Post on 28-Jun-2020
Relações Internacionais e GlobalizaçãoDAESHR014- 13SB
(4-0-4) Professor Dr. Demétrio G. C. de Toledo – BRI
demetrio.toledo@ufabc.edu.br
UFABC – 2019.I
Aula 14
4ª-feira, 3 de abril
–
Guerra ao Terror e
geopolítica da energia
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Módulo II: Módulo II: Breve introdução ao nosso futuro
Aula 14 (4ª-feira, 3 de abril): Guerra ao Terror e geopolítica da
energia.
Texto base:
BANDEIRA, Moniz (2016) “Epílogo”, p. 469-513.
Texto complementar:
FUSER, Igor, (2008) “Os desafios atuais dos Estados Unidos no Golfo
Pérsico”, p. 213-239.
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Guerra ao Terror e geopolítica da energia
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• “Os Estados Unidos, desde sua fundação, em 1776, até 2015,
estiveram at war 218 anos – somente 21 de paz – em 239
anos de sua existência como nação”. (Bandeira 2016: 472)
Guerra ao Terror e geopolítica da energia
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• “Desde a dissolução da União Soviética, todos os presidentes
dos Estados Unidos (...) promoveram guerras convencionas e
não convencionais nos Bálcãs e no Oriente Médio,
fomentaram a subversão nos países do Cáucaso, sempre sob
o pretexto de tornar o mundo ‘safe for democracy’. Que
democracia? Onde quer que os Estados Unidos intervieram,
com o ´specific goal of bringing democracy’, a democracia
constituiu-se de bombardeios, destruição, terror, massacres,
caos e catástrofes humanitárias. (...)”. (Bandeira 2016: 513)
Guerra ao Terror e geopolítica da energia
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• “Os fatos (...) sempre mostraram que os Estados Unidos e as
grandes potências capitalistas jamais efetivamente entraram
em guerra pela democracia e pela liberdade, para proteger
civis ou direitos humanos, senão tão somente a fim de
defender suas necessidades e interesses econômicos e
geopolíticos, seus interesses imperiais”. (Bandeira 2016: 513)
Intervenções estadunidenses no Oriente Médio
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• 1958: crise do Líbano
• 1982-1984: Guerra Civil do Líbano (1975-1990)
• 1987-1988: Guerra dos Petroleiros (1984-1988, capítulo da
guerra Irã-Iraque, 1980-1988)
• 1990-1991: Guerra do Golfo (Bush pai)
• 2001-2014: Guerra do Afeganistão (Bush filho e Obama)
• 2001-2011: Guerra do Iraque (Bush filho e Obama)
• 2011: Guerra Civil na Líbia (Obama)
• 2014-presente: Operation Inherent Resolve (Obama e Trump)
• 2015-presente: Resolute Support Mission, Afeganistão
Project for the New American Century (PNAC)
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• Think tank neoconservador estadunidense fundado em 1997
por, entre outros, por Robert Kagan (que prefere ser chamado
de liberal interventionist, e não de neoconservador, ou
neocon), Francis Fukuyama, Dick Cheney, Donald Rumsfeld,
Paul Wolfowitz.
• “(…) The Project for the New American Century is a non-profit,
educational organization whose goal is to promote American
global leadership” (Declaração de Princípios do PNAC).
Project for the New American Century (PNAC)
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• O PNAC pretendia promover a retomada da liderança
estadunidense promovendo um segundo “século americano”:
"shape a new century favorable to American principles and
interests” baseado em "military strength and moral clarity”
(Declaração de Princípios do PNAC).
• Muitos dos fundadores ocuparam papéis centrais na área de
política externa do governo de George W. Bush (Bush filho):
Dick Cheney (vice-presidente), Donald Rumsfeld (secretário de
defesa), Paul Wolfowitz (vice-secretário de defesa),
defendendo a guerra do Iraque e do Afeganistão e
formulando a “Doutrina Bush”.
Project for the New American Century (PNAC)
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• “Doutrina Bush”: unilateralismo; ataque (inclusive preventivo)
a países que abrigam terroristas ou possuem armas de
destruição em massa; mudança de regime.
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• 2001:
– 11/setembro: ataque ao WTC (2.993 mortos)
– 07/outubro: início da Guerra do Afeganistão - 2001-2014
(91.000 civis mortos diretamente, 360.000 indiretamente)
– 26/outubro: Congresso EUA aprova Patriot Act
• 2003:
– 20/março: início da Guerra do Iraque – 2003-2001
(174.000 mortos, dos quais 123.000 civis não-
combatentes, 500.000 indiretamente)
– 13/dezembro: captura de Saddam Hussein
Guerra ao Terror e geopolítica da energia
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• 2004:
– 11/março: ataques emMadrid (191 mortos)
• 2005:
– 7/julho: ataques em Londres (52 mortos)
• 2006:
– 30/dezembro: execução de Saddam Hussein
• 2008:
– 26-29/novembro: ataques a Mumbai (156 mortos)
• 2009:
– Administração Obama para de usar a expressão “Guerra ao
Terror”.
Guerra ao Terror e geopolítica da energia
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• 2011:
– 2/maio: morte de Osama bin Laden
– 18/dezembro: retirada das tropas estadunidenses do
Iraque
• 2014:
– 13/junho: início da campanha multinacional contra o EI;
operações no Iraque
– 22/setembro: campanha multinacional contra o EI começa
inicia operações no Iraque
– 28/dezembro: fim da Guerra do Afeganistão
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• 2015:
– 13/novembro: ataques em Paris (139 mortos)
• 2016:
– 22/março: ataques em Bruxelas (31 mortos)
– 14/julho: ataques em Nice (84 mortos)
• 2017:
– 1/janeiro: ataques em Istambul (39 mortos)
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• Peak oil: hipótese formulada pelo geólogo estadunidense Marion King
Hubbert em 1956; previa que a produção de hidrocarbonetos atingiria
seu pico em 1970. O gráfico abaixo mostra uma estimativa atual.
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• Categorias de exploração de hidrocarbonetos:
– Reservas provadas: reservas recuperáveis em determinado contexto
econômico, tecnológico e político. Probabilidade igual ou superior a
90% de serem desenvolvidas. Subdividem-se em:
• Reservas provadas desenvolvidas;
• Reservas provadas não-desenvolvidas.
– Reservas não provadas:
• Prováveis: probabilidade igual ou superior a 50% e inferior a 90%
de serem desenvolvidas;
• Possíveis: probabilidade igual ou superior a 10% e inferior a 50%
de serem desenvolvidas.
Guerra ao Terror e geopolítica da energia
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• “Se os Estados Unidos pretendem exercer, como propõe a
Doutrina Bush, uma posição de hegemonia mundial
incontrastável, uma peça essencial nesse projeto é a
capacidade de influenciar a distribuição dos suprimentos de
energia, cada vez mais escassos, aos demais países do mundo –
e, ao mesmo tempo, impedir que esses recursos caiam em mãos
rivais”. (Fuser 2008: 213)
• “Na visão de Klare, a segurança energética e a segurança militar
‘se fundiram para formar um projeto único e integrado de
dominação norte-americana do mundo no século 21’”. (Fuser
208: 214)
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• “(...) Bacevich, o militarismo – que ele define como a tendência a
encarar as questões internacionais como problemas militares, de
priorizar a força como meio de resolução dos impasses e de medir
a importância de um país no cenário internacional pela
capacidade de suas Forças Armadas (...)”. (Fuser 2008: 214)
• “A ideia de usar a força militar para promover uma ‘mudança de
regime’ no Iraque já vinha sendo acalentada muito antes dos
atentados de 11 de setembro de 2001 pelos políticos e
estrategistas ‘neoconservadores’ agrupados no Projeto por um
Novo Século Americano (PNAC)”. (Fuser 2008: 219-220)
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• “Ao justificar a intervenção, o governo Bush tem
reivindicado, mais intensamente do que seus antecessores, o
legado ‘internacionalista’ e liberal do presidente Woodrow
Wilson no início do século XX”. (Fuser 2008: 223)
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• “Resta a discussão sobre o petróleo como fator na decisão
norte-americana de ir à guerra em 2003. Endossamos o
ponto de vista dos que explicam a política norte-americana
para o Iraque pelo objetivo estratégico de controlar as
reservas petrolíferas do Golfo Pérsico, num contexto de
dependência crescente dos Estados Unidos e da economia
mundial em relação a esse recurso energético essencial e na
iminência de se tornar cada vez mais escasso diante de uma
demanda em incessante expansão”. (Fuser 2008: 225)
Guerra ao Terror e geopolítica da energia
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• “A questão do acesso e controle das principais reservas de
petróleo do mundo envolve uma questão que transcende a
importância puramente econômica do petróleo como
commodity e fonte de energia – envolve a disputa pelo
poder em escala internacional”. (Fuser 2008: 228)
Guerra ao Terror e geopolítica da energia
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• “Diante dessa dimensão internacional, a invasão do Iraque
em 2003 pode ser interpretada como parte de um
movimento de grande envergadura dos Estados Unidos para
fortalecer sua posição energética global nas próximas
décadas. (...) Os norte-americanos ampliarão seu controle
político e militar sobre o Golfo Pérsico e a Ásia Central e
dificultarão o ingresso de potências rivais nessa região”.
(Fuser 2008: 229)
Guerra ao Terror e geopolítica da energia
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• “(...) Os Estados Unidos deparam com obstáculos de
diferentes tipos. Alguns deles são de natureza estratégica.
Outras barreiras envolvem o fato de que o petróleo é um
recurso natural não renovável, cuja extração obedece a
limites de natureza física”. (Fuser 2008: 229).
Guerra ao Terror e geopolítica da energia
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• “A perspectiva de uma defasagem crescente entre a
demanda internacional de petróleo e a capacidade de oferta
dos países exportadores tende a acirrar o conflito entre os
dois polos do mercado, sobretudo quando os cálculos passam
a incluir o esgotamento de uma matéria-prima que é a única
ou a principal riqueza dos países onde ela se situa”. (Fuser
2008: 231)
Guerra ao Terror e geopolítica da energia
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• “O grande risco não é mais o de um embargo do petróleo,
mas de um choque de abastecimento relacionado com a
própria lógica da economia e com as características de um
recurso natural valioso, não renovável e concentrado em um
número restrito de produtores”. (Fuser 2008: 236)
• Duas grandes tendências se combinarão:
– Perspectiva de escassez de petróleo;
– Nacionalismo de recursos naturais.
Guerra ao Terror e geopolítica da energia
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• Depois da publicação do livro do professor Fuser (2008)
houve uma mudança muito importante na indústria de
petróleo: o aumento da produção de gás de xisto (shale gas)
nos EUA, que se tornou viável sob determinado contexto
econômico, tecnológico e político e fez dos EUA um swing
producer, reduzindo sua dependência de importações de
petróleo.
• Com a queda do preço do barril de petróleo a partir do final
de 2014, a produção do shale gas perdeu competitividade.
Guerra ao Terror e geopolítica da energia
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Guerra ao Terror e geopolítica da energia
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• Futuro do petróleo:
– Variação de preços do petróleo tem impactos importantes sobre sua
produção.
– Oferta e demanda, no entanto, são apenas parte da equação; fatores
políticos desempenham papel central na produção de petróleo.
– Reservas viáveis em determinado contexto econômico, tecnológico e
político podem se mostrar inviáveis em contextos diferentes.
– Estados tendem a agir de forma estritamente realista no que diz
respeito às fontes de energia (energia => transformação).
– Preço do petróleo define a competitividade de fontes alternativas de
energia.
Guerra híbrida e geopolítica da energia
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• Descoberta do pré-sal em 2007
• 2008: reativação da 4ª Frota da Marinha dos EUA (antes de
disso, funcionou somente entre 1943-1950).
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• Arrighi, em Adam Smith em Pequim (2008), define a situação
atual dos EUA como de “dominação sem hegemonia”.
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• “(...) O duplo fracasso da guerra no Iraque, que não conseguiu
por fim à chamada síndrome do Vietnã, tampouco lançar as
bases de um novo século norte-americano. (...) o fracasso do
projeto imperial neoconservador no combate ao declínio
econômico dos Estados Unidos (...) a consequência mais
importante e não intencional da aventura iraquiana foi a
consolidação da tendência de recentralização da economia
global na Ásia oriental e, dentro desta, na China”. (Arrighi
2008: 188)