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Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015
ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015
RELATOS DE MEMÓRIAS DA MODA NO PIAUÍ:
Cenário da moda piauiense no período de 1930 a 1980.
Camila Maria Albuquerque Aragão (UNINOVAFAPI)
camila@ifpi.edu.br
Carla Moura Ferreira (UNINOVAFAPI)
carlamferreira9@gmail.com
Resumo: O presente artigo trata do cenário da moda piauiense no período compreendido entre os anos 1930 e 1980. A pesquisa aborda a relação do cotidiano e os eventos sociais com as formas de produção do vestuário, destaca a chegada da calça comprida feminina neste Estado, relata os primeiros passos da moda como um negócio no Piauí e seu crescimento, visto que se tornou uma das bases da economia. Como metodologia utilizou-se entrevistas, além de fontes documentais, hemerográficas e iconográficas pesquisadas no Arquivo Público do Estado do Piauí e Sindicato da Indústria do Vestuário do Piauí. Palavras-chave: Memória, Moda, Piauí.
Abstract: The present article treats the scenery of the fashion from Piaui in the period understood between the 1930 years and 1980. The enquiry boards the relation of the daily life and the social events with the forms of production of the clothing, point out the arrival of the feminine long pants in this State, it reports the first steps of the fashion as a business in the Piauí and its growth, seeing as it became one of the bases of the economy. As a methodology was used interviews, besides documentary sources, newspapers and periodicals and iconographic investigated in the Public Archive of the State of the Piauí and Clothing Industry Labor Union of the Piauí. Key words: Memory, Fashion, Piauí.
1. INTRODUÇÃO
A roupa tem acompanhado o homem desde a pré-história, anteriormente acreditava-se que ela
servia apenas como proteção contra as intempéries, porém, conforme os estudos sobre a indumentária
e os modos de vestir iam avançando, foi percebendo-se que a roupa reflete muito mais do que se
imagina. Atualmente, entende-se moda como um fenômeno do qual envolve cultura, sociedade e tempo.
O que a roupa reflete sobre a cultura de um povo? Porque esta transforma-se com o passar do tempo?
Como uma sociedade se representa através de uma roupa?
Segundo Treptow (2013), o surgimento da moda se dá no momento histórico em que o homem
passa a valorizar-se pela diferenciação dos demais através da aparência, o que pode-se traduzir em
individualização. Portanto, essa diferenciação de uns, visa a uma identificação com outros, pois a moda
se dá através da cópia do estilo daqueles a quem se admira. Com isto podemos entender que a roupa e
o simples ato de “vestir-se” são dotados de significados que se relacionam diretamente com o lugar em
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que se vive, a cultura e que muda com o passar do tempo, pois, quando uma forma de vestir - que
podemos entender por “tendência” - já está massificada, ou seja, foi aceita e consumida pela grande
maioria, surge a necessidade de inovar como forma de diferenciação social.
Quando se fala na representação da moda e das formas de vestir dentro do Brasil, analisando
seus vieses e observando esta como um reflexo da cultura do nosso povo e da nossa sociedade, chega-
se a um entrave, existem obras que retratam a relação indumentária/moda com o contexto histórico em
diversos países, porém, no Brasil as produções acadêmicas na maioria dos casos não historicizam as
representações sociais construídas sobre a moda. Os estudos nesta área ainda são escassos, não é
tarefa muito fácil encontrar obras brasileiras capazes de perceber os movimentos da moda e seus
códigos genéticos que promovem revoluções no modo de vestir e na forma de usar, como afirma
Chataignier (2010).
Diante de tal realidade, percebe-se que existe uma lacuna na produção historiográfica sobre a
construção do cenário da moda no Piauí. Este Estado tornou-se um importante produtor no setor de
confecção de vestuário, entretanto, pouco se sabe sobre a construção do cenário da moda no Piauí,
especialmente no que diz respeito à sua história, como se desenvolveu este cenário, quem teve
participação nesse processo, dentre outros fatores relevantes.
Em levantamento sobre a situação atual da moda no estado do Piauí, de acordo com dados do
Sindicato das Indústrias do Vestuário do Piauí (SINDVEST-PI), nos dias de hoje há o total de 1.147
indústrias de confecção de moda no estado. Por mês, essas indústrias produzem cerca de 597 mil peças,
movimentando mais de R$ 204 milhões ao ano. No que diz respeito à geração de empregos, são mais
de 18 mil postos de trabalho no estado. Pode-se verificar também o crescente número de instituições de
ensino ofertando cursos e o aumento do número de profissionais atuando no setor.
O crescimento econômico do setor no Piauí é notável, porém, os questionamentos que permeiam
esse crescimento ainda não têm respostas. Nem no aspecto econômico, nem no aspecto social e cultural
que são transversais a este desenvolvimento e propiciaram o atual cenário do estado.
Para esta pesquisa, foi delimitado o recorte temporal entre a década de 1930 e 1980, já que,
entre as fontes utilizadas, a maior referência neste artigo são os depoimentos de três pessoas que
viveram neste período, nos concedendo os relatos de suas memórias.
Nesse sentido, a pesquisa aqui apresentada aborda alguns pressupostos teóricos, acerca da
temática, as quais nortearão a pesquisa, tais como: de que maneira os “modismos” e as tendências de
moda mundiais e nacionais chegavam ao estado do Piauí e como estas influenciavam as mulheres da
sociedade local? De que forma estas mulheres faziam ou adquiriam a sua indumentária? Quais seus
referenciais e os formadores de opinião neste aspecto? Quais os primeiros passos da moda como um
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negócio no estado? Como a primeira boutique de roupas surgiu no estado? Como se deu os primeiros
eventos de moda e as primeiras indústrias?
2. OS EVENTOS SOCIAIS E A FORMA DE PRODUÇÃO DO VESTUÁRIO NAS DÉCADAS DE 30 A
INÍCIO DOS ANOS 60
O psicólogo social Serge Moscovici (2012), explica que as representações sociais são produtos
das relações entre as pessoas e o grupo, ou seja, entre o indivíduo e a cultura. Deste modo, as
representações sociais são compreendidas como estados subjetivos, percepções, valores e ideias que
circulam no interior do coletivo, numa dialética entre grupo e indivíduo. Deste modo, a moda não é apenas
um produto industrial, com finalidades de comércio, ela está também circunscrita na esfera do simbólico.
Neste sentido, de acordo com o pensamento de Sales (2007), podemos inferir que o traje, o vestuário e,
em linhas gerais, a moda funciona como um instrumento de inserção no grupo, um jeito de pertencimento
ao social, ao clã, aos guetos, à família, à empresa, à instituição.
Durante o período compreendido entre a década de 1930 até o início dos anos 1960, não se
encontrava no Piauí lojas de confecções como as que atualmente existem, oferecendo roupas prontas
para o uso. Havia estabelecimentos que vendiam desde tecidos até aviamentos, como a Bon Marche e
a Samaritana localizadas em Teresina. Nelas era possível encontrar desde os tecidos de algodão rústico
aos mais elaborados como rendas francesas, tafetás e seda pura, trazidos diretamente da Europa, estes
últimos eram os mais procurados para a confecção de roupas de festa naquele período.
Geralmente, as roupas eram produzidas em casa, pelas mulheres, como relatado na entrevista realizada com Maria Genoveva de Aguiar Moraes Correia1, mais conhecida em Teresina como Dona Genu Moraes, que afirma:
“As mulheres eram prendadas. Naquele tempo, minha mãe fazia as minhas roupas em casa quando eu era criança. Sempre muito vaidosa, aos sete anos eu saia toda faceira com o vestido novo para a casa do Tio Antonino2 logo aqui no quarteirão ao lado, só para me mostrar toda arrumada, ele achava o máximo e me apelidou de Miss Avenida”
Neste período as mulheres costumavam confeccionar suas roupas em casa, porém, isto não
significava que não havia tendências de uma repetição dos padrões, ou seja, moda. A busca pela
1 Entrevista realizada em 25 de Fevereiro de 2013.
2 Antonino Freire da Silva (1878-1934) foi um engenheiro civil, funcionário público e governador do Piauí. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Antonino_Freire_da_Silva> Acesso em 13/03/2013.
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inserção no grupo em que viviam as levava a buscar informações e retirar os modelos de revistas de
moda nacionais e internacionais que vinham com os desenhos de roupas, muitas delas acompanhadas
dos moldes. Uma das revistas nacionais mais conceituada que abordava assuntos como moda,
comportamento, receitas, poemas, economia doméstica e assuntos relacionados ao mundo feminino era
o Jornal das Moças, que circulou no Brasil de 1914 a 1965, com edições semanais. Destas revistas, as
piauienses retiravam informações preciosas e se inspiravam para a elaboração de seus trajes. Dessa
forma o Jornal das Moças se tornou uma das referências em moda no Piauí.
De acordo com Sales (2007), ao afirmar o pensamento de Lipovetsky (2005,2006), o vestuário
não é apenas um sinal de luxo, do supérfluo, do efêmero, mas situa-se dentro de um mundo que não se
contenta apenas em resguardar o corpo, mas também, sobretudo, em exibi-lo, comunicar, transmitir uma
mensagem. A autora ao citar Carol Garcia (2002), afirma que a moda é um fenômeno da cultura, é um
símbolo da própria cultura. Sales (2007) afirma que o homem culturalmente tem a necessidade de cobrir-
se e ao fazê-lo ele perde as marcas individuais - que o corpo natural lhe dá - para entrar no mundo da
marca estabelecida pela cultura. Portanto, a moda (e aqui não só roupas, mas todo o universo que a
permeia: atitudes, comportamentos, vestuário e até mesmo objetos) não está ligada diretamente ao luxo
e sim à necessidade de inclusão e diferenciação no grupo social ao qual pertence.
Além das revistas, as mulheres, interessadas nas tendências da moda feminina e movidas pela
necessidade de diferenciação social, também buscavam inspiração para o seu vestuário nos modelos
usados pelas famosas atrizes de cinema de Hollywood nas telas, como relata Dona Genu de Moraes.
Estes foram os principais veículos de comunicação que influenciaram a forma de vestir neste período.
Munidas com estas informações, elas então compravam a “fazenda” - como chamavam os cortes de
tecido, inclusive era muito comum presentear ou trazer de lembrança de uma viagem uma “fazenda” para
uma dama – e com o tecido escolhido procuravam a modista para executar a roupa.
Pode-se destacar algumas modistas que influenciaram a moda no estado neste período, entre
elas, Isaura Le Lonnés, Didita Pacheco e Benedita Bonfim. A modista Isaura Le Lonnés, casada com um
francês, sempre que viajava para a França trazia cortes de tecidos e novidades para as mulheres da
cidade. Estas profissionais eram constantemente procuradas, principalmente para fazer as roupas de
festas das mulheres da época que iam para os eventos mais importantes da sociedade piauiense, como
as festas em benefício da igreja e os bailes no Clube dos Diários3, estas ocasiões eram acontecimentos
que movimentavam o mundo da moda no Piauí. Ainda segundo a entrevista de Dona Genu Moraes, a
3 O Clube dos diários foi inaugurado como sede própria da Sociedade Recreativa Club dos Diários em 1927, o local era o ponto de diversão da alta sociedade teresinense noutros tempos áureos. <http://180graus.com/cultura/clube-dos-diarios-leia-a-historia-do-grande-centro-cultural-552689.html> Acesso em 13/03/2013.
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preparação para um baile ou festa começava semanas antes, desde a escolha do tecido até a roupa ficar
pronta, o que demorava, pois não havia tanta tecnologia disponível em maquinário de costura e algumas
etapas da produção ainda eram feitas de forma manual, como caseados, bainhas invisíveis, colocação
de zíper e os bordados.
Mesmo com tanta dedicação e as dificuldades do processo de produção do vestuário, que
acarretavam muita demora para a confecção de uma peça de roupa, existia uma espécie de convenção
social, a qual orientava as mulheres ao fato de que na ocorrência de outros bailes não se podia repetir o
traje, pois havia o “sereno da festa”. No relato de Dona Genu de Moraes, a mesma afirma que mulheres
da alta sociedade, que muitas vezes o marido não as acompanhava à festa, pagavam um “menino” pra
reservar um lugar do lado de fora com um banquinho à beira da janela do clube, daí o nome sereno.
Quando o baile começava, elas podiam observar a chegada e o fervilhar da festa, a intenção era
comentar no dia seguinte os mínimos detalhes do vestuário de cada convidada e seus pares.
O período carnavalesco era outro momento que movimentava a vida social da capital piauiense
e a produção de fantasias para os desfiles nos blocos da cidade. Havia três blocos: o que desfilavam
somente senhoras casadas, o bloco dos senhores da sociedade - neste bloco os homens se vestiam de
baiana e iam acompanhados das esposas, que por sua vez vestiam roupa normal - deixando a atenção
voltada para eles - e por fim o bloco dos jovens. Todos produziam com antecedência as suas fantasias,
as preferidas eram de Pierrot, Colombina e Bailarina.
Dona Genu, frenquentadora assídua dos bailes carnavalescos, relata que as fantasias eram
“inocentes” e bem menos ricas em detalhes que as de hoje, o que se entende pela falta de oferta de
insumos como aviamentos no mercado local. No que se refere à produção das fantasias, pode-se apontar
que, de acordo com as entrevistas realizadas, a maioria das peças era feita em casa, pelas mãos das
prendadas mulheres. Nesse processo, as modistas também eram bastante solicitadas para a produção
destas fantasias para o período de carnaval.
3. A CHEGADA DA CALÇA COMPRIDA FEMININA EM TERESINA NA DÉCADA DE 40
Continuando a discussão sobre a produção de roupas, aponta-se agora para um período no qual
uma peça surgiu e juntamente com ela as polêmicas que foram desencadeadas quando a mesma passa
a fazer parte do guarda-roupa feminino. Entre saias e vestidos, uma peça veio para ocasionar reviravoltas
no vestuário feminino e na vida de algumas mulheres que resolveram aderir a essa tendência, a calça
comprida.
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A história da moda mostra que por volta de 1890 já se tem o conhecimento de mulheres que
usavam calças. No entanto, os maiores esforços realizados pela moda para inserção da calça no
vestuário feminino vêm desde o início do século XX. Costuma-se dizer que o primeiro modelo de “calças
femininas” foi lançado em 1909, por Paul Poiret4, conhecido como “calça odalisca”, que vinha folgada e
afunilava nos tornozelos. Mas o uso de calças entre as mulheres, ainda se assemelhando ao modelo
usado pelos homens, começou a se difundir com a Primeira Guerra Mundial. Com a ida dos homens à
guerra, algumas mulheres começaram a ocupar os postos de trabalho na sociedade, seja em fábricas,
hospitais, correios e diversos outros locais, além de dirigir automóveis e andar de bicicleta.
“Com a nova e dura realidade da guerra, a vida social ficou limitada, os espetáculos praticamente desapareceram e as mulheres viram-se frente à necessidade de usar toaletes menos elaboradas e ornadas. Algumas atividades de tão regulares, obrigaram a facção feminina da sociedade a usar verdadeiros uniformes, e muitas mulheres passaram a usar calças.” (MOUTINHO; VALENÇA, 2000, p. 66)
Assim, inevitavelmente houve a necessidade de uso da peça “bifurcada”, o que se intensificou
na Segunda Guerra Mundial. Mas, ao contrário do que se pode pensar, os modelos de calças para
mulheres lançados nesta época não eram somente para uniformes de trabalho, eram também calças de
passeio, visando atender uma vida feminina mais livre: a mulher agora tinha um pouco mais de
independência, liberdade para circular sozinha pelas ruas e participar de atividades esportivas.
Mesmo o Brasil não tendo sofrido tais influências com a guerra, tampouco o Piauí, já que os
homens permaneceram em seus postos e não houve a necessidade da mulher ser inserida no mercado
de trabalho, a proposta de calças compridas para mulheres era de dimensão mundial, chegando, com
certa demora, também ao estado do Piauí. Na década de 1920 a estilista francesa Coco Chanel já havia
lançado no mercado as calças compridas femininas, assim como Paul Poiret. A Europa, especialmente
a França, nesse momento, era o “berço da moda” e ditava as tendências, as revistas de moda da época
divulgavam e dessa forma a calça comprida chegou ao mundo e ao Brasil.
No que diz respeito à inserção do uso da calça comprida no Piauí, no início dos anos 1940, Dona
Genu Moares, que muito apreciava andar a cavalo, em uma viagem ao Rio de Janeiro comprou algumas
calças compridas. Ao chegar à capital Teresina, logo vestira a novidade e foi para um passeio a cavalo
na principal avenida da cidade, a Av. Frei Serafim. Dessa maneira Dona Genu, orgulhosamente relata
4 Paul Poiret (1879-1944) Estilista parisiense. “[...] Paul Poiret, criador das mais originais e revolucionárias invenções da
Belle Époque. Ele procurava atender aos anseios de muitas mulheres cansadas; das vestimentas formais e desconfortáveis
que eram obrigadas à usar.” (MOUTINHO; VALENÇA, 2000, P.39)
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que foi a primeira mulher a usar calças compridas no Piauí e segundo sua entrevista, o uso da peça
provocou desconforto à todos, os piauienses julgavam uma ousadia e desrespeito aos bons costumes.
Figura 1 - Dona Genu vestindo calças compridas na década de 1940.
Fonte: acervo pessoal de Maria Genoveva de Aguiar Morais Correia
Em um momento de sua entrevista, a mesma lembra de um fato em especial, ao passar pela
Avenida Frei Serafim em Teresina, em frente ao Colégio das Irmãs, as moças que assistiam aula
avistaram-na e correram para as janelas, observando a sua passagem a cavalo usando calças
compridas, tão logo as freiras repreenderam as alunas para retornarem aos seus lugares e não fazerem
plateia pra a “ousadia de Genu”.
Dona Genu foi a personagem que começou a inserir na mentalidade piauiense apegada às
rígidas convenções sociais, os ideais de novos tempos, quebrando conceitos pré-estabelecidos. A época
conspirava a favor desta modificação no vestuário feminino em todo o resto do mundo, as mulheres
ansiavam uma maior liberdade de expressão e comportamento.
“As mudanças da moda dependem da cultura e dos ideais de uma época. Sob a rígida organização das sociedades, fluem anseios psíquicos subterrâneos de que a moda pressente a direção.” (SOUZA. 1987, p. 25)
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Em análise ao trecho citado, cabe a seguinte reflexão: a indumentária desde a pré-história5 é
considerada um meio pelo qual nos comunicamos, neste momento da história em questão no estudo,
trazer uma peça do vestuário masculino para o universo feminino comunicava, mesmo que
inconscientemente, uma ressignificação da peça e da posição da mulher na sociedade. O desconforto
inicial causado pelo uso da calça comprida por Dona Genu leva à uma lenta quebra dessas barreiras
para que se chegue à aceitação e, consequentemente, à incorporação massificada da peça ao guarda-
roupa feminino em anos posteriores.
As expressões sociais responsáveis por estabelecer códigos culturais através da linguagem
possibilitam normatizações em relação ao comportamento da moda. É possível visualizar esses ditames
ao utilizarmos a memória enquanto categoria analítica da moda de uma época. De acordo com
Halbwachs (1990), o pensamento social é essencialmente uma memória, constituída de lembranças
coletivas, mas dessas lembranças somente permanecem aquelas que a sociedade, ao trabalhar sobre
seus quadros atuais, pode reconstruir. A moda é produto de um tempo e espaço, reflexo da sociedade
que a determinou com seus valores e conflitos. Ela é também memória, pois nela está a marca de uma
época, de um grupo que a produziu. Para Ulpiano Bezerra de Meneses (2007), toda memória é uma
experiência de comunidade.
4. OS PRIMEIROS PASSOS DA MODA COMO UM NEGÓCIO NO ESTADO
Entre as décadas de 1950 e 1960, iniciou-se em Teresina a prática de ter um profissional dentro
das lojas de tecidos disponível para desenhar modelos de roupas para as clientes, o que hoje é
denominado de desenhista de moda ou estilista. O Senhor Roberto Broder6 relata que as lojas
Pernambucanas, uma grande rede varejista com uma filial então instalada na capital, contratou um
estilista de Parnaíba, chamado Miguel Pro, que já desenvolvia este trabalho em sua cidade, cuja sua
demissão ocorreu tempos depois devido o estilista se recusar a desenhar para uma senhora que, como
muitas da época, procurou seu serviço na loja, alegando que ela era “desprovida de beleza” e que nada
lhe resolveria. Miguel não sabia que a senhora era esposa de um importante funcionário da alfândega.
5 Durante a pré-história, o uso de alguns adornos, entre eles, comunicava bravura, quanto ao caráter de magia, o uso de
alguns objetos representava a aquisição de poderes fora do normal, como cita o trecho: “A cobertura corporal humana teve início já na Pré-História [...] A movimentação para isso, segundo a bíblia, foi o caráter de pudor, embora existam diversas outras interpretações, que apontam para o caráter de adorno, magia e também de proteção.” (Apostila HISTÓRIA DA INDUMENTÁRIA. 2009, p.3) 6 Entrevista concedida em 25 de Fevereiro de 2013.
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Além do aparecimento de um profissional, com atividade mais específica relacionada ao
desenho das peças, neste período ainda, houve o surgimento singelo de pequenas confecções no
estado, dentre elas a Confecção Bel, em Parnaíba, de Maria Madalena Broder, esta foi uma das primeiras
confecções de moda masculina do estado, fabricava camisas e bermudas de tecido, chegando a vender
para outros estados, como conta o Sr. Roberto Broder.
Ainda em seu relato, ele lembra da falência de muitas destas pequenas confecções piauienses.
Com a abertura de crédito para grandes grupos empresariais do Ceará e Rio Grande do Norte, através
da SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), grupos estes produzindo peças em
larga escala e à baixos preços. Um dos grupos que recebeu o incentivo com capital da SUDENE foi a
Guararapes, de Natal (RN), que através desse crédito construiu mais duas grandes fábricas, uma em
Fortaleza (CE) e outra em Mossoró (RN). O crescimento acelerado proporcionou ao grupo adquirir as
cadeias de lojas Riachuelo e Wolens em apenas 3 anos após a abertura das duas mega fábricas. Neste
contexto, as pequenas confecções piauienses, ainda sem incentivos como este da SUDENE, não tiveram
potencial para concorrer no mercado, o que levou muitas à fechar as portas.
Em 1972, ao tempo em que essas pequenas confecções fechavam as portas, surgia a
Guadalajara, uma grande indústria de confecção, do Grupo Claudino, o maior conglomerado de
empresas do Piauí. Segundo o Sr. Francisco Marques de Melo, atual presidente do SINDVEST PI
(Sindicato da Indústria do Vestuário, Calçados e Artefatos de Tecidos do Piauí), o grupo Claudino
recebeu incentivos fiscais da SUDENE e BNDES em troca de cursos de capacitação e formação de mão
de obra no setor de confecção, promovendo o início de um desenvolvimento industrial no setor de
vestuário no estado, já tardio se comparado à maioria dos outros estados do país, principalmente o
estado vizinho, Ceará.
A chegada da Guadalajara possibilitou treinamento de pessoal para que estes trabalhassem na
fábrica, já que profissionais capacitados na área eram escassos no Piauí, muitos dos que foram atraídos
para o trabalho na fábrica do grupo Claudino vinham de outras áreas e neste momento tiveram o primeiro
contato com o trabalho na indústria de confecção. Foi uma espécie de “escola”, já que muitos desses
profissionais anos após rumaram para outras pequenas confecções que surgiram levando a experiência
e o conhecimento adquiridos na fábrica do grande grupo.
5. SURGIMENTO DAS PRIMEIRAS BOUTIQUES E DESFILES DE MODA NO PIAUÍ
Um outro ramo relacionado à moda que também veio a contribuir para a construção do cenário
atual do setor no Estado foi o das Boutiques. Na década de 1960 surge a primeira boutique de moda do
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Piauí, denominada Biscuit, de propriedade de Graça Mota, que trabalhava juntamente com a irmã. A
Boutique Biscuit era voltada para a “garota moderna”, como descrevia em suas propagandas publicadas
no Jornal “O Dia”7 da época, a loja oferecia roupas prontas, compradas em outros locais como Belo
Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, além de peças confeccionadas pelas duas irmãs proprietárias
das loja.
Figura 2 – Propaganda da Boutique Biscuit/
Fonte: Arquivo Público do Piauí. Jornal o Dia. Coluna Elvira Raulino. p, 5. 17 de janeiro de 1969.
O anúncio da Biscuit no jornal já declarava: “para a garota moderna”, denotando o espírito do
tempo, que muito foi influenciado pela cultura jovem, como cita João Braga (2008. p, 48): “Os anos 60,
por sua vez, chegaram introduzindo muitas mudanças na moda. De fato, foi o início da influência dos
jovens para o comportamento da moda. Os tempos eram verdadeiramente outros.”
Poucos anos depois, em 1968, é inaugurada a Boutique Baú, de Dourila Machado Veiga de
Carvalho, localizada na Rua Desembargador Freitas, no centro da cidade de Teresina. Dourila Carvalho
assim como Graça Mota também viajava para outros estados, que já eram considerados polos de
produção industrial de moda no Brasil, e vendiam no atacado. Como o Piauí ainda não estava
acompanhando o desenvolvimento industrial no setor de confecção, ao passo que já estava acontecendo
em outros estados, estas lojas traziam os produtos produzidos em outras regiões do país e
comercializavam, como lojas multimarcas.
7 O Jornal O Dia é um jornal periódico que circula na cidade de Teresina, no Estado do Piauí. Pertence ao Sistema O Dia de
Comunicação. [...] O presente periódico foi fundado no dia 1º de fevereiro de 1951, pelo professor Leão Monteiro.
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Além das venda das confecções, Graça Mota e Dourila Carvalho promoveram os primeiros
desfiles de moda na capital, eram grandes eventos com a presença dos mais renomados da sociedade
local, desde empresários importantes com suas esposas, à políticos, incluindo prefeito e governador.
Dourila Carvalho relata em sua entrevista que os desfiles da Boutique Baú aconteciam na própria
loja, em uma área ampla ao ar livre onde havia um espelho d’água, que ela chamava de lago. A
empresária trouxe modelos nacionais famosas para as passarelas da Boutique Baú em Teresina, tais
como: Monique Evans, as irmãs Luma de Oliveira e Ísis de Oliveira, além de Marlene Silva e Maria Rosa,
estas últimas faziam parte do elenco do programa Planeta dos Homens, exibido na TV Globo entre 1976
a 1982.
A presença dessas celebridades atraía o público. Segundo a entrevista concedida por Dourila
Carvalho, os desfiles da Boutique Baú eram organizados com 75 entradas no total, ou seja, eram 75
looks diferentes apresentados durante o evento. Dourila Carvalho faz questão de lembrar que eram feitos
cabelos e maquiagens diferentes para cada entrada, todos elaborados, sob o comando de Mariano
Marques que fazia um belo trabalho, com muita competência e com a rapidez que o backstage de um
grande desfile exige.
Figura 3- Desfile da Boutique Baú /
Fonte: Acervo pessoal de Dourila Machado Veiga de Carvalho
Saindo das boutiques, os desfiles ganharam as ruas. Graça Mota por sua vez, realizou pela
primeira vez na capital de Teresina um desfile de moda na rua. O que veio a ocorrer em frente à loja
Biscuit, na Rua Lisandro Nogueira, no centro da cidade. A empresária promovia muitos desfiles da
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Boutique Biscuit, a lista de convidados sempre contava com os nomes mais importantes da capital. Assim
como os de Dourila Carvalho, Graça Mota também trouxe para a passarela local, modelos nacionais
como: Luiza Brunet e Xuxa Meneghel.
A empresária Graça Mota foi além de peças do vestuário, ousou verticalizando sua linha de
produtos, lançando um perfume e um vinho com o seu nome, de forma que essa estratégia agregou valor
à sua marca. Durante todo esse período a Boutique Biscuit e a Boutique Baú ficaram conhecidas como
as melhores lojas de artigos femininos do estado. Após estas duas, várias boutiques começaram a surgir
em Teresina, na mesma linha da Biscuit e da Baú, como multimarcas.
Em uma breve análise, pode-se entender que a falta de produção local, o que levava à compra
de marcas de fora do estado, gerou a cultura do piauiense de hiper valorização do que é de fora. Anos
mais tarde, quando se intensificou a produção de confecções locais - ainda limitadas pela dificuldade de
acesso à matérias-primas e insumos por questão de lojistica, além da falta de profissionais formados
para atuar no setor de criação a fim de concorrer ao mesmo nível com as indústrias de fora do estado –
estas passaram a produzir peças mais simples e a grande maioria voltada para o público C e D. Pode-
se atribuir à este fato, a mentalidade que se instalou na concepção do piauiense com relação ao que é
produzido no estado, ainda hoje nota-se preconceito e desvalorização do produto que é produzido no
Piauí, da parte dos próprios piauienses.
6. ANOS 80: A INTENSIFICAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DE CONFECÇÃO NO PIAUÍ
A década de 1980 marca um grande crescimento no setor têxtil e de confecção em todo o país,
a moda passa a ser vista como um negócio altamente rentável o que propiciou o aumento no número de
indústrias e investimentos no setor,
“outro enfoque dos anos 80 é a profissionalização verificada no setor têxtil e de confecção em nosso País. A moda deixou de ser considerada como assunto fútil, passando a receber tratamento sério, discutível e discutida.” (THAMER, 1987/1988, p.6)
No Piauí nota-se, neste período, o surgimento de inúmeras pequenas confecções, a grande
maioria de empreendedores por necessidade, sem um plano de negócio e planejamento estratégico para
o crescimento da empresa.
À frente da maior parte dessas empresas estavam mulheres, que começaram com uma
pequena produção em casa. Ao iniciar, não imaginavam a grande demanda do mercado em ascensão,
o que lhes proporcionou possibilidade de crescimento. Por meio do BNDES (Banco Nacional de
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Desenvolvimento), essas pequenas empresárias puderam financiar créditos e assim aplicar seus
investimentos em maquinário, estrutura física, compra de matéria-prima, dentre outros, se tornando
indústria e consequentemente gerando emprego e renda para a população.
Muitas dessas indústrias que surgiram na década de 1980, como exemplo podemos apontar a
empresa de confecção Gota D’água e MCA localizadas em Teresina, que segundo destaca o presidente
do SINDVEST PI, Francisco Marques, permanecem até hoje no mercado a pleno vapor, como empresas
em destaque em vendas e produção. Estas e outras empresas iniciadas nos anos 1980, que conseguiram
crescer com muito esforço - mesmo sem contar com um planejamento inicial, com uma estrutura com
profissionais pensando estrategicamente em políticas de mercado e publicidade, dentre outros aspectos
relevantes para uma empresa e com a resistência ao produto genuinamente piauiense que se enfrenta
com a população do estado - proporcionaram um grande crescimento no setor de confecção de moda
em relação à outros setores dentro da economia do estado, ganhando destaque, contribuindo
diretamente para o cenário atual da moda no Piauí.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O recurso metodológico utilizado para a realização dessa pesquisa foi a história oral8. Para
FREITAS (2006), a “Nova História” foi um importante movimento que contribuiu para a mudança dos
procedimentos na pesquisa de fontes para se reconstruir a História (dentre estas fontes, o depoimento
oral) ressaltando ainda que “o tema da memória, juntamente com o da cultura, passou a ser, para os
historiadores, um desafio e motivo de renovada criação”. Segundo a autora, a história oral fornece
documentação para reconstruir o passado recente, legitima o presente e privilegia a voz dos indivíduos,
permitindo captar, a partir de reminiscências, o que as pessoas vivenciaram e experimentaram.
Dentro desta perspectiva, como objetivo deste empreendimento, analisou-se o discurso extraído
das entrevistas sobre o cenário da moda no Piauí, mais especificamente as entrevistas realizadas com
pessoas que se destacaram na sociedade piauiense e que vivenciaram experiências dentro do recorte
temporal em estudo. Além deste método, utilizou-se também fontes iconográficas - com a finalidade de
8 A história oral é uma metodologia de pesquisa que consiste em realizar entrevistas gravadas com pessoas que podem
testemunhar sobre acontecimentos, conjunturas, instituições, modos de vida ou outros aspectos da história contemporânea.
Começou a ser utilizada nos anos de 1950, após a invenção do gravador, nos Estados Unidos, na Europa e no México, e
desde então difundiu-se bastante. Ganhou também cada vez mais adeptos, ampliando-se o intercâmbio entre os que a
praticam: historiadores, antropólogos, cientistas políticos, sociólogos, pedagogos, teóricos da literatura, psicólogos e outros.
Essas informações foram retiradas do site CPDOC. www.cpdoc.fgc.br/acervo/historiaoral
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registrar a indumentária e momentos relevantes para esta pesquisa dentro do contexto piauiense - fontes
hemerográficas e, para entrelaçar os dados coletados com teorias e o contexto social, político e
econômico, abordou-se bibliografias como referências. Em relação à tipologia de pesquisa, tratou-se de
investigação descritiva acerca do tema.
De acordo com Bourdieu (2003), as mulheres trazem uma contribuição decisiva à produção e à
reprodução do capital simbólico da família expressando o capital simbólico do grupo doméstico que
concorre para sua aparência. Neste sentido, Bourdieu ressalta a importância do traje e da aparência
feminina para a família dentro da sociedade, contendo signos e significados que se relacionam
diretamente com as influências sociais.
Submergindo nesta teoria, foi analisado dentro do contexto piauiense como se deu essa estrutura
de aparências e influências, conhecendo mais sobre a trajetória da moda em no Piauí, tornando esta
pesquisa uma contribuição acadêmica, tendo em vista a carência de estudos que abordem
especificamente sobre o cenário e o mercado de moda no Piauí ao longo do século XX. No ambiente
acadêmico existem disciplinas e discussões que tratam da história da moda, mas, somente sob o
espectro global e no que se referem a Brasil, as bibliografias existentes abordam somente a região
sudeste. Portanto, o artigo aqui apresentado tem valor acadêmico, social e histórico, almejando aquecer
as discussões sobre esta temática e incentivando a produção de bibliografias especializadas no tema.
8. REFERÊNCIAS
8.1 Entrevistas:
CARVALHO, Dourila Machado Veiga de. Entrevista concedida. Teresina - PI, Brasil, fevereiro de 2013.
CORREIA, Maria Genoveva de Aguiar Moraes. Entrevista concedida. Teresina - PI, Brasil, fevereiro de 2013.
BRODER, Roberto. Entrevista concedida. Teresina - PI, Brasil, fevereiro de 2013.
8.2 Fontes documentais
Dados do Sindicato da Indústria do Vestuário, Calçados e Artefatos de Tecidos do Piauí-SINDVEST PI, 2012, cedidos pelo presidente, Sr. Francisco Marques de Melo.
8.3 Fontes hemerográficas
Arquivo Público do Piauí. Jornal O Dia. p, 5. 17 de janeiro de 1969.
8.4 Bibliografia:
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BOURDIEU, Pierre (1930‐2002). A Dominação Masculina. Trad. Maria Helena Kühner.Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003, 160p. Nação Masculina.
BRAGA, João. Reflexões sobre a moda. Volume I / 4ª Ed. São Paulo: Editora Anhembi Morumbi, 2008.
CHATAIGNIER, Gilda. História da Moda no Brasil / Gilda Chataignier. – São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2010. P. 15.
FREITAS, Sonia Maria de. História Oral: possibilidades e procedimentos / Sônia Maria de Freitas. 2 ed. – São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2006.
GARCIA, Carol. Moda e comunicação: o jogo da aparência como raiz cultural. Revista Nexus, São Paulo: Anhembi Morumbi, ano VI, N.9, P.33-48, 2. Semestre, 2002.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Trad. De Laurent Léon Schaffter. São Paulo, Vértice / Revista dos Tribunais, 1990. Tradução de: La mémoire collective.
LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modern. 1 a. Ed.
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MENESES, Ulpiano Bezerra de. “Paradoxos da memória” In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura – a importância da memória na formação cultural humana. 2007.
MOSCOVICI, Serge. A psicanálise, sua imagem e seu público. Petrópolis: Vozes, 2012.
SALES, Gabriela Maroja Jales. Representações sociais da cultura de moda regional [online] disponível na internet: www.coloquiomoda.com.br/anais/anais3-colóquio-de-moda_2007/4_02. Pdf. Arquivo capturado em 08.09.2014.
SENAC. DN. A Moda no século XX / Maria Rita Moutinho; Máslova Texeira Valença. Rio de Janeiro : Ed. Senac Nacional, 2000. II. 320p.
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THAMER, Deise Sabbag. A moda dos Anos 80. Indústria Gráfica DCI, 1987/1988.
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