na demolição e no canteiro de obras
Aterro ilegal com resíduos de construção que poderiam ser reciclados, reduzindo custos da obra e impacto ambiental
82 revista do ipt
“Precisamos desenvolver méto-
dos tecnológicos para a separação
de materiais e o reaproveitamen-
to no próprio local. Contrapisos
feitos de resíduos para o cantei-
ro de obras ou para calçadas das
prefeituras de pequenos e médios
municípios são soluções de me-
nor custo, inclusive ambiental”,
afirma o pesquisador sergio Cirelli
angulo, do Ct-obras.
a metodologia para cada caso é
importante. “o instituto encon-
tra respostas sobre como proceder
na demolição e aplicar o material
lá mesmo, sem passar pela usina.
o desafio é pegar o resíduo, sa-
ber se há alguma contaminação,
reciclar e desenvolver a técnica
adequada para sua aplicação na
construção. sem esses cuidados,
corre-se o risco de o tiro sair pela
culatra, não obtendo a qualidade
compatível e gerando impactos
ambientais indesejados. temos
modelos para a produção de cada
agregado técnica e ambiental-
mente seguros”, diz angulo.
o iPt pode dar apoio tanto às
prefeituras quanto às empresas,
ajudando-as a gerenciar a reci-
clagem. o Ct-obras atua desde a
gestão nos canteiros e nas demo-
lições, reformas, triagem e carac-
terização dos resíduos e até em
sua transformação e aplicação. a
tecnologia de transformação do
agregado pode ter menores cus-
tos e impactos ambientais para
prefeituras e pequenos caçam-
beiros. em alguns casos, dispen-
sa-se o britador para a produção
do agregado reciclado.
“Usinas podem desenvolver agre-
gados reciclados exclusivamen-
te para pavimentos ou mistos,
para concretos e pavimentação.
as tecnologias podem ser combi-
nadas para melhorar a qualidade
do produto que se quer. Hoje, o
agregado reciclado pode ter uma
qualidade muito próxima à do
produto natural, tanto no uso
em estruturas usuais de concreto
quanto na fabricação de blocos”,
ressalta o especialista.
a área de reciclagem de resíduos
da construção é multidisciplinar e
pode atender desde o gerencia-
mento de sobras até o desenvol-
vimento de uma planta industrial
para processamento, aplicações
e suas formulações mais apro-
priadas. e a demanda, tanto no
setor público quanto no privado,
aumenta. angulo diz que os resí-
duos de construção são matéria-
prima secundária que pode ser
Latas, pedaços de ferro, de calhas e outros rejeitos recicláveis acabam indo para o lixo
revista do ipt 83
reaproveitada, fechando
um ciclo produtivo com
valor de mercado.
apesar de gerar poucos
materiais perigosos, em
todo o mundo a constru-
ção civil consome mui-
ta matéria-prima e gera
igualmente muitos resí-
duos em que predomi-
nam brita, areia, cimen-
to e cerâmica vermelha,
com participação de mais
de 90% do total. o con-
creto é o material mais
consumido no planeta,
presente nas estrutu-
ras de edifícios, indús-
trias, pontes e viadutos,
entre outras aplicações.
“Quanto mais consumo, mais re-
síduos sólidos urbanos são gera-
dos e, embora menos patológicos
do que os resíduos domésticos, do
ponto de vista ambiental o seu
controle não é menos importan-
te. e estamos falando apenas do
consumo de recursos naturais e da
geração de resíduos, sem entrar
no terreno do consumo de ener-
gia e geração de Co2”, diz angulo.
a tendência é de crescimento da
reciclagem na construção civil,
impulsionada por custos menores
e demandas ambientais. “esta-
mos numa zona de transição na
qual o mercado já demanda, mas
não se decidiu pela implementa-
ção dos novos projetos. Mas uma
hora o gatilho da balança dos
custos dispara. vai custar tão caro
o aterro, que reciclar será a gran-
de solução, e poderemos fechar
esse ciclo de produção. os em-
preendedores descobrirão que as
usinas podem ganhar duas vezes,
na entrada do resíduo e na saí-
da do material processado. e o iPt
está pronto para dar suporte às
demandas”, acrescenta.
transtornos urBanos
a expansão das cidades demanda
volumes gigantescos de agregados
que vêm das pedreiras nos res-
pectivos entornos. À medida que
a cidade cresce, as pedreiras ficam
cada vez mais distantes, compli-
cando a logística do transporte e
encarecendo os materiais. atual-
mente, em são Paulo, a areia na-
tural percorre distâncias superio-
res a 150 quilômetros e custa cerca
de 60 reais por metro cúbico.
além dos desperdícios que ocor-
rem nos processos construtivos,
há uma demanda acele-
rada por materiais para
a renovação urbana. Por
exemplo, edifícios proje-
tados para durar 50 anos
perdem sua função muito
antes disso e são demoli-
dos. Há ainda as reformas
comerciais e residenciais,
que envolvem troca de
pisos, azulejos e novas
paredes. são todos casos
exemplares da geração
intensiva de resíduos. se
não houver aproveita-
mento, seu destino será
fatalmente o aterro.
estima-se um custo me-
nor para areia ou brita
reciclada na construção.
o custo do transporte corresponde
a dois terços do valor do produto
natural e não incidirá sobre o que
já se encontra na cidade. isso ex-
plica em boa parte por qual razão,
em vários países europeus, o uso
de brita e de areia de resíduos re-
ciclados chega a 90%.
outro problema enfrentado pelas
grandes e médias cidades bra-
sileiras é a falta de áreas dispo-
níveis para aterros. essas áreas,
quando existem, ainda geram
passivos ambientais.
“o problema fica apenas adiado,
pois num aterro não se fecha o ci-
clo da produção industrial. Como
os recursos naturais são limitados,
sua volta ao ciclo produtivo é es-
sencial. Neste ponto, a reciclagem
faz todo o sentido, uma vez que
material não reutilizado vira pas-
sivo ambiental”, avalia angulo.
Deposição irregular de resíduos de construção em área de manguezais causa danos ambientais facilmente evitáveis
84 revista do ipt
Para o especialista, qualquer tipo
de resíduo, mesmo os que não re-
presentam ameaça, corre o risco
de se misturar a outros poluentes
e, aí sim, potencializar o risco. “o
gesso também merece atenção,
pois, além de interferir na degra-
dação natural dos materiais orgâ-
nicos nos aterros, altera o pH da
água e, sendo extremamente so-
lúvel, pode alcançar o lençol fre-
ático. Gesso também interfere em
outros materiais, como o concreto
e os tijolos”, afirma angulo.
trEinamEnto dEmão-dE oBra
Na avaliação do especialista, é
preciso investir em treinamento
da mão-de-obra, especialmente
a do mercado informal, que é o
pedreiro contratado para as pe-
quenas reformas particulares. são
importantes a observação de as-
pectos técnicos e ambientais, o
conhecimento de ecopontos das
prefeituras, como a da capital
paulista, que permitem o descar-
te administrado dos resíduos.
“Grandes construtoras são res-
ponsáveis pela coleta e a destina-
ção de seus resíduos às áreas de
triagem e reciclagem. esse tipo de
material processado, basicamen-
te mineral, além de ser utilizado
como brita ou areia, pode ser uti-
lizado na regularização geotéc-
nica em substituição à terra para
preenchimento das áreas degra-
dadas”, diz.
além de treinamento da mão-
de-obra do mercado informal e
do reaproveitamento dos resí-
duos, angulo defende a adoção
de critérios técnicos para as ar-
gamassas e os contrapisos, en-
tre outros agregados. “Há ainda
muito pouco controle técnico nos
setores de demolição e de peque-
nas reformas, importantes gera-
dores de resíduos e que precisam
de critérios específicos”, afirma
o pesquisador do Ct-obras. Para
o especialista, o gerenciamento
público que já existe para esses
setores é, sem dúvida, um avan-
ço. “Mas podemos avançar ain-
da mais, participando na cadeia
produtiva como um todo.”
QuaTRo CLassesde ResÍduos
em 2002, o Conselho Nacional do Meio ambiente (Conama), órgão vinculado ao Ministério do Meio ambiente, editou a resolução número 307. o do-cumento legal classificou os materiais utilizados na cons-trução civil para definir as diversas rotas de aproveita-mento e reciclagem. Confira as quatro classes de resíduos:
Classe d (não recicláveis) – tintas, resinas e cimento amianto
Classe C (parcialmente recicláveis) – placas de gesso acartonado
Classe B (recicláveis) – resíduos orgânicos com destinação específica para cada setor
Classe a (recicláveis) – concreto, argamassa, cerâmica, entre outros materiais
Material reciclado em usina na Alemanha
revista do ipt 85
um sistema que permi-tisse a rápida fabri-cação de simuladores de navio e plataformas
de petróleo em alto-mar era o
objeto de desejo de muitos dos
pesquisadores do iPt. este ano,
o desejo tornou-se realidade.
o Centro de engenharia Naval e
oceânica (CNaval) agregou um
sistema automatizado com braço
robótico que propicia a constru-
ção de modelos para simulação,
em poliuretano ou madeira, em
pouco tempo – o que antes dura-
va até mais de um mês, agora sai
pronto na mesma semana.
Com o robô, apelido do sistema,
o iPt tornou-se pioneiro em usi-
nagem robotizada de modelos de
navios na américa Latina. ele tra-
balha em conjunto com o tanque
de provas naval e oceânico, uma
estrutura aquática com 280 me-
tros de comprimento por 6,6 me-
tros de largura e 4 metros de pro-
fundidade. É um dos conjuntos de
teste mais evoluídos do mundo.
No tanque, cascos de navios, de-
pois de produzidos pelo sistema
robótico, são monitorados e ar-
rastados sobre a água para a ava-
liação do desempenho hidrodinâ-
mico e propulsão mais adequada
a cada tipo de embarcação. No
caso de plataformas offshore, as
avaliações de desempenho moni-
toradas são feitas sob a simulação
de ondas em alto-mar.
o robô faz parte de um processo
de renovação das instalações la-
boratoriais iniciado há três anos.
Laboratórios e oficinas já estão
quase prontos para atuar com
um robô superprodutivo
sistema automatizado acelera a construção de modelos para simulação na água
86 revista do ipt
elevados padrões de eficiência e
dar suporte tecnológico ampliado
à indústria nacional ligada aos
setores naval e de petróleo e gás,
segundo Carlos daher Padovezi,
diretor do CNaval.
a modernização do CNaval se in-sere num contexto mais amplo. Com a criação dos fundos seto-riais, destinados a financiar a inovação, intensificou-se a par-ticipação das grandes empresas nacionais em projetos de pesqui-sa e desenvolvimento. a legis-lação estabeleceu que empresas sob concessão, como as dos se-tores elétrico e de petróleo e gás, aplicassem 1% do faturamento em pesquisas, sendo pelo me-nos metade disso em instituições
científicas e tecnológicas.
“tais recursos permitiram, num
primeiro momento, um verdadei-
ro upgrade em nossas instalações
laboratoriais. o desafio que temos
pela frente, a partir de agora, é
melhorar as condições de traba-
lho, com mais eficiência e me-
nores custos. estamos investindo
firme em treinamento de pesso-
al para atender às demandas da
Marinha e de empresas como a
Petrobras, estaleiros, projetistas e
às embarcações fluviais e de ca-
botagem”, afirma Padovezi.
o diretor do CNaval acredita que
os investimentos, tanto dos fun-
dos setoriais quanto do governo
paulista, produzirão inovações.
“isso leva tempo, mas a tendên-
cia é que ocorram grandes saltos
na pesquisa tecnológica aplicada
nacional”, estima Padovezi, lem-
brando das fases pelas quais o
instituto passou, acompanhando
a evolução do mercado.
altos E Baixos da indÚstria naval
do final dos anos 60 até o início
dos 80, o país fabricava grandes
navios, e o iPt ensaiava seus cas-
cos em escala reduzida. No final
dos anos 70, a Petrobras explora-
va petróleo no mar, e o instituto
dava assistência em tecnologia
offshore. No final dos anos 80, a
indústria naval brasileira decli-
nou, e os ensaios de modelos de
navios também caíram, enquanto
os de offshore cresceram, junta-
mente com os estudos de embar-
cações menores para transporte
fluvial. “Nos últimos cinco ou seis
anos, verificou-se uma retoma-
da na construção naval nacional,
os investimentos voltaram, e o
iPt está retomando as ativida-
des nessa área, refletindo o que
de importante acontece no país”,
afirma o diretor do CNaval.
Ensaios dE modElos Em rEdE
existem outros tanques de provas
nacionais para ensaios de mode-
los de plataformas de petróleo,
como o da escola Politécnica, na
UsP, e o da Universidade Federal
do rio de Janeiro. Mas o tanque
do iPt é o único adequado para
ensaios com modelos de navios
na américa Latina. segundo Pa-
dovezi, a formação de grupos de
excelência no Brasil, nas chama-
das redes temáticas do Cenpes/
Petrobras, amplia as compe-
tências tecnológicas nacionais.
as instituições brasileiras não
concorrem entre si, mas juntam
aquilo que cada uma tem de me-
lhor para atender às demandas e
responder aos desafios técnicos.
os concorrentes diretos do iPt es-
tão em outros países, que também
montaram suas competências.
“alguns países, como Noruega,
Holanda e itália, têm buscado
parcerias no Brasil. atualmente, a
capacidade do iPt na área de hi-
drodinâmica experimental pode
atender à demanda por ensaios
de países latino-americanos, com
Modelo de navio ensaiado no tanque de provas do CNaval, que passa a ser produzido com o novo sistema robotizado
revista do ipt 87
custos menores do que os euro-
peus e com a mesma qualidade”,
afirma Padovezi. em sua avalia-
ção, os grupos de excelência na-
cionais têm muita consistência.
“Quem é bom experimentalmente
busca parceria com seus equiva-
lentes teóricos e, juntos, damos
conta de trabalhos de grande
complexidade.” o CNaval tem ca-
pacitação em ensaios em campo
de plataformas e navios, necessá-
rios para a aferição dos métodos
experimentais em escala reduzida
e dos métodos teóricos de avalia-
ção de desempenho.
Com as perspectivas abertas pe-
las grandes jazidas petrolíferas na
camada pré-sal, os investimen-
tos visando à produção offshore
foram retomados. vêm com eles
a volta da produção de navios de
grande porte, impulsionada pela
decisão da transpetro de nacio-
nalizar a construção de sua frota.
“Um grande estaleiro, o maior da
américa Latina, está em construção
em recife (Pe). Pode-se dizer que
os recursos de petróleo e gás da
camada pré-sal produzem um re-
desenho da indústria naval e oce-
ânica no Brasil”, diz Padovezi.
o túnel de vento, ferramenta do
iPt para ensaios de edificações,
incorporou recentemente dois
equipamentos de ponta: o ras-
treador de hidrocarbonetos e o
sistema Óptico Piv. Com o rastre-
ador, é possível determinar a dis-
persão de poluentes de chaminés
da indústria e de plataformas de
petróleo ou dos escapamentos dos
carros. Uma vez determinada a
dispersão, pode-se propor alter-
Com o vento a favor
Novos equipamentos de ponta transformam o túnel do IPT num dos melhores do mundo
nativas para melhorar a dispersão
e a qualidade do ar.
Já o sistema Óptico Piv (sigla em
inglês para velocimetria por ima-
gem em Partículas) permite de-
terminar o comportamento do
escoamento em um determinado
local, como todo o campo de ve-
locidades, os vórtices formados, a
turbulência do local, entre outros.
Com esses e outros instrumentos
adquiridos recentemente, o túnel
de vento do iPt torna-se um dos
mais bem equipados do mundo.
inaugurado em meados de 2002,
o túnel de vento do iPt é robusto.
Mede 40 metros de comprimento
com seções de testes de 3 metros
de largura por 2 metros de altu-
ra e duas mesas giratórias. Uma
das mesas posiciona-se na seção
atmosférica, onde são ensaia-
88 revista do ipt
dos modelos em escala reduzida
de edificações e plataformas de
petróleo, e outra na seção ae-
rodinâmica, onde são ensaiados
protótipos de aerodesign, en-
tre outros. Um ventilador de 180
cavalos-vapor (cv) de potência e
3 metros de diâmetro gera ventos
de até 90 quilômetros por hora
nas seções de teste do túnel. “al-
gumas pessoas dizem que essa
instalação do iPt possui nome e
sobrenome”, diz o pesquisador
Gilder Nader, do Centro de Metro-
logia de Fluidos do iPt. “trata-se
de um túnel de vento de Camada
Limite atmosférica.”
entre as principais aplicações do
túnel de vento atmosférico es-
tão estudos de cargas de vento
estáticas e dinâmicas em diver-
sas estruturas. “Podemos avaliar
as ações do vento em torres de
transmissão de energia elétrica,
fazer medições da dispersão de
contaminantes no ar. também
conseguimos visualizar o escoa-
mento do ar ao redor de estru-
turas e com isso melhorar, por
exemplo, perfis aerodinâmicos ou
posicionamento de helipontos,
uma vez que determinados perfis
de edificações podem gerar tur-
bulências e colocar em risco ope-
rações de pouso e decolagem”.
outro trabalho desenvolvido no
túnel de vento relaciona-se com
o conforto e a sustentabilidade
ambiental, visando melhorias na
ventilação em ambientes fecha-
dos e abertos como, por exemplo,
em ruas e em residências ou pré-
dios comerciais.
segundo Gilder Nader, as apli-
cações aerodinâmicas do túnel
de vento do iPt são realizadas
principalmente com equipes das
escolas de engenharia, como por
exemplo, de aerodesign. “a en-
vergadura e as velocidades de
cruzeiro e decolagem dos aerode-
signs são compatíveis com o túnel
de vento do iPt. assim, são reali-
zados ensaios nos protótipos para
determinação dos coeficientes de
arrasto e sustentação.”
outro tipo de projeto ponderado
por Gilder é a possibilidade de
uma edificação na marginal do
rio Pinheiros, em são Paulo. “a
norma pode prever, por exemplo,
rajadas de ventos de 110 km/h e
de curta duração. o ensaio no
túnel do iPt será constante, e os
dados coletados, comparados às
estatísticas do local, permitirão a
projeção para a escala real. Novos
fatores, como a mudança climá-
tica, podem trazer ventos mais
fortes, e os cálculos estruturais
também serão alterados. trocan-
do os valores que são constantes,
pode-se fazer a projeção.”
entre os ensaios realizados no túnel
de vento, o pesquisador destaca
os realizados na igreja do padre
Marcelo, em são Paulo, e a ponte
estaiada sobre o rio Potengi, em
Natal (rN). “Com o ensaio no túnel
é possível dimensionar os materiais
de construção na medida exata.
sem ele, a obra poderia custar três
ou quatro vezes mais”, diz Nader.
Gilder Nader,pesquisador doCentro de Metrologiade Fluidos
revista do ipt 89
Pronto-socorro de árvores
tecnologias reduzem risco de queda por ataque de insetos e temporais
Técnico faz prospecção não destrutiva do estado da árvore com tecnologia desenvolvida no IPT
90 revista do ipt
Acidentes com quedas de árvores durante vendavais ou tempo-rais são um problema
recorrente nas cidades brasi-leiras. Para ajudar as adminis-
trações municipais a reduzi-los,
o Centro de tecnologia de recur-
sos Florestais (Ct-Floresta) do iPt
desenvolveu ferramentas para
diagnóstico e gestão de árvores
urbanas. a aplicação dessas tec-
nologias permite que as espécies
tenham uma vida mais saudável,
mantendo sua condição estru-
tural, e harmonizem-se com as
áreas do entorno.
o diagnóstico envolve critérios de
análise externa da espécie arbó-
A pesquisadora Raquel Amaral coleta dados que irão alimentar o software de gestão de árvores
revista do ipt 91
rea, análise do tronco para a iden-
tificação de fungos, cupins ou bro-
cas, além do estudo biomecânico.
trata-se de um modelo de cálculo
estrutural que reúne conceitos de
biologia e mecânica e foi elabora-
do pelo pesquisador takashi Yojo.
Para a gestão das árvores, as
equipes do Ct-Floresta e do Cen-
tro de tecnologia da informação,
automação e Mobilidade (CiaM)
desenvolveram um software que
permite organizar dados para ge-
rar um histórico individual. inse-
rem-se nele dados como locali-
zação e condição biológica, além
das inspeções realizadas. “Cada
espécie tem um tempo de vida,
e esses dados são essenciais para
planejar as ações preventivas”,
afirma raquel amaral, enge-
nheira agrônoma do Ct-Floresta.
o diagnóstico é fundamental para
classificar o risco de queda de
uma árvore e estabelecer níveis de
alerta. “Fazemos uma análise ex-
tensa, procurando sinais que in-
diquem risco”, explica raquel. os
sinais podem ser detectados pelo
corte de raízes, por rachaduras
no tronco, pelo tamanho da área
interna deteriorada, entre outras
observações. No que se refere às
podas, aquelas feitas sem critério
também podem alterar o centro
de gravidade da árvore, fazendo
com que ela perca a condição ori-
ginal de estabilidade estrutural.
a operação Árvore saudável, rea-
lizada pela Prefeitura de são Pau-
lo entre 2003 e 2005 com o apoio
tecnológico do iPt, foi um marco
na atuação do instituto na área.
Foram diagnosticadas 7.050 árvo-
res da cidade, utilizando método
de prospecção não destrutiva, de-
senvolvido no ano de 2002 e pa-
tenteado por raquel amaral, em
seu trabalho de mestrado.
em setembro de 2008, o Ct-Flo-
resta foi contratado pela Compa-
nhia Urbanizadora da Nova Capi-
tal – Novacap, de Brasília, para
transferir conhecimento em diag-
nóstico de árvores urbanas. a em-
presa tinha um problema sério.
as árvores do distrito Federal fo-
ram atacadas por insetos e fungos
apodrecedores e, em consequên-
cia, estavam perdendo sustenta-
ção. algumas até tiveram que ser
removidas emergencialmente.
curso para EngEnhEiros
o iPt ministrou um curso para os
engenheiros da Novacap, com o
objetivo de capacitá-los para a
tomada de decisões quanto ao
risco de queda das árvores. além
de aulas teóricas, o curso envol-
veu análise em campo nos pontos
mais críticos, incluindo o método
que permite analisar as árvores
internamente sem danificá-las.
a capacitação do instituto com
foco em árvores urbanas também
chamou a atenção do secretá-
rio municipal do Meio ambiente
e desenvolvimento sustentável,
Frederico Luiz de Freitas Júnior, da
prefeitura de Campo Grande, no
Mato Grosso do sul. Freitas buscou
no iPt a parceria tecnológica para
a elaboração do Plano diretor de
arborização Urbana de Campo
Grande, o PdaU. “o secretário co-
nheceu melhor o trabalho e ma-
nifestou grande interesse pelo
auxílio do iPt”, informou raquel.
o software de gestão de árvores
também vem chamando a atenção
e já virou notícia divulgada inter-
nacionalmente pelo serviço britâ-
nico da rádio BBC. em entrevista
ao apresentador Gareth Mitchell,
raquel amaral destacou a possi-
bilidade de adaptação do softwa-
re a características locais, uma vez
que nas diferentes regiões há uma
diversidade de espécies de árvo-
res e de ataques biológicos. o sof-
tware foi feito sob medida para a
cidade de são Paulo, mas poderá
atender a outras administrações
municipais sem problemas.
o Ct-Floresta há 40 anos solu-
ciona problemas com insetos
que se alimentam de madeira
em edificações. iniciou um his-
tórico de atuação no campo de
árvores urbanas no ano 2000 e
intensificou suas pesquisas após
um acidente com vítima, ocorri-
do na capital paulista em 2004,
devido à queda de uma árvore.
as árvores urbanas que têm diag-
nósticos adequados e são bem
cuidadas ajudam a melhorar o
conforto térmico e a amenizar os
efeitos da poluição do ar. ajudam
também a diminuir impactos am-
bientais, criando barreiras para
ruídos e fixando o solo para con-
trole de enchentes.
92 revista do ipt
O arquivo de madei-ras do Centro de Tec-nologia de Recursos Florestais (Ct-Floresta)
guarda um precioso tesouro: Flo-ra Brasiliensis, uma obra antiga e rara, referência para o estudo de espécies botânicas no país.
trata-se da produção do médico e botânico alemão Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), que reúne a descrição de 22.767 espécies nativas do Brasil e traz 3.811 desenhos de plantas com absoluta riqueza de detalhes.
a coleção – composta de 40 livros, dos quais o iPt possui 29 – ainda hoje é ferramenta de trabalho para botânicos, que estimam em 50 mil as espécies existentes no Brasil. somente em 2004, a im-portância da Flora Brasiliensis como o maior projeto de flora na história da botânica foi ultrapas-sada pelo estudo Flora da Repú-blica Popular da China.
segundo Geraldo José Zenid, di-retor do Ct-Floresta, o estudo é útil para a taxonomia, que classi-fica as plantas segundo variáveis
tais como classe, ordem, família, gênero e espécie.
Martius, o autor, realizou expedi-ções pelo Brasil a partir de 1817, acompanhado de um grupo de naturalistas e cientistas. Na épo-ca, dom João vi reinava direta-mente do Brasil, gerando viagens de europeus ao país, incluindo a missão artística francesa, que trouxe os pintores taunay e de-bret, entre outros nomes de peso.
a equipe de Martius percorreu 10 mil quilômetros durante mais de
Um tesouro bem aqui
Alguns dos 29 volumes da Flora Brasiliensis, coleção sob a guarda do CT-FlorestaFlora Brasiliensis, obra rara e de
referência para os estudos de botânica, faz parte do nosso acervo
Tela do projeto Flora Brasiliensis na internet, que conta com um enorme banco de dados
revista do ipt 93
três anos e reconheceu boa parte dos tipos de vegetação existentes em solo brasileiro.
Martius dedicou boa parte de sua vida ao estudo da flora do país e, a partir de 1840, organizou os volumes, que foram publicados sucessivamente, até 1906. o texto original é escrito em latim. É difícil precisar a chegada da co-leção ao iPt. segundo Cristiane alves de sousa, histo-riadora do acervo téc-nico, a obra teria fica-do com o instituto no momento da separa-ção da escola Politéc-nica, em 1944. Curio-sa quanto à origem da coleção, Cristiane procurou documentos que atestassem sua procedência e des-cobriu que uma par-te da coleção está na biblioteca da Poli, e outra, na Faculdade de educação da UsP. Um levantamento dos volumes será feito em cada setor para verifi-car se as partes com-põem a coleção toda.
a colEçãona intErnEta Fundação de amparo à Pesquisa do estado de são Paulo (Fapesp) lançou em março de 2006 um am-plo projeto para produzir a versão digital da Flora Brasiliensis, que já pode ser consultada no ende-reço http://florabrasiliensis.cria.org.br. Para viabilizar um proje-to desse porte, foi montado um enorme banco de dados, que está
sob o gerenciamento do Centro de referência em informação am-biental (Cria). outro colaborador importante é o Jardim Botânico do Missouri, dos estados Unidos, que se encarregou da digitali-zação das imagens para o site.
as imagens são reproduzidas em alta resolução para exibir toda a sua riqueza de detalhes. atual-mente, está sendo desenvolvido um banco de imagens de plantas
vivas e de amostras para serem associadas às imagens do acer-vo online. outra frente do pro-jeto prevê a elaboração de um catálogo atualizado das plantas do país. o botânico George she-pherd, da Universidade estadual de Campinas (Unicamp), coordena um estudo-piloto para atualizar a nomenclatura das famílias de vegetais. assim, o projeto online representa os passos iniciais para
que mais tarde se possa conhecer todo o universo de plantas exis-tentes no Brasil. somente o pro-cesso de atualização da nomen-clatura do Flora Brasiliensis deve demorar cerca de cinco anos.
Concebido para ter uma natureza dinâmica e colaborativa, o Flo-ra Brasiliensis online deverá ser mantido sob constante atualiza-ção, utilizando as tecnologias de compartilhamento de informa-
ções. os pesquisadores acreditam que o pro-jeto na internet deva atrair a atenção de outros países da amé-rica Latina, uma vez que as plantas desco-nhecem as fronteiras geopolíticas.
No primeiro módulo de desenvolvimento do projeto, as 3,8 mil pranchas que com-põem a obra foram digitalizadas por meio de processo fotográ-fico, criando imagens com resolução de 300 por 300 pixels e arqui-vos de 90 MBytes cada. Para o carregamento das fotos na internet,
é utilizado um visualizador Flash, que permite minimizar o tráfego de dados na rede por meio da re-cuperação de partes das imagens.
o sistema adota algoritmos para determinar as partes que devem ser carregadas para o usuário. ou-tro recurso de destaque é a ado-ção do banco de dados hierárqui-co, que guarda os metadados de cada um dos volumes da obra.
94 revista do ipt
o ano de 2011 será um divisor de águas para a po-
lítica estadual de recursos hídricos. até lá, devido
à lei estadual n° 12.183, de dezembro de 2005, que
dispõe sobre a cobrança pela utilização dos recur-
sos hídricos no estado de são Paulo, os usuários de
água em geral, tais como municípios, indústrias e
empresas como a sabesp, que promovem a capta-
ção de água para diversos fins, passarão a pagar
por esse uso, gerando receitas que podem chegar
aos 600 milhões de reais por ano. os recursos serão
destinados ao Fundo estadual de recursos Hídricos
(Fehidro), que atualmente conta com receita anual
de cerca de 55 milhões de reais. a lei está em fase
de regulamentação e implementação.
Com esse aumento, os projetos de gestão de bacias
hidrográficas do estado ganharão uma nova pers-
pectiva. os recursos financeiros serão investidos na
melhoria da qualidade do meio ambiente no es-
tado, permitindo o desenvolvimento de projetos,
como os de recomposição florestal, recuperação de
rios, melhoria na qualidade da água, combate à
erosão, tratamento de resíduos sólidos, combate
a enchentes e obras de saneamento, entre outros.
devem ganhar novo impulso também a pesqui-
sa básica e a pesquisa aplicada nas mais diversas
áreas de interesse para a gestão dos recursos hí-
dricos superficiais e subterrâneos.
Um dos aspectos importantes da cobrança pelos
recursos hídricos é que a decisão sobre o que fazer
com o dinheiro será da alçada da própria região
em questão, por meio de cada um dos 21 comitês
de bacias hidrográficas (CBHs) que existem atual-
mente no estado, com representação dos governos
e da população. Há uma série de estudos técnicos
e debates para viabilizar a cobrança, tão logo ela
se consolide na legislação do estado. Cada comitê
desenvolverá seu sistema de cobrança, que em úl-
tima instância será autorizado pelo Conselho esta-
dual de recursos Hídricos (CrH).
o instituto de Pesquisas tecnológicas tem um pa-
pel triplo na Política estadual de recursos Hídricos.
atua como apoio tecnológico, por meio de pesqui-
sas e serviços; como representante da secretaria de
desenvolvimento do estado nos comitês de bacia
de Franca (CBH-sMG), Piracicaba (CBH-PCJ) e são
Paulo (CBH-at), e como agente técnico para todos
os colegiados, ao lado de instituições como Cetesb,
daee, Cati, CPLa e FF.
divisor de águas para o meio ambiente
O pesquisador José Luiz Albuquerque Filho e o mapa dos recursos hídricos de São Paulo
a r t i g o
José Luiz Albuquerque Filho
revista do ipt 95
a política de águas do estado foi definida em 1991
por meio da lei n° 7.663, configurando pioneiris-
mo no país, já que a lei federal n° 9.433 foi ins-
tituída somente em 1997. os comitês de bacias,
os instrumentos de gestão – planos, relatórios de
situação, outorga pelo uso da água, entre outros
– e o suporte financeiro do Fehidro resultaram da
legislação estadual, compondo assim um tripé que
viabiliza a melhoria conti-
nuada, a conservação e a
preservação dos recursos.
o iPt foi nomeado agen-
te técnico do Fehidro em
2004. o convênio envolve
cerca de 20 pesquisadores
de diferentes áreas tecno-
lógicas dentro do instituto, que acompanham atu-
almente cerca de 170 projetos dos vários comitês,
totalizando 38 milhões de reais em investimentos.
PROJETOS ATUAIS
em convênio com a Cooperativa de serviços e Pes-
quisas tecnológicas e industriais (CPti), o iPt ela-
borou oito planos de recursos hídricos das bacias
paulistas, quais sejam: turvo/Grande (são José do
rio Preto); rio são José dos dourados (Jales); Bai-
xo Pardo/Grande (Barretos); sapucaí-Mirim/Grande
(Franca); Pardo (ribeirão Preto); tietê/Jacaré (ara-
raquara); sorocaba/Médio tietê (sorocaba); e Lito-
ral Norte (Caraguatatuba). essas regiões abrangem
224 dos 645 municípios paulistas.
Por meio desses planos, realizou-se diagnóstico
dos setores usuários de água – municipal, agrícola
e industrial – e foram analisadas suas demandas.
Consideraram-se diversos fatores, como caracte-
rização ambiental, potencialidade de aquíferos e
rios, situação da erosão, vulnerabilidade dos aquí-
feros, demografia, qualidade das águas, monito-
ramento de chuvas, vegetação, destinação do lixo
urbano, entre outros.
a partir do diagnóstico, foram identificadas e dis-
cutidas com os comitês de bacia as ações e recursos
necessários para conservar, recuperar e proteger a
água e o ambiente em curto, médio e longo pra-
zos, considerando o período 2008 – 2020.
outro projeto de relevância é o de desenvolvi-
mento de indicadores ambientais para a avaliação
dos recursos hídricos.
de caráter metodológi-
co, esse projeto permi-
tiu que em 2008 fosse
montada uma matriz
básica de indicadores,
discutida preliminar-
mente com todos os co-
mitês. assim, serão ge-
rados anualmente relatórios para cada bacia, que
trarão o estado das águas e as ações prioritárias a
serem executadas.
o iPt atuou ainda no estudo regional das bacias
dos rios Cubatão, Mogi, Quilombo e Jurubatuba.
Foram diagnosticados os processos erosivos e de
contaminação para subsidiar o planejamento e a
gestão da bacia hidrográfica da Baixada santista.
esse estudo também está servindo de base para a
escolha de locais para a implementação da base
operacional da Petrobras na bacia de santos.
Por fim, o iPt está trabalhando no Plano de desen-
volvimento e Proteção ambiental do sistema aquí-
fero Guarani, que é o maior manancial de água
doce subterrânea da américa do sul, com área de
1,2 milhão de quilômetros quadrados. aqui a meta
é estabelecer um plano de gestão para a área de
recarga no estado de são Paulo. o projeto abrange
cerca de 90 municípios.
José Luiz Albuquerque filho é pesquisador do IPT desde 1981 e geólogo com doutorado em Geociências e Meio Ambiente pela Universi-dade Estadual Paulista (Unesp, Rio Claro).
aumento da receita do Fehidro vai ampliar projetos de recursos hídricos no estado
“ “
96 revista do ipt
?primEiros tEmpos
Foi notícia em 1933. os estudos sobre madeiras
brasileiras desenvolvidos pelo iPt, o uso possível
e mais consciente, com tratamento técnico ade-
quado, resultaram nas primeiras aplicações tecno-
lógicas da madeira, como na fabricação de tacos e
assoalhos, além de abrir espaço para o desenvolvi-
mento de produtos, como colas e vernizes.
primEira mulhEr a ocupar cargo dE dirEçãodenise rodrigues, diretora de Gestão estratégica de
março de 2007 a maio de 2009
os PResIdeNTes1899 - 1903 antônio Francisco de Paula souza
1903 - 1906 Wilhelm Fischer
1906 - 1917 Hippolyto Gustavo Pujol Jr.
1917 - 1926 oscar Machado de almeida
1926 - 1939 ary Frederico torres
1939 - 1949 adriano José Marchini
1949 - 1968 Francisco João Humberto Maffei
1968 - 1985 alberto Pereira de Castro
1985 - 1989 Henrique silveira de almeida
1989 - 1990 Luiz Carlos Martins Bonilha
1990 - 1994 Francisco de assis souza dantas
1994 - 1997 Milton de abreu Campanário
1997 - 2001 Plínio asmann
2001 - 2006 Guilherme ary Plonski
2006 - 2007 vahan agopyan
2008 - João Fernando Gomes de oliveira
voCê saBIa??
camisinhas: tEstadas E rEprovadas
No dia 1º de outubro de 1992, a secretaria da Justiça do estado de são Paulo apresentou publicamente os
resultados dos testes feitos pelo iPt em 13.500 unidades de preservativos masculinos. as marcas que compu-
nham a amostra, coletadas no mercado paulista pelo instituto de Pesos e Medidas, atendiam à época 95%
da demanda brasileira. Nove marcas foram analisadas e apenas duas aprovadas, obedecendo a critérios
baseados em normas internacionais e diretrizes do Procon. Foi um dos primeiros testes de preservativos
feitos no país e ajudou a ampliar a proteção à saúde dos cidadãos, com destaque para a prevenção à aids.
por dEntro do ipt
InfraestruturaÁrea construída: 96.596 m²
unidades técnicasCentros: 12
Laboratórios: 30
seções técnicas: 10
FuncionáriosPesquisa: 1.000
administração: 275
estagiários/bolsistas: 160
Produção científica em 2008documentos técnicos emitidos: 35.900
As unidades do IPT fora da capitalFranca e, em breve, são José dos Campos e Piracicaba