Post on 05-Apr-2016
description
DESENROLANDO A LÍNGUA R
EV
IST
A
OUTUBRO DE 2014 EDIÇÃO 8 EDITORA COBRA
PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA
Reportagem Especial: TIMOR LESTE
Tudo o que você precisa saber:
•História
•Cultura
•Geografia
•Economia
•E muito mais...
1
Aqui, temos taxas incríveis para
todos.
Venha conosco!
Inovando um país;
Evoluindo uma sociedade;
Conquistando novos
horizontes;
Uma nova história para
uma nova era.
2
O banco do povo.
O seu banco. 3
4
Vale a pena conferir:
Paisagem de Dili, capital do Timor Leste.
Editorial
Gostaria de começar nosso diálogo agradecendo às mensagens, questionamentos e críticas enviados pelas dezenas de leitores que nos propiciaram uma sensação de dever cumprido da edição passada, que tinha a matéria especial para a Língua Portuguesa do seu local de origem, Portugal. Muito obrigado!!
Seguindo a programação para esse segundo semestre do ano, fomos à busca de um novo lugar. Timor Leste. Mas não somente para tratar de inovar em nossa revista, que de certo modo também é sua, queríamos achar a “agulha no palheiro”. E, confessemos, não foi nada fácil fazer essa coleção de informações tratando de um país tão misterioso e com intrínseca subjetividade.
Pode até parecer brincadeira, mas até mesmo nós nos questionamos sobre a eventual ocasião de jogar o tema principal dessa edição na lixeira; ainda bem que isso não passou das nossas mentes. Ir à busca dos gêneros, do conhecimento sobre o local, e, principalmente, pesquisar sobre um povo que fala a mesma língua que a nossa nos fez refletir o quão importante é a comunicação entre as pessoas.
Selecionar um país com 14.874 km², intercontinental com a Ásia e a Oceania, com influências de diversas etnias, costumes nada semelhantes que os nossos, esquecido e humilhado durante séculos, mas que pratica e se comunica com o mesmo recurso que nós usamos aqui, a Língua Portuguesa, é o tipo de desafio que mais nos impulsiona e fortifica o nosso profundo apreço por você, leitor e por esse meio de instigar o conhecimento.
Se você não conhecia, vai conhecer; se já, vai conhecer mais ainda. E como diz Martinho da Vila em uma das suas músicas: - Viva Timor Leste!
A Equipe
5
CARTA DO LEITOR
Gostaria de parabenizar a todos que fazem parte da produção da revista Desenrolado a Língua, em especial a edição de setembro, que trouxe informações interessantes sobre Portugal,mas também alertou todos os leitores sobre um grande problema que existe na nossa sociedade: o preconceito linguístico. Tirei minhas dúvidas sobre algumas palavras do português de Portugal e já estou de malas prontas para conhecer este país “irmão” de perto. Laura Martins São Paulo
08
Um minuto de silêncio...
09
Historian-
do o Timor
Leste
10
Indepen-dência?
12
Esporte e Religião
13
Sistema Político
14
Um olhar Kultural
11
Economia
Sumário
17
Viajar e viajar
18
Qual a sua língua
timorense?
19
O que falar no Timor
Leste?
20
Um gosti-nho da li-teratura ti-morense
22
O Timor Leste visto de dentro
24
Um gostinho da
literatura timorense
25
Caça-palavras
26
Antes de dizer
adeus...
21
Conhecen-do sabores
Um minuto de silêncio...
8
Calai Montes Vales e fontes Regatos e ribeiros Pedras dos caminhos E ervas do chão, Calai Calai Pássaros do ar E ondas do mar Ventos que sopram Nas praias que sobram De terras de ninguém, Calai Calai Canas e bambus Árvores e "ai-rús" Palmeiras e capim Na verdura sem fim
Do pequeno Timor, Calai Calai Calai-vos e calemo-nos POR UM MINUTO É tempo de silêncio No silêncio do tempo Ao tempo de vida Dos que perderam a vida Pela Pátria Pela Nação Pelo Povo Pela Nossa Libertação Calai - um minuto de silêncio...
Francisco Borja da Costa, tendo escrito a maior parte da sua obra em língua Tétum.
TIMOR LESTE EM DESTAQUE
A República Democrática de Timor Leste, a mais nova nação lusófona do mundo, ocupa parte oriental da Ilha de Timor, no extremo do sudeste asiático e ao norte do território australiano. Possui um território de aproximadamente 15 mil quilômetros quadrados. Com clima Tropical, quente e úmido, mas também muito seco boa parte do ano. As temperaturas variam entre 19 e 30 graus e a noite pode chegar
até 10 graus.
Quanto a sua flora, apresenta uma floresta primária cerrada, com cobertura espessa e orlas fechadas que a tornam quase impenetrável, na parte leste do território. Na costa Sul , a floresta é mais em gêneros e espécies. A floresta secundária, produto da ação do homem , cobre quase todo o país com formações densas e arbustos, pequenas árvores e as savanas e pastagens, de grande importância na parte leste da ilha.
Timor também possui uma fauna rica, onde se pode ver corais, estrelas do mar peixes coloridos, na suas costas crocodilo marinho,
diversas aves. Existem também espécie que foram introduzidas como a cabra e a vaca.
Porém, durante quatro séculos os portugueses apenas utilizaram o território timorense para fins comerciais, explorando os recursos naturais da ilha, sem se importarem pelo desenvolvimento local. Apenas nos anos
HISTORIANDO O TIMOR LESTE
CURIOSIDADE! Estudiosos, revelam que Timor Leste é habitado há mais de 35.000 anos.Sendo rota das migrações marítimas entre o Sudeste Asiático e a Oceania. A região tornou-se, desde o século XIII um importante polo de atração para mercadores chineses e malaios interessados em seu sândalo, mel e cera de abelha.
Seus produtos naturais atraíram comerciantes portugueses, os primeiros europeus a fixarem moradia em Timor Leste, 1512, seguidos pelo missionários católicos responsáveis pela implantação do catolicismo e a disseminação da
Por Equipe
INDEPENDÊNCIA?
Em Agosto de 1975, devido a um revolução que acontecia em Portugal , os portugueses decidiram abandonar Timor , passando o poder à FRETILIN ( Frente Revolucionaria do Timor Leste), que proclamaram a república em 29 de Novembro . Porém , a independência durou pouco, pois o general Suharto, governante da Indonésia, mandou tropas do exercito invadirem a ilha.
Centenas de aldeias foram destruídas pelos bombardeios do exercido da Indonésia, sendo que foram utilizadas toneladas de napalm contra a resistência timorense. O uso do produto queimou boa parte das florestas do país, limitando o refúgio dos guerrilheiros na densa vegetação local.
Diante da repercussão internacional Portugal e Indonésia chegam a negociar uma consulta popular, sob a supervisão de uma missão da ONU ( Organização das Nações Unidas ) . Percebendo que a maioria dos timorense querem a independência , as milícias,
protegidas pelo exercito indonésio , desencadeiam uma violência extrema antes dos resultados. Homens armados matam qualquer pessoa suspeita de ter votado pela independência. Diante de tanta violência a ONU decide intervir . E em 22 de setembro de 1999 soldados da ONU entram em Dili e encontram um país totalmente incendiado e devastado. Xanana Gusmão, líder da resistência timorense foi logo libertado pelos soldados da ONU.
Em abril de 2001, os timorenses vão novamente às urnas para a escolha do novo líder do país. As eleições
REPRESSÃO
Percebendo que Timor Leste estava prestes a conquistar a independência, a ala radical do exército indonésio recruta e treina milícias armadas locais para espalharem o terror entre a população. Apesar das ameaças, mais de 98% da população timorense vai às urnas no dia 30 de agosto de 1999 para votar na consulta popular, e o resultado apontou que 78,5% dos timorenses escolheram a independência.
A economia de Timor Leste é essencialmente agrícola, sendo as principais culturas o café, o cacau, a borracha., o tabaco e as oleaginosas .
Na industria destaca a fabricação de panos de algodão (tais ou sarãos), esteiras e artefatos de palha, açúcar e aguardente para uso indígena. No extrativismo destaca-se o sal e os minérios, cobre em Bibicusso, ferro em Laleia (Baidobala) e o ouro (quartzo aurífero) em Orlaquiri, Tubuloso e Turiscain. A proximidade de centros fabris, como a Austrália e outras ilhas, supre as necessidades locais de maior exigência.
Esperanças de um futuro melhor estão depositadas no desenvolvimento da exploração de reservas de petróleo no oceano que já rende ao governo mais de US$ 40 milhões anuais de renda, e o sucesso na exportação de produtos da agricultura.
A moeda oficial do Timor é o dólar americano.
Mais de cinquenta por cento do PIB é gerado pelo comércio e serviços.
ECONOMIA
RELIGIÃO
A religião católica é a
predominante em Timor Leste, com
cerca de 90% de praticantes,
embora existam algumas
comunidades muçulmanas e
budistas. No entanto, qualquer outra
religião pode ser livremente
praticada.
ESPORTE Com a independência de Timor Leste em 2002, foi criada a Federação de Futebol de Timor Leste - FFTL, com sede na capital Díli, admitida como 206º membro da FIFA em 14 de Setembro de 2005, por ocasião do seu 55º congresso ordinário em Marraquexe, no Marrocos.
Timor Leste foi a 9ª seleção de língua portuguesa filiada à FIFA, além de Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo-Verde, Guiné-
Bissau, São Tomé e Príncipe e Macau. A seleção ocupa atualmente o 202º lugar no ranking de seleções da FIFA. Sendo por tanto o futebol o esporte mais praticado em Timor.
SISTEMA POLÍTICO
República Semi-Presidencialista
O chefe de Estado de Timor Leste é o presidente, que
é eleito pelo voto popular para um mandato de cinco anos.
Embora o papel seja largamente simbólico, o presidente não
tem poder de veto sobre certos tipos de legislação. Após as
eleições, o presidente designa o líder do maior partido ou
coligação majoritária como o primeiro-ministro de Timor
Leste. Como chefe do governo, o primeiro-ministro preside o
Conselho de Estado ou de governo.
Primeiro-Ministro
Kay Rala Xanana Gusmão
Xanana Gusmão foi responsável pela criação e implementação da Política de Unidade Nacional, que se traduziu na cooperação ativa com as autoridades tradicionais em Timor Leste e com membros da Igreja Católica. Tomando partido do período de cessar-fogo, desenvolveu a primeira rede clandestina organizada a nível nacional, batizada de Frente Clandestina. Em 1988 o sucesso da Política de Unidade Nacional conduz à criação do Conselho Nacional de resistência Maubere (CNRM), evoluindo mais tarde para Conselho Nacional de Resistência
José Maria de Vasconcelos, conhecido Nome de guerra: Taur Matan Ruak, é um político e militar de Timor Leste e atual presidente de seu país. Seu nome de guerra significa "dois olhos vivos" em tétum.
UM OLHAR KULTURAL
A cultura de Timor leste reflete inúmeras
influências, incluindo de Portugal, da tradição Católica
Romana, da Malásia, sobre as culturas indígenas
austronésicas melanésias e de Timor.
O Timor é conhecido pelas suas tradições
musicais, materiais e de dança. A celebração da
“cultura” representou um papel crucial na resistência à
ocupação indonésia de 1975 a 1999, e a
independência de Timor Leste fez surgir uma série
de projetos culturais. No entanto, uma forte cultura
de artesanato e de “criação” com materiais locais
disponíveis tem passado despercebida, ou seja,
pouco valorizado. Veja o que diz o coordenador do
projeto “Tatoli ba Kultura” David Palazón sobre a
cultura no Timor Leste.
“Kultura não é bem aquilo que nós
concebemos no mundo ocidental. Para o timorense,
cultura são todas aquelas coisas que vêm do
passado, é um ponto de referência para a
compreensão de onde vêm.”
RITMO TIMORENSE
Tebe é o ritmo timorenses mais popular. Os
principais instrumentos musicais tipicamente
timorenses são o babadok que nada mais é que
um tambor mal feito, e o dadir que é um tubo de
metal que deveria ser uma flauta, mas tiveram
ideia de uso para ele apenas o batuque de seu
tilintar.
A Arte Timorense
A cestaria, juntamente com a
tecelagem, é a arte tradicional mais
característica e espalhada por todo o
território de Timor Leste, já que vários tipos
de cestos continuam a ser utilizados no dia
a dia em suas múltiplas funções.
Uma forma de tecelagem criada
pelas mulheres de Timor Leste são os
panos multicoloridos fabricados
artesanalmente, conhecidos como Taís.,
utilizados para a ornamentação cerimonial,
decoração e vestuário. As imagens e os
padrões de Taís variam muito de região
para região, mas muitas vezes eles incluem
mensagens de localidade e eventos
significativos.
Vestuário
Panos multicoloridos fabricados
artesanalmente, conhecidos como Tais,
são frequentemente utilizados no
vestuário. Nas cerimônias, os homens
vestem panos retangulares em volta da
cintura, denominados tais mane, e as
mulheres vestem tais feto, feitos para
assentar justo ao corpo, usados em volta
da cintura ou atravessados na zona do
peito, apenas com uma prega em baixo
para permitir o movimento. Todavia os
têxteis locais possuem significado muito
importante nos rituais que celebram as
mudanças das várias fases da vida, como
casamento por exemplo.
Engana-se quem imagina que
uma visita a Timor Leste se resume a
conhecer Díli, capital do país e seus
arredores. O interior timorense – nos
chamados “distritos” – reserva
excelentes surpresas. Entre
paisagens espetaculares, os
resquícios da colonização portuguesa
e da brutal ocupação indonésia são
ainda visíveis. Vilas típicas, arrozais e
praias semivirgens pontilham a
pequena nação do Sudeste Asiático,
mas veículos 4x4 são necessários
para transpor as pequenas estradas e
trilhas que levam aos pontos mais
interessantes – um prato cheio para
quem curte turismo de aventura.
Durante o caminho pode-se ver
diversas aldeias que ainda
conservam de maneira muito viva as
tradições e cultura timorenses – não é
incomum se deparar com algum
pequeno festival, com mulheres
cantando e homens portando catanas
(facões típicos) e trajando roupas
típicas. Muitas das vilas possuem
Praia de Jacó faz com que visitante se sinta em um cartão postal
Casas de sapé nas montanhas
VIAJAR E VIAJAR
QUAL A SUA LÍNGUA TIMORENSE?
Para fortalecer a disseminação
da Língua portuguesa no
Timor, Brasil e Portugal
fecharam um acordo para a
expansão do português no país
asiático mediante a
colaboração de universidades
para formar professores e criar
material escolar. Segundo os
dados do governo do Timor
Leste, em 2010, cerca de 90%
dos cidadãos do país utilizava
o tétum diariamente, 35%
dominavam o indonésio, e 23%
falavam, liam e escreviam em
português. No entanto, este
último é o idioma que registra
maior crescimento nos últimos
anos.
Após mais de quatro séculos de
colonização portuguesa, o Exército indonésio
ocupou a pequena nação durante os 24 anos
seguintes. Nesse período, o português foi proibido
e perseguido ao constituir-se como a língua da
resistência timorense, confinada nas montanhas
da ilha. Uma vez recuperada a soberania, em
maio de 2002, o português voltou às ruas e
instituições políticas, como o Parlamento e as
cortes de Justiça, enquanto ainda se consolida no
sistema educacional. Nas ruas do Timor as
saudações e os agradecimentos em português
são parte da vida cotidiana, mas são o indonésio
e o tétum que predominam nos ambientes de
trabalho e são mais frequentes nos principais
meios de comunicação. De acordo com
a Constituição de Timor Leste, o tétum e o
português tem o estatuto de línguas oficiais. De
acordo com parágrafo 3 do artigo 3 da Lei 1/2002,
em caso de dúvida na interpretação das leis
prevalece o português. Portanto os timorenses
possuem duas línguas oficiais. Ao adotarem dois
idiomas tornam-se diferenciados , em relação a
comunidade indonésia , pois o uso do tétum
aproxima os falantes locais, e a língua portuguesa
O QUE FALAR NO TIMOR LESTE?
Começando pelo próprio nome do país, Timor Lorosa ‘e é o nome em tétum de Timor Leste. Larosa’e significa nascer do sol ou “leste”.
Português Tétum
Bom dia Bondia/ Dader diak
Boa tarde Boatarde/Lorokraik diak
Como estás? Di’ ak kA lae?
Estou bem – Há’u di’ak
Obrigado Obrigadu
Sabes falar tétum? Ita bele ko’alia tetum?
Sim Loos
Não Lae
Compreendo Há’u comprende
Tenha um bom dia Sorte diak ba loron ohin
Bom apetite Han ho gostu
Como se diz … em tétum?
... ilha tetum dehan saída?
Repita pro favor Favor ida bele repete fali Adeus Hau ba lai Por favor Favór ida
Com licença Kolisensa
Quanto custa isto? Ida ne’e folin hira
Onde é a casa de banho? Sintina iha ne’ebe?
Quer dançar comigo? Ita hakarak dansa ho hau
Bom Natal Ksolok loron natal nian
Boa Viagem!!
Durante muitos anos a literatura do
Timor Leste era essencialmente em
português, apenas há alguns anos têm
começado a aparecer novas obras em
tétum, mesmo assim, a tradição literária
timorense nunca foi muito grande, e com
os ataques da Indonésia, milhares de
livros foram queimados, restando quase
nada. É evidente que a cultura timorense
está presente com muita força na
oralidade, nos poemas e cantigas
passadas de geração em geração.
Porém, ler é importante, a
população de qualquer localidade deveria
ter um acervo literário, inclusive o Timor
Leste, onde infelizmente faltam os livros.
Mesmo que livros em português fossem
enviados para lá, isso não beneficiaria
todos, porque boa parte da população
não domina esse idioma. O aparecimento
recente de uma literatura tetumófona traz
esperança de que as coisas mudem. Se
as crianças começarem lendo em sua
língua materna isso despertará o desejo
de ler ainda mais, quem sabe até em
outros idiomas, evidentemente em
português, o que traria um avanço
enorme na vida dos pequenos
timorenses.
Um dos maiores destaques na literatura do
Timor Leste é o líder da Resistência timorense durante
a invasão Indonésia, ex-presidente, atual primeiro-
ministro da República Democrática de Timor Leste e
escritor Xanana Gusmão.Em 1973, antes mesmo da
Revolução dos Cravos, que libertou as colônias de
Portugal, Gusmão já se destacava na literatura, porém,
foi a Guerra Civil Timorense em 1975 que despertou
em Gusmão o desejo de se expressar através da
escrita. Entre 1977 e 1979, ele publicou dois livros:
“Pátria e Revolução” e “Guerra, Temática Fundamental
do Nosso Tempo”.
Segue abaixo um dos textos mais conhecidos de
Xanana Gusmão. O poema intitulado Pátria carrega em
suas palavras o amor pelo país e o desejo de liberdade,
características que o fez tornar-se um verdadeiro hino
da causa
timorense.
Pátria
Pátria é, pois, o sol que deu o ser Drama, poema, tempo e o espaço, Das gerações, que passam, forte laço
E as verdades que estamos a viver. Pátria.., é sepultura... é sofrer De quem marca, co’a vida, um novo passo. Ao povo — uma Pátria— é, num traço
simples… Independência até morrer! Do trabalho o berço, paz, tormento, Pátria é a vida, orgulho, a aliança
Da alegria, do amor, do sentimento. Pátria… é tradições, passado e herança!
Um gostinho da literatura timorense
CONHECENDO SABORES
Convenhamos, comer é um dos melhores prazeres da vida, e nada melhor do que ao conhecer um país novo, conhecer também sua culinária. No Timor Leste, a culinária sofre muitas influências diferentes e marcantes de países como Portugal, China, Índia, e também do continente africano, porém, possui pratos bastante exóticos e com uma identidade própria.
O curil, prato asiático, é muito popular no Timor Leste. O arroz, coco, amendoim e são essenciais em quase todos os pratos e normalmente acompanham cabrito, a carne preferida dos timorenses, ou então peixe seco. As folhas de papaya, o milho e a mandioca são também uma marca especial na comida do país.
O Brasil possui pratos deliciosos, mas de vez em quando bate aquela vontade de experimentar um tempero
Doces Mano Tem
Ingredientes:
bananas maduras e esmagadas
gramas de farinha
gramas de açúcar
ovos
½ litro de leite
½ colher de fermento
Modo de preparo:
. Junte todos os ingredientes de uma vez e os misture rapidamente. . Depois deixe a mistura em repouso por alguns
minutos. . Em seguida forme vários bolinhos e frite-os em óleo
quente com a ajuda de uma colher. . Antes de servir polvilhe os bolinhos com canela. . Deixe esfriar um pouco, e sirva.
Muito parecido com os bolinhos de chuva, estes doces são servidos comumente junto ao lanche ou ao almoço. Eles são fritos e são considerados como a salvação das donas de casa timorenses quando estas recebem uma visita inesperada.
A época de independência, entre
1975 e 2002, foi muito conturbada para os
timorenses. Na internet e em jornais é
possível saber o que aconteceu nesses
anos, mas como os que viram tudo isso de
perto se sentiram? Leia abaixo uma
entrevista a um ancião do Timor Leste e
se coloque no lugar dele, imagine se tudo o
que você conhecesse fosse destruído,
tente entender o quanto esse povo
inocente sofreu para ter sua
independência.
O que o senhor lembra sobre a época de
independência do Timor Leste?
— Em 1960, a ONU disse que Timor
Leste era dominada por Portugal. Mas com a
revolução de lá em 1974, as colônias
portuguesas ficaram independentes, e todo
mundo achava que Timor Leste também
estaria livre. Só que surgiram alguns partidos
aqui que tavam em desavença, uns queriam a
independência e outros não, e por isso
começou uma guerra civil. Como Portugal
não estava conseguindo parar com a guerra,
deixou o país, e o partido FRETILIN, que
queria desde o começo a independência, fez
isso mandando os outros partidos embora.
O que aconteceu após isso?
— O povo queria que a FRETILIN
assumisse o governo do país, mas os
capitalistas não queriam isso, dizendo que o
partido comunista só porque ele queria ajudar a
comunidade. Então, no meio da Guerra Fria,
ainda em 75, os Estados Unidos e a Austrália
apoiaram a Indonésia que invadiu nossa terra.
A destruição foi muito grande, começando na
capital e depois chegando nos povoados
afastados.
(Percebo lágrimas nos olhos do senhor e deixo-o
continuar falando...)
— Eles chegaram matando todo
mundo, crianças, adultos, velhos, qualquer
um. Eu era bem novo, vi minha mãe ser
estuprada e meus pais serem mortos na
minha frente, tive que cuidar sozinho dos
meus irmãos. Os indonésios nos tiraram tudo.
Todo mundo passava fome. Eles matavam
meu povo do jeito que bem queriam. A alegria
O Timor Leste visto de dentro Por Perla Chaves
E como seu povo conseguiu se libertar disso?
— Nós lutamos, nossa resistência era
comandada pelo grande Xanana Gusmão. Nas
montanhas de Timor a gente protestava, e a
Indonésia atacava. Mesmo com tantas mortes,
nós não desistimos. Então o grande general
Suhartoem disse que o povo decidiria se a
região deveria ser independente ou não. A
Indonésia nos atacou mais ainda, para que
não votássemos pela independência, mas
mesmo assim nós fizemos, e os ataques
pioraram mais ainda. Depois disso a ONU
condenou a Indonésia e mandou tropas para
parar os ataques. Só em 2002 a ONU saiu
daqui e o Timor Leste estava realmente
independente.
Como foi a vida de vocês depois de tudo o que
aconteceu?
— Os ataques pararam, mas a vida não
voltou ao que era antes por aqui. Muitos locais
estavam destruídos, muitas pessoas mortas,
não tinha comida, água, terra fértil, nossas
coisas preciosas tinham sido levadas. Até hoje
meu povo tenta se levantar e o governo procura
maneiras de melhorar nossa vida. Aqui tem
muito problema sabe? Mas eu espero que ainda
vivo consiga ver as crianças daqui com uma
Caça-palavras
Encontre as palavras: *Dili *Timorenses
*Timor *Leste
*Obrigadu
*Tetum
*Xanana
Aula de português
A linguagem na ponta da língua,
tão fácil de falar e de entender. A linguagem
na superfície estrelada de letras, sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância. Figuras de gramática, equipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.
Já esqueci a língua em que comia, em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé, a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima. O português são dois; o outro,
mistério.
Antes de dizer adeus...
Uma obra do escritor angolano José Eduardo Agualusa, o
livro conta a aventura desafiadora e emocionante da jovem
linguista portuguesa, Iara, de recolher novas palavras e
neologismos e colecioná-los num dicionário. Com a ajuda do
Neotrack, um programa informático que captura as palavras
que ainda não foram ao dicionário através dos jornais diários
disponíveis na internet, Iara vai desbravando a língua
portuguesa, até chegar ao Brasil, junto ao seu professor, em
busca de uma resposta á subversão da mesma. Agualusa leva
o leitor por uma viagem no tempo acerca da história da
formação e evolução da língua portuguesa ao mesmo tempo
em que demonstra o amor entre os personagens e o tema da
obra.
Veja um trecho do primeiro capítulo de “Milagrário pessoal”:
“As palavras, como os seres vivos, nascem de vocábulos anteriores, desenvolvem-se e fatalmente morrem. As mais
afortunadas reproduzem-se. Há as de índole agreste, cuja
simples presença fere e desagrada, e outras que de tão
amoráveis tudo à sua volta suavizam.”
Um romance que vai te encantar pela linguagem leve, pelas
histórias reveladoras e pelo prazer de ler.A “Desenrolando” indica esta leitura!
Dica de
Leitura
Uma obra do escritor angolano José Eduardo Agualusa, o
livro conta a aventura desafiadora e emocionante da jovem
linguista portuguesa, Iara, de recolher novas palavras e
neologismos e colecioná-los num dicionário. Com a ajuda do
Neotrack, um programa informático que captura as palavras
que ainda não foram ao dicionário através dos jornais diários
disponíveis na internet, Iara vai desbravando a língua
portuguesa. Agualusa leva o leitor por uma viagem no tempo
acerca da história da formação e evolução da língua
portuguesa ao mesmo tempo em que demonstra o amor entre
os personagens e o tema da obra.
Veja um trecho do primeiro capítulo de “Milagrário pessoal”:
“As palavras, como os seres vivos, nascem de vocábulos anteriores, desenvolvem-se e fatalmente morrem. As mais
afortunadas reproduzem-se. Há as de índole agreste, cuja
simples presença fere e desagrada, e outras que de tão
amoráveis tudo à sua volta suavizam.”
Um romance que vai te encantar pela linguagem leve,
pelas histórias reveladoras e pelo prazer de ler., tratando da
nossa língua de um jeito inovador. A “Desenrolando” indica esta leitura!