Post on 22-Apr-2015
“Quem salva uma vida salva a humanidade.A guerra contra as
drogas exige a participação de
todos.”Anthony Wong,
um dos maiores especialistas
brasileiros em toxicologia, –
assessor da OMS (Organização
Mundial de Saúde)
Anthony Wong, um dos maiores
especialistas brasileiros em toxicologia, –
assessor da OMS (Organização
Mundial de Saúde)
“Quem salva uma vida salva a humanidade.A guerra contra as
drogas exige a participação de
todos.”
Na fronteira entre Brasil e Bolívia,
um avião monomotor
invade tranquilamente o
espaço aéreo brasileiro.Numa ação que dura não mais do que
alguns breves minutos e sem maiores riscos
–chamada de técnica de “arremesso”–,o avião voando em baixa altitude
arremessa fardos de cocaína enrolados em sacos resistentes.
Em fazendas particulares e áreas descampadas,
pontos anteriormente determinados,traficantes brasileiros recolhem as
remessas, enquanto o avião retorna ao país vizinho
sem ser importunado.
Mais algumas centenas de quilos de
cocaína que serão distribuídos pelos grandes centros
urbanos e também por pequenos e isolados
municípios brasileiros.
O próprio Ministro da Justiça reconhece que há um “nível
elevado de vulnerabilidade”
nas nossas fronteiras.
Vulnerabilidade esta que faz com que narcotraficantes
operem tranquilamente, com a certeza de que os riscos que correm
são diminutos.
O próprio Ministro da Justiça reconhece que há um “nível
elevado de vulnerabilidade”
nas nossas fronteiras.
Vulnerabilidade esta que faz com que a
droga esteja onipresente em
todas as cidades e municípios brasileiros.
Numa esquina qualquer,
de uma cracolândia qualquer,
de uma cidade brasileira qualquer,
um jovem acende
um cachimbo de crack.
O flagelo da epidemia do
crack, o vício
praticamente no primeiro
consumo, e a
irreversibilidade da doença
neuropsíquica que ele
promove.
Farrapos humanos,
poucos são os que conseguirão
se adaptar
novamente à sociedade, ao
trabalho, ao estudo, sem apresentar sequelas na
vida.
Nenhuma vida se repete.
Cada vez que uma vida é perdida,
é a Humanidade quem perde.
Não é preciso ser nenhum
especialista em segurança
pública para constatar
a crescente oferta
de drogas, que circulam
livres nos mais diversos
ambientes sociais, e em
todos os recantos do país.
O jornal Folha de São Paulo
publicou recentemente
uma reportagemcontando a
triste história de
Teresa Viega, de 68 anos de idade.
Seu filho, João, usuário de
drogas,foi preso com 19 pedras de
crack,
e autuado por tráfico de
entorpecentes.
Pouco depois da prisão do
filho, ela ficou
sabendo que sua nora,
Desirée, 35 anos, também
viciada em crack,
estava grávida de quatro meses.
Ontem, Teresa Viega,
com seus passos curtos e apressados, virava noites percorrendo
a cracolândia, em busca de notícias do
filho.
Hoje, leva na mão uma
sacola contendo três
vasilhas de macarrão, molho de tomate e
salsicha que preparou, mais dez reais, que pretende
deixar com a nora, caso a
encontre.
Momentos de angústia,
marcados por lágrimas e insônias.
O cálice de tristeza
transbordante.
O filho preso; a nora usuária
de crack;o neto, ainda por nascer, que virá ao mundo sob o pesado fardo do
vício.Quem poderá sondar o que se passa no
coração desta mãe e
futura avó?
A epidemia de drogas que
vivenciamos é um fracasso individual, da família, ou da nossa sociedade?
E diante do completo despreparo do Estado em vigiar nossas fronteiras desguarnecidas,
a droga produzida na Colômbia, Bolívia, Peru e Paraguai encontra nas ruas das
cidades brasileirasum fértil e crescente mercado.
O “nível elevado de vulnerabilidade” das nossas fronteiras, conforme as palavras do
senhor Ministro, faz com que o filho e a nora grávida de dona
Teresa, e milhares de milhares de outros brasileiros viciados, tenham fácil e pleno
acesso ao objeto de seu vício.
As mãos estendidas, a venda a céu aberto às onze da manhã,
numa esquina qualquer, de uma cidade brasileira
qualquer.
O jornal Correio Braziliense publicou recentemente a
triste história de Isabela (*).
Com histórico de violência familiar e um pai viciado em
crack,a infância fechou as portas
para ela quando tinha apenas
10 anos de idade.(*nome fictício em respeito ao
ECA)
Na vida de Isabela, as fantasias
de criança se confundem com
as alucinações causadas pela abstinência do crack.
Hoje com 12 anos, e internada numa comunidade
terapêutica, ela recorda que passou
rapidamente da maconha para a pedra que arruína
vidas.
Em certa ocasião, ela conta, após passar três dias sem
comer, fugiu de casa e se abrigou na plataforma inferior da
Rodoviária de Brasília, protegida por
um traficante de 29 anos.“Era um negão cabuloso, mas me dava proteção e a
pedra. Eu tinha que namorar com
ele. Não gostava, mas era o
jeito, eu tava dominada.”
O irmão de Isabela morreu há três meses, ao tentar
assaltar um ônibus.
Um dia, a irmã mais velha, também viciada em crack,
foi atrás dela.
Isabela acabou concordando com a internação em uma comunidade terapêutica.
Hoje, aos 12 anos de idade, a menina do outro lado da
vidraçaprecisará da força de um gigante para superar um
presente de degradação, um futuro
de incertezas, e tentar reverter
seu infeliz destino.
Quantas infâncias ainda haverão de ser interrompidas,
Quantas vidas ainda haverão de ser ceifadas,
Quantas famílias arruinadas,
Antes que acordemos para a necessidade de unirmos
forças e agirmos conjuntamente
contra este mal que acomete
a nossa sociedade?
Que sociedade é esta que construímos,
tão pobre em educação,
e tão repleta de valores desvirtuados?É preciso entender que a epidemia das drogas é apenas um sintoma
de que nossa sociedade encontra-se gravemente doente.
A única maneira de vencermos a guerra
contra as drogas é combatendo
não somente o tráfico, mas, principalmente,
as causas dos desvalores que solapam as bases
éticas e morais da nossa
sociedade.
Somente conseguiremos reverter a situação
quando começarmos a combater as causas e
não tão somente os sintomas.
Prevenir é sempre mais sensato e eficiente
do que tentar remediar.
A televisão aberta, por ser uma concessão pública, deveria,
em conformidade com a lei, pautar-se
mediante uma programação com finalidade educativa, artística,
cultural e informativa.
No entanto, infelizmente, há tempos
a televisão brasileira, preocupada unicamente com
seus lucros bilionários, enterrou a educação, a arte e a cultura, – disseminando tão somentea futilidade e a mediocridade.
Vejamos o exemplo do programa
Big Brother, que, segundo o subprocurador-geral da República, Aurélio Rios, “é
um grande desserviço e serve muito à deseducação.Não estimula a criação, o princípio de
solidariedade, os valores éticos da pessoa e da família”.
Ao solapar as bases éticas e morais, geração após geração,
não estaria a televisão desguarnecendo os
telespectadores das forças necessárias para se recusar o
falso e ilusório apelo das drogas?
Um programa que é “um grande desserviço” e
que “serve muito à deseducação”
invadindo milhões de lares e mentes em horário nobre.
BBB, A Fazenda, Mulheres Ricas, Zorra Total
Horário nobre da televisão brasileira.
Como foi que permitimos chegar a este ponto?Até quando haveremos de tolerar
tamanha afronta?
“Não deixe de bisbilhotar a futilidade!”
“Salve, salve a mediocridade!”
“Pra que educação, arte ou cultura?”
“Vamos banalizar a existência!”
Darcy Ribeiro, um dos maiores educadores brasileiros, nos
alertava:“Enquanto num turno a escola educa, no contra-turno a
televisão deseduca.Onde haveremos de chegar
assim?”
O absurdo das propagandas de cerveja, que vendem uma droga como sendo o elixir da
felicidade.
Artistas com fortíssimo apelo junto ao público infanto-juvenil influenciando jovens eadolescentes a beber cada vez mais, e mais
cedo.
Emissoras de tevê, empresários, publicitários e artistas faturando bilhões, – e quem paga a
conta derradeira somos nós, a sociedade.
Cada vez que uma vida é
perdida,
é a Humanidade quem perde.
Precisamos urgentemente repensar o absurdo dos
comerciais de cerveja.
Até quando o lobby de
emissoras de tevê e
empresários haverá de falar mais
alto do que os interesses
da sociedade?
Até quando motoristas
alcoolizados continuarão a ceifar vidas inocentes
impunemente?
O inócuo e risível aviso de “aprecie
com moderação”.
Enquanto não combatermos as
causas estruturais que alimentam a
ignorância existencial – que conduz
à proliferação do uso das drogas –,
não haverá solução para o triste cenário
que prevalece.
E nossas forças policiais estaduais
continuarão a ‘enxugar gelo’,
prendendo cada vezmais e maisusuários e traficantes,
abarrotando ainda mais
as nossas já desumanas
e degradantes prisões.
Até lá,aviões continuarão a despejar fardos e
mais fardos de cocaína.
É preciso ter claro em mente que
enquanto houver pessoas dispostas a
usar drogas, haverá traficantes
prontos para oferecer
e faturar com o tráfico.
Na nossa sociedade de consumo, o
comércio de drogas infelizmente segue
as diretrizes de demanda e oferta,
conforme outra mercadoria qualquer.
Precisamos problematizar
o nosso atual mosaico social – tão repleto de
falhas graves, que nos têm conduzido
à epidemia de crack e de outras drogas.Vejamos alguns
componentes da nossa estrutura social
que precisam ser discutidos
e sanados, caso queiramos
alcançar uma sociedade inclusiva, soberana e
livre:...
s
s
s
Uso de Drogas Ilícitas
s
Individualismo Exacerbado
s
Criminalidade e Violência
Materialismo e Consumismo
Pobreza Existencial
Consumo de Bebidas Alcoólicas
Programação Televisiva
s
Baixa qualidade da Educação
sCorrupção Política
Graves Desigualdades
Sociais
Toda a violência, desumanidade,
crise, caos e confusãoque nos rodeiasinaliza para
a impossibilidade de continuidade.
Toda a violência, desumanidade,
crise, caos e confusãoque nos rodeia sinaliza para
a impossibilidade de continuidade.
Somente por meio da valorização da Educação
poderemos fazer frente à proliferação das drogas, e a toda
a violência e degradação dela
resultantes.
Uma Educação plena,
capaz de revelar a beleza e o
encantodo existir.
Uma Educação plena,
capaz de revelar a beleza e o
encantodo existir.
Uma Educação integral, capaz de conduzir
cada pequeno brasileiro rumo à sua plenitude.
Existir é resistir.Apesar do mundo que aí está, é preciso
insistir,remover tudo que impede, que trava,
tudo que encobre.
Educar as futuras gerações de modo que possam resistir ao falso encanto
das drogas, e evitar as amizades comprometedoras,
– e, ainda assim, que sejam capazes de compreender
e amar aqueles que sofrem pelas drogas.
Que as nossas crianças possam conduzir um país que se diz agigantar na
economia mundial,também pelas veredas da justiça e do bem-estar social, e pelos caminhos da
verdadeira felicidade.
Que possamos deixar de lado a nossa inércia
e sair da nossa zona de conforto, de modo a contribuir efetivamente
com ações práticas para a realização das melhorias sociais que se encontram ao nosso alcance.
Recordar que para além da nossa família biológica,
pertencemos também à família humana,
– diante da qual também temos deveres e responsabilidades.
“Quem salva uma vidasalva a humanidade.”
“Só a participação cidadã é capaz de mudar esse
país.” Betinho
Um outro mundo é possível.
Um outro mundo é possível.Projeto “Compaixão e Cidadania”
Um espaço para refletirmos sobre temas essenciais.compaixao_cidadania@hotmail.com