Post on 15-Dec-2018
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Naturais e Exatas
Departamento de Física
Reunião Climática do Grupo de Pesquisas Climáticas da
UFSM – GPC
Simone E. Teleginski Ferraz e Nathalie Tissot Boiaski (responsáveis)
Boletim e Previsão climática para o RS (INMET/ CPPMet-UFPel): Flávia Rosso,
Douglas Ávila e William Moura
Análise sinótica dos eventos extremos: Nicolle dos Reis, Elen Pelissaro e Carlos
Júnior
Monitoramento e Previsão de Variabilidades Climáticas: Elisângela Finotti,
Sara de Araújo, Mauro de Castro
Análise e Previsão climática para o Brasil: Anderson Bier, Tiago Robles e
Suélen Farias
Abril/2016
1. Condições meteorológicas observadas no trimestre JFM no RS.
No mês de janeiro, as precipitações no Rio Grande do Sul ficaram abaixo da média climatológica em
grande parte do Estado, apenas em áreas do norte, nordeste e noroeste (regiões de Cruz Alta, Passo Fundo,
Frederico Westphalen e Canela) e na região metropolitana de Porto alegre este padrão inverteu. Já no mês
de fevereiro as precipitações abaixo da média se concentraram no centro, Sul e Sudeste do Rio Grande do
Sul e em março apenas a região de São Gabriel ficou abaixo da média; nas demais regiões a precipitação
ficou acima da média. As temperaturas mínimas em janeiro e fevereiro ficaram acima da média
climatológica em praticamente do o Estado; em março este padrão inverteu acompanhando o aumento da
precipitação. As máximas ficaram pouco abaixo da média climatológica na região sudoeste (janeiro), na
região norte (fevereiro) e em todo o estado em março.
PRECIPITAÇÃO TEMPERATURA MÍNIMA TEMPERATURA MÁXIMA
JAN
EIR
O
FEV
EREI
RO
MA
RÇ
O
Anomalia de precipitação, Temperatura mínima e máxima mensal (isolinhas) e anomalias (cores) nos painéis a esquerda, centro e direita, respectivamente. (Fonte INMET)
2. Condições meteorológicas observadas no trimestre JFM no Brasil.
Ao contrário do que vinha ocorrendo nos últimos meses do ano de 2015, janeiro apresentou
reversão nos padrões de circulação atmosférica e precipitação sobre o Brasil, com anomalias positivas da
precipitação sobre as Regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste e negativas sobre parte da Região Sul e
Norte. Na costa do Nordeste houve a atuação de vórtices ciclônicos em altos níveis (VCAN) e a Zona de
convergência intertropical (ZCIT) oscilando em torno de sua posição climatológica. Sobre o Sudeste houve a
formação de um episódio da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), todos relacionados a este
aumento de precipitação. Em fevereiro, o posicionamento dos VCANs e a influência da OMJ contribuíram
para o déficit pluviométrico na maior parte do Brasil e excesso de chuva em parte da Região Sul. Somente
no final do mês a atuação de um sistema frontal evoluiu para um fraco episódio de ZCAS no mês de março.
Na segunda quinzena de março estabeleceu-se uma condição de Bloqueio no Pacífico Sul que afetou o
regime de precipitação e temperatura durante o restante de março e meados de abril. Janeiro e fevereiro
apresentaram temperaturas mínimas acima da média em quase todo o Brasil, exceto na região Sul,
acompanhadas de temperatura máxima acima/abaixo da média em regiões com déficit/excesso de
precipitação.
PRECIPITAÇÃO TEMPERATURA MÍNIMA TEMPERATURA MÁXIMA
JAN
EIR
O
FEV
EREI
RO
MA
RÇ
O
Anomalia de precipitação, Anomalia de Temperatura mínima e máxima mensal nos painéis a esquerda, centro e direita, respectivamente. (Fonte CPTEC)
3. Eventos Meteorológicos Extremos – Global
Data: 14/12/2015 Tufão Melor nas Filipinas
Categoria 3, ventos de 178 a 208 km/h, 7 mil destruídas e retirada de mais de 730 mil
pessoas de suas casas
Data: 05/01/2016 Tempestade de Areia na
Bahia causada por chegada de forte frente fria
Data: 22-24/01/2016 Snowzilla- Nevasca nos EUA
85 milhões de pessoas afetadas, 19 mortos, 7500 voos cancelados, 56 cm de
neve em Washington
Data: 29/01/2016 Temporal em Porto Alegre
Ventos de 120 km/h 328 mil sem luz
Centenas de árvores derrubadas em toda a
cidade
Data: 20-21/02/2016 Ciclone Winston – Ilhas Fiji
Categoria 5 Ventos de 250km/h
Ondas de 12 m 21 mortos
Data: 11/03/2016 Frente Fria
21 mortos em SP, 5 no RJ
Data: 04/2016 Bloqueio Atmosférico
Recordes de Temperatura máxima em todo Brasil
Data: 04/2016 Tornado em Dolores no
Uruguai 8 mortos
4 mil desabrigados
Data: 24/04/2016 Tornado nas Missões
Categoria F2, 250 km/h 8 feridos
Data: 04/2016 Primeira onda de frio do
ano Nevasca na Argentina
Friagem em Rondônia e Acre
Data: 21/04/2016 Onda de Calor na Índia 330 milhões atingidos Mais de 300 mortos
4. Condições Oceânicas e atmosféricas globais – ENOS, Oscilação de Madden & Julian e
Oscilação Antártica
Anomalias de temperatura da superfície do mar (TSM) para os meses de janeiro (esquerda), fevereiro (centro) e março (direita).
Em janeiro o fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS) ainda
apresentava anomalias de temperaturas entre 2°C e 3°C na região
equatorial do Pacífico Central (Niño 3.4), que foram
gradualmente diminuindo nos meses de fevereiro e março.
O índice de Oscilação Sul (IOS) iniciou janeiro com valores
superiores a 2, mas foi decaindo chegando a aproximadamente
1,5 em março. A componente atmosférica do ENOS, mostrou um
decaimento significativo em março, sugerindo a finalização deste
evento ENOS. As previsões da anomalia de TSM na região do Niño
3.4, para os próximos meses, mostram uma tendência de
diminuição no decorrer deste semestre. Alguns modelos estão indicando que possa haver a configuração e
La Niña no final de 2016. O modelo probabilístico do IRI também sugere a possibilidade de formação de La
Niña no fim de 2016, mas ainda com baixa probabilidade.
O ENSO tracker do governo Australiano indica nível de
atenção para formação de La Niña em desenvolvimento
em 2016. O ENSO tracker é baseado nos seguintes
critérios:
Estado atual do clima: fase ENOS é atualmente neutra ou
El Niño em declínio.
IOS: Dos 10 anos que se assemelham mais de perto o
padrão IOS atual, 4 ou mais mostraram características de La Niña.
Subsuperfície: resfriamento significativo da subsuperfície foi observado no Pacífico Oeste e / ou central.
Modelos: Um terço ou mais dos modelos climáticos pesquisados
mostram diminuição
da TSM de pelo menos
0,8 ° C abaixo da
média nas regiões do
Oceano Pacífico Niño 3
ou Niño 3.4 pelo final
do inverno ou
primavera.
Para o primeiro trimestre de 2016 a Oscilação
Antártica, analisado pelo Índice da Oscilação
Antártica, se mostrou em sua grande maioria na fase
positiva - índice positivo, com algumas pequenas
exceções, considerado em fase negativa. Lembrando
que na fase negativa da AAO uma maior frequência
de ciclones extratropicais e frentes frias é esperado
em latitudes médias. Como no meio de abril a AAO
mudou de sinal, sugere-se que esta mudança esteja
relacionada com a primeira incursão de ar frio do
ano. O modelo de previsão de AAO indica que o
índice se manterá negativo na primeira metade de maio.
Em relação ao sinal da oscilação
de Madden & Julian (OMJ), observou-se
que este permaneceu fraco durante
última semana de abril. Como a OMJ
tende a ser mais ativa em anos neutros é
de se esperar que nos próximos meses a
sua influência sobre a precipitação seja
mais pronunciada.
Em janeiro o padrão de convecção tropical foi
altamente consistente com o esperado durante um ENOS.
No início de fevereiro, um sinal da OMJ emergindo
resultou em convecção aumentada no Índico leste e sobre
o Pacífico Equatorial. E no final de fevereiro a atividade da
OMJ resultou em diminuição da convecção sobre o norte
da Austrália, maior parte da Indonésia e Brasil. Durante o
início de março, interferência destrutiva entre a OMJ e o
ENOS levou a convecção suprimida sobre o Índico e na
região da ZCPS, que teve uma ligeira inversão no meio de
março. Na América do Sul foi observada uma ZCAS fraca
neste mesmo período. No final de março, esta convecção
suprimida voltou para o Oceano Índico equatorial e
alguma convecção foi observada na América do Sul.
Durante o início de abril, o aumento da convecção
retornou para sudeste do Oceano Índico e se expandiu a
leste da linha de data através do Pacífico, enquanto a convecção suprimida
prevaleceu em grande parte do continente marítimo (região entre o Índico e o
pacífico que compreende a Indonésia, Filipinas e Papua Nova Guiné; figura ao
lado).
A zona de convergência do Pacífico Sul (ZCPS) é claramente observada
durante o meio de abril e uma convecção anômala é observada sobre a América do Sul. Durante os últimos
dez dias de abril persistiu a convecção ao longo da ZCPS e sobre a América Central e Caribe.
5. Previsão Climática
O CPPMet/UFPel indica para os meses de maio, junho e julho valores acumulados de precipitações
dentro do padrão climatológico em todo o Estado. O prognóstico regional para as temperaturas mínimas
aponta para no mês de maio valores pouco abaixo da média no oeste e noroeste, predominando dentro do
padrão climatológico nas demais regiões do Estado. Para os meses de junho e julho a tendência é oscilar
valores dentro do padrão na maior parte do Estado. No mês de maio são previstas pelo CPPMet/UFPel
temperaturas máximas pouco abaixo do padrão no centro e oeste, e dentro do normal nas demais regiões.
Para os meses de junho e julho a tendência é de predominar temperaturas máximas dentro do padrão
climatológico na maior parte do Estado.
PRECIPITAÇÃO TEMPERATURA MÍNIMA TEMPERATURA MÁXIMA
MA
IO
JUN
HO
JULH
O
Previsão da Anomalia de precipitação, Temperatura mínima e máxima, esquerda, centro e direita, respectivamente. (Fonte CPPMET e INMET)
O modelo Eta (CPTEC/INPE) indica anomalias negativas de
precipitação para o Nordeste Brasileiro e anomalias positivas para o
norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná para o trimestre
MJJ/2016. Estas anomalias negativas no Nordeste também são
indicadas pelo
modelo CFSv2 do
NCEP (não
mostrada). Já o
modelo probabilístico
do INMET apresenta
valores acima do
normal em boa parte
do pais, exceto no
extremo norte da
região Norte e região Nordeste. Valores próximos a média
são indicados em pontos dispersos do País. A previsão por
consenso elaborada pelo Grupo de Trabalho em Previsão
Climática Sazonal do Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação (GTPCS/MCTI) para o trimestre MJJ/2016 indica
maior probabilidade do total trimestral de chuva ocorrer
na categoria abaixo da normal climatológica em parte do
semiárido da Região Nordeste, e na faixa leste que vai do
Rio Grande do Norte ao sul da Bahia. Para o nordeste do
Amazonas, centro-norte do Pará, Roraima e Amapá, a
previsão indica maior probabilidade dos totais
pluviométricos no trimestre ocorrerem na categoria
dentro da normal climatológica. Para a Região Sul, a
previsão também indica maior probabilidade na
categoria dentro da normal climatológica, porém a
distribuição é de 35%, 40% e 25% para as categorias
acima, dentro e abaixo da faixa normal climatológica,
respectivamente. As demais áreas do País (área cinza do
mapa) apresentam baixa previsibilidade para o referido
trimestre, o que implica igual probabilidade para as três
categorias.